5 exame andrologico no cao

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  • 7/25/2019 5 Exame Andrologico No Cao

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    Exame androlgico do co

    Breeding soundness evaluation of male dog

    Isabel Candia Nunes da Cunha1

    Resumo

    O aumento do interesse na reproduo canina parece oferecer um futuro

    brilhante medicina veterinria, sendo assim, se faz necessrio o

    conhecimento das tcnicas e dos parmetros mnimos de avaliao da

    fertilidade do co. Desta forma, os proprietrios de ces e os grandes

    criatrios podero desfrutar brevemente, e em larga escala, das novas

    biotecnologias propostas pelos pesquisadores da rea de reproduo em

    pequenos animais. O objetivo desta reviso atualizar os conceitos,

    principais tpicos e a metodologia a ser empregada para a realizao do

    exame androlgico de ces.

    Palavras chave: exame androlgico, avaliao do smen, co.

    Abstract

    The increasing interest in canine reproduction offers a great future in

    veterinary medicine. To achieve this goal, the understanding of new

    technologies available for the male dog reproduction evaluation is

    mandatory. With these advances, new technologies will be offered in the

    small animal reproduction field and they will be available to dog owners andkennels, in the coming future. The aim of this paper is review the concepts,

    main topics and methodology to perform male reproductive examination.

    Key words: Breeding soundness evaluation, semen evaluation, dog.

    1Mdica veterinria. Professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Ncleo

    de Apoio a Reproduo de Carnvoros Laboratrio de Reproduo e Melhoramento Gentico

    Animal/CCTA. Email: [email protected]

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    Introduo

    A determinao das

    caractersticas seminais umrecurso importante para se predizer

    o potencial fertilizante de um

    macho. Deve ser comumente posta

    em prtica para avaliao da

    capacidade reprodutiva dos animais

    domsticos1.

    A realizao do exameandrolgico em ces, prvio sua

    seleo e/ou utilizao em um

    esquema de reproduo artificial,

    de grande importncia, sendo ainda

    indicada em outras circunstncias

    como: compra ou venda de

    reprodutores, seleo de doadores

    para uso em programas deinseminao artificial ou diagnstico

    de patologias do sistema genital

    masculino2,3,4,5.

    Primeiramente, necessrio

    realizar uma boa anamnese e um

    exame fsico completo do animal,

    observando-se a possibilidade da

    existncia de doenas sistmicas

    que podem interferir na esfera

    reprodutiva. Aps isso, o trato

    reprodutivo do macho deve ser

    completamente avaliado.

    I - Exame androlgico

    1 - Anamnese

    Deve ser realizada uma

    anamnese cuidadosa do animal

    para que o clnico obtenha uma

    histria completa, partindo de todos

    os rgos antes de investigar o trato

    reprodutivo. Doenas de outros

    rgos ou sistemas podem,secundariamente, afetar o trato

    reprodutivo por extenso direta,

    devido a infeces ou neoplasias,

    ou indireta, por alterao dos

    padres normais de secreo

    hormonal (testosterona, FSH, LH ou

    GnRH). Devemos ainda considerar

    a adio exgena de drogas (ex:corticides), condies de estresse,

    traumas ou doenas sistmicas

    prvias5 .

    2 - Exame Fsico

    Um exame fsico completo

    to importante quanto uma histria

    completa. O reconhecimento de

    problemas crnicos de outros

    sistemas, assim como o

    reconhecimento de defeitos

    genticos, so importantes para um

    bom direcionamento e avaliao de

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    qualquer desordem reprodutiva6.

    Dever ser solicitado o exame de

    brucelose (figura 1) alm da

    verificao de outros processos

    patolgicos que podem sertransmitidos sexualmente ou por

    contato direto (no caso de animais

    que realizaro a monta natural).

    3 - Exame especfico do trato

    reprodutivo do co

    O trato reprodutivo do co

    deve ser completamente avaliado,partindo-se da bolsa escrotal,

    testculos, epiddimo, prosseguindo

    para o pnis e, finalmente,

    examinando-se a glndula

    prosttica. Durante o exame deve-

    se observar principalmente os

    seguintes aspectos2,3,4,5,7:

    3.1 - Bolsa escrotal

    Deve ser esparsamente

    recoberta de plos, apresentar

    espessura uniforme, ser

    relativamente fina e macia ao toque

    e apresentar-se mvel em relao

    ao testculo. O animal no deve

    apresentar dor palpao. A

    inspeo visual do escroto tem

    como objetivo verificar sinais de

    inflamao, trauma, alteraes de

    volume ou cicatrizes (figura 2).

    3.2 - Testculos

    Nos ces, a descida dos

    testculos geralmente se completa

    aos 10 dias de vida, e ambos os

    testculos podem ser palpados apsseis semanas de vida. Somente

    aps seis meses de vida do animal

    que a ausncia dos testculos no

    saco escrotal pode sugerir

    criptorquidismo. Em ces jovens,

    contudo, a retrao temporria do

    testculo no canal inguinal ou lateral

    ao pnis pode ocorrer devido aagitao ou excitao do animal8.

    Os testculos devem ser

    palpados e avaliados quanto ao

    tamanho, forma e consistncia. O

    testculo esquerdo geralmente

    caudal ao direito. Apesar do

    testculo dos ces ter um tamanho

    mdio de 2 a 4cm de comprimento

    e de 1,2 a 2,5cm de dimetro, as

    diferenas de tamanho entre as

    diversas raas excluem um padro

    rgido com referncia a todos os

    tamanhos de ces. Entretanto, o

    profissional deve atentar para uma

    grande diferena de tamanho entre

    os dois testculos.

    O par de testculos deve ser

    oval, com contorno fino e regular, e

    estar posicionado dorsoventralmente. A

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    palpao de irregularidades, como

    ndulos ou aderncias, pode sugerir

    inflamao crnica, infeco ou

    neoplasias.

    A palpao do testculo no

    deve ser dolorosa quando realizada

    gentilmente. A dor palpao

    sugere orquite aguda ou toro,

    especialmente se o testculo estiver

    aumentado de volume. Alm disso,

    deve ter consistncia firme

    (semelhante de bceps semi-flexionado) e no ser duro

    palpao. Uma consistncia macia

    ou pastosa sugere degenerao

    testicular, enquanto uma

    consistncia endurecida sugere

    neoplasia ou orquite.

    3.3 - Epiddimo e cordo

    espermtico

    O epiddimo fixado

    dorsolateralmente superfcie do

    testculo, com a cabea e a cauda

    localizadas nos plos cranial e

    caudal respectivamente. O

    epiddimo continua como ducto

    deferente, localizado dentro do

    cordo espermtico, que contm:

    ducto deferente, artria

    espermtica, veias do plexo

    pampiniforme, linfticos, nervos e

    msculo cremaster. O epiddimo e o

    cordo espermtico devem ser

    palpados para observar provveis

    reas de espessamento ou

    aumento de volume.

    3.4 - Pnis e prepcio

    Sem a ereo, o prepcio

    cobre completamente o pnis

    canino normal. Devemos nos

    preocupar com descargas

    purulentas, sangue ou urina. O

    pnis deve ser facilmente removido

    do prepcio e completamenteexposto. O prepcio deve ser

    tracionado caudalmente e o bulbo

    da glande exposto. Quando h falha

    na exposio do pnis, devemos

    suspeitar de estreitamento do stio

    prepcial (fimose) ou aderncia

    entre o pnis e prepcio.

    Depois de exposto, o pnis

    deve ser totalmente avaliado para a

    presena de inflamaes,

    hematomas, trauma, fraturas,

    corpos estranhos ou massas

    tumorais (figuras 3 e 4).

    A mucosa peniana deve ser

    rsea clara, fina e indolor ao toque.

    Uma balanopostite normal vista

    como uma descarga mucopurulenta

    mdia cobrindo a mucosa peniana.

    O pnis deve ser palpado para

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    tamanho e conformao. Uma

    deformao congnita ou fratura

    pode resultar em desvio e

    inabilidade em retrair o pnis

    completamente para a bainhaprepucial. Igualmente, uma

    diminuio congnita do osso

    peniano pode causar uma

    excessiva flacidez da ponta do

    pnis e uma habilidade de cpula

    prejudicada.

    3.5 - Glndula prosttica

    A glndula prosttica a

    nica glndula acessria em ces.

    Normalmente localiza-se

    cranialmente plvis, porm, a

    disposio cranial pode estar

    alterada no abdmen devido

    disteno da bexiga por urina. A

    glndula prosttica rodeia o colo da

    bexiga, a poro cranial da uretra e

    a poro terminal do ducto

    deferente. Um septo mdio divide a

    glndula em dois lobos iguais, finos

    e firmes, que podem casualmente

    ser palpados pelo reto. Em ces

    grandes, a poro caudal da

    prstata palpvel. O tamanho e o

    peso da glndula prosttica so

    dependentes da idade, raa e peso

    corpreo do co.

    A presena de tamanho e

    consistncia anormais, assimetria

    entre lobos ou dor palpao

    suporta a presena de disfuno

    prosttica e indica a necessidade deum diagnstico complementar para

    a avaliao da glndula.

    4 - Avaliao do smen

    A anlise do smen deve ser

    includa na avaliao androlgica

    para detectar possveis problemas

    de infertilidade ou sub-fertilidade,alm de fazer parte da rotina pr-

    cobertura ou inseminao em ces.

    4.1 - Tcnicas para a obteno do

    smen

    A coleta do smen pode ser

    realizada excitando-se o macho na

    presena ou ausncia de uma

    fmea no cio, por estimulao

    manual do pnis (figura 5) ou,

    ainda, em casos excepcionais, por

    meio de eletroejaculao3.

    Todo o material que ser

    utilizado para a coleta e exame do

    smen dever ser de vidro ou

    plstico aquecido a 37C, sendo

    que o material plstico minimiza os

    riscos de acidentes envolvendo o

    animal e o coletador durante a

    coleta7.

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    O ejaculado canino

    apresenta trs fraes distintas e,

    segundo Heidrich (1977)9, foi

    Freiberg, em 1935, o primeiro a

    identificar o fracionamento noejaculado do co, chamando a

    primeira frao de uretral ou pr-

    espermtica, a segunda, de frao

    rica em espermatozides, e a

    terceira, de frao prosttica ou

    ps-espermtica.

    A primeira frao (ou pr-espermtica) apresenta um aspecto

    aquoso, cujo pH varia de 6,2 a 6,5

    com um volume mdio de 2,4

    1,8ml. A segunda frao (ou

    espermtica) apresenta um aspecto

    de cremoso a aquoso, sua

    colorao fisiolgica varia de branco

    opalescente ao marfim, o pH situa-

    se entre 6,3 a 6,6 e o volume mdio

    varia de 0,5 a 3,5ml. A ltima frao

    do ejaculado de origem prosttica,

    apresenta um aspecto aquoso e seu

    pH oscila entre 6,5 e 7,07,10,11,12. O

    volume desta frao diretamente

    proporcional atividade secretria

    da glndula prosttica, sendo seu

    volume mdio 6,48 4,32 ml13,4.

    O fluido prosttico

    produzido continuamente nos

    machos caninos no castrados e

    reflui retrogradamente para a bexiga

    ou eliminado pelo orifcio externo

    da uretra em quantidades variando

    de pequenas gotas at muitos

    mililitros, dependendo do tamanhoprosttico7.

    De acordo com Feldman e

    Nelson (1996)5, as freqncias de

    coletas de smen para o co podem

    ser: 1) uma coleta a cada 48 horas;

    2) uma coleta ao dia durante 3 dias

    consecutivos e um repouso de 2dias ou 3) duas coletas ao dia e

    repouso de 2 dias, podendo ocorrer

    um aumento na concentrao total

    de espermatozides aps alguns

    dias de repouso sexual.

    4.2 - Avaliao macroscpica do

    smen

    a) Volume:

    O volume mensurado atravs

    da graduao do tubo coletor e a

    quantidade de ejaculado obtida

    podem variar de acordo com a

    idade, tamanho, freqncia de

    coletas, mtodo e durao das

    coletas. O volume normal vai de 1 a

    40ml por ejaculado2,3,5. Aguiar et al.

    (1994)4, citaram valor de 5,98

    2,3ml para ejaculado total de ces

    de at 20 kg.

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    O volume de um ejaculado

    canino est diretamente ligado

    quantidade de lquido prosttico

    eliminado durante a ejaculao e,como descrito anteriormente, a

    prstata canina tende a aumentar

    com o avano da idade como

    resultado de uma hiperplasia

    prosttica benigna. A maioria dos

    animais no castrados e com mais

    de cinco anos apresenta a prstata

    aumentada de volume eposicionada na regio

    abdominal7,14.

    b) Cor e aspecto:

    A cor e o aspecto devem ser

    mensurados por meio de anlise

    subjetiva. A cor do ejaculado canino

    pode variar de branco opalescente

    ao turvo. Esta variao decorrente

    de alteraes na concentrao

    espermtica e o aspecto vai do

    leitoso ao aquoso, dependendo da

    quantidade de frao prosttica

    coletada.

    A cor amarelada de um

    ejaculado canino sugere a presena

    de urina; a cor verde com ou sem

    grumos, sugestiva de pus e de

    infeco do trato reprodutivo; a cor

    vermelha sugere hemorragia, que

    geralmente originria de

    ferimentos ocorridos no pnis ereto

    ou de processos patolgicos da

    glndula prosttica2,3,5.

    4.3 - Avaliaes microscpicas

    do smen

    a) Motilidade e Vigor:

    A motilidade e o vigor so

    avaliados subjetivamente colocando-se

    uma gota de smen sobre lmina

    aquecida (35-37 C), sendo estarecoberta por lamnula. O exame

    realizado sob microscopia de

    contraste de fase. O resultado

    obtido deve ser expresso em

    porcentagem (0-100) para a

    motilidade e um escore de zero a

    cinco (0-5) para o vigor6.

    A avaliao da motilidade

    espermtica definida como o

    percentual de espermatozides

    mveis de um ejaculado e o vigor

    representa a intensidade com a qual

    as clulas espermticas se

    locomovem. O conjunto destas duas

    avaliaes um importante

    parmetro da qualidade e

    viabilidade do smen6.

    O movimento retilneo

    progressivo considerado normal

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    em ces e reflete habilidade e

    viabilidade para fertilizar o

    vulo2,3,5,15. Aguiar et al. (1994)4

    observaram valores mdios de

    68,91 12,38% para motilidadeespermtica e de 3,19 0,76 para o

    vigor espermtico em ces com

    peso corpreo de, no mximo,

    20kg.

    A avaliao subjetiva do

    movimento espermtico muito

    importante e deve ser realizadarotineiramente. No entanto, por ser

    realizada por um tcnico, pode estar

    sujeita a um grande nmero de

    variaes, principalmente no que

    diz respeito ao grau de habilidade e

    experincia do avaliador.

    Para que estas variaes

    sejam minimizadas, uma avaliao

    computadorizada do movimento

    espermtico pode ser realizada.

    Iguer-Ouada e Verstegen (2001)16

    propuseram a padronizao de um

    mtodo computadorizado de

    avaliao do movimento

    espermtico, que apresentou

    timos resultados na avaliao de

    espermatozides da espcie

    canina.

    (HTR-IVOS10 analyzer, Hamilton Thorn

    Research, Beverly, Mass, USA)

    Utilizando-se o sistema

    computadorizado podemos avaliar a

    qualidade do movimento. Dentre as

    possveis avaliaes ressalta-se:

    motilidade espermtica total (MT),motilidade total progressiva (MP),

    padro mdio de velocidade

    espermtica (VAP), velocidade de

    deslocamento em linha reta (VSL),

    velocidade de deslocamento

    curvilneo (VCL), sobreposio do

    deslocamento retilneo e do

    deslocamento curvilneo VSL/VCL(STR) e, ainda, a linearidade do

    movimento, ou seja a proximidade

    da linha de deslocamento com uma

    linha linear (LIN) dos

    espermatozides16.

    Ellington et al. (1993)17

    apresentaram resultados mdios de

    73 9% para a motilidade

    espermtica de ces atravs de

    avaliao computadorizada. Eles

    concluram que a motilidade

    progressiva pode variar

    consideravelmente entre indivduos,

    e que a associao da motilidade

    progressiva e da concentrao

    espermtica caracteriza, na prtica,

    de modo satisfatrio, o potencial

    fertilizante de uma amostra de

    smen.

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    b) Concentrao espermtica:

    A concentrao

    determinada atravs da contagem

    das clulas espermticas em

    Cmara de Neubauer, aps diluiode 1:20 em gua, e o nmero de

    espermatozides expresso em

    mm3. Aguiar et al. (1994)4

    confirmaram ser normal para ces

    de at 20 kg de peso corpreo, a

    concentrao espermtica de 47,73

    12,20 x 106/ ml de ejaculado.

    c) Avaliao da morfologia

    espermtica:

    Uma das metodologias que

    pode ser utilizada para a avaliao

    da morfologia espermtica a

    colorao dos esfregaos de smen

    pelo mtodo Karras modificado18,

    incluindo-se a etapa de fixao dos

    esfregaos de smen canino por

    imerso em soluo salina aquecida

    a 37C19. A colorao com

    Vermelho Gongo e Cristal Violeta6

    tambm possibilita a colorao de

    esfregaos de smen de co. Aps

    a colorao, os esfregaos devem

    ser avaliados em microscopia de

    campo claro com aumento de

    1000x, observando-se as estruturas

    da cabea, colo, pea intermediria

    e cauda. Devem ser avaliadas 200

    clulas espermticas em cada

    esfregao. Os resultados devem ser

    expressos em porcentagem e

    registrados individualmente.

    Feldman e Nelson (1996)5

    eJohnston et al. (2001)20

    classificaram as alteraes da

    morfologia espermticas de ces

    como: 1) primrias (aquelas

    advindas de defeitos na

    espermatognese) e 2) secundrias

    (aquelas surgidas durante o trajeto

    entre o testculo e o epiddimo, nointerior do epiddimo ou devido a

    manipulao do smen). Segundo

    estes autores, reprodutores normais

    devem apresentar 70% de clulas

    espermticas com morfologia

    normal. Dentre as clulas

    espermticas consideradas

    alteradas podero haver, no

    mximo, 10% de alteraes

    morfolgicas primrias e 20% de

    alteraes morfolgicas secundrias.

    De acordo com o Manual

    para Avaliao Androlgica do

    CBRA6, as alteraes morfolgicas

    dos espermatozides dos

    reprodutores caninos devem ser

    classificadas como: 1) defeitos

    maiores (aqueles de maior impacto

    sobre a fertilidade) e 2) defeitos

    menores (aqueles que traduzem

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    menor impacto para a fertilidade da

    clula espermtica)21. Ainda

    segundo este manual, os

    reprodutores podem apresentar, no

    mximo, 20% de defeitos menorese 10% de defeitos maiores em seus

    ejaculados.

    Oettl (1993)22afirmou que a

    avaliao da morfologia

    espermtica o teste que

    apresenta maior correlao com a

    fertilidade, aps verificao de queces com mais de 60% de

    espermatozides normais

    apresentaram taxa de fertilidade de

    61%, enquanto outros, com menos

    de 60% de espermatozides

    normais, uma taxa de fertilidade de

    apenas 13%.

    d) Avaliao da integridade das

    membranas espermticas:

    A manuteno da integridade

    das membranas espermtica de

    fundamental importncia para que

    uma clula espermtica finalize sua

    funo primordial que a

    fertilizao. A membrana de uma

    clula espermtica intacta realiza

    transporte seletivo de fluidos e em

    condies de hiposmolaridade.

    Estas trocas continuam at que um

    ponto de equilbrio osmtico (extra e

    intracelular) seja alcanado. Para

    que o equilbrio seja alcanado

    ocorre um aumento de volume

    intracelular, j que a clula

    espermtica dever diluir o seumeio intracelular at que a condio

    hiposmtica do meio externo seja

    atingida. Este processo fisiolgico

    induz ao edema da cauda dos

    espermatozides, que pode ser

    facilmente verificado atravs de

    microscopia ptica pelo

    enrolamento das caudas dosespermatozides. Este mecanismo

    simples de defesa da clula

    espermtica gerou um mtodo de

    avaliao da integridade das

    membranas celulares denominado

    teste hiposmtico (HOS), que logo

    foi includo na rotina de vrios

    laboratrios de andrologia23,24.

    O teste hiposmtico pode ser

    considerado mais do que uma

    avaliao da morfologia e da

    integridade da clula espermtica.

    Ele tambm um indicativo da

    capacidade funcional da membrana

    em realizar trocas com o meio

    extracelular, que uma das

    principais necessidades no

    momento da capacitao e posterior

    fecundao, principal objetivo de

    uma clula espermtica23,24.

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    Para realizao do teste

    hiposmtico, os espermatozides

    so incubados em uma soluo

    hiposmtica (150mOSM) eposteriormente avaliados quanto

    sua morfologia sob contraste de

    fase. As clulas espermticas

    ntegras apresentam enrolamento

    de caudas, evento que pode ser

    visualizado atravs de microscopia

    de contraste de fase. A

    porcentagem de espermatozidescom enrolamento de cauda, ou seja,

    ntegros, pode ento ser

    computada24.

    Um novo teste hiposmtico

    para o smen do co utilizando a

    gua como soluo hiposmtica foi

    desenvolvido25, verificando alta

    correlao entre o HOS e a

    motilidade espermtica. Para a

    realizao deste teste, uma parte de

    smen deve ser misturada a quatro

    partes de gua, obtida diretamente

    da torneira, e incubada em banho-

    maria a 37C por 5 minutos. O

    resultado do HOS deve ser

    verificado sob microscopia ptica

    comum utilizando-se cmara de

    Neubauer, onde 200

    espermatozides devem ser

    avaliados. Estes devem ser

    classificados como reativos ao HOS

    quando apresentarem cauda

    enrolada e o resultado deve ser

    expresso em porcentagem (%).

    Um outro mtodo que pode

    ser utilizado para a verificao da

    integridade das membranas

    espermticas de ces a uma

    associao das sondas

    fluorescentes Iodeto de Propdio e

    Carboxifluorescena , descrita por

    Harrison e Vickers (1990)26 emodificada por Cunha et al.

    (1996)27. Para a execuo do teste,

    10l de smen so acrescidos de

    40l da soluo de trabalho,

    composta por: 960 l de soluo de

    citrato de sdio a 3 %; 10 l soluo

    de iodeto de propdio (10 mg de

    iodeto de propdio + 20 ml soluo

    fisiolgica); 20ml soluo de

    carboxifluoresceina (9,2mg

    carboxifluoresceina + 20ml

    DMSO); 10l soluo 1:80 de

    formalina a 40%. As amostras

    devero ser avaliadas sob

    iluminao epifluorescente

    (400x) e devero ser contadas

    200 clulas que sero classificadas

    como: ntegras (as clulas emitindo

    fluorescncia verde) ou lesadas (as

    clulas com o ncleo emitindo fluorescncia

    vermelha).

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    Figura 1: Co. Bolsa escrotal. Orquite. 1- Acmulo delquido que levou ao aumento de volume da bolsaescrotal causado por brucelose canina.

    Figura 2:Co. Bolsa escrotal. Orquite. 1- Ulceraes eaumento de volume da bolsa escrotal.

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    Figura 3:Co. Pnis. 1- Hematoma peniano.

    Figura 4: Co. Pnis. 1- Base do pnis; 2- Tumorvenreo transmissvel.

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    Figura 5:Co. Coleta de smen por meiode estimulo manual do pnis.

    Figura 6: Co. Espermatozides. 1 Espermatozidentegro; 2- Espermatozide parcialmente lesado; 3-Espermatozide lesado. 1000x. Carboxifluorescena eIodeto de propdio.

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    Recebido em: Novembro de 2007

    Aceito em: Junho de 2008

    Publicado em: Abril / Maio / Junho de 2008