7-sistemas de propulsÆo (sip)
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1
MARINHA DO BRASIL
DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS
ENSINO PROFISSIONAL MARTIMO
SISTEMAS DE PROPULSO (SIP)
1 edio
Belm-PA
2009
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2
' 2009 direitos reservados Diretoria de Portos e Costas
Autor : Gelmirez Ribeiro Rodrigues
Reviso Pedaggica: Erika Ferreira Pinheiro Guimares Suzana
Reviso Ortogrfica : Esmaelino Neves de Farias
Digitao/Diagramao : Roberto Ramos Smith
Coordenao Geral : CC. Maurcio Cezar Josino de Castro e Souza
____________ exemplares
Diretoria de Portos e Costas
Rua Tefilo Otoni, n o 4 Centro
Rio de Janeiro, RJ
20090-070
http://www.dpc.mar.mil.br
Depsito legal na Biblioteca Nacional conforme Decr eto no 1825, de 20 de dezembro de 1907
IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL
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APRESENTAO ...................................... ................................................................ 5
UNIDADE 1 ................................................................................................................ 6
MOTOR DIESEL MARTIMO DE 4 TEMPOS ............................................................. 6
1.1 Introduo ................................... ........................................................................ 6
1.2 ciclo de funcionamento do motor Diesel de 4 t empos .................................... 6
1.3 principais componentes fixos ................ ......................................................... 7
1.4 principais componentes mveis ............... .....................................................11
1.5 mecanismo de distribuio ................... .........................................................15
1.6 ngulo de calagem e ordem de queima ......... ...............................................21
1.7 diagrama da manivela do motor Diesel de 4 tem pos ....................................26
UNIDADE 2 ...............................................................................................................34
SISTEMAS DOS MOTORES DE PROPULSO ................. ......................................34
2.1 Introduo .................................. ...................................................................34
2.2 sistema de lubrificao ..................... .............................................................34
2.3 sistema de resfriamento ..................... ...........................................................40
2.4 sistema de combustvel ...................... ...........................................................46
2.5 sistema de alimentao de ar ................ .......................................................60
2.6 sistemas de partida ......................... ..............................................................65
2.7 sistema de descarga ......................... ............................................................71
UNIDADE 3 ...............................................................................................................73
EQUIPAMENTOS DA PROPULSO ......................... ...............................................73
3.1 Introduo ................................... ...................................................................73
3.2 propulso com reversor/redutor e hlice de pas so fixo ..................................73
3.3 a propulso com motor Diesel e dispositivo az imutal....................................86
3.4 propulso com redutor e hlice de passo varivel ........................................89
UNIDADE 4 ...............................................................................................................93
CONDUO DO MOTOR DIESEL .......................... .................................................93
4.1 Introduo .................................. ...................................................................93
4.2 preparativos para suspender ................. .......................................................94
4.3 operao dos motores Diesel ................. ......................................................95
4.4 problemas mais comuns e suas causas ......... ..............................................96
UNIDADE 5 .............................................................................................................109
MANUTENO ........................................ ...............................................................109
5.1 Introduo .................................. .................................................................109
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4
5.2 manuteno dos motores diesel ............... ..................................................111
REFERNCIAS BIBLIOGR`FICAS ........................ ................................................117
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5
APRESENTAO
Prezado aluno.
Este o material didtico que a Diretoria de Portos e Costas, atravs de suas
instituies de ensino, coloca em suas mos para o acompanhamento das aulas
pertinentes aos assuntos constantes do plano de curso da disciplina SISTEMAS DE
PROPULSO, do CURSO DE ADAPTAO PARA AQUAVI`RIOS CAAQ-II M.
Acompanhando de perto as inovaes tecnolgicas, q ue vm sendo implantadas
em nossos navios fluviais, sentimos realmente a necessidade de um saber cada vez
mais consistente e aprimorado por parte dos nossos profissionais mercantes. Por isso
mesmo, fizemos todo o possvel para elaborar um material atualizado e de grande valia
para o seu aprendizado.
Para viabilizar nosso intento, visitamos vrias empresas de navegao da regio
amaznica e pudemos constatar in loco a realidade tecnolgica presente nos
diferentes tipos de navios que singram nossos rios, transportando produtos de um
estado para outro e contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da nossa
economia.
Constatamos, por exemplo, a existncia de propulsores azimutais, dispositivos
de hlice de passo varivel, mdulo de condicionamento de combustvel e injeo
eletrnica, que de forma alguma poderiam deixar de constar deste trabalho. Bem
verdade que nossa abordagem no ser to aprofundada, quanto gostaramos que
fosse, tendo-se em conta a brevidade do curso e a perspectiva de outros que voc
certamente far em busca de sua ascenso profissional.
A formao profissional de qualidade tem sido, e s er sempre, uma preocupao
constante da Diretoria de Portos e Costas. Estamos convictos de que voc far a sua
parte.
Bons estudos!
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UNIDADE 1
1.1 Introduo
O motor Diesel de 4 tempos a mquina de combusto interna utilizada na
propulso e no acionamento de geradores de energia eltrica dos navios fluviais.
Embora estejam surgindo sistemas de propulso basta nte diferenciados do tradicional
(constitudo de motor Diesel, redutor/reversor e hlice de passo fixo), os novos arranjos
de propulso continuam empregando o motor Diesel de 4 tempos como principal fonte
de energia mecnica.
Como voc comprovars, no decorrer das unidades de ensino desta disciplina, o
motor Diesel de 4 tempos tambm empregado nos navios fluviais mais modernos,
seja para acionar dispositivos de hlice de passo varivel, seja para acionar
propulsores azimutais. Na realidade, a referida mquina de combusto interna
utilizada tanto na propulso quanto no acionamento de geradores de energia eltrica.
Por esta e outras razes, o referido motor ser o objeto de estudo principal desta
disciplina; e nosso estudo comea, justamente, com o seu ciclo de funcionamento.
1.2 ciclo de funcionamento do motor Diesel de 4 t empos
A palavra ciclo pode ser definida como o conjunto de transformaes que se
sucedem na mesma ordem e se repetem com lei peridi ca. Com ateno figura 1.1,
vejamos como ele realizado no motor Diesel de 4 tempos:
.
Fig. 1.1
MOTOR DIESEL MARTIMO DE 4 TEMPOS
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aspirao neste primeiro curso, com a vlvula de aspirao abrindo, o mbolo
desloca-se do seu ponto morto superior (PMS) para o inferior (PMI), aspirando
somente ar.
compresso no curso de compresso, o mbolo desloca-se do PMI para o
PMS. Pouco depois do incio desse curso, a vlvula de aspirao fecha e o
mbolo comea a comprimir o ar na cmara. Devido forte compresso, o ar
sofre um grande aumento de temperatura e pouco antes de atingir o seu PMS
comea a injeo do combustvel e o incio da queim a.
expanso a fora expansiva dos gases da combusto empurram fortemente o
mbolo para baixo em direo ao seu PMI. o chamad o tempo de expanso,
tempo til, ou de trabalho motor.
descarga um pouco antes do mbolo atingir o PMI, a vlvula de descarga
abre e, por efeito da presso nos gases, uma boa pa rte dele evacuada.
Finalmente, com o deslocamento do mbolo do PMI para o PMS, os gases
restantes so descarregados para a atmosfera.
Conforme a descrio, para a realizao de cada cic lo o motor Diesel necessita
de 4 cursos do mbolo, ou dois giros completos (720) do eixo de manivelas.
Obviamente, durante o funcionamento do motor ocorrer um ciclo atrs do outro.
1.3 principais componentes fixos Um motor Diesel constitudo por um grande nmero de peas fixas e mveis.
Os principais componentes fixos so: bloco, mancais fixos, cabeote e crter.
Bloco
Como pode ser observado na figura 1.2, o maior e mais volumoso componente
fixo do motor. normalmente construdo com uma lig a especial de ferro fundido. Alm
dos orifcios dos cilindros, o bloco possui cmaras para a gua de resfriamento
denominadas jaquetas.
O bloco uma pea inteiria nos motores de pequen o porte, sendo construdo
em sees nos motores de grande porte. Nesse caso, as sees so ligadas por meio
de parafusos.
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Camisas
Para evitar o desgaste do bloco os cilindros recebem camisas seca ou molhada.
Conforme o caso, essas camisas so introduzidas nos cilindros de maneira que a gua
de resfriamento entre em contato com elas ou no. N a figura 1.3 A, B, C e D esto
representados os tipos de camisa seca e molhadas (ou midas) mais utilizadas nos
motores Diesel.
Portanto, diz-se que uma camisa do tipo seca quando, uma vez instalada no
cilindro, a gua de resfriamento no entra em contato com ela. Por sua vez, a camisa
molhada ou mida aquela em que a gua entra em contato com a mesma.
Mancais fixos
Fig. 1.3
Fig. 1.2
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Como o prprio nome sugere, so peas fixas
destinadas a sustentar o eixo de manivelas,
permitindo o seu alinhamento. Os blocos dos motores
de pequeno porte possuem recessos na parte inferior
do prprio bloco para a instalao dos mancais fixo s
do eixo de manivelas. Na medida em que o porte do
motor vai aumentando, esses recessos so usinados
numa base e sobre esta que o bloco montado. A
figura 1.4 ilustra o que acabamos de explicar.
Entre o recesso e a capa do mancal so instalados, em duas metades, os
casquilhos ou bronzinas. A figura 1.5 mostra uma das metades e suas respectivas
camadas.
Cabeote
Tambm chamado tampa, cabea, ou culatra, a pea que fecha o cilindro e
que, juntamente com a face superior do mbolo forma a cmara de combusto. O
cabeote fixado ao bloco por meio de estojos ou parafusos e porcas, mediante a
insero de uma junta que nos motores pequenos fe ita de papelo, sendo as partes
sujeitas a altas presses e temperaturas reforadas com material metlico macio. Nos
motores de maior porte podem ser confeccionadas na forma de anis de cobre ou at
de ao. As figuras 1.6 e 1.7 mostram o cabeote de um motor de pequeno porte e sua
respectiva junta.
Fig. 1.5
Fig. 1.4
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10
Conforme o porte do motor, os cabeotes podem ser inteirios (fechando todos
os cilindros), construdos em sees (fechando dois ou mais cilindros), ou ainda
individuais, (fechando apenas um cilindro), como no caso dos motores de mdio e de
grande porte.
No cabeote so instaladas as vlvulas de aspira o e/ou descarga, os
balancins, os injetores de combustvel e, dependendo do motor, as vlvulas de ar de
arranque, vlvulas de segurana, mancais e eixos de cames para acionamento de
vlvulas, etc. Assim como o bloco de cilindros, os cabeotes dos motores possuem
espaos ocos destinados circulao da gua de res friamento.
Crter
O crter (figura 1.8) um depsito com a forma aproximada de uma banheira,
destinado a armazenar o leo lubrificante do motor. aparafusado parte inferior do
bloco, mediante a insero de uma junta de material macio como cortia, ou papelo.
Nos motores de pequeno porte o crter normalmente confeccionado em liga de
alumnio, sendo que nos de mdio e grande porte costumam ser fabricados em ao
fundido ou forjado.
A vareta de sondagem que aparece na figura possui as marcas de nvel mnimo
e mximo para melhor controle do nvel de leo lubrificante. Em muitos motores Diesel,
um pouco acima do crter, mais precisamente nas portas de visita da cmara de
manivelas, so instaladas vlvulas de segurana para proteo contra um possvel
excesso de presso no interior do crter e da cmara de manivelas. Esse excesso de
presso pode ser causada, por exemplo, por anis de segmento colados ou partidos. A
figura 1.9 mostra a vlvula de segurana que acabamos de mencionar.
Fig. 1.6 Fig. 1.7
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1.4 principais componentes mveis
Um motor Diesel constitudo de vrias peas mveis, destacando-se o mbolo ou
pisto, a conectora ou biela, o eixo de manivelas o u virabrequim. A figura 1.10 mostra
os principais componentes mveis a que nos referimo s, com pequenos detalhes.
mbolo
a pea do motor que se desloca alternativamente no interior do cilindro,
recebendo diretamente o impulso dos gases da combusto. durante o seu movimento
alternado que se verifica a transformao da energi a trmica da queima do combustvel
em energia mecnica transmitida ao eixo de manivela s pela conectora.
Os mbolos dos motores de pequeno porte so normalmente inteirios e
confeccionados com uma liga de alumnio e silcio. Nos de grande porte a coroa do
mbolo construda separadamente em ao fundido e aparafusada ao seu corpo.
Fig. 1.9 Fig. 1.8
Fig. 1.10
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12
Divide-se o mbolo em trs partes: coroa, corpo e saia. Na coroa, que a parte mais
alta do mbolo, esto situadas as canaletas ou (escatis), que servem para alojar os
anis de compresso e de raspa de leo.
Na parte intermediria, denominada corpo, fica o alojamento do pino do mbolo;
a parte que fica abaixo do corpo chama-se saia. A nomenclatura das partes mostradas
na figura 1.11 a seguinte: (1) coroa, (2) anis de compresso, (3) anel raspa de leo,
(4) pino do mbolo, (5) alojamento da trava ou retm e (6) saia.
Os anis de segmento garantem a vedao dos gases entre o mbolo e as
paredes do cilindro, permitindo tambm o escoamento de parte do calor do mbolo
para as mesmas. Os anis raspadores de leo espalham o lubrificante pelas paredes
do cilindro, removendo o excesso.
Nos motores de pequeno e mdio porte o mbolo articula diretamente em uma
das extremidades da conectora, por meio do pino do mbolo.
O pino do mbolo precisa ser bastante resistente para suportar os impactos que
sofre, principalmente ao transmitir a fora dos gas es da combusto para o eixo de
manivelas, atravs da conectora. comum sua fabric ao em ao ao cromo
cementado. Instalado no mbolo, opino no se desloca axialmente por causa da ao
das suas travas ou retns.
Fig. 1.11
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Conectora
a pea do motor cuja funo transmitir o movim ento do mbolo ao eixo de
manivelas imprimindo-lhe um movimento rotativo. n ormalmente construda em ao
forjado.
Costuma-se dividir a conectora em trs partes: p, corpo e cabea. O p da
conectora a parte onde instalado o mancal tipo bucha, destinado a receber o pino
do mbolo; o corpo vem logo em seguida, e a cabea a parte onde fica o mancal bi-
partido que articula no eixo de manivelas. A figura 1.12 mostra uma conectora instalada
em um mbolo.
O mancal do p da conectora inteirio, sendo a bucha normalmente
confeccionada em bronze. O mancal da cabea formado por duas metades
semicirculares, alojando as bronzinas que so const rudas em ao e revestidas com
material antifrico nas partes que entram em conta to com o eixo de manivelas.
Eixo de manivelas
Representado na figura 1.13, a pea encarregada de transformar, com o
auxlio da conectora ou biela, o movimento alternado do mbolo em rotativo. Sua
construo requer tcnica apurada, sendo forjado, u sinado e balanceado, tanto esttica
quanto dinamicamente. o componente de maior compr imento do motor.
Fig. 1.12
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14
O eixo de manivelas, tambm conhecido como virabrequim ou rvore de
manivelas, o elemento que transmite a potncia do motor ao seu utilizador.
normalmente forjado em liga de ao, sendo o compone nte mvel de maior custo do
motor.
O eixo de manivelas trabalha apoiado nos mancais fixos, os quais so dotados
de casquilhos substituveis, construdos da mesma forma que os dos mancais mveis
das cabeas das conectoras ou bielas. Esses casquil hos, tambm chamados de
bronzinas, so lubrificados sob presso. Conforme i ndicado na figura, as partes do eixo
de manivelas so:
1) engrenagem ou pinho instalada na extremidade do eixo de manivelas,
destina-se a transmitir seu movimento ao eixo de cames, normalmente por meio
de um trem de engrenagens, ou rodas dentadas e correntes.
2) contrapesos prolongamentos dos braos de manivela que servem p ara dar
suavidade ao movimento do eixo;
3) braos de manivela ou cambotas partes do eixo que ligam os pinos fixos e
mveis;
4) munhes partes do eixo que trabalham nos mancais fixos;
5) canais de lubrificao canais abertos no eixo para permitir o fluxo do l eo
lubrificante dos mancais fixos para os mveis;
6) curvas de reforo partes curvas nas junes dos munhes e moentes co m as
cambotas;
7) moentes partes do eixo onde articulam os mancais das cabe as das
conectoras; e
9) flange extremidade do eixo em forma de disco onde fixado o volante.
Fig. 1.13
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15
Volante
um disco de grande peso, fixado a uma das extrem idades do eixo de
manivelas. Sua finalidade armazenar uma parte da energia mecnica produzida no
motor durante o tempo de trabalho til (expanso), para vencer a resistncia dos
tempos no motrizes, principalmente o de compresso . normalmente uma pea
inteiria nos motores pequenos, podendo ser constru do em duas metades nos de
maior porte. A sua fixao ao eixo de manivelas f eita por meio de chaveta e parafuso
(s). O volante, mostrado juntamente com parte do eixo de manivelas na figura 1.14,
pode possuir ou no uma coroa dentada denominada cr emalheira do volante.
Nos motores de pequeno porte a cremalheira serve para permitir o
engrenamento do pinho do motor de arranque. J nos de mdio e grande porte, com
partida por injeo de ar comprimido nos cilindros, serve para engranzar o pinho do
mecanismo da catraca. A catraca um dispositivo acionado por motor eltrico utilizado
para girar lentamente o MCP (Motor de Combusto Pri ncipal) quando por ocasio de
inspeo, regulagem ou reparo no mesmo.
1.5 mecanismo de distribuio
Alm dos componentes j estudados at aqui, h outros de grande importncia
para o motor e que fazem parte do chamado mecanismo de distribuio.
A finalidade do mecanismo de distribuio fazer com que cada fase do ciclo de
funcionamento do motor ocorra rigorosamente no seu devido tempo. Por exemplo, se o
motor estiver realizando a fase de compresso, claro que tanto a vlvula de admisso
quanto a de descarga devem estar fechadas. Da mesma maneira, no instante da
Fig. 1.14
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16
injeo do combustvel no cilindro, as referidas vlvulas no podem estar abertas, pois
se assim acontecesse, o combustvel no poderia inf lamar.
Esses exemplos, apesar de grosseiros, servem para voc entender, de imediato,
que as peas que fazem parte do mecanismo de distri buio do motor devem trabalhar
de forma sincronizada, pois qualquer desvio nessa sincronizao pode fazer com que o
motor trabalhe mal, ou nem sequer consiga funcionar. Quando isso acontece, dizemos
que o motor est fora de ponto. Vamos ento fazer um estudo bsico da distribuio,
atentando para o arranjo simplificado da figura 1.15.
A uma simples olhada voc percebe que se trata do mecanismo de um motor de
4 tempos, uma vez que existe uma vlvula de admisso e uma vlvula de descarga
(11) na cabea do cilindro. Alm do mais, a engrenagem (4), do eixo de manivelas (3),
tem a metade do nmero de dentes da engrenagem (6), do eixo de cames (5). Repare
que as cames do mesmo eixo transmitem movimento aos tuchos (7), que por sua vez
transmitem movimento s hastes ou varetas (8). Esta s hastes acionam os balancins
(10), para abrir as vlvulas de aspirao e de descarga (11), cada uma no seu devido
tempo. Repare, tambm, que os balancins articulam no eixo 9, o qual tem suas
extremidades fixadas nos seus respectivos suportes (que no aparecem na figura),
Esses suportes so aparafusados no cabeote.
1. Pisto ou mbolo
2. Biela ou conectora
3. Eixo de manivelas ou virabrequim
4. Engrenagem do eixo de manivelas
5. Eixo de comando de vlvulas
6. Engrenagem do eixo de comando
7. Tuchos
8. Varetas
9. Eixo dos balancins
10. Balancins
11. Vlvulas de admisso e de descarga Fig. 1.15
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17
Vejamos agora algumas particularidades dos componentes da figura.
Engrenagem ou pinho do eixo de manivelas
a pea (4), fixada na extremidade do eixo de man ivelas (3), com a finalidade
de transmitir o movimento de rotao do mesmo ao ei xo de cames (5), por meio da sua
engrenagem (6).
Engrenagem do eixo de cames
fixada na extremidade do eixo de cames (5), com a finalidade de receber o
movimento rotativo do eixo de manivelas (3), por meio da engrenagem (6), e transmiti-
lo ao eixo de cames propriamente dito. Nos motores de 4 tempos, possui o dobro do
nmero de dentes da engrenagem do eixo de manivelas. J no caso dos motores de 2
tempos, possui o mesmo nmero de dentes da engrenagem do referido eixo.
Eixo de cames
uma pea dotada de cames (ou excntricos), com a finalidade de acionar as
vlvulas de aspirao e de descarga do motor por meio do tucho (7), da vareta (8) e do
balancim (10). Mais tarde veremos que esse eixo pode possuir outra came, posicionada
ao lado ou entre as duas da figura, com o propsito de acionar a bomba injetora
individual de cada cilindro, como ocorre nos motores de mdio e de grande porte.
Tuchos
So peas que trabalham em contato com as cames, t ransmitindo o movimento
das mesmas s varetas (8). Nos motores de mdio e de grande porte, costumam
possuir rodetes para reduzir o atrito com a came.
Vareta ou haste
a pea que trabalha com uma de suas extremidades em contato com o tucho e
a outra em contato com uma das extremidades do balancim. As varetas transmitem ao
balancim o seu movimento alternado produzido pela came, para que as mesmas
acionem os balancins e promovam as aberturas das vlvulas de admisso e de
descarga.
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Balancim
uma pea que, articulando no eixo (9), fixo ao s eu suporte, recebe o
movimento alternado da vareta e o transfere vlvula de admisso ou de descarga. O
balancim possui em uma de suas extremidades um parafuso com porca para permitir o
ajuste da folga da vlvula. Essa folga visa absorver os efeitos da dilatao trmica
causada pelos gases da combusto, sem prejudicar a estanqueidade do cilindro nos
tempos de compresso e expanso. Se no houvesse es sa folga, a dilatao linear da
sua haste no deixaria que ela fechasse completamen te, podendo inclusive impedir o
funcionamento do motor por falta de compresso sufi ciente. Por outro lado, a folga no
deve ser excessiva para evitar batimento da vlvula em sua sede.
Vlvula de admisso
a pea que serve de porta de entrada do ar (no c ilindro do motor Diesel), ou da
mistura ar+combustvel (no cilindro do motor Otto). Para permitir um bom enchimento
do cilindro, normalmente ela se apresenta com o di metro do seu disco maior do que o
da vlvula de descarga. A sua haste trabalha dentro de uma guia, geralmente
substituvel.
Vlvula de descarga
a pea que serve de porta de sada dos gases da combusto do interior do
cilindro do motor. A exemplo da vlvula de admisso construda em ao especial, e
sua haste trabalha em uma guia normalmente substituvel. Apresenta normalmente um
disco com dimetro menor do que o da vlvula de admisso. Isso possvel porque a
velocidade de escoamento dos gases da combusto atr avs dela relativamente
grande, devido razovel presso ainda existente nos mesmos por ocasio da sua
abertura. Estando mais sujeita ao calor dos gases da combusto do que a vlvula de
admisso, a folga entre o topo de sua haste e a ext remidade do balancim
normalmente maior do que a da vlvula de admisso.
Entenda agora, que quando qualquer uma das vlvulas est fechada, o seu
respectivo tucho est trabalhando na parte do crculo base que gerou a came. Quando
ela est em processo de abertura ou fechamento, sinal de que a parte excntrica da
came que est atuando nos tuchos. Algo importante a considerar no funcionamento
de ambas as vlvulas que cada uma delas, no seu devido tempo, aberta pela ao
do balancim a partir do movimento da came; j o fechamento feito pela ao de
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19
sua(s) mola(s), enquanto vai cessando a ao do bal ancim sobre o topo da sua haste.
A figura 1.16 mostra alguns dos componentes do mecanismo da distribuio de um
motor Perkins.
Transmisso do movimento do eixo de manivelas pa ra o de cames A
figura 1.17 mostra um mecanismo de acionamento de vlvulas bastante diferente do
anterior. Observe que a transmisso feita por rodas dentadas e corrente e que as
vlvulas de admisso e de descarga so acionadas diretamente pelo eixo de cames,
que no caso fica situado sobre o cabeote. Observe tambm a importncia do
dispositivo (5) que tem por finalidade esticar ou tensionar a corrente
1. eixo de cames
2. pinho
3. tuchos
4. vareta
5. balancins
6. eixo dos balancins
7. suporte do eixo dos balancins
Fig. 1.17
Fig. 1.16
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20
Voc j viu, portanto, que a transmisso do movimento do eixo de manivelas ao
eixo de cames pode ser feita por engrenagens e por corrente. Agora voc precisa saber
que, alm desses tipos, podemos encontrar as transmisses por correia dentada e
mista. A transmisso por correia dentada, mostrada na figura 1.18, particularmente
utilizada em motores de pequeno porte como os automotivos. A transmisso do tipo
mista, apresentada na figura 1.19, um tanto rara.
J deu pra voc perceber que dificilmente aparecem apenas duas engrenagens
ou rodas dentadas no mecanismo de distribuio. c omum aparecer o chamado trem
de engrenagens (mais de duas) como mostrado nas trs figuras anteriores.
Uma observao muito importante a fazer sobre as marcas de referncia
existentes nas engrenagens do mecanismo de transmisso. Durante a montagem do
motor, essas marcas devem ser rigorosamente observadas, para que o mesmo no
fique fora de ponto. Se essas referncias no forem observadas, ou o motor
funcionar mal, ou nem sequer entrar em funcionamento. A figura 1.20 mostra as
marcas de referncia nos componentes dos mecanismos de transmisso por
engrenagens e por corrente.
Fig. 1.18
Fig. 1.19
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21
1.6 ngulo de calagem e ordem de queima Voc vai aprender agora algo mais sobre o eixo de manivelas. Perceber a
ntima relao entre a calagem de suas manivelas e a sequncia das combustes no
interior dos cilindros do motor.
No nosso estudo, a calagem das manivelas refere-se posio em que elas so
dispostas no eixo, segundo um determinado intervalo angular.
O ngulo de calagem das manivelas pode ser determi nado levando-se em conta
o nmero de cilindros e o nmero de tempos do motor. Por causa da estreita relao
do ngulo de calagem com a ordem de queima, julgamo s oportuno estud-los
simultaneamente.
Define-se o ngulo de calagem das manivelas como o ngulo formado pelos
planos de simetria longitudinal de duas manivelas consecutivas, levando-se em conta a
ordem de queima e o sentido de rotao do motor. Po r outro lado, ordem de queima
definida como a sequncia com que as combustes ocorrem nos cilindros do motor.
Ela deve ser o mais salteado possvel, para permitir uma boa distribuio de esforos
ao longo do eixo de manivelas. Por conveno, come a sempre a partir do cilindro
nmero 1.
A calagem angular das manivelas e a ordem de queima do motor so fatores de
relevante importncia para o seu funcionamento, est ando intimamente ligadas
distribuio equilibrada da potncia e continuida de dos esforos transmitidos pelo
motor ao seu utilizador. A palavra utilizador significa a mquina ou dispositivo que o
motor aciona. A bordo dos navios, os principais utilizadores dos motores Diesel so: os
Fig.1.20
-
22
geradores de energia eltrica e o conjunto propulsor formado pelo eixo transmissor e o
hlice.
Na determinao do ngulo de calagem dos motores e m linha, utiliza-se a
seguinte frmula:
Para que voc possa compreender mais facilmente o que acabamos de expor,
faremos agora um estudo breve e intuitivo sobre o assunto, valendo-nos de alguns
exerccios resolvidos.
EXERCCIOS RESOLVIDOS:
1) Determine o ngulo de calagem, a ordem de queima e o traado simplificado do eixo
de manivelas de um motor Diesel de 2 tempos com 2 cilindros em linha.
Soluo:
Voc pode ver, portanto, que o ngulo de calagem das manivelas de 180o.
Conforme apresentado na figura, a man ive la referente ao c i l indro 2 est
disposta a 180o da do cilindro 1. Assim, a ordem de queima s pode r ser 1-2, ou seja:
a queima ocorrer no cilindro 1, e somente aps o eixo de manivelas girar180
acontecer a queima no cilindro 2. Em outras palavras, enquanto o mbolo do cilindro 1
Onde: Ac = ngulo de calagem Nt = nmero de tempos Nc = nmero de cilindros
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23
estiver no PMS, no final da compresso, o mbolo do cilindro 2 estar no PMI,
iniciando a compresso.
2) Determine o ngulo de calagem, a ordem de queima e o traado do eixo de
manivelas para um motor de 4 tempos com 2 cilindros em linha.
Soluo:
Para o referido motor, o ngulo entre as manivelas e o traado do eixo de
manivelas estar em conformidade com as figuras apresentadas. Mas preste bem
ateno!
Como a manivela do cilindro 2 est rigorosamente disposta atrs da do cilindro
1, voc poderia supor, equivocadamente, que os dois cilindros queimam ao mesmo
tempo. Isso nunca acontece! Lembre-se tambm de que agora estamos tratando de um
motor de 4 tempos; ou seja: considerando o mbolo do cilindro 1 no PMS, no final da
compresso, o mbolo do cilindro 2 estar tambm no seu PMS, porm no final da
descarga. Assim, a queima no cilindro 2 s poder ocorrer aps o eixo de manivelas
girar 360 depois da queima no cilindro 1. Isso nos dar, logicamente, a mesma ordem
de queima 1-2 do motor de 2 tempos estudado anteriormente. Lembre-se ainda de que
partimos do princpio de que o mbolo do cilindro 1 encontrava-se no final da
compresso. Ora, para chegar l, ele teve que realizar dois cursos: o de aspirao e o
de compresso, o que corresponde aos outros 360 de giro do eixo de manivelas.
.Pelo exposto at agora deduzimos que:
a) s poder haver queima em um cilindro de cada v ez;
b) com o aumento do nmero de cilindros o interval o angular entre as
queimas diminui;
c) no caso dos motores de 2 tempos haver queima e m todos os seus
cilindros a cada 360 o de giro do eixo de manivelas; e
d) no caso dos motores de 4 tempos, haver queima e m todos os seus
cilindros a cada 720 o de giro do eixo de manivelas.
-
24
3) Determine o ngulo de calagem, a ordem de queima e o traado do eixo de
manivelas para um motor de 2 tempos com 3 cilindros em linha.
Soluo:
Nesse caso as manivelas estariam dispostas a 120o uma da outra, e a ordem de
queima seria 1-2-3. J o eixo de manivelas apresentaria a configurao mostrada na
figura acima. Entretanto, para possibilitar uma melhor distribuio de esforos ao longo
do eixo de manivelas, a ordem de queima pode ser melhorada. Assim, sem alterar o
ngulo de calagem, prefervel posicionar a manive la do cilindro 3 a 120o da do
cilindro 1, e a do cilindro 2 a 120o da do cilindro 3. Mas ateno! Repare que o traad o
do eixo de manivelas tambm muda, de conformidade com a figura abaixo.
Com o problema que acabamos de resolver, voc percebeu que:
Como o motor de 2 tempos e a ordem de queima 1- 3-2, quando o
mbolo do cilindro 1 estiver no PMS, no final da co mpresso:
a) o mbolo do cilindro 2 estar quase terminando a fase de admisso; e
b) o mbolo do cilindro 3 estar praticamente inici ando a fase de
compresso.
-
25
J vimos que a partir de 3 cilindros comea a haver certa flexibilidade com
relao ao posicionamento das manivelas. No problem a seguinte, voc ver que
possvel obter vrias ordens de queima diferentes para uma determinada disposio
dada s manivelas.
4) Sabendo que o ngulo de calagem de 120o, determine todas as ordens de queima
possveis para um motor de 4 tempos com 6 cilindros em linha, cujas manivelas foram
dispostas conforme mostrado na figura abaixo:
Soluo:
No caso so possveis quatro ordens de queima:
a) 1-2-3-6-5-4;
b) 1-2-4-6-5-3;
c) 1-5-3-6-2-4; e
d) 1-5-4-6-2-3.
Repare que das quatro possibilidades a mais salteada e, portanto, mais adequada
a terceira (1-5-3-6-2-4). Para o caso, o traado do eixo assumir a forma da figura
abaixo.
-
26
Para terminar esta srie de exerccios, observe a figura abaixo que a de um
motor propulsor de 2 tempos de grande porte, com 12 cilindros.
Aplicando a frmula, voc comprovar que o ngulo de calagem de 30 e,
neste caso, a nica ordem de queima possvel para a disposio que foi dada s
manivelas : 1-12-5-7-3-11-4-9-2-10-6-8.
1.7 diagrama da manivela do motor Diesel de 4 tem pos
O diagrama da manivela, tambm chamado de pura de distribuio, uma
forma simplificada de representar as fases do ciclo de um motor, considerando o ngulo
descrito pela manivela, durante cada fase do ciclo.
Para que fique bem claro o que vamos expor, trataremos aqui apenas dos
diagramas terico e prtico de um motor Diesel de 4 tempos, que como j
mencionamos, o objeto principal do nosso estudo.
Voc j sabe que o ciclo do motor de 4 tempos realizado em duas voltas do
eixo de manivelas (720) e, logicamente, apenas 1 volta do eixo de cames. J sabe
tambm que a engrenagem do eixo de cames possui o dobro do nmero de dentes da
engrenagem do eixo de manivelas. A relao de trans misso das engrenagens ,
portanto, de 2:1 (dois para um).
No motor Diesel terico, cada fase do ciclo (admis so, compresso, expanso e
descarga) necessita de 180 de giro do eixo de manivelas. Alm disso, a injeo s
comea quando o mbolo se encontra exatamente no seu PMS, no final da
-
27
compresso. Por isso o diagrama terico da distribu io de um motor Diesel de 4
tempos toma a forma da figura 1.21.
Como podemos ver, no diagrama terico, supe-se qu e a vlvula de admisso
inicia a sua abertura quando o mbolo se encontra exatamente no PMS e termina o seu
fechamento exatamente quando o mbolo chega ao PMI. Da mesma maneira, observa-
se que a vlvula de descarga inicia a sua abertura com o mbolo no PMI (exatamente
no instante em que a vlvula de admisso acabou de fechar) e termina o seu
fechamento exatamente quando o mbolo atinge o PMS. Consideramos tambm, no
referido diagrama, que a injeo comea com o mbol o no PMS, no final do curso de
compresso. Dessa maneira, entendemos que no motor terico de 4 tempos o eixo de
manivelas gira exatamente 180 para cada fase (aspirao, compresso, expanso e
descarga). Sabemos, entretanto, que na prtica as coisas no acontecem assim.
Para tornar possvel o funcionamento do motor com um rendimento satisfatrio,
torna-se indispensvel adotar as cotas de avanos e atrasos. Portanto, voc agora vai
conhecer o diagrama prtico, ou real, de um motor Diesel de 4 tempos.
Mas para entender melhor o que significam as cotas de avanos e atrasos na
distribuio do motor, vamos primeiramente definir cada uma delas.
Fig. 1.21
-
28
AAA avano abertura da admisso - o nmero de graus que falta para a
manivela de um determinado cilindro atingir o seu PMS, no instante em que a
vlvula de admisso inicia a sua abertura.
RFA retardamento ao fechamento da admisso - o nmero de graus em que
a manivela de um determinado cilindro se encontra aps o seu PMI, no instante
em que a vlvula de admisso termina o seu fechamento.
As figuras 1.22 (A) e 1.22 (B) mostram claramente o AAA e o RFA.
AAD avano abertura da descarga - o nmero de gr aus em que a manivela
de um determinado cilindro se encontra antes do seu PMI, no instante em que a
vlvula de descarga inicia a sua abertura.
RFD o nmero de graus em que a manivela de um determinado cilindro se
encontra depois do seu PMI, no instante em que a vlvula de descarga termina o
seu fechamento.
Fig. 1.22
-
29
A figura 1.23 demonstra o que acabamos de explicar.
CV cruzamento de vlvulas - em termos de ngulo o nmero de graus
correspondente soma do avano abertura da admis so com o atraso ao
fechamento da descarga; pode tambm ser definido como o perodo do ciclo em
que as vlvulas de admisso e de descarga permanecem simultaneamente
abertas. Nos motores superalimentados de 4 tempos o cruzamento de vlvulas
apresenta as vantagens de permitir lavagem e resfriamento adicional na cmara
de combusto.
AI avano injeo - o nmero de graus que falta para a manivela alcanar
o seu PMS, no instante em que se inicia a injeo d e combustvel no cilindro.
Fig. 1.23
-
30
A figura 1.24 mostra o avano injeo.
Acreditamos que agora voc esteja bem preparado para compreender o
diagrama prtico da distribuio do motor Diesel de 4 tempos. Atente ento para a
figura 1.25.
Fig. 1.24
Fig. 1.25
-
31
ADMISSO - repare que a vlvula de admisso comea a sua abertura um pouco antes da manivela atingir o seu PMS. o chamado AA A. Do PMS ao PMI a manivela gira 180. Aps chegar ao PMI, ainda so adicionado s ao perodo alguns graus at o fechamento total da vlvula de admisso; o chamado RFA. Podemos dizer ento que a frmula matemtica do perodo : COMPRESSO observe que a fase de compresso bem menor do q ue a de admisso, por causa dos graus que lhe foram subtra dos em favor do RFA. Assim, podemos dizer que: EXPANSO sempre de olho no diagrama, observe que a fase de expanso comea no PMS e termina alguns graus antes que a manivela chegue ao seu PMI. o chamado avano abertura da descarga (AAD). Logo, a frmula da fase de expanso : DESCARGA ao olhar para o diagrama voc logo percebe que a descarga o maior perodo do ciclo, porque alm dos 180o, ainda conta com os graus do AAD e do RFD. Assim, sua frmula matemtica : CRUZAMENTO DE V`LVULAS como j foi dito, em termos de ngulo, equivale soma do AAA com o RFD, como mostra a frmula:
hora de voc entender as razes dos avanos e at rasos. bom voc saber,
desde j, que as cotas de avanos e atrasos podem variar de motor para motor.
Vejamos ento as principais razes de suas aplica es.
admisso = AAA + 180 + RFA
compresso = 180o RFA
expanso = 180o RFD
cv = AAA + RFD
-
32
AAA - a vlvula de admisso inicia sua abertura antes do mbolo chegar ao PMS para
permitir um melhor enchimento do cilindro. Quanto mais ar fresco entrar no cilindro,
melhor ser a queima. Essa questo de encher o mximo possvel o cilindro muito
importante, pois quanto maior for a carga de ar, maior potncia o motor desenvolver
por cilindrada.
RFA - para que a corrente de ar que entra no cilindro no se detenha, logo que o
mbolo chegue ao PMI, adota-se o retardamento ao fechamento da admisso. Esse
atraso, juntamente com o avano a que nos referimos se completam, em razo de uma
boa carga de ar no cilindro do motor.
AAD - muito importante remover do cilindro o mximo possvel de gases queimados
depois deles cumprirem sua misso. Assim, adota-se um avano abertura da vlvula
de descarga para que, antes do mbolo chegar ao seu PMI, uma boa parte dos gases,
que j realizaram seu trabalho sobre o mbolo deixe o cilindro devido presso ainda
razovel reinante nos mesmos.
RFD - o atraso ao fechamento da descarga permite completar a limpeza interna do
cilindro, possibilitando que a presso interna no m esmo seja a mais baixa possvel, o
que facilita a entrada do ar fresco no incio da fase seguinte, que a de admisso.
AI - o avano injeo necessrio para que as gotc ulas de combustvel introduzidas
no cilindro tenham tempo de se misturar com o ar quente, absorver sua temperatura e
entrar em ignio. Esse avano depende de vrios fa tores, entre os quais destacamos:
a natureza do combustvel e
a velocidade do motor.
Com efeito, os combustveis com alto ponto de ignio exigem mais tempo para
queimar, necessitando, pois, de um avano maior. Co m relao velocidade,
dispondo-se de um determinado tempo para a queima, h necessidade de um avano
maior, quanto maior for a velocidade do motor.
-
33
ATENO!
O diagrama da distribuio de um motor pode aprese ntar diferentes formas. A
menos usada, entretanto, a representada na figura 1.26. Observe que se trata
tambm do diagrama da manivela de um motor Diesel de 4 tempos. Se voc
compreendeu bem o anterior. Vamos s dar uma ajudaz inha: o ciclo inicia no ponto
_____ que o nosso conhecido AAA.
A questo de alimentar o cilindro com uma carga de ar fresco mesmo muito
importante. Considerando-se a mesma cilindrada, qua nto maior for a carga de
ar no cilindro, mais potncia um motor poder desen volver. Ora, para que isso
acontea, muito importante remover o mximo poss vel de gases queimados
no final de cada ciclo. Gases queimados s fazem at rapalhar, porque, como
no podem queimar de novo, acabam empobrecendo a ca rga de ar do prximo
ciclo.
Fig. 1.26
-
34
UNIDADE 2
2.1 Introduo Ao contrrio do motor eltrico, a mquina Diesel necessita de sistemas auxiliares
para entrar em funcionamento e continuar funcionando pelo tempo que for necessrio.
Entre esses sistemas encontramos os seguintes: partida, lubrificao, resfriamento,
combustvel, alimentao de ar e descarga de gases. Todos eles so igualmente
importantes para o motor; entretanto, o de arranque o nico que s deve operar por
alguns segundos. Nesta unidade de ensino voc vai identificar os componentes bsicos
de cada sistema, conhecer seus princpios de funcionamento e saber de suas principais
caractersticas.
2.2 sistema de lubrificao Os motores trmicos, e em particular o Diesel, apresentam, pela sua prpria
natureza, problemas de lubrificao difceis de ser em equacionados, levando-se em
conta os seguintes fatores:
o motor desenvolve elevadas temperaturas durante a combusto.
as presses exercidas pelo ar comprimido no final da compresso so muito
elevadas;
no h como evitar-se a formao de fuligem e outr as matrias carbonceas
oriundas da combusto; e
o motor consome combustveis com teores de enxofre relativamente superiores
aos utilizados nos motores de exploso.
Por causa dos problemas acima, os engenheiros especializados em lubrificao
sempre se preocuparam com a obteno de lubrificant es com propriedades adequadas
a cada tipo de aplicao.
Finalidades do sistema de lubrificao
A principal finalidade do sistema de lubrificao do motor reduzir o atrito entre
as peas que trabalham com movimento relativo. Isto conseguido mediante o
estabelecimento de um fluxo contnuo de lubrificante entre essas peas. Ocorre,
SISTEMAS DOS MOTORES DE PROPULSO
-
35
entretanto, que alm de realizar sua funo princip al, o lubrificante acaba exercendo
funes secundrias de particular importncia para o motor. Entre essas funes
destacamos:
resfriamento;
vedao;
limpeza;
amortecimento de choques; e
proteo contra ataques qumicos.
O resfriamento ocorre porque, enquanto lubrifica, o leo absorve parte do calor
gerado pelo atrito entre as peas do motor e o tran sfere para o exterior em um trocador
de calor denominado resfriador de leo lubrificante .
No que diz respeito vedao, a pelcula de leo lubrificante entre os anis de
segmento e as paredes dos cilindros intensificam a vedao do ar e dos gases,
principalmente nas fases de compresso, combusto e expanso, nas quais a presso
no interior do cilindro bastante elevada.
Com relao limpeza, o lubrificante circulando n o sistema deve ser capaz de
desagregar e arrastar consigo as impurezas que se formam no mesmo, principalmente
as oriundas dos resduos da combusto. Essa limpeza deve-se a uma propriedade do
leo denominada detergncia, que da maior importncia, pois as impurezas podem
obstruir parcial ou totalmente, tubos ou galerias e orifcios de passagem do lubrificante.
A funo de amortecer choques deve-se ao fato de q ue a pelcula de leo em
determinados mancais como, por exemplo, o da conectora, sofre cargas muito
elevadas, principalmente no instante da combusto. O lubrificante dever, por suas
propriedades de resistncia de pelcula, suportar esses aumentos de carga e de
presso, de maneira a impedir o contato metlico entre as telhas dos mancais e o eixo.
A pelcula de leo lubrificante deve, tambm, proteger contra os ataques qumicos
todas as superfcies com as quais entra em contato.
Composio bsica do sistema de lubrificao
O sistema de lubrificao do motor Diesel consti tudo basicamente pelos
seguintes elementos:
-
36
reservatrio de leo lubrificante;
ralo;
bomba;
filtro; e
resfriador.
O reservatrio de leo lubrificante pode ser o cr ter do tipo alagado que voc
conheceu na unidade anterior, ou um tanque abaixo do mesmo e com ele comunicado
denominado poceto. Naturalmente, quando h poceto na instalao o crter do motor
do tipo seco, havendo uma comunicao entre este e o poceto abaixo do mesmo. A
figura 2.1 mostra uma instalao com crter seco e poceto.
O ralo, mostrado na figura 2.2, do tipo de chapa
multiperfurada instalado na extremidade do tubo de suco da
bomba, com o propsito de impedir que corpos estran hos
como trapo, estopa e outros, por vezes esquecidos nos
reservatrios aps uma limpeza, por exemplo, penetr em no
corpo da mesma, comprometendo o seu funcionamento.
A bomba do sistema tem por finalidade manter o lubrificante sob presso
circulando no mesmo. Ela aspira o leo do crter ou do poceto atravs de um ralo e o
envia a todos os pontos do motor onde a lubrifica o se faz necessria. Pode ser
acionada pelo prprio motor, como no caso do de peq ueno porte, ou por motor eltrico,
quando se trata de motores de mdio e de grande porte. da que vem a idia de
bombas dependentes ou independentes do motor.
Fig. 2.1
Fig. 2.2
-
37
O tipo de bomba mais empregado nos sistemas de lubrificao forada o de
engrenagens mostrado na figura 2.3 Nesse tipo, o lquido conduzido entre os dentes
das engrenagens e a carcaa da bomba.
No caso da figura, a engrenagem de cima gira no sentido anti-horrio e a de
baixo gira no sentido horrio. Uma dessas engrenagens recebe o movimento do seu
acionador (engrenagem acionada), fazendo girar a outra em sentido contrrio
(engrenagem conduzida).
A bomba dispe de uma vlvula reguladora de presso que permite manter
constante a presso do leo no sistema. Em caso de elevao da presso, a vlvula
abre, comunicando a descarga com a admisso da bomb a ou com o crter, mantendo
assim a presso desejada no sistema. A figura 2.4 m ostra claramente como isso
ocorre. Em (A) a vlvula est fechada e em (B) aberta.
O filtro de leo lubrificante tem por finalidade r eter as impurezas slidas menores
que conseguem passar pelo ralo, garantindo o fornecimento de uma pelcula de leo
isenta de impurezas entre as peas a lubrificar.
O filtro de leo lubrificante pode ser descartvel, devendo ser substitudo aps
determinado nmero de horas de funcionamento previsto no manual do fabricante, ou
sempre que se suspeitar que o mesmo encontra-se incapacitado de realizar
Fig. 2.4 Fig. 2.3
-
38
satisfatoriamente a sua funo. A figura 2.5 mostra um tipo de filtro utilizado em
motores de pequeno porte.
comum encontrarmos nos filtros dos motores de pe queno porte uma vlvula de
alvio que permite ao lubrificante passar por fora do elemento filtrante, sempre que a
presso excede a um determinado valor.
Isso acontece quando o fluido est muito viscoso (por causa do frio), ou quando
o elemento do filtro encontra-se muito sujo. Assim, conforme se observa na figura,
vlvula de alvio atua como uma proteo para o motor, pois evita uma queda de
presso no sistema provocada pela reduo do fluxo de leo. Com pouco lubrificante, o
atrito entre as peas aumenta, a temperatura sobe, o lubrificante superaquece, a
viscosidade cai excessivamente e o material das pe as funde, principalmente o dos
metais macios utilizados no revestimento das telhas dos mancais fixos e mveis.
O resfriador de leo lubrificante tem por finalida de remover o excesso de calor
absorvido pelo leo na sua funo de reduzir o atri to entre as peas. O resfriador pode
ser circulado por ar ou gua, conforme o tipo de motor. A bordo dos navios so
resfriados por gua e podem ser do tipo de feixe tubular ou de placas. Quando se trata
de um resfriador do tipo de feixe tubular, ou do tipo de tubos em U como o da figura
2.6, a gua do rio passa pelo interior dos tubos, sendo estes envolvidos pelo
lubrificante.
Fig. 2.6
Fig. 2.5
-
39
A presso da gua salgada deve ser um pouco superior do lubrificante, para
que em caso de furo nos tubos a gua salgada no contamine o leo do sistema. Ao
menor sinal de perda de lubrificante, deve-se imediatamente procurar por pontos de
fuga no sistema. Quaisquer vazamentos devem ser imediatamente sanados. A figura
2.7 mostra um sistema completo de lubrificao for ada utilizado no motor MWM-DT-
232-VP. Observe com redobrada ateno os vrios dispositivos de segurana e
controle utilizados no mesmo.
1. crter
2. bomba de leo lubrificante
3. bomba de leo de arrefecimento do mbolo
4. resfriador de leo lubrificante
5. vlvula termosttica (desvio do resfriador)
6. filtro de leo lubrificante
7. linha de retorno para o crter
8. eixo de manivelas
9. eixo de comando de vlvulas
10. mbolo
11. bico de arrefecimento
Fig. 2.7
-
40
12. tucho
13. haste ou Vareta
14. balancim
15. tubulao para a bomba injetora
16. turbocompressor
17. manmetro de leo
18. retorno de leo
19. admisso da gua de resfriamento
20. sada da gua de resfriamento
2.3 sistema de resfriamento Quando um motor funciona, o combustvel queimado na sua cmara de
combusto desprende uma grande quantidade de calor. De todo esse calor, entretanto,
apenas cerca de 40 a 50 % convertido em trabalho mecnico no eixo de manivelas. O
restante infelizmente perdido nos gases de descarga, na gua de resfriamento, por
irradiao, etc.
Finalidades do sistema de resfriamento
O sistema de resfriamento do motor Diesel tem duas finalidades: a primeira
remover o excesso de calor das peas, e a segunda resfriar o leo lubrificante, que
para desempenhar sua funo principal, acaba absorv endo muito calor. Se o excesso
desse calor no fosse removido do sistema, o lubrif icante perderia certas propriedades
e no conseguiria cumprir com a sua finalidade.
Inicialmente, gostaramos que voc entendesse que o ideal seria que o motor
no precisasse ser resfriado. Infelizmente isso no possvel. Voc deve saber que a
temperatura dos gases no interior da cmara de comb usto de um motor Diesel
moderno aproxima-se dos 2000 C. Esta temperatura superior de fuso da maioria
dos metais e ligas que voc conhece. Esse fato, por si s, j explica claramente a
necessidade do resfriamento dos motores. A remoo do excesso de calor das
paredes dos cilindros, cabeotes, mbolos, injetores e do prprio leo lubrificante,
continua sendo indispensvel para a continuidade do funcionamento do motor.
Entretanto, o resfriamento no deve ser excessivo, pois, quanto mais resfriamos um
motor, mais diminumos o seu rendimento trmico.
-
41
Os sistemas de resfriamento dos motores Diesel dos navios fluviais utilizam
normalmente a gua doce (potvel) e a gua do rio como agentes arrefecedores.
Nesses navios, o usual utilizar a gua doce circulando no motor propulsor, sendo esta
resfriada posteriormente pela gua do rio. Entretanto, nada impede que encontremos a
bordo desses mesmos navios, motores de menor porte como, por exemplo, os que
acionam geradores auxiliares, resfriados somente por ar, ou por ar e gua. Assim,
podemos encontrar diferentes arranjos de sistemas de resfriamento, sendo que os mais
comuns sero descritos a partir de agora.
Tipos de sistemas de resfriamento
Entre os sistemas de resfriamento utilizados nos motores Diesel dos navios
fluviais encontramos: o resfriamento direto por gua do rio, o indireto (combinado gua
e ar) e o indireto (gua potvel e gua do rio)
Resfriamento direto por gua
Foi o primeiro sistema de resfriamento por gua utilizado nas embarcaes.
Trata-se de um sistema rudimentar e obsoleto que hoje s utilizado em motores de
embarcaes midas que navegam em rios, pois o efei to da corroso no muito
acentuado. Na sua forma mais comum, o resfriamento direto por gua obtido da
maneira mostrada na figura 2.8.
Atravs da vlvula de fundo e do ralo, uma bomba, acionada pelo prprio motor,
aspira a gua do rio e descarrega-a para o resfriador de leo, de onde vai para as
cmaras de resfriamento apropriadas em volta dos ci lindros e cabeote do motor,
sendo em seguida descarregada para o rio. Esse sistema s utilizado em motores
muito pequenos. Como voc deve imaginar, as vantagens desse sistema so a sua
simplicidade e o seu baixo custo. Como grande desvantagem a impregnao de lama
Fig. 2.8
-
42
que se agrega s paredes internas do bloco e extern as das camisas dos cilindros,
dificultando a transferncia de calor para a gua.
Resfriamento indireto (combinado por ar e gua)
A caracterstica de todos os sistemas de
resfriamento do tipo indireto que nele so utilizados
dois fluidos arrefecedores. O resfriamento indireto
combinado pode ser feito por gua potvel e ar ou por
gua potvel e gua do rio. Nesse sistema, uma bomba
faz a gua doce circular em volta das camisas dos
cilindros e nas cmaras de gua existentes no cabeote
do motor e na carcaa da turbina da unidade de
superalimentao, absorvendo o excesso de calor das mesmas e conduzindo-o para
um reservatrio denominado radiador. No radiador o ar forado sobre as aletas desses
tubos remove da gua de circulao do sistema (gua potvel), o excesso de calor
absorvido no motor. A bomba, o radiador e a vlvula termosttica, so os principais
componentes do sistema. A bomba do tipo centrfuga, sendo acionada pelo prprio
motor, como mostra a figura 2.9.
.
O radiador um tanque constitudo de um reservat rio superior e um inferior
ligados entre si por um conjunto de tubos alhetados denominado colmia. Como no
poderia deixar de ser, a gua trabalha no interior dos tubos e o ar envolve os mesmos e
as suas alhetas. Estas servem para aumentar a superfcie de contato com
Fig. 2.9
Fig. 2.10
-
43
o ar, aumentando dessa feita a eficincia do sistema de resfriamento. A figura 2.10
mostra um radiador completo.
A vlvula termosttica (a), por sua vez, tem por finalidade controlar o fluxo da gua de
resfriamento por dentro ou por fora do radiador, quando a temperatura da mesma
muito alta ou muito baixa para o sistema. Assim, ela deve manter a temperatura da
gua de circulao dentro das condies desejadas. Observe a mudana na direo do
fluxo nas figuras 2.11 A e B.
No caso dos motores estacionrios, a ventoinha do radiador, que acionada
diretamente pelo motor por meio de correia e polias, serve para aumentar o fluxo de ar
atravs da colmia. No caso dos motores automotivos modernos, o funcionamento da
ventoinha (que acionada por motor eltrico), controlado por um sensor de
temperatura da gua do motor. Com o veculo em movimento, o prprio deslocamento
permite uma boa corrente de ar atravs da colmia. Assim, a ventoinha pode entrar e
sair automaticamente de funcionamento, de acordo com a necessidade e, nesse caso,
o sistema automtico deve ligar e manter a ventoinha funcionando at que a
temperatura da gua atinja o valor desejado.
ATENO!
Fig. 2.11
No correta a atitude de um mecnico que elimina a vlvula
termosttica do sistema quando ela apresenta defeit o. Certo mesmo
substitu-la. Voc saberia explicar por qu?
-
44
Resfriamento indireto combinado por gua potvel e gua do rio.
Este , sem dvida alguma, o sistema mais empregado a bordo dos navios
fluviais. Nele, uma bomba centrfuga, acionada por motor eltrico ou pelo prprio motor
de combusto utilizada para circular gua potvel pelos espaos apropriados no
interior do motor. Depois de absorver calor do motor, essa gua passa por dentro de
um aparelho denominado resfriador de gua doce, onde troca calor com a gua do rio
que passa pelo interior dos tubos ou das placas do mesmo. A gua do rio, por sua vez,
aspirada por uma bomba centrfuga dependente ou independente do motor, e
descarregada para o resfriador, de onde retorna novamente ao rio. A exemplo do
sistema anterior h tambm uma vlvula termosttica que controla a passagem da
gua do motor pelo resfriador. A gua do rio antes de passar no resfriador da gua de
circulao do motor, passa no resfriador de leo lu brificante.
Atentando para a figura 2.12, podemos identificar os componentes bsicos do
sistema.
Fig. 2.12
-
45
Agora que voc j conhece a composio bsica do sistema, vejamos a funo
de cada um deles:
tanque de expanso Tem por finalidade absorver os efeitos do aumento de
volume da gua quando aquece, e tambm para compensar as perdas no
sistema devidas a fugas por engaxetamentos de vlvulas, selos ou gaxetas de
bombas, evaporao, etc.
vlvula de comunicao Serve para comunicar o tanque de combustvel com
o resto do sistema. Com o motor em funcionamento deve ficar completamente
aberta.
bomba centrfuga de gua doce Serve para fazer a circulao da gua doce
no sistema.
resfriador de gua doce o aparelho trocador de calor aonde a gua doce
quente vinda do motor perde calor para a gua do mar.
vlvula termosttica Controla a temperatura ideal da gua doce do o motor,
deixando passar mais ou menos gua pelo radiador ou do rio.
vlvula de fundo Fixada com parafusos no casco da embarcao, serve para
permitir a entrada da gua do mar no sistema.
ralo Serve para proteger a bomba, impedindo a entrada no sistema de sujeira,
peixes midos e outras espcies marinhas.
bomba de gua de circulao Tambm do tipo centrfuga, sua finalidade
aspirar a gua do rio para circular o resfriador de gua doce do motor.
vlvula de descarga para o rio ou mar Situada no costado da embarcao,
serve para descarregar a gua de circulao de volta ao rio.
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Sistema de resfriamento submerso GRID COOLER (re sfriador de grade)
Esse sistema vem sendo muito utilizado nos empurradores fluviais mais
modernos. O resfriador de grade ou (grid cooler), mostrado na figura 2.13, instalado
no lado de fora do casco, r ou na lateral, numa cavidade apropriada. O sistema
simples e a diferena mais acentuada entre ele e o que acabamos de estudar que o
resfriador, formado por uma grade de tubos, fica imerso na gua do meio em que o
navio navega e, portanto, no necessita de bomba pa ra circular a gua do rio.
As figuras 2.14 e 2.15 mostram a instalao do grid cooler na parte de r e na lateral do
casco da embarcao. Trata-se, na verdade, de um ap erfeioamento do antigo sistema
de resfriamento sob quilha que foi muito utilizado nos antigos barcos pesqueiros da
Regio Amaznica.
2.4 sistema de combustvel A finalidade do sistema de combustvel enviar, para dentro dos cilindros, a
quantidade de combustvel adequada carga com a qu al o motor opera.
A composio bsica de um sistema de combustvel mostrada na figura 2.16.
Vamos ento identificar cada componente:
Fig. 2.13
Fig. 2.14 Fig. 2.15
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Nomenclatura:
a. tanque de combustvel
b. vlvula de comunicao
c. pr-filtro
d. bomba alimentadora
e. bomba injetora
f. comando manual da bomba
g. filtro
h. injetor de combustvel
i. linha de retorno
j. regulador de velocidade
Agora que j identificamos os componentes, vejamos a finalidade de cada um
deles:
tanque de combustvel Reservatrio onde colocado o leo combustvel a s er
queimado no motor.
Fig. 2.16
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vlvula de comunicao Comunica ou interrompe o fluxo de combustvel para
o motor.
pr-filtro como o nome sugere, responsvel pela primeira filtragem do
combustvel; normalmente transparente e possui uma vlvula de dreno para
possvel remoo de gua e borra.
bomba alimentadora Aspira o combustvel do tanque e o envia sob presso
para a admisso da bomba injetora. acionada mecan icamente pelo prprio
motor.
comando manual da bomba alimentadora Utilizado quando se deseja fazer a
escorva (retirada de ar) do sistema.
filtro de combustvel Tem a finalidade de no deixar que impurezas slid as no
combustvel passem para os injetores. H vrios tipos de filtros, como os de
feltro, os de tela fina e os de papel prensado, sendo alguns deles descartveis.
bomba injetora de combustvel Tem a finalidade de dosar a quantidade de
combustvel, de acordo com a carga do motor, e envi-lo em alta presso para
os injetores.
injetor Tambm chamado de bico injetor, ou vlvula de injeo, o elemento
que introduz o combustvel no cilindro de forma pulverizada.
linha de retorno Permite que a sobra de combustvel do injetor retorne para o
sistema.
regulador de velocidade embora no seja considerado como elemento do
sistema de combustvel, esse dispositivo regula a velocidade do motor atuando
na cremalheira da bomba injetora. dessa maneira q ue a bomba aumenta ou
diminui a quantidade de combustvel enviada aos injetores.
A bomba injetora, que voc v no sistema , na verdade, um conjunto de 4
pequenas bombas alternativas montadas em uma nica carcaa. Esse conjunto de
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bombas acionado por um eixo de ressaltos, que por sua vez acionado pelo prprio
motor.
Funcionamento da bomba Bosch
A figura 2.17 mostra em corte um elemento da bomba Bosch. Observe que o
mbolo apresenta um rasgo vertical e um rasgo helicoidal (em forma de hlice). O
tucho imprime ao mbolo um movimento alternado no interior do cilindro da bomba.
Esse cilindro possui duas aberturas diametralmente opostas, denominadas janelas.
Quando essas janelas so abertas pelo prprio mbolo, durante o seu movimento de
descida, o combustvel vindo da bomba alimentadora para a cmara em volta das
janelas do cilindro penetra no mesmo fazendo o seu enchimento. Essa presso
relativamente baixa, da ordem de 4 a 6 bar. No movimento de subida, o mbolo
comprime o combustvel que, agora em alta presso, levanta a vlvula de reteno
situada na descarga da bomba, constituda das seguintes partes:
Repare que a cremalheira, acionada manualmente ou por meio do regulador de
velocidade, engrena na bucha dentada que na sua parte inferior tem um rasgo onde se
aloja a asa do mbolo. Isso permite que ao ser movimentada para um lado ou para o
outro, a cremalheira obrigue o mbolo a girar alguns graus num ou noutro sentido. A
descrio foi feita em linhas gerais. Agora voc precisa saber como a bomba controla a
1. cilindro ou bucha
2. mbolo
3. cremalheira
4. copeta ou esbarro superior
da mola
5. copeta ou esbarro inferior
da mola
6. mola de recuperao do
mbolo
7. encaixe do flange do
mbolo
8. flange do mbolo
9. luva de regulagem Fig. 2.17
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quantidade de combustvel enviada ao injetor, de acordo com a carga do motor. Para
isso, acompanhe a nossa explicao observando as fi guras 2.18 A, B e C.
Quando o mbolo no seu curso descendente descobre as janelas (figura 2.18 A),
o combustvel penetra no cilindro. Ao movimentar-se para cima, o mbolo cobre as
janelas do cilindro (figura 2.18 B), iniciando a compresso do leo combustvel. Este,
sob alta presso, vence a resistncia da mola da vlvula de reteno na descarga da
bomba, levantando-a de sua sede e permitindo a descarga do combustvel.
Quando o mbolo alcana a posio mostrada na refe rida figura (2.18 C), o
rebaixo helicoidal descobre a janela de contorno e o combustvel, que estava sendo
comprimido, escapa do cilindro pelo seguinte caminho: rasgo vertical, rebaixo helicoidal
e janela de contorno. Assim termina a injeo. Como a presso no interior do cilindro
cai bastante, a vlvula de reteno, na descarga da bomba, fecha imediatamente por
ao da sua mola.
Na etapa que acabamos de descrever, consideramos apenas o movimento
alternado do mbolo, na situao de dbito mximo da bomba. fcil perceber que,
entre o dbito nulo e o dbito mximo da bomba, existe uma infinidade de dbitos
diferentes. Para cada nova condio de carga do mot or, a cremalheira tem que ser
movimentada para fazer girar um pouco o mbolo num ou noutro sentido, aproximando
ou afastando o rebaixo helicoidal da janela de contorno, variando a quantidade de
combustvel enviada ao injetor. A figura 2.19 mostra as posies do mbolo em relao
janela de contorno nas condies de 100% e 50% da carga, em vazio e na condio
de motor parado; observe que as posies a e b representam as fases de admisso
e compresso do combustvel.
Fig. 2.18
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Funcionamento da vlvula de injeo de combustv el
O combustvel chega vlvula de injeo, ou inje tor, (figura 2.20) por meio do
tubo de alta presso (1). Um canal interno (2) cond uz o combustvel at cmara de
presso (3), que cerca a extremidade da vlvula de agulha (4), que mantida
firmemente assentada na sua sede pela ao do conju nto formado pela haste 5 e pela
mola 6. O combustvel em alta presso exerce um emp uxo entre a ponta da agulha e o
seu assento. To logo esse empuxo torne-se superior ao da mola (6), a agulha
levantada de sua sede dando passagem ao combustvel em forma pulverizada,
iniciando assim a injeo. Depois que a quantidade dosada pela bomba penetra no
cilindro, a presso baixa e a agulha cai em seu ass ento, fechando a passagem do
combustvel.
Teste de uma vlvula de injeo de combustvel
A figura 2.21.mostra um aparelho de teste de vlvulas de injeo convencionais.
O sistema consta essencialmente de um depsito com filtro interno para combustvel,
uma bomba de alta presso, um manmetro e dois tubo s, um ligando o depsito
bomba e o outro ligando esta vlvula a ser testada.
Fig. 2.19
Fig. 2.20
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O manmetro de preciso e permite a leitura dos v alores de presso a que a vlvula
vai sendo submetida durante o teste. Como pode ser visto na figura, a bomba do
aparelho acionada manualmente pelo operador, que com uma chave de fenda est
atuando no parafuso de regulagem da vlvula.
Calagem de uma bomba injetora
Todas as bombas injetoras de combustvel possuem marcas de referncia para
montagem. As bombas Bosch de comando prprio, por e xemplo, trazem referncia na
sua engrenagem de comando. J as sem comando prprio, por serem individualmente
instaladas no motor, dispem normalmente de uma jan ela de ponto ou de sincronizao
na sua carcaa. Observe que na parte superior do tu cho h um parafuso de regulagem
com uma porca de fixao. Vejamos ento, como deve ser feita a sincronizao ou
calagem desse tipo de bomba injetora.
No incio da injeo, a marca que aparece na capa do seguidor da bomba
(pea interna mvel, em amarelo) dever estar em co incidncia com as marcas feitas
nas bordas da janela de sincronizao, como mostrad o na figura 2.22 A. Portanto, se a
Fig. 2.21
Fig. 2.22
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marca do avano injeo estiver gravada no volant e, basta voc girar o volante do
motor e buscar o ngulo correspondente posio do incio da injeo. Feito isto,
verifique se houve ou no a coincidncia da marca da capa do seguidor da bomba com
as marcas existentes nas bordas da janela de inspe o. Se no houver, voc pode
retirar a bomba do motor para ter acesso ao parafuso de regulagem, folgar sua porca e
enrosc-lo ou desenrosc-lo um pouco, sempre recolocando a bomba aps cada
regulagem, at que se atinja a condio adequada. q ue a mostrada na figura 2.22 B.
No esquea que quando se encontra o ponto certo, d eve-se travar o parafuso por
meio da porca de fixao, antes de reinstalar a bom ba em definitivo.
Uma outra maneira de se encontrar o ponto certo retirar ou colocar calos
entre o flange de assentamento da bomba e a plataforma do motor sobre a qual ela
montada.
A operao que acabamos de descrever um tanto la boriosa porque, embora
voc tenha convico do que est fazendo, obrigado a contar com as tentativas de
acertar a posio ideal, cada vez que retira a bomb a, d um pequeno giro no parafuso
e torna a recoloc-la.
Sistema de injeo eletrnica de combustvel
A injeo eletrnica (figura 2.23) hoje uma real idade a bordo de muitos navios
mercantes. Por isso mesmo, vamos fazer um breve estudo do referido sistema, cujo
funcionamento resume-se no seguinte: o combustvel aspirado do tanque de servio,
atravs de um filtro, por uma bomba eltrica de baixa presso (bomba alimentadora).
Esta bomba envia o combustvel para a admisso da b omba de alta presso, a qual
eleva substancialmente a presso do combustvel e o envia para um coletor comum
(common rail), onde um sistema de controle sofisticado mantm a presso constante
(em cerca de 1350 bar).
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Os bicos injetores, eletronicamente controlados por uma ECU (Unidade de Controle
Eletrnico), introduzem o combustvel atomizado nos cilindros do motor. Na realidade, a
CPU envia sinais eltricos de duraes variadas par a ativar a bobina da vlvula de
injeo eletromagntica, controlando assim o tempo das injees. A ECU, portanto,
processa, em milsimos de segundo, milhares de informaes tais como: giro do motor,
acelerao exigida e temperatura do ar, determinand o exatamente a quantidade de
combustvel a ser injetado nos cilindros em funo da carga a que o
motor estiver submetido. Para que isso seja possvel, vrios sensores so instalados no
motor. A Unidade de Controle Eletrnico gerencia i nclusive a injeo piloto,
otimizando a combusto. Em consequncia, obtm-se um timo desempenho com
sensvel reduo na emisso de gases poluentes, con sumo de combustvel, e
vibraes, viabilizando, assim, um funcionamento ho mogneo do motor.
Manuteno do sistema de combustvel
A manuteno de rotina de um sistema de combustve l resume-se praticamente
no seguinte:
a) verificao do nvel e da qualidade do leo comb ustvel no tanque de servio;
b) limpeza dos filtros;
c) drenagem de gua acumulada em tanques e filtros;
d) extrao de ar que possa penetrar no sistema (es corva).
e) eliminao de vazamentos
f) limpeza no motor para facilitar a localizao de fugas de combustvel
As bombas injetoras e os injetores so normalmente revisados em terra por
oficinas especializadas. absolutamente recomendvel que se tenha a bordo pelo
Fig. 2.23
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menos um jogo de sobressalentes do sistema de inje o (filtro, bomba alimentadora,
injetor e bomba injetora).
IMPORTANTE!
A utilizao do leo pesado nos navios fluviais
At agora temos estudado os motores Diesel queimando apenas leo Diesel.
Entretanto, os navios fluviais mais novos, pertencentes s maiores companhias de
navegao da Amaznia, esto adquirindo seguidament e navios com tecnologia de
leo pesado, sendo normalmente utilizado o IFO 180 cts. Ora, para que esse tipo de
combustvel possa queimar nesses motores, a instalao de mquinas tem que ser
acrescida de um maior nmero de componentes.
Entre as vrias exigncias, o navio necessita de uma fonte de aquecimento para
esse tipo de combustvel. Essa fonte pode ser vapor oriundo de uma caldeira, leo
trmico ou energia eltrica alimentando resistores. Alm disso, necessita de tanques de
decantao, centrifugadores, aquecedores, filtros a utomticos, viscosmetro, etc. Todos
esses componentes so necessrios, pois o leo pesado chega a bordo contaminado
principalmente com gua e borra. Se o leo pesado no for muito bem tratado, o motor
sofrer desgastes excessivos; lembre-se que o prprio combustvel que serve de
lubrificante para certos pontos vitais do sistema como, por exemplo, os mbolos e
camisas das bombas injetoras. Alm de inmeros problemas durante o funcionamento,
resultando em reduo da performance do motor, ocor re tambm um aumento das
emisses poluentes decorrentes de m combusto.
O ar, a gua e a borra so os maiores inimigos do s istema de combustvel. O ar no deixa o motor funcionar. Para remov-lo devemos escorvar o sistema. Escorva a operao de se reti rar o ar do sistema enchendo os espaos com leo combustvel . A presena de gua no combustvel pode impedir o mo tor de partir ou provocar a sua parada em momento crtico. A gua removida por drenagem aps sedimentao, e por meio de um centri fugador operando como purificador. A borra causa desgaste excessivo nos componentes do sistema de combustvel, provoca prendimento dos mbolos das bo mbas injetoras e obstruo dos furos dos injetores, comprometendo se riamente o funcionamento do motor. Para elimin-la do combust vel use o centrifugador .
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Nos navios da atualidade, os combustveis dos tanques de servio de leo Diesel
e leo pesado so admitidos num mdulo de condicionamento de combustvel .
O combustvel de cada tanque de servio a ser adm itido no mdulo de
condicionamento previamente tratado pelos processos de decantao e
centrifugao. Portanto, a partir dos tanques de ar mazenamento, tanto o leo Diesel
quanto o pesado so primeiramente enviados para os tanques de decantao por uma
das bombas de transferncia. Nesses tanques de decantao, ou sedimentao, o
processo de separao de impurezas ocorre graas diferena de densidades. Assim,
aps algumas horas de repouso no tanque, uma boa pa rte de gua e borra presentes
nesses combustveis pode ser eliminada pelas vlvulas de dreno dos referidos tanques.
Mas como esse simples processo de separao no sat isfaz s exigncias dos
sistemas de injeo dos motores Diesel, um centrifu gador de leo Diesel e outro de
leo pesado aspiram os combustveis desses tanques , e os processam, removendo
praticamente toda a gua e borra neles contida e os enviam para os tanques de servio
do motor. A figura 2.24 d uma idia mais precisa do que acabamos de explicar.
Fonte: UNITEST, VIRTUAL ENGINE ROOM 1998-2006, Stefan Kluj
O mdulo de condicionamento de combustvel
O mdulo de condicionamento de combustvel proje tado para assegurar
limpeza, presso, temperatura e viscosidade na raz o de fluxo especificada pelos
Fig. 2.24
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fabricantes dos motores Diesel martimos. Esse md ulo mais conhecido a bordo com
o nome de unidade booster de leo pesado.
Vrias configuraes foram projetadas para esses m dulos, mas a experincia
demonstrou que o sistema pressurizado em dois estgios vem sendo preferido em todo
o mundo, isso porque os sistemas de simples estgio apresentam inconvenientes como
a dificuldade no controle e a tendncia de sofrer a partir da cavitao e desgaseificao
associada a problemas de alta temperatura do combustvel.
Pela sua enorme aceitao no mercado mundial, noss o estudo ser feito com
base no mdulo de condicionamento da Alfa Laval mos trado na figura 2.25.
,
.
Fonte: http://www.alfalaval.com/solution_finder/products/fcm/Pages/FCM.aspx. Acesso em out. 2008
Trata-se de um mdulo compacto e muito simples de instalar. Como podemos
observar na figura 2.26, todos os seus componentes, incluindo tubos, vlvulas,
aquecedores, bombas, filtros e viscosmetro so ins talados em uma mesma base. A
estrutura suporta tambm um armrio tendo em sua parte inferior os dispositivos de
partida e na superior um avanado sistema de contro le de processo.
Fig. 2.25
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Fonte: UNITEST Marine Training Software, Engineering CBT, Operators Handbook
Funcionamento do mdulo de condicionamento de co mbustvel
O mdulo de condicionamento de combustvel Alfa La val um sistema
amplificador pressurizado constitudo de dois estgios que utiliza a viscosidade como o
parmetro primrio de controle. No primeiro estgio, tambm chamado de estgio de
baixa presso, o combustvel mantido numa presso de 4 bar. J no segundo estgio,
ou estgio de alta presso, a faixa de operao sit ua-se entre 6 e 16 bar, dependendo
das exigncias do fabricante do motor a ser alimentado pelo mdulo.
O leo do tanque de servio entra no estgio de ba ixa presso por meio da
vlvula de trs vias e admitido em uma das bombas de suprimento, sendo uma
reserva da outra. Naturalmente, quando uma est em operao, a outra est em modo
de espera (stand-by). A operao desse primeiro est gio elimina os problemas de
gaseificao e cavitao, associados s altas tempe raturas do combustvel (120 a 150
C.). Isso assegura um mesmo fluxo de combustvel e protege a bomba contra danos.
Um filtro automtico de alta performance com um mnimo de manuteno,
fabricado pela prpria Alfa Laval e dotado de um co ntorno manual que permite a
remoo de qualquer partcula presente no combustv el que poderia causar problemas
para o motor..
Fig. 2.26
Fig. 2.26
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Um transmissor de fluxo, instalado no lado de presso das bombas de
suprimento, monitora o consumo de combustvel. Como opo, um transdutor de fluxo
de massa pode ser instalado.
O elemento final do estgio de baixa presso o tubo de mistura com funo de
desaerao. nele que o combustvel novo mistura do com o combustvel quente que
retorna do motor. Esse retorno de combustvel controlado por uma vlvula reguladora
de presso que faz parte do prprio sistema do moto r e que responsvel por manter a
presso constante na admisso das bombas injetoras, independente da variao do
consumo decorrente da variao da velocidade do mot or. Assim, o combustvel novo
entra pela vlvula de trs vias de acordo com o consumo do motor. Gases que se
acumulam nesse tubo so automaticamente descarregad os para o tanque de servio
de leo combustvel, sendo que um permanente colch o de ar no interior do tubo reduz
as flutuaes de presso dentro do sistema. Se a bo mba de suprimento falhar, o
sistema automaticamente a substituir pela que estava em modo de espera.
Do tanque de mistura o combustvel flui para o segundo estgio ou estgio de
alta presso, sendo a razo de fluxo estabelecida n a real razo de consumo, para
prevenir falta de combustvel para o trabalho normal dos injetores. Obviamente as
mltiplas razes de fluxo no sistema so determinadas pelo fabricante do motor.
Do estgio ou seo de alta presso fazem parte as duas bombas de circulao
dimensionadas para prover um fluxo total requerido pelo fabricante do motor. Essas
bombas operam do mesmo modo que as do primeiro estgio, sendo uma reserva da
outra. Naturalmente, se a que estiver em operao f alhar, o sistema ativar a outra
sendo disparado um alarme. Uma lmpada acesa indica r qual das bombas estar em
operao.
Os aquecedores de combustvel so do tipo de placa s. So projetados para
operar com presses e temperaturas elevadas at (16 bar e 170C).
O transdutor de viscosidade, cujo sensor responsvel pela medio da
viscosidade do combustvel e envio do um sinal para o controlador. No referido
equipamento o sinal comparado com o valor de viscosidade determinado pelo
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fabricante do motor e em caso de desvios do valor desejado eles so corrigidos pelo
ajuste do fluxo da fonte de aquecimento do aquecedor (vapor ou leo trmico)..
O controlador de processo quem monitora e controla as funes do sistema,
mostrando os valores processados e os alarmes em termos bem claros. O processo
padro de leitura inclui viscosidade, temperatura d e sada e razo de consumo de
combustvel.
2.5 sistema de alimentao de ar De acordo com o processo de admisso de ar, o moto r Diesel pode ser: de
aspirao natural ou superalimentado.
Motor de aspirao natural e motor superalimenta do
O motor de aspirao natural (figura 2.27), quan do aspira o ar nas condies
em que se encontra na atmosfera; ou seja, na press o e temperatura que ns, seres
humanos, aspiramos. Por sua vez, o motor superalimentado aquele no
qual o ar aspirado da atmosfera comprimido antes de ser enviado aos cilindros do
motor. Essa compresso, na maioria das vezes, feita por meio de um compressor
rotativo acionado por uma turbina, sendo o conjunto denominado turbocompressor. A
figura 2.28 mostra um motor de 4 tempos superalimentado. Observe que no referido
sistema aparecem dois outros componentes: o resfriador de ar e o caixo de ar de
superalimentao, que juntamente com o turbocompres sor, sero estudados em
seguida.
Fig. 2.27
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O fato de se utilizar um turbocompressor no processo de superalimentao
permite que esses motores sejam tambm denominados de turboalimentados ou
turbocarregados. As partes principais da unidade turbocompressora so as seguintes:
carcaas do compressor e da turbina;
rotor; e
mancais do compressor e da turbina..
Funcionamento da unidade turbocompressora
A figura 2.29 mostra uma unidade turbocompressora da Brown Boveri. Seu
princpio de funcionamento resume-se no seguinte: os gases de descarga dos cilindros
do motor Diesel entram na carcaa da turbina pelo c anal (1). Essa carcaa
Fig. 2.28
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possui espaos ocos denominados jaquetas, destinad os circulao da gua de
resfriamento. Passando pelo expansor (2), os gases atuam nas palhetas (3) da roda da
turbina e movi