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  • 1

    MARINHA DO BRASIL

    DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS

    ENSINO PROFISSIONAL MARTIMO

    SISTEMAS DE PROPULSO (SIP)

    1 edio

    Belm-PA

    2009

  • 2

    ' 2009 direitos reservados Diretoria de Portos e Costas

    Autor : Gelmirez Ribeiro Rodrigues

    Reviso Pedaggica: Erika Ferreira Pinheiro Guimares Suzana

    Reviso Ortogrfica : Esmaelino Neves de Farias

    Digitao/Diagramao : Roberto Ramos Smith

    Coordenao Geral : CC. Maurcio Cezar Josino de Castro e Souza

    ____________ exemplares

    Diretoria de Portos e Costas

    Rua Tefilo Otoni, n o 4 Centro

    Rio de Janeiro, RJ

    20090-070

    http://www.dpc.mar.mil.br

    [email protected]

    Depsito legal na Biblioteca Nacional conforme Decr eto no 1825, de 20 de dezembro de 1907

    IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL

  • 3

    APRESENTAO ...................................... ................................................................ 5

    UNIDADE 1 ................................................................................................................ 6

    MOTOR DIESEL MARTIMO DE 4 TEMPOS ............................................................. 6

    1.1 Introduo ................................... ........................................................................ 6

    1.2 ciclo de funcionamento do motor Diesel de 4 t empos .................................... 6

    1.3 principais componentes fixos ................ ......................................................... 7

    1.4 principais componentes mveis ............... .....................................................11

    1.5 mecanismo de distribuio ................... .........................................................15

    1.6 ngulo de calagem e ordem de queima ......... ...............................................21

    1.7 diagrama da manivela do motor Diesel de 4 tem pos ....................................26

    UNIDADE 2 ...............................................................................................................34

    SISTEMAS DOS MOTORES DE PROPULSO ................. ......................................34

    2.1 Introduo .................................. ...................................................................34

    2.2 sistema de lubrificao ..................... .............................................................34

    2.3 sistema de resfriamento ..................... ...........................................................40

    2.4 sistema de combustvel ...................... ...........................................................46

    2.5 sistema de alimentao de ar ................ .......................................................60

    2.6 sistemas de partida ......................... ..............................................................65

    2.7 sistema de descarga ......................... ............................................................71

    UNIDADE 3 ...............................................................................................................73

    EQUIPAMENTOS DA PROPULSO ......................... ...............................................73

    3.1 Introduo ................................... ...................................................................73

    3.2 propulso com reversor/redutor e hlice de pas so fixo ..................................73

    3.3 a propulso com motor Diesel e dispositivo az imutal....................................86

    3.4 propulso com redutor e hlice de passo varivel ........................................89

    UNIDADE 4 ...............................................................................................................93

    CONDUO DO MOTOR DIESEL .......................... .................................................93

    4.1 Introduo .................................. ...................................................................93

    4.2 preparativos para suspender ................. .......................................................94

    4.3 operao dos motores Diesel ................. ......................................................95

    4.4 problemas mais comuns e suas causas ......... ..............................................96

    UNIDADE 5 .............................................................................................................109

    MANUTENO ........................................ ...............................................................109

    5.1 Introduo .................................. .................................................................109

  • 4

    5.2 manuteno dos motores diesel ............... ..................................................111

    REFERNCIAS BIBLIOGR`FICAS ........................ ................................................117

  • 5

    APRESENTAO

    Prezado aluno.

    Este o material didtico que a Diretoria de Portos e Costas, atravs de suas

    instituies de ensino, coloca em suas mos para o acompanhamento das aulas

    pertinentes aos assuntos constantes do plano de curso da disciplina SISTEMAS DE

    PROPULSO, do CURSO DE ADAPTAO PARA AQUAVI`RIOS CAAQ-II M.

    Acompanhando de perto as inovaes tecnolgicas, q ue vm sendo implantadas

    em nossos navios fluviais, sentimos realmente a necessidade de um saber cada vez

    mais consistente e aprimorado por parte dos nossos profissionais mercantes. Por isso

    mesmo, fizemos todo o possvel para elaborar um material atualizado e de grande valia

    para o seu aprendizado.

    Para viabilizar nosso intento, visitamos vrias empresas de navegao da regio

    amaznica e pudemos constatar in loco a realidade tecnolgica presente nos

    diferentes tipos de navios que singram nossos rios, transportando produtos de um

    estado para outro e contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da nossa

    economia.

    Constatamos, por exemplo, a existncia de propulsores azimutais, dispositivos

    de hlice de passo varivel, mdulo de condicionamento de combustvel e injeo

    eletrnica, que de forma alguma poderiam deixar de constar deste trabalho. Bem

    verdade que nossa abordagem no ser to aprofundada, quanto gostaramos que

    fosse, tendo-se em conta a brevidade do curso e a perspectiva de outros que voc

    certamente far em busca de sua ascenso profissional.

    A formao profissional de qualidade tem sido, e s er sempre, uma preocupao

    constante da Diretoria de Portos e Costas. Estamos convictos de que voc far a sua

    parte.

    Bons estudos!

  • 6

    UNIDADE 1

    1.1 Introduo

    O motor Diesel de 4 tempos a mquina de combusto interna utilizada na

    propulso e no acionamento de geradores de energia eltrica dos navios fluviais.

    Embora estejam surgindo sistemas de propulso basta nte diferenciados do tradicional

    (constitudo de motor Diesel, redutor/reversor e hlice de passo fixo), os novos arranjos

    de propulso continuam empregando o motor Diesel de 4 tempos como principal fonte

    de energia mecnica.

    Como voc comprovars, no decorrer das unidades de ensino desta disciplina, o

    motor Diesel de 4 tempos tambm empregado nos navios fluviais mais modernos,

    seja para acionar dispositivos de hlice de passo varivel, seja para acionar

    propulsores azimutais. Na realidade, a referida mquina de combusto interna

    utilizada tanto na propulso quanto no acionamento de geradores de energia eltrica.

    Por esta e outras razes, o referido motor ser o objeto de estudo principal desta

    disciplina; e nosso estudo comea, justamente, com o seu ciclo de funcionamento.

    1.2 ciclo de funcionamento do motor Diesel de 4 t empos

    A palavra ciclo pode ser definida como o conjunto de transformaes que se

    sucedem na mesma ordem e se repetem com lei peridi ca. Com ateno figura 1.1,

    vejamos como ele realizado no motor Diesel de 4 tempos:

    .

    Fig. 1.1

    MOTOR DIESEL MARTIMO DE 4 TEMPOS

  • 7

    aspirao neste primeiro curso, com a vlvula de aspirao abrindo, o mbolo

    desloca-se do seu ponto morto superior (PMS) para o inferior (PMI), aspirando

    somente ar.

    compresso no curso de compresso, o mbolo desloca-se do PMI para o

    PMS. Pouco depois do incio desse curso, a vlvula de aspirao fecha e o

    mbolo comea a comprimir o ar na cmara. Devido forte compresso, o ar

    sofre um grande aumento de temperatura e pouco antes de atingir o seu PMS

    comea a injeo do combustvel e o incio da queim a.

    expanso a fora expansiva dos gases da combusto empurram fortemente o

    mbolo para baixo em direo ao seu PMI. o chamad o tempo de expanso,

    tempo til, ou de trabalho motor.

    descarga um pouco antes do mbolo atingir o PMI, a vlvula de descarga

    abre e, por efeito da presso nos gases, uma boa pa rte dele evacuada.

    Finalmente, com o deslocamento do mbolo do PMI para o PMS, os gases

    restantes so descarregados para a atmosfera.

    Conforme a descrio, para a realizao de cada cic lo o motor Diesel necessita

    de 4 cursos do mbolo, ou dois giros completos (720) do eixo de manivelas.

    Obviamente, durante o funcionamento do motor ocorrer um ciclo atrs do outro.

    1.3 principais componentes fixos Um motor Diesel constitudo por um grande nmero de peas fixas e mveis.

    Os principais componentes fixos so: bloco, mancais fixos, cabeote e crter.

    Bloco

    Como pode ser observado na figura 1.2, o maior e mais volumoso componente

    fixo do motor. normalmente construdo com uma lig a especial de ferro fundido. Alm

    dos orifcios dos cilindros, o bloco possui cmaras para a gua de resfriamento

    denominadas jaquetas.

    O bloco uma pea inteiria nos motores de pequen o porte, sendo construdo

    em sees nos motores de grande porte. Nesse caso, as sees so ligadas por meio

    de parafusos.

  • 8

    Camisas

    Para evitar o desgaste do bloco os cilindros recebem camisas seca ou molhada.

    Conforme o caso, essas camisas so introduzidas nos cilindros de maneira que a gua

    de resfriamento entre em contato com elas ou no. N a figura 1.3 A, B, C e D esto

    representados os tipos de camisa seca e molhadas (ou midas) mais utilizadas nos

    motores Diesel.

    Portanto, diz-se que uma camisa do tipo seca quando, uma vez instalada no

    cilindro, a gua de resfriamento no entra em contato com ela. Por sua vez, a camisa

    molhada ou mida aquela em que a gua entra em contato com a mesma.

    Mancais fixos

    Fig. 1.3

    Fig. 1.2

  • 9

    Como o prprio nome sugere, so peas fixas

    destinadas a sustentar o eixo de manivelas,

    permitindo o seu alinhamento. Os blocos dos motores

    de pequeno porte possuem recessos na parte inferior

    do prprio bloco para a instalao dos mancais fixo s

    do eixo de manivelas. Na medida em que o porte do

    motor vai aumentando, esses recessos so usinados

    numa base e sobre esta que o bloco montado. A

    figura 1.4 ilustra o que acabamos de explicar.

    Entre o recesso e a capa do mancal so instalados, em duas metades, os

    casquilhos ou bronzinas. A figura 1.5 mostra uma das metades e suas respectivas

    camadas.

    Cabeote

    Tambm chamado tampa, cabea, ou culatra, a pea que fecha o cilindro e

    que, juntamente com a face superior do mbolo forma a cmara de combusto. O

    cabeote fixado ao bloco por meio de estojos ou parafusos e porcas, mediante a

    insero de uma junta que nos motores pequenos fe ita de papelo, sendo as partes

    sujeitas a altas presses e temperaturas reforadas com material metlico macio. Nos

    motores de maior porte podem ser confeccionadas na forma de anis de cobre ou at

    de ao. As figuras 1.6 e 1.7 mostram o cabeote de um motor de pequeno porte e sua

    respectiva junta.

    Fig. 1.5

    Fig. 1.4

  • 10

    Conforme o porte do motor, os cabeotes podem ser inteirios (fechando todos

    os cilindros), construdos em sees (fechando dois ou mais cilindros), ou ainda

    individuais, (fechando apenas um cilindro), como no caso dos motores de mdio e de

    grande porte.

    No cabeote so instaladas as vlvulas de aspira o e/ou descarga, os

    balancins, os injetores de combustvel e, dependendo do motor, as vlvulas de ar de

    arranque, vlvulas de segurana, mancais e eixos de cames para acionamento de

    vlvulas, etc. Assim como o bloco de cilindros, os cabeotes dos motores possuem

    espaos ocos destinados circulao da gua de res friamento.

    Crter

    O crter (figura 1.8) um depsito com a forma aproximada de uma banheira,

    destinado a armazenar o leo lubrificante do motor. aparafusado parte inferior do

    bloco, mediante a insero de uma junta de material macio como cortia, ou papelo.

    Nos motores de pequeno porte o crter normalmente confeccionado em liga de

    alumnio, sendo que nos de mdio e grande porte costumam ser fabricados em ao

    fundido ou forjado.

    A vareta de sondagem que aparece na figura possui as marcas de nvel mnimo

    e mximo para melhor controle do nvel de leo lubrificante. Em muitos motores Diesel,

    um pouco acima do crter, mais precisamente nas portas de visita da cmara de

    manivelas, so instaladas vlvulas de segurana para proteo contra um possvel

    excesso de presso no interior do crter e da cmara de manivelas. Esse excesso de

    presso pode ser causada, por exemplo, por anis de segmento colados ou partidos. A

    figura 1.9 mostra a vlvula de segurana que acabamos de mencionar.

    Fig. 1.6 Fig. 1.7

  • 11

    1.4 principais componentes mveis

    Um motor Diesel constitudo de vrias peas mveis, destacando-se o mbolo ou

    pisto, a conectora ou biela, o eixo de manivelas o u virabrequim. A figura 1.10 mostra

    os principais componentes mveis a que nos referimo s, com pequenos detalhes.

    mbolo

    a pea do motor que se desloca alternativamente no interior do cilindro,

    recebendo diretamente o impulso dos gases da combusto. durante o seu movimento

    alternado que se verifica a transformao da energi a trmica da queima do combustvel

    em energia mecnica transmitida ao eixo de manivela s pela conectora.

    Os mbolos dos motores de pequeno porte so normalmente inteirios e

    confeccionados com uma liga de alumnio e silcio. Nos de grande porte a coroa do

    mbolo construda separadamente em ao fundido e aparafusada ao seu corpo.

    Fig. 1.9 Fig. 1.8

    Fig. 1.10

  • 12

    Divide-se o mbolo em trs partes: coroa, corpo e saia. Na coroa, que a parte mais

    alta do mbolo, esto situadas as canaletas ou (escatis), que servem para alojar os

    anis de compresso e de raspa de leo.

    Na parte intermediria, denominada corpo, fica o alojamento do pino do mbolo;

    a parte que fica abaixo do corpo chama-se saia. A nomenclatura das partes mostradas

    na figura 1.11 a seguinte: (1) coroa, (2) anis de compresso, (3) anel raspa de leo,

    (4) pino do mbolo, (5) alojamento da trava ou retm e (6) saia.

    Os anis de segmento garantem a vedao dos gases entre o mbolo e as

    paredes do cilindro, permitindo tambm o escoamento de parte do calor do mbolo

    para as mesmas. Os anis raspadores de leo espalham o lubrificante pelas paredes

    do cilindro, removendo o excesso.

    Nos motores de pequeno e mdio porte o mbolo articula diretamente em uma

    das extremidades da conectora, por meio do pino do mbolo.

    O pino do mbolo precisa ser bastante resistente para suportar os impactos que

    sofre, principalmente ao transmitir a fora dos gas es da combusto para o eixo de

    manivelas, atravs da conectora. comum sua fabric ao em ao ao cromo

    cementado. Instalado no mbolo, opino no se desloca axialmente por causa da ao

    das suas travas ou retns.

    Fig. 1.11

  • 13

    Conectora

    a pea do motor cuja funo transmitir o movim ento do mbolo ao eixo de

    manivelas imprimindo-lhe um movimento rotativo. n ormalmente construda em ao

    forjado.

    Costuma-se dividir a conectora em trs partes: p, corpo e cabea. O p da

    conectora a parte onde instalado o mancal tipo bucha, destinado a receber o pino

    do mbolo; o corpo vem logo em seguida, e a cabea a parte onde fica o mancal bi-

    partido que articula no eixo de manivelas. A figura 1.12 mostra uma conectora instalada

    em um mbolo.

    O mancal do p da conectora inteirio, sendo a bucha normalmente

    confeccionada em bronze. O mancal da cabea formado por duas metades

    semicirculares, alojando as bronzinas que so const rudas em ao e revestidas com

    material antifrico nas partes que entram em conta to com o eixo de manivelas.

    Eixo de manivelas

    Representado na figura 1.13, a pea encarregada de transformar, com o

    auxlio da conectora ou biela, o movimento alternado do mbolo em rotativo. Sua

    construo requer tcnica apurada, sendo forjado, u sinado e balanceado, tanto esttica

    quanto dinamicamente. o componente de maior compr imento do motor.

    Fig. 1.12

  • 14

    O eixo de manivelas, tambm conhecido como virabrequim ou rvore de

    manivelas, o elemento que transmite a potncia do motor ao seu utilizador.

    normalmente forjado em liga de ao, sendo o compone nte mvel de maior custo do

    motor.

    O eixo de manivelas trabalha apoiado nos mancais fixos, os quais so dotados

    de casquilhos substituveis, construdos da mesma forma que os dos mancais mveis

    das cabeas das conectoras ou bielas. Esses casquil hos, tambm chamados de

    bronzinas, so lubrificados sob presso. Conforme i ndicado na figura, as partes do eixo

    de manivelas so:

    1) engrenagem ou pinho instalada na extremidade do eixo de manivelas,

    destina-se a transmitir seu movimento ao eixo de cames, normalmente por meio

    de um trem de engrenagens, ou rodas dentadas e correntes.

    2) contrapesos prolongamentos dos braos de manivela que servem p ara dar

    suavidade ao movimento do eixo;

    3) braos de manivela ou cambotas partes do eixo que ligam os pinos fixos e

    mveis;

    4) munhes partes do eixo que trabalham nos mancais fixos;

    5) canais de lubrificao canais abertos no eixo para permitir o fluxo do l eo

    lubrificante dos mancais fixos para os mveis;

    6) curvas de reforo partes curvas nas junes dos munhes e moentes co m as

    cambotas;

    7) moentes partes do eixo onde articulam os mancais das cabe as das

    conectoras; e

    9) flange extremidade do eixo em forma de disco onde fixado o volante.

    Fig. 1.13

  • 15

    Volante

    um disco de grande peso, fixado a uma das extrem idades do eixo de

    manivelas. Sua finalidade armazenar uma parte da energia mecnica produzida no

    motor durante o tempo de trabalho til (expanso), para vencer a resistncia dos

    tempos no motrizes, principalmente o de compresso . normalmente uma pea

    inteiria nos motores pequenos, podendo ser constru do em duas metades nos de

    maior porte. A sua fixao ao eixo de manivelas f eita por meio de chaveta e parafuso

    (s). O volante, mostrado juntamente com parte do eixo de manivelas na figura 1.14,

    pode possuir ou no uma coroa dentada denominada cr emalheira do volante.

    Nos motores de pequeno porte a cremalheira serve para permitir o

    engrenamento do pinho do motor de arranque. J nos de mdio e grande porte, com

    partida por injeo de ar comprimido nos cilindros, serve para engranzar o pinho do

    mecanismo da catraca. A catraca um dispositivo acionado por motor eltrico utilizado

    para girar lentamente o MCP (Motor de Combusto Pri ncipal) quando por ocasio de

    inspeo, regulagem ou reparo no mesmo.

    1.5 mecanismo de distribuio

    Alm dos componentes j estudados at aqui, h outros de grande importncia

    para o motor e que fazem parte do chamado mecanismo de distribuio.

    A finalidade do mecanismo de distribuio fazer com que cada fase do ciclo de

    funcionamento do motor ocorra rigorosamente no seu devido tempo. Por exemplo, se o

    motor estiver realizando a fase de compresso, claro que tanto a vlvula de admisso

    quanto a de descarga devem estar fechadas. Da mesma maneira, no instante da

    Fig. 1.14

  • 16

    injeo do combustvel no cilindro, as referidas vlvulas no podem estar abertas, pois

    se assim acontecesse, o combustvel no poderia inf lamar.

    Esses exemplos, apesar de grosseiros, servem para voc entender, de imediato,

    que as peas que fazem parte do mecanismo de distri buio do motor devem trabalhar

    de forma sincronizada, pois qualquer desvio nessa sincronizao pode fazer com que o

    motor trabalhe mal, ou nem sequer consiga funcionar. Quando isso acontece, dizemos

    que o motor est fora de ponto. Vamos ento fazer um estudo bsico da distribuio,

    atentando para o arranjo simplificado da figura 1.15.

    A uma simples olhada voc percebe que se trata do mecanismo de um motor de

    4 tempos, uma vez que existe uma vlvula de admisso e uma vlvula de descarga

    (11) na cabea do cilindro. Alm do mais, a engrenagem (4), do eixo de manivelas (3),

    tem a metade do nmero de dentes da engrenagem (6), do eixo de cames (5). Repare

    que as cames do mesmo eixo transmitem movimento aos tuchos (7), que por sua vez

    transmitem movimento s hastes ou varetas (8). Esta s hastes acionam os balancins

    (10), para abrir as vlvulas de aspirao e de descarga (11), cada uma no seu devido

    tempo. Repare, tambm, que os balancins articulam no eixo 9, o qual tem suas

    extremidades fixadas nos seus respectivos suportes (que no aparecem na figura),

    Esses suportes so aparafusados no cabeote.

    1. Pisto ou mbolo

    2. Biela ou conectora

    3. Eixo de manivelas ou virabrequim

    4. Engrenagem do eixo de manivelas

    5. Eixo de comando de vlvulas

    6. Engrenagem do eixo de comando

    7. Tuchos

    8. Varetas

    9. Eixo dos balancins

    10. Balancins

    11. Vlvulas de admisso e de descarga Fig. 1.15

  • 17

    Vejamos agora algumas particularidades dos componentes da figura.

    Engrenagem ou pinho do eixo de manivelas

    a pea (4), fixada na extremidade do eixo de man ivelas (3), com a finalidade

    de transmitir o movimento de rotao do mesmo ao ei xo de cames (5), por meio da sua

    engrenagem (6).

    Engrenagem do eixo de cames

    fixada na extremidade do eixo de cames (5), com a finalidade de receber o

    movimento rotativo do eixo de manivelas (3), por meio da engrenagem (6), e transmiti-

    lo ao eixo de cames propriamente dito. Nos motores de 4 tempos, possui o dobro do

    nmero de dentes da engrenagem do eixo de manivelas. J no caso dos motores de 2

    tempos, possui o mesmo nmero de dentes da engrenagem do referido eixo.

    Eixo de cames

    uma pea dotada de cames (ou excntricos), com a finalidade de acionar as

    vlvulas de aspirao e de descarga do motor por meio do tucho (7), da vareta (8) e do

    balancim (10). Mais tarde veremos que esse eixo pode possuir outra came, posicionada

    ao lado ou entre as duas da figura, com o propsito de acionar a bomba injetora

    individual de cada cilindro, como ocorre nos motores de mdio e de grande porte.

    Tuchos

    So peas que trabalham em contato com as cames, t ransmitindo o movimento

    das mesmas s varetas (8). Nos motores de mdio e de grande porte, costumam

    possuir rodetes para reduzir o atrito com a came.

    Vareta ou haste

    a pea que trabalha com uma de suas extremidades em contato com o tucho e

    a outra em contato com uma das extremidades do balancim. As varetas transmitem ao

    balancim o seu movimento alternado produzido pela came, para que as mesmas

    acionem os balancins e promovam as aberturas das vlvulas de admisso e de

    descarga.

  • 18

    Balancim

    uma pea que, articulando no eixo (9), fixo ao s eu suporte, recebe o

    movimento alternado da vareta e o transfere vlvula de admisso ou de descarga. O

    balancim possui em uma de suas extremidades um parafuso com porca para permitir o

    ajuste da folga da vlvula. Essa folga visa absorver os efeitos da dilatao trmica

    causada pelos gases da combusto, sem prejudicar a estanqueidade do cilindro nos

    tempos de compresso e expanso. Se no houvesse es sa folga, a dilatao linear da

    sua haste no deixaria que ela fechasse completamen te, podendo inclusive impedir o

    funcionamento do motor por falta de compresso sufi ciente. Por outro lado, a folga no

    deve ser excessiva para evitar batimento da vlvula em sua sede.

    Vlvula de admisso

    a pea que serve de porta de entrada do ar (no c ilindro do motor Diesel), ou da

    mistura ar+combustvel (no cilindro do motor Otto). Para permitir um bom enchimento

    do cilindro, normalmente ela se apresenta com o di metro do seu disco maior do que o

    da vlvula de descarga. A sua haste trabalha dentro de uma guia, geralmente

    substituvel.

    Vlvula de descarga

    a pea que serve de porta de sada dos gases da combusto do interior do

    cilindro do motor. A exemplo da vlvula de admisso construda em ao especial, e

    sua haste trabalha em uma guia normalmente substituvel. Apresenta normalmente um

    disco com dimetro menor do que o da vlvula de admisso. Isso possvel porque a

    velocidade de escoamento dos gases da combusto atr avs dela relativamente

    grande, devido razovel presso ainda existente nos mesmos por ocasio da sua

    abertura. Estando mais sujeita ao calor dos gases da combusto do que a vlvula de

    admisso, a folga entre o topo de sua haste e a ext remidade do balancim

    normalmente maior do que a da vlvula de admisso.

    Entenda agora, que quando qualquer uma das vlvulas est fechada, o seu

    respectivo tucho est trabalhando na parte do crculo base que gerou a came. Quando

    ela est em processo de abertura ou fechamento, sinal de que a parte excntrica da

    came que est atuando nos tuchos. Algo importante a considerar no funcionamento

    de ambas as vlvulas que cada uma delas, no seu devido tempo, aberta pela ao

    do balancim a partir do movimento da came; j o fechamento feito pela ao de

  • 19

    sua(s) mola(s), enquanto vai cessando a ao do bal ancim sobre o topo da sua haste.

    A figura 1.16 mostra alguns dos componentes do mecanismo da distribuio de um

    motor Perkins.

    Transmisso do movimento do eixo de manivelas pa ra o de cames A

    figura 1.17 mostra um mecanismo de acionamento de vlvulas bastante diferente do

    anterior. Observe que a transmisso feita por rodas dentadas e corrente e que as

    vlvulas de admisso e de descarga so acionadas diretamente pelo eixo de cames,

    que no caso fica situado sobre o cabeote. Observe tambm a importncia do

    dispositivo (5) que tem por finalidade esticar ou tensionar a corrente

    1. eixo de cames

    2. pinho

    3. tuchos

    4. vareta

    5. balancins

    6. eixo dos balancins

    7. suporte do eixo dos balancins

    Fig. 1.17

    Fig. 1.16

  • 20

    Voc j viu, portanto, que a transmisso do movimento do eixo de manivelas ao

    eixo de cames pode ser feita por engrenagens e por corrente. Agora voc precisa saber

    que, alm desses tipos, podemos encontrar as transmisses por correia dentada e

    mista. A transmisso por correia dentada, mostrada na figura 1.18, particularmente

    utilizada em motores de pequeno porte como os automotivos. A transmisso do tipo

    mista, apresentada na figura 1.19, um tanto rara.

    J deu pra voc perceber que dificilmente aparecem apenas duas engrenagens

    ou rodas dentadas no mecanismo de distribuio. c omum aparecer o chamado trem

    de engrenagens (mais de duas) como mostrado nas trs figuras anteriores.

    Uma observao muito importante a fazer sobre as marcas de referncia

    existentes nas engrenagens do mecanismo de transmisso. Durante a montagem do

    motor, essas marcas devem ser rigorosamente observadas, para que o mesmo no

    fique fora de ponto. Se essas referncias no forem observadas, ou o motor

    funcionar mal, ou nem sequer entrar em funcionamento. A figura 1.20 mostra as

    marcas de referncia nos componentes dos mecanismos de transmisso por

    engrenagens e por corrente.

    Fig. 1.18

    Fig. 1.19

  • 21

    1.6 ngulo de calagem e ordem de queima Voc vai aprender agora algo mais sobre o eixo de manivelas. Perceber a

    ntima relao entre a calagem de suas manivelas e a sequncia das combustes no

    interior dos cilindros do motor.

    No nosso estudo, a calagem das manivelas refere-se posio em que elas so

    dispostas no eixo, segundo um determinado intervalo angular.

    O ngulo de calagem das manivelas pode ser determi nado levando-se em conta

    o nmero de cilindros e o nmero de tempos do motor. Por causa da estreita relao

    do ngulo de calagem com a ordem de queima, julgamo s oportuno estud-los

    simultaneamente.

    Define-se o ngulo de calagem das manivelas como o ngulo formado pelos

    planos de simetria longitudinal de duas manivelas consecutivas, levando-se em conta a

    ordem de queima e o sentido de rotao do motor. Po r outro lado, ordem de queima

    definida como a sequncia com que as combustes ocorrem nos cilindros do motor.

    Ela deve ser o mais salteado possvel, para permitir uma boa distribuio de esforos

    ao longo do eixo de manivelas. Por conveno, come a sempre a partir do cilindro

    nmero 1.

    A calagem angular das manivelas e a ordem de queima do motor so fatores de

    relevante importncia para o seu funcionamento, est ando intimamente ligadas

    distribuio equilibrada da potncia e continuida de dos esforos transmitidos pelo

    motor ao seu utilizador. A palavra utilizador significa a mquina ou dispositivo que o

    motor aciona. A bordo dos navios, os principais utilizadores dos motores Diesel so: os

    Fig.1.20

  • 22

    geradores de energia eltrica e o conjunto propulsor formado pelo eixo transmissor e o

    hlice.

    Na determinao do ngulo de calagem dos motores e m linha, utiliza-se a

    seguinte frmula:

    Para que voc possa compreender mais facilmente o que acabamos de expor,

    faremos agora um estudo breve e intuitivo sobre o assunto, valendo-nos de alguns

    exerccios resolvidos.

    EXERCCIOS RESOLVIDOS:

    1) Determine o ngulo de calagem, a ordem de queima e o traado simplificado do eixo

    de manivelas de um motor Diesel de 2 tempos com 2 cilindros em linha.

    Soluo:

    Voc pode ver, portanto, que o ngulo de calagem das manivelas de 180o.

    Conforme apresentado na figura, a man ive la referente ao c i l indro 2 est

    disposta a 180o da do cilindro 1. Assim, a ordem de queima s pode r ser 1-2, ou seja:

    a queima ocorrer no cilindro 1, e somente aps o eixo de manivelas girar180

    acontecer a queima no cilindro 2. Em outras palavras, enquanto o mbolo do cilindro 1

    Onde: Ac = ngulo de calagem Nt = nmero de tempos Nc = nmero de cilindros

  • 23

    estiver no PMS, no final da compresso, o mbolo do cilindro 2 estar no PMI,

    iniciando a compresso.

    2) Determine o ngulo de calagem, a ordem de queima e o traado do eixo de

    manivelas para um motor de 4 tempos com 2 cilindros em linha.

    Soluo:

    Para o referido motor, o ngulo entre as manivelas e o traado do eixo de

    manivelas estar em conformidade com as figuras apresentadas. Mas preste bem

    ateno!

    Como a manivela do cilindro 2 est rigorosamente disposta atrs da do cilindro

    1, voc poderia supor, equivocadamente, que os dois cilindros queimam ao mesmo

    tempo. Isso nunca acontece! Lembre-se tambm de que agora estamos tratando de um

    motor de 4 tempos; ou seja: considerando o mbolo do cilindro 1 no PMS, no final da

    compresso, o mbolo do cilindro 2 estar tambm no seu PMS, porm no final da

    descarga. Assim, a queima no cilindro 2 s poder ocorrer aps o eixo de manivelas

    girar 360 depois da queima no cilindro 1. Isso nos dar, logicamente, a mesma ordem

    de queima 1-2 do motor de 2 tempos estudado anteriormente. Lembre-se ainda de que

    partimos do princpio de que o mbolo do cilindro 1 encontrava-se no final da

    compresso. Ora, para chegar l, ele teve que realizar dois cursos: o de aspirao e o

    de compresso, o que corresponde aos outros 360 de giro do eixo de manivelas.

    .Pelo exposto at agora deduzimos que:

    a) s poder haver queima em um cilindro de cada v ez;

    b) com o aumento do nmero de cilindros o interval o angular entre as

    queimas diminui;

    c) no caso dos motores de 2 tempos haver queima e m todos os seus

    cilindros a cada 360 o de giro do eixo de manivelas; e

    d) no caso dos motores de 4 tempos, haver queima e m todos os seus

    cilindros a cada 720 o de giro do eixo de manivelas.

  • 24

    3) Determine o ngulo de calagem, a ordem de queima e o traado do eixo de

    manivelas para um motor de 2 tempos com 3 cilindros em linha.

    Soluo:

    Nesse caso as manivelas estariam dispostas a 120o uma da outra, e a ordem de

    queima seria 1-2-3. J o eixo de manivelas apresentaria a configurao mostrada na

    figura acima. Entretanto, para possibilitar uma melhor distribuio de esforos ao longo

    do eixo de manivelas, a ordem de queima pode ser melhorada. Assim, sem alterar o

    ngulo de calagem, prefervel posicionar a manive la do cilindro 3 a 120o da do

    cilindro 1, e a do cilindro 2 a 120o da do cilindro 3. Mas ateno! Repare que o traad o

    do eixo de manivelas tambm muda, de conformidade com a figura abaixo.

    Com o problema que acabamos de resolver, voc percebeu que:

    Como o motor de 2 tempos e a ordem de queima 1- 3-2, quando o

    mbolo do cilindro 1 estiver no PMS, no final da co mpresso:

    a) o mbolo do cilindro 2 estar quase terminando a fase de admisso; e

    b) o mbolo do cilindro 3 estar praticamente inici ando a fase de

    compresso.

  • 25

    J vimos que a partir de 3 cilindros comea a haver certa flexibilidade com

    relao ao posicionamento das manivelas. No problem a seguinte, voc ver que

    possvel obter vrias ordens de queima diferentes para uma determinada disposio

    dada s manivelas.

    4) Sabendo que o ngulo de calagem de 120o, determine todas as ordens de queima

    possveis para um motor de 4 tempos com 6 cilindros em linha, cujas manivelas foram

    dispostas conforme mostrado na figura abaixo:

    Soluo:

    No caso so possveis quatro ordens de queima:

    a) 1-2-3-6-5-4;

    b) 1-2-4-6-5-3;

    c) 1-5-3-6-2-4; e

    d) 1-5-4-6-2-3.

    Repare que das quatro possibilidades a mais salteada e, portanto, mais adequada

    a terceira (1-5-3-6-2-4). Para o caso, o traado do eixo assumir a forma da figura

    abaixo.

  • 26

    Para terminar esta srie de exerccios, observe a figura abaixo que a de um

    motor propulsor de 2 tempos de grande porte, com 12 cilindros.

    Aplicando a frmula, voc comprovar que o ngulo de calagem de 30 e,

    neste caso, a nica ordem de queima possvel para a disposio que foi dada s

    manivelas : 1-12-5-7-3-11-4-9-2-10-6-8.

    1.7 diagrama da manivela do motor Diesel de 4 tem pos

    O diagrama da manivela, tambm chamado de pura de distribuio, uma

    forma simplificada de representar as fases do ciclo de um motor, considerando o ngulo

    descrito pela manivela, durante cada fase do ciclo.

    Para que fique bem claro o que vamos expor, trataremos aqui apenas dos

    diagramas terico e prtico de um motor Diesel de 4 tempos, que como j

    mencionamos, o objeto principal do nosso estudo.

    Voc j sabe que o ciclo do motor de 4 tempos realizado em duas voltas do

    eixo de manivelas (720) e, logicamente, apenas 1 volta do eixo de cames. J sabe

    tambm que a engrenagem do eixo de cames possui o dobro do nmero de dentes da

    engrenagem do eixo de manivelas. A relao de trans misso das engrenagens ,

    portanto, de 2:1 (dois para um).

    No motor Diesel terico, cada fase do ciclo (admis so, compresso, expanso e

    descarga) necessita de 180 de giro do eixo de manivelas. Alm disso, a injeo s

    comea quando o mbolo se encontra exatamente no seu PMS, no final da

  • 27

    compresso. Por isso o diagrama terico da distribu io de um motor Diesel de 4

    tempos toma a forma da figura 1.21.

    Como podemos ver, no diagrama terico, supe-se qu e a vlvula de admisso

    inicia a sua abertura quando o mbolo se encontra exatamente no PMS e termina o seu

    fechamento exatamente quando o mbolo chega ao PMI. Da mesma maneira, observa-

    se que a vlvula de descarga inicia a sua abertura com o mbolo no PMI (exatamente

    no instante em que a vlvula de admisso acabou de fechar) e termina o seu

    fechamento exatamente quando o mbolo atinge o PMS. Consideramos tambm, no

    referido diagrama, que a injeo comea com o mbol o no PMS, no final do curso de

    compresso. Dessa maneira, entendemos que no motor terico de 4 tempos o eixo de

    manivelas gira exatamente 180 para cada fase (aspirao, compresso, expanso e

    descarga). Sabemos, entretanto, que na prtica as coisas no acontecem assim.

    Para tornar possvel o funcionamento do motor com um rendimento satisfatrio,

    torna-se indispensvel adotar as cotas de avanos e atrasos. Portanto, voc agora vai

    conhecer o diagrama prtico, ou real, de um motor Diesel de 4 tempos.

    Mas para entender melhor o que significam as cotas de avanos e atrasos na

    distribuio do motor, vamos primeiramente definir cada uma delas.

    Fig. 1.21

  • 28

    AAA avano abertura da admisso - o nmero de graus que falta para a

    manivela de um determinado cilindro atingir o seu PMS, no instante em que a

    vlvula de admisso inicia a sua abertura.

    RFA retardamento ao fechamento da admisso - o nmero de graus em que

    a manivela de um determinado cilindro se encontra aps o seu PMI, no instante

    em que a vlvula de admisso termina o seu fechamento.

    As figuras 1.22 (A) e 1.22 (B) mostram claramente o AAA e o RFA.

    AAD avano abertura da descarga - o nmero de gr aus em que a manivela

    de um determinado cilindro se encontra antes do seu PMI, no instante em que a

    vlvula de descarga inicia a sua abertura.

    RFD o nmero de graus em que a manivela de um determinado cilindro se

    encontra depois do seu PMI, no instante em que a vlvula de descarga termina o

    seu fechamento.

    Fig. 1.22

  • 29

    A figura 1.23 demonstra o que acabamos de explicar.

    CV cruzamento de vlvulas - em termos de ngulo o nmero de graus

    correspondente soma do avano abertura da admis so com o atraso ao

    fechamento da descarga; pode tambm ser definido como o perodo do ciclo em

    que as vlvulas de admisso e de descarga permanecem simultaneamente

    abertas. Nos motores superalimentados de 4 tempos o cruzamento de vlvulas

    apresenta as vantagens de permitir lavagem e resfriamento adicional na cmara

    de combusto.

    AI avano injeo - o nmero de graus que falta para a manivela alcanar

    o seu PMS, no instante em que se inicia a injeo d e combustvel no cilindro.

    Fig. 1.23

  • 30

    A figura 1.24 mostra o avano injeo.

    Acreditamos que agora voc esteja bem preparado para compreender o

    diagrama prtico da distribuio do motor Diesel de 4 tempos. Atente ento para a

    figura 1.25.

    Fig. 1.24

    Fig. 1.25

  • 31

    ADMISSO - repare que a vlvula de admisso comea a sua abertura um pouco antes da manivela atingir o seu PMS. o chamado AA A. Do PMS ao PMI a manivela gira 180. Aps chegar ao PMI, ainda so adicionado s ao perodo alguns graus at o fechamento total da vlvula de admisso; o chamado RFA. Podemos dizer ento que a frmula matemtica do perodo : COMPRESSO observe que a fase de compresso bem menor do q ue a de admisso, por causa dos graus que lhe foram subtra dos em favor do RFA. Assim, podemos dizer que: EXPANSO sempre de olho no diagrama, observe que a fase de expanso comea no PMS e termina alguns graus antes que a manivela chegue ao seu PMI. o chamado avano abertura da descarga (AAD). Logo, a frmula da fase de expanso : DESCARGA ao olhar para o diagrama voc logo percebe que a descarga o maior perodo do ciclo, porque alm dos 180o, ainda conta com os graus do AAD e do RFD. Assim, sua frmula matemtica : CRUZAMENTO DE V`LVULAS como j foi dito, em termos de ngulo, equivale soma do AAA com o RFD, como mostra a frmula:

    hora de voc entender as razes dos avanos e at rasos. bom voc saber,

    desde j, que as cotas de avanos e atrasos podem variar de motor para motor.

    Vejamos ento as principais razes de suas aplica es.

    admisso = AAA + 180 + RFA

    compresso = 180o RFA

    expanso = 180o RFD

    cv = AAA + RFD

  • 32

    AAA - a vlvula de admisso inicia sua abertura antes do mbolo chegar ao PMS para

    permitir um melhor enchimento do cilindro. Quanto mais ar fresco entrar no cilindro,

    melhor ser a queima. Essa questo de encher o mximo possvel o cilindro muito

    importante, pois quanto maior for a carga de ar, maior potncia o motor desenvolver

    por cilindrada.

    RFA - para que a corrente de ar que entra no cilindro no se detenha, logo que o

    mbolo chegue ao PMI, adota-se o retardamento ao fechamento da admisso. Esse

    atraso, juntamente com o avano a que nos referimos se completam, em razo de uma

    boa carga de ar no cilindro do motor.

    AAD - muito importante remover do cilindro o mximo possvel de gases queimados

    depois deles cumprirem sua misso. Assim, adota-se um avano abertura da vlvula

    de descarga para que, antes do mbolo chegar ao seu PMI, uma boa parte dos gases,

    que j realizaram seu trabalho sobre o mbolo deixe o cilindro devido presso ainda

    razovel reinante nos mesmos.

    RFD - o atraso ao fechamento da descarga permite completar a limpeza interna do

    cilindro, possibilitando que a presso interna no m esmo seja a mais baixa possvel, o

    que facilita a entrada do ar fresco no incio da fase seguinte, que a de admisso.

    AI - o avano injeo necessrio para que as gotc ulas de combustvel introduzidas

    no cilindro tenham tempo de se misturar com o ar quente, absorver sua temperatura e

    entrar em ignio. Esse avano depende de vrios fa tores, entre os quais destacamos:

    a natureza do combustvel e

    a velocidade do motor.

    Com efeito, os combustveis com alto ponto de ignio exigem mais tempo para

    queimar, necessitando, pois, de um avano maior. Co m relao velocidade,

    dispondo-se de um determinado tempo para a queima, h necessidade de um avano

    maior, quanto maior for a velocidade do motor.

  • 33

    ATENO!

    O diagrama da distribuio de um motor pode aprese ntar diferentes formas. A

    menos usada, entretanto, a representada na figura 1.26. Observe que se trata

    tambm do diagrama da manivela de um motor Diesel de 4 tempos. Se voc

    compreendeu bem o anterior. Vamos s dar uma ajudaz inha: o ciclo inicia no ponto

    _____ que o nosso conhecido AAA.

    A questo de alimentar o cilindro com uma carga de ar fresco mesmo muito

    importante. Considerando-se a mesma cilindrada, qua nto maior for a carga de

    ar no cilindro, mais potncia um motor poder desen volver. Ora, para que isso

    acontea, muito importante remover o mximo poss vel de gases queimados

    no final de cada ciclo. Gases queimados s fazem at rapalhar, porque, como

    no podem queimar de novo, acabam empobrecendo a ca rga de ar do prximo

    ciclo.

    Fig. 1.26

  • 34

    UNIDADE 2

    2.1 Introduo Ao contrrio do motor eltrico, a mquina Diesel necessita de sistemas auxiliares

    para entrar em funcionamento e continuar funcionando pelo tempo que for necessrio.

    Entre esses sistemas encontramos os seguintes: partida, lubrificao, resfriamento,

    combustvel, alimentao de ar e descarga de gases. Todos eles so igualmente

    importantes para o motor; entretanto, o de arranque o nico que s deve operar por

    alguns segundos. Nesta unidade de ensino voc vai identificar os componentes bsicos

    de cada sistema, conhecer seus princpios de funcionamento e saber de suas principais

    caractersticas.

    2.2 sistema de lubrificao Os motores trmicos, e em particular o Diesel, apresentam, pela sua prpria

    natureza, problemas de lubrificao difceis de ser em equacionados, levando-se em

    conta os seguintes fatores:

    o motor desenvolve elevadas temperaturas durante a combusto.

    as presses exercidas pelo ar comprimido no final da compresso so muito

    elevadas;

    no h como evitar-se a formao de fuligem e outr as matrias carbonceas

    oriundas da combusto; e

    o motor consome combustveis com teores de enxofre relativamente superiores

    aos utilizados nos motores de exploso.

    Por causa dos problemas acima, os engenheiros especializados em lubrificao

    sempre se preocuparam com a obteno de lubrificant es com propriedades adequadas

    a cada tipo de aplicao.

    Finalidades do sistema de lubrificao

    A principal finalidade do sistema de lubrificao do motor reduzir o atrito entre

    as peas que trabalham com movimento relativo. Isto conseguido mediante o

    estabelecimento de um fluxo contnuo de lubrificante entre essas peas. Ocorre,

    SISTEMAS DOS MOTORES DE PROPULSO

  • 35

    entretanto, que alm de realizar sua funo princip al, o lubrificante acaba exercendo

    funes secundrias de particular importncia para o motor. Entre essas funes

    destacamos:

    resfriamento;

    vedao;

    limpeza;

    amortecimento de choques; e

    proteo contra ataques qumicos.

    O resfriamento ocorre porque, enquanto lubrifica, o leo absorve parte do calor

    gerado pelo atrito entre as peas do motor e o tran sfere para o exterior em um trocador

    de calor denominado resfriador de leo lubrificante .

    No que diz respeito vedao, a pelcula de leo lubrificante entre os anis de

    segmento e as paredes dos cilindros intensificam a vedao do ar e dos gases,

    principalmente nas fases de compresso, combusto e expanso, nas quais a presso

    no interior do cilindro bastante elevada.

    Com relao limpeza, o lubrificante circulando n o sistema deve ser capaz de

    desagregar e arrastar consigo as impurezas que se formam no mesmo, principalmente

    as oriundas dos resduos da combusto. Essa limpeza deve-se a uma propriedade do

    leo denominada detergncia, que da maior importncia, pois as impurezas podem

    obstruir parcial ou totalmente, tubos ou galerias e orifcios de passagem do lubrificante.

    A funo de amortecer choques deve-se ao fato de q ue a pelcula de leo em

    determinados mancais como, por exemplo, o da conectora, sofre cargas muito

    elevadas, principalmente no instante da combusto. O lubrificante dever, por suas

    propriedades de resistncia de pelcula, suportar esses aumentos de carga e de

    presso, de maneira a impedir o contato metlico entre as telhas dos mancais e o eixo.

    A pelcula de leo lubrificante deve, tambm, proteger contra os ataques qumicos

    todas as superfcies com as quais entra em contato.

    Composio bsica do sistema de lubrificao

    O sistema de lubrificao do motor Diesel consti tudo basicamente pelos

    seguintes elementos:

  • 36

    reservatrio de leo lubrificante;

    ralo;

    bomba;

    filtro; e

    resfriador.

    O reservatrio de leo lubrificante pode ser o cr ter do tipo alagado que voc

    conheceu na unidade anterior, ou um tanque abaixo do mesmo e com ele comunicado

    denominado poceto. Naturalmente, quando h poceto na instalao o crter do motor

    do tipo seco, havendo uma comunicao entre este e o poceto abaixo do mesmo. A

    figura 2.1 mostra uma instalao com crter seco e poceto.

    O ralo, mostrado na figura 2.2, do tipo de chapa

    multiperfurada instalado na extremidade do tubo de suco da

    bomba, com o propsito de impedir que corpos estran hos

    como trapo, estopa e outros, por vezes esquecidos nos

    reservatrios aps uma limpeza, por exemplo, penetr em no

    corpo da mesma, comprometendo o seu funcionamento.

    A bomba do sistema tem por finalidade manter o lubrificante sob presso

    circulando no mesmo. Ela aspira o leo do crter ou do poceto atravs de um ralo e o

    envia a todos os pontos do motor onde a lubrifica o se faz necessria. Pode ser

    acionada pelo prprio motor, como no caso do de peq ueno porte, ou por motor eltrico,

    quando se trata de motores de mdio e de grande porte. da que vem a idia de

    bombas dependentes ou independentes do motor.

    Fig. 2.1

    Fig. 2.2

  • 37

    O tipo de bomba mais empregado nos sistemas de lubrificao forada o de

    engrenagens mostrado na figura 2.3 Nesse tipo, o lquido conduzido entre os dentes

    das engrenagens e a carcaa da bomba.

    No caso da figura, a engrenagem de cima gira no sentido anti-horrio e a de

    baixo gira no sentido horrio. Uma dessas engrenagens recebe o movimento do seu

    acionador (engrenagem acionada), fazendo girar a outra em sentido contrrio

    (engrenagem conduzida).

    A bomba dispe de uma vlvula reguladora de presso que permite manter

    constante a presso do leo no sistema. Em caso de elevao da presso, a vlvula

    abre, comunicando a descarga com a admisso da bomb a ou com o crter, mantendo

    assim a presso desejada no sistema. A figura 2.4 m ostra claramente como isso

    ocorre. Em (A) a vlvula est fechada e em (B) aberta.

    O filtro de leo lubrificante tem por finalidade r eter as impurezas slidas menores

    que conseguem passar pelo ralo, garantindo o fornecimento de uma pelcula de leo

    isenta de impurezas entre as peas a lubrificar.

    O filtro de leo lubrificante pode ser descartvel, devendo ser substitudo aps

    determinado nmero de horas de funcionamento previsto no manual do fabricante, ou

    sempre que se suspeitar que o mesmo encontra-se incapacitado de realizar

    Fig. 2.4 Fig. 2.3

  • 38

    satisfatoriamente a sua funo. A figura 2.5 mostra um tipo de filtro utilizado em

    motores de pequeno porte.

    comum encontrarmos nos filtros dos motores de pe queno porte uma vlvula de

    alvio que permite ao lubrificante passar por fora do elemento filtrante, sempre que a

    presso excede a um determinado valor.

    Isso acontece quando o fluido est muito viscoso (por causa do frio), ou quando

    o elemento do filtro encontra-se muito sujo. Assim, conforme se observa na figura,

    vlvula de alvio atua como uma proteo para o motor, pois evita uma queda de

    presso no sistema provocada pela reduo do fluxo de leo. Com pouco lubrificante, o

    atrito entre as peas aumenta, a temperatura sobe, o lubrificante superaquece, a

    viscosidade cai excessivamente e o material das pe as funde, principalmente o dos

    metais macios utilizados no revestimento das telhas dos mancais fixos e mveis.

    O resfriador de leo lubrificante tem por finalida de remover o excesso de calor

    absorvido pelo leo na sua funo de reduzir o atri to entre as peas. O resfriador pode

    ser circulado por ar ou gua, conforme o tipo de motor. A bordo dos navios so

    resfriados por gua e podem ser do tipo de feixe tubular ou de placas. Quando se trata

    de um resfriador do tipo de feixe tubular, ou do tipo de tubos em U como o da figura

    2.6, a gua do rio passa pelo interior dos tubos, sendo estes envolvidos pelo

    lubrificante.

    Fig. 2.6

    Fig. 2.5

  • 39

    A presso da gua salgada deve ser um pouco superior do lubrificante, para

    que em caso de furo nos tubos a gua salgada no contamine o leo do sistema. Ao

    menor sinal de perda de lubrificante, deve-se imediatamente procurar por pontos de

    fuga no sistema. Quaisquer vazamentos devem ser imediatamente sanados. A figura

    2.7 mostra um sistema completo de lubrificao for ada utilizado no motor MWM-DT-

    232-VP. Observe com redobrada ateno os vrios dispositivos de segurana e

    controle utilizados no mesmo.

    1. crter

    2. bomba de leo lubrificante

    3. bomba de leo de arrefecimento do mbolo

    4. resfriador de leo lubrificante

    5. vlvula termosttica (desvio do resfriador)

    6. filtro de leo lubrificante

    7. linha de retorno para o crter

    8. eixo de manivelas

    9. eixo de comando de vlvulas

    10. mbolo

    11. bico de arrefecimento

    Fig. 2.7

  • 40

    12. tucho

    13. haste ou Vareta

    14. balancim

    15. tubulao para a bomba injetora

    16. turbocompressor

    17. manmetro de leo

    18. retorno de leo

    19. admisso da gua de resfriamento

    20. sada da gua de resfriamento

    2.3 sistema de resfriamento Quando um motor funciona, o combustvel queimado na sua cmara de

    combusto desprende uma grande quantidade de calor. De todo esse calor, entretanto,

    apenas cerca de 40 a 50 % convertido em trabalho mecnico no eixo de manivelas. O

    restante infelizmente perdido nos gases de descarga, na gua de resfriamento, por

    irradiao, etc.

    Finalidades do sistema de resfriamento

    O sistema de resfriamento do motor Diesel tem duas finalidades: a primeira

    remover o excesso de calor das peas, e a segunda resfriar o leo lubrificante, que

    para desempenhar sua funo principal, acaba absorv endo muito calor. Se o excesso

    desse calor no fosse removido do sistema, o lubrif icante perderia certas propriedades

    e no conseguiria cumprir com a sua finalidade.

    Inicialmente, gostaramos que voc entendesse que o ideal seria que o motor

    no precisasse ser resfriado. Infelizmente isso no possvel. Voc deve saber que a

    temperatura dos gases no interior da cmara de comb usto de um motor Diesel

    moderno aproxima-se dos 2000 C. Esta temperatura superior de fuso da maioria

    dos metais e ligas que voc conhece. Esse fato, por si s, j explica claramente a

    necessidade do resfriamento dos motores. A remoo do excesso de calor das

    paredes dos cilindros, cabeotes, mbolos, injetores e do prprio leo lubrificante,

    continua sendo indispensvel para a continuidade do funcionamento do motor.

    Entretanto, o resfriamento no deve ser excessivo, pois, quanto mais resfriamos um

    motor, mais diminumos o seu rendimento trmico.

  • 41

    Os sistemas de resfriamento dos motores Diesel dos navios fluviais utilizam

    normalmente a gua doce (potvel) e a gua do rio como agentes arrefecedores.

    Nesses navios, o usual utilizar a gua doce circulando no motor propulsor, sendo esta

    resfriada posteriormente pela gua do rio. Entretanto, nada impede que encontremos a

    bordo desses mesmos navios, motores de menor porte como, por exemplo, os que

    acionam geradores auxiliares, resfriados somente por ar, ou por ar e gua. Assim,

    podemos encontrar diferentes arranjos de sistemas de resfriamento, sendo que os mais

    comuns sero descritos a partir de agora.

    Tipos de sistemas de resfriamento

    Entre os sistemas de resfriamento utilizados nos motores Diesel dos navios

    fluviais encontramos: o resfriamento direto por gua do rio, o indireto (combinado gua

    e ar) e o indireto (gua potvel e gua do rio)

    Resfriamento direto por gua

    Foi o primeiro sistema de resfriamento por gua utilizado nas embarcaes.

    Trata-se de um sistema rudimentar e obsoleto que hoje s utilizado em motores de

    embarcaes midas que navegam em rios, pois o efei to da corroso no muito

    acentuado. Na sua forma mais comum, o resfriamento direto por gua obtido da

    maneira mostrada na figura 2.8.

    Atravs da vlvula de fundo e do ralo, uma bomba, acionada pelo prprio motor,

    aspira a gua do rio e descarrega-a para o resfriador de leo, de onde vai para as

    cmaras de resfriamento apropriadas em volta dos ci lindros e cabeote do motor,

    sendo em seguida descarregada para o rio. Esse sistema s utilizado em motores

    muito pequenos. Como voc deve imaginar, as vantagens desse sistema so a sua

    simplicidade e o seu baixo custo. Como grande desvantagem a impregnao de lama

    Fig. 2.8

  • 42

    que se agrega s paredes internas do bloco e extern as das camisas dos cilindros,

    dificultando a transferncia de calor para a gua.

    Resfriamento indireto (combinado por ar e gua)

    A caracterstica de todos os sistemas de

    resfriamento do tipo indireto que nele so utilizados

    dois fluidos arrefecedores. O resfriamento indireto

    combinado pode ser feito por gua potvel e ar ou por

    gua potvel e gua do rio. Nesse sistema, uma bomba

    faz a gua doce circular em volta das camisas dos

    cilindros e nas cmaras de gua existentes no cabeote

    do motor e na carcaa da turbina da unidade de

    superalimentao, absorvendo o excesso de calor das mesmas e conduzindo-o para

    um reservatrio denominado radiador. No radiador o ar forado sobre as aletas desses

    tubos remove da gua de circulao do sistema (gua potvel), o excesso de calor

    absorvido no motor. A bomba, o radiador e a vlvula termosttica, so os principais

    componentes do sistema. A bomba do tipo centrfuga, sendo acionada pelo prprio

    motor, como mostra a figura 2.9.

    .

    O radiador um tanque constitudo de um reservat rio superior e um inferior

    ligados entre si por um conjunto de tubos alhetados denominado colmia. Como no

    poderia deixar de ser, a gua trabalha no interior dos tubos e o ar envolve os mesmos e

    as suas alhetas. Estas servem para aumentar a superfcie de contato com

    Fig. 2.9

    Fig. 2.10

  • 43

    o ar, aumentando dessa feita a eficincia do sistema de resfriamento. A figura 2.10

    mostra um radiador completo.

    A vlvula termosttica (a), por sua vez, tem por finalidade controlar o fluxo da gua de

    resfriamento por dentro ou por fora do radiador, quando a temperatura da mesma

    muito alta ou muito baixa para o sistema. Assim, ela deve manter a temperatura da

    gua de circulao dentro das condies desejadas. Observe a mudana na direo do

    fluxo nas figuras 2.11 A e B.

    No caso dos motores estacionrios, a ventoinha do radiador, que acionada

    diretamente pelo motor por meio de correia e polias, serve para aumentar o fluxo de ar

    atravs da colmia. No caso dos motores automotivos modernos, o funcionamento da

    ventoinha (que acionada por motor eltrico), controlado por um sensor de

    temperatura da gua do motor. Com o veculo em movimento, o prprio deslocamento

    permite uma boa corrente de ar atravs da colmia. Assim, a ventoinha pode entrar e

    sair automaticamente de funcionamento, de acordo com a necessidade e, nesse caso,

    o sistema automtico deve ligar e manter a ventoinha funcionando at que a

    temperatura da gua atinja o valor desejado.

    ATENO!

    Fig. 2.11

    No correta a atitude de um mecnico que elimina a vlvula

    termosttica do sistema quando ela apresenta defeit o. Certo mesmo

    substitu-la. Voc saberia explicar por qu?

  • 44

    Resfriamento indireto combinado por gua potvel e gua do rio.

    Este , sem dvida alguma, o sistema mais empregado a bordo dos navios

    fluviais. Nele, uma bomba centrfuga, acionada por motor eltrico ou pelo prprio motor

    de combusto utilizada para circular gua potvel pelos espaos apropriados no

    interior do motor. Depois de absorver calor do motor, essa gua passa por dentro de

    um aparelho denominado resfriador de gua doce, onde troca calor com a gua do rio

    que passa pelo interior dos tubos ou das placas do mesmo. A gua do rio, por sua vez,

    aspirada por uma bomba centrfuga dependente ou independente do motor, e

    descarregada para o resfriador, de onde retorna novamente ao rio. A exemplo do

    sistema anterior h tambm uma vlvula termosttica que controla a passagem da

    gua do motor pelo resfriador. A gua do rio antes de passar no resfriador da gua de

    circulao do motor, passa no resfriador de leo lu brificante.

    Atentando para a figura 2.12, podemos identificar os componentes bsicos do

    sistema.

    Fig. 2.12

  • 45

    Agora que voc j conhece a composio bsica do sistema, vejamos a funo

    de cada um deles:

    tanque de expanso Tem por finalidade absorver os efeitos do aumento de

    volume da gua quando aquece, e tambm para compensar as perdas no

    sistema devidas a fugas por engaxetamentos de vlvulas, selos ou gaxetas de

    bombas, evaporao, etc.

    vlvula de comunicao Serve para comunicar o tanque de combustvel com

    o resto do sistema. Com o motor em funcionamento deve ficar completamente

    aberta.

    bomba centrfuga de gua doce Serve para fazer a circulao da gua doce

    no sistema.

    resfriador de gua doce o aparelho trocador de calor aonde a gua doce

    quente vinda do motor perde calor para a gua do mar.

    vlvula termosttica Controla a temperatura ideal da gua doce do o motor,

    deixando passar mais ou menos gua pelo radiador ou do rio.

    vlvula de fundo Fixada com parafusos no casco da embarcao, serve para

    permitir a entrada da gua do mar no sistema.

    ralo Serve para proteger a bomba, impedindo a entrada no sistema de sujeira,

    peixes midos e outras espcies marinhas.

    bomba de gua de circulao Tambm do tipo centrfuga, sua finalidade

    aspirar a gua do rio para circular o resfriador de gua doce do motor.

    vlvula de descarga para o rio ou mar Situada no costado da embarcao,

    serve para descarregar a gua de circulao de volta ao rio.

  • 46

    Sistema de resfriamento submerso GRID COOLER (re sfriador de grade)

    Esse sistema vem sendo muito utilizado nos empurradores fluviais mais

    modernos. O resfriador de grade ou (grid cooler), mostrado na figura 2.13, instalado

    no lado de fora do casco, r ou na lateral, numa cavidade apropriada. O sistema

    simples e a diferena mais acentuada entre ele e o que acabamos de estudar que o

    resfriador, formado por uma grade de tubos, fica imerso na gua do meio em que o

    navio navega e, portanto, no necessita de bomba pa ra circular a gua do rio.

    As figuras 2.14 e 2.15 mostram a instalao do grid cooler na parte de r e na lateral do

    casco da embarcao. Trata-se, na verdade, de um ap erfeioamento do antigo sistema

    de resfriamento sob quilha que foi muito utilizado nos antigos barcos pesqueiros da

    Regio Amaznica.

    2.4 sistema de combustvel A finalidade do sistema de combustvel enviar, para dentro dos cilindros, a

    quantidade de combustvel adequada carga com a qu al o motor opera.

    A composio bsica de um sistema de combustvel mostrada na figura 2.16.

    Vamos ento identificar cada componente:

    Fig. 2.13

    Fig. 2.14 Fig. 2.15

  • 47

    Nomenclatura:

    a. tanque de combustvel

    b. vlvula de comunicao

    c. pr-filtro

    d. bomba alimentadora

    e. bomba injetora

    f. comando manual da bomba

    g. filtro

    h. injetor de combustvel

    i. linha de retorno

    j. regulador de velocidade

    Agora que j identificamos os componentes, vejamos a finalidade de cada um

    deles:

    tanque de combustvel Reservatrio onde colocado o leo combustvel a s er

    queimado no motor.

    Fig. 2.16

  • 48

    vlvula de comunicao Comunica ou interrompe o fluxo de combustvel para

    o motor.

    pr-filtro como o nome sugere, responsvel pela primeira filtragem do

    combustvel; normalmente transparente e possui uma vlvula de dreno para

    possvel remoo de gua e borra.

    bomba alimentadora Aspira o combustvel do tanque e o envia sob presso

    para a admisso da bomba injetora. acionada mecan icamente pelo prprio

    motor.

    comando manual da bomba alimentadora Utilizado quando se deseja fazer a

    escorva (retirada de ar) do sistema.

    filtro de combustvel Tem a finalidade de no deixar que impurezas slid as no

    combustvel passem para os injetores. H vrios tipos de filtros, como os de

    feltro, os de tela fina e os de papel prensado, sendo alguns deles descartveis.

    bomba injetora de combustvel Tem a finalidade de dosar a quantidade de

    combustvel, de acordo com a carga do motor, e envi-lo em alta presso para

    os injetores.

    injetor Tambm chamado de bico injetor, ou vlvula de injeo, o elemento

    que introduz o combustvel no cilindro de forma pulverizada.

    linha de retorno Permite que a sobra de combustvel do injetor retorne para o

    sistema.

    regulador de velocidade embora no seja considerado como elemento do

    sistema de combustvel, esse dispositivo regula a velocidade do motor atuando

    na cremalheira da bomba injetora. dessa maneira q ue a bomba aumenta ou

    diminui a quantidade de combustvel enviada aos injetores.

    A bomba injetora, que voc v no sistema , na verdade, um conjunto de 4

    pequenas bombas alternativas montadas em uma nica carcaa. Esse conjunto de

  • 49

    bombas acionado por um eixo de ressaltos, que por sua vez acionado pelo prprio

    motor.

    Funcionamento da bomba Bosch

    A figura 2.17 mostra em corte um elemento da bomba Bosch. Observe que o

    mbolo apresenta um rasgo vertical e um rasgo helicoidal (em forma de hlice). O

    tucho imprime ao mbolo um movimento alternado no interior do cilindro da bomba.

    Esse cilindro possui duas aberturas diametralmente opostas, denominadas janelas.

    Quando essas janelas so abertas pelo prprio mbolo, durante o seu movimento de

    descida, o combustvel vindo da bomba alimentadora para a cmara em volta das

    janelas do cilindro penetra no mesmo fazendo o seu enchimento. Essa presso

    relativamente baixa, da ordem de 4 a 6 bar. No movimento de subida, o mbolo

    comprime o combustvel que, agora em alta presso, levanta a vlvula de reteno

    situada na descarga da bomba, constituda das seguintes partes:

    Repare que a cremalheira, acionada manualmente ou por meio do regulador de

    velocidade, engrena na bucha dentada que na sua parte inferior tem um rasgo onde se

    aloja a asa do mbolo. Isso permite que ao ser movimentada para um lado ou para o

    outro, a cremalheira obrigue o mbolo a girar alguns graus num ou noutro sentido. A

    descrio foi feita em linhas gerais. Agora voc precisa saber como a bomba controla a

    1. cilindro ou bucha

    2. mbolo

    3. cremalheira

    4. copeta ou esbarro superior

    da mola

    5. copeta ou esbarro inferior

    da mola

    6. mola de recuperao do

    mbolo

    7. encaixe do flange do

    mbolo

    8. flange do mbolo

    9. luva de regulagem Fig. 2.17

  • 50

    quantidade de combustvel enviada ao injetor, de acordo com a carga do motor. Para

    isso, acompanhe a nossa explicao observando as fi guras 2.18 A, B e C.

    Quando o mbolo no seu curso descendente descobre as janelas (figura 2.18 A),

    o combustvel penetra no cilindro. Ao movimentar-se para cima, o mbolo cobre as

    janelas do cilindro (figura 2.18 B), iniciando a compresso do leo combustvel. Este,

    sob alta presso, vence a resistncia da mola da vlvula de reteno na descarga da

    bomba, levantando-a de sua sede e permitindo a descarga do combustvel.

    Quando o mbolo alcana a posio mostrada na refe rida figura (2.18 C), o

    rebaixo helicoidal descobre a janela de contorno e o combustvel, que estava sendo

    comprimido, escapa do cilindro pelo seguinte caminho: rasgo vertical, rebaixo helicoidal

    e janela de contorno. Assim termina a injeo. Como a presso no interior do cilindro

    cai bastante, a vlvula de reteno, na descarga da bomba, fecha imediatamente por

    ao da sua mola.

    Na etapa que acabamos de descrever, consideramos apenas o movimento

    alternado do mbolo, na situao de dbito mximo da bomba. fcil perceber que,

    entre o dbito nulo e o dbito mximo da bomba, existe uma infinidade de dbitos

    diferentes. Para cada nova condio de carga do mot or, a cremalheira tem que ser

    movimentada para fazer girar um pouco o mbolo num ou noutro sentido, aproximando

    ou afastando o rebaixo helicoidal da janela de contorno, variando a quantidade de

    combustvel enviada ao injetor. A figura 2.19 mostra as posies do mbolo em relao

    janela de contorno nas condies de 100% e 50% da carga, em vazio e na condio

    de motor parado; observe que as posies a e b representam as fases de admisso

    e compresso do combustvel.

    Fig. 2.18

  • 51

    Funcionamento da vlvula de injeo de combustv el

    O combustvel chega vlvula de injeo, ou inje tor, (figura 2.20) por meio do

    tubo de alta presso (1). Um canal interno (2) cond uz o combustvel at cmara de

    presso (3), que cerca a extremidade da vlvula de agulha (4), que mantida

    firmemente assentada na sua sede pela ao do conju nto formado pela haste 5 e pela

    mola 6. O combustvel em alta presso exerce um emp uxo entre a ponta da agulha e o

    seu assento. To logo esse empuxo torne-se superior ao da mola (6), a agulha

    levantada de sua sede dando passagem ao combustvel em forma pulverizada,

    iniciando assim a injeo. Depois que a quantidade dosada pela bomba penetra no

    cilindro, a presso baixa e a agulha cai em seu ass ento, fechando a passagem do

    combustvel.

    Teste de uma vlvula de injeo de combustvel

    A figura 2.21.mostra um aparelho de teste de vlvulas de injeo convencionais.

    O sistema consta essencialmente de um depsito com filtro interno para combustvel,

    uma bomba de alta presso, um manmetro e dois tubo s, um ligando o depsito

    bomba e o outro ligando esta vlvula a ser testada.

    Fig. 2.19

    Fig. 2.20

  • 52

    O manmetro de preciso e permite a leitura dos v alores de presso a que a vlvula

    vai sendo submetida durante o teste. Como pode ser visto na figura, a bomba do

    aparelho acionada manualmente pelo operador, que com uma chave de fenda est

    atuando no parafuso de regulagem da vlvula.

    Calagem de uma bomba injetora

    Todas as bombas injetoras de combustvel possuem marcas de referncia para

    montagem. As bombas Bosch de comando prprio, por e xemplo, trazem referncia na

    sua engrenagem de comando. J as sem comando prprio, por serem individualmente

    instaladas no motor, dispem normalmente de uma jan ela de ponto ou de sincronizao

    na sua carcaa. Observe que na parte superior do tu cho h um parafuso de regulagem

    com uma porca de fixao. Vejamos ento, como deve ser feita a sincronizao ou

    calagem desse tipo de bomba injetora.

    No incio da injeo, a marca que aparece na capa do seguidor da bomba

    (pea interna mvel, em amarelo) dever estar em co incidncia com as marcas feitas

    nas bordas da janela de sincronizao, como mostrad o na figura 2.22 A. Portanto, se a

    Fig. 2.21

    Fig. 2.22

  • 53

    marca do avano injeo estiver gravada no volant e, basta voc girar o volante do

    motor e buscar o ngulo correspondente posio do incio da injeo. Feito isto,

    verifique se houve ou no a coincidncia da marca da capa do seguidor da bomba com

    as marcas existentes nas bordas da janela de inspe o. Se no houver, voc pode

    retirar a bomba do motor para ter acesso ao parafuso de regulagem, folgar sua porca e

    enrosc-lo ou desenrosc-lo um pouco, sempre recolocando a bomba aps cada

    regulagem, at que se atinja a condio adequada. q ue a mostrada na figura 2.22 B.

    No esquea que quando se encontra o ponto certo, d eve-se travar o parafuso por

    meio da porca de fixao, antes de reinstalar a bom ba em definitivo.

    Uma outra maneira de se encontrar o ponto certo retirar ou colocar calos

    entre o flange de assentamento da bomba e a plataforma do motor sobre a qual ela

    montada.

    A operao que acabamos de descrever um tanto la boriosa porque, embora

    voc tenha convico do que est fazendo, obrigado a contar com as tentativas de

    acertar a posio ideal, cada vez que retira a bomb a, d um pequeno giro no parafuso

    e torna a recoloc-la.

    Sistema de injeo eletrnica de combustvel

    A injeo eletrnica (figura 2.23) hoje uma real idade a bordo de muitos navios

    mercantes. Por isso mesmo, vamos fazer um breve estudo do referido sistema, cujo

    funcionamento resume-se no seguinte: o combustvel aspirado do tanque de servio,

    atravs de um filtro, por uma bomba eltrica de baixa presso (bomba alimentadora).

    Esta bomba envia o combustvel para a admisso da b omba de alta presso, a qual

    eleva substancialmente a presso do combustvel e o envia para um coletor comum

    (common rail), onde um sistema de controle sofisticado mantm a presso constante

    (em cerca de 1350 bar).

  • 54

    Os bicos injetores, eletronicamente controlados por uma ECU (Unidade de Controle

    Eletrnico), introduzem o combustvel atomizado nos cilindros do motor. Na realidade, a

    CPU envia sinais eltricos de duraes variadas par a ativar a bobina da vlvula de

    injeo eletromagntica, controlando assim o tempo das injees. A ECU, portanto,

    processa, em milsimos de segundo, milhares de informaes tais como: giro do motor,

    acelerao exigida e temperatura do ar, determinand o exatamente a quantidade de

    combustvel a ser injetado nos cilindros em funo da carga a que o

    motor estiver submetido. Para que isso seja possvel, vrios sensores so instalados no

    motor. A Unidade de Controle Eletrnico gerencia i nclusive a injeo piloto,

    otimizando a combusto. Em consequncia, obtm-se um timo desempenho com

    sensvel reduo na emisso de gases poluentes, con sumo de combustvel, e

    vibraes, viabilizando, assim, um funcionamento ho mogneo do motor.

    Manuteno do sistema de combustvel

    A manuteno de rotina de um sistema de combustve l resume-se praticamente

    no seguinte:

    a) verificao do nvel e da qualidade do leo comb ustvel no tanque de servio;

    b) limpeza dos filtros;

    c) drenagem de gua acumulada em tanques e filtros;

    d) extrao de ar que possa penetrar no sistema (es corva).

    e) eliminao de vazamentos

    f) limpeza no motor para facilitar a localizao de fugas de combustvel

    As bombas injetoras e os injetores so normalmente revisados em terra por

    oficinas especializadas. absolutamente recomendvel que se tenha a bordo pelo

    Fig. 2.23

  • 55

    menos um jogo de sobressalentes do sistema de inje o (filtro, bomba alimentadora,

    injetor e bomba injetora).

    IMPORTANTE!

    A utilizao do leo pesado nos navios fluviais

    At agora temos estudado os motores Diesel queimando apenas leo Diesel.

    Entretanto, os navios fluviais mais novos, pertencentes s maiores companhias de

    navegao da Amaznia, esto adquirindo seguidament e navios com tecnologia de

    leo pesado, sendo normalmente utilizado o IFO 180 cts. Ora, para que esse tipo de

    combustvel possa queimar nesses motores, a instalao de mquinas tem que ser

    acrescida de um maior nmero de componentes.

    Entre as vrias exigncias, o navio necessita de uma fonte de aquecimento para

    esse tipo de combustvel. Essa fonte pode ser vapor oriundo de uma caldeira, leo

    trmico ou energia eltrica alimentando resistores. Alm disso, necessita de tanques de

    decantao, centrifugadores, aquecedores, filtros a utomticos, viscosmetro, etc. Todos

    esses componentes so necessrios, pois o leo pesado chega a bordo contaminado

    principalmente com gua e borra. Se o leo pesado no for muito bem tratado, o motor

    sofrer desgastes excessivos; lembre-se que o prprio combustvel que serve de

    lubrificante para certos pontos vitais do sistema como, por exemplo, os mbolos e

    camisas das bombas injetoras. Alm de inmeros problemas durante o funcionamento,

    resultando em reduo da performance do motor, ocor re tambm um aumento das

    emisses poluentes decorrentes de m combusto.

    O ar, a gua e a borra so os maiores inimigos do s istema de combustvel. O ar no deixa o motor funcionar. Para remov-lo devemos escorvar o sistema. Escorva a operao de se reti rar o ar do sistema enchendo os espaos com leo combustvel . A presena de gua no combustvel pode impedir o mo tor de partir ou provocar a sua parada em momento crtico. A gua removida por drenagem aps sedimentao, e por meio de um centri fugador operando como purificador. A borra causa desgaste excessivo nos componentes do sistema de combustvel, provoca prendimento dos mbolos das bo mbas injetoras e obstruo dos furos dos injetores, comprometendo se riamente o funcionamento do motor. Para elimin-la do combust vel use o centrifugador .

  • 56

    Nos navios da atualidade, os combustveis dos tanques de servio de leo Diesel

    e leo pesado so admitidos num mdulo de condicionamento de combustvel .

    O combustvel de cada tanque de servio a ser adm itido no mdulo de

    condicionamento previamente tratado pelos processos de decantao e

    centrifugao. Portanto, a partir dos tanques de ar mazenamento, tanto o leo Diesel

    quanto o pesado so primeiramente enviados para os tanques de decantao por uma

    das bombas de transferncia. Nesses tanques de decantao, ou sedimentao, o

    processo de separao de impurezas ocorre graas diferena de densidades. Assim,

    aps algumas horas de repouso no tanque, uma boa pa rte de gua e borra presentes

    nesses combustveis pode ser eliminada pelas vlvulas de dreno dos referidos tanques.

    Mas como esse simples processo de separao no sat isfaz s exigncias dos

    sistemas de injeo dos motores Diesel, um centrifu gador de leo Diesel e outro de

    leo pesado aspiram os combustveis desses tanques , e os processam, removendo

    praticamente toda a gua e borra neles contida e os enviam para os tanques de servio

    do motor. A figura 2.24 d uma idia mais precisa do que acabamos de explicar.

    Fonte: UNITEST, VIRTUAL ENGINE ROOM 1998-2006, Stefan Kluj

    O mdulo de condicionamento de combustvel

    O mdulo de condicionamento de combustvel proje tado para assegurar

    limpeza, presso, temperatura e viscosidade na raz o de fluxo especificada pelos

    Fig. 2.24

  • 57

    fabricantes dos motores Diesel martimos. Esse md ulo mais conhecido a bordo com

    o nome de unidade booster de leo pesado.

    Vrias configuraes foram projetadas para esses m dulos, mas a experincia

    demonstrou que o sistema pressurizado em dois estgios vem sendo preferido em todo

    o mundo, isso porque os sistemas de simples estgio apresentam inconvenientes como

    a dificuldade no controle e a tendncia de sofrer a partir da cavitao e desgaseificao

    associada a problemas de alta temperatura do combustvel.

    Pela sua enorme aceitao no mercado mundial, noss o estudo ser feito com

    base no mdulo de condicionamento da Alfa Laval mos trado na figura 2.25.

    ,

    .

    Fonte: http://www.alfalaval.com/solution_finder/products/fcm/Pages/FCM.aspx. Acesso em out. 2008

    Trata-se de um mdulo compacto e muito simples de instalar. Como podemos

    observar na figura 2.26, todos os seus componentes, incluindo tubos, vlvulas,

    aquecedores, bombas, filtros e viscosmetro so ins talados em uma mesma base. A

    estrutura suporta tambm um armrio tendo em sua parte inferior os dispositivos de

    partida e na superior um avanado sistema de contro le de processo.

    Fig. 2.25

  • 58

    Fonte: UNITEST Marine Training Software, Engineering CBT, Operators Handbook

    Funcionamento do mdulo de condicionamento de co mbustvel

    O mdulo de condicionamento de combustvel Alfa La val um sistema

    amplificador pressurizado constitudo de dois estgios que utiliza a viscosidade como o

    parmetro primrio de controle. No primeiro estgio, tambm chamado de estgio de

    baixa presso, o combustvel mantido numa presso de 4 bar. J no segundo estgio,

    ou estgio de alta presso, a faixa de operao sit ua-se entre 6 e 16 bar, dependendo

    das exigncias do fabricante do motor a ser alimentado pelo mdulo.

    O leo do tanque de servio entra no estgio de ba ixa presso por meio da

    vlvula de trs vias e admitido em uma das bombas de suprimento, sendo uma

    reserva da outra. Naturalmente, quando uma est em operao, a outra est em modo

    de espera (stand-by). A operao desse primeiro est gio elimina os problemas de

    gaseificao e cavitao, associados s altas tempe raturas do combustvel (120 a 150

    C.). Isso assegura um mesmo fluxo de combustvel e protege a bomba contra danos.

    Um filtro automtico de alta performance com um mnimo de manuteno,

    fabricado pela prpria Alfa Laval e dotado de um co ntorno manual que permite a

    remoo de qualquer partcula presente no combustv el que poderia causar problemas

    para o motor..

    Fig. 2.26

    Fig. 2.26

  • 59

    Um transmissor de fluxo, instalado no lado de presso das bombas de

    suprimento, monitora o consumo de combustvel. Como opo, um transdutor de fluxo

    de massa pode ser instalado.

    O elemento final do estgio de baixa presso o tubo de mistura com funo de

    desaerao. nele que o combustvel novo mistura do com o combustvel quente que

    retorna do motor. Esse retorno de combustvel controlado por uma vlvula reguladora

    de presso que faz parte do prprio sistema do moto r e que responsvel por manter a

    presso constante na admisso das bombas injetoras, independente da variao do

    consumo decorrente da variao da velocidade do mot or. Assim, o combustvel novo

    entra pela vlvula de trs vias de acordo com o consumo do motor. Gases que se

    acumulam nesse tubo so automaticamente descarregad os para o tanque de servio

    de leo combustvel, sendo que um permanente colch o de ar no interior do tubo reduz

    as flutuaes de presso dentro do sistema. Se a bo mba de suprimento falhar, o

    sistema automaticamente a substituir pela que estava em modo de espera.

    Do tanque de mistura o combustvel flui para o segundo estgio ou estgio de

    alta presso, sendo a razo de fluxo estabelecida n a real razo de consumo, para

    prevenir falta de combustvel para o trabalho normal dos injetores. Obviamente as

    mltiplas razes de fluxo no sistema so determinadas pelo fabricante do motor.

    Do estgio ou seo de alta presso fazem parte as duas bombas de circulao

    dimensionadas para prover um fluxo total requerido pelo fabricante do motor. Essas

    bombas operam do mesmo modo que as do primeiro estgio, sendo uma reserva da

    outra. Naturalmente, se a que estiver em operao f alhar, o sistema ativar a outra

    sendo disparado um alarme. Uma lmpada acesa indica r qual das bombas estar em

    operao.

    Os aquecedores de combustvel so do tipo de placa s. So projetados para

    operar com presses e temperaturas elevadas at (16 bar e 170C).

    O transdutor de viscosidade, cujo sensor responsvel pela medio da

    viscosidade do combustvel e envio do um sinal para o controlador. No referido

    equipamento o sinal comparado com o valor de viscosidade determinado pelo

  • 60

    fabricante do motor e em caso de desvios do valor desejado eles so corrigidos pelo

    ajuste do fluxo da fonte de aquecimento do aquecedor (vapor ou leo trmico)..

    O controlador de processo quem monitora e controla as funes do sistema,

    mostrando os valores processados e os alarmes em termos bem claros. O processo

    padro de leitura inclui viscosidade, temperatura d e sada e razo de consumo de

    combustvel.

    2.5 sistema de alimentao de ar De acordo com o processo de admisso de ar, o moto r Diesel pode ser: de

    aspirao natural ou superalimentado.

    Motor de aspirao natural e motor superalimenta do

    O motor de aspirao natural (figura 2.27), quan do aspira o ar nas condies

    em que se encontra na atmosfera; ou seja, na press o e temperatura que ns, seres

    humanos, aspiramos. Por sua vez, o motor superalimentado aquele no

    qual o ar aspirado da atmosfera comprimido antes de ser enviado aos cilindros do

    motor. Essa compresso, na maioria das vezes, feita por meio de um compressor

    rotativo acionado por uma turbina, sendo o conjunto denominado turbocompressor. A

    figura 2.28 mostra um motor de 4 tempos superalimentado. Observe que no referido

    sistema aparecem dois outros componentes: o resfriador de ar e o caixo de ar de

    superalimentao, que juntamente com o turbocompres sor, sero estudados em

    seguida.

    Fig. 2.27

  • 61

    O fato de se utilizar um turbocompressor no processo de superalimentao

    permite que esses motores sejam tambm denominados de turboalimentados ou

    turbocarregados. As partes principais da unidade turbocompressora so as seguintes:

    carcaas do compressor e da turbina;

    rotor; e

    mancais do compressor e da turbina..

    Funcionamento da unidade turbocompressora

    A figura 2.29 mostra uma unidade turbocompressora da Brown Boveri. Seu

    princpio de funcionamento resume-se no seguinte: os gases de descarga dos cilindros

    do motor Diesel entram na carcaa da turbina pelo c anal (1). Essa carcaa

    Fig. 2.28

  • 62

    possui espaos ocos denominados jaquetas, destinad os circulao da gua de

    resfriamento. Passando pelo expansor (2), os gases atuam nas palhetas (3) da roda da

    turbina e movi