a educacao

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA VITÓRIA - ES 2010

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Page 1: A educacao

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE

A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA

VITÓRIA - ES 2010

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DIEGO ZANETE BONETE ESTEVAN DO AMARAL MENEGUELLI

FLÁVIO DA SILVA MARQUES RONALDO GARCIA DE ARAÚJO

A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação, Política e Sociedade do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado Pleno em Geografia. Orientadora: Profª. Msc. Solange Lins Gonçalves. Co-orientadora:Prof.ª Marisa Terezinha Rosa Valladares

VITÓRIA - ES 2010

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DIEGO ZANETE BONETE ESTEVAN DO AMARAL MENEGUELLI

FLÁVIO DA SILVA MARQUES RONALDO GARCIA DE ARAÚJO

A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE GEOGRAFIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação, Política e Sociedade do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado Pleno em Geografia.

Aprovado, em 24 de junho de 2010.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof.ª Msc. Solange Lins Gonçalves Universidade Federal do Espírito Santo Orientadora

Prof.ª Dr.ª Marisa Teresinha Rosa Valladares Universidade Federal do Espírito Santo

Prof.ª Dr.ª Gisele Girardi Universidade Federal do Espírito Santo

Prof.ª Rosa Rasuck Analista Cultural

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5

Dedicatória

Dedico este trabalho a Deus e a minha família, razões

do meu viver, e em especial a minha mãe, mulher forte e

trabalhadora. E a todos os estudantes que migraram de

suas cidades de origem em busca de uma esperança

nesta universidade.

Diego Z. Bonete

A Deus, meu sustentador, por toda a força e direção

dada em todos os momentos.

A todos os que me encorajaram e incentivaram a

enfrentar esta etapa estudantil tão relevante.

Estevan do A. Meneguelli

A Deus, por acreditar que nossa existência pressupõe

uma outra infinitamente superior.

A minha esposa, por acrescentar razão e beleza aos

meus dias.

Aos meus pais, pelo exemplo, amizade e o carinho.

Flávio da S. Marques

Deus pelo milagre da vida,...

Aos meus pais, familiares e amigos pela dedicação,

incentivo, compreensão...

A minha esposa e a minha filha pelas minhas faltas...

Ronaldo Garcia de Araújo

Page 5: A educacao

6

Epígrafe

O olhar geográfico sobre o passado possibilita

compreender as paisagens culturais e naturais do

presente, favorecendo o planejamento do espaço

geográfico futuro.

Ronaldo Garcia de Araujo

Page 6: A educacao

7

Resumo

A Educação Patrimonial como instrumento no ensino de geografia tem por objetivo

possibilitar ao professor do ensino fundamental o uso de mais uma ferramenta,

capaz de tornar mais próximo do cotidiano escolar os conceitos chaves da geografia

mediante a valorização do Patrimônio Cultural local, despertando nos alunos e na

comunidade, onde esse é parte integrante, a importância do fortalecimento da

memória coletiva e individual. Constitui-se objeto deste trabalho, a ampliação da

capacidade dos alunos em compreender a existência dos patrimônios históricos e

culturais diante das transformações geradas no tempo-espaço; perceber a

importância da memória como ferramenta da Educação Patrimonial para

aprendizagem dos conceitos geográficos; e elaborar material paradidático

denominado “Guia do Professor” contendo descrições conceituais e atividades inter-

relacionando o Patrimônio Cultural do Espírito Santo e os conceitos chaves

geográficos - lugar, paisagem e espaço geográfico -, permitindo ainda uma

abordagem de diferentes temas da geografia. A metodologia foi baseada na

apresentação avaliativa do material paradidático “Guia do Professor” para

professores e graduandos finalistas, do curso de licenciatura plena e bacharelado

em geografia da Universidade Federal do Espírito Santo, que lecionam, ou

lecionaram, na rede pública ou privada de ensino. Esses participantes consideraram

o material paradidático um instrumento valioso para ensino e aprendizagem da

geografia, pois, permitiu aguçar o “olhar geográfico” sobre os objetos culturais

presentes nas paisagens geográficas, ocupantes de vários lugares na dimensão

espaço-temporal. Por fim, observamos a necessidade do fortalecimento da formação

continuada para o professor de geografia, de modo a permitir um equilíbrio entre

seus conhecimentos e as constantes transformações do mundo.

Palavras-chave: conceitos chaves da geografia; educação patrimonial; patrimônio cultural; material paradidático.

Page 7: A educacao

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LISTAS DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Dunas de Itaúnas, em Conceição da Barra/ES..................................29 Fotografia 2 – Reserva Ecológica de Jacarenema, em Vila Velha/ES......................30 Fotografia 3 - Av. Jerônimo Monteiro – Décadas de 1930 a 1950............................31 Fotografia 4 - Cacos de cerâmica colonial coletados no sítio das ruínas do rio Salinas, em Anchieta/ES...............................................................................................................32 Fotografia 5 – Congo.................................................................................................33 Fotografia 6 - Parque Moscoso – Vitória/ES.............................................................40 Fotografia 7 - Cidade de Vitória vista da Prainha – Vila Velha/ES...........................42

Fotografia 8 - Viaduto Caramuru – Vitória/ES..........................................................43

Fotografia 9. Palestra de capacitação......................................................................45 Fotografia 10. Momento de discussão.....................................................................46

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9

LISTAS DE TABELAS Tabela 1 – O objeto cultural como fonte primária do conhecimento - etapas metodológicas.....................................................................................................................26

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10

LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma da Classificação do Patrimônio Cultural................................29

Page 10: A educacao

11

LISTA DE SIGLAS DT – Designação Temporária.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. LEAGEO - Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Geografia MEC - Ministério da Educação PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization). RMGV – Região Metropolitana da Grande Vitória.

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.

Page 11: A educacao

12

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................13

2. NOVOS OLHARES NO ENSINO DA GEOGRAFIA..............................................15

2.1. UM BREVE PARECER SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA.............15

2.2. NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO EM GEOGRAFIA E REALIDADE

ESCOLAR..................................................................................................................17

2.3. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E NOVOS OLHARES NO

ENSINO DE GEOGRAFIA.........................................................................................20

3. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO DO ENSINO DE

GEOGRAFIA..............................................................................................................23

3.1. PLURALIDADE CULTURAL................................................................................23

3.2. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA.........................25

3.3. PATRIMÔNIO CULTURAL..................................................................................27

3.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA APLICAÇÃO NO

ENSINO DE GEOGRAFIA.........................................................................................28

3.3.1.1. Bens Naturais.......................................................................................29

3.3.1.2. Bens Materiais......................................................................................31

3.3.1.3. Bens Imateriais.....................................................................................33

3.4. DIVERSIDADE CULTURAL................................................................................34

3.5. PAISAGEM CULTURAL......................................................................................35

4. GEOGRAFIA E MEMÓRIA....................................................................................36

4.1. VISÃO GERAL....................................................................................................36

4.2. CONCEITUANDO LUGAR..................................................................................39

4.3. CONCEITUANDO PAISAGEM............................................................................41

4.4. CONCEITUANDO ESPAÇO GEOGRÁFICO......................................................42

5. APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO E

APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA – APRESENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DO

“GUIA DO PROFESSOR”.........................................................................................45

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................49

7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO........................................................................50

ANEXOS....................................................................................................................53

Page 12: A educacao

13

1. INTRODUÇÃO

O ensino da geografia tem papel singular na formação dos alunos do ensino

fundamental, pois proporciona instrumentos imprescindíveis para compreensão e

intervenção na realidade social na busca da conquista da cidadania.

Como forma de auxiliar na ampliação da capacidade e habilidade desses alunos o

Ministério da Educação (MEC), mediante a instituição dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs), reservou à disciplina de geografia o objetivo pedagógico de

trabalhar diversos elementos essenciais ao fortalecimento da identidade individual e

coletiva, tendo dentre suas premissas a valorização do patrimônio sociocultural.

Para alcançar esses objetivos é fundamental que os alunos aprendam a observar, a

conhecer, a explicar, a comparar e a representar o espaço geográfico. Favorecendo

o fortalecimento e preservação da memória coletiva e individual, com intuito de

formar um aluno-cidadão.

Assim, este trabalho tem como finalidade evidenciar a importância da aplicação dos

temas transversais no ensino de geografia, em especial, a Pluralidade Cultural,

tendo como instrumento a Educação Patrimonial, conceito e metodologia, buscando

evidenciar sua interface com os conceitos-chaves da geografia, tais como: lugar,

paisagem e espaço geográfico. Abarcando-se os seguintes objetivos específicos:

(a) compreender a existência dos patrimônios históricos e culturais diante das

transformações geradas no tempo-espaço;

(b) perceber a importância da memória como ferramenta da Educação Patrimonial

para aprendizagem dos conceitos geográficos, como paisagem e lugar na

construção da identidade;

(c) elaborar material paradidático denominado “Guia do Professor”, contendo

descrições conceituais e atividades inter-relacionando Patrimônio Cultural do

Espírito Santo e os conceitos-chaves geográficos - lugar, paisagem e espaço

geográfico -, permitindo ainda uma abordagem de diferentes temas da geografia.

Page 13: A educacao

14

O recorte Espacial adotado para esse trabalho foi a Região Metropolitana da Grande

Vitória (RMGV), sendo direcionada aos professores que atuam no 7º ano do ensino

fundamental, cujo PCN define no Eixo 3: O campo e a cidade como formações

socioespaciais – o espaço como acumulação de tempos desiguais, o qual

possibilita trabalhar a educação patrimonial, pois:

A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Esse processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural. (HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG, E. ; MONTEIRO, A. Q., 1999, p. 6).

Para plena utilização desse procedimento no ensino e aprendizagem da geografia, e

considerando a necessidade de capacitação dos professores para trabalharem essa

temática em sala de aula, optou-se pela realização de um mini-curso de capacitação

para os professores de geografia que lecionam no ensino fundamental, em escolas

localizadas nos municípios: Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, os quais compõem

a RMGV. Utilizando-se da seguinte metodologia: palestra com exposição do

conteúdo e abordagem sobre o desenvolvimento das atividades; intervalo “Café

Geopatrimonial” momento de descontração e troca de experiências; e por último um

debate avaliando a temática prestada.

O resultado do curso de capacitação de professores foi positivo como podemos

constatar ao final desse trabalho. Afinal, trata-se de uma temática que permite ao

professor trabalhar assuntos transversais - pluralidade cultural, meio ambiente e

outros - intrinsecamente com os conceitos-chaves da geografia, de uma forma

lúdica, e culturalmente aceita.

Page 14: A educacao

15

2. NOVOS OLHARES NO ENSINO DA GEOGRAFIA

Serão apresentados a seguir alguns dos dilemas do ensino da geografia, embasado

nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), onde se encontra presente a

Educação Patrimonial, objeto do material paradidático, que auxiliará o professor de

geografia em suas aulas sobre os conceitos-chaves dessa disciplina. Favorecendo

aproximação desses conceitos no cotidiano escolar.

2.1. UM BREVE PARECER SOBRE O ENSINO DA GEOGRAFIA

Em 1782 na França começa a instrução pública, obra do iluminismo e foi

proclamada: “universal, gratuita, laica e obrigatória” (PEREIRA, 1989, p.22). Antes

da Revolução Francesa a educação era um privilégio que só os escolhidos de Deus

podiam desfrutar, assim, quem não era nobre continuava na inércia dos saberes, e

se tornavam uma massa fácil de ser manipulada, com o medo do castigo da mão de

Deus. A gratuidade da educação foi vista pela burguesia, como um caminho para a

conquista da hegemonia, assim desestruturando a igreja e os senhores feudais.

A burguesia quando se torna à classe dominante, subindo ao poder, começa a

estruturar sistemas nacionais de ensino e escolas para todos, de acordo com a

ideologia burguesa essa era a forma de “servos serem convertidos em cidadãos”

(PEREIRA, 1989, p. 21), e assim, “participassem do processo político” (PEREIRA,

1989, p. 23) consolidando a democracia burguesa. A transformação de servos em

cidadãos consiste como elemento marcante no rompimento do feudalismo, isso

somente foi possível pela educação, assim a escola surge libertando os homens da

ignorância.

Com a implantação dos sistemas de ensino para os cidadãos, surge o principio de

que mediante a educação todos os indivíduos tornam-se iguais. Assim a burguesia

vê que não basta mudar o rumo do poder vigente, é preciso tornar seus ideais

permanentes, desta forma ela muda de estratégia para perpetuar seus interesses,

expande o sistema de ensino de forma que esse reproduza as relações de classe, e

o capitalismo torna-se um sacro império.

Page 15: A educacao

16

No século XIX a escola se afirma, assim como o capitalismo, e assume uma postura

nacionalista, reforçando os valores burgueses apresentados como universais. Desta

forma, a Geografia, assim como outras disciplinas que formam o currículo escolar,

torna-se instrumento de uma classe que deseja que sua hegemonia nunca seja

quebrada.

A partir da delimitação geográfica, dos costumes e línguas, surgem na Europa os

Estados-Nações e, assim, a escola é usada como instituição que permitia a

imposição da nacionalidade e do capitalismo burguês. O Estado que lutava para a

libertação de mentalidades arraigadas a preceitos é o mesmo estado com o espírito

protetor da burguesia, uma moeda e seus dois lados.

Para implementar os ideais burgueses foi necessário deixar as diferenças de lado e

utilizar-se da educação para trabalhar os verdadeiros propósitos e anseios da classe

burguesa, dessa forma a sociedade capitalista florescia ao mesmo tempo em que a

nacionalidade, no sentido burguês, se afirmava.

Diante deste cenário as disciplinas surgem nos currículos escolares, não apenas

como ciência, mas como ferramentas para consolidação dos valores burgueses.

Segundo Pereira (1989, p. 26) “[...] A Geografia é incluída nos currículos por razões

geopolíticas enquanto não só marca a naturalidade do homem no espaço, mas

também sustenta que o homem só é humano porque incluído num espaço politizado

nacional [...]”.

Desta forma a geografia entra nos currículos escolares com dupla intenção, a

primeira como ciência de grande importância para o mundo, seus feitos devem ser

mostrados para o pleno desenvolvimento das potencialidades de todos, e a segunda

como legitimadora de um ideal em que quanto mais nações, mais rotas de mercado

se abrem ao capitalismo, fazendo com que o ensino da geografia seja limitante. Mas

e hoje, na contemporaneidade, a quanto andas o ensino e as práticas da geografia?

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2.2. NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO EM GEOGRAFIA E A

REALIDADE ESCOLAR

A geografia, igualmente as outras ciências, quando inserida nos currículos escolares

como disciplina trouxe consigo uma dualidade: a de ciência e a de mantenedora de

um ideal. Mesmo com o passar das décadas podemos perceber vestígios dessa

dualidade. Podem-se observar ao longo do tempo várias fases da Geografia:

nacionalista, abstrata, acrítica e física. Diante de tal cenário, é comum a existência

de algumas barreiras ao ensinar os conceitos-chave da geografia.

Uma das primeiras dificuldades de ensino da ciência geográfica se configurou, logo

após da afirmação da geografia como disciplina escolar, com toda a carga dos

discursos nacionalistas, o ensino acabou sendo direcionada para a descrição dos

elementos físicos, uma geografia sem vida, em que seu estudo baseava-se na

memorização dos pontos naturais da terra.

Com o passar do tempo, essa geografia foi reforçada com a era dos militares, onde

seu ensino era reduzido a dados topográficos e estatísticos. O final desse período

de ensino militarista, e com advento da tecnologia, da ciência e da velocidade e

multiplicidades dos meios (veículos) de comunicação, os quais contribuíram de

forma de vertiginosa na formação (complexa) das sociedades ocidentais

neocapitalistas puncionaram significativas mudanças sobre o saber geográfico.

Essas alterações implicaram no surgimento de um olhar crítico no processo de

compreensão e explicação do espaço geográfico, a partir dessa de uma leitura de

mundo onde os aspectos físicos e sociais devem ser analisados conjuntamente, de

modo potencializar o nosso entendimento sobre a paisagem que nos circunda. De

acordo com PEREIRA (1989, p. 26) “[...] A geografia analisa o físico, mas o estudo

do físico em si mesmo não tem sentido. Ele só o terá se for considerado como

dominado pelo homem e ligado à idéia de um espaço em que se exerce uma

determinada cidadania [...]”.

A geografia ensinada só pelo físico tende a se eliminar a compreensão e o raciocínio

do humano, fazendo com que a lógica desse raciocínio seja incompleta. Uma vez

que o estudo do espaço geográfico parte da compreensão da “primeira natureza”

Page 17: A educacao

18

(PEREIRA, 1989, p. 29) modificada pelo homem através dos arranjos sociais

transformando-a na “segunda natureza” (PEREIRA, 1989, p. 29), pois a

compreensão unicamente da “primeira natureza” não é a realidade do espaço

geográfico e sim um “enciclopedismo” (BRABANT, 1988, p. 19).

Quando falamos de Geografia abstrata e acrítica, não nos referimos à ciência

geográfica, pelo contrario, uma ciência que tem uma produção concreta e muito

crítica, nos referimos a um estado de dormência em que o ensino escolar da

geografia como também de outras disciplinas vêm passando e que se detectando a

mais de uma década por autores da área, como podemos ver no depoimento de

Ariovaldo Umbelino de Oliveira, a “[…] grande maioria dos professores da rede de

ensino sabe muito bem que o ensino atual da geografia não satisfaz nem ao aluno e

nem mesmo ao professor que o ministra […]”, e que se repete em muitas conversas

com professores e amigos do meio acadêmico que ministram aulas, e também como

professores por designação temporária (DT).

Mediante a esses problemas do dia-a-dia escolar, o professor recorrendo a

ferramentas e práticas de ensino, que não fiquem somente no uso do livro didático,

possa tornar o aluno mais participativo em suas aulas. Muito dos males se deve a

só utilização do livro didático, que com o passar dos anos veio se transformando na

“bíblia” dos professores, onde é recorrente livros com muitos erros e acríticos. Muitos

destes passam apenas uma descrição, ao invés da reflexão dos elementos

geográficos, e muitas vezes tais erros passam despercebidos por nós professores

responsáveis pela sua utilização pois, “[...] os professores e os alunos são treinados

a não pensar sobre e o que é ensinado e sim, a repetir pura e simplesmente o que é

ensinado. O que significa dizer que eles não participam do processo de produção do

conhecimento […]” (OLIVEIRA, 1994, p.28).

Isto se deve muito a formação do professor enquanto universitário, pois não recebe

orientação critica para questionar o livro didático, por isso nos sentimos incapazes

de modificar tal situação. Neste sentido, assim como a instituição escolar, este

recurso continua sendo um poderoso meio de controle da classe dominante. Onde

com tal situação continuamos formando mão de obra barata, ao invés de, uma

escola que forma trabalhadores críticos capazes de produzir e não apenas

reproduzir.

Page 18: A educacao

19

Mediante esta vulnerabilidade, o professor de geografia acaba sendo apenas um

coadjuvante diante do ator principal, o livro didático, pois o professor deposita todo o

seu planejamento neste recurso, deixando de utilizar novas formas lúdicas de

ensinar. O professor não exercita, assim, o pensar, além de proporcionar uma

geografia “limitada e limitante” (OLIVEIRA, 1988, p.26), o professor vê o seu papel

de mediador entre o aluno e o pensar desaparecer, e não explora práticas

diferenciadas de ensinar, onde traga no aluno um aprender mais lúdico aproveitando

a sua vivência.

Em muitos dos relatos ouvidos por professores de geografia, vemos essas

dificuldades em observações como: - “sinto a falta de interesse dos alunos, pois é

difícil conseguir recursos didáticos diferenciados para elucidar questões da geografia

fora do espaço físico restrito da escola” -, ou, - “difícil é criar métodos em que o

aluno reconheça a geografia em seu espaço vivido, assim tirando a geografia da

abstração”.

Tanto alunos, como professores sentem a diferença quando se utiliza novos

recursos didáticos em sala de aula, ainda mais quando esses recursos possibilitam

uma visão ampliada do conhecimento geográfico, onde o físico e o social são

apresentados no mesmo patamar, e não de forma determinante. Os alunos querem

um ensino em que a vida cotidiana esteja nas paginas dos livros, onde possam estar

e fazer parte do espaço, e assim identificar na realidade os elementos geográficos.

Podemos refletir isto nestas palavras:

[...] o professor deve estar consciente de que o espaço próximo para ser analisado precisa ser abordado em sua relação com outras instâncias espacialmente distantes. Nesse processo, a realidade é o ponto de partida e de chegada. De sua observação o aluno deve extrair elementos sobre os quais deve refletir e a partir disso ser levado à construção de conceitos [...]. (ALMEIDA e PASSINI, 1989, p. 12)

Novas práticas de ensino ganham força com a criação das estruturas para

orientação dos professores, os chamados PCNs, onde através destes parâmetros os

Page 19: A educacao

20

docentes podem melhor se instruir sobre o conteúdo de suas matérias e ver até

onde podem explorar tais conteúdos.

Dentro destas orientações também há uma parte muito interessante chamada de

temas transversais, que se desmembram em: Ética, Meio Ambiente, Saúde,

Pluralidade Cultural, Orientação Sexual e Consumo e Trabalho. Todos esses

assuntos podem ser trabalhados e fortalecidos pelo ensino da geografia, assim

como das demais disciplinas, pois são questões freqüentes em nossa sociedade.

A partir desses temas é possível transmitir um saber mais social, ensinando-os

através de novas práticas que contribuam para a plena compreensão da Geografia

e, dessa forma, o estudante tenha a consciência de que está inserido num espaço

ainda em transformação, onde a geografia é uma ciência em movimento e não se

propõe ser estática.

2.3. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E NOVOS

OLHARES NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, foram criados em 1998 pelo Ministério

da Educação para auxiliar os professores em suas disciplinas, orientando-os para

formas mais abrangentes de ensinar.

O conteúdo do PCN de geografia, que tange nossa pesquisa, é o Terceiro Ciclo do

ensino fundamental, onde ele tem como metas - o ensino para a conquista da

cidadania e o respeito às diversidades regionais e culturais - e objetivos tais como:

compreender a cidadania como participação social e política; conhecer e valorizar a

pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro; questionar a realidade formulando

e resolvendo problemas. Tais questões servirão de argumentos para a elaboração

dessa pesquisa.

A busca de práticas pedagógicas diferenciadas para o ensino da Geografia possui

como função principal tornar o ensino mais prazeroso para o aluno, focando a sua

realidade social, cultural, ambiental e econômica. Desse modo, encontramos nos

temas transversais definidos nos PCNs a possibilidade de trabalhar Educação

Page 20: A educacao

21

Patrimonial e sua inter-relação com categorias de análise da geografia (lugar,

paisagem e espaço geográfico).

Os temas transversais trazem a interdisciplinaridade, que acaba sendo um elo entre

as diversas ciências que são ensinadas, a transversalidade e a forma de olhar

diferente sobre algo, e é desta forma que olhamos a Educação Patrimonial: um olhar

sem a alienação de que ela só serve para ensinar a história. Não podemos negar

que a história é importante, e que sempre vai estar vinculada ao símbolo, mas

através da análise da geografia podemos compreender e refletir as múltiplas formas

da paisagem que contém um espaço.

A Educação Patrimonial está contida dentro da Pluralidade Cultural, que é de grande

importância para o ensino, pois é uma forma de sempre resgatar as produções

socioculturais que as sociedades e grupos sociais nos deixaram, e que formaram o

nosso país e suas manifestações no espaço, que no caso dessa pesquisa, é o

Patrimônio. Se tratando de patrimônio e transversalidade outro tema transversal

pode ser trabalhado junto, o Meio Ambiente, pois o patrimônio se abrange aos

símbolos e paisagens naturais que fazem parte da vida e do dia-a-dia de cada um.

Segundo o PCN, o objeto central do ensinar geografia, no Ensino Fundamental,

deve ser o espaço, e de acordo com nossas percepções, o momento propício de se

trabalhar a Educação Patrimonial como ferramenta da Geografia é a partir do 7º ano.

Possibilitando o aluno verificar no espaço/patrimônio estes conceitos e redefini-los

segundo suas percepções, seguindo as orientações do professor, deve, assim,

forçá-lo a sempre estar num trabalho de questionar a realidade, formando um

cidadão crítico e não passivo diante das problemáticas que iram aparecer em sua

vida privada e em sociedade.

É de suma importância trabalhar a Educação Patrimonial a partir do terceiro ciclo,

pois, é nesse momento em que o aluno começa a se aprofundar nos conceitos da

geografia, com isso o aluno vai entender que ele faz parte do espaço que o circunda,

e que este espaço não é imóvel, promovendo assim, um sentimento de

pertencimento aquela realidade ainda em construção, e com isto valorizar o seu

papel de cidadão.

Page 21: A educacao

22

Em nossa pesquisa nos limitamos ao eixo 3 do terceiro ciclo, onde é trabalhado: o

campo e a cidade como formações socioespaciais, onde a Educação Patrimonial

pode ser ensinada de forma mais consciente e incisiva, para que o estudante possa

perceber que, apesar das transformações, o antigo e o novo podem compor uma

única paisagem geográfica.

A fim de obter melhores resultados resolvemos trabalhar a aplicabilidade de nossa

pesquisa com professores do Ensino Fundamental da RMGV, pois, estão mais

próximos da grande gama do Patrimônio Histórico que compõe a nossa realidade,

propondo como ferramenta um Guia de Educação Patrimonial para ajudar o docente

a tirar certos conceitos da abstração e transformar este patrimônio, às vezes

esquecidos, em verdadeiros espaços não formais de educação.

Page 22: A educacao

23

3. A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL COMO INSTRUMENTO NO

ENSINO DA GEOGRAFIA

Neste tópico abordaremos a importância de se trabalhar em sala de aula os temas

transversais, sobretudo a Pluralidade Cultural, tendo como instrumento para o

ensino e aprendizagem da geografia a Educação Patrimonial. Assim,

apresentaremos de forma sucinta a historicidade da formação conceitual do

vocábulo Patrimônio Cultural, como também os conceitos acerca de patrimônios

culturais (bens naturais, materiais e imateriais), paisagens culturais e diversidade

cultural.

3.1. PLURALIDADE CULTURAL

As diretrizes contidas nos PCNs, para o ensino e aprendizagem da geografia no

ensino fundamental, estão voltadas para práticas pedagógicas apropriadas ao

desenvolvimento da capacidade de identificar e refletir dos alunos sobre os

diferentes aspectos da realidade, compreendendo a relação sociedade e natureza,

considerando, entretanto, suas experiências.

Todavia, é importante lembrarmos, que compete ao corpo docente da escola

discernir sobre a forma mais adequada de conduzir o ensino, em virtude do contexto

econômico e socioambiental do local onde encontra-se inserida a escola. O

professor é um dos principais pilares desse processo, em especial, quando exerce

sua autônomia (micro-poder) em sala de aula.

A temática da Pluralidade Cultural, definida como tema transversal nos Parâmetros

Curriculares Nacionais, tem interface singular com os conteúdos da geografia para

os alunos do ensino fundamental. Em especial, os eixos relacionados à formação

socioespacial do campo e da cidade e o estudo da natureza e sua importância para

o homem - destinado ao Terceiro Ciclo, constante nas diretrizes dos Parâmetros

Curriculares Nacionais de Geografia - são aqueles em que o professor poderá

trabalhar com seus alunos a temática da Pluralidade Cultural, uma vez que, diz

Page 23: A educacao

24

respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos

diferentes grupos sociais que convivem no território nacional.

Essa discussão pode ter como base alguns dos elementos materiais da paisagem,

como: a casa, a rua, as indústrias, os portos, dentre outros. Afinal, são componentes

da organização espacial, que “por adquirir uma forma, manifestada no espaço, a

cultura possui uma grande relevância na organização sócio-espacial das cidades, de

tal maneira que seu estudo é imprescindível na sociedade contemporânea”

(COLASANTE, 2009, p. 03).

Para alcançar esses objetivos é fundamental que os alunos aprendam a observar, a

conhecer, a explicar, a comparar e a representar o espaço geográfico, pois se

constituem em subsídios essenciais ao fortalecimento da identidade individual e

coletiva, imprescindíveis na construção do sentido de pertencimento e de

valorização do Patrimônio Cultural.

A abordagem sobre a pluralidade cultural, com ênfase ao Patrimônio Cultural,

permite ao professor que trabalha com os alunos do Quarto Ciclo um

aprofundamento dos seguintes eixos: “um só mundo e muitos cenários geográficos e

modernização, modo de vida e a problemática ambiental”. Esses eixos facultam a

discussão sobre as desigualdades socioeconômicas e seus reflexos na paisagem

geográfica, e ao mesmo tempo favorece ao aluno a possibilidade de começar a

conhecer o nosso país.

Deste modo, a Educação Patrimonial configura-se como uma valiosa ferramenta

para facilitar a ampliação da capacidade dos alunos do ensino fundamental de

observar, conhecer, explicar, comparar e representar as características do lugar em

que vivem das diferentes paisagens e espaços geográficos presentes no seu

cotidiano.

Page 24: A educacao

25

3.2. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA

Afinal o que é a Educação Patrimonial? Para (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO,

1999, p. 6, grifo do autor) “Trata-se de um processo permanente e sistemático de

trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de

conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. [...]”.

Segundo (HORTA, 1999, apud TEIXEIRA, 2006, p. 17) “O termo Educação

Patrimonial foi introduzido no Brasil, em “termos conceituais e práticos”, no início dos

anos 80, tendo como referência o Heritage Education, trabalho pedagógico

desenvolvido na Inglaterra na década anterior”.

Considerando (RANGEL, 2002, apud TEIXEIRA, 2006, 17) “educação patrimonial

deve ser entendida como todo processo de trabalho educacional que vai tratar do

patrimônio cultural, sendo este produto de uma comunidade que com ele se

identifica [...]”.

A interdisciplinaridade da Educação Patrimonial se constitui em um valioso

instrumento do ensino e aprendizagem da geografia, pois,

[...] A Educação Patrimonial equipara-se em muitos sentidos à Educação Ambiental. Ambas enfatizam a formação do cidadão, favorecendo as economias locais através do desenvolvimento turístico e da sustentabilidade, fortalecendo ainda o sentimento de pertencimento e os laços afetivos entre os membros da comunidade [...]. (TEIXEIRA et al., 2006, p. 18)

A Educação Patrimonial permite trabalhar de forma lúdica e investigativa o

Patrimônio Cultural e a sua inter-relação com a geografia face sua transversalidade

ou interdisciplinaridade. Portanto, aplicável ao ensino e aprendizagem de diversas

disciplinas, principalmente, a geografia, uma vez que,

[...] A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num

Page 25: A educacao

26

processo contínuo de criação cultural. (HORTA, M. de L. P.; GRUNBERG, E.; MONTEIRO, A. Q., 1999, p. 6, grifo do autor)

Afinal, o ensino e aprendizagem de geografia têm papel singular na formação dos

alunos do ensino fundamental, pois, proporciona instrumentos imprescindíveis para

compreensão e intervenção na realidade social na busca da conquista da cidadania.

Esse processo também deve ter como objetivo a valorização da memória individual

e coletiva, fortalecendo a relação dos indivíduos com suas heranças culturais, capaz

de despertar o compromisso de preservar o patrimônio cultural local, regional,

nacional e mundial.

Para melhor aplicação dessa ferramenta sugere-se adotar as etapas descritas na

Tabela 1.

Tabela 1 – O objeto cultural como fonte primária do conhecimento - etapas metodológicas

Fonte: Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília, IPHAN/Museu Imperial, 1999.

Nota: Dados adaptados pelos autores.

Etapas Recursos/Atividades Objetivos Exemplificação

1. Observação

Exercícios de percepção

visual/sensorial, por meio de

perguntas, manipulação,

experimentação, mediação,

anotações, comparação, dedução,

jogos de detetive,...

Identificar o objeto/sua

função/seu significado;

Desenvolvimento da percepção

visual e simbólica.

É possível perguntar:

1. Qual a sua composição? 2. Qual

era ou é a sua função? 3. Quando

foi construído (época)? 4. Qual era

à base da economia? 5. Quais

meios de transporte disponíveis?

2. Registro

Desenhos, descrição verbal ou

escrita, gráficos, fotografias,

maquetes, mapas e plantas

baixas.

Fixar o conhecimento percebido,

aprofundamento da observação e

análise crítica;

Desenvolvimento da memória,

pensamento lógico, intuitivo e

operacional.

Registre sua percepção sobre o

objeto:

1. Descreva os detalhes do objeto

cultural; 2. Reproduza (desenhe ou

fotografe); 3.Compare com objetos

semelhantes,...

3. Exploração

Análise do problema,

levantamento de hipóteses,

discussão, questionamento,

avaliação, pesquisa em outras

fontes como bibliotecas, arquivos,

cartórios, instituições, jornais,

entrevistas.

Desenvolvimento das

capacidades de análise e julgamento

crítico, interpretação das evidências e

significados.

Investigação/pesquisa:

1. Qual o contexto histórico, social,

tecnológico, econômico e político

da época da sua criação? 2. Quem

o construiu? 3. Como se originou?

4. Como era a organização de

social do trabalho?

4. Apropriação

Recriação, releitura,

dramatização, interpretação em

diferentes meios de expressão

como pintura, escultura, drama,

dança, poesia, texto, filme e

vídeo.

Envolvimento afetivo,

internalização, desenvolvimento da

capacidade de auto-expressão,

apropriação criativa, valorização do

bem cultural.

Utilize sua criatividade:

1. Faça uma maquete.

2. Dsenhe; 3. Crie uma charge; 4.

Elabore um documentário; 5.

Promova uma gincana cultural. A

partir de sua apropriação intelectual

e emocional sobre o objeto cultural

“descoberto”.

Page 26: A educacao

27

O ensino da geografia nesta etapa do processo de aprendizagem tem como foco os

elementos presentes na paisagem rural e urbana, cuja, percepção e posterior

interpretação e compreensão da relação entre sociedade e natureza por parte do

aluno, deve ocorrer mediante a ampliação de sua capacidade de observação e

caracterização dos objetos que compõem o espaço geográfico. Ou seja, adotando-

se um procedimento cognitivo capaz de tornar compreensiva a influência que o

homem exerce sobre a natureza, e vice-versa.

3.3. PATRIMÔNIO CULTURAL

O conceito de Patrimônio Cultural envolve dois vocábulos: pater e nomo, o termo

Pater significa em latim “pai de família”, etimologicamente referindo-se à herança

paterna. A palavra Nomo deriva do grego Nomos, sendo esta ligada à origem.

Portanto, o significado de Patrimônio Cultural refere-se ao conjunto de materiais

móveis e imóveis e imateriais, produzidos no tempo e no espaço, por diferentes

etnias que compõem uma sociedade. “O patrimônio de um povo é o legado da

cultura estabelecida desde o passado até as populações atuais” TRAZZI (Coord.),

2009, p.02.

Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(UNESCO),

O patrimônio cultural de um povo compreende as obras de seus artistas, arquitetos, músicos, escritores e sábios, assim como as criações anônimas surgidas da lama popular e o conjunto de valores que dão sentido à vida. Ou seja, as obras materiais e não materiais que expressam a criatividade desse povo: a língua, os ritos, as crenças, os lugares e monumentos históricos, a cultura, as obras de arte e os arquivos e bibliotecas. (Declaração do México, 1982, Conferência Mundial sobre as Políticas Culturais). Disponível em: <http://www.unisc.br/universidade/estrutura_administrativa/nucleos/npu/npu_patrimonio/legislacao/internacional/patr_cultural/declaracoes/mexico_1982.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2010).

Assim, dispõe a Constituição Federal do Brasil de 1988, Capítulo III, Seção II, em

seu Art. 216, incisos de I, II, III, IV e V, como sendo patrimônio cultural brasileiro,

Page 27: A educacao

28

Art. 216. Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 04 abr. 2010.

Para (RODRIGUES, 2001, apud TEIXEIRA, 2006, p. 05) “A consolidação dos

Estados Nacionais durante o século XIX impôs a necessidade de fortalecer a história

e a tradição de cada povo, como fator gerador de uma identidade própria. [...]”.

Portando, o conceito de Patrimônio Cultural encontra-se sujeito as constantes

transformações.

3.3.1. CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA APLICAÇÃO NO

ENSINO DE GEOGRAFIA

O patrimônio cultural pode ser classificado em três categorias: os bens naturais,

que compreende os elementos da natureza, como rios, florestas, cachoeiras, picos,

serras, montanhas e toda a biodiversidade. Os bens materiais estão subdivididos

em móveis, tendo como representantes pinturas, esculturas, artesanatos e outros; e

os imóveis, tais como templos, terreiros, igrejas, fábricas, praças, patrimônio

arqueológico e paleontológico. Numa outra categoria, reúnem os bens imateriais,

incluindo o folclore, os costumes, a linguagem, a música, entre outros.

Page 28: A educacao

29

Figura 1 - Fluxograma da Classificação do Patrimônio Cultural

3.3.1.1. Bens Naturais

Os bens naturais também podem ser chamados de patrimônio ambiental ou natural.

São elementos da paisagem, tais como afloramentos rochosos, fauna, flora ou

quaisquer outros componentes naturais, que despertem ou que tenham valor

simbólico para um grupo social. Incluem-se nesta categorização os “habitats” que

abrigam espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção, ou ainda que

possuam um valor universal excepcional, do ponto de vista da ciência ou da

conservação. Igualmente, integram-se a essa categoria, as feições geomorfológicas

de relevante beleza cênica ou paisagística1.

Fonte: http://br.olhares.aeiou.pt/dunas_de_itaunas_foto486929.html. Acesso em: 14 abr. 2010.

Fotografia 1. Dunas de Itaúnas, em Conceição da Barra/ES.

1 Ver Fotografia 1.

Patrimônio

Cultural

Bens Naturais

Cachoeiras, montanhas, fauna e flora.

Bens Materiais

Bens Imateriais Música, danças e

manifestações folclóricas.

Bens Móveis Quadros, pinturas,

esculturas e outros.

Bens Imóveis

Igrejas, prédios, casarões

entre outros.

Page 29: A educacao

30

Vale destacar a relação de identificação e de sobrevivência, presente na interação

homem – natureza (bens naturais). Sendo, que

[...] As práticas sociais também são delimitadas pelo espaço, os tipos de atividades desenvolvidas pelos diferentes grupos humanos estão ligados aos recursos naturais existentes. Práticas como, caça, pesca, agricultura e muitas outras são resultado de como as comunidades lidam com seu meio e refletem diferentes culturas e para que elas continuem existindo é preciso que haja a preservação do meio ambiente, ou seja, do patrimônio natural. (TEIXEIRA, S. et al., 2006, p.09)

Fonte: www.vilavelha.org/images/madalena2.jpg. Acesso em: 05 jun. 2010

Fotografia 2. Reserva Ecológica de Jacarenema, em Vila Velha/ES

Aplicação:

Atividade. Aula de campo para análise do patrimônio natural

O professor poderá dividir a turma em grupos, e cada grupo levará uma máquina

fotográfica para registrar este patrimônio. Após a revelação das fotografias, já em

sala de aula, o professor discutirá com os alunos os aspectos relativos às

transformações corridas no local e os principais elementos presentes na paisagem

(tipo de solo, relevo, vegetação e outros). Poderá, a partir do estudo, realizar uma

exposição de fotos aberta à visitação.

Page 30: A educacao

31

Abordagens Cognitivas: Domínios naturais (morfoclimáticos); recursos naturais

(água, flora, fauna e outros), degradação ambiental, exploração de recursos

naturais, poluição ambiental (atmosférica, águas superficiais e subterrâneas).

Sugestão: o professor poderá escolher uma unidade de conservação próxima a sua

escola. Ex.: Reserva Biológica de Jacarenema, em Vila Velha2; o manguezal de

Vitória e outros.

3.3.1.2. Bens Materiais

Constituem bens materiais alguns dos elementos presentes nas paisagens rurais e

urbanas, resultantes das necessidades e das habilidades humanas no decorrer do

processo de produção e de reprodução da relação entre o homem e a natureza.

Dentre esses, são considerados patrimônios os conjuntos habitacionais, portos,

solares, museus, prédios que retratam a evolução histórica, manifestada em

determinado tempo e espaço3.

Fonte: Disponível em:<http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/.>.Acesso em: 01 jun.2010.

Postado por Carlos Henrique Gobbi.

Fotografia 3 . Av. Jerônimo Monteiro – Décadas de 1930 a 1950.

Esses bens materiais configuram-se em materialidades sociais. No entanto,

2 Ver Fotografia 2.

3 Ver Fotografia 3.

Page 31: A educacao

32

[...] Geralmente o que se considera patrimônio são alguns monumentos, prédios que mostram a evolução histórica, representando um determinado período ou manifestação cultural. O bem pode ser selecionado a partir de diferentes estilos, materiais utilizados, do próprio projeto de sua construção, assim como valores externos agregados à edificação como a sua forma de ocupação por grupos ou personagens de importância para a sociedade. (TEIXEIRA et al., 2006, p. 08 e 09)

Entre os bens materiais imóveis podemos destacar o patrimônio arquitetônico, o

público, o popular, o sacro ou religioso (igrejas, templos, terreiros). Destaque

especial ao patrimônio arqueológico, composto de antigas moradias, artefatos de

argila, osso, concha, madeira, que podem ser encontrados de diversas formas, tais

como: ornamentos corporais, machados, pedras lascadas, pontas de flecha,

cerâmicas (urnas, potes e outros), fragmentos de faiança, louça, moedas de prata e

demais objetos, caracterizados como vestígios materiais deixados pelos grupos e

civilizações passadas, em locais denominados de sítios arqueológicos.

Fonte: CTA, 2009. Programa de Educação Patrimonial – Guia do Professor.

Fotografia 4. Cacos de cerâmica colonial coletados no sítio das ruínas do rio Salinas, em

Anchieta/ES.

A observação e análise dos bens materiais possibilitam deduzir as condições

econômicas, culturais, tecnológicas e sócias da sociedade responsável pela

construção ou criação do patrimônio material4.

Aplicação:

Atividade. Inventariando a cidade.

4 Ver Fotografia 4.

Page 32: A educacao

33

O professor poderá solicitar dos alunos uma pesquisa sobre os bens materiais da

cidade, separando a turma em dois grupos: bens móveis e imóveis. A pesquisa

deverá conter informações sobre quem construiu/criou, época da

construção/criação, função e outras informações relevantes, além de fotografias. O

professor, com os alunos, deverá utilizar a planta cadastral recente da cidade para

identificar a localização espacial desses bens. Também poderá compará-la com

mapas ou pinturas antigas, chamando a atenção dos alunos para a localização e os

arranjos atuais.

Abordagens: espaço geográfico; organização espacial, lugar; migração; bens

materiais; crescimento populacional; setores produtivos.

3.3.1.3. Bens Imateriais

Os bens imateriais podem ser definidos como aqueles que são transmitidos

mediante a história oral, por indivíduos ou comunidades, resultando na perpetuação

das mais variadas manifestações culturais, sendo estas de cunho religioso, artístico,

tecnológico entre outras formas de expressão integrante de uma identidade étnica5.

Fonte: http://gazetaonline.globo.com/_midias/jpg/578.jpg. Acesso em: 10 abr. 2010.

Fotografia 5. Congo

5 Ver Fotografia 5.

Page 33: A educacao

34

Assim, merecem destaque as lendas, os cânticos, os contos, as danças, as

tecnologias do artesanato decorativo e utilitário, pois, assim como os outros

patrimônios culturais também refletem o modo de criar, fazer e viver dos homens,

capaz de revelar paisagens geográficas diversas.

Aplicação:

Atividade. Elaboração da árvore genealógica de cada aluno.

O professor solicitará dos alunos a relização de uma entrevista com seus pais e

avós para obter informações sobre suas origens, local onde moravam, as atividades

praticadas, os meios de comunicação e transporte utilizados, levando-os a perceber

a importância do lugar e a diversidade cultural brasileira. Essa atividade poderá ser

enriquecida quando realizada com fotos e objetos antigos (louças, porta retratos,

utensílios domésticos) preservados pelas famílias.

Abordagens: Patrimônio imaterial; identidade cultural; imigração; miscigenação e

etnias.

3.4. DIVERSIDADE CULTURAL

A geografia cultural nos permite estudar a diversidade cultural que compreende

desde a forma de falar, comer, rezar, trabalhar, brincar, estudar dos seres humanos,

ou seja, surge a partir de um conjunto de informações e expressões transmitidas, de

forma oral, gestual ou escritas, de um indivíduo para o outro, de uma cultura para

outra, sendo essas passíveis de alterações no tempo, seja esse curto ou longo.

Apesar da infinidade de elementos didático-pedagógicos, que o estudo da geografia

cultural proporciona, “[...] poucos são os estudos que, efetivamente, podem ser

caracterizados como focalizados fundamentalmente em um aspecto da cultura em

sua dimensão espacial” (CORRÊA, 1995, p.16).

Page 34: A educacao

35

3.5. PAISAGENS CULTURAIS

“A paisagem constitui para a geografia um de seus conceitos-chaves, a ela sendo

atribuída, por parte de numerosos geógrafos, o papel de integrar a geografia,

articulando o saber sobre a natureza com o saber sobre o homem”, segundo Capel

(apud CORRÊA, 1995, p. 03).

A paisagem cultural pode ser definida como:

[...] um conjunto de formas materiais dispostas e articuladas entre si no espaço como os campos, as cercas vivas, os caminhos, a casa, a igreja, entre outras, com seus estilos e cores, resultante da ação transformadora do homem sobre a natureza. (Siegfried Passarge e Otto Schlüter apud CORRÊA, 1995, p.04)

As paisagens culturais que agregam feições geológicas, hídricas, climáticas,

paleontológicas, arqueológicas e históricas de extraordinário interesse científico e

rara beleza natural são requisitos para classificação de paisagens culturais em

geoparques (SEMINÁRIO Serra da Bodoquena\MS – Paisagem Cultural e

Geoparque, 2007, acesso em 20 abr. 2010).

Esse conjunto serve de base para estudos sobre a formação da Terra e a existência

de formas de vidas pretéritas

Page 35: A educacao

36

4. GEOGRAFIA E MÉMORIA

Este capítulo se dedica a um elemento de grande valia para a Educação Patrimonial

no ensino de Geografia: a memória. Para fundamentar o significado da memória dita

cultural foi utilizado o conceito de cultura, lugar, paisagem e espaço geográfico.

Contrapondo ao seu conceito biomédico, a memória busca, através do

conhecimento e análise do patrimônio histórico-cultural, o resgate de todo o

processo de acumulação de tempos desiguais no espaço habitado e modificado pela

sociedade por parte do docente e discente, além de sua valorização num contexto

escolar.

4.1. VISÃO GERAL

Antes de conceituar a memória em um viés geográfico é importante buscar a

definição de cultura:

[…] a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. (UNESCO, 2002, p. 2)

A cultura se arraiga num espaço através da memória de um grupo humano. Como

trabalhado no capítulo anterior, bens móveis, imóveis e naturais possui um valor

além do material para o grupo humano, possui um valor afetivo.

Em outros tempos, a educação tradicional transformou a memória unicamente em

um banco de informações, desviando-se do objetivo principal de dar suporte à

reconstrução criativa do passado tanto para o docente, quanto para o discente.

Page 36: A educacao

37

Segundo Cury, devemos ensinar nossos alunos a serem não apenas pensadores,

mas produtores de idéias, pois a nossa memória não desempenha a função

somente de deposito de dados.

Ainda de acordo com Cury, “a memória humana é um canteiro de informações e

experiências para que cada um de nós produza um fantástico mundo de idéias”.

Portanto, de acordo com o autor, a memória como “canteiro de experiências”

contribuirá para o entendimento da inserção Educação Patrimonial no ensino da

Geografia.

O que nos interessa nesta reflexão é discutir a memória como elemento facilitador

do entendimento do processo de acumulação de tempos, usos e hábitos de forma

desigual no espaço geográfico, não importando necessariamente a sua escala.

Abreu (1998) discrimina a memória, num contexto histórico-cultural, em três tipos:

Memória individual, que é o acúmulo de vivências de cada ser humano

resultado da sua ação e interação com a natureza e sociedade.

Memória coletiva, que é o compartilhamento de memórias individuais

gerando uma memória social;

Memória histórica, se registrando como uma memória social que se

desintegrou pelo tempo;

Estas memórias se influenciam e se interferem, tornando-se um meio de coesão

social e de identidade cultural. Para muitos, o patrimônio cultural deixou de ter

significado, tornando-se somente memória histórica.

Colasante (2009) atesta que memória viva é um dos elementos da educação

patrimonial onde se busca em relatos ou entrevistas informais de pessoas que, em

tempos passados viveram nos locais identificados para realização de um estudo e

hoje podem relatar sobre o modo de vida, economia, fatos marcantes acontecidos

naquela época, possibilitando nos dias atuais, o resgate e a reflexão sobre um

Page 37: A educacao

38

patrimônio cultural. A memória viva é uma ferramenta que busca resgatar a memória

histórica e integrar novamente a uma memória coletiva/cultural.

Tomando todos os tipos de memória apontados pode-se destacar para este capítulo

a memória coletiva, que se entrelaçando com a noção de cultura, pode se

denominar memória cultural, definido por Abreu (apud Halbwachs, 1998) como “um

conjunto de lembranças construídas socialmente e referenciadas a um conjunto que

transcende o indivíduo”.

Todo monumento ou construção antiga revela o tempo histórico da sua criação. A

permanência da paisagem antiga nos revela na atualidade, traços que permitem

identificar e explorar as mudanças espaciais ocorridas, dotando o lugar de

significações.

Portanto, a compreensão do espaço como “acumulação de tempos desiguais” no

currículo da geografia, permite uma abordagem do patrimônio histórico-cultural,

unindo o novo e o velho em uma mesma paisagem.

Desta forma, a geografia escolar se utiliza da educação patrimonial contribuindo

para a formação e aprimoramento de uma consciência cidadã em seus alunos

conectando-os ao seu bairro, município, estado e nação.

Partindo agora do pressuposto de que a cidade é uma construção social, Carlos

(2007, p.13) menciona que “[…] a dinâmica da reprodução social na cidade

demonstra uma tendência de destruição da alguns referenciais urbanos na busca

pela modernidade como imagem de progresso […]”. Tal fato está presente na

totalidade das cidades do globo, através da substituição e sobreposição de velhas

formas por novas formas urbanas no espaço.

Além disso, o meio urbano é dotado de simbolismos que perpassam pelas cidades

trazendo várias leituras e ângulos de percepção, não esquecendo de que é

resultado da produção do capital no espaço, o que na maioria das vezes, não produz

formas espontâneas de ocupação e desenvolvimento. É importante notar que a

memória está atrelada tanto as transformações ocorridas no meio rural quanto as

que são ocorridas no meio urbano.

Page 38: A educacao

39

No campo, muitas práticas, hábitos e costumes, ferramentas e objetos de utilidade

caíram no esquecimento, devido à modernização ter alcançado o espaço rural,

desencadeando a desintegração de referenciais identitários por vezes pautados num

ciclo econômico que permaneceu por muitos anos.

Quanto à valorização da pluralidade cultural, o professor de Geografia poderá

buscar lugares ou construções que indiquem culturas desvalorizadas, se possível,

apresentando aos alunos algum indivíduo remanescente deste modo de viver,

novamente lançando mão do artifício da memória viva, a fim de promover a inclusão.

4.2. CONCEITUANDO LUGAR

Ferreira (2001) conceitua lugar como “1. Espaço ocupado; sítio. 2. Espaço. 3. Sítio

ou ponto referido a um fato. 4. Esfera, ambiente. 5. Povoação, localidade, região ou

país”. Uma definição que transcende ao indivíduo.

Já Yi-Fu Tuan (1983), define lugar como “um centro de significados construído pela

experiência”. E Santos (1997) fomenta um sentido mais geográfico ao afirmar que o

"lugar constitui a dimensão da existência que se manifesta através de um cotidiano

compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições–cooperação e

conflito são à base da vida em comum".

O conceito de lugar aponta não para um local genérico, mas sim para um local onde

um grupo humano tem vínculos afetivos, ou seja, um local que possui muitos

valores, significados e sentimentos revelando a identidade - sentimento de

pertencimento - com o lugar.

Esta concepção é formada visualmente pelas paisagens que observamos nos locais

onde vivemos ou regularmente visitamos6.

6 Ver Fotografia 6.

Page 39: A educacao

40

Fonte: Disponível em: <http://farm1.static.flickr.com/36/77339932_d00ffd3ae5.jpg?v=0> acessado em 31 de maio de 2010.

Fotografia 6. Parque Moscoso – Vitória/ES.

Nossa relação com os elementos do espaço local por um tempo determinado ou

indeterminado acontece a partir do momento que este espaço nos traz uma

implicação. Esta implicação pode ser positiva, afeição ao lugar - também chamado

de “topofilia” - ou negativa, repulsão ao lugar – denominado “topofobia”.

O lugar deve conter pessoas que partilhem da sua história de existência e

mantenham sua “memória cultural”. Sem esta compreensão uma cidade, por

exemplo, possui moradores que não sabem como começou seu processo de

crescimento desde a sua fundação, que proporcionou chegar ao seu estágio atual.

Esta meta só será alcançada se for trabalhada desde a infância, incutindo, ou

melhor, solidificando nas mentes dos residentes num local a noção de pertencimento

ao lugar de vivência dos mesmos. Reforçando este fato:

A experiência da topofilia „necessita de um tamanho compacto, reduzido às necessidades biológicas do homem e às capacidades limitadas dos sentidos‟ (TUAN, 1980, p. 116). Por conseguinte, verifica-se que a topofilia é vivida mais intensamente numa escala local e regional, onde o homem ou a coletividade apresente um conhecimento geral do lugar, e este lhe pareça bem familiar. Isso fortalece a promoção da topofilia, em que conta também o conhecimento e a consciência do passado como um elemento importante no amor pelo lugar. (CUNHA, 2007, p. 8)

Page 40: A educacao

41

Conforme dito por CUNHA (apud TUAN, 1980), assim como existe a topofilia

(afeição pelo lugar / implicações positivas na paisagem) existe a sensação inversa: a

topofobia. Que é o medo ou aversão a certo lugar (é tornado lugar também para

vínculos negativos com uma paisagem local). A mesma experiência que traz a

sensação de pertencimento ao lugar traz uma sensação de repulsa ao lugar por

algum ou vários elementos observados e interagidos pelo indivíduo.

Exemplificando

Uma praça onde os pais levam os filhos e ali fazem amigos; um parque municipal ou

estadual, onde se preserva mais a natureza característica da região, que também é

um resgate do lugar onde vivemos; uma construção, ou festa típica também trazem

esta unidade de pessoas propiciando vínculos de afetividade que permanecem por

muitos anos naquele vivenciado espaço.

Um local poluído ou com construções e estruturações que abrigam uma rede de

relações que envolvem risco social por tráfico de drogas, prostituição, ou outra

prática ilícita podem, por exemplo, repelir a permanência ou chegada de pessoal ao

local envolto nestas paisagens.

4.3. CONCEITUANDO PAISAGEM

Nesta interface geografia-memória também se pode trabalhar com os alunos o

conceito de paisagem, que é “o conjunto daquilo que os olhos podem abarcar”

(Claval, 2001, p.29).

Holzer (1996, p. 114) diz que “[…] a paisagem é uma expressão física da ação do

homem sobre a natureza, e por extensão, um receptáculo da memória”. Isto

demonstra que a paisagem em si promove e armazena a transformação de um local.

Ao estudarmos sobre determinado patrimônio histórico-cultural, o registro efetuado

pelo olhar o qualifica apenas como um elemento da paisagem externo à dinâmica da

economia e modernização.

Page 41: A educacao

42

Para que este elemento da paisagem, neste caso o patrimônio, ganhe significado

busca-se inicialmente o registro histórico e geográfico e aprofunda-se a reflexão do

processo de transformação realizado no espaço identificado7.

Fonte: Disponível em: <http://static.panoramio.com/photos/original/4440828.jpg> Acesso em: 31 de mai. de 2010.

Fotografia 7. Cidade de Vitória/ES vista da Prainha – Vila Velha/ES

Exemplificando

A fundação de uma cidade, onde se fará a análise da superfície construída e

urbanizada que antes era coberta por vegetação; cursos d‟água e variada fauna.

Após a fundação da cidade edificaram estradas e várias construções ao longo de

suas feições geomorfológicas. Instala-se um processo de ocupação populacional

desordenado e os problemas característicos da falta de planejamento urbano

surgirão.

4.4. CONCEITUANDO ESPAÇO GEOGRÁFICO

Além de paisagem e lugar, deve-se levar em conta que a memória cultural, num

contexto de Educação Patrimonial, aponta para sua existência como parte do

espaço geográfico. Segundo Suertegaray (2001), espaço geográfico se define da

seguinte maneira:

7 Ver Fotografia 7.

Page 42: A educacao

43

[…] o espaço geográfico é a coexistência das formas herdadas (de uma outra funcionalidade), reconstruídas sob uma nova organização com formas novas em construção, ou seja, é a coexistência do passado e do presente ou de um passado reconstituído no presente.

Fonte: Disponível em:http://farm3.static.flickr.com/2346/2043345635_554680138a.jpg?v=0. Acesso em: 31 de mai. de 2010.

Fotografia 8. Viaduto Caramuru – Vitória/ES.

Neste processo em constante andamento, o conceito abordado fornece subsídios

para que o indivíduo vivente em seu lugar pense sobre o que se produziu e está

produzindo no espaço, ou seja, sobre a interação do homem com a natureza e

sociedade e os desdobramentos no mesmo8.

Com isso, se deve valorizar este patrimônio a fim de que seja mantida a memória

cultural para as gerações seguintes, para começar, esta conscientização ser

construída nos docentes e, posteriormente, nos alunos das escolas. Sem este

resgate da memória cultural, o espaço geográfico tomaria formas diferentes que

poderiam trazer implicações negativas ao longo do tempo-espaço para a sociedade

como um todo.

Exemplificando

Uma cidade hipotética em franco crescimento populacional e principalmente

econômico possui construções muito antigas e edificações novas. Sem ter

consciência de preservação e valorização do patrimônio histórico-cultural,

construções antigas desprotegidas pelos órgãos responsáveis pela proteção destes

8 Ver Fotografia 8.

Page 43: A educacao

44

patrimônios haveria uma altíssima chance de serem transformadas em prédios altos,

a mando da especulação imobiliária e da modernidade, perdendo toda a memória

que aquele elemento expressa no modo de viver histórico/tradicional poderia

oferecer aos munícipes de um dado local.

Page 44: A educacao

45

5. APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO E

APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA – APRESENTAÇÃO E

AVALIAÇÃO DO “GUIA DO PROFESSOR”

Para averiguar a funcionalidade e aplicabilidade da proposta de implementação da

Educação Patrimonial no ensino e aprendizagem da geografia, mediante a utilização

do material paradidático intitulado, “Guia do Professor”, o qual foi elaborado para

servir de subsídio aos professores do ensino fundamental, foi realizado no dia 27 de

maio de 2010, no prédio do IC-IV da Universidade Federal do Espírito Santo, um

mini-curso de capacitação com duração de três horas, com o apoio da orientadora

Prof.ª Msc. Solange Lins, e da Prof.ª Dr.ª Marisa T. Rosa Valladares – Coordenadora

do Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Geografia - LEAGEO, sob a

coordenação dos responsáveis pelo desenvolvimento e aplicação deste trabalho.

Foram previamente selecionados, convidados, oito professores, que lecionam no

ensino fundamental da rede pública e privada, – escolas situadas na RMGV - para

participarem. Porém, em virtude das fortes chuvas no dia da apresentação, não foi

possível o comparecimento de todos9.

Assim, houve a necessidade de adequações, de modo a assegurar quorum mínimo

de participantes para validação da proposta, desse modo foram chamados

graduandos finalistas do curso de geografia com licenciatura plena e de

bacharelado, que lecionam ou lecionaram a disciplina de geografia para alunos do

ensino fundamental. Portanto, estavam presentes oito participantes entre

professores recém-formados e graduandos finalistas.

Fonte: Diego Zanete Bonete, 2010.

Fotografia 9. Palestra de capacitação

9 Ver Fotografia 9.

Page 45: A educacao

46

Utilizando-se do seguinte procedimento: palestra com exposição do conteúdo e

abordagem sobre o desenvolvimento das atividades; intervalo com o “Café

Geopatrimonial”, momento de descontração e troca de experiências; e encerrando-

se com um debate avaliado sobre a temática prestada, conforme mencionado

anteriormente10.

Fonte: Diego Zanete Bonete, 2010

Fotografia 10. Momento de discussão

Diante do exposto, apresentamos a seguir algumas das considerações sobre a

temática do mini-curso de capacitação a partir da abordagem do material

paradidático intitulado.

Na discussão sobre o Guia do Professor houve diversas reações, positivas na maior

parte, onde se comentou por parte dos professores que este material trouxe um

novo olhar ao patrimônio cultural ou natural, além de realizar uma aproximação da

Geografia Física com a Geografia Humana.

Outro comentário foi este trabalho ter despertado uma visão holística da Geografia

em relação ao uso deste patrimônio para estudar esta disciplina escolar, buscando

evitar a memorização como único método de aprendizado e o ensino fragmentado

do conteúdo que se apresenta muitas vezes no livro didático.

10

Ver Fotografia 10.

Page 46: A educacao

47

Foi sugerida por um dos participantes a realização desta apresentação deste guia

para capacitação de professores de Geografia em atividade nas escolas que

oferecem esta abertura, além do uso das oficinas pedagógicas com docentes ou

estudantes.

Também se acrescentou que todas as atividades propostas como exemplificação no

Guia do Professor podem ser aplicadas em qualquer município onde o professor

leciona. Para isso, se valoriza o perfil do professor-pesquisador em sua prática

didática, buscando qualquer projeto governamental que auxilie em seu trabalho com

patrimônio cultural.

O sentimento de pertencimento ao lugar, topofilia, e o aspecto multidisciplinar foram

pontos importantes para um componente do grupo de professores. Incentivou-se a

usar outros recursos didáticos para tratar do patrimônio cultural como músicas e

literaturas poéticas para incrementar este processo de ensino-aprendizagem.

Criticou-se a visão tecnicista das instituições de ensino, não tratando a fundo certas

questões relevantes para a formação escolar do aluno. Defendeu-se o

aproveitamento de datas comemorativas que podem ser trabalhadas num contexto

de aula e aprendizado.

Outro ponto de discussão levou em conta o título deste material apresentado ao

aluno: Guia do Professor devido a sua conotação inflexível para o docente organizar

sua aula. Guia denota a ideia de um caminho que deve ser seguido à risca, sem

nenhuma complementação ao seu desenvolvimento no contexto pedagógico ou

escolar.

A falta de acesso a alguns patrimônios culturais a todos os grupos sociais também

foi discutido. Certos lugares, que são classificados como patrimônios artísticos ou

culturais não são divulgados ou incentivados ao seu uso pela sociedade como um

todo, reflexo da desigualdade social e das relações de trabalho e consumo.

Surgiram ainda, críticas às aulas de campo que onde só se realiza um passeio

turístico ao patrimônio natural ou cultural, sem tratar assuntos pertinentes à

Geografia, bem como o estudo que envolve o mesmo, contextualização do processo

de globalização do espaço.

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48

Portanto, houve boa aceitação do material didático, que atua como norteador, por

parte dos professores e colegas de turma.

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49

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do curto intervalo de tempo para desenvolvimento e aplicação deste

trabalho, podemos considerar que os objetivos estabelecidos foram alcançados de

forma satisfatória, principalmente, em relação à receptividade dos professores e

graduandos concluintes frente à temática apresentada como mais um instrumento

para o ensino e aprendizagem da geografia.

Considerando que a Educação Patrimonial se constitui para maioria dos graduandos

e dos professores do curso de geografia, e até mesmo para os futuros bacharéis de

geografia, um processo educacional relativamente novo. Podemos, afirmar que a

escolha dessa metodologia didático-pedagógica foi bastante válida, tendo em vista o

potencial de difusão aqui iniciado, cujos objetivos visam aproximar os conceitos-

chaves da geografia do cotidiano escolar e valorizar o Patrimônio Cultural da

sociedade local. Favorecendo o fortalecimento do respeito às diversidades culturais

que compõem a sociedade capixaba e brasileira.

Cientes de que ainda é escasso o interesse sobre a geografia cultural pelos

geógrafos brasileiros, esperamos desse trabalho, como também dos anteriores, que

nos inspirou e impulsionou futuramente motivem – que novos olhares recaiam sobre

o Patrimônio Cultural – na ótica do seu potencial de ensinar geografia utilizando-se

da observação e análise critica dos bens patrimônios visíveis no nosso cotidiano.

Reforçando, desse modo a necessidade da educação continuada para formação do

professor, em especial, o de geografia. Afinal, trata-se de uma ciência em constante

transformação e conflito.

Page 49: A educacao

50

7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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