a linguagem do desenho infantil
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Essa monografia vai retratar as fase do desenvolvimento da linguagem do desenho e suas fases.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LINGUAGEM DO DESENHO INFANTIL
Tatiane dos Santos Navega Costa
Orientador
Prof.ª Maria Esther de Araújo de Oliveira
Rio de Janeiro
2008
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A Linguagem do Desenho Infantil
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Psicopedagogia.
Por: Tatiane dos Santos Navega Costa
AGRADECIMENTOS
... A Deus, a minha orientadora Maria
Esther de Araújo Oliveira. A minha amiga
Adriana pelo seu incentivo.
DEDICATÓRIA
...ao meu esposo, as crianças que
possibilitaram que esta pesquisa fosse feita,
aos meus pais, e aos meus sobrinhos...
RESUMO
Neste trabalho será abordada a questão da análise do desenho infantil, a fim de
compreendermos o que está pensando a criança quando desenha uma arvore, um barco, um
homem, uma casa, sua família. Se ela está com ciúmes, se está feliz, ou se pretende revelar
um segredo intimo.
Veremos como o desenho infantil é sem duvida um instrumento perfeito e eficaz
para a descoberta do mundo interior das crianças. Ao fazer rabiscos, a criança revela tudo
que está no seu inconsciente, o que ela não sabe dizer ou não pode exprimir por palavras.
Propomos que a partir de um simples desenho poderemos ir ate o fundo da
psicologia infantil e penetrar a personalidade da criança, determinando seu nível intelectual,
o seu equilíbrio psicológico e a sua afetividade.
ABSTRACT
This I work will be approach the question from analysis of the I draw infantile , for
the purpose of understand the one to is wondering the child when she draws only one grove
, a boat , a man , a house , she sweats family. If she is with jealousies, if is happy, or if you
want reveal a secret intimate.
We'll see I eat the drawing infantile is without doubt an instrument perfect &
effective for uncovered of the world interior from the children. On doing doodles, the child
reveals all what lies in its unaware, the one to her no knows say or not can you express for
words.
Proposing what from one simple I draw powers founder ate the fund from
psychology infantile & penetrate the personality from child , determining your level
intellectual , the your balance psychological & the she sweats affection.
METODOLOGIA
Os instrumentos metodológicos utilizados neste trabalho foram: pesquisa
exploratória, análise de caso, questionário qualitativo, pesquisa bibliográfica, pesquisa
sistemática.
Esses instrumento foram utilizados para dar um melhor embasamento a pesquisa.
Introdução:
O interesse pelo tema surgiu através de observações de desenhos de crianças de
faixa etária de 3 a 10 anos. Através dessas observações surgiram inquietações a respeito
dessa temática a fim de compreender como a criança interpreta seu mundo através de seus
desenhos, seu inconsciente, personalidade, nível intelectual, fobias, dificuldades e sua
relação com a família e a escola.
Esta monografia tem como objetivo explorar o mundo da criança através de seus
desenhos, entender a importância da analise do desenho infantil como método facilitador
das intervenções psicopedagógica, com o propósito de melhorar a vida da criança.
Sabemos que não é mais perdoável ignorarmos os desenhos das crianças, pois eles
representam um meio privilegiado de aproximação para o conhecimento de sua
personalidade.
Através das analises dos desenhos pode ser compreendido como a criança resolve
seus problemas intra-psíquicos, como ela se desenvolve a medida que seu desenho evolui.
Nesta pesquisa foram utilizados diversos autores como Piaget, Vigotsky, Davido,
Luquet, entre outros, com o objetivo de dar um melhor embasamento teórico à esta
pesquisa.
Neste trabalho mostraremos com um simples desenho podemos ir ao fundo da
psicologia infantil e penetrar na sua personalidade, determinando seu nível intelectual, o
seu equilíbrio psicológico e o seu grau de afetividade. Para Pulver 1998 o homem que
escreve desenha inconscientemente sua natureza interior. A escrita consciente é um
desenho inconsciente, sinal e retrato de si mesmo.
No capitulo 1 será feito um breve histórico dos desenhos, como a criança age em
classe em relação ao desenho, como a escola estimula esta prática. Já no capitulo 2 é
abordado o desenho e o seu desenvolvimento de acordo com a faixa etária das crianças, os
períodos da evolução do desenho.
Já no capitulo 3 abordaremos a questão do desenho livre, sua importância, seu
objetivo. Alem disso, abordaremos a questão da linguagem das cores e o seu simbolismo,
a definição das cores segundo Bouvet e a atuação psicopedagógica.
No capitulo 4 será apresentado o estudo de caso, observações participantes,
atividades realizadas, e a aplicação do questionário. Em seguida as hipóteses alcançadas. E
por fim as considerações finais.
Esperamos com este trabalho apresentar o que esta pensando uma criança quando
desenha sua família, uma árvore ou um barco, se ela está com ciúmes, se está infeliz ou
pretende apenas revelar um segredo íntimo. Os desenhos infantis são, sem dúvida alguma,
um instrumento perfeito e eficaz para descoberta do mundo interior das crianças. Ao fazer
seus rabiscos a criança revela o que está em seu inconsciente, o que ela não sabe dizer ou
não pode exprimir por palavras.
Capítulo1: Um breve histórico dos desenhos
Os primeiros desenhos encontados em cavernas datam de 4000 a.c, esses desenhos
eram utilizados pelos primitivos como formar de registrar os acontecimetos daquela época.
Esses desenhos eram feitos em pedras como tintas vegetais, carvão para melhor enfoca a
realidade.
Acreditamos que o desenho tem sido um meio de manifestação estético e uma
linguagem expressiva para o homem desde os tempos pré-históricos. Neste período, porém,
o desenho, assim como a arte de uma forma geral, estava inserido em um contexto tribal-
religioso em que acreditava-se que o resultado do processo de desenhar possuísse uma
"alma" própria: o desenho era mais um ritual místico que um meio de expressão. À medida
que os conceitos artísticos foram, lentamente, durante a Antiguidade separando-se da
religião, o desenho passou a ganhar autonomia e a se tornar uma disciplina própria. Não
haveria, porém, até o Renascimento, uma preocupação em empreender um estudo
sistemático e rigoroso do desenho enquanto forma de conhecimento. Hoje o desenho não é
visto apenas como uma manifestação artistica do criador, mas sim como um revelador do
inscosciente do desenhista, segundo Vygotsky,2000,p.23:
Seria totalmente injusto pensar que todas as possibilidades criadoras das crianças se limitam exclusivamente às artes. Lamentavelmente a educação tradicional, que tem mantido as crianças alijadas do trabalho, fez com que elas manifestassem e fomentassem sua capacidade criadora preferentemente na esfera artística.
Reconhecemos que na educação infantil, ou melhor, no maternal, as crianças são
ensinadas as técnicas de desenho, sendo motivada a usar o seu sensor artístico e criador. Já
nas séries iniciais o seu uso tem se tornado considerado matéria secundária, dando um
enfoque de extinção dos professores de arte, além disso, acredito que o ensino de artes
deveria ser algo tão comum e presente na vida das crianças, pois o desenho deve
acompanhar o desejo da criança em se expressar.
Em todas as pequenas classes, é o mestre que deve iniciar a criança no desenho e na
pintura. Não sendo confiado a especialistas, este trabalho tende a ser desprezado e banido o
segundo plano, após a leitura e a matemática.
Sabemos que este fato é tão paradoxal porque o desenho nos absorve cada dia mais,
nas ruas, na televisão, no cinema, nossa atenção é com mais freqüência solicitada pelas
imagens publicitárias. A mídia, os apelos, o bombardeamento das imagens é a nossa
presente realidade, e mesmo assim a escola tenta extinguir tal ação.
Como dito anteriormente o desenho desde a pré-história tinha um objetivo que era
registrar os acontecimentos, no renascimento ele aparece como revolucionador das artes, e
hoje ele tem caído em desuso por alguns pais e instituição de ensino. Se o desenho e a boca
da criança, e o revelador de seu inconsciente, por o deixamos em segundo plano?
1.1 - A criança na classe
Sabemos que em raros casos a criança tem a oportunidade de desenhar na escola, é
comum que quando isso acontece, ela se restrinja a uma representação monótona, terá
tendência a reproduzir sempre os mesmos temas, como as mesmas cores, pequenos
soldados, navios, casas, entre outros. Essas representações são caracterizadas por um
cuidado de realismo.
Sabemos que a criança por natural é criativa, espontânea, mas a escola muitas vezes
não visa estes aspectos, a ela, o que importa, é o aluno alcançar uma boa nota com seu
desenho, pois ele deve ser uma cópia servil da realidade.
A escola tende a impor temas a serem reproduzidos, sufocando todo o talento do
aluno. Segundo Davido, 1972, p.12:
A escola deveria ficar num meio termo justo onde os temas livres, fossem tão numerosos quanto os temas impostos. Com efeito, os dois são necessários: o tema imposto desenvolve o senso lógico e o espírito de observação. Já o tema livre desenvolve a sensibilidade e o equilíbrio.
Em concordância com Malraux 1972.p.45 “a criança, muitas vezes, é um artista,
deixara de se-lô, pois seu talento a possui e ela não o detém, devido a esta falta de espaço
que a escola não permite que a criança tenha”. Fazendo com que fique ilhado em seus
próprios pensamentos.
Sabemos que o inconsciente é tudo aquilo o que escapa à consciência sem que
intervenham esforços ou reflexões interiores. Como no sonho, os mesmos mecanismos
inconscientes intervêm no desenho, entretanto ao contrario do sonho, que é um produto
psíquico social, o desenho é destinado a ser visto pelos outros.
Diante disso é que a criança muitas vezes representa no desenho aquilo que lhe
“atormenta” em classe, mas o educador ainda não se tornou sensível a esta realidade e
passar a ver o desenho como uma simples produção da criança e não como uma ferramenta
reveladora.
Um exemplo do fato mencionado acima esta no texto em anexo (1) Julia e a Flor
onde é contada a história de uma menina que adorava a desenhar, quando a mesma muda de
escola e senso artístico é apagado pela nova escola.
E assim que a escola faz, ela enterra o talento das crianças, elas os transformam em
sujeitos alienados que não conseguem se quer expressar, os deixando a só em suas
angústias em seus próprios pensamentos. Pois, se a escola percebesse de que o desenho e a
ferramenta utilizada pela criança para manifestar seus pensamentos, suas inquietações ela
estaria em grande vantagem, pois teria a possibilidade de conhecer melhor esta criança,
podendo fazer intervenções acerca dos seus medos, suas aflições.
Sabemos que o nosso meio de comunicação mais comum é a linguagem, mas isso
não quer dizer que seja os mais simples. Nos muitas vezes não conseguimos exprimir
nossos próprios problemas familiares em termos claros, pois e difícil muitas vezes em
palavras dizermos em profundidade o que realmente sentimos, pois segundo Davido, 1972,
p.15 “as palavras nos traem e deformam os pensamentos e as situações”. Se nos que somos
adultos temos esta dificuldade, imagine as crianças, para Davido 1972,p.15 a linguagem é
para elas um fato social cuja aquisição está ligada ao meio sócio-cultural.
Reconhecemos que, uma criança de um bom meio sócio-cultural cujo vocabulário e
bem estendido, bem enriquecido terá mais chance de ser compreendida do que a de um
meio sociocultural menos privilegiado cujo vocabulário é mais deplorável. Entretanto,
mesmo a criança cuja família tem um vocabulário mais enriquecido corre o rico de trair seu
pensamento, pois a aquisição de seu vocábulo ainda é recente e incompleto.
Portanto, neste contexto, o desenho surge para a criança como um meio de
expressão, pois é dependido apenas de lápis. Voltando a pré-história, desde então o desenho
era utilizado pelos selvagens como forma de expressão de suas lutas, onde suas histórias
eram contadas por rabisco em cavernas.
Além disso, entre todos os métodos utilizados pelos psicopedagogos para conhecer
melhor a criança, o método disponível para melhor compreender a personalidade da criança
e sondar sua personalidade é o desenho, pois ele constitui uma realidade privilegiada, pois a
criança em seu desenho “ narra graficamente” , sem necessidades de recorrer as palavras. O
desenho é para ela o ponto de partida de histórias reais ou inventadas.
Tais técnicas de investigação são muito freqüentes utilizadas, mas comportam certos
riscos, pois o adultos que analisa os desenhos de crianças o faz como homem ( ou mulher)
maduro, e alem disso, esse adulto tem seus próprios problemas. Segundo Davido 1972, p.
19: “é necessário, portanto que aquele que analisa um desenho de criança esqueça que é
adulto e não projete seus próprios problemas”.
Diante disso, é que tal razão requer muita competência de quem analisa um desenho
de uma criança, além de técnica e necessário ter sensibilidade, e não deixar que as emoções
sejam projetadas no desenho. Um exemplo disso se deu e uma conversa com um educador
que citou que em uma de suas análises de desenho percebeu que seu aluno apenas desenha
e pintava seus desenhos com lápis preto, diante a situação convocou toda a equipe técnica
da escola e passou o suposto, problema, chamou a família e começaram a fazer pesquisas e
intervenções ante a situação. Em um determinado momento o aluno foi convidado a ter um
diálogo com uma psicopedagoga, e a mesma procurou o deixá-lo bem a vontade, pois a
criança já se sentia cansada diante a tanto interrogatório, a especialista o entregou folhas e
lápis de cor e o pediu para ele fazer um desenho e o mesmo o desenhou, aquele desenho era
bem colorido, ela olhou o desenho com muita admiração, e perguntou à criança:"você gosta
de desenhos bem colorido?” e a crianças respondeu: “sim”.Então, ela não hesitou e
perguntou: “porque em sala de aula você costuma desenhar e pintar tudo em preto”. A
criança respondeu: “porque sou o menor da turma, a professora quando coloca os lápis de
cor na mesa fala para os alunos pegarem os lápis de cor, todos se aglomeram na mesa, e
pegam todos os lápis e sempre o que sobra é o lápis preto, por isso, meus desenhos são
assim”. Moral da história às vezes um lápis preto é simplesmente um lápis preto.
Capítulo 2: O desenho e o seu desenvolvimento
.
Evidentemente para a criança o lápis e o papel e para si um “kit de ferramentas”
culturalmente disponibilizado a ela, isto significa que o desenho pode ser executado de uma
maneira inábil. Esses objetos e seus significados culturais (lápis, papel etc) convidam
explicitamente o sujeito a usá-los de um modo muito preciso. O seu significado cultural,
desse ponto de vista, só pode ser efetivamente apropriado através da participação guiada do
sujeito no meio social no qual ele se encontra imerso.
Sabemos que a criança quando apresentada ao desenho se manifestará de diversas
formas, pois cada criança se expressa graficamente de uma maneira, uma criança de 2 anos
representará seu desenho diferente de uma criança de 3 anos, pois o desenho está ligado ao
desenvolvimento da mesma. Segundo Davido 1972, p.21 cada idade corresponde a uma
técnica e ao desenvolvimento de sua inteligência.
O primeiro estágio do desenho é conhecido como “garatuja” onde a criança faz
manchas e rabiscos em folhas, cadernos revistas entre outros. Este estágio é muito
importante, pois ele é o revelador do temperamento da criança.
Na garatuja, a criança tem como hipótese que o desenho é simplesmente uma ação
sobre uma superfície, e ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação
produziu.
É importante neste estágio observamos a maneira na qual a criança segura o lápis,
pois uma criança Segundo Bernson 1997, p.32 que possui retardos nos seus movimentos
terá dificuldade em segurar o lápis.
Além disso, podemos ver que uma criança nesta fase quando desenha linhas fortes,
e procura ocupar muitos espaços da folhas e aquela criança que segundo Davido 1972,p.22
é uma criança dita feliz. Já a criança instável, ao contraio, depressa deixará cair o lápis.
Para Bernson 1997, a criança que recobre toda a página com rabiscos seria uma
criança que deseja ocupar todo o lugar do coração da mãe, mas cujo coração transborda.
No decorrer do tempo, as garatujas, que refletiam, sobretudo, o prolongamento de
movimentos rítmicos de ir e vir transformam-se em formas definidas que apresentam maior
ordenação, e podem estar se referindo a objetos naturais, objetos imaginários ou mesmo a
outros desenhos. Na evolução da garatuja para o desenho de formas mais estruturadas, a
criança desenvolve a intenção de elaborar imagens no fazer artístico. Começando com
símbolos muito simples, ela passa a articulá-los no espaço bidimensional do papel, na areia,
na parede ou em qualquer outra superfície.
O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da escrita.
Parte atraente do universo adulto, dotada de prestigio por ser "secreta", a escrita exerce uma
verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar
verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta imitar a escrita dos adultos. Porém, mais tarde,
quando ingressa na escola verifica-se uma diminuição da produção gráfica, já que a escrita
considerada mais importante passa a ser concorrente do desenho.
O desenho deve ser visto como a possibilidade de brincar, de falar, de registrar,
marca o desenvolvimento da infância, porém em cada estágio, o desenho assume um
caráter próprio. Estes estágios definem maneiras de desenhar que são bastante similares em
todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade. Esta
maneira de desenhar própria de cada idade varia, inclusive, muito pouco de cultura para
cultura.
Ao findar o estágio da garatuja a criança faz uma transição para o estágio dos
rabiscos onde é caracterizado como a fase mais intelectual, onde a criança tenta imitar a
escrita dos adultos procurando melhor segurar o lápis. Neste estágio a criança tenta copiar o
real, que é caracterizado segundo Davido 1972,p.24 como realismo imperfeito, onde a
criança traça círculos fechados ou semicírculos, com a precisa intenção de imitar a
realidade. Esses rabiscos são em sua maioria imperfeitos, pois a criança ainda tem
dificuldades em representá-los. Para Piaget 1970 esses desenhos são feitos através de
movimentos desordenados e amplos. Com relação a expressão, vemos a imitação "eu imito,
porém não represento”.
O estágio seguinte é denominado como estágio do boneco embrião ou boneco
universal. Este estágio é iniciado aos 3 anos de idade, onde a criança tem mais precisão nos
desenhos dando sentidos a suas representações.
Este estágio é conhecido como boneco embrião devido a criança representar o
boneco com um círculo, representando ao mesmo tempo a cabeça e o tronco visto de frente,
ao qual são inseridos dois traços, as pernas, e quase sempre dois outros, os braços. Segundo
Davido este desenho é encontrado em todas as crianças do mundo de 3,4 e 5 anos.
Podemos ressaltar que a medida que a criança evolui, mas detalhes são acrescidos
no desenho, no circulo são colocados bocas, olhos, um umbigo sob a forma de pontos ou
pequenas circunferências. Segundo Luquet o desenho cresce de acordo com a idade mental
das crianças. Tal aspecto da figura, que permite avaliar a inteligência da criança, traz ainda
um esclarecimento essencial, de acordo com a percepção que a criança tem do seu próprio
corpo. Prudhommeau afirma que uma criança quando desenha um embrião, é a si mesma
que desenha, tal como se sente.
Em uma das pesquisas de Davido ela conta a história de uma menina órfã de 4 anos
que vivia em um pensionato todo anos: sobre o verso de uma folha ela fazia uma figura
normal para sua idade, mas fazia sobressaltar no resto da página traços verticais imitando as
grades de uma prisão.
E assim que a criança faz, quando desenha uma figura desenha a si mesma, como
esta menina citada no Exemplo acima, desenhava como se via como se sentia, uma
prisioneira.
Nos geralmente temos consciência da posição de nosso dedo do pé, e sabemos
localizá-los facilmente, isto segundo Davido confirma que temos uma representação
consciente de nosso corpo imóvel ou em movimento.
Em compensação, um bebê que brinca com o pé e o prende considera-o como um
objeto que não faz parte do seu corpo. A cônscia imediata da imagem de nosso corpo,
considerada como um todo depende de uma lenta aquisição que é fruto de experiências
feitas durante os primeiros meses de vida. Essa consciência imediata do corpo, considerado
como um todo se chama esquema corporal. Para Lacan, a primeira imagem do corpo é
mutilada. Certos doentes que sofrem de lesões neurológicas orgânicas ou afecções mentais,
neuróticas ou psicóticas, apresentam perturbações de esquema corporal, tais perturbações
Segundo Davido se traduzem algumas vezes por um fantasma de mutilação, isto é, pela
crença de ver seu corpo esquartejado e retalhado.
Quando a criança começa a desenhar a si própria quer dizer que ela tenha tomado
consciência de seu esquema corporal, isto é, da imagem de seu corpo assim como de sua
posição mo espaço. Essa consciência segundo Davido não é inata, mas se forma
progressivamente, ao longo de experiências diversas e repetidas.
Assim, uma criança que sofre de paralisia de um dos lados do corpo, por exemplo,
se for deixada ao abandono, poderá talvez se desenhar mutilada, sem deixar representar no
desenho a parte paralisada de seu corpo. Tal característica segundo Luquet desaparece, com
efeito, quando a criança é reeducada, com tudo o que isto comporte de afetividade.
Outro ponto a ser mencionado é a evolução do boneco embrionário que começa por
volta dos 5 e 6 anos, onde o boneco começa a ser feito de forma mais completa. A partir
dessa idade a criança não, mas se contenta em manifestar o que vê, mas também o que sabe.
E neste período que surge o estagio da transparência onde é definido como a representação
de um objeto visto de seu interior, quando então Segundo Davido só o exterior deverá
figurar no desenho. Podemos exemplificar com o desenho de uma casa cujas paredes,
invisíveis, permitem ver o que se passa no interior, ou a representação de pernas visíveis
através das vestes das personagens.
A transparência é comum em crianças de 7 a 9 anos, e pode mesmo revelar um
senso de observação elevado. A transparência, segundo Davido, pode ser um meio da
criança encontrar respostas tranqüilizadoras as questões que a preocupam.
Segundo Davido a transparência se processa nos desenhos de crianças de mais de 10
anos, a hipótese de um atraso intelectual deve ser considerada
Um exemplo se dá quando uma criança de 10 anos desenha uma boneca de saia e
seus membros tornam visíveis através de saias e calças. Entretanto, alem da hipótese de um
atraso intelectual, devemos ressaltar também a perturbação da afetividade e da
sensibilidade. O desenho é o mundo interior das crianças. Seu boneco ela mesma, Segundo
Piaget a integração total, sensório-motora, social e afetiva.
Se analisarmos os desenho das crianças e faixa etária de 5 a 7 anos, veremos, que na
maioria das vezes, há uma ausência de perspectiva, a não coordenação de planos, a
desproporção dos objetos representados. Um exemplo disso se dá quando uma criança de 6
anos representa o pátio de sua escola, esse desenho é composto de arvores deitadas em
várias partes do pátio, os troncos e os ramos estendidos em horizontal., este fenômeno é
denominado achatamento.
Os exemplos de achatamento são numerosos e evidenciam a dificuldade da criança
em desenhar linhas verticais e horizontais. Essas duas noções não são geralmente expressas
no desenho. É porque a criança “achata” a vertical estendendo-a em horizontal, sem se
preocupar com a perspectiva.
Em concordância com Davido a coordenação de planos permite a criança de mais
idade representar uma certa perspectiva, que não existe, em principio, nos desenhos de
crianças de 5 a 7 anos, como vimos acima.
Com isso, vimos que o desenho da criança exprime mais o mundo pessoal de seu
autor que o mundo exterior. Segundo Davido quando é representado, constitui uma criação
imaginativa e não fotografia do real é uma realidade vista e pensada através do espírito
infantil, e quase sempre carregada de afetividade.
Na idade do achatamento e da transparência, a criança desenha o que sabe.Segundo
Malrieu: o desenho não representa o modelo que a criança tem sob os olhos, mas o que ela
conhece.
O penúltimo estágio e o do realismo visual que acontece entre os 7 e 12 anos de
idade. No transcurso deste estágio, a criança se aplica a desenhar o que vê. Sua visão do
mundo é mais objetiva. Se a criança desenha uma casa, representa o exterior. Se desenha o
interior, não representa o que é visível através das janelas.
Esse estágio durara, ate os doze anos, depois dará lugar ao estágio final: o da
representação no espaço. Onde os desenhos se tornam mais artificiais, uma vez que são
mais elaborados.
Capítulo 3: O desenho livre
O desenho livre é aquele que permite a criança representar o que deseja. É, portanto
um meio de se exprimir sem constrangimentos. Será muito instrutivo, pois revelam suas
preocupações, as mais inconscientes.
A liberdade do desenho pode se traduzir de duas maneiras diferentes: por intenção,
de uma parte ou por escolha de outra.
Geralmente quando os pais querem tornar o ambiente, mas sossegado, dão aos
filhos lápis e papel, e pedem para que os mesmos que façam um desenho bem bonito. A
princípio, a criança teria uma idéia do que ia desenhar, mas, para satisfazer o tenro gosto
dos pais, lhe desenhara aquilo que lhes favoreça.
Diante disso, é que nos devemos nos perguntar se o desenho livre realmente existe,
porquanto geralmente é feito com intenção de satisfazer o desejo do adulto mais que o da
criança, ou então está idéia é orientada pela escola
Nos na escola somos condicionados inconscientes a fazer desenho para no final
sermos elogiados, pois o elogio e como se fosse um prêmio àquele desenho “dito livre”.
Então o desenho livre acaba se tornado obsoleto, pois a criança ao invés de usar suas
ferramentas para representar o seu inconsciente acaba por vez tentando satisfazer o seu ego
e aumentando suas frustrações na busca da “perfeição” de sua obra.
Diante disso, vemos que a intenção e tema no desenho raramente são livres, a
criança vive na sociedade, seu desenho é social e se endereça a um terceiro. Entretanto,
toda a reprodução gráfica, mesmo que careça de liberdade, é original. A situação de cada
criança é única. Cada um tem uma diferente visão do mundo, mesmo que sejam irmãos
gêmeos. É em função de seu passado imediato, do clima afetivo no qual evolui que a
criança irá nos liberar sua visão de mundo.
No desenho livre a criança tem a possibilidade de se liberar de satisfazer seus
desejos intra-psíquicos. No desenho livre a criança tem a possibilidade de ter o mesmo
carro que seu pai, as mesmas roupas de sua mãe. Diante disso é que nos devamos
possibilitar as crianças esse espaço de libertar o seu inconsciente. Segundo Davido 1972,
p.26
A colocação em prática dessa liberdade é favorável na escola maternal. Os pequenos têm quase sempre “uma sala de pintura” onde se encontram quando desejam; não é para a tenra criança um excelente meio de se libertar? É lamentável que essas salas se esclerosem na escola primaria. A espontaneidade se perde à proporção que a criança “sobe” de classe.
O desenho é muito importante para melhor entendermos o mundo intra-psíquico da criança,
para nos compreendermos como funciona sua personalidade. Em certos traumas
psicológicos, pode ocorrer que uma criança que havia adquirido a fala torne-se muda, isto
é, se fecha em si mesma a ponto de não mais abrir a boca. Um exemplo disso se dá no caso
contado por Davido 1972 p 27:
Em um determinado ano, estive com uma criança que havia perdido a fala devido a um trauma... Foram feitos vario tipos diagnósticos para que se chegasse a um de tratamento, mas, todos com insucessos. Fui surpreendida com um recurso terapêutico do Professor Heuyer, onde ele usava o desenho como método de investigação do problema... Nestes desenhos foram encontrados muitos temas como: agressões, mutilações, e essas imagens foram traduzidas em termos de castração... A criança, finalmente, retomou o uso da palavra, mas seus desenhos deixaram de falar, pois foram cada vez se enfraquecendo mais.
A psicanálise para a criança não é possível: imagine-se uma criança estendida sobre
um divã na atmosfera de uma seção de psicanálise. A criança terá dificuldades em
expressar seus estados de alma. Por isso é que o desenho tem se tornado uma ferramenta
psicopedagógica, pois ele representa o mundo da criança ele é a linguagem da criança.
Segundo Davido 1972, p 28: O desenho, que é um meio de expressão e de comunicação,
surge como uma fonte terapêutica das mais eficazes, pois ele vai apresentando para a
criança o papel da linguagem.
O desenho serve não somente como fonte de integração com a criança ma também
serve de pretexto à criança para que se narre a si própria. Neste caso, interpretar ela mesma
seus problemas inconscientes; comentando-os, remonta-se espontaneamente à consciência.
o adulto oferece-lhe ajuda e compreensão. Em certa medida, a criança domina seu
problema: se não possui o brinquedo de seus sonhos, desenhará a si própria com tal
brinquedo nas mãos, o que lhe favorecerá a ilusão de possuí-lo realmente, até fartar seu
desejo de posse. Segundo Davido 1972, p29: Assim a criança encontrara uma solução para
os seus conflitos, “possuindo o impossível”, e o equilíbrio se restabelece. O desenho é um
auto-retrato do inconsciente, permitindo-nos ver como a criança se sente, “através da
informação que nos é fornecida pelo objeto que deseja desenhar, tal objeto, é de qualquer
sorte, uma projeção de si mesmo”.Davido 1972, p.29.
3.1 A linguagem das Cores e o seu simbolismo
Entende-se por simbolismo no desenho as correspondências que se possa
estabelecer entre tais imagens e tais tipos de personalidades. Portanto é quase impossível
dar à presença de determinados elementos um sentido definitivo e imutável, alem disso,
existe certamente, um simbolismo elementar de desenho, como existe outro para o sonho.
Mas tais simbolismos não têm nenhum sentido se os considerarmos isoladamente, sem que
os englobemos num contexto. Segundo Davido 1972,p.40:
Não será porque uma vez uma criança colocou grades numa janela que o desenho significará a má adaptação na família. Imaginemos que esta criança tenha vista na véspera um filme de prisões: tal casa tão singular pode ter-lhe marcado a ponto de a fazer representar janelas de aspecto estranho.
Estes elementos nos mostram que a interpretação de desenhos de crianças é
complexa e não pode ser feita de maneira arbitrária. Para Jung, nossa consciência é formada
por duas profundezas diferentes, a mais distante é um inconsciente comum a todos os
homens, a mos superficial um inconsciente individual que corresponde a vida pessoal.
Segundo Davido 1972,p.41: O inconsciente coletivo é composto de arquétipos, ou
sobretudo de linhas diretrizes da imaginação que afloram algumas vezes em nossa
consciência sobe forma de sonhos, criações artísticas ou de doenças mentais.
Fazem partes desse simbolismo simbolismos elementos numerosos e que percorrem
os mais variados domínios como seres, coisas, etc. Segundo Davido 1972, p41: para
remontar aos tempos mais recuados: vê-se vermelho, depois tem-se medo do azul, pode-se
mesmo ver algumas vezes a vida cor de rosa.
Muitos astrólogos, por sua vez, associam uma cor a um planeta, ou a um Deus. O
amarelo recorda o sol, astro cheio de brilho o que significa generosidade e fé. Já o vermelho
é a cor de Marte, com sua impulsividade, sua cólera, sua agressividade. O azul corresponde
a júpiter, quer dizer lealdade, a paz, à verdade. Vênus está ligado ao verde que traduz a
esperança, mudanças. Mercúrio corresponde à cor laranja representa o raciocínio,
pensamento e a comunicação. Já saturno está ligado à cor preta, que significa austeridades,
seriedade e cumprimento estrito das leis. Quanto à lua, a sua cor é associada ao violeta
refere ao plano astral, espiritual.
Os astrólogos associam, portanto de uma maneira empírica um sentido psicológico a
cor. Em nossos dias, as influencias da cor são bem conhecidas. Segundo Davido 1972,
p.42:
Para repousar e acalmar utiliza-se tons esmaecidos: as paredes das clinicas são quase sempre pintadas com azul-pálido, rosa ou verde pastel. Para estimular ou favorecer o trabalho, as máquinas e os instrumentos devem ser pintados de cores vivas.
Reconhecemos que, o valor psicológico da escolha e da utilização da cor é
incontestável. Mas a interpretação psicológica dos resultados não pode ser feita senão em
função da idade do paciente. Segundo Davido 1972, p.43: A ausência de cor um desenho,
ou unicamente em certos temas, traduz um vazio afetivo, algumas vezes uma tendência anti
social.
Portanto, a cor pode ser utilizada sob suas diferentes características seja por
intensidade, irradiação à distancia, tonalidade, do mesmo elementos que valorizam esta ou
aquela parte do desenho. Segundo Luquet 1969, p.62: A justaposição de diferentes cores,
por exemplo, dará uma impressão de harmonia ou, ao contrario, chocará por seu caráter
áspero e duro, evocando perturbações geralmente de origens afetivas.
Diante disso, sabemos que a criança ira colorir seu desenho de acordo com seu
ritmo afetivo, usará cores que acompanhem seu inconsciente. Segundo Davido 1972, p43:
“A criança vai utilizar cores de duas maneiras: por um lado, acompanhando a natureza: céu
azul, grama verde, sol amarelo, por outro lado, seguindo o seu inconsciente”. Este é que é o
mais revelador de seu pensamento e de sua personalidade
3.1.1 Definição das cores segundo Bouvet:
Bouvet acredita que as cores são reveladoras do inconsciente e da personalidade
das crianças, ela é capaz de mostras as inquietações, frustrações, medos e desejos do
sujeito. Ele definiu as cores da seguinte maneira: A utilização do vermelho antes dos 6 anos
é perfeitamente normal, sua tonalidade diminui entre crianças doentes. Alem dos 6 anos,
indica uma tendência à agressividade, uma falta de controle emocional.
O azul pode ser utilizado crianças com menos de 5 anos; estas tem um
temperamento mais controlado que as que utilizam o vermelho. Seu emprego aos 6 anos
corresponde a uma boa adaptação e é substituído pelo marrom quando a criança renuncia
verdadeiramente a permanecer bebe. Utilizado exclusivamente, pode significar um controle
de si mesmo bastante importante.
Já o verde é paralelo ao azul e traduz sobretudo as relações sociais. Já o amarelo
freqüentemente associado ao vermelho ou utilizado só, revela algumas vezes uma
dependência muito grande da criança diante do adulto.
O marrom assim como as tintas escuras (regressivas para os psicanalistas) e o
amarelos as vezes, traduz má adaptação familiar e social e os diversos conflitos da criança,
estas tintas regressivas são utilizadas por crianças ditas difíceis.
O violeta é raramente usado pelas crianças, ele significa uma inquietude, se associa
quase sempre ao azul e sugere uma certa ansiedade. É, sobretudo utilizado durante os
períodos de adaptação difícil, seu emprego é às vezes reforçado pelo verde.
Por fim o preto, que pode ser utilizado em qualquer idade, significará, sobretudo
angustia. Seriam algumas vezes testemunhos de uma riqueza interior. Todavia, seu
simbolismo é particular no momento da puberdade, época em que revelará, sobretudo a
reserva e o pudor de sentimentos.
Acreditamos que para interpretar o simbolismo da cor, é necessário ter em conta
inúmeros outros elementos como, as influencias culturais, a moda, as linhas e as formas, a
justaposição das cores que assinala um conflito entre duas tendências.
3.1.2 Atuação Psicopedagógica
Reconhecemos que o papel do psicopedagogo é analisar e assinalar os fatores que
favorecem, e intervém ou prejudicam uma boa aprendizagem escolar (Ferreira 2007). Além
disso, psicopedagogo deve ter um olhar sensível ante aos fatores que interferem no
andamento de uma boa aprendizagem. O psicopedagogo antes de tudo deve ter uma boa
relação com os demais profissional da educação também com os alunos e comunidade, para
que assim possam sentirem-se confortáveis e confiantes em relação a este profissional.
Seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervém ou prejudicam uma boa
aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos
favoráveis a mudanças.
Diante disso, é que a aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos
ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de
experiências, promovem modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal.
Hoje o psicopedagogo tem uma grande ferramenta em mãos, que o possibilita
conhecer tão profundamente conhecer a criança que atua na instituição. A ferramenta na
qual me refiro como dito em outros capítulos é o desenho, que nos leva ate o inconsciente
da criança. Através das analise desse material poderemos perceber quais são as
inquietações que atormentam e dificultam uma aprendizagem adequada as necessidades
dessa criança.
Mas o que tem dificultado essa amplitude psicopedagógica é que a escola ainda é
muito limitadora, pois ela deveria permitir a criança meios de conhecesse, e adquirir o
senso de responsabilidade.
O psicopedagogo deve estar presente sempre, para que ele possa encorajar e
transmitir confiança a essa criança. Sendo um meio de conhecimento para todo educador,
este deve aproveitar a chance que lhe é oferecida. Há que se destacar que, com o
surgimento e contribuições da Psicopedagogia, todos os conceitos envolvidos no aprender
estão sendo reconsiderados. Por aprendizagem, por exemplo, estendeu-se o conceito para
além do conhecimento formal, acadêmico. Qualquer sujeito, independente do seu
comprometimento corporal, orgânico, cultural ou psicológico se relaciona e elabora
aprendizagem, pois é um ser social, que estabelece relações vinculares durante toda a sua
existência.
A prática psicopedagógica mais moderna nos tem mostrado que, mesmo na
“ignorância”, a criança assim persiste certamente por elaborar mecanismo inteligente de
defesa ou de manutenção de uma dinâmica grupal na qual se encontra inserida.
Nos dias de hoje, fica cada vez mais evidente que se faz necessário considerar o
aspecto orgânico como importante na avaliação do problema de aprendizagem, no
entanto é, também, indispensável que os aspectos cognitivos e afetivos sejam
ponderados na elaboração do diagnóstico, como também no tratamento indicado.
Se as regra são necessárias e se é verdade que é preciso aprendê-las para progredir,
não devem todavia sufocar um senso artístico ainda embrionário. O psicopedagogo deve
propiciar encorajamento à atmosfera favorável à criação artística.
O desenho na escola aparece portanto como matéria para desenvolvimento fora de
quadros tão estritamente escolares, sem apreciação e valor.
Com a análise dos desenhos de criança nos será possibilitado conhecermos as
dificuldades das crianças como: Segundo Davido 1972, p 118: a posição do desenho na
folha que está ligada, por um lado, ao caráter e à personalidade dos indivíduos, e por outro,
a idade. Alem disso, no desenho infantil podemos reconhecer ate mesmo a presença da
dislexia. Segundo Davido 1972 121:
Mais freqüentes são as crianças que têm lateralização cruzada; são estas, essencialmente, que engrossam as fileiras dos disléxicos. Os distúrbios disléxicos são encontrados na escrita, na leitura e no desenho. Nos temas livres, constam-se quase sempre desenhos assimétricos, com a estruturação desordenada.
Com isso, vimos que o desenho e a boca das crianças, pois, nele podemos encontrar
seu mundo, podemos penetrar nele e conhecer melhor com funciona, e qual e papel da
criança na escola, família e sociedade.
4: Estudo de Caso:
Afim de melhor embasarmos este trabalho, sentimos necessidade fazer um estudo de
caso para melhor entendermos esta temática que nos rodeias. Neste estudo foram utilizadas
ferramentas como: questionário qualitativo, observação participante, desenhos livres e sua
interpretação.
O trabalho foi realizado com um grupo de irmãos de idades de 4, 8 e 10 anos morador
de uma comunidade carente da zona norte do Rio de Janeiro.
No questionário foram feitas as seguintes perguntas:
1- Você tem algum sonho?
2- Qual?
3- Você gosta da sua família?
4- Tem algo que você não goste em sua família?
5- Você é feliz?
6- O que você acha de sua mãe
7- Tem algo que você não goste na sua mãe?
8- Você gosta da escola?
9- Como você é na escola?
10- Tem alguma dificuldade na escola?
11- Em que?
12- O que houve com seu irmão do meio?
4.1 Observações
O trabalho teve início em fevereiro deste respectivo ano, com um grupo de irmão.
Primeiro foram feitas observações participantes na vida familiar dessas crianças.
A família observada é composta por mãe de 27 anos, pai de 31 anos que não vive com
a família, crianças de idade de 10 de sexo feminino, 9 de sexo masculino, 8 também de
sexo masculino e 4 do sexo feminino.
Além disso, foi percebido que família vive em situação de miséria, devido a mãe
estar desempregada e os filhos não terem o que comer. Em relação ao pai que não vive com
a família e visto que o mesmo não ajudar a família em relação à alimentação, vestimenta,
etc. Esta família sobrevive com o bolsa família, que é uma ajuda do governo de trinta reais.
Esta família vive em uma casa próxima a linha de trem onde o barulho muitas vezes
atormenta as crianças fazendo as mesmas sentirem dificuldades para dormi. Nesta
residência percebe-se que não há um toalete para que as crianças possam tomar banho e
fazerem suas necessidades diárias.
Um ponto importante a ser colocado é que nas observações não foi percebido a
presença do irmão de 9 anos. Quando foi perguntando o que havia acontecido a mãe
responde que o mesmo fugiu de casa devido as necessidade que passa, então a criança
segundo a mãe foi para rua buscar o que comer. A mesma ainda reforçou que já o procurou
mais o mesmo se nega a volta, então ela achou melhor que ele, uma criança de 9 anos
optasse por aonde ficar.
No decorrer das observações, foi percebido que as crianças não tinham material de
escola para iniciar o ano letivo, a mãe precisou ir à escola e pedir ajudar para seus filhos
para que eles pudessem estudar.
Outro ponto observado, é que embora a família passe por muitas dificuldades
financeiras, a mãe dá uma grande importância a escola estimulando esta prática dizendo
que sem a escola os filhos não poderão ter uma vida mais confortável.
A mãe relata que foi mãe na adolescência e que nunca teve o apoio da família em
relação a criação das crianças. Ainda, a mesma relata que vivia uma vida estável com seu
ex marido e seus filhos, mas devido a uma crise conjugal o mesmo a abandonou com 4
filho quando sua filha mais nova ainda tinha meses de nascida.
Após as observações em um determinado momento foram realizadas atividades com
as crianças, que veremos no próximo item.
4.3 Atividades Realizadas:
Após as observações, foi pedido para que as crianças desenhassem sua família. A
primeira a desenhar foi a irmã mais velha de 10 anos. Neste desenho ela retrata sua família
da seguinte forma: A primeira personagem no desenho é a mãe anexo(2), a segunda, a irmã
mais nova, após o pai, depois ela mesma, em seguida o irmão de oito anos e o próximo o
irmão de 9 anos.
Neste desenho um primeiro ponto percebido é o desenho da mãe próxima a irmã
mas nova, e neste desenho vemos que a irmã de quatro anos é pintada de verde e azul que
Segundo Davido 1972,p 144 significa indefeso.
No desenho a menina de 10 anos aparece ao lado do pai que esta vestido de blusa
amarela., o amarelo segundo Davido 1972,p.58 significa masculino a grande influencia
paterna. Um ponto importante, nas observações foi percebido que o pai é mais próximo da
irmã mais velha do que dos outros filhos.
Outro ponto a ser observado no desenho da menina de 10 anos e a falta dos
membros, como braços e pernas há uma mutilação dos mesmo que segundo Davido 1972,
p70 podem ser definidos como problemas sociais ou sexuais.
Ainda, no desenho da menina de 10 anos vê se que a mesma se representa no
desenho semelhante a irmã mais nova com o mesmo corte de cabelo, a mesma roupa, o que
difere é a cor, que no desenho a menina se representa como o vestido vermelho, esta cor
esta ligada a agressividade. Segundo as observações feitas na família a menina bate na irmã
mais nova para chamar a atenção da mãe. Outro ponto a ser ressaltado no desenho é que os
corpos dos personagens estão pintados todos de vermelho.
Já no desenho do menino de 8 anos (anexo 3) foi feito da seguinte forma: primeiro o
pai, depois a mãe, após a irmã mais nova em seguida ele, depois a irmã mais velha, por fim
o irmão de 9 anos,
No desenho da criança de 8 anos foi percebido uma grande semelhança em relação
ao desenho da irmã mais velha, onde os mesmo vem a irmã mais nova como a próxima da
mãe e a presença da cor verde aparece mais uma vez.
Ainda no desenho é percebido que nas mulheres da família em seus vestidos aparece
o desenho de um coração que Segundo Davido 1972, p.143 o coração próximo ao meio das
pernas podem ser considerados símbolos da feminilidade e por outro lado símbolos sexuais.
No desenho do menino também aparece a mutilação dos membros, mas, apenas os
meninos de 8 e 9 anos não possuem os membros . Segundo Davido 1972, 65 muitas vezes
as omissões nos desenhos das crianças podem ser muito significativas, pois, é como essa
omissões que ela irá mostrar seus problemas. Alem disto, podemos perceber que as
castrações no desenho do menino revelam problemas sexuais que o preocupam que não
deve ter resolvido bem o seu complexo de Édipo. Segundo Davido 1972, p 143:
São inúmeros os psicanalistas que atribuem desvios sexuais ao fato de a criança ter assistido os embates amorosos dos pais. A frigidez e a impotência são muitas vezes as conseqüências para aqueles que, ainda pequenos, sofreram uma grande promiscuidade com os pais .
Outro fato observado no desenho é a irmã mais velha pintada de vermelho como
dito anteriormente representa agressividade. Para reforçar esta tese em uma das
observações feitas, foi percebido que há uma grande disputa em relação a esse dois irmãos,
quando se sentem enciumados costumam brigar, a irmã mais velha geralmente costuma a
perde o controle com mais facilidade.
Outro fator importante no desenho é o irmão de nove anos que é representando bem
distante dos outros irmãos, este irmão tem sua blusa pintada de preto. A cor preta neste caso
segundo Bouvet significa angústia.
Já no desenho da irmã de 4 anos ( anexo 4), a família é representada da seguinte
maneira: a criança se desenha com estatura superior a mãe e de cor verde, e a mãe com
estatura inferior de cor rosa. A tonalidade rosa e feita a partir da mistura da cor vermelha
com a cor branca, esta duas cores juntas Segundo Davido 1972, 71 é caracterizado pela
agressividade e a serenidade. Neste caso observa-se um confronto entre estas duas
vertentes. No desenho da menina o pai aparece bem distante da mesma. Segundo Davido
1972, p110: quando acontece da mãe está separada do pai no desenho feito por uma
criança , são os conflitos do casal que estão no centro das preocupações do desenhista. Este
desenho é representado por um circulo, representando ao mesmo tempo a cabeça e o tronco
visto de frente, ao qual lhe são acrescidos dois brancos, as pernas, e quase sempre dois
outros braços. O boneco da menina esta na fase do boneco embrião, embora acrescido dois
brancos, e pernas.sabemos que quando uma criança desenha um boneco, ela desenha como
ela se vê e caracteriza o seu estágio intelectual. Ainda em relação ao boneco da menina,
embora estejam nesta fase do boneco embrião, podemos dizer também que ele esta
evoluindo, pois em alguns personagens a bonecos com mais detalhes como o segundo
boneco que ela mesmo se representa de acordo com Davido 1972, p17: a medida que o
boneco evolui lhe é acrescido mais detalhes.
Outro ponto observado é semelhança da distancia do boneco representando o irmão
de 9 anos, no desenho do irmão de oito o mesmo aparece longe. E este boneco é
representado no desenho da menina sem muitos detalhes com apenas a cabeça e o tórax.
Segundo Davido 1972, p 32.
O pequenino, ao desenhar, narra uma história, as aventuras
que surgem a seus personagens; algumas vezes, a história é
ilustrada ao gosto de suas palavras. A associação do
pensamento, em correspondência direta com o inconsciente,
dá quase sempre uma direção ao desenho.
Outro ponto a ser destacado é que no desenho a mãe,irmão de 9 anos,o pai a própria menina
de 4 anos aparecem na cor rosa, veremos este significado no próximo item.
4.4 Aplicação dos Questionários
Para melhor reforçar a tese em relação a análise dos desenhos, foi necessário aplicar
um questionário afim de compreendemos de fato esta questão. Segundo Amaro 2005, p10
Um questionário é um instrumento de investigação que visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população em estudo. Para tal, coloca-se uma série de questões que abrangem um tema de interesse para os investigadores, não havendo interação direta entre estes e os inquiridos.
Na pergunta 1 e 2 do questionário percebeu-se que as meninas tem o mesmo sonho de terem
um celular e um computador, a mais nova costumam ser parecidas em relação as roupas, desejos,
com isso vemos que a um forte traço de competitividade. Já o menino de 8 anos respondeu que
queria ser trabalhador.
Já na pergunta 3 e 4 quando é perguntado para as crianças se eles gostam da família todas
responderam que sim, e quando perguntado se havia algo que não gostavam, tivemos respostas
muito semelhante como: Menina 10 anos: “ a vitoria implica comigo e minha mãe me
bate”.Menina de 4 anos: “quando minha mãe me bate”. Menino de 8 anos: “quando minha
mãe briga com meu pai ela fica com raiva da gente e bate na gente”. Nestas respostas
vemos que o fator agressividade esta bem presente nas respostas que pode também ser
ressaltado nos desenhos das crianças em anexo.
Na pergunta 5 todas as crianças responderam que são felizes. Então na pergunta 6
quando é perguntado o que acham da mãe temos as seguintes respostas: Menina 10 anos:
“acho minha mãe boa quando ela bate na gente, porque ela se arrepende e fica boa coma a
gente”. Menina de 4 anos: “gosto quando ela fica boa ai ela não bate na gente”. Menino de
8 anos. “felicidade”. Já na pergunta 7 quando é perguntado se tem havia algo que as
crianças não gostavam na mãe, as crianças responderam: Menina de 10 anos: “bate na
gente, as vezes sem motivo”. Menina de 4 anos: “quando bate”. Menino de 8 anos: “bate
na gente”.
Nas respostas das crianças como visto anteriormente, a agressividade esta muito
presente no dia a dia da crianças ,como no desenho da menina de 4 anos (anexo 4), vemos
que ela usa o rosa que é a tom dado pelo vermelho e o branco, segundo as observações o
pai agredia mãe, o pai tem o rosto pintado de rosa, a mãe batia no menino de 9 anos e a
própria criança se pinta de rosa devido a apanhava da mãe e agredir a irmã mais velha.
Diante disso, reconhecemos que as crianças usam o desenho como ferramenta para
exprimir seus sentimentos, como confidente de suas manifestações, como revelador de sua
realidade.
Desenhar para a criança é como uma brincadeira, um jogo, que é ligado a sua realidade ambiental numa associação de elementos tangíveis ou não e presentes em suas vivências, representando algo das dimensões concretas ou imaginárias do meio ambiente. Desta forma, o desenho é realista, mas não só representa o real imediato do pensamento racional, mas representa também as influências culturais e o pensamento simbólico, partes integrantes de suas tradições, principalmente no caso de sociedades tradicionais. A respeito dos conteúdos subjetivos e objetivos abarcados pelo desenho,Ponty (1990, p.220)
A pergunta 8 foi feita da seguinte maneira: Você gosta da escola? E as crianças
responderam que sim e ao perguntar como eram na escola elas responderam: Menina 10
anos: “a tia disse que sou ótima aluna”. Menina de 4 anos: “respeito a tia e ela não me
bate”. Menino de 8 anos: “sou mais ou menos”. Na pergunta 9 quando é mencionado se as
crianças tinham alguma dificuldade na escola o grupo de irmãos responderam: Menina de
10 anos: “dificuldade ainda eu não tenho”. Menina de 4 anos: “sim, quando me batem,
mais eu bato também”.Menino de 8 anos: “dificuldade estudar, eu viajo na aula”.
É percebido que na resposta do menino de 8 anos sua dificuldade em se concentrar,
esta contida na distração que ele tem em sala de aula, que pode ser originada de diversos
fatores, tantos familiares, psíquicos. Nas observações diárias foi percebido que esta criança
é super agitada e tem dificuldade de se concentrar e de se manter em um lugar, no momento
em que lhe foi pedido para que ele desenhasse, o menino teve dificuldades para ficar
sentado, precisava levar a todo o momento, tinha a necessidade de fazer varias coisas ao
mesmo tempo. Além desses fatores, não se pode deixar de levar em conta os níveis econômicos e
culturais em que o grupo familiar da criança se encontra, bem como o tipo de escola que freqüenta,
uma vez que, se forem bem entendidas e encaminhadas às dificuldades de aprendizagem, as
crianças podem ter assegurada uma relação mais harmônica, coerente e saudável com o
conhecimento.
Mas uma vez batendo na mesma tecla vê que a dificuldade escolar da menina de 4 anos
esta ligada as brigas como na resposta “quando me batem, mais eu bato também.” Segundo
Maria Lúcia Weiss,
“a aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando começam a aparecer “dissociações de campo” e sabe-se que o sujeito não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo”.
A criança de dez anos segundo seus relatos não tem dificuldades na aprendizagem,
pois tais dificuldades variam de pessoa a pessoa e de como elas assimilam os problemas em
sua volta. Segundo Weiss 1999, p 12.:
Partindo da realidade plenamente constatada que todos os alunos são diferentes, tanto em suas capacidades, quanto em suas motivações, interesses, ritmos evolutivos, estilos de aprendizagem, situações ambientais, etc. , e entendendo que todas as dificuldades de aprendizagem são em si mesmas contextuais e relativas, é necessário colocar o acento no próprio processo de interação ensino/aprendizagem
Se a dificuldade fosse apenas originada pelo aluno, por danos orgânicos ou somente
da sua inteligência, para solucioná-lo não teríamos a necessidade de acionarmos a família, e
se o problema estivesse apenas relacionado ao ambiente familiar, não haveria necessidade
de recorremos ao aluno isoladamente.
A próxima pergunta foi elaborada devido as inquietação ocorridas no decorre das
observações, quando percebido que o irmão de 9 anos nunca estava presente. A pergunta 12
foi elaborada da seguinte forma: o que houve com o seu irmão do meio? As crianças
responderam: Menina 10 anos: “meu irmão foi embora por causa das dificuldades, foi
morara na rua, e a rua não é um bom lugar”. Menina de 4 anos: “ele fugiu de casa porque
minha mãe batia nele de corrente”. Menino de 8 anos: “minha mãe batia no meu irmão de
corrente”.
Vemos que muitas vezes alguns pais quando querem educar seus filhos ou quando
se sentem estressados agridem as crianças de forma brutal deixando seqüelas não apenas
em seus corpos, mas abrem uma ferida na alma.
Diante a estas situações é que nos profissionais devemos estar atentos, pois não
devemos permitir que isso se torne mais um caso, e caia no esquecimento. Nos devemos ter
um olhar atento para as crianças e percebemos o que de fato acontece com elas, e
procurarmos medidas prováveis para que esses fatos não às perturbem, não venham
interferir em sua vida social e escolar.
Cada pessoa é uma. Uma vida é uma história de vida. É preciso saber o aluno que se
tem como ele aprende. Se ele construiu uma coisa, não se pode destruí-la. O psicopedagogo
ajuda a promover mudanças, intervindo diante das dificuldades que a escola nos coloca,
trabalhando com os equilíbrios/desequilíbrios e resgatando o desejo de aprender.
4.4 Hipóteses:
Diante as observações, estudos bibliográficos, estudo de caso e análise chegamos às
seguintes hipóteses:
• O desenho revela o inconsciente da criança;
• O desenho se desenvolve à medida que a criança se desenvolve;
• Os problemas familiares tende a interferir na aprendizagem escolar;
• Através da análise do desenho é possível percebermos certas dificuldades na
aprendizagem escolar.
Considerações finais:
Diante a tudo que foi visto, podemos dizer que o desenho é uma ferramenta
essencial para melhor compreendermos o mundo das crianças, pois através de sua analise
podemos ter um contato mais real com o imaginário da criança. Pois o desenho revela o
inconsciente das crianças e através dele podemos fazer intervenções, possibilitando a
criança uma aprendizagem mais eficaz, tentando diminuir o fardo que lhe atormenta.
Alem disso, vimos que é de suma importância que os profissionais da educação
estejam atualizados, pois devido esta nova vertente que é a globalização somos
bombardeados de informações, e o mundo esta sempre em constantes mudanças.
Com isso vemos que todas as ferramentas que possibilitem a criança uma
aprendizagem mais tranqüila e segura é valida, pois devemos estar sempre refletindo a
nossa prática profissional, devemos ter um olhar atendo e sensível a essas transformações,
para que nos possamos sempre estar próximos de nossas crianças.
Reconhecemos que o psicopedagogo deve ter uma boa relação como todos os
profissionais presentes na instituição, com o objetivo de promover uma aprendizagem que
seja adequada às necessidades de cada aluno. Além disso, é de suma importância que o
psicopedagogo tenha uma relação confortável com os familiares e comunidade, para que as
juntos possam estar buscando sempre o melhor para as crianças
Assim, percebemos que o desenho é uma ferramenta lúdica que possibilita o
explorarmos o senso artístico e criador das crianças, pois ele é o revelador das
manifestações das crianças, através dele podemos ter acesso ao imaginário e inconsciente
das crianças.
Alem disso, vimos a importância do desenho livre pois ele possibilita a criança cria,
moldar, e construir e reconstruir o seu mundo
Sabemos que não é mais perdoável ignorarmos os desenhos das crianças, pois eles
representam um meio privilegiado de aproximação para o conhecimento de sua
personalidade.
O desenho não deve ser visto como apenas um meio de diversão da criança, mas
sim como um revelador da sua realidade.
Com isso, vimos que o desenho varia de acordo a cada cultura, devido a cada
contexto social o desenho se manifestará de uma forma.
Enfim, o psicopedagogo deve estar presente para encorajar e dar confiança ao aluno.
Sendo o desenho um meio de conhecimento para todo educador, este deve aproveitar a
chance que lhe é oferecida, mas sempre tendo em mente que as crianças são sujeitos
historio e sociais, que pensam refletem e tem opinião, e que o nosso papel é desenvolver
sua criatividade, seu senso critico, os possibilitando transformar sua realidade.
Bibliografias :
BERNSON. MARTHE. A Evolução Gráfica das Crianças. Abril Editora, 1997 DAVIDO, Roseli. A descoberta de seu filho pelo desenho. Arte Nova, 1072. LACAN,Jacques. O avesso da Psicanálise. Zahar, 1996 LUQUET, G.H. O desenho infantil. Lisboa: Companhia Editora do Minho, 1969. MALRAUX, ANDRÉ. A Condição Humana. Abril Editora, 1972. OLIVEIRA, Marta Kohl.Vygotsky -Aprendizagem e Desenvolvimento.Scipione, 2000. PIAGET, Jean. A construção do Real na Criança. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. PIAGET, VYGOTSKY e WALLON. Teorias Psicognéticas. Summus Editorial, 1984 PRUDOMMENAU, Anibal. Teste das cores. Kapeluz, 1966 PONTY, Maurice Merleau.As aventura da dialética.Livraria Martins,1990 PULVER, Max. Psicologia da Escrita.Rio de Janeiro. MPP.1998
ANEXOS
Índice de anexos
Para dar uma melhor estruturação a este trabalho os anexos estão organizados da
seguinte forma:
Anexo 1 >> Julia e a Flor; Anexo 2 >> Desenho da menina de 10 anos; Anexo 3 >> Desenho do menino de 8 ano; Anexo 4 >> Desenho da menina de 4 anos; Anexo 5 >> Entrevista com a menina de 10 anos; Anexo 6 >> Entrevista com o menino de 8 anos; Anexo 7 >> Entrevista com a menina de 4 anos.
Anexo1:
Julia e a flor
Julia era uma menina muito alegre e criativa, não podia ver um papel e um lápis que
ia desenhando tudo que vinha a cabeça. Um dia seus pais resolveram mudar de cidade em
virtude de uma oferta de emprego, então Julia precisou ser trocada de escola.
Esta nova escola era muito grande seus corredores chegavam a fazer barulhos com
os ecos de seus suspiros. Julia não estava se adaptando muito bem a nova escola, pois sentia
falta de seus amigos. Um dia a professora disse que daria aula de desenho e Julia
rapidamente abriu o sorriso, pois pensou que naquele momento ela poderia fazer algo que
sempre gostava a educadora distribui as folhas e os lápis de cor um de cor verde e o outro
de cor vermelha. E colou um desenho no quadro e disse podem começar, Julia rapidamente
pegou a folha e desenhou um algo com muitos peixes, e a professora deus um grito e falou,
Julia vamos para, eu não disse que podia começar a desenhar, e você esta desenhando tudo
errado, o desenho que e apara ser feito e o que esta no quadro, me de sua folha e comece a
desenha na hora que eu mandar, e a educadora apegou o desenho de Julia e o jogou em uma
enorme gaveta. Julia naquele momento viu sua emoção que a impulsionava a desenhar
afundar naquele lago. Após a professora deu a ordem e os alunos desenharam a flor
vermelha e o caule verde.
E assim foi os outros dias, um dia a reprodução do barco, no outro a arvore, para
Julia foi difícil se adaptar aquela realidade, pois na sua escola antiga os alunos tinham a
liberdade, para expressarem na folhas os seus sentimentos e suas emoções, Julia ate pensou
em sair da escola, mas seus pais não podiam perder a oportunidade de emprego que havia
para eles. Mas com o tempo Julia foi se moldando aquela situação, e seus desenhos
passaram a ser tão tristes quanto aquele corredor daquela escola.
Certo dia o pai de Julia chegou e pediu para que todos arrumassem as maças pois
eles iriam para outra cidade pois eles passaria a gerenciar uma empresar, e todos foram,
Julia passou a sentir o mesmo medo de outro de como seria a nova escola.
No primeiro dia de aula de Julia ela foi abordado no portão da nova escola por uma
senhora muito simpática, que se apresentou como inspetora da escola.olhando as paredes da
escolas Julia viu que haviam muitos desenhos, no corredor da escola uma pintura bem
alegre....
Em uma determinada aula a professora pediu para que os alunos pegassem folhas
que havia na mesa auxiliar e desenhassem.
Julia pegou a folha com receio, e esperou a professora dar a ordem para as crianças
começou a desenhar, ela estranhou, pois no quadro não havia nada colado, mesmo assim,
resolveu esperar o que lhe seria ordenado, a educadora notou que Julia era a única que não
estava desenhando e resolveu pergunta a Julia se ela gostava de desenhar Julia respondia
que sim, a educadora perguntou por que então você não desenha, ela respondeu, estou
esperando a senhora mandar, ela disse não precisa eu mandar você deve começar a
desenhar quando se sentir confortável, se quiser começar agora pode desenhar, Julia
perguntou o q professora, ela disse o que quiser, Julia desesperada perguntou, se você não
me disser o que desenhar não saberei o que desenhar, a educador respondeu eu não costumo
disser o que meus alunos desenhos, peço apenas para desenharem o que lhe vem a sua
mente, ela disse professora para mim e difícil desenhar sem me mandaram o que, e
educadora respondeu tenta Julia, então Julia pegou um lápis vermelho e outro verde e
desenho a flor vermelha com o caule verde.
(Autor desconhecido)
Anexo 2:
Anexo 3:
Anexo 4:
Anexo 5 :
Idade: 10 anos
Perguntas:
1-Você tem algum sonho?
R: “Sim”
2-Qual?
R: “Ter um celular e um computador”.
3-Você gosta da sua família?
R: “Sim”
4-Tem algo que você não goste em sua família?
R: “ a vitoria implica comigo e minha mãe me bate”.
5-Você é feliz?
R: “Sim”
6-O que você acha de sua mãe
R: “acho minha mãe boa quando ela bate na gente, porque ela se arrepende e fica boa
coma a gente”.
7-Tem algo que você não goste na sua mãe?
R: “bate na gente, às vezes sem motivo”
8-Você gosta da escola?
R: “Sim”
9-Como você é na escola?
R: “a tia disse que sou ótima aluna”.
10-Tem alguma dificuldade na escola?
R: “dificuldade ainda eu não tenho”.
11-Em que?
R:_________X_____________
12- O que hove com seu irmão do meio?
R: “meu irmão foi embora por causa das dificuldades, foi morara na rua, e a rua não é um
bom lugar”.
Anexo 6:
Idade: 8 anos
Perguntas:
1-Você tem algum sonho?
R: “Sim”
2-Qual?
R: “Ser trabalhador”.
3-Você gosta da sua família?
R: “Sim”
4-Tem algo que você não goste em sua família?
R: “quando minha mãe briga com meu pai ela fica com raiva da gente e bate na gente”..
5-Você é feliz?
R: “Sim”
6-O que você acha de sua mãe
R: “felicidade”..
7-Tem algo que você não goste na sua mãe?
R: “bate na gente”.
8-Você gosta da escola?
R: “Sim”
9-Como você é na escola?
R: “sou mais ou menos”.
10-Tem alguma dificuldade na escola?
R: “sim”.
11-Em que?
R: “dificuldade estudar, eu viajo na aula”.
12- O que houve com seu irmão do meio?
R: “minha mãe batia no meu irmão de corrente”.
Anexo 7:
Idade: 4 anos
Perguntas:
1-Você tem algum sonho?
R: “Sim”
2-Qual?
R: “ ter um celular e um computador”
3-Você gosta da sua família?
R: “Sim”
4-Tem algo que você não goste em sua família?
R: “quando minha mãe me bate”.
5-Você é feliz?
R: “Sim”
6-O que você acha de sua mãe
R: “gosto quando ela fica boa ai ela não bate na gente”.
7-Tem algo que você não goste na sua mãe?
R: “quando bate”
8-Você gosta da escola?
R: “Sim”
9-Como você é na escola?
R: “respeito a tia e ela não me bate”.
10-Tem alguma dificuldade na escola?
R: “sim”.
11-Em que?
R: “quando me batem, mais eu bato também”.
12- O que houve com seu irmão do meio?
R: “ele fugiu de casa porque minha mãe batia nele de corrente”.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Um breve Histórico dos desenhos 11
CAPÍTULO II - O desenho e o se desenvolvimento 17
CAPÍTULO III – O desenho livre 23
CAPÍTULO IV- Estudo de caso 33
CONSIDERÇÕES FINAIS 44
BIBLIOGRAFIA 46
ANEXOS 47