a mata da pedra grande

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Catalogo de Bolso Sobre as Expressoes Artistico-Culturais da Tradicao de Caetite

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Maria Escombona- Cultura e DesenvolvimentoTodos os direitos reservados.É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da Maria Escombona - Cultura e Desenvolvimento.

Elaboração, Distribuição e Informações:Maria Escombona - Cultura e DesenvolvimentoRua Direita do Santo Antônio, nº 250 - Santo Antônio Além do Carmo, Salvador - BahiaCEP 40301-280 - [email protected] - 71 991520974 | 71 30194457

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Por aqui vamos chegando

Por este portão sagrado

Visitando Deus Menino

No altar recolocado

Pai, Filho e Espírito Santo

Na hora de Deus amém.

Vamos benzer primeiro

Para livrar de um porém

Deus salve a casa santa

Onde Deus fez a morada

Onde mora o cálice bento

E a hóstia consagrada

O galo crista de serra

Um dos pássaros escolhidos

Foi ele quem deu a nova

Que Jesus era nascido

Na lapinha de Belém

Nascido e anunciado

Já nasceu por nosso bem

25 de dezembro

Quando o galo deu o sinal.

Que nascia Deus Menino

Numa noite de Natal

O reizeiro quando soube

Viajaram sem parar

E levaram o presente

Para o Menino Deus saudar.

Encontrei Nossa Senhora

Numa estrada deitada

Foi por causa de Herodes

Que ensinou a estrada errada

Cavaleiro é aquele

Que vem beirando o mar

Procurando Deus Menino

Sem nunca poder achar

Fui achar ele em Roma

Revestido no altar

Quem quiser subir ao céu

Pega uma escada de prata

Nós devemos ser devotos

Ao menino Jesus da Lapa

Já cantei, já louvei

Agora vou terminar

Ora viva as velas acesas

E a missa no altar

Ora viva e torna viva

Santo Reis na glória viva

Ora viva o Deus Menino

E todos nós da freguesia

Vamos dá a despedida de

Jesus Cristo

Que viva na eterna glória,

Para todo sempre, Amém!

Letra de música cantada no Terno de Reis quando se chega à casa da pessoa

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Essa é uma ideia artesanal da

Patrocinada pela

Com o apoio de

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Agradecemos o patrocínio, apoio e a parceria de Ana Paula e equipe Renova Energia,Tião Carvalho e Nando Dias (Secelt Caetité), Luiz Benevides (Rádio Educadora Santana de Caetité), Karina Junqueira e equipe Casa Anísio Teixeira, Marcos Venício e membros do Ilê Asé Dana Dana. Agradecemos também aos mestres e mestras dos Ternos de Reis de Caetité, gestores públicos, dinamizadores culturais e demais cultores tradicionais de Caetité que foram entrevistad@s neste Catálogo. Obrigada!

Coleção Cultura de Bolso Este catálogo é o volume “A Mata da Pedra Grande”, desenvolvido em Caetité e pioneira da série Coleção Cultura de Bolso da Maria Escombona Cultura e Desenvolvimento.

Bruna Teixeira- concepção, direção e sistematização da pesquisa e criação dos textos| Rafael Rolim- mobilização social| formativo| Luiz Benevides- acervo fotográfico histórico| Patrícia Freitas- bolsista-pesquisadora| Leidiane Pereira- bolsista-pesquisadora| Rúbia Oliveira- bolsista-pesquisadora| Danila Maia e Alice Troccoli- apoio na sistematização de conteúdo| Sr. Zé- motorista da etapa de pesquisa| Bruno Aziz- capa| Nívia Maria Vasconcellos- revisão ortográfica e gramatical| Naiara Rezende- projeto gráfico e diagramação

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SUMARIO

Apresentação 10Prefácio 12Caetité em Tupi 17Instituições e Pessoas 25Celebrações 47Rota Catalogada 68Bumba-Meu-Boi 71

Boi de Idalininho 80Capoeira 71

Grupo de Capoeira Ginga Bahia Caetité 84Quadrilhas Juninas 74

Quadrilha Brilha Sol 88Quadrilha Os Que Esqueceram de Ensaiar 92Quadrilha do Anguá 96

Sambão dos Bonecos 74Sambão de Robertinho 100

Ternos de Reis 76Terno de Reis da Aguinha 104Terno de Reis da Barrinha 108

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Terno de Reis de Boa Sorte 112Terno de Reis da Boa Vista 116Terno de Reis da Chapada 120Terno de Reis da Forquilha 128Terno de Reis da lagoa de Félix Pereira 132Terno de Reis da Lagoa do Mato 136Terno de Reis da Malhada 140Terno de Reis da Olaria de Santa Luzia 144Terno de Reis da Vargem do Sal 148Terno de Reis da Vereda das Cacimbas 152Terno de Reis das Ciganas 156Terno de Reis de Açoita Cavalo 2 160Terno de Reis de Angico 164Terno de Reis de Aroeiras 168Terno de Reis de Baraúna Grande 172Terno de Reis de Cachoeirinha 176Terno de Reis de Cristal 180Terno de Reis de Dé de Alezide 184Terno de Reis de Josias Bagaceira 188Terno de Reis de Leonídia de Contendas 192

Terno de Reis de Nelson do Serrote 196Terno de Reis de Passagem de Areia 200Terno de Reis de Pau Ferro 204Terno de Reis de Riacho da Vaca 208Terno de Reis de Samaíba 212Terno de Reis de Tanquinho de Aroeiras 216Terno de Reis de Vintém 220Terno de Reis de Zé de Zelinda 224Terno de Reis do Anguá 228Terno de Reis do Elefante 232Terno de Reis do Junquinho 236Terno de Reis do Santo Antônio do Tamboril 240Terno de Reis do Tanque do Governo 244Terno de Reis do Tanquinho de Maniaçu 248Terno de Reis Sonhadores da Paz 252

Posfácio 256

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APSENRE

TAÇÃO

Por Bruna Teixeira

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A cultura se revela a propriedade mais coletiva do povo caetiteense e o Município se mostra um dos principais pólos do Estado da Bahia a concentrar diferentes saberes, formas e fazeres, expressões e celebrações populares que representam verdadeiras referências culturais de resistência para muitas culturas tradicionais do Brasil. Além de 12 comunidades quilombolas certificadas, existem o Festival de Reisado (que acontece há mais de 30 anos), as fanfarras, incontáveis

Apresentacao

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quadrilhas, mais de 40 grupos de ternos de reis e de montaria, baianas, capoeiras, violeiros, ceramistas, e tantos outros que ainda estão invisíveis aos olhos do Estado, das empresas e da sociedade baiana e que, a si próprios, também se desconhecem como importante fatia do patrimônio cultural de todos nós, brasileir@s. Quem e quantos eles são? Como vivem? Por onde estão e o que pensam? A partir de agora, você vai conhecer um pouco mais sobre o rico patrimônio cultural imaterial de Caetité. Vamos fazer uma breve passagem por sua dinâmica político-cultural, pessoas e instituições, suas festividades e

nos aprofundar mais sobre as expressões de grupos artísticos mantidos, de geração em geração, pelo povo caetiteense, em especial, os Ternos de Reis. Deleite-se e instigue-se, pois a Coleção Cultura de Bolso foi pensada para que o/a leitor(a) se sinta com «a faca e o queijo na mão»! Feita para subsidiar a escolha de gestores públicos, pesquisadores, empresários, agentes e produtores culturais, por caminhos criativos em busca da mitigação das fragilidades vivenciadas por esses grupos, do fomento à produção artística e do fortalecimento organizativo das manifestações catalogadas neste volume. Tenham tod@s um bom apetite!

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prefacio

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Paramirim

Livramento de Nossa

Senhora

Tanque Novo

Macaúbas

Lagoa Real

Ibiassucê

CaculéLicínio de Almeida

Pindaí

guanambi

Igaporã Maniaçu

Brejinho dasAmetistas

Caldeiras

Pajeú dosVentos

Caetité14º 04”

O sertão nordestino do Brasil é uma das regiões semiáridas mais povoadas do mundo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 27 milhões de pessoas vivem atualmente no polígono das secas no país. Na Bahia, esse contingente equivale a 48% de sua população distribuída por 258 municípios, ou seja, mais de 6 milhões de pessoas, ocupando cerca de 70% do território do Estado. Caetité dista 645km da capital Salvador, integra o Território de Identidade Cultural Sertão Produtivo e está situado na Mesorregião do Centro-Sul Baiano, microrregião de Guanambi, no coração do sertão. Nacionalmente conhecido pela riqueza de seus minerais e pela força de seus ventos, o Município possui mais de dois séculos de emancipação, sendo pioneiro na instauração da educação formal regional sertaneja e um verdadeiro exemplo, quando o assunto é Patrimônio Cultural Brasileiro.

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CAETITE,EM TUPI,

A MATA DA PEDRA GRANDE

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LEgENDA

Município com acervo arqueológico (Fonte: IPHAN)Município com bens tombados pelo EstadoMunicípio com bens tombados pela União (Fonte: IPHAN) Município com bens registrados pelo EstadoMunicípio com bens registrados pela UniãoNúcleo histórico e conjunto arquitetônico e/ou paisagístico tombado pelo EstadoNúcleo histórico e conjunto arquitetônico e/ou paisagístico tombado pela União (Fonte: IPHAN)..........................................................................................Número de bens tombados pelo EstadoNúmero de bens tombados pela União (Fonte: IPHAN).......................................................................................... Número de bens registrados pelo Estado

*#

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BENS TOMBADOS EM CAETITÉ PELO ESTADO E/OU UNIÃO

Decreto nº 28.398/81

1. Casa Anísio Teixeira2. Casa do Barão de Caetité3. Casa do Coronel Cazuzinha4. Casa da Câmara e Cadeia5. Casa da Fazenda Brejo dos Padres (atual Fazenda Bom Jesus)6. Casa da Fazenda Santa Bárbara7. Capela São Sebastião

8. Casa Natal de César Zama [Processo nº 0607080014270/08-03]9. Hotel Caetité [Processo nº 0607080014270/08-02]10. Igreja de São Benedito [Processo nº 0607080014270/08-01]11. Imóveis da Cidade de Caetité (Poligonal) [Processo nº 0607080014270/08-08]12. Praça Rodrigues Lima, nº 76 [Processo nº 0607080014270/08-06]13. Praça Rodrigues Lima, nº 105 [Processo nº 0607080014270/08-05]14. Praça Rodrigues Lima, nº 178 [Processo nº 0607080014270/08-04]

FONTE: Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC (2013).

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Prestes a assumir a categoria de um município de médio porte, Caetité teve a previsão censitária estimada para 2015 de 52.531 habitantes. A Sede municipal apresenta a maior concentração demográfica entre os distritos de Caetité, e, como é crescente o seu grau de urbanização, a maior parte da população residente nos distritos de Brejinho das Ametistas, Caldeiras, Maniaçu e Pajeú dos Ventos também está nas zonas urbanas. Os vilarejos que compõem a zona rural de Caetité somam 40% do total da sua população. Trata-se de um município com a maioria jovem, baiana e caetiteense, autodeclarada parda e de adesão religiosa católica apostólica romana.

Fundação 1810Lema Solus amor edificat (Só o amor constrói)Ano de Instalação 1929Área da Unidade Territorial 2.442,90 km²Densidade Demográfica 19,45 hab/km²População 47.515 habitantesHomens 23.419 homensMulheres 24.096 mulheresPopulação Rural 19.068 pessoasPopulação Urbana 28.447 pessoasIDH-M 0,65Índice de gini 0,44PIB R$ 399.884,00PIB per capta R$ 8.402,08Prefeito (2013 - 2016) José Barreira de Alencar Filho (PSB)

FONTE: IBGE, 2010-2013.

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Partindo da capital baiana com destino a Caetité são estimadas 8 horas de viagem. A Novo Horizonte é a única empresa de viação do sistema de transporte intermunicipal de passageiros sediada na rodoviária de Salvador a realizar esse trajeto (Tel. 71 3450-2224 | 5557). Os valores giram em torno de R$ 100,00 e os horários disponíveis são às 8h - 10h50 - 19h30- 20h - 20h20 (leito) - 21h30. Como alternativa, há também uma empresa de viação local chamada Roberto Viagens que disponibiliza uma saída por dia às 19h para Caetité (e de lá para Salvador às 20h), partindo da agência da empresa, localizada ao lado da Rodoviária, no Hotel Pirâmide em Salvador, e da Praça da Catedral, em Caetité (Tel. 77 3454-1416| 77 99136-6248).

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A

B

645km

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e pessoas

instituiCOES

EINSTUI

TIÇÕES PESSOAS

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Chegando a Caetité, algumas instituições e pessoas são reconhecidas como referência na produção do conhecimento acerca das manifestações populares municipais, seus avanços político-culturais e da salvaguarda do patrimônio vivo caetiteense. Por par-te do Poder Público, em março de 2014, foi fundada a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Caetité (SECELT), sob a direção atual do Sr. Sebastião Carvalho ([email protected] |77 99178-1170) e do Sr. Fernando Dias ([email protected] | 77 99130-2466), como Gerente de Cultura. Antes disso, os interesses cul-turais eram executados pela Gerência de Cultura de Caetité, que promoveu três Conferências Municipais para o planejamento democrático das políticas

culturais locais junto com a sociedade civil, sendo a última realizada no dia 16 de julho de 2013. Logo depois, nos dias 18 e 19 de agosto do mesmo ano, Caetité sediou a Conferência Territorial de Cultura do Sertão Produtivo, realizada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT/BA).

Praça da Catedral, nº 185, [email protected] 3454-8027

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1 presidência composta pelo Secretário de Cultura de Caetité; 4 membros representantes do Poder Público, com 4 suplentes; 1 efetivo e outro suplente da Câmara de Vereadores; e 5 membros e respectivos suplentes representantes da sociedade civil.

Ao todo, 217 municípios baianos solicitaram o Acordo de Cooperação Federativa com o Ministério da Cultura (MinC), ou seja, projetaram a sua adesão ao Sistema Nacional de Cultura (SNC). Dentre estes, 159 foram outorgados e publicados no Diário Oficial da União, totalizando 38,1% do total de município do Estado dentro do SNC, até julho de 2015. Embora Caetité ainda não tenha aderido ao SNC por meio da solicitação do Acordo de Cooperação, alguns dos principais objetivos do Sistema Municipal de Cultura já vêm sendo praticados, como as conferências, a criação do órgão gestor e a elaboração do plano municipal de cultura. O Conselho Municipal de Política Cultural tomou posse em 08 de dezembro de 2014, 7 meses após as eleições de seus membros, a partir da seguinte estrutura:

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TITULARES ESFERA INSTITUIcoES SUPLENTESSebastião Carvalho(Presidente)

Poder PúblicoSecretaria Municipal de Cultura,Esporte, Lazer e Turismo

João Carlos S. FernandesVanda Oliveira Barros

Cátia Castro Poder Público Secretaria de Desenvolvimento Social

Fernanda Oliveira Poder Público Secretaria Municipal de Educação

José Magalhães Poder PúblicoSecretaria Municipal de Cultura,Esporte, Lazer e Turismo

Rosália Junqueira Poder Público Arquivo Público Municipal

Marrcílio Teixeira Poder Legislativo Câmara Municipal de Vereadores

Luiz Benevides Sociedade Civil Rádio Educadora Santana de CaetitéMaria Telma- Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Ma. Auxiliadora R. Ledo Sociedade Civil Casa Anísio TeixeiraYalen Neves- Academia Caetiteense de Letras (ACL)

Nando Reis Sociedade Civil grupo Dobradores de ArtesChica Almeida- Agremiação de Artes

Patrícia Freitas Sociedade Civil União de Negros pela Igualdade (UNEgRO) Roberto Dantas- Coral Novo Tom

Cláudia S. S. do Nascimento Sociedade CivilAssociação de Moradores do Bairro Feira Velha (AMOFEV)

Edgar Oliveira- Federação de Associações do Município de Caetité (FAMC)

conselho municipalde politica cultural de CAETITE

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TITULARES ESFERA INSTITUIcoES SUPLENTESSebastião Carvalho(Presidente)

Poder PúblicoSecretaria Municipal de Cultura,Esporte, Lazer e Turismo

João Carlos S. FernandesVanda Oliveira Barros

Cátia Castro Poder Público Secretaria de Desenvolvimento Social

Fernanda Oliveira Poder Público Secretaria Municipal de Educação

José Magalhães Poder PúblicoSecretaria Municipal de Cultura,Esporte, Lazer e Turismo

Rosália Junqueira Poder Público Arquivo Público Municipal

Marrcílio Teixeira Poder Legislativo Câmara Municipal de Vereadores

Luiz Benevides Sociedade Civil Rádio Educadora Santana de CaetitéMaria Telma- Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Ma. Auxiliadora R. Ledo Sociedade Civil Casa Anísio TeixeiraYalen Neves- Academia Caetiteense de Letras (ACL)

Nando Reis Sociedade Civil grupo Dobradores de ArtesChica Almeida- Agremiação de Artes

Patrícia Freitas Sociedade Civil União de Negros pela Igualdade (UNEgRO) Roberto Dantas- Coral Novo Tom

Cláudia S. S. do Nascimento Sociedade CivilAssociação de Moradores do Bairro Feira Velha (AMOFEV)

Edgar Oliveira- Federação de Associações do Município de Caetité (FAMC)

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No trato das pesquisas acadêmicas, o Departamento de Ciências Humanas da UNEB (Universidade Estadual da Bahia – Campus VI) oferece, em Caetité, o curso noturno de HISTÓRIA. A partir dessa graduação, promovem-se, com frequência, encontros, seminários e projetos em torno do patrimônio histórico e cultural do Município. O Sr. André Koehne é uma personalidade sempre indicada em Caetité quando se buscam artigos e publicações, livros e pesquisas sobre as tradições caetiteenses. Domina temáticas como cultura, geografia, história e tantas outras que dizem respeito ao desenvolvimento social e educacional do Município. É dito uma sumidade no assunto! É advogado, escritor, membro fundador da Academia Caetiteense de Letras (Presidente 2009-2012), e membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e da Academia Goianiense de Letras.

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Caetité também sedia instituições privadas que, através de seus programas de relacionamento comunitário e responsabilidade social, patrocinam, pontualmente, propostas que valorizam as referências de memória e identidade do Município. As mais significativas, as de grande porte, são a Renova Energia, empresa responsável pelo Parque Eólico instalado em Caetité desde julho de 2012, e as Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB), estatal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que explora o urânio nas terras caetiteenses, sendo a única unidade de mineração e beneficiamento do urânio em produção no Brasil. A empresa também administra o Espaço INB de Ciência, Tecnologia e Cultura, onde se promovem

exposições temporárias sobre ciência e cultura, exposições permanentes sobre a história da cidade de Caetité e tudo sobre o ciclo do Combustível Nuclear.

Espaço INB. Praça da Catedral, s/nº, [email protected] 3454-3600

Renova Energia. Rua Barão de Caetité, 393 - 1º andar, Centro http://renovaenergia.com.br77 3454-3015

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Em um futuro próximo, a Bahia Mineração (Bamin) também entrará na lista das empresas de grande impacto que podem passar a investir nos projetos de fortalecimento das manifestações culturais do Município. Desde 2007, desenvolve o Projeto “Pedra de Ferro” que visa a produção de aproximadamente 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, extraídos das reservas de Caetité.

Av. Santana, 131, 1º andar – Centrohttp://www.bahiamineracao.com [email protected] 3454-8500

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Há dois Pontos de Cultura em Caetité: o Projeto Memorial de Saberes e Fazeres Populares, da Fundação Anísio Teixeira (Casa Anísio Teixeira), e o Projeto Crescer, proposto pela Associação Centro Espírita Aristides Spínola. Ambos contemplados pelo Edital 01/2008 da SECULT/BA.

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Projeto: Projeto Crescer Representante Legal: Maurício Bonard dos Santos Gumes Endereço: Rua 2 de Julho, 124, Centro, Caetité E-mail: [email protected] Telefones: 77 3454-1179 | 77 99947-9801 Coordenadores: André Luiz F. Gumes e De lma C. Gumes Telefones: 77 99976-4827 | 77 99961-7582.

Associacao Centro Espirita Aristides Spinola Resumo: Através de oficinas de patrimônio

cultural, linguagem, trilhas ecológicas, cineclube, informática, coral, flauta e artesanato, um grupo de crianças, adolescentes e mulheres caetiteenses tiveram acesso a uma programação cultural, experimentando formas de gerar renda e também promovendo atividades culturais na agenda do município.

Convênio: 018/2008 Área Temática: Formação Valor Bruto global do Convênio: 180 mil Valor Recebido: (2008) 1ª Parcela R$ 45mil | (2010) 2ª Parcela R$ 15mil | (2011) 3ª Parcela R$ 60mil | (2013) 4ª Parcela R$ 60mil Cenário Atual: Dificuldades na prestação de contas - atividades concluídas.

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Fundacao Anisio Teixeira Casa Anisio Teixeira[ ]

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Projeto: Memorial de Saberes e Fazeres Populares Representante Legal: Anna Christina Teixeira Monteiro de Barros Endereço: Rua do Tesouro, 5, Ed. Santa Cruz, sala 411, Centro, Salvador Telefone: 71 3321-2266 Unidade Executora: Casa Anísio Teixeira, Praça da Catedral, nº 57, Centro, Caetité E-mail: [email protected] Coordenadora: Maria Auxiliadora Ribeiro Ledo (Mara Ledo) E-mails: [email protected] /[email protected] Telefone: 77 3454-2313

Resumo: A identificação dos mestres e grupos populares do Território do Sertão Produtivo e o cadastramento dos seus saberes e fazeres em um banco de dados são contínuos. A cada três meses, o Ponto promove o “Santos de Casa” – encontros em que os mestres e grupos populares já cadastrados compartilham os seus saberes. Os encontros são verdadeiras fontes de conhecimento e alegria. O Ponto também faz o registro em foto e vídeo desses fazeres. Duas publicações já estão disponíveis: «Memorial dos Sabores do Sertão» e «Memorial de Curas Tradicionais do Sertão».

Convênio: 113/2008 Área Temática: Memória Valor Bruto global do Convênio: 180 mil Valor Recebido: (2009) 1ª Parcela R$ 45mil | (2010) 2ª Parcela R$ 15mil | (2011) 3ª Parcela R$ 60mil | (2013) 4ª Parcela R$ 60mil Cenário Atual: Atividades em andamento.

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Nos últimos editais abertos pelo Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA), Caetité teve dois projetos aprovados, sendo um deles pela Associação Ilê Asé Dana Dana para a realização da I Conferência sobre Patrimônio e Cultura Afrobrasileira de Caetité. O Edital é o nº 10/2013 Culturas Identitárias e o Projeto foi contemplado em R$ 43.409,85. Para além de suas práticas religiosas, a instituição vem se tornando uma referência local na realização artístico-cultural de eventos sobre a temática afro, podendo ser visitada na Rua São João, 189 - Centro, 46400-000 na cidade-sede de Caetité, sob a administração do babalorixá Marcos Venício (77 99912-9880 | 98140-7015 | www.facebook.com/IleAseDanaDana).

O Festival de Reisado que ocorre anualmente há quase 30 anos em Caetité, por outro lado, é uma festa tipicamente católica e utiliza mecanismos de captação local, através de pequenos patrocínios de comerciantes, empresas, prefeitura e políticos. Nunca foi proposto em editais do FCBA, chamadas públicas nacionais ou inscrito no FazCultura, a lei de incentivo fiscal da Bahia. O Sr. Luiz Benevides (77 99994-8358| [email protected]) é o idealizador e produtor popular desta celebração, além de radialista, professor e escritor, fotógrafo e amante das tradições caetiteenses - o que o torna uma pessoa ícone quando se pretende ter uma boa conversa sobre patrimônio cultural imaterial do Município.

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EBRA

LE ÇÕES

De geração em geração, os festejos comemorativos do povo caetiteense são continuados por diferentes motivações e vários significados. Há as festividades religiosas, como a Festa de Sant’Ana (padroeira da cidade) e o Festival de Ternos de Reis; as de caráter cívico, tais como a de 7 de Setembro (Independência do Brasil) e a de 2 de Julho (Independência da Bahia); aquelas relacionadas aos ciclos reprodutivos, como a Festa da Mandioca realizada no distrito de Maniaçu; e ainda as que marcam momentos especiais da vida de uma pessoa em sua comunidade, a exemplo dos Casamentos Rurais. As celebrações de Caetité mantêm vivos os momentos que fazem as pessoas se reunirem por séculos, e, juntas, organizarem e comemorarem importantes datas que contam um pouco mais sobre seus propósitos, desejos e sua história.

as festividades tradicionais de Caetite

CELEBRACOES

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d s t q q s s

janeiro Em sua 30ª edição, o Encontro de Ternos de Reis e Violeiros é um verdadeiro festival popular que exalta a maior expressão artístico-cultural da tradição caetiteense: o Reisado. Mais de 30 grupos de ternos de reis do Município e região participam desse momento de muita alegria e satisfação para a cidade de Caetité. Realizado na sede municipal anualmente, sempre no primeiro domingo após o dia 06 de janeiro, o Encontro tem sua culminância na Praça da Catedral, com o apoio da Prefeitura, de comerciantes e de empresas locais. É um evento produzido de forma independente, idealizado e liderado pelo radialista e amante das culturas populares, Sr. Luiz Benevides, que conta também com alguns fiés colaboradores. O tradicional evento começa com o cortejo dos foliões que passam pelas duas principais avenidas do centro da cidade, seguido da benção dos reiseiros e, finalmente, da premiação com troféus distribuídos aos grupos que melhor se apresentaram no Festival, conforme critérios definidos e avaliados pelos organizadores. O Festival de Viola segue para abrilhantar a festa que, por vezes, também exibe outras expressões, como o Bumba Meu Boi.

ENCONTRO DE TERNO DE REIS E VIOLEIROS Por

Patrícia Freitas

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A Lavagem da Esquina do Padre acontece no período pós-carnavalesco há 30 anos, originada por três amigos que, depois de terem curtido bastante o carnaval das ruas de Caetité, não se sentiram satisfeitos e quiseram mais. Ainda com desejo de prolongar os festejos, mas sem ter a mínima condição financeira para arcar com o tal carnaval extendido, resolveram sentar na esquina da casa do pároco da Diocese de Caetité - hoje falecido Monsenhor Osvaldo Magalhães (padre Vavá) -, comprar pinga e limão, para lavar a esquina da Praça da Catedral com a Avenida Santana, na maior alegria e motivação. De lá para cá, o que tinha tudo para ser apenas uma passageira brincadeira de amigos bêbados e insatisfeitos com

fevereiroo fim do Carnaval, virou uma verdadeira tradição! A celebração vem crescendo a cada ano, incorporando novas expressões cculturais, como as Baianas com suas águas de cheiro, o Sambão e os bonecos gigantes, o trio elétrico e as bandas locais, os grupos de foliões, além do famoso Boi de Idalininho, que, seguindo os passos do pai, Sr. Idalino Banberino, faz a abertura da festa da Lavagem da Esquina do Padre. As últimas edições aconteceram no mês de Janeiro e vêm sendo conhecidas também como o “Carnaval da Diversidade”.

LAVAgEM DA ESQUINA DO

PADRE Por Patrícia Freitas

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MARcOABRIL

No pico de alguns morros da cidade de Caetité é colocada uma cruz que representa a morte de Jesus Cristo. Em certos períodos do ano, esses locais são visitados por fiéis católicos que entoam cânticos, orações com pedidos e agradecimentos. A Sexta-Feira da Paixão ou Sexta-Feira Santa é um desses dias. Os devotos levam água e flores para ofertar ao pé da cruz. Em período de extrema seca, é também comum a Subida ao Cruzeiro em algumas comunidades, sendo chamada de “penitência”. Nesses casos, geralmente alguns trechos são feitos de joelhos ao chão e os fiéis apanham pedras como sinal de sacrifício ao mesmo tempo em que pedem chuva. Atos católicos da Semana Santa são costumeiros nesse período, como missas, encenações e solenidades.

SUBIDA DO CRUZEIRO Por Leidiane Pereira

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Desde o nascimento de Cristo até os dias atuais, os feste-jos do Divino Espírito Santo ocorrem sempre 50 dias após a Páscoa e são marcados pela esperança na chegada de uma nova Era para a humanidade, com igualdade, pros-peridade e abundância para todos. É falado que se come-mora o dia de Pentecostes porque o Espírito Santo desceu do céu sobre a Virgem Maria e os apóstolos de Cristo sob a forma de línguas de fogo, daí também se festeja o nascimento da Igreja. Na cidade de Caetité esse tipo de celebração é uma festa centenária, que reúne famílias e todos os bairros da sede municipal. Antes, a festa somen-te se concentrava na Igreja Catedral, mas, atualmente, é celebrada em bairros, fazendo com que ela se torne, a cada ano, ainda mais prestigiada. Por ano, são escolhidos nove temas relacionados à terceira pessoa da Santíssima Trindade. São novenários distribuídos em bairros, e, no décimo dia, é realizada uma missa festiva na Catedral

Diocesana Santana, com toda população católica presente. Essa missa costuma acontecer às 10h da manhã, e, à tarde do mesmo dia, é finalizada a Festa do Divino com uma animada e bonita procissão que percorre as ruas principais da cidade, retornando à Catedral. Essa grandiosa celebração é organizada por comissões formadas por nove casais, cada um responsável por uma noite em seus respectivos bairros e o grupo, por toda a festa. Na abertura do novenário,é comum ter a alvorada com carro de som, música de cunho religioso para alertar a comunidade que é chegado o dia da festa do Divino. Em cada noite de novena são convidados Padres para proclamação do Evangelho. Geralmente, a novena acontece entre o mês de maio e junho.É sempre a paróquia Senhora Santana de Caetité a responsável pela organização da comissão, além de delegar as funções de cada casal festeiro do bairro, propiciando, assim, durante o ano, reuniões para melhor celebração da festa.

MAIO JUNHOFESTA DO DIVINO ESPIRITO SANTO Por

Rúbia Mária

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JULHOO Dia de São João é comemorado no dia 24 de Junho. São João é conhecido como o “Santo Festeiro” e no município de Caetité esse tipo de comemoração é extraordinariamente forte. Pode-se dizer que é um dos períodos festivos mais importantes da cidade e distritos, que inicia em junho e se estende até o mês seguinte. Na igreja São João, localizada na Rua São João, acontecem novenários em homenagem ao Santo, que é muito querido no sertão. Caetiteenses ornamentam ruas, fecham avenidas com palhas de coqueiros, postam mesas fartas com leitoa assada, canjica, amendoim cozido e torrado, bolo de milho, chimango, licor e outras iguarias típicas das festas juninas. Podem ser vistas famílias confraternizando em volta das tradicionais fogueiras e pocando fogos de artifícios. E, se avistarem adultos

d s t q q s s JUNHO juLHOou idosos acompanhados de jovens pulando o fogo em

brasa das fogueiras, não se assustem porque nada mais são do que os chamados “Batismos de Fogueira”. Há também aqueles que migram para as zonas rurais, pois estas costumam ser mais atraentes, com mais aspectos tradicionais de festa junina, trazem comodidade e lazer a noite inteira. O São João nos bairros da sede municipal de Caetité é celebrado também pela apresentação das tradicionais quadrilhas, seguidas por um animado forró. As principais festas costumam acontecer na Praça Pompeu Fernandes, conhecida como Praça da Barriguda, nos bairros da Feira Velha e Pedro Cruz. Na Fazenda Barbatimão, no povoado de Anguá, o Arraiá do Velho Zeca existe há mais de um século e é uma referência da tradição junina da Zona Rural de Caetité.

SÃO JOÃO Por Rúbia Mária

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0224

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JULHOINDEPENDêNCIA

DA BAHIA Por Rúbia Mária

A celebração do Dois de Julho que acontece no município de Caetité é um evento tradicional que mobiliza todo o município há mais de 100 anos. Conta-se com o apoio das escolas municipais e estaduais do ensino fundamental e médio tanto da sede quanto da zona rural, além das parcerias das escolas dos municípios vizinhos e dos colaboradores comerciais, empresas e outros. Entrando no mês de maio, principiam os preparativos, tanto em organização, confecções de materiais, montagens de carros alegóricos a serem expostos ao público, quanto em ensaios artísticos como: dramatizações, danças, batuques das fanfarras e também dos grupos de montarias. Os ensaios dos grupos começam sempre entre os dias 15 e 29 de junho e no último dia de ensaio é levantado o Mastro na Praça Catedral com todos os participantes

dos grupos de montaria. Dá-se início a festa a partir do dia 1º de Julho às 19h com a levada da Cabocla à Pedra do Conselho que fica localizada no Bairro Buenos Aires, em frente ao cemitério. Depois, por volta das 23h, são iniciados shows musicais na Praça da Catedral. No dia seguinte, às 8h, acontece o desfile cívico, com participação das escolas, entidades, instituições e organizações do município e região, além de mais de 30 grupos de montaria. O desfile ora se concentra no IEAT, ora se concentra no CETEP e segue em direção ao Bairro Alto Buenos Aires, passando pela Praça da Catedral. Por volta das 10h, ocorre o hasteamento das bandeiras na praça principal. Por fim, às 12h, todos cantam o hino “TE DEUM”, em outras palavras, cantam um hino cristão utilizado pela liturgia católica; às 12h30, ocorre o encerramento com agradecimentos e louvores.

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Há um entusiasmo delirante que faz o caetiteense vibrar de alegria, de fé e emoção a cada mês de julho que chega. Seja na cidade ou no campo, todos se preparam para a grande festa, a Festa de Sant’Ana, padroeira da cidade de Caetité. A Alvorada é o marco da abertura oficial da festa. Essa prática é comum diante da celebração de alguma entidade respeitável da Igreja Católica no Município, quando no amanhecer, religiosos caminham pelas ruas com carros de som, cantigas de louvor e foguetes para enunciar o festejo que irá acontecer logo à noite. Na madrugada do dia 17 de julho, a cidade-sede é despertada com o bimbalhar dos sinos, o espocar dos fogos e o serviço de sonorização externa da Catedral, anunciando o início da Festa de Sant’Ana. O Mastro de Sant’Ana é preparado com antecedência pelos responsáveis pela primeira noite, muito bem ornamentado tem, sobre o cume, o retrato de Senhora Sant’Ana e é erguido em frente à Catedral, logo após a celebração da

novena em meio a vivas, palmas, espocar de fogos, bimbalhar dos sinos e animação da filarmônica. Os fiéis se reúnem em frente à Catedral e, depois de darem três voltas em círculo, erguem o mastro. Das nove noites que antecedem a Festa de Sant’Ana, uma é reservada às comunidades rurais (normalmente, a sexta-feira), incluindo a alvorada, desfile de carros de bois, missa campal, leilão e participação na celebração da noite. Tudo é feito pelos participantes das comunidades com maior carinho e demonstração de fé. Após a celebração da noite, acontece o grande leilão cujas prendas são frutos da terra ofertados na missa da tarde. No dia 25 de julho, é também comemorado o dia do Motorista, com muito entusiasmo. Inicia-se a partir das 15h com a celebração na Igreja de São Cristóvão, localizada no Alto do Brás; em seguida, o cortejo com dezenas de carros e motos percorre 6km atrás da imagem de

17 18 19 20 21 22 23 24 25 26JULHO FESTA DE

SANT'ANA Por Rúbia Mária

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São Cristóvão sendo transportada em um carro aberto, finalizando na Praça da Catedral, onde acontece a benção dos automóveis. No dia seguinte, 26 de julho, a cidade já amanhece em festa! A Praça da Catedral é ocupada por milhares de visitantes de outras paróquias, filhos da terra que moram em outras localidades, moradores das diversas comunidades rurais e da sede de Caetité, todos devotos fervorosos, que querem homenagear a querida Padroeira. Os repiques dos sinos da Catedral anunciam a chegada do cortejo na Praça pela Rua Barão de Caetité, recebido com palmas e “vivas” ao adentrar na esplanada da catedral. À frente, os acólitos conduzindo a cruz processional; o clero, o estandarte de Senhora Sant’Ana e, finalmente, a filarmônica. Após o Hino da Senhora Sant’Ana, tem-se início a Missa Campal, que é encerrada por volta do meio dia. Às 15h, a Praça novamente é tomada por milhares de fiéis para a procissão, junto aos

grupos que participaram da celebração durante os nove dias que antecederam a Festa. O cortejo desce a Rua Barão de Caetité, passando em frente da Catedral onde as imagens dos santos são introduzidas e direcionando-se para a Av. Santana. A última imagem é a da Senhora Sant’Ana que segue como se fosse por um grande tapete de fé e devoção formado por milhares de cabeças. Sobre palmas, cânticos, sinos e acordes, a procissão percorre: Avenida Santana, Av. Dr. Woquiton Fernandes, Parque das Árvores, Barão de Caetité e, finalmente, a Praça da Catedral. Com a benção final, a Festa se encerra, a estátua de Sant’Ana entra de costas na Igreja, de frente para o povo, como se estivesse abençoando e dizendo: até o ano que vem!(extratos de “Luiz Pereira Benevides - Aspectos Culturais da Nossa Terra 02”)

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07

A Festa da Mandioca que acontece no distrito de Maniaçu é um evento tradicional que mobiliza toda a região. Esse distrito é conhecido por ser um bom produtor de farinha, devido à colheita satisfatória da mandioca. A cada ano, é escolhido um festeiro(a), este tem o apoio de toda comunidade, das escolas públicas, da prefeitura e dos comerciantes, além das empresas. A festa ocorre no mês de agosto, em um final de semana. No sábado, durante o dia, é feita uma corrida de cavalo, logo após, ocorre o concurso da mandioca mais pesada. Esse episódio costuma atrair gente de toda região. Durante a noite de sábado, na Praça do Mercado, vários artistas se apresentam com um animado show. Já no

domingo, a partir das 8h, ocorre um desfile cívico que percorre as ruas do distrito, com grande participação das escolas locais representando temáticas típicas da região. Também participam do desfile: a fanfarra de Caetité, grupos de montaria, instituições e carros de bois. Esse desfile cívico ornamenta a Festa da Mandioca. Por fim, após o término do desfile, o padre convidado faz uma celebração religiosa e benze os cavalos e seus respectivos cavaleiros e amazonas, logo todos saem em uma animada Cavalgada. Geralmente, encerra-se na tarde de domingo com shows de artistas locais. Dessa forma, finaliza-se a Festa da Mandioca no distrito de Maniaçu.

AGOSTOFESTA DA

MANDIOCA Por Rúbia Mária

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temática anual adotada para a festividade. O desfile segue acompanhado pelos grupos de fanfarra, cavalgada feita pelos grupos de montaria de toda a comunidade e também de outros locais de Caetité. Em Brejinho das Ametistas, o 07 de Setembro mobiliza também a comemoração da padroeira da cidade - Nossa Senhora d’Ajuda - e é de fundamental importância a iniciativa das escolas locais. Na sede municipal, destaca-se o passeio ciclístico promovido todos os anos e que reúne muitas famílias, com a presença de crianças, jovens, adultos e idosos.

SETEMBRO07 INDEPENDêNCIA DO

BRASIL Por Leidiane Pereira e Patrícia Freitas

Importante marco para a história do Brasil, o 07 de Setembro é festejado em Caetité com grandes manisfestações, principalmente nos distritos de Pajeú dos Ventos e Brejinho das Ametistas. Em Pajeú, é organizado pelo festeiro do ano que pega a bandeira da festa do ano anterior, com parcerias da comunidade, prefeitura, representantes locais e escolas municipais. Costuma ser comemorado uma semana antes ou depois da data e faz-se com um tradicional desfile cívico produzido pelas escolas locais, com a participação massiva dos alunos vestidos de personagens conhecidos na história da Independência do Brasil, portando cartazes e faixas com frases de efeito sobre a

AGOSTO

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DEzEMBRO21 25

LAPINHA DE NATAL Por Leidiane

Pereira

Conforme a tradição, alguns grupos de reisados de Caetité existentes na zona rural do Município saem todos os anos de suas casas por 6 dias e 6 noites para visitar o Menino Jesus nos presépios feitos na casa de seus amigos e familiares da comunidade e de povoados vizinhos. As “lapinhas” ou “presépios” são cenários construídos no período natalino para representar o nascimento de Jesus Cristo. Faz-se uma gruta de pedras e ramos, onde se aconchega a imagem de um bebê representando Jesus. Ao lado, Maria e José, os animais e os reiseiros em sentido de visita. São instalados a partir do dia 21/12 e retirados no dia 06/01, quando passa o período de reis. Dia 21/12, faz-se o cenário sem a imagem de Jesus e os animais estão em sentido de encontro a Ele (como se fosse uma chegada) e, depois do dia 1º, são reposicionados em sen-tido contrário, simbolizando a partida. Existem presépios/lapinhas tanto na zona rural de Caetité quanto na urbana, porém a zona rural concentra um número muito maior, havendo a cada ano, mais criatividade artesanal nos

materiais usados para sua feitura. Assim, os Ternos de Reis, ao saírem por volta do derradeiro dia do ano, vão com o objetivo de saudar o menino Jesus em cada presépio da sala de estar, e seus moradores, já à espera, são embalados pela cantoria e alegria das gaitas e batuques dos reiseiros.

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OUTRASOs Casamentos Rurais em Caetité possuem simbologias bem definidas que vêm sendo continuadas de geração em geração em muitos povoados do Município, como em Pajeú dos Ventos. A celebração ocorre sempre na casa dos pais da noiva e deve ser oferecida exclusivamente por eles, que arcam com todos os gastos com o vestido, as comidas e o jogo de quarto dos noivos. No terreno da casa, é construído uma espécie de tenda, como uma garagem, chamada de “latada”, feita de madeira e coberta com palhas de coqueiro e/ou lonas. Embaixo, são postas umas 10 mesas de cozinha pareadas para compor uma longa mesa única destinada ao jantar de noivado. A refeição é servida da seguinte forma: a primeira mesa é ofertada à família do noivo; a segunda, aos próprios noivos; e a terceira em diante, aos demais convidado e amigos. Ou seja, em um Casamento Rural, as pessoas sentam, jantam e se levantam para os demais convidados sentarem, jantarem e se levantarem e assim sucessivamente, em torno de umas seis vezes ou mais! Vale destacar que os

noivos e a família da noiva têm como obrigação convidar cada pessoa para sentar-se à mesa antes de servi-la e que os chamados “serventes” são todos homens. Devido à vasta experiência reconhecida pela comunidade, junto a cozinheiros e as cozinheiras, os serventes terminam por sempre atuar nesse papel em vários Casamentos, gratuitamente. Há também a despedida de solteiro que acontece na noite anterior em uma festa de menor proporção, que, embora seja destinada apenas ao homem, a noiva também sempre o acompanha. Conforme a tradição, quando a última filha da família pretende se casar, dá-se a “quebrada do pote”. Um homem da família ou amigo, vestido de mulher, com os olhos vendados e um porrete de madeira à mão, é embalado aos cantos e danças dos convidados enquanto se esforça na tentativa de acertar, em cheio, o pote de barro pendurado a um suporte feito como uma trave de futebol, cheio de balas e dinheiro. Ao quebrá-lo, todos correm para pegar!

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CASAMENTO RURAL Por Leidiane

PereiraDEzEMBRO

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Ibiassucê BrumadoGuanambi

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TanqueNovo

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rota

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7Maniaçu

Ibiassucê BrumadoGuanambi

Caldeiras

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Santa Luzia

Brejinho das Ametistas

Pajeú do Vento

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Riacho de Santana

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bumba meu boi capoeira

TERNOS DE REIS

quadrilhas juninas sambao dos bonecos

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O Bumba Meu Boi e a Capoeira são bens do Patrimônio Cultural do Brasil e, em Caetité, são muito bem representados pelo Boi de Idalininho e pela Capoeira Regional da Ginga Bahia, liderada pelo Contramestre Imburana e praticada tanto na Zona Rural, quanto na cidade-sede do Município. Há um segundo movimento de Capoeira Regional chamado Salto Livre, conduzido pelo Contramestre Axé e sediado também na sede de Caetité. No entanto, são desconhecidas informações sobre a frequência e continuidade das suas atividades na localidade.

bumba meu boi capoeira

TERNOS DE REIS

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bumba meu boi capoeira

TERNOS DE REIS

quadrilhas juninassambao dos bonecos

Em novembro de 2014, a Roda de Capoeira recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

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caetite- bahia

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bumba meu boi capoeira

TERNOS DE REIS

quadrilhas juninas sambao dos bonecos

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É bem verdade que há um caráter de formação temporária em algumas delas e, por isso, neste Catálogo, optamos por deixar um gostinho de quero mais, trazendo apenas a Brilha Sol, Os Que Esqueceram de Ensaiar (antiga Quadrilha do Bairro Feira Velha) e a Quadrilha do Anguá. Essas representam o perfil daquelas consideradas as “mais tradicionais”, por nunca terem deixado de se apresentar por anos consecutivos, faça sol ou faça chuva.

O Sambão dos Bonecos Gigantes é uma expressão artístico-cultural praticada em Caetité por motivações bem carnavalescas e exclusivas, é único, praticado há tempos e assumido por Robertinho nos últimos 20 anos. Já as Quadrilhas Juninas... como um típico Município Nordestino, Caetité produz de forma espontânea um amplo quantitativo de grupos quadrilheiros, que merece atenção própria de registro e catalogação. Cada bairro, uma Quadrilha! Cada povoado, um Arraial!

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Chegando aos Ternos de Reis, verdadeiras pérolas caetiteenses, de arte e cultura da tradição brasileira, esses são a maioria da Rota Catalogada. São cultores tradicionais de predominância negra, homens adultos e idosos, baixa escolaridade, membros da mesma família ou amigos de muita confiança, trabalhadores rurais e cortadores de cana do eixo Sul/Sudeste, com renda média inferior a um salário mínimo por mês (R$ 880,00). Por isso, compõe ainda a sua renda, a partir da combinação de diversas atividades econômicas. Os ingressos são

bumba meu boi capoeira

TERNOS DE REIS

quadrilhas juninas sambao dos bonecos

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Arriscamos afirmar que se contam nos dedos de uma mão, àqueles que possivelmente não foram contemplados por esta trajetória de pesquisa, como o Terno de Reis de Zeza da sede de Caetité. Alguns popularmente conhecidos e indicados já se extinguiram ou mudaram de nome pela prática comum de serem “vendidos” e rebatizados. E outros, que normalmente participam do Festival de Reisado anualmente, na verdade, são Ternos convidados de toda a região, ou seja, não são pertencentes à Caetité, mas aos Municípios circunvizinhos.

provenientes de trabalhos formais (prefeitura ou indústrias instaladas na região) ou informais, além de aposentadoria, pensão e programas assistenciais de transferências de renda (Bolsa Família).De modo geral, vivem em localidades (povoados, fazendas, comunidades) com baixa densidade demográfica e em território rural. O Distrito de Maniaçu, que dista 30km da sede municipal, concentra 59% dos Ternos de Reis catalogados. Seguido da cidade-Sede de Caetité com 15%, de Caldeiras com 10% e, por fim, Pajeú dos Ventos (8%) e Brejinho das Ametistas (8%).

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mais cansado... menos estimulado a participar de entrevistas acerca da expressão do Bumba Meu Boi que lidera, pois é sempre procurado, mas muito pouco valorizado financeiramente em seus projetos e ações. Entra pesquisa, sai pesquisa, e o Sr. Idalininho continua firme e forte, na resistência, com as mesmas dificuldades de sempre.

Integrantes 1 brincante e 2 homens que vestem e conduzem o Boi.

Contato 77 3454 1770

Boi de Idalininho

Local Rua Idalino Barberino, Bairro Feira Velha, Distrito - Sede de Caetité, BA

Lideranças Idalino Barberino da Silva Filho (Idalininho ou Dalinim). Homem, cor não declarada, aluno egresso do curso técnico de enfermagem do Instituto Anísio Teixeira. Começou a desenvolver o Bumba meu Boi há pelo menos 40 anos por herança do pai Seu Idalino Barberino - o homem que deu nome a própria rua onde morava e, até hoje, se mantém a mesma em Caetité. Tal pai, tal filho, Seu Idalininho continua com a tradição da família, que, há tempos, é tão esperada na programação da Lavagem da Esquina do Padre: o Boi de Idalininho. Com uma longa jornada brincante pelo território de Caetité, Idalininho vem se sentindo cada vez

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Algo sobre... e indumentárias do Boi, desde a época de seu pai. O Boi de Idalininho possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição do Bumba Meu Boi em Caetité, sobretudo no que diz respeito ao cansaço de seu Mestre pela falta de visibilidade e apoio financeiro para suas demandas. O Mestre Idalininho acumula uma gama de experiências com entrevistas, gravações, pesquisas escolares e acadêmicas de Caetité e até de fora do Estado da Bahia, provida por pessoas que todos os anos o procuram para interesses próprios, mas nunca pensam em uma contrapartida que fortaleça suas ações e projetos com o Boi. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Boi de Idalininho, inicialmente, o Mestre propõe que a cultura popular seja valorizada como qualquer outro grupo artístico, que haja o patrocínio para ampliar a visibilidade da expressão, a aquisição de novos figurinos e acessórios e o pagamento de cachê nas apresentações.

O Boi de Idalininho existe há mais de 60 anos na cidade-sede de Caetité por iniciativa do Seu Idalino Barberino da Silva, pai de Idalininho, já falecido e que deixou de herança carnavalesca para seu filho suas histórias e tradição do Bumba Meu Boi. As aparições do Boi de Idalininho podem ser conferidas em mostras fotográficas, livros e revistas, também em CD e produções locais. Atualmente, o Boi de Idalino se apresenta tradicionalmente na Lavagem da Esquina do Padre, mas também em algumas outras festividades artístico-religiosas e cívicas de Caetité. Nunca recebeu cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do Boi com tecidos e acessórios decorativos e de figurinos e camisas de malha para os ajudantes é o investimento do próprio brincante e o apoio financeiro de parceiros fiéis, como Nelsinho, Tayrone e Gilson. Os ensaios/encontros acontecem na casa de Seu Idalininho, que guarda fotografias antigas

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novas oportunidades de vida. Contramestre do Grupo de Capoeira Ginga Bahia de Caetité, participante do cenário político-cultural e em processo de conquista para graduação de mestre, Imburana entrou para o grupo aos 20 anos de idade, passando a fazer parte da Associação Ginga Bahia de Bom Jesus da Lapa.

Integrantes 47 capoeiristas, maioria crianças e adolescentes, meninas e meninos

Contatos 77 99830 6784 / 77 99184 7803 [Contramestre Imburana]

Grupo de Capoeira Ginga Bahia Caetite

Local Avenida Nilo Peçanha, nº 05, Bairro Nossa Senhora da Paz, Distrito - Sede de Caetité, BA

Lideranças Wagner Marcos Silva de Oliveira (Contramestre Imburana). Homem, negro, 27 anos, com ensino fundamental I completo, capoeirista, servente geral e ajudante de pedreiro, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Começou a se dedicar à Capoeira ao ver as apresentações, em Caetité, do Mestre Dé Axé que logo depois foi seu Mestre. Treinavam na casa da mãe do Mestre e logo após o falecimento do Mestre Basú (Guanambi), Imburana percebeu o quanto a arte da mandinga capoeirana também poderia tirar muitas crianças da rua, dando-lhes

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O Grupo de Capoeira Ginga Bahia Caetité existe há aproximadamente 50 anos no município, por iniciativa do Mestre Fazinho de Bom Jesus da Lapa que mobilizou a criação da Associação Ginga Bahia por toda a região e em outros territórios da Bahia. Liderado em Caetité pelo contramestre Imburana, o grupo atua com crianças e jovens em encontros semanais no Centro Social Urbano de Caetité, todas as segundas, quartas e sextas, das 19h às 21h. Muitos desses alunos encontram-se em vulnerabilidade social, e, por isso, através da Capoeira Regional, o Contramestre Imburana levanta questões relacionadas ao exercício da cidadania e da disciplina de cada um. Abordagem essa que já salvou muitas vidas. Atualmente, o Grupo de Capoeira Ginga Bahia Caetité se apresenta em média 60 vezes ao ano nas diversas celebrações municipais, como formaturas escolares e acadêmicas, desfiles cívicos, festas populares, festas religiosas, e também na

Algo sobre...

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próprios estudantes, que, por sua vez, contam com a colaboração e incentivo de suas mães. Vestem calça de malha, camisa personalizada e cordão de graduação. O Grupo de Capoeira Ginga Bahia Caetité possui uma acrobática capoeira, mesclada com movimentos de chão, em uma suave e envolvente dança, jogo, luta. Mas também possui dificuldades para o mantimento da tradição da “vadiagem” em Caetité, sobretudo, na ausência de patrocínio para suas ações. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Grupo Ginga Bahia Caetité, inicialmente, a liderança propõe a aquisição de novos abadás, instrumentos, figurinos e apoio para o deslocamento, hospedagem e alimentação quando das apresentações. Dessa forma, o Grupo pode se fortalecer enquanto referência da Capoeira com instrumento de inclusão, oportunidade e acesso à cidadania e à cultura de Caetité.

colação de grau do próprio grupo que ocorre no mês de junho. Possui também um fluxo de viagens grande, já se apresentaram em Bom Jesus da Lapa, Mangal, Brumado, Salvador, Pindaí, Guanambi, Esplanada, Riacho de Santana, Paramim, Ihéus, Planalto, Vitória da Conquista, e receberam convite até para o Rio de Janeiro. O Ginga dedica-se durante o ano todo em treinos e organização das apresentações. Composto por 47 estudantes, mulheres e homens, crianças, jovens e adultos, usam instrumentos tradicionais percussivos na prática das rodas, como pandeiro, atabaque e berimbau. Raramente recebem cachê, e, quando recebem, acaba sendo um valor simbólico de R$70,00 por apresentação para suprir custos básicos. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo como abadás, instrumentos, figurinos para o maculelê, para a puxada de rede e a dança afro é o investimento do Contramestre e dos

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para ajudar no sustento de 4 familiares, também é uma referência de liderança da Brilha Sol. Começou a praticar a Quadrilha Junina há pelo menos 6 anos e, de dançarina, passou à produção do cenário, dos ensaios e à captação de apoiadores para Brilha Sol. Bia, a precursora do grupo, ganhou fortes aliadas e, juntas, formam um trio de mulheres mais do que especial que torna possível a festança de São João no bairro Nossa Senhora da Paz.

Integrantes 60 quadrilheiros, mulheres e homens, crianças, jovens e adultos

Contatos 77 99187 6929 [Tina] | 77 99959 1448 [Vanda]

Quadrilha Brilha Sol

Local Rua Três, n 65, bairro Nossa Senhora da Paz, Distrito - Sede de Caetité, BA

Lideranças Maria Cristina Bispo (Tina). Mulher, parda, 37 anos, com ensino médio completo, diarista, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 8 familiares. Aprendeu a dançar Quadrilha com a Srª. Lenira, ambas no mesmo grupo, dançaram por 5 anos. Quando Dona Lenira foi embora, 2 anos depois, juntou-se com Bia e Vanda para reativar a manifestação que havia sido iniciada um tempo antes no quintal de sua casa. Edivanda Rodrigues Gomes (Vanda). Mulher, parda, 32 anos, com ensino médio incompleto, dona de casa, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo

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adequam, em cores (jardineira, blusa xadrez, meião, sandália baixa e chapéus) e em novas composições, ao tema escolhido anualmente pelo grupo. Em 2014, a homenagem foi à nação brasileira. Normalmente, ensaiam nas ruas do bairro ou em um galpão. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e, sobretudo, figurino é o investimento dos próprios quadrilheiros que dividem, por todos, os valores de tecido e mão-de-obra das costureiras. Contam também com o apoio da Srª.Maria Fátima, sogra de Vanda; com a Srª. Santinha, sua vizinha, e, por vezes, com a Associação do Bairro de Buenos Aires. Lembrando ainda que cada bairro da cidade é ornamentado com esforços dos seus

A Quadrilha Brilha Sol existe há 8 anos no bairro Nossa Senhora da Paz, na Zona Urbana de Caetité por iniciativa das moradoras Janaína e Bia, e, logo depois, pelos reforços de Tina e Vanda, que, juntas, buscaram criar uma nova alternativa cultural para entreter os jovens do bairro. Liderada por fortes mulheres guerreiras, a Quadrilha já é tradição do Nossa Senhora da Paz, que, originada do quintal de casa, hoje já ocupa os principais cenários juninos de Caetité. Atualmente, a Quadrilha Brilha Sol se apresenta de 8 a 10 vezes ao ano, principalmente, no mês de junho, no pico das celebrações juninas em Caetité. Composta por 60 quadrilheiros, mulheres e homens; crianças, jovens e adultos; familiares, amigos e vizinhos. Usam os clássicos trajes juninos que se

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moradores. A Quadrilha Brilha Sol é um grupo muito animado, dinâmico e entrosado! A dedicação de seus integrantes na construção de toda a encenação junina é realizada com muita união, humildade e “força de presença” para a evolução do trabalho artístico ao qual se propõem. São pontos fortes estampados nos troféus e convites frequentes para participação em vários eventos do município de Caetité. Por outro lado, a Brilha Sol também enfrenta algumas dificuldades para o mantimento da manifestação junina. Além de pequenas questões internas, como atraso nos ensaios e discussões que atrapalham um pouco o desenvolvimento da quadrilha (comuns em um espaço que reúne tal quantidade de pessoas integradas como uma

“grande família” que “precisa ser valorizada”), há percalços vivenciados pela ausência de uma sede física, o que limita a ampliação das atividades da Brilha Sol. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão da Quadrilha Bilha Sol, inicialmente, as lideranças propõem a construção de uma sede em um terreno baldio do bairro, que possa abrigar não somente as demandas e artefatos que contam a história da Quadrilha, mas também permitir novas propostas através da constituição de uma ONG, como a realização de grupos de dança de rua, de samba de roda, de capoeira, de pintura, de oficinas e de cursos profissionalizantes para os jovens, entre outras atividades.

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liderança da Quadrilha com a Associação de Moradores do Anguá. Eliane Soares Gomes Junqueira (Liu). Mulher, parda, 27 anos, com ensino superior completo, professora, com renda mensal superior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 3 familiares. Começou a praticar a Quadrilha há pelo menos 5 anos, quando então também tomou à frente da produção completa do grupo, providencia os figurinos, agenda os ensaios, ornamenta a celebração e é dançarina.

Integrantes até 26 pares, mulheres e homens, jovens e adultos.

Contatos 77 99174 7829 / [email protected] [Dé] | 77 99848 6973 / [email protected] [Liu]

Quadrilha do Angua

Local Fazenda Anguá, s/n, Zona Rural do Distrito - Sede de Caetité, BA.

Lideranças Diana Silva Lima de Carvalho (Dé). Mulher, branca, 53 anos, com ensino superior completo, professora, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 5 familiares. Como marcadora da Quadrilha do Anguá, cria as coreografias conforme os temas de cada ano e adora decorar o arraial! Iniciou a Quadrilha há 6 anos por sua particular paixão pela festa que chama de “festa da igualdade”, mas também por pedido dos jovens e influência de sua atuação como educadora na escola que tradicionalmente comemora os festejos juninos. Eliane, Diana e Maria Lúcia compartilham a

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A Quadrilha do Anguá existe há quase uma década na Fazenda Anguá, na Zona Rural do Distrito-Sede de Caetité. Por iniciativa das moradoras Diana (Dé), Eliana (Liu) e Maria Lúcia e a pedido dos jovens locais, a Associação de Moradores mobilizou a formação do grupo junino, que hoje é integrado por até 26 pares de quadrilheiros, dentre mulheres e homens, jovens e adultos da comunidade. A Quadrilha já é tradição na região e se apresenta 1 vez ao ano nas festividades artístico-culturais do mês de Junho. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com figurinos e ornamentações do arraial é o investimento dos próprios quadrilheiros, a doação da comunidade e o apoio da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Cultura. Também promovem atividades de arrecadação de

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seus membros para a frequência necessária de ensaios, além de questões mais complexas, como a vulnerabilidade socioeconômica de muitos jovens, filhos de famílias de baixa renda. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão da Quadrilha do Anguá, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição anual de matéria-prima para a confecção de figurinos e ornamentação, bem como de caixa de som com entrada de pen-drive para os ensaios. A melhoria da infraestrutura da Associação também é proposta com a instalação de uma iluminação de qualidade, bebedouros e calçamento do pátio onde se realiza a celebração, pois o chão ainda é de terra batida.

fundos, como sorteios de balaio junino. Os ensaios/encontros acontecem na sede da Associação, e, como figurino, vestem acessórios a caráter, de acordo com a temática anual escolhida, como saias, camisetas, botas, sandálias de couro, chapéus de palha e blusas xadrez. Sem abandonar as vestimentas tradicionais, mas com inovação e criatividade! A Quadrilha do Anguá possui como ponto forte a animação do grupo, que faz o "forró amanhecer o dia". As lideranças femininas e a relação intrínseca da manifestação com uma associação de bairro fazem toda a diferença para a união e organização da Quadrilha. Por outro lado, o grupo possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição junina, sobretudo no que diz respeito à falta de disponibilidade dos

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mínimo para ajudar no sustento de 3 familiares, também é uma referência na liderança da Quadrilha. Começou a praticar desde pequena, ensinada pelos mais velhos, e, atualmente, colabora na secretaria da Associação, que torna possível a celebração da Os que Esqueceram de Ensaiar no município de Caetité. Leidinha, Joice e Gilmar reforçam o time de lideranças da Quadrilha.

Integrantes em torno de 40 quadrilheiros, de 14 a 24 pares, mulheres e homens, jovens e adultos. As crianças participam da quadrilha mirim.

Contatos 77 99946 4886 [Claudete] | 77 3454 3258 / 77 99921 6052 [email protected] [Meirinha]

Quadrilha Os Que Esqueceram de Ensaiar

Local Rua Idalino Barberino da Silva, n 25, Bairro Feira Velha, Distrito - Sede de Caetité, BA.

Lideranças Cláudia Silva Souza do Nascimento (Claudete). Mulher, parda, 49 anos, com ensino médio completo, professora e auxiliar administrativa, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Desde criança, brinca a quadrilha junina e hoje é marcadora da Quadrilha Os que Esqueceram de Ensaiar, sendo ainda Conselheira de Cultura do Município e também a responsável pelas atividades da Associação dos Moradores do Bairro Feira Velha (AMOFEVE). Meire da Conceição Rodrigues de Jesus (Meirinha). Mulher, negra, 35 anos, com ensino superior completo, assistente social, com renda mensal de 1 salário

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por 14 a 24 pares de quadrilheiros, entre mulheres e homens; crianças, jovens e adultos; familiares, amigos e vizinhos, que ensaim nas ruas do bairro. A Quadrilha dos adultos não se mistura com a Quadrilha infantil. Costumam se apresentar apenas em Caetité, embora já tenham sido convidados a se apresentar em Guanambi, mas nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e, principalmente, figurinos é a arrecadação dos próprios quadrilheiros. Cada um desenvolve o seu próprio modelito, quase sempre recebe apoio da comunidade e, por vezes, patrocínios da Prefeitura municipal, da Renova Energia e de outros parceiros. Em 2013, a Quadrilha foi contemplada por um projeto escrito por uma

Conhecida antigamente como a Quadrilha do Bairro Feira Velha, Os que Esqueceram de Ensaiar existe há tempo desconhecido por suas atuais lideranças, que dizem fazer parte do grupo “desde pequenas”. De geração em geração, conta a lenda que, certa feita, o grupo não tinha mais como ensaiar e, a partir de então, a Quadrilha recebeu esse nome inusitado e bastante criativo. É levada à frente por mulheres caetiteenses ligadas à ONG AMOFEVE: Srª. Meire, Srª. Claudete e Srª. Lurdinha. Como gerem os interesses da Quadrilha de forma compartilhada, outros colaboradores também são referências no que tange à representatividade do grupo, como Gilmar, Joice e Leidinha. Atualmente, Os que Esqueceram de Ensaiar se apresentam 3 vezes ao ano nos festejos do mês de junho e é composta

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de local coberto para o ensaio e dos custos dos materiais para a produção do figurino. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão da Quadrilha Os que Esqueceram de Ensaiar, inicialmente, as lideranças propõem a construção de uma sede própria a ser gerida pela Associação, pois estão perdendo muitas oportunidades de projetos devido à ausência de espaço físico para sediá-los. Sugerem a doação de um terreno baldio no bairro de propriedade da Prefeitura de Caetité para a construção da casa que abrigaria não somente os ensaios da Quadrilha como também outras atividades. O grupo tem 9 computadores sem instalar por falta de local, o que impede a conquista de trabalhos e avanços de todos do bairro.

de suas lideranças. A proposta foi enviada para o Centro Público de Economia Solidária do Sertão Produtivo (Cesol), para a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia (SETRE) e teve como proponente a AMOFEVE. Essa estreita relação de suas lideranças com uma instituição organizativa ativa pelos interesses do bairro, sem dúvida, é um ponto muito positivo para o fortalecimento da Quadrilha Os que Esqueceram de Ensaiar. Outros aspectos também trazem um diferencial para o grupo como a encenação teatral proposta pelos quadrilheiros, feita com muito humor e com figurinos personalizados para cada um. Por outro lado, a Quadrilha enfrenta algumas dificuldades para o mantimento da tradição junina, como o desinteresse de alguns membros, a falta

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foi presenteado por Seu Manuel Luiz Buião com os bonecos gigantes de um antigo bloco carnavalesco extinto em Caetité, criou o Sambão de Robertinho, misturando música e alegorias que alegram diversos eventos da cidade. Isná e Robson também colaboram com a organização e liderança desta manifestação.

Integrantes 20 brincantes, todos homens, jovens e adultos

Contatos 77 3454 3258 / 77 99989 3472 [Robertinho do Sambão]

Sambao de Robertinho

Local Rua Idalino Barberino, n 02, Bairro Feira Velha, Distrito - Sede de Caetité, BA

Lideranças Roberto Carlos Silva Souza (Robertinho do Sambão). Homem, negro, 51 anos, com ensino fundamental I incompleto, vigilante, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Começou a praticar o Sambão em 1990 incentivado por Nelsinho, que convidou para participar da tradicional festa da Lavagem da Esquina do Padre, na cidade-sede de Caetité. Mas, antes, já tocava em bandas, nas quais aprendeu alguns instrumentos da tradição caetiteense com o reiseiro Sr. Soldado. Quando

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O Sambão de Robertinho existe há aproximadamente 25 anos no bairro de Feira Velha, na cidade-sede de Caetité, por iniciativa de Seu Robertinho, que, a convite de Nelsinho, se apresentou na Lavagem da Esquina do Padre em 1990. Criou a manifestação por um verdadeiro acúmulo de saberes transmitidos pelo Sr. Soldado (mestre reiseiro) e Sr. Buião (antigo proprietário dosbonecões). Com o primeiro, aprendeu a tocar os primeiros intrumentos musicais e, com o último, foi presenteado com a responsabilidade de dar vida aos bonecos gigantes de um já extinto bloco de carnaval caetiteense. Atualmente, o Sambão de Robertinho se apresenta de 8 a 9 vezes ao ano nas diversas festividades artísticas do Município, com gincanas escolares, Festa de Sant'Ana, 2 de Julho, aniversário da cidade, carnaval e eventos na Casa Anísio Teixeira. Já se apresentou também no distrito de Brejinho

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O Sambão de Robertinho possui, como ponto forte, a animação e a organização do coletivo. Por outro lado, os bonequeiros enfrentam algumas dificuldades para o mantimento da tradição, sobretudo no que diz respeito à falta de apoio financeiro e de reconhecimento dos órgãos de fomento à cultura popular no Município. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Sambão de Robertinho, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de novos figurinos e instrumentos, assim como o apoio para a criação de uma escola-oficina, como do Olodum. Essa instituição atuaria na formação de novos praticantes das culturas tradicionais de Caetité e no repasse do conhecimento do Sambão, fortalecendo, assim, os festejos populares e a identidade caetiteense.

das Ametista e nos municípios de Igaporã, Riacho de Santana, Correntina, Lagoa Real e Salvador. Composto por 20 integrantes, sambadores e bonequeiros, todos homens, jovens e adultos, amigos e vizinhos, que usam caixa, surdo, repique, chocalho, timbau, triângulo, pandeiro e bumbo nas apresentações ao longo de todo o ano. Nunca receberam cachê, embora possam contar com alguns esparsos patrocínios. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo como alimentação, deslocamento, conserto dos instrumentos e figurino dos bonecos é o investimento dos próprios brincantes. Os ensaios/encontros acontecem na rua da casa de Seu Robertinho e, como vestimenta, os bonecões utilizam roupas de chita e peruca, entre outros acessórios.

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Local Fazenda Aguinha, s/n, Zona Rural do Distrito - Sede de Caetité, Bahia

Lideranças Valdemir Dias da Silva (Vadim). Homem, pardo, 55 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, agricultor e com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Há 46 anos, pratica o reisado que herdou de seu bisavô Sebastião, que havia passado para seu avô Clemente, que entregou para o pai José Dias e que, devido a um problema de saúde, deixou o Terno sob a responsabilidade de Vadim quando ele tinha apenas 9 anos de idade. Além de cantar e saber tocar todos os instrumentos, ainda os constrói, cria e prepara o figurino e organiza e lidera o Terno de Reis da Aguinha. No dia seguinte

depois de completados os 6 dias de devoção (dez-jan), promove uma festa local aberta à comunidade e a toda região, onde realiza uma missa com um padre convidado, em seguida todos comem, bebem, tocam e sambam o Terno noite adentro! Seus filhos reiseiros, Valdemir Júnior (Juju) e Leandro Dias (Dêgue) também colaboram com a organização e liderança do Terno de Reis da Aguinha em sua ausência. Seu filho mais novo, de 2 anos de idade, já está destinado pelo Sr. Vadim a ser um futuro reiseiro da família.

Integrantes 10 reiseiros, todos homens e membros da mesma família.

Contatos 77 99189 8806 [Valdemir Júnior - Juju]| 77 99189 8806 [Leandro Silva - Dêgue]

Terno de Reis da Aguinha

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O Terno de Reis da Aguinha existe há quatro gerações na Zona Rural do Distrito-Sede de Caetité pela tradição da família do Sr. Vadim, que assumiu a brincadeira com apenas 9 anos de idade e hoje lidera o grupo que é um sucesso de apresentações em público: mais de 10 vezes ao ano. É composto por 10 reiseiros, homens da mesma família, que usam ganzá, gaita, caixa, bumba e currixá (reco-reco) nas folias do Terno, que acontecem nas missas do dia 25 de dezembro, nas casas das pessoas que convidam e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Nesse Festival, já conquistaram muitos troféus, mas nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento, conserto dos intrumentos e figurino é a

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doação das pessoas da comunidade em período de devoção (6 dias e 6 noites), o investimento próprio dos integrantes e o apoio dos organizadores dos eventos. Os ensaios/encontros acontecem na sede comunitária do Anguá, que possui uma infraestrutura confortável, com cadeiras, mesa, filtro de água etc. Para o figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas personalizadas com o nome do grupo, calças, bonés ou chapéus enfeitados, uma faixa, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Os instrumentos foram confeccionados artesanalmente pelo próprio Sr. Vadim, utilizando vegetação local e pele animal. O Terno de Reis da Aguinha tem muita união da família e dedicação de seus integrantes, todos gostam muito

do que fazem e é percebido o fazer com arte! Por outro lado, possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição, tais como a distância dos locais de apresentação, o investimento próprio que termina por prejudicar a renda familiar dos reiseiros, e a falta de “fardas” (figurinos) novas, porque a atual tem mais de 10 anos. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Aguinha, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de novos figurinos completos e o apoio financeiro para o deslocamento do grupo em dias de apresentação. Já participaram da gravação de um CD produzido pelo Sr. Luiz Benevides e consideram o Sr. Bernevaldo como importante parceiro do Terno.

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o desejo de preservar a memória dos Reis de seus antepassados. Tanto o irmão quanto o cunhado também são referências de liderança do Terno de Reis da Barrinha.

Integrantes 9 reiseiros, todos homens, amigos e familiares.

Contatos 77 99846 7155 [Gurino] | 77 99930 5741 [Roney Carlos Ramos - cunhado]

Terno de Reis da Barrinha

Local Fazenda Barrinha, s/n, Povoado de Anguá, Zona Rural do Distrito Sede de Caetité, BA

Lideranças Arnaldo Lima Carvalho (Gurino). Homem, branco, 36 anos, agricultor e prestador de serviços gerais em uma empresa da sede de Caetité, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. Acostumado a ver o pai tocar, desde 2006 juntou-se com o irmão e o cunhado, Agnaldo e Roney, para dar continuidade à tradição. Como cantor e tocador de diversos instrumentos, vem trazendo com a família

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O Terno de Reis da Barrinha existe desde o ano de 2006, na Fazenda da Barrinha, Zona Rural do Distrito-Sede do Município, a uns 10km da cidade de Caetité, no sentido Brumado. Movidos pela devoção e vontade de preservar a tradição, Gurino, Agnaldo e Roney levantaram a expressão com a memória da juventude, quando sempre puderam aprender a brincar os Reis, observando os mais velhos tocarem. Segundo Gurino, no ano de fundação do Terno, não havia nenhum outro grupo que se dedicasse ao reisado. Atualmente, o Terno de Reis da Barrinha se apresenta em público 20 vezes ao ano, em dias de ensaio e no período devocional, ou seja, ao longo do percurso do derradeiro dia do ano até o dia 6 de janeiro, voltando para casa somente depois dos 6 dias e 6 noites consecutivos. É composto por 9

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Terno e a desmotivação de alguns membros no período devocional são apontadas como grandes dificuldades vivenciadas pelos festeiros. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Barrinha, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas adequadas (20 camisas) e de uma bandeira (estandarte), pois ainda não possuem o necessário apoio para a realização da Festa de Santos Reis da localidade, que acontece sempre após a chegada do dia 06/01.

reiseiros, todos homens, membros da mesma família e amigos próximos. Usando roupas comuns como figurino, o Terno toca ao som de bumba, caixa, gaita e reco-reco, instrumentos artesanais confecionados por eles próprios, e ensaiam as cantigas na casa da família ou no prédio escolar de Barrinhas. Os gastos que normalmente acontecem para suprir manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e manutenção dos instrumentos são custeados com a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Motivados pela união, a humildade e a preservação da tradição com boas e antigas cantigas, o Terno de Reis da Barrinha é levado por verdadeiros guerreiros! Todavia, a falta de incentivo para a continuidade do

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Local Fazenda Boa Sorte, s/n, Zona Rural do Distrito de Pajeú dos Ventos, Caetité, Bahia

Lideranças Ivani dos Santos Silva (Vani). Mulher, negra, idade desconhecida, não-alfabetizada, aposentada e comerciante dona de um carrinho de salgados e doces, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 8 familiares. Há 17 anos, pratica o reisado que herdou do pai, Sr. Almerindo

Terno de Reis de Boa Sorte

Gonçalvez, à época que ainda era apenas uma admiradora da brincadeira. Canta o reis, toca a caixa e se dedica à organização do Terno de Reis de Boa Sorte que já existe há mais de 50 anos.

Integrantes 7 reiseiros, maioria mulher e da mesma família.

Contatos 77 99990 5039 [Vani] | 77 99937 4533 [Lena, irmã de Vani]

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O Terno de Reis de Boa Sorte existe há mais de 50 anos na Fazenda Boa Sorte, Zona Rural do Distrito de Pajeú dos Ventos, a uns 20km da sede de Caetité. É um dos poucos reisados que, há 17 anos, rompeu com a tradição de ser liderado e praticado apenas pelos homens da família. O Sr. Almerindo Gonçalvez, pai de Dona Vani, não deixava a filha brincar, pois dizia que os reis “não era coisa de mulher”. Mas, diante da idade avançada, concedeu a permissão para ela liderar o Terno e dar continuidade à tradição da família, reconhecendo que a filha já estava pronta para assumir o importante cargo de cantadora do grupo. Atualmente, o Terno de Boa Sorte se apresenta em público de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 7 reiseiros, 5 mulheres e 2 homens. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e currixá (reco-reco) nas folias anuais do Terno, nas

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comemorações da Igreja Católica, nas escolas para as quais são convidados e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Já se apresentaram também em Igaporã, Guanambi e Pindaí, mas nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e figurino é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa de Dona Vani e, como figurino, os reiseiros vestem uma “farda”, composta por um jogo de camisas identificadas com o nome do Terno, saias e calças, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis da Boa Sorte apresenta uma contradança muito

atraente, que é um dos grandes destaques do grupo. Possui CD e DVD gravados dos Festivais de Reis que já participaram. Por outro lado, o grupo possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos reis, principalmente, por causa dos afazeres agrícolas de alguns reiseiros que ficam prejudicados no período em que se dedicam à devoção dos Santos Reis e por causa dos gastos operacionais com a brincadeira, como o deslocamento dos integrantes, inclusive, alguns moram distante (em Guanambi). Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Boa Sorte, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas adequadas e da manutenção dos instrumentos.

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Local Fazenda Boa Vista, s/n, Povoado de Santa Luzia, Zona Rural do Distrito - Sede de Caetité, Bahia

Lideranças Antônio José Soares (Toin de Amélia). Homem, pardo, 67 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, agricultor e com renda mensal próxima de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 12 familiares. Há 55 anos, ou seja, desde 12 anos de idade, pratica o reisado, no qual é o cantador e toca os instrumentos que aprendeu pela prática do ouvir e do fazer junto à família. Gosta de jogar muitos versos nas apresentações e sua mãe, com 103 anos, ainda

toca e canta com o Terno de Reis da Boa Vista. Seu sobrinho, Osvaldo José Soares Filho (Vazim), pratica o reisado há 30 anos e, atualmente, também é uma referência na liderança do grupo.

Integrantes 10 reiseiros, homens e mulheres, membros da mesma família.

Contatos 77 99906 6985 / 77 99150 4536 / 77 99132 4308 [Toin de Amélia] | 77 99159 7110 [Vazim]

Terno de Reis da Boa Vista

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O Terno de Reis da Boa Vista existe há mais de 150 anos no povoado de Santa Luzia, na Zona Rural do Distrito-Sede de Caetité- Bahia. Pela tradição da família de Toin de Amélia, a prática do reisado foi sendo aprendida de geração em geração, passou do bisavô de Vazim, que ensinou para seu avô, que, por sua vez, passou para seu pai e agora, já com idade avançada, entregou para os filhos e sobrinhos. Composto por 10 reiseiros, o Terno se apresenta em público umas 15 vezes ao ano, ao som da bumba, caixa, gaitas e reco-recos, em folias de Caetité, Santa Luzia e Lagoa Real. Os homens tocam os instrumentos e as mulheres fazem a “entregação”(barulho feito para avisar que o terno chegou). Elas cantam, brincam, dançam e puxam a roda. Costumam se apresentar no período de devoção (dez-jan), em missas, quando são convidados

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por vizinhos e amigos, eventos em escolas, na Associação do Anguá, na UNEB e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Não recebem cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo é a doação das pessoas da comunidade. Os ensaios/encontros acontecem na casa da família ou no prédio escolar e, como figurino, os reiseiros vestem uma roupa comum e chapéus de palha, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis da Boa Vista tem um batuque que anima a todos, com seus instrumentos seculares herdados da família e uma voz encantadora. Seus sambas são muito bem ensaiados, chamam a atenção do público e conquistam muita gente. Por outro lado, possui algumas dificuldades para o mantimento

da tradição, como a falta de entusiasmo por parte de alguns integrantes que saem no primeiro dia de devoção, e depois desistem. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Boa Vista, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de novos figurinos completos, inclusive da bandeira (estandarte), a manutenção dos instrumentos, o apoio para a logística das apresentações (deslocamentos, alimentação e equipamentos de som) e ações para revitalização dos reisados em Santa Luzia, que vêm desaparecendo. Já participaram de uma entrevista para a TV Sudoeste, da gravação de um DVD produzido pela Escola Luís Viana Filho e consideram Sr. Luiz Benevides e José Vieira como importantes parceiros do Terno.

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criado no povoado de Cachoeira, considera como seu grande Mestre reiseiro o Senhor chamado Bezinho, já falecido. Canta e toca no Terno de Reis da Chapada há pelo menos 5 anos e, como um fiel cultor tradicional em prontidão para a transmissão do saber, mobiliza toda a sua família “em casa são três, eu e mais dois filhos”.

Integrantes 8 reiseiros, todo homens, jovens e adultos, membros da mesma família e amigos próximos.

Contato 77 9 8815 4276 [Zé]

Terno de Reis da chapada

Local Povoado Chapada, s/n, Zona Rural do Distrito de Caldeiras, Caetité, Bahia

Lideranças Sivaldo Leão (Negão) é a referência de liderança, o que carrega a bandeira (estandarte). Mas é José Deusdete da Guarda (Zé) que conta um pouco sobre o Terno de Reis da Chapada. Homem, pardo, 51 anos, trabalhador rural, com escolaridade até o fundamental I incompleto, e com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 6 familiares. Começou a praticar os Reis aos 19 anos de idade por achar a tradição bela e ter muita afinidade com a gaita (pife ou pífano), instrumento que sempre dominou desde criança. Nascido e

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O Terno de Reis da Chapada existe há pelo menos 5 anos no povoado de Chapada, na Zona Rural do Distrito de Caldeiras, a uns 60km da sede de Caetité. Criado pela motivação de Sr. Sivaldo que se juntou com Seu Zé, o qual, por sua vez, chamou seus dois filhos, o Terno já possui 8 reiseiros da chapada, entre amigos próximos e familiares. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba, currixá e triângulo nas folias anuais do Terno, como as festas católicas, o Festival de Reisado de Caetité e, sobretudo, o período devocional (dez-jan, 6 dias e 6 noites). O figurino é formado por camisetas, calças jeans e bonés, além da bandeira (estandarte). Nunca receberam cachê e nunca conseguiram patrocínio. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento

Algo sobre... e figurino é a doação das pessoas da comunidade e investimento dos próprios reiseiros. O grupo possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos reis, principalmente por causa do cansaço da saga no período de devoção e por ter que paralisar o trabalho na roça para a saída do Terno, o que vem desestimulando, gradualmente, seus integrantes. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Chapada, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas adequadas, pois as que usam já têm 4 anos, e de instrumentos novos. Já participaram de um DVD produzido em um dos anos de realização do Festival de Reisado de Caetité.

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Local Fazenda Felícia, s/n, Zona Rural do Distrito de Brejinho das Ametistas, Caetité, Bahia

Lideranças Sebastião Ribeiro da Silva (Tião Ribeiro). Homem, branco, 52 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. Multi-instrumentista, desde os 7 anos de idade pratica o reisado com seu pai e avôs, e, por isso, de tudo faz um pouco: toca reco-reco, violão, viola, caixa, cavaquinho, pandeiro, canta,

compõe. Aprendeu por oitiva, observando os mais velhos a brincar. Em toda a família, todos os 5 filhos são reiseiros.

Integrantes 9 reiseiros, todos homens, membros da mesma família e amigos próximos.

Contato 77 99942 2208 [Tião Ribeiro]

Terno de Reis da Felicia

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O Terno de Reis da Felícia existe há mais de 100 anos na Fazenda Felícia, Zona Rural do Distrito de Brejinho das Ametistas, a uns 20km da sede de Caetité e 10km da vila urbana de Brejinho. Estamos diante de um dos únicos Ternos de Caetité a adotar tantos instrumentos de corda no embalo harmônico de seus repertórios de Santos Reis: é viola, violão, cavaquinho, além de sanfona e dos clássicos reco-reco, bumba, caixa, pandeiro e triângulo. O grupo se apresenta em público de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 9 reiseiros, todos homens e membros da mesma família, além de amigos próximos. Participam de celebrações religiosas, das datas comemorativas do Festival de Reisado realizado na sede de Caetité e aceitam convites de festas. Já se

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alegra e dança de maneira contagiante em cada festa por onde o grupo passa. No entanto, o Terno possui algumas dificuldades para a continuidade da tradição dos Reis, principalmente, a falta de disposição de alguns brincantes em acompanhar as saídas do Terno e a desmotivação da juventude. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Felícia, inicialmente, as lideranças propõem o apoio financeiro para a circulação do grupo em outras localidades quando são convidados. Já foram citados em um livro produzido pelo Sr. Luiz Benevides e também já realizaram uma oficina sobre “Como ser Repentista” em Trindade, Goiás. D. Mª da Glória Guimarão, diretora do Grupo Escolar Almir Públio, é grande parceria do Terno.

apresentaram também em Morrinhos, Guanambi, Pindaí, Iabiassucê e Matira, mas raramente recebem cachê. Certa feita, quando houve cachê recebido pelo grupo, os reiseiros compraram um novo violão para abrilhantar a brincadeira. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação em dias de apresentação é o investimento dos próprios reiseiros e do festeiro do ano. Os ensaios/encontros acontecem na casa de Tião Ribeiro, e, como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas identificadas com o nome do Terno e calças, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. A viola e a sanfona do Terno de Reis da Felícia exibem um diferencial muito motivador para o público, que se

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Terno de Reis da Forquilha

Local Povoado Forquilha, s/n, Zona Rural do Distrito de Manuaçu, Caetité, BA

Lideranças Venício Dias de Souza. Homem, pardo, 35 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, pedreiro e agricultor, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 3 familiares. Desde pequeno, com seus 12 anos de idade, via os Ternos passarem de casa em casa e, sob a influência de seus avôs, quis aprender a tradição do reisado e manter até hoje a herança da família. Junto com Gildemar, constrói os instrumentos, além de saber tocar todos e cantar muito bem.

Integrantes de 7 a 9 reiseiros, todos homens jovens, familiares e amigos.

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O Terno de Reis de Forquilha existe há mais de 20 anos no Povoado de Forquilha, na Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a uns 30km da sede de Caetité. Motivado pelo desejo de engrandecer a cultura do Reisado, Venício, que já era cantador em outro grupo, resolveu assumir a liderança de um Terno novo e tomou para si a missão de brincar a tradição na Forquilha, reunindo amigos e mais chegados da família. Atualmente, o Terno de Reis da Forquilha se apresenta em público no mês de janeiro, no período de Santos Reis, e é composto por 7 a 9 reiseiros, todos homens jovens. Usam pandeiro, gaita, caixa e bumba nas folias anuais do Terno, construídos por Gildemar e pelo próprio Venício, com exceção do bumba e da

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dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, a maior delas é a "falta de companheiros", isto é, novas pessoas que queiram praticar a cultura do reisado. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Forquilha, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas novas, a manutenção dos instrumentos e o apoio financeiro para a logística de alimentação na longa jornada de Santos Reis. Enquanto mecanismo de registro, relatam que já foram filmados no DVD produzido durante o Festival de Reisado realizado na sede de Caetité.

caixa, que têm mais de 40 anos de feitura. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento, vestimentas e manutenção dos instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa de Venício e, como figurino, os reiseiros vestem camisas personalizadas e chapéus ou bonés, que conseguiram por meio de apoio, além de faixa, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Embora sejam muito bons na práticadas cantigas, no toque da percussão e no brincar, integrantes do Terno de Reis da Forquilha possuem

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Terno de Reis da lagoa de Felix PereiraLocal Povoado de Lagoa de Félix Pereira, s/n,

Zona Rural, Distrito - Sede de Caetité, BA

Lideranças Valdemir Ferreira de Jesus (Tibério). Homem, negro, 51 anos, não-alfabetizado, trabalhador rural, com renda de pouco mais de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Começou a brincar o Reisado com 10 anos de idade, tendo como referência o Tio Oscar e o pai João Ferreira, já falecidos. Tocador de todos instrumentos e construtor de gaita, seu Tibério conta que “às vezes tá bom, às vezes tá ruim” para organizar a turma e seguir com a tradição.

Integrantes 7 reiseiros, todos homens, familiares e amigos próximos.

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O Terno de Reis da Lagoa de Félix Pereira existe há mais de 20 anos, na Lagoa de Félix Pereira, Zona Rural do Distrito-Sede de Caetité, a uns 8km do centro da cidade. Herança do falecido tio, o Terno e a tradição mantida através do Sr. Tibério é movida pela devoção e vontade de brincar os reis, como ele próprio comenta: “meu tio comprou o Terno novo com tudo (...) quando ele faleceu, a gente ficou brincando”. Observando os mais velhos desde os 10 anos de idade, Tibério toca todos os instrumentos, domina menos a voz. Cabeça da Vagem e Lagoa de Félix Pereira são dois povoados diferentes, bem próximos e que já tiveram dois reisados, mas agora tocam juntos. Atualmente, o Terno de Reis da Lagoa de Félix Pereira se apresenta em público 2 vez por ano, ou até mais, circulando dentro da comunidade no período de Santos Reis, nos 6 dias e 6 noites de dezembro/janeiro, e também nas festas

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indumentárias muito elaboradas. O canto do Terno de Reis da Lagoa de Félix Pereira é o que se considera o mais forte do grupo. Todavia, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, sobretudo, no que diz respeito à continuidade do período de devoção pela falta de companheiros dispostos para sair, pois muitas vezes estão limitados por motivos de trabalho. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Lagoa de Félix Pereira, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas novas e ações concretas que mobilizem mais reiseiros para se unirem ao Terno, bem como ações que estimulem a juventude para a continuidade do Reisado na localidade.

da Igreja, em ladainhas e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Já se apresentaram também em Igaporã e Morrinhos (Guanambi). Composto por 6 a 7 reiseiros, todos homens adultos, e às vezes alguns jovens da mesma família e amigos próximos, usam pandeiro, gaita, caixa, currixá, bumba e triângulo nas folias anuais do Terno. Nunca receberam cachê, mas já ganharam troféu no Festival e, certa feita, R$ 100,00 em Morrinhos da Vitória. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e manutenção dos instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa de seu Tibério, e, como figurino os reiseiros vestem uma “farda” emprestada, conjunto de camisas e calças comuns, sem acessórios ou

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com grande poder de comunicação e mobilização social, toca, canta e constrói os instrumentos para o Terno. Emocionado e muito animado, diz ainda que atua como leiroeiro nas festas da Igreja Católica, já participou da diretoria da Associação Quilombola de Lagoa do Mato e está sempre disposto a ajudar quem precisar de sua habilidade como benzedor. Os mestres João José (João Preto) e Natalino da Silva (Vitalino) também são referências de liderança do Terno de Reis da Lagoa do Mato.

Integrantes 10 reiseiros, todos homens, amigos e familiares.

Contato 77 99963 0637 [Zé de Tié]

Local Fazenda da Lagoa do Mato, s/n, Zona Rural, Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças José de Oliveira Santos (Zé de Tié). Homem, branco, 56 anos, com escolaridade até o fundamental II completo, agente comunitário de saúde e com renda mensal acima de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 2 familiares. Reiseiro há mais de 34 anos, aprendeu na humildade da observação e, aos poucos, foi se aperfeiçoando até criar o grupo. Capoeira que há muito não joga, seu Zé de Tié diz que tem muita dificuldade com a flexibilidade e, em todo São João, no casamento da Quadrilha organizada pelas mulheres na Igreja, faz o personagem do Padre. Além de líder nato,

Terno de Reis da Lagoa do Mato

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O Terno de Reis da Lagoa do Mato existe, aproximadamente, há 34 anos na Fazenda Lagoa do Mato, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, em Caetité. Como observador, seu Zé de Tié aos poucos foi criando o grupo, incentivado pela necessidade de fomento da "cultura da gente", como o próprio diz. Zé Bonzinho, Roxinho, Zé de Ataviano, Dedé Jovino e Manoel de Rubino são nomes lembrados pelo reiseiro quando da origem de tudo. Juntos, tiveram a ideia de iniciar o Terno batucando em instrumentos de lata e, como se sabe, foi o maior sucesso na comunidade! Além do Terno, ele conta, com grande entusiasmo, sobre figuras de Lagoa do Mato muito importantes para a história cultural da região, como sua esposa Sra. Nega, que dança o samba de roda com Sra.

Lena de Deco e Sra. Telma, entre outras mulheres. Conta ainda que a Sra. Telvina Maria de Jesus, com95 anos, e a Sra. Cecília Maria de Jesus, com mais de80 anos, são porta voz do patrimônio das históriasantigas da comunidade. Atualmente, o Terno de Reis da Lagoa do Mato se apresenta em público de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 10 reiseiros (“companheiros”), todos homens, familiares e amigos. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e triângulo nas folias anuais do Terno, como festa da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, do período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites) e do Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Realizam todos os anos no povoado de Lagoa do Mato, a festa de chegada do reisado, logo no dia 6 de janeiro. Também já se

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apresentaram em Paramirim, mas nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento, figurino e manutenção de instrumentos é a doação das pessoas da comunidade, do público que assiste e do investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos companheiros e como figurino, os reiseiros vestem uma “farda”, um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno e toalhas, algumas com 70 anos de história, heranças de seus pais, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis da Lagoa do Mato tem uma forte liderança, é muito unido e alegre. Mesmo muito cansados, as “resenhas” e

as risadas acompanham sempre a saga das noites e dias da semana de Santos Reis, da saída até a chegada do Terno. Por outro lado, possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, principalmente, pela dificuldade em conseguir alimentação durante esse período e a perda de sono. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Lagoa do Mato, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas novas, calçados fechados para proteção dos reiseiros contra picadas de cobra à noite e o apoio financeiro para a logística de deslocamento das apresentações ao longo do ano e de alimentação durante a jornada de Santos Reis.

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o mesmo que tocar. Na comunidade quilombola a qual pertence é uma referência de sabedoria popular para tod@s. Antigamente, exercia também a função de curandeiro, mas hoje se resguarda pelo avanço na adesão a remédios halopáticos que, se misturados com as suas receitas naturais, podem gerar sintomas desagradáveis nas pessoas que virão culpá-lo por isso. Dona Odelina Maria de Jesus, jogadora de verso, é sua esposa e mais uma referência importante para a comunidade.

Integrantes 6 reiseiros, todos homens, familiares e amigos próximos.

Terno de Reis da Malhada

Local Malhada, Povoado de Tanquinho, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Silvano José dos Santos (Silva). Homem, negro, 62 anos, não-alfabetizado, agricultor e aposentado, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 2 familiares. Reiseiro há pelo menos 20 anos, diz que “não sabe tocar nem cantar” e que ajuda no que sabe, mas logo tira a sua gaita e mostra o que vem “aprendendo”. A sua crença no sagrado da brincadeira é o que mais chama atenção, o reisado é entedido por Silva como uma nata vocação do povo daquele lugar. Seu Silva samba e bate o pé, acompanha os cantadores, o que para ele é

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Algo sobre... reiseiros. Não costumam ensaiar ou se encontrar antes das apresentações, dedicando-se apenas no mês de janeiro, direto nas ruas. Como é um Terno novo e ainda não possuem figurino, os reiseiros na primeira apresentação estavam “tímidos” e não vestiram “farda”, mas utilizam a bandeira (estandarte). A “companhia entre amigos” é o ponto forte do Terno de Reis da Malhada, onde sempre um consulta o outro sobre o que será feito, além da tranquilidade garantida pelo Terno no período de devoção, ao longo dos 6 dias e 6 noites. Por outro lado, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, e, para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Malhada, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de camisas e chapéus, pois ainda não possuem, e o apoio financeiro para a logística de transporte, como gasolina e/ou carro que ajude nas apresentações do grupo.

O Terno de Reis da Malhada, sob a dedicação do Sr. Silva, é muito recente na localidade, foi criado em 2013 na Comunidade Quilombola de Malhada, Povoado de Tanquinho, Distrito de Maniaçu, em Caetité- BA. Seu Silva “comprou” o Terno com medo da tradição acabar e guarda consigo o poder da fé e desejo de preservação da folia de Reis, pois, como ele próprio diz, “tudo é vocação que Deus dá”. Atualmente, o Terno de Reis da Malhada se apresenta em público 2 vezes ao ano e é composto por 6 reiseiros, todos homens, familiares e companheiros. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e triângulo nas folias anuais do Terno, na Ladainha de Santo Reis e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação nos dias em que se dedicam aos Santos Reis é a doação das pessoas da comunidade que os recebem em casa e o investimento dos próprios

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Local Fazenda Olaria, s/n, Povoado de Santa Luzia, Zona Rural do Distrito - Sede de Caetité, Bahia

Lideranças Cosme Ferreira Ramos (Tiba). Homem, pardo, 50 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, agricultor e gari, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. Nascido e criado no reisado, há mais de 20 anos, pratica o Terno de Reis da Olaria, no qual canta, toca os instrumentos e assume a organização do grupo desde o falecimento de seu pai, que, por sua vez, herdou de seu avô. João Ferreira Ramos (Tidão), seu irmão, e Carlinhos, amigo da família e também reiseiro, colaboram com a liderança do grupo.

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, membros da mesma família e amigos próximos.

Contato 77 99119 1505 [Tiba]

Terno de Reis da Olaria de Santa Luzia

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Não se sabe ao certo por quanto tempo o Terno de Reis da Olaria de Santa Luzia existe neste povoado, Zona Rural do Distrito-Sede de Caetité- Bahia. Pela tradição da família de Tiba e Tidão, a prática do reisado foi sendo aprendida de geração em geração. Se apresentando em público nos dias de hoje de 2 a 4 vezes por ano. Já teve uma criança em sua formação, mas, atualmente, é composto por 8 reiseiros adultos, homens da mesma família e amigos próximos, que usam ganzá, gaita, caixa, bumba e currixá (reco-reco) nas folias do Terno que acontecem apenas no próprio povoado, como nas missas, do período de devoção dos Santos Reis (6 dias e 6 noites) e nas escolas quando são convidados. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo é o investimento dos próprios reiseiros e, às vezes, a doação

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das pessoas da comunidade. Os ensaios/encontros do Terno acontecem na casa dos companheiros e, como figurino, os reiseiros vestem uma roupa comum, camisa do gosto de cada um, calça jeans e boné, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Os instrumentos foram confeccionados artesanalmente pelo próprio grupo. O Terno de Reis da Olaria de Santa Luzia é elogiado pela força de seus cantantes! Os versos entoados por vozes tão marcantes despertam o público para o encantamento do grupo, e a união de seus integrantes também está entre os pontos fortes do Terno. Por outro lado, possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição, como a necessidade de migração de muitos reiseiros em busca de trabalho em outros estados para o sustento

de suas famílias, o que acaba por desestimular aqueles que ficam na continuidade do Terno, e o desinteresse da juventude local pela renovação da tradição. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Olaria de Santa Luzia, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de novos figurinos completos, inclusive da bandeira (estandarte); pois, com isso, poderiam participar de outros eventos, a exemplo do Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Já foram fotografados e filmados por um grupo de São Paulo, e a escola local já convidou o Terno para ensinar as crianças a cantar os reis.

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os demais também têm cada um a sua função. A cada ano, inclusive, há uma rotatividade, isto é, aquele que fica com a bandeira (estandarte) assume a responsabilidade da liderança do Terno por mais um período.

Integrantes de 8 a 10 reiseiros, todos homens, membros da mesma família.

Contato 77 99839 1142 [Zequinha]

Local Fazenda Vargem do Sal, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças José Ferreira da Silva (Zequinha). Homem, pardo, 43 anos, não-alfabetizado, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Há mais de 12 anos, pratica o reisado que aprendeu com o avô desde criança. Depois de mais experiente, quando já havia memorizado os versos e as cantigas, uniu os primos e irmãos e criou o Terno de Reis da Vargem do Sal. Zequinha diz que o Terno não tem liderança, que todos são referências e, assim como ele canta,

Terno de Reis da Vargem do Sal

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O Terno de Reis da Vargem do Sal existe há mais de 100 anos na Fazenda da Vargem do Sal, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, em Caetité. Quando o avô e o pai de Seu Zequinha chegaram a uma idade muito avançada e pararam de brincar, o filho, então, assumiu a liderança, reunindo os primos e os irmãos novamente, e retomou os reis da família, isso há aproximadamente 15 anos. Atualmente, o Terno da Vargem do Sal se apresenta em público de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 8 ou 10 reiseiros, todos homens e membros da mesma família. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e triângulo nas folias anuais do Terno, como a festa da Igreja São Camilo, o período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites) e do Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Nunca receberam cachê. O que normalmente

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acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos colegas, e, como figurino, os reiseiros vestem uma “farda”, composta por um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno e calças, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis da Vargem do Sal “quando sai é pra valer!”. O grupo inicia o período de devoção no dia 28 de dezembro e vai até o dia 06 de janeiro, todos os anos, na pura animação. Haja coração na Vargem do Sal para tocar, cantar, dançar e ainda sorrir ao longo de

todo o trajeto da semana de Santos Reis. Por outro lado, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição, sobretudo, no que se diz respeito à continuidade do período de devoção, pois os jovens não se sentem mais estimulados e os mais velhos estão cada vez mais cansados. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Vargem do Sal, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas novas, a manutenção dos instrumentos e o apoio financeiro para a logística de alimentação da jornada de Santos Reis. Reconheceram o Sr. Eduardo como um bom parceiro do grupo.

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desejo de continuar a tradição familiar de mais de 30 anos do Terno de Reis de Vereda das Cacimbas, seus membros seguem com o fortalecimento da tradição passada por seus ancestrais. Em junho e julho, a comunidade comemora fortemente as festas de São João e São Pedro, com fogueira, forró, quadrilha e farta ceia nas casas que se abrem a todos, “é uma farra!”

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, familiares e amigos.

Terno de Reis da Vereda das Cacimbas

Local Fazenda Vereda, s/n, Zona Rural do Distrito de Caldeiras, Caetité, BA

Lideranças Valderi Dias de Carvalho (Compade). Homem, pardo, 33 anos, com ensino fundamental I completo, agricultor e serviços gerais, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 3 familiares. Começou a praticar o reisado aos 15 anos de idade por influência do pai, desenvolvendo grande paixão pela expressão. Integrou anteriormente o Terno de Cristal, depois se casou e mudou de grupo, vindo a participar e dividir o comando do Terno de Reis da Vereda das Cacimbas com Arivaldo e Mazinho. Com muito

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O Terno de Reis da Vereda das Cacimbas existe há pelo menos 30 anos na Fazenda Vereda, Zona Rural do Distrito de Caldeiras, a uns 65km da cidade-sede de Caetité. O Terno é tradição familiar atualmente liderada por Mazinho, Valderi e Arivaldo e se apresenta com mais frequência no Natal e no Festival de Reis da sede em Caetité, inclusive, em Igaporã. É composto por 9 a 10 reiseiros, todos homens, jovens, adultos, idosos, familiares e vizinhos, que se dedicam em torno de 10 vezes ao ano a tais apresentações . Usam gaita, caixa, bumba e pandeiro, alguns herdados e outros construídos na região. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e conserto dos instrumentos é a doação das pessoas da comunidade, o investimento dos próprios reiseiros e as parcerias, como as que tem com Seu Euzebinho e Seu

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justamente pela falta de integrantes, o que não o impede de sair somente em sua comunidade de origem, com o grupo reduzido. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis da Vereda das Cacimbas, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de um conjunto completo de figurino novo, composto por chapéus de couro ou palha, toalhas de ombro, devido ao desgaste de mais de 10 anos de uso, e nova bandeira (estandarte). Acrescentam também o apoio financeiro para produzirem a festa final do dia de retorno do período de devoção com som e ceia farta da jornada de Santos Reis.

Betinho, que muito apoiam o grupo. Os ensaios/encontros acontecem nas casas dos companheiros, e, como figurino, vestem um conjunto de camisa de malha, modelo comum, chapéus de couro, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis da Vereda das Cacimbas possui como pontos fortes, além da união de seus membros “quando sai não tem encrenca!”, o samba diferenciado que muito agrada ao público. Por outro lado, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, principalmente, no que diz respeito à falta de companheiros para participar das celebrações, devido à migração anual dos reiseiros para o corte de cana no eixo Sul/Sudeste do país para “ganhar a vida”. Há 2 anos, o grupo não participa do Festival de Ternos de Reis realizado na sede de Caetité,

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mensal de 1 salário mínimo. Assim como Bentinha e Luluzinha, Iani já brincava os Reis com a família desde criança, como conta, havia muitos grupos infantis na época. Sua mãe foi uma verdadeira mestra, Umbelina (Filinha), que era muito católica e praticava o Terno por devoção.

Integrantes 20 reiseiros, todos idosos, participantes do PRAI, entre homens e mulheres.

Contatos 77 3495 2108 / 77 3495 2046 [Ni]

Local Rua João Pessoa, s/n, Praça da Igreja, Zona Rural do Distrito de Brejinho das Ametistas, Caetité, Bahia

Lideranças As irmãs Maria Benta dos Santos (Bentinha), Iani Santos (Ni) e Maria Luiza (Luluzinha) são referências de liderança do Terno de Reis das Ciganas, que é motivado pelo Programa de Atendimento ao Idoso (PRAI), da Secretaria de Desenvolvimento Social de Caetité. Ni é educadora do PRAI e costureira profissional aposentada. Mulher, negra, 78 anos, com escolaridade até o ensino médio completo e renda

Terno de Reis das Ciganas

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O Programa de Assistência ao Idoso (PRAI)da Secretaria de Desenvolvimento Social de Caetité é desenvolvido no Núcleo de Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Idoso sediado em Brejinho das Ametistas, a 25km da sede de Caetité. Hoje é uma organização fundamental para a existência do Terno de Reis das Ciganas, que existe há 3 anos e cuja formação foi motivada após a encenação da peça “O Mendigo e a Caridade”, do Projeto Natal Luz, promovido pela mesma Secretaria. As irmãs Dona Bentinha, Dona Ni e Dona Luluzinha são referências importantes para o Terno, cantam e dançam os Reis desde crianças e agora ainda ajudam a costurar o figurino e organizar o grupo junto ao PRAI. O Terno de Reis das Ciganas é de hipnotizar! É uma mistura de beleza cênica, com a singeleza do idoso e sonoridade ritmada das cantigas. Além de Caetité, já se apresentaram em Ibiassucê, Morrinhos

Algo sobre... e outras cidades da região. Usam um figurino bem elaborado, composto de saiões rodados, blusas com babados sob medida, muitos colares, tiaras e adereços, além do estandarte; e os homens, calças e camisas padronizadas pela mesma cor. Ambos remetem às vestimentas da tradição cigana. As mulheres acompanham a percussão com meia-lua em mãos e os homens, conduzem a musicalidade com cordas, sopros e coros. Não costumam receber cachê. A manutenção do Terno para feitura dos figurinos, aquisição de instrumentos, alimentação e deslocamento dos reiseiros, acontece através de apoio financeiro do PRAI. Possuem um CD com registro de suas canções e, de acordo com as lideranças, o que poderia melhorar a continuidade do Terno das Ciganas é a realização de ensaios periódicos.

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Local Fazenda Açoita Cavalo II, s/n, Zona Rural do Distrito de Brejinho das Ametistas, Caetité, Bahia

Lideranças Sebastião Bispo da Silva (Tião de Dé). Homem, negro, 65 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, aposentado e agricultor, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. Há mais de 50 anos, pratica o reisado, por meio do qual aprendeu com o pai a afinar os instrumentos e a cantar. Só na puxada da voz já está há 20 anos! Seu Primo e Gil Bispo (Didio) também contribuíram com a organização e coordenação do grupo.

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, membros da mesma família e amigos próximos.

Contatos 77 99178 4518 - 77 3495 2161 [Didio]

Terno de Reis de Acoita Cavalo 2

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"Desde que eu me entendo por gente!" - diz o Sr. Tião de Dé, acerca do tempo de existência do Terno de Reis do Açoita Cavalo 2, na Zona Rural do distrito de Brejinho das Ametistas, em Caetité- Bahia. Atualmente, o Terno se apresenta de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 8 reiseiros, todos homens da mesma família e amigos próximos. Esse terno usa uma diversidade maior de instrumentos quando comparados a maioria dos outros Ternos de Caetité: cavaquinho, violão, viola, pandeiro, reco-reco, triângulo, sanfona, caixa, bumba, ganzá e gaita (pífano). Costumam se apresentar nas festas de santos católicos, como na Festa da Padroeira de Brejinho, na Festa de Nossa Senhora da Conceição, de Santos Reis e em Brazilândia, distrito de Ibiassucê. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento,

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conserto dos instrumentos, remédios para a garganta no período de devoção (6 dias e 6 noites) e figurino é a doação das pessoas da comunidade e o investimento próprio dos integrantes. Os ensaios/encontros do Terno acontecem na casa dos líderes e, como figurino, os reiseiros vestem uma roupa comum, camisas personalizadas com o nome do grupo e calça, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Açoita Cavalo 2 tem uma sanfona muito bem tocada e duas senhoras que, por vezes, acompanham o Terno e dançam aquele samba de roda que arrasa o coração da plateia. Sem contar que é um Terno que já demonstra transformações ao longo do tempo, como a adoção de novas harmonias nas cantigas, utilizando instrumentos de corda. Por outro lado, possui algumas dificuldades para o mantimento

da tradição,como o desinteresse dos mais novos pela continuidade do Terno. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Açoita Cavalo 2, inicialmente, as lideranças propõem ações de incentivo à juventude para que a tradição dos reis não desapareça na localidade e o apoio financeiro nos custos materiais do grupo, como a aquisição de instrumentos. Recordam que já foram tema para uma filmagem de um grupo de Salvador.

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não segue em festa no período de devoção, devido ao afastamento dos reiseiros relacionados por questões familiares e, como Seu Celino lamenta, “muitos precisam trabalhar para sustentar a família e não têm como ficar 6 dias fora do serviço”.

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, familiares e amigos.

Contato 77 99994 9165 [Celino]

Local Povoado do Angico, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças O Sr. Cícero é a principal referência do Terno. Jucelino Araújo (Celino), tocador e cantor do Terno, é quem conta um pouco sobre o reisado de Angico. Homem, 42 anos, com escolaridade até o ensino fundamental I completo, trabalhador rural, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. Começou a praticar o Reisado há 21 anos, em casa mesmo, junto aos irmãos e primos, observando os ternos de Seu Dedé de Manoel, Cazuza, Nelsão do Serrote, entre outros. Há dois anos, o Terno de Reis de Angico

Terno de Reis de Angico

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Terno de Reis de Angico existe há aproximadamente 21 anos no povoado da Lagoa do Araçá, Zona Rural do Distrito Maniaçu, em Caetité. Formado com o intuito de celebrar a tradição, um grupo de companheiros, irmãos e primos deu início às atividades do Terno, observando a prática de outros mestres da sabedoria popular da localidade. Atualmente, o Terno de Reis de Angico não se apresenta em público há pelo menos 2 anos, devido às desistências de seus membros em decorrência de questões familiares e profissionais, mas, anteriormente, o fluxo de apresentações era de pelo menos 1 vez ao ano no Festival de Ternos de Reis realizado na sede de Caetité. Era composto por 8 reiseiros, todos homens, adultos, irmãos, primos e membros da vizinhança. Seus instrumentos estão emprestados para

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bem antigos, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Angico possui uma organização muito afinada, que resultava sempre numa boa apresentação e nos primeiros lugares no Festival de Reisado de Caetité. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Angico, inicialmente, as lideranças propõem a disponibilização de novas vestimentas, com camisas e chapéus adequados e belos e sugerem ações que incentivem os mais novos a praticar a jornada de Santos Reis.

outros Ternos da localidade: são 2 gaitas, 1 caixa, 1 bumba e 2 currixás, alguns comprados de Seu Tião Tatu logo no início da formação do grupo e outros feitos artesanalmente pelos irmãos de Celino. Usavam para as folias anuais do Terno no período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites) e no Festival de Reisado do município, cuja participação pode ser vista no DVD produzido pelo evento. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos reiseiros, e, como figurino, os integrantes vestem um jogo de camisas comuns e chapéus de palha já

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Terno de Reis de Aroeiras

saúde que os impedem de acompanhá-lo, seu Gó prefere não sair com quem não seja da família ou reiseiros que desconhece, respeitando sua crença e devoção na seriedade do Terno de Reis de Aroeiras, mas o que não o impede de estar presente em ternos de amigos.

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, familiares e amigos próximos.

Contato 77 99912 9990 [Gó]

Local Povoado de Aroeiras, s/n, Zona Rural do Distrito - Sede de Caetité, BA

Lideranças Osvaldo Lopes Teixeira (Gó). Homem, branco, 64 anos, não-alfabetizado, aposentado e pedreiro, com renda mensal de 3 salários mínimos para ajudar no sustento de 3 familiares. Começou a praticar o reisado há pelo menos 30 anos, observando os reiseiros de passagem e se inspirando em Mestre Ezequiel, já falecido. Tocador e cantador, o Terno de seu Gó já não sai há 2 anos por falta de tocadores. Como seus dois filhos se encontram com problemas de

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O Terno de Aroeiras existe há mais de 20 anos no Povoado de Aroeiras, Zona Rural do Distrito-Sede de Caetité, a uns 10km do centro da cidade. Tocador e cantor, tudo começou com seu Gó, que “comprou um Terno”, depois “vendeu e comprou” outros melhores, dando origem, assim, ao Terno de Reis de Aroeiras. “Comprar e vender” um Terno é um procedimento comum entre os reiseiros de Caetité, o que nada mais é do que adquirir os instrumentos de Ternos extintos para dar origem a um novo e, assim, continuar a prática do reisado no território. Infelizmente, o Terno de Aroeiras já não se apresenta em público há 2 anos, mas seu fluxo anteriormente era de 2 a 3 vezes ao ano. Composto por 8 reiseiros, todos homens jovens e adultos, membros da mesma família ou amigos próximos, o Terno usava pandeiro, gaita, caixa, bumba,

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parado no momento devido aos problemas de saúde de seus filhos, na palavra de seu Gó, pode voltar à ativa a qualquer momento “que qualquer coisa, se os meninos animarem, toco novamente”, já que ele mesmo não acha certo brincar com qualquer um, que "não faz direito", não respeita seu Terno. O que poderia reativar o Terno de Reis de Aroeiras e suas condições de existência, realização e transmissão, inicialmente, seria o fornecimento de figurinos novos e melhores, além do cachê para os reiseiros na jornada de Santos Reis, o que não prejudicaria os trabalhadores envolvidos.

reco-reco e triângulo nas folias anuais do Terno, na festa da Igreja, do período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites), em Guanambi, e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Usavam ainda a "cachorra", um instrumento de fabicação artesanal da localidade, feito de ferro enlaçado com argolas que emite um som agudo e estridente. Nunca receberam cachê. A arrecadação era o que normalmente acon-tecia para suprir os gastos de manutenção do grupo, a partir da doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/en-contros aconteciam na casa de seu Gó e os reiseiros vestiam uma “farda”, composta por um jogo de cami-sas e calças, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Aroeira, apesar de

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Local Fazenda Baraúna Grande, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças Gildemar Antônio da Silva (Tim). Homem, negro, 36 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Há 8 anos, pratica o Terno de Reis que aprendeu com seus pais e tios, agora mantém a tradição da família com seus primos e amigos. Canta, toca gaita e caixa, dedica-se de dezembro a janeiro ao Terno, no período de

devoção. Paulo Sérgio (Sergin) também é uma referência de liderança do Terno de Reis de Baraúna Grande, brincando há 12 anos.

Integrantes 12 reiseiros, todos homens, membros da mesma família e amigos próximos.

Contatos 77 99848 1042 [Gildemar Antônio - Tim]| 77 99935 8876 [Paulo Sérgio - Sergin]

Terno de Reis de Barauna Grande

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O Terno de Reis de Baraúna Grande já foi parte de um grupo maior de reiseiros de Junquinho, mas hoje é um grupo menor mantido em Baraúna Grande, na Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a 30km de Caetité. Apresenta-se em público de 2 a 3 vezes ao ano. Atualmente, é composto por 12 reiseiros que usam reco-reco, caixa, zabumba e gaita (pífano) nas folias anuais do Terno, como a novena de Nossa Senhara da Conceição, a Gincana do GE Zelinda Carvalho e o Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e figurino é a doação das pessoas da comunidade em período de devoção, o investimento próprio dos integrantes e o apoio dos organizadores das festas. Os ensaios/encontros acontecem na

casa do cantador do Terno e, como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas identificadas com o nome do grupo, coletes e calças, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Por vezes, as camisas são ofertadas como patrocínio. Embora seja um Terno muito unido, o grupo possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos reis, principalmente, pela migração dos tocadores para o corte de cana na região Sul/Sudeste do Brasil. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Baraúna Grande, inicialmente, as lideranças propõem o apoio financeiro para as folias que realizam anualmente. Já participaram de gravações de DVD durante o Festival de Caetité e deram entrevistas a Rádio FM 10.

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Terno de Reis de Cachoeirinha

Local Povoado de Cachoeirinha, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Germano Francisco de Oliveira. Homem, pardo, 65 anos, não-alfabetizado, agricultor e aposentado, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 8 familiares. Grande admirador do reisado caetiteense, começou a praticá-lo a convite dos companheiros do Terno de Reis da Cachoeirinha no ano 2000, quando aprendeu a

tocar. Atualmente, comanda o Terno, o currixá e, por vezes, segura a bandeira. Sebastião, seu genro, também é uma referência de liderança do grupo.

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, familiares e amigos da vizinhança.

Contato 77 99918 7459 [Germano]

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O Terno de Reis da Cachoeirinha existe há 15 anos, no Povoado de Cachoeirinha, Zona Rural do Distrito Maniaçu, em Caetité-Bahia. Foi formado por verdadeiros admiradores da tradição dos Reis, os companheiros se reuniram e tocaram diante da alegria da celebração na localidade. Atualmente, o Terno de Reis da Cachoeirinha se apresenta em público, em média, 8 vezes ao ano e é composto por 8 reiseiros, todos homens, jovens e adultos, membros da vizinhança. Usam 2 gaitas, 1 caixa, 1 bumba e 2 currixás comprados na mão de um construtor de instrumentos do Angico. Nunca receberam cachê para as folias anuais do Terno no período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites) e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com

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fornecimento de transporte e boa alimentação para as apresentações do grupo. Sugerem também que haja novas formas de se premiar os Ternos que participam do Festival de Reisado de Caetité para que todos os grupos sejam contemplados como vitoriosos e, dessa forma, não haja desestímulo aos que perderam e nem tampouco o sentimento de que foram desfavorecidos por um suposto interesse dos jurados por determinados Ternos. Propõem, quiçá, que os jurados sejam convidados de fora de Caetité para que haja mais transparência no julgamento dos vencedores do Festival.

alimentação, deslocamento e instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa de Seu Germano e, como figurino, os reiseiros vestem uma “farda” simples, composta por um jogo de camisas, chapéus e toalhas brancas para enxugar o suor, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Cachoeirinha é um grupo de muita união e honestidade na relação entre seus companheiros, possuindo também uma cantoria harmônica embalada ao som tocado com devoção pelos seus membros. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Cachoeirinha, inicialmente, as lideranças propõem o auxílio no

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busca fortalecer a organização social do reisado de Cristal, além de ser tocador e cantor do Terno. Ao lado de Seu Adenilton (Nilton), seu irmão, e de Seu Isterivaldo, segue com os Reis em devoção há anos pertencente à família.

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, familiares e vizinhos, e 1 criança.

Contatos 77 98130 3366 [Doilson] | 77 98161 0369 [Nilton]

Terno de Reis de Cristal

Local Fazenda Cristal, s/n, Zona Rural do Distrito de Caldeiras, Caetité, BA

Lideranças Valdinilson Dias de Carvalho (Doilson). Homem, pardo, 40 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, trabalhador rural, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Começou a praticar o reisado aos 12 anos, seguindo o pai, Seu Valmir Dias de Carvalho, já falecido, que, ao aprender com os tios, deixou o legado para seus filhos. Participante de movimentos político-culturais relacionados às culturas populares, Seu Doilson

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O Terno de Reis de Cristal existe há mais de 50 anos, segundo Seu Doilson “Quando eu nasci já tinha, deve ter mais de 50”, na região da Fazenda Cristal, Zona Rural do Distrito de Caldeiras, a uns 60km da sede municipal de Caetité. De pai para filho, Seu Valmir Dias de Carvalho deixou o legado para a família, que segue mantendo a tradição. Atualmente, o Terno de Reis de Cristal se apresenta em público de 4 a 5 vezes ao ano e é composto por 8 reiseiros, todos homens, membros da mesma família e da vizinhança, além de uma criança. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e currixá nas folias anuais do Terno, como na festa da Igreja, do período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites), em Igaporã, e do Festival de Reisado, realizado na sede de Caetité. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do

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à continuidade desta tradição no período de devoção, quando a distância da saga pode cansar por não terem nenhum apoio para toná-la mais amena. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Cristal, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas completas, transporte e apoio financeiro para as festas da comunidade, além de mais incentivo e força para “praticar pra não se acabar (...) uma pessoa pra dar força, pra não discriminar!”, como sugere Seu Doilson. O grupo já ministrou oficina na escola de Caldeiras, participou de entrevistas e integra o DVD produzido pelo Festival de Reisado de Caetité.

grupo com alimentação e deslocamento é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na Associação Comunitária de Cristal, e, como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas, chapéus de palha pintados e toalhas para enxugar o suor, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Cristal possui, como ponto positivo, o gosto pelos aplausos que recebem, a sua toada, os cânticos, os instrumentos e a união que nunca deu margem para encrenca, tanto que, quando há a ausência de algum integrante, todos se sentem esmorecidos e desmotivados. Por outro lado, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, sobretudo no que se diz respeito

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Dentro do grupo, ele domina a prática de todos os instrumentos que aprendeu a tocar desde criança com seus irmãos, além de saber cantar muito bem.

Integrantes 11 reiseiros, todos homens e adultos, familiares e vizinhos, e somente uma criança.

Contato 77 9 98322265 [Sivaldo]

Terno de Reis de de Alezide

Local Fazenda Formosa 2, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu

Lideranças José Nildo (Dé de Alezide) é principal referência do Terno. Quem nos conta sobre ele é Silvano, Mailton e Sivaldo Ananias, o Sil de Tereza, cunhado de Dé e também liderança do grupo. Homem, pardo, 43 anos, agricultor, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. É tocador de Terno há 27 anos e já está junto no Terno de Dé de Alezide há 8 anos.

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A idade do Terno de Reis de Dé de Alezide é um pouco confusa quando se pergunta. Isso porque muitos parceiros já faziam parte de outras formações reiseiras juntos, por 12 anos. Com este conhecido como de Dé de Alezide na Fazenda Formosa 2, registram-se 8 anos de existência, na Zona Rural do Município de Maniaçu em Caetité. De acordo com o Sr Sivaldo Ananias, reiseiro e uma referência do grupo, o Terno se apresenta em público umas 10 vezes ao ano, e é composto por 11 reiseiros, todos homens, membros da mesma família, amigos ou vizinhos, e apenas 1 criança de 13 anos. Usam de pandeiro, gaita, caixa, bumba e currichá para as folias anuais do Terno do período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites) e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece

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feito pelo grupo, onde há um respeito à cada um e sua forma de fazer o samba. Por outro lado, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos reis, sobretudo, no que se diz respeito a gastos com gasolina para o transporte do grupo, iluminação e som das apresentações, e continuidadedo período de devoção, dos 6 dias e 6 noites, onde a falta de apoio financeiro desfalca de forma crescente, a composição do grupo. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Dé de Alezide, inicialmente propõem uma maior assistência para as demandas das apresentações, como novos figurinos, reforma nos instrumentos e apoio no transporte para participar do Festival anual.

para suprir os gastos de manutenção do grupo, a exemplo de alimentação, figurino e conserto dos instrumentos, é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos companheiros ou no prédio da escola e como vestimenta, os reiseiros vestem uma “farda”, composta por um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno, alguns com chapéus e outros com boné, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. As roupas os reiseiros ganharam em um Festival e os instrumentos, foram construídos ou adquiridos pelo grupo. Sr Alezíde (às vezes Alezídio) apoia em muito a saída do Terno, incentivando e motivando a todos. O Terno de Reis de Dé de Alezide possui de maior força a igualdade e harmonia do som

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Local Fazenda Contendas, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças Conceição de Maria de Jesus Santos (Cêssa). Mulher, negra, 52 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, trabalhadora rural, com renda mensal familiar em torno de 2 salários mínimos e o aporte do Bolsa Família para complementar o sustento de 6 familiares. Há 21 anos, pratica o Terno de Reis que aprendeu com o tio Daniel de Oliveira. Ele também cantava e precisava de alguém para ajudá-lo a revesar na condução da voz, pois, conforme a tradição, quem canta deve cumprir os 6 dias e as 6 noites sem

se ausentar. Conceição vem buscando ensinar às crianças da comunidade a arte da cantoria dos Reis, mas percebe muita dificuldade dos pequenos em memorizar os versos, embora sejam ótimos tocadores. Se dedica ao Terno de 30 de dezembro a 06 de janeiro, no período de devoção, quando organiza e leva a cantoria. Isaías (cunhado de Conceição) também é uma referência de liderança do Terno de Josias Bagaceira.

Integrantes 8 reiseiros, entre homens e mulheres, membros da mesma família.

Contato 77 99929 5591 [Conceição de Maria]

Terno de Reis de Josias Bagaceira ou Terno de Reis de Contendas

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O Terno de Reis de Josias Bagaceira existe há mais de 60 anos em Contendas, na Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a 30km de Caetité, e já formou um grupo único com o Terno de Reis de Leonídia de Contendas, há uns 7 anos. Não se sabe ao certo a motivação de como tudo começou, mas, até onde se percebe, a tradição de brincar os Reis já está na família há três gerações, sendo a atual formação motivada pelo Sr. Josias Bagaceira, com seus 80 anos, e irmãos de Cêssa. Atualmente, é composto por 8 reiseiros que usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e currixá nas folias anuais do Terno, como as festas católicas em Maniaçu, realizadas no mês de outubro ao lado da Igreja, e o Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Entretanto, já estão sem se apresentar há 2 anos, pois não saíram para o período de devoção por falta de companheiros e decidiram que, por esse motivo, não deveriam concorrer no Festival. Já conquistaram

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bonitos troféus, mas nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo como alimentação, remédios para garganta ou dor de cabeça, deslocamento e figurino é a doação das pessoas da comunidade em período de devoção, o investimento próprio dos reiseiros e o apoio dos organizadores das festas. Os encontros/ensaios anuais acontecem na casa do reiseiro onde a bandeira ficou no ano anterior. Para o figurino, os integrantes vestem um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno, calças e saia, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Josias Bagaceira é referência de um canto organizado, “bem cantado”, “versos bem jogados”, em uma voz feminina que o faz com muito respeito e “sem beber!”. O grupo possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos

reis, como a falta de outras pessoas com habilidade para cantar, a dedicação ao período de devoção, que prejudica na renda familiar, e a migração anual de praticamente todos os componentes do Terno para o corte de cana na região Sul/Sudeste do Brasil, quando o grupo fica sem tocadores, o que fragiliza a sua organização. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Josias Bagaceira, inicialmente, as lideranças propõem a remuneração para a saída no período devocional e o cachê e/ou apoio logístico para deslocamento das outras apresentações ao longo do ano. Já participaram de entrevistas para gravação de um CD e/ou DVD e identificam o Sr. Luiz Benevides e o Sr. Zé Fernandes, um ex-vereador local, como importantes parceiros do grupo..

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Local Fazenda Contendas, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças Leonídia Maria de Jesus. Mulher, negra, 95 anos, antiga parteira, não-alfabetizada, aposentada e com renda mensal de 1 salário mínimo para o sustento de dois familiares e dela mesma. Há 50 anos, pratica o Terno de Reis em Maniaçu, a partir dos ensinamentos passados por seu tio José Cilistrino de Juazeiro, que também liderava um reisado naquele Município. Sempre sambou, cantou e, após a morte do marido, passou também a conduzir a bandeira do Terno, mas, atualmente, devido à idade,

vem contribuindo somente com manutenção do saber oral das folias do grupo. Seus filhos, Antônio Joaquim de Souza e Wilson Joaquim de Souza, já assumem a liderança da brincadeira e compartilham a responsabilidade de manter a tradição da família pela saída do Terno de Reis de Leonídia de Contendas, durante os meses de dezembro e janeiro.

Integrantes 12 reiseiros, entre homens e mulheres, membros da mesma família.

Contato 77 99914 9862 [Antônio Joaquim]

Terno de Reis de Leonidia de Contendas

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O Terno de Reis de Leonídia de Contendas existe há mais de 50 anos na Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a 30km de Caetité, e se apresenta em público de 2 a 3 vezes ao ano. Iniciou-se por promessa de Dona Leonídia e, atualmente, é composto por 12 reiseiros que usam pandeiro, gaita, caixa, bumba, currixá e triângulo nas folias anuais do Terno, como a Festa de Nossa Senhora de Aparecida e o Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Só deste Festival, já levaram 7 troféus para casa, frutos de belas cantigas e um bom batedor de bumba. Mas nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e figurino, entre outros, é

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a doação das pessoas da comunidade em período de devoção e o apoio dos organizadores das festas. Os ensaios acontecem no terreno da casa de Seu Antônio e, como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas identificadas com o nome do Terno, bonés e calças, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O grupo possui algumas difi-culdades para o mantimento da tradição dos reis, principalmente por causa dos afazeres profissionais dos brincantes, que impedem do Terno sair todos os anos no período de devoção e no Festival, e por causa de algumas divergências entre os seus integrantes, além do desinteresse dos mais novos. Para melhorar as condições de existência, realização

e transmissão do Terno de Reis de Leonídia de Contendas, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas adequadas e de instrumentos produzidos sob a qualidade a ser definida pelos próprios componentes. Já participaram de um DVD produzido pelo Sr. Luiz Benevides e identificam tanto ele quanto Seu Dedé de Chico e Zé de Fernando como importantes parceiros do grupo.

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próprio nome, no qual canta e sabe tocar todos os instrumentos. Quando calha do Terno não sair, não tocar no período de Santos Reis, Seu Nelson, de pronto, une-se a outros grupos de amigos da região e toma-lhe brincar! Em sua ausência, Seu Valdir também comanda o Terno de Reis de Nelson do Serrote.

Integrantes 11 reiseiros, todos homens, amigos

Contato 77 99944 1274 [Nelson Batista]

Terno de Reis de Nelson do Serrote

Local Povoado Serrote, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Nelson Batista Caíres. Homem, pardo, 63 anos, não-alfabetizado, agricultor, aposentado, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 3 familiares. Começou a praticar o reisado aos 16 anos de idade com devoção e alegria com Seu Antônio, já falecido, e, desde então, não deixou mais de cantar e tocar sua fé. Cozinheiro de mão cheia, é responsável também pelos banquetes de casamentos e festas da comunidade. Há mais de 15 anos, foi convidando um e outro e montou o Terno batizado pelo seu

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O Terno de Reis de Nelson do Serrote existe há mais de 15 anos na região de Serrote, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, em Caetité. Formado com o intuito de continuar com a tradição artística da região, um grupo de amigos organizado por Seu Nelson deu início às atividades do Terno inspirado há tempos por seus ancestrais. Atualmente, o Terno de Reis de Nelson do Serrote se apresenta até 7 vezes ao ano em ladainhas, no período de Santos Reis e de promessas, e nas festividades da comunidade. Composto por 11 reiseiros, todos homens, jovens e adultos, familiares e vizinhos, já tocaram em Guanambi e no Festival de Reisados realizado na sede de Caetité. Usam gaita, caixa, bumba e reco-reco comprados por meio de "vaquinha" para

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acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Nelson de Serrote é bastante unido. Os companheiros têm boa vontade, muita fé no reisado e, é claro, alegria de sobra, o que os fazem seguir há anos juntos, sendo sempre muito bem recebidos por onde passam, com banquetes fartos na casa das pessoas que os recebem no período devocional. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Nelson do Serrote, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de novos figurinos, novas “fardas”, pois as que utilizam são emprestadas.

as folias anuais do Terno. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo, como a produção da festa do último dia de Santos Reis, quando da chegada do Terno, é a doação das pessoas da comunidade “que dão com prazer” e o investimento dos próprios reiseiros. A cada ano, a festividade muda de local, circulando entre as casas dos brincantes. Os ensaios/encontros acontecem no vilarejo próximo e Suzapara, quando necessitam de ensaios fechados, estes são realizados na Associação local ou na Igreja. Como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisa comum de algodão, calças e toalhas no pescoço para enxugar o suor, além da bandeira (estandarte), sem

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interesse no pequeno aprendiz de reiseiro, que, ainda adolescente, se concretizaria em seu próprio Terno e de sua família. Há quase 20 anos, montou com os irmãos o Terno de Reis de Passagem de Areia. Cantando e tocando, liderando a tradição, dá continuidade ao legado deixado pelos tios como fonte de inspiração.

Integrantes de 10 a 12 reiseiros, todos homens, familiares e amigos.

Contatos 77 99951 5877 [Paulim] | 77 99999 6916 [Elisandra, filha de Paulinho]| [email protected]

Terno de Reis de Passagem de Areiaou Terno de Reis de Paulinho

Local Povoado de Passagem de Areia, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Paulo Lopes da Silva (Paulinho ou Paulim). Homem, negro, 40 anos, com escolaridade até o ensino fundamental II incompleto, agricultor e serviços gerais, com renda de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Atualmente, reside na cidade-sede de Caetité, mas Paulim começou a praticar o reisado muito jovem no povoado de Passagem de Areia, quando criança seguia com os irmãos batucando latas atrás dos ternos que passavam por sua casa. À época, esse período de Santos Reis despertara o

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O Terno de Reis de Passagem de Areia existe há aproximadamente 20 anos na localidade de Passagem de Areia, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a uns 35km de distância da cidade-sede de Caetité. Quando jovens, Seu Paulo e os irmãos se organizaram e deram inicio às atividades levados por um desejo despertado ainda na infância ao ver os ternos passarem em casa em dias de Reis. Atualmente, o Terno de Reis de Passagem de Areia se apresenta até 7 vezes ao ano em ladainhas e festividades da comunidade. É composto por 10 a 12 reiseiros, todos homens, jovens e adultos, familiares e amigos, acompanhado também por crianças. Somente em 2015, não saíram no período de Santos Reis por luto na família. Usam gaita, caixa, bumba e currixá comprados entre irmãos, nas folias anuais do Terno, em dia de Natal na casa da vizinhança, na saga do período de devoção, no derradeiro dia de dezembro

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acessórios ou indumentárias muito elaboradas. A união é a maior fortaleza do Terno de Reis de Passagem de Areia, que também possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos reis, sobretudo no que diz respeito a falta de novas lideranças. Isso termina por gerar uma centralização das responsabilidades na figura de Seu Paulo, o qual lamenta que, em sua ausência, o grupo pode até mesmo deixar de existir. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Passagem de Areia, inicialmente, a liderança propõe a aquisição de figurinos novos, o conserto dos instrumentos ou compra de novos, além de uma nova bandeira, pois a que o Terno possui já está bem desgastada, com mais de 20 anos de uso.

até o 6 de janeiro, nas ladainhas de Santa Maria e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. A cantoria do Terno de Passagem de Areia pode ser conferida ainda no DVD produzido por Sr. Luiz Benevides, em uma das edições do Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e conserto dos instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa do pai de Paulim, dedicam-se em média 15 dias ao ano e, como figurino, vestem uma espécie de “farda”, composta por um jogo de camisas de meia-manga comuns, chapéus de palha e toalhas no ombro, além da bandeira (estandarte), sem

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Local Fazenda Pau Ferro do Juazeiro, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Marquinhos, filho de Nelson e de Delcina e Valmir Francisco da Silva (Tita), homem, negro, 44 anos, agricultor, não-alfabetizado, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 6 familiares. Pratica o reisado há 23 anos e, há 3, canta e toca vários instrumentos no Terno de Reis de Pau Ferro do Juazeiro. Marquinhos reside na sede de Caetité e organiza o Terno no que pode. Um grupo incentivado pela sabedoria de velhos mestres consagrados do reisado da região, como Zé de Arlindo, Juarez e Antônio Niedal.

Integrantes de 8 a 12 reiseiros, todos homens, familiares e amigos.

Terno de Reis de Pau Ferro

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Não se sabe ao certo o ano de nascimento do Terno de Pau Ferro, na Zona Rural do Distrito de Maniaçu, em Caetité. Sabe-se, por Seu Tita e Zé Maria, tio e sobrinho, que este nasceu durante as reuniões dos companheiros mais antigos, à época em outros Ternos, como o do Riacho da Vaca, citando nomes de referência como o do próprio Seu Valmir, Seu Juarez e Zé Arlindo, que se organizaram com o intuito de preservar a tradição. Dentro do grupo, cantam e tocam os instrumentos, organizados pela liderança de Marquinhos. Atualmente, o Terno de Reis de Pau Ferro se apresenta em público de 1 a 2 vezes ao ano e é composto por 8 a 12 reiseiros, todos homens, membros da mesma família, amigos e vizinhos. Usam gaita, pandeiro, caixa, bumba e reco-reco nas folias anuais do Terno no período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites). Embora seus

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de Pau Ferro do Juazeiro possui, como maior força, a harmonia de seus reiseiros, que, juntos, enfrentam algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos reis, como a ausência de transporte para chegar ao Festival de Reisado na sede de Caetité. Enquanto registro, possui uma mídia gravada no dia do Festival de Reisado de Caetité, peli Sr. Luiz Benevides. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Pau Ferro de Juazeiro, inicialmente, os reiseiros propõem a disponibilização de vestimentas adequadas (camisetas, bonés, chapéus) e o apoio na logística de deslocamento e alimentação sempre quando necessário. O Sr. Bené (geógrafo ex-funcionário da INB) é um grande parceiro do Terno.

membros já tenham participado com outros Ternos do Festival de Reisado realizado na sede de Caetité, o Pau Ferro nunca teve a oportunidade de ir. Também não costuma receber cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação e vestimentas é a doação das pessoas da comunidade que recebem o Terno em suas casas nos dias de Santos Reis e o investimento dos próprios reiseiros. Dedicam-se de dezembro a janeiro às atividades do Terno. Os ensaios/encontros acontecem na Associação Quilombola (Amigos de Pau Ferro do Juazeiro), e, como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas e coletes, toalhas para enxugar o suor, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis

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Local Fazenda Riacho da Vaca, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças Alecí Rodrigues dos Santos (Lé). Homem, negro, 51 anos, não-alfabetizado, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. Reiseiro há mais de 25 anos pela influência de seu avô, Sr. Elias, toca caixa e conduz a bandeira (estandarte) do Terno de Riacho da Vaca. Sr. Manoel Sabino (Zé Sabino), prestador de serviços das Indústrias Nucleares

do Brasil (INB) com sede em Caetité, é o cantor dos versos e patriarca da família, também uma importante referência de liderança do grupo.

Integrantes de 6 a 11 reiseiros, todos homens, membros da mesma família e amigos próximos.

Contatos 77 99941 9602 [Lé] | 77 99977 8125 [Lú - tocador de bumba]

Terno de Reis de Riacho da Vaca

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Oscarino, Isaurino e Zé Sabino. O Terno de Reis de Riacho da Vaca faz parte da família de Lé, filho de Zé Sabino e atual liderança do grupo, há mais de 3 gerações, na Fazenda de Riacho da Vaca, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a uns 30km da sede de Caetité e 12km de Contendas. A caixa, instrumento de presença marcante do Terno, data aproximados dois séculos e foi confeccionada pelo bisavô de Lé. Conta a lenda que, em seu leito de morte, o avô de Zé Sabino pediu para que ele tocasse três vezes o bumba e, assim o neto o fez: tum, tum, tum... e logo em seguida, o mestre ancião faleceu. O que significa dizer que o Terno de Reis de Riacho da Vaca é dono de uma relíquia percussiva imbuída de um raro valor sentimental e histórico para a tradição dos reis da localidade. “Quem não virou crente, é tudo reiseiro!”, diz Zé Sabino. O grupo se apresenta em público de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 6 a 11 reiseiros, todos homens e membros da mesma família, além de amigos próximos. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e

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A união, a alegria, a harmonia do canto, das vozes bem sintoniazadas são destaques no Terno de Reis de Riacho da Vaca. Por outro lado, o grupo possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, principalmente, pelos compromissos profissionais de alguns membros em outras cidades, sobretudo em São Paulo, que atrapalham a saída do período devocional. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Riacho da Vaca, inicialmente, as lideranças propõem o apoio para a manutenção/aquisição de instrumentos, deslocamento para as apresentações, novos figurinos e carro de som para a divulgação dos dias em que o Terno irá brincar. Já participaram de um DVD produzido pelo Seu Luiz Benevides e reconhecem tanto ele quanto Sr. Bené, alguns vereadores e a INB como importantes parceiros do Terno.

currixá (reco-reco) nas folias anuais do Terno, como as celebrações religiosas, os convites de festas no período de devoção (dez-jan) e o Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Já se apresentaram também em Guanambi e Salvador, mas nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, manutenção de instrumentos, deslocamento e figurino é a doação das pessoas da comunidade, o investimento dos próprios reiseiros e das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Os ensaios/encontros acontecem na sede da Associação Quilombola do Riacho da Vaca, que dispõe de uma certa infraestrutura de apoio às ações do Terno, como mesa, cadeiras, fogão, pia. Como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno, calças e chapéus de palha, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas.

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entre seus moradores, a escola e a sua direção e a associação quilombola em prol da continuidade e fortalecimento da cultura local, como a quadrilha, o samba de roda, o artesanato, o repente e a capoeira.

Integrantes 5 reiseiros, todos homens, familiares e amigos.

Terno de Reis de Samaiba

Local Fazenda Samaíba, s/n, Zona Rural do Distrito de Caldeiras, Caetité, BA.

Lideranças Silvano Gomes da Silva (Lé). Homem, negro, 70 anos, não-alfabetizado, trabalhador rural e aposentado, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 4 familiares. Começou a praticar o reisado aos 15 anos de idade, observando e escutando Seu Manel Zulego, já falecido. Usava a gaita para brincar o Bumba, quando então resolveu brincar o Reis também. Na comunidade quilombola de Samaíba, Seu Lé ressalta uma grande solidariedade

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o Terno de Reis de Samaíba se apresenta em torno de 2 vezes ao ano na festividade da Igreja local e no período de Santos Reis (dez-jan) e já se apresentou ainda em Riacho de Sant'Ana e na sede de Caetité. Composto por 5 reiseiros, todos homens, jovens, adultos e idosos, familiares e vizinhos, o Terno de Samaíba anteriormente também já teve integrantes mulheres, mas, com o tempo, foram aos poucos deixando o grupo. Usam gaita, caixa, bumba, reco-reco e triângulo, feitos artesanalmente por Bastião e Pedro para as folias anuais do Terno. Não há custos muito altos para o mantimento do grupo, pois não costumam viajar para se apresentar. Ganham o que chamam de “esmolas” durante a saga dos 6 dias e 6 noites de Santos Reis, que nada mais são do que

O Terno de Reis de Samaíba é bastante antigo, com ano de origem pouco conhecido pelos seus atuais membros, que sugerem uma idade secular da brincadeira no povoado, localizado próximo à Igaporã, na Zona Rural de Caldeiras, aproximadamente 65km da cidade-sede de Caetité. O Terno de Reis de Samaíba integra parte das diversas expressões da comunidade quilombola de Samaíba, como a quadrilha, o samba de roda, o artesanato, o repente e a capoeira, continuadas através do trabalho colaborativo de seus membros e de importantes figuras, como Dona Generosa (do samba de roda), Dona Lurdes (artesã de esteiras), Seu Zé Pedro (curandeiro, benzedor e contador de histórias), Seu Zenildo (capoeirista), além das mestras anciãs protagonistas da comunidade. Atualmente,

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dançar. Todavia, não diferente dos demais, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, principalmente, na continuidade desta tradição no período de devoção (6 dias e 6 noites), quando conseguir companheiros para a saga dentro da comunidade se torna cada vez mais complicado, o que os fazem recorrer a companheiros de outros Ternos vizinhos. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Samaíba, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de figurinos completos, como novas camisas e chapéus, assim como o incentivo à formação de cantadores para a prática do reisado.

a doação das pessoas do povoado para suprir as necessidades mais básicas, como alimentação e água para os reiseiros ao longo da semana. O investimento dos próprios brincantes também é comum, pois nunca receberam cachê nas vezes em quem foram convidados a se apresentar. Os ensaios/encontros acontecem na Igreja, e, como figurino, vestem uma espécie de “farda”, composta por um jogo de camisa de algodão modelo meia-manga, chapéus e toalhas, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Samaíba tem, como ponto forte, o seu ritmo, a sua brincadeira característica da “violência” com o Bumba, conhecida por “Vai de Virar”, o que traz uma peculiaridade nas suas formas de movimento e do

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de Tanquinho. O Terno de Reis Tanquinho de Aroeiras é um dos mais antigos e premiados, e, embora Seu Manoel já não brinque mais, quando convidado não resiste e mostra “pra que veio” na tradição da festa.

Integrantes 8 reiseiros, todos homens, familiares e amigos próximos.

Contato 77 99991 2768 [Manoel]

Terno de Reis de Tanquinho de Aroeiras ou terno de manoel luiz

Local Fazenda Olho d’Água de Tanquinho, s/n, Zona Rural, Distrito de Pajeú dos Ventos, Caetité, BA

Lideranças Manoel Luís Teixeira. Homem, branco, 79 anos, lê e escreve, aposentado, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 2 familiares. Começou a brincar o Reisado com 25 anos de idade, observando os mais velhos, como Seu Bentivi, já falecido, antigo morador da região do Tigre. Como o próprio disse, “via o pessoal e aprendi a fazer tentando”. Tocador de gaita, construtor de instrumentos e também benzedor, participou da diretoria da Associação Rural

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O Terno de Reis de Tanquinho de Aroeiras existe há pelo menos 42 anos no povoado de Olho D'Água do Tanquinho, Zona Rural do Distrito de Pajeú dos Ventos, em Caetité. Como observador, Seu Manoel Luís “aprendeu a tocar tentando”, com a gaita e outros instrumentos, incentivado pelo exemplo dos mais velhos. O Terno de Tanquinho de Aroeiras é um dos mais premiados e antigos da região. Os velhos reiseiros foram falecendo e os filhos assumindo e depois os netos, passando de geração em geração. Atualmente, embora o Terno de Tanquinho de Aroeiras não saia mais no período de Santos Reis, nos 6 dias e 6 noites entre dezembro e janeiro, continua se apresentando sempre quando é convidado, somando uma frequência de 2 a 3 vezes ao ano. É composto por 8 reiseiros, todos homens, amigos e familiares. Usam cachorra (instrumento percussivo feito de ferro e argolas com som agudo e estridente), gaitas, caixa, bumba e reco-reco para as folias anuais do Terno, nas festas

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como antigamente, sair com tanta disposição devido à idade avançada. Lamenta também o desinteresse da juventude, diz não conseguir reiseiros tão bons como antigamente e teme ver o fim da tradição. O Terno já participou de entrevistas com alunos da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e de um grupo de Morrinhos, além de ter sido tema para publicações em materiais impressos. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Tanquinho de Aroeiras, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas novas, já que as que usam são emprestadas.

da Igreja, nas rezas nas lapinhas das casas e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Inclusive, já brincaram em festas de Guanambi, Morrinho e Ibiassucê. Inusitadamente, já chegaram a ganhar até uma antena parabólica como prêmio de um dos festivais que participaram, mas nunca cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação e deslocamento é a doação das pessoas da comunidade, arrecadação do público e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem nas casas dos companheiros, e, como figurino, os reiseiros vestem camisas emprestadas, bonés e calça, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Humildemente, Seu Manoel Luís, quando questionado sobre os pontos fortes do grupo, diz “não saber falar assim, geralmente as pessoas que veem nossas qualidades”, e lamenta não conseguir brincar mais

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Local Fazenda Vintém, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças Jesuína da Silva Rodrigues (Tizú). Mulher, parda, 63 anos, sabe ler e escrever, aposentada, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 3 familiares. Há 9 anos, pratica o reisado por influência dos pais, do próprio filho e da cultura da comunidade onde vive. Sambadeira, é mãe de dois dos reiseiros do Terno de Vintém, inclusive, de Zuperío, também referência de liderança do grupo. Este só chega na

comunidade no final do ano, quando participa do período de devoção dos reis, pois trabalha no corte de cana nas regiões Sul/Sudeste do Brasil.

Integrantes 6 reiseiros, todos homens e duas mulheres que sambam nos ensaios, membros da mesma família.

Contato 77 99801 6123 [Tizú]

Terno de Reis de Vintem

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Não se sabe ao certo a “idade” do Terno de Reis de Vintém, localizado na Zona Rural do distrito de Maniaçu, em Caetié-Bahia. Conta a lenda que uma turma de crianças, isso há uns 40 anos, pegou latas de querosene e saiu tocando pelas ruas de Vintém, visitando as casas da vila e conseguindo arrecadar, além de sorrisos, um bocado de trocado para manter viva a história da batucada. Eis que então, as crianças cresceram e hoje são os famosos reiseiros do Terno de Vintém! Atualmente, o Terno se apresenta de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 6 reiseiros, todos homens e por 2 mulheres que sambam em dias de ensaios e nas apresentações mais pontuais. Seus instrumentos são as gaitas (pífano), confeccionadas pelos próprios integrantes do grupo, bumba, currixá, caixa e triângulo. Já ganharam

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alguns troféus do Festival de Reisado que é realizado na sede de Caetité e também costumam se apre-sentar no desfile do 2 de Julho, na ladainha de Reis e no período de devoção (6 dias e 6 noites). Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com ali-mentação, deslocamento, conserto dos intrumentos e vestimenta é a doação das pessoas da comuni-dade e o investimento próprio dos integrantes. Os ensaios/encontros do Terno acontecem na casa de Jesuína e de Ângelo, e, como figurino, os reiseiros vestem camisas personalizadas com o nome do gru-po e calça, contando com as toalhas para enxugar o suor, sem acessórios ou indumentárias muito elabo-radas. O Terno de Reis do Vintém canta muito bonito,

tem harmonia, união e sintonia entre os membros. Por outro lado, possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição, como a migração de importantes integrantes para o corte de cana nas regiões Sul/Sudeste do Brasil e o cansaço do período de devoção. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Vintém, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de novos instrumentos e o apoio financeiro nos custos operacionais do grupo, como a oferta de alimentos no dia da Ladainha dos Reis. Participaram do DVD produzido pelo Festival de Reisado de Caetité e reconhecem Vilson, Loirim, Zetinha e Bráulio como importantes parceiros do Terno.

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Local Fazenda Santo Antônio do Tamboril, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças José Clarindo de Oliveira (Zé de Zelinda). Homem, pardo, 56 anos, lê e escreve, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 3 familiares. Reiseiro há mais de 20 anos, Zé de Zelinda é assim chamado devido a sua esposa, Zelinda Lindaura, que tudo conhece de reis, mas jamais o praticou pela tradição de ter de ser feito apenas por homens. Zé, desde de pequeno, brincava o Reis junto com seus avôs, pais, tios, mas, na época, não sabia a importância dessa manifestação. Hoje, justamente por entender que o Terno, para além da devoção, lhe remete as suas referência culturais mais

significativas da infância e da identidade de seu povo, canta, toca todos os intrumentos e ainda lidera com força os assuntos que dizem respeito à organização e mantimento do Terno de Reis de Zé de Zelinda. Silvano e Antônio, seus filhos, também colaboram bastante na liderança do grupo, mas viajam anualmente para o corte de cana nas regiões Sul/Sudeste do Brasil e retornam apenas em novembro para o período de devoção (6 dias e 6 noites).

Integrantes 10 reiseiros, todos homens, membros da mesma família.

Contatos 77 99977 5343 / 77 99994 6517 [Zé de Zelinda]

Terno de Reis de ze de zelinda

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Há dois Ternos em Santo Antônio do Tamboril, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a 29km da sede de Caetité: o Terno de Reis de Zé de Zelinda e o Terno de Reis do Santo Antônio do Tamboril, também conhecido por Terno de Reis de Aparecido e Nezim. O Terno de Reis de Zé de Zelinda existe há mais de 100 anos na localidade. A responsabilidade pela continuidade da brincadeira vem sendo passada de geração em geração pela família de Seu Zé de Zelinda. Atualmente, o Terno se apresenta em público 2 vezes ao ano e é composto por 10 reiseiros fixos e outros passageiros, todos homens e membros da mesma família. Usam gaita (pífano), triângulo, caixa, bumba e currixá (reco-reco) - alguns confeccionados pelos próprios reiseiros - nas folias anuais do Terno, como o período de Santos Reis (dez-jan, 6 dias e 6 noites) e o Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. No último dia depois do período de

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Santo Reis, o Terno organiza uma grande festa na localidade que reúne e anima muita gente. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e instrumentos é a doação das pessoas da comunidade, o investimento dos próprios reiseiros e dos organizadores dos eventos. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos companheiros e na sede da Associação de Moradores, e, como figurino, os reiseiros vestem um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno e calças, chapéus enfeitados com fitas coloridas, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Há muita união no Terno de Reis de Zé de Zelinda, são todos membros da mesma família, pais, filhos, sobrinhos, que se sobressaem pela garra que exibem

na saída dos Reis. Já ganharam alguns troféus do Festival de Reisado de Caetité. Por outro lado, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, sobretudo, pela falta de apoio financeiro para custear a logística do período de devoção e pela ausência de alguns membros que estão no fluxo migratório para o corte de cana no eixo Sul/Sudeste. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis de Zé de Zelinda, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de figurino novo com nova bandeira e novas camisas. Já foram tema de entrevistas realizadas por um grupo de Salvador e reconhecem o Sr. Luiz Benevides como importante parceiro do Terno.

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Local Fazenda Anguá, s/n, Zona Rural do Distrito - Sede de Caetité, Caetité, Bahia

Lideranças Antônio Carlos de Aquiar (Toim de Quinha). Homem, branco, 60 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, agricultor e com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 5 familiares. Há mais de 30 anos, pratica o Terno de Reis no Anguá, mantendo a tradição da brincadeira a partir dos ensinamentos de seu tio Anísio e por oitiva, isto é, de forma espontânea pela prática e observação, ao participar desde pequeno no Terno da família. Quando criança, fazia a segunda voz; depois que casou, parou a

brincadeira por um tempo, mas hoje ele mesmo conduz a cantoria, junta toda a turma e faz os ensaios. Luís Mauro Rocha Pinto, o Pelé, é bumbeiro e toca gaita e Eli da Silva Chaves, gaiteiro e toca reco-reco, também colaboram com a organização e liderança do Terno.

Integrantes 10 reiseiros, todos homens, amigos e vizinhos.

Contatos 77 99962 9116 [Antônio Carlos - Tonho de Quinha] | 77 99191 1288 [Luís Mauro - Pelé] | 77 99803 3257 [Eli Chaves]

Terno de Reis do Angua

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O Terno de Reis do Anguá existe há mais de 20 anos na Zona Rural do Distrito-Sede de Caetité, por iniciativa do Sr. Tim, que, à época, mobilizou a criação do grupo a amigos, vizinhos e familiares, após o fim do Terno de Zé Mulato. Atualmente, junto com Pelé e Eli, lideram a organização do Terno para as apresenta-ções públicas que acontecem de 2 a 3 vezes ao ano. É composto por 10 reiseiros que usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e currixá (reco-reco) nas folias do Terno, a exemplo de missas, da Reza de Reis e do Festival de Reisado realizado na sede de Caetité, no qual já foram vencedores. Mas nunca receberam cachê. O que normal-mente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo, como alimentação, deslocamento e figurino, é a doação das pessoas da comunidade e o investimento próprio dos integrantes. Os ensaios/encontros acontecem na casa do cantador do Terno e, como figurino, os rei-seiros vestem um jogo de camisas personalizadas com o nome do grupo, chapéus de palha e calças, além da

toalhinha para enxugar o suor do rosto, sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. As gaitas são feitas pelos próprios reiseiros, o bumba foi confeccionado ar-tesanalmente pelo tio de Pelé e os demais instrumentos adquiridos no município. O Terno de Reis do Anguá tem muita animação, alegria e disposição, canta não apenas as cantigas dos reis, mas também samba de roda, o que chama bastante atenção. Por outro lado, possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição, tais como a falta de verba e a ausência de incentivo para as crianças continuarem com os reis. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Anguá, inicialmente, as lideranças propõem o apoio financeiro para a aquisição de novos figurinos completos e instrumentos, apoio financeiro para o período de devo-ção (dez-jan) no que tange à operacionalidade da folia. Já deram entrevistas à TV Sudoeste e identificam Eloísa, Eliane e o Sr. Luiz Benevides como importantes parceiros do Terno.

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há 18 anos, juntamente com seus filhos, resolveu dar origem ao Terno de Reis do Elefante. O Sr. Gildenelson, seu irmão, também é uma referência de liderança do Terno.

Integrantes 9 reiseiros, todos homens, familiares e vizinhos.

Contato 77 99943 2111 [Nelson]

Terno de Reis do Elefante

Local Povoado Elefante, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Nelson de Jesus Dias. Homem, pardo, 64 anos, não-alfabetizado, agricultor, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 7 familiares. Começou a tocar viola em Tanque Novo com 12 anos de idade e, desde então, desenvolveu o desejo de entrar para algum grupo de Terno, ou mesmo ter o seu próprio, ao ver os reiseiros passarem por sua casa. Então, por incentivo de um vizinho, começou a brincar e,

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O Terno de Reis do Elefante existe há pelo menos 18 anos em Elefante de Maniaçu, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, em Caetité. Fazendo o que for preciso, como ressalta Seu Nelson, tocam, organizam e administram a festa na companhia de seu irmão, também liderança, Sr. Gildenelson. Como o próprio ressalta, o que os move positivamente é o “som da música, a união, a alegria da família”, o que os faz se dedicarem ao Terno pelo menos 20 vezes ao ano, durante as demandas das apresentações e da saída de Santos Reis. Atualmente, o Terno de Reis do Elefante se apresenta em público 3 vezes ao ano, e é composto por 9 reiseiros, todos homens e membros da mesma família ou vizinhos. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e triângulo nas folias anuais do Terno nos 6 dias de saga do período

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dificuldades para o mantimento da tradição, sobretudo, pela falta de verba para sustentar as apresentações e a falta de interesse de alguns integrantes. Atualmente, inclusive, estão em busca de um novo cantor que possa se dedicar a aprender e entoar os versos das cantigas do grupo. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Elefante, inicialmente, as lideranças propõem o apoio para essa busca, que possam existir ações que motivem a formação de novos reiseiros na localidade.

de devoção e no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. Nunca receberam cachê, mas, em torno de quatro anos atrás, ganharam vestimentas de apoio do Sr. Luiz Benevides. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e conserto dos instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos colegas e, como figurino, os reiseiros vestem um conjunto de camisas personalizadas com o nome do Terno, em cor verde escura, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Sempre com muita garra, o Terno de Reis do Elefante vem enfrentando algumas

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Local Fazenda Junquinho, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças Aurindo da Silva Pereira. Homem, negro, 50 anos, com escolaridade até o fundamental I incompleto, agricultor, com renda mensal de 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 4 familiares. Reiseiro há mais de 30 anos, desde pequeno admirava seu avô e seu pai, Joaquim Cardoso (Brêu), nas folias dos Reis, com quem aprendeu a cantar e a tocar. É dono de um bumba com mais de um século de existência, confecionado pelo seu próprio avô

e herdado pelos laços da família reiseira. De sua própria autoria, construiu o reco-reco que alegra o Terno de Reis do Junquinho.

Integrantes 9 reiseiros, todos homens, membros da mesma família e amigos próximos.

Contatos 77 99912 5970 [Aurindo] | 77 99855 9079 [Brêu]

Terno de Reis do Junquinho

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O Terno de Reis do Junquinho existe há mais de 100 anos na Fazenda Junquinho, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a uns 30km da sede de Caetité e 5km da vila urbana de Maniaçu. Tem, em sua composição atual, duas gerações da família Pereira: o Sr. Aurindo Pereira, filho de Josefa e referência de liderança do grupo, cantador e tocador, e o Sr. Joaquim Pereira, o Brêu, pai de Aurindo e mantenedor da tradição dos reis passada por seu pai, aquele que construiu o bumba usado até hoje pelo grupo. O Terno do Junquinho se apresenta em público de 2 a 3 vezes ao ano e é composto por 9 reiseiros, todos homens e membros da mesma família, além de amigos muito próximos. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba, triângulo e currixá (reco-reco) nas folias anuais do Terno, como as celebrações da Igreja Católica, o Festival de Reisado realizado na sede de Caetité e quando há convites de escolas. Já se apresentaram também em Brumado, mas nunca receberam cachê. O

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que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com manutenção de instrumentos, deslocamento e figurino é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos companheiros do grupo, como figurino, os brincantes vestem um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno, calças e chapéus de palha decorados com fitas coloridas, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis de Junquinho é dono de uma amizade muito grande entre seus integrantes e isso é um diferencial importante para o grupo, que se traduz em organização, respeito e consideração entre seus pares e pelos compromissos do Terno durante as apresentações. Sem falar no canto, que embala

como ninguém! Sempre é convidado para tocar nos lugares. Por outro lado, o grupo possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, principalmente, por causa do desânimo dos mais jovens, que não querem mais seguir no período de devoção (6 dias e 6 noites) e, às vezes, também não podem se dedicar ao Terno, pois trabalham em Caetité. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Junquinho, inicialmente, as lideranças propõem ações de sensibilização dos mais novos, mais reuniões e diálogos entre os membros do grupo e apoio financeiro para que se mobilize cada vez mais reiseiros. Esse terno já foi tema de entrevistas de grupos de São Paulo-SP, Vitória da Conquista-BA e Brumado-BA e reconhecem o Sr. Luís Benevides como importante parceiro do Terno.

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Local Fazenda Santo Antônio do Tamboril, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, Bahia

Lideranças Osmar Alves Pereira (Nego). Homem, branco, 52 anos, não-alfabetizado, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 7 familiares. Desde os 18 anos, pratica o reisado por influência de seu avô, que, ao retornar de uma viagem para São Paulo, tratou de confeccionar os instrumentos e reunir amigos e parentes para dar origem ao Terno de Reis do Santo

Antônio do Tamboril. Seu pai herdou e, agora, Nego canta, toca gaita e organiza as folias do grupo. Todos os integrantes também costumam ajudá-lo.

Integrantes de 9 a 12 reiseiros, todos homens, membros da mesma família.

Contatos 77 99835 4863 [Acelino, irmão de Nego]| 77 99835 4863 [Edvaldo - Pretinho, filho de Nego]

Terno de Reis do Santo Antonio do Tamboril ou Terno de Aparecido e Nezim

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Há dois Ternos em Santo Antônio do Tamboril, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, a 29km da sede de Caetité: o Terno de Reis de Zé de Zelinda e o Terno de Reis do Santo Antônio do Tamboril, também conhecido por Terno de Reis de Aparecido e Nezim. Assim é batizado devido aos nomes do pai e tio dos atuais brincantes, inclusive, de Nego, uma das referências de liderança do grupo. Atualmente, o Terno de Reis do Santo Antônio do Tamboril se apresenta em público apenas quando é convidado, e é composto por 9 a 12 reiseiros, todos homens e membros da mesma família. Usam pandeiro, gaita, caixa, bumba e reco-reco nas folias anuais do Terno, normalmente no Festival de Reisado realizado na sede de Caetité. O Sr. Odílio, tio dos reiseiros, foi o próprio construtor da bumba. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com

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alimentação, deslocamento e instrumentos é a doação das pessoas da comunidade, o investimento dos próprios reiseiros e dos organizadores dos eventos. Como figurino, os reiseiros vestem uma “farda”, composta por um jogo de camisas personalizadas com o nome do Terno e calças, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis do Santo Antônio do Tamboril é o mais tradicional da região, um dos mais antigos e, por isso, reserva uma métrica muito especial do canto e dos instrumentos. Já ganhou vários troféus do Festival de Reisado de Caetité. Por outro lado, o Terno possui algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos reis, sobretudo no que se diz respeito à continuidade de sua apresentação no período de devoção, pois os reiseiros não se sentem mais estimulados e estão

cada vez mais cansados da árdua trajetória dos Santos Reis. Além do mais, praticamente todos os integrantes estão no fluxo migratório anual do corte de cana nas regiões Sul/Sudeste do Brasil, causando um desfalque e impedindo o Terno de se apresentar em outros momentos ao longo do ano. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Santo Antônio do Tamboril, inicialmente, as lideranças propõem o fornecimento de vestimentas novas com chapéus e a aquisição de instrumentos com melhor qualidade. Já foram tema para mostras fotográficas no Festival de Caetité.

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na comunidade, hoje os membros do grupo seguem seus ensinamentos e fortalecem o Terno de Reis do Tanque do Governo.

Integrantes de 9 a 10 reiseiros, todos homens, familiares e amigos

Contato 77 99945 8810 [Gerso]

Terno de Reis do Tanque do Governo

Local Povoado Tanque do Governo, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Gilson Fernandes Sobrinho (Gerso). Homem, branco, 47 anos, com ensino fundamental I incompleto, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 7 familiares. Começou a praticar o reisado aos 12 anos de idade, observando os mais velhos e brincando o Bumba de lata de leite com um papel forrado. Com muito desejo de continuar a tradição

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O Terno de Reis do Tanque do Governo existe há mais de 10 anos no Povoado do Tanque do Governo, na Zona Rural de Maniaçu, a uns 30km da cidade-sede de Caetité. O Terno surgiu por influência de Seu Gerso, que, reunindo a família, segue com a expressão cultural do reisado na região. Fato curioso é que, quando pequeno, Gerso forrava latas de leite em pó com papel e saía atrás dos mais velhos, tocando junto aos ternos ua caixa improvisada, como se fosse um exímio reiseiro tocador. Atualmente, o Terno de Reis de Tanque do Governo se apresenta 11 vezes ao ano nas diversas festividades artístico-religiosas do povoado e de Maniaçu, como Natal, Ano Novo, ladainhas locais e Festival de Reis realizado na sede municipal de Caetité. Composto por 9 a 10 reiseiros, todos homens, jovens, adultos, idosos, familiares e vizinhos, usa gaita, caixa, bumba e gonçalo (reco-reco), sendo os instrumentos mais antigos feitos artesanalmente

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tem “brincadeiras esquentadas e divertidas”, e sua união e companheirismo complementam os pontos fortes do grupo. Por vezes, deixam de tocar porque está faltando algum companheiro. Além disso, o Terno enfrenta algumas fragilidades para o mantimento da tradição dos Reis, tanto que “quando chega o dia de tocar, o pessoal desanima, só de pensar nas dificuldades”, as quais dizem respeito ao desgaste do período devocional, à falta de apoio para o deslocamento, para a alimentação e para as apresentações. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Tanque do Governo, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de figurinos completos, pois isso os ajudaria a competir no Festival de Reisado em Caetité.

pelos próprios reiseiros e os mais novos comprados para as folias anuais do Terno. Parte do trabalho do Terno de Reis do Tanque do Governo pode ser conferido no CD gravado pelo próprio grupo. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e conserto dos instrumentos é a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos reiseiros. Contam fortemente com o apoio de Srª. Maria Nelsa, esposa de Seu Gerso, e seus filhos. Os ensaios/encontros acontecem na Igreja e na casa do Seu Gerso, e, como figurino, vestem uma “farda”, composta por roupas comuns, faixas que cruzam o corpo do reiseiro a partir do ombro (com o nome do Terno ou mensagens de fé), bonés, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis do Tanque do Governo

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de Reis do Tanquinho de Maniaçu. Em sua ausência, seus filhos também podem responder pelo Terno, compartilhando a liderança da brincandeira.

Integrantes de 9 a 10 reiseiros, todos homens, familiares e amigos

Terno de Reis do Tanquinho de Maniacu

Local Povoado Tanquinho de Maniaçu, s/n, Zona Rural do Distrito de Maniaçu, Caetité, BA

Lideranças Jainton José da Silva (Jal ou Dal). Homem, pardo, 48 anos, com ensino fundamental II incompleto, agricultor, com renda mensal inferior a 1 salário mínimo para ajudar no sustento de 6 familiares. Começou a praticar o reisado por volta dos 25 anos de idade, por influência dos primos e reiseiros mais velhos. Integrou anteriormente outros Ternos quando retornou do Paraná, onde morou por 10 anos, montando e liderando, em seguida, o Terno

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instrumentos é o investimento dos próprios reiseiros e a doação das pessoas da comunidade. Contam também com o apoio da esposa de Seu Jal e das demais esposas. Os ensaios/encontros acontecem na casa dos reiseiros, e, como figurino, vestem um conjunto de camisas personalizadas com o nome do Terno, bonés e faixas que são apoiadas no ombro e passam cruzando o corpo do reiseiro, geralmente com o nome do Terno ou mensagens de devoção. Não possuem a bandeira (estandarte) e nem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. Para melhorar as condições de existência, realização e transmissão do Terno de Reis do Tanquinho de Maniaçu, inicialmente, as lideranças propõem a aquisição de figurinos novos, devido ao desgaste de anos com a mesma roupa, bem como a disponibilização de uma sede própria do Terno para realização dos ensaios e apresentações, o que fortaleceria a continuidade do reisado em Tanquinho.

O Terno de Reis do Tanquinho Maniaçu existe há pouco mais de 20 anos no Povoado de Tanquinho de Maniaçu, na Zona Rural de Maniaçu, município de Caetité. O Terno é tradição familiar liderada por Seu Jal e seguida pelos filhos, que, desde pequenos, o acompanham no Reisado. Atualmente, o Terno de Reis do Tanquinho Maniaçu se apresenta em torno de 20 vezes ao ano nas diversas celebrações artístico- religiosas do distrito e do provoado como o Natal, as lapinhas, o período de Santos Reis, as procissões e o Festival de Reisados realizado na sede de Caetité. Composto por 9 a 10 reiseiros, todos homens, jovens, adultos e familiares, usa gaita, caixa, bumba e reco-reco, alguns presenteados e outros confeccionados pelos próprios reiseiros para as folias anuais do Terno. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontece para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, deslocamento e conserto dos

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tocar com “qualquer um”. Hoje, como seu próprio Iozim lamenta, “não aguento sair mais”. Após as dificuldades dos outros reiseiros, que precisavam viajar para o corte de cana no eixo Sul/Sudeste ou que se desinteressaram, o Terno de Reis Sonhadores da Paz há 5 anos já não brinca mais. Lucivaldo Manoel de Oliveira (Lu) também é uma importante referência de liderança do Terno Sonhadores da Paz.

Integrantes de 8 a 10 reiseiros, todos homens, amigos e familiares.

Contatos 77 99997 2706 [Iozim] | 77 77 99901 5122 [Lu]

Terno de Reis Sonhadores da Paz

Local Rua do Campo, nº 10, Zona Rural do Distrito de Pajeú dos Ventos, Caetité, BA

Lideranças Ananias Gonçalves dos Santos (Iozim). Homem, pardo, 76 anos, não-alfabetizado, agricultor e aposentado, com renda mensal de 2 salários mínimos para ajudar no sustento de 2 familiares. Há mais de 50 anos, pratica o reisado, grande contador de histórias, começou a tocar e cantar observando os mais velhos, a exemplo de seu Sinézio. Conta que comprou os instrumentos dos Sonhadores da Paz há muitos anos de um outro Terno, por “três mirréis”, na época. Afirma que todo o Terno precisa ter ao menos 6 pessoas e que aprendeu com seus mestres que não se deve

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O Terno de Reis Sonhadores da Paz existiu entre os anos 2000 e 2011, na Zona Rural de Pajeú dos Ventos, a uns 17km de Aroeiras, em Caetité. Embora o seu Iozim próprio tenha começado a brincar o reisado nos anos 50, o Sonhadores da Paz surgiu somente com o seu retorno de Boa Sorte para Pajeú, quando começou a mobilizar os mais jovens para fazerem parte da tradição dos Reis, como Lucivaldo e Aleir. Atualmente, o Terno de Reis Sonhadores da Paz não se apresenta em público, mas, durante o tempo que atuou, apresentava-se uma vez ao ano, circulando pela região de Caetité e Guanambi. Foi composto por 8 a 10 reiseiros, todos homens e membros da mesma família ou amigos próximos. Usavam pandeiro, gaita, caixa, bumba e currixá (reco-reco) nas folias anuais do Terno, nas festas paroquiais, nas roças e no Festival de Reisado realizado

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estavam cada vez mais cansados. O trabalho no corte da cana também levava a constantes migrações de alguns reiseiros para outras regiões do país, o que desfalcava o Terno e, aos poucos, veio a provocar o desgaste do Sonhadores da Paz. As lideranças acreditam que se houvesse um maior apoio financeiro para custear a logística do período devocional de Santos Reis, o Terno poderia melhorar as suas condições de existência e manutenção da tradição. Chegaram a participar do DVD gravado no Festival de Reisado de Caetité e já receberam camisas ofertadas por César e Carlinhos, parceiros do Terno.

na sede de Caetité. Nunca receberam cachê. O que normalmente acontecia para suprir os gastos de manutenção do grupo com alimentação, desloca-mento e manutenção dos instrumentos era a doação das pessoas da comunidade e o investimento dos próprios reiseiros. Os ensaios/encontros aconteciam na casa do seu Iozim, e, como figurino, os reiseiros vestiam camisas personalizadas, além da bandeira (estandarte), sem acessórios ou indumentárias muito elaboradas. O Terno de Reis Sonhadores da Paz deixou de sair devido a algumas dificuldades para o mantimento da tradição dos Reis, sobretudo, no que diz respeito ao período de devoção, pois os jovens não se sentiam mais estimulados a passar 6 dias e 6 noites brincando o reisado, e os mais velhos

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Fontes NewsGoth BT, NewsGoth Cn BT e BlackoutPapel Pólen 120g/m²Impressão Tiragem de amostra

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