acidente de trabalho com material...

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL ENFERMAGEM DO TRABALHO JENNIFER FERREIRA ALMEIDA ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL PERFUROCORTANTE ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE HOSPITALAR: uma revisão bibliográfica SALVADOR 2010

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

ENFERMAGEM DO TRABALHO

JENNIFER FERREIRA ALMEIDA

ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL

PERFUROCORTANTE ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE HOSPITALAR: uma revisão

bibliográfica

SALVADOR

2010

JENNIFER FERREIRA ALMEIDA

ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL

PERFUROCORTANTE ENTRE PROFISSIONAIS DE

ENFERMAGEM NO AMBIENTE HOSPITALAR: uma revisão bibliográfica

Monografia apresentada à

Universidade Castelo Branco/

Atualiza Associação Cultural, como requisito parcial para

obtenção do título em

Enfermagem do Trabalho sob orientação do Profº Fernando

Reis do Espírito Santo.

SALVADOR

2010

A447a Almeida, Jennifer Ferreira

Acidente de trabalho com material perfurocortante entre profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar: uma

revisão bibliográfica / Jennifer Ferreira Almeida. – Salvador,

2010. 53f.; 50 cm.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Reis do Espírito Santo Monografia (pós-graduação) – Especialização Lato Sensu

em Enfermagem do Trabalho, Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação Cultural, 2010.

1. Enfermagem do trabalho 2. Acidente de trabalho 3.

Equipe de enfermagem 3. Material perfurocortante I. Espírito Santo, Fernando Reis II. Universidade Castelo Branco III. Atualiza Associação Cultural IV. Título.

CDU 616-083 Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/ 1568

JENNIFER FERREIRA ALMEIDA

ACIDENTE DE TRABALHO COM MATERIAL PERFUROCORTANTE

ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE

HOSPITALAR: uma revisão bibliográfica

Monografia para obtenção do grau de Pós-Graduado em Enfermagem do

Trabalho.

Salvador,_____ de_________ de______.

EXAMINADOR:

Nome: _________________________________________

Titulação: _________________________________________

PARECER FINAL:

___________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________

Dedico esta monografia a toda minha família, em

especial aos meus pais, Raimundo e Edna, que

em nenhum momento mediram esforços para

realização dos meus sonhos. Obrigado por tudo.

AGRADECIMENTOS

Fruto de muito estudo, dedicação e persistência, este trabalho contou com o apoio e a

colaboração de algumas pessoas, as quais dedico os meus agradecimentos especiais:

Agradeço a Deus pelo dom da vida, renovando a cada provação que se apresente, e nos

sonhos que se concretizam, como este agora que se torna realidade.

Aos meus pais, Raimundo e Edna, por serem exemplos de vida, dedicação, amor e por terem

me fornecido condições para me tornar a profissional que sou.

Aos meus irmãos, Pamela e Anthony, pelo amor incondicional e apoio sempre demonstrado.

Aos meus familiares e amigos pela inigualável convivência.

Ao meu orientador, Fernando Reis, pelos valiosos momentos de discussão e conhecimentos

compartilhados.

Sem sonhos, as perdas se tornam insuportáveis,

as pedras do caminho se tornam montanhas, os

fracassos se transformam em golpes fatais.

Augusto Cury

RESUMO

No ambiente hospitalar concentram-se pacientes acometidos pelas mais variadas patologias,

assistidos por diferentes categorias de profissionais da saúde. Entre esses profissionais

destacam-se os trabalhadores de enfermagem que permanecem vinte quatro horas junto ao

paciente prestando assistência direta. È durante essa assistência que a equipe de enfermagem

manipula materiais perfurocortantes como, lâminas, agulhas, scalp e, conseqüente, expõe-se a

vários riscos, podendo adquirir diversas patologias e lesões em decorrência dos acidentes de

trabalho. Várias pesquisas realizadas sobre acidentes com materiais perfurocortantes têm sido

imprescindíveis para as mudanças das práticas de trabalho. Este estudo objetiva evidenciar, na

literatura, as doenças ocupacionais que acometem os profissionais de enfermagem no

ambiente hospitalar decorrentes de acidentes de trabalho com material perfurocortante,

identificando os principais riscos ocupacionais. O desenho metodológico é de uma pesquisa

bibliográfica, exploratória, de abordagem qualitativa. O levantamento bibliográfico foi feito a

partir de consulta na base de dados da biblioteca virtual SCIELO (Scientific Electronic

Library Online), além de periódicos, livros e outras publicações eletrônicas de respaldo em

território nacional. Achados os escritos considerados relevantes, partiu-se para a seleção dos

principais conteúdos relacionados ao tema em questão formando-se a partir daí um conjunto

bibliográfico necessário à realização do trabalho. Foram encontrados vários artigos

pertinentes sobre o assunto, sendo que para a escolha de alguns em detrimento de outros,

adotou-se por características previamente selecionadas. Dentre estas características foram

inclusas as publicações que identificavam os riscos ocupacionais, acidentes de trabalho com

material perfurocortante, trabalhadores de enfermagem e ambiente hospitalar. Conclui-se que

os todos os profissionais da enfermagem, principalmente os auxiliares de enfermagem, estão

diante de uma alta exposição ocupacional e, portanto, vulneráveis a adquirir AIDS, hepatite B

e C devido a manipulação direta com objetos perfurocortantes. Vários fatores contribuem para

a ocorrência dos acidentes de trabalho entre eles: conhecimento insuficiente sobre as doenças

ocupacionais; falta do uso de equipamentos de proteção individual e pouca conscientização da

gravidade dos riscos.

Palavras-chave: Acidentes de trabalho, ambiente hospitalar, equipe de enfermagem, material

perfurocortante

ABSTRACT

In hospitals focus patients affected by several diseases, assisted by various categories of

health professionals. Among these professionals stand out nursing workers who remain

twenty four hours with the patient providing direct assistance. It is for such assistance to the

nursing staff handles sharps such as blades, needles, scalp, and, consequently, is exposed to

various risks and can get various diseases and injuries due to accidents at work. Several

surveys conducted on accidents with sharps have been instrumental to the changes in work

practices. This study aims to highlight the literature, the occupational diseases that affect

nursing professionals in hospitals due to occupational accidents with needlestick injuries,

identifying the main occupational risks.Our methodology is a literature search and

exploratory, qualitative approach. The literature review was done by searching the database of

the virtual library SCIELO (Scientific Electronic Library Online), in addition to periodicals,

books and other electronic publications in support of the national territory. The written

findings considered relevant, broke for the selection of the main topics related to the subject

matter forming thereafter a bibliographic set required to perform the work. We found several

articles relevant to the subject, and for the choice of some over others, was adopted by

features previously selected. Among these features were included publications that identified

occupational risks, occupational accidents with needlestick injuries, nurses and hospital

personnel. It follows that all Healthcare professionals, especially nursing assistants, are faced

with a high occupational exposure, and therefore vulnerable to acquiring AIDS, hepatitis B

and C because direct manipulation with sharp objects. Several factors contribuite to the

occurrence of accidents at work among them: insufficient knowledge about occupational

diseases, lack of use of personal protective equipment and little awareness of the seriousness

of the risk.

Keywords: Occupational accidents, hospital, nursing staff, needlestick

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CIPA Comissões Internas de Prevenções de Acidentes

EPI Equipamento de Proteção Individual

HBV Vírus da Hepatite B

HCV Vírus da Hepatite C

HIV Vírus da Imunodeficiência Adquirida

SCIELO Scientific Electronic Library Online

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................02

2. REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................06

2.1 Papel da Enfermagem....................................................................................06

2.2.O Ambiente Hospitalar..................................................................................10

3. ACIDENTES DE TRABALHO..........................................................................14

3.1 Breve Histórico da Saúde do Trabalhador.....................................................14

3.2 Os profissionais de enfermagem e o acidente de trabalho............................19

3.3 Prevenção dos acidentes envolvendo a equipe de enfermagem....................27

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................31

REFERÊNCIAS

ANEXOS

2

1. INTRODUÇÃO

Apresentação do objeto de estudo

Considera-se enfermagem como sendo a arte de cuidar e a ciência cuja essência e

especificidade são o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade

de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de

promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde.

Os trabalhadores de enfermagem, durante a assistência ao paciente, estão expostos a inúmeros

riscos ocupacionais causados por fatores químicos, físicos, mecânicos, biológicos,

ergonômicos e psicossociais, que podem ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de

trabalho. (MARZIALE; RODRIGUES, 2002)

É no ambiente hospitalar que os acidentes ocasionados, principalmente pela manipulação de

material perfurocortante, como por exemplo agulhas, scalps, bisturis, ocorrem com grande

frequência na execução do trabalho, pois a enfermagem permanece vinte quatro horas junto

ao paciente e consequentemente o contato com microorganismos patológicos se torna

inevitável.

Quando o acidente ocorre com material contaminado pode acarretar doenças como a Hepatite

B (transmitida pelo vírus HBV), Hepatite C (transmitida pelo vírus HCV) e a Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida - AIDS (transmitida pelo vírus HIV). O acidente pode ter

repercussões psicossociais, levando a mudanças nas relações sociais, familiares e de trabalho.

As reações psicossomáticas pós-profilaxia, utilizada devido à exposição ocupacional e ao

impacto emocional, também são aspectos preocupantes. (MARZIALE; NISHIMURA;

FERREIRA, 2004)

Segundo a Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991, alterada pelo Decreto nº. 611, de 21 de julho

de 1992, no artigo 19º.,“acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a

serviço da empresa ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando

3

lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade

para o trabalho, permanente ou temporária.

Os acidentes de trabalho representam um sério problema nas instituições de saúde tanto pela

freqüência como ocorrem quanto pela gravidade que acometem a saúde desses trabalhadores,

por isso a saúde dos trabalhadores deve ser encarada com a mesma importância que a de

usuários dos serviços de saúde, visto que o trabalho exerce um papel fundamental nas

condições de vida do homem. È importante levar em conta que a qualidade na atenção a saúde

depende das condições em que esse trabalho é realizado, evitando que os profissionais sofram

desgastes, doenças ou acidentes de trabalho.

Justificativa

A idéia de abordar esse tema surgiu da própria experiência de vida laboral, por conviver

diariamente com as situações que os profissionais de saúde passam no ambiente hospitalar. As

atividades desses trabalhadores são desenvolvidas com o objetivo de promover o bem estar do

semelhante, mas inúmeras vezes, não são levadas em conta alguns determinantes que poderão

desencadear agravos a sua própria saúde. Dentre esses profissionais, destaca-se a equipe de

enfermagem que, na execução de suas atividades diretamente com o paciente, manipulam

objetos contendo sangue e fluidos corpóreos capazes de transmitir inúmeras doenças.

Várias pesquisas realizadas sobre acidentes com materiais perfurocortantes têm sido

imprescindíveis para as mudanças das práticas de trabalho. Têm alertado para a necessidade

de conscientização dos profissionais e instituições de saúde pública e privada sobre os riscos

da exposição ocupacional, principalmente a materiais biológicos. Diante dos múltiplos fatores

associados a esses acidentes, da importância da adoção de estratégias preventivas para

minimizar o problema e em decorrência do fato que a alteração do estado de saúde dos

profissionais pode interferir significativamente no cuidado com o paciente, torna-se

indispensável uma atenção voltada a saúde desses profissionais. Assim, justifica-se realizar

um estudo sobre acidentes de trabalho com material perfurocortante entre a equipe de

enfermagem num ambiente hospitalar.

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Problema

Quais as doenças ocupacionais acometem os profissionais de enfermagem no ambiente

hospitalar devido aos acidentes de trabalho com material perfurocortante?

Objetivo

Evidenciar, na literatura, as doenças ocupacionais que acometem os profissionais de

enfermagem no ambiente hospitalar decorrentes de acidentes de trabalho com material

perfurocortante, identificando os principais riscos ocupacionais.

Metodologia

Todo conteúdo desta monografia, no que diz respeito aos acidentes de trabalho com material

perfurocortante entre profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar, foram sintetizados

e construídos através de uma pesquisa bibliográfica.

A pesquisa bibliográfica é, na concepção de Gil (1991), desenvolvida a partir de material já

elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. O método a ser adotado

neste trabalho foi de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa. Para construção da

pesquisa, essencialmente foi feita o levantamento e a leitura bibliográfica sobre acidentes de

trabalho entre a equipe de enfermagem no ambiente hospitalar.

O levantamento bibliográfico foi feito a partir de consulta na base de dados da biblioteca

virtual SCIELO, além de periódicos, livros e outras publicações eletrônicas de respaldo em

território nacional. Achados os escritos considerados relevantes, partiu-se para a seleção dos

principais conteúdos relacionados ao tema em questão formando-se a partir daí um conjunto

bibliográfico necessário à realização do trabalho.

Foram encontrados vários artigos pertinentes sobre o assunto, sendo que para a escolha de

alguns em detrimento de outros, adotou-se por características previamente selecionadas.

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Dentre estas características foram inclusas as publicações que identificavam os riscos

ocupacionais, acidentes de trabalho com material perfurocortante, trabalhadores de

enfermagem e ambiente hospitalar.

O trabalho teve início com a elaboração do projeto de pesquisa. A orientação ficou sob os

cuidados de um único orientador. O que se produziu, era encaminhado para avaliação do

orientador e este analisava e propunha as modificações e correções que deveriam ser

realizadas.

Estrutura do trabalho

Este estudo está estruturado em dois momentos. No primeiro, se aborda o papel da

enfermagem e o ambiente hospitalar. Nesse momento será discutido sobre o surgimento da

enfermagem como ciência enfocada na arte do cuidado e sobre o ambiente hospitalar

definindo os principais riscos existentes neste local.

No segundo, uma abordagem sobre acidentes de trabalho discorrendo história da saúde do

trabalhador e suas transformações, analisando, primeiramente, a história na sua forma geral e

logo após, passando a uma análise mais específica, no Brasil. Após, aborda-se os profissionais

de enfermagem e o acidente de trabalho bem como, a prevenção dos acidentes perfurocortante

envolvendo a equipe de enfermagem.

E por último, são feitas as considerações finais a respeito de todo conteúdo expostos nos

referidos capítulos e mantendo consonância com os objetivos primeiramente estabelecidos.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Papel da Enfermagem

O cuidar sempre esteve presente na história humana, como forma de viver e de se relacionar.

Nas diversas civilizações, o cuidado tecnológico também se fez presente, porém apresentava-

se muitas vezes indiferenciado das práticas de cura. O cuidado nasce de um interesse, de uma

responsabilidade, de uma preocupação e de um afeto, o qual geralmente inclui, de maneira

implícita, o maternar e o educar, que por sua vez, contribui para o crescimento.

(ULRICHSEN; VARGENS, sp)

A enfermagem é uma profissão cuja essência é o cuidado ao ser humano individualmente, na

família ou comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo atividades de promoção,

proteção, recuperação da saúde e prevenção de doenças. Ao longo da história, embora não

existisse a enfermagem como conhecemos hoje, sempre houve pessoas que precisavam de

cuidados e cuidadores. Essa profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de

saúde no decorrer dos períodos históricos.

Antigamente, no período pré-cristão, as doenças eram interpretadas como uma punição de

Deus ou poder do demônio. Com isso os sacerdotes ou feiticeiras exerciam as funções de

médicos e enfermeiros. O tratamento consistia em afastar os maus espíritos por meio de

sacrifícios. Mais tarde os sacerdotes adquiriram conhecimentos sobre plantas medicinais e

passaram a ensinar pessoas, delegando-lhes funções de enfermeiros e farmacêuticos.

As práticas de saúde instintivas foram as primeiras formas de prestação de assistência. Num

primeiro estágio da civilização, estas ações garantiam ao homem a manutenção da sua

sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino, caracterizado pela

prática do cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo como pano-de-fundo as concepções

evolucionistas e teológicas. (PERILLOS; SANTOS, 2006)

7

As práticas de saúde mágico-sacerdotais, abordavam a relação mística entre as práticas

religiosas e de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Este período

corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação filosófica

que ocorre por volta do século V a.C. Essas ações permanecem por muitos séculos

desenvolvidas nos templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde

os conceitos primitivos de saúde eram ensinados. Posteriormente, desenvolveram-se escolas

específicas para o ensino da arte de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos

grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades da costa.

Naquelas escolas pré-hipocráticas, eram variadas as concepções acerca do funcionamento do

corpo humano, seus distúrbios e doenças, concepções essas, que, por muito tempo, marcaram

a fase empírica da evolução dos conhecimentos em saúde. O ensino era vinculado à

orientação da filosofia e das artes e os estudantes viviam em estreita ligação com seus

mestres, formando as famílias, as quais serviam de referência para mais tarde se organizarem

em castas. As práticas de saúde no alvorecer da ciência - relacionam a evolução das práticas

de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas então se

baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os

primeiros séculos da Era Cristã. (PERILLOS; SANTOS, 2006)

A prática de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta nova fase,

baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio

lógico - que desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças - e na especulação

filosófica, baseada na investigação livre e na observação dos fenômenos, limitada, entretanto,

pela ausência quase total de conhecimentos anatomofisiológicos. Essa prática individualista

volta-se para o homem e suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é

considerado pela medicina grega como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates

que como já foi demonstrado no relato histórico, propôs uma nova concepção em saúde,

dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização do

método indutivo, da inspeção e da observação. Não há caracterização nítida da prática de

Enfermagem nesta época. (PERILLOS; SANTOS, 2006)

8

As práticas de saúde monástico-medievais focalizavam a influência dos fatores sócio-

econômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as relações

destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como

prática leiga, desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre

os séculos V e XIII. Foi um período que deixou como legado uma série de valores que, com o

passar dos tempos, foram aos poucos legitimados a aceitos pela sociedade como

características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e

outros atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de

sacerdócio.

Até meados do século XIX, era praticamente nula a assistência aos enfermos nos hospitais,

onde a insalubridade aumentava ainda mais o número de mortos. A enfermagem passou a ter

maior ênfase com Florence Nightingale. Ela estabeleceu as bases da atual organização

internacional voltada ao socorro de doentes e feridos, seja em época de paz ou de guerra.

Florence não conhecia o conceito de contato por microorganismos, uma vez que este ainda

não tinha sido descoberto, porém já acreditava em um meticuloso cuidado quanto à limpeza

do ambiente e pessoal, ar fresco e boa iluminação,calor adequado, boa nutrição e repouso,

com manutenção do vigor do paciente para a cura.

Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Russia: é a Guerra da Criméia.

Os soldados ingleses acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é

de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de

diferentes hospitais. Algumas das enfermeiras foram despedidas por incapacidade adaptação e

principalmente por indisciplina. Florence é incomparável: estende sua atuação desde a

organização do trabalho, até os mais simples serviços como a limpeza do chão. Aos poucos,

os soldados e oficiais um a um começam a curvar-se e a enaltecer esta incomum Miss

Nightingale. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da

guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão,

percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da

Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. (ANDRADE, 2008)

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A enfermagem moderna nasce neste período, reproduzindo a divisão social do trabalho entre

duas categorias distintas: a “lady-nurse” e a “nurse”. As “nurses” eram destinadas ao serviço

dos hospitais, prestando cuidado direto ao paciente sob supervisão da “lady-nurse”. Enquanto

as “nurses” executavam o trabalho manual na enfermagem moderna, as “lady-nurses”, eram

preparadas para o ensino e a supervisão do pessoal, em nome de um saber teórico mais

profundo da profissão, realizava as tarefas ditas intelectuais. (TONINI; FLEMING, 2002)

Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que

passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A

disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola nightingaleana, bem

como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração,

consistia em aulas diárias ministradas por médicos. (PERILLOS;SANTOS, 2006)

A teoria de Florence Nightingale focalizou a mudança e manipulação do ambiente do

paciente, para colocá-lo nas melhores condições possíveis para que a natureza agisse.

Enfatizou também que as enfermeiras devem aliviar e evitar sofrimento e dor desnecessários.

A filosofia de Nightingale lançou os alicerces para outros teóricos da enfermagem e

influenciaram-nos. (ULRICHSEN; VARGENS ,sp)

È influenciada pela divisão do trabalho proposta por Florence Nightingale que a enfermagem

surge como uma atividade exercida exclusivamente por: enfermeiros, técnicos de

enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. Sendo o enfermeiro o líder da equipe e

profissional de nível superior. Os técnicos e auxiliares exercem atividades de nível médio

como: participam da assistência de enfermagem, executam ações assistenciais, exceto as

privativas do enfermeiro, prestam cuidados de higiene e conforto ao paciente etc.

A enfermagem é uma profissão que está presente em todas as instituições assistenciais tanto

no setor público quanto no setor privado, sendo que no âmbito hospitalar está presente nas 24

horas de todos os 365 dias do ano. Estes dados, por si só, já demonstram que a qualidade das

ações de enfermagem interfere, diretamente, na qualidade da assistência em saúde.

10

Pelo fato dos auxiliares e técnicos de enfermagem prestar uma assistência direta ao paciente,

manipulando objetos perfurocortantes durante a execução de procedimentos de enfermagem,

representam a categoria profissional que mais se acidentem no local de trabalho. Isso pode ser

comprovado por um estudo realizado por Barboza et al, sobre Acidentes de trabalho com

pérfuro-cortante envolvendo a equipe de enfermagem de um hospital de ensino, o qual notou

que dos 272 acidentes com perfurocortantes notificados a categoria que mais se acidentou

foram os auxiliares de enfermagem (76,5%). (BARBOZA; SOLER; CIORLIA,2004)

Os diversos profissionais de saúde, apesar de suas especificidades de conhecimentos e de

prática, ao exercerem o seu trabalho no âmbito institucional, majoritariamente, o desenvolvem

como parte de um trabalho coletivo. Esse trabalho envolve, basicamente, a avaliação de um

indivíduo ou grupo, seguida da indicação e/ou realização de uma conduta terapêutica. O

trabalho assistencial em saúde é gerado por necessidades/carências relacionadas à saúde e é

dirigido a um objeto compartilhado - seres humanos que necessitam deste trabalho

profissional e que são totalidades complexas e multidimensionais. O resultado do trabalho em

saúde não é um produto material. O produto é indissociável do processo de produção, é a

própria assistência que é produzida e consumida simultaneamente. (PIRES, 2009)

2.2 O Ambiente Hospitalar

O hospital é a parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar a

comunidade assistência médica, preventiva e curativa, inclusive serviços extensivos a família,

em seu domicilio. È um local destinado ao atendimento de doentes, para proporcionar o

diagnóstico e os tratamentos necessários. Historicamente, os hospitais surgiram como lugares

de acolhimento para os doentes e peregrinos, durante a idade média.

Analisando suas origens vemos, portanto, que o hospital era tido apenas, como um retiro de

indigentes enfermos. Muitos, aliás, ainda o são, embora se dispensem aos internados atenções

médicas condizentes com a situação da época. O primeiro hospital brasileiro, que existe até

hoje, foi fundado com esse objetivo, sendo esta a causa do seu nome: Santa Casa de

Misericórdia, em Santos, iniciativa de Brás Cubas, em 1543. Como todos os outros da época,

principalmente na Europa, estavam subordinados à Igreja Católica. Os hospitais subordinados

11

ao Islã, também existiam e, eram superiores em condições de higiene, cuidados, instalações e

medicamentos, sendo que o mais pretensioso foi fundado no século X. (ANVISA)

Com o elevado número de atendimento e com uma enorme circulação de pessoas o ambiente

hospitalar pode conter focos de infecção podendo ser transmitida ao ser humano. Esse

ambiente, incluindo o ar, água e as superfícies que cercam o paciente guarda íntima relação

com as infecções hospitalares, podendo através deste, proporcionar focos de contato e de

transmissão. (Martins,2007)

Vários são os riscos ocupacionais existentes nos hospitais, capazes de causar doenças. O

conceito de risco é bidimensional, representando a possibilidade de um efeito adverso ou

dano, a incerteza da ocorrência, a distribuição no tempo e a magnitude do resultado

desfavorável. Assim, de acordo com essa definição, situação ou fator de risco é uma condição

ou conjunto de circunstâncias que tem o potencial de causar um efeito adverso, que pode ser:

morte, lesões, doenças ou danos à saúde e à propriedade ou ao meio ambiente. (NEVES,

2007)

Classicamente, os fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores presentes ou

relacionados ao trabalho, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil,

podem ser classificados em cinco grandes grupos: físicos; biológicos; ergonômicos e

psicossociais; químicos e de acidentes. (NEVES, 2007)

Consideram-se riscos físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os

trabalhadores tais como, ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,

radiações ionizantes, radiações não ionizantes, como o infra-som e ultra-som. (CHIODI;

MARZIALE, 2006)

Os riscos químicos são aqueles que abrangem todos os agentes químicos, ou seja, poeiras,

névoas, gases, vapores e as substâncias químicas que estão presentes no processo de trabalho

de enfermagem, como as utilizadas durante a desinfecção e esterilização de materiais e nos

tratamentos medicamentosos do paciente.

12

Os ergonômicos estão relacionados à adequação entre o homem e o trabalho, como por

exemplo: levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade,

postura inadequada de trabalho, etc. O freqüente levantamento de peso para movimentação e

transporte de pacientes e equipamentos, a postura inadequada e flexões de coluna vertebral

em atividades de organização e assistência podem causar problemas à saúde do trabalhador,

tais como fraturas, lombalgias e varizes.

Os riscos de acidentes são: arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção,

ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, armazenamento inadequado

e outras situações de risco que podem contribuir para acidentes.

Riscos psicossociais são aquelas características do trabalho que funcionam como

“estressores”, ou seja, implicam em grandes exigências no trabalho, combinadas com recursos

insuficientes para o enfrentamento das mesmas.

E por fim os riscos biológicos que são representados por microorganismos patogênicos, como

as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus. Estes podem causar danos á

saúde do trabalhador, proveniente do contato com pacientes portadores de doenças

infecciosas, infecto-contagiosas, parasitárias e da manipulação de matérias contaminados.

Estes são os responsáveis pelo maior número de injúrias sofridas pelos profissionais de saúde,

principalmente a enfermagem, devido a periculosidade das tarefas realizadas durante a

assistência ao paciente.

Portanto, o ambiente hospitalar deve manter condições higiênicas básicas, regras de segurança

para a preservação da integridade física da equipe de saúde. Assim, a antecipação, o

reconhecimento, a avaliação e o domínio dos riscos existentes irão propiciar segurança,

conforto e higiene aos profissionais.

Os riscos, já definidos anteriormente, devem ser analisados, visando sua eliminação ou

controle. O tratamento dos mesmos deve ocorrer através de um conjunto de ações que possa

ser viabilizado, a compreensão de sua natureza pode ser levada a efeito, pois toda a tomada de

decisão deve ser fundamentada tecnicamente em conceitos básicos que visam:

13

- reconhecer os riscos para caracterizá-los e saber dos agentes que estão presentes no

ambiente de trabalho;

- avaliar os riscos para saber quantificá-los e verificar a sua magnitude;

- controlar os riscos, adotando medidas técnicas, administrativas, preventivas ou corretivas de

diversas naturezas, com intuito de eliminar ou minimizar os riscos existentes.

14

3. ACIDENTES DE TRABALHO

O acidente do trabalho ocorre pelo exercício da função do trabalhador em seu local de

trabalho, provocando lesão física ou psicológica ou a perda temporária ou permanente da

capacidade de trabalho, levando até a morte, dependendo da gravidade do acidente que

ocorrem na maioria das vezes de forma imprevisível embora perceba-se antecipadamente

pelas condições de trabalho, os riscos a que os empregados estão expostos, e são várias as

situações em que o empregado encontra-se nessas condições podendo ser considerado como

acidente de trabalho quando:

a) o empregado está executando serviço sob ordem da empresa;

b) em viagem à serviço da empresa, independentemente do veículo utilizado;

c) no percurso residência-trabalho ou vice-versa;

d) o acidente relacionado ao trabalho cause algum tipo de dano físico ou psicológico que

impeça o trabalhador de exercer sua função;

e) contaminação de doença pessoal na área de trabalho;

f) em atividades de lazer, isto é, quando o empregado encontra-se

defendendo a empresa em campeonatos esportivos.

Não se considera acidente de trabalho aquele que agrave ou complique conseqüências de

acidentes anteriores. Estes acidentes ocorrem em função de alguns determinantes como:

- condições inseguras no ambiente de trabalho como: a má iluminação, a temperatura, o ruído

excessivo, etc.;

- condições de tempo como: longas jornadas de trabalho, horas extras, etc.;

- a não utilização de equipamentos de proteção fornecidos pela empresa;

- a execução incorreta de tarefas pelo trabalhador;

- condições sociais como: desestrutura familiar e econômica, falta de lazer, etc.

Tais determinantes contribuem para que o trabalhador venha a sofrer acidentes que poderão

resultar no afastamento do mesmo de suas funções por um determinado tempo ou até mesmo

a morte.

3.1 Breve Histórico da Saúde do Trabalhador

15

A saúde é uma condição essencial e fundamental para o convívio social do trabalhador. A

força de trabalho humana vem ao longo dos séculos escrevendo capítulos de lutas e mudanças

na história da sociedade e nas complexas relações do modo de produção vigente no mundo.

Desde os primórdios do mundo do trabalho o acidente fez parte do cotidiano dos

trabalhadores. No entanto, ganha visibilidade a partir do século XIX, com o avanço do

processo de industrialização e das lutas operárias dele decorrentes. Enquanto fenômeno que

rompe com a lógica do trabalho, o acidente sempre existiu. Mais do que isso, podemos

afirmar que ligados à dinâmica da sociedade, que está sempre em movimento, acidentes

sempre farão farte do cenário social. (BRAGA, 2000).

Vivia-se à preocupação com a urbanização crescente, com as questões de alimentos para o

povo, saneamento, as grandes epidemias. A medicina começa a se tornar coletiva, urbana e

social. E é justamente aí, que surge um fato novo, que modificaria todo um sistema

econômico mundial, com reflexos sociais e para a saúde das populações européias: a

REVOLUÇÂO INDUSTRIAL. (FRIAS; SILVA, 1999)

A medicina do trabalho, enquanto especialidade médica surge na Inglaterra, na primeira

metade do século XIX, com a Revolução Industrial. Naquele momento, o consumo da força

de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo acelerado e desumano

de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar inviável a sobrevivência e

reprodução do próprio processo. (MENDES;DIAS,1991)

Até o início da Revolução Industrial existem poucos relatos sobre acidentes e doenças

provenientes do trabalho, uma vez que, neste período, predominava o trabalho escravo e

manual. Com o advento da máquina a vapor, a produtividade aumentou e o trabalhador

passou a viver em um ambiente de trabalho agressivo, ocasionado por diversos fatores, dentre

eles, a força motriz, a divisão de tarefas e a concentração de várias pessoas em um mesmo

estabelecimento. Nesse contexto, os riscos de acidentes e doenças originadas do trabalho

começaram a surgir com rapidez. (GONÇALVES; MIRANDA, 2008)

16

A aglomeração humana em espaços inadequados propiciava a acelerada proliferação de

doenças infecto-contagiosas, ao mesmo tempo em que a periculosidade das máquinas era

responsável por mutilações e morte. (GOMEZ; COSTA,1997)

Acidentes graves, mutilantes e fatais, acometeram os trabalhadores, não poupando sequer

mulheres e crianças a partir de seis anos, pela possibilidade de lhes serem pagos salários mais

baixos. A situação só se modificaria com intensos movimentos sociais, que obrigou os

políticos e legisladores, a introduzirem medidas legais de controle das condições e dos

ambientes de trabalho.

Sendo criada em 1802, na Inglaterra, a primeira Lei de proteção ao trabalhador, “Lei de Saúde

e Moral de Aprendizes”, que estabelecia a jornada de trabalho em doze horas diárias, proibia

o trabalho noturno, regulamentava a idade mínima para trabalhar e estabelecia a

obrigatoriedade de medidas de melhoramento no ambiente de trabalho, sendo obrigatório um

ambiente arejado, limpo e seguro aos funcionários. Foi a primeira conquista da classe

trabalhadora no que concerne a higiene e segurança do trabalho. Em 1833, o "Factory Act -

Lei das Fábricas" ampliaria as medidas de proteção aos trabalhadores.

A presença de um médico no interior das unidades fabris representava, ao mesmo tempo, um

esforço em detectar os processos danosos à saúde e uma espécie de braço do empresário para

a recuperação do trabalhador, visando o seu retorno à linha de produção, num momento em

que a força de trabalho era fundamental à industrialização emergente. Instaurava-se assim o

que seria uma das características da Medicina do Trabalho, mantida até hoje, onde predomina

na forma tradicional: sob uma visão eminentemente biológica e individual, no espaço restrito

da fábrica, numa relação unívoca e unicausal, buscam-se as causas das doenças e acidentes.

(GOMEZ; COSTA,1997)

Conceitualmente, pode-se dizer que a Saúde do Trabalhador surge enquanto uma prática

social instituinte, que se propõe a contribuir para a transformação da realidade de saúde dos

trabalhadores, e por extensão a da população como um todo, a partir da compreensão dos

processos de trabalho particulares, de forma articulada com o consumo de bens e serviços e o

conjunto de valores, crenças, idéias e representações sociais próprios de um dado momento da

história humana. (JAKOBI, 2008)

17

A preocupação por prover serviços médicos aos trabalhadores começa a se refletir no cenário

internacional também na agenda da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em

1919. (MENDES; DIAS, 1991)

O Brasil na condição de país colonizado e com um desenvolvimento tecnológico tardio, tem

sua economia baseada na mão-de-obra escarva e agrícola. A preocupação com a saúde do

trabalhador só ocorreu a partir do surgimento de epidemias como a febre amarela, a cólera e a

peste, que matou dezenas de trabalhadores, ocasionando assim, prejuízo para a economia da

época. É durante o ciclo do café que ocorre a divisão internacional do trabalho e a saúde

pública volta-se para o combate das epidemias, com destaque para o sanitarista Osvaldo Cruz.

Entretanto, a intervenção da saúde pública nas fábricas é insatisfatória pela falta de condições

de trabalho na época. (PEREIRA, 2001)

No Brasil, a enfermagem do trabalho assim como as demais profissões de segurança e

medicina do trabalho foi incorporada nas empresas como obrigatória, pois o governo tinha

emergência em reduzir o elevado índice de acidente no início dos anos 70, quando o Brasil se

consagrou campeão mundial de acidente de trabalho. O governo impôs que as empresas

contratassem profissionais especializados como médico do trabalho, enfermeiro do trabalho,

engenheiro de segurança do trabalho e técnico de segurança do trabalho.

O primeiro documento legal a dar uma orientação geral sobre acidentes de trabalho foi o

Código Comercial Brasileiro de 1850. Em 1919, a Lei 3724, tratou dos acidentes do trabalho

adotando a teoria do risco profissional ou a teoria da responsabilidade objetiva do

empregador.

Em 1934, a Constituição Federal assegurava a previdência nos casos de acidentes do trabalho

e em 1937, a Constituição criava o seguro nos casos de acidente. Em 1944, o Decreto-Lei

7036, conceituou, de forma mais clara, o acidente de trabalho, como sendo aquele que

provoca lesões corporais e delineou o acidente de trajeto.

18

Em 1953, é baixada a Portaria n.º 155/53, que regulamenta a atuação das CIPAS, no Brasil,

proporcionando a participação dos funcionários em treinamentos e palestras que contribuam

para o conhecimento de ações que beneficiem sua segurança e bem estar no local de trabalho.

Em 1988 o povo brasileiro conquistou o direito universal à saúde, disposto na Constituição da

Republica federativa do Brasil. Em seu Artigo 196 temos: “a saúde como um direito de todos

e um dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução

do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços

para sua promoção, proteção e recuperação”.

O texto da Carta Magna, em seu Artigo 1988, afirma ainda que “... As ações e serviços de

saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único...” e,

em seu Artigo 200, está definido que “... ao Sistema Único de Saúde compete... executar as

ações de Saúde do Trabalhador...”, assim como “... colaborar na proteção do meio ambiente,

nele compreendido o do trabalhador...”

A Lei Orgânica da Saúde nº. 8080/90 também coloca no artigo 6º, parágrafo 3ºa “... saúde do

Trabalhador como um conjunto de atividades que se destina, por meio de ações de vigilância

epidemiológica e sanitária, a promoção e proteção da Saúde do Trabalhador, assim como visa

à recuperação e à reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das

condições de trabalho”.

Visando a subsidiar as ações de diagnóstico, tratamento e vigilância da saúde e o

estabelecimento da relação da doença com o trabalho e das condutas decorrentes, o Ministério

da Saúde, cumprindo a determinação contida no art. 6º.§ 3º, inciso VII, da referida lei,

elaborou uma lista de doenças relacionadas ao trabalho, publicada na Portaria MS N. 1.339

(18 de novembro de 1999). Essa lista é também adotada pela Previdência Social, para a

caracterização dos acidentes do trabalho (Decreto n. 3.048/99)”.

O objetivo principal da constitucionalização da segurança do trabalho é evitar ou reduzir os

riscos a que estão expostos os trabalhadores, dando-lhes melhores condições de trabalho

através de normas, onde, as Empresas devem respeitar a saúde do trabalhador,

19

proporcionando-lhes um ambiente, senão saudável, mas com riscos mínimos à saúde.

(RANGEL, 2004)

3.2 Os profissionais de enfermagem e o acidente de trabalho

O corpo humano precisa estar em equilíbrio, gozando de saúde física, mental, psíquica e

emocional. Para promover a saúde e o bem-estar é preciso garantir atividade física em

condições adequadas, uma alimentação qualitativa e quantitativamente adequada e sono

separado para alívio das tensões e cargas que o indivíduo está normalmente sujeito na vida

cotidiana. Havendo excesso ou carência em alguns destes, o sistema físico e/ou

psicoemocional do indivíduo se desequilibra, o que compromete o bem-estar físico. (VIEIRA,

2005)

Por ser uma atividade eminentemente social, o trabalho exerce um papel fundamental nas

condições de vida do homem. Produz efeito positivo, quando é capaz de satisfazer as

necessidades básicas de subsistência, de criação e de colaboração dos trabalhadores. Por outro

lado, ao realizá-lo, o homem expõe-se constantemente aos riscos presentes no ambiente

laboral, os quais podem interferir diretamente em sua condição de saúde. (CANINI et al,

2002)

Sobrecarga de trabalho, fatalidade, culpa própria ou negligência e precariedade das condições

de trabalho ocasionam as lesões e danos mais freqüentes. Esses geram problemas

osteomúsculo-articulares, ferimentos perfurocortocontusos, lacerações, feridas, contusões,

dentre outros. (PINHO et al, 2007)

Um estudo realizado por Stephan et al, sobre topologia do risco de acidentes do trabalho em

Piracicaba, SP, concluíram que o tipo de lesão mais freqüente entre casos foi a contusão,

acomentendo 45,2% dos trabalhadores, seguida por entorse (17,5%), ferimento corto-contuso

(10,7%), fraturas (9,5%). E a principal causa imediata foi: acidente com máquinas ou

equipamentos (22,1%), queda de objetos (21,7%) e esforço/peso (13,3%).

20

Os acidentes de trabalho provocam além de mortes, incapacidades permanentes e temporárias.

No Brasil, dos 376.240 agravos ocupacionais registrados no ano 2000, 81% resultaram em

incapacidade temporária, 4% em incapacidade permanente e 1% em óbitos. Na Bahia, em

2000, analisando-se todos os benefícios concedidos por problemas de saúde pela Previdência

Social, observou-se que 9,6% dos acidentes de trabalho causaram incapacidade permanente

total. (ARAÚJO et al, 2009)

Nas últimas décadas, devido as transformações ocorridas nos processos produtivos, as

relações entre trabalho e saúde dos trabalhadores têm sido abordados em vários estudos.

Questões como os acidentes de trabalho entre os trabalhadores de determinadas categorias

profissionais têm sido objeto desses estudos. Dentre estas categorias profissionais, destacam-

se os profissionais de saúde, especialmente os atuantes em ambiente hospitalar, tendo em vista

as inúmeras circunstâncias desgastantes presentes em seu cotidiano laboral.

Os hospitais são considerados locais tipicamente insalubres na medida em que propiciam a

exposição dos trabalhadores da área da saúde a inúmeros riscos. Esses podem ser

caracterizados em físicos, químicos, fisiológicos, psíquicos, mecânicos e principalmente os

biológicos, inerentes ao trabalho nessa instituição. A exposição aos riscos biológicos é

preocupante, uma vez que são causadores de muitos problemas de saúde dos trabalhadores,

pois, ao executarem atividades que envolvem o cuidado direto e indireto aos pacientes, estão

freqüentemente expostos às infecções transmitidas por microorganismos presentes no sangue

ou outros fluidos orgânicos. (BALSAMO; FELLI, 2006)

Sabe-se que os trabalhadores da saúde, que atuam na área hospitalar, estão expostos a

inúmeros acidentes de trabalho, principalmente àqueles causados por materiais

perfurocortantes e fluidos biológicos. Nos últimos tempos têm aumentado a preocupação com

acidentes causados por este tipo de material, devido ao risco de o trabalhador contrair a

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e o vírus da Hepatite B e C. (RIBEIRO;

SHIMIZU, 2002)

A doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um distúrbio da imunidade

mediada por célula, causada por um vírus da subfamília Lentivirinae (família Retroviridae),

21

caracterizada por infecções oportunísticas, doenças malignas (como o sarcoma de Kaposi e o

linfoma não-Hodgkin), disfunções neurológicas e uma variedade de outras síndromes. A

síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA) é a mais grave manifestação de um

espectro de condições HIV- realcionadas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001)

Hepatite é termo genérico para inflamação do fígado que, convencionalmente, designa

alterações degenerativas ou necróticas do hepatócitos. Pode ser aguda ou crônica e ter como

causa uma variedade de agentes infecciosos ou de outra natureza. Na hepatite B, o vírus é

encontrado em todas as secreções e excreções do corpo, mas, aparentemente, apenas o sangue,

o esperma e a saliva são capazes de transmiti-lo. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001)

Os ferimentos com agulhas e material perfurocortante, em geral, são considerados

extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de 20 tipos de

patógenos diferentes, sendo o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o da hepatite B e o da

hepatite C, os agentes infecciosos mais comumente envolvidos. (BRASIL, 2006)

Sarquis et al, em um estudo sobre acidentes com instrumentos perfurocortantes entre

trabalhadores de enfermagem, demonstraram que 70% dos acidentes com perfurocortantes

ocorreram com objeto perfurante. Destes, as agulhas de injeção foram os mais freqüentes

(52%). Os objetos cortantes representados pelos objetos de vidros (pipetas, ampolas e frasco

de aspiração), ocorreram com uma porcentagem de 20%.

O risco de transmissão de SIDA através deste tipo de acidente é bastante, porém, estima-se

que seja em torno de 0,37 a 0,5%, a hepatite B varia de 6,0 a 40,0%, enquanto que a hepatite

C varia de 3,0 a 6,0%, sendo que o risco aumenta em função do tempo de atividade, em

conseqüência da maior exposição. Trabalhos indicam que 1 em cada 270 profissionais da área

de saúde é contamina pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em acidentes de trabalho.

(BARBOZA et al, 1999)

Um estudo realizado por MACHADO et al, que investigaram o risco de infecção pelo vírus da

Imunodeficiência Humana (HIV) em trabalhadores da saúde, constataram que, de 36 casos de

acidentes estudados, 17 foram por perfuração com agulhas contaminadas e um por ampola

22

quebrada, totalizando 50% dos acidentes ocorridos. Os resultados da pesquisa foram

negativos quanto à soroconversão. Observe-se que uma a quatro soroconversões positivas por

HIV acontecem a cada 1.000 punções acidentais.

O interesse pela questão dos acidentes de trabalho e principalmente o acompanhamento do

trabalhador após acidente com objetos perfurocortante potencialmente contaminado por

material biológico, aumentou no início dos anos 80, com o surgimento do HIV/AIDS.

(VIEIRA; PADILHA, 2008)

O primeiro caso de transmissão ocupacional da infecção pelo HIV foi documentado em 1984,

na Inglaterra, quando uma enfermeira sofreu um acidente pérfuro-cortante e 13 dias após

começou a apresentar sintomas de infecção aguda causados por esse vírus tendo no 49º dia o

seu exame para HIV revelado positivo, fato que desencadeou pânico entre os profissionais da

saúde, motivando discussões e estudos sobre essa temática, o que possibilitou avanços na área

da saúde ocupacional e nas práticas de controle da infecção hospitalar. (BALSAMO; FELLI,

2006)

Conforme dados registrados pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 57

trabalhadores apresentaram soroconversão ao HIV após exposição ocupacional e 139 foram

considerados como casos suspeitos até dezembro de 2001. O acidente percutâneo foi

responsável por 48 casos, seguido da mucocutânea, cinco casos. Em dois casos, houve

associação dessas exposições e, em dois casos, ela aconteceu com material desconhecido. Os

fluidos envolvidos foram sangue (49 casos), fluido com sangue visível (1 caso), fluido

inespecífico (4 casos) e concentrado de vírus em laboratório (3 casos). Descrevem ainda que

27 trabalhadores desenvolveram AIDS. (BALSAMO; FELLI, 2006)

Segundo a referida instituição, as conseqüências da exposição ocupacional aos patógenos

veiculados pelo sangue não são só os referentes às infecções, mas também os relativos ao

trauma psicológico ocasionado pela espera do resultado de uma possível soroconversão e

mudanças nas práticas sexuais, no relacionamento social e familiar, efeito das drogas

profiláticas, entre outros. (MARZIALE; RODRIGUES, 2002)

23

Desde os primórdios, a enfermagem é exercida majoritariamente por mulheres, considerando-

se que cuidados aos enfermos mostram-se cultural e socialmente apropriados para o trabalho

feminino. Existem diferenças para o exercício profissional entre homens e mulheres, além de

ser comum a sobrecarga de trabalho das mulheres, visto que, muitas vezes, conciliam

atividades domésticas, às vezes em mais de um local de exercício profissional, o que

representa desgaste físico e mental que, cedo ou tarde, pode repercutir em agravos à saúde. (

BARBOZA; SOLER, 2003)

Balsamo et al, em um estudo sobre acidentes de trabalho com exposição aos líquidos

corporaes humanos em trabalhadores da saúde de um hospital universitário, observaram que a

força de trabalho é predominantemente feminina nas unidades estudadas, isso significa que as

mulheres acidentam-se duas vezes mais do que os homens, fato que deve ser melhor

analisado. A mulher, de maneira geral, insere-se no mercado de trabalho como forma de

contribuir para o aumento da renda familiar, submetendo-se a dupla ou tripla jornada de

trabalho, o que propicia desgaste físico e emocional, expondo-a a maior risco de acidentes.

O trabalho de enfermagem na instituição hospitalar caracteriza-se pelo cuidado nas 24 horas

do dia, permitindo a continuidade da assistência aos pacientes. Nesse cuidado aos pacientes,

os trabalhadores de enfermagem utilizam instrumentos de trabalho como: agulhas, lâminas de

bisturi, tesouras, pinças, materiais de vidro e muitos outros instrumentos que são perfurantes e

cortantes. Cuidam muitas vezes de pacientes agressivos, agitados, ansiosos ou em estado

crítico, onde encontram dificuldade de realizar os procedimentos com segurança. Além disso,

o trabalho de enfermagem nesta instituição, caracteristicamente, tem um ritmo acelerado, é

realizado em pé, com muitas caminhadas e sob a supervisão estrita; é normatizado, rotinizado

e fragmentado. (SARQUIS; FELLI, 2002)

Entre os profissionais de saúde que atuam no ambiente hospitalar, a enfermagem se expõe

mais continuamente aos riscos de acidentes com ferimentos perfurocortantes. Dentre os

profissionais da equipe de enfermagem, os auxiliares e técnicos, estão mais expostos a esse

tipo de acidente por executarem vários procedimentos invasivos, sendo os materiais

perfurocortantes uma dos principais instrumentos de trabalho na prática diária.

24

Em um estudo realizado por Spagnuolo et al, no município de Londrina, com dados sobre a

acidentes com material biológico, os auxiliares de enfermagem (39,5%) é a categoria

profissional que mais se acidenta. Nesse mesmo estudo foi notória a freqüência com que

ocorriam acidentes com materiais perfurocortantes (92,5%). Os não perfurocortantes

totalizaram 7,5%. Dentre os materiais perfurocortantes, se destacaram lâminas de bisturi,

scalp e agulhas, principalmente no ato recorrente de reencape.

Apesar da diferença metodológica os dados acima assemelham-se ao estudo realizado por

Sarques et al com instrumentos perfurocortantes, no que diz respeito ao contingente de

trabalhadores. Observaram que a maior parte pertencem a categoria profissional auxiliar de

enfermagem (70,6%). Nesse mesmo estudo verificaram que dos 82 acidentados, 66 eram

auxiliares de enfermagem, 12 atendentes de enfermagem e 4 eram enfermeiros. Isso parece

ser explicado pelas atividades que realizam junto aos pacientes, administrando medicamentos

e assistindo diretamente, bem como realizando procedimentos de emergência. Essas

atividades colocam o auxiliar de enfermagem em exposição contínua ao risco de acidente.

Vários são os fatores de risco identificados como favorecedores de contaminação nos

acidentes de trabalho envolvendo objetos perfurocortantes, entre eles destacam-se: a

profundidade e extensão do ferimento, a presença de sangue visível no instrumento que

produziu o ferimento, o reencape de agulha que foi colocada diretamente na veia ou artéria de

paciente portadores de infecções

Shimizu et al, notaram em seu estudo que esses acidentes ocorrem, em geral, devido à prática

de reencape de agulhas antes do descarte, transporte de medicação a ser realizada sem

bandeja, luvas de procedimentos maiores que o tamanho das mãos, falta de habilidade,

agitação psicomotora do pacientes, entre outros.

No estudo de Balsamo et al, verificaram que os acidentes ocorreram predominantemente na

situação categorizada como "ato inadequado na realização do procedimento". Nessa categoria

estão descritas as situações em que o comportamento do trabalhador foi, em parte, o

responsável pelo desencadeamento do acidente. A segunda maior proporção dos acidentes

ocorreram "durante o procedimento", e está relacionada à atividade propriamente dita. Os

25

acidentes relacionados ao "descarte inadequado por outro trabalhador" leva a pensar que,

diante da magnitude dos problemas que envolvem os acidentes com materiais

perfurocortantes descartados em locais impróprios, faz-se necessário sensibilizar os

trabalhadores para o problema, buscando a sua mudança de comportamento.

Os acidentes que foram "decorrentes de movimento inesperado do paciente", apontam que as

reações dos pacientes frente a um procedimento invasivo devem ser antecipadamente

avaliadas, objetivando proporcionar maior segurança a todos. É importante ressaltar que o

risco existe e que nem só o conhecimento técnico sobre os procedimentos é suficiente para

sua execução segura. Esses resultados mostram que é imprescindível o estabelecimento de

mudanças na prática em que o trabalho ocorre e a revisão dos procedimentos desenvolvidos,

no sentido de considerar esse tipo de exposição.

O acidente de trabalho em nosso país deve ser comunicado imediatamente após sua

ocorrência, por meio da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que deve

ser encaminhada à Previdência Social, ao acidentado, ao sindicato da categoria

correspondente, ao hospital, ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Ministério do Trabalho.

(MARZIALE; RODRIGUES, 2002)

O fato da comunicação do acidente de trabalho ser procedimento facultativo é um problema

grave, pois, muitas vezes, o acidente não gera nenhuma das situações previstas na definição

de acidente de trabalho, nem tampouco, no momento ou muito próximo desse, fica

caracterizada a transmissão. Legalmente, esse tipo de acidente não teria comunicação

compulsória, realizada apenas quando a doença se desenvolve. Percebe-se claramente, nesse

caso, a falta de componente preventivo. (CAIXETA; ANADERGH, 2005)

No estudo realizado por Benatti, em um hospital na cidade de Campinas/SP, investigou os

acidentes do trabalho quanto à sua notificação por meio da CAT e detectou que, no total,

49,5% dos acidentes não haviam sido notificados. A autora comenta que em vários casos os

trabalhadores não sabiam onde notificar o acidente, percorrendo caminhos sempre diversos, e

muitas vezes interrompiam a notificação face às dificuldades deparadas em seu percurso.

26

A não notificação dos acidentes de trabalho entre a equipe de enfermagem, se deve ao fato de

que a maioria desses profissionais são de nível médio, desconhecendo a importância da

notificação por meio da CAT. Muitos, alias não sabem que a CCIH, oferece orientações

quanto às medidas de biossegurança, e realizam condutas pós-exposição.

A notificação dos acidentes do trabalho é uma exigência legal e através dela são fornecidos

dados relativos ao número e distribuição dos acidentes e as características das ocorrências e

das vítimas e a apresentação destes resultados através de estatísticas constituem base

indispensável para a indicação, aplicação e controle de medidas prevencionistas.

(NAPOLEÃO et al, 2000)

Apesar de, legalmente, ser obrigatória a emissão da CAT, observa-se, na prática, a

subnotificação dos acidentes de trabalho. O sistema de informação utilizado apresenta falhas

devido à concepção fragmentada das relações de saúde e trabalho, marcada por uma divisão e

alienação das tarefas dos profissionais responsáveis pelo registro da CAT, os quais

privilegiam o cumprimento de normas burocráticas, mas não o envolvimento profissional com

a questão acidentária. (MARZIALE; RODRIGUES, 2002)

Devido à subnotificação, são escassos os dados que permitam construir indicadores das

condições de trabalho e saúde dos profissionais. O número de acidentes notificados permite

quantificar e construir alguns indicadores de saúde, como por exemplo, coeficientes de

mortalidade, letalidade e riscos potenciais de acidentes. Esses indicadores permitem uma

avaliação criteriosa sobre o homem e o ambiente onde ele exerce seu trabalho.

A grande maioria dos ATs que atinge os profissionais de enfermagem e compromete a sua

saúde, está relacionada ao instrumento de trabalho utilizado no desempenho da função, ao

ritmo do trabalho empreendido na jornada, e às contingências pessoais da vida particular

destes trabalhadores. Esses fatores contribuem para a ocorrência desses acidentes. Ademais,

“todo grupo social tem direito a condições de vida compatíveis com sua sobrevivência e com

o desenvolvimento de suas potencialidades e projetos. Esta é uma exigência ética permanente

para a epidemiologia e para a planificação das ações de saúde e bem-estar”. (SECCÔ et al,

2003)

27

3.3 Prevenção dos acidentes envolvendo a equipe de enfermagem

As doenças profissionais constituem um grave problema de saúde pública em todo o mundo,

mas historicamente os profissionais de saúde não foram considerados categoria de alto risco

para acidentes de trabalho. Porém, a partir do século XX começou-se a relacionar riscos

biológicos a doenças que atingiam especificamente os trabalhadores da área da saúde.

(CAVALCANTE et al, 2006)

O impacto da alta incidência de infecção pelo vírus da Hepatite B, C e HIV tem gerado nos

profissionais de saúde no âmbito hospitalar uma grande preocupação com a ocorrência de

acidentes com materiais perfurocortantes. (OLIVEIRA et al, 2005)

No Brasil, as preocupações com medidas profiláticas e o acompanhamento clínico-

laboratorial em relação aos trabalhadores de saúde expostos ao risco de acidentes de trabalho

só se deu a partir da epidemia de infecção pelo HIV/Aids, no início da década de 80 e de

forma ainda muito incipiente. (SPAGNUOLO et al, 2008)

Nessa mesma década desencadearam-se condutas pré e pós-exposições, indicadas para

prevenir o risco de exposição aos patógenos de transmissão sangüínea de profissionais de

saúde pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e pelos vírus da hepatite B e C no

ambiente de trabalho. Sabe-se que este tipo de acidente, quando ocorre, deve ser tratado como

emergência médica, uma vez que para atingir maior eficácia, as intervenções necessitam ser

iniciadas logo após a ocorrência deste. (SPAGNUOLO et al, 2008)

Os trabalhadores de saúde, principalmente os da enfermagem, precisam ter cautela durante a

prestação do cuidado, principalmente nos casos em que há exposição com conteúdo biológico,

a fim de reduzir a chance da aquisição de HIV, hepatite B e C.

O Center for Disease Control (CDC) criou, em 1988, um conjunto de recomendações

destinadas aos profissionais de saúde, com o propósito de diminuir o risco de contaminação

por HIV e Hepatite B Vírus (HBV) no caso de contato com sangue e fluídos corporais. No

28

Brasil, essas recomendações foram inicialmente traduzidas como precauções universais e,

atualmente, são denominadas de precauções-padrão. (SHIMIZU; RIBEIRO, 2002)

Para que as atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem ocorram com segurança é

necessário o uso dos equipamentos de proteção individual, pois as maiores fontes de

contaminação são a perfuração cutânea. Para prevenir a contaminação acidental com riscos

biológicos, de acordo com BRASIL (2007), devem ser utilizados os seguintes EPI:

- Usar luvas, quando a atividade a ser desenvolvida possibilitar o contato com fluídos

corpóreos, tais como soro, plasma, urina, ou sangue total;

- Usar protetor facial, como óculos de segurança, principalmente quando houver

possibilidade de espirros de fluidos;

- Usar vestimentas de proteção, como aventais, quando o risco biológico for

reconhecido;

O uso de tais medidas pressupõe que todos os profissionais podem ser potencialmente

infectados com patógenos. Conseqüentemente, esses devem se prevenir com medidas de

barreira, sempre que houver possibilidade de contato com sangue ou fluidos corporais. Faz-se

necessário, porém, destacar que as precauções-padrão podem ajudar a reduzir, mas não

eliminam o risco de exposição ocupacional. (SHIMIZU; RIBEIRO, 2002)

Um estudo realizado por Benatti et al, sobre exposições ocupacionais por fluidos copóreos

entre trabalhadores de saúde e sua adesão à quimioprofilaxia, verificou que apesar de não ter

sido observada nenhuma soroconversão a qualquer dos patógenos estudados (HIV, HBV,

HCV), os acidentes aconteceram em situações em que as medidas preventivas nem sempre

foram atendidas, tendo em vista que os pacientes-fonte são desconhecidos em 44,9% dos

acidentes. O maior problema parece estar relacionado ao descarte ou acondicionamento

inadequado dos resíduos, pois os dados demonstraram que a maioria (79,4%) dos acidentes

foi causada por agulhas. Nesse caso, se o acidente tivesse ocorrido no momento do

procedimento, o paciente fonte não seria desconhecido.

29

È preciso que, além do fornecimento dos EPIs e das informações quanto ao seu uso, seja

dedicada uma atenção particularizada, voltada para cada trabalhador de enfermagem,

enfatizando a importância da adesão das medidas de segurança. Um dos principais fatores que

podem influenciar a ocorrência de acidentes com material perfurocortantes, estão na não

adesão às precauções pelos trabalhadores de enfermagem, durante o cuidado prestado. E os

condicionantes para esta não adesão estão relacionados tanto aos fatores institucionais

(relacionados ao trabalho), como aos individuais (relacionados ao trabalhador). (VIEIRA;

PADILHA, 2008)

O fato da equipe de enfermagem ser composta em sua maioria por porfissionais de nível

médio, pode ser um fato predisponente para os acidentes, pois desconhecem a real

necessidade do uso de EPIs. Tal fato pode ser demonstrado num estudo realizado por Brandi

et al, sobre ocorrência de acidente do trabalho por material perfurocortante entre trabalhadores

de enfermagem de um hospital universitário da cidade de campinas, estado de São Paulo.

Notaram que os enfermeiros (64,7%) são os trabalhadores que mais estavam utilizando luvas

no momento do acidente. Isso pode ser justificado pelo melhor preparo profissional e

formação escolar da categoria. O menor índice ficou para a categoria mais despreparada

profissionalmente, os atendentes de enfermagem (33,3%). (BRANDI et al, 1998)

Muitas instituições adotaram as precauções padrão como medidas de proteção aos

trabalhadores, porém, estudos recentes realizados, tanto no Brasil como no exterior, têm

demonstrado que, mesmo assim, a exposição e a infecção continuam ocorrendo de maneira

elevada. De fato, a aplicação das precauções não é suficiente para garantir as medidas de

prevenção, devendo fazer parte das estratégias as reflexões a respeito das mudanças de

comportamento e as causas dos acidentes. A não adesão ou a baixa adesão às recomendações

da utilização de barreiras de proteção é uma realidade, o que leva a indagar sobre outros

fatores que podem estar contribuindo para esse tipo de comportamento. (BALSAMO; FELLI,

2006)

Quando se consegue coletar todas as informações a respeito de um acidente, pode-se analisar

os dados para priorizar metas e esforços em unidades de maior risco, identificando a sua real

causa, no sentido de determinar se as ocorrências requerem aperfeiçoamento técnico na

realização dos procedimentos, aquisição de dispositivos mais seguros, mudança de

30

comportamento dos funcionários, ou se há falhas no suprimento de equipamentos de proteção

individual e coletiva. (BALSAMO; FELLI, 2006)

Toda instituição de saúde deve ter um protocolo quando se tem ocorrência de acidentes

ocupacionais com exposição a sangue e fluidos corpóreos em que constem recomendações

profiláticas pós-exposição e acompanhamento desse trabalhador, pelo menos, durante seis

meses após a exposição.

Além disso, há também a necessidade de profissionais treinados para lidarem com tais

acidentes, visto que a ocorrência do mesmo acarreta ao trabalhador sensação de frustração,

vivência de ter adquirido uma doença, assim como, receio de ser menosprezado pelos colegas,

tanto do seu meio social como do profissional. (VIEIRA; PADILHA, 2008)

No Brasil, o Ministério da Saúde tem disponibilizado manuais de orientação aos profissionais

de saúde com normas para prevenção e protocolos de conduta em face de acidentes

ocupacionais com material biológico.

Essas condutas devem ser divulgadas entre os

profissionais e adotadas em estabelecimentos de saúde, incluindo consultórios e hospitais.

31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao termino desta pesquisa bibliográfica e com base na análise das produções científicas,

acerca da temática é necessário realizar algumas recomendações acerca dos acidentes de

trabalho ocasionados no ambiente hospitalar pela equipe de enfermagem.

O trabalho é um dos elementos que interferem nas condições e qualidade de vida do homem e,

portanto na sua saúde. Dentre os profissionais da área de saúde que se expõe constantemente

aos riscos existentes no trabalho, a equipe de enfermagem é a mais vulnerável devido a

manipulação com objetos contendo material biológico, como por exemplo, os

perfurocortantes. Essa exposição acontece principalmente no ambiente hospitalar devido o

elevado número de atendimento e com uma enorme circulação de pessoas contendo focos de

infecção podendo ser transmitida aos profissionais existentes neste ambiente.

Esse estudo evidenciou que os auxiliares de enfermagem é a classe profissional mais

vulnerável ao acidentes devido aos procedimentos executados, como administração de

medicamentos, cuidado direto a pacientes agitados, punções venosas com scalps, descarte

inadequado de perfurocortantes, reencape de agulhas etc.

Existem vários microorganismos patogénicos que podem ser transmitidos de doente para o

profissional de saúde e, também, do profissional de saúde para o doente. As principais

doenças infecto-contagiosas a que estão expostas a enfermagem são: hepatite B, hepatite C e

AIDS.

Devido risco de contrair essas doenças, o acidente gera na equipe de enfermagem

repercussões psicossociais sendo necessário adotar medidas de prevenção contra os acidentes

de trabalho.

A prevenção dos acidentes ocupacionais é a primeira estratégia para reduzir os riscos de

infecções por agentes patológicos transmitidos pela manipulação de objetos perfurocortante

contendo material biológico. Deste modo, as precauções padrão e o cumprimento rigoroso das

32

normas de controle da infecção, bem como a orientação da equipe quanto a sua proteção são

fundamentais.

Essas precauções são medidas profiláticas, que devem ser empregadas por todos que lidam ou

têm contato com pacientes, independente do diagnóstico ou estado presumido de infecção.

Aplicam-se não só ao sangue, bem como a todos fluidos corpóreos, secreção, excreções, pele

não intacta, mucosa, contendo ou não sangue visível.

Apesar do conhecimento por parte de alguns profissionais de enfermagem quanto à

importância da utilização de precauções universais, como o uso de EPIs (equipamentos de

proteção individual), higienização das mãos, descarte de agulhas em locais apropriados

durante a assistência ao paciente, a adoção dessas precauções não ocorrem regularmente e,

conseqüentemente amplia o número de acidentes de trabalho. O estudo verificou que os

auxiliares de enfermagem (profissionais de nível médio) desconhecem a importância do uso

de EPIs durante a assistência e a notificação dos acidentes por meio da CAT.

A subnotificação desses acidentes aumenta o risco de aquisição das doenças

infectocontagiosas, pois muitos profissionais desconhecem as condutas a serem adotadas pós-

exposição e a que recorrerem no momento do acidente. Além disso, a subnotificação desses

acidentes não mostra a real magnitude do problema.

O profissional de enfermagem que realiza tarefas ou procedimentos que possam resultar numa

exposição a agentes infecciosos deve conhecer as medidas e princípios de controle da

infecção, os riscos que existem após um acidente de trabalho e os princípios de atuação após a

exposição. O risco ocupacional está inerente à profissão e irá continuar se as medidas de

prevenção não forem adotas por estes trabalhadores.

Os resultados evidenciaram que mesmo com todo o conhecimento e informação disponível a

respeito dos riscos ocupacionais e das formas de preveni-los, infelizmente ainda são elevados

os números de acidentes e doenças ocasionados por estes. As instituições de saúde devem

contemplar um protocolo de atuação no caso de ocorrência de acidente de exposição a sangue

33

ou a outros produtos biológicos, no exercício da sua atividade profissional, para registro

imediato, avaliação, aconselhamento, tratamento e seu seguimento.

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810, 2008.

ANEXO

ANEXO A - FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE TRABALHO COM

EXPOSIÇÃO À MATERIAL BIOLÓGICO

ANEXO B - FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO

GRAVE