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Caderno Sade e Desenvolvimento | vol.2 n.2 | jan/jun 2013
A IMPORTNCIA DO ACOLHIMENTO COM
CLASSIFICAO DE RISCO NOS SERVIOS DE
EMERGNCIA
THE IMPORTANCE OF THE WELCOMING WITH RISK CLASSIFICATION IN EMERGENCY SERVICES
Daiani Antunes de Oliveira
Enfermeira graduada pela Universidade Feevale, Especializao em Urgncia e Emergncia pelo Centro Universitrio Internacional Uninter
Jaciane Pinto Guimares
Psicloga pela PUCRS, Mestre em Economia Familiar pela Universidade Federal de Viosa. Docente do Centro
Universitrio Internacional Uninter.
RESUMO
O Acolhimento com Classificao de Risco uma importante ferramenta desenvolvida para promover melhorias na organizao dos servios de emergncia, onde os atendimentos so realizados conforme o grau de gravidade apresentado pelo paciente, por riscos de agravamento ou ainda pelo grau de vulnerabilidade dos mesmos. O principal propsito promover um atendimento mais qualificado, organizado e humanizado, definindo prioridades de acordo com o grau de complexidade apresentado pelos usurios dos servios de emergncia e no pelo antigo sistema, no qual os pacientes eram atendidos por ordem de chegada, podendo acarretar riscos e agravos sade deles. O presente estudo teve como objetivo identificar na literatura os benefcios da prtica do acolhimento com classificao de risco e demonstrar a relevncia do mesmo para os usurios que buscam esses servios. A pesquisa foi qualitativa e realizada atravs de uma reviso da literatura dos ltimos dez anos, com artigos publicados nas Bases de Dados de Enfermagem (BDEnf), da Literatura Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade (LILACS), Scientific Eletronic Librari Online (SCIELO) e por publicaes do Ministrio da Sade. Foram analisados 16 artigos cientficos, 01 tese de mestrado e 01 de ps- graduao e 03 cartilhas do Ministrio da Sade, no perodo de janeiro de 2002 a maro de 2012, totalizando 21 itens. O trabalho visou identificar por meio da produo cientfica de que forma vem sucedendo a prtica do acolhimento nos servios de urgncia e emergncia. Surgiram no estudo trs categorias: relativas Implantao do Acolhimento com Avaliao e Classificao de Risco, Superlotao dos servios de emergncia e Humanizao no Acolhimento. Verificam-se como aspectos significativos a atuao conferida a profissionais de sade, com destaque ao enfermeiro ; a organizao dos servios de emergncia por grau de gravidade e no por ordem de chegada e da valorizao dos usurios, por meio da escuta qualificada, buscando classificar os atendimentos de forma mais humanizada. A utilizao dessa proposta nos servios de emergncia demonstra grande relevncia, contudo ainda so muitos os desafios para promover uma assistncia de acordo com os ideais das polticas de sade do SUS.
Palavras-chave: Acolhimento. Classificao de Risco. Enfermagem de Emergncia.
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A importncia do acolhimento com classificao de risco
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ABSTRACT
The welcoming with risk classification is an importance tool developed to promote the betterment of
organization in emergency services. The attendances are performed according to the degree of severity
presented by the patient, by aggravation risks or even by the patients degree of vulnerability. The main
purpose is to promote a more qualified, organized and humanized attendance by defining priorities
according to the degree of complexity presented by the emergency services users, and not by the previous
system in which patients were seen in the order of their arrival. The previous system could entail risks and
hazards to the patients health. The goal of this study was to identify in literature the benefits of the
welcoming with risk classification in emergency services practice and demonstrate its relevance to services
users. The research was qualitative and carried out through a literature review of the past ten years with
articles published in Nursing Databases(BDENF) from Latin American Literature and Caribbean Health
Sciences (LILACS), Scientific Eletronic Librari Online (SCIELO) and by publications of the Ministry of Health.
16 scientific articles, 01 master's degree thesis, 01 graduate monograph and 03 booklets developed by the
Ministry of Health were analyzed within the period from January 2002 to March 2012, totaling 21 items. This
work aimed to identify by means of scientific production how the welcoming with risk classification in
emergency and urgency services practice has occurred. During research, three categories arose: the first,
related to the welcoming with risk classification implementation; the second, related to the overcrowding
in emergency services and the third, related to the humanized welcoming. It is verifiable information certain
meaningful aspects about the attributed performance to the health care professionals, especially those in the nursing
area; the emergency services organized according to the degree of severity and not by order of arrival and
the appreciation of users by means of a qualified listening aiming to classify attendances in a more
humanized way. The use of this proposal in emergency services demonstrates great relevance. However,
there are still many challenges in promoting a service in accordance with the ideals of SUS health policies.
Key words: Welcoming. Risk classification. Emergency nursing.
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INTRODUO
Atualmente h uma maior preocupao em realizar pesquisas sobre os servios
de emergncia, no s em nosso pas como em todo o mundo. Tal fato deve-se ao
aumento da demanda pelo pblico nesses servios, acarretando uma superlotao
dos mesmos, o que demonstra dficits na estruturao da rede assistencial de sade.
(BITTENCOURT; HORTALE, 2009).
Os servios de emergncia esto cada vez mais funcionando como porta de
entrada do sistema de sade, recebendo todos os tipos de pacientes desde os
realmente graves at os casos mais simples, que poderiam ser resolvidos na ateno
primria. Alm do mais, esses fatores ainda so agravados por falta de organizao,
como por exemplo, a falta triagem com classificao de risco, o que determina um
atendimento por ordem de chegada, ocasionando srias consequncias para a vida
desses pacientes. (MARQUES; LIMA, 2007).
Em virtude desse contexto, o Ministrio da Sade principia o processo de
desenvolvimento de polticas de sade voltadas para melhoria do atendimento
populao. Iniciam com a criao da Portaria GM/MS n 2.048 de 2002, a qual passa a
ordenar os atendimentos de urgncia e emergncia, realizando o acolhimento de forma
qualificada e resolutiva, referenciando de forma adequada os pacientes dentro dos
sistemas de sade. Tambm descreve sobre a atuao e formao dos profissionais de
sade que iro atuar nos atendimentos de emergncia. (BRASIL, 2006).
No ano de 2004 inicia o Programa Nacional de Humanizao (PNH) que visa
humanizao como poltica das redes do SUS, almejando garantir os princpios do
mesmo. Uma das diretrizes implementadas foi a de utilizar o acolhimento com avaliao
e classificao de risco como uma ferramenta para melhorar os atendimentos das
emergncias. (BRASIL, 2004).
H uma grande preocupao por parte do Ministrio da Sade em garantir
uma melhoria na qualidade da assistncia prestada nos servios de emergncia e
urgncia e para isso desenvolveu cartilhas que detalham melhor sobre o
acolhimento, que so o Acolhimento com Classificao de Risco no ano de 2004,
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Acolhimento nas Prticas de Sade no ano de 2006 e Acolhimento e Classificao de
Risco nos Servios de Urgncia desenvolvida no ano de 2009. (BRASIL, 2009).
O acolhimento representa uma das diretrizes do Programa Nacional de
Humanizao (PNH), pois acolher significa prestar um atendimento com qualidade,
compromisso, dignidade e respeito a todos as pessoas que procuram os servios de
emergncia. buscar a resolutividade na assistncia prestada, saber direcionar os
pacientes de acordo com o grau de necessidade, estabelecendo uma articulao com
outros servios para que seja garantida a continuidade da assistncia quando
necessrio. (BRASIL, 2004).
A poltica do acolhimento uma ao tcnico-assistencial que visa mudanas na
relao profissional - usurio e toda rede social, por meio de medidas que busquem por
um atendimento mais tico, humanitrio e solidrio, cujo principal objetivo que sejam
colocados em prtica os princpios do SUS, como equidade, universalidade,
acessibilidade e integralidade. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).
Segundo Oliveira e Trindade (2010) o enfermeiro um dos profissionais mais
indicados para realizar a triagem dos pacientes, pois em sua formao aprende a
prestar assistncia de uma forma holstica, ou seja, sabendo ver o ser humano como um
todo, visando atender suas necessidades fsicas, psicolgicas e se necessrio de ordem
social.
Compreende-se que o acolhimento com classificao de risco um processo de
transformaes, de mudanas, que busca modificar as relaes entre
profissionais de sade e usurios dos servios de emergncia. Tendo por objetivo um
atendimento mais resolutivo, que saiba identificar e priorizar os atendimentos
realizados nesse servio, sem deixar de tratar os pacientes de forma digna e
humanitria. (FEIJ, 2010).
Logo, o presente estudo tem como objetivo demonstrar a relevncia do
acolhimento com classificao de risco nos servios de emergncia, demonstrando que
por meio dessa prtica pode-se desenvolver um atendimento mais qualificado e
humanizado. Tambm visa evidenciar a importncia do profissional enfermeiro na
pratica do acolhimento com classificao de risco.
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O acolhimento representa uma das diretrizes da Poltica Nacional de
Humanizao (PNH), pois busca por mudanas no modo de gerir e cuidar da sade,
visando atender o ser humano como um todo, respeitando sua integridade fsica,
psquica e moral. Com isso, atendendo os princpios do SUS e ao mesmo tempo
garantindo o direito sade a todos os cidados brasileiros. (SOLLA, 2005).
Acolher de acordo com as polticas de sade uma forma de humanizar o
atendimento, fazer com que os profissionais de sade atendam melhor aos usurios e
aos outros profissionais que fazem parte da equipe, de uma forma respeitosa, com
empatia, ou seja, da mesma forma que gostariam ser atendidos. Essa abordagem deve
ser tica e humana, pois garante um melhor vinculo entre profissional-usurio e
profissional-profissional. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).
De acordo com Ramos e Lima (2003) o acolhimento constitui-se em aes tcnico-
assistenciais para a reorganizao dos servios e mudanas nas relaes entre profissionais
de sade e usurios, por meio de parmetros ticos, solidrios e humanitrios, que garantam o
acesso universal com resolutividade no atendimento.
Outro fator a ser almejado com o acolhimento que o mesmo saiba identificar
prioridades, atendendo a todos que procuram os servios de sade sem distino, ouvindo seus
pedidos, escutando seus problemas e sabendo oferecer respostas aos mesmos e quando for
preciso encaminhar esses pacientes para outros servios, garantindo a continuidade da
assistncia. (SILVA; ALVES, 2008).
Carvalho et al (2008) complementam que o acolhimento representa uma reorganizao
dos servios, cujo principal objetivo a resolutividade e humanizao do atendimento, o qual
consiga identificar as demandas dos usurios, sabendo direcion-los para um atendimento
mais adequado e que quando houver necessidade que os encaminhe para outras redes de
sade, garantindo a continuidade do atendimento.
Portanto, observa-se que o acolhimento um transformador do processo de trabalho
nos servios de emergncia por meio da identificao dos problemas e busca de solues dos
mesmos. O acolhimento representa a investigao das necessidades de sade dos pacientes que
procuram esses servios, visando solucionar suas necessidades e quanto preciso encaminh-los
para outros servios da rede assistencial. Tudo isso com foco principal na reorganizao dos
servios, a fim de garantir o acesso universal e a humanizao do atendimento. (TAKEMOTO;
SILVA, 2007).
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H uma crescente demanda nos servios de emergncia, pois grande parte da
populao no tem acesso a um sistema regular de sade, o que contribui para uma
desorganizao dos mesmos. Grande parte dos atendimentos est relacionada a
doenas crnicas ou problemas simples que poderiam ser resolvidos em nveis menos
complexos de ateno, o que acarreta em superlotao dos servios de emergncia,
dificultando o atendimento dos mesmos. (SCHIROMA; PIRES, 2011).
Em virtude desse crescente nmero de atendimentos nos setores de
emergncia, houve uma maior preocupao por parte dos servios de emergncia no
Brasil e no mundo, quanto ao uso de alguma metodologia que consiga identificar melhor
os atendimentos prestados nesses sistemas. Esse movimento atingiu importante
repercusso, pois se verificou que muitas vezes os atendimentos estavam sendo
feitos por ordem de chegada ou por excluso e em consequncia nem sempre os casos
mais graves estavam sendo priorizado, o que pode levar ao agravo da sade desses
pacientes. (BITTENCOURT; HORTALE, 2009).
Conforme toda essa problemtica apresentada o Ministrio da Sade busca por
medidas que visem amenizar esses fatores, buscando solues para os mesmos e para
isso tem criado alguns dispositivos de trabalho, entre eles o Acolhimento com
Classificao de Risco. (MARQUES; LIMA, 2007).
Acolhimento com classificao de risco uma ferramenta de organizao do
servio de sade cuja finalidade definir prioridades de atendimento pela
gravidade, por riscos de agravamento do quadro clnico dos pacientes e por maior
sofrimento ou vulnerabilidade dos mesmos. (BRASIL, 2006).
Conseguir adotar protocolos com acolhimento e classificao de risco como
diretriz operacional requer novas atitudes de pensamentos e transformaes nos
sistemas de sade. Trata-se de questionamentos sobre as relaes clnicas nos servios
de sade, nos modelos de ateno e gesto das redes assistenciais do pas, as quais
precisam estar adaptadas para implementao desse sistema classificatrio, o qual visa
melhorar as condies de atendimento prestado aos usurios que buscam pelos servios
de emergncia. (BRASIL, 2004).
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A classificao de risco um processo dinmico de identificao dos
pacientes que precisam ser atendimentos imediatamente ou no, seguindo critrios de
risco, agravos sade ou sofrimento dos mesmos. Esse sistema classificatrio visa por
aes de ateno e gesto que incentivem um relacionamento de confiana entre
equipes, usurios e servios de sade. (BRASIL, 2009).
O acolhimento com classificao de risco se dissemina em todo o pas, no
apenas pelo fato de organizar os servios de emergncia, mas tambm por fazer que
seja adotado em outros estabelecimentos de sade tanto intra-hospitalares como
nas redes de ateno primria, o que comprova ser um modelo que visa a um
atendimento com mais qualidade. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).
Para realizao do acolhimento com classificao de risco foi introduzido nos
servios de emergncia o processo de triagem, objetivando reduzir as superlotaes,
adequando o atendimento conforme o grau de gravidade, identificando os
pacientes que precisam ser vistos primeiro e aqueles que possam esperar com
segurana, sem que haja qualquer risco para o mesmo. (CARVALHO et al, 2008).
Existem diversas escalas de classificao de risco em todo o mundo, como por
exemplo, NTS- National Triage Scale (Austrlia), CTAS- Canadian Emergency Depatament
Triage e Acuity Scale (Canad), MTS- Manchester Triage System (Reino Unido), ESI-
Emergency Severity Index (Estados Unidos) e MAT- Model Andorra de Triatje (Espanha).
Todas essas escalas tm o mesmo objetivo, ou seja, de realizar uma triagem adequada,
definindo prioridades. (ALBINO; GROSSEMAN; RIGGENBACH, 2007).
No Brasil, o primeiro protocolo de classificao de risco aprovado pelo
Ministrio da Sade foi a Cartilha de Acolhimento com Avaliao e Classificao de Risco
em 2004 do PNH, a qual foi disponibilizada para todo o pas, onde foi implantada em
diversos hospitais, como por exemplo, no GHC (Grupo Hospitalar Conceio)- RS. (FEIJ,
2010).
Esse protocolo estabelece fluxos de atendimento e classificao de risco, por
meio da qualificao das equipes, sistemas de informao para determinar o
atendimento adequado para cada usurio, visando qualidade da assistncia. Divide-se
da seguinte maneira quanto rea e nveis de atendimento (BRASIL, 2004):
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rea Vermelha: destinada ao atendimento rpido, ou seja, as emergncias e urgncias. Prioridade zero, atendimento imediato;
rea Amarela: para o atendimento de pacientes crticos e semicrticos, porm j estabilizados; Prioridade 1, atendimento o mais rpido possvel;
rea Verde: atende os pacientes no crticos, os menos graves. Prioridade 2, no urgente;
rea Azul: consultas de baixa e mdia complexidade, atendimento conforme ordem de chegada.
Tambm h outra ferramenta adotada pelo Ministrio da Sade que a Cartilha
de Acolhimento e Classificao de Risco nos Servios de Urgncia, no ano de 2009, cujo
principal objetivo o de reafirmar as polticas do humaniza SUS com a finalidade de
consolidar as redes assistenciais e fortalecer o vnculo entre usurios, profissionais de
sade e gestores. Tambm com finalidade humanitria e acolhedora, segue a
mesma classificao da cartilha de 2004. (BRASIL, 2009).
Outro mtodo adotado no Brasil e reconhecido pelo Ministrio da Sade o
protocolo de Manchester, que tambm realiza a triagem com classificao de risco aos
pacientes que procuram os servios de emergncia. A classificao feita por indicao
clnica e por cor, cada cor determina um tempo mximo para realizao do atendimento,
o qual vai do zero - atendimento imediato ao no urgente, com tempo mximo de 240
minutos. (SHIROMA; PIRES, 2011).
Todo esse processo de acolhimento com classificao de risco tem como
principal objetivo identificar as reais necessidades dos usurios, visando resolver seus
problemas, por meio de um atendimento qualificado e humanizado. (SILVA; ALVES,
2008).
Compreende-se que a classificao de risco um instrumento que serve para
vrios fatores, como organizao da fila de espera, priorizar o atendimento de
acordo com grau de gravidade e no por ordem de chegada. Alm disso, visa
garantir um atendimento rpido nos casos mais crticos, melhorar as condies de
trabalho da equipe de emergncia, atender as exigncias dos usurios de forma que os
mesmos sintam-se mais satisfeitos e realizar o servio de referncia quando preciso, de
forma que seja garantida a continuidade da assistncia. (NASCIMENTO et al, 2011).
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O enfermeiro est cada vez mais em destaque, pois conquista seu espao em
diversas reas da sade, o que contribui para um maior reconhecimento e valorizao
desse profissional, que evidenciado no s no contexto nacional como no
internacional. Alm disso, assume um papel cada vez mais importante e decisivo para
uma melhor identificao das necessidades do cuidado aos pacientes que buscam pelos
servios de sade. (BACKES et al, 2012).
A triagem com classificao de risco aplicada na maioria das emergncias do
Brasil e do mundo, especialmente nos hospitais de pases mais desenvolvidos, como por
exemplo, nos Estados Unidos que desde a dcada de 80 realiza essa prtica como
forma de ser acreditado pelos programas governamentais. (ALBINO; GROSSEMAN;
RIGGENBACH, 2007).
O mesmo autor complementa que o processo de triagem realizado por
enfermeiros em quase todo o mundo, aps a realizao de um treinamento especfico.
Em muitos pases, o servio de triagem era realizado por mdicos, contudo foi
identificado que o enfermeiro o profissional mais indicado para esse atendimento
inicial que tm por finalidade verificar quais pacientes precisam ser atendidos
primeiramente e quais podem esperar em segurana.
O enfermeiro deve realizar o primeiro contato com o paciente com a finalidade
de verificar prioridades de assistncia sade, por meio de um conjunto de observao
do mesmo, atravs de uma viso holstica, ou seja, saber ouvir as queixas que o levaram
a procurar esse servio sejam elas fsicas, psquicas ou sociais. (OLIVEIRA; TRINDADE,
2010).
Godoy (2010) complementa que por meio da escuta ativa das queixas dos
pacientes pode-se construir uma relao de vnculo, uma troca de saberes,
facilitando a interao entre profissionais de sade e pacientes, construindo um servio
tcnico assistencial com maior capacidade, resolutividade e qualidade.
Outro fator importante que demonstra que o enfermeiro o profissional mais
indicado para o servio de triagem pelo fato de suas caractersticas generalistas, que
o permitem coordenar a equipe de enfermagem, responsabilizar-se pela sua unidade de
atuao, melhorar os processos de classificao de risco, encaminhando o paciente para
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a rea clnica mais adequada para seu quadro clnico.
Alm do mais consegue supervisionar o fluxo de pacientes, tem autonomia
sobre sua equipe, capacitando a mesma por meio da Educao Continuada; tambm
exerce esprito de liderana, o que promove um melhor andamento dos servios de
triagem. (OLIVEIRA; TRINDADE, 2010).
Logo, verifica-se que o profissional enfermeiro assume importante papel na
triagem com classificao de risco, pois contribui para um melhor funcionamento do
servio de emergncia, via ordenao do atendimento de acordo com o grau de
gravidade do paciente e no por ordem de chegada, o que agiliza os processos, reduz o
tempo de espera nas filas, acarretando uma maior satisfao dos usurios dos servios de
emergncia.
O estudo desenvolvido foi uma reviso bibliogrfica dos ltimos dez anos. O
mesmo visou buscar na literatura sobre a importncia do acolhimento com classificao
de risco para os servios de emergncia e demonstrar os benefcios que o mesmo
promove para um atendimento mais qualificado e humanizado.
A pesquisa realizada foi uma abordagem qualitativa, exploratria, com base em
materiais j elaborados, como livros e artigos. Este tipo de pesquisa permite ao
investigador uma cobertura de fenmenos muito mais ampla do que aquela que poderia
ser pesquisada diretamente, pois utiliza contribuies de diversificados autores sobre
determinado assunto. Alm disso, permite aprimoramento do conhecimento e tambm
melhor reflexo sobre o tema proposto. (GIL, 2002).
Conforme Polit, Beck e Hungler (2004) o estudo sobre enfermagem apresenta
como base sistemtica a investigao, a qual utiliza artifcios que visem responder
questes ou resolver problemas, almejando um melhor domnio sobre os assuntos na
rea de enfermagem.
A metodologia utilizada teve base na literatura dos ltimos 10 anos, ou seja, no
perodo de 2002 a 2012, por meio das seguintes bases de dados: Bases de Dados de
Enfermagem (BDEnf), da Literatura Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade
(LILACS) e da Scintific Eletronic Library Online (SCIELO). Tambm foram utilizadas
produes literrias do Ministrio da Sade, como portarias e manuais que relatam sobre
o Acolhimento com Classificao de Risco e quanto prtica da humanizao nos
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servios de emergncia.
A pesquisa realizada apresentou os seguintes descritores: acolhimento,
classificao de risco e enfermagem na emergncia. Foram utilizados para o
desenvolvimento do artigo 01 dissertao de mestrado e 01 dissertao de ps-
graduao, 16 artigos e 03 manuais do Ministrio da Sade, totalizando 21 itens
bibliogrficos, alm de 02 livros que relatavam sobre a metodologia utilizada.
Como critrios de incluso para o material selecionado foram utilizados
publicaes dos ltimos dez anos, que estivessem em portugus, disponveis
gratuitamente nas bases de dados on-line e que apresentassem ideias claras, objetivas e
condizentes com o tema selecionado.
Os critrios de excluso foram publicaes que no apresentassem as
caractersticas propostas nos critrios de incluso.
ANLISE E DISCUSSO
Aps realizao da leitura do material selecionado, com base na metodologia
aplicada, foi possvel identificar alguns fatores mais relevantes nas publicaes
analisadas como, por exemplo: aspectos relativos Implantao do Acolhimento
com Avaliao e Classificao de Risco, as Emergncias como porta de entrada do
sistema de sade, ocasionando uma superlotao e a Importncia da Prtica da
Humanizao no Acolhimento.
Ao realizar anlise do material pesquisado pode-se verificar grande nfase
quanto Implantao do Acolhimento com Classificao de Risco nos servios de
emergncias do pas.
A realizao do acolhimento com classificao de risco uma prtica de grande
importncia para a melhoria do atendimento das emergncias, pois sem a adoo
dessa ferramenta, podem-se observar grandes transtornos nesses servios, falta de
organizao, mau gerenciamento e usurios descontentes, podendo acarretar at
maiores agravos sade dessa populao. (CARVALHO et al, 2008).
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Quando h opo por outros mtodos de triagem, como por exemplo, a
triagem administrativa com encaminhamento para diferentes servios, sem ao
menos realizar um atendimento primrio ou a prtica da escuta qualificada, pode-se
acarretar em uma prtica de excluso social. Isso sucede, pois se escolhe quem vai ser
atendido, o que gera desacordo ao que diz os princpios do SUS e no que consta na
Constituio Federal que sade direito de todos e dever do estado. (BRASIL,
2009). Outro fator observado quando algumas emergncias optam pela questo
burocrtica na triagem, ou seja, por ordem de chegada, no realizando uma
avaliao mais detalhada ou triagem qualificada dos pacientes, sem verificar os riscos,
agravos ou grau de sofrimento dos mesmos. Esses fatores podem ocasionar falta de
competncia tcnica nessas emergncias, profissionais sem estimulo, ou pouco
humanitrios, que primam apenas pela capacidade tcnica o que promove a baixa
qualidade do atendimento prestado. (NASCIMENTO et al; 2011).
Em virtude de todos esses problemas encontrados em algumas emergncias o
Ministrio da Sade vem adotando medidas como a implantao de cartilhas de
acolhimento com classificao de risco que visam por melhorias nesse processo de
sade. Alm do mais, visam transformar o modelo de ateno sade nas emergncias,
por meio da valorizao dos pacientes que procuram por esses servios e da equipe
multiprofissional, visando a um atendimento mais solidrio, fortalecimento do vnculo
entre profissionais e pacientes, promovendo melhorias na assistncia desses servios.
(BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2008).
O acolhimento com classificao de risco visa melhorar o acesso aos servios de
sade por meio de mudanas. Essas transformaes visam melhorias nas relaes
entre profissionais e pacientes quanto forma de atend-los, por meio de uma escuta
qualificada e classificao de acordo com o grau de risco dos mesmos e tambm por
uma maior integrao entre os membros da equipe, alm de disponibilizar um
atendimento com maior responsabilidade e segurana. (BRASIL, 2009).
Assim, implantao do acolhimento com classificao de risco propicia maior
acessibilidade aos servios de emergncia, prioriza os casos mais graves, sendo
resolutivo quando a situao exige. Essa metodologia promove menor agravo sade
dos usurios, pois facilita a classificao e orientao do fluxo de pacientes, onde o mais
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grave priorizado em relao ao menos grave, alm disso, a triagem realizada por
profissionais de enfermagem de nvel superior, que tem como base consensos
estabelecidos em conjunto com a equipe mdica, os quais visam por uma melhor
avaliao da gravidade ou o potencial de risco daquele paciente. Ento esses
protocolos promovem uma melhor reorganizao dos servios de emergncias, cujo
principal objetivo o de garantir os princpios do SUS de Universalidade, Resolutividade
e Humanizao do atendimento prestado. (NASCIMENTO et al, 2011).
Grande parte dos servios de emergncias sofre com o problema das
superlotaes e grandes filas, e isso um fenmeno que acomete no s o nosso pas,
mas o mundo todo. Esses fatores esto relacionados com o aumento da violncia
urbana, com a maior expectativa de vida da populao, o que est diretamente
relacionado ao elevado ndice de doenas crnicas e tambm pela demanda de
pacientes acometidos por problemas menos graves, os quais poderiam ser resolvidos na
ateno primria. (MARQUES; LIMA, 2007).
Outro fato observado nesses setores a total ocupao dos leitos das
emergncias, pela falta de leitos nas unidades hospitalares, ou CTI (Centro de
Tratamento Intensivo), ou ainda para outras instituies especializadas. H um nmero
elevado de pacientes acamados nos corredores das emergncias, deitados em macas,
cadeiras de rodas, o tempo de espera para serem atendidos superior a uma hora, o
que propicia grande presso para novos atendimentos, alm de acarretar maior
tenso na equipe assistencial. Esses fatores demonstram o baixo desempenho dos
servios de sade e a falta de polticas que melhorem essa situao. (BITTENCOURT;
HORTALE, 2009).
O excedente nas emergncias ocorre devido aos usurios considerarem
esses setores como uma fcil porta de entrada, pois oferecem maiores recursos,
como consultas, exames laboratoriais, remdios, exames de imagem, entre outros,
sendo que na ateno primria, ofertado apenas o atendimento mdico ou de
enfermagem. (SOLLA, 2005).
Tambm se verifica que grande parte dos atendimentos no so casos agudos,
mas sim crnicos, ou seja, atendimentos eletivos, o que descaracteriza os servios de
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emergncia, que visam ao atendimento de casos graves, onde h risco de vida. A
procura por esses servios de forma errnea compromete o andamento das unidades de
emergncias e isso acontece principalmente por falta de uma maior orientao da
populao e pela insuficiente estruturao das redes de ateno bsica.
Outro fator importante a ser considerado para reduo das superlotaes nas
emergncias estaria relacionado a um maior conhecimento do pblico alvo que procura
esses servios, para assim poderia realizar-se um planejamento de aes em sade. Isso
sucederia atravs da utilizao dessas informaes como ferramentas para uma gesto
do perfil epidemiolgico, onde seriam organizados os servios de referncia e contra
referncia, cujo objetivo principal diminuir as superlotaes desses servios. (SILVA et
al, 2007).
Logo se verifica que para solucionar essa problemtica necessrio
melhorias nas polticas pblicas, uma ateno bsica mais resolutiva, tomada de deciso
dos gestores para buscar por alternativas que visem reduzir esses ndices e proporcionar
uma melhor qualidade da assistncia desses pacientes. E tambm proporcionar uma
maior satisfao por parte das equipes assistenciais que praticam o atendimento, para
que estejam menos sobrecarregadas e consequentemente consigam desempenhar
melhor suas atividades, um servio de referencia e contra referencia mais organizado e
principalmente maior comprometimento e responsabilidade dos administradores das
polticas de sade nas urgncias e emergncias. (BITTENCOURT; HORTALE, 2009).
A prtica do Acolhimento com Humanizao representa uma das diretrizes da
Poltica Nacional de Humanizao (PNH), implementada pelo Ministrio da Sade em
2004, que almeja a um melhor atendimento da populao que procura por servios de
sade, cujo principal objetivo atender aos princpios do SUS. (BRASIL, 2004).
A Humanizao direcionada para os servios de emergncia promove muitos
benefcios para maior satisfao dos pacientes e dos profissionais que atuam nesses
servios. Humanizar significa uma proposta de escuta qualificada, dilogo,
estabelecimento do vnculo afetivo, visando a um processo de reciprocidade, de
compromisso, um conjunto de benefcios que quando somados s prticas tecnolgicas
podem aprimorar ainda mais o conhecimento e a qualidade do atendimento. (FALK et al,
2010).
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Realizar acolhimento humanizado significa assumir uma postura tica, eficaz,
capaz de compartilhar saberes, problemas, anseios e necessidades daquele
paciente que procura pelo servio de emergncia. Assim, essa prtica difere-se da
triagem, pois no se trata apenas de uma etapa do processo assistencial, mas sim uma
metodologia que visa promover um atendimento mais qualificado em todos os servios
de sade. (FILHO; SOUZA; CASTANHEIRA, 2010).
Sendo assim, compreende-se que a poltica de humanizao no acolhimento
tem como principais objetivos estabelecer uma relao entre profissionais de sade,
pacientes e entre os prprios profissionais um relao interpessoal de tica,
respeito, profissionalismo, empatia, enfim todos esses itens visam o foco principal que
o atendimento humanizado a todos os pacientes que procuram pelos servios de
sade. (FALK et al, 2010).
CONSIDERAOES FINAIS
A prtica do Acolhimento com Classificao de Risco demonstrou grande
importncia, pois se trata de um processo dinmico de identificao e priorizao do
atendimento, o qual visa discernir os casos crticos que necessitam de atendimento
imediato dos no crticos. Esse mtodo promove benefcios, porque modifica o
antigo sistema, onde os pacientes eram atendidos por ordem de chegada e no de
prioridades. (OLIVEIRA; TRINDADE, 2010).
Observa-se uma grande preocupao por parte do Ministrio da Sade em
realizar medidas que tenham como objetivo melhoria dos servios de emergncia.
Dentre estas podemos citar o desenvolvimento do Programa Nacional de Humanizao
(PNH), que apresenta como ferramenta a realizao do acolhimento com classificao
de risco, cujo foco principal o atendimento humanizado. Outra meta do Ministrio da
Sade a de priorizar a qualidade na assistncia, a participao integrada dos gestores,
profissionais de sade e usurios que procuram por esses servios. (BRASIL, 2004).
Tambm se compreende que a triagem com classificao de risco nos servios
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A importncia do acolhimento com classificao de risco
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de emergncia visa reunir caractersticas de valorizao do ser humano com
qualificao da assistncia. A classificao de risco fundamenta-se em protocolos
internacionais como o de Manchester que objetiva estabelecer padres para o
atendimento nas emergncias, portanto modifica os modelos tradicionais de triagem.
(SHIROMA; PIRES, 2011).
Outro fator importante observado sobre as polticas de acolhimento com
classificao de risco que as mesmas visam desenvolver um servio de triagem pelo
grau de necessidade do paciente, no qual os mais graves sero atendidos
prioritariamente, propiciando maior agilidade no atendimento, alm de reduzir riscos
para a sade dos pacientes que procuram por esses servios. (TAKEMOTO; SILVA, 2007).
Alm disso, verificou-se que o enfermeiro o profissional mais indicado para
realizao da triagem com classificao de risco no s no Brasil como em muitos
outros pases, pois apresenta qualidades tcnicas, generalistas que o permitem facilitar
os processos, promover o atendimento rpido por prioridades de risco, facilitando os
processos e melhorando a qualidade dos atendimentos, alm de reduzir agravos
para os pacientes.
Contudo compreende-se que esse modelo de transformaes nos servios de
triagem das emergncias, cuja finalidade de reorganizar o sistema de atendimento,
tendo como prioridade a assistncia humanizada ainda algo no to fcil de ser
conseguido. Isso ocorre, pois todo esse processo de mudanas depende de muitos
fatores como condies estruturais dos servios, equipes de sade capacitada, polticas
adequadas de referncia e contra referencia que garantam a continuidade do
atendimento, gestores competentes e responsveis, logo se verifica que so muitas as
caractersticas necessrias para o desenvolvimento de um sistema de sade mais
organizado. (SHIROMA; PIRES, 2011).
Sendo assim, entende-se que os servios de emergncia so a porta de entrada
de um grande nmero de usurios que muitas vezes a identificam como uma forma
de resoluo rpida de seus problemas, essa demanda crescente torna- se cada vez mais
complexa, alm de superlotar as emergncias.
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Para resolver essa problemtica preciso maior comprometimento dos
gestores em sade, de um sistema pblico mais organizado, de uma rede assistencial
mais organizada que garanta a continuidade de assistncia em outros servios de
sade. Contudo verifica-se que todo esse processo ainda um grande desafio
para a sociedade, o que acarreta muitos problemas nos servios de emergncia.
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A importncia do acolhimento com classificao de risco
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