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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL ALIMENTAÇÃO NATURAL DE JUVENIS DE SARDINHA-VERDADEIRA (Sardinella brasiliensis), CULTIVADAS EM TANQUES-REDE NA ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY (SC) Cassiane Tatsch Itajaí, abril de 2015.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR

MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

ALIMENTAÇÃO NATURAL DE JUVENIS DE SARDINHA-VERDADEIRA (Sardinella brasiliensis), CULTIVADAS EM TANQUES-REDE NA ENSEADA

DA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY (SC)

Cassiane Tatsch

Itajaí, abril de 2015.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

ALIMENTAÇÃO NATURAL DE JUVENIS DE SARDINHA-VERDADEIRA (Sardinella brasiliensis), CULTIVADAS EM TANQUES-REDE NA ENSEADA

DA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY (SC)

Cassiane Tatsch

Dissertação apresentada à Universidade do Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. Orientador: Dr. Charrid Resgalla Jr. Co-orientador: Dr. Gilberto Caetano Manzoni

Itajaí, abril de 2015.

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“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta as mudanças” Charles Darwin

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iii

Agradecimentos

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes por

fomentar o Projeto Isca-viva e concessão da bolsa de estudos para realização deste trabalho.

Ao orientador, Dr. Charrid Resgalla Jr., pela oportunidade e por todo conhecimento.

A equipe do Cemar, Dr.Gilberto Manzoni, Jeferson, Renatinho, Gilberto Custódio, e os

demais que auxiliaram na execução do projeto.

A Danielle Vieira, Thais Rutkowski, Eduardo Cubas e Ana pela parceria nas coletas,

mesmo em tempo ruim.

Ao pessoal do laboratório de algas nocivas, Ellen, Renata e Márcio, por ceder a estrutura

e pelo imenso auxílio nas identificações.

Aos queridos Rodrigo Mazzoleni, Rafael Schroeder e Angélica Petermann pelo apoio e

auxílio nas análises.

Ao professor Dr. Paulo Ricardo Schwingel, por permitir a utilização do laboratório,

pelos conselhos e avaliação deste trabalho.

Aos professores Dr. Jurandir Pereira, Dr. Gilberto Manzoni e Dr. Vinícius Cerqueira,

por se disporem a analisar este trabalho e julgá-lo em banca.

A Richard Schwarz, por todo apoio, auxílio, paciência e compreensão pela ausência e

momentos difíceis.

A minha família, pelo apoio e compreensão pela ausência quando foi necessário

priorizar o mestrado.

Muito Obrigada!

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I

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. II

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. V

RESUMO ................................................................................................................................ VI

ABSTRACT .......................................................................................................................... VII

1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

HISTÓRICO DA PESCA DE SARDINHA-VERDADEIRA .................................................................. 2 A ISCA VIVA ............................................................................................................................ 4 PISCICULTURA MARINHA ........................................................................................................ 6

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 8

OBJETIVO GERAL .................................................................................................................... 8 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................................... 8

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 9

ÁREA DE ESTUDO .................................................................................................................... 9 O EXPERIMENTO ...................................................................................................................... 9 COLETA DE DADOS................................................................................................................ 10 ANÁLISE DO CONTEÚDO ESTOMACAL .................................................................................... 11 COLETA E ANÁLISE DE FITOPLÂNCTON NATURAL .................................................................. 11 COLETA E ANÁLISE DE ZOOPLÂNCTON NATURAL ................................................................... 12 AMOSTRAGENS COMPLEMENTARES ....................................................................................... 12 COLETA DOS DADOS ABIÓTICOS NO AMBIENTE ...................................................................... 12 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................................... 12

4. RESULTADOS ................................................................................................................... 16

VARIÁVEIS AMBIENTAIS ........................................................................................................ 16 PLÂNCTON NATURAL ............................................................................................................. 16 ESTRUTURA DA COMUNIDADE NATURAL ............................................................................... 21 CONTEÚDO ESTOMACAL ........................................................................................................ 25 VOLUME ................................................................................................................................ 25 TÁXONS OCORRENTES ........................................................................................................... 26 ÍNDICE DE IMPORTÂNCIA RELATIVA ...................................................................................... 28 SELETIVIDADE ALIMENTAR ................................................................................................... 37

5. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 40

CRESCIMENTO DOS PEIXES .................................................................................................... 41 SELETIVIDADE ALIMENTAR ................................................................................................... 42

6. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 46

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 47

8. APÊNDICES ....................................................................................................................... 53

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II

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Desembarques totais de sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) entre os anos de 1964 e 2013. (Fonte: Adaptado de Dias-Neto, 2011; Secretaria da Pesca e Aquicultura de Angra dos Reis; Schwingel, comunicação pessoal, não publicado). ......................................... 3

Figura 2. Desembarques totais de sardinha verdadeira (Sardinella brasiliensis) entre os anos de 2000 e 2012 no estado de Santa Catarina. (Fonte: Grupo de Estudos Pesqueiros - UNIVALI) .................................................................................................................................................... 3

Figura 3. Captura estimada de juvenis de sardinha (em toneladas) pela frota de vara e isca viva brasileira entre 1979 e 2004 (Adaptado de Santos, 2005). ......................................................... 5

Figura 4. Projeto dos tanques-rede utilizado no experimento. ................................................ 10

Figura 5. Localização dos pontos de coleta (pontos verdes) e dos tanques-rede (pontos vermelhos) na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha/SC. As áreas em azul são os cultivos de mexilhões. ............................................................................................................................ 11

Figura 6. Variação da composição e número de espécies de fitoplâncton em cada data de coleta. As siglas são representadas pela primeira letra do gênero e as duas primeiras letras do nome de cada espécie. ............................................................................................................................. 23

Figura 7. Variação da composição e número de espécies de zooplâncton em cada data de coleta. As siglas são representadas pela primeira letra do gênero e as duas primeiras letras do nome de cada espécie. ............................................................................................................................. 23

Figura 8. Variação temporal dos índices de riqueza (médios) do fito e do zooplâncton para a Enseada da Armação do Itapocoroy. ........................................................................................ 24

Figura 9. Variação temporal dos índices de diversidade (médios) do fito e do zooplâncton para a Enseada da Armação do Itapocoroy. ..................................................................................... 24

Figura 10. Variação temporal dos índices de equitabilidade (médios) do fito e do zooplâncton para a Enseada da Armação do Itapocoroy. ............................................................................. 25

Figura 11. Box-plots (máximos, mínimos e mediana) do volume total médio do conteúdo estomacal, analisados por tratamento e datas de coleta. .......................................................... 26

Figura 12. Diagrama IRI, evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequencia de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 29

Figura 13. Diagrama IRI, evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 29

Figura 14. Diagrama IRI, evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 30

Figura 15. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 30

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III

Figura 16. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 31

Figura 17. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 31

Figura 18. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 32

Figura 19. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 32

Figura 20. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 33

Figura 21. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 33

Figura 22. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 34

Figura 23. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 34

Figura 24. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 35

Figura 25. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 35

Figura 26. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 36

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IV

Figura 27. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO). ...................................................................................................................................... 36

Figura 28. Índice de seletividade alimentar de S. brasiliensis no tratamento controle, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa. ................................. 38

Figura 29. Índice de seletividade alimentar de S. brasiliensis no tratamento controle, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa. ................................. 38

Figura 30. Índice de seletividade alimentar de S. brasiliensis no tratamento com ração, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa. ................................. 39

Figura 31. Índice de seletividade alimentar calculado para S. brasiliensis nos tanques com ração, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa. ...................... 39

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V

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.Volumes por espécie utilizados no cálculo do Índice de Importância Relativa (Schwingel, 1998; Olenina, 2006). ........................................................................................... 14

Tabela 2. Volumes por espécie utilizados no cálculo do Índice de Importância Relativa (Schwingel, 1998; Olenina, 2006). ........................................................................................... 15

Tabela 3. Valores médios encontrados para as variáveis pH, Temperatura, Salinidade e Transparência. .......................................................................................................................... 16

Tabela 4. Lista de taxa de fitoplâncton encontrados na Armação do Itapocoroy. .................. 17

Tabela 5. Lista de taxa de zooplâncton encontrados na Armação do Itapocoroy. .................. 18

Tabela 6. Densidade fitoplâncton (Nº Organismos/m3) .......................................................... 19

Tabela 7. Densidade do zooplâncton (Nº Organismos/m3) ..................................................... 20

Tabela 8. Densidades de Fitoplâncton (Organismos/Litro). .................................................... 22

Tabela 9. Densidades de Zooplâncton (Organismos/m3). ...................................................... 22

Tabela 10. Análise de variância da composição de espécies entre as datas de coleta. SQ = Soma dos quadrados, GL = Graus de liberdade, MQ = Média dos quadrados. ................................. 22

Tabela 11. Grupos e espécies de fitoplâncton ocorrentes no item alimentar de Sardinella

brasiliensis. .............................................................................................................................. 27

Tabela 12. Grupos e espécies de zooplâncton ocorrentes no item alimentar de Sardinella brasiliensis. ............................................................................................................................... 28

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VI

RESUMO

A sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) é a principal espécie de peixe utilizada como

matéria-prima para o processamento industrial de pescados enlatados no Brasil. Sua captura é

direcionada aos indivíduos adultos, porém, os juvenis da espécie são utilizados como isca viva na

modalidade da pesca com vara destinada para a captura de atuns. Devido as altas taxas de captura

de isca viva e a sinais de sobrepesca de adultos, a aquicultura surge como alternativa para suprir a

demanda de iscas no mercado nacional. Dentre as propostas, estão o desenvolvimento de métodos

e técnicas que possibilitem o fornecimento de iscas aos atuneiros, a partir da produção de alevinos

em ambiente controlado, em substituição à captura de juvenis de sardinha selvagem. A partir do

experimento de cultivo em tanques-rede, instalado na Enseada da Armação do Itapocoroy para

estudo do desenvolvimento de S. brasiliensis, este trabalho analisou o plâncton natural disponível

e a preferência alimentar destes peixes. Para tal os tanques-rede receberam 960 juvenis,

submetidos a 2 tratamentos, cada um com 4 repetições durante 40 dias. Os peixes utilizados

apresentaram, em média 30 dias de idade, medindo 4,0 cm de comprimento total e pesando 0,44 g.

O plano amostral foi estruturado para a coleta de fito e zooplâncton natural e parâmetros abióticos

durante o mesmo período de manutenção das sardinhas. Amostras de 8 indivíduos de sardinhas dos

tanques controle e 8 dos tanques com suplemento de ração foram coletadas a cada dez dias para

análises de conteúdo estomacal. Para a análise da dieta da sardinha foi utilizado o Índice de

Importância Relativa (IRI) e o índice de seletividade de Paloheimo. Nos conteúdos estomacais

foram encontrados 43 táxons, sendo 34 de fitoplâncton e 9 de zooplâncton e 97 táxons nas amostras

do ambiente, com 60 de fitoplâncton e 37 de zooplâncton. Juvenis de S. brasiliensis apresentaram

variação na dieta de acordo com os organismos disponíveis no ambiente, mas com seletividade

alimentar e preferência (seletividade positiva) pelas diatomáceas Coscinodiscus sp que também

apresentaram o maior IRI. O fitoplâncton foi a principal base energética utilizada pelos juvenis de

sardinha, sendo fundamental nesta fase inicial de desenvolvimento e facilitando a manutenção dos

organismos nos tanques. O zooplâncton ficou em segundo plano em importância e limitado a baixa

frequência de ocorrência de Copépodas. Entretanto, a presença de organismos tipicamente

bentônicos na dieta pode sinalizar um possível comportamento de busca por alimento presente no

fouling nas redes dos tanques, o que pode oferecer importante fonte de matéria e energia para os

peixes cultivados em ambiente natural.

Palavras-chave: Sardinella brasiliensis, isca viva, seletividade alimentar.

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VII

ABSTRACT The Brazilian-sardine (S. brasiliensis) is the main fish species used by industrial processing

canned fish market in Brazil. The main fishery for this species is performed by the purse-seine

fleet, which targets to capture adult individuals. However, sardine juveniles are the main bait

used by the pole and line fishing fleet, which targets the skipjack (K. pelamis) and other tunas.

Due to the high fishing pressure over juveniles for bait and the signs of overfishing over the

adult stock, aquaculture rises as an alternative for supplying the national market needs. Among

the measures are the development of methods and techniques in order to provide bait for pole

and line fleet, by rearing juveniles in captivity under controlled environment, replacing the

capture of their wild relatives. Based on the rearing of S. brasiliensis juveniles in lab fish

farming cages, located at the Armação do Itapocoroy bay, this study analyzed the available

plankton composition in the environment and feeding preference of the sardines. The cages

received 960 juveniles submitted to two treatments, each with four replications during 40 days.

The juveniles had 30 days old, measuring 4 cm and average weight about 0.44 g. The sampling

method structure aimed to collect phyto and zooplankton in the environment during the same

rearing period. Samples of 8 sardines from the control cage and 8 from cages which have

received a more nutritive supplementary feed were collected at every ten days for stomach

content analysis. For diet analysis, the Index of Relative Importance (IRI) and Paloheimo´s

selectivity index were calculated. Analysis of stomach contents presented 43 taxa, with 34

belonging to phyto and 9 to zooplankton, while in the environment presented 97 taxa, with 60

of phyto and 37 of zooplankton. Juveniles of Brazilian sardine have presented variation in diet

according with available organisms in environment, but with feeding selectivity and preference

(positive selectivity) by diatoms of genus Coscinodiscus sp., which scored the highest IRI value.

Phytoplankton was the main energetic basis used by juveniles, being fundamental on the initial

development stages and favoring the maintenance of individuals in the cages. Zooplankton was

secondary in importance and limited by low frequency of occurrence of copepods. However,

the presence of typically benthic organisms in the diet could afford for a possible feeding

behavior of preying on fouling that grows in cage meshes, which may be the major source of

matter and energy for fish reared in the wild.

Key-words: Sardinella brasiliensis, bait alive, feeding selectivity.

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1

1. INTRODUÇÃO

A sardinha-verdadeira, Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1979) é a principal

espécie de peixe utilizada como matéria-prima para o processamento industrial de pescados

enlatados no Brasil. Sua captura é direcionada aos indivíduos adultos, porém, os juvenis da

espécie e outros pequenos peixes pelágicos são utilizados como isca viva na modalidade da

pesca com vara destinada para a captura de atuns, servindo para atrair os cardumes para perto

das embarcações de pesca.

A sardinha-verdadeira é encontrada ao longo da plataforma continental, na região

delimitada pelos cabos de São Tomé/RJ e o Cabo de Santa Marta/SC. O domínio interno da

plataforma continental na região de ocorrência de S. brasiliensis é ocupado principalmente

pela água costeira que apresenta coluna de água homogênea resultante do processo de mistura

causado pelo vento. A Plataforma Continental Sudeste do Brasil é ocupada pela Água Tropical

(AT) em superfície, com temperaturas superiores a 22º C e salinidade superior a 36,4,

enquanto na camada inferior pode ser observada forte influência da Água Central do Atlântico

Sul (ACAS), que apresenta temperaturas inferiores a 20ºC e salinidade inferior a 36. Ocorre

também a Água Costeira (AC), originada pelo aporte continental de água doce sobre a Água

de Plataforma (AP), que é resultante da mistura da ACAS com a AT (Piola et al, 2000). Na

plataforma sudeste-sul do Brasil são registrados fenômenos de ressurgência da ACAS, o que

torna a região rica em nutrientes na zona eufótica, aumentando a produção primária da região

costeira e favorecendo maior concentração de plâncton nas zonas de mistura. Este processo

confere condições extraordinárias à sobrevivência de larvas de peixes de acordo com os

estudos de Dias (1995), Lopes (2006) e Matsuura (1996).

Bakun & Parrish (1990) e Matsuura (1996; 1999) concluíram que as variações no

tamanho da população e da biomassa dos estoques de peixes pelágicos no Atlântico Sudoeste

são afetadas por variações no recrutamento. Por outro lado, o recrutamento está relacionado a

condições atmosféricas e oceanográficas regionais que influenciam a oferta de alimento,

principalmente o fitoplâncton e zooplâncton, os quais apresentam grandes variações

interanuais.

As sardinhas são peixes comprimidos e prateados, de pequeno porte, formam cardumes

e apresenta ciclo de vida curto e crescimento rápido (Matsuura, 1977). Segundo Vazzoller

(1996) é uma espécie r-estrategista e mais suscetível às variações ambientais durante seu

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2

período reprodutivo, com maiores riscos de sofrer depleção de seus estoques em curto prazo.

Indivíduos pré-adultos e adultos apresentam flutuações sazonais na dieta, sendo uma espécie

onívora, que tem o fitoplâncton representando 66% do volume dos itens alimentares no inverno

e o zooplâncton com 74,2% da dieta durante a primavera e o outono segundo Schneider &

Schwingel (1999).

Tais variações podem estar relacionadas à sazonalidade da disponibilidade de alimento

na região Sudeste e Sul do Brasil. O conteúdo estomacal de larvas e de juvenis com

comprimentos entre 13 e 65 mm foi analisado por Montes (1953) e constituíram-se de

pequenos copépodes (Oncaea, Calanus, Euterpina e Corycaeus). Diatomáceas também foram

abundantes, principalmente os gêneros Coscinodiscus, Paralia, Triceratium, Melosira,

Navicula e Pleurosigma. Entre os dinoflagelados estiveram presentes Peridinium e Ceratium.

Mais recentemente, um estudo sobre a dieta das larvas de S. brasiliensis revelou que esta é

composta por 25 itens, dos quais os náuplios de copépodes constituem o item mais importante,

seguido por ovos de invertebrados, copepoditos e copépodes adultos, especialmente os do

gênero Oithona, Oncaea e Corycaeus. O espectro alimentar aumenta com o desenvolvimento

larval, nitidamente após a fase de pós-flexão (Kurtz, 1999; Kurtz & Matsuura, 2001).

O hábito alimentar de sardinhas adultas também foi estudado por Goitein (1978) que

observou que a seleção do alimento depende da disponibilidade na área, não havendo variação

acentuada no que se refere a indivíduos de sexos e comprimentos distintos, porém diferença

marcante existe no regime alimentar analisado em áreas com diferentes composições do

plâncton. Os copépodes planctônicos compõem o item mais importante da dieta,

principalmente as espécies da ordem Calanoida. Schneider & Schwingel (1999) também

observaram variações na alimentação de sardinhas de acordo com a sazonalidade na

disponibilidade de alimento.

Histórico da pesca de sardinha-verdadeira

Considerando dados dos últimos 40 anos, os desembarques totais de sardinha-

verdadeira apresentaram grandes oscilações com picos e quedas na produção (Fig. 1). Segundo

Castello (2007), este comportamento reflete um estado de sobre-explotação do recurso que

associado a influência de fenômenos ambientais pode comprometer, direta ou indiretamente, o

recrutamento da espécie.

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Figura 1. Desembarques totais de sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) entre os anos de 1964 e 2013. (Fonte: Adaptado de Dias-Neto, 2011; Secretaria da Pesca e Aquicultura de Angra dos Reis; Schwingel, comunicação pessoal, não publicado).

O estado de Santa Catarina é considerado o principal ponto de desembarque de

sardinha-verdadeira, através dos portos pesqueiros das cidades de Itajaí e Navegantes. Com

uma média de 55% dos desembarques nacionais, os valores de captura do estado (Fig. 2)

refletem as tendências da produção nacional devido a demanda estabelecida pelas empresas

de conserva, estabelecidas na região (Dallagnolo et al, 2010).

Figura 2. Desembarques totais de sardinha verdadeira (Sardinella brasiliensis) entre os anos de 2000 e 2012 no estado de Santa Catarina. (Fonte: Grupo de Estudos Pesqueiros - UNIVALI)

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Algumas estratégias foram tomadas para possibilitar a recuperação dos estoques, entre

elas o estabelecimento de um tamanho mínimo para captura e a implementação de períodos

de defeso. A partir do ano de 1977 foi estabelecido período de defeso para a desova da

sardinha-verdadeira e somente em 1991, o período de defeso de recrutamento.

Apesar da redução em 50% do tamanho da frota sardinheira ocorrida na década de

1990, o remanescente caracteriza-se por elevado poder de captura, pois é formado por

embarcações de maior porte, equipadas com sonares para a detecção dos cardumes e redes

maiores que possibilitam a captura em áreas mais profundas e em maior quantidade. Esse

elevado poder de pesca, quando aplicado em períodos de baixa abundância do estoque

(resultante de fatores ambientais ou de sobre-explotação do recurso), tende a agravar ainda

mais a redução da biomassa explotável, colocando em risco a pescaria nos períodos

subsequentes (Valentini & Pezzuto, 2006).

A isca viva

A pescaria de bonito listrado (Katsuwonus pelamis), realizada no oeste do Atlântico,

começou a se desenvolver na década de 1950 com barcos de vara e isca-viva. Esta modalidade

de pesca é composta, atualmente, por 46 embarcações e captura, em média, 23 mil toneladas

por ano (Santos & Rodrigues-Ribeiro, 2000). Nessa modalidade, são usados caniços para a

captura de tunídeos que são atraídos com a liberação de pequenos peixes pelágicos,

pertencentes à família Clupeidae (sardinhas) e Engraulidae, com comprimentos entre 5 e 9

cm. A principal espécie de isca-viva utilizada pelos atuneiros é a sardinha-verdadeira

(Sardinella brasiliensis) (Santos & Rodrigues-Ribeiro, 2000).

O sucesso dessa pescaria depende da relação positiva entre a captura de isca viva e a

de atuns. (Schwingel et al., 1999). Entretanto esta relação encontra-se ameaçada, pois a

disponibilidade de isca no ambiente vem diminuindo devido as altas taxas de captura dos

juvenis. O comprometimento e a sobre-explotação do estoque de sardinha-verdadeira foi

atribuído a um somatório de fatores, e então o principal recurso pesqueiro do país, passou a

sofrer restrições legais à pesca industrial, impostas numa tentativa de recuperação do mesmo.

(CEPSUL-IBAMA, 2006).

Estima-se uma captura anual aproximada de 900 mil indivíduos por viagem (Fig. 3), o

que numa demanda de 800 t/ano totalizaria 340 milhões de juvenis de sardinha por ano

(Santos, 2005; Neto, 2011). Porém, estudos recentes indicam que esta demanda vem

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aumentando como destacado por Occhialini (2013), que afirma que estes números subiram

para 1.482 toneladas de isca capturadas por ano, algo em torno de 760 milhões de indivíduos.

Figura 3. Captura estimada de juvenis de sardinha (em toneladas) pela frota de vara e isca viva brasileira entre 1979 e 2004 (Adaptado de Santos, 2005).

A captura de iscas por atuneiros ocorre em locais protegidos de ondulações, principalmente

baías e enseadas, gerando diversos conflitos sociais decorrentes da disputa pelo espaço marítimo

entre distintas atividades e usuários como a pesca artesanal, turismo e a maricultura. Além

disso, há também protestos contra a condição excepcional concedida aos atuneiros, que

capturam exclusivamente os indivíduos jovens de sardinha-verdadeira, e são dispensados do

cumprimento do defeso da desova. Além disso, algumas das principais áreas de captura de isca

tornaram-se restritas a atividade nos últimos anos, devido a criação de áreas protegidas

(Unidades de Conservação e delimitações de áreas de iscagem), o que implica em restrições

para a operação da frota, principalmente nos locais onde tradicionalmente se realiza a captura de

isca viva (Cergole & Dias-Neto, 2011).

Estimativas sobre o impacto causado pela pesca de isca viva através da frota atuneira

nos estoques de sardinha foram feitas por Occhialini (2013), concluindo que esta captura

equivale entre 18.800 t a 31.000 toneladas de sardinha adulta. Além disso, o déficit de

alimento que deixou de estar disponível na zona costeira para as cadeias tróficas superiores

foi de 1.000 t a 43.600 t/ano. Estes cálculos foram realizados submetendo a quantidade de isca

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consumida pelos atuneiros no período de um ano a taxa de mortalidade natural ou a

sobrevivência de 30 a 50% dos indivíduos que alcançariam o recrutamento junto à população

adulta. Desta forma, estas estimativas apresentam valores muito próximos a captura média

total do estado de Santa Catarina nos últimos anos.

A pesca do bonito-listado tem atravessado dificuldades não pela limitação do estoque,

mas pela crítica situação do estoque da sardinha-verdadeira, que é historicamente a principal

espécie utilizada como isca viva. Devido as altas taxas de captura de isca viva para a pesca

dos atuns e a condição de sobre-explotação do estoque adulto, a aquicultura surge como

alternativa para suprir a demanda de iscas no mercado nacional, diminuindo assim a pressão

da pesca sobre os estoques naturais da espécie.

Considerando estes fatores o Projeto Isca-viva propôs técnicas de produção e manejo

de juvenis de S. brasiliensis com vistas ao uso sustentável do recurso e a manutenção da cadeia

de processamento industrial de pescados no Brasil. Dentre as propostas, estão o

desenvolvimento de métodos e técnicas que possibilitem o fornecimento de iscas aos

atuneiros, a partir da produção de alevinos em ambiente controlado, em substituição à captura

de juvenis da sardinha selvagem.

Piscicultura marinha

O desenvolvimento da piscicultura marinha possui alguns obstáculos, sendo que um

deles é a produção de formas jovens em escala comercial (Filho, 2013). Adultos selvagens

são capturados e aclimatados em laboratório, para servirem como reprodutores. Em cativeiro,

a reprodução para a obtenção de ovos e larvas é realizada através da indução hormonal, e a

larvicultura realizada de forma intensiva em laboratório. Para o desenvolvimento das larvas,

geralmente são oferecidos rotíferos e nauplios de artêmia. Enquanto que para a engorda, após

os juvenis serem transportados para as estruturas definitivas de cultivo, passam a receber

alimentação artificial na forma de ração peletizada (Dick, 2014; Reis da Silva, 2013; Filho,

2013; Pereira, 2010). Segundo Crispim et al. (1999), algumas espécies de peixes apresentam

taxas de crescimento mais elevadas na natureza do que em viveiros, podendo estar relacionado

ao fato de que o alimento natural apresenta determinadas enzimas, hormônios e outros

reguladores e fatores de crescimento não encontrados nos alimentos artificiais. Porém, peixes

cultivados em altas densidades necessitam de rações para suplementação da dieta, otimizando

o crescimento e a saúde.

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Para o sucesso do cultivo de peixes, alguns aspectos são relevantes como a

determinação de dietas balanceadas adequadas, o conhecimento de estratégias alimentares

ótimas e a correta densidade de estocagem. A alimentação dos peixes é um dos fatores mais

importantes na piscicultura comercial, pois o regime alimentar pode ter consequências diretas

sobre a eficiência de crescimento animal e o desperdício de ração (Azzaydi et al., 2000;

Goddard, 1996). O crescimento é diretamente afetado pela quantidade de alimento consumido

e pela sua eficiência de assimilação (Buurma & Diana, 1994).

No Brasil, devido a pequena variedade de rações comerciais específicas para engorda

de peixes marinhos, comumente são utilizadas rações comerciais para peixes de água doce,

porém os requerimentos nutricionais de peixes marinhos são distintos dos peixes de água doce

e as principais diferenças são encontradas nos conteúdos em ácidos graxos poli-insaturados

de cadeia longa pois os peixes marinhos necessitam de uma maior quantidade destes óleos.

Devido à falta de uma ração apropriada, nos trabalhos em que os alevinos são alimentados

com rações comerciais (onde há deficiência de ácidos graxos), são observadas baixas taxas de

crescimento e a ocorrência de indivíduos com deformidades (Olsen, 1999).

Berestinas (2005) observou maior crescimento de robalos-peva em tanques-rede com

ração utilizada para cultivos de camarão, em comparação com ração para peixes carnívoros

de água doce. Dick (2014) avaliou o efeito de diferentes dietas no desempenho de Sardinella

brasiliensis cultivadas em tanques-rede, concluindo que uma dieta comercial para carnívoros

apresenta melhor crescimento que uma dieta comercial para onívoros.

O conhecimento da alimentação natural de peixes é essencial, pois permite melhor

compreensão a respeito das necessidades e assimilação dos alimentos. Além disso, também

contribui nos levantamentos de fauna e flora (obtidos utilizando-os como meios de coleta),

nos estudos holísticos de transferência de energia e ecologia trófica (Zavalla-Camim,1996).

A partir do cultivo em tanques-rede, instalado na Enseada da Armação do Itapocoroy

para estudo do desenvolvimento de Sardinella brasiliensis, este trabalho, em continuidade e

complementação dos estudos de Dick (2014), analisou o plâncton natural disponível no

ambiente para a engorda e a seletividade alimentar destes peixes. Neste contexto, o presente

trabalho trata de investigar as seguintes questões: a) a oferta de ração para juvenis de sardinha,

mantidos em cativeiro, apresenta alteração alimentar em relação ao plâncton natural? b) A

sardinha apresenta comportamento de seletividade em cativeiro? Também é esperado que a

alimentação apenas com plâncton tenha influência sobre o crescimento e a sobrevivência das

sardinhas.

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2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Avaliar a dieta natural e a influência da ração na alimentação de juvenis de sardinhas

mantidas em tanques-rede no mar na Enseada de Itapocoroy (Penha-SC)

Objetivos Específicos

A) Analisar o conteúdo estomacal de Sardinella brasiliensis mantida em cativeiro quanto

à composição de fito e zooplâncton;

B) Determinar a composição qualitativa e quantitativa de fitoplâncton e zooplâncton na

enseada da Armação do Itapocoroy;

C) Avaliar a seletividade alimentar de Sardinella brasiliensis em cativeiro e determinar

o(s) item(ns) alimentar(es) de maior Importância Relativa.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

A área de estudo compreendeu a Enseada de Armação do Itapocoroy, localizada no

município de Penha, litoral centro-norte de Santa Catarina, entre as coordenadas 26°46’ S e

48°38’ W, local onde os tanques rede de engorda da Sardinella brasiliensis foram instalados.

A Armação do Itapocoroy tem área aproximada de 6,7 km2, sendo descrita como um

ambiente marinho semi-fechado, que é delimitado por dois promontórios rochosos, o Morro

da Penha e a Ponta da Vigia, que juntamente com a Ilha Feia, situada ao largo, protegendo dos

ventos provenientes do Sul, Sudeste e Nordeste. Análises de batimetria revelam a superfície

do fundo do mar relativamente plana, com suave inclinação em direção ao nordeste e

profundidade média de 8 metros (Abreu et al., 2006).

A água predominante na enseada é a Água Costeira (AC), formada pela diluição

parcial das águas oceânicas pelo aporte continental proveniente principalmente do rio Itajaí-

açu, rio Piçarras e rio Iriri. A salinidade na área é inferior a 33, com temperaturas variando

sazonalmente por efeitos de trocas térmicas locais, entre 18º e 28ºC no inverno e verão

respectivamente. Durante o verão e outono pode haver influência da Água Tropical originada

na corrente do Brasil, com salinidade superior a 35 e temperatura em torno de 26ºC. O tempo

de renovação de 50% do volume da enseada, estimado pelo prisma de maré, é da ordem de

3,6 dias (Schettini et al. 1998). A localização da enseada a 20 km ao norte da desembocadura

do rio Itajaí-Açu e o fato de que a pluma do estuário do rio Itajaí-açu dispersar-se

preferencialmente para o norte, sugere que as águas da enseada são diretamente influenciadas

pelo regime fluvial do rio.

O experimento

O Experimento foi realizado no Parque Aquícola da Enseada da Armação do

Itapocoroy, no município de Penha (SC). Para os experimentos de engorda da sardinha

verdadeira (Sardinella brasiliensis) foram confeccionados tanques-rede que apresentaram 1,5

x 1,5 x 1,5 metros submersos totalizando 3,5 m3 de volume útil (Fig. 4), fixados na área de

cultivo do Centro Experimental de Maricultura - CEMAR da Universidade do Vale do Itajaí

– UNIVALI na batimetria de 8 metros. O desenho experimental foi montado com um

tratamento com fornecimento de ração e um tratamento controle, nos quais oito tanques

receberam 960 juvenis de Sardinella brasiliensis, 120 por tanque, sendo cada tratamento com

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4 réplicas e mantidos por 40 dias, com os dez dias iniciais para aclimatação dos peixes. Os

tratamentos foram aplicados por 30 dias, no período de 01/07/2013 a 01/08/2013. Para a

análise dos conteúdos estomacais foram coletados indivíduos do tanque controle e do tanque

com a ração.

Foi utilizada a ração NRD 5/8, fabricada para peixes carnívoros marinhos na fase

inicial, composta por farinha de peixe inteiro, óleo de peixe, farelo de soja, algas marinhas

desidratadas, lecitina de soja e premix de vitaminas e minerais. Considerando a porcentagem

de matéria seca, esta ração era composta (composição centesimal) por 55,42 % de proteína

bruta, extrato etéreo 13,09%, fibra 7,43%, cinzas 12,33% e com umidade de 7,03. (Dick,

2014).

Figura 4. Projeto dos tanques-rede utilizado no experimento.

Coleta de Dados

Amostras de 8 indivíduos de sardinhas dos tanques controle e 8 dos tanques com

suplemento de ração foram coletadas e fixadas em formol 4% a cada dez dias para análises de

conteúdo estomacal, por um período de 30 dias totalizando 96 estômagos de cada tratamento.

O plano amostral foi estruturado para a coleta de fito e zooplâncton natural na enseada

e parâmetros abióticos a cada dez dias, tendo início em 20/06/2013 e última coleta em

01/08/2013. As coletas foram realizadas em 5 estações em torno dos tanques-rede, no período

da manhã. Sendo que duas estações de coleta estiveram localizadas entre os tanques-rede, uma

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na parte interna do cultivo de mexilhões e duas afastadas dos tanques, sendo uma ao sul e

outra ao norte na porção externa da enseada (Fig. 5).

Figura 5. Localização dos pontos de coleta (pontos verdes) e dos tanques-rede (pontos vermelhos) na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha/SC. As áreas em azul são os cultivos de mexilhões.

Análise do conteúdo estomacal

Para as análises do conteúdo estomacal foi utilizado apenas o conteúdo presente no

estômago, sendo descartado o conteúdo do intestino. Foram realizadas incisões longitudinais,

retirando o trato digestivo, do esôfago ao ânus, sob microscópio estereoscópio. O volume do

conteúdo estomacal foi estimado em câmara de Sedgewick Rafter e então colocado em frascos

contendo água do mar com formol a 4%, sendo posteriormente analisado em microscópio

estereoscópio para zooplâncton e microscópio invertido para fitoplâncton após a filtragem do

conteúdo em malha de 20 µm.

Coleta e análise de fitoplâncton natural

O fitoplâncton natural foi coletado com balde, acondicionado em frasco de vidro e

fixado com solução de lugol. As análises foram realizadas pelo método de Utermöhl, onde 20

mL da amostra preservada foi colocada para sedimentar por 12 horas e com posterior análise

qualitativa e quantitativa em microscópio de inversão. Os dados obtidos nas análises foram

expressos em número de células por litro.

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12 LnN

SD

1−=

Coleta e análise de zooplâncton natural

O zooplâncton foi coletado com uma rede tipo WP-2 de dois metros de comprimento,

com malha de 200 µm e 30 centímetros de diâmetro de boca, equipada com fluxômetro para

medir o volume de água filtrada. Os arrastos foram executados por uma embarcação a

propulsão mecânica por dois nós, de forma oblíqua desde o fundo até a superfície e com

duração de dois minutos. Após o arrasto o material coletado foi imediatamente fixado a bordo

com solução de formol em água do mar a 4% e acondicionado em frascos plásticos de um litro.

As amostras foram analisadas em câmara de Bogorov através de lupa e as espécies

identificadas até o menor táxon possível, com os dados expressos em organismos por metro

cúbico de água filtrada pela rede.

Amostragens complementares

Amostragens adicionais de fito e zooplâncton foram realizadas na última coleta

(01/08/2013), quando as redes dos tanques apresentaram colmatação visível, pela incrustação

de organismos bentônicos nas redes. Nestes casos, coletas no interior dos tanques foram

realizadas por balde para o fitoplâncton e por filtragem de 60 litros de água em malha de 200

µm para o zooplâncton.

Coleta dos dados abióticos no ambiente

Os parâmetros físico-químicos de temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido e pH

foram obtidos através de sonda tipo YSI – 6600. A transparência foi medida apenas nas duas

últimas coletas, através de disco de Secchi, preso a um cabo graduado, mergulhado até o

desaparecimento do mesmo.

Análise de dados

A variação das espécies ocorrentes no ambiente entre as datas de coleta foi representada

pela análise de variância (ANOVA), descrita por Fisher (1935). Os índices de referentes a

estrutura da comunidade natural do fito e zooplâncton foram calculados segundo Omori e

Ikeda (1984), sendo estimados:

Índice de Riqueza de Margalef, calculado pela fórmula:

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S

HJ

Log2

''=

∑=

−=

s

iii PLogPH

12

'

(1)

Sendo D = Índice de riqueza, S = Número de categorias taxonômicas, e N = Número total de

organismos.

Índice de diversidade de Shannon-Weaver:

(2)

Sendo H'= Índice de diversidade, Pi = Proporção do número de indivíduos da espécie i (ni/N)

e S = Número de espécies.

Índice de equitabilidade de Pielou:

. (3)

Sendo J’ = Índice de equitabilidade, H' = Índice de diversidade e S = Número de espécies.

Para as análises dos itens alimentares o método qualitativo por ocorrência foi

escolhido, pois fornece informações sobre à seletividade ou preferência do alimento, espectro

alimentar, amplitude de nicho trófico e pode, também, descrever a uniformidade com que

grupos de peixes selecionam seu alimento (Bowen, 1996). Para a análise da representatividade

qualitativa e quantitativa de cada espécie de presa da sardinha e das variações sazonais, foi

utilizado o Índice de Importância Relativa (IRI) de Pinkas et al. (1971),

IRI = %FO (%N + %V) (4)

Este índice é calculado através do valores de %FO, porcentagem de ocorrência da

presa nos estômagos, i.e. frequência de ocorrência, onde F = (n/N)*100; %N; porcentagem

numérica dos exemplares de cada presa (Nesp), em relação ao número total (N) de todas as

presas, i.e. abundância, onde (Nesp/N)*100; e %V, porcentagem volumétrica dos exemplares

de uma determinada presa (Vesp), em relação ao volume total (V) das presas, i. e. biomassa,

sendo V=Vesp/V*100.

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Este índice é expresso como %IRI (IRI / Ʃ IRI*100). Para os cálculos de porcentagem

volumétrica foram utilizados os volumes individuais das espécies dominantes de fitoplâncton

e zooplâncton apresentados por Schwingel (1998) e Olenina (2006) e com a sua multiplicação

pelo número de exemplares ocorrentes nos estômagos. Os volumes utilizados estão

representados nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1.Volumes por espécie utilizados no cálculo do Índice de Importância Relativa (Schwingel, 1998; Olenina, 2006).

Fitoplâncton

Taxa Volume (mmᵌ) Comprimento (mm) Achnanthes longipes 0,000001029 0,000000003 Cêntricas não identificadas 0,000002232 0,016 Ceratyum furca 0,00008739 0,272 Chaetoceros 0,000000503 0,012 Coscinodiscus (>100µm) 0,004194 0,26 Coscinodiscus (<100µm) 0,00001087 0,035 Cylindrotheca sp 3,50E-07 3,3E-09 Dactyliosolen sp 0,000132017 1,75E-09 Dictyocha sp 0,00005416 6,40E-02 Dinophysis sp 0,00005354 0,044 Diploneis sp 8,308E-09 1,2E-09 Ditylum sp 0,0001724 0,081 Eutintinnus sp 0,0003423 0,171 Gyrosigma sp 0,00004279 0,153 Licmophora abbreviata 0,00000675 0,000000006 Licmophora flabellata 0,000027 0,000000009 Melosira sp 0,000006143 0,025 Navicula sp 0,00000779 0,056 Pleurosigma sp 0,00006796 0,176 Prorocentrum sp 0,00001671 0,054 Protoperidium sp 0,00008817 0,099 Pseudonitzchia sp 5,00E-08 75 Rhizosolenia sp 0,0002635 0,286 Scrippsiella trochoidea 0,000001356 1,7E-09 Synedra sp. 2,80E-07 0,000000007 Thalassiosira sp 0,000002232 0,016

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Tabela 2. Volumes por espécie utilizados no cálculo do Índice de Importância Relativa (Schwingel, 1998; Olenina, 2006).

Zooplâncton Taxa Volume (mmᵌ) Comprimento (mm) Calanoida 0,02655 0,887

Copepodas não identificados 0,03009 0,824

Corycaeus sp 0,01813 0,818

Cypris cirripedia 0,03026 0,678

Euterpina sp 0,005696 0,539

Harpacticoida 0,002785 0,411

Microsetela norvergica 0,00301 0,433

Oncea sp 0,015639 0,44

Temora turbinata 0,2478 1,48

Veliger bivalve 0,01826 0,411

Veliger gastropoda 0,4378 0,846

Zoea 0,09735 1,63

Para a análise de seletividade foi aplicado o índice de Paloheimo (1979). A avaliação

da existência ou não de seletividade é realizada através da comparação do valor do índice com

o valor de referência, obtido para cada composição de alimento. Este valor de referência é

calculado como 1/n, onde n é o número dos diferentes itens alimentares no ambiente. Para

fitoplâncton, as espécies encontradas foram agrupadas, sendo descritas como diatomáceas

cêntricas, diatomáceas penadas, dinoflagelados, ciliados e Coscinodiscus sp, esta espécie não

foi agrupada com as demais diatomáceas cêntricas por apresentar maior número e volume. O

zooplâncton foi agrupado em Copépodas, larvas de decápodas, larvas de moluscos e cypris de

cirripédia. Desta forma, foram adotados os valores 0,2 para fitoplâncton e 0,25 para

zooplâncton, para comparação com os índices calculados.

Se NFRi > 1/n, a seleção é positiva; se NFRi<1/n, a seleção é negativa e se NFRi=1/n,

não há seleção. Neste índice o cálculo de seletividade é feito a partir da relação entre as

freqüências relativas das diferentes espécies de presas na dieta do predador e a freqüência

relativa das presas no ambiente, sendo calculado pela fórmula:

NFRI = (Ri/pi) / ∑n i=n Ri/pi (5)

Sendo NFRI = taxa normalizada de captura, Ri = proporção do item alimentar i na alimentação

dos peixes, pi = proporção do item alimentar i no tanque e n= número de presas disponíveis.

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4. RESULTADOS

Variáveis ambientais

Os dados referentes as variáveis ambientais foram agrupados por data de coleta, sendo

descritos através da média dos pontos amostrais (Tab. 3). Para o período experimental, a

enseada foi caracterizada pela água costeira, com salinidade menor que 31,2 e de inverno,

pelas temperaturas abaixo de 18,8o C.

O pH, com valor máximo de 8,4, não apresentou variações significativas (Cubas,

2014), sendo característico de sistemas oceânicos (Rossi-Wongtschowski. & Madureira,

2006).

Tabela 3. Valores médios encontrados para as variáveis pH, Temperatura, Salinidade e Transparência.

Data Temperatura (ºC) Salinidade pH Transparência (m) 01/07/2013 18,3 30,0 8,1 — 11/07/2013 18,8 31,2 8,3 — 24/07/2013 15,8 27,4 8,1 3,6 01/08/2013 17,0 29,7 8,3 2,2

Plâncton natural

Foram encontrados 97 táxons nas amostras do ambiente (Tabelas 4 e 5), sendo 60 de

fitoplâncton, com predominância de diatomáceas nas duas primeiras coletas e dinoflagelados

nas duas últimas. Para zooplâncton, a predominância foi de copépodas em todas as amostras,

com picos de nauplius de cirripédia no início do mês de agosto.

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Tabela 4. Lista de taxa de fitoplâncton encontrados na Armação do Itapocoroy.

Divisão: Chrysophyta Fam. Naviculaceae Classe: Dinophyceae Classe: Bacillariophyceae Navicula sp Fam. Pyrocystaceae

Cêntricas (Centricae) Pleurosigma sp Dissodinium sp

Fam. Coscinodiscaeae Gyrosigma sp Fam. Gymnodiniaceae Coscinodiscus sp Fam. Rhizosoleniaceae Amphidinium sp

Thalassiosira sp1 Dactyliosolen sp Gyrodinium fusiforme

Thalassiosira sp2 Rhizosolenia sp Gyrodinium sp

Fam. Lauderiaceae Guinadia striata Fam. Goniodomataceae Lauderia sp Guinardia delicatula Alexandrium sp

Fam. Hyalodiscaceae Fam. Bacillariaceae Fam. Peridiniaceae Podosira sp Cylindrotheca sp Peridinium sp

Fam. Triceratiaceae Nitzchia sp Scrippsiella trochoidea

Odontella sp Pseudo-nitzchia sp Protoperidinium sp

Fam. Paraliaceae Fam. Fragilariaceae Protoperidinium bipes

Paralia sulcata Asterionellopsis glacialis Fam. Ceratiaceae Fam. Leptocylindraceae Fam. Striatellaceae Ceratium furca

Leptocylindrus danicus Striatella sp Ceratium fusus

Leptocylindrus minimus Fam. Thalassionemataceae Ceratium tripos

Fam. Hemiaulaceae Thalassionema sp Classe: Chrysophyceae Hemiaulus sp Fam. Licmophoraceae (Silicoflagelados)

Fam. Stephanodiscaceae Licmophora abbreviata Fam. Dictyochaceae Cyclotella sp Licmophora flabellata Dictyocha sp

Fam. Melosiraceae Divisão: Pyrrhophyta

(Dinoflagellata) Distephanus sp

Melosira sp Classe: Desmophyceae Classe Chlorophyceae Fam. Chaetoceraceae Fam. Prorocentraceae Fam. Scenedesmaceae

Chaetoceros sp Prorocentrum gracile Desmodesmus sp

Ditylum sp Prorocentrum micans Scenedesmus sp

Bacteriastrum sp Prorocentrum minimum Classe Ebriophyceae Penadas (Pennatae) Prorocentrum obtususm Fam. Ebriaceae Fam. Corethraceae Fam. Oxytoxaceae Ebria tripartita

Corethron sp Oxytoxum sp Classe Litostomatea Fam. Achnanthineae Fam. Dinophysidaceae Myrionecta rubrum

Achnanthes longipes Dinophysis acuta

Fam. Hemidiscaceae Dinophysis caudata

Hemidiscus sp Dinophysis tripos

Actinocyclus sp Fam. Diploneidacea

Diploneis sp

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Tabela 5. Lista de taxa de zooplâncton encontrados na Armação do Itapocoroy.

Ordem Copepoda Fam. Paracalanidae Mollusca Copepodito Paracalanus quasimodo Veliger bivalve

Nauplius copepoda Fam. Corycaeidae Veliger gastropoda Subordem Calanoida Corycaeus sp Cnidaria

Fam. Acartiidae Fam. Clytemnestridae Pólipo Acartia lilljeborgi Clytemnestra rostrata Hidromedusae

Centropages sp Ordem Chaetognata Ictioplâncton Temora stylifera Sagitta sp Larva Temora turbinata Cladocera Ovo

Eucalanus sp Fam. Podonidae Ordem Siphonophora

Subordem Harpacticoida

Evadne sp Siphonophoro

Fam. Euterpinidae Pseudoevadne sp Ordem Cirripédia Euterpina sp Fam. Sididae Nauplius

Fam. Ectinosomatidae Penilia avirostris Ciprys Macrosetella gracilis Appendicularia Decapoda

Microsetella norvergica Eucopleura dióica Lucifer faxoni

Fam. Oithonidae Polichaeta Protozoea Oithona oswaldocruzii Larva Zoea

Oithona plumifera Equinodermo Fam. Oncaeidae Pluteus

Oncea sp Gamaridae

Considerando o cálculo da abundância das espécies ocorrentes no fitoplâncton (Tabela

6), as espécies dominantes foram a diatomácea penada Pseudonitzchia sp, na primeira coleta,

o ciliado Myrionecta rubrum na segunda e terceira coleta, o dinoflagelado Prorocentrum

obtusum na quarta coleta, e a diatomácea cêntrica Thalassiosira sp na quinta coleta. Dentro

dos tanques a espécie dominante também foi Thalassiosira sp.

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Tabela 6. Densidade fitoplâncton (Nº Organismos/m3) Taxa 20/06/2013 01/07/2013 11/07/2013 24/07/2013 01/08/2013 Tanques

Achnanthes longipes - 112500 - 150000 - -

Actinocyclus sp 525000 825000 - 650000 - -

Alexandrium sp - - - - - 1625068

Asterionellopsis glacialis 1762500 187500 75000 - 1625068 -

Bacteriastrum sp - 225000 75000 131250 1625068 2708447

Cêntricas não Ident. 1200000 1575000 975000 675000 - 3250136

Ceratium furca - - - 131250 - 2166757

Ceratium fusus - 75000 - - - -

Ceratium tripos - 75000 - 75000 - 1625068

Chaetocero sp 250000 225000 393750 1185000 6500272 4875204

Corethron sp - - 225000 - - -

Coscinodiscus sp 225000 243750 1150000 315000 3250136 0

Cyclotella sp - - - - - 1625068

Cylindrotheca sp - 600000 - - - -

Dactyliosolen sp 3750000 356250 375000 187500 7583650,8 4468937

Desmodesma sp - 225000 - - - -

Dictyocha sp 75000 262500 600000 206250 1625068, 1625068

Dinophysis acuminata 75000 325000 525000 675000 5416893,4 10489076

Dinophysis caudata - - - 100000 1625068 7312806

Dinophysis tripos - - - 75000 - -

Diploneis sp 1320000 315000 150000 175000 - 1625068

Distephanus sp - 300000 75000 187500 - 2166757

Ditylum sp 270000 150000 100000 806250 36401524 20978151

Ebria tripartita - - 112500 150000 3250136 3575150

Gyrodinium fusiforme 825000 693750 487500 562500 1625068 1625068

Gyrodinium sp - - 300000 - - -

Gyrosigma sp 600000 225000 - 112500 - 2166757

Guinadia striata 2145000 200000 75000 75000 - 1625068

Guinardia delicatula 8868750 75000 - 150000 4875204 1625068

Hemiaulus sp 506250 - 75000 - - -

Hemidiscus sp - - 150000 75000 - -

Leptocylindrus danicus - 150000 750000 350000 - 19500816

Leptocylindrus minimus 15168750 2025000 2212500 1650000 931705675 9750408

Licmophora abbreviata 675000 350000 225000 - - 5890872

Licmophora flabellata - - - - - 20042506

Myrionecta rubrum - 14650000 27975000 - - -

Navicula sp 656250 585000 275000 325000 1625068 6500272

Nitzschia sp 3337500 131250 125000 450000 1625068 -

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Taxa 20/06/2013 01/07/2013 11/07/2013 24/07/2013 01/08/2013 Tanques

Odontella sp 75000 - 300000 - 1625068 2437602

Oxytoxum sp - - 375000 150000 1625068 5200218

Paralia sulcata 525000 - 450000 300000 - -

Peridinium sp - 3650000 3712500 100000 1625068 1625068

Pleurosigma sp 900000 187500 75000 112500 1625068 2437602

Prorocentrum sp 468750 450000 775000 150000 - 3250136

Prorocentrum gracile 600000 1410000 3450000 250000 9750408,2 7922207

Prorocentrum micans 75000 400000 1650000 918750 - 3946594

Prorocentrum minimum - - 600000 - 1625068, 2437602

Prorocentrum obtusum 112500 - 1237500 8475000 2437602 4875204

Protoperidinium bipes 262500 315000 675000 150000 6825285,7 7403088

Protoperidinium sp - - - 225000 3250136 2600109

Pseudonitzschia sp 11880000 575000 300000 525000 8125340,2 8125340

Rhizosolenia sp 318750 75000 - 150000 2843869 2166757

Scrippsiella trochoidea 250000 1575000 475000 175000 232926419 1,03E+08

Thalassionema sp 3350000 555000 300000 325000 - -

Thalassiosira sp1 - 150000 - 1200000 549272997 39602908

Thalassiosira sp2 2587500 - 825000 1140000 - 4333515

Ciliados não Ident. 350000 150000 1012500 225000 - 3250136

Para a abundância das espécies ocorrentes no zooplâncton (Tabela 7), as espécies

dominantes foram o copépoda Acartia lilljeborgi, na primeira e segunda coleta, o copépoda

Paracalanus quasimodo na terceira e quarta coleta, e ovos de peixes e naupli de cirripédia na

quinta coleta. Dentro dos tanques a espécie dominante foi o anfípode Gamaridae e o copépoda

Euterpina sp.

Tabela 7. Densidade do zooplâncton (Nº Organismos/m3)

Taxa 20/06/2013 01/07/2013 11/07/2013 24/07/2013 01/08/2013 Tanques Acartia lilljeborgi 35,06 14,17 47,19 122,12 1,98 0,00000 Caprella sp 0,00 1,70 0,00 0,00 1,98 0,00003 Centropages sp 1,44 5,53 24,23 97,36 1,98 0,00000 Clytemnestra rostrata 0,00 1,70 0,00 0,00 0,00 0,00000 Chaetognata sp 4,89 1,70 11,90 38,46 1,98 0,00000 Copepodito 16,52 1,70 35,71 91,35 5,95 0,00000 Corycaeus sp 12,64 1,70 57,14 117,31 4,46 0,00003 Cypris cirripedia 2,16 0,00 0,00 0,00 1,98 0,00002 Eucalanus sp 2,87 2,55 17,86 49,04 2,98 0,00000 Eucopleura dióica 1,44 1,70 281,63 47,12 4,37 0,00000 Euphasiacea 1° estágio 0,00 0,00 0,00 7,21 0,00 0,00000

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Taxa 20/06/2013 01/07/2013 11/07/2013 24/07/2013 01/08/2013 Tanques Euphasiacea 2° estágio 0,00 0,00 0,00 7,21 5,95 0,00000 Euterpina sp 2,87 3,40 5,10 8,65 7,94 0,00007 Gamaridae 2,16 0,00 0,00 0,00 1,98 0,00009 Hidromedusa 1,44 5,95 20,41 80,77 5,56 0,00002 Larva peixe 0,00 0,00 5,10 0,00 0,00 0,00000 Larva polichaeta 2,87 0,00 5,10 4,81 0,00 0,00002 Lucifer faxoni 1,44 1,70 0,00 0,00 1,98 0,00000 Macrosetella gracilis 1,44 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00000 Nauplius cirripédia 2,51 5,67 5,10 14,42 61,51 0,00003 Nauplius copepoda 0,00 1,70 6,80 8,01 2,98 0,00000 Oithona oswaldocruzii 1,44 0,00 0,00 12,82 0,00 0,00002 Oithona plumifera 14,66 3,40 5,10 21,63 0,00 0,00000 Oncea sp 1,92 3,40 0,00 13,22 0,00 0,00000 Ovo de peixe 0,00 0,00 0,00 0,00 91,27 0,00000 Paracalanus quasimodo 24,14 12,24 553,06 867,31 5,29 0,00002 Penilia avirostris 0,00 7,48 128,57 199,04 0,00 0,00000 Polichaeta 1,44 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00000 Pólipo 0,00 0,00 0,00 4,81 13,89 0,00007 Protozoea 2,16 3,40 7,65 4,81 2,98 0,00000 Pseudoevadne sp 0,00 5,10 0,00 0,00 0,00 0,00000 Siphonophoro 0,00 1,70 0,00 6,41 0,00 0,00002 Temora stylifera 0,00 2,55 22,96 19,23 0,00 0,00000 Temora turbinata 33,33 8,16 177,55 493,99 0,00 0,00002 Thalia democratica 13,65 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00000 Veliger bivalve 0,00 1,70 0,00 0,00 0,00 0,00002 Veliger gastropoda 0,00 1,70 0,00 0,00 0,00 0,00000 Zoea 3,95 7,23 10,20 6,41 14,88 0,00002

Estrutura da comunidade natural

A estrutura da comunidade foi estimada pela média dos índices nos 5 pontos amostrais

coletados em cada data. De forma geral foram observadas altas densidades para o fitoplâncton

e baixas para zooplâncton, sendo a variação espacial menor que a variação temporal em ambos

os casos (Tabelas 8 e 9). Nas duas primeiras coletas ocorreram as menores densidades de

fitoplâncton, enquanto na última, é notável o evento de floração, que também ocorreu no

interior dos tanques de cultivo.

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Tabela 8. Densidades de Fitoplâncton (Organismos/Litro). Data Pontos externos Cultivo Entorno dos tanques Interior dos tanques

01/07/2013 7400 24050 14575 - 11/07/2013 6800 34400 29250 - 24/07/2013 19725 9550 12975 - 01/08/2013 489145,47 416017,41 465311,14 384.107

Tabela 9. Densidades de Zooplâncton (Organismos/m3). Data Pontos externos Cultivo Entorno dos tanques Interior dos tanques

01/07/2013 89,5 125,5 59,4 - 11/07/2013 1946,7 1540,1 909,8 - 24/07/2013 1269,4 3165,3 2236 - 01/08/2013 130,3 79,6 131,5 475

Através da análise de variância, não foram observadas diferenças significativas

(p>0,05) na composição das espécies de fitoplâncton entre as datas de coleta (Tabela 10).

Desta forma, não foi possível afirmar que a comunidade fitoplanctônica era composta por

espécies diferentes, apresentando variação em curtos espaços de tempo. Para a composição

das espécies de zooplâncton, a análise de variância apresentou diferenças significativas

(p<0,05) entre as datas de coleta.

Tabela 10. Análise de variância da composição de espécies entre as datas de coleta. SQ = Soma dos quadrados, GL = Graus de liberdade, MQ = Média dos quadrados.

FITO SQ GL MQ F p Data 10502 4 2625,55 2,04243 0,086187 Erro 1761140 1370 1285,50

ZOO SQ GL MQ F p Data 15862,2 4 3965,54 11,08147 0,000000 Erro 338171,3 945 357,85

Grupos distintos predominaram no fitoplâncton, no início do experimento as maiores

densidades foram de diatomáceas, alternando em cada data analisada para ciliados,

dinoflagelados e novamente diatomáceas, ao final do experimento (Figura 6).

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Figura 6. Variação da composição e número de espécies de fitoplâncton em cada data de coleta. As siglas são representadas pela primeira letra do gênero e as duas primeiras letras do nome de cada espécie.

No zooplâncton, a predominância foi de copépodas calanóidas, com maior quantidade

de espécies na data de coleta 24/07/2013. Já na última data de coleta, nauplius de cirripédia

foram os mais abundantes, período com menor riqueza de espécies. (Figura 7).

Figura 7. Variação da composição e número de espécies de zooplâncton em cada data de coleta. As siglas são representadas pela primeira letra do gênero e as duas primeiras letras do nome de cada espécie.

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Os índices de riqueza apontam para uma maior abundância numérica de espécies nas

datas de 01/07 e 24/07/2013, com destaque para o zooplâncton. Uma redução ocorreu na

última data de coleta, também observada no interior dos tanques-rede (Figura 8).

Figura 8. Variação temporal dos índices de riqueza (médios) do fito e do zooplâncton para a Enseada da Armação do Itapocoroy.

Considerando os índices de diversidade, pode-se observar uma maior variedade de

espécies no início do experimento e estável até a data de 24/07. Na última data de coleta

observou-se uma queda, também refletida no interior dos tanques, que parecem não se

diferenciar muito do ambiente de entorno (Fig. 9).

Figura 9. Variação temporal dos índices de diversidade (médios) do fito e do zooplâncton para a Enseada da Armação do Itapocoroy.

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Os índices de equitabilidade, tanto do fito como do zooplâncton, se mostraram

constantes ao longo do período amostral (Figura 10), sugerindo um padrão estável de

distribuição de indivíduos entre as espécies.

Figura 10. Variação temporal dos índices de equitabilidade (médios) do fito e do zooplâncton para a Enseada

da Armação do Itapocoroy.

Conteúdo estomacal

Volume

O volume dos estômagos apresentou variação entre tratamentos e idade dos indivíduos.

Os menores volumes foram encontrados 20 dias após o início do experimento, e os maiores

após 30 e 40 dias. Volumes superiores a 20 µL foram considerados como repletos. De forma

geral o tratamento controle teve a tendência de apresentar os maiores volumes (Figura 11).

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Figura 11. Box-plots (máximos, mínimos e mediana) do volume total médio do conteúdo estomacal, analisados por tratamento e datas de coleta.

Táxons ocorrentes Foram encontrados 43 táxons, sendo 34 de fitoplâncton (Tabelas 11) e 9 de

zooplâncton (Tabela 12), nos conteúdos estomacais analisados. Com maior frequência e

abundância para os gêneros Coscinodiscus, Thalassiosira, Licmophora, Prorocentrum e

Dinophysis no fitoplâncton. No zooplâncton a predominância foi de copepodas

Harpacticoidas (Euterpina e Microsetella) e Poecilostomatoidas (Oncaea e Corycaeus).

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Tabela 11. Grupos e espécies de fitoplâncton ocorrentes no item alimentar de Sardinella

brasiliensis. Divisão: Chrysophyta

Classe: Bacillariophyceae Cêntricas (Centricae) Fam. Coscinodiscaeae

Coscinodiscus sp

Thalassiosira sp1

Thalassiosira sp2

Fam. Stephanodiscaceae Cyclotella sp

Fam. Melosiraceae Melosira sp

Fam. Chaetoceraceae Chaetoceros sp

Ditylum sp

Bacteriastrum sp

Penadas (Pennatae) Fam. Achnanthineae Achnanthes longipes

Fam. Hemidiscaceae Hemidiscus sp

Fam. Fragilariaceae Synedra sp

Fam. Naviculaceae Navicula sp

Pleurosigma sp

Gyrosigma sp

Fam. Rhizosoleniaceae Dactyliosolen sp

Fam. Rhizosoleniaceae Rhizosolenia sp

Fam. Bacillariaceae Cylindrotheca sp

Nitzchia sp

Pseudo-nitzchia sp

Fam. Licmophoraceae Licmophora abbreviata

Licmophora flabellata

Divisão: Pyrrhophyta (Dinoflagellata) Classe: Desmophyceae Fam. Prorocentraceae Prorocentrum gracile

Prorocentrum micans

Prorocentrum obtususm

Fam. Dinophysidaceae Dinophysis acuta

Dinophysis caudata

Dinophysis tripos

Classe: Dinophyceae Fam. Peridiniaceae

Scrippsiella trochoidea

Protoperidinium sp

Protoperidinium bipes

Fam. Ceratiaceae Ceratium furca

Classe: Chrysophyceae (Silicoflagelados) Fam. Dictyochaceae

Dictyocha sp

Classe: Chlorophyceae Fam. Scenedesmaceae

Desmodesmus sp

Filo Ciliophora Fam. Tintinnidae

Eutintinnus sp

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Tabela 12. Grupos e espécies de zooplâncton ocorrentes no item alimentar de Sardinella brasiliensis.

Ordem Copepoda Corycaeus sp.

Temora turbinata

Fam. Oncaeidae Oncaea sp

Subordem Harpacticoida Fam. Ectinosomatidae Microsetella norvergica

Fam. Tachydiidae Euterpina sp

Classe Bivalvia Larva veliger

Classe Gastropoda Larva veliger

Equinodermo Pluteus

Decapoda Zoea

Índice de importância relativa

Os índices de importância relativa (IRI) foram calculados para cada data de coleta, tipo

de tratamento e considerando fito e zooplâncton separadamente. Através destes cálculos, os

grupos ou espécies de presas que apresentaram importância relativa acima de 1% foram

utilizados para a confecção dos diagramas IRI (Figuras. 12 a 27) que ilustram em uma escala

tridimensional a composição em volume, número e frequência de ocorrência das presas

encontradas no conteúdo estomacal das sardinhas.

Independente do tratamento e da idade dos juvenis de Sardinha, a espécie

Coscinodiscus sp (> 100 µm) foi o item de maior importância na dieta, devido ao volume e

número observados. As demais espécies do fitoplâncton, apesar de apresentarem números

expressivos, não demonstraram importância significativa pelo baixo volume. O zooplâncton

praticamente ficou em segundo plano em importância e limitado a baixa frequência de

ocorrência de Copépodas. Os conteúdos estomacais mostraram, para os grandes grupos de

itens alimentares, porcentagens volumétricas similares em ambos os tratamentos, sendo que o

fitoplâncton representou as maiores porcentagens (> 70%) na maior parte dos estômagos

analisados e seguido pelos copépodas com aproximadamente 20%. Outros grupos ocorreram

ocasionalmente, sendo representados por Tintinídeos e larvas de moluscos e crustáceos. Não

foi possível identificar parte do volume dos conteúdos estomacais devido ao avançado

processo de digestão dos organismos, sendo que estes possivelmente pertenciam aos grupos

descritos (Tabelas 11 e 12) e ao fouling coletado das redes pelos peixes.

No ínicio do experimento (01/07) no tratamento com ração, apenas uma espécie de

copépoda foi encontrada, influenciando nos resultados que apresentaram porcentagem

numérica e volumétrica de 100% (Figura 15).

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Figura 12. Diagrama IRI, evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequencia de ocorrência (%FO).

Figura 13. Diagrama IRI, evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Figura 14. Diagrama IRI, evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

Figura 15. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Figura 16. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

Figura 17. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Figura 18. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

Figura 19. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 11/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Figura 20. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

Figura 21. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Figura 22. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

Figura 23. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 24/07/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Figura 24. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

Figura 25. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques controle. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Figura 26. Diagrama IRI evidenciando as categorias de fitoplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

Figura 27. Diagrama IRI evidenciando as categorias de zooplâncton mais importantes no conteúdo estomacal de S. brasiliensis coletados em 01/08/2013 dos tanques com ração. Sendo a porcentagem volumétrica (%V), a porcentagem numérica (%N) e a frequência de ocorrência (%FO).

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Seletividade alimentar

O índice de seletividade foi calculado através da proporção entre os itens alimentares

encontrados no conteúdo estomacal e os itens disponíveis no ambiente, estimados

separadamente para fito e zooplâncton e para os dois tratamentos (com ração e controle)

independentemente. Para o cálculo deste índice com as presas capturadas no fitoplâncton,

foram utilizados grupos, sendo eles Ciliados, Dinoflagelados, Diatomáceas penadas,

Diatomáceas cêntricas e a espécie Coscinodiscus sp, que não foi agrupada devido a sua alta

importância relativa. Para o zooplâncton, os grupos utilizados foram Copepodas, Larvas de

decápodas, larvas de moluscos e Cypris de cirripédia. Foi considerado a linha de corte de 0,2

(limite para rejeição) para o fitoplâncton e 0,25 para o zooplâncton, estipulada de acordo com

o número de itens alimentares disponíveis no ambiente, neste caso foi considerado o número

de grupos.

A seletividade foi semelhante em ambos os tratamentos, sendo positiva para

Coscinodiscus sp, em ambos os tratamentos e em todas as datas e para dinoflagelados, em

ambos os tratamentos, porém somente na última data de coleta (01/08/2013), considerando a

análise do fitoplâncton (Figuras 28 e 30).

No zooplâncton, os grupos selecionados foram larvas de moluscos no tratamento

controle, para o início do experimento (01/07/2013) e cypris de cirripédia no tratamento com

ração, somente no final do experimento (01/08/2013). O grupo dos copépodas apresentou

seletividade positiva no tratamento controle para as três primeiras datas de coleta e no

tratamento com ração nas três últimas datas (Figuras 29 e 31).

Foram considerados rejeitados os grupos com índice abaixo de 0,20 para fitoplâncton

e abaixo de 0,25 para zooplâncton. Os grupos rejeitados foram os ciliados, diatomáceas

penadas, diatomáceas cêntricas, larvas de decápoda e cirripédia.

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Figura 28. Índice de seletividade alimentar de S. brasiliensis no tratamento controle, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa.

Figura 29. Índice de seletividade alimentar de S. brasiliensis no tratamento controle, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa.

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Figura 30. Índice de seletividade alimentar de S. brasiliensis no tratamento com ração, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa.

Figura 31. Índice de seletividade alimentar calculado para S. brasiliensis nos tanques com ração, considerando as espécies com maiores índices de importância relativa.

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5. DISCUSSÃO

Devido ao período amostral as características oceanográficas da enseada foram

tipicamente de inverno, com baixas temperaturas e forte influência dos aportes continentais

caracterizado pela Água Costeira de baixa salinidade (< 34) (Schettini et al., 1999). Estas

condições também são justificadas pelos fortes ventos e maior precipitação no período, estes

fatores apresentam forte influência sobre a comunidade planctônica da área de estudo. A baixa

variação do pH se deve ao mecanismo tampão associado a água do mar, característico do

sistema oceânico (Rossi-Wongtschowski. & Madureira, 2006). A transparência da água

apresentou valores propícios ao desenvolvimento da comunidade planctônica, pois permite

maior incidência de luz, e por consequência o processo fotossintético. A ação das ondas é o

determinante físico desta variável, uma vez que transparência tem forte correlação com os

ventos perpendiculares à costa, com sentido para leste, neste ambiente (Resgalla & Schettini,

2006). Valores similares foram apresentados por Pedrosa (2011), que analisou dados de 12

anos na mesma área de estudo, com transparência média de 2,7±1,1 metros.

De forma geral o comportamento do fito e do zooplâncton são similares na enseada,

com baixos valores de densidade no inverno e picos de densidade na primavera (Rorig et al.,

1998 e Resgalla Jr. & Veado, 2006). Entretanto, existem alterações na composição de espécies

que estão associadas a complexas interações ecológicas. Cubas (2014), analisou a

concentração de clorofila-a no mesmo local e mesmo período. Assim, a baixa abundância de

fitoplâncton no início do experimento (01 e 11/07/2013) pode ser justificada pelos menores

níveis de clorofila-a neste período. Esta tendência também ocorre no final do período, com

níveis mais altos de clorofila-a, e por consequência, maior abundância de fitoplâncton.

As quedas da riqueza e da diversidade de espécies no fitoplâncton podem ser

justificadas pelo florescimento do ciliado Myrionecta rubrum na data 11/07, da diatomácea

Thalassiosira sp e dinoflagelados dos gêneros Prorocentrum e Dinophysis, abundantes na

última data de coleta (01/08/2013). Considerando que algumas espécies de Dinophysis são

heterotróficas, requerem outras algas para o seu desenvolvimento, Park et al. (2006),

afirmaram que os plastídeos de Myrionecta rubrum são roubados. Este comportamento pode

explicar a redução da abundância deste ciliado e o aumento dos dinoflagelados Dinophysis

durante o curto período do experimento. Rorig et al (1998) e Mioto & Tamanaha (2012)

também afirmam que as maiores densidades destes organismos são observadas no inverno e

primavera para a área de estudo, apresentando relação com águas mais frias e transparentes.

A presença da diatomácea Coscinodiscus sp também é justificada por seu comportamento

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típico, onde sua ocorrência se dá nas estações de outono e inverno. As densidades mais altas

em meio ao cultivo podem ser justificadas pelo aporte adicional de matéria orgânica produzida

pelos moluscos, podendo alterar a distribuição do plâncton, já a abundância nos pontos mais

externos da enseada pode ser atribuída à influência do rio Itajaí-açu.

O acompanhamento do zooplâncton nas quedas de riqueza e diversidade no mesmo

período de quedas do fitoplâncton demonstra uma relação presa-predador. As espécies

observadas como dominantes, Acartia lilljeborgi, Paracalanus quasimodo, Temora turbinata

e nauplius de cirripédia foram descritas como de ocorrência continua nesta área de estudo por

Resgalla Jr. & Veado (2006). A colmatação das redes parece não ter influenciado a densidade

e a diversidade do plâncton dentro dos tanques.

Crescimento dos peixes

Os recursos alimentares e as condições ambientais são fatores essenciais para qualquer

espécie. A salinidade e a temperatura influenciam nas taxas fisiológicas de alimentação,

eficiência em conversão de alimento e crescimento específico, entre outras, para diversos

organismos marinhos (Boeuf & Payan, 2001). Em função disto, conhecer os intervalos ideais

em que a S. brasiliensis melhor se adapta é de importância fundamental no sucesso de seu

cultivo.

Nos dias de coleta, as sardinhas não recebiam ração, esta situação pode explicar a

tendência por volumes dos conteúdos estomacais maiores no tratamento controle, pois os

peixes buscavam alimento constantemente. Os peixes que recebiam ração não apresentavam

esta tendência, revelando uma possível adaptação ao recebimento de alimento periodicamente.

As amostras analisadas neste trabalho pertencem a mesma população estudada por

Dick (2014), onde foi demonstrado que juvenis de Sardinella brasiliensis são capazes de se

adaptar ao ambiente de tanques-rede. O crescimento das sardinhas apresentou diferenças

significativas, considerando os tratamentos aplicados. O autor afirma que após 40 dias de

manutenção e cultivo, os tratamentos com ração apresentaram sobrevivência de 81%, que foi

significativamente diferente em relação ao tratamento controle com 55,2%. Em termos de

crescimento o controle apresentou um crescimento 53% menor e ganho de peso 68% menor

que o tratamento com ração. A análise por período demonstrou que as diferenças no

comprimento total e no peso dos peixes foi significativa a partir do 10° dia de experimento e

se manteve ao longo dos 40 dias.

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Seletividade alimentar

A seletividade alimentar é um comportamento que determina a escolha do alimento

mais apropriado às necessidades do peixe. Para obter informações corretas de seletividade é

necessário fazer observações diretas ou experimentais, disponibilizando duas ou mais presas

em iguais condições de serem escolhidas ou obter informações sobre a dieta na natureza por

longos períodos. A presença de determinado tipo de alimento nos estômagos não significa que

se trata do alimento preferido, pois pode ter sido ingerido somente por estar disponível,

enquanto o alimento preferido estiver ausente, pouco freqüente ou difícil de capturar (Zavalla-

Camim,1996).

Os resultados apresentados demonstram forte evidência de que juvenis de sardinha-

verdadeira apresentam maior preferência por fitoplâncton do que por zooplâncton. Este

comportamento foi observado em ambos os tratamentos, ou seja, mesmo com o fornecimento

de ração, os peixes se alimentaram do plâncton natural. O gênero de diatomáceas

Coscinodiscus, de tamanho superior a 100 µm, foi o item de maior importância relativa em

todo o período analisado. Os itens alimentares coincidiram com os organismos encontrados

nas amostras do ambiente, com predominância de diatomáceas nas duas primeiras coletas e

maior incidência de dinoflagelados nas duas últimas. Resultados semelhantes foram

encontrados em estudos com juvenis de sardinha europeia (Sardina pilchardus) obtidos por

Costalago & Palomera (2014). Estes autores descreveram que as presas mais abundantes no

conteúdo estomacal destes peixes foram diatomáceas, representando 66% do volume, durante

o inverno.

Porém, apesar da preferência por fitoplâncton, representantes do zooplâncton também

foram encontrados, e apesar do agrupamento de espécies para o cálculo do índice de

Paloheimo, Oncaea foi o gênero com maior frequência de ocorrência. A preferência pelo

gênero Oncaea também foi relatada para a anchova japonesa por Tanaka et al. (2006) que

relatam a abundância de fitoplâncton no ambiente interfere diretamente na dieta destes peixes.

A importância do fitoplâncton para pequenos peixes também foi descrita por Schwingel

(1997), para Engraulis anchoita, que observou maiores índices de seletividade para o

copépoda calanoida Temora stylifera, mas afirma que o gênero Oncaea também era

comumente encontrado nos conteúdos estomacais. A preferência por este gênero pode ser

explicada pelo seu tamanho, pois peixes juvenis ainda não possuem os rastros branquiais bem

definidos (Costalago & Palomera, 2014) e consomem presas menores.

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Esta ontogenia trófica tem sido destacada por outros autores e para outras espécies de

peixes pelágicos como um fator de variação alimentar. Fuster de Plaza (1964) estudou

Engraulis anchoita e concluiu que os juvenis preferem diatomáceas e os adultos zooplâncton.

June & Carlson (1971), afirmam que larvas de Brevoortia tyranus utilizam o zooplâncton

como item alimentar e, a partir de pré-juvenis, alimentam-se de fitoplâncton. Também há

diferenças na mesma área em períodos diferentes, conforme observado em Engraulis anchoita

por Angelescu (1982) e em Engraulis capensis por James (1987). Ambas espécies filtram

fitoplâncton durante o dia, quando estão concentradas a meia água ou perto do fundo e

selecionam zooplâncton ao amanhecer ou entardecer, quando estão dispersos e perto da

superfície. Entretanto, para o presente estudo, não foi observada alteração nos hábitos

alimentares da Sardinha, possivelmente em função do curto prazo de tempo experimental (40

dias).

O fitoplâncton foi a principal base energética utilizada pelos juvenis de sardinha, sendo

fundamental nesta fase inicial de desenvolvimento, facilitando a manutenção dos organismos

nos tanques devido as altas densidades do grupo no ambiente. De qualquer forma, a

sazonalidade do ambiente pode ter influenciado nos resultados obtidos, pois foi o período de

menor disponibilidade de zooplâncton para os juvenis de Sardinha. Isto pode ser sugerido para

as datas de coleta de 11 e 24/07, períodos de maior densidade do zooplâncton no meio e maior

percentual em volume (Figs. 19 e 21) nos estômagos.

Diversos fatores interferem na dieta alimentar dos peixes e na existência ou não de

seletividade alimentar, tais como a disponibilidade e o tamanho das presas, a facilidade de

captura (incluindo a visibilidade e a habilidade de escape das presas), a qualidade nutricional

e o benefício energético, bem como a ontogenia do peixe (Roche & Rocha, 2005). Apesar da

suplementação de ração em um dos tratamentos, o índice de importância relativa dos itens

capturadas foi semelhante, apresentando o mesmo comportamento em ambos os tratamentos.

No ambiente natural os peixes conseguem balancear suas dietas escolhendo, entre

diversos itens alimentares disponíveis, os que melhor suprem suas exigências nutricionais e

preferências alimentares. Os itens alimentares com carapaças duras ou com espinhos, não são

palatáveis, sendo pouco consumidos pelos alevinos e juvenis de peixes (Zavala-Camin, 1996).

Zavala-Camin (1996) também já havia destacado que S. brasiliensis é considerada uma

espécie oportunista. Este autor descreve que a seleção de presas ocorre de acordo com a

disponibilidade das mesmas no ambiente, onde tamanho e forma são fatores que influenciam

diretamente na escolha. Portanto, especializar-se quanto ao hábito alimentar pode ser uma

estratégia arriscada à sobrevivência de determinadas espécies, pois a disponibilidade de presas

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no sistema pelágico é muito variável. Em relação à biomassa, o tamanho do alimento se torna

um fator importante para a obtenção mais eficiente dos recursos energéticos necessários à

sobrevivência e ao crescimento do predador. Por isso, para os predadores visuais, é mais

vantajoso capturar um ou poucos itens grandes do que muitos pequenos (Zavala-Camin,

1996). Estas considerações foram claramente observadas através da rejeição de organismos

ciliados, muito abundantes no ambiente na data 11/07, porém ausentes no conteúdo estomacal.

Além disso, a captura esporádica de zooplâncton, que apresentou uma alta importância

volumétrica, porém baixa disponibilidade no ambiente, evidencia este comportamento de

seleção de recursos mais energéticos em menores quantidades.

Para a análise dos itens predados pelos peixes, vários fatores tem interferência, tais

como momento da coleta, do ciclo e ritmos alimentares e se a digestão já foi iniciada. Para

análise, deve-se considerar que boa parte do material foi encontrado em estado amorfo, devido

a diferentes graus de digestibilidade dos tipos de alimento.

É importante ressaltar que a detecção e habilidade de captura do peixe de uma dada

presa no ambiente natural depende da agilidade e comportamento de fuga dessa presa,

diferindo de condições experimentais em que os organismos ficam mais expostos aos

predadores. Peixes planctívoros utilizam comportamentos distintos para predar o plâncton: os

filtradores que podem rondar os itens alimentares com a boca aberta enquanto nadam

rapidamente; os que alimentam-se através da sucção rítmica para capturar alimento enquanto

nadam vagarosamente, e os que atacam o plâncton específico selecionado visualmente na

coluna d’água e (Rosen & Hales, 1981; Janssen, 1976).

Varela et al. (1990) e Bode et al. (2003), encontraram correspondências entre o

plâncton no ambiente e nos estômagos, sugerindo que sardinhas sejam essencialmente

filtradores não seletivos e que sua dieta reflete a composição do plâncton no ambiente.

Entretanto, vestígios de fibras de monofilamento, encontrados nos conteúdos estomacais,

associada a presença de organismos tipicamente bentônicos (Copepoda Harpacticoida e

diatomáceas penadas dos gêneros Gyrosigma e Navicula), além de algas que apresentam

hábitos ligados a substratos, como Licmophora e Synedra, sinalizam um possível

comportamento de busca por alimento através de “pastagem” no fouling nas redes dos tanques,

que podem oferecer importante fonte de matéria e energia para os peixes cultivados no

ambiente natural.

Baseado nas diferenças de detecção visual entre planctívoros facultativos e

obrigatórios Janssen (1982) enfatizou que ao avistar as presas, os planctívoros facultativos

fazem uma escolha entre a mais compensadora energeticamente que otimize o gasto de energia

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na captura, ou a de maior tamanho. Segundo Lazzaro (1987), numerosos estudos enfatizaram

os componentes capazes de alterar os modelos de seletividade de tamanho para planctívoros

visuais na comunidade zooplanctônica, os principais são a limitação da abertura da boca para

larvas e espécies pequenas, a visibilidade da presa; a dependência da luz e turbidez; os

movimentos da presa e fuga; respostas adaptativas da presa (migração vertical); o

desenvolvimento de carapaça; redução da pigmentação; densidade das presas; e a experiência

do predador.

Outro fator que pode ter influenciado na alimentação é a estação na qual o experimento

foi realizado, pois os peixes geralmente têm intervalos de temperatura onde o crescimento e

sobrevivência são ótimos, podendo variar com a idade e tamanho. De forma geral os juvenis

preferem temperaturas mais quentes do que os adultos, interferindo também nas taxas de

alimentação (Imsland et al,1996). Desta forma, temperaturas mais altas poderiam ocasionar

resultados diferentes somadas as variáveis ambientais e a composição do plâncton, que

também apresentam variações sazonais.

A flexibilidade da espécie em se adaptar aos itens disponíveis no meio confere ao

organismo vantagens para a sua manutenção nas condições propostas. De qualquer forma o

confinamento da Sardinha em tanques pode influenciar na sua dieta e dificultar comparações

com estudos de espécies de peixes forrageiras realizados no ambiente natural.

A alimentação natural é suficiente para a manutenção de sardinhas em tanques-rede,

entretanto é essencial a suplementação da dieta para um crescimento mais rápido e melhor

sobrevivência, pois somente a alimentação natural não supre as necessidades de um cultivo

com fins comerciais, devido as menores taxas de crescimento e maiores taxas de mortalidade

observadas por Dick (2014), em comparação com o desenvolvimento de sardinhas que

receberam ração. A disponibilidade do plâncton natural permite uma complementação da

alimentação artificial, pois sua composição conta com a presença dos ácidos graxos essenciais

para os peixes.

Para trabalhos futuros, sugere-se uma análise por um período de tempo maior, para

uma comparação mais aprofundada entre a variação sazonal da composição do plâncton nas

demais estações do ano e os itens predados pelas sardinhas, além da variação da dieta de

acordo com suas fases de desenvolvimento. Também é importante a análise dos rastros

branquiais e seu desenvolvimento de acordo com o crescimento das sardinhas. E por fim, a

repleção dos estômagos em diferentes períodos do dia (pré e pós arraçoamento), para uma

estimativa dos horários de alimentação sobre o plâncton e tempo de digestão.

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6. CONCLUSÕES

- Juvenis de Sardinella brasiliensis apresentaram variação na dieta de acordo com os

organismos disponíveis no ambiente e seletividade alimentar com preferência (seletividade

positiva) pelas diatomáceas maiores que 100 µm (Coscinodiscus sp) e por copépodas, pois

apresentou baixa abundância no ambiente e maior abundância no conteúdo estomacal. Este

comportamento pode ser justificado pelo hábito alternativo de alimentação por captura de

partículas (plâncton visível).

- Considerando a alimentação por filtração, a disponibilidade do item alimentar no

meio determina a composição da dieta, exceto para organismos não palatáveis que são

rejeitados, indicando flexibilidade alimentar da Sardinha.

- Sugere-se que o fouling presente nas redes dos tanques tenha influência na

alimentação de Sardinhas em cativeiro no ambiente natural, pois a presença de organismos

tipicamente bentônicos na dieta pode sinalizar um possível comportamento de busca por alimento

tornando-se fonte de energia para os peixes cultivados em ambiente natural.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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53

8. APÊNDICES

Índice de Importância Relativa (IRI) - Zooplâncton

01/07/2013 - Tratamento Controle 11/07/2013 - Tratamento Controle

FO %

Número %

Volume IRI % IRI FO

% Número

% Volume IRI

% IRI

Calanoida 15,38 15 8,36 359,46 11,38 - - - - - Copepoda não ident. 23,08 10 9,48 449,54 14,23 62,50 53,49 88,38 8866,5 84,54 Corycaeus sp 7,69 10 1,90 91,57 2,90 - - - - - Euterpina sp - - - - - 31,25 23,26 3,64 840,39 8,01 Harpacticoida 30,77 12,5 1,46 429,61 13,60 - - - - - Microsetela sp 7,69 10 0,32 79,35 2,51 25 23,26 7,99 781,10 7,45 Oncea sp 30,77 12,5 8,21 637,29 20,18 - - - - - Veliger bivalve 15,38 10 3,84 212,85 6,74 - - - - - Veliger gastropoda 7,69 10 45,98 430,60 13,63 - - - - - Zoea 15,38 10 20,45 468,42 14,83 - - - - -

24/07/2013 - Tratamento Controle 01/08/2013 - Tratamento Controle

FO %

Número %

Volume IRI % IRI FO

% Número

% Volume IRI

% IRI

Copepoda não ident. 12,5 10,71 1,30 150,19 2,65 16,67 35,29 34,41 1161,8 21,11 Corycaeus sp 25 13,39 1,96 383,81 6,77 - - - - - Harpacticoida 50 10,71 0,48 559,80 9,87 - - - - - Oncea sp 50,00 24,11 6,09 1509,6 26,61 33,33 64,71 65,59 4343 78,89 Temora turbinata 37,5 14,29 42,85 2142,7 37,77 - - - - - Veliger gastropoda 12,5 26,79 47,32 926,31 16,33 - - - - -

01/07/2013 - Tratamento com Ração 11/07/2013 - Tratamento com Ração

FO %

Número %

Volume IRI %

IRI FO %

Número %

Volume IRI %

IRI

Copepoda não ident. - - - - - 33,33 36,36 77,55 3797,0 72,57 Corycaeus sp 6,67 100 100 1333,3 100 - - - - - Euterpina sp - - - - - 16,67 36,36 7,34 728,39 13,92 Oncea sp - - - - - 16,67 27,27 15,11 706,45 13,50

24/07/2013 - Tratamento com Ração 01/08/2013 - Tratamento com Ração

FO %

Número %

Volume IRI %

IRI FO %

Número %

Volume IRI %

IRI

Cypris cirripedia - - - - - 11,11 25,93 12,60 428,11 6,74 Copepoda não ident. 68,42 20,41 44,55 4445,2 31,77 38,89 48,15 81,46 5040,5 79,33 Corycaeus sp 21,05 6,98 2,83 206,52 1,48 - - - - - Euterpina sp 63,16 24,44 9,32 2132,5 15,24 27,78 25,93 5,93 884,92 13,93 Harpacticoida 63,16 19,79 3,69 1482,8 10,60 - - - - - Oncea sp 84,21 28,37 39,61 5724,7 40,92 - - - - -

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54

Índice de Importância Relativa (IRI) - Fitoplâncton 01/07/2013 - Controle 11/07/2013 - Controle

FO %

Número %

Volume IRI %

IRI FO %

Número %

Volume IRI % IRI

Achnanthes longipes 15,38 0,28 0,00004 4,26 0,02 18,8 0,39 0,0001 7,25 0,04 Eutintinnum sp - - - - - 43,8 1,55 0,27 79,49 0,46 Ceratyum furca 7,69 0,28 0,002 2,14 0,01 18,8 0,39 0,01 7,39 0,04 Cêntricas Não Ident. 53,85 0,55 0,0006 29,86 0,17 62,5 1,66 - 104,07 0,60 Chaetoceros sp - - - - - 18,8 1,03 - 19,33 0,11 Cylindrotheca sp 30,77 0,28 2,7E-05 8,52 0,05 - - - - - Coscinodiscus sp >100µm 92,31 27,83 99,25 11730,4 66,62 100 20,15 98,72 11887,6 68,69 Coscinodiscus sp <100µm 76,92 23,07 0,18 1788,29 10,16 100 20,49 0,26 2074,95 11,99 Dactyliosolen sp 46,15 2,31 0,13 112,50 0,64 50 0,63 0,05 33,83 0,20 Dictyocha sp 15,38 0,28 - 4,29 0,02 - - - - - Dinophysis acuminata - - - - - 56,3 0,43 0,02 25,01 0,14

Diploneis sp 15,38 - 3,3E-07 5,0E-06 3E-08 6,25 - 2,3E-07 1E-06

8E-09

Ditylum sp - - - - - 25 0,39 0,02 10,15 0,06 Gyrosigma sp 7,69 0,28 0,0008 2,14 0,01 - - - - - Hemidiscus sp 7,69 0,28 - 2,13 0,01 - - - - - Licmophora abbreviata 92,31 14,42 0,08 1339,14 7,60 87,5 2,04 0,01 180,03 1,04 Licmophora flabellata 92,31 11,82 0,27 1115,80 6,34 100 8,89 0,28 917,20 5,30 Melosira sp - - - - - 6,25 5,03 0,002 31,42 0,18 Navicula sp 92,31 12,42 0,08 1153,74 6,55 25 0,48 - 12,11 0,07 Pleurosigma sp 7,69 0,28 0,001 2,14 0,01 31,3 0,39 0,01 12,38 0,07 Pseudonitzchia sp - - - - - 18,8 11,98 - 224,71 1,30 Prorocentrum gracile 15,38 0,28 0,001 4,27 0,02 37,5 0,45 - 17,04 0,10 Prorocentrum micans - - - - - 50 1,35 0,01 68,31 0,39 Prorocentrum obtusum 30,77 0,28 0,001 8,56 0,05 81,3 12,52 0,20 1033,35 5,97 Protoperidium sp - - - - - 56,3 1,12 0,06 66,46 0,38 Rhizosolenia sp - - - - - 18,8 0,90 0,05 17,89 0,10 Scrippsiella trochoidea 15,38 0,28 5,3E-05 4,26 0,02 37,5 0,52 - 19,34 0,11 Synedra sp 92,31 2,63 0,0006 242,92 1,38 25 0,39 - 9,67 0,06 Thalassiosira sp1 7,69 1,38 0,0002 10,65 0,06 68,8 5,90 0,01 406,65 2,35 Thalassiosira sp2 53,85 0,79 0,0009 42,66 0,24 43,8 0,94 - 41,12 0,24

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Índice de Importância Relativa (IRI) - Fitoplâncton 24/07/2013 - Controle 01/08/2013 - Controle

FO %

Número %

Volume IRI % IRI FO

% Número

% Volume IRI

% IRI

Achnanthes longipes - - - - - 22,22 0,13 0,0003 2,79 0,01 Eutintinnum sp 87,5 4,56 1,87 562,87 3,04 11,11 0,13 0,05 1,90 0,01 Cêntricas Não Ident. 68,75 3,20 0,007 220,41 1,19 - - - - - Coscinodiscus sp >100µm 93,75 17,88 96,36 10709 57,80 100 2,27 90,83 9309,8 47,81 Coscinodiscus sp <100µm 100 11,68 0,17 1185,2 6,40 100 0,31 0,03 33,76 0,17 Cyclotella sp 12,5 0,78 - 9,73 0,05 - - - - - Dactyliosolen sp 31,25 0,56 0,03 18,51 0,10 - - - - - Dictyocha sp - - - - - 11,11 0,13 0,007 1,47 0,008 Dinophysis acuminata - - - - - 100 1,58 0,81 238,54 1,23 Dinophysis caudata - - - - - 83,33 8,64 3,68 1027,2 5,28

Diploneis sp 31,25 - 2E-06 6,24E-

05 3E-07 5,56 -

5,5E-07

3,07E-06

2E-08

Ditylum sp - - - - - 38,89 1,16 0,74 74,14 0,381 Gyrosigma sp 25 0,31 0,005 7,90 0,04 27,78 0,13 0,01 3,87 0,02 Licmophora abbreviata 43,75 1,11 0,005 48,86 0,26 50,00 0,28 0,009 14,35 0,07 Licmophora flabellata 93,75 2,41 0,08 233,62 1,26 72,22 0,38 0,07 32,16 0,17 Navicula sp 37,50 0,78 0,003 29,31 0,16 33,33 0,21 0,005 7,12 0,04 Pleurosigma sp 25,000 0,311 0,007 7,967 0,043 - - - - - Prorocentrum sp 31,25 0,436 0,003 13,72 0,07 33,33 0,44 0,02 15,38 0,08 Prorocentrum gracile 31,25 0,311 0,002 9,80 0,05 11,11 0,13 0,002 1,41 0,007 Prorocentrum micans 93,75 7,308 0,157 699,86 3,78 50 0,68 0,05 36,78 0,19 Prorocentrum obtusum 100 42,024 0,963 4298,6 23,20 100 3,16 0,50 365,99 1,88 Protoperidinium bipes - - - - - 50 0,17 0,07 11,86 0,06 Protoperidium sp 100 2,647 0,320 296,71 1,60 100 1,72 1,45 317,66 1,63 Scrippsiella trochoidea - - - - - 100 2,97 0,04 300,67 1,54

Synedra sp - - - - - 16,67 0,13 5,6E-

05 2,09 0,01 Thalassiosira sp1 50 3,39 0,0052 169,60 0,92 100 73,66 1,57 7522,8 38,64 Thalassiosira sp2 25 0,31 0,0002 7,79 0,04 88,89 1,64 0,03 148,75 0,76

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Índice de Importância Relativa (IRI) - Fitoplâncton 01/07/2013 - Ração 11/07/2013 - Ração

FO %

Número %

Volume IRI %

IRI FO %

Número %

Volume IRI % IRI

Cêntricas Não Ident. 93,33 2,59 0,006 242,33 1,33 - - - - - Chaetoceros sp 13,33 3,94 0,002 52,58 0,29 - - - - - Coscinodiscus sp >100µm 100 21,60 98,88 12047,8 65,99 88,89 18,35 99,14 10443,1 64,65 Coscinodiscus sp <100µm 100 19,60 0,23 1983,50 10,87 88,89 56,16 0,79 5061,81 31,33 Dactyliosolen sp 40 1,97 0,28 90,19 0,49 - - - - - Desmodesma sp 6,67 3,15 0,00 21,02 0,12 - - - - - Dictyocha sp 13,33 0,79 0,05 11,13 0,06 - - - - - Dinophysis caudata - - - - - 22,22 1,71 0,03 38,76 0,24 Diploneis sp 20,00 - - - - - - - - - Gyrosigma sp 6,67 0,79 0,04 5,50 0,03 5,56 1,37 - 7,65 0,05 Hemidiscus sp 6,67 0,79 - 5,26 0,03 - - - - - Licmophora abbreviata 93,33 22,80 0,17 2144,09 11,74 - - - - - Licmophora flabellata 73,33 2,44 0,07 183,95 1,01 - - - - - Navicula sp 100 10,98 0,09 1107,70 6,07 - - - - - Pleurosigma sp 6,67 0,79 0,06 5,65 0,03 11,11 1,37 0,02 15,41 0,10 Prorocentrum gracile 13,33 0,79 0,014 10,70 0,059 16,67 1,37 0,01 22,96 0,14 Prorocentrum micans - - - - - 5,56 1,37 - 7,63 0,05 Prorocentrum obtusum 26,67 0,99 0,018 26,76 0,15 5,56 1,37 - 7,63 0,05 Protoperidium sp 20,00 0,79 0,08 17,28 0,09 - - - - - Thalassiosira sp1 33,33 1,42 0,003 47,41 0,26 33,33 14,18 0,02 473,03 2,93 Thalassiosira sp2 66,67 3,78 0,009 252,87 1,39 27,78 2,74 - 76,28 0,47

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Índice de Importância Relativa (IRI) - Fitoplâncton 24/07/2013 - Ração 01/08/2013 - Ração

FO %

Número %

Volume IRI % IRI FO

% Número

% Volume IRI

% IRI

Eutintinnum sp 52,63 1,18 0,17 70,96 0,36 - - - - - Ceratyum furca 15,79 0,24 0,003 3,76 0,02 - - - - - Centricas Não Ident. 84,21 1,30 0,002 109,27 0,56 27,78 0,18 0,001 5,12 0,03 Coscinodiscus sp >100µm 100 29,30 98,69 12798,8 65,74 100 2,14 92,10 9423,3 47,53 Coscinodiscus sp <100µm 100 19,58 0,17 1974,71 10,14 88,89 0,25 0,03 24,86 0,13 Cyclotella sp 10,52 0,24 - 2,48 0,01 - - - - - Dactyliosolen sp 26,31 0,28 0,008 7,65 0,04 - - - - - Dictyocha sp 15,78 0,24 - 3,74 0,02 - - - - - Dinophysis acuminata - - - - - 100 0,17 0,09 26,30 0,13 Dinophysis caudata 47,37 0,29 0,006 13,92 0,07 100 8,15 4,49 1263,9 6,38 Dinophysis tripos 26,32 0,24 0,003 6,27 0,03 - - - - -

Diploneis sp 15,79 0,24 2,00E-

07 3,72 0,02 27,78 0,10 2,4E-

06 2,83 0,01 Ditylum sp 31,58 0,24 0,01 7,76 0,04 77,78 0,20 0,27 36,30 0,18 Hemidiscus sp 5,26 0,24 - 1,240 0,006 - - - - - Licmophora abbreviata - - - - - 100 0,29 0,02 30,84 0,16 Licmophora flabellata 89,47 7,76 0,15 707,75 3,64 100 2,55 0,71 325,77 1,64 Navicula sp 21,05 0,41 0,0005 8,69 0,04 33,33 0,15 - 5,23 0,03 Pleurosigma sp 31,58 0,35 0,006 11,350 0,058 - - - - - Prorocentrum sp 47,37 0,86 0,01 41,17 0,21 - - - - - Prorocentrum gracile 42,11 0,44 - 18,70 0,10 27,78 0,10 0,005 2,96 0,01 Prorocentrum micans 100 4,69 0,06 474,93 2,44 11,11 0,20 0,004 2,31 0,01 Prorocentrum obtusum 100 20,78 0,28 2105,77 10,82 100 1,27 0,22 149,07 0,75 Protoperidinium bipes 42,11 0,29 0,01 12,77 0,07 22,22 0,13 0,03 3,40 0,02 Protoperidium sp 100 5,79 0,41 619,98 3,18 22,22 0,99 0,20 26,49 0,13 Scrippsiella trochoidea 52,63 0,38 0,0002 19,85 0,10 100 6,78 0,09 687,45 3,47 Synedra sp 15,79 0,31 0,00001 4,96 0,03 - - - - - Thalassiosira sp1 100 1,64 0,003 163,94 0,84 100 72,03 1,65 7368,2 37,17 Thalassiosira sp2 100 2,73 0,005 273,24 1,40 100 4,30 0,10 440,20 2,22

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Índice de Seletividade Alimentar

01/07 - Tratamento Controle 01/07 - Tratamento com ração Fitoplâncton Ri pi Ri/pi NFRI Ri pi Ri/pi NFRI

Diatomáceas cêntricas 3,28 8,180 0,401 0,005 16,4 8,180 2,005 0,032 Diatomáceas penadas 44,7 19,700 2,269 0,030 39,7 19,700 2,015 0,032 Coscinodiscus sp 50,9 0,703 72,367 0,964 41,2 0,703 58,576 0,934 Dinoflagelados 1,1 25,800 0,043 0,001 2,5 25,800 0,097 0,002 Ciliados - - - - - - - -

Zooplâncton

Cypris cirripédia - - - - - - - - Copépodas 63,63 53,9 1,181 0,141 100 53,9 1,855 1 Larvas moluscos 18,18 3,12 5,827 0,695 - 3,12 - - Larvas decapoda 9,09 6,63 1,371 0,164 - 6,63 - -

Fitoplâncton 11/07 - Tratamento Controle 11/07 - Tratamento com ração Diatomáceas cêntricas 14,5 6,650 2,180 0,092 16,9 6,650 2,541 0,069 Diatomáceas penadas 26,4 10,400 2,538 0,107 2,74 10,400 0,263 0,007 Coscinodiscus sp 40,6 2,214 18,341 0,774 74,5 2,214 33,655 0,918 Dinoflagelados 16,7 26,700 0,625 0,026 5,83 26,700 0,218 0,006 Ciliados - - - - - - - -

Zooplâncton

Cypris cirripédia - - - - - - - - Copépodas 100 66,2 1,511 1 100 66,2 1,511 1 Larvas moluscos - - - - - - - - Larvas decapoda - 0,71 - - - 0,71 - -

Fitoplâncton 24/07 - Tratamento Controle 24/07 - Tratamento com ração Diatomáceas cêntricas 7,67 23,6 0,325 0,013 6,3 23,6 0,267 0,007 Diatomáceas penadas 5,48 23,2 0,236 0,010 9,59 23,2 0,413 0,011 Coscinodiscus sp 29,5 1,296 22,765 0,934 48,8 1,296 37,659 0,965 Dinoflagelados 52,7 50,8 1,037 0,043 33,9 50,8 0,667 0,017 Ciliados - - - - - - - -

Zooplâncton

Cypris cirripédia - - - - - - - - Copépodas 73,2 81,6 0,897 1 100 81,6 1,225 1 Larvas moluscos 26,8 - - - - - - - Larvas decapoda - - - - - - - -

Fitoplâncton 01/08 - Tratamento Controle 01/08 - Tratamento com ração Diatomáceas cêntricas 75,4 71,3 1,058 0,107 76,5 71,3 1,073 0,115 Diatomáceas penadas 2,39 20,29 0,118 0,012 3,28 20,29 0,162 0,017 Coscinodiscus sp 2,57 0,414 6,213 0,628 2,39 0,414 5,778 0,620 Dinoflagelados 19,4 7,72 2,513 0,254 17,8 7,72 2,306 0,247 Ciliados - - - - - - - -

Zooplâncton

Cypris cirripédia - - - - 25,9 0,81 31,975 0,844 Copépodas 100 12,5 8 1 74,1 12,5 5,928 0,156 Larvas moluscos - - - - - - - - Larvas decapoda - - - - - 6,1 - -

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