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Centro Universitário Hermínio Ometto
UNIARARAS
MÁRIO CEZAR GUIMARÃES MUNHOZ
ALTERAÇÕES DA TIPOLOGIA FACIAL
DECORRENTES DA RESPIRAÇÃO
BUCAL
ARARAS/SP
JUNHO/2005
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Centro Universitário Hermínio Ometto
UNIARARAS
MÁRIO CEZAR GUIMARÃES MUNHOZ
ALTERAÇÕES DA TIPOLOGIA FACIAL
DECORRENTES DA RESPIRAÇÃO
BUCAL Dissertação apresentada ao
Centro Universitário Hermínio
Ometto – UNIARARAS, para
obtenção do Título de Mestre em
Odontologia, Área de
Concentração em Ortodontia.
Orientador: Prof. Dr. Mário
Vedovello Filho
e-mail: [email protected]
Co-Orientadora: Profª. Dra.
Heloísa Cristina Valdrighi
e-mail: [email protected]
ARARAS/SP
JUNHO/2005
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
3
DEDICATÓRIA
Dedico à minha família, à minha
esposa Heloisa, pelo apoio constante, amor e
carinho a mim dedicado.
Aos meus filhos Ana Carolina,
Eduardo, Thaís, Beatriz, Amanda, André e
Deborah. A eles, com toda gratidão e orgulho
por tê-los como razão da minha atual
existência.
Aos meus pais, Maria Cecília e
Professor Doutor Manoel Munhoz (in
memorian) por quem tenho muito orgulho,
muito devo e pelo grande apoio e exemplos
dados ao longo da nossa convivência.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Mário Vedovello Filhofilho por vosso esforço ao complexo
encargo de aperfeiçoar profissionais e pela orientação dessa dissertação.
À Professora Dra. Heloisa Cristina Valdrighi pelo estímulo e dedicação
empregados no decorrer deste trabalho e pela amizade durante a execução do
mestrado.
À Dona Duse Rügger Ometto, Presidente do Conselho Superior da Fundação
Hermínio Ometto, pela luta incessante em prol de um ideal, que certamente
tráz benefícios a comunidade acadêmica e sempre levantando templos à
virtude.
À Magnífica Reitora Professora Dra. Miriam de Magalhães Oliveira Levado,
magnífica reitora do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, pela
oportunidade concedida e pelo exemplo de dedicação.
Ao pró-reitor de pós-graduação Professor Dr. Marcelo Augusto Esquizatto
Marreto, pelo exemplo de ponderação e lealdade.
À Pró-Reitora do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS,
Professora Dra Rose Mary Coser, pelo empenho em nos esculpir para
transformar-nos em verdadeiras “pedras polidas”.
Ao Coordenador dos Cursos Pós-Graduação, da Faculdade de Odontologia de
Araras, Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS, Professor Dr.
Ricardo de Oliveira Bozzo, pela fidelidade junto a esta entidade.
5
Aos Professores do Departamento de Ortodontia do Centro Universitário
Hermínio Ometto - UNIARARAS, em especial à Professora Ùrsula A. W.
Vargas, por todo o estímulo, cooperação e aplicação em ensinar.
Ao companheiro, incentivador e amigo, Professor Gil Fonseca Barison, C.D. a
quem muito prezo e aprecio, e que sempre esteve “em pé e a ordem” na
revisão dos trabalhos, meus mais francos agradecimentos.
Aos meus colegas de mestrado por estes anos agradáveis de convívio, pela
fraternidade, lealdade e pelo apoio que recebi nos momentos de dúvidas e
dificuldades.
Aos funcionários do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro
Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS: Caumo, Inácio, Luís, Maria
Aparecida, Olimpio e Rosana, pela amabilidade e cautela sempre dispensadas.
Aos funcionários da Biblioteca do Centro Universitário Hermínio Ometto -
UNIARARAS, em especial à Senhora Maria Sílvia da Costa Mazetto,
Bibliotecária Responsável, pelo auxílio e atenção nas tarefas de levantamento
bibliográfico.
Ao GADU - Grupo de apoio aos Docentes e Universitários, pelo ajuda na
elaboração deste trabalho.
6
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer
um novo começo, qualquer um pode começar
agora e fazer um novo fim”.
Chico Xavier
“Ser mestre é o desejo de muitos,
porém, é o privilégio de poucos”.
Mário Munhoz
7
RESUMO
A respiração bucal tem sido assunto de grande interesse nos últimos
anos, pois, propicia perda de qualidade de vida e alterações esqueléticas
secundárias à disfunção nasal com comprometimento dos arcos dentários,
sendo considerada provável fator etiológico de algumas maloclusões. A
respiração bucal é, muitas vezes, resultado da obstrução provocada pelo
desvio do septo nasal, do edema da membrana mucosa nasal ou da hipertrofia
do tecido linfoideano na nasofaringe, bem como da inflamação prolongada da
mucosa nasal associada a alergias ou infecções crônicas. O tratamento da
respiração bucal é considerado difícil, pois, mesmo depois de removida a
causa, as estruturas ósseas e musculares já se encontram modificadas e o
problema pode persistir como um hábito residual. O objetivo deste trabalho é
apresentar a pesquisa sobre as alterações da tipologia facial decorrentes da
respiração bucal, apresentando uma revisão bibliográfica sobre os prováveis
fatores etiológicos e as alterações estruturais presentes na face.
Palavras Chaves: ortodontia / respiração bucal / desenvolvimento maxilofacial.
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ABSTRACT
The mouth breathing has been subject of great interest in the last years,
since it propitiates loss of quality of life and skeletal alterations secondary to the
nasal dysfunction with the involvement of the dental arcs, being considered
probable etiologic factor of some malocclusions. The mouth breathing is, many
times, result of the blockage due to shunting line of nasal septum, edema of the
nasal mucous membrane or hypertrophied of the lingual tonsil in the
nasopharynx, as well as, drawn out inflammation of the nasal mucous
associated with allergies or chronic infections. The treatment of the mouth
breathing is considered difficult because even after removed the cause, the
osseous and muscular structures have already been modified and the problem
can persist as a residual habit. The objective of this paper work is to research
about the alterations of the facial typology resulted from the mouth breathing,
presenting a bibliographical revision about the probable etiologies factors and
the structural alterations that are present at the face.
Keys-words: orthodontics / mouth breathing / maxilofacial development.
9
SUMÁRIO
Resumo................................................................................................................7
Abstract................................................................................................................8
1. Introdução......................................................................................................10
2. Objetivos........................................................................................................11
3. Revisão da Literatura.....................................................................................12
4. Discussão......................................................................................................42
5. Conclusões....................................................................................................45
Referências bibliográficas..................................................................................46
10
1. INTRODUÇÃO
A respiração bucal tem sido citada como sendo um dos fatores
etiológicos das alterações na perfeita harmonia facial. Uma vez que a função
respiratória determina a postura da língua e da mandíbula, parece lógico que
possa também influenciar na alteração do desenvolvimento mandibular, na
formação dos arcos dentários também na estrutura facial. (GRIMM; THOMAS,
1997; BUSHEY, 1965; RICKETTS, 1968; HARVOLD; VANGERVIK; CHIERICI
1973; KOSKI; LÄHDEMÄKI, 1975; PETRELLI, 1992).
A respiração nasal é primordial para que haja um correto crescimento e
desenvolvimento craniofacial. Pesquisas indicam que são comuns e complexos
os desvios do crescimento facial quando a respiração que ocorre pelo nariz não
está presente. (LINDER-ARONSON, 1979; SUBTELNY, 1980; AZEVEDO,
1984; SANTOS-PINTO, 1984; MOYERS, 1988; HUNGRIA, 1991; SANTOS,
1996; CASANOVA, 2000; CONTI; LEITE, 2003).
Trabalhos histológicos comprovam que a prevenção e o tratamento
precoce da respiração bucal são de fundamental importância, pois evitam
conseqüências que poderão prejudicar a harmonia facial (SERRA-NEGRA;
PORDEUS; ROCHA JÚNIOR 1997; KRUGER, 1984).
O intuito deste trabalho é relatar as alterações do complexo craniofacial
com a presença da respiração bucal. Esta mudança no desenvolvimento facial
poderá ocorrer nas diferentes etapas do processo de crescimento das
estruturas craniofaciais.
11
2. OBJETIVOS
1. Relacionar respiração bucal com padrão facial.
2. Analisar as alterações faciais dos indivíduos respiradores bucais.
12
3. REVISÃO DA LITERATURA
STRAUB (1944) realizou uma pesquisa cujo objetivo era observar em
um grupo de cento e quatro indivíduos, com rinite alérgica, possíveis alterações
bucofaciais associadas à disfunção respiratória. Neste trabalho, notou que
todos os indivíduos apresentavam arco maxilar atrésico, retração mandibular e
outras modificações morfológicas das estruturas que compõem a face.
EMSLIE; MASSLER; ZWEMER (1994) realizaram uma revisão da
literatura e observaram que a respiração bucal é um fator etiológico
desfavorável que afeta o desenvolvimento da face, da mandíbula e da maxila,
porém não de forma aceitável para mudar os fatores genéticos pré-
determinantes de cada indivíduo. Concluíram que as distorções derivadas do
hábito de respirador bucal outrora são contestáveis.
SHELTON; BOSMA (1962) observaram que existe um aumento da
dimensão faríngea, para a passagem de ar, como reação ao ato de se levar a
cabeça para uma posição mais estendida. Eles demonstraram em um estudo
experimental, que a postura da cabeça é dependente do padrão respiratório.
Para tanto, eles selecionaram trinta indivíduos e induziram-nos á respiração
bucal usando um tipo de grampo nasal para nadadores durante duas horas.
Depois do encaixe do grampo nasal, a ausência da respiração nasal foi
confirmada pela aplicação de um espelho frio sob as narinas obstruídas
durante a respiração forçada e o repouso. Outros trinta e um voluntários foram
submetidos à privação visual, com uma máscara de gaze e fita adesiva, para
verificar seu efeito na postura da cabeça durante noventa minutos. Dez
voluntários tiveram o grampo nasal e a máscara colocados conjuntamente
durante a fase experimental. Eles observaram que há uma extensão
progressiva da cabeça acompanhada geralmente por uma separação entre a
maxila e a mandíbula, alcançando um pico em aproximadamente noventa
minutos após a introdução do estímulo. Não se pode ao certo afirmar que esta
adaptação postural persistiria indefinidamente no evento da obstrução nasal se
prolongássemos as pesquisas por causa da limitação ética desta pesquisa.
13
BUSHEY (1965) destacou que uma das conseqüências da respiração
bucal consiste no aumento da altura facial anteroinferior, evidenciada pela
maior divergência do plano mandibular em relação ao plano palatino. Referiu-
se ainda à clássica teoria da compressão que atribui às crianças com tonsila
faríngea hipertrófica uma maior prevalência do arco superior em forma de “V”.
Essa característica de estreitamento do arco superior resultaria de um
desequilíbrio muscular, decorrente da posição inferior da língua e de uma
compressão excessiva da musculatura externa sobre o seguimento posterior
da maxila, associados a um desenvolvimento labial atrófico, conseqüente da
respiração bucal. Fez ainda alusão à teoria da atrofia por desuso.
RICKETTS (1968) demonstrou a importância das dimensões da
nasofaringe em relação à presença do tecido da tonsila faríngea. Se ela fosse
profunda, o palato mole estaria adequadamente inclinado; se fosse rasa, o
palato mole estaria precipitado, levando a um ângulo agudo em relação à
espinha nasal posterior. Nestas condições, particularmente nos indivíduos
longilíneos, a língua não ocuparia uma posição adequada, pois o palato mole
dirigir-se-ia mais para trás e para cima, vedando assim a nasofaringe. Para a
manutenção da passagem do ar, o palato mole poderia tender para baixo e a
língua, conseqüentemente, adquiriria uma postura mais anterior e mais baixa
na boca, como resultado de demandas funcionais do palato mole. Observou
ainda que o posicionamento mais anteriorizado da língua era freqüente nos
casos em que a nasofaringe estava obstruída pela tonsila palatina. A língua se
encontrava nesta postura devido às condições da nasofaringe. A erupção dos
dentes estaria relacionada com a ação muscular da língua por um lado e dos
lábios e bochechas por outro. Essas transformações decorrentes das
atividades da língua e de outros músculos durante a respiração bucal causam
alterações na harmonia facial.
HARVOLD; VANGERVIK; CHIERICI (1973) submeteram macacos
rhesus a obstrução nasal total e, como mecanismo autônomo de adaptação, os
pesquisadores aumentaram o fluxo respiratório bucal posicionando a língua
para frente, sobre a borda incisal dos incisivos inferiores. Com o tempo a língua
tornou-se mais longa e mais delgada, e uma mordida aberta anterior foi
14
desenvolvida. A rotação horária da mandíbula foi seguida por um deslocamento
da maxila. Os efeitos oclusais variaram entre os animais, alguns
desenvolveram maloclusão de classe II, enquanto outros, de classe III.
Verificaram que não somente a mudança no padrão respiratório causou a
maloclusão, mas também que o desenvolvimento de uma respiração
predominantemente bucal alterou a função neuromuscular da face.
KOSKI; LÄHDEMÄKI (1975) compararam dados cefalométricos de
alguns indivíduos com tonsila faríngea aumentada e de outros que sofreram
remoção cirúrgica da tonsila faríngea, e concluíram que a rotação dorsal do
ramo mandibular foi observada como característica facial dos indivíduos com
tonsila faríngea aumentada, bem como face longa, posição da língua rebaixada
e incisivos inferiores inclinados em relação às sua linhas basais.
SUBTELNY (1975) mencionou que o respirador bucal mantém a
mandíbula e a língua numa posição inferior para criar uma passagem de ar por
meio da cavidade bucal. Os lábios tornam-se entreabertos e, quando saem da
sua postura normal de repouso, há uma tendência em alterar seu tônus e
comprimento. O lábio superior pode se tornar curto e hipotônico e o inferior
evertido e sem tonicidade. Relatou também que a respiração bucal
desencadeia necessidades posturais adaptativas que fazem com que a
mandíbula assuma uma postura rebaixada. Com esta posicionando-se mais
para baixo antes ou durante o período de crescimento pré-puberal, pode haver
um padrão de crescimento vertical que implicaria em um aumento na altura
facial anterior e maior probabilidade do estabelecimento da mordida aberta
anterior.
SOLOW; KREIBOR (1977) analisaram cento e vinte indivíduos por meio
da cefalometria e foi constatado que a vinculação entre obstrução aérea nasal
e alteração facial resultam em uma dilatação do tecido mole facial, alterando a
morfologia craniofacial. Concluíram ainda que a obstrução nasal leva à
mudança da postura da cabeça, o que irá influenciar no desenvolvimento
dentofacial.
FRENG; KVAM (1979) relataram que a obstrução nasal pode ser
resultado da tonsila faríngea hipertrófica, da rinite alérgica, da atresia das
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conchas nasais (uma situação rara) e do desvio anatômico que causa
obstrução praticamente total do curso de ar pelo nariz. Pesquisaram as
análises cefalométricas de cinqüenta e um indivíduos com problemas de
obstrução nasofaríngea e encontraram uma convergência para deficiência
maxilar sagital associada à deficiência mandibular. Relataram que as crianças
que sofrem de hipertrofia da tonsila faríngea e de rinite alérgica crônica
mantêm a cabeça numa disposição mais elevada.
HARVOLD (1979) relatou que a mandíbula, quando se encontra em
posição de descanso, estabeleceu um dos fatores mais importantes no
desenvolvimento da oclusão. Se a via respiratória nasal encontra-se obstruída,
estabelece-se uma posição postural mandibular inferior, possibilitando a
respiração bucal compensatória. Concluiu que, em resposta à hipertrofia das
tonsilas palatinas ou obstrução nasal, ocorre um acréscimo do tônus muscular
do pterigóideo lateral, do digástrico e do milohióideo, ou seja, dos músculos
depressores da mandíbula. Averiguou também uma distensão dos músculos
temporal, masseter, pterigóideo interno e elevadores da mandíbula. Se a
obstrução permanecer durante meses, a musculatura adaptar-se-á ao novo
acondicionamento postural que por sua vez poderá modificar a ação da matriz
muscular. Quando a língua não ocupa uma posição normal na cavidade bucal,
altera-se todo o suporte dos dentes superiores, permitindo a ocorrência de uma
maloclusão.
LINDER-ARONSON (1979) realizou um acompanhamento durante cinco
anos de oitenta e um indivíduos respiradores bucais com tonsila faríngea
hipertrófica, comparando-os com um número semelhante de casos controle do
mesmo gênero e idade, mas sem obstrução nasal. Os resultados mostram que
os indivíduos que tinham dificuldades na respiração nasal apresentavam
aumento da altura facial inferior, uma menor profundidade sagital do osso
nasofaríngeo, língua em posição mais baixa, arcada superior estreita, incisivos
superiores e inferiores inclinados para vestibular, palato mole de altura normal,
mordida cruzada, tendência para mordida aberta e relação normal
anteroposterior entre os arcos. Os indivíduos com problemas respiratórios
sofreram remoção cirúrgica da tonsila faríngea. Após essa intervenção os
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indivíduos apresentaram normalização da inclinação dos incisivos superiores e
inferiores, da largura do palato, da profundidade sagital do espaço
nasofaríngeo e da inclinação do plano mandibular em relação ao maxilar.
Concluiu que a respiração nasal alterada pode modificar a morfologia facial e a
dentição dos indivíduos. Quando a porcentagem de respiração nasal é pobre
comparada à bucal, algumas características dentofaciais são encontradas, tais
como a dimensão longa da face, o posicionamento da língua numa disposição
anterior, dimensão craniofacial anteroposterior diminuída, retrognatismo facial,
aumento da angulação craniana inferior, arco maxilar estreito e em forma de
“V”, palato mais profundo, incisivos superiores mais proclinados e, na maioria
das vezes, incompetência labial e mordida cruzada posterior associada à
maloclusão de classe II ou III.
SUBTELNY (1980) Conceituando a respiração nasal como uma
utilização adequada do trato nasal e nasofaríngeo, concluiu que o aumento das
estruturas contidas nestas áreas anatômicas, do tecido da tonsila faríngea na
nasofaringe e das conchas nasais poderia causar um impedimento da
passagem do ar no canal nasorespiratório. Se a obstrução nasal fosse de
dimensão suficiente para impedir a respiração nasal, o resultado poderia ser
uma adequação para respiração bucal, então causaria uma adaptação postural
das estruturas da cabeça e da região do pescoço, levando a conseqüências
indesejáveis nas relações entre a maxila e a mandíbula e no desenvolvimento
craniofacial.
Segundo MURAD (1981), os indivíduos com o hábito de respiração
bucal mantêm a boca constantemente aberta, evitando que a língua pressione
o palato que tem a tendência de subir ficando com um formato ogival, e a
arcada dentária superior tende a se deslocar para frente e para dentro,
provocando a distoclusão e as mordidas cruzadas. Com a diminuição do
espaço bucal a língua vai para trás, comprimindo a cartilagem epiglote sobre a
glote, conseqüentemente o canal de passagem de ar aos pulmões permanece
sempre bloqueado e para respirar o indivíduo permanece com a boca aberta.
Sendo o palato o assoalho do nariz, a persistência das deformidades determina
a continuidade da obstrução nasal. Estas alterações provocam o aspecto
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prolongado e estreito da face. São muitas as características do respirador bucal
e entre elas podemos destacar: hipodesenvolvimento da maxila e mandíbula;
prognatismo ou retrognatismo; micrognatia; atresia da maxila (estiramento da
musculatura peribucal); palato ogival; alterações da forma das narinas; sulco
nasolabial curto; lábios ressecados e rachados; língua hipotônica, volumosa e
mal posturada, com a ponta baixa, repousando no assoalho bucal; língua
geográfica; gengivas hipertrofiadas e edemaciadas; sorriso gengival;
assimetrias faciais (por usar só um lado para mastigar); deformidade torácica;
“fácies” alongadas ou adenoidiana; olheiras e olhar sem "brilho". Com relação
as alterações de ordem respiratória podemos destacar: obstrução nasal,
respiração bucal, respiração audível, roncos, apnéia e coriza. De acordo com
as alterações de ordem muscular podemos destacar as seguintes
características: tensão do bucinador e mentalis, hipertonia do orbicular da boca
e do mentoniano, lábio superior hipertônico, lábio inferior evertido, gretado e
hipotônico, boca entreaberta, hipotonia do palato mole, hipotonia muscular
(corpórea) e ricto facial ao deglutir saliva ou alimento. Poderemos ter ainda,
alterações posturais tais como: ombros para frente comprimindo o tórax, vícios
posturais (cabeça, lordose/cifose, escápulas, pelve), alterações na planta dos
pés, ventre proeminente, oclusão em classe II ou pseudo classe III, por pressão
lingual ou por presença de hipertrofia das tonsilas palatinas, sobremordida,
mordida aberta ou cruzada, distúrbios da fala, diminuição do olfato e paladar,
zumbidos, estalidos e pressão nos ouvidos, hipoacusia, disfunção
temporomandibular, voz rouca anasalada, nariz pequeno afilado e bruxismo.
Podemos ter alterações segundo caracteres nutricionais tais como:
alimentação inadequada, obesidade ou magreza e mastigação ruidosa. Com
relação ao comportamento, podemos destacar que o indivíduo freqüentemente
dorme sentado, reluta em ir para cama, tem um sono inquieto, com pesadelos
claustrofóbicos, possui pouca concentração nos estudos e apresenta fadiga.
Quando há presença de obstrução crônica poderemos ter, hipertensão arterial
(sem causa cardiovascular primária), hepertrofia dos cornetos (por rinopatia
alérgica ou vasomotora, hipertrofia da tonsila faríngea e tonsilas palatinas,
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nódulos de pregas vocais, hipertensão pulmonar e finalmente desvio de septo
nasal.
QUINN (1981) relatou que os Indivíduos com obstrução nasal
proporcionam uma rotação descendente e inversa da mandíbula com o
desenvolvimento facial imediato. Estas modificações morfológicas transitórias
passam a ter um resultado em adolescentes e adultos com faces longas e um
aumento da altura facial inferior e problemas oclusais.
Segundo VIG et al. (1981), existem diversos métodos de avaliação da
obstrução nasal. Os mais acurados e recentes são a rinometria acústica, para
avaliação da geometria da cavidade nasal (medidas de área e volume) e a
rinometria de pressão e fluxo, para análise do fluxo e resistência do ar nas vias
aéreas superiores. Ambos são testes não invasivos e de curta duração,
aproximadamente vinte e cinco minutos, que, quando conjugados, geram um
bom diagnóstico das condições gerais de morfologia e função da cavidade
nasal. Embora exista relação positiva entre o fluxo de ar e as medidas
anatômicas das vias aéreas superiores obtidas por meio de análise
cefalométrica, a validez deste estudo bidimensional numa projeção radiográfica
para medir uma estrutura tridimensional é questionável. Sabe-se, entretanto,
que estes testes respiratórios também têm limitações, pois, não geram
informações suficientes para se afirmar que o indivíduo é um respirador bucal,
havendo necessidade de se comprovar com exames clínicos e anamnese. A
verdadeira função destes testes é a de indicar quantitativamente, o grau de
obstrução nasal. Correlacionando respiração bucal com a morfologia facial,
observaram indivíduos com proporções faciais normais e lábios competentes,
indivíduos com proporções faciais normais e lábios incompetentes e indivíduos
com face longa e competência labial. Concluíram que a incompetência labial
não é sinônimo de respiração bucal e que não se deve relacionar respiração
bucal com morfologia facial.
Segundo MASSLER (1983), alguns dos fatores etiológicos responsáveis
por hábitos bucais incluem conflitos familiares, pressão escolar, irritações
associadas com erupção dental, interferências oclusais, obstrução respiratória,
má postura e outros fatores emocionais. Há ainda causas associadas a
19
problemas na tonsila faríngea, nas tonsilas palatinas ou no próprio nariz (desvio
do septo e hipertrofia das conchas). Estes dois podem trazer como
conseqüência a respiração bucal, que interfere na tonicidade, postura,
mobilidade e sensibilidade de órgãos fonoarticulatórios, podendo gerar hábitos
bucais viciosos. É imprescindível que a avaliação otorrinolaringológica seja
realizada sempre que estão presentes os hábitos bucais viciosos para que
sejam descartados fatores anatomofuncionais como etiologia do quadro clínico
presente. Esses hábitos bucais, em especial a respiração bucal, alteram, na
maioria das vezes, o padrão facial normal.
AZEVEDO (1984) relatou que a respiração feita pelo nariz propicia
crescimento e desenvolvimento do maciço craniofacial, agindo com a
mastigação e a deglutição. A deficiência crônica de oxigenação sanguínea
apropriada (diminuição da saturação do O²) propicia perda da qualidade de
vida, alterações estéticas secundárias a disfunção nasal com repercussão
sobre os arcos dentários e aceleração dos processos de envelhecimento. Da
mesma maneira, quem respira pela boca tem constantes faringites e
hipertrofias das tonsilas palatinas. Esses indivíduos apresentam variações nas
características faciais tais como: face longa e estreita, lábios superiores
hipotônicos, protrusão mandibular, entre outras.
KRUGER (1984) pesquisou sobre o prognatismo mandibular e chegou à
conclusão de que este é, dentre as anomalias de desenvolvimento da
mandíbula, a mais facilmente encontrada, sendo conhecida de forma comum,
como uma má formação hereditária transmitida da mesma maneira que outras
anomalias faciais (como a micrognatia e o retrognatismo), ou como
conseqüência de um distúrbio endócrino. Vários transtornos são acarretados
por este tipo de deformidade, principalmente os de caráter estético e funcional.
Funcionalmente o prognatismo mandibular é responsável por alterações
oclusais, fonéticas, periodontais, temporomandibulares e na tipologia facial. Os
fatores função e estética estão relacionados ao tratamento das deformidades
maxilomandibulares, porém a população tem uma maior consciência das
alterações da estética do que as limitações funcionais delas advindas, mesmo
que funções vitais como a respiração e a alimentação sejam afetadas. Todo
20
este processo está também relacionado com a respiração bucal.
SANTOS-PINTO (1984), com o objetivo de estudar as alterações
craniofaciais decorrentes da hipertrofia da tonsila faríngea em crianças,
analisou, com o auxílio da cefalometria radiográfica, cinqüenta indivíduos de
ambos os gêneros, na faixa etária dos nove aos quatorze anos e portadores de
maloclusão de classes I e II de ANGLE. Vinte e cinco dos indivíduos
apresentavam imagens do espaço aéreo nasofaringeano amplo e livre de
quaisquer processos que pudessem interferir com a livre passagem de ar,
enquanto os demais indivíduos exibiam uma redução desse espaço por
hipertrofia da tonsila faríngea. Pela análise dos dados obtidos, concluiu que,
nos jovens com tonsila faríngea hipertrófica, a altura facial anterior apresenta-
se aumentada.
WARREN; LEHMAN; HINTON (1986) observaram que a postura do
padrão respiratório e a morfologia craniofacial tem sido questão de
considerável interesse nos campos da antropologia, da ortodontia, bem como,
da pediatria médica e odontológica e da otorrinolaringologia. Na área
antropológica, o interesse parece estar relacionado com a necessidade de
comparar a morfologia craniana entre os diversos grupos populacionais,
enquanto na ortodontia, o interesse se relaciona com a busca da estética
apreciável e a necessidade de se confeccionar planejamentos terapêuticos que
modificarão a morfologia craniofacial. Os pediatras e os otorrinolaringologistas
têm também interesse especial nesta área porque visam ao cuidado da saúde
geral do indivíduo. Respiração bucal é um resultado inevitável de obstruções
das vias aéreas superiores associadas à postura mandibular e à função
muscular peribucal, e tem sido postulada como causadora de mudanças
indesejáveis no crescimento facial e do arco dentário. A existência de um
relacionamento entre postura da cabeça, padrão de respiração e morfologia
dentofacial tem sido avaliada por meio de diferentes metodologias.
Segundo MOYERS (1988) existem indivíduos adultos que contatam
apenas dentes posteriores, contraem fortemente a musculatura facial e
projetam fortemente a língua durante a deglutição. Este tipo de deglutição
atípica pode estar acompanhada de síndromes que acometem o esqueleto
21
craniofacial. Nestes indivíduos, existe uma história de problemas respiratórios
crônicos, tonsilas palatinas e faríngeas inflamadas, o que levaria a língua a
uma posição para frente e, muitas vezes, para fora da cavidade bucal, como
que se afastando da região dolorosa e permitindo mais espaço para a
passagem do ar. Isto pode associar a deglutição atípica com a obstrução nasal
e crescimento facial. Estudou também crianças alérgicas com hábito de
respirar pela boca e com alterações na estrutura craniofacial.
SHAPIRO (1988) relacionou obstrução nasal e crescimento facial em
crianças alérgicas e respiradoras bucais com face longa e estreita e
retrognatismo mandibular. Comparando-as com um grupo controle, concluiu
que a intervenção médica em crianças alérgicas não tem demonstrado
interferência no padrão do crescimento facial, bem como as terapias invasivas,
como a intervenção cirúrgica da tonsila faríngea, também não conduziram a
uma significante alteração na forma facial. Constatou ainda que embora muitos
estudos demonstrem o relacionamento entre obstrução nasal e crescimento
facial, o clínico deveria ser cauteloso em prescrever terapias agressivas.
COOPER (1989) revisando alguns estudos clínicos realizados para a
determinação do padrão respiratório, verificou que nem todo incompetente
labial era respirador bucal, pois somente um terço dos indivíduos com
incompetência labial exibiam respiração bucal. Os dois terços restantes eram
respiradores nasais, pois, apesar de manterem os lábios abertos, a entrada de
ar estava obstruída pelo dorso da língua que se encontrava elevado. Esses
indivíduos estudados apresentavam características faciais modificadas por todo
o processo respiratório anormal, ou seja, pela boca.
Segundo GOMES; PROENÇA; LIMONGI (1989) os hábitos bucais
viciosos mais freqüentes são sucção de lábio, dedo, bochecha ou de objetos,o
que podem provocar alterações na arcada dentária e na mordida, hipotonia dos
órgãos fonoarticulatórios, respiração bucal, onicofagia e outros. O hábito de
respirador bucal tem sido fonte de estudo, pelo fato de ser tão freqüente e
pelos danos que pode causar. Esses hábitos trazem conseqüências
importantes na morfologia do palato duro, alteração de posicionamento dental,
movimentação da língua, com alterações musculares peribucais e
22
fonoarticulatórias, tendo maior risco de desenvolvimento da mordida aberta,
mordida cruzada, altura facial exagerada e distúrbios de motricidade bucal.
HARTGERINK; VIG (1989), num estudo com a finalidade de analisar a
resistência nasal antes e após uma expansão da maxila, não encontraram
relação entre essas duas variáveis. Nesse mesmo trabalho correlacionaram
postura labial, altura inferior da face e resistência nasal, e concluíram que
nenhuma correlação importante poderia ser estabelecida entre fatores
morfológicos e respiratórios.
LINO (1990) afirmou que, possivelmente o hábito de respiração bucal
era o único que trazia alterações em níveis acima do complexo dentoalveolar,
na região nasomaxilar. Ressaltou a importância do diagnóstico precoce da
síndrome do respirador bucal e da abordagem interdisciplinar, para que os
danos fossem evitados ou sanados o mais precocemente possível. A
respiração bucal, quando instalada desde a infância, passando pela fase de
crescimento, causa grandes transtornos à saúde do indivíduo. O tratamento do
respirador bucal deve ser individualizado, abrangendo um caráter pessoal,
psicológico, emocional, familiar e social.
FIELDS et al. (1991) estudaram o padrão respiratório por um meio
bastante determinado a plestimografia (análise dos movimentos do abdômen e
da caixa torácica durante a respiração). Dezesseis indivíduos com dimensões
faciais normais e trinta e dois com faces longas foram submetidos ao teste.
Concluíram que a porcentagem de respiração nasal no grupo de dolicocéfalos
era reduzida, quando comparada à de indivíduos de dimensões faciais
normais. Não obstante, alegaram que as diferenças expressivas no modelo
respiratório, mesmo que adicionadas ao tipo facial, não devem ser puramente
relacionadas ao arquétipo facial, uma vez que se deve ressaltar o papel na
amostra da respiração. Reafirmaram a necessidade de testes respiratórios
agregados a um exame físico e anamnese completa para se fechar o
diagnóstico.
De acordo com HUNGRIA (1991), o septo nasal pode sofrer
deformações decorrentes do hábito de respiração bucal permanente em
crianças, pois, a obstrução nasal forma vácuo relativo nas fossas nasais e a
23
respiração bucal promove maior pressão atmosférica sobre o palato, tornando-
o ogival, conseqüentemente provocando o encurvamento do septo nasal.
Outras modificações faciais podem ser observadas nestas crianças como
narinas finas, estreitamento e alongamento do corpo da mandíbula,
crescimento craniofacial desordenado, ou seja, fora do padrão normal.
ALTMANN (1992) relatou que a tonsila faríngea é um tecido linfóide
implantado na mucosa da faringe. No nascimento, ela resume-se a uma
discreta saliência que, com o passar do tempo, vai aumentando e, em função
disso, pode provocar dificuldade respiratória. Ela atinge o seu volume máximo
entre os quatro e os quatorze anos de vida. No entanto, nessa mesma ocasião
há um aumento do volume da nasofaringe pelo crescimento da face e do
crânio, melhorando assim o problema obstrutivo. A partir dessa faixa etária, a
tonsila faríngea passa a involuir espontaneamente, desde que não esteja
sujeita a infecções crônicas ou recorrentes. Descreveu também que há nesses
casos adaptações morfológicas devido a atividades dos músculos faciais
relacionados ao hábito de respiração bucal. Relatou ainda que o
estabelecimento da função respiratória depende do diâmetro livre da faringe
para a passagem do ar direcionado para os pulmões. Para manter esse
diâmetro, necessita-se de tônus adequado da musculatura intrínseca da própria
faringe e de sua musculatura de sustentação. As alterações do crescimento
facial mais comuns são o hipodesenvolvimento do terço médio da face, as
mordidas cruzadas anteriores e as mordidas cruzadas posteriores. Estas
alterações afetam a harmonia das arcadas dentárias e o equilíbrio da
musculatura bucofacial. A abordagem terapêutica fonoaudiológica no pós-
cirúrgico ortognático é de fundamental importância, uma vez que toda estrutura
mole pode ainda estar comprometida por ter ficado por algum tempo alterada,
como nos casos de assimetria facial, mordidas abertas esqueléticas, mordidas
cruzadas, levando também a alterações na mastigação, deglutição, respiração
e na musculatura da expressão facial que se pode apresentar hipotônica,
hipertônica ou até mesmo estirada como no caso dos lábios e dos músculos
mastigatórios, além da falta de sensibilidade dos tecidos que foram cortados e
sofreram algumas microlesões nervosas.
24
PETRELLI (1992) enfatizou que existe uma predominante tendência em
aceitar a respiração bucal como etiologia de algumas maloclusões. A
respiração bucal provoca adaptações como, alterações no posicionamento da
língua e alterações posturais que, se permanecerem por um longo período de
tempo, são capazes de provocar repercussões desastrosas na arquitetura
facial.
URIAS (1992) afirmou que a causa da obstrução da via nasal pode ser
um fator etiológico ou, ao menos, predisponente ao desenvolvimento das
maloclusões como a mordida aberta e, caso estas alterações persistam por um
longo período, poderá levar a alterações esqueléticas mudando assim o padrão
facial normal. Ponderou ainda que não existe uma relação simples de causa e
efeito entre a função nasorrespiratória e o desenvolvimento craniofacial.
BIANCHINI (1993) relatou que os indivíduos portadores de disfunção
respiratória crônica apresentavam hipotonia dos músculos tempbucal, masseter
e bucinador, língua baixa e hipotônica e lábios entreabertos. Mencionou
também que as alterações respiratórias modificam todo o comportamento do
sistema estomatognático. Concluiu que a diminuição do espaço nasofaríngeo a
principal causa geradora de uma respiração bucal. Salientou que, quando a
respiração nasal está obstruída, é freqüente o aparecimento de narinas
estreitas, microrrinia, palato ogival ou inclinação do plano palatino para cima,
língua baixa e hipotônica (em alguns casos, alta para regular a passagem de
ar), lábios entreabertos e hipotônicos comprometendo assim a harmonia facial.
MARCHESAN; KRAJKAUER (1993) salientaram que a respiração bucal
interfere negativamente na postura adequada da língua em repouso ou em
ação, encontrando-se freqüentemente associada à hipofunção dos músculos
elevadores da mandíbula e à incompetência labial. Baseados em uma vasta
experiência clínica, enumeraram as possíveis conseqüências da respiração
bucal, entre elas a hipotonicidade dos lábios, da língua, das bochechas e
alterações na fala decorrentes de deformidades bucofaciais. Esclareceram que
a denominação “fácies adenoideana” ou síndrome da face longa tem sido
utilizada para descrever as características típicas de um indivíduo respirador
bucal. As deformidades da arcada dentária e do palato, a altura facial
25
aumentada e o retroposicionamento da mandíbula são achados constantes
nessa população geral de respiradores bucais. Sabe-se que a respiração bucal
ocorre com mais freqüência em indivíduos dolicocéfalos, devido ao fato de o
terço inferior da face ser mais longo, dificultando o selamento labial e mesmo o
posicionamento da língua.
Segundo DOUGLAS (1994), num período em que o ar se torna mais
seco, lábios poluído e frio, os consultórios médicos começam a receber um
maior número de indivíduos, em sua grande maioria crianças, com problemas
de ordem respiratória. A respiração ideal fisiológica ocorre pelo nariz, e
proporciona uma filtragem, aquecimento e umidificação do ar. Quando a
criança não consegue respirar pelo nariz, é obrigada a usar a boca, e o ar que
penetra pela boca chega aos pulmões poluídos, com umidade e temperatura
inadequadas, favorecendo o aparecimento de rinites alérgicas, sinusites,
hipertrofia das tonsilas faríngea e palatinas, definindo o quadro de respiração
bucal. A manutenção dessa situação no tempo irá induzir à ocorrência de
diversos transtornos, entre eles podemos destacar altura facial exagerada,
lábios hipotônicos e incisivos superiores inclinados excessivamente para fora
da cavidade bucal. Essas características desarmonizam a arquitetura facial.
GROSS et al. (1994) afirmaram que um certo número de teorias
defendem que o crescimento facial indesejado e a maloclusão estão
associados à respiração bucal. Uma fossa nasal obstruída pode resultar na
alteração do fluxo e pressões de ar interferindo no crescimento do palato.
Como resultados, as crianças respiradoras bucais podem apresentar incisivos
superiores inclinados para vestibular, uma arcada superior em forma de “V”,
uma abóbada palatina alta e estreita, uma relação esquelética de classe II e
uma tendência de mordida aberta.
Segundo MICHAS et al. (1994), as evidências clínicas e experimentais
sugerem que as relações musculares com os dentes e estruturas esqueléticas
podem ser significativamente influenciadas pelas mudanças do meio ambiente.
Um fator ambiental amplamente observado com influências no
desenvolvimento das anomalias dentofaciais é a mordida aberta postural,
geralmente associada à respiração bucal. Indivíduos com o hábito de
26
respiração bucal, a longo prazo são caracterizados freqüentemente por uma
mordida cruzada posterior, mordida aberta postural, narinas pequenas e
pobremente desenvolvidas, um lábio superior curto e hipotônico e um lábio
inferior cheio e evertido. Esses indivíduos podem apresentar a maxila atrésica,
uma abóbada palatal estreita, uma arcada superior em forma de “V”, incisivos
superiores inclinados para vestibular e uma face longa e estreita. Essas
adaptações morfológicas são o resultado de uma alteração na atividade dos
músculos faciais relacionados à respiração bucal.
OULIS et al. (1994) pesquisaram a incidência de desvios no padrão
facial, associados a hábitos bucais numa população de crianças que
apresentavam hipertrofia da tonsila faríngea com ou sem tonsilas palatinas
aumentadas, as quais estavam prontas para serem removidas cirurgicamente.
Na mesma amostra, foi feita uma tentativa para relatar a presença de
obstruções severas das vias respiratórias superiores. Os resultados dessa
pesquisa revelaram altas porcentagens de desarmonias faciais em crianças
com obstrução bucofaríngea e obstrução nasal severa. Deve–se ressaltar que
a obstrução parcial da nasofaringe faz com que a respiração bucal seja
necessária para completar a extensão exata da respiração.
Segundo JUSTINIANO (1995), várias são as causas existentes na
obstrução nasal, tais como: infecções das vias aéreas superiores, rinite
medicamentosa ou alérgica, hipertrofia da tonsila faríngea, hipertrofia e atresia
das conchas nasais, hipertrofia bilateral das tonsilas palatinas, desvio de septo
nasal, tumores nasais, traumatismos faciais e obstrução mecânica do nariz (por
exemplo, presença de corpos estranhos). As alterações observadas
clinicamente na síndrome do respirador bucal são: face longa e estreita, boca
aberta, lábios separados e ressecados, lábio superior curto, lábio inferior
hipotônico e evertido, língua hipotônica e volumosa, mordida aberta anterior,
mordida topo a topo, desarmonias oclusais, palato ogival e contração facial
exagerada ao deglutir.
PROFFIT; FIEDS JUNIOR (1995) citaram a teoria da matriz funcional de
crescimento, afirmando que nem o osso nem a cartilagem determinam o
crescimento craniofacial. Esse desenvolvimento ósseo ocorre como uma
27
resposta para as necessidades funcionais, sendo mediado pelos tecidos moles
associados a esse osso. Em outras palavras, à medida que os tecidos moles
crescem, eles constituem a matriz funcional para o crescimento das cartilagens
e dos ossos. Muitos são os fatores que determinam o crescimento e, se
alterados, como por exemplo, com as obstruções nasofaríngeas e com a
presença de alterações do modo respiratório, irão influenciar a função e a
atividade do sistema estomatognático e as estruturas que fazem parte da face.
De acordo com SANTOS (1996), os reflexos sincronizados das funções
de respiração, mastigação e deglutição, maturados a partir da amamentação
natural, deveriam ocorrer durante os sucessivos períodos da dentição sem
problemas físicos (falta de espaço, má posição dentária, perda óssea por
trauma, entre outros) e funcionais (nas articulações ou músculos). Quando o
processo respiratório é alterado temos um comprometimento esquelético em
relação ao complexo craniofacial.
TOLEDO; BEZERRA (1996) concluíram que a respiração bucal tem sido
citada como provável fator etiológico dos fatores que modificam o padrão facial
aceitável. Uma vez que a função respiratória determina a postura da mandíbula
e da língua, parece lógico que possa também alterar o desenvolvimento
mandibular, a forma dos arcos dentários e a altura da face, alterando assim o
padrão facial. A respiração bucal, como conseqüência do bloqueio
nasofaríngeo, pode provocar não apenas a mordida aberta, mas também uma
série de modificações neuromusculares que acarretam alterações no padrão do
crescimento facial. Estudos epidemiológicos concluíram ser significante a
relação entre a respiração bucal, a relação de classe II e as desarmonias
faciais, indicando que essas anomalias não são autocorrigidas.
GRIMM; THOMAS (1997) Fizeram pesquisas sobre a cavidade bucal e
consideraram que as mudanças da tipologia facial eram variáveis, dependendo
de uma série de fatores como o grau da atresia das conchas nasais e a
presença da traqueotomia. O estreitamento do palato, retrognatia, postura da
língua para frente, alongamento facial, entre outros, estavam presentes nos
indivíduos pesquisados.
28
JABUR et al. (1997) investigaram as possíveis repercussões das
variações de padrão respiratório sobre as alterações funcionais,
neuromusculares, esqueléticas e dentárias. Foram estudados quarenta e três
indivíduos, sendo todos submetidos a exames fonoaudiológico e ortodônticos.
Concluíram que os indivíduos portadores do hábito de respirar pela boca
apresentavam os mais variados tipos de oclusão, não estando limitados a uma
maloclusão específica, desarmonia facial, padrão de crescimento vertical,
modificações na arquitetura facial e alterações no equilíbrio muscular.
De acordo com KÖHLER (1997), as questões ligadas às vias aéreas
superiores têm implicações em relação a postura da região craniocervical, ao
mecanismo hióideo (que é a base estrutural de sustentação da língua tanto em
repouso quanto em sua dinâmica), ao crescimento transversal do terço médio
da face, representada pela região nasomaxilar e seus anexos e com as
questões da miodinâmica de toda a região. Não é preciso reiterar que o que se
pode inferir de forma lógica e racional e deduzir que todo o equilíbrio, harmonia
morfofuncional não só da face, mas de todo o contexto craniocervicofacial
estará comprometido com a presença do hábito de respiração bucal.
MOCELIN; CIUFFI (1997), por meio de estudos longitudinais, chegaram
à conclusão que indivíduos com o hábito de respiração bucal mantêm a boca
aberta constantemente, evitando que a língua pressione o palato. Com isso, há
compressão externa da maxila pelo desenvolvimento do sistema ósseo e
muscular da face. O palato duro tende a subir (formando o palato ogival) e a
arcada superior tende a se deslocar para frente e para dentro, provocando a
distoclusão e a mordida cruzada posterior. Ao subir, o palato pressiona o septo
cartilaginoso para cima e para frente, desviando-o. Estas alterações provocam
o aspecto prolongado e estreito da face, característico dos respiradores bucais.
Com relação à arcada dentária, a grande maioria das crianças com o hábito de
respiração bucal evoluem para alteração da oclusão dentária, que é a
“desoclusão” com a inclinação dos incisivos para vestibular.
OLIVEIRA (1997) fez estudos da presença de desvio do padrão facial e
seus fatores etiológicos e chegou ao seguinte resultado: a prevalência da
desarmonia facial atingiu o topo em duzentas e vinte e quatro crianças entre
29
três e cinco anos de idade. Os fatores etiológicos considerados são: hábitos de
sucção digital, uso da chupeta, problemas respiratórios, posição postural
durante o sono, má posição dentária (ainda que com apenas um dente) e perda
precoce ou retenção prolongada da dentição decídua. Na prática, o que se
observa com freqüência é a associação de alguns fatores como, por exemplo,
problemas respiratórios, atresia da maxila, interferências oclusais em caninos
decíduos, faces alongadas, narinas finas e estreitas, entre outros.
Segundo RIBEIRO et al. (1997), a síndrome de Rett é uma desordem
progressiva neurológica que atinge um para dez mil indivíduos do gênero
feminino. Dezessete crianças com a síndrome de Rett foram estudadas na
faculdade de odontologia da Universidade de São Paulo e constatou-se que
41% (ou seja, sete das dezessete) eram respiradoras bucais; cinco projetavam
a língua para frente e para fora da boca; duas tinham o hábito de deslocar a
mandíbula lateralmente. Somente cinco tinham o hábito de babar. Com relação
aos fatores etiológicos responsáveis pela respiração bucal desta síndrome,
entre eles podemos observar hipertrofia da tonsila faríngea e tonsilas palatinas,
obstruções e deformidades nasofaríngeas e infecções das vias respiratórias
superiores. Aparentemente, essas infecções são os principais fatores para
estes hábitos dentre as crianças examinadas. Foram feitas avaliações da
oclusão dessas crianças nas relações anteroposterior, vertical e lateral. Na
relação anteroposterior foram estudadas as relações entre os caninos, molares
decíduos e molares permanentes; na relação vertical, foi examinada a mordida
aberta ou mordida profunda, na relação lateral foram examinadas as mordidas
cruzadas posteriores. Concluíram que 10% das crianças apresentavam relação
de classe II; 8% tinham mordida aberta (o que provocava a desarmonia facial,
provavelmente relacionada com hábito de sucção de dedo), respiração bucal e
língua protuída; nove crianças tinham uma relação lateral anormal e mordida
cruzada posterior, o que tornava essas crianças com algum desvio do padrão
facial normal.
Segundo SERRA-NEGRA; PORDEUS; ROCHA JÚNIOR (1997), na
abordagem terapêutica do respirador bucal, o ideal seria a presença de uma
equipe interdisciplinar, atuando adequadamente em cada etapa do processo.
30
Os profissionais essenciais requisitados para o tratamento envolvem médicos
otorrinolaringologistas, cirurgiões-dentistas ortodontistas e fonoaudiólogos, não
descartando a possibilidade de intervenção de médicos alergistas, psicólogos,
nutricionistas e fisioterapeutas. A melhor maneira de se prevenir as alterações
decorrentes da respiração bucal é a correção nos primeiros anos de vida. É
inegável a importância do aleitamento materno, que contribui para o pleno
desenvolvimento da criança, tanto no plano psicológico, quanto no plano de
saúde bucal. O aleitamento materno é um método preventivo importante no
desenvolvimento correto dos ossos e músculos da face, sendo neste momento
que a criança exercita toda a musculatura peribucal e promove a respiração
nasal. No ato da sucção do leite materno, a respiração é feita corretamente
pelo nariz, havendo um vedamento labial e um tônus muscular adequado dos
músculos bucofaciais. É fundamental que a amamentação, como um trabalho
muscular de ordenha, seja a prevenção da síndrome do respirador bucal e das
disfunções do aparelho estomatognático. Quando a respiração não ocorre pelo
nariz, temos uma adaptação morfológica nas estruturas faciais.
SOLIVA (1997) estudou sobre algumas desarmonias faciais e estruturais
na visão da reabilitação dinâmica e funcional da ortopedia facial. Dentre elas
podemos citar: lábios hipotônicos, mordida aberta anterior, lábio inferior
evertido, altura facial aumentada, entre outras. Observou também que a causa
mais freqüente desse tipo de desvio do padrão facial é a respiração bucal, em
que haverá uma notória compressão na maxila. Resultou que, com a presença
do hábito de respiração bucal, irá desenvolver uma atresia simétrica da maxila,
um trauma oclusal compulsório provocado pela oclusão de topo nas áreas
mencionadas, criando as condições propícias para um desvio no padrão facial.
De acordo com SCHINESTSCK; SCHINESTSCK (1998), a respiração
bucal representa uma disfunção orgânica da maior importância sendo o início
de alterações funcionais e das adaptações morfofuncionais que se manifestam
em vários órgãos, função e sistemas, comprometendo a harmonia do padrão
facial. As repercussões orgânicas, oriundas da inversão do padrão respiratório,
atingem principalmente os sistemas respiratório, digestivo, dentomaxilofacial e
esquelético pulmonar.
31
SIMÕES (1998) correlacionou a condição respiratória inadequada
juntamente com a associação de hábitos nocivos, como o uso prolongado de
mamadeira, sucção de chupeta e ou dedo, os quais solicita da musculatura
respiratória e mastigatória um trabalho diferente do normal. O indivíduo passa a
desenvolver adaptações funcionais e alterações estruturais, prejudicando o
crescimento e desenvolvimento craniofacial e o posicionamento satisfatório dos
dentes, além de trazer transtornos em relação ao padrão facial. O
desenvolvimento do complexo craniofacial está relacionado com dissipação de
forças resultantes de origem mastigatória, geradas pelos impactos nas
superfícies dos dentes, pelo que a situação oclusal seria importante no controle
da função mastigatória, regida pelo sistema neuromuscular.
VIG (1998) estudou o porque da existência da respiração bucal e a
modificação no crescimento facial. Concluiu que há de ser identificadas as
“crianças de risco” por meio de um exame completo incluindo os testes
rinanométricos, e propor terapia ortodôntica o mais rápido possível. O
tratamento apropriado é geralmente a expansão rápida de maxila (que pode
ser efetuado até mesmo na dentição decídua), conjuntamente ou seguida de
intervenção fonoaudiológica. O conceito de intervenção precoce elimina o fator
de risco para o crescimento facial e melhora a longo prazo a estabilidade da
morfologia facial.
WATASE; MOURINO; TIPTON (1998) tiveram o propósito de observar a
oclusão de crianças com seis anos de idade e com diagnóstico de otite média.
O estudo foi feito com cento e doze crianças com otite média confirmada por
seus médicos pediatras. Foram constatadas crianças com história do uso de
chupeta, hábito de sucção digital, hábito de mordida aberta postural, hábito de
mamar, ronco, alergias, infecções das vias aéreas superiores e um certo
número de fumantes no convívio familiar. Nas cento e doze crianças
estudadas, as duas formas mais comuns de maloclusão foram a mordida
aberta (17%) e o trespasse vertical (17%). Esses dois tipos de maloclusão
foram estimados em 66 % das anomalias da oclusão presentes nesse estudo.
Dos indivíduos que tinham mordida aberta, treze dos dezenove (68%) usavam
chupeta. Foram encontradas mais crianças com mordida cruzada anterior
32
(10%) do que com mordida cruzada posterior (7%). Neste estudo, comparou-se
o diagnóstico de otite média com a presença de maloclusões, faces alongadas,
narinas finas, hipotonias labiais superiores relacionadas com problemas
respiratórios nas cento e doze crianças examinadas.
MOTONAGA; BERTI; LIMA (1999) pesquisaram cento e quatro crianças.
Quarenta e oito (46,15%) eram do gênero feminino e cinqüenta e seis (53,85%)
do gênero masculino, com idade média de seis anos. Chegaram aos seguintes
resultados: As principais causas da respiração bucal foram rinite alérgica,
hipertrofia da tonsila faríngea e ou tonsilas palatinas, por hábito e patologias
obstrutivas associadas. As alterações morfológicas mais comuns foram face
sugestiva de dolicocéfalo, olheiras, mandíbulas abaixadas, lábios entreabertos
e alterações dentárias. Não houve associação em tamanho do tecido da tonsila
faríngea e freqüência de alterações bucofaciais. Não houve associação entre
causa da obstrução e freqüência de alterações. A denominação “fácies
adenoideana” ou “síndrome da face longa” tem sido utilizada para descrever as
características típicas de um indivíduo respirador bucal. As deformidades das
arcadas dentárias e do palato e o retroposicionamento da mandíbula são
achados constantes nessa população de respiradores bucais. Sabe-se que a
respiração bucal ocorre com mais freqüência em indivíduos dolicocéfalos,
devido ao fato de que o terço inferior da face é mais longo, dificultando o
selamento labial e mesmo o posicionamento da língua. Existem situações que,
embora não levem à obstrução nasal, são responsáveis pela respiração bucal,
entre elas obstrução nasofaríngea, macroglossias, insuficiência labial e por
hábito. Uma criança respiradora bucal pode ser identificada por características
faciais típicas. São algumas dessas alterações boca entreaberta, lábio superior
curto, lábio inferior volumoso e evertido, graus variáveis de face estreita, nariz
achatado, orifícios nasais pequenos e mal desenvolvidos. A dentição também
se encontra alterada, consistindo em protrusão dos incisivos superiores com
estreitamento da maxila, palato ogival e relação entre a maxila e a mandíbula
desajustada.
TUKASAN et al. (1999) fizeram um relato de um caso clínico e
constataram que, no exame intrabucal o indivíduo encontrava-se na fase de
33
dentição mista, apresentando mordida cruzada anterior associada com mordida
cruzada posterior unilateral esquerda. A linha média apresentava-se desviada,
e quando a mandíbula era conduzida à relação cêntrica, verificava-se
coincidência das linhas média e atresia bilateral da maxila. Tudo isso levava o
indivíduo a ter um desvio no padrão facial. No exame inicial e anamnese do
indivíduo, verificaram que ele apresentava o hábito de sucção digital,
deglutição atípica, problemas rinofaríngeos, respiração mista e dificuldades em
alguns fonemas.
CAPELLI JÚNIOR; CARLINI; OLIVEIRA (2000) acreditaram que fatores
ambientais, como a respiração bucal e interposição lingual, são elementos de
formação para o mistério do ângulo facial alto. Relataram que a causa destas
maloclusões é geralmente multifatorial, hereditária ou habitual. Considerando o
diagnóstico diferencial da face, o ângulo FMA (inclinação do plano mandibular
com o plano horizontal de Frankfurt) é um dos critérios cefalométricos que
quantifica o indivíduo com um alto ângulo de dimensão facial. É talvez o valor
de maior significância porque indica a direção do crescimento facial inferior em
ambas as dimensões horizontal e vertical. Um ângulo FMA de 30º ou maior,
seria considerado um indivíduo com um ângulo facial alto. Afirmaram ainda que
os indivíduos com problemas esqueléticos apresentam: altura facial posterior
diminuída (relacionada a um ramo ascendente curto); altura facial anterior
aumentada (relacionada à direção de crescimento do ramo e à forma e
posição da maxila com desenvolvimento dentário superior e erupção
compensatória); ou uma combinação de ambas. O segundo fator a ser
considerado é o conceito de forças direcionais com controle vertical. Define a
força direcional como um grupo de sistemas de forças que utilizam o controle
direcional para posicionar os dentes de tal maneira que eles entrem em
harmonia com os padrões esqueléticos e faciais do indivíduo.
Segundo CASANOVA (2000), a mudança da respiração nasal para
bucal traz como principais seqüelas as alterações musculares e ósseas que
geram assimetrias faciais; alterações da forma nasal; obstrução nasal; olheiras;
alterações na mordida; hipotonia labial, lingual e de bochechas; alterações no
crescimento facial; problemas de fala; alterações no posicionamento da língua;
34
entre outras. O mau posicionamento lingual é responsável pela deformação
dos arcos dentários, assim o respirador bucal pode roncar ou babar enquanto
dorme, apresentar irritabilidade, gengivas hipertrofiadas, língua flácida e
anteriorizadas, deglutição atípica, bruxismo, mau posicionamento da cabeça e
palidez. Nem sempre, porém, o indivíduo apresentará simultaneamente todas
as alterações citadas acima. As conseqüências se agravam quanto mais cedo
for instalada a respiração bucal, já que quanto mais jovem for o indivíduo,
maiores serão as alterações na oclusão dentária, pois, os ossos em indivíduos
jovens são moldáveis com maior facilidade. Com isso, pode ocorrer o
desenvolvimento craniofacial inadequado, se houver no indivíduo uma
predisposição genética. Os indivíduos portadores de respiração bucal crônica
apresentam alterações miofaciais, posturais, socioemocionais, expressivas,
digestivas, fonéticas, crescimento craniofacial e da oclusão dentária. A
respiração bucal é considerada erroneamente, por alguns autores, como um
hábito deletério, por seu caráter repetitivo e inconsciente. No entanto, suas
características e complexidades fazem com que a encaremos muito mais do
que um simples hábito, mas sim como uma síndrome, a síndrome do respirador
bucal ou insuficiente respirador nasal. As alterações pertinentes ao sistema
mastigatório são lábios hipotônicos, posição mandibular prejudicada
(geralmente em distoclusão, classe II de Angle), vestíbulo versão dos dentes
superiores anteriores (seguida de Trespasse horizontal em alguns casos),
estreitamento do arco superior, atresia da maxila transversa com mordida
cruzada bilateral, face longa, boca entreaberta, palato ogival, seios maxilares
atrésicos, falta de espaço e apinhamento dos dentes, mordida aberta anterior,
tônus muscular deficiente e hipodesenvolvimento. É importante ressaltar que
ocorrem várias alterações sistêmicas e o fator psicológico pode estar envolvido.
A respiração bucal crônica também pode causar problemas nasais, timpânicos,
faciais e na postura corpbucal . Os distúrbios torácicos produzem não só
efeitos estáticos, como também diminuição da capacidade respiratória e
ventilatória das crianças, agravando o quadro broncopulmonar.
De acordo com CINTRA; CASTRO; CINTRA (2000), em recentes
pesquisas foram encontradas várias causas de alterações na harmonia facial
35
com relação à presença do hábito de respirar pela boca entre elas podemos
destacar: mordida aberta e palato ogival, pois, a pressão negativa do ar
entrando pela cavidade bucal, em vez de entrar pelo nariz, faz com que o
palato cresça para cima, provocando desarmonias faciais como a face
alongada e estreita. O hábito de respiração bucal é um hábito deletério que
causa algumas deformidades faciais alterando o equilíbrio das estruturas que
compõem a face.
KÖHLER (2000) descreveu a resposta neuromuscular do organismo
frente à obstrução das vias aéreas superiores. Trata-se de uma adaptação na
condição postural da cabeça e da mandíbula à língua em uma posição mais
inferiorizada e adaptação da musculatura da face à forma de mastigar, deglutir
e respirar. O trabalho inadequado da musculatura induz à ocorrência de
modificações danosas à arcada dentária, conseqüência de estreitamento da
maxila, com projeção desta favorecendo o estabelecimento da mordida
cruzada posterior, modificando também várias características morfofuncionais
da face.
IANNI FILHO et al. (2001) compararam dois métodos auxiliares de
diagnóstico das obstruções nasofaringeanas, a telerradiografia cefalométrica
lateral e a videoendoscopia nasofaringeana, para avaliar a eficácia dos
mesmos, por meio de um estudo de reprodutibilidade e validade. Trinta
indivíduos em tratamento ortodôntico, idades entre sete e dose anos, com um
padrão de respiração bucal ou mista, persistente ao tratamento
otorrinolaringológico, realizaram, no mesmo dia, exames radiográficos e
endoscópico nasofaringeano. Emitiram o diagnóstico segundo analise prévia
dos exames, e os resultados evidenciaram que a endoscopia nasal foi mais
confiável ao diagnosticar os diversos processos obstrutivos nasofaringeanos. A
respiração nasal tem um importante papel nas funções de aquecimento,
filtragem, e umidificação do ar inspirado e também tem um papel fundamental
no desenvolvimento da morfologia facial. Quando as vias aéreas superiores
estão obstruídas por processos obstrutivos de natureza morfológica, fisiológica
ou patológica, a respiração nasal pode ser alterada levando a um padrão de
respiração bucal. Em crianças tais alterações podem eventualmente afetar a
36
morfologia facial e a forma dos arcos dentários. Radiografias isoladamente
fornecerão uma limitada quantidade de informações, por serem imagens
bidimensional e estática de estruturas tridimensionais e dinâmicas. A
videoendoscopia nasofaringeana tem sido apontada como eficiente método de
diagnóstico e permite uma visualização direta e avaliação dinâmica da
nasofaringe, com detalhes de cor, textura e volume.
MARCHESAN; JUNQUEIRA (2001) relataram que as condições
anatômicas, em especial da faringe, são muitas vezes as principais causas que
possibilitam as crianças a adquirir uma posição anteriorizada da língua.
Portanto essa postura normalmente desaparecerá com a puberdade, pois entre
os oito e os dose anos de idade, indivíduos portadores de hábitos de língua,
tendem a atingir um padrão de deglutição adulta normal. Isso é atribuído ao
aumento do tamanho do espaço bucofaríngeo, com o crescimento dos ramos
mandibulares e com a diminuição da quantidade de tecido linfóide, pois nessa
idade, ocorre normalmente uma involução das tonsilas palatinas e da tonsila
faríngea.
PEREIRA et al. (2001), correlacionaram as alterações na morfologia
facial, encontradas num grupo de crianças respiradores bucais, comparando-as
com um grupo de crianças da mesma idade, com respiração
predominantemente nasal. Foram estudadas trinta e cinco crianças entre sete e
dez anos de idade, tendo sido divididas em vinte respiradoras bucais e quinze
respiradoras nasais. As alterações cefalométricas mais comuns encontradas
em respiradores bucais, comparando-os com os respiradores nasais, foram a
hipoplasia da maxila e da mandíbula e o aumento do ângulo goníaco, com
rotação posteroinferior da mandíbula. As mudanças miofuncionais da boca em
respiradores bucais mais triviais foram a posição dos lábios entreabertos e da
língua sobre o assoalho bucal, a hipotonicidade dos lábios, da língua e das
bochechas e a interferência da língua entre as arcadas durante a deglutição e a
fonação. As alterações esqueléticas no modelo facial, encontradas nas
crianças respiradoras bucais nos levam a seguinte conclusão: existem
alterações craniofaciais e miofuncionais nesses indivíduos, já nesta idade,
mesmo antes do surto de crescimento na puberdade. Este elemento reforça o
37
valor da análise multidisciplinar e da terapêutica precoce para prevenir as
seqüelas prejudiciais da respiração bucal contemporizada em crianças.
Segundo JUNQUEIRA et al. (2002), a tonsila faríngea quando
aumentada, devido a sua localização pode causar obstrução nas vias aéreas
superiores e levar à respiração bucal de suplência. Em alguns casos as
cirurgias de remoção da tonsila faríngea e das tonsilas palatinas são indicadas
para eliminação do fator obstrutivo, possibilitando a respiração nasal. Algumas
crianças mesmo sem apresentar queixas e/ou alterações vocais no período
pré-operatório, desenvolvem uma qualidade vocal hipernasal após remoção
cirúrgica da tonsila faríngea. Descreveram um caso de hipernasalidade pós-
cirúrgica com tratamento fonoaudiológico, bem como, os possíveis riscos e
seqüelas após o procedimento cirúrgico. A primeira infância tem sido marcada
como uma etapa de ocorrência de problemas respiratórios, principalmente pelo
aumento da tonsila faríngea e/ou tonsilas palatinas, comum em crianças
pequenas.
MACEDO et al. (2002) consideraram a síndrome da face longa como
exemplo clássico da correlação entre a obstrução das vias aéreas e o
crescimento anormal do crânio e da face, caracterizada por um rosto alongado
e estreito, olhos caídos, olheiras profundas, lábios entreabertos, hipotônicos e
ressecados. Relataram que o relacionamento entre a respiração e o
crescimento das estruturas da extremidade cefálica tem sido objeto de
interesse e controvérsia e assim sendo, nem todo indivíduo com esta síndrome
é um respirador bucal e que a obstrução da função respiratória pode ser
encontrada em diferentes tipos faciais. Mesmo existindo uma herança genética
que determine o padrão de crescimento, circunstâncias ambientais como a
obstrução nasal, podem influenciar esse desenvolvimento. Relataram que
indivíduos com respiração bucal induzem a um impacto ambiental que pode
produzir alterações morfofuncionais, resultando em maloclusão.
MATTAR (2002) buscou verificar as influências da respiração bucal
crônica sobre o crescimento e desenvolvimento dentofacial em idades mais
precoces. Afirmou que a função nasorespiratória comprometida pode exercer
efeitos indesejáveis sobre a morfologia do complexo dentoesquelético. Avaliou
38
setenta e três crianças de ambos os gêneros, com idades entre três e seis
anos. Após o diagnóstico otorrinolaringológico quanto à respiração, quarenta e
quatro crianças respiradoras bucais e vinte e nove respiradoras nasais foram
comparadas no que se refere ao padrão morfológico da face (analisado por
meio de radiografia cefalométrica lateral) e características oclusais (analisadas
nos modelos de estudo). Os resultados desse estudo permitiram concluir que
as alterações na função respiratória apresentaram-se diferentes nos
respiradores bucais, quando comparados aos nasais, indicando tendência ao
padrão dólicofacial. Não houve diferença significativa entre os grupos quanto
ao relacionamento anteroposterior da mandíbula e da maxila. Com relação às
características oclusais, somente as distâncias intermolares apresentaram
correlações expressivas, indicando estreitamento da maxila nos respiradores
bucais. Contudo, não houve constatação estatística de altercações entre os
dois grupos quanto as variáveis tais como: distância intercaninos, relação
anteroposterior de caninos, plano terminal dos segundos molares decíduos,
trespasse vertical, trespasse horizontal, mordida aberta anterior e presença de
mordida cruzada posterior.
Segundo CONTI; LEITE (2003), a fala e a expressão facial fazem parte
do veículo de comunicação do homem com o mundo. Qualquer alteração que
cause um desequilíbrio muscular, por exemplo, um hábito bucal insalubre como
a respiração bucal, trará conseqüências no crescimento facial, na estética e
nas funções estomatognáticas. A respiração nasal é a mais eficiente, mais
profunda e a que realiza uma melhor oxigenação pulmonar. A obstrução nasal,
se não for corrigida, modifica o padrão de respiração do indivíduo para uma
respiração bucal, causando vários transtornos em órgãos e estruturas, além de
modificar a arquitetura facial do indivíduo.
De acordo NEIVA et al. (2003), a criança ao sugar o seio materno,
estabelece o padrão adequado de respiração nasal e postura correta da língua
e que os músculos envolvidos estão sendo adequadamente estimulados,
aumentando o tônus e promovendo a postura correta para futuramente exercer
a função de mastigação. Os dentes e as demais estruturas que compõem a
face sofrem pressões de forças provenientes da musculatura da face e da
39
língua durante as funções de sucção, mastigação, deglutição, respiração e
articulação dos sons, indicando estreita relação entre o desenvolvimento da
dentição e a atividade muscular. Estas forças musculares, quando adequadas,
promovem uma ação modeladora; entretanto, em condições inadequadas,
podem conduzir a alterações anatomofuncionais indesejáveis. O desmame
precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-bucal adequado,
provocando alterações na postura e prejudicando as funções de mastigação,
deglutição, respiração e articulação dos sons da fala. A falta da sucção
fisiológica ao peito pode interferir no desenvolvimento motor-bucal,
possibilitando a instalação de maloclusão, respiração bucal e alteração motora-
bucal. Apontaram ainda que o aleitamento artificial interfere na realização das
funções de mastigação, sucção e deglutição e pode levar à presença de
alterações na musculatura bucofacial, na postura de repouso dos lábios e da
língua, alterações na formação das arcadas dentárias e alterações no palato.
Mostraram que quanto mais prolongado o aleitamento materno, menor a
ocorrência de hábitos bucais nocivos, hábitos de sucção, respiração bucal e
bruxismo. O padrão correto de respiração pode sofrer influências negativas do
desmame precoce. O lactente com aleitamento materno mantém a postura de
repouso de lábios ocluídos e respiração nasal. Quando ocorre o desmame
precoce, a postura de lábios entreabertos do bebê é mais comum, facilitando a
respiração bucal. A criança que recebe aleitamento natural nos primeiros
meses de vida tem maior possibilidade de ser um respirador nasal, assim como
a falta de amamentação natural pode ser um dos fatores que contribuem para o
surgimento da respiração bucal ou buconasal. A alteração motora-bucal
compromete as funções de respiração, mastigação e deglutição, podendo estar
associada a outros problemas. Esta alteração pode decorrer do uso de
mamadeiras e dos hábitos de sucção não nutritiva, provocando modificações
na respiração e maloclusão. Verificaram que o aleitamento natural exclusivo
favorece a sucção normal, e o aleitamento misto induz alterações na sucção,
que podem levar à ineficiência do padrão motor-bucal da criança. Ressaltaram
a importância do aleitamento materno tendo em mente o fato de que o
40
desmame precoce traz conseqüências no desenvolvimento motor-bucal, na
oclusão, na respiração e nos aspectos motores bucais da criança.
FRONZA et al. (2004) relataram que a respiração bucal tem sido
responsabilizada por sérios efeitos no desenvolvimento craniofacial e da
oclusão, quando não há uma correlação entre as forças internas e externas da
musculatura bucal ou quando a língua deixa a sua posição normal na abóbada
palatina, inicia-se um desequilíbrio muscular que pode resultar na maloclusão.
Nesses casos, a função respiratória normal não ocorre e a musculatura
peribucal não alcança o seu potencial de força, permanecendo fraca. Tais
indivíduos também podem desenvolver, além da maloclusão, um hábito de
deglutição atípica e projetar os incisivos além de suas bases, causando
problemas periodontais precoces. Observaram que as modificações
decorrentes da respiração bucal, associada os padrões anormais de
musculatura envolvem também, modificações posturais em todo o complexo
craniofacial. Verificaram na literatura, certa falta de critérios ao se diagnosticar
de forma precisa os indivíduos portadores de lábios sem a tonicidade normal
ou o comprimento necessário para o correto vedamento labial. Assim, para o
diagnóstico precoce e para a formulação de um plano de tratamento acertado,
é fundamental saber se em indivíduos com Classe II, divisão 1 a musculatura
peribucal pode ter sofrido influências ambientais, como a respiração bucal a
ponto de alterar a sua fisiologia.
SANCHES (2004) relatou que devido ao pequeno crescimento da
mandíbula do recém-nascido no período neonatal (retração mandibular
fisiológica), a língua se apóia sobre a gengiva ou lábio inferior, numa posição
anteriorizada e rebaixada, ocasionando um espaço aereofaríngeo que obriga à
respiração nasal, a qual ocorre em todo recém-nascido. O volume aumentado
da língua, maior que a estrutura óssea que a suporta (mandíbula), está ligado à
sua função na alimentação, já que o contato com o lábio inferior permite uma
postura adequada para a amamentação. Na parte posterior da boca, a base da
língua encontra-se bem próxima à epiglote, em razão do posicionamento mais
alto que a laringe do recém-nascido ocupa (bem próximo ao palato mole) até o
terceiro ou quarto mês, com a função de proteção das vias aéreas inferiores
41
durante a deglutição, facilitando também o acesso do alimento. Essas
diferenças anatômicas do recém-nascido são importantes porque o sistema
bucal infantil ainda não está tão estruturado e eficiente quanto no adulto para
coordenar sucção, deglutição e respiração. Quanto à pega, é importante
verificar se o queixo toca a mama, se os lábios estão voltados para fora,
realizando um correto selamento labial, e se uma área maior de aréola é visível
acima, e não abaixo, da boca do bebê. Deve-se observar também se a língua
envolve inferiormente o complexo areolomamilar durante a sucção. Os
movimentos de ordenha da mandíbula devem ser suaves, coordenados com o
ritmo de deglutição e respiração, sem a participação do músculo bucinador
(ausência de “covinhas”), e as sucções devem ser lentas e profundas, com
pausas.
LESSA et al. (2005) avaliaram por meio de análise cefalométrica as
diferenças nas proporções faciais de crianças respiradoras bucais e nasais.
Foram selecionadas sessenta crianças entre seis e dez anos de idade, que,
após a avaliação otorrinolaringológica para o diagnóstico do tipo de respiração,
foram divididas em dois grupos: grupo I, constituído de crianças respiradoras
bucais, com elevado grau de obstrução das vias aéreas e grupo II, composto
de crianças respiradoras nasais. Os indivíduos foram submetidos à avaliação
ortodôntica por meio de radiografias cefalométricas em norma lateral, a fim de
avaliar as proporções faciais. Constataram que a inclinação do plano
mandibular nos respiradores bucais foi estatisticamente maior do que nos
respiradores nasais, enquanto que a proporção da altura facial posterior e
anterior, e da altura facial anterior superior e inferior foram estatisticamente
menores nas crianças respiradoras bucais, indicando altura facial posterior
menor que a anterior e altura facial anterior inferior aumentada nessas
crianças. Concluíram, então, que os respiradores bucais tendem a apresentar
maior inclinação mandibular e padrão de crescimento vertical, evidenciando a
influência da função respiratória no desenvolvimento craniofacial.
42
4. DISCUSSÃO
Diversos autores consideraram a respiração bucal como um hábito
insalubre, pesquisaram sobre a respiração bucal e correlacionaram a condição
respiratória com o entendimento das patologias acarretadas por esse hábito
deletério (SIMÕES, 1998; CINTRA; CASTRO; CINTRA, 2000). Contudo, outros
autores completaram que os defeitos vindos do hábito de respirador bucal
ainda são discutíveis. Relataram ainda que a respiração bucal é apreciada de
maneira incorreta, como um hábito nocivo, por seu caráter cíclico e
inconsciente (EMSLIE; MASSLER; ZWEMER, 1994; HARTGERINK; VIG, 1989;
CASANOVA, 2000).
Alguns autores concluíram que a respiração bucal faz com que a língua
fique numa postura imprópria em repouso ou em ação, encontrando-se
repetidas vezes integrada à incompetência labial. Esclareceram que o
selamento labial é comprometido quando há um aumento na altura inferior da
face com o comparecimento da obstrução nasal (MARCHESAN; KRAJKAUER,
1993; MOTONAGA; BERTI; LIMA, 1999; CASANOVA, 2000; SANCHES,
2004). Em compensação, outros autores concluíram que o indivíduo com
interrupção no trato respiratório pode ter flacidez labial e que não se deve
associar o ato de respirar pela boca com as estruturas que compõem a face.
Verificaram ainda que nem sempre o portador de hipotonia labial é um
indivíduo com o hábito de respirar pela boca (VIG et al., 1981; COOPER, 1989;
HARTGERINK; VIG, 1989).
Diversos autores descreveram que poderemos ter repercussões
desastrosas na arquitetura facial com a existência da respiração bucal, que
provoca adequações como, por exemplo, mudanças no posicionamento da
língua e modificações posturais. Citaram ainda que há uma correlação entre a
postura da cabeça, modelo de respiração e morfologia dentofacial (SHELTON;
BOSMA, 1962; SOLOW; KLAIBOR, 1977; WARREN; LEHMAN; HINTON,
1986; PETRELLI, 1992).
43
Muitos pesquisadores mencionaram que durante o ato da respiração
bucal, a língua passa a não mais prensar o palato, o qual tende a elevar-se,
tornando-o com uma configuração de ogiva; a maxila tende a ser projetada
para frente acarretando uma irregularidade no arquétipo facial. Essas
anomalias geram as singularidades do indivíduo dolicofacial com aparência
longa e estreita da face (QUINN, 1981; VIG et al., 1981; AZEVEDO, 1984;
SHAPIRO, 1988; HUNGRIA, 1991; WATASE; MOURINO; TIPTON, 1998;
MACEDO et al., 2002).
Diversos autores citaram que os Indivíduos com obstrução nasal
proporcionam uma rotação descendente e oposta da mandíbula com o
desenvolvimento facial imediato. Estas mudanças morfológicas transitórias
passam a ter uma ampliação da altura facial inferior (BUSHEY, 1965;
SUBTELNY, 1975; 1980; LINDER-ARONSON, 1979; QUINN, 1981; KÖHLER,
1997; MOTONAGA; BERTI; LIMA 1999; LESSA et al., 2005). Em contrapartida,
alguns autores concluíram que qualquer conexão respeitável poderia ser
estabelecida entre fatores morfológicos e respiratórios quando correlacionaram
tonicidade labial, dimensão do terço inferior da face e resistência nasal
(HARTGERINK; VIG, 1989; MATTAR, 2002).
Muitos autores relataram que as mudanças ocasionadas na harmonia
facial estão intimamente atadas à interrupção do processo respiratório
adequado e podem gerar determinadas influências no desenvolvimento e nas
mutações da tipologia facial natural (RICKETTS, 1968; ALTMANN, 1992;
BIANCHINI, 1993; OULIS et al., 1994; PROFFIT; FIEDS, 1995; BEZERRA,
1996; RIBEIRO et al., 1997; TUKASAN et al. 1999). Porém, outros associaram
determinados fatores respiratórios com variações na morfologia, tais como
comprimento do terço inferior da face e posição dos lábios; concluíram que
qualquer correlação significativa poderia ser constituída entre as estruturas que
integram a face e o processo respiratório.
Quando o quadro respiratório é modificado, temos um comprometimento
esquelético em relação às estruturas que compõem a face (SANTOS, 1996).
Por outro lado, outro autor relatou que não existe uma mera analogia de agente
44
causador e resultado entre a atuação nasorespiratória e o aumento craniofacial
(URIAS, 1992).
De acordo com alguns pesquisadores, é significante a analogia em meio
à respiração bucal, a distoclusão e as discrepâncias do modelo facial,
concluindo que essas mudanças morfológicas não possuem uma autocorreção
(TOLEDO; BEZERRA, 1996). Não obstante, outros alegaram que as
pendências expressivas no modelo respiratório, mesmo que agregadas ao tipo
facial, não devem ser genuinamente relacionadas ao protótipo facial, uma vez
que se deve ressaltar o desempenho no modelo da respiração (FIELDS et al.,
1991).
Diversos autores concluíram que os respiradores bucais conservam a
boca aberta invariavelmente, evitando que a língua comprima o palato. Com
isso, há compressão externa da maxila pelo desenvolvimento das estruturas
ósseas e musculares que integram a face. O palato duro tende a se elevar e a
pressão negativa do ar ingressando pela cavidade bucal, em vez de ser
introduzida pelo complexo nasal, faz com que o palato cresça para cima,
constituindo o palato ogival (MURAD, 1981; BIANCHINI, 1993; JUSTINIANO,
1995; MOCELIN; CIUFFI, 1997; MOTONAGA; BERTI; LIMA, 1999;
CASANOVA, 2000; CINTRA; CASTRO; CINTRA, 2000). Por outro lado, outros
autores completaram ainda que as deformidades derivadas do hábito de
respirador bucal outrora são contestáveis (EMSLIE; MASSLER; ZWEMER,
1994). Foram avaliados cento e vinte indivíduos por meio da cefalometria e foi
constatado que a conexão entre obstrução aérea nasal e alteração facial
resultam em uma dilatação do tecido mole facial, mudando a morfologia
craniofacial (SOLOW; KREIBOR, 1977). Todavia, alguns pesquisadores
analisaram que nenhuma correlação respeitável poderia ser definida entre
morfologia craniofacial e função nasorespiratória. Relacionaram ainda alguns
fatores morfológicos da face com indivíduos que têm dificuldades respiratórias
(HARTGERINK; VIG, 1989; URIAS, 1992).
5. CONCLUSÕES
1) Segundo os autores pesquisados os indivíduos portadores do hábito
de respiração bucal apresentam um padrão dólicofacial e conseqüentemente
alterações na harmonia facial.
2) De acordo com a pesquisa bibliográfica, ficou evidente neste estudo
que as alterações faciais tem uma relação direta com a respiração bucal e que
os respiradores bucais, tendem a apresentar características marcantes como:
lábios hipotônicos e entreabertos, palato ogival, altura facial exagerada
hipodesenvolvimento da maxila e mandíbula; prognatismo ou retrognatismo;
micrognatia; atresia da maxila; alterações da forma das narinas; sulco
nasolabial curto; lábios ressecados e rachados; língua hipotônica, volumosa e
mal posturada, com a ponta baixa, repousando no assoalho bucal; língua
geográfica; gengivas hipertrofiadas e edemaciadas; sorriso gengival;
assimetrias faciais; deformidade torácica; “fácies” alongadas ou adenoidiana;
olheiras; tensão do bucinador e mentalis; hipertonia do orbicular da boca e do
mentoniano; lábio superior hipertônico; lábio inferior evertido, gretado e
hipotônico; boca entreaberta; hipotonia do palato mole; hipotonia muscular
(corpórea) e ricto facial ao deglutir saliva ou alimento.
46
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