cultivares de pÊssego - embrapa · 2016. 2. 12. · maciel, esmeralda, jade, santa Áurea,...

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CULTIVARES DE PÊSSEGOOPÇOES VARIADAS PARA CADA NECESSIDADEMaria do Carmo Bassols HaseiraDoutora e pesquisadora da Embrapa ClimaTemperadomaria.bassols@embrapa.br

Opessegueiro é uma espécie frutí-fera de clima temperado e,comotal, necessita de frio hibernal.

Com os trabalhos de melhoramento aoredor do mundo foi possível desenvolvercultivares que se adaptam a condições deinverno ameno. E esta espécie,antigamen-te cultivada entre as latitudes de 45° S e N(limitada ao Sul por falta de frio e ao nor-te por temperaturas extremamente baixas),é hoje encontrada não só em regiões comclima temperado, mas também sob con-dições subtropicais e tropicais de altitude.

Limitações

o fator climático que mais limita aexpansão da cultura é a temperatura. In-suficiência de frio hibernal causa flora-ção e brotação erráticas e, consequente-mente, baixa produção.

Geadas danificam flores e frutinhos,principalmente se ocorrerem antes doendurecimento do caroço. Temperatu-ras altas próximas à floração (em tornode 28-30°C, ou mais) diminuem a viabi-lidade dos pólens e reduzem a fertiliza-ção e formação de frutas, podendo resul-tar em ausência completa de produção.

Em qualquer situação, a escolha dacultivar e o manejo adequado do solo eplanta - além, é lógico, do conhecimen-to do mercado a que se destina a produ-ção - são fundamentais para que a cultu-ra seja uma atividade economicamenterentável. Mas, em condições marginaisde adaptação estes fatores são limitan-tes ao sucesso.

Cultivares

A cultivar é um dos componentesmais importantes do sistema de produ-

ção,e pode ser alterada sem precisarmudaro custo de implantação do pomar, uma vezque o valor seráo mesmo para uma cultivarbem adaptada, produtora de frutos de boaqualidade e com boa resistência a doen-ças, ou para uma cultivar sem essas carac-terísticas desejadas.O retorno econômico,entretanto, será,certamente, bem distinto.

De modo geral, as cultivares de pes-segueiro mais plantadas no Brasil sãooriginárias dos programas de melhora-mento genético do Instituto Agronômi-co de Campinas - IAC, Campinas (SP)e da Embrapa Clima Temperado, Pe-lotas (RS).

Há, ainda, cultivares criadas pela Es-tação Experimental de Taquari - Secre-taria de Agricultura e Abastecimentodo RS, EPAGRI (Empresa de Pesquisa

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Agropecuária e Difusão de Tecnologiade Santa Catarina) e pelo IAPAR (Ins-tituto Agronômico do Paraná), além dealgumas de maturação precoce, criadaspela Universidade da Flórida, nos Es-tados Unidos.

No Sul do Rio Grande do Sul predo-mina o plantio de cultivares destinadasao processamento industrial, principal-mente sob forma de compota. As cultiva-res mais plantadas lá são: Bonão, Pepita,Precocinho, Ágata, Sensação, Granada,Maciel, Esmeralda, Jade, Santa Áurea,Leonense, Eldorado e Jubileu, predo-minando Granada, Maciel, Esmeraldae Jade. Todas são de polpa amarela, nãofundente, com sabor doce-ácido, carac-terísticas adequadas ao processamentosob forma de conservas.

Nas áreas menos frias do Sul e Su-deste do Brasil são plantadas, principal-mente, as cultivares Tropic Beauty (ori-ginária da Flórida, EEUU), Pampeano,Aurora, Jóia, Douradão e BRS Fascínio,geralmente complementando o acúmuloinsuficiente de frio com pulverização àbase de cianamida hidrogenada.

Na Serra Gaúcha e em algumas áre-as de Santa Catarina e Paraná predomi-nam as cultivares Marli, Chiripá, Coral,Planalto, Della Nona, Barbosa e Era-gil. Nas regiões intermediárias e no to-tal das áreas ao Sul, a cultivar Chimar-rita é, possivelmente, ainda a principal.

Mercado

Contrariamente ao que se passa noresto do mundo, onde o consumo de pês-segos está mais ou menos estabilizado e oconsumo e consequente plantio de nec-tarineiras têm sido incrementados, noBrasil isso não aconteceu ainda.

As principais cultivares de nectari-neiras plantadas no país são de origemamericana: 'Sunblaze, 'Sungold, Sun-raycer. As cultivares brasileiras, embo-ra produtoras de frutas mais doces, per-dem em tamanho e aparência e não têmcompetitividade no mercado. Há, entre-tanto, seleções avançadas, ainda em tes-tes, que representam uma melhoria emrelação ao que hoje se dispõe.

Lançamentos

Anualmente, no mundo todo, novascultivares são lançadas no mercado. NoBrasil não é muito diferente. Só nos últi-mos 11 anos, a Embrapa Clima Tempe-rado lançou as cultivares: Atenas, Olím-pia, Santa Áurea, Sensação, BRS Bonão,BRS Libra e BRS Âmbar,cujos frutossão destinados ao processamento (embo-ra algumas delas, como Sensação, SantaÁurea, Libra e Âmbar tenham boa acei-tação no mercado in natura) ; e Rubimel;BRS Kampai, BRS Fascínio, BRS Rega-lo e, mais recentemente, BRS Mandinho,a primeira cultivar brasileira de pêssegoplaticarpa (tipo bolachinha) e adaptadaa condições de inverno com baixo acú-mulo de frio.

A EPAGRI lançou as seguintes cul-tivares tipo mesa (consumo in naturai:Zilli (interessante por ter polpa ama-rela com uma faixa branca na sutura);SCS 419 Mondardo; SCS423 Bonora;SCS424 Fortunato e a cultivar de nec-tarineira SCS 418 Julema.

O Instituto Agronômico de Campi-nas lançou as cultivares Big Aurora (pês-sego) e Aurojima (nectarina),

Planejamento é fundamental

Há uma vasta gama de opções dis-poníveis para os produtores. Mas, há

também certos cuidados a serem con-siderados quando da escolha de umacultivar. O primeiro deles é saber ondee como se quer comercializar a fruta eprocurar conhecer as preferências dessemercado. Em seguida, e tão ou mais im-portante, é informar-se junto aos órgãosde assistência técnica sobre quais as cul-tivares passíveis de adaptação à região.

Em áreas do sul do Brasil, onde háriscos de geadas, a época de floraçãoé extremamente importante. A neces-sidade de frio hibernal, para a quebrada dormência das plantas, é outro fa-tor que pode determinar o sucesso ounão do pomar, pois embora o acúmuloinsuficiente de frio hibernal possa sercomplementado com tratamento quí-mico, isso só é possível dentro de cer-tos limites.

A distância do pomar ao mercado etipo de estradas a percorrer são tambémfatores importantes. Frutas macias, su-culentas, com caroço solto, machucammais facilmente no transporte, princi-palmente se as estradas não forem pa-vimentadas ou se forem irregulares, emais ainda se o mercado estiver distan-te da propriedade.

Há produtores que, nesses casos, co-lhem frutas imaturas, porém, há que sesalientar que essas frutas nunca atingi-rão o seu potencial de qualidade ou sa-bor que o consumidor gostaria.·

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