monografia lucas neves - ufc
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA,
CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
LUCAS MORAIS NEVES
ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALH O DE
UMA ODONTÓLOGA
FORTALEZA
2014
2
LUCAS MORAIS NEVES
ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE
UMA ODONTÓLOGA
Monografia apresentada ao Curso de
Administração da Faculdade de
Economia, Administração, Atuária,
Contabilidade e Secretariado Executivo da
Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do Título
de Bacharel em Administração.
Orientador: Carlos Manta Pinto de Araújo,
MS.
FORTALEZA
2014
3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo
N425e Neves, Lucas Morais. Ergonomia: estudo das condições do posto de trabalho de uma odontóloga/ Lucas Morais Neves. –
2014. 74 f. : il. color.; enc. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,
Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, Curso de Administração, Fortaleza, 2014.
Orientação: Prof. Me. Carlos Manta Pinto de Araújo. 1. Ergonomia. 2.Doenças profissionais. I. Título.
CDD 658
4
LUCAS MORAIS NEVES
ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE
UMA ODONTÓLOGA
Esta monografia foi submetida ao Departamento de Administração
da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Bacharel em Administração, outorgado pela
Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos
interessados na Biblioteca da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde
que feita de acordo com as normas de ética científica.
Data da aprovação: ___ de ___________ de _____.
Nota
___________________________________ _____
Prof. Carlos Manta Pinto de Araújo
Orientador
Nota
___________________________________ _____
Prof. Jacqueline Maciel Pombo
Membro da Banca Examinadora
Nota
___________________________________ _____
Prof. Elidihara Trigueiro Guimarães
Membro da Banca Examinadora
5
“ A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original. ”
(Albert Einstein)
6
Dedico este trabalho a minha família pelo grande exemplo de força e amor.
7
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer, primeiramente, à minha mãe, Ana Cleuma Moura Morais, que sempre me incentivou, me apoiou, me deu forças e me ajudou a realizar este trabalho.
Ao meu pai, Sérgio Faria Neves, que mesmo morando em outra cidade sempre me motivou e me deu força.
Ao meu irmão, Pedro Morais Neves, pelo carinho nesse momento importante da minha vida e por sempre me ajudar.
Ao meu orientador e professor, Carlos Manta Pinto de Araújo, que me ajudou a concretizar este sonho.
A todos os meus amigos que me ajudaram e entenderam esse momento feliz da minha vida.
A banca examinadora por aceitarem meu convite.
E a todos que de alguma forma me ajudaram nessa importante caminhada.
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Resumo
Quando se fala em trabalho, muitas vezes não se importa com o modo com que ele será realizado, e sim se conseguirão realizá-lo e os benefícios financeiros que ele trará, deixando de lado o que se tem de mais precioso: a saúde, seja ela própria, no caso de um trabalhador autônomo ou de um funcionário, no caso de uma empresa. Com isso, esse trabalho trata de um tema muito importante para a saúde do trabalhador, a ergonomia. Ela deve ser utilizada em todos os componentes do posto de trabalho, não somente na cadeira de trabalho ou na posição correta de sentar-se, mas também na iluminação, temperatura, ruídos, dentre outros. Este trabalho realiza um estudo das normas ergonômicas em um consultório odontológico e um questionário com uma dentista, a fim de informar e ressaltar que a não realização dessas normas ergonômicas poderá gerar doenças ocupacionais, estresses etc. Com isso, a ergonomia também melhora a autoestima e, consequentemente, a produtividade do trabalhador. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, análise in loco e, também, uma entrevista através de um questionário com a cirurgiã-dentista Dra. Ana Cleuma Moura Morais.
Palavras-chave: ergonomia, posto de trabalho, normas ergonômicas,
doenças ocupacionais.
9
Abstract
When the point is work, often do not care about the way he will be held, but whether it can be accomplished and the financial benefits it will bring, leaving aside what is most precious: the health, either itself, in the case of an independent contractor or an employee of a company in the case. Thus, this work is about a very important theme for the worker´s health, the ergonomics issue. It should be used in all components of the job, not only in the chair at work or in the correct position to sit, but also in the lighting, temperature, noise, among others. This research conducts a study of ergonomic standards in a dental office and a questionnaire with a dentist in order to inform and emphasize that not performing them may generate occupational diseases, stress etc.. Therefore, ergonomics also improves self-esteem and, consequently, worker productivity. The used methodology is a bibliographic research, a local analysis and also an interview using a questionnaire with a dentist Dr. Ana Cleuma Moura Morais.
Word keys: ergonomics, workstation, ergonomic standards, occupational
diseases.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Limites de tolerancia para ruído contínuo e intermitente…..…23
Quadro 02 – Tabela de iluminancia e tipos de ambiente………….....…........27
Quadro 03 – SONDE: Pesquisa postural de dentistas……………....……….47
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Ergonomia Física………………………………………......……........17
Figura 02 – Ergonomia Cognitiva…………………....……..….......………..........18
Figura 03 – Ergonomia Organizacional……………...…………….………..........18
Figura 04 – Temperatura x Queda da produtividade…………...….……............22
Figura 05 – Escala de ruído, em decibéis (dB), desde confortável até prejudicial
à saúde ..............................................................................................................24
Figura 06 – Trabalhador exposto à vibração…….................…….………..........25
Figura 07 – Trabalhador exposto a agente químicos……......……………….....26
Figura 08 –Trabalhador exposto a má iluminação…..………………………......30
Figura 09 – Posicionamento de trabalhador sentado………………...……........33
Figura 10 – Posicionamento de bancadas de trabalho para trabalho em pé....34
Figura 11 – Representação esquemática da posição correta de levantamento e
transporte de cargas……………………………………………………………....…36
Figura 12 –Movimentos para ginástica laboral para prevenção das L.E.R.......39
Figura 13 – Equipamentos odontológicos ruidosos….………………….............62
Figura 14 – Equipamentos odontológicos ruidosos ………………….................62
Figura 15 – Equipamentos odontológicos ruidosos …………………….............62
Figura 16 – Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos....62
Figura 17 – Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos....62
Figura 18 – A odontóloga e os E.P.I.s……………...............…………................63
Figura 19 – Mocho…………………………………....…………………….............64
Figura 20 – Mocho da dentista e da ASB………………………………...............64
Figura 21 – Cadeira odontológica……………………..…………………..............65
Figura 22 – Cadeira odontológica………………….. …………………................65
Figura 23 – Equipo………………………………………………………….............65
Figura 24 – Refletor odontológico……………………………………………….....66
Figura 25 – Refletor odontológico……………………………………………….....66
Figura 26 – Equipamentos cobertos com filme plástico transparente…...........67
Figura 27 – Equipamentos cobertos com filme plástico transparente...............67
Figura 28 – Posições de trabalho da dentista e da ASB….…………................68
Figura 29 – Posições de trabalho da dentista e da ASB ……..…......................68
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................14
2. ERGONOMIA: CONCEITOS E PRESCRIÇÕES ............................16 2.1 – Tipos de abordagens ergonômicas............................................17 2.1.1 – Áreas ergonómicas……………………………..........................17 2.1.2 – Abordagens em ergonomia.....................................................19 2.1.3 – Contribuições ergonômicas………………...............................19 2.1.4 – Aplicações da ergonomía……….............................................20 2.1.5 – Benefício da ergonomía..........................................................20 2.2 – Ambiente....................................................................................21 2.2.1 – Temperatura............................................................................21 2.2.2 – Ruídos.....................................................................................23 2.2.3 – Vibrações................................................................................25 2.2.4 – Agentes Químicos……………….............................................26 2.2.5 – Iluminação...............................................................................27 2.2.6 – Cores.......................................................................................30 2.3 – Postura e Movimento.................................................................31 2.3.1 – Postura....................................................................................32 2.3.2 – Movimento...............................................................................35 2.4 – Riscos Ergonômicos...................................................................37 2.4.1 – Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.) / Disturbio Osteomuscular Relacionado ao Ttrabalho (D.O.R.T.)........................38
3. ERGONOMIA NAS PRÁTICAS DA ODONTOLOGIA ...................40 3.1 – Processos de intervenção ergonômica: análise ergonômica dos postos de trabalho...............................................................................40 3.1.1 – Estudo do posto de trabalho: abordagem tradicional e ergonômica...........................................................................................403.2 – Análise ergonômica da demanda: conceitos e práticas odontológicas relacionadas com a ergonomia....................................41 3.2.1 – Posições de trabalho...............................................................41 3.2.2 – Os componentes do consultório..............................................43 3.2.3 – Epidemiologia das tecnopatias odontológicas (doenças ocupacionais).................................................................................... 46 3.2.4 – Etiologia das tecnopatias na prática odontológica..................48 3.3 – Análise ergonômica da tarefa....................................................53 3.3.1 – Princípios de prevenção das tecnopatias...............................53 3.4 – Análise ergonômica das atividades............................................56 3.4.1 – Posicionamento adequado de trabalho...................................57 3.4.2 – Odontologia a quatro mãos.....................................................58 3.5 – O diagnóstico em ergonomia.....................................................58
4. ANÁLISE DE UM POSTO DE TRABALHO ODONTOLÓGICO E ENTREVISTA COM UMA ODONTÓLOGA ........................................61
13
4.1 – Análise das normas ergonômicas em um posto de trabalho odontológico.........................................................................................61 4.2 – Entrevista com uma profissional da área odontológica.............69
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................73
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................75
14
CAPÍTULO 01 - INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, é frequentemente mencionada nos meio de
comunicação de massa a sobrecarga de alguns segmentos profissionais na
tentativa de obterem níveis de renda compatíveis com as suas exigências
pessoais e profissionais. Além deste fator, é também evidente a rápida
transformação pela qual a maioria das profissões passa com as inovações
disseminadas pelos meios de comunicação. Isto demanda aos segmentos
profissionais uma imposição em se manter atualizado com novos padrões de
conhecimento e práticas profissionais. Estes aspectos compõem cenários que
são agravados por uma competitividade entre profissionais na tentativa de
marcarem seus espaços de atuação. Nestes, provavelmente, em um mercado
cada vez mais competitivo, os profissionais acabam se preocupando pouco ou
quase nada com a sua própria segurança e bem-estar no trabalho.
Esta problemática pode também ser identificada na atuação do
profissional odontológico, pois ele realiza muitos movimentos repetitivos e tem
contato próximo com altos ruídos e iluminações inadequadas por um grande
período de tempo, equipamento perfurante, produtos químicos, dentre outros
possibilitadores de ofensa a sua saúde. Apesar de não serem encontrados
dados estatísticos relatando a ocorrência de L.E.R./DORT1, autores como
Araújo e De Paula (2003) relatam tanto os diversos fatores de risco, assim
como, as ocorrências destes decorrentes que, em alguns casos, acabavam
fazendo com que esses profissionais se aposentassem precocemente por
causa dessas doenças. Nas empresas de modo geral existem CIPAS como
unidades responsáveis pela prevenção de acidentes profissionais.
Apesar da relevância do tema fica a seguinte questão: como se
apresenta um posto de trabalho em uma entidade e qu ais as normas
internas institucionalmente difundidas no sentido d e prevenção de
LER/DORT de profissionais odontólogos?
As doenças resultantes de LER/DORT são na sua maioria dos casos
dolorosas e de difícil e prolongado tratamento, sendo que, em alguns casos
1 Revista APS, v.6, n.2, p.87-93, jul./dez. 2003 http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Educacao1.pdf
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irreversíveis. Além disso, a importância do tema além da proteção preventiva
aos profissionais odontólogos contribui também para a imagem das instituições
públicas ou privadas de assistência à saúde. Sob o ponto de vista da
seguridade social é também relevante o relato de muitos afastamentos, alguns
deles permanentes, por motivo de doenças ocupacionais.
O trabalho tem como objetivos: descrever um posto de trabalho de
uma odontóloga em uma unidade de um órgão privado adotando o método
para a composição do caderno de encargos e recomendações ergonômicas.
Além desse, como segundo objetivo identificar as orientações prescritivas
orientando odontólogos, preventivamente, a LER/DORT existentes na
instituição observada.
O estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica sobre ergonomia,
observação no posto de trabalho e na entrevista de uma profissional da área
odontológica, que auxiliou no preenchimento do caderno de encargos de
recomendações ergonômicas.
Este trabalho é composto por cinco capítulos; sendo o primeiro, a
introdução; o segundo, o qual aborda a ergonomia em geral, os riscos
ergonômicos e as lesões por esforços repetitivos (L.E.R.); o terceiro, no qual
são abordados conceitos e práticas da odontologia; o quarto, o qual analisa o
posto de trabalho de uma profissional da área odontológica; e, por fim, o quinto
capítulo que discorre sobre as considerações finais.
16
CAPÍTULO 02 - ERGONOMIA: CONCEITOS E PRESCRIÇÕES
Ergonomia é uma palavra de origem grega, que significa normas ou leis
de trabalho, pois é derivada dos termos ergo que significa trabalho e momos
que significa leis ou normas, podendo ser definida como: a ciência da
configuração de trabalho adaptada ao homem – Grandjean (1998).
Segundo o doutor em ergonomia Itiro Iida, a ergonomia é o estudo da
adaptação do trabalho ao homem, sendo trabalho toda a situação em que
ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, envolvendo não
somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como
esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados
desejados. Já a definição formal da Ergonomia adotada pela IEA (International
Ergonomics Association) é:
Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que estuda
as interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo
aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de
melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. ( DUL,
WEERDMEESTER, 2004, p.1)
Sendo, a ergonomia, uma ciência multidisciplinar, com base formada em
várias outras ciências, que tenta adaptar os instrumentos, condições e
ambiente de trabalho as capacidades psicofisiológicas, antropométricas e
biomecânicas do trabalhador que está exercendo aquela função, a fim de
aperfeiçoar o estudo do sistema homem-máquina-ambiente de trabalho,
visando sempre adequar o trabalho ao homem.
Os objetivos práticos da ergonomia, segundo Iida, são: a segurança, a
satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com
sistemas produtivos, vindo, como resultado, a eficiência, pois a ergonomia visa,
em primeiro lugar, o bem-estar do trabalhador.
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Pelo fato da adaptação do trabalho ocorrer, geralmente, do trabalho para o
homem, sendo mais difícil adaptar o homem ao trabalho, a ergonomia parte do
conhecimento do homem para realizar o projeto do trabalho, adequando às
capacidades e limitações humanas. Para isso, a ergonomia estuda o homem;
suas características físicas, fisiológicas, psicológicas e sócias do trabalhador,
influência do sexo, idade, treinamento e motivação, a máquina; sendo todo o
material que o homem utiliza no seu trabalho, como equipamentos,
ferramentas, mobiliários e instalações, o ambiente; sendo o ambiente físico que
envolve o homem em seu período de trabalho, como a temperatura, ruídos,
vibrações, luz, cores, gases e outros, a informação; sendo a comunicação
existente entre os elementos de um sistema, a transmissão de informações, o
processamento e a tomada de decisões, a organização e as consequências do
trabalho.
2.1 Tipos de abordagens ergonômicas
Atualmente, decorrente do grande avanço tecnológico, estão surgindo cada vez
mais trabalhos humanos em ambientes complexos, o que faz com que a
ergonomia ganhe um espaço cada vez maior no mercado, já que ela tem como
objetivo principal apresentar soluções e propostas para um trabalho melhor.
2.1.1 Áreas ergonômicas
Segundo a IEA, existem três áreas de especialização da ergonomia, sendo
elas a ergonomia física, a ergonomia cognitiva e a ergonomia organizacional.
Figura 1: Ergonomia física.
Fonte: cmqv.org
18
Ergonomia Física: conforme ilustra a figura 1, é relativa às características da
anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à
atividade física; tendo como objeto de estudo a postura do trabalho, manuseio
de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo esqueléticos
relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde.
Figura 2: Ergonomia cognitiva.
Fonte: ergonomia-cognitiva.com/en
Ergonomia Cognitiva: envolvendo processos mentais, tais como percepção,
memória, raciocínio, e resposta motora, conforme afetam interações entre
seres humanos e outros elementos de um sistema. Abordam carga mental de
trabalho, tomada de decisão, performance especializada, interação homem-
computador, stress, como mostra a figura 2, e treinamento conforme estes se
relacionam aos projetos que envolvam seres humanos e sistemas.
Figura 3: Ergonomia organizacional.
Fonte: fificom.com.br
19
Ergonomia Organizacional: refere-se à otimização dos sistemas sócio
técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos:
comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações, projeto de trabalho,
organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, como ilustrado na figura
3, projeto participativo, ergonomia comunitária e trabalho cooperativo, novos
paradigmas do trabalho, cultura organizacional, organizações em rede, tele
trabalho e gestão da qualidade.
2.1.2 Abordagens em ergonomia
A ergonomia pode variar de acordo com a abrangência com que ela é
realizada na organização, a fim de proporcionar melhorias nas situações de
trabalho dentro da empresa, podendo ser, essa abrangência, de duas formas
possíveis, classificada em análise de sistemas e análise dos postos de
trabalho.
• Análise de sistemas: É uma análise mais global, pois se preocupa com
o funcionamento global de vários trabalhadores ou uma equipe de
trabalho usando uma ou mais máquinas.
• Análise dos postos de trabalho : analisa uma parte do sistema onde
atua um trabalhador, fazendo a análise da tarefa, da postura e dos
movimentos do trabalhador e das suas exigências físicas e psicológicas.
2.1.3 Contribuições ergonômicas
A contribuição ergonômica pode ser classificada, segundo Iida, como,
concepção, correção, conscientização, participação, produto e produção:
• Ergonomia de concepção: ocorre quando a contribuição ergonômica
se faz durante a fase inicial de projeto do produto, da máquina ou do
ambiente, podendo as alternativas ser amplamente examinadas, pois as
decisões são tomadas em cima de situações hipotéticas.
• Ergonomia de correção : é aplicada em situações reais, já existentes, a
fim de solucionar problemas que refletem na segurança, na fadiga
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excessiva, em doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da
produção.
• Ergonomia de conscientização: é a conscientização do trabalhador,
através de cursos de treinamento e reciclagens, ensinamentos de
segurança e os fatores de risco que podem ocorrer no ambiente de
trabalho como, por exemplo, em uma situação de defeito na máquina, o
procedimento correto a ser tomado.
• Ergonomia de participação: procura envolver o próprio usuário do
sistema, na solução de problemas ergonômicos. Podendo ser o
trabalhador, no caso de posto de trabalho ou consumidor, no caso de
produtos de consumo.
Segundo Alain Wisner (1987), ele ainda distingue dois campos principais:
• Ergonomia do produto : concepção de produtos com atenção voltada
para sua otimização ao bem-estar do usuário, considerando suas
características e necessidades de conforto e segurança;
• Ergonomia da produção: ocupa-se da organização dos métodos de
trabalho, da distribuição de tarefas, do desenvolvimento de padrões e
protocolos com treinamento constante.
2.1.4 Aplicações da ergonomia
A ergonomia deve ser aplicada desde o início do projeto de uma
máquina, ambiente ou local de trabalho, sempre visando a saúde e a
segurança do trabalhador.
Nos dias atuais, a ergonomia não se resume mais, somente, ao trabalho,
mas também já são realizados estudos ergonômicos para melhorar as
residências, a circulação de pedestres em locais públicos, ajudar pessoas com
deficiência física etc.
2.1.5 Benefício da ergonomia
A ergonomia trás além de inúmeros benefícios para o trabalhador, pois
evita lesões, acidentes de trabalho, doenças ocupacionais que poderiam vir até
21
mesmo a se transformar em crônicas com o tempo etc., benefícios também
para o empresário, em caso de patrão, ou para o próprio trabalhador, se ele for
autônomo, como no caso de um odontólogo, por exemplo, pois a ergonomia faz
com que a produtividade melhore bastante, decorrente do aumento do
rendimento do trabalhador, que se sente, inclusive, mais motivado ao realizar
sua tarefa.
Segundo Iida (2005, pag.22):
Os benefícios são representados pelos bens e serviços produzidos. No
caso de uma mudança proposta na produção, devem ser estimados os
aumentos de produtividade e de qualidade, a redução dos desperdícios,
as economias de energia, mão-de-obra, manutenção, e assim por diante.
Existem outros benefícios de mais difícil mensuração, como redução das
faltas de trabalhadores devido a acidentes e doenças ocupacionais.
Finalmente, existem os benefícios chamados de intangíveis, que não
podem ser calculados objetivamente mas apenas estimados, mas nem
por isso menos importantes, como a satisfação do trabalhador, o
conforto, a redução da rotatividade e o aumento da motivação e da moral
dos trabalhadores.
2.2 Ambiente
As condições ambientais de trabalho são de suma importância para o
desempenho e a saúde do trabalhador, sendo amplamente estudado na
ergonomia, pois influenciam no desempenho do trabalho humano e estão
diretamente relacionados com a tensão sofrida pelo funcionário, o aumento da
satisfação no trabalho, a melhoria da produtividade, a redução da fadiga e de
acidentes, dentre outros fatores.
Sendo estudado dentro do ambiente de trabalho: a temperatura, os
ruídos, as vibrações, os agentes químicos, a iluminação e as cores.
2.2.1 Temperatura
O clima, principalmente a temperatura e a umidade ambiental, influi
diretamente no desempenho do trabalho humano, tanto sobre a produtividade
como sobre os riscos de acidentes, segundo Iida.
De acordo com uma pesquisa realizada por Bredford e Vernon (1922),
pôde-se perceber que o tempo necessário às pausas aumenta a partir dos
22
19°C, havendo um aumento expressivo a partir dos 24°C. A probabilidade de
acidentes no trabalho também tende a crescer depois dos 20°C. Para se ter
uma noção da importância da temperatura, um trabalhador operando em um
ambiente de trabalho a 28°C tem sua eficiência reduzia em 41% se comparada
ao mesmo trabalho realizado a uma temperatura de 19°C. Tanto as pausas
como o índice de acidentes crescem para temperaturas abaixo de 19°C.
Tanto o trabalho a altas temperaturas quanto a baixas temperaturas,
sem a proteção física adequada, são prejudiciais à saúde do trabalhador, pois
além de interferirem no rendimento profissional, podem trazer sérios problemas
à saúde, como por exemplo: o trabalhador vir a sofrer um colapso, pelo fato da
desidratação pelo excesso de suor e reposição insuficiente dos sais minerais,
causados pelo extremo excesso de calor. Também há problemas causados
pelo excesso do frio, pois ele exige maior esforço muscular.
Existem diversas pesquisas comprovando a influencia do clima no
desempenho de tarefas mentais (Bridger, 2003), como ilustra a figura 4, pois as
temperaturas extremas dificultam a concentração mental, porque a sensação
de desconforto provoca distrações, o que interfere, diretamente, no rendimento
do trabalhador.
Figura 4: Temperatura x Queda da produtividade.
Fonte: webarcondicionado.com.br
23
2.2.2 Ruídos
Os ruídos são motivos de uma das maiores queixas nos ambientes de
trabalho, sendo até 90 dB2, o nível máximo para que não haja danos aos
órgãos auditivos. Porém, entre 70 e 90 dB eles já dificultam a conversa e a
concentração, e podem provocar aumento dos erros e redução do
desempenho, portanto, para ambientes de trabalho, o nível que se torna ideal,
seria abaixo de 70 dB. Segue abaixo, no quadro 1, os limites toleráveis a ruídos
em diversos tipos de atividades.
Quadro 1: Limites de tolerância para ruído contínuo e intermitente.
Fonte: MTE Ministério do Trabalho e Emprego3
Uma das doenças causadas pela exposição constante a altos ruídos é a
surdez, que por sua vez, pode ser classificada de duas formas possíveis: a
surdez de condução e a surdez nervosa. 2 dB decibel, unidade acústica de medida de intensidade sonora com o apoio do decibelimetro
3 http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF2FA9E54BC6/nr_15_anexo1.pdf
24
• Surdez de condução: é a redução da capacidade para transmitir as
vibrações, partindo do ouvido externo para o interno, podendo ser
causada por vários fatores, como acumulo de cera, infecção ou
perfuração do tímpano.
• Surdez nervosa: ocorre no ouvido interno e é gerada pela redução da
sensibilidade das células nervosas da cóclea, devido a exposições
duradouras a ruídos intensos.
A surdez pode ser temporária, reversível, quando o trabalhador recebe
durante um dia inteiro um ruído em elevados índices de dB por exemplo, sendo
o problema sanado após um dia de descanso, ou pode ser uma surdez
irreversível, caso esse trabalhador não dê o repouso necessário aos seus
ouvidos e permaneça sendo exposto a elevados índices de ruídos, levando em
conta também a frequência e a intensidade, havendo um efeito cumulativo,
podendo fazer com que a surdez temporária se transforme em permanente, de
caráter irreversível. O que pode vir, com a perda da audição, a prejudicar e
muito a qualidade do trabalho e a carreira do trabalhador.
Figura 5: Escala de ruído, em decibéis (dB), desde confortável até prejudicial à saúde.
Fonte: vitruvius.com.br
25
2.2.3 Vibrações
As vibrações, quando de forma direta sobre o corpo humano, podem ser
extremamente graves, podendo, até mesmo, danificar permanentemente
alguns órgãos do corpo humano, e trazer problemas ao trabalhador como
perda de equilíbrio, falta de concentração e visão turva, diminuindo a acuidade
visual.
Em alguns casos, como os trabalhadores florestais que usam
motosserra, por exemplo, pode haver uma degeneração gradativa do tecido
vascular e nervoso, o que pode vir a causar a perda da capacidade
manipulativa e o tato nas mãos, o que dificulta o controle motor, conforme
ilustra a 6.. Em casos de vibrações intensas, também pode vir a ocorrer
dormência dos dedos e perda de coordenação motora, ou provocarem enjoos,
interferência na fala e confusão visual. A exposição ininterrupta pode levar a
lesões da coluna vertebral, desordem gastrointestinal e perda de controle
muscular de partes do corpo.
Segundo Iida (2005, pág. 513), as frequências intermediárias, de 30 a
200 Hz provocam doenças cardiovasculares mesmo com baixas amplitudes
1mm) e, nas frequências altas, acima de 300 Hz4, o sintoma é de dores agudas
e distúrbios neurovasculares. Alguns desses sintomas são reversíveis. Após
um longo período de descanso, eles podem reduzir-se, mas retornam
rapidamente se o organismo for novamente exposto às vibrações.
Figura 6: Trabalhador exposto à vibração.
Fonte: porto100riscos.blogspot.com.br 4 Hz abreviatura de Hertz é a unidade medida correspondente à frequência de ciclos ondulatórios
decorrente de vibração que serve para aferir intensidade sonora.
26
2.2.4 Agentes Químicos
Segundo Itiro Iida (2005, p.519), os agentes químicos nocivos à saúde
atingem o organismo por via da ingestão, contato com a pele e inalação. Este
último é o mais frequente em ambientes de trabalho e é chamado
genericamente de aerodispersoides, e classificam-se em: poeiras, fumos,
gases, vapores e neblinas.
Muitos agentes químicos podem causar sérios problemas à saúde do
trabalhador, e são comumente encontrados em vários ambientes de trabalho,
como por exemplo: o Monóxido de carbono, que pode causar falta de ar,
tontura, confusão mental, dores de cabeça, inconsciência e até mesmo riscos
de morte, ilustrado na figura7; Metais pesados; Solventes; Sílica, que causa
lesões crônicas irreversíveis nos pulmões; Fumaças, Gases e Vapores tóxicos;
Agrotóxicos; Radiações ionizantes, que podem causar doenças de pele,
leucemia, perdas de cabelo, alterações na composição sanguínea e úlceras;
dentre outros.
Figura 7: Trabalhador exposto a agentes químicos.
Fonte: descomplicandoaseguranca.blogspot.com.br
27
2.2.5 Iluminação
A luz solar, além de proporcionar um efeito benéfico no organismo
humano, melhorando a saúde e o humor, ela também aumenta a satisfação no
trabalho e a produtividade, além de reduzir a fadiga e os acidentes, isso
quando realizado com um planejamento da iluminação e das cores.
Após a luz incandescente ser inventada por Thomas Edison (1847-1931)
em 1878, a vida ativa da população mundial teve um aumento de mais de
quatro horas diárias, sendo um dos inventos que mais contribuiu para o
aumento da produtividade humana, o que faz da iluminação um dos principais
fatores ambientais que influencia no desempenho do trabalho humano.
Os projetos e avaliações da iluminação nos postos de trabalho são
realizados através da fotometria, que é, justamente, a realização das medidas
da luz, sendo essas medidas essenciais para a realização desses projetos e
avaliações.
A iluminação, por interferir diretamente na visão, influencia na
capacidade de discriminação visual através de alguns fatores que podem ser
corrigidos em um posto de trabalho, como a quantidade de luz, o tempo de
exposição e o contraste entre figura e fundo. Segundo Itiro Iida (2005, p.463):
Quadro 2: Tabela de iluminância e tipos de ambiente5.
Fonte: UNICAMP
5 Tabela obtida no site http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/tabelas/luminotecnica.pdf
em 14.05.2014
28
• Quantidade de luz: O rendimento visual tende a crescer, a partir de 10
lux até cerca de 1 000 lux, enquanto a fadiga visual se reduz nessa
faixa. A partir desse ponto, os aumentos do iluminamento não provocam
melhoras sensíveis do rendimento, mas a fadiga visual começa a
aumentar. Dessa forma, recomenda-se usar 2 000 lux6 praticamente
como o máximo. Em alguns casos excepcionais, para montagens ou
inspeções de peças pequenas e complicadas, com pouco contraste,
pode-se chegar a 20 000 lux, como mostra o quadro 1, porém deve-se
utilizar por baixa duração.
• Tempo de exposição: O tempo de exposição, para que um objeto
possa ser discriminado, depende do seu tamanho, contraste e nível de
iluminamento. Na maioria dos casos, é suficiente o tempo de 1 segundo
para que haja uma boa discriminação. Se os objetos forem pequenos e
o contraste for baixo, o tempo necessário poderá crescer sensivelmente.
Por exemplo, para objetos pequenos, se o contraste for reduzido de 70
para 50%, o tempo necessário aumentará em 4 vezes.
• Contraste entre figura e fundo: O contraste é a diferença entre a figura
e o fundo. Se não houver esse contraste, a figura ficará camuflada e não
será visível. Sendo, o contraste um conceito relativo e não depende
apenas do iluminamento absoluto da figura. O contraste indica também
a proporção adequada de luminância entre a área de trabalho e o
ambiente imediato. Dessa forma, não se recomenda o uso de
revestimentos brancos em mesas de trabalho para manipulação de
papéis. É preferível usar um tom cinza ou beje que a folha branca possa
destacar-se sobre o fundo.
Um dos problemas da má iluminação, segundo Itiro Iida (2005, p.468), é
a fadiga visual, que é caracterizada pelo piscar dos olhos e lacrimejamento. A
frequência do piscar vai aumentando, a visão torna-se ‘’borrada’’ e se duplica.
Tudo isso diminui a eficiência visual. Em grau mais avançado, ela provoca
dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional. Em
consequência, há quedas do rendimento e da qualidade do trabalho.
6 Lux unidade de medida de iluminância
29
Pode-se evitar a fadiga visual através da correção da iluminação no
ambiente de trabalho, com um planejamento da iluminação, assegurando a
focalização do objeto a partir de uma postura confortável. A luz também deve
ser planejada para não criar sombras, ofuscamentos ou reflexos indesejáveis.
Além da iluminação adequada do objeto, a iluminação do fundo deve permitir
um descanso visual durante as pausas e aliviar o mecanismo de acomodação.
Recomendam-se pausas frequentes, mesmo que sejam de curta duração,
podendo ser de 5 minutos a cada 1 hora ou até mais curtas e mais frequentes,
de 1 minuto a cada 10 minutos de trabalho.
Segundo Itiro Iida (2005, p.475), as recomendações sobre iluminação são:
• Sempre que possível, aproveitar a iluminação natural, evitando-se a
incidência direta da luz solar sobre superfícies envidraçadas;
• As janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas de formatos mais
altos na vertical, são mais eficazes para permitir uma penetração mais
profunda da luz;
• A distância da janela ao posto de trabalho não deve ser superior ao
dobro da altura da janela, para o aproveitamento da luz natural;
• Para reduzir o ofuscamento: a) usar vários focos de luz, ao invés de um
único; b) proteger os focos com luminárias ou anteparos, colocando um
obstáculo entre a fonte e os olhos; c) aumentar o nível de iluminação
ambiental em torno da fonte de ofuscamento, para diminuir o brilho
relativo; d) colocar as fontes de luz o mais longe possível da linha de
visão; e) evitar superfícies refletoras, substituindo-as pelas superfícies
difusoras;
• Para postos de trabalho onde se exigem maiores precisões, providenciar
um foco de luz adicional, que pode ter um iluminamento de 3 a 10 vezes
superior ao do ambiente geral;
• Usar cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies, para reduzir a
absorção da luz;
30
• A luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causar efeito
estroboscópio7 em motores ou peças em movimento (se houver
coincidência com a ciclagem de 60 hertz podem produzir uma imagem
estática), havendo riscos de provocar acidentes;
• A intermitência da lâmpada fluorescente pode tornar-se incômoda para
as pessoas sensíveis. Elas podem ser substituídas por lâmpadas
eletrônicas com frequências de oscilação mais alta que pode ser
identificada na figura 8;
Figura 8: Trabalhador exposto a má iluminação.
Fonte: tecnologia.uol.com.br
2.2.6 Cores
Um planejamento adequado de cores no ambiente de trabalho,
aplicando-se cores claras em grandes superfícies, com contrastes adequados
para identificar os diversos objetos, associado a um planejamento da
iluminação, tem produzido economias de até 30% no consumo de energia e
aumentos de produtividade que chegam a 80 ou 90%. Além do mais, o uso
adequado de cores facilita as comunicações, contribui para reduzir os erros e,
consequentemente, aumenta a eficiência no trabalho, segundo Itiro Iida (2005,
p. 485).
7 Este efeito é produzido pelo apagado (escuro) e aceso (claro) durante um ciclo não percebidas pela
velocidade mas sentidas no seu efeito característico em lâmpadas incandescentes e em neon
31
2.3 Postura e movimento
A postura e movimento corporal têm grande importância na ergonomia.
Tanto no trabalho como na vida cotidiana, eles são determinados pela tarefa e
pelo posto de trabalho. Para realizar uma postura ou um movimento, são
acionados diversos músculos, ligamentos e articulações do corpo. Os músculos
fornecem a força necessária para o corpo adotar uma postura ou realizar um
movimento. Alguns movimentos, além de produzirem tensões mecânicas nos
músculos e articulações, apresentam um gasto energético que exige muito dos
músculos, coração e pulmões, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.5).
Quando nos referimos ao corpo humano, três áreas são de extrema
importância para a ergonomia e servem de base para gerar recomendações
sobre a postura e o movimento, são elas: a biomecânica, a fisiológica e a
antropométrica.
A biomecânica aborda as leis físicas da mecânica ao corpo humano,
estimando-se as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante
uma postura ou um movimento. Os princípios mais importantes da biomecânica
para a ergonomia, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.6), são:
• As articulações devem ocupar uma posição neutra;
• Conserve os pesos próximos ao corpo;
• Evite curvar-se para frente;
• Evite inclinar a cabeça
• Evite torções no tronco;
• Evite movimentos bruscos que produzem picos de tensão;
• Alterne posturas e movimentos;
• Restrinja a duração do esforço muscular contínuo;
• Previna a exaustão muscular;
• Pausas curtas e frequentes são melhores.
A fisiologia, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.9), pode estimar a
demanda energética do coração e dos pulmões, exigida para um esforço
muscular, ou seja, a energia que o coração e os pulmões podem fornecer aos
32
músculos, para manter uma postura ou realizar movimentos. Alguns princípios
fisiológicos que interessam à ergonomia são:
• O gasto energético no trabalho é limitado;
• Trabalhos pesados exigem pausas para recuperação;
A antropometria, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.10), ocupa-se das
dimensões e proporções do corpo humano. Os princípios antropométricos que
interessam à ergonomia são:
• Considere as diferenças individuais do corpo;
• Use tabelas antropométricas adequadas;
2.3.1 Postura
Segundo Iida (2005), postura é o estudo do posicionamento relativo de
partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço. A boa postura é
importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse.
A postura correta é de extrema importância para a saúde do trabalhador,
pois as más posturas ou posturas prolongadas podem prejudicar os músculos e
as articulações. A postura é baseada de acordo com a tarefa ou o posto de
trabalho. Quando passam por longos períodos de posturas sentadas ou em pé,
provoca-se um estresse, problemas semelhantes ocorrem com o uso
prolongado das mãos e dos pés.
O que define a melhor postura básica, sentada, em pé ou combinações
sentada/em pé, são as características do cargo.
No trabalho sentado por um longo período de tempo, apresenta mais
vantagens ou menos cansaço em relação ao trabalho em pé, pois o corpo fica
melhor apoiado em diversas superfícies: piso, assento, encosto, braços da
cadeira, mesa etc. Porém o correto é o trabalhador sempre alternar as
posições sentado/ em pé/ andando, para que não fique por longos períodos na
mesma posição, mesmo que sentado, pois pode trazer problemas a sua saúde,
como dores fortes na coluna por exemplo.
33
Para um trabalhador que exerce sua função, na maioria do tempo,
sentado em um posto de trabalho, conforme figura 9, algumas regras são de
extrema importância, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.13), como, por
exemplo:
Figura 9: Posicionamento de trabalhador sentado8.
Fonte: Google - imagens9
Para trabalho sentado
• Ajustar a altura do assento e a posição do encosto;
• Usar cadeiras especiais para tarefas especiais;
• A altura da superfície de trabalho depende da tarefa;
• Compatibilizar as alturas da superfície de trabalho e do assento;
• Usar apoio para os pés;
• Evitar manipulações fora do alcance
• Inclinar a superfície para leitura;
• Deixar espaço para as pernas;
8 (as indicações em vermelho são referentes a valores ajustados)
9 Disponível em http://riscaorisco.blogspot.com.br/ acesso em 14.05.2014
34
Figura 10: Posicionamento de bancadas de trabalho para trabalho em pé.
Fonte: Google imagens10
Para trabalhos em pé, as regras são:
• Alternar a posição em pé com aquela sentada e andando;
• A altura da superfície de trabalho em pé depende da tarefa;
• A altura da bancada deve ser ajustável;
• Não usar plataformas;
• Reservar espaço suficiente para pernas e pés;
• Evitar alcances excessivos;
• Colocar uma superfície inclinada para leituras;
Se o trabalhador realiza seu trabalho na maioria do tempo em pé ou
sentado, o importante é que ele realize constantemente mudanças na sua
postura, podendo, para isso, introduzir variações nas suas tarefas e atividades,
a fim de aliviar os problemas causados por posturas prolongadas.
A postura correta também serve para as mãos e os braços do
trabalhador. De acordo com Dul e Weerdmeester (2004, p.23):
10
Disponível em http://riscaorisco.blogspot.com.br/ acesso em 14.05.2014
35
O trabalho por longos períodos, usando as mãos e os braços em posturas
inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e ombros.
Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver inflamação dos
nervos, resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos.
Dores no pescoço e nos ombros podem ocorrer quando se trabalha
muito tempo com os braços levantados, sem apoio. Esses problemas
ocorrem principalmente com o uso de ferramentas manuais. As dores se
agravam quando há aplicação de forças ou se realizam movimentos
repetitivos com as mãos. Em casos mais graves podem surgir lesões por
traumas repetitivos, conhecidas como LER – lesões por esforços
repetitivos, também chamadas de DORT – doenças osteomusculares
relacionadas ao trabalho. Podem-se conseguir posturas melhores com o
posicionamento correto para a altura das mãos e uso de ferramentas
apropriadas, selecionando a ferramenta correta, usando ferramentas
com empunhaduras curvas para não torcer o punho, aliviando o peso das
ferramentas, fazendo manutenção periódica das ferramentas, prestando
atenção na forma da pega, evitando ações acima do nível dos ombros,
evitando trabalhar com as mãos para trás etc.
2.3.2 Movimentos
Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.27), vários tipos de tarefas
exigem movimentos do corpo todo, exercendo força. Esses movimentos podem
causar tensões mecânicas localizadas. Com o tempo, acabam causando dores.
Os movimentos também podem exigir muita energia, provocando sobrecarga
nos músculos, coração e pulmões, através da realização de esforços para
levantar, carregar, puxar e empurrar cargas, por exemplo.
Ao realizar exercícios de levantamento de carga, tende-se tomar
bastante cuidado, pois esse ainda é uma das maiores causas das dores nas
costas, haja vista que muitos desses trabalhos que envolvem levantamento de
carga não satisfazem aos requisitos ergonômicos. Algumas dicas, segundo Jan
Dul, proporcionam uma melhor ergonomia para o levantamento de cargas, são
elas:
• Restrinja o número de tarefas que envolvam a carga manual;
• Crie condições favoráveis para o levantamento de cargas;
• Limite o levantamento de cargas para 23 kg, no máximo;
• Use a equação de NIOSH para estimar a carga máxima;
• Escolha um valor adequado para a carga unitária;
• O posto para o trabalho pesado deve ser projetado adequadamente;
36
• Os objetos devem ter alças para as mãos;
• A carga deve ter uma forma correta;
• Use técnicas corretas para o levantamento de cargas;
• Use uma equipe para cargas mais pesadas;
• Use equipamentos para levantamentos de cargas.
Figura 11: representação esquemática da posição correta de levantamento e transporte de cargas.
Fonte: Google – imagens11
Para o transporte de cargas vide figura, também se torna necessário
tomar algumas medidas preventivas, já que enquanto se segura um peso, os
músculos dos braços e das costas são submetidos a uma tensão mecânica
contínua, são elas:
• Limite a carga transportada;
• Conserve a carga próxima do corpo
• Coloque pegas bem desenhadas;
• Evite carregar volumes desajeitados;
• Evite carregar cargas com uma só mão;
• Use equipamentos de transporte;
11
Disponível em http://riscaorisco.blogspot.com.br/2012/06/ergonomia-nos-postos-de-trabalho.html
acesso em 14.05.2014
37
Para os movimentos de puxar e empurrar cargas, como eles provocam tensões
nos braços, ombros e costa, deve-se:
• Limitar as forças para puxar e empurrar;
• Usar o peso do corpo a favor do movimento;
• Os carrinhos devem ter pegas;
• O carrinho deve ter duas rodas giratórias;
• O piso deve ser duro e nivelado.
2.4 Riscos ergonômicos
Os riscos ergonômicos podem trazer prejuízos ao trabalhador, tanto
físico quanto psicológico, por meio de doenças ou desconfortos, podendo
esses riscos estarem associados ao estresse, monotonia de métodos de
trabalho, levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, repetitividade,
postura inadequada de trabalho, longas horas de trabalho sem pausas para
descanso etc. Hoje em dia, já há vários equipamentos ergonômicos
desenvolvidos, justamente, para evitar esses riscos ergonômicos, como por
exemplo, mouse, teclados, cadeiras etc. Também há um documento que
abrange os riscos ergonômicos relacionados a uma determinada área de
trabalho, estabelecendo também protocolos e ações necessárias a fim de
reduzir esses riscos ergonômicos, chamado de laudo ergonômico, também
conhecido como análise ergonômica do trabalho.
Sendo esse laudo ergonômico uma exigência legal para as empresas,
de acordo com uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e
Emprego.
Há vários riscos ergonômicos que podem ser, facilmente, evitados como
vimos anteriormente, através de uma boa postura e de uma execução correta
dos movimentos por exemplo, porém quando não são evitados eles podem
surgir de várias formas, podendo inclusive, com a ininterrupção do movimento,
tornar-se uma doença crônica, que se torna muito mais séria para ser tratada.
Veremos a seguir algumas das doenças ocupacionais mais comuns nesse
meio ergonômico, como a lesão por esforços repetitivos (L.E.R.) e o distúrbio
osteomuscular relacionado ao trabalho (D.O.R.T.).
38
2.4.1 Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.) / Di stúrbio Osteomuscular
Relacionado ao Trabalho (D.O.R.T.)
Muitos profissionais, na atualidade, não se preocupam como estão
realizando um movimento ou se sua postura está adequada para a realização
daquele trabalho, e sim, se estão executando a tarefa. Isso, com o passar do
tempo, pode vir a gerar grandes problemas de saúde na vida desse
profissional, pois, na execução dessas tarefas, haverá somatória de
traumatismos, o que poderá gerar as doenças ocupacionais.
Dentre essas doenças, está à lesão por esforços repetitivos, muito
conhecidos como L.E.R. e o distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho,
D.O.R.T., que são as mais conhecidas.
O distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT), segundo Naressi,
Orenha e Naressi (2013, p.32), é uma síndrome caracterizada por uma série de
micro traumatismos osteomusculares, em articulações, ligamentos, tendões,
bursas, vasos sanguíneos e nervos, que se acumulam e podem evoluir para
problemas mais graves. Os distúrbios osteomusculares ocupacionais mais
frequentes são as tendinites (particularmente do ombro, cotovelo e punho), as
lombalgias (dores na região lombar) e as mialgias (dores musculares) em
diversos locais do corpo. As consequências podem ser dor, parestesia, edema,
rigidez, tendinites e tenossinovites, podendo conduzir à desabilitarão funcional
do membro. O DORT é caracterizado por esforços repetitivos, porém são
alterações que se manifestam principalmente no pescoço, braços, punhos e
demais membros superiores em decorrência do trabalho.
Tanto a LER quanto o DORT são a mesma patologia, as duas doenças
são causadas por esforços repetitivos ligados ao desgaste ou inflamação dos
tendões, nervos e músculos, porém o DORT tem como causa o trabalho ou
ocupação, englobando além dos membros superiores, a região do pescoço e
região dorsal, e já a LER pode ser causada por atividades de lazer.
A lesão por esforço repetitivo, LER, é uma doença causada pela
repetição frequente de um movimento em membros superiores e em posição
ergonômica incorreta, vibrações, dentre outros, atingindo os sistemas músculo-
39
esquelético e nervoso, através de lesões. Contudo as L.E.R., em algumas
situações, podem ser evitadas, conforme ilustra a figura 11.
Figura 12: Movimentos para ginástica laboral para prevenção das L.E.R.
Fonte: Google - imagens12
Atualmente, sabe-se que, além dos fatores mecânicos, também estão
envolvidos fatores sociais, familiares, econômicos, bem como graus de
insatisfação no trabalho, depressão, ansiedade, problemas pessoais ou outros,
tornando altamente questionável o diagnóstico de LER ou DORT em muitos
trabalhadores. Sendo ilegal a demissão, em qualquer entidade, de um
trabalhador por causa de L.E.R./D.O.R.T. ou qualquer outra doença
ocupacional relacionada ao trabalho.
12
Disponível em http://ergonomianutricao08.blogspot.com.br/ acesso em 14.05.2014
40
CAPÍTULO 03 - ERGONOMIA NAS PRÁTICAS DA ODONTOLOGIA
Como todo local de trabalho identifica-se devido à natureza da ocupação
de uma área específica, de um conjunto de equipamentos e dos utensílios
necessários ao bom desempenho das atividades de um operador, com os
odontólogos isto é evidente em clinicas tanto particular quanto públicas.
3.1 Processos de intervenção ergonômica: análise er gonômica dos
postos de trabalho
A denominação posto de trabalho ou estação de trabalho é usual nas
descrições ergonômicas. Posto é uma palavra oriunda da linguagem militar,
que indica um local onde uma pessoa é colocada para realizar uma
determinada função ou tarefa, sendo, geralmente, uma localização situada
dentro de um sistema de produção, ou seja, ele corresponde a um papel
definido, que comporta instruções e procedimentos (o que fazer, quando fazer
e como fazer) e meios (onde fazer, com quem fazer), a ser ocupado por um
determinado sujeito.
3.1.1 Estudo do posto de trabalho: abordagem tradic ional e ergonômica
A abordagem tradicional taylorista se baseia no estudo dos movimentos
corporais do ser humano necessários para executar uma tarefa e na medida do
tempo gasto em cada um desses movimentos, baseando-se em princípios de
economia de movimentos, sendo o critério de escolha do melhor movimento, o
de menor tempo. Essa abordagem visa somente à economia de tempo dos
movimentos dos seres humanos, a fim de obter um maior rendimento e,
consequentemente, maior lucro, não se importando, porém, com a qualidade
de vida e a saúde do trabalhador que está executando a tarefa, sendo essa
importância, observada pela abordagem ergonômica.
A análise ergonômica do trabalho exige conhecimentos sobre o
comportamento do ser humano em atividade de trabalho, discussão dos
objetivos do estudo com o conjunto das pessoas envolvidas, aceitação das
41
pessoas que ocupam o posto a ser analisado e esclarecimento das
responsabilidades.
O estudo ergonômico do posto de trabalho é composto por três fases:
análise da demanda , que define o problema a ser estudado, baseado na visão
dos diversos atores sociais envolvidos; análise da tarefa , que analisa as
condições ambientais, técnicas e organizacionais de trabalho e a análise das
atividades, que analisa os comportamentos do ser humano no trabalho
(gestuais, informacionais, regulatórios e cognitivos).
3.2 Análise ergonômica da demanda: Conceitos e prát icas odontológicas
relacionadas com a ergonomia
Vários trabalhos sofrem com doenças ocupacionais, hoje em dia,
decorrente da má postura, realização de movimentos incorretos, objetos não
ergonômicos etc. Uma dessas profissões, altamente atingida por esses
problemas ergonômicos, é a odontologia, pois o profissional, odontólogo ou
dentista, fica muito tempo em um posto de trabalho e na sua maioria do tempo
sentado, por isso tem-se que tomar precauções maiores ainda, quanto à
postura, movimento, ruídos etc., além do que, esses profissionais, também
lidam com agentes químicos e objetos que podem trazer danos a sua saúde,
como os perfuro cortantes, luzes, etc. Várias funções em um odontólogo são
atingidas por questões profissionais, como: a função neuromuscular, a coluna
vertebral, a visão, a audição, o tato, a propriocepção, dentre outras.
3.2.1 Posições de trabalho
Segundo Leitão Neto (1985, p. 61), a mais favorável posição de trabalho
para o dentista a o assistente é a posição sentada, pois de acordo com o
Central Institute for Ergonomics, que divulgou em suas pesquisas, que:
- A posição ou postura de trabalho sentado, com paciente reclinado é
preferível, em princípio, para toda uma série de trabalhos;
- A posição de trabalho deve ser adequada a todas as pessoas participantes do
procedimento;
42
- A visão direta deve ser sempre o objetivo. A visão direta da assistente é
também importante por não poder esta seguir as fases do trabalho se não
estiver visualizando o campo operatório.
A posição de trabalho com o dentista e a assistente sentados objetiva:
1. Acesso ao campo operatório;
2. Boa visibilidade;
3. Conforto para o dentista e assistente;
4. Conforto para o paciente.
Ou seja, uma boa posição de trabalho é aquela que evita extensos
períodos de atividade muscular estática e que permite o relaxamento dos
músculos não solicitados para a manutenção da postura.
Segundo Marquart (1977 apud LEITÃO NETO, 1985, p. 69), ele
enumera como itens de uma boa posição de trabalho para o dentista, os
seguintes:
- Evitar tensões nas partes posteriores e pélvis, mantendo a posição
sentada, a maior parte do tempo;
- Evitar torções e inclinações laterais da coluna vertebral, mantendo os
ombros descontraídos;
- Manter os braços contra o tronco;
- Manter os antebraços aproximadamente na horizontal e apoiados o
melhor possível;
- Manter os dedos, pulso e mãos tão descontraídos quanto possível;
- Manter as pernas sob o espaldar da cadeira odontológica, ficando a
perna direita paralela à cadeira e formando com a perna esquerda um
ângulo de 90 graus;
Sentado no mocho, as pernas devem formar um ângulo de 90 graus com a
coxa, estando os dois pés apoiados no solo;
- Os braços devem formar com os antebraços um ângulo de 90 graus.
43
3.2.2 Os componentes do consultório
O posto de trabalho de um dentista compõe-se, basicamente, de um
mocho, uma cadeira articulável para o paciente, um equipo deslizante e uma
torre de iluminação, conforme será visto a seguir.
a) O Mocho
O mocho13, que é a cadeira do dentista e do assistente, serve para apoiá-los,
mantendo uma postura estável durante as horas de trabalho e relaxando os
músculos não envolvidos na tarefa, além de aliviar os pés.
Segundo Leitão Neto (1985, p.83), a altura do assento não deve
ultrapassar a distancia que vai do chão à parte posterior da coxa, estando a
perna dobrada em ângulo de 90 graus, pois as pressões exageradas na porção
posterior da coxa, restringe a circulação sanguínea de retorno, provocando
fadiga. O assento do mocho deve ser horizontal ou com uma inclinação de 5
graus para melhor o apoio, sendo o revestimento grosso e pouco macio, para
facilitar a distribuição do peso, sucedendo o modelo antigo que consistia em
apenas um banco giratório e móvel sobre rodízios.
Algumas características são importantes para um mocho, de acordo com Leitão
Neto (1985, p.83), sendo elas:
- Apoio das nádegas;
- Apoio dos rins, com encosto móvel circular e vertical, para possibilitar este
apoio;
- Apoio dos braços, importantíssimo, principalmente no mocho da assistente,
por oferecer apoio nas inclinações para frente;
- Altura regulável, para se melhor ajustado à altura e compleição do corpo de
quem o utiliza;
13 Mocho é um substantivo masculino de diversos significados, como por exemplo, cadeira sem
encosto. Anteriormente os dentistas utilizavam um banco giratório com rodízios. Na terminologia
odontológica recebe o significado de cadeira móvel. Disponível emiberam.pt/dlpo/mocho acesso em
06.06.2014
44
- Acesso fácil à cadeira: alguns mochos não permitem esse acesso por
apresentarem suportes de pé com uma circunferência muito grande;
- Deslocamento fácil. É importante o fácil deslocamento com o mocho, porém
se muito fácil haverá perda de estabilidade ou de posicionamento, por fácil
deslizamento das rodas sobre o piso do consultório.
E algumas recomendações são:
- Os pés devem repousar no chão ou para a assistente, no aro do mocho;
- A altura do mocho deve ser regulável de modo a não exceder o comprimento
das pernas na posição sentada;
- A superfície do assento, deve ser horizontal ou com inclinação de 5 graus
para trás;
- O encosto deve formar um ângulo de 90 graus com o assento;
- A textura do estofamento deve impedir o deslizamento, mas que não impessa
as mudanças de posição do dentista;
- A superfície de trabalho não deve ser mais alta que a distancia do cotovelo
até o chão, estando o dentista sentado;
- O cruzamento de perna pelo dentista e assistente, deve ser evitado, devido à
irregularidade de pressão nas nádegas.
b) A Cadeira Odontológica
A cadeira odontológica, segundo Leitão Neto (1985, p.87), esta é a peça mais
importante para se executar um trabalho saudável no consultório. De modo a
permitir o ajuste na posição do paciente em relação ao dentistas, deve ser
eletricamente comandada, reduzindo o trabalho do dentista e da assistente em
posicionar o cliente. O espaldar ou encosto deve ser delgado, não impedindo o
posicionamento da perna do dentista e da assistente sob o mesmo e nem
apresentar saliências como ocorria nas cadeiras antigas que impediam a
posição da perna sob o espaldar. A largura da cadeira também não deve
interferir na correta aproximação do dentista e da assistente do campo
45
operatório, ou seja, da boca do paciente. O encosto da cabeça deverá ser
móvel, para um melhor posicionamento e visão.
c) O Equipo
O equipo, segundo Leitão Neto (1985, p.89), é, basicamente, dividido em três
tipos, sendo eles: o equipo acoplado à cadeira, o equipo tipo cart e o equipo
para adaptação em móveis. De todos, o mais importante e que dá maior
flexibilidade ao trabalho, é o equipo acoplado à cadeira por meio de braços
articulados.
Ele evita deslocamentos e movimentos grandes por parte do dentista e da
assistente, principalmente, para a pega de pontas, por ficarem próximas à boca
do paciente. Outra grande vantagem do equipo acoplado à cadeira, é a de
dispensar adaptação de pega por variação de altura entre a cadeira e o equipo.
Se o braço articulado apresentar ajuste vertical para individualizar a altura a
cada cliente, melhor será.
O equipo tipo cart, embora satisfatório quando usado à direita do dentista,
obstrui, em salas clínicas de pequenas dimensões, o acesso do cliente à
cadeira odontológica.
O equipo adaptado ao móvel é razoavelmente usado e quando bem
posicionado, oferece condições de um perfeito trabalho.
d) O Refletor
O refletor, de acordo com Leitão Neto (1985, p.92), variando de 7 a 12 lux14 já
tem uma capacidade de iluminação plenamente satisfatória, porém é
importante, para prevenir problemas de visão, que não haja tanta diferença de
luminosidade entre a faixa que ilumina a boca do cliente e o meio ambiente
externo do consultório, tendo o mínimo possível de contraste, para que não
seja nocivo para a visão do dentista, pois ele terá, a todo o momento, que ficar
se adaptando às bruscas modificações de iluminação, o que pode vir a
prejudicar o cristalino, que já se torna cada vez menos capaz de transmitir a luz
ao fundo do olho com o envelhecimento da pessoa, fazendo com que a
14 Ver tabela de iluminância na página 27 desta monografia.
46
quantidade de luz necessária para que este efeito seja obtido, se torne cada
vez maior.
O refletor também deve possibilitar boa rotação e posicionamento para que, em
qualquer circunstancia, a assistente possa incidir o feixe de luz à zona a ser
visualizada.
Quando adaptado à cadeira odontológica, o refletor dispensa refocalizações
constantes ao ser alterado a posição da cadeira por elevação ou abaixamento,
porém, para melhor posicionamento da assistente, o refletor de teto é o ideal,
por deixar o espaço à esquerda da assistente livre para uma boa posição da
unidade auxiliar.
3.2.3 Epidemiologia das tecnopatias odontológicas ( doenças
ocupacionais)
Segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.31), a adequação entre operador,
equipamento e instrumental, geralmente, não é vista na realização do
procedimento, e o profissional realiza posturas inadequadas de trabalho.
Consequentemente, na execução da tarefa, haverá somatória de traumatismos
que poderão originar as tecnopatias odontológicas.
Na Holanda, na Bélgica e em Luxemburgo foi realizado um estudo para avaliar
a postura adotada por 1.250 cirurgiões-dentistas durante a execução de
procedimentos odontológicos, denominado Projeto Sonde , como mostrado no
quadro 3 abaixo. Os autores concluíram que altas porcentagens de desvios em
relação à postura de trabalho adequada são praticadas pelos profissionais.
47
Quadro 3: SONDE: Pesquisa postural de dentistas.
- 89% demonstram flexão da cabeça para a frente excedendo 20-25°, o que é
considerado limite para uma posição saudável;
- 61% demonstram rotação do pescoço em combinação com forte flexão para
a frente;
- 63% demonstram flexão da parte superior do corpo excedendo 20°, o limite
para uma posição saudável;
- 36% trabalham com o pescoço rotacionado combinado com torção na
coluna;
- 35% mantêm os antebraços elevados além de 20°;
- 32% mantêm os braços em ângulo maior que 25° acima da linha horizontal;
- 25% trabalham com as mãos apoiadas inadequadamente;
- 47% não manuseiam corretamente os instrumentos;
- 20% demonstram forte flexão do punho;
- 65% trabalham com o mocho, cujo encosto proporciona apoio incorreto;
- 75% trabalham sem que a cabeça do paciente esteja simetricamente
posicionada defronte a eles;
- 32% trabalham com os pés e as pernas mais distantes da cadeira
odontológica do que o necessário;
- 55% trabalham sentados por mais de 7 horas diárias;
- 75% trabalham com iluminação e diferenças na distribuição de luz fora dos
padrões.
Fonte: adaptado de Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.31)
48
Relativamente a problemas posturais, um estudo realizado na Universidade de
São Francisco (EUA) mostrou que mais de 70% dos estudantes de odontologia
se queixam de dor já no terceiro ano da faculdade. Mostrou também que esse
número aumentou gradativamente do primeiro ao quarto ano. Os autores
concluíram que o ensino da ergonomia deve ser mais elaborado e trabalhado
durante a graduação.
Percebe-se que o cirurgião dentista está mais preocupado com o que está
fazendo do que com a maneira de como está realizando, não estando
devidamente conscientizado da necessidade de observar as medidas
adequadas para proteção contra o cansaço (estresse mental e físico) e as
doenças originadas pela postura inadequada na prática odontológica. Isso se
deve provavelmente ao mau projeto ou ao uso inadequado do equipamento,
dos sistemas e das tarefas, podendo gerar doenças do sistema osteomuscular,
como lesão por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado
ao trabalho (DORT).
3.2.4 Etiologia das tecnopatias na prática odontoló gica
De acordo com Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.33), a tecnopatia
odontológica é gerada, dentre outros, da ação de fatores biomecânicos que
incidem na região do pescoço, costas, ombros, coluna vertebral e membros
superiores, devido essencialmente à postura inadequada, a repetitividade de
movimentos, a compressão mecânica e a força excessiva.
Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), como já
falado anteriormente, é um exemplo de tecnopatia, causada por uma série de
micro traumatismos osteomusculares em articulações, ligamentos, tendões,
bursas, vasos sanguíneos e nervos, que se acumulam e podem se desenvolver
para problemas mais graves. As consequências podem ser edema, rigidez, dor,
parestesia, tendinites e tenossinovites, podendo, inclusive, evoluir para à
desabilitação funcional do membro.
As áreas mais vulneráveis às tecnopatias são: região cervical, ombros,
cotovelo, região lombar, mão e punho.
49
O contato com equipamento, materiais, substâncias químicas e radiações
ionizantes durante o período da realização de trabalhos pode determinar o
surgimento de alterações no organismo do cirurgião-dentista e da equipe.
Tanto a proximidade com o paciente quanto o tempo de duração do tratamento,
são fatores que também podem determinar contágio do cirurgião-dentista e da
equipo através das moléstias nele sediadas.
A inobservância de fatores decorrentes da somatória das circunstâncias
expostas pode levar ao aparecimento de moléstias de natureza mista, o que
poderá agravar a condição de saúde do cirurgião-dentista e da equipe.
Outros segmentos, como aparelhos circulatório, visual e auditivo, também se
ressentem fortemente da inobservância de cuidados durante a prática
profissional, porém, de uma forma meramente didática, é possível classificar a
etiologia das tecnopatias como decorrência dos seguintes fatores:
- postura de trabalho;
- agressão aos órgãos sensoriais;
- contato com o paciente;
- materiais, substancias químicas, radiações ionizantes;
- moléstias de natureza mista.
a) Postura de trabalho
Postura, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.34), é a inter-relação dos
diversos segmentos do corpo opondo-se à ação da gravidade e das forças
externas, situando-nos no espeço tempo, guiando e reforçando o movimento e
equilibrando-nos durante a ação.
A adequação dos equipamentos à comodidade do trabalho está, cada vez
mais, sendo melhorada, decorrente do que ocorre com os cirurgiões-dentistas,
que sofrem de muitas dores costais, modificações posturais e outras
decorrências de condições inadequadas para a perfeita execução do
movimento.
50
Antes dos estudos ergonômicos, os odontólogos trabalhavam em pé, o que
fazia com que os equipamentos fossem projetados para trabalhos em pé, o que
obrigava à flexão com rotação e inclinação da coluna vertebral, causando
desequilíbrio pélvico, escoliose compensadora e discartrose, além de
determinar profundas alterações na postura do profissional e comprometimento
da hemodinâmica de retorno.
Com a evolução da ergonomia, ocorreu a mudança da posição de trabalho de
em pé para sentada, e o seu paciente, na posição supinada para que haja uma
melhor visão do paciente por conta do dentista.
A posição correta, hoje em dia, do trabalho de um cirurgião-dentista sentado
em um mocho, segundo Nixon (1971 apud Naressi, Orenha e Naressi, 2013, p.
35), é a coxa paralela ao solo, ou seja, deve haver um ângulo de 90° entre o
fêmur e o conjunto tíbia-fíbula. Com isso, o peso corporal estará devidamente
distribuído entre a região sacral, a porção posteroinferior do fêmur, as
tuberosidades isquiáticas15 e a porção plantar dos pés.
O trabalho sentado incorretamente, além de agredir a coluna vertebral, também
predispõe a varizes.
b) Agressões aos órgãos sensoriais
As agressões aos órgãos sensoriais ocorrem especialmente no tato e nos
aparelhos visual, respiratório e auditivo.
No tato, o odontólogo por usar o punho flexionado durante muito tempo, acaba
por contrair fortes dores. Um dos exemplos é a síndrome do túnel carpal, que é
decorrente da extensão e flexão do punho, em que a repetição ou esforço
contínuo com desvio ulnar ou palmar gera parestesia e dor, que pode levar à
inflamação (tenossinovite) e à degeneração, culminando com a desabilitação
funcional, incapacitando o indivíduo à prática profissional, pois no punho, o
nervo mediano e os tendões flexores passam por um canal comum, cujas
paredes lateral e posterior, rígidas, são formadas pelos ossos do carpo e cuja
face anterior é formada pelo ligamento transverso do carpo.
15 As tuberosidades isquiáticas estão localizadas entre a coxa e a região glútea.
51
As agressões ao aparelho visual ocorrem por deficiência de iluminação
ambiental e, principalmente, do refletor bucal. As lesões traumáticas e a
contaminação ocorrem mediante ação de agentes físicos, radiação vinda de
aparelho fotopolimerizador, e mecânicos, fragmentos de tártaro sendo
destacado, fragmentos de material restaurador sendo removidos com motor de
alta rotação etc., bem como a nebulização provocada pelo uso do motor de alta
rotação atingindo o globo ocular. Por isso, é indispensável o uso de protetor
visual no fotopolimerizador e óculos de proteção ou pantalha, que protege todo
o rosto.
As agressões ao aparelho respiratório ocorrem através de aerossóis e
moléstias do paciente, também pela poluição ambiental decorrente do óleo
lubrificante nebulizador dos motores de alta rotação, sendo também
indispensável o uso de máscaras ou pantalha.
As agressões ao aparelho auditivo se dão através de ruídos internos, que são
originados dos motores de alta e baixa rotação, compressor, bomba de sucção,
condicionador de ar e/ou música ambiental, sendo umas medidas preventivas
para a redução do nível de ruídos internos a melhoria das condições gerais do
ambiente físico de trabalho, a substituição de aparelhos ruidosos, do local do
compressor e da bomba a vácuo, etc.
c) Contaminação cruzada, materiais, substâncias quí micas e radiações
ionizantes.
Segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.38), o manuseio de equipamentos
pode vir a gerar a contaminação cruzada, que ocorre quando a equipe toca,
inadvertidamente, os comandos sem a devida proteção e vai atuar na boca do
paciente, sendo o contágio levado à boca e vice-versa, aumentando assim o
grau de contaminação.
Por essa razão, deve-se haver o recobrimento de detalhes do equipamento:
- botoneira de comando da cadeira;
- alças e interruptor do refletor;
- comandos da unidade auxiliar (água e cuspideira);
52
- tubulação dos suctores;
- apoio de cabeça e espaldar da cadeira;
- puxadores de abertura de autoclave/estufa e das gavetas;
- câmera intrabucal;
- disparador do aparelho de raio X e do fotopolimerizador;
- comando do amalgador;
- ultrassom;
- fone, etc.
As substancias químicas devem ser manuseado muito cuidadosamente
pelo profissional, pois podem causar lesões na pele e mucosas ou serem
alérgenas, tanto à equipe quanto ao paciente: fenol, tricresol-formol, eugenol,
monômeros acrílicos, ácido ortofosfórico, desinfetantes (são tóxicos e/ou
irritantes) e outros. O mercúrio deve ter um bom armazenamento, devendo ser
utilizado em amalgamador de cápsula interna, para evitar possível risco de
vazamento e sua decorrência, pois o mercúrio pode ser inalado pela equipe,
pelo fato dele começar sua evaporação a partir de 23°C.
As radiações ionizantes tipo raios-X podem constituir agentes agressivos ao
organismo, pelo fato do seu efeito acumulativo. Há várias medidas de
prevenção de radiações ionizantes, como: o uso de aparelhos que tenham
certificação ISO, que esteja calibrado, que tenha cabeça e colimador com dupla
proteção de chumbo, além do uso de filmes com emulsões ultrarrápidas e
proteção mediante avental de borracha plumbífera. Deve-se também evitar o
contágio do manguito da caixa reveladora através da embalagem do filme
intrabucal com película de policloreto de vinila (PVC) e realizar à revelação com
o uso de sobreluvas.
d) O contato com o paciente e suas decorrências na saúde da equipe
A prática profissional gera fatores estressantes tanto em relação ao exercício
da profissão, com as características do ambiente físico, exigências físicas da
função, longas horas de trabalho, trabalhos semirrepetitivos, competição entre
profissionais, isolamento do cirurgião-dentista e da equipe e a busca por
53
aperfeiçoamento técnico, como em relação ao paciente, com suas
expectativas, dores, ansiedades, atrasos e cancelamentos, faltas, além do
relacionamento com eles, do manejo de comportamentos não colaboradores e
a não observância das instruções ou possível não aceitação do tratamento.
Além do que, o contato físico com o paciente gera contaminação seja ela
através de lesões bucais ou por doenças veiculadas pela saliva, podendo
ocorrer por contágio direto ou mediante os fômites, que são os instrumentos e
objetos contaminados, e que atingem a equipe e/ou proporcionam a
contaminação cruzada paciente a paciente, sendo, portanto, indispensável o
adoção de medidas preventivas, como o uso de equipamentos de proteção
individual (EPIs), como gorro, máscara/pantalha/óculos, avental, luvas, além da
utilização de tudo o que seja descartável, bem como a mais absoluta
esterilização de todo o instrumental.
e) Moléstias de natura mista
As moléstias de natureza mista, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013,
p.40), nada mais são do que a somatória de detalhes das várias ocorrências
que podem inclidir no organismo do cirurgião-dentista e da equipe, de acordo
com o que foi explicado nos itens anteriores.
3.3 Análise ergonômica da tarefa
De acordo com Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.41), uma das condições
necessárias à adoção de uma postura saudável de trabalho é a utilização de
equipamentos ergonomicamente concebidos.
3.3.1 Princípios de prevenção das tecnopatias
Na prevenção das tecnopatias, esses equipamentos devem estar de acordo
com as normas ISO, DIN e ABNT aplicadas à odontologia.
a) Concepção ergonômica dos equipamentos
Os equipamentos que são encontrados dentro de um consultório odontológico,
como já citados anteriormente, necessitam que sejam ergonômicos e que
sigam algumas especificações estipuladas pelos órgãos competentes.
54
A posição atual de trabalho de um odontólogo é a sentada em um mocho , por
isso, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.41):
“De acordo com a norma ISO 11226:2000, que considera a manutenção da postura saudável de trabalho, a ESDE recomenda parâmetros para posicionamento saudável de trabalho. Esse conceito atual estabelece que, entre outros, o ângulo da poplítea (região formada pelo ângulo posterior entre o fêmur e o conjunto tíbia-fíbula) deve variar de 110° a 125°.
Ainda de acordo com os parâmetros da ESDE, o mocho deve preencher os requisitos apresentados a seguir.
Sua base deve ter preferentemente cinco rodízios, para permitir deslocamento sem risco de queda. A altura do assento deverá permitir que o profissional com variação de estatura entre 1,50 e 1,96 m possa sentar-se em postura saudável, favorecendo a circulação de retorno (hemodinâmica), sem risco de compressão das safenas, situadas na porção posterointerna da coxa. A largura do assento poderá ser em torno de 40 a 43 cm, de consistência semirrígida, com profundidade de 40 cm; a partir de 15 cm do limite posterior, deverá haver rebaixamento de 20° da borda anterior.
O encosto deve proporcionar correto apoio à porção súperolateral da pelve, estabilizando-a e impedindo sua rotação posterior. Deve ter de 10 a 12 cm de altura e 30 cm de largura e apresentar regulagens variáveis verticais de 17 a 24 cm e profundidade de acordo com o biótipo do usuário. É também necessário que tenha ajuste horizontal para evitar mal posicionamento da coluna lombar. Os mochos de cirurgião-dentista e de auxiliar em saúde bucal (ASB) devem ter as mesmas características, com elevação preferentemente a gás, devendo variar entre 47 e 63 cm.”
Knoplich (1981 apud Naressi, Orenha e Naressi, 2013, p. 43), relata, sobre a
posição sentada de repouso, que o corpo apoia 50% do seu peso no
quadrângulo formado pelas tuberosidades isquiáticas, 34% pela região
posterior da coxa e 16% na planta dos pés.
O correto para a posição de trabalho do cirurgião-dentista e do auxiliar em
saúde bucal é a alternância frequente de posição, para que não haja
sobrecarga nos sistemas osteomuscular e circulatório. Esses profissionais
devem, também, praticar ginástica laboral entre um paciente e outro, descansar
pelo menos 10 minutos após 2 horas de trabalho, praticar exercícios físicos
pelo menos três vezes por semana, para ter uma boa condição sistêmica,
evitar trabalhar mais de 8 horas por dia, etc.
55
• A cadeira clínica também requer algumas normas ergonômicas, para
que o odontólogo possa exercer seu trabalho na situação de conforto
funcional, sendo necessário, para isso, que a cadeira clínica permita um
plano médio de trabalho na posição horizontal de altura aproximada de
86 cm, tenha a presença de um apoio de cabeça com adequado ajuste
vertical e lateral, para a intervenção com visualização direta e indireta na
maxila e na mandíbula, que a altura mínima do assento seja de 35 cm, e
a máxima, de 90 cm, a espessura do espaldar entre 4 e 6 cm, o
comprimento total do assento e suporte das pernas de 122 cm e o apoio
de cabeça ter em torno de 25 cm de comprimento e 3 cm de espessura.
• O refletor ideal deve realizar o movimento vertical, horizontal e lateral,
para que o feixe de luz incida paralelamente ao eixo de visão do
cirurgião-dentista e perpendicularmente ao quadrante a ser iluminado,
sem ofuscar os olhos do cliente, tendo esse refletor uma intensidade de
luz entre 8 mil e 25 mil luxes e 4 níveis, que permitam a iluminação
adequada de todos os quadrantes da cavidade bucal. O cirurgião-
dentista de posicionar o refletor próximo a sua cabeça, paralelo à
direção de visualização, para que possa obter iluminação livre de
sombras, assim evita-se fadiga decorrente das sombras de mãos,
dentes, lábios e bochecha. Para que isso ocorra, o refletor tem de
apresentar três eixos que permitam à lâmpada girar em todas as
direções.
• O equipo de concepção ergonômica pode ser classificado em
semimóvel, conectado à estrutura da cadeira mediante uma
haste/coluna, o que permite a ascensão e descenso, e totalmente móvel,
instalado em uma plataforma de rodízio, podendo ser movimentado à
vontade.
• As pontas ativas são os motores de alta e de baixa rotação, as
características ergonômicas desses equipamentos são fundamentais,
sendo para o motor de alta rotação: extratorque, nível de ruído de até 75
dB, 3 a 4 orifícios de resfriamento, sistema push-button de liberação da
broca, acoplamento de mangueira tipo Borden para facilitar a
56
maneabilidade do instrumento, para os motores de baixa rotação,
tembém deve ser impulsionado a ar e pode haver ou não a presença de
sistema de resfriamento.
• A unidade auxiliar que é composta pela unidade suctora (suctor e
salivador) e pela cuspideira, no qual o suctor, que é o dispositivo para
sucção de alta potência, destinado ao trabalho com campo seco,
devendo essa potência ser propiciada por bomba a vácuo, individual ou
coletiva, sendo em qualquer situação, a sucção ocorrendo o tempo todo,
sem que o paciente deva levantar-se para cuspir. O kit suctor deve ter
alternativas de acoplamento em coluna ou laterais de armários.
- O salivador, dispositivo de sucção de baixa potência, é destinado a
intervenções em que o isolamento absoluto seja utilizado, ficando sob o
lençol de borracha.
- A cuspideira é para o conforto do paciente apenas quando finalizado o
atendimento.
• O compressor de ar tem que ter além de uma alta eficiência, um nível
de ruído satisfatório, entre 50 e 60 dB, a ponto de sequer ser percebido
pela equipe e pelo paciente, podendo ser lubrificado com óleo ou ter
lubrificação permanente com pó de grafite.
Adotar apenas uma forma de trabalho saudável não é suficiente para que o
cirurgião-dentista obtenha qualidade de vida e bem-estar, é necessário também
à prática diária de exercícios físicos, e a realização de alongamentos dos
membros superiores e da coluna vertebral, especialmente da coluna cervical,
entre um atendimento e outro, pois a prática da ginástica laboral pode contribuir
na minimização dos desconfortos posturais advindos de esforços e
sobrecargas mio-articulares geradas durante os atendimentos.
3.4 Análise ergonômica das atividades
Uma vez descrito o posto de trabalho dos dentistas, na sequencia, são
examinadas como estes deveriam desempenhar as suas atividades.
57
3.4.1 Posicionamento adequado de trabalho
Reforçando informações anteriores, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013,
p.54), os princípios para se trabalhar em postura sentada ortostática e ativa
são:
“- Sentar-se em postura ereta relaxada, simétrica, com os braços junto ao corpo, o que minimiza a carga estática de braços e ombros. Os movimentos do braço à frente ou lateralmente devem ser minimizados tanto quanto possível – lateralmente entre 15-20° e à frente até 10°. O tronco pode ser inclinado para frente, nas articulações do quadril, no máximo em 10°; inclinações e rotações laterais devem ser evitadas. A cabeça pode ser inclinada para a frente no máximo em 25°.
- Adotar um forma dinâmica de trabalho, fazendo movimentos com o corpo durante a realização de procedimentos tanto quanto possível, a fim de que ocorra uma alternância de carga e relaxamento nos músculos e na coluna vertebral.
- Garantir enrijecimento muscular pela prática de esporte e atividade física, promovendo recuperação dos músculos sobrecarregados e aumento da força muscular, o que por sua vez melhora a capacidade de manter uma postura saudável.
Para adotar uma postura sentada estática e ativa, a partir da qual movimentos podem ser facilmente realizados, o operador senta-se simetricamente ereto, com o esterno elevado e à frente e com os músculos abdominais contraídos ligeiramente. Os ombros ficam na mesma linha acima das articulações do quadril, e a linha de gravidade passa pela coluna vertebral lombar e pela pelve em direção ao assento. Essa postura facilita a respiração.
Para obter melhor postura de trabalho, as condições são:
• Sentar-se em uma postura de trabalho ereta equilibrada.
• Colocar o campo de trabalho simetricamente à frente do tronco, no plano médio-sagital que divide o corpo verticalmente em metades esquerda e direita.
• Olhar, tanto quanto possível, perpendicularmente o campo de trabalho. Caso isso não ocorra, o globo ocular se inclina para baixo até atingir essa posição, e, como consequência, a postura corporal muda automaticamente. Isso resulta em postura inclinada desfavorável, que é assimétrica sempre que o campo de trabalho estiver posicionado fora do plano simétrico; é algo que acontece com frequência.
- Características de postura saudável:
• Inclinação do tronco ‹ 10°, realizada nos quadris e não na coluna;
• Inclinação da cabeça ‹ 25° (considera-se a inclinação de 10° do tronco, mais 15° do pescoço);
• Braços junto ao tronco e inclinados no máximo 10° à frente;
58
• Antebraços levantados no mínimo 10° e no máximo 25°;
• Distância entre os olhos do cirurgião-dentista e a boca do paciente entre 35 e 40 cm;
• Ângulo da poplítea no mínimo de 110°;
• Planta dos pés paralela ao solo;
• Afastamento das pernas entre si no máximo de 45°.
É importante alternar entre sentar-se sem e com apoio de costas.”
A posição do paciente também é muito importante para a ergonomia do
odontólogo, quando o paciente está na posição supina, ele permite que o
dentista tenha uma altura correta do campo de trabalho, voltado para o eixo de
visão do profissional, evitando assim inclinação lateral do tronco e elevação
dos braços e ombros, e também a livre área para a Auxiliar de Saúde Bucal
(ASB), conhecido como auxiliar ou assistente de dentista, assentar-se defronte
ao dentista, mantendo a perna esquerda sob o espaldar, para permitir a
aproximação das pernas do odontólogo, assegurando também uma postura
saudável de trabalho.
3.4.2 Odontologia a quatro mãos
Para que o cirurgião-dentista possa ter uma máxima produtividade e com o
mínimo de desgaste físico, além do máximo conforto ao paciente, é necessário
o trabalho a quatro mãos, em que se dá pela presença de um ASB nas funções
de preparador, caracterizada pelo preparo da bandeja para a intervenção no
paciente, e de instrumentador, que exige o domínio da sequência dos atos do
cirurgião-dentista, para que o ASB possa antecipar-se ao movimento do
odontólogo, na posição adequada, realizando a retração de lábios e bochechas
e promovendo a sucção de alta potência, transferindo pontas ativas,
instrumentos e materiais.
3.5 O diagnóstico em ergonomia
No processo de investigação ergonômica, o diagnóstico resulta de uma série
de observações dos diversos fatores determinantes de riscos ergonômicos.
59
Além do posto de trabalho e seus equipamentos e utensílios é também relatada
a relação do odontólogo com as relações de autoridade explícitas na estrutura
organizacional e como este se apresenta e reage dentro do sistema de
informações na terminologia ergonômica, Caderno de encargos de
Recomendações Ergonômicas.
Em especial nas investigações ergonômicas aplicadas à atuação de
odontólogos, as normas da ISO (International Standard Organization) e da FDI
(Federação Dentária Internacional) deveriam ser seguidas por todos os
profissionais da área odontológica para prevenir distúrbios orgânicos gerados
pelas posturas antianatômicas em seus postos de trabalho. O esquema
ISO/FDI estabelece um gráfico em forma de relógio que sistematiza as
principais posições que o dentista pode atuar em relação ao paciente, onde o
centro é a boca do paciente onde serão realizados os procedimentos. O melhor
acesso ao campo operatório, tendo a visão direta às duas arcadas dentais do
paciente, é com o dentista na posição de 9h e o auxiliar na de 3h, trabalho a
quatro mãos, permitindo aos dois operadores, sentados, o alcance às
ferramentas necessárias à sua atividade sem gerar esforço adicional às suas
articulações.
A não utilidade dessas técnicas ergonômicas pode vir a gerar distúrbios
posturais e doenças profissionais, que são frequentes nos cirurgiões-dentistas.
Dos problemas ocupacionais, a postura de trabalho é relatada como a mais
preocupante, pois a ela estão associados distúrbios musculoesqueléticos
como: dores musculares na região dorsal, pernas, lombar, braços e pés;
perturbações circulatórias e varizes; cefaléias; bursite dos ombros e cotovelos;
inflamações de tendões; problemas de coluna com alterações cervicais, dorsais
e lombares; fadiga dos olhos e desigualdade da altura dos ombros (artrite
cervical).
A inobservância de cuidados ergonômicos pode causar também à síndrome
dolorosa miofascial, que consiste em dores e espasmos musculares, sendo as
afecções mais comuns entre os profissionais odontológicos, a síndrome do
túnel do carpo, que é gerada pela compressão do nervo mediano na região do
punho; a síndrome do canal Guyon, que é provocada pelo desvio ulnar
60
combinado à apreensão exagerada, mantidas por longos períodos de tempo; a
tenossinovite dos extensores ou dos flexores dos dedos e do carpo; a tendinite
do supraespinhoso, devido à projeção e suspensão de ombros e a cervicalgia
ocasionada pela postura inadequada do pescoço e coluna vertebral.
61
CAPÍTULO 04 - ANÁLISE DE UM POSTO DE TRABALHO ODONT OLÓGICO
E ENTREVISTA COM UMA ODONTÓLOGA
A pesquisa foi realizada em 23/05/2014, em Fortaleza no consultório da Dra.
Ana Cleuma Moura Morais. Foi adotada a sequência de observações que
resultaram no diagnóstico ergonômico.
Por meio de uma análise da ergonomia física, pois se tem como objeto de
estudo a postura do trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos,
distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de
trabalho, segurança e saúde, será analisado o posto de trabalho de uma
odontóloga, se enquadrando na ergonomia de correção e de participação, por
envolver a própria dentista na resolução dos problemas ergonômicos.
4.1 Análise das normas ergonômicas em um posto de t rabalho
odontológico
Analisando os fatores do ambiente do consultório, percebemos:
Temperatura: Em relação à temperatura não houve reclamações por parte da
dentista, pois o posto de trabalho é refrigerado em uma temperatura agradável,
19ºC, gerando portando bem estar, segurança e bom rendimento.
Ruídos: Já por parte dos ruídos, houve queixas em relação aos equipamentos
com motores de alta e baixa rotação, equipamento de ultrassom e
amalgamador, utilizados nos procedimentos odontológicos, conforme ilustrado
nas figuras 13,14 e 15, pois são altos e contínuos, o que acaba por causar um
grande desconforto e incomodo, devendo estar entre 70 e 90 dB, pois gera
somente o incomodo e não a surdez temporária, que necessitaria de um dia de
repouso. Uma medida de solução seria a troca ou manutenção dos aparelhos
ruidosos, a fim de deixá-los mais silenciosos.
62
Figuras 13, 14 e 15: Equipamentos odontológicos ruidosos.
Fonte: O autor
Vibrações: Em relação às vibrações, não houve reclamações alguma.
Agentes químicos: Quanto aos agentes químicos, o profissional relatou que
há contato com produtos que podem ser nocivos ao entrar em contato direto
com a pele ou se inalados, conforme ilustra as figuras 16 e 17, como
amálgama, que contem mercúrio, hipoclorito de sódio e venenos, como:
tricresol formalina, paramonoclorofenol canforado, peróxido de carbamida e
perborato de sódio, porém o manuseio é realizado através de procedimentos
seguros e com a utilização de equipamentos de proteção individual (E.P.I.),
como luvas e máscaras.
Figuras 16 e 17: Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos.
Fonte: O autor
Iluminação: A iluminação também é boa, com bom campo de visão, porém
não há muita entrada de iluminação natural, mas sim uma boa iluminação
artificial. Em relação à iluminação provocada pela luz dos equipamentos
utilizados, que pode vir a gerar problemas graves de visão, como no caso do
aparelho fotopolimerizador, que gera radiação, podendo causar lesões
63
traumáticas e contaminação, são indispensáveis a utilização de equipamentos
de proteção visual (E.P.I.s), como, por exemplo, os óculos que são especiais
para proteger os olhos desse tipo de visão. Além dos óculos protetores de
radiação vinda de aparelhos fotopolimerizadores, são indispensáveis também
os óculos de proteção ou pantalhas, como mostra a figura 18 abaixo, para
proteger os olhos da odontóloga contra fragmentos de tártaro destacado,
fragmentos de material restaurador etc.
Figura 18: A odontóloga e os E.P.I.s.
Fonte: O autor
Cores: Em relação às cores, as paredes do ambiente de trabalho são em cores
claras, até mesmo para melhorar a iluminação, já que esta é proporcionada de
forma artificial, o que faz com que a produtividade do profissional e a eficiência
aumentem.
Para se ter uma postura saudável de trabalho, é de fundamental importância
que os equipamentos utilizados durante os procedimentos ocorridos no posto
de trabalho sejam ergonomicamente corretos, estando esses equipamentos de
acordo com as normas exigidas, aplicadas à odontologia, ISO, DIN e ABNT.
Através da análise ergonômica pudemos analisar os componentes da estação
de trabalho no consultório odontológico.
Mocho: No mocho da odontóloga e da assistente, percebemos que o apoio
das nádegas é grosso e pouco macio, o que facilita a distribuição do peso, há
cinco rodízios para que não haja risco de queda, há apoio dos rins na posição
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vertical, possui altura regulável e acesso fácil ao mocho, pois não há uma
circunferência de apoio de pé.
Porém a utilização do mocho, como mostram as figuras 19 e 20, não está
sendo totalmente correta devido ao fato de não conter apoio para os braços,
tanto no mocho da odontóloga quanto no da ASB. O apoio para os braços seria
de extrema importância, principalmente, para a assistente, pois ofereceria
apoio nas inclinações para frente durante os procedimentos. Sugere-se, então,
a troca por mochos que contenham apoio para os braços.
Figura 19: Mocho. Figura 20: Mocho da dentista e da ASB.
Fonte: O autor
Cadeira odontológica: a cadeira odontológica como mostrada nas figuras 21
e 22 abaixo, é comandada eletricamente, o que reduz o trabalho para
posicionar o paciente, e a largura da cadeira não interfere na aproximação da
odontóloga e da assistente à boca do cliente, estando dentro das normas
ergonômicas, sendo, inclusive, o encosto de cabeça móvel no sentido vertical.
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Figuras 21 e 22: Cadeira odontológica.
Fonte: O autor
Equipo: como observável na figura 23, o equipo é totalmente móvel, instalado
em uma plataforma de rodízio, podendo ser movimentado à vontade, o que não
obstrui o acesso do cliente à cadeira odontológica, gerando uma boa
flexibilidade ao trabalho e evitando assim deslocamentos e movimentos
grandes por parte da dentista e da assistente.
Figura 23: Equipo.
Fonte: O autor
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Refletor: Neste equipamento, especialmente projetado para prevenir
dificuldades de natureza ergonômica segundo seu fabricante, não foi detectado
nada de anormal, seguindo as normas de luminosidade e apresentando uma
boa quantidade de luz, capacidade de iluminação, não havendo grandes
diferenças de luminosidade entre a faixa que ilumina a boca do paciente e o
meio-ambiente externo do consultório, como mostram as figuras 24 e 25
abaixo. O equipamento analisado apresentou também boa rotação e
posicionamento, com movimentação vertical, horizontal e lateral, fazendo com
que o feixe de luz incida paralelamente ao eixo de visão do cirurgião-dentista e
perpendicularmente ao quadrante a ser iluminado, com uma boa intensidade
de luz, sem ofuscar os olhos do paciente.
Figuras 24 e 25: Refletor odontológico.
Fonte: O autor
Foi percebido também que há recobrimento, por filme de plástico transparente,
dos seguintes utensílios: reostato, botoneira do comando de controle da
cadeira, alças e interruptor do refletor, cuspideira e tubulação dos suctores,
apoio e espaldar da cadeira, aparelho fotopolimerizador etc, como mostrado
nas figuras 26 e 27 abaixo, o que evita, em grande escala, a contaminação
cruzada.
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Figuras 26 e 27: Equipamentos cobertos com filme plástico transparente.
Fonte: O autor
Posição de trabalho da odontóloga : Em relação à posição de trabalho da
odontóloga, verificou-se que a mesma trabalha, a maior parte do tempo,
sentada no mocho, sendo essa a posição ideal para se trabalhar por longas
horas, para que possa haver a distribuição do peso corporal entre a região
sacral, a porção posteroinferior do fêmur, as tuberosidades isquiáticas e a
porção plantar dos pés, evitando, sempre, curvar-se para frente e inclinar a
cabeça. É de extrema importância também a alternância entre sentar-se sem e
com apoio de costas, assim como a realização de pausas curtas e frequentes,
pois o trabalho sentado incorretamente gera sobrecarga nos sistemas
osteomuscular e circulatório, agredindo a coluna vertebral e predispondo a
varizes.
Para a realização de um trabalho sem desconforto e estresse é importante uma
boa postura, pois a má postura poderá vir a prejudicar os músculos e as
articulações, sendo a ideal baseada na tarefa ou no posto de trabalho. Por isso,
vamos analisar a postura mais utilizada na odontologia, a sentada.
Questionada sobre intervalos e ginástica laboral ou mesmo exercícios de
alongamento no inicio, durante e na finalização da jornada de trabalho a
odontóloga informou que não as fazia regularmente. Em compensação,
respondeu que faz exercícios em academia de ginástica e também periódicas
caminhadas.
Análise postural: Em situação de trabalho, percebeu-se, pelas figuras 28 e 29
abaixo, que as posições da odontóloga e da assistente seguiam as normas
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ergonômicas para se trabalhar em postura sentada ortostática e ativa, pois o
tronco é levemente inclinado para frente, nas articulações do quadril e não na
coluna em, no máximo, 10° e a cabeça também inclinada para frente em, no
máximo, 25°, sendo 10° do tronco mais 15° do pescoço, estando o ângulo da
poplítea (região formada pelo ângulo posterior entre o fêmur e o conjunto tíbia-
fíbula) variando entre 110° e 125°, sentadas simetricamente eretas e
equilibradas, com o externo elevado e à frente e a musculatura abdominal,
ligeiramente, contraída. Os braços também permanecem próximos ao tronco,
com as plantas dos pés paralelas ao solo e com um pequeno afastamento
entre as pernas, mantendo a perna esquerda sob o espaldar da cadeira
odontológica, permitindo a aproximação das pernas da dentista, comando do
reostato e possibilitando um melhor trabalho a quatro mãos, o que faz com que
a dentista tenha uma máxima produtividade com o mínimo de desgaste físico.
Figuras 28 e 29: Posições de trabalho da dentista e da ASB.
Fonte: O autor
Como percebido, nas figuras 28 e 29 acima, a odontóloga e a ASB (auxiliar de
saúde bucal) exercem a postura mais correta e indicada pela ISO e FDI para a
execução dos seus trabalhos, que é a da dentista na posição de 9h,
intercalando com a de 11h, e a da assistente na posição de 3h, trabalho a
quatro mãos, tendo a visão direta às duas arcadas dentais do paciente. Além
destas identificou-se que, ao invés de mocho, a odontóloga utiliza cadeira
ajustável para altura do assento e posição das costas.
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4.2 Entrevista com uma profissional da área odontol ógica
Adicionalmente às observações in loco, pesquisou-se um conjunto de
informações fornecidas pela Dr. Paula Ventura da Silveira à revista CRO em
17/11/2012. A cada pergunta checou-se com a odontóloga que permitiu a
observação ergonômica se as situações colocadas na entrevista tinham
alguma semelhança com as suas vivências profissionais.
Trabalhar com conforto melhora a produtividade, ainda mais na área
odontológica, através da utilização das técnicas de ergonomia odontológica.
Uma entrevista feita pela revista CRO-CE (2013, Ano 5, N°09, p.24) à doutora
Paula Ventura da Silveira, que é mestre em saúde coletiva pela Universidade
de Fortaleza, especialista em ergonomia pela Universidade São Camilo e
especialista em odontologia do trabalho pela Academia Cearense de
Odontologia, foi de grande utilidade para esse trabalho:
‘’ Nada melhor do que trabalhar num ambiente confortável tanto para você quanto para os seus pacientes. É fato que o trabalho rende mais, você preserva a saúde do seu corpo e seu paciente se sente melhor atendido e mais confiante. Por isso, é super importante tomar todos os cuidados com a ergonomia, ciência que estuda as leis naturais do trabalho humano e vem contribuindo e alertando os profissionais e trabalhadores da Odontologia quanto à postura adequada, mostrando-lhes a necessidade da observância de princípios que concorrem para uma prática laboral sólida, eficiente, eficaz, saudável e prazerosa.
De acordo com a cirurgiã-dentista Paula Ventura, a ergonomia tem um papel fundamental na Odontologia, tendo em vista a necessidade de ter consciência corporal e a consequente adoção de atitudes preventivas na prática clínica do cirurgião-dentista.
Revista CRO-CE: De que forma a ergonomia começou a tomar espaço nos consultórios odontológicos?
Paula Ventura: Na Odontologia, a ergonomia foi incorporada a partir de alguns eventos históricos, como a fabricação da primeira cadeira do tipo ‘’relax’’; o protótipo do primeiro mocho rodante e a disponibilização do primeiro sistema de sucção. Esses eventos basicamente inauguraram uma nova era no que diz respeito à incorporação de conceitos ergonômicos aos equipamentos odontológicos.
Revista CRO-CE: Como a ergonomia influencia no resu ltado do trabalho dos cirurgiões-dentistas?
Paula Ventura: Hoje em dia, a facilidade da execução da maioria dos procedimentos clínicos aumentou muito, uma vez que o paciente se acomodou melhor na cadeira, o cirurgião-dentista passou a trabalhar mais confortavelmente sobre o mocho, com maior possibilidade de
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deslocamento e a controlar melhor a saliva e o sangue do paciente. No entanto, apesar de toda a importância, pesquisas relatam que os cirurgiões-dentistas possuem um baixo conhecimento a respeito da ergonomia.
Revista CRO-CE: Como a ergonomia é implementada?
Paula Ventura: Embora isso ainda ocorra de forma muito incipiente, alguns profissionais entendem a importância de se adotar medidas ergonômicas, como a tomada da consciência corporal, indispensáveis para a eficiência e qualidade da sua prática odontológica.
Observa-se que muitas vezes os profissionais em geral, inclusive o cirurgião-dentista, na prática laboral conseguem realizar um ajuste satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo, ou seja, muitas vezes o organismo consegue apresentar uma resposta no sentido de ajustar-se frente a possíveis forças externas. O que se pretende com a ergonomia odontológica é trazer consciência corporal ao cirurgião-dentista em relação ao processo de trabalho no qual é submetido diariamente. Isso pode ser feito através de alongamentos, ajustes corporais, atividades físicas, adaptação do posto de trabalho ao cirurgião-dentista, entre outros. Portanto, ter consciência corporal e trabalhar a ergonomia na Odontologia pode ser uma arma poderosa para não deixar vir à tona algumas questões como: tensões, preocupações e estresse, que estejam causando, até mesmo silenciosamente, mal ao corpo e assim, tomar medidas de relaxamento para evitar doenças na prática odontológica.
Revista CRO-CE: Qual é a importância de manter uma postura correta durante o trabalho?
Paula Ventura: Em relação à tecnologia, o avanço a partir de novos materiais, técnicas e equipamentos fazem com que cirurgiões-dentistas tenham à mão melhores condições de trabalho quando comparadas a décadas passadas.
Entretanto, como também presente em outras profissões, uma problemática apresenta-se para a Odontologia, pois esta pertence à lista das consideradas profissões desgastantes, expondo o cirurgião-dentista a uma série de agentes potencialmente causadores de doenças ocupacionais e desencadeadores de problemas musculoesqueléticos. Então, é indiscutível o fato de que as doenças profissionais causadas por agentes mecânicos têm real importância na Odontologia, e que as medidas ergonômicas adequadas constituem o melhor método de eliminá-las. Entre as medidas ergonômicas ressalto: utilização adequada dos equipamentos odontológicos e a percepção dos dentistas em relação à sua postura e à ergonomia, que quando são contempladas na prática profissional diária, podem contribuir preventivamente.
Revista CRO-CE: Quais são as características que o ambiente de trabalho deve ter para estar adequado?
Paula Ventura: A Odontologia é uma profissão passível de distúrbios osteomusculares e posturais, tornando-se de grande relevância desde a fase de preparação para a profissão, ainda na graduação, o descanso durante as atividades e diminuição na sobrecarga laboral, de maneira a prevenir e/ou minimizar os distúrbios posturais decorrente do trabalho do cirurgião-dentista.
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No aspecto postural, a Odontologia tem sido considerada uma profissão ‘’estressante’’, sendo associada a agravos à saúde. A alta incidência de desconfortos posturais nessa classe profissional relaciona-se com sua tendência cada vez maior para um padrão de atividade especializado e repetitivo.
Permanecer sentado durante horas, mesmo em atividades pouco exaustivas, pode causar fadiga e dores físicas. Na minha visão, o ideal, é que no ambiente de trabalho o profissional tenha a possibilidade de realizar a alternância postural durante as atividades laborais na prática odontológica.
Ressalto a importância de que o cirurgião-dentista incorpore na sua prática diária atividades físicas, tanto aeróbicas, quanto de alongamentos, evitando o sedentarismo.
Lembro, antes de tudo, que a ergonomia é uma atitude do profissional que se agrega à prática de sua profissão. ’’
As respostas da odontóloga pesquisada, comparativamente às da Paula
Ventura deram os seguintes resultados:
De que forma a ergonomia começou a tomar espaço nos consultórios odontológicos?
Odontóloga pesquisada: Na minha concepção, lembro-m e do começo da ergonomia com o surgimento da primeira ca deira odontológica elétrica, o que melhorou e facilitou b astante o trabalho de nós dentistas.
Como a ergonomia influencia no resultado do trabalh o dos cirurgiões-dentistas?
Odontóloga pesquisada: Com o avanço contínuo da erg onomia nos postos de trabalho odontológicos, melhorou muit o a facilidade de deslocamento dos cirurgiões-dentistas para a realização de procedimentos odontológicos, o confor to ao se trabalhar e, consequentemente, a prevenção de probl emas relacionados à ergonomia, como a má postura e a L.E .R., por exemplo.
Como a ergonomia é implementada?
Odontóloga pesquisada: A ergonomia é implementada a través da adaptação do posto de trabalho nos padrões ergonômi cos, incluindo a utilização de equipamentos ergonômicos e da realização de alongamentos e exercícios físicos nas horas vagas, o que previne as doenças ocupacionais.
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Qual é a importância de manter uma postura correta durante o trabalho?
Odontóloga pesquisada: Prevenir tensões, evitar est resse postural e doenças relacionadas à má postura.
Quais são as características que o ambiente de trab alho deve ter para estar adequado?
Odontóloga pesquisada: Ter boa iluminação, temperat ura agradável, equipamentos de proteção e estar dentro dos padrões e normas ergonômicas exigidas pelos órgãos competen tes. Sempre havendo a prática de pausas frequentes e a i ntercalação postural.
Adicionalmente, questionou-se à odontóloga pesquisada:
Na sua atividade, adota práticas de ginástica laboral ou exercícios
de alongamento antes, durante e na conclusão da sua jornada de
trabalho?
Odontóloga pesquisada: Sim, sempre que possível, te nto realizar exercícios de alongamento e respiração, pois creio que seja de extrema utilidade para a prevenção de doenças postu rais e estresses.
Na sua atividade, adotam-se práticas odontológicas de cunho
ergonômico resultantes de treinamentos ou de recomendações de
órgãos classistas?
Odontóloga pesquisada: Adoto sim, porém poucas dess as práticas odontológicas ergonômicas foram advindas d e treinamentos ou palestras de órgãos classistas. Nem mesmo durante a formação acadêmica, teve alguma informaçã o sobre assuntos ergonômicos, o que só vim a tomar conhecim ento e utilizá-las, através de informações pesquisadas e c ursos realizados, após começar a sofrer com problemas rel acionados à má ergonomia, como o desenvolvimento de calcificaçõ es na região cervical, C3 e C4, e de uma tendinite no pun ho esquerdo. Não havendo atualização de informações por parte do s órgãos classistas.
73
CAPÍTULO 05 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como percebido, a ergonomia traz inúmeros benefícios à saúde do
trabalhador, tendo também um papel importantíssimo na qualidade e
quantidade produzida, devido ao fato do melhor bem-estar obtido pelo
trabalhador, o que gera uma motivação e, consequentemente, um melhor
rendimento.
Seguindo recomendações do ambiente ergonômico, verificou-se que no posto
de trabalho as especificações das condições ambientais e requisitos dos
equipamentos estão de acordo com as normas de segurança e boas condições
ergonômicas. No ambiente de trabalho, percebeu-se que a temperatura está
nos padrões de ergonomia e os ruídos também, porém houve detecção de
ruídos em alguns aparelhos, o que pode ser facilmente resolvido com a
manutenção ou troca. Quanto aos agentes químicos, nota-se total segurança
em seus manuseios, com a utilização de E.P.I.s, como máscaras, óculos e
luvas.
A ergonomia dos objetos utilizados no posto de trabalho também foi analisada
e constatou-se que: os mochos estão de acordo com as normas ergonômicas,
porém o da assistente não há apoios para os braços, o que pode ser
solucionado com a troca do mocho, já a cadeira odontológica, o equipo e o
refletor, estão todos ergonomicamente corretos.
Presumidamente, pelo isolamento com filme plástico transparente, pode-se
supor que há preocupação da profissional com as doenças que podem ser
transmitidas pelo paciente ou vice-versa, pois há, nos lugares onde se tem
contato, o recobrimento com plástico transparente, a fim de minimizar a
transmissão de doenças, contaminação cruzada.
Em relação à postura da profissional odontológica e da ASB, percebemos que
as mesmas se enquadram nos padrões ergonômicos sugeridos pela ISO e pela
FDI, pois trabalham sentadas, sendo essa a melhor posição para o trabalho
odontológico devido às horas de trabalho, realizando as posturas corretas:
inclinadas levemente para à frente, através do quadril, em 10° e o pescoço em
15°, realizando o ângulo da poplítea entre 110° e 125°, com os pés plantados e
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paralelos ao solo, com um pequeno afastamento entre as pernas e, sempre
que possível, alternando entre sentar-se sem e com apoio de costas. Não se
identificou, pelo depoimento da odontóloga, o uso sistemático de ginástica
laboral.
Através do questionário, como percebido, as dentistas têm um reconhecimento
da importância da ergonomia na vida profissional, principalmente na profissão
odontológica, porém a segunda relata que não há uma atualização de
informações e certa preocupação a respeito desse tema, por parte dos órgãos
classistas.
Por meio da análise realizada no posto de trabalho, pode-se afirmar que o
objetivo foi cumprido uma vez que o posto de trabalho foi analisado e nele
verificou-se a inexistência de riscos ergonômicos. Finalmente, pode-se
considerar que com relação às práticas ergonômicas resultantes de
capacitação em riscos ergonômicos identificou-se que a odontóloga não
recebeu treinamento específico ou informação de órgão classista e por conta
disso pode incorrer em alguns problemas de natureza ergonômica relatados
nesta pesquisa.
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ministério do trabalho e emprego
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