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Produzindo Material Didático para o Ensino de Geografia

Autora: Nadhine Hentzy Stellet da Silva (Bolsista FFP/UERJ)

Co-autora: Poliana Marques da Silva Damasceno (Bolsista FFP/UERJ)

Orientador: Charlles da França Antunes (Professor do DGEO FFP/UERJ)

cedipe.ffp@gmail.com

Introdução

O projeto “Produzindo Material Didático para o Ensino de Geografia” surge

como mais uma iniciativa do Centro de Documentação, Informação e Pesquisa sobre

Ensino de Geografia (CEDIPE-GEO), sediado na Faculdade de Formação de

Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ).

A proposta principal do projeto é a de avaliar, sistematizar e produzir materiais

didáticos sobre os diversos temas que dizem respeito a sociedade brasileira, e que não

aparecem com destaque na grande mídia, impossibilitando, por parte de professores e

alunos uma compreensão mais apurada de suas causas, atores, repercussão e

consequências.

A matéria prima desses materiais didáticos, que reunirão vídeos, imagens

diversas e textos, virá em sua maior parte do conjunto de ações dos mais diferentes

movimentos sociais, que de alguma forma já vêm cumprindo a tarefa de ampliar o

acesso as informações sobre fatos, processos e projetos que impactam a sociedade

brasileira em todas as escalas e dimensões.

Nossa intenção é propiciar aos professores de Geografia e aos alunos da

Educação Básica o acesso a outras leituras da realidade espacial brasileira, e que a partir

do uso desse material nas suas aulas possam construir uma interpretação mais crítica e

construtiva da sociedade em que vivemos.

Nossos Materiais

Compreendemos que a prática cotidiana se faz na interface do uso de materiais

pré-determinados e materiais escolhidos pelos professores cotidianamente, é nesse meio

que se insere os materiais produzidos pelo projeto. Sabemos que existe a inquietação

por parte dos professores e que a labuta diária nem sempre favorece a busca de um

material mais diversificado para a sala de aula. Por tanto, desde a segunda metade do

2013 até a presente data foram produzidos dois CD-ROM e distribuídos aos professores

de São Gonçalo e Niterói. O primeiro material foi sobre os índios Guarani-Kaiowá,

nesse material a luta pela sobrevivência da cultura tradicional da nação Kaiowá foi

apresentada por meio de vídeos, textos e mapas que denunciem e reforcem a

importância da luta dos que vivem e dependem da terra como único meio de

sobrevivência. Já no segundo material, o conteúdo pesquisado e sistematizado foi sobre

o trabalho escravo, nele recolhemos, vídeos, áudios, cartilhas, textos e notícias sobre

ações de combate ao trabalho escravo no país.

Somos Todos Guarani-Kaiowás

Diante de inúmeras temáticas que encontramos no cenário atual do país, uma em

particular chamou a atenção do grupo de pesquisadores do projeto de produção de

material didático: a situação dos índios guarani-kaiowás e sua luta contra os grandes

proprietários de terra e o agronegócio.

Imagem I - CD-ROOM Somos Todos Guarani-Kaiowás

Fonte: Equipe produzindo Material didático para o ensino de Geografia

No primeiro material produzido pelo grupo de pesquisadores (professores,

bolsistas), a escolha e seleção do material foi realizada em conjunto, visto que, os

professores carregam consigo a experiência cotidiana do magistério e suas temáticas

pertinentes e as propostas dos materiais didáticos utilizados em sala de aula.

Durante os debates promovidos pelo grupo, um questionamento surgiu: Com

tantos temas para serem estudados, por que algo sobre a população indígena Guarani

Kaiowá?

Embora existam diversos temas que mereçam destaque no cotidiano escolar, o

tema referente a questão indígena ganhou um grau de importância mais significativo.

Ao ser notado que a questão indígena apareça nos materiais de ensino apenas no

principio da formação territorial brasileira, e também por ter um caráter meramente

ilustrativo que não representa sua história no território que antes da chegada dos

colonizadores e principalmente após a expansão territorial até os dias atuais, sobretudo,

nos dias atuais, na região Centro-Oeste do país.

Nessa região de avanço do latifúndio monocultor de cana, soja, milho e outros

produtos com foco na exportação, gera uma tênue linha de tensão onde os interesses dos

latifundiários são colocados em prática independente da presença da população

tradicional Guarani.

Buscamos por meio de levantamentos de reportagens, documentários, mapas e

outras formas de publicação elementos que pudessem ser reunidos e que pudessem

servir de base para as aulas de Geografia nas escolas tanto da rede pública quanto da

rede privada de ensino.

Imagem II – Documentários presentes no CD-ROOM

Fonte: Equipe produzindo Material didático para o ensino de Geografia

Imagem II – Documentários presentes no CD-ROOM

Fonte: Equipe produzindo Material didático para o ensino de Geografia

Trabalho Escravo no Brasil

Compreendendo que o projeto visa veicular notícias e materiais sobre as mais

diversas temáticas que se encontram pouco divulgadas pela mídia em geral, o segundo

material produzido pelo projeto destaca a questão do trabalho escravo, em suas diversas

formas, ainda encontrado no Brasil.

Essa temática e sua discussão se faz importante e torna-se instrumento de luta a

medida que informamos professores e alunos para um problema que se faz presente no

Brasil e por vezes é mascarada através de formas de trabalho degradante, não sendo

reconhecido como modalidade de escravidão contemporânea no país, tais como o

trabalho doméstico infantil, por exemplo.

A busca de materiais se fez junto a Organizações Não Governamentais,

imprensa, produções políticas e acadêmicas, grupos de apoio aos direitos humanos, etc.

O material recolhido nas diversas fontes já supracitadas foi catalogado, avaliado

e sistematizado. Aqueles que se encaixavam na proposta do material de apresentar as

diversas modalidades de trabalho escravo contemporâneo bem como àquelas formas de

trabalho degradante foram separados para compor o acervo do material.

O conjunto dos bolsistas que integram o projeto ficaram responsáveis por

organizar resumos dos materiais encontrados e escrever sinopses para cada um dos

deles (cartilhas, vídeos, textos, etc).

Com o apoio do CEDIPE-GEO FFP/UERJ, organizou-se a plataforma de

disponibilização do material. Tudo foi pensado para facilitar o trabalho do professor na

divulgação do mesmo em sala de aula. Para tal, escolheu-se disponibilizar os materiais

através de uma mídia de fácil acesso, o CD-ROOM.

Os vídeos, os textos , as cartilhas e os outros materiais encontram-se na página

principal da plataforma, e a medida em que o professor ou outro usuário do material

transita pela plataforma, a todo momento fica acessível os links que direcionam os

usuários aos materiais.

Imagem IV – Plataforma do CD-ROOM Trabalho Escravo no Brasil

Fonte: Equipe produzindo Material Didático para o Ensino de Geografia

Nessa produção, os materiais disponibilizados encontram-se divididos em três

categorias: Textos e Cartilhas; Atividades e Vídeos.

À medida que o usuário “clica” em uma das categorias, os materiais são

organizados na página principal, ficando disponível para visualização.

Figura V – Disponibilização dos materiais de acordo com as categorias

Fonte: Equipe produzindo Material Didático para o Ensino de Geografia

De todos os materiais disponibilizados nesse CD-ROM, um dos mais

interessantes são os cadernos de atividades. Criado pelo programa “Escravo, nem

Pensar” do Repórter Brasil , são inúmeras atividades, dentre jogos, construção de textos,

informações sobre a temática e que se mostram bem profícuas para serem usadas em

sala de aula, principalmente com alunos do Ensino Fundamental II.

Isso ressalta a preocupação, tanto dos professores quanto dos bolsistas e

pesquisadores do projeto, de buscar materiais cuja utilização seja viável em sala de aula.

Afinal, um dos objetivos do projeto é a massificação da informação e a promoção do

conhecimento.

Os textos e cartilhas também se apresentam como um recurso ímpar para o

trabalho dessa temática em sala de aula. Os materiais disponibilizados pelo projeto

possuem uma linguagem clara, com o uso de imagens e personagens que facilitam o

trabalho do professor no momento da promoção da discussão e debate sobre a

escravidão contemporânea no Brasil.

Imagem VI – Livro Escravo, nem Pensar!, produzido por Repórter Brasil.

Fonte: Equipe produzindo Material Didático para o Ensino de Geografia

Os vídeos também se mostram como recurso didático importante para a

discussão da temática nas escolas.

Utilizando-se da premissa “Uma imagem vale mais que mil palavras”, os vídeos

disponibilizados pelo projeto discutem o trabalho escravo contemporâneo e as formas

degradantes de trabalho no qual se encontram centenas de brasileiros e estrangeiros que

vivem no Brasil.

Imagem VII - Vídeo PEC do Trabalho escravo

Busca-se com a veiculação e utilização desses vídeos nas escolas que alunos e

professores reconheçam a existência do trabalho escravo, e a medida quem tomem

ciência, consigam se organizar em prol da luta e defesa desses trabalhadores.

Todos os materiais disponibilizados possuem sua fonte indicativa. Isso é uma

premissa do projeto, já que busca divulgar materiais já existentes sobre a temática.

Além disso, a informação da fonte permite aos usuários buscar mais informações sobre

os materiais apresentados.

Conclusão

O projeto “Produzindo Material Didático para o Ensino de Geografia” é uma

iniciativa que busca um olhar diferenciado sobre o ato e a função de ensinar, o objetivo

não é apenas o de disseminar conteúdos para uma determinada avaliação.

O projeto cumpre seu papel à medida que dá visibilidade aos assuntos não

abordados no cotidiano escolar e ao mesmo tempo denunciar as condições das

populações e comunidades “invisíveis” para a sociedade brasileira.

Referências

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http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000311502

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1. ed. Goiânia: Editora Vieira, 2005. v. 1. 283 p.

RONDINELLI, Rosely Curi Gerenciamento Arquivístico de Documentos Eletrônicos:

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SUERTEGARAY, Dirce Maria Antunes. Rumos e Rumores da Pós-graduação e da

Pesquisa em Geografia no Brasil. Revista da ANPEGE. v. 3, p. 17 - 31, 2007

Encontrado no endereço eletrônico:

http://www.anpege.org.br/?op=23