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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CIENCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS – PPGCSB
JUÇARA BARROSO LEAL
DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES
ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE
CASTANHA DE CAJU DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI
PETROLINA/PE
2017
JUÇARA BARROSO LEAL
DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES
ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE
CASTANHA DE CAJU DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Petrolina, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências, com ênfase na linha de pesquisa Saúde, Sociedade e Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Argenton Ramos. Co-orientador: Prof. Dr. Fabrício Cieslak. Co-orientador externo: Prof. Dr. Brauliro Golçalves Leal.
PETROLINA/PE
2017
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da UNIVASF.
Bibliotecário: Fabio Oliveira Lima CRB-4/2097.
Leal, Juçara Barroso.
L435d Distúrbios musculoesqueléticos e condições ergonômicas de trabalho dos produtores de castanha de caju do povoado Mirolândia em Picos-PI/ Juçara Barroso Leal. - - Petrolina, 2017. xv, 99 f.; 29 cm.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde e Biológicas) -
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina, Petrolina-PE, 2017.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Argenton Ramos. Coorientador: Prof. Dr. Fabrício Cieslak. 1.Saúde do trabalhador. 2. Ambiente de trabalho. 3. Postura. 4. Distúrbios musculoesqueléticos. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.
CDD 613.62
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E
BIOLÓGICAS – PPGCSB
FOLHA DE APROVAÇÃO
JUÇARA BARROSO LEAL
DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES
ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE
CASTANHA DE CAJU DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências, pela Universidade Federal do Vale do São Francisco.
Aprovada em: ______ de ______________ de ________
Banca examinadora
____________________________________
Prof. Dr. Ricardo Argenton Ramos – UNIVASF
____________________________________
Prof. Dr. José Fernando Vila Nova de Morais – UNIVASF
___________________________________
Profª. Dra. Patricia Avello Nicola - UNIVASF
Dedico este trabalho ao meu pai Antônio
Barroso (in memorian), que tanto trabalhou
para garantir aos filhos um estudo de
qualidade. Maior herança não poderia ter
nos deixado do que a vontade de sempre
aprender mais.
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, agradeço à Deus o dom da vida e a graça da sabedoria.
À minha mãe, Maria Helena, meu consolo e acalento principalmente nos momentos
mais difíceis.
À minha irmã Juliane, companheira fiel nos estudos e na vida, e aos meus irmãos
Joaline e Juscelino, pelo exemplo sincero de amor e apoio em todas as minhas
(in)decisões.
Aos meus sobrinhos amados, Héctor, Andressa e Davi, que são a plenitude do amor
e harmonia da nossa família.
À minha prima-irmã Maria de Fátima, pela compreensão nos momentos de ausência,
pelo companheirismo diário e por sempre estar pronta para nos ajudar na correria
entre estudo, tarefas domésticas e trabalho.
À minha prima Lívia Barroso, minha inspiração de determinação nos estudos e na
vida. Obrigada pelo incentivo, torcida e estímulo.
À minha grande amiga Ivone, pelo apoio e incentivo, e principalmente por estar
sempre perto quando mais precisei.
À minha equipe de pesquisa: Maralina, David, Yan, Daísa, Glória, Naura e Acyllon
pela grande ajuda e colaboração para finalização deste estudo. Ontem colegas e
alunos, hoje meus amigos. Agradecerei sempre pelo excelente empenho e dedicação
que deram a esta pesquisa.
Ao meu Orientador, Prof. Ricardo Argenton Ramos, que me acolheu em um
momento de incertezas, que abraçou a minha pesquisa, e principalmente mudou a
minha concepção do que é ser professor e orientador.
Ao meu Co-orientador Prof. Brauliro, por toda contribuição estatística e pelo
conhecimento compartilhado.
Aos meus amigos de mestrado, que me acolheram com tanto cuidado. Muito
obrigada por sempre se preocuparem com nossa segurança e pelo diversificado
conhecimento compartilhado durante estes dois anos.
À amiga Jane, amiga especial que o mestrado me deu, obrigada por ter me acolhido
no seu lar e por ter sempre se preocupado comigo e minha irmã nestes longos trajetos
percorridos.
À Faculdade R Sá, pelo apoio e incentivo à qualificação dos professores.
Aos participantes desta pesquisa, que confiaram na minha equipe e se dispuseram a
colaborar com a mesma.
Aos amigos e familiares, que compreenderam minhas ausências e que direta ou
indiretamente contribuíram para a concretização deste sonho.
“Julgue seu sucesso pelas coisas você que
teve que renunciar para conseguir”.
Dalai Lama
RESUMO
No ambiente rural, os trabalhadores estão expostos a situações de trabalho excessivo, repetitivo e em posturas desconfortáveis que sobrecarregam grandes músculos e configuram risco para o desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos. Estes, distúrbios musculoesqueléticos, estão entre as doenças crônicas não-transmissíveis mais comuns, sendo a principal causa de gastos advindos de recursos sociais e de saúde constituindo assim um problema comum em diversas ocupações. Esta situação de trabalho foi observada entre os produtores de castanha de caju. Portanto, esta pesquisa buscou analisar a relação existente entre a presença de distúrbios musculoesqueléticos e as condições ergonômicas de trabalho a que esses produtores estão expostos durante suas atividades de trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, explicativa, transversal com criação de amostragem caso-controle, através da observação direta in loco, desenvolvida no povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI, no período de março a junho de 2017. A pesquisa teve a participação de 240 trabalhadores, sendo 120 produtores de castanha de caju no grupo caso e 120 agricultores no grupo controle. Utilizou-se um Formulário de dados socioeconômicos e de condições de trabalho, um formulário de medidas antropométricas e um Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. O grupo caso foi avaliado ainda pela ferramenta RULA para quantificação dos riscos da postura de trabalho. Os resultados desta pesquisa revelam que a produção artesanal de castanha de caju trata-se de uma fonte de renda para pequenos agricultores de estratos econômicos mais baixos e com baixos níveis de escolaridade. Estes apresentam elevada prevalência de doenças crônicas não degenerativas, como a hipertensão e o diabetes, doenças respiratórias e alérgicas, quadros de sobrepeso e obesidade, e uma proporção elevada de inatividade física. No geral, identificou-se alta prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em diferentes partes do corpo. No grupo caso os sintomas apareceram especialmente na região lombar (66,7%), na região dorsal (55,8%), no pescoço (38,3%) e em punhos, mãos e dedos (30,8%), enquanto no grupo controle, os sintomas apareceram respectivamente 21,7%, 15,8%, 17,5% e 5,8%. Os trabalhadores durante a produção de castanha de caju apresentam altos riscos físicos das posturas de trabalho de acordo com o método RULA. Todas as posturas apresentaram estreita relação com o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos, principalmente na região lombar (OR 10,27). O risco para a região lombar aumentou significativamente para o grupo caso (OR 6,92) e para os indivíduos com mais de 10 anos de trabalho (OR 3,88) aumentou o risco para distúrbios na região dorsal. Com base nos achados, observa-se que os trabalhadores envolvidos na produção artesanal de castanha de caju no povoado Mirolândia na cidade de Picos(PI) estão expostos a vários fatores de risco ergonômico que propiciam o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos em várias regiões corporais.
Palavras-chave: Saúde do trabalhador. Ambiente de trabalho. Postura.
ABSTRACT
In the rural environment, workers are exposed to situations of excessive, repetitive work and uncomfortable positions that overwhelm the musculature thus, starting a risk for the development of musculoskeletal disorders. These, musculoskeletal disorders, are the most common chronic non-transmissible diseases being the main cause of expenses from social and health resources, thus being a widespread problem in various occupations. This work situation was observed among the producers of cashew nuts. Therefore, this research required to analyze the relationship between the presence of musculoskeletal disorders and the ergonomic working conditions to which these producers are exposed during their work activities. This is a qualitative and quantitative, explanatory, cross-sectional study with the creation of a case-control sampling, through direct observation in loco, developed at the thorp of Mirolândia in the city of Picos-PI, from March to June 2017. The research had the participation of 240 workers, divided by 120 producers of cashew nuts in the case group and by 120 farmers in the control group. A socioeconomic and work conditions data form, an anthropometric form and a Nordic Osteomuscular Symptom Questionnaire were used. The case group was also evaluated by the RULA tool to quantify the risks of the work posture. The results of this survey reveal which of handmade production the chestnut-of-cashew it is an income source for small farmers with lower economic extracts and with low levels of schooling. These one has a high prevalence of chronic non-degenerative diseases, such as: hypertension and diabetes, respiratory allergic diseases, overweight and obesity, and a high proportion of physical inactivity. Commonly, a high prevalence of musculoskeletal disorders was identified in distinct parts of the body. In the case group the symptoms appeared especially in the lower back (66,7%),in the dorsal region (55,8%), in the neck (38,3%) and in fists, hands and fingers (30,8%), while in the control group, the symptoms appeared respectively 21,7%, 15,8%, 17,5% e 5,8%. The workers during the production of chestnut-of-cashew presented high physical risks of working positions according to the RULA method. All postures were closely related to the onset of musculoskeletal disorders, mainly in the lumbar region (OR 10.27).The risk for the lumbar region increased significantly for the case group (OR 6.92) and for individuals with more than 10 years of work (OR 3.88) increased the risk for disorders in the dorsal region. Based on this finding, is observed the workers involved chestnut-of-cashew handmade production at the thorp of Mirolândia from the city of Picos (PI) are exposed a range of factors ergonomic risk that lead to the onset of musculoskeletal disorders in distinct body regions. Keywords: Worker's health. Work environment. Posture.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Município de Picos. .................................................................................. 33
Figura 02 – Fluxograma de seleção de amostra. ....................................................... 36
Figura 03 – Fluxograma de coleta de dados. ............................................................. 38
Figura 04 – Ferramenta RULA. .................................................................................. 42
Figura 05 – Forno artesanal de torrefação da castanha de caju. ............................... 46
Figura 06 – Óleo cáustico liberado com a queima da castanha. ................................ 46
Figura 07 – Instrumento para quebra da castanha. .................................................... 47
Figura 08 – Posturas de trabalho durante a quebra da castanha de caju. ................ 48
Figura 09 – Postura de trabalho durante a despeliculagem da castanha. ................. 48
Figura 10 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 7 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia.. .................. 68
Figura 11 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 6 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia. ................... 69
Figura 12 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 5 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia ................... 70
Figura 13 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 4 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia ................... 70
Figura 14 - Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 3 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia. ................... 71
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Análise descritiva das variáveis socioeconômicas e demográficas em
números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos (caso e controle). 50
Tabela 02 - Análise descritiva das variáveis hábitos de vida e condições de trabalho
dos sujeitos com Distúrbio Musculoesquelético em números absolutos e porcentagens
nos seus respectivos grupos.. ..................................................................................... 53
Tabela 03 - Características antropométricas dos sujeitos (média ± desvio padrão). 59
Tabela 04 - Prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre grupo caso (n=120)
e grupo controle (n=120) por região corporal ............................................................. 62
Tabela 05 - Prevalência de queixas musculoesqueléticos por sexo entre grupo caso
(n=120) e grupo controle (n=120). .............................................................................. 66
Tabela 06 - Análise de regressão logística da pontuação RULA por regiões com DME
(n=120). ....................................................................................................................... 72
Tabela 07 - Resultados da análise de regressão logística analisando os efeitos das
características de demográficas e ocupacionais sobre as DME nos últimos 12 meses
por regiões corporais, (n=120). ................................................................................... 75
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia
AET Análise Ergonômica do Trabalho
Art. Artigo
CC Circunferência da Cintura
CEREST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
GCA Grupo Caso
GCO Grupo Controle
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas
COCAJUPI Central de Cooperativas dos Cajucultores do Estado do Piauí
CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba
COFFITO Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
CQ Circunferência do Quadril
DME Distúrbios Musculoesqueléticos
DORT Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMG Eletromiografia de Superfície
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMC Índice de Massa Corpórea
LER Lesão por Esforço Repetitivo
NR Norma Regulamentadora
OD Odds Ratio
OIT Organização Internacional do Trabalho
QNSO Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares
RCQ Relação Cintura Quadril
RENAST Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
RULA Rapid Ubber Limb Arm
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
ST Saúde do Trabalhador
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
SUS Sistema Único de Saúde
UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco
WHO World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16
2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 19 2.1 OBJETIVO GERAL: .......................................................................................... 19 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ........................................................................... 19
3 HIPÓTESE ........................................................................................................ 19
4 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 20 4.1 TRABALHO RURAL ......................................................................................... 20 4.2 AS ATIVIDADES MANUAIS NA AGRICULTURA ............................................ 21 4.3 SAÚDE DO TRABALHADOR ........................................................................... 22
4.3.1 Regulamentação ............................................................................................. 22 4.3.2 Interdisciplinaridade e Saúde do trabalhador (ST) ..................................... 24 4.4 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO ................................................. 25
4.4.1 Ergonomia ....................................................................................................... 25 4.5 DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME) ......................................... 26
4.5.1 Caracterização ................................................................................................ 26
4.5.2 Etiologia ........................................................................................................... 27
4.5.3 Avaliação ......................................................................................................... 28 4.6 A CAJUCULTURA NA MACRORREGIÃO DE PICOS-PI. ............................. 31
5 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 34 5.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................. 34 5.2 LOCAL DA PESQUISA .................................................................................... 34 5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................. 34
5.3.1 Critérios de Inclusão: ..................................................................................... 35
5.3.2 Critérios de Exclusão: .................................................................................... 36 5.4 CRITÉRIOS ÉTICOS EM PESQUISA .............................................................. 36 5.5 PESQUISADORES E MONITORES DE PESQUISA ...................................... 37 5.6 COLETA DE DADOS ....................................................................................... 37
5.6.1 Grupo Controle ............................................................................................... 39
5.6.2 Instrumentos da Pesquisa ............................................................................. 39 5.7 Análise dos dados .......................................................................................... 42
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 45 6.1 ETAPAS DO PROCESSAMENTO MANUAL DA CASTANHA DE CAJU NO POVOADO MIROLÂNDIA. .......................................................................................... 45 6.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO, ANTROPOMÉTRICO, HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES DE TRABALHO .................................................................................... 49
6.2.1 Perfil Socioeconômico por Grupo ................................................................ 49 6.2.2 Hábitos De Vida, Condições de Trabalho e Perfil Antropométrico por Grupo.........................................................................................................................52 6.2.3 Perfil Antropométrico ..................................................................................... 58 6.3 PREVALÊNCIA DE DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME) E ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO OCUPACIONAIS.................................. 61
6.3.1 Prevalência de DME por Região Corporal ................................................... 61
6.3.2. Avaliação da Postura de Trabalho e Relação com as DME ....................... 66
7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 76
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 78
APENDICES......... ...................................................................................................... 88 APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
APÊNDICE B - FORMULÁRIO SOCIOECONÔMICO E DE CONDIÇÕES DE
SAÚDE
APÊNDICE C - FORMULÁRIO DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS
ANEXOS ...................................................................................................................95 ANEXO 01 - QUESTIONÁRIO NÓRDICO DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES
16
1 INTRODUÇÃO
A evolução tecnológica trouxe melhorias para muitos setores de trabalho. No
entanto, ainda existem muitas atividades que dependem do esforço físico do homem
mesmo em sistemas de fabricação modernos e complexos (VIGNAIS et al., 2013). No
ambiente rural, os trabalhadores estão submetidos a fatores condicionantes à sua
saúde, que muitas vezes estão relacionados ao processo produtivo e tecnológico
(equipamentos e máquinas rudimentares), à rotina de trabalho com longos períodos
extenuantes de esforço físico e à exposição de fatores de risco físicos, químicos,
biológicos, mecânicos e ergonômicos (MOREIRA et al., 2015; SINGH;
CHOKHANDRE, 2015).
Dentre as atividades rurais rudimentares estão a colheita do caju e o
descascamento da sua castanha. No ato da colheita do fruto, geralmente os homens
sobem nas árvores para a coleta, as mulheres apanham os frutos caídos no chão e
os filhos fazem o descascamento. Assim, aposição de flexão anterior do tronco, de
forma repetitiva, para o recolhimento do caju no chão, pode levar a altas incidências
de lombalgia (ALBIERTO et al., 2015). Além disso, a manutenção de uma postura,
muitas vezes de acocoramento para o processo de descascamento da castanha, pode
ocasionar queixas dolorosas (KWON et al., 2015).
Situações de trabalho excessivo, repetitivo e em posturas desconfortáveis
sobrecarregando grandes músculos, configuram risco para o desenvolvimento de
distúrbios musculoesqueléticos (DAHLQVIST; HANSSON; FORSMAN, 2016;
FALCÃO et al., 2015). Estes distúrbios musculoesqueléticos (DME) estão entre as
doenças crônicas não-transmissíveis mais comuns, sendo a principal causa de gastos
advindos de recursos sociais e de saúde (BRANCO et al., 2016). Consequentemente,
os DME afetam cada vez mais a população brasileira de trabalhadores e apesar de
não serem exclusivamente determinadas pelas condições de trabalho, constituem um
problema comum em diversas ocupações (FALCÃO et al., 2015; ONETY et al., 2014).
Apesar deste cenário, verifica-se ainda que existe uma carência de evidências
que abordaram a avaliação das condições ergonômicas e de saúde no ambiente de
trabalho rural (ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015; CECCATO et al., 2014; FALCÃO
et al., 2015; MOREIRA, et al., 2015; PENICHE, 2014; VILELA et al., 2015; VILELA et
al., 2014). Desse modo, a definição do objeto deste estudo gera questionamentos na
tentativa de desvendar a dinâmica que envolve o trabalhador e seu posto de trabalho,
17
dando destaque à harmonia dos diversos fatores que o influenciam e nos
determinantes das condições de saúde neste setor.
No Brasil, uma das áreas do trabalho rural com poucos relatos científicos é a
da cultura do caju (cajucultura). Apesar de alguns trabalhos como o de Borah (2015a),
desenvolvido na Índia, que trata das condições dos trabalhadores na cajucultura e os
trabalhos De Oliveira Galvão et al. (DE OLIVEIRA GALVÃO et al., 2014; DE OLIVEIRA
GALVÃO et al., 2017), no Brasil, sobre o impacto na torrefação da castanha do caju,
a maioria das pesquisas envolvem principalmente o setor canavieiro e o trabalho rural
(CECCATO et al., 2014; VILELA et al., 2015; VILELA et al., 2014). Assim, as
pesquisas não tratam das especificidades dos trabalhadores da cultura do caju que
podem levar aos distúrbios musculoesqueléticos.
Na região do Semiárido Nordestino, o cultivo do caju ganha destaque pelo seu
período de safra que coincide com a entressafra das demais culturas como a do milho,
feijão e algodão (ALBIERO et al., 2015; DE FIGUEIRÊDO et al., 2016; DE OLIVEIRA
GALVÃO et al., 2014). A região de Picos-PI, território do Vale do Guaríbas, pelo clima
seco e as condições de solo, é um território benéfico ao cultivo do caju e extração dos
seus derivados, o que faz da sua macrorregião o maior produtor do estado do Piauí.
Assim, a referida cidade, fundamentada nos princípios do Cooperativismo e
Associativismo, tem a cajucultura e a apicultura como fonte de renda para muitas
famílias (BARROS, 2011; SILVA, 2011).
Considerando a complexidade e a relevância deste tema, esta pesquisa
pretende analisar as condições de saúde ocupacional e ergonômicas dos produtores
de castanha de caju no povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI. Assim, surgiram
os seguintes questionamentos: qual a prevalência de sintomas musculoesqueléticos
que podem estar presentes em produtores de castanha de caju que realizam a
extração manual desta castanha? Estes sintomas teriam alguma relação com a
postura de trabalho adotada pelo trabalhador durante o processo de trabalho?
Baseado nestes questionamentos, a resposta a eles através desta pesquisa
pode contribuir para melhorias nos serviços de saúde local, prevenindo e minimizando
fatores de risco para agravos à saúde destes trabalhadores mediante implantação de
políticas de prevenção e recuperação. Esta pesquisa ainda contribuirá para as
categorias profissionais envolvidas nessa área em expansão como engenheiros de
produção, médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho, fisioterapeutas, educadores
18
físicos e os demais profissionais da saúde pública, fornecendo subsídios teóricos e
práticos para melhorias em promoção de saúde e prevenção de acidentes.
Consequentemente será possível identificar a dinâmica que envolve o trabalhador e
seu posto de trabalho, destacando os aspectos de interdisciplinaridade ao se
compreender o trabalhador com um indivíduo inserido em um contexto social.
19
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL:
Analisar a relação existente entre a presença de distúrbios
musculoesqueléticos e as condições ergonômicas de trabalho a que os produtores de
castanha de caju do povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI estão expostos
durante suas atividades de trabalho.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Descrever o processo de produção e extração da castanha de caju;
Realizar um levantamento da situação socioeconômica dos trabalhadores
envolvidos na produção da castanha de caju;
Classificar o perfil antropométrico dos trabalhadores;
Identificar a prevalência de sintomas musculoesqueléticos através do
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO);
Relacionar através da ferramenta RULA as principais posturas adotadas nos
postos de trabalho e as regiões corporais de maior sobrecarga;
Avaliar a associação existente entre os sintomas musculoesquelético, as
características de trabalho e os riscos físicos das posturas de trabalho;
Comparar a prevalência dos sintomas musculoesqueléticos entre os gêneros.
3 HIPÓTESE
H1: As condições ergonômicas de trabalho condicionam o surgimento de
distúrbios musculoesqueléticos nos produtores de castanha de caju do povoado
Mirolândia em Picos-PI.
H0: As condições ergonômicas de trabalho não condicionam o surgimento de
distúrbios musculoesqueléticos nos produtores de castanha de caju do povoado
Mirolândia em Picos-PI.
20
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 TRABALHO RURAL
A Convenção nº 141 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera
como trabalhador rural, todas as pessoas que prestam serviços ou tenham ocupação
em regiões rurais, incluindo as tarefas campesinas, artesanais, agrícolas pastoris e
pecuárias, incluindo ainda os assalariados e/ou aqueles que exploram a atividade rural
por conta própria. Em seu artigo 2º destaca ainda o trabalhador rural como sendo a
pessoa física que lida com atividades de natureza agrícola, retirando dali o seu
sustento (NEVES; DE LIMA, 2016).
Este trabalhador é amparado pela Lei nº 5.889/73, que regula os direitos do
trabalhador rural equivalendo ao trabalhador urbano. Ele passa a ter seus direitos
ampliados na Constituição Federal 1988, ficando os direitos dos trabalhadores rurais
totalmente equiparados aos direitos do trabalhador urbano (CASSAR, 2011).
De acordo com Moreira et al. (2015), a população residente no ambiente rural
apresenta características diferenciadas em relação à população urbana, tais como:
difícil acesso dos seus moradores aos serviços sociais, aos de saúde, comércio e
educação, assim como aos profissionais de saúde que atuam nessa área. Estes
trabalhadores agrícolas, os agricultores, podem sofrer doenças relacionadas à intensa
atividade física no trabalho, à exposição a substâncias tóxicas e a falta de acesso aos
serviços de saúde especializados. Porém têm a vantagem de menor exposição à
poluição atmosférica das cidades e aos estresses do ambiente urbano.
Os agricultores experimentam condições climáticas de alta ou baixa umidade e
radiação solar (KWON et al., 2015). Por isso a agricultura é considerada uma indústria
perigosa em todo o mundo. Os agricultores são expostos a condições climáticas
extremas e acidentes de máquinas resultantes da mecanização agrícola.
No ambiente rural o agricultor não executa a mesma tarefa todos os dias e
geralmente o lar e o local de trabalho são os mesmos. Situação essa que deixa esses
trabalhadores propensos a riscos de acidentes. Radoll (2012) descreve fatores podem
influenciar riscos de acidente:
“a) Fatores ambientais: podemos relacionar, entre outras, as condições climáticas, onde o trabalhador muitas vezes tem que completar uma tarefa independentemente das condições atmosféricas. O ruído, calor, vibração
21
também são fatores que podemos considerar como ambientais. b) Fatores pessoais: como a nossa agricultura tem uma base familiar forte, é comum encontrarmos trabalhadores adolescentes com menos de 16 anos e até crianças em atividades insalubres e muitos idosos, sem condições físicas adequadas, resultando em resposta lenta quando enfrentam situações de risco.c) Fatores relacionados à própria atividade: geralmente encontramos trabalhadores com jornadas muito superiores a 50 horas semanais, como rotina, expondo os mesmos ao sono e ao cansaço.Os acidentes de trabalho são influenciados também por fatores relacionados à situação imediata de trabalho, como as condições do maquinário, pela organização e relações do trabalho” (RADOLL, 2012).
4.2 AS ATIVIDADES MANUAIS NA AGRICULTURA
Apesar da mecanização da agricultura, o trabalho agrícola envolve práticas
intensivas de trabalho relacionadas a inúmeros fatores de risco para o
desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos e de acidentes de trabalho. Estes
trabalhadores sofrem devido às duras condições de trabalho, aos esforços excessivos
e à carga física de trabalho extenuante (CALLEA et al., 2014; DAHLQVIST;
HANSSON; FORSMAN, 2016; JO et al., 2016). Geralmente as atividades são de
cunho familiar, desenvolvidas ao ar livre, sob condições ambientais incontroláveis,
dispondo de uma variedade de ferramentas, utensílios e técnicas (ABRAHÃO;
TERESO; GEMMA, 2015).
As tensões físicas na agricultura comprometem principalmente as mulheres e
são acentuadas com a idade e histórico de doenças crônicas (MOREIRA et al., 2015).
As atividades repetitivas manuais normalmente requerem baixo consumo de energia,
porém quando de forma cíclica e de curta duração, não permitem uma recuperação
dos órgãos musculoesqueléticos e, por conseguinte, essa atividade se torna
extenuante. Os trabalhos manuais ainda são necessários para a colheita e a roçada
de vegetais e frutas em várias regiões agrícolas (KWON et al., 2015).
Estes fatores físicos, ou seja, a repetição da postura e dos movimentos são
mais frequentemente associados a dores no pescoço e ombros decorrente da intensa
atividade de braços e mãos (NORDANDER et al., 2016). De acordo com JO et al.
(2016), os sintomas mais frequentes entre os agricultores afetam as mãos e os
antebraços, costas e quadris, e estes sintomas podem gerar incapacidades a longo
prazo e perda da produtividade.
No entanto, Osborne et al. (2012), realizaram uma revisão sistemática cujo
objetivo foi determinar a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre
22
agricultores, e os autores identificaram uma maior prevalência de distúrbios
musculoesqueléticos na região lombar, seguido pelos membros superiores e
membros inferiores. Os autores explicam o fato em decorrência das atividades
rotineiras realizadas pelos trabalhadores rurais, incluindo levantar e carregar cargas
pesadas, posturas de tronco frequentemente flexionado e exposição à vibrações das
ferramentas manuais.
Pessoas com dores crônicas nas costas e pescoço têm força muscular
diminuída e fadiga crescente dos músculos lesionados (CALLEA et al., 2014). Por
conseguinte estes fatores podem levar a perda da produtividade, má qualidade de
vida, o aparecimento de outros problemas de saúde, estresse, depressão e em casos
mais graves, a acidentes de trabalho (OSBORNE et al., 2012).
4.3 SAÚDE DO TRABALHADOR
4.3.1 Regulamentação
Um passo importante para a expansão da ST, aconteceu em 1977 quando
Ministério do Trabalho através da Portaria de n° 3.214 aprovou o acréscimo do
capítulo V, título II, as Normas Regulamentadoras do Trabalho (NR). Atualmente há
36NRs. Algumas ganham destaque na avaliação do trabalho agrícola como a NR-5
(Comissão interna de prevenção de acidentes – CIPA) regulamenta os limites para
manuseio de cargas, a NR-9 regulariza Riscos Ambientais, a NR-15 trata das
Atividades e operações insalubres e a NR-17 regulamenta a ergonomia
estabelecendo parâmetros para adaptar as condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores (BRASIL, 2015).
A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu Art.200 as atribuições do
Sistema Único de Saúde, as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como
as de saúde do trabalhador, com a colaboração na proteção ao meio ambiente, nele
compreendido o espaço de trabalho (BRASIL, 1988).
Com a consolidação da Lei Orgânica de Saúde em 1990 (Lei nº 8.080, de 19
de setembro de 1990) o conceito de saúde foi ampliado e incorporado o conceito de
Saúde do Trabalhador.
“Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e
23
vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores” (BRASIL, 1990).
Neste contexto, foi atribuído ao SUS (Sistema Único de Saúde) algumas
responsabilidades, tais como: de coordenar as ações de prevenção, promoção e
assistência à saúde. No âmbito das ações de Saúde do Trabalhador (ST), o SUS
busca por meio das ações de vigilância tanto avaliar os riscos presentes nos
ambientes de trabalho como nas condições pelas quais este trabalho é realizado e
nos possíveis agravos à saúde. Já no campo da promoção e assistência à saúde o
SUS cuida da prestação da assistência aos trabalhadores, em compreender
procedimentos de diagnóstico e ainda no tratamento e reabilitação de forma integrada
nas redes de serviço do SUS (SILVA; FERRAZ; RODRIGUES-JUNIOR, 2016).
Com a publicação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora (PNST), o trabalho passa a ser considerado um dos determinantes do
processo saúde-doença.
“A Política Nacional de Saúde do Trabalhador tem como finalidade, definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observadas pelas três esferas de gestão do SUS, para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
24
Foi criada ainda a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
(RENAST) para integrar a rede de serviços do SUS e estruturar os Centros de
Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) que atuariam como unidades
especializadas em serviços de saúde de média e alta complexidade em municípios-
sentinela, organizados num dado território, garantindo assim a atenção aos
trabalhadores em todos os níveis, de modo articulado com as vigilâncias sanitária,
epidemiológicas e ambientais (LEÃO; VASCONCELLOS, 2011; ROLOFF et al., 2016).
4.3.2 Interdisciplinaridade e Saúde do trabalhador (ST)
Todos os processos de regulamentação para construção do campo de ST
tornaram-se indispensáveis para garantir condições dignas nos processos de
trabalho. Este campo é constituído de conhecimentos, saberes e práticas
interdisciplinares, multiprofissionais, interinstitucionais e intersetoriais, que buscam
conhecer e intervir nas relações de trabalho e saúde-doença (DE CASTRO LACAZ,
2016; SANTOS DE SOUZA; SILVA DAS VIRGENS, 2013).
Roloff et al. (2016), destaca o Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). A Norma Regulamentadora 4, do
Ministério do Trabalho e Emprego, regulamenta que as empresas públicas e privadas
com empregados regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), devem ter
o SESMT, e seu dimensionamento depende da graduação dos risco da atividade
principal e do número de empregados. A equipe completa do SESMT é composta por
enfermeiro do trabalho, médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho,
técnico de enfermagem do trabalho e técnico de segurança do trabalho (BRASIL,
2014).
Roloff et al. (2016), relata ainda a importância da presença de profissionais de
outras áreas na atenção à saúde do trabalhador, como profissionais de meio
ambiente, qualidade, administração e assistência social. Assim, é possível tornar a
atenção à saúde do trabalhador cada vez mais qualificada e completa para o
entendimento de todos os fatores que a influenciam.
A resolução nº 259/03 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO), garante que o profissional Fisioterapeuta é qualificado e
legalmente habilitado para contribuir com suas ações de prevenção, promoção e
25
restauração da saúde do trabalhador. Esta resolução ainda afirma que o fisioterapeuta
deverá planejar processos de implantação de programas destinados à educação em
saúde do trabalhador nos temas referentes a acidentes de trabalho e doença
funcional/ocupacional (BRASIL, 2014). Segue abaixo o Art. 1º da resolução.
“Art. 1º - São atribuições do Fisioterapeuta que presta assistência à saúde do trabalhador, independentemente do local em que atue: I – Promover ações profissionais, de alcance individual e/ou coletivo, preventivas a intercorrência de processos cinesiopatológicos; II – Prescrever a prática de procedimentos cinesiológicos compensatórios as atividades laborais e do cotidiano, sempre que diagnosticar sua necessidade; III – Identificar, avaliar e observar os fatores ambientais que possam constituir risco à saúde funcional do trabalhador, em qualquer fase do processo produtivo, alertando a empresa sobre sua existência e possíveis consequências; IV – Realizar a análise biomecânica da atividade produtiva do trabalhador, considerando as diferentes exigências das tarefas nos seus esforços estáticos e dinâmicos, avaliando os seguintes aspectos: a) No Esforço Dinâmico - frequência, duração, amplitude e torque (força) exigido. b) No Esforço Estático – postura exigida, estimativa de duração da atividade específica e sua frequência. V – Realizar, interpretar e elaborar laudos de exames biofotogramétricos, quando indicados para fins diagnósticos; VI – Analisar e qualificar as demandas observadas através de estudos ergonômicos aplicados, para assegurar a melhor interação entre o trabalhador e a sua atividade, considerando a capacidade humana e suas limitações, fundamentado na observação das condições biomecânicas, fisiológicas e cinesiológicas funcionais; VII – Elaborar relatório de análise ergonômica, estabelecer nexo causal para os distúrbios cinesiológicos funcionais e construir parecer técnico especializado em ergonomia” (BAÚ; KLEIN, 2009).”
4.4 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO
4.4.1 Ergonomia
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO1) descreve ergonomia como
uma disciplina científica que estuda as interações entre o homem e outros elementos
ou sistemas (compreendido como ambiente de trabalho), e à aplicação de teorias,
princípios, dados e métodos para intervir nas atividades do trabalho, compreendendo
os aspectos físicos e cognitivos, sociais, organizacionais e ambientais.
Enquanto abordagem interdisciplinar, a ergonomia estuda as características do
trabalhador para depois projetar o posto de trabalho que ele consegue executar,
preservando sua saúde. Estuda assim a interação entre o homem e o trabalho, no
sistema homem-máquina-ambiente (IIDA, 2005). __________________________
1- http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia
26
A Norma Regulamentadora 17 - NR17, estabelece “parâmetros que permitam
a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente” (BRASIL, 2015). Esta norma é norteadora à Análise
Ergonômica do Trabalho (AET), também chamada de Ergonomia de Atividade, que
tem como principais características a observação e a análise do trabalho executado
em condições reais. Portanto a NR17 é uma ferramenta imprescindível para
compreender o trabalho e transformá-lo (ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015;
FERREIRA, 2015).
A publicação da NR17 fundamentada nos princípios da AET incorporou à
legislação brasileira os conceitos de uma Organização do Trabalho, expandindo a
compreensão da Ergonomia como uma nova técnica a serviço de especialistas que
buscam uma ação pública em defesa do trabalho e da saúde dos trabalhadores
(JACKSON FILHO; ANTUNES LIMA, 2015). Portanto, a AET complementa a ação da
Ergonomia, buscando a observação do trabalhador no momento da execução de suas
atividades laborais, observando: as posturas corporais ou segmentos corporais
adotados em determinada situação, as comunicações entre os trabalhadores, os
produtos e/ou instrumentos que manipulam, os controles que fazem ou aos quais
estão submetidos, as relações de trabalho, além dos sintomas e sinais de uma
patologia já instalada. Essas observações devem ser feitas em diferentes momentos
da jornada de trabalho para detectar variações (ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015;
FERREIRA, 2015).
4.5 DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME)
4.5.1 Caracterização
A Instrução Normativa nº 98 de 2003 do Ministério da Previdência Social revê
a Norma Técnica aprovada em 1998, considerando simplificar, uniformizar e adequar
as atividades periciais sobre as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e as Doenças
Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT). Esta Instrução Normativa assim
expressa:
27
“Entende-se LER/DORT como uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos, síndromes miofasciais, que podem ser identificadas ou não. Frequentemente são causa de incapacidade laboral temporária ou permanente. São resultado da combinação da sobrecarga das estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a falta de tempo para sua recuperação. A sobrecarga pode ocorrer seja pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, particularmente quando essas posições exigem esforço ou resistência das estruturas músculo-esqueléticas contra a gravidade” (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2003).
Osborne et al. (2012) conceituam os DME como um grupo de distúrbios que
afetam o sistema musculoesquelético incluindo nervos, tendões, músculos e discos
intervertebrais. Estes distúrbios afetam milhões de pessoas no mundo e são a causa
mais comum de dor grave a longo prazo e incapacidade física. No mesmo contexto e
quanto a heterogeneidade destes distúrbios, os autores Falcão et al. (2015),
descrevem que são de natureza inflamatória e degenerativas. Os autores afirmam que
os distúrbios musculoesqueléticos dependem de três fatores: os individuais, os físicos
e os psicológicos.
4.5.2 Etiologia
A literatura destaca que existe uma forte relação entre o ambiente de trabalho
e queixas de DME. Atividades de levantamento manual de cargas, flexão prolongada
de tronco e tarefas repetitivas por longos períodos aumentam significativamente a
incidência de indivíduos com DME (SINGH; CHOKHANDRE, 2015).
O impacto das DME nas atividades manuais é substancial e resulta em
incapacidades a longo prazo e queda da produtividade (KWON et al., 2015; KANG et
al., 2016). JO et al. (2016), relataram a grande propensão destes trabalhadores
desenvolverem artrite. Portanto, os distúrbios são comuns devido à carga de trabalho
extremamente intensiva e repetitiva. Neste contexto, os sintomas mais graves afetam
mãos e antebraços, costas e quadris.
São encontrados na literatura vários fatores que são descritos como potenciais
causas que levam ao desenvolvimento de DME (CHAKRABARTY et al., 2016; DAS,
28
2014; FALCÃO et al., 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; OSBORNE, et al., 2012;
VAN et al., 2016). Dentre as principais causas estão: os movimentos repetitivos de
pulso, a manutenção da postura estática com a coluna vertebral curvada e a coluna
cervical flexionada (postura semelhante ao trabalho desenvolvido pelos quebradores
de castanha) com sintomas predominando nas costas, pescoço, ombros, punhos e
antebraços.
As origens dos sintomas estão relacionadas com os trabalhos fisicamente e
psicologicamente exigentes, condições socioeconômicas inferiores, estilo de vida
sedentário, a ausência de intervalos de descanso e a vibração provocada pelas
ferramentas utilizadas durante as atividades laborais (CHAKRABARTY et al., 2016;
DAS, 2014; FALCÃO et al., 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; OSBORNE, et al.,
2012; VAN et al., 2016). Os autores ainda destacam outros riscos: sexo, idade, etnia,
tabagismo e tempo de exposição ocupacional. Portanto, é imprescindível o
conhecimento de todos os fatores que podem levar ao desenvolvimento das DME no
posto de trabalho no qual o trabalhador está inserido, permitindo assim a prevenção
destes distúrbios e a minimização de complicações mais graves de saúde.
4.5.3 Avaliação
O diagnóstico dos DME é essencialmente clínico, devendo o profissional estar
bem atento aos detalhes. É imprescindível coletar uma anamnese detalhada e um
exame físico completo acompanhado de exames complementares que facilitem o
trabalho de toda a equipe interdisciplinar (BARBOSA, 2013). No entanto, uma
avaliação interdisciplinar se faz necessária visando especificar os fatores de risco
presentes no ambiente de trabalho e, por conseguinte, um trabalho interdisciplinar na
minimização dos mesmos e na prevenção de outros quadros de disfunções.
Van Eerd et al. (2016) relatam a pouca evidência científica em Saúde do
Trabalhador sobre as intervenções a serem feitas no ambiente de trabalho para a
redução dos DME. Existem diversos instrumentos descritos na literatura, cada um com
sua aplicabilidade e limitações. Dahlqvist, Hansson e Forsman (2016) destacam que
os métodos de observação são mais baratos, mais fáceis de serem aplicados,
portanto, são os mais utilizados na literatura. Porém, fornecem informações genéricas
e tendenciosas.
29
Os autores ainda relatam alguns instrumentos técnicos de avaliação, como a
eletromiografia de superfície, a eletrogoniometria e o uso de acelerômetros. De acordo
com Nordander et al. (2016), estes instrumentos visam a obtenção de informações
quantitativas precisas, porém são mais demoradas, os equipamentos são caros,
exigem conhecimento técnico, sistemático e preciso, e nem sempre são adequados
para intervenções no ambiente de trabalho, por exemplo, no ambiente rural.
Eletromiografia de superfície (EMG)
Permite a medida direta quantitativa da exposição física, estabelece as
relações de exposição-resposta quantitativa entre o risco da carga física de trabalho
e a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos por região corporal (ONETY et al.,
2014). Assim, este método poderá ser utilizado para medir atividades manuais
intensas, como o trabalho feito por Nordander et al. (2016) nos músculos trapézio e
nos extensores de cotovelo para avaliar distúrbios em pescoço e ombro.
Keester e Sommerich (2017) realizaram a eletromiografia para avaliar a
atividade muscular em tatuadores. Eles colocaram 8 eletrodos distribuídos nos
músculos: extensores de dedos do braço esquerdo, flexores de dedos do braço direito,
deltóides, trapézios e paraespinhais. Por outro lado, os autores Onety et al. (2014)
utilizaram a eletromiografia para avaliação de DORTs em dentistas. Eles colocaram
12 canais nos músculos do lado dominante: grande dorsal, deltóides anterior e médio,
trapézio médio, bíceps braquial, tríceps braquial, braquioradial e abdutor do polegar.
Este método permite uma excelente análise direta dos grupos musculares mais
solicitados durante a atividade laboral, no entanto só pode ser realizado em laboratório
ou em ambiente controlado (ONETY et al., 2014).
Eletrogoniometria
O eletrogoniometro flexível biaxial trata-se de um goniômetro de precisão, para
medir a velocidade e a angulação de punho durante as atividades manuais e é
relativamente barato e portátil, comparado a outros tipos de medidores, como o EMG,
potenciômetros e acelerômetros (NORDANDER et al., 2016; FOLTRAN et al., 2017).
Também é um recurso que deve ser realizado em laboratório ou em ambiente
30
controlado, o que limita sua utilização em ambientes externos como os postos de
trabalho rurais.
Acelerômetros
Os acelerômetros são dispositivos pequenos, leves e portáteis que gravam
movimentos e fornecem informações de frequência, duração e intensidade de
atividade física. Tem sido usado em pesquisa sobre atividades sedentárias e fornece
uma visão mais abrangente a avaliação dos movimentos corporais (BUTTE;
EKELUND; WESTERTERP, 2012; JACKSON; MATHIASSEN; LIV, 2016). Nordander
et al. (2016) ainda utilizaram na sua pesquisa o acelerômetro associado à EMG para
quantificar a amplitude de movimento e a velocidade angular de flexão da cabeça e
de elevação do braço. O acelerômetro foi colocado na testa e na região do antebraço.
Dahlqvist, Hansson e Forsman (2016) em seu estudo, validaram um modelo de
acelerômetro de baixo custo para medir os ângulos de inclinação e velocidade angular
para a medição precisa de posturas e movimentos durante o trabalho. Os autores
encontraram resultados relevantes comparáveis aos acelerômetros triaxiais validados
usados em pesquisas, porém relataram que os acelerômetros podem sofrer erros
metodológicos dependendo do nível de ruído, sendo assim ainda limitado à sua
aplicabilidade no ambiente controlado.
Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos (QNSO)
Este instrumento permite identificar a prevalência de sintomas
osteomusculares nas diversas regiões anatômicas e sua relação com a incapacidade
de realizar atividades de trabalho, domésticas e de lazer, assim considerando os
últimos 12 meses e os 7 dias anteriores à entrevista. Trata-se de um questionário auto-
referido, e com número limitado de respostas (DE VITTA et al., 2017; LEGAULT et al.,
2017). Os autores utilizaram o questionário nórdico associado a outros instrumentos
(inclusive as ferramentas de avaliação ergonômica) de avaliação da postura de
trabalho. Assim, os autores puderam fazer uma relação das posturas encontradas e
os seus riscos físicos.
31
Complementando o ambiente de instrumentos utilizados para detectar as
causas dos distúrbios musculoesqueléticos, os autores Branco et al. (2016) destacam
a importância de avaliar também a Qualidade de Vida (QV) relacionada à saúde, a
função física, a ansiedade e depressão em trabalhadores. Reforçam assim a
necessidade da interdisciplinaridade para se encontrar as causas dos distúrbios
musculoesqueléticos, em que a depressão e a ansiedade podem estar relacionadas
ou mesmo serem a consequência desses distúrbios.
4.6 A CAJUCULTURA NA MACRORREGIÃO DE PICOS-PI.
O caju (Anacardium ocidentale) é uma fruta nativa das regiões tropicais e que
desenvolveu bem na região semiárida do Brasil, especificamente na região Nordeste,
em decorrência das escassas estações chuvosas e um longo período extremamente
seco. Consequentemente garantindo a renda de pequenos produtores num período
de entressafra de outras culturas características da região (DE OLIVEIRA GALVÃO et
al., 2014; RIBEIRO et al., 2007).
A cajucultura comercial foi implantada na região Nordeste em 1970 pela
SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e hoje é uma das
atividades agrícolas de maior importância socioeconômica nesta região,
especialmente para os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí (DE
FIGUEIRÊDO et al., 2016; SOUZA FILHO et al., 2010). Esses três estados são
responsáveis por cerca de 80% da produção nacional de castanha de caju e essa
produção é principalmente exportada para os Estados Unidos, Canadá e Europa
(BRASIL, 2016).
Inicialmente, o maior problema enfrentado pela cajucultura na região Nordeste
foi a baixa produtividade em decorrência da sazonalidade da castanha (fruto) e a maçã
de caju (pedúnculo) que é altamente perecível (DAS; ARORA, 2017). No ato das
colheitas, as árvores do caju comum são relativamente altas e por causa do seu
tamanho, o caju é coletado quando cai, geralmente ficando danificado. Assim retira-
se a castanha e a maçã do caju fica no chão como resíduo (DE FIGUEIRÊDO et al.,
2016).
Na década de 80, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
iniciou pesquisas para melhorar os rendimentos na cajucultura no Nordeste e resultou
32
num programa de enxertia de mudas de cajueiras do tipo anã precoce, planta de porte
baixo, um tipo mais resistente a pragas e doenças. Como consequência das
pesquisas, foi proporcionando maiores rendimentos em decorrência ao seu tamanho,
além de facilitarem as práticas de manejo na colheita do caju e gerar o mínimo de
desperdício da sua maçã (BARROS et al., 2000).
No estado do Piauí, desde 2003, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) executa um Programa de Fortalecimento
da Cajucultura com o cadastramento e seleção de produtores, fornecimento de mudas
e estruturação agroindustrial com unidades de conservação e beneficiamento do caju.
Cerca de 1200 cajucultores foram beneficiados em 2014, especificamente na
macrorregião de Picos, onde se encontra a maior área plantada no estado (BRASIL,
2014).
O estado do Piauí localiza-se na região Nordeste, limita-se com os estados do
Ceará, Pernambuco, Bahia, Tocantins e Maranhão. Possuí 224 municípios e com a
área total de 251.611,934 km² (IBGE, 2010). A população estimada em 2016 é de
3.212.180 habitantes (IBGE, 2010), destes 527.697 em idade produtiva (20 a 59 anos)
residem na zona rural do estado (IBGE, 2010). O município de Picos (Figura 1), centro-
sul do estado do Piauí, tem uma população de 73.414 habitantes, destes, 15.170
residem na zona rural da cidade. Possui uma área territorial de 577.304 km² (IBGE,
2010).
O município recebe em média 15.000 a 20.000 pessoas diariamente,
considerada população flutuante. É considerada segundo maior entroncamento
rodoviário do Nordeste interligando as regiões Norte e Nordeste através das rodovias
BR 020, BR 316 e BR 407. Essas características tornam o município um potencial
mercado consumidor e distribuidor para o país e para o exterior.
Picos faz parte do chamado território do Vale do Guaribas, hoje
compreendendo uma área total de 22.822,40 Km² e um conjunto de 39 municípios.
Possui um clima quente e árido, com índices pluviométricos baixos e irregulares, o
que favoreceu o desenvolvimento de culturas adaptadas a estas situações climáticas,
como o caju, a mandioca, o feijão e o milho. Nesta região cultivam-se as duas
principais espécies de caju, o caju gigante e o caju anão precoce (BARROS, 2011).
33
Figura 01 – Município de Picos-PI.
Fonte: o autor, 2017.
Neste cenário, o povoado Mirolândia, se destaca como um dos pontos locais
de comercialização e produção da castanha de caju. O povoado está localizado às
margens da BR 316, km 293 em Picos-PI. A economia local é agrícola destacando
culturas de subsistência como a da mandioca e do caju (BEZERRA, 2011). Assim,
uma cooperativa, COCAJUPI (Central de Cooperativas dos Cajucultores do estado do
Piauí), foi criada para alavancar o processo da produção e vendas dos produtos.
Entretanto, muitos produtores da região apresentam ainda resistência à
cooperativisação.
A COCAJUPI atualmente é formada por 09 (nove) cooperativas, abrangendo
485 famílias que se organizam em torno da central da cooperativa (SILVA, 2011). No
referido povoado os produtores de castanha de caju resolveram não cooperativisar,
deixando que a comercialização ocorra diretamente com o consumidor que passa nas
margens da BR 316 com o qual negocia diretamente, ou com os chamados
“atravessadores” que fazem papel de intermediários na facilitação e agilidade da
comercialização da castanha. Como consequência, o processo de intermediação é
mais rápido e absolutamente informal (MELLO, 2010; SOUZA FILHO et al., 2010).
Entretanto, não possuem o respaldo dos benefícios de estarem filiados a uma
cooperativa.
Picos-PI
34
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e quantitativa, explicativa,
transversal com criação de amostragem caso-controle, através da observação direta
in loco. A pesquisa transversal é fundamental neste estudo, pois descreve a forma
como o fenômeno se apresenta e é utilizada em situações nas quais o fenômeno é
relativamente constante no tempo, como nos estudos epidemiológicos (HOCKMAN,
2005).
Para contemplar os objetivos, pode ainda classificar-se como pesquisa
explicativa e qualitativa. Classifica-se como explicativa porque os fatores que
determinam o fenômeno são registrados, analisados e interpretados para explicar as
relações entre as variáveis que contribuem para a ocorrência dos fenômenos e sob o
ponto de vista qualitativo, porque o pesquisador vai a campo captar o fenômenos em
estudo, a partir das perspectivas das pessoas nele envolvidas, buscando uma melhor
compreensão no contexto onde o mesmo acontece de forma descritiva, retratando
elementos existentes na realidade estudada (PRODANOV;FREITAS, 2013).
5.2 LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada no povoado Mirolândia em Picos-PI. Este povoado fica
nas margens da BR 316, km 293, na cidade de Picos, centro-sul do estado do Piauí.
Localizado próximo a Polícia Rodoviária Federal, importante ponto de entroncamento
rodoviário, que facilita a comercialização da castanha, cujos principais consumidores
são os caminhoneiros e condutores de veículos à passeio que trafegam a referida BR.
5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população escolhida para o desenvolvimento desta pesquisa foi a dos
produtores beneficiados pela produção da castanha de caju no Povoado Mirolândia
em Picos-PI. Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Picos-PI no ano de 2015
35
apontam uma população local de 1520 pessoas, sendo que na faixa etária produtiva
(20 a 59 anos) corresponde a cerca de 42% (638) do total da população da Mirolândia.
Baseado nestes dados chegou-se a uma amostra de 240 sujeitos que foram
escolhidos aleatoriamente, considerando os 638 sujeitos que obedeceriam aos
critérios de inclusão na pesquisa. O tamanho amostral foi calculado para amostra
finita, de forma que o (n) possuiu uma margem de erro de 5%, nível de confiança de
95% e proporção (p) de 50%, a partir da fórmula abaixo:
Onde:
n: tamanho da amostra.
N: tamanho da população.
Zα/2:valor crítico que corresponde ao grau de confiança.
p: proporção populacional de indivíduos que pertence à categoria que estamos
investigando.
q: proporção populacional de indivíduos que não pertence à categoria que
estamos interessados em estudar (q= 1-p).
e: margem de erro.
O valor amostral foi dividido em duas partes iguais, que consistiram em um
grupo caso (produtores de castanha de caju) e grupo controle (não produtores de
castanha de caju) para determinação da prevalência de sintomas
musculoesqueléticos e sua relação com os fatores de risco das condições
ergonômicas de trabalho.
Considerando a amostra mínima, optou-se em coletar uma quantidade maior a
fim de compensar eventuais perdas e recusas. Ao todo foram avaliados 273
trabalhadores (140 produtores de castanha de caju e 133 agricultores). Após
analisados pelos critérios de exclusão, 13 sujeitos foram excluídos do grupo caso e
20 do grupo controle) conforme pode ser verificado na figura 2. Por exaustão de casos,
conseguimos a amostra mínima de sujeitos.
5.3.1 Critérios de Inclusão:
36
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
Para o grupo caso, foram adotados os critérios de inclusão: idade mínima de
19 anos, máxima de 59 anos, independente de sexo, saudáveis e que realizam esse
trabalho há mais de um ano.
No grupo controle, foram incluídos sujeitos com as mesmas características do
grupo caso, que residam no povoado e que realizam atividade agrícola diferenciada
da produção de castanha de caju.
5.3.2 Critérios de Exclusão:
Foram excluídos do grupo caso e do grupo controle os trabalhadores que
possuam alguma doença pregressa osteomuscular diagnosticada (como hérnia de
disco, artrose, bursites e tendinites), pois podem alterar os resultados desta pesquisa,
visto que esse tipo de doença pode ter vários fatores causais.
Figura 02– Fluxograma de seleção de amostra.
5.4 CRITÉRIOS ÉTICOS EM PESQUISA
Para desenvolver este estudo, foi solicitada a colaboração espontânea dos
sujeitos, mediante contato pessoal, a fim de conhecer a disponibilidade de cada um,
além de esclarecer os motivos da pesquisa. A todos os participantes foi entregue o
Excluídos:
- 21 por doenças pregressas
- 12 não aceitaram participar de todas as etapas da pesquisa
Recrutamento 273 trabalhadores
240 trabalhadores
120 produtores de castanha de caju 120 agricultores
37
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A) que, depois de lido e
comentado foi remetido à assinatura.
Ao iniciar a pesquisa foi tomado o cuidado em cumprir as exigências da
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, a qual dá diretrizes e normas para
todo e qualquer tipo de pesquisa em saúde que envolva seres humanos. No termo de
consentimento foi salientado o compromisso de guardar sigilo das informações, foi
esclarecido que os sujeitos seriam fotografados, assim como que a adesão desses
trabalhadores à pesquisa seria livre e poderia ser retirada a qualquer momento
quando desejarem, sem que lhes causas e danos ou risco.
O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) sob parecer n° 1.905.863.
5.5 PESQUISADORES E MONITORES DE PESQUISA
Estão inclusos no quadro de pesquisadores:
- Dois fisioterapeutas (pesquisador principal e pesquisador assistente) e três
monitores graduandos em Fisioterapia;
- Um nutricionista (pesquisador assistente);
- Dois monitores graduandos em Enfermagem;
- Um educador físico (Co-orientador);
Tais pesquisadores fizeram parte da coleta de dados, e foram previamente
treinados na última semana do mês de fevereiro de 2017 para cada tipo de avaliação
à ser realizada. Participaram ainda dois engenheiros de computação (um orientador e
um co-orientador externo) na análise de imagem e tabulação gráfica dos dados.
5.6 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada durante o período de quatro meses, entre os
meses de Março e Junho 2017. Os trabalhadores foram abordados mediante contato
pessoal, no próprio local de trabalho e os instrumentos de pesquisa foram aplicados
pelos pesquisadores no momento da atividade laboral sendo realizada.
Para contemplar os objetivos da pesquisa, a mesma foi realizada em duas (2)
etapas, conforme destacado na figura 03. Primeiro foi feito um levantamento de campo
38
através da observação in loco e registro fotográfico dos locais onde as castanhas são
processadas para a caracterização da atividade de extração e produção da castanha
de caju. Durante as observações, foi utilizado ainda um diário de campo para o registro
das observações e posterior descrição dos fatos.
Figura 03- Fluxograma de coleta de dados.
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
Esta etapa ainda proporcionou uma aproximação com a comunidade a fim de
facilitar a execução das demais etapas. Esta primeira etapa foi realizada na primeira
semana do mês de março de 2017, no período da manhã e da tarde, assim
possibilitando uma melhor adequação às demais etapas quanto ao horário do dia em
que o trabalho manual é realizado com maior frequência.
Na segunda etapa, foi aplicado um formulário socioeconômico e de condições
de saúde, visando a obtenção de informações referentes às condições de trabalho, às
percepções dos trabalhadores sobre o impacto da atividade de extração e produção
da castanha de caju e sobre suas condições de saúde. Esta etapa foi realizada nos
meses de Março a Junho de 2017, em que os pesquisadores realizaram a coleta
destes dados na frequência de três vezes por semana, abordando o trabalhador no
momento da sua atividade laboral.
Etapa 02
(Março a Junho/2017)
Etapa 01 (Março/2017)
Observação in loco
Formulário sóciodemográfico e Perfil antropométrico
Questionário Nordico de Sintomas
MusculoesqueléticoFerramenta RULA
39
Ainda nesta etapa, foi aplicado o Questionário Nórdico de Sintomas
Musculoesquelético e realizada a avaliação dos riscos físicos das posturas de trabalho
através da ferramenta RULA.
5.6.1 Grupo Controle
A coleta de dados para o grupo controle aconteceu ao mesmo tempo em que
foi coletado os dados do grupo caso. Este grupo participou das duas etapas, porém
foi submetido apenas a avaliação através dos instrumentos: Formulário
socioeconômico e de condições de saúde ocupacional, avaliação do perfil
antropométrico e o Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos.
O grupo controle não foi avaliado pela ferramenta RULA e nem foi fotografado
em seu posto de trabalho, já que não era objetivo da pesquisa a análise da postura
de trabalho em outras atividades diferenciadas da produção da castanha de caju.
5.6.2 Instrumentos da Pesquisa
5.6.2.1 Formulário de Dados Socioeconômico e de condições de saúde
(APÊNDICE B).
Visando o alcance dos objetivos, utilizou-se para coleta de dados um formulário
com questões abertas e fechadas (Apêndice B) elaborado pela autora a partir dos
principais fatores de risco descritos na literatura (FALCÃO et al., 2015, HABIBI;
SOURY, 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; MOREIRA et al., 2015;
NORDANDER et al., 2016; RAFIE, et al., 2015; SINGH; CHOLHANDRE, 2015).
O formulário foi aplicado e preenchido pela pesquisadora e/ou pesquisadores
assistentes e monitores de pesquisa e abordou questões como: idade, sexo,
escolaridade, renda familiar, número de pessoas por família envolvidos na atividade,
tempo de serviço, horas de trabalho diário, hábitos de vida (tabagismo, consumo de
bebidas alcoólicas, uso de medicações, práticas de atividade física), comorbidades,
condições de moradia e aspectos psicossociais no trabalho.
Além destes aspectos, realizou-se a avaliação antropométrica (Apêndice C) por
monitores de pesquisa específicos da área de nutrição e enfermagem, previamente
40
treinados, abordando dados sobre: peso e altura para aferir o cálculo do Índice de
Massa Corpórea (IMC) e Circunferência da Cintura (CC) para avaliar o acúmulo de
gordura na região abdominal. Estes dados foram verificados de acordo com os
procedimentos descritos por Petroski (2011) e classificados segundo os pontos de
corte propostos pela World Health Organization – WHO (2000) para IMC e CC em
adultos. Para isso, utilizou-se uma balança digital da marca G-Life Slim em kilogramas,
uma fita métrica graduada em centímetros e um estadiômetro compacto 210 cm Wiso.
5.6.2.2 Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) (ANEXO
1).
O QNSO é internacionalmente utilizado (BRANCO et al., 2016; FALCÃO et al.,
2015, HABIBI; SOURY, 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; NORDANDER et al.,
2016; RAFIE, et al., 2015; SINGH; CHOLHANDRE, 2015) e foi traduzido e validado
em 2003 em versão brasileira por Barros e Alexandre (2003). Este instrumento permite
identificar a prevalência de sintomas osteomusculares nas diversas regiões
anatômicas e sua relação com a incapacidade de realizar atividades de trabalho,
domésticas e de lazer, assim considerando os últimos 12 meses e os 7 dias anteriores
à entrevista (LEGAULT et al., 2017). Este instrumento foi aplicado pela pesquisadora
e pelos monitores da fisioterapia.
5.6.2.3 Ferramenta RULA (Rapid Ubber Limb Arm).
Esta ferramenta foi desenvolvida por McAtammey e Corllet (1993), trata-se de
uma planilha de avaliação do risco biomecânico da postura de trabalho através da
observação direta do posto de trabalho (KEESTER; SOMMERICH, 2017; VAN et al.,
2016). Em seu protocolo usa diagramas das posturas do corpo e classifica quatro
níveis de ação.
No nível 1 (pontuação 1 a 2) a postura adotada pelo trabalhador é aceitável e
não necessita intervenção, no nível 2 (pontuação 3 a 4) a postura já requer pequena
intervenção, no nível 3 (pontuação 5 a 6) são necessárias mudanças rapidamente nas
posturas de trabalho e no nível 4 (pontuação 7+) requer mudanças imediatamente não
apenas das posturas, mas é necessário também mudanças no ambiente de trabalho
41
para minimizar os riscos de acidente (JACKSON; MATHIASSEN; LIV, 2016;
LOURINHO et al., 2011).
Na análise dos postos de trabalho e das posturas adotas pelos trabalhadores
em busca da identificação dos riscos ergonômicos associados à carga física a que se
encontra submetido o trabalhador, foi utilizado o registro fotográfico do trabalhador no
momento da sua atividade principal sendo este material utilizado para posterior
análise, através da versão computadorizada da ferramenta RULA no software
Ergolândia 5.0 desenvolvida pela FBF Sistemas. Este software é composto por 20
ferramentas ergonômicas, dentre elas a análise de vídeo e de imagem, além da
ferramenta RULA, disponíveis para melhor avaliação do ambiente laboral. Foi citado
em pesquisas nacionais de caráter científicos relevantes (MARQUES; SILVA-
JUNIOR, 2015; ONETY et al., 2014).
Na aplicação da ferramenta, com o objetivo de evitar divergências entre
observadores, apenas a pesquisadora realizou as observações e fez o registro
fotográfico após 20 minutos de observação do trabalhador no momento de sua
atividade.
Durante a análise das imagens das posturas através da versão computacional
da ferramenta RULA no software Ergolândia 5.0, o trabalhador foi analisado por região
corporal, sendo esta verificada a angulação articular durante a atividade.
Inicialmente é selecionado a região corporal a ser adotada, em seguida
seleciona-se a angulação. As regiões corporais analisadas são: braço, antebraço,
punho, rotação de punho, pescoço, tronco, pernas e por último uma análise geral da
atividade. Após analisada todas as regiões, é gerado um resultado final com a
pontuação atribuída à postura e sua classificação no nível de ação. Este programa
permite ainda gerar um banco de dados para controle dos trabalhadores avaliados.
Trata-se então de uma forma mais simples e prática de aplicação da ferramenta
RULA, tornando o trabalho do pesquisador, mais simples e prático.
42
Figura 04 – Ferramenta RULA.
FONTE: o autor, 2017.
5.6.2.3.1 Registro Fotográfico
Para quantificação das posturas de trabalho, o registro fotográfico foi feito
pela câmera do iPad 4 (Apple), sistema operacional iOS7, com tripé na altura do centro
do participante (cerca de 90 cm do solo), e distância de 3 metros entre a câmera e o
centro do corpo, conforme descrito por Onety et al., (2014) em sua pesquisa. A
câmera ficou na lateral esquerda do participante, considerando que os movimentos
para a quebra da castanha acontecem no plano sagital.
Através deste tipo de análise foi possível identificar detalhadamente por
articulação a biomecânica básica da postura de trabalho para posterior correlação
com os sintomas musculoesqueléticos obtidos pelo QNSO.
5.7 Análise dos dados
Os dados obtidos foram processados e analisados no programa estatístico
SPSS versão 22.0 para Windows mediante abordagem descritiva e analítica. De forma
43
descritiva foi calculado a porcentagem para descrever as características
socioeconômicas e ocupacionais, a prevalência de sintomas musculoesqueléticos e a
pontuação de risco do método RULA.
Para descrever o perfil antropométrico, foi previamente verificada a
normalidade dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e testada a
homogeneidade pelo teste de Levene. Estes dados foram valorados em média e
desvio padrão.
Utilizou-se o teste Qui-quadrado para testar as diferenças de prevalência de
sintomas musculoesqueléticos entre os grupos caso e controle, e entre os sexos,
considerando um nível de significância p< 0,05 e intervalo de confiança de 95%.
Foi utilizado também o teste do Qui-Quadrado e Mann-Whitney para conhecer
a distribuição de frequência da variável dependente (dor musculoesquelética) em
função das categorias das variáveis independentes (sexo, tempo de serviço,
escolaridade, renda, hábitos de vida e características psicossociais de trabalho) e para
comparações destas variáveis entre os grupos.
Para determinar a relação entre os locais específicos dos sintomas
musculoesqueléticos e a pontuação dos riscos físicos das posturas de trabalho do
método RULA, utilizou-se a regressão logística univariada. Ainda foi verificada a
relação entre as DME e outros fatores risco através da regressão logística
multivariada. Este cálculo permitiu encontrar o Odds Ratio (OD) depois de ter
controlado os fatores de confusão (idade, gênero e horas de trabalho semanal).
Como variáveis independentes foram considerados os dados obtidos pelo
Formulário Socioeconômico (idade, sexo, escolaridade, renda familiar, número de
pessoas por família envolvidos na atividade, tempo de serviço, horas de trabalho
diário, hábitos de vida, comorbidades, condições de moradia e aspectos psicossociais
no de trabalho) e o perfil antropométrico.
Já as variáveis dependentes, foram os sintomas musculoesqueléticos obtidos
pelo QNSO e o grupo caso. A variável resposta dos sintomas músculo esqueléticos
foi considerada como o relato de dor (independente da região corporal) nos últimos
12 meses e/ou que gere incapacidade de realizar trabalho, considerando o mesmo
período de 12 meses.
44
Visando testar a hipótese nula, todos os testes estatísticos consideraram um
nível de significância p< 0,05. Portanto, rejeitar-se-á a hipótese nula, se e somente se,
o p-valor for maior ou igual a 0,05.
45
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados e suas discussões em três
partes: parte 1: Caracterização da extração e processamento da castanha de caju;
parte 2: Caracterização do perfil socioeconômico e antropométrico, hábitos de vida e
condições de trabalho por grupo; parte 3: Descrição da prevalência de dor
musculoesquelética por regiões corporais e associação aos fatores de risco
ocupacionais. Assim, será possível fazer a discussão com base nas descrições
encontradas na parte 3 e associá-las às condições de trabalho da parte 2, tendo em
vista o que foi descrito na parte 1.
6.1 ETAPAS DO PROCESSAMENTO MANUAL DA CASTANHA DE CAJU NO
POVOADO MIROLÂNDIA.
Durante o levantamento de campo, realizou-se a observação in loco das etapas
do processamento da castanha de caju, utilizando um diário de campo e o registro
fotográfico. Os pesquisadores se fizeram presentes nos locais de trabalho, e através
de observações e conversa informal sobre os objetivos da pesquisa, foi permitido um
melhor aprofundamento sobre o processamento da castanha de caju.
Do processamento da castanha de caju, resulta a amêndoa que é o foco do
nosso estudo, e o líquido da castanha de caju. Do pendúculo (maçã do caju) é
produzido cajuína e doces, além do proprio consumo na forma in natura ou em sucos
caseiros e polpas de frutas.
Na safra do caju (setembro, outubro e novembro) os proprios moradores do
povoado realizam a coleta diretamente no cajueiro e fazem o processamento dos seus
derivados. No período entressafra, passam a comprar a castanha in natura
diretamente com os “atravessadores” e realizam o seu processamento.
Atualmente existem 91 barracas no povoado. Porém, apenas 73 estão ativas
em decorrência do período de estiagem. Nas barracas ativas, o processamento da
castanha acontece em três fases: a torrefação, o descascamento e o despelamento.
Na torrefação a castanha é assada numa especie de forno artesanal (Figura 5),
sendo que a própria casca é usada como combustível. Desta queima, é liberado um
líquido oleoso altamente inflamável (Figura 06) (óleo fenólico caustico) que libera
46
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
compostos poluentes na atmosfera, podendo gerar problemas respiratórios,
mutagênicos e cancerígenos (DE OLIVEIRA GALVÃO et al., 2017). Geralmente esta
etapa acontece no périodo entre as 5hrs e as 9hrs da manhã. De Oliveira Galvão et
al. (2014) relatam que os poluentes liberados pela torrefação da castanha perduram
suspensos no ar por várias horas do dia. Os fornos improvisados ficam muito proximo
às residências e à própria BR 316, no entanto não foi relatado pelos castanheiros o
acontecimento de acidentes durante às torrefações.
Figura 05- Forno artesanal de torrefação da castanha de caju
Figura 06 – Óleo cáustico liberado com a queima da castanha.
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
47
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
Os castanheiros utilizam uma espécie de vara produzida por um galho de
árvore adaptada com uma superfície plana na ponta para servir como instrumento
para mexer a castanha durante a assada. Este processo geralmente é realizado pelos
homens.
Após assadas, as castanhas seguem então para o processo de quebra. Nesta
etapa, os castanheiros utilizam um instrumento de aço (Figura 07) medindo cerca de
30cm, pesando em média 200g, para realizar o golpe manual para a quebra da casca
da castanha. Esta etapa é muito delicada e exige habilidade para que a casca seja
separada da amêndoa sem que a mesma perca sua qualidade e integridade.
Figura 07- Instrumento para quebra da castanha.
Durante a quebra, muitos castanheiros relataram uso de luvas de descartáveis
e de tecido, outros utilizam creme dental nas mãos e outros ainda relatam o uso de
cal (carbonato de cálcio – material utilizado na construção civil) para minimizar o atrito
do carvão e do líquido da casca da castanha assada. Há relato de queima da pele das
mãos e dos dedos em decorrência ao líquido liberado pela castanha e perda das
digitais.
Pôde-se observar durante a fase da quebra da castanha, que os trabalhadores
adotam algumas posturas de trabalho que podem se tornar de risco para o surgimento
de queixas musculoesqueléticas (Figura 08).
48
Figura 08 – Posturas de trabalho durante a quebra da castanha de caju.
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
Após a quebra a amêndoa da castanha de caju segue para o processo de
despelagem. Nesta fase as mulheres que realizam a maior produção. Elas utilizam
uma faca pequena na mão dominante. Geralmente não utilizam nenhum Equipamento
de Proteção Individual. A postura dos castanheiros nesta fase pode descrita por uma
postura sentada numa cadeira (Figura 09), as castanhas ficam numa peneira de aço.
Esta postura permite um tronco mais retificado e melhor angulação para posição de
joelhos.
Após esta etapa as castanhas são embaladas em sacos plásticos e colocadas
à venda.
Figura 09 – Postura de trabalho durante a despelamento da castanha.
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
49
6.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO, ANTROPOMÉTRICO, HÁBITOS DE VIDA E
CONDIÇÕES DE TRABALHO
6.2.1 Perfil Socioeconômico por Grupo
Foram avaliados 120 pessoas do grupo caso e 120 pessoas do grupo controle.
A tabela 1 descreve o perfil socioeconômico e educacional dos produtores de
castanha de caju e do grupo controle.
Não houve diferença significativa entre grupo caso e controle em relação ao
sexo (p=0,110), faixa etária (p=0,543), estado civil (p=0,240) e renda(p=0,859). No
entanto, diferença significativa foi observada na escolaridade (p=0,002), tempo de
serviço (p=0,010) e dias de trabalho na semana (p=0,000), em negrito na tabela 1.
Dos 120 avaliados no grupo caso, 42,5% (n=51) são do sexo masculino e
57,5% (n=69) são do sexo feminino. Dos 120 avaliados no grupo controle, 32,5%
(n=39) são do sexo masculino e 67,5% (n=81) são do sexo feminino. Os dados para
o grupo controle foram semelhantes aos descritos por De Oliveira Galvão et al.,
(2017), em seu estudo sobre a torrefação de castanha de caju no estado do Rio
Grande do Norte em que a maioria da amostra era composta por mulheres (62%),
porém o grupo caso diferiu, sendo no mesmo estudo o sexo feminino representando
apenas 33% da amostra.
Borah (2015a) colabora com a presente pesquisa quando afirma que os
processos intensivos da produção de castanha de caju são realizados por mulheres,
tendo seu estudo abrangido na amostra total 40 mulheres na faixa etária de 20 a 50
anos numa fábrica de castanha de caju em uma cidade da Índia. A autora ainda afirma
que hoje as mulheres têm um papel diversificado na sociedade e, em muitos casos,
assumem uma ou mais tarefas simultaneamente, tornando-as propensas a
desenvolver doenças relacionadas ao trabalho.
Quanto ao estado civil, 83,3% do grupo caso e 72,5% do grupo controle são
casados. Verificando o nível de escolaridade, 50,8% do grupo caso e 35,8% do grupo
controle possuem apenas ensino fundamental incompleto, ao passo que, o
analfabetismo aparece em 12,5% do grupo caso e 20% do grupo controle.
50
Tabela 01- Análise descritiva das variáveis socioeconômicas e demográficas em números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos (caso e controle).
FONTE: Dados da pesquisa, 2017. aTeste Qui-Quadrado; b Teste de Mann-Whitney EFI – Ensino Fundamental Incompleto; EFC – Ensino Fundamental Completo; EMI – Ensino Médio Incompleto; EMC – Ensino Médio Completo GCA – Grupo Caso; GCO – Grupo Controle A renda foi estimada sob valor de R$ 937,00 do salário mínimo atual em 2017 vigente no país.
Em comparação com as estimativas do IBGE de acordo com o censo 2010 para
o trabalho agrícola, resultado similar pode ser encontrado entre a taxa de
analfabetismo na cidade de Picos (22,9%) e a encontrada na pesquisa (15,5% e 20%).
Observa-se ainda, semelhança entre a proporção de indivíduos com ensino
fundamental incompleto encontrada na pesquisa (50,8% e 35,5%) e a proporção de
Variáveis GCA n
GCO n
GCA %
GCO %
p
Sexo Masculino 51 39 42,5 32,5 0,110a
Feminino 69 81 57,5 67,5 Estado civil
Solteiro 14 24 11,7 20,0 0,240a
Casado 100 87 83,3 72,5 Separado 1 2 0,8 1,7
Viúvo 5 7 4,2 5,8 Escolaridade
Analfabeto 15 24 12,5 20,0 0,002b EFI 61 43 50,8 35,8
EFC 31 23 25,8 19,2 EMI 8 8 6,7 6,7 EMC 5 22 4,2 18,3
Tempo de serviço Menos de 1 ano 0 5 0,0 4,2 0,010b
1 a 5 anos 25 36 20,8 30,0 5 a 10 anos 35 35 29,2 29,2
Mais de 10 anos 60 44 49,2 36,7 Dias de trabalho (semana)
1 dia 0 0 0,0 0,0 0,000b
2 dias 4 4 3,3 3,3 3 dias 12 39 10,0 32,5 4 dias 26 29 21,7 24,2 5 dias 48 30 40,0 25,0 6 dias 30 18 25,0 15,0
Horas de trabalho (dia) Menos de 1 hora 0 0 0,0 0,0 0,000b
1 a 2 horas 1 6 0,8 5,0 2 a 4 horas 10 56 8,3 46,7 4 a 6 horas 34 38 28,3 31,7 6 a 8 horas 47 16 39,2 13,3
Mais de 8 horas 28 4 23,3 3,3 Renda por produção
Não possui renda 2 0 1,7 0,0 0,859b
Menos de 1 salário mínimo 37 46 30,8 38,3 De 1 a 2 salários mínimos 74 56 61,7 46,7
Mais de 2 salários mínimos 0 3 0,0 2,5 Não soube informar 7 15 5,8 12,5
51
homens (53,9%) e mulheres (39,6%) em idade adulta (acima de 25 anos) com apenas
ensino fundamental incompleto para a referida cidade (IBGE, 2010).
Quanto às características de trabalho, 49,2% dos avaliados do grupo caso e
36,7% dos avaliados do grupo controle trabalham na atividade a mais de 10 anos. O
grupo caso trabalha 5 dias por semana (40%), entre 6 a 8 horas por dia (39,2%), e o
grupo controle trabalha 3 dias por semana (32,5%), 2 a 4 horas por dia (46,7%).
Kwon et al. (2015) relata que o trabalho agrícola é realizado em condições
exteriores extremas, e no caso dos produtores de castanha de caju eles ainda sofrem
com as altas temperaturas da torrefação da castanha (DE OLIVEIRA GALVÃO et al.,
2017). Portanto, infere-se que uma das causas dos relatos de uma menor carga
horária de trabalho em comparação a uma carga de 40 horas semanais é devido aos
fatores das condições extremas (altas temperaturas, baixa umidade e constante
inalação da fumaça).
Aliado a este fator, o período sazonal da castanha de caju, depende do período
de safra do caju que compreende os meses de setembro, outubro e novembro, e dura
uma média de 5 meses. Assim, por se tratar de uma cultura perene, a mesma limita
uma renda mensal fixa, garantindo renda no período de entressafra com algumas
culturas como a do milho e feijão exploradas na região do vale do Guaribas (BRASIL,
2014).
Numa última abordagem, os avaliados foram questionados quanto à renda
mensal advinda da produção de castanha de caju para o grupo caso e da agricultura
para o grupo controle. No grupo caso, verificou-se uma renda de 1 a 2 salários
mínimos em 61,7% dos avaliados, e no grupo controle 46,7% também relataram uma
renda de 1 a 2 salários mínimos. Das e Arora (2017) relatam que a produção de caju
é fonte de renda para pequenos agricultores e seu retorno econômico não é muito
bom em decorrência à cultura sazonal e perecibilidade do pedúnculo.
Porém a castanha de caju ganha destaque crescente na economia. Em 2016,
no Piauí, houve um aumento de 30,21% no valor da castanha in natura, chegando a
R$ 2,50 o quilo, valor este bem acima do preço mínimo estabelecido pelo governo
federal, porém o valor recebido pelo produtor ainda é baixo comparado ao valor
atribuído à castanha já beneficiada (BRASIL, 2016). Infere-se assim, que esta
atratividade pelo valor da castanha beneficiada seja um dos principais motivos
52
relatados pelos produtores de castanha de caju do povoado Mirolândia ao não
cooperativismo e/ou associativismo.
Um quadro semelhante ao encontrado entre os produtores de castanha de caju
no Povoado Mirolândia, é o das pescadoras artesanais de mariscos em Saraúba na
Bahia. Neste estudo, Falcão et al. (2015) descrevem que estas trabalhadoras são
gestoras autônomas e responsáveis pelos seus próprios equipamentos, realizam
longas jornadas de trabalho repetitivo e monótono, e são responsáveis por todas as
etapas de produção. Os autores ainda destacam que essa é a única fonte de renda
familiar e que as trabalhadoras realizam a tarefa mesmo com altas prevalências de
DME. Assim, para obterem uma renda de forma mais rápida, as marisqueiras vendem
sua produção a um valor inferior a atravessadores que agilizam as vendas.
Destaca-se assim que a produção de castanha de caju no povoado Mirolândia
apresenta características socioeconômicas e demográficas semelhantes a outros
produtores de castanha de caju e a outros tipos de trabalhadores que realizam
trabalhos manuais relatados em estudos semelhantes (BORAH, 2015a; BORAH,
2015b; FALCÃO et al., 2015; DE OLIVEIRA GALVÃO et al., 2017; DAS; ARORA,
2017). Trata-se de uma fonte de renda para pequenos agricultores de estratos
econômicos mais baixos e com baixos níveis de escolaridade.
6.2.2 Hábitos De Vida, Condições de Trabalho e Perfil Antropométrico por
Grupo
Na tabela 2 estão descritas as características de hábitos de vida e condições
de trabalho. Para estas variáveis, só houveram diferenças significativas na qualidade
de sono (p=0,023) e satisfação quanto ao espaço de trabalho (p=0,034), conforme
observado em negrito na tabela 2, na comparação caso e controle.
Como pode ser observado na tabela 2, 75,8% (n=91) do grupo caso e 69,2%
(n=83) do grupo controle não são fumantes. Já em relação ao consumo de bebidas
alcoolicas, 70,8% (n=85) do grupo caso e 80,8% (n=97) do grupo controle não
consomem bebida alcoolica com frequência.
53
Tabela 02 – Análise descritiva das variáveis hábitos de vida e condições de trabalho dos sujeitos em números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos.
Variável GCA
n GCO
n GCA
% GCO
% P
Fumo Sim 29 37 24,2 30,8 0,247
Não 91 83 75,8 69,2
Bebida alcoólica Sim 35 23 29,2 19,2 0,070
Não 85 97 70,8 80,8
Atividade física Sim 38 46 31,7 38,3 0,279
Não 82 74 68,3 61,7
Medicação Sim 56 62 46,7 51,7 0,439
Não 64 58 53,3 48,3
Doença Sim 63 71 52,5 59,2 0,298
Não 57 49 47,5 40,8
Estado físico Ótimo 11 13 9,2 10,8 0,348
Bom 67 71 55,8 59,2 Razoável 39 30 32,5 25,0
Ruim 2 6 1,7 5,0 Péssimo 1 0 0,8 0,0
Estado emocional Ótimo 11 13 9,2 10,8 0,729
Bom 71 75 59,2 62,5 Razoável 35 29 29,2 24,2
Ruim 2 3 1,7 2,5 Péssimo 1 0 0,8 0,0
Qualidade do sono Ótimo 22 16 18,3 13,3 0,023
Bom 49 73 40,8 60,8 Razoável 42 25 35,0 20,8
Ruim 7 5 5,8 4,2 Péssimo 0 1 0,0 0,8
Satisfação financeira Sim 53 46 44,2 38,3 0,560
Não 21 20 17,5 16,7 Mais ou menos 46 54 38,3 45,0
Relação colegas de trabalho
Ótimo 22 29 18,3 24,2 0,233 Bom 89 77 74,2 64,2
Razoável 9 14 7,5 11,7 Ruim 0 0 0,0 0,0
Péssimo 0 0 0,0 0,0
(Continua)
54
Tabela 02 – Análise descritiva das variáveis hábitos de vida e condições de trabalho dos sujeitos em números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos. (Continuação)
FONTE: Dados da pesquisa, 2017. Teste Qui-Quadrado p<0,05 GCA – Grupo Caso; GCO – Grupo Controle.
Quanto à prática de atividade física, 68,3% (n=82) dos avaliados no grupo caso
e 61,7% (n=74) no grupo controle, não praticam atividade física com frequência. Dos
que praticam (31,7% e 38,3%), a atividade física mais relatada foi a caminhada em
ambos os grupos, em um tempo médio de 30 minutos por dia, três vezes por semana.
Falcão et al. (2015), destacam que para uma melhor compreensão dos fatores
que podem desenvolver as DME em diferentes populações, é necessário o
entendimento das características desta população, do ambiente em que os mesmos
estão inseridos e das relações de trabalho a que estão submetidos.
Alguns fatores são constantemente citados como variáveis associadas ao
surgimento de DME em populações agrícolas e de trabalhadores que realizam
atividades manuais. Dentre eles encontramos o consumo de álcool, o tabagismo, a
prática de atividade física, a presença de doenças crônicas e o constante uso de
medicações (BAU et al., 2017; FALCÃO et al., 2016; JO et al., 2016; KOLSTRUP,
2012; MOKARAMI et al., 2016; SINGH; CHOKHANDRE, 2015).
Um dos importantes preditores ao desenvolvimento de DME é a inatividade
física. Segundo Bau et al. (2017), a inatividade física está entre os 10 maiores fatores
de risco para a saúde. Indivíduos cujas atividades de trabalho são repetitivas e
sedentárias, a ausência de atividade física regular pode ser ainda mais propícia ao
desenvolvimento de DME.
Variável GCA
n GCO
n GCA
% GCO
% P
Temperatura Sim 76 61 63,3 50,8 0,050
Não 44 59 36,7 49,2
Espaço Sim 99 110 82,5 91,7 0,034
Não 21 10 17,5 8,3
Instrumentos de trabalho
Sim 69 72 57,5 60,0 0,694
Não 51 48 42,5 40,0
Higiene Sim 105 115 87,5 95,8 0,020
Não 15 5 12,5 4,2
55
As etapas de produção de castanha de caju acontecem de forma manual, e são
assumidas em posturas sentadas e sedentárias, de forma repetitiva, sendo
classificadas como atividade sedentária (ALBIERTO et al., 2015; BORAH, 2015a;
KWON et al., 2015). Cabe destacar novamente que a não realização de atividade
física regular entre os participantes, pode ser um fator agravante ao surgimento de
DME.
Mokarami et al. (2016) estudaram os fatores físicos e psicossociais
relacionados ao trabalho que podem estar associados à qualidade de vida em
trabalhadores industriais iranianos. De acordo com os autores, há uma forte
associação entre a dimininuição dos escores de qualidade de vida no trabalho com o
tabagismo e a baixa prática de atividade física. Os autores mencionam que para uma
melhora nesta relação, muitas modificações devem ser assumidas no ambiente de
trabalho, entre elas, aumentar o estímulo a prática de exercícios físicos e a redução
no tabagismo entre os trabalhadores industriais.
Associado a estes fatores, foi investigado ainda quando ao uso de medicações
e à presença de doenças pregressas. É viável destacar aqui um dos critérios de
seleção da amostra, no qual foram excluídos os sujeitos que possuiam diagnóstico
confirmado de patologias osteomusculares pregressas, como artrose, artrite e hérnia
de disco.
Quanto à uso constante de medicações, no grupo caso uma pequena maioria,
53,3% (n=64) não faz uso de medicação. No grupo controle, 51,7% (n=62) fazem uso
de medicação. As medicações relatas foram o uso de anti-hipertensivos, anti-
glicêmicos, anti-alérgicos e anti-depressivos.
Entre as doenças pregressas relatadas, a hipertensão foi uma das mais
relatadas, seguidas das alérgicas como a rinite, sinusite e asma, e ainda o diabetes.
52,5% (n=63) dos avaliados do grupo caso e 59,2% (n=71) do grupo controle
relataram doenças pregressas.
Condições precárias, baixa escolaridade, dificuldade de acesso aos serviços
de saúde podem estar relacionadas com piores condições de saúde na população
agrícola residente em zonas rurais, afastadas do ambiente urbano (MOREIRA et al.,
2015). Das (2014) relata que atividades repetitivas realizadas em temperaturas
elevadas, alteram as respostas fisiológicas. O autor estudou 220 trabalhadores de um
campo de tijolos e 130 indivíduos controle e observou que as atividades realizadas
56
em ambiente hostil sobrecarregam a função cardíaca alterando a circulação e a
pressão arterial para transportar mais sangue aos músculos deteriorando
cronicamente a capacidade funcional do trabalhador.
De Oliveira Galvão et al. (2014) e De Oliveira Galvão et al. (2017) descreveram
os impactos da torrefação de castanha de caju. Segundo os autores, a queima
artesanal libera poluentes no ar que podem ser inalados pela população local por um
período que pode exceder 10 horas por dia. Este fator é potencialmente prejudicial à
saúde, e pode estar relacionado a um aumento de doenças respiratórias e
cardiovasculares.
Foi ainda questionado sobre as percepções atribuídas ao estado físico, estado
emocional e qualidade do sono. Sobre o estado físico, 55,8% (n=67) do grupo caso e
59,2% (n=71) do grupo controle classificaram como bom. Sobre o estado emocional
59,2% (n=71) do grupo caso e 62,5% (n=75) do grupo controle também relataram
como bom. Sobre o sono, 40,8% (n=49) do grupo caso e 60,8% (n=73) relataram como
bom.
Apesar destes resultados, vale ressaltar o relato da qualidade de sono como
razoável por 35,0% dos participantes do grupo caso e 20,8% do grupo controle.
Mokaramani et al. (2016) também contribuem quando associaram dentro da infinitude
de qualidade de vida, a qualidade do sono como um fator estressante no ambiente de
trabalho. Os autores relacionam de modo geral, que o estilo de vida dos trabalhadores
rurais pode torná-los negligentes sobre os requisitos de saúde e segurança.
Neste sentido, Darvish e Meimanatabadi (2015) destacam a importância das
demandas e requisitos cognitivos dos locais de trabalho. Para estes autores, a carga
mental subjetiva de trabalho é um dos principais fatores que afetam a taxa de
desempenho e eficácia de trabalho, e nesta amplitude as funções cognitivas requerem
concentração contínua e atenção, visão adequada, memória e planejamento entre
outros. Ou seja, a carga mental subjetiva de trabalho pode predizer exaustão, levar a
erros e até a acidentes de trabalho.
Sobre as condições de trabalho, os participantes foram inicialmente
questionados quanto à safisfação financeira de retorno da produção de castanha de
caju. No grupo caso, 44,2% (n=53) relataram satisfeitos e 38,3% (n=46) relataram
como mais ou menos. Ao passo que no grupo controle 45% (n=54) relataram como
mais ou menos satisfeitos.
57
Conforme relatado anteriormente, neste estudo foi encontrado uma alta
proporção de sujeitos nos quais a renda mensal gira em torno de 1 a 2 salários
mínimos. Cita-se novamente Das e Arora (2017) em que os autores destacam a
sazonalidade do caju e consequentemente a produção de sua castanha. Segundo os
mesmos autores, essa sazonalidade leva a períodos de forte produção e períodos de
queda, o que pode influenciar a pouca proporção de satisfeitos com a renda advinda
da produção de castanha de caju.
Sobre a relação com os colegas de trabalho, 74,2% (n=89) do grupo caso e
64,2% (n=77) do grupo controle relataram que possuem uma boa relação de trabalho.
Estes números, provavelmente podem ser o reflexo de existir muitas situações de
agricultura familiar, no qual os companheiros de trabalho são os componentes do
grupo familiar. Corroboram com esses dados os estudos de Barros (2011) e Souza
Filho (2010) relatam que a cadeia produtiva do caju acontece uma forma de agricultura
familiar, sendo portanto os colegas de profissão cônjuge e filhos.
Com relação à temperatura, 63,3% (n=76) do grupo caso relataram satisfeitos.
Ao passo que no grupo controle, a diferença entre os satisfeitos 50,8% (n=61) e os
não satisfeitos 49,2% (n=59), foi muito pequena. Podemos tentar justificar este fato,
conforme obervado pelos pesquisadores durante o período de observação na coleta
de dados, que a produção de castanha de caju acontece em baixo dos próprios pés
de caju e das barracas, assim ressaltando a pequena parcela que não relatou
insatisfação com a temperatura de trabalho no grupo caso.
Já a agricultura acontece em ambiente aberto, o que pode ter influenciado a
pequena diferença entre os satisfeitos e os não satisfeitos com a temperatura para o
grupo controle. O trabalho ao ar livre sob condições ambientais não controláveis
exigem muitas vezes um esfoço físico maior, como é o caso da agricultura
(ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015).
Foi investigado ainda a satisfação com relação ao espaço de trabalho. 82,5%
(n=99) do grupo caso e 91,7% (n=110) do grupo controle relataram satisfeitos com o
espaço. Quanto aos instrumentos de trabalho, 57,5% (n=69) dos participantes do
grupo caso e 60,0% (n=72) do grupo controle afirmaram a satisfação com os
instrumentos. Por fim, 87,5% (n=105) do grupo caso e 95,8% (n=115) do grupo
controle disseram satisfeitos com a higiene.
58
Ainda na etapa de observação, alguns instrumentos de trabalho puderam ser
encontrados. Dentre os mais utilizados, temos uma barra de aço de aproximadamente
30 cm e pesando cerca de 200g, usada para golpear as castanhas após assada e
retirar a amêndoa. Após retirada esta amêndoa, a castanha é despelada utilizando
uma faca sem serras e colocada sob uma peneira de aço. Durante estes processos,
os produtores utilizam luvas de tecido, ou de borracha, outros usam creme dental e
outros ainda cal (carbonato de cálcio – material utilizado na construção civil) para
minimizar o atrito do carvão e do líquido da casca da castanha assada (DE OLIVEIRA
GALVÃO et al., 2014).
Borah (2015a) destacou a presença de feridas nos dedos nos produtores de
castanha de caju devido ao trabalho com faca e pedaço de madeira, além da
descoloração da pele das mãos com branqueamento da palma da mão e infecções
de pele decorrente do contato com o ácido cáustico que sai da casca de caju após a
torrefação.
A última questão do formulário socioeconômico e de condições de trabalho,
questionava sobre o que mais incomodava estes trabalhadores durante a atividade de
trabalho. Dentre as respostas, a postura de trabalho e o cheiro de castanha eram os
mais relatados. Outras queixam foram a fumaça da torrefação e o preço da castanha
in natura.
Este fato, propiciou compreender que possivelmente, conforme será discutido
adiante, os principais fatores de risco a que os produtores de castanha de caju estão
submetidos estarão relacionados à postura de trabalho, questão central da nossa
pesquisa.
6.2.3 Perfil Antropométrico
A normalidade dos dados foi previamente valorada pelo teste de Kolmogovov-
Smirnov e a homogeneidade de variância foi calculado pelo teste de Levene. Assim,
pela normalidade, os dados antropométricos foram valorados em média e desvio
padrão conforme podemos observar na tabela 03.
A idade dos sujeitos do grupo caso foi de 42 anos (± 10) para as participantes
do sexo feminino e de 44 anos (± 11) do sexo masculino. No do grupo controle a média
59
de idade para o sexo feminino foi de 42 anos (±11) e no sexo masculino foi de 47 anos
(±10 anos).
Tabela 03 – Características antropométricas dos sujeitos (média ± desvio padrão).
Variáveis Sexo Feminino Sexo Masculino
GCA GCO GCA GCO
Idade (anos) 42,00 ± 10,00 42,00 ± 11,00 44,00 ± 11,00 47,00 ± 10,00
Peso (kg) 62,20 ± 9,80 62,90 ± 15,20 69,70 ± 10,40 71,90 ± 11,90
Altura (m) 01,56 ± 0,05 01,57 ± 0,07 01,64 ± 0,06 01,64 ± 0,06
IMC (kg/m2) 25,40 ± 3,40 25,00 ± 4,0 26,1 ± 3,40 26,70 ± 4,20
CC (cm) 90,00 ± 9,00 88,00 ± 9,00 93,00 ± 10,00 93,00 ± 10,00
CQ (cm) 100,00 ± 8,00 99,00 ± 8,00 99,00 ± 7,00 101,00 ± 8,00
RCQ (cm) 0,90 ± 0,07 0,89 ± 0,06 0,94 ± 0,07 0,93 ± 0,07
FONTE: Dados da pesquisa, 2017. GCA – Grupo Caso; GCO – Grupo Controle; IMC – índice de Massa Corporal; CC – Circunferência da Cintura; CQ – Circunferência do Quadril; RCQ – Relação Cintura Quadril.
A média de peso das mulheres do grupo caso foi de 62,20kg (± 9,80) e do sexo
masculino foi de 69,70kg (± 10,40). No grupo controle a média de peso do sexo
feminino foi de 62,90kg (± 15,20) e no sexo masculino foi de 71,90kg (± 11,90).
Observou-se também a altura dos sujeitos, sendo a altura média do sexo
feminino no grupo caso de 1,56m (± 0,05) e do sexo masculino de 1,64m (± 0,06). No
grupo controle a altura média do sexo feminino foi de 1,57m (± 0,07) e do sexo
masculino foi de 1,64m (0,06).
Quando calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) através da medida de
altura e peso corporal, encontramos uma média de IMC de 25,40kg/m2 (± 3,40) nas
trabalhadoras do sexo feminino e 26,10kg/m2 (± 3,40) no sexo masculino. No grupo
controle encontramos uma média de IMC de 25,00kg/m2 (± 4,00) no sexo feminino e
26,70kg/m2 (± 4,20) no sexo masculino.
Resultados semelhantes das trabalhadoras de castanha de caju foram
encontrados no estudo de Borah (2015a). Nos estudos de Singh e Chokhandre (2015)
com catadores de resíduos em Mumbai e no de Falcão et al. (2015) com marisqueiras
em Saubara (BA), os autores encontram também médias de idade e IMC próximas
aos encontrados no nosso estudo.
60
De acordo com a OMS, para indivíduos adultos entre 20 e 59 anos, um IMC
abaixo de 18,5 kg/m2 classifica o indivíduo como em baixo peso, um IMC maior ou
igual a 18,5 kg/m2 ou menor que 25 kg/m2, classifica como eutrófico, e um IMC maior
ou igual a 25 kg/m2 ou menor que 30 kg/m2, classifica o indivíduo em sobrepeso
(WHO, 2000). Assim, encontramos ainda que a maioria das mulheres (49,3%) e dos
homens (41,2%) do grupo caso estão em sobrepeso, no entanto, apenas os homens
(48,7%) do grupo controle estão em sobrepeso. Já as mulheres deste grupo (48,1%)
estão em eutrofia.
Este fato pode ser justificado pela posição estática sentada adotada por
períodos prolongados durante a rotina de trabalho que levam a inatividade física no
trabalho (BORAH, 2015b; FALCÃO et al., 2015). Aliado a este fator, encontramos,
conforme abordado anteriormente uma alta prevalência de trabalhadores que
relataram que não praticam atividade física nesta população.
Cabe destacar que vários são os fatores que podem determinar o surgimento
de sobrepeso e obesidade, como os habitos alimentares. Visto que não cabe ao
escopo do estudo, não foi verificado hábitos alimentares e nível de atividade física.
A média da circunferência da cintura (CC) para o sexo feminino foi de 90cm (±
9,00) e no sexo masculino 93cm (± 10,00) no grupo caso. No grupo controle, a média
de CC no sexo feminino foi 88cm (± 9,00) e no sexo masculino foi de 93cm (± 10,00).
No grupo caso a circunferência do quadril (CQ) no sexo feminino foi de 100cm (± 8,00)
e no sexo masculino foi de 99cm (± 7,00). No grupo controle a média no sexo feminino
foi de 99cm (± 8,00) e no sexo masculino foi de 101cm (± 8,00).
Quando calculado a relação cintura quadril, para o grupo caso encontramos
uma média de 0,90 (± 0,07) no sexo feminino e 0,94 (± 0,07) no sexo masculino. No
grupo controle a média da RCQ no sexo feminino foi de 0,89 (± 0,06) e no sexo
masculino foi de 0,93 (± 0,07).
A OMS também classifica a RCQ e a CC como critérios para prever o
desenvolvimento da síndrome metabólica e tem os pontos de corte de RCQ de 0,90
para os homens e 0,89 para as mulheres. Os pontos de corte para CC é de 94 para
os homens e 88 para as mulheres (WHO, 2000). Encontrou-se ainda que 75,4% das
mulheres e 74,5% dos homens do grupo caso tem uma RCQ elevada classificada
como de alto risco. No grupo controle, 71,6% das mulheres e 71,8% dos homens tem
RCQ classificada como de alto risco para síndrome metabólica.
61
Assim, verificou-se portanto trabalhadores do sexo feminino e masculino em
sobrepeso e com risco aumentado de síndrome metabólica. Barroso et al. (2017)
descreve a síndrome metabólica com um conjunto de fatores de risco para doenças
cardiovasculares e diabetes mellitus, incluindo a resistencia à insulina, a obesidade
abdominal, hipertensão e dislipidemia.
6.3 PREVALÊNCIA DE DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME) E
ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO OCUPACIONAIS
6.3.1 Prevalência de DME por Região Corporal
Uma revisão sistemática realizada por Osborne et al., (2012) sobre a
prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre agricultores, relata que dentre as
várias abordagens para estimar a prevalência de DME nesta população, a prevalência
de um ano é a mais aplicada nas pesquisas. Muitos estudos adotam esta classificação
a partir da aplicação do QNSO (DAHLQVIST; HANSSOM; FORSMAN, 2016;
FALCÃO et al., 2015; HÁBIBI; SOURY, 2015; NORDANDER et al., 2016).
O gráfico 01 mostra a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em
diferentes partes do corpo. Verifica-se que 65,8% (n=158) dos participantes relataram
sintomas em uma ou mais regiões corporais. A seguir, na tabela 04 mostra a
prevalência dos DME de acordo com a região acometida, a proporção que estes
impediram o trabalho normal fora ou dentro de casa nos últimos 12 meses e sua
significância estatística.
Verificou-se que a prevalência de DME foi significativamente maior entre os
produtores de castanha de caju do que o controle na região lombar (66,7%) dorsal
(55,8%), no pescoço (38,3%) e em punho, mãos e dedos (30,8%). Em comparação o
grupo controle apresentou 21,7% na lombar, 15,8% na dorsal, 17,5% no pescoço e
5,8% em punho, mãos e dedos. Diferenças significativas foram encontradas no relato
de afastamento do trabalho entre os grupos. Verificou-se maior prevalência nas
regiões lombar (39,2%), dorsal (33,3%), pescoço (17,5%), punho, mãos e dedos
(12,5%) e ombro (5%). No grupo controle apresentou respectivamente 10,8%, 6,7%,
7,5%, 1,7% e 0%.
62
Gráfico 01 - Presença de distúrbios músculo esqueléticos em porcentagem para ambos os grupos caso e controle (n=240).
Tabela 04 – Prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre grupo caso (n=120) e grupo controle (n=120) por região corporal.
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
CGA – Grupo Caso. GCO – Grupo Controle
Assim, observou-se um maior relato de DME e de afastamento do trabalho, das
atividades domesticas e de lazer pelos trabalhadores do GCA visto que estes sujeitos
utilizam as regiões dorsal, lombar, pescoço e punho de forma repetitiviva,
sobrecarregando grandes músculos em contrações musculares estáticas, durante
Região corporal
DME Afastamento do trabalho normal
GCA %
GCO %
Total %
𝒙𝟐
p GCA %
GCO %
Total %
𝒙𝟐
p
Pescoço 38,3 17,5 27,9 12,9 0,000 17,5 7,5 12,5 5,48 0,019
Ombros 15,0 9,2 12,1 1,9 0,166 5,0 0,0 2,5 6,15 0,013
Cotovelo 1,7 0,8 1,3 0,3 0,561 0,8 0,0 0,4 1,00 0,316
Antebraço 4,2 0,8 2,5 2,7 0,098 0,0 0,8 0,4 2,73 0,316
Punho/mãos/dedos 30,8 5,8 18,3 25,0 0,000 12,5 1,7 7,1 10,6 0,001
Região dorsal 55,8 15,8 35,8 41,7 0,000 33,3 6,7 20,0 26,6 0,000
Região lombar 66,7 21,7 44,2 49,2 0,000 39,2 10,8 25,0 25,6 0,000
Quadris e/ou coxas 9,2 6,7 7,9 0,5 0,473 1,7 1,7 1,7 0,0 1,000
Joelhos 11,7 9,2 10,4 0,4 0,526 2,5 1,7 2,1 0,6 0,651
Tornozelos e/ou pés 7,5 7,5 7,5 0,0 1,000 3,3 2,5 2,9 0,1 0,701
65,80%
34,20%
Sim Não
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
63
várias horas seguidas. Este fato não foi observado em elevada proporção no GCO,
cuja atividade de trabalho é mais diversificada e as posturas de trabalho são
dinâmicas.
Os resultados do GCA confirmam os resultados encontrados nos estudos de
Borah (2015a), Falcão et al. (2015), Chakrabaty et al. (2016), Darvishi e
Meimanatabadi (2015), Habibi e Soury (2015) e Rafie et al. (2015), cujas atividades
desenvolvidas pelos trabalhadores estudados se assemelham a dos produtores de
castanha de caju.
As regiões de maior prevalencia de queixas observadas no GCA se
assemelham aos encontrados no estudo de Borah (2015a) com mulheres produtoras
de castanha de caju em uma indústria na Índia, em que as regiões corporais mais
relatadas de queixa de dor severa foi especialmente na lombar e na dorsal. Relataram
ainda queixas moderadas em pescoço e olhos, sendo estas regiões locais mais
comuns de transtornos, destacando que o trabalho exige uma atenção visual fina
constante.
Resultados semelhantes também foram encontrados no estudo de Falcão et al.
(2015) com 209 marisqueiras em Saraúba (BA), em que encontrou-se alta prevalência
de DME em pescoço e ombro (71,3%) e na região distal de membro superior (mãos –
70,3%). Apesar de não ter sido encontrada prevalência tão elevada na presente
pesquisa, estas regiões apresentaram diferença significativa quando comparadas ao
grupo controle.
Chakrabarty et al. (2016) estudaram 400 bordadeiras na Índia. A prevalência
de queixas musculoesquelética encontradas pelos autores também corroboram com
a presente pesquisa, em que foi encontrado 90% de queixas na região lombar, 75%
no pescoço e ombros, 68% no punho e antebraço. Porém divergiu na queixa de DME
em pernas, sendo que na presente pesquisa essa região apresentou baixo relato e
não teve diferença significativa entre os grupos. Este fato pode estar associado ao
uso dos membros inferiores em bordadeiras, enquanto que nas atividades dos
produtores de castanha de caju, esta região é pouco utilizada durante o trabalho.
Em uma pesquisa realizada com 200 funcionários de um banco no Irã, os
autores encontraram uma prevalência elevada de DME na região lombar (44%), na
dorsal (36%), pescoço (48%) e mãos (20%), além de queixas em outras regiões
(DARVISHI e MEIMANATABADI, 2015). A atividade dos bancários, em muito se
64
assemelha a atividade dos produtores de castanha de caju, na qual uma postura
sentada é adotada por períodos prolongados e tarefas visuais e manuais são
solicitadas constantemente.
Habibi e Soury (2015) realizaram um estudo com 75 funcionários de uma
companhia de gás em uma província do Irã. O estudo mostrou uma alta taxa de DME
na lombar (39%), no pescoço (58%). Encontraram ainda 24% e 15,2% de
absenteísmo do trabalho devido as dores lombares e no pescoço restectivamente. Os
autores destacam que estas taxas mais elevadas acontecem em decorrência das
tarefas sedentárias e repetitivas.
Uma população de características bem semelhante é a dos cirurgiões dentistas.
Rafie et al. (2015) estudaram um grupo de 130 dentistas e encontraram que a região
mais relatada com DME foi o pescoço (55,9%) uma proporção um pouco mais
elevadado que a do presente estudo nesta região (38,3%) para o grupo caso. Os
autores justificam a elevada prevalência nesta região devido à natureza da prática
odontológica, em que o profissional adota uma postura inclinada anteriormente e com
elevação de ombros em abdução, exercendo muita pressão sob a região do pescoço
e ombros.
Numa pesquisa nacional sobre saúde realizada em Portugal por Branco et al.
(2016), foi feito levantamento de 661 participantes para um rastreamento de doenças
reumáticas e DME e os autores buscaram relacionar o impacto destas sobre a
qualidade de vida, função física e saúde mental. A DME de maior prevalência foi na
região lombar (26,4%) e esta aumentou com a idade.
Num estudo de coorte de agricultores realizado na Coréia do Sul, Jo et al.
(2016), avaliaram 1013 indivíduos, e a dor lombar (63,8%) foi o local mais frequente
de dor. Estes resultados também se asemelham aos encontrados no nosso estudo,
pois a região lombar pelo grupo controle foi a de maior prevalência (21,7%) de DME,
porém em um proporção bem inferior ao estudo descrito acima.
Este fato pode estar acontecendo em decorrência do relato do período de
experiência de trabalho do grupo controle, abordado na tabela 1, cuja prevalência do
tempo de serviço foi de mais de 10 anos (44%), mas com uma elevada prevalência
de 1 a 5 anos (36%). Porém quanto às horas de trabalho, a prevalência foi de 2 a 4
horas de trabalho por dia (56%) e 3 dias na semana (39%). Darvishi e Meimanatabadi
65
(2015), encontraram uma correlação significativa entre a idade e a experiência de
trabalho com o surgimento de DME.
Abrahão, Tereso e Gemma (2015) ainda destacam a grande variabilidade de
tarefas na agricultura, o que evita posições estáticas e repetitivas em contraposição
com a produção de castanha de caju.
O grupo controle relatou a escassez de recursos e as péssimas condições
climáticas que dificultam a agricultura na região. Muitos dos trabalhadores agrícolas
nos períodos entressafra na agricultura local, realizam serviços de pequenos
consertos, mecânica, domésticos e de construção civil. A renda passa a ser advinda
destes serviços e dos beneficiamentos dos programas sociais.
Na tabela 5 está descrita a prevalência dos DME de acordo com a região
acometida, as queixas nos últimos 7 dias, a proporção que estes impediram o trabalho
normal fora ou dentro de casa nos últimos 12 meses e sua significância estatística por
sexo e por grupo.
Pode-se verificar que a proporção de queixas na região dorsal nos últimos 12
meses foi proporcional entre os sexos (79,3%) e significativamente maior no GCA.
Para esta mesma região, foi mais prevalente nos últimos 7 dias a queixa entre os
homens do GCA (87,5%), e o afastamento por sintomas nessa região também foi mais
prevalente entre os homens (93,3%).
Quando analisada a região lombar, houve significância entre os grupos para os
sexos, porém não houve significância quando comparado o sexo masculino do GCA
e GCO sobre queixas na lombar nos últimos 7 dias (p>0,05). 80% dos homens do
GCA relataram queixas na região lombar nos últimos 12 meses e 81,5% de
afastamento por sintomas nesta região.
Verificamos na região punho, mãos e dedos que não houve diferença entre os
GCA e GCO para o sexo masculino sobre queixas nesta região nos últimos 7 dias e
queixas que levem a afastamento. Para esta região, as mulheres do GCA foram mais
prevalentes no relato de queixas nos últimos 12 meses (84,4%) e nos últimos 7 dias
(73,3%).
Já na região do pescoço, os homens do GCA e do GCO não apresentaram
diferenças significativas. Para o sexo feminino não houve diferença significativa sobre
as queixas nos últimos 7 dias. Houve então uma prevalência do sexo feminino do GCA
sobre as queixas nos últimos 12 meses (67,3%) e de afastamento (68,2%).
66
Tabela 05 - Prevalência de queixas musculoesqueléticos por sexo entre grupo caso
(n=120) e grupo controle (n=120).
Sexo
Feminino Masculino
Regiões GCA
%
GCO
%
𝒙² p GCA
%
GCO
%
𝒙² p
Dorsal 12m 79,3 20,7 42,2 0,000 79,3 20,7 8,9 0,003
7 dias 69,2 30,8 6,83 0,009 87,5 12,5 7,5 0,006
Afast 78,8 21,2 18,3 0,000 93,3 6,7 9,8 0,002
Lombar 12 m 72,1 27,9 28,2 0,000 80,0 20,0 19,9 0,000
7 dias 67,6 32,4 8,2 0,004 75,0 25,0 3,5 0,061
Afast 75,8 24,2 15,0 0,000 81,5 18,5 9,6 0,002
Punho/
Mãos/
Dedos
12 m 84,4 15,6 24,1 0,000 83,3 16,7 4,0 0,045
7 dias 73,3 26,7 5,01 0,025 66,7 33,3 0,12 0,722
Afast 84,6 15,4 8,5 0,003 100,0 0 3,2 0,074
Pescoço 12 m 67,3 32,7 13,3 0,000 72,2 27,8 2,2 0,136
7 dias 57,1 42,9 1,2 0,269 55,6 44,4 0,0 0,943
Afast 68,2 31,8 5,1 0,024 75,0 25,0 1,2 0,273
FONTE: Dados da pesquisa, 2017. GCA – Grupo Caso. CGO – Grupo Controle
Alguns estudos destacam a maior propensão ao sexo feminino a desenvolver
distúrbios musculoesqueléticos (BORAH, 2015b; BRANCO et al., 2016; HABIBI;
SOURY, 2015). Quando analisado a proporção de mulheres e de homens da amostra
com DME, 66,7% (n=100) das mulheres relataram DME em qualquer região corporal
e 64,4% (n=58) dos homens também relataram DME. Rafie et al. (2015) destaca que
essa maior prevalência de queixas musculoesqueléticas no sexo feminino pode estar
associada à menor capacidade de resistência muscular das mulheres.
Porém estes estudos divergem do encontrado na presente pesquisa, quando
analisadas as queixas musculoesqueléticas por regiões corporais cujo relato foi mais
frequente entre os homens para dorsal e lombar. Apenas o estudo de Rafie et al.
(2015) não encontrou diferença entre os sexos para as demais regiões corporais, com
exceção para punho, cuja prevalência aumentada foi para o sexo feminino
corroborando com a presente pesquisa.
6.3.2. Avaliação da Postura de Trabalho e Relação com as DME
67
Durante a observação in loco, os trabalhadores do GCA ainda tiveram seus
postos de trabalho avaliados pela metodologia AET. Durante esta etapa de pesquisa,
o pesquisador principal foi o único responsável pela observação direta dos postos,
para análise das posturas de trabalho dos sujeitos.
Os trabalhadores foram então observados por 20 minutos e registradas
fotografias das principais posturas adotadas. Os registros fotográficos obtidos, foram
utilizados para melhor verificação das posições articulares e posterior análise através
da ferramenta RULA no software. Foi atribuída uma nota da postura a partir dos
critérios de avaliação da ferramenta RULA.
O gráfico 02 mostra a distribuição das notas mais encontradas. Em 40% (n=48)
dos trabalhadores do GCA encontramos uma pontuação 6, 20,8% (n=25) obtiveram
nota 5, 17,5% (n=21) uma nota 3, 15% (n=18) uma nota 4 e 6,7% (n=8) uma nota 7.
Estes valores demonstram que os trabalhadores que atuam na produção de castanha
de caju no Povoado Mirolândia adotam posturas incorretas como será descrito a
seguir.
Gráfico 02 - Nota da postura de trabalho pela ferramenta RULA (n=120)
Na figura 10, o trabalhador está quebrando a castanha de caju após sua
torrefação. Neste posto de trabalho, assume-se uma postura sentada sobre um
banquinho ou uma pedra, o ombro está entre 20 e 45° de flexão, o cotovelo fica em
60° de flexão, o punho fica entre 0 e 15° de extensão para golpear a castanha com a
barra de ferro e assume um leve desvio radial e o antebraço assume uma postura
entre pronação e supinação classificada como posição média. O pescoço assume
17,50%15,00%
20,80%
40%
6,70%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Nota 3 Nota 4 Nota 5 Nota 6 Nota 7
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
68
uma flexão a mais de 20°, o tronco fica em 20° de flexão e uma leve rotação para
pegar as castanhas na lateral. As pernas e os pés não estão corretamente apoiados
no solo. Assim, para esta posição foi tribuída uma nota 7, que corresponde ao nível
de ação 4.
Figura 10- Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 7 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
A figura 11 é uma segunda posição obervada entre alguns trabalhadores ainda
na fase de quebra da castanha após torrefação. Nesta postura, os ombros adotam
uma posição entre 20 e 45° de flexão, o cotovelo se posiciona entre 60 e 100° de
flexão no momento de golpear a castanha e cruza o plano sagital, levando o ombro
num momento de rotação interna. O punho se movimenta entre 15° de flexão e 15°
de extensão realizando um movimento de grande amplitude, e assume rotação neutra.
O pescoço assume uma flexão entre 10 e 20°. O tronco fica posicionado entre 0 e 20°
de flexão e desenvolve uma pequena rotação para pegar castanhas na lateral. Pernas
e pés não estão bem posicionados e equilibrados. Nesta postura a nota RULA foi 6,
correspondendo um nível de ação 3.
(A) (B)
69
Figura 11– Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 6 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
Foi observada uma terceira posição adotada para a quebra da castanha. Na
figura 12 o trabalhador assume uma postura sentada numa cadeira, e as castanhas
são quebradas em uma espécie de banco adaptado de um tronco de árvore. Nesta
postura, o ombro fica entre 25 e 45° de flexão, cotovelo entre 0 e 60° de flexão, punho
em rotação neutra e desvio radial. O pescoço fica em flexão de 10 a 20°, o tronco
entre 0 e 20° de flexão com leve rotação para pegar as castanhas na lateral. As pernas
e os pés estão corretamente apoiados. Assim, nesta postura foi obtida uma nota 5 que
corresponde a um nível de ação 3.
Nas posturas de despelamento da castanha, observamos duas posturas
distintas. Na figura 13, observamos uma posição do ombro entre 20 e 45° de flexão,
do cotovelo entre 0 e 60° de flexão, do punho com flexão de 15° e em leve desvio
radial. O pescoço fica entre 0 e 10° de flexão, o tronco ereto em 0°, permitindo que as
pernas e os pés estejam bem apoiados e equilibrados no solo. A esta postura foi
atribuída uma nota 4 correspondendo a um nível de ação 2.
A outra postura observada na etapa de despelamento da castanha apresenta
uma pequena diferença na posição do punho e ombro. Pode-se observar na figura 14,
em que o ombro assume um movimento entre 0 e 20° de flexão, o cotovelo movimenta
a 0 e 60° de flexão aproximando de 90°, o punho fica em posição neutra e em rotação
neutra. O tronco alinhado a 0°, permitindo que a perna e os pés fiquem apoiados e
(A) (B)
70
equilibrados. A esta postura foi atribuída uma nota 3 correspondendo a um nível de
ação 2.
Figura 12 - Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 5 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
Figura 13- Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 4 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
(A) (B)
(A) (B)
71
Figura 14- Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 3 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).
FONTE: Dados da pesquisa, 2017.
De acordo com McAtamney e Corlett (1993) classificaram as pontuações RULA
em quatro níveis de ação que servem como guia para avaliar os riscos associados ao
esforço musculoesquelético durante o trabalho cuja principal ação provêm dos
membros superiores. No nível 1 de ação (pontuação 1 e 2) as posturas são aceitaveis
se não mantidas ou repetidas por longos tempos. Na presente pesquisa, não
encontramos nenhuma postura que permitisse essa pontuação. No nível 2 (pontuação
3 e 4) as posturas de trabalho estão fora das amplitudes adequadas ou, mesmo em
posturas adequadas, as ações são repetitivas. Neste nível os autores ainda destacam
que já pode ser percebido esforço e manutenção de cargas estáticas principalemnte
na dorsal, lombar e pescoço. Recomenda-se mais investigações e acompanhamento
com pequenas modificações (KEESTER; SOMMERICH, 2017).
No nível 3 (pontuação 5 e 6) as amplitudes articulares estão fora dos limites
seguros, há presença de muitos movimentos repetitivos ou trabalho estático, e em
muitos casos há excesso de força exercida. Neste nível as ações devem acontecer
em curto prazo, e a longo prazo devem ser minimizadas as exposições a fatores de
risco. No nível 4 (pontuação 7) as amplitudes articulares acontecem no final dos limites
fisiológicos, os trabalhadores correm risco de acidentes e lesões e é necessário
(A) (B)
72
mudanças imediatas para reduzir as cargas excessivas sobre os músculos
esqueléticos (JACKSON; MATHIASSEM; LIV, 2016; LOURINHO et al., 2011;
MCATAMNEY; CORLLET, 1993).
Na tabela 06, foi realizada regressão logística univariada para verificar a
relação entre as pontuações RULA e o surgimento de DME. Houve associação
significativa entre o surgimento de dor na região dorsal, lombar, punho/mãos/dedos e
pescoço com os níveis 2 e 3 das posturas de trabalho. O nível 7 só teve associação
com a dorsal e a lombar.
As posturas de nível 4 (pontuação 7) apresentaram 9 vezes mais chance de
surgir dor na região dorsal (OR 9,66; p=0,001). As de nível 3 apresentaram 10 vezes
mais chance de surgir dor na região lombar (OR 10,27; p=0,000). As do nível 2
apresentaram 5 vezes mais chance de surgir dor na região dorsal (OR 5,96; p=0,000)
e 5 vezes mais chance de dor em punho, mãos e dedos (OR 5,56; p=0,001).
Tabela 06 – Análise de regressão logística da pontuação RULA por regiões com DME (n=120). Escore RULA
(nível) Dorsal Lombar Punho/mãos Pescoço
3 e 4 (nível 2) 5,96 (2,67–13,31)
p=0,000
3,09 (1,44–6,65)
p=0,004
5,56 (1,95–15,88)
p= 0,001
2,94 (1,32–6,54)
p=0,008
5 e 6 (nível 3) 7,67 (3,97–15,19)
p=0,000
10,27 (5,20–20,27)
p= 0,000
8,40 (3,40–20,75)
p=0,000
3,10 (1,59–6,03)
p=0,001
7 (nível 4) 9,66 (4,61–10,42)
p=0,001
8,40 (7,56–12,72)
p=0,002
5,38 (0,91–31,68)
p =0,063
1,57 (0,29–8,33)
p=0,595
FONTE: Dados da pesquisa, 2017. Valores expressos: OR – Odds Ratio e IC – Intervalo de confiança
Neste estudo não foram observados valores estatisticamente significativos
relacionados entre as posturas de nível 4 (Pontuação 7) para o surgimento de dor no
pescoço e no punho, mãos e dedos. Observou-se ainda que apesar de maior risco
atribuído pela ferramenta RULA às posturas de nível 4, neste estudo o Odds Ratio
(OR) das posturas de nível 4 apresentou-se inferior aos demais níveis de postura.
Acredita-se que este fato pode estar associado ao número de sujeitos observados
com esta postura (n=8) que foi inferior aos observados com nível 2 (n=39) e 3 (n=73).
Não foi encontrado na literatura associação da pontuação RULA e as DME
entre produtores de castanha de caju e nem na agricultura. Os estudos relacionaram
a pontuação em atividades manuais como em dentistas (ONETY et al., 2015; RAFIE
73
et al., 2015), costureiras (VAN et al., 2016) e tatuadores (KEESTER; SOMMERICH,
2017).
O estudo de Rafie et al. (2015) e Onety et al. (2014) com dentistas corrobora
com os resultados obtidos neste trabalho. Segundo os autores, as posturas com
pontuação 6 pela ferramenta RULA, tinha alta prevalência de dor em pescoço e
ombro. Rafie et al., (2015) justificam a associação entre a posição de flexão de
pescoço entre 15 e 30° por um longo período de tempo adotada pelos dentistas que
induz muito estresse e potencial dano a esta região. Na presente pesquisa com os
produtores de castanha de caju, a região de pescoço apresentou associação
significativa (OR 3,10; p=0,001) com a postura de nível 3 (pontuação 5 e 6), apesar
desta não ter sido a região com maior número de queixas.
Dados semelhantes foram encontrados por Van et al. (2016) em seu estudo
com costureiras. Os autores encontraram associação sintomatologia em pescoço,
região dorsal, região lombar, pernas e punho com um nível de ação 3 (pontuação 5 e
6). Estes resultados são ainda mais semelhantes aos encontrados na pesquisa por
destacar mais regiões corporais semelhantes às encontradas no nosso estudo
(Lombar – OR 10,27; p=0,000; Pescoço - OR 3,10; p=0,001; Dorsal – OR 7,67,
p=0,000; Punho/mãos/dedos – OR 8,40, p=0,000).
No estudo de Keester e Sommerich (2017) com tatuadores, os resultados
também foram semelhantes. 48% da amostra estava com uma pontuação 5 e 6 (nível
de ação 3) e apenas 23% receberam pontuação 7 (nível de ação 4). 94% relataram
dor na região lombar e 68% nas mãos. Os autores não fizeram associações entre os
locais de sintomas e as pontuações RULA.
Cabe destacar que embora os resultados encontrados na presente pesquisa
sejam similares aos encontrados na literatura, há diferenças nas características de
trabalho, nas condições de trabalho e nas organizações em cada profissão. Porém, é
valido ressaltar que as pesquisas mais recentes, mesmo utilizando diferentes
metodologias de avaliação ergonômica, apontam sempre esta importante relação
entre os sintomas musculoesqueléticos relacionados ao trabalho às sobrecargas
estáticas, às posturas repetitivas, ao estresse mental e à fatores biomecânicos
(KEESTER; SOMMERICH, 2017; NORDANDER et al., 2016; HABIBI; SOURY, 2015;
LAPERRIÈRE; MESSING; BOURBONNAIS, 2017).
74
Foi realizada um última análise para verificar a relação das características de
trabalho com o surgimento de DME. A tabela 07 descreve a relação entre os fatores
risco para DME nas diferentes áreas do corpo com ajuste para sexo e horas de
trabalho semanal.
Significativamente os produtores de castanha de caju apresentaram mais risco
de DME na lombar (OR 6,92; p=0,00), em punho, mãos e dedos (OR 6,89; p=0,00),
dorsal (OR 6,38; p=0,00) e pescoço (OR 3,49; p=0,00) comparado ao GCO.
Foi verificado ainda que o aumento do tempo de serviço na atividade também
apresentou relação com o aparecimento de DME. Indivíduos com mais de 10 anos de
atividade, apresentam-se mais propensos de desenvolver DME na região dorsal (OR
3,88; p=0,00) e na região lombar (OR 2,37; p= 0,02) em comparação com aqueles
com menos de 10 anos.
Os trabalhadores avaliados com idade superior a 30 anos, também são os mais
propensos a surgimento de DME. Os avaliados na faixa etária entre 30 e 50 anos,
apresentaram mais chance de DME no pescoço (OR 8,54; p=0,00), na região dorsal
(OR 5,63; p=0,01) e na região lombar (OR 3,39; p=0,04). Já os indivíduos com idade
entre 40 e 50 anos eram mais propensos a experimentar DME no pescoço (OR 6,75;
p=0,02) e na região dorsal (OR 5,27; p=0,01).
Resultados semelhantes foram encontrados por Branco et al., (2016) que
relatou que a DME em qualquer região corporal aumentou com a idade e sua
prevalência foi na faixa etária de 46 a 55 anos, especialmente para a região lombar.
Chakrabarty et al. (2016) destacou que os sintomas na região dorsal, lombar,
pescoço, ombros e punho estão relacionadas ao tempo prolongados de trabalho em
uma postura estática, e que os principais preditores para o desenvolvimento de DME
são a rigidez nos métodos de trabalho, o tempo de trabalho, pausas de repouso
inadequadas e movimentos repetitivos de punho e antebraço.
Outros estudos também corroboram ao encontrarem associação entre a idade
e o tempo de experiência na atividade com o surgimento de DME (DARVISH;
MEIMANATABADI, 2015; SINGH; CHOKHANDRE, 2015; VAN et al., 2016; VILELA et
al., 2015).
75
Tabela 07 – Resultados da análise de regressão logística analisando os efeitos das características de demográficas e ocupacionais sobre as DME nos últimos 12 meses por regiões corporais, (n=120).
Características Dorsal Lombar Punho Pescoço
GCA 6,38**
(3,09-13,14)
6,92**
(3,41-14,06)
6,89**
(2,86-16,30)
3,49**
(1,8-6,65)
Tempo de trabalho (anos)
Menos de 5 anosƗ
Entre 5 e 10 anos 0,90
(0,36-2,25)
1,13
(0,46-2,75)
1,79
(0,60-5,27)
0,64
(0,80-0,32)
Mais de 10 anos 3,88**
(0,35-6,20)
2,37*
(1,97-5,77)
1,63
(0,59-4,70)
1,22
(0,48-6,65)
Faixa Etária
19 a 30 anosƗ
30 a 50 anos 5,63**
(1,48-21,33)
3,39**
(1,01-11,31)
1,06
(0,29-3,92)
8,54*
(1,71-42,71)
50 a 59 anos 5,27**
(1,35-20,11)
2,76
(0,82-9,33)
0,67
(0,18-2,55)
6,75**
(1,32-34,42)
FONTE: Dados da pesquisa, 2017. Ajustado por sexo e horas de trabalho. GCA – Grupo Caso. **p<0,01, *p<0,05. Ɨ Categoria de referência. Valores de OR e IC de 95%.
Baseado nestes resultados podemos relatar que os produtores de castanha de
caju no povoado Mirolândia em Picos-PI, possuem semelhança com outros setores
de atividade econômica cujas condições de trabalho e fatores ergonômicos são de
risco à saúde, predispondo estes sujeitos a uma elevada prevalência de distúrbios
musculoesqueléticos em diversas regiões corporais e submetendo os mesmos a
quadros de afastamento de suas atividades domésticas e laborativas, portanto
rejeitando a hipótese nula de que as condições ergonômicas não condicionam o
aparecimento de distúrbios musculoesqueléticos nestes sujeitos.
76
7 CONCLUSÃO
Os resultados do presente estudo revelam que os trabalhadores envolvidos na
produção artesanal de castanha de caju no povoado Mirolândia na cidade de Picos(PI)
estão expostos a vários fatores de risco ergonômico, alcançando assim o objetivo
geral deste estudo, que foi analisar a relação entre o estado de saúde ocupacional e
as condições ergonômicas a que estão expostos.
Quando ao objetivo específico de realizar o levantamento do perfil
socioeconômico e demográfico, os trabalhadores apresentam características
socioeconômicas e demográficas que em muitos aspectos se assemelham à outros
produtores de castanha de caju e a outros tipos de trabalhadores que realizam
trabalhos manuais. Trata-se de uma fonte de renda para pequenos agricultores de
estratos econômicos mais baixos e com baixos níveis de escolaridade. Este objetivo
permitiu ainda levantar um quadro sobre à saúde, estes trabalhadores. Estes
apresentam elevada prevalência de doenças crônicas não degenerativas, como a
hipertensão e o diabetes, doenças respiratórias e alérgicas, quadros de sobrepeso e
obesidade, e uma proporção elevada de inatividade física.
Identificou-se alta prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em diferentes
partes do corpo, especialmente na região dorsal, na região lombar, no pescoço e em
punhos, mãos e dedos. Compreende-se que estes trabalhadores estão expostos a
altos riscos físicos das posturas de trabalho de acordo com o método RULA, em que
os trabalhadores que atuam na produção artesanal de castanha de caju adotam
posturas ergonomicamente inadequadas e que tem estreita relação com o surgimento
de DME. O alcance destes objetivos específicos mostra como as características de
trabalho, bem como a biomecânica das posturas de trabalho predispõe estes
trabalhadores ao desenvolvimento de DME em comparação ao grupo controle.
Buscou-se ainda comparar a prevalência dos sintomas musculoesqueléticos
entre os gêneros. Na presente pesquisa, quando analisada por região corporal, o sexo
masculino apresentou maior prevalência de queixas na região lombar e na região
dorsal. No sexo feminino a maior proporção de queixas foi na região de punho, mãos
e dedos. Porém quando analisada de modo geral a presença de distúrbios em
qualquer região corporal nos últimos 12 meses, a maior proporção apareceu no sexo
feminino.
77
Após analisados e discutidos os dados, pode-se destacar aqui algumas
limitações de pesquisa. Apesar de se tratar de um estudo transversal, a partir do qual
limita o estudo da relação causa e efeito, esta pesquisa fornece evidências iniciais que
indicam que as características do ambiente de trabalho dos produtores artesanais de
castanha de caju propiciam o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos.
Outra limitação a ser relatada está no fato de que foi estudado o auto-relato de
DME, este fato pode ser tendencioso à subjetividade nas respostas, podendo surgir
um viés de memória no momento dos relatos.
Aliado a este fato, um dos critérios de exclusão dos sujeitos da amostra foi a
do diagnóstico clínico de doenças osteomusculares pregressas. Durante a pesquisa,
observou-se a falta de assistência à saúde no povoado Mirolândia, visto que muitos
sintomas observados podem já estar associados à uma doença osteomuscular e os
sujeitos não buscaram o diagnóstico da patologia.
A coleta de dados da presente pesquisa, compreendeu um período de baixa
produtividade da castanha de caju, e de clima elevado na macrorregião de Picos, o
que pode ter influenciado os presentes resultados quanto às características de
trabalho.
Baseado nos achados, destaca-se a necessidade de implementar medidas de
prevenção e promoção da saúde, que visem a melhoria das condições de trabalho e
de saúde, redução das cargas posturais estáticas e prevenção de sintomas
musculoesqueléticos nesta população que desenvolve uma atividade manual
artesanal de grande risco à sua saúde física.
Cabe destacar que após conclusão deste estudo, o mesmo não será apenas
arquivado e gerado publicações. Propõe-se retorno à comunidade sobre os achados
e aplicação de atividades de prevenção, promoção e informação em saúde, visto as
condições de saúde observadas durante a pesquisa.
É sugerido estudos que visem a observação de outros fatores que podem
comprometer a saúde ocupacional destes trabalhadores, como a avaliação do impacto
da torrefação da castanha de caju sobre os sintomas respiratórios, e estudos que
visem a implementação de medidas protetivas e corretivas neste ambiente buscando
principalmente a introdução destes trabalhadores à prática de atividade física, à
hábitos mais saudáveis e à minimização de doenças crônicas degenerativas.
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88
APENDICES
89
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES
ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE CASTANHA DE CAJU
DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI.
Nome da Pesquisadora: Juçara Barroso Leal
Nome do Orientador: Ricardo Argenton Ramos
Nome do Co-Orientador: Fabrício Cieslak
1. Natureza da pesquisa: o Sr.(a) está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa que tem
como finalidade Analisar a relação existente entre o estado de saúde ocupacional e as condições
ergonômicas de trabalho que os produtores de castanha de caju do povoado Mirolândia na
cidade de Picos-PI estão expostos durante suas atividades de trabalho.
2. Participantes da pesquisa: Serão um total de 240 participantes, com idade entre 20 e 59
anos, residentes no povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI. Deste valor, serão formados
dois grupos em partes iguais, que consistirão do grupo caso (produtores de castanha de caju) e
grupo controle (não produtores de castanha de caju).
3. Envolvimento na pesquisa: ao participar deste estudo a Sra (Sr) permitirá que a
pesquisadora, realize avaliações de perfil socioeconômico e antropométrico e da presença de
sintomas musculoesqueléticos. Caso seja enquadrado como participante do Grupo Caso, o
Sr.(a) permitirá ainda que seja fotografado durante seu trabalho. A câmera ficará na sua lateral
esquerda e será realizada a fotografia por um único avaliador, com a câmera sem zoom e
aproveitando a luminosidade do ambiente.O Sr. (a) tem liberdade de se recusar a participar e
ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo
para a Sr. (a). Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do
telefone da pesquisadora do projeto e, se necessário através do telefone do Comitê de Ética em
Pesquisa.
4. Sobre a aplicação dos questionários: A pesquisa será realizada durante o período de 4
meses (Março a Junho de 2017), onde serão aplicados para os participantes dos Grupos Caso e
Controle: um formulário com questões fechadas para avaliar o perfil socioeconômico e
antropométrico, e o Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos (QNSO); logo em
seguida, apenas com o Grupo Caso, a pesquisadora fará a observação da sua tarefa de trabalho,
avaliando a postura de trabalho para posterior análise pela ferramenta RULA. Esta ferramenta
permite a análise dos riscos físicos da postura de trabalho e este processo acontecerá através
das fotos.
5. Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não infringe as normas legais e éticas,
porém como em toda pesquisa, tanto o Grupo Caso, quanto o Grupo Controle estarão expostos
90
ao risco de desconforto, constrangimento transitório e incompreensão das perguntas do
Formulário Socioeconômico e de condições de saúde ocupacional e do QNSO, e
especificamente para o Grupo Caso, o constrangimento pode surgir mais explícito, uma vez que
será feita a observação pela pesquisadora no momento de sua atividade, o que pode afetar na
resposta aos instrumentos da pesquisa. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem
aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua
dignidade. Mediante à exposição a estes riscos, você pode, se quiser, retirar-se do estudo a
qualquer momento, sem acusar-lhe dano ou prejuízo de qualquer natureza.
6. Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são estritamente
confidenciais. Somente a pesquisadora, orientador, e a equipe de pesquisa terão conhecimento
de sua identidade e nos comprometemos a mantê-la em sigilo ao publicar os resultados dessa
pesquisa.
7. Benefícios: ao participar desta pesquisa o Sr. (a) não terá nenhum benefício direto. Apenas
ao final do estudo será possível elaborar o diagnóstico ergonômico desta realidade, e assim,
estas informações servirão de base para articular modificações na realidade encontrada na
tentativa de minimizar os riscos desta atividade laboral.
8.Pagamento: o Sr. (a) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem
como nada será pago por sua participação.
9.Formas de ressarcimento e indenização: Em caso de dano ou despesas decorrentes da
pesquisa quanto à transporte, alimentação ou qualquer outra, o Sr.(a) será indenizado e/ou
ressarcido das suas despesas.
10. Forma de assistência: o pesquisador responsável acompanhará a realização de todas as
etapas da pesquisa e prestará assistência caso ocorra qualquer tipo de acidente ou desconforto
durante a realização da pesquisa. Caso necessário, este providenciará a imediata remoção para
atendimento médico de emergência do SUS.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para
participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem: Confiro que
recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a
divulgação dos dados obtidos neste estudo.
Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.
91
Consentimento Livre e Esclarecido
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto
meu consentimento em participar da pesquisa.
_______________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
_______________________________________
Juçara Barroso Leal
(Pesquisadora Responsável)
_______________________________________
Ricardo Argenton Ramos
(Orientador)
Pesquisador: JUÇARA BARROSO LEAL (89) 999300403
Orientador: RICARDO ARGENTON RAMOS
Co-orientador: FABRÍCIO CIESLAK
Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa: Professor Alvaro Rego Millen Neto
Vice-Coordenadora: Deuzilane Muniz Nunes
Telefone do Comitê: 87 2101-6896
E-mail cedep@univasf.edu.br
92
APÊNDICE B - FORMULÁRIO SOCIOECONÔMICO E DE CONDIÇÕES DE
SAÚDE
IDADE: _________ SEXO: _______________ ESTADO CIVIL: ________________
QUANTAS PESSOAS MORAM NA SUA CASA? _____________________________
CONDIÇÕES DE MORADIA
1-Sua casa é?
( ) própria ( ) alugada ( ) cedida ( ) doada ou herdada
( ) outro
tipo________________________________________
2-Quantos filhos você tem?
( ) Nenhum
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais
3-Quantas pessoas na sua casa trabalham com a produção da castanha de caju?
( ) Nenhum
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais
Quem? ____________________________
ESCOLARIDADE
4- Escolaridade
( ) Ensino Fundamental Incompleto (1º grau)
( ) Ensino Fundamental Completo (1º grau)
( ) Ensino Médio Incompleto (2º grau)
( ) Ensino Médio Completo (2º grau)
( ) Analfabeto
Legenda:
Ensino fundamental 1º ao 9º ano
Ensino médio 1ª a 3ª série
CONDIÇÕES DE TRABALHO
5-Tempo de serviço na atividade
( ) menos de 1 ano
( ) de 1 ano a 5 anos
( ) de 5 anos a 10 anos
( ) mais de 10 anos
6-Trabalha quantos dias na semana na atividade:
( ) 1 dia ( ) 4 dias
( ) 2 dias ( ) 5 dias
( ) 3 dias ( ) 6 dias
7-Quantas horas de trabalho na extração da castanha (por dia):
( ) menos de 1 hora ( ) 4 a 6 horas
( ) 1 a 2 horas ( ) 6 a 8 horas
( ) 2 a 4 horas ( ) mais de 8 horas
RENDA
8-Renda familiar
( ) não tenho renda
( ) menos de 1 salário (menos de R$ 880,00)
( ) de 1 a 2 salários (R$ 880,00 a R$ 1760,00)
( ) mais de 2 salários (mais de R$ 1760,00)
9-Você recebe algum beneficiamento por
programa social do governo:
( ) não
( ) sim. Qual? __________________
HÁBITOS DE VIDA
10-Você fuma?
( ) não
( ) sim
11-Você consome bebidas alcoólicas?
( ) não
( ) sim
12- Pratica alguma atividade física?
( ) não
( ) sim. Qual? _______________________
93
CONDIÇÕES DE SAÚDE
13-Faz uso de alguma medicação?
( ) não
( ) sim. Qual? _______________________
14- Tem alguma doença?
( ) não
( ) sim. Qual? ____________________
15- Considerando sua condição de saúde, como
você avalia seu estado físico?
( ) Ótimo ( ) Ruim
( ) Bom ( ) Péssimo
( ) Razoável
16- Considerando sua condição de saúde, como
você avalia seu estado emocional?
( ) Ótimo ( ) Ruim
( ) Bom ( ) Péssimo
( ) Razoável
17- Considerando sua condição de saúde, como você avalia seu nível de estado mental?
( ) Ótimo ( ) Ruim
( ) Bom ( ) Péssimo
( ) Razoável
CONDIÇÕES PSICOSSOCIAS DE TRABALHO
18- Você está satisfeito com o que você ganha?
( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos
19- Como é o seu relacionamento com seus
colegas de trabalho?
( ) Ótimo ( ) Ruim
( ) Bom ( ) Péssimo
( ) Razoável
20-As condições ambientais do seu local de trabalho são satisfatórias?
Temperatura ( ) Sim ( ) Não
Espaço ( ) Sim ( ) Não
Instrumentos para a quebra da castanha ( ) Sim ( ) Não
Higiene ( ) Sim ( ) Não
Instalações sanitárias ( ) Sim ( ) Não
21-O que mais te incomoda na execução do seu trabalho? (relacionamento com os colegas, postura
de trabalho, instrumentos de trabalho, temperatura, remuneração, etc.)
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APÊNDICE C - FORMULÁRIO DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS
IDADE: ______________________ SEXO: _______________________
PESO
ALTURA
IMC
CC
CQ
RCQ
95
ANEXOS
96
ANEXO 01 - QUESTIONÁRIO NÓRDICO DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
Por favor, responda a cada questão assinalando um “x” na caixa apropriada.
Marque apenas um “x” em cada questão.
Não deixe nenhuma questão em branco, mesmo se você não tiver nenhum problema em nenhuma parte do corpo.
Para responder, considere as regiões do corpo conforme ilustra a figura abaixo.
Pescoço
Ombros
Região Dorsal
Cotovelos
Antebraço
Região Lombar
Punhos/Mão/Dedos
Quadris e Coxas
Joelhos
Tornozelos/Pés
97
Considerando os últimos 12 meses, você tem tido algum problema (tal como dor, desconforto ou dormência) nas seguintes regiões:
Você tem tido algum problema nos últimos 7 dias, nas seguintes regiões:
Durante os últimos 12 meses você teve que evitar suas atividades normais (trabalho, serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões:
1. Pescoço? Não Sim
2. Pescoço? Não Sim
3. Pescoço? Não Sim
4. Ombros? Não Sim, no ombro direito no ombro esquerdo em ambos
5. Ombros? Não Sim, no ombro direito no ombro esquerdo em ambos
6. Ombros? Não Sim, no ombro direito no ombro esquerdo em ambos
7. Cotovelo?
Não Sim, no cotovelo direito no cotovelo esquerdo em ambos
8. Cotovelo?
Não Sim, no cotovelo direito no cotovelo esquerdo em ambos
9. Cotovelo?
Não Sim, no cotovelo direito no cotovelo esquerdo em ambos
10. Antebraço?
Não Sim, no antebraço direito no antebraço esquerdo em ambos
11. Antebraço?
Não Sim, no antebraço direito no antebraço esquerdo em ambos
12. Antebraço?
Não Sim, no antebraço direito no antebraço esquerdo em ambos
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Considerando os últimos 12 meses, você tem tido algum problema (tal como dor, desconforto ou dormência) nas seguintes regiões:
Você tem tido algum problema nos últimos 7 dias, nas seguintes regiões:
Durante os últimos 12 meses você teve que evitar suas atividades normais (trabalho, serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões:
13. Punhos/Mãos/ Dedos? Não Sim, no punho/mão/dedos direito no punho/mão/dedos esquerdo em ambos
14. Punhos/Mãos/ Dedos? Não Sim, no punho/mão/dedos direito no punho/mão/dedos esquerdo em ambos
15. Punhos/Mãos/ Dedos? Não Sim, no punho/mão/dedos direito no punho/mão/dedos esquerdo em ambos
16. Região Dorsal?
Não Sim
17. Região Dorsal?
Não Sim
18. Região Dorsal?
Não Sim
19. Região Lombar?
Não Sim
20. Região Lombar?
Não Sim
21. Região Lombar?
Não Sim
22. Quadris e/ou coxas?
Não Sim
23. Quadris e/ou coxas?
Não Sim
24. Quadris e/ou coxas?
Não Sim
25. Joelhos?
Não Sim
26. Joelhos?
Não Sim
27. Joelhos?
Não Sim
28. Tornozelo e/ou pés?
Não Sim
29. Tornozelo e/ou pés?
Não Sim
30. Tornozelo e/ou pés?
Não Sim
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