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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CIENCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS PPGCSB JUÇARA BARROSO LEAL DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE CASTANHA DE CAJU DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI PETROLINA/PE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

CIENCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS – PPGCSB

JUÇARA BARROSO LEAL

DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES

ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE

CASTANHA DE CAJU DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI

PETROLINA/PE

2017

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JUÇARA BARROSO LEAL

DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES

ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE

CASTANHA DE CAJU DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Petrolina, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências, com ênfase na linha de pesquisa Saúde, Sociedade e Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Argenton Ramos. Co-orientador: Prof. Dr. Fabrício Cieslak. Co-orientador externo: Prof. Dr. Brauliro Golçalves Leal.

PETROLINA/PE

2017

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da UNIVASF.

Bibliotecário: Fabio Oliveira Lima CRB-4/2097.

Leal, Juçara Barroso.

L435d Distúrbios musculoesqueléticos e condições ergonômicas de trabalho dos produtores de castanha de caju do povoado Mirolândia em Picos-PI/ Juçara Barroso Leal. - - Petrolina, 2017. xv, 99 f.; 29 cm.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde e Biológicas) -

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina, Petrolina-PE, 2017.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Argenton Ramos. Coorientador: Prof. Dr. Fabrício Cieslak. 1.Saúde do trabalhador. 2. Ambiente de trabalho. 3. Postura. 4. Distúrbios musculoesqueléticos. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.

CDD 613.62

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E

BIOLÓGICAS – PPGCSB

FOLHA DE APROVAÇÃO

JUÇARA BARROSO LEAL

DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES

ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE

CASTANHA DE CAJU DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências, pela Universidade Federal do Vale do São Francisco.

Aprovada em: ______ de ______________ de ________

Banca examinadora

____________________________________

Prof. Dr. Ricardo Argenton Ramos – UNIVASF

____________________________________

Prof. Dr. José Fernando Vila Nova de Morais – UNIVASF

___________________________________

Profª. Dra. Patricia Avello Nicola - UNIVASF

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Dedico este trabalho ao meu pai Antônio

Barroso (in memorian), que tanto trabalhou

para garantir aos filhos um estudo de

qualidade. Maior herança não poderia ter

nos deixado do que a vontade de sempre

aprender mais.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, agradeço à Deus o dom da vida e a graça da sabedoria.

À minha mãe, Maria Helena, meu consolo e acalento principalmente nos momentos

mais difíceis.

À minha irmã Juliane, companheira fiel nos estudos e na vida, e aos meus irmãos

Joaline e Juscelino, pelo exemplo sincero de amor e apoio em todas as minhas

(in)decisões.

Aos meus sobrinhos amados, Héctor, Andressa e Davi, que são a plenitude do amor

e harmonia da nossa família.

À minha prima-irmã Maria de Fátima, pela compreensão nos momentos de ausência,

pelo companheirismo diário e por sempre estar pronta para nos ajudar na correria

entre estudo, tarefas domésticas e trabalho.

À minha prima Lívia Barroso, minha inspiração de determinação nos estudos e na

vida. Obrigada pelo incentivo, torcida e estímulo.

À minha grande amiga Ivone, pelo apoio e incentivo, e principalmente por estar

sempre perto quando mais precisei.

À minha equipe de pesquisa: Maralina, David, Yan, Daísa, Glória, Naura e Acyllon

pela grande ajuda e colaboração para finalização deste estudo. Ontem colegas e

alunos, hoje meus amigos. Agradecerei sempre pelo excelente empenho e dedicação

que deram a esta pesquisa.

Ao meu Orientador, Prof. Ricardo Argenton Ramos, que me acolheu em um

momento de incertezas, que abraçou a minha pesquisa, e principalmente mudou a

minha concepção do que é ser professor e orientador.

Ao meu Co-orientador Prof. Brauliro, por toda contribuição estatística e pelo

conhecimento compartilhado.

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Aos meus amigos de mestrado, que me acolheram com tanto cuidado. Muito

obrigada por sempre se preocuparem com nossa segurança e pelo diversificado

conhecimento compartilhado durante estes dois anos.

À amiga Jane, amiga especial que o mestrado me deu, obrigada por ter me acolhido

no seu lar e por ter sempre se preocupado comigo e minha irmã nestes longos trajetos

percorridos.

À Faculdade R Sá, pelo apoio e incentivo à qualificação dos professores.

Aos participantes desta pesquisa, que confiaram na minha equipe e se dispuseram a

colaborar com a mesma.

Aos amigos e familiares, que compreenderam minhas ausências e que direta ou

indiretamente contribuíram para a concretização deste sonho.

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“Julgue seu sucesso pelas coisas você que

teve que renunciar para conseguir”.

Dalai Lama

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RESUMO

No ambiente rural, os trabalhadores estão expostos a situações de trabalho excessivo, repetitivo e em posturas desconfortáveis que sobrecarregam grandes músculos e configuram risco para o desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos. Estes, distúrbios musculoesqueléticos, estão entre as doenças crônicas não-transmissíveis mais comuns, sendo a principal causa de gastos advindos de recursos sociais e de saúde constituindo assim um problema comum em diversas ocupações. Esta situação de trabalho foi observada entre os produtores de castanha de caju. Portanto, esta pesquisa buscou analisar a relação existente entre a presença de distúrbios musculoesqueléticos e as condições ergonômicas de trabalho a que esses produtores estão expostos durante suas atividades de trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, explicativa, transversal com criação de amostragem caso-controle, através da observação direta in loco, desenvolvida no povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI, no período de março a junho de 2017. A pesquisa teve a participação de 240 trabalhadores, sendo 120 produtores de castanha de caju no grupo caso e 120 agricultores no grupo controle. Utilizou-se um Formulário de dados socioeconômicos e de condições de trabalho, um formulário de medidas antropométricas e um Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. O grupo caso foi avaliado ainda pela ferramenta RULA para quantificação dos riscos da postura de trabalho. Os resultados desta pesquisa revelam que a produção artesanal de castanha de caju trata-se de uma fonte de renda para pequenos agricultores de estratos econômicos mais baixos e com baixos níveis de escolaridade. Estes apresentam elevada prevalência de doenças crônicas não degenerativas, como a hipertensão e o diabetes, doenças respiratórias e alérgicas, quadros de sobrepeso e obesidade, e uma proporção elevada de inatividade física. No geral, identificou-se alta prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em diferentes partes do corpo. No grupo caso os sintomas apareceram especialmente na região lombar (66,7%), na região dorsal (55,8%), no pescoço (38,3%) e em punhos, mãos e dedos (30,8%), enquanto no grupo controle, os sintomas apareceram respectivamente 21,7%, 15,8%, 17,5% e 5,8%. Os trabalhadores durante a produção de castanha de caju apresentam altos riscos físicos das posturas de trabalho de acordo com o método RULA. Todas as posturas apresentaram estreita relação com o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos, principalmente na região lombar (OR 10,27). O risco para a região lombar aumentou significativamente para o grupo caso (OR 6,92) e para os indivíduos com mais de 10 anos de trabalho (OR 3,88) aumentou o risco para distúrbios na região dorsal. Com base nos achados, observa-se que os trabalhadores envolvidos na produção artesanal de castanha de caju no povoado Mirolândia na cidade de Picos(PI) estão expostos a vários fatores de risco ergonômico que propiciam o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos em várias regiões corporais.

Palavras-chave: Saúde do trabalhador. Ambiente de trabalho. Postura.

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ABSTRACT

In the rural environment, workers are exposed to situations of excessive, repetitive work and uncomfortable positions that overwhelm the musculature thus, starting a risk for the development of musculoskeletal disorders. These, musculoskeletal disorders, are the most common chronic non-transmissible diseases being the main cause of expenses from social and health resources, thus being a widespread problem in various occupations. This work situation was observed among the producers of cashew nuts. Therefore, this research required to analyze the relationship between the presence of musculoskeletal disorders and the ergonomic working conditions to which these producers are exposed during their work activities. This is a qualitative and quantitative, explanatory, cross-sectional study with the creation of a case-control sampling, through direct observation in loco, developed at the thorp of Mirolândia in the city of Picos-PI, from March to June 2017. The research had the participation of 240 workers, divided by 120 producers of cashew nuts in the case group and by 120 farmers in the control group. A socioeconomic and work conditions data form, an anthropometric form and a Nordic Osteomuscular Symptom Questionnaire were used. The case group was also evaluated by the RULA tool to quantify the risks of the work posture. The results of this survey reveal which of handmade production the chestnut-of-cashew it is an income source for small farmers with lower economic extracts and with low levels of schooling. These one has a high prevalence of chronic non-degenerative diseases, such as: hypertension and diabetes, respiratory allergic diseases, overweight and obesity, and a high proportion of physical inactivity. Commonly, a high prevalence of musculoskeletal disorders was identified in distinct parts of the body. In the case group the symptoms appeared especially in the lower back (66,7%),in the dorsal region (55,8%), in the neck (38,3%) and in fists, hands and fingers (30,8%), while in the control group, the symptoms appeared respectively 21,7%, 15,8%, 17,5% e 5,8%. The workers during the production of chestnut-of-cashew presented high physical risks of working positions according to the RULA method. All postures were closely related to the onset of musculoskeletal disorders, mainly in the lumbar region (OR 10.27).The risk for the lumbar region increased significantly for the case group (OR 6.92) and for individuals with more than 10 years of work (OR 3.88) increased the risk for disorders in the dorsal region. Based on this finding, is observed the workers involved chestnut-of-cashew handmade production at the thorp of Mirolândia from the city of Picos (PI) are exposed a range of factors ergonomic risk that lead to the onset of musculoskeletal disorders in distinct body regions. Keywords: Worker's health. Work environment. Posture.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Município de Picos. .................................................................................. 33

Figura 02 – Fluxograma de seleção de amostra. ....................................................... 36

Figura 03 – Fluxograma de coleta de dados. ............................................................. 38

Figura 04 – Ferramenta RULA. .................................................................................. 42

Figura 05 – Forno artesanal de torrefação da castanha de caju. ............................... 46

Figura 06 – Óleo cáustico liberado com a queima da castanha. ................................ 46

Figura 07 – Instrumento para quebra da castanha. .................................................... 47

Figura 08 – Posturas de trabalho durante a quebra da castanha de caju. ................ 48

Figura 09 – Postura de trabalho durante a despeliculagem da castanha. ................. 48

Figura 10 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 7 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia.. .................. 68

Figura 11 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 6 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia. ................... 69

Figura 12 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 5 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia ................... 70

Figura 13 – Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 4 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia ................... 70

Figura 14 - Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 3 pela ferramenta RULA através do software Ergolândia. ................... 71

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Análise descritiva das variáveis socioeconômicas e demográficas em

números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos (caso e controle). 50

Tabela 02 - Análise descritiva das variáveis hábitos de vida e condições de trabalho

dos sujeitos com Distúrbio Musculoesquelético em números absolutos e porcentagens

nos seus respectivos grupos.. ..................................................................................... 53

Tabela 03 - Características antropométricas dos sujeitos (média ± desvio padrão). 59

Tabela 04 - Prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre grupo caso (n=120)

e grupo controle (n=120) por região corporal ............................................................. 62

Tabela 05 - Prevalência de queixas musculoesqueléticos por sexo entre grupo caso

(n=120) e grupo controle (n=120). .............................................................................. 66

Tabela 06 - Análise de regressão logística da pontuação RULA por regiões com DME

(n=120). ....................................................................................................................... 72

Tabela 07 - Resultados da análise de regressão logística analisando os efeitos das

características de demográficas e ocupacionais sobre as DME nos últimos 12 meses

por regiões corporais, (n=120). ................................................................................... 75

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia

AET Análise Ergonômica do Trabalho

Art. Artigo

CC Circunferência da Cintura

CEREST Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

GCA Grupo Caso

GCO Grupo Controle

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

COCAJUPI Central de Cooperativas dos Cajucultores do Estado do Piauí

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do

Parnaíba

COFFITO Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

CQ Circunferência do Quadril

DME Distúrbios Musculoesqueléticos

DORT Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMG Eletromiografia de Superfície

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC Índice de Massa Corpórea

LER Lesão por Esforço Repetitivo

NR Norma Regulamentadora

OD Odds Ratio

OIT Organização Internacional do Trabalho

QNSO Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares

RCQ Relação Cintura Quadril

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RENAST Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

RULA Rapid Ubber Limb Arm

SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

ST Saúde do Trabalhador

SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

SUS Sistema Único de Saúde

UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco

WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16

2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 19 2.1 OBJETIVO GERAL: .......................................................................................... 19 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ........................................................................... 19

3 HIPÓTESE ........................................................................................................ 19

4 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 20 4.1 TRABALHO RURAL ......................................................................................... 20 4.2 AS ATIVIDADES MANUAIS NA AGRICULTURA ............................................ 21 4.3 SAÚDE DO TRABALHADOR ........................................................................... 22

4.3.1 Regulamentação ............................................................................................. 22 4.3.2 Interdisciplinaridade e Saúde do trabalhador (ST) ..................................... 24 4.4 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO ................................................. 25

4.4.1 Ergonomia ....................................................................................................... 25 4.5 DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME) ......................................... 26

4.5.1 Caracterização ................................................................................................ 26

4.5.2 Etiologia ........................................................................................................... 27

4.5.3 Avaliação ......................................................................................................... 28 4.6 A CAJUCULTURA NA MACRORREGIÃO DE PICOS-PI. ............................. 31

5 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 34 5.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................. 34 5.2 LOCAL DA PESQUISA .................................................................................... 34 5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................. 34

5.3.1 Critérios de Inclusão: ..................................................................................... 35

5.3.2 Critérios de Exclusão: .................................................................................... 36 5.4 CRITÉRIOS ÉTICOS EM PESQUISA .............................................................. 36 5.5 PESQUISADORES E MONITORES DE PESQUISA ...................................... 37 5.6 COLETA DE DADOS ....................................................................................... 37

5.6.1 Grupo Controle ............................................................................................... 39

5.6.2 Instrumentos da Pesquisa ............................................................................. 39 5.7 Análise dos dados .......................................................................................... 42

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 45 6.1 ETAPAS DO PROCESSAMENTO MANUAL DA CASTANHA DE CAJU NO POVOADO MIROLÂNDIA. .......................................................................................... 45 6.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO, ANTROPOMÉTRICO, HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES DE TRABALHO .................................................................................... 49

6.2.1 Perfil Socioeconômico por Grupo ................................................................ 49 6.2.2 Hábitos De Vida, Condições de Trabalho e Perfil Antropométrico por Grupo.........................................................................................................................52 6.2.3 Perfil Antropométrico ..................................................................................... 58 6.3 PREVALÊNCIA DE DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME) E ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO OCUPACIONAIS.................................. 61

6.3.1 Prevalência de DME por Região Corporal ................................................... 61

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6.3.2. Avaliação da Postura de Trabalho e Relação com as DME ....................... 66

7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 78

APENDICES......... ...................................................................................................... 88 APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

APÊNDICE B - FORMULÁRIO SOCIOECONÔMICO E DE CONDIÇÕES DE

SAÚDE

APÊNDICE C - FORMULÁRIO DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS

ANEXOS ...................................................................................................................95 ANEXO 01 - QUESTIONÁRIO NÓRDICO DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES

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1 INTRODUÇÃO

A evolução tecnológica trouxe melhorias para muitos setores de trabalho. No

entanto, ainda existem muitas atividades que dependem do esforço físico do homem

mesmo em sistemas de fabricação modernos e complexos (VIGNAIS et al., 2013). No

ambiente rural, os trabalhadores estão submetidos a fatores condicionantes à sua

saúde, que muitas vezes estão relacionados ao processo produtivo e tecnológico

(equipamentos e máquinas rudimentares), à rotina de trabalho com longos períodos

extenuantes de esforço físico e à exposição de fatores de risco físicos, químicos,

biológicos, mecânicos e ergonômicos (MOREIRA et al., 2015; SINGH;

CHOKHANDRE, 2015).

Dentre as atividades rurais rudimentares estão a colheita do caju e o

descascamento da sua castanha. No ato da colheita do fruto, geralmente os homens

sobem nas árvores para a coleta, as mulheres apanham os frutos caídos no chão e

os filhos fazem o descascamento. Assim, aposição de flexão anterior do tronco, de

forma repetitiva, para o recolhimento do caju no chão, pode levar a altas incidências

de lombalgia (ALBIERTO et al., 2015). Além disso, a manutenção de uma postura,

muitas vezes de acocoramento para o processo de descascamento da castanha, pode

ocasionar queixas dolorosas (KWON et al., 2015).

Situações de trabalho excessivo, repetitivo e em posturas desconfortáveis

sobrecarregando grandes músculos, configuram risco para o desenvolvimento de

distúrbios musculoesqueléticos (DAHLQVIST; HANSSON; FORSMAN, 2016;

FALCÃO et al., 2015). Estes distúrbios musculoesqueléticos (DME) estão entre as

doenças crônicas não-transmissíveis mais comuns, sendo a principal causa de gastos

advindos de recursos sociais e de saúde (BRANCO et al., 2016). Consequentemente,

os DME afetam cada vez mais a população brasileira de trabalhadores e apesar de

não serem exclusivamente determinadas pelas condições de trabalho, constituem um

problema comum em diversas ocupações (FALCÃO et al., 2015; ONETY et al., 2014).

Apesar deste cenário, verifica-se ainda que existe uma carência de evidências

que abordaram a avaliação das condições ergonômicas e de saúde no ambiente de

trabalho rural (ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015; CECCATO et al., 2014; FALCÃO

et al., 2015; MOREIRA, et al., 2015; PENICHE, 2014; VILELA et al., 2015; VILELA et

al., 2014). Desse modo, a definição do objeto deste estudo gera questionamentos na

tentativa de desvendar a dinâmica que envolve o trabalhador e seu posto de trabalho,

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dando destaque à harmonia dos diversos fatores que o influenciam e nos

determinantes das condições de saúde neste setor.

No Brasil, uma das áreas do trabalho rural com poucos relatos científicos é a

da cultura do caju (cajucultura). Apesar de alguns trabalhos como o de Borah (2015a),

desenvolvido na Índia, que trata das condições dos trabalhadores na cajucultura e os

trabalhos De Oliveira Galvão et al. (DE OLIVEIRA GALVÃO et al., 2014; DE OLIVEIRA

GALVÃO et al., 2017), no Brasil, sobre o impacto na torrefação da castanha do caju,

a maioria das pesquisas envolvem principalmente o setor canavieiro e o trabalho rural

(CECCATO et al., 2014; VILELA et al., 2015; VILELA et al., 2014). Assim, as

pesquisas não tratam das especificidades dos trabalhadores da cultura do caju que

podem levar aos distúrbios musculoesqueléticos.

Na região do Semiárido Nordestino, o cultivo do caju ganha destaque pelo seu

período de safra que coincide com a entressafra das demais culturas como a do milho,

feijão e algodão (ALBIERO et al., 2015; DE FIGUEIRÊDO et al., 2016; DE OLIVEIRA

GALVÃO et al., 2014). A região de Picos-PI, território do Vale do Guaríbas, pelo clima

seco e as condições de solo, é um território benéfico ao cultivo do caju e extração dos

seus derivados, o que faz da sua macrorregião o maior produtor do estado do Piauí.

Assim, a referida cidade, fundamentada nos princípios do Cooperativismo e

Associativismo, tem a cajucultura e a apicultura como fonte de renda para muitas

famílias (BARROS, 2011; SILVA, 2011).

Considerando a complexidade e a relevância deste tema, esta pesquisa

pretende analisar as condições de saúde ocupacional e ergonômicas dos produtores

de castanha de caju no povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI. Assim, surgiram

os seguintes questionamentos: qual a prevalência de sintomas musculoesqueléticos

que podem estar presentes em produtores de castanha de caju que realizam a

extração manual desta castanha? Estes sintomas teriam alguma relação com a

postura de trabalho adotada pelo trabalhador durante o processo de trabalho?

Baseado nestes questionamentos, a resposta a eles através desta pesquisa

pode contribuir para melhorias nos serviços de saúde local, prevenindo e minimizando

fatores de risco para agravos à saúde destes trabalhadores mediante implantação de

políticas de prevenção e recuperação. Esta pesquisa ainda contribuirá para as

categorias profissionais envolvidas nessa área em expansão como engenheiros de

produção, médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho, fisioterapeutas, educadores

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físicos e os demais profissionais da saúde pública, fornecendo subsídios teóricos e

práticos para melhorias em promoção de saúde e prevenção de acidentes.

Consequentemente será possível identificar a dinâmica que envolve o trabalhador e

seu posto de trabalho, destacando os aspectos de interdisciplinaridade ao se

compreender o trabalhador com um indivíduo inserido em um contexto social.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL:

Analisar a relação existente entre a presença de distúrbios

musculoesqueléticos e as condições ergonômicas de trabalho a que os produtores de

castanha de caju do povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI estão expostos

durante suas atividades de trabalho.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Descrever o processo de produção e extração da castanha de caju;

Realizar um levantamento da situação socioeconômica dos trabalhadores

envolvidos na produção da castanha de caju;

Classificar o perfil antropométrico dos trabalhadores;

Identificar a prevalência de sintomas musculoesqueléticos através do

Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO);

Relacionar através da ferramenta RULA as principais posturas adotadas nos

postos de trabalho e as regiões corporais de maior sobrecarga;

Avaliar a associação existente entre os sintomas musculoesquelético, as

características de trabalho e os riscos físicos das posturas de trabalho;

Comparar a prevalência dos sintomas musculoesqueléticos entre os gêneros.

3 HIPÓTESE

H1: As condições ergonômicas de trabalho condicionam o surgimento de

distúrbios musculoesqueléticos nos produtores de castanha de caju do povoado

Mirolândia em Picos-PI.

H0: As condições ergonômicas de trabalho não condicionam o surgimento de

distúrbios musculoesqueléticos nos produtores de castanha de caju do povoado

Mirolândia em Picos-PI.

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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 TRABALHO RURAL

A Convenção nº 141 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera

como trabalhador rural, todas as pessoas que prestam serviços ou tenham ocupação

em regiões rurais, incluindo as tarefas campesinas, artesanais, agrícolas pastoris e

pecuárias, incluindo ainda os assalariados e/ou aqueles que exploram a atividade rural

por conta própria. Em seu artigo 2º destaca ainda o trabalhador rural como sendo a

pessoa física que lida com atividades de natureza agrícola, retirando dali o seu

sustento (NEVES; DE LIMA, 2016).

Este trabalhador é amparado pela Lei nº 5.889/73, que regula os direitos do

trabalhador rural equivalendo ao trabalhador urbano. Ele passa a ter seus direitos

ampliados na Constituição Federal 1988, ficando os direitos dos trabalhadores rurais

totalmente equiparados aos direitos do trabalhador urbano (CASSAR, 2011).

De acordo com Moreira et al. (2015), a população residente no ambiente rural

apresenta características diferenciadas em relação à população urbana, tais como:

difícil acesso dos seus moradores aos serviços sociais, aos de saúde, comércio e

educação, assim como aos profissionais de saúde que atuam nessa área. Estes

trabalhadores agrícolas, os agricultores, podem sofrer doenças relacionadas à intensa

atividade física no trabalho, à exposição a substâncias tóxicas e a falta de acesso aos

serviços de saúde especializados. Porém têm a vantagem de menor exposição à

poluição atmosférica das cidades e aos estresses do ambiente urbano.

Os agricultores experimentam condições climáticas de alta ou baixa umidade e

radiação solar (KWON et al., 2015). Por isso a agricultura é considerada uma indústria

perigosa em todo o mundo. Os agricultores são expostos a condições climáticas

extremas e acidentes de máquinas resultantes da mecanização agrícola.

No ambiente rural o agricultor não executa a mesma tarefa todos os dias e

geralmente o lar e o local de trabalho são os mesmos. Situação essa que deixa esses

trabalhadores propensos a riscos de acidentes. Radoll (2012) descreve fatores podem

influenciar riscos de acidente:

“a) Fatores ambientais: podemos relacionar, entre outras, as condições climáticas, onde o trabalhador muitas vezes tem que completar uma tarefa independentemente das condições atmosféricas. O ruído, calor, vibração

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também são fatores que podemos considerar como ambientais. b) Fatores pessoais: como a nossa agricultura tem uma base familiar forte, é comum encontrarmos trabalhadores adolescentes com menos de 16 anos e até crianças em atividades insalubres e muitos idosos, sem condições físicas adequadas, resultando em resposta lenta quando enfrentam situações de risco.c) Fatores relacionados à própria atividade: geralmente encontramos trabalhadores com jornadas muito superiores a 50 horas semanais, como rotina, expondo os mesmos ao sono e ao cansaço.Os acidentes de trabalho são influenciados também por fatores relacionados à situação imediata de trabalho, como as condições do maquinário, pela organização e relações do trabalho” (RADOLL, 2012).

4.2 AS ATIVIDADES MANUAIS NA AGRICULTURA

Apesar da mecanização da agricultura, o trabalho agrícola envolve práticas

intensivas de trabalho relacionadas a inúmeros fatores de risco para o

desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos e de acidentes de trabalho. Estes

trabalhadores sofrem devido às duras condições de trabalho, aos esforços excessivos

e à carga física de trabalho extenuante (CALLEA et al., 2014; DAHLQVIST;

HANSSON; FORSMAN, 2016; JO et al., 2016). Geralmente as atividades são de

cunho familiar, desenvolvidas ao ar livre, sob condições ambientais incontroláveis,

dispondo de uma variedade de ferramentas, utensílios e técnicas (ABRAHÃO;

TERESO; GEMMA, 2015).

As tensões físicas na agricultura comprometem principalmente as mulheres e

são acentuadas com a idade e histórico de doenças crônicas (MOREIRA et al., 2015).

As atividades repetitivas manuais normalmente requerem baixo consumo de energia,

porém quando de forma cíclica e de curta duração, não permitem uma recuperação

dos órgãos musculoesqueléticos e, por conseguinte, essa atividade se torna

extenuante. Os trabalhos manuais ainda são necessários para a colheita e a roçada

de vegetais e frutas em várias regiões agrícolas (KWON et al., 2015).

Estes fatores físicos, ou seja, a repetição da postura e dos movimentos são

mais frequentemente associados a dores no pescoço e ombros decorrente da intensa

atividade de braços e mãos (NORDANDER et al., 2016). De acordo com JO et al.

(2016), os sintomas mais frequentes entre os agricultores afetam as mãos e os

antebraços, costas e quadris, e estes sintomas podem gerar incapacidades a longo

prazo e perda da produtividade.

No entanto, Osborne et al. (2012), realizaram uma revisão sistemática cujo

objetivo foi determinar a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre

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agricultores, e os autores identificaram uma maior prevalência de distúrbios

musculoesqueléticos na região lombar, seguido pelos membros superiores e

membros inferiores. Os autores explicam o fato em decorrência das atividades

rotineiras realizadas pelos trabalhadores rurais, incluindo levantar e carregar cargas

pesadas, posturas de tronco frequentemente flexionado e exposição à vibrações das

ferramentas manuais.

Pessoas com dores crônicas nas costas e pescoço têm força muscular

diminuída e fadiga crescente dos músculos lesionados (CALLEA et al., 2014). Por

conseguinte estes fatores podem levar a perda da produtividade, má qualidade de

vida, o aparecimento de outros problemas de saúde, estresse, depressão e em casos

mais graves, a acidentes de trabalho (OSBORNE et al., 2012).

4.3 SAÚDE DO TRABALHADOR

4.3.1 Regulamentação

Um passo importante para a expansão da ST, aconteceu em 1977 quando

Ministério do Trabalho através da Portaria de n° 3.214 aprovou o acréscimo do

capítulo V, título II, as Normas Regulamentadoras do Trabalho (NR). Atualmente há

36NRs. Algumas ganham destaque na avaliação do trabalho agrícola como a NR-5

(Comissão interna de prevenção de acidentes – CIPA) regulamenta os limites para

manuseio de cargas, a NR-9 regulariza Riscos Ambientais, a NR-15 trata das

Atividades e operações insalubres e a NR-17 regulamenta a ergonomia

estabelecendo parâmetros para adaptar as condições de trabalho às características

psicofisiológicas dos trabalhadores (BRASIL, 2015).

A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu Art.200 as atribuições do

Sistema Único de Saúde, as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como

as de saúde do trabalhador, com a colaboração na proteção ao meio ambiente, nele

compreendido o espaço de trabalho (BRASIL, 1988).

Com a consolidação da Lei Orgânica de Saúde em 1990 (Lei nº 8.080, de 19

de setembro de 1990) o conceito de saúde foi ampliado e incorporado o conceito de

Saúde do Trabalhador.

“Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e

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vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores” (BRASIL, 1990).

Neste contexto, foi atribuído ao SUS (Sistema Único de Saúde) algumas

responsabilidades, tais como: de coordenar as ações de prevenção, promoção e

assistência à saúde. No âmbito das ações de Saúde do Trabalhador (ST), o SUS

busca por meio das ações de vigilância tanto avaliar os riscos presentes nos

ambientes de trabalho como nas condições pelas quais este trabalho é realizado e

nos possíveis agravos à saúde. Já no campo da promoção e assistência à saúde o

SUS cuida da prestação da assistência aos trabalhadores, em compreender

procedimentos de diagnóstico e ainda no tratamento e reabilitação de forma integrada

nas redes de serviço do SUS (SILVA; FERRAZ; RODRIGUES-JUNIOR, 2016).

Com a publicação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da

Trabalhadora (PNST), o trabalho passa a ser considerado um dos determinantes do

processo saúde-doença.

“A Política Nacional de Saúde do Trabalhador tem como finalidade, definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observadas pelas três esferas de gestão do SUS, para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

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Foi criada ainda a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

(RENAST) para integrar a rede de serviços do SUS e estruturar os Centros de

Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) que atuariam como unidades

especializadas em serviços de saúde de média e alta complexidade em municípios-

sentinela, organizados num dado território, garantindo assim a atenção aos

trabalhadores em todos os níveis, de modo articulado com as vigilâncias sanitária,

epidemiológicas e ambientais (LEÃO; VASCONCELLOS, 2011; ROLOFF et al., 2016).

4.3.2 Interdisciplinaridade e Saúde do trabalhador (ST)

Todos os processos de regulamentação para construção do campo de ST

tornaram-se indispensáveis para garantir condições dignas nos processos de

trabalho. Este campo é constituído de conhecimentos, saberes e práticas

interdisciplinares, multiprofissionais, interinstitucionais e intersetoriais, que buscam

conhecer e intervir nas relações de trabalho e saúde-doença (DE CASTRO LACAZ,

2016; SANTOS DE SOUZA; SILVA DAS VIRGENS, 2013).

Roloff et al. (2016), destaca o Serviço Especializado em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). A Norma Regulamentadora 4, do

Ministério do Trabalho e Emprego, regulamenta que as empresas públicas e privadas

com empregados regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), devem ter

o SESMT, e seu dimensionamento depende da graduação dos risco da atividade

principal e do número de empregados. A equipe completa do SESMT é composta por

enfermeiro do trabalho, médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho,

técnico de enfermagem do trabalho e técnico de segurança do trabalho (BRASIL,

2014).

Roloff et al. (2016), relata ainda a importância da presença de profissionais de

outras áreas na atenção à saúde do trabalhador, como profissionais de meio

ambiente, qualidade, administração e assistência social. Assim, é possível tornar a

atenção à saúde do trabalhador cada vez mais qualificada e completa para o

entendimento de todos os fatores que a influenciam.

A resolução nº 259/03 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional (COFFITO), garante que o profissional Fisioterapeuta é qualificado e

legalmente habilitado para contribuir com suas ações de prevenção, promoção e

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restauração da saúde do trabalhador. Esta resolução ainda afirma que o fisioterapeuta

deverá planejar processos de implantação de programas destinados à educação em

saúde do trabalhador nos temas referentes a acidentes de trabalho e doença

funcional/ocupacional (BRASIL, 2014). Segue abaixo o Art. 1º da resolução.

“Art. 1º - São atribuições do Fisioterapeuta que presta assistência à saúde do trabalhador, independentemente do local em que atue: I – Promover ações profissionais, de alcance individual e/ou coletivo, preventivas a intercorrência de processos cinesiopatológicos; II – Prescrever a prática de procedimentos cinesiológicos compensatórios as atividades laborais e do cotidiano, sempre que diagnosticar sua necessidade; III – Identificar, avaliar e observar os fatores ambientais que possam constituir risco à saúde funcional do trabalhador, em qualquer fase do processo produtivo, alertando a empresa sobre sua existência e possíveis consequências; IV – Realizar a análise biomecânica da atividade produtiva do trabalhador, considerando as diferentes exigências das tarefas nos seus esforços estáticos e dinâmicos, avaliando os seguintes aspectos: a) No Esforço Dinâmico - frequência, duração, amplitude e torque (força) exigido. b) No Esforço Estático – postura exigida, estimativa de duração da atividade específica e sua frequência. V – Realizar, interpretar e elaborar laudos de exames biofotogramétricos, quando indicados para fins diagnósticos; VI – Analisar e qualificar as demandas observadas através de estudos ergonômicos aplicados, para assegurar a melhor interação entre o trabalhador e a sua atividade, considerando a capacidade humana e suas limitações, fundamentado na observação das condições biomecânicas, fisiológicas e cinesiológicas funcionais; VII – Elaborar relatório de análise ergonômica, estabelecer nexo causal para os distúrbios cinesiológicos funcionais e construir parecer técnico especializado em ergonomia” (BAÚ; KLEIN, 2009).”

4.4 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO

4.4.1 Ergonomia

A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO1) descreve ergonomia como

uma disciplina científica que estuda as interações entre o homem e outros elementos

ou sistemas (compreendido como ambiente de trabalho), e à aplicação de teorias,

princípios, dados e métodos para intervir nas atividades do trabalho, compreendendo

os aspectos físicos e cognitivos, sociais, organizacionais e ambientais.

Enquanto abordagem interdisciplinar, a ergonomia estuda as características do

trabalhador para depois projetar o posto de trabalho que ele consegue executar,

preservando sua saúde. Estuda assim a interação entre o homem e o trabalho, no

sistema homem-máquina-ambiente (IIDA, 2005). __________________________

1- http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia

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A Norma Regulamentadora 17 - NR17, estabelece “parâmetros que permitam

a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente” (BRASIL, 2015). Esta norma é norteadora à Análise

Ergonômica do Trabalho (AET), também chamada de Ergonomia de Atividade, que

tem como principais características a observação e a análise do trabalho executado

em condições reais. Portanto a NR17 é uma ferramenta imprescindível para

compreender o trabalho e transformá-lo (ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015;

FERREIRA, 2015).

A publicação da NR17 fundamentada nos princípios da AET incorporou à

legislação brasileira os conceitos de uma Organização do Trabalho, expandindo a

compreensão da Ergonomia como uma nova técnica a serviço de especialistas que

buscam uma ação pública em defesa do trabalho e da saúde dos trabalhadores

(JACKSON FILHO; ANTUNES LIMA, 2015). Portanto, a AET complementa a ação da

Ergonomia, buscando a observação do trabalhador no momento da execução de suas

atividades laborais, observando: as posturas corporais ou segmentos corporais

adotados em determinada situação, as comunicações entre os trabalhadores, os

produtos e/ou instrumentos que manipulam, os controles que fazem ou aos quais

estão submetidos, as relações de trabalho, além dos sintomas e sinais de uma

patologia já instalada. Essas observações devem ser feitas em diferentes momentos

da jornada de trabalho para detectar variações (ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015;

FERREIRA, 2015).

4.5 DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME)

4.5.1 Caracterização

A Instrução Normativa nº 98 de 2003 do Ministério da Previdência Social revê

a Norma Técnica aprovada em 1998, considerando simplificar, uniformizar e adequar

as atividades periciais sobre as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e as Doenças

Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT). Esta Instrução Normativa assim

expressa:

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“Entende-se LER/DORT como uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos, síndromes miofasciais, que podem ser identificadas ou não. Frequentemente são causa de incapacidade laboral temporária ou permanente. São resultado da combinação da sobrecarga das estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a falta de tempo para sua recuperação. A sobrecarga pode ocorrer seja pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, particularmente quando essas posições exigem esforço ou resistência das estruturas músculo-esqueléticas contra a gravidade” (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2003).

Osborne et al. (2012) conceituam os DME como um grupo de distúrbios que

afetam o sistema musculoesquelético incluindo nervos, tendões, músculos e discos

intervertebrais. Estes distúrbios afetam milhões de pessoas no mundo e são a causa

mais comum de dor grave a longo prazo e incapacidade física. No mesmo contexto e

quanto a heterogeneidade destes distúrbios, os autores Falcão et al. (2015),

descrevem que são de natureza inflamatória e degenerativas. Os autores afirmam que

os distúrbios musculoesqueléticos dependem de três fatores: os individuais, os físicos

e os psicológicos.

4.5.2 Etiologia

A literatura destaca que existe uma forte relação entre o ambiente de trabalho

e queixas de DME. Atividades de levantamento manual de cargas, flexão prolongada

de tronco e tarefas repetitivas por longos períodos aumentam significativamente a

incidência de indivíduos com DME (SINGH; CHOKHANDRE, 2015).

O impacto das DME nas atividades manuais é substancial e resulta em

incapacidades a longo prazo e queda da produtividade (KWON et al., 2015; KANG et

al., 2016). JO et al. (2016), relataram a grande propensão destes trabalhadores

desenvolverem artrite. Portanto, os distúrbios são comuns devido à carga de trabalho

extremamente intensiva e repetitiva. Neste contexto, os sintomas mais graves afetam

mãos e antebraços, costas e quadris.

São encontrados na literatura vários fatores que são descritos como potenciais

causas que levam ao desenvolvimento de DME (CHAKRABARTY et al., 2016; DAS,

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2014; FALCÃO et al., 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; OSBORNE, et al., 2012;

VAN et al., 2016). Dentre as principais causas estão: os movimentos repetitivos de

pulso, a manutenção da postura estática com a coluna vertebral curvada e a coluna

cervical flexionada (postura semelhante ao trabalho desenvolvido pelos quebradores

de castanha) com sintomas predominando nas costas, pescoço, ombros, punhos e

antebraços.

As origens dos sintomas estão relacionadas com os trabalhos fisicamente e

psicologicamente exigentes, condições socioeconômicas inferiores, estilo de vida

sedentário, a ausência de intervalos de descanso e a vibração provocada pelas

ferramentas utilizadas durante as atividades laborais (CHAKRABARTY et al., 2016;

DAS, 2014; FALCÃO et al., 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; OSBORNE, et al.,

2012; VAN et al., 2016). Os autores ainda destacam outros riscos: sexo, idade, etnia,

tabagismo e tempo de exposição ocupacional. Portanto, é imprescindível o

conhecimento de todos os fatores que podem levar ao desenvolvimento das DME no

posto de trabalho no qual o trabalhador está inserido, permitindo assim a prevenção

destes distúrbios e a minimização de complicações mais graves de saúde.

4.5.3 Avaliação

O diagnóstico dos DME é essencialmente clínico, devendo o profissional estar

bem atento aos detalhes. É imprescindível coletar uma anamnese detalhada e um

exame físico completo acompanhado de exames complementares que facilitem o

trabalho de toda a equipe interdisciplinar (BARBOSA, 2013). No entanto, uma

avaliação interdisciplinar se faz necessária visando especificar os fatores de risco

presentes no ambiente de trabalho e, por conseguinte, um trabalho interdisciplinar na

minimização dos mesmos e na prevenção de outros quadros de disfunções.

Van Eerd et al. (2016) relatam a pouca evidência científica em Saúde do

Trabalhador sobre as intervenções a serem feitas no ambiente de trabalho para a

redução dos DME. Existem diversos instrumentos descritos na literatura, cada um com

sua aplicabilidade e limitações. Dahlqvist, Hansson e Forsman (2016) destacam que

os métodos de observação são mais baratos, mais fáceis de serem aplicados,

portanto, são os mais utilizados na literatura. Porém, fornecem informações genéricas

e tendenciosas.

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Os autores ainda relatam alguns instrumentos técnicos de avaliação, como a

eletromiografia de superfície, a eletrogoniometria e o uso de acelerômetros. De acordo

com Nordander et al. (2016), estes instrumentos visam a obtenção de informações

quantitativas precisas, porém são mais demoradas, os equipamentos são caros,

exigem conhecimento técnico, sistemático e preciso, e nem sempre são adequados

para intervenções no ambiente de trabalho, por exemplo, no ambiente rural.

Eletromiografia de superfície (EMG)

Permite a medida direta quantitativa da exposição física, estabelece as

relações de exposição-resposta quantitativa entre o risco da carga física de trabalho

e a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos por região corporal (ONETY et al.,

2014). Assim, este método poderá ser utilizado para medir atividades manuais

intensas, como o trabalho feito por Nordander et al. (2016) nos músculos trapézio e

nos extensores de cotovelo para avaliar distúrbios em pescoço e ombro.

Keester e Sommerich (2017) realizaram a eletromiografia para avaliar a

atividade muscular em tatuadores. Eles colocaram 8 eletrodos distribuídos nos

músculos: extensores de dedos do braço esquerdo, flexores de dedos do braço direito,

deltóides, trapézios e paraespinhais. Por outro lado, os autores Onety et al. (2014)

utilizaram a eletromiografia para avaliação de DORTs em dentistas. Eles colocaram

12 canais nos músculos do lado dominante: grande dorsal, deltóides anterior e médio,

trapézio médio, bíceps braquial, tríceps braquial, braquioradial e abdutor do polegar.

Este método permite uma excelente análise direta dos grupos musculares mais

solicitados durante a atividade laboral, no entanto só pode ser realizado em laboratório

ou em ambiente controlado (ONETY et al., 2014).

Eletrogoniometria

O eletrogoniometro flexível biaxial trata-se de um goniômetro de precisão, para

medir a velocidade e a angulação de punho durante as atividades manuais e é

relativamente barato e portátil, comparado a outros tipos de medidores, como o EMG,

potenciômetros e acelerômetros (NORDANDER et al., 2016; FOLTRAN et al., 2017).

Também é um recurso que deve ser realizado em laboratório ou em ambiente

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controlado, o que limita sua utilização em ambientes externos como os postos de

trabalho rurais.

Acelerômetros

Os acelerômetros são dispositivos pequenos, leves e portáteis que gravam

movimentos e fornecem informações de frequência, duração e intensidade de

atividade física. Tem sido usado em pesquisa sobre atividades sedentárias e fornece

uma visão mais abrangente a avaliação dos movimentos corporais (BUTTE;

EKELUND; WESTERTERP, 2012; JACKSON; MATHIASSEN; LIV, 2016). Nordander

et al. (2016) ainda utilizaram na sua pesquisa o acelerômetro associado à EMG para

quantificar a amplitude de movimento e a velocidade angular de flexão da cabeça e

de elevação do braço. O acelerômetro foi colocado na testa e na região do antebraço.

Dahlqvist, Hansson e Forsman (2016) em seu estudo, validaram um modelo de

acelerômetro de baixo custo para medir os ângulos de inclinação e velocidade angular

para a medição precisa de posturas e movimentos durante o trabalho. Os autores

encontraram resultados relevantes comparáveis aos acelerômetros triaxiais validados

usados em pesquisas, porém relataram que os acelerômetros podem sofrer erros

metodológicos dependendo do nível de ruído, sendo assim ainda limitado à sua

aplicabilidade no ambiente controlado.

Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos (QNSO)

Este instrumento permite identificar a prevalência de sintomas

osteomusculares nas diversas regiões anatômicas e sua relação com a incapacidade

de realizar atividades de trabalho, domésticas e de lazer, assim considerando os

últimos 12 meses e os 7 dias anteriores à entrevista. Trata-se de um questionário auto-

referido, e com número limitado de respostas (DE VITTA et al., 2017; LEGAULT et al.,

2017). Os autores utilizaram o questionário nórdico associado a outros instrumentos

(inclusive as ferramentas de avaliação ergonômica) de avaliação da postura de

trabalho. Assim, os autores puderam fazer uma relação das posturas encontradas e

os seus riscos físicos.

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Complementando o ambiente de instrumentos utilizados para detectar as

causas dos distúrbios musculoesqueléticos, os autores Branco et al. (2016) destacam

a importância de avaliar também a Qualidade de Vida (QV) relacionada à saúde, a

função física, a ansiedade e depressão em trabalhadores. Reforçam assim a

necessidade da interdisciplinaridade para se encontrar as causas dos distúrbios

musculoesqueléticos, em que a depressão e a ansiedade podem estar relacionadas

ou mesmo serem a consequência desses distúrbios.

4.6 A CAJUCULTURA NA MACRORREGIÃO DE PICOS-PI.

O caju (Anacardium ocidentale) é uma fruta nativa das regiões tropicais e que

desenvolveu bem na região semiárida do Brasil, especificamente na região Nordeste,

em decorrência das escassas estações chuvosas e um longo período extremamente

seco. Consequentemente garantindo a renda de pequenos produtores num período

de entressafra de outras culturas características da região (DE OLIVEIRA GALVÃO et

al., 2014; RIBEIRO et al., 2007).

A cajucultura comercial foi implantada na região Nordeste em 1970 pela

SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e hoje é uma das

atividades agrícolas de maior importância socioeconômica nesta região,

especialmente para os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí (DE

FIGUEIRÊDO et al., 2016; SOUZA FILHO et al., 2010). Esses três estados são

responsáveis por cerca de 80% da produção nacional de castanha de caju e essa

produção é principalmente exportada para os Estados Unidos, Canadá e Europa

(BRASIL, 2016).

Inicialmente, o maior problema enfrentado pela cajucultura na região Nordeste

foi a baixa produtividade em decorrência da sazonalidade da castanha (fruto) e a maçã

de caju (pedúnculo) que é altamente perecível (DAS; ARORA, 2017). No ato das

colheitas, as árvores do caju comum são relativamente altas e por causa do seu

tamanho, o caju é coletado quando cai, geralmente ficando danificado. Assim retira-

se a castanha e a maçã do caju fica no chão como resíduo (DE FIGUEIRÊDO et al.,

2016).

Na década de 80, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

iniciou pesquisas para melhorar os rendimentos na cajucultura no Nordeste e resultou

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num programa de enxertia de mudas de cajueiras do tipo anã precoce, planta de porte

baixo, um tipo mais resistente a pragas e doenças. Como consequência das

pesquisas, foi proporcionando maiores rendimentos em decorrência ao seu tamanho,

além de facilitarem as práticas de manejo na colheita do caju e gerar o mínimo de

desperdício da sua maçã (BARROS et al., 2000).

No estado do Piauí, desde 2003, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento

dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) executa um Programa de Fortalecimento

da Cajucultura com o cadastramento e seleção de produtores, fornecimento de mudas

e estruturação agroindustrial com unidades de conservação e beneficiamento do caju.

Cerca de 1200 cajucultores foram beneficiados em 2014, especificamente na

macrorregião de Picos, onde se encontra a maior área plantada no estado (BRASIL,

2014).

O estado do Piauí localiza-se na região Nordeste, limita-se com os estados do

Ceará, Pernambuco, Bahia, Tocantins e Maranhão. Possuí 224 municípios e com a

área total de 251.611,934 km² (IBGE, 2010). A população estimada em 2016 é de

3.212.180 habitantes (IBGE, 2010), destes 527.697 em idade produtiva (20 a 59 anos)

residem na zona rural do estado (IBGE, 2010). O município de Picos (Figura 1), centro-

sul do estado do Piauí, tem uma população de 73.414 habitantes, destes, 15.170

residem na zona rural da cidade. Possui uma área territorial de 577.304 km² (IBGE,

2010).

O município recebe em média 15.000 a 20.000 pessoas diariamente,

considerada população flutuante. É considerada segundo maior entroncamento

rodoviário do Nordeste interligando as regiões Norte e Nordeste através das rodovias

BR 020, BR 316 e BR 407. Essas características tornam o município um potencial

mercado consumidor e distribuidor para o país e para o exterior.

Picos faz parte do chamado território do Vale do Guaribas, hoje

compreendendo uma área total de 22.822,40 Km² e um conjunto de 39 municípios.

Possui um clima quente e árido, com índices pluviométricos baixos e irregulares, o

que favoreceu o desenvolvimento de culturas adaptadas a estas situações climáticas,

como o caju, a mandioca, o feijão e o milho. Nesta região cultivam-se as duas

principais espécies de caju, o caju gigante e o caju anão precoce (BARROS, 2011).

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Figura 01 – Município de Picos-PI.

Fonte: o autor, 2017.

Neste cenário, o povoado Mirolândia, se destaca como um dos pontos locais

de comercialização e produção da castanha de caju. O povoado está localizado às

margens da BR 316, km 293 em Picos-PI. A economia local é agrícola destacando

culturas de subsistência como a da mandioca e do caju (BEZERRA, 2011). Assim,

uma cooperativa, COCAJUPI (Central de Cooperativas dos Cajucultores do estado do

Piauí), foi criada para alavancar o processo da produção e vendas dos produtos.

Entretanto, muitos produtores da região apresentam ainda resistência à

cooperativisação.

A COCAJUPI atualmente é formada por 09 (nove) cooperativas, abrangendo

485 famílias que se organizam em torno da central da cooperativa (SILVA, 2011). No

referido povoado os produtores de castanha de caju resolveram não cooperativisar,

deixando que a comercialização ocorra diretamente com o consumidor que passa nas

margens da BR 316 com o qual negocia diretamente, ou com os chamados

“atravessadores” que fazem papel de intermediários na facilitação e agilidade da

comercialização da castanha. Como consequência, o processo de intermediação é

mais rápido e absolutamente informal (MELLO, 2010; SOUZA FILHO et al., 2010).

Entretanto, não possuem o respaldo dos benefícios de estarem filiados a uma

cooperativa.

Picos-PI

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5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e quantitativa, explicativa,

transversal com criação de amostragem caso-controle, através da observação direta

in loco. A pesquisa transversal é fundamental neste estudo, pois descreve a forma

como o fenômeno se apresenta e é utilizada em situações nas quais o fenômeno é

relativamente constante no tempo, como nos estudos epidemiológicos (HOCKMAN,

2005).

Para contemplar os objetivos, pode ainda classificar-se como pesquisa

explicativa e qualitativa. Classifica-se como explicativa porque os fatores que

determinam o fenômeno são registrados, analisados e interpretados para explicar as

relações entre as variáveis que contribuem para a ocorrência dos fenômenos e sob o

ponto de vista qualitativo, porque o pesquisador vai a campo captar o fenômenos em

estudo, a partir das perspectivas das pessoas nele envolvidas, buscando uma melhor

compreensão no contexto onde o mesmo acontece de forma descritiva, retratando

elementos existentes na realidade estudada (PRODANOV;FREITAS, 2013).

5.2 LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no povoado Mirolândia em Picos-PI. Este povoado fica

nas margens da BR 316, km 293, na cidade de Picos, centro-sul do estado do Piauí.

Localizado próximo a Polícia Rodoviária Federal, importante ponto de entroncamento

rodoviário, que facilita a comercialização da castanha, cujos principais consumidores

são os caminhoneiros e condutores de veículos à passeio que trafegam a referida BR.

5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população escolhida para o desenvolvimento desta pesquisa foi a dos

produtores beneficiados pela produção da castanha de caju no Povoado Mirolândia

em Picos-PI. Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Picos-PI no ano de 2015

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apontam uma população local de 1520 pessoas, sendo que na faixa etária produtiva

(20 a 59 anos) corresponde a cerca de 42% (638) do total da população da Mirolândia.

Baseado nestes dados chegou-se a uma amostra de 240 sujeitos que foram

escolhidos aleatoriamente, considerando os 638 sujeitos que obedeceriam aos

critérios de inclusão na pesquisa. O tamanho amostral foi calculado para amostra

finita, de forma que o (n) possuiu uma margem de erro de 5%, nível de confiança de

95% e proporção (p) de 50%, a partir da fórmula abaixo:

Onde:

n: tamanho da amostra.

N: tamanho da população.

Zα/2:valor crítico que corresponde ao grau de confiança.

p: proporção populacional de indivíduos que pertence à categoria que estamos

investigando.

q: proporção populacional de indivíduos que não pertence à categoria que

estamos interessados em estudar (q= 1-p).

e: margem de erro.

O valor amostral foi dividido em duas partes iguais, que consistiram em um

grupo caso (produtores de castanha de caju) e grupo controle (não produtores de

castanha de caju) para determinação da prevalência de sintomas

musculoesqueléticos e sua relação com os fatores de risco das condições

ergonômicas de trabalho.

Considerando a amostra mínima, optou-se em coletar uma quantidade maior a

fim de compensar eventuais perdas e recusas. Ao todo foram avaliados 273

trabalhadores (140 produtores de castanha de caju e 133 agricultores). Após

analisados pelos critérios de exclusão, 13 sujeitos foram excluídos do grupo caso e

20 do grupo controle) conforme pode ser verificado na figura 2. Por exaustão de casos,

conseguimos a amostra mínima de sujeitos.

5.3.1 Critérios de Inclusão:

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FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

Para o grupo caso, foram adotados os critérios de inclusão: idade mínima de

19 anos, máxima de 59 anos, independente de sexo, saudáveis e que realizam esse

trabalho há mais de um ano.

No grupo controle, foram incluídos sujeitos com as mesmas características do

grupo caso, que residam no povoado e que realizam atividade agrícola diferenciada

da produção de castanha de caju.

5.3.2 Critérios de Exclusão:

Foram excluídos do grupo caso e do grupo controle os trabalhadores que

possuam alguma doença pregressa osteomuscular diagnosticada (como hérnia de

disco, artrose, bursites e tendinites), pois podem alterar os resultados desta pesquisa,

visto que esse tipo de doença pode ter vários fatores causais.

Figura 02– Fluxograma de seleção de amostra.

5.4 CRITÉRIOS ÉTICOS EM PESQUISA

Para desenvolver este estudo, foi solicitada a colaboração espontânea dos

sujeitos, mediante contato pessoal, a fim de conhecer a disponibilidade de cada um,

além de esclarecer os motivos da pesquisa. A todos os participantes foi entregue o

Excluídos:

- 21 por doenças pregressas

- 12 não aceitaram participar de todas as etapas da pesquisa

Recrutamento 273 trabalhadores

240 trabalhadores

120 produtores de castanha de caju 120 agricultores

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A) que, depois de lido e

comentado foi remetido à assinatura.

Ao iniciar a pesquisa foi tomado o cuidado em cumprir as exigências da

Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, a qual dá diretrizes e normas para

todo e qualquer tipo de pesquisa em saúde que envolva seres humanos. No termo de

consentimento foi salientado o compromisso de guardar sigilo das informações, foi

esclarecido que os sujeitos seriam fotografados, assim como que a adesão desses

trabalhadores à pesquisa seria livre e poderia ser retirada a qualquer momento

quando desejarem, sem que lhes causas e danos ou risco.

O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) sob parecer n° 1.905.863.

5.5 PESQUISADORES E MONITORES DE PESQUISA

Estão inclusos no quadro de pesquisadores:

- Dois fisioterapeutas (pesquisador principal e pesquisador assistente) e três

monitores graduandos em Fisioterapia;

- Um nutricionista (pesquisador assistente);

- Dois monitores graduandos em Enfermagem;

- Um educador físico (Co-orientador);

Tais pesquisadores fizeram parte da coleta de dados, e foram previamente

treinados na última semana do mês de fevereiro de 2017 para cada tipo de avaliação

à ser realizada. Participaram ainda dois engenheiros de computação (um orientador e

um co-orientador externo) na análise de imagem e tabulação gráfica dos dados.

5.6 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada durante o período de quatro meses, entre os

meses de Março e Junho 2017. Os trabalhadores foram abordados mediante contato

pessoal, no próprio local de trabalho e os instrumentos de pesquisa foram aplicados

pelos pesquisadores no momento da atividade laboral sendo realizada.

Para contemplar os objetivos da pesquisa, a mesma foi realizada em duas (2)

etapas, conforme destacado na figura 03. Primeiro foi feito um levantamento de campo

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através da observação in loco e registro fotográfico dos locais onde as castanhas são

processadas para a caracterização da atividade de extração e produção da castanha

de caju. Durante as observações, foi utilizado ainda um diário de campo para o registro

das observações e posterior descrição dos fatos.

Figura 03- Fluxograma de coleta de dados.

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

Esta etapa ainda proporcionou uma aproximação com a comunidade a fim de

facilitar a execução das demais etapas. Esta primeira etapa foi realizada na primeira

semana do mês de março de 2017, no período da manhã e da tarde, assim

possibilitando uma melhor adequação às demais etapas quanto ao horário do dia em

que o trabalho manual é realizado com maior frequência.

Na segunda etapa, foi aplicado um formulário socioeconômico e de condições

de saúde, visando a obtenção de informações referentes às condições de trabalho, às

percepções dos trabalhadores sobre o impacto da atividade de extração e produção

da castanha de caju e sobre suas condições de saúde. Esta etapa foi realizada nos

meses de Março a Junho de 2017, em que os pesquisadores realizaram a coleta

destes dados na frequência de três vezes por semana, abordando o trabalhador no

momento da sua atividade laboral.

Etapa 02

(Março a Junho/2017)

Etapa 01 (Março/2017)

Observação in loco

Formulário sóciodemográfico e Perfil antropométrico

Questionário Nordico de Sintomas

MusculoesqueléticoFerramenta RULA

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Ainda nesta etapa, foi aplicado o Questionário Nórdico de Sintomas

Musculoesquelético e realizada a avaliação dos riscos físicos das posturas de trabalho

através da ferramenta RULA.

5.6.1 Grupo Controle

A coleta de dados para o grupo controle aconteceu ao mesmo tempo em que

foi coletado os dados do grupo caso. Este grupo participou das duas etapas, porém

foi submetido apenas a avaliação através dos instrumentos: Formulário

socioeconômico e de condições de saúde ocupacional, avaliação do perfil

antropométrico e o Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos.

O grupo controle não foi avaliado pela ferramenta RULA e nem foi fotografado

em seu posto de trabalho, já que não era objetivo da pesquisa a análise da postura

de trabalho em outras atividades diferenciadas da produção da castanha de caju.

5.6.2 Instrumentos da Pesquisa

5.6.2.1 Formulário de Dados Socioeconômico e de condições de saúde

(APÊNDICE B).

Visando o alcance dos objetivos, utilizou-se para coleta de dados um formulário

com questões abertas e fechadas (Apêndice B) elaborado pela autora a partir dos

principais fatores de risco descritos na literatura (FALCÃO et al., 2015, HABIBI;

SOURY, 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; MOREIRA et al., 2015;

NORDANDER et al., 2016; RAFIE, et al., 2015; SINGH; CHOLHANDRE, 2015).

O formulário foi aplicado e preenchido pela pesquisadora e/ou pesquisadores

assistentes e monitores de pesquisa e abordou questões como: idade, sexo,

escolaridade, renda familiar, número de pessoas por família envolvidos na atividade,

tempo de serviço, horas de trabalho diário, hábitos de vida (tabagismo, consumo de

bebidas alcoólicas, uso de medicações, práticas de atividade física), comorbidades,

condições de moradia e aspectos psicossociais no trabalho.

Além destes aspectos, realizou-se a avaliação antropométrica (Apêndice C) por

monitores de pesquisa específicos da área de nutrição e enfermagem, previamente

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treinados, abordando dados sobre: peso e altura para aferir o cálculo do Índice de

Massa Corpórea (IMC) e Circunferência da Cintura (CC) para avaliar o acúmulo de

gordura na região abdominal. Estes dados foram verificados de acordo com os

procedimentos descritos por Petroski (2011) e classificados segundo os pontos de

corte propostos pela World Health Organization – WHO (2000) para IMC e CC em

adultos. Para isso, utilizou-se uma balança digital da marca G-Life Slim em kilogramas,

uma fita métrica graduada em centímetros e um estadiômetro compacto 210 cm Wiso.

5.6.2.2 Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) (ANEXO

1).

O QNSO é internacionalmente utilizado (BRANCO et al., 2016; FALCÃO et al.,

2015, HABIBI; SOURY, 2015; KEESTER; SOMMERICH, 2017; NORDANDER et al.,

2016; RAFIE, et al., 2015; SINGH; CHOLHANDRE, 2015) e foi traduzido e validado

em 2003 em versão brasileira por Barros e Alexandre (2003). Este instrumento permite

identificar a prevalência de sintomas osteomusculares nas diversas regiões

anatômicas e sua relação com a incapacidade de realizar atividades de trabalho,

domésticas e de lazer, assim considerando os últimos 12 meses e os 7 dias anteriores

à entrevista (LEGAULT et al., 2017). Este instrumento foi aplicado pela pesquisadora

e pelos monitores da fisioterapia.

5.6.2.3 Ferramenta RULA (Rapid Ubber Limb Arm).

Esta ferramenta foi desenvolvida por McAtammey e Corllet (1993), trata-se de

uma planilha de avaliação do risco biomecânico da postura de trabalho através da

observação direta do posto de trabalho (KEESTER; SOMMERICH, 2017; VAN et al.,

2016). Em seu protocolo usa diagramas das posturas do corpo e classifica quatro

níveis de ação.

No nível 1 (pontuação 1 a 2) a postura adotada pelo trabalhador é aceitável e

não necessita intervenção, no nível 2 (pontuação 3 a 4) a postura já requer pequena

intervenção, no nível 3 (pontuação 5 a 6) são necessárias mudanças rapidamente nas

posturas de trabalho e no nível 4 (pontuação 7+) requer mudanças imediatamente não

apenas das posturas, mas é necessário também mudanças no ambiente de trabalho

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para minimizar os riscos de acidente (JACKSON; MATHIASSEN; LIV, 2016;

LOURINHO et al., 2011).

Na análise dos postos de trabalho e das posturas adotas pelos trabalhadores

em busca da identificação dos riscos ergonômicos associados à carga física a que se

encontra submetido o trabalhador, foi utilizado o registro fotográfico do trabalhador no

momento da sua atividade principal sendo este material utilizado para posterior

análise, através da versão computadorizada da ferramenta RULA no software

Ergolândia 5.0 desenvolvida pela FBF Sistemas. Este software é composto por 20

ferramentas ergonômicas, dentre elas a análise de vídeo e de imagem, além da

ferramenta RULA, disponíveis para melhor avaliação do ambiente laboral. Foi citado

em pesquisas nacionais de caráter científicos relevantes (MARQUES; SILVA-

JUNIOR, 2015; ONETY et al., 2014).

Na aplicação da ferramenta, com o objetivo de evitar divergências entre

observadores, apenas a pesquisadora realizou as observações e fez o registro

fotográfico após 20 minutos de observação do trabalhador no momento de sua

atividade.

Durante a análise das imagens das posturas através da versão computacional

da ferramenta RULA no software Ergolândia 5.0, o trabalhador foi analisado por região

corporal, sendo esta verificada a angulação articular durante a atividade.

Inicialmente é selecionado a região corporal a ser adotada, em seguida

seleciona-se a angulação. As regiões corporais analisadas são: braço, antebraço,

punho, rotação de punho, pescoço, tronco, pernas e por último uma análise geral da

atividade. Após analisada todas as regiões, é gerado um resultado final com a

pontuação atribuída à postura e sua classificação no nível de ação. Este programa

permite ainda gerar um banco de dados para controle dos trabalhadores avaliados.

Trata-se então de uma forma mais simples e prática de aplicação da ferramenta

RULA, tornando o trabalho do pesquisador, mais simples e prático.

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Figura 04 – Ferramenta RULA.

FONTE: o autor, 2017.

5.6.2.3.1 Registro Fotográfico

Para quantificação das posturas de trabalho, o registro fotográfico foi feito

pela câmera do iPad 4 (Apple), sistema operacional iOS7, com tripé na altura do centro

do participante (cerca de 90 cm do solo), e distância de 3 metros entre a câmera e o

centro do corpo, conforme descrito por Onety et al., (2014) em sua pesquisa. A

câmera ficou na lateral esquerda do participante, considerando que os movimentos

para a quebra da castanha acontecem no plano sagital.

Através deste tipo de análise foi possível identificar detalhadamente por

articulação a biomecânica básica da postura de trabalho para posterior correlação

com os sintomas musculoesqueléticos obtidos pelo QNSO.

5.7 Análise dos dados

Os dados obtidos foram processados e analisados no programa estatístico

SPSS versão 22.0 para Windows mediante abordagem descritiva e analítica. De forma

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descritiva foi calculado a porcentagem para descrever as características

socioeconômicas e ocupacionais, a prevalência de sintomas musculoesqueléticos e a

pontuação de risco do método RULA.

Para descrever o perfil antropométrico, foi previamente verificada a

normalidade dos dados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e testada a

homogeneidade pelo teste de Levene. Estes dados foram valorados em média e

desvio padrão.

Utilizou-se o teste Qui-quadrado para testar as diferenças de prevalência de

sintomas musculoesqueléticos entre os grupos caso e controle, e entre os sexos,

considerando um nível de significância p< 0,05 e intervalo de confiança de 95%.

Foi utilizado também o teste do Qui-Quadrado e Mann-Whitney para conhecer

a distribuição de frequência da variável dependente (dor musculoesquelética) em

função das categorias das variáveis independentes (sexo, tempo de serviço,

escolaridade, renda, hábitos de vida e características psicossociais de trabalho) e para

comparações destas variáveis entre os grupos.

Para determinar a relação entre os locais específicos dos sintomas

musculoesqueléticos e a pontuação dos riscos físicos das posturas de trabalho do

método RULA, utilizou-se a regressão logística univariada. Ainda foi verificada a

relação entre as DME e outros fatores risco através da regressão logística

multivariada. Este cálculo permitiu encontrar o Odds Ratio (OD) depois de ter

controlado os fatores de confusão (idade, gênero e horas de trabalho semanal).

Como variáveis independentes foram considerados os dados obtidos pelo

Formulário Socioeconômico (idade, sexo, escolaridade, renda familiar, número de

pessoas por família envolvidos na atividade, tempo de serviço, horas de trabalho

diário, hábitos de vida, comorbidades, condições de moradia e aspectos psicossociais

no de trabalho) e o perfil antropométrico.

Já as variáveis dependentes, foram os sintomas musculoesqueléticos obtidos

pelo QNSO e o grupo caso. A variável resposta dos sintomas músculo esqueléticos

foi considerada como o relato de dor (independente da região corporal) nos últimos

12 meses e/ou que gere incapacidade de realizar trabalho, considerando o mesmo

período de 12 meses.

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Visando testar a hipótese nula, todos os testes estatísticos consideraram um

nível de significância p< 0,05. Portanto, rejeitar-se-á a hipótese nula, se e somente se,

o p-valor for maior ou igual a 0,05.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados e suas discussões em três

partes: parte 1: Caracterização da extração e processamento da castanha de caju;

parte 2: Caracterização do perfil socioeconômico e antropométrico, hábitos de vida e

condições de trabalho por grupo; parte 3: Descrição da prevalência de dor

musculoesquelética por regiões corporais e associação aos fatores de risco

ocupacionais. Assim, será possível fazer a discussão com base nas descrições

encontradas na parte 3 e associá-las às condições de trabalho da parte 2, tendo em

vista o que foi descrito na parte 1.

6.1 ETAPAS DO PROCESSAMENTO MANUAL DA CASTANHA DE CAJU NO

POVOADO MIROLÂNDIA.

Durante o levantamento de campo, realizou-se a observação in loco das etapas

do processamento da castanha de caju, utilizando um diário de campo e o registro

fotográfico. Os pesquisadores se fizeram presentes nos locais de trabalho, e através

de observações e conversa informal sobre os objetivos da pesquisa, foi permitido um

melhor aprofundamento sobre o processamento da castanha de caju.

Do processamento da castanha de caju, resulta a amêndoa que é o foco do

nosso estudo, e o líquido da castanha de caju. Do pendúculo (maçã do caju) é

produzido cajuína e doces, além do proprio consumo na forma in natura ou em sucos

caseiros e polpas de frutas.

Na safra do caju (setembro, outubro e novembro) os proprios moradores do

povoado realizam a coleta diretamente no cajueiro e fazem o processamento dos seus

derivados. No período entressafra, passam a comprar a castanha in natura

diretamente com os “atravessadores” e realizam o seu processamento.

Atualmente existem 91 barracas no povoado. Porém, apenas 73 estão ativas

em decorrência do período de estiagem. Nas barracas ativas, o processamento da

castanha acontece em três fases: a torrefação, o descascamento e o despelamento.

Na torrefação a castanha é assada numa especie de forno artesanal (Figura 5),

sendo que a própria casca é usada como combustível. Desta queima, é liberado um

líquido oleoso altamente inflamável (Figura 06) (óleo fenólico caustico) que libera

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FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

compostos poluentes na atmosfera, podendo gerar problemas respiratórios,

mutagênicos e cancerígenos (DE OLIVEIRA GALVÃO et al., 2017). Geralmente esta

etapa acontece no périodo entre as 5hrs e as 9hrs da manhã. De Oliveira Galvão et

al. (2014) relatam que os poluentes liberados pela torrefação da castanha perduram

suspensos no ar por várias horas do dia. Os fornos improvisados ficam muito proximo

às residências e à própria BR 316, no entanto não foi relatado pelos castanheiros o

acontecimento de acidentes durante às torrefações.

Figura 05- Forno artesanal de torrefação da castanha de caju

Figura 06 – Óleo cáustico liberado com a queima da castanha.

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

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FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

Os castanheiros utilizam uma espécie de vara produzida por um galho de

árvore adaptada com uma superfície plana na ponta para servir como instrumento

para mexer a castanha durante a assada. Este processo geralmente é realizado pelos

homens.

Após assadas, as castanhas seguem então para o processo de quebra. Nesta

etapa, os castanheiros utilizam um instrumento de aço (Figura 07) medindo cerca de

30cm, pesando em média 200g, para realizar o golpe manual para a quebra da casca

da castanha. Esta etapa é muito delicada e exige habilidade para que a casca seja

separada da amêndoa sem que a mesma perca sua qualidade e integridade.

Figura 07- Instrumento para quebra da castanha.

Durante a quebra, muitos castanheiros relataram uso de luvas de descartáveis

e de tecido, outros utilizam creme dental nas mãos e outros ainda relatam o uso de

cal (carbonato de cálcio – material utilizado na construção civil) para minimizar o atrito

do carvão e do líquido da casca da castanha assada. Há relato de queima da pele das

mãos e dos dedos em decorrência ao líquido liberado pela castanha e perda das

digitais.

Pôde-se observar durante a fase da quebra da castanha, que os trabalhadores

adotam algumas posturas de trabalho que podem se tornar de risco para o surgimento

de queixas musculoesqueléticas (Figura 08).

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48

Figura 08 – Posturas de trabalho durante a quebra da castanha de caju.

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

Após a quebra a amêndoa da castanha de caju segue para o processo de

despelagem. Nesta fase as mulheres que realizam a maior produção. Elas utilizam

uma faca pequena na mão dominante. Geralmente não utilizam nenhum Equipamento

de Proteção Individual. A postura dos castanheiros nesta fase pode descrita por uma

postura sentada numa cadeira (Figura 09), as castanhas ficam numa peneira de aço.

Esta postura permite um tronco mais retificado e melhor angulação para posição de

joelhos.

Após esta etapa as castanhas são embaladas em sacos plásticos e colocadas

à venda.

Figura 09 – Postura de trabalho durante a despelamento da castanha.

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

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6.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO, ANTROPOMÉTRICO, HÁBITOS DE VIDA E

CONDIÇÕES DE TRABALHO

6.2.1 Perfil Socioeconômico por Grupo

Foram avaliados 120 pessoas do grupo caso e 120 pessoas do grupo controle.

A tabela 1 descreve o perfil socioeconômico e educacional dos produtores de

castanha de caju e do grupo controle.

Não houve diferença significativa entre grupo caso e controle em relação ao

sexo (p=0,110), faixa etária (p=0,543), estado civil (p=0,240) e renda(p=0,859). No

entanto, diferença significativa foi observada na escolaridade (p=0,002), tempo de

serviço (p=0,010) e dias de trabalho na semana (p=0,000), em negrito na tabela 1.

Dos 120 avaliados no grupo caso, 42,5% (n=51) são do sexo masculino e

57,5% (n=69) são do sexo feminino. Dos 120 avaliados no grupo controle, 32,5%

(n=39) são do sexo masculino e 67,5% (n=81) são do sexo feminino. Os dados para

o grupo controle foram semelhantes aos descritos por De Oliveira Galvão et al.,

(2017), em seu estudo sobre a torrefação de castanha de caju no estado do Rio

Grande do Norte em que a maioria da amostra era composta por mulheres (62%),

porém o grupo caso diferiu, sendo no mesmo estudo o sexo feminino representando

apenas 33% da amostra.

Borah (2015a) colabora com a presente pesquisa quando afirma que os

processos intensivos da produção de castanha de caju são realizados por mulheres,

tendo seu estudo abrangido na amostra total 40 mulheres na faixa etária de 20 a 50

anos numa fábrica de castanha de caju em uma cidade da Índia. A autora ainda afirma

que hoje as mulheres têm um papel diversificado na sociedade e, em muitos casos,

assumem uma ou mais tarefas simultaneamente, tornando-as propensas a

desenvolver doenças relacionadas ao trabalho.

Quanto ao estado civil, 83,3% do grupo caso e 72,5% do grupo controle são

casados. Verificando o nível de escolaridade, 50,8% do grupo caso e 35,8% do grupo

controle possuem apenas ensino fundamental incompleto, ao passo que, o

analfabetismo aparece em 12,5% do grupo caso e 20% do grupo controle.

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Tabela 01- Análise descritiva das variáveis socioeconômicas e demográficas em números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos (caso e controle).

FONTE: Dados da pesquisa, 2017. aTeste Qui-Quadrado; b Teste de Mann-Whitney EFI – Ensino Fundamental Incompleto; EFC – Ensino Fundamental Completo; EMI – Ensino Médio Incompleto; EMC – Ensino Médio Completo GCA – Grupo Caso; GCO – Grupo Controle A renda foi estimada sob valor de R$ 937,00 do salário mínimo atual em 2017 vigente no país.

Em comparação com as estimativas do IBGE de acordo com o censo 2010 para

o trabalho agrícola, resultado similar pode ser encontrado entre a taxa de

analfabetismo na cidade de Picos (22,9%) e a encontrada na pesquisa (15,5% e 20%).

Observa-se ainda, semelhança entre a proporção de indivíduos com ensino

fundamental incompleto encontrada na pesquisa (50,8% e 35,5%) e a proporção de

Variáveis GCA n

GCO n

GCA %

GCO %

p

Sexo Masculino 51 39 42,5 32,5 0,110a

Feminino 69 81 57,5 67,5 Estado civil

Solteiro 14 24 11,7 20,0 0,240a

Casado 100 87 83,3 72,5 Separado 1 2 0,8 1,7

Viúvo 5 7 4,2 5,8 Escolaridade

Analfabeto 15 24 12,5 20,0 0,002b EFI 61 43 50,8 35,8

EFC 31 23 25,8 19,2 EMI 8 8 6,7 6,7 EMC 5 22 4,2 18,3

Tempo de serviço Menos de 1 ano 0 5 0,0 4,2 0,010b

1 a 5 anos 25 36 20,8 30,0 5 a 10 anos 35 35 29,2 29,2

Mais de 10 anos 60 44 49,2 36,7 Dias de trabalho (semana)

1 dia 0 0 0,0 0,0 0,000b

2 dias 4 4 3,3 3,3 3 dias 12 39 10,0 32,5 4 dias 26 29 21,7 24,2 5 dias 48 30 40,0 25,0 6 dias 30 18 25,0 15,0

Horas de trabalho (dia) Menos de 1 hora 0 0 0,0 0,0 0,000b

1 a 2 horas 1 6 0,8 5,0 2 a 4 horas 10 56 8,3 46,7 4 a 6 horas 34 38 28,3 31,7 6 a 8 horas 47 16 39,2 13,3

Mais de 8 horas 28 4 23,3 3,3 Renda por produção

Não possui renda 2 0 1,7 0,0 0,859b

Menos de 1 salário mínimo 37 46 30,8 38,3 De 1 a 2 salários mínimos 74 56 61,7 46,7

Mais de 2 salários mínimos 0 3 0,0 2,5 Não soube informar 7 15 5,8 12,5

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homens (53,9%) e mulheres (39,6%) em idade adulta (acima de 25 anos) com apenas

ensino fundamental incompleto para a referida cidade (IBGE, 2010).

Quanto às características de trabalho, 49,2% dos avaliados do grupo caso e

36,7% dos avaliados do grupo controle trabalham na atividade a mais de 10 anos. O

grupo caso trabalha 5 dias por semana (40%), entre 6 a 8 horas por dia (39,2%), e o

grupo controle trabalha 3 dias por semana (32,5%), 2 a 4 horas por dia (46,7%).

Kwon et al. (2015) relata que o trabalho agrícola é realizado em condições

exteriores extremas, e no caso dos produtores de castanha de caju eles ainda sofrem

com as altas temperaturas da torrefação da castanha (DE OLIVEIRA GALVÃO et al.,

2017). Portanto, infere-se que uma das causas dos relatos de uma menor carga

horária de trabalho em comparação a uma carga de 40 horas semanais é devido aos

fatores das condições extremas (altas temperaturas, baixa umidade e constante

inalação da fumaça).

Aliado a este fator, o período sazonal da castanha de caju, depende do período

de safra do caju que compreende os meses de setembro, outubro e novembro, e dura

uma média de 5 meses. Assim, por se tratar de uma cultura perene, a mesma limita

uma renda mensal fixa, garantindo renda no período de entressafra com algumas

culturas como a do milho e feijão exploradas na região do vale do Guaribas (BRASIL,

2014).

Numa última abordagem, os avaliados foram questionados quanto à renda

mensal advinda da produção de castanha de caju para o grupo caso e da agricultura

para o grupo controle. No grupo caso, verificou-se uma renda de 1 a 2 salários

mínimos em 61,7% dos avaliados, e no grupo controle 46,7% também relataram uma

renda de 1 a 2 salários mínimos. Das e Arora (2017) relatam que a produção de caju

é fonte de renda para pequenos agricultores e seu retorno econômico não é muito

bom em decorrência à cultura sazonal e perecibilidade do pedúnculo.

Porém a castanha de caju ganha destaque crescente na economia. Em 2016,

no Piauí, houve um aumento de 30,21% no valor da castanha in natura, chegando a

R$ 2,50 o quilo, valor este bem acima do preço mínimo estabelecido pelo governo

federal, porém o valor recebido pelo produtor ainda é baixo comparado ao valor

atribuído à castanha já beneficiada (BRASIL, 2016). Infere-se assim, que esta

atratividade pelo valor da castanha beneficiada seja um dos principais motivos

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relatados pelos produtores de castanha de caju do povoado Mirolândia ao não

cooperativismo e/ou associativismo.

Um quadro semelhante ao encontrado entre os produtores de castanha de caju

no Povoado Mirolândia, é o das pescadoras artesanais de mariscos em Saraúba na

Bahia. Neste estudo, Falcão et al. (2015) descrevem que estas trabalhadoras são

gestoras autônomas e responsáveis pelos seus próprios equipamentos, realizam

longas jornadas de trabalho repetitivo e monótono, e são responsáveis por todas as

etapas de produção. Os autores ainda destacam que essa é a única fonte de renda

familiar e que as trabalhadoras realizam a tarefa mesmo com altas prevalências de

DME. Assim, para obterem uma renda de forma mais rápida, as marisqueiras vendem

sua produção a um valor inferior a atravessadores que agilizam as vendas.

Destaca-se assim que a produção de castanha de caju no povoado Mirolândia

apresenta características socioeconômicas e demográficas semelhantes a outros

produtores de castanha de caju e a outros tipos de trabalhadores que realizam

trabalhos manuais relatados em estudos semelhantes (BORAH, 2015a; BORAH,

2015b; FALCÃO et al., 2015; DE OLIVEIRA GALVÃO et al., 2017; DAS; ARORA,

2017). Trata-se de uma fonte de renda para pequenos agricultores de estratos

econômicos mais baixos e com baixos níveis de escolaridade.

6.2.2 Hábitos De Vida, Condições de Trabalho e Perfil Antropométrico por

Grupo

Na tabela 2 estão descritas as características de hábitos de vida e condições

de trabalho. Para estas variáveis, só houveram diferenças significativas na qualidade

de sono (p=0,023) e satisfação quanto ao espaço de trabalho (p=0,034), conforme

observado em negrito na tabela 2, na comparação caso e controle.

Como pode ser observado na tabela 2, 75,8% (n=91) do grupo caso e 69,2%

(n=83) do grupo controle não são fumantes. Já em relação ao consumo de bebidas

alcoolicas, 70,8% (n=85) do grupo caso e 80,8% (n=97) do grupo controle não

consomem bebida alcoolica com frequência.

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Tabela 02 – Análise descritiva das variáveis hábitos de vida e condições de trabalho dos sujeitos em números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos.

Variável GCA

n GCO

n GCA

% GCO

% P

Fumo Sim 29 37 24,2 30,8 0,247

Não 91 83 75,8 69,2

Bebida alcoólica Sim 35 23 29,2 19,2 0,070

Não 85 97 70,8 80,8

Atividade física Sim 38 46 31,7 38,3 0,279

Não 82 74 68,3 61,7

Medicação Sim 56 62 46,7 51,7 0,439

Não 64 58 53,3 48,3

Doença Sim 63 71 52,5 59,2 0,298

Não 57 49 47,5 40,8

Estado físico Ótimo 11 13 9,2 10,8 0,348

Bom 67 71 55,8 59,2 Razoável 39 30 32,5 25,0

Ruim 2 6 1,7 5,0 Péssimo 1 0 0,8 0,0

Estado emocional Ótimo 11 13 9,2 10,8 0,729

Bom 71 75 59,2 62,5 Razoável 35 29 29,2 24,2

Ruim 2 3 1,7 2,5 Péssimo 1 0 0,8 0,0

Qualidade do sono Ótimo 22 16 18,3 13,3 0,023

Bom 49 73 40,8 60,8 Razoável 42 25 35,0 20,8

Ruim 7 5 5,8 4,2 Péssimo 0 1 0,0 0,8

Satisfação financeira Sim 53 46 44,2 38,3 0,560

Não 21 20 17,5 16,7 Mais ou menos 46 54 38,3 45,0

Relação colegas de trabalho

Ótimo 22 29 18,3 24,2 0,233 Bom 89 77 74,2 64,2

Razoável 9 14 7,5 11,7 Ruim 0 0 0,0 0,0

Péssimo 0 0 0,0 0,0

(Continua)

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Tabela 02 – Análise descritiva das variáveis hábitos de vida e condições de trabalho dos sujeitos em números absolutos e porcentagens nos seus respectivos grupos. (Continuação)

FONTE: Dados da pesquisa, 2017. Teste Qui-Quadrado p<0,05 GCA – Grupo Caso; GCO – Grupo Controle.

Quanto à prática de atividade física, 68,3% (n=82) dos avaliados no grupo caso

e 61,7% (n=74) no grupo controle, não praticam atividade física com frequência. Dos

que praticam (31,7% e 38,3%), a atividade física mais relatada foi a caminhada em

ambos os grupos, em um tempo médio de 30 minutos por dia, três vezes por semana.

Falcão et al. (2015), destacam que para uma melhor compreensão dos fatores

que podem desenvolver as DME em diferentes populações, é necessário o

entendimento das características desta população, do ambiente em que os mesmos

estão inseridos e das relações de trabalho a que estão submetidos.

Alguns fatores são constantemente citados como variáveis associadas ao

surgimento de DME em populações agrícolas e de trabalhadores que realizam

atividades manuais. Dentre eles encontramos o consumo de álcool, o tabagismo, a

prática de atividade física, a presença de doenças crônicas e o constante uso de

medicações (BAU et al., 2017; FALCÃO et al., 2016; JO et al., 2016; KOLSTRUP,

2012; MOKARAMI et al., 2016; SINGH; CHOKHANDRE, 2015).

Um dos importantes preditores ao desenvolvimento de DME é a inatividade

física. Segundo Bau et al. (2017), a inatividade física está entre os 10 maiores fatores

de risco para a saúde. Indivíduos cujas atividades de trabalho são repetitivas e

sedentárias, a ausência de atividade física regular pode ser ainda mais propícia ao

desenvolvimento de DME.

Variável GCA

n GCO

n GCA

% GCO

% P

Temperatura Sim 76 61 63,3 50,8 0,050

Não 44 59 36,7 49,2

Espaço Sim 99 110 82,5 91,7 0,034

Não 21 10 17,5 8,3

Instrumentos de trabalho

Sim 69 72 57,5 60,0 0,694

Não 51 48 42,5 40,0

Higiene Sim 105 115 87,5 95,8 0,020

Não 15 5 12,5 4,2

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As etapas de produção de castanha de caju acontecem de forma manual, e são

assumidas em posturas sentadas e sedentárias, de forma repetitiva, sendo

classificadas como atividade sedentária (ALBIERTO et al., 2015; BORAH, 2015a;

KWON et al., 2015). Cabe destacar novamente que a não realização de atividade

física regular entre os participantes, pode ser um fator agravante ao surgimento de

DME.

Mokarami et al. (2016) estudaram os fatores físicos e psicossociais

relacionados ao trabalho que podem estar associados à qualidade de vida em

trabalhadores industriais iranianos. De acordo com os autores, há uma forte

associação entre a dimininuição dos escores de qualidade de vida no trabalho com o

tabagismo e a baixa prática de atividade física. Os autores mencionam que para uma

melhora nesta relação, muitas modificações devem ser assumidas no ambiente de

trabalho, entre elas, aumentar o estímulo a prática de exercícios físicos e a redução

no tabagismo entre os trabalhadores industriais.

Associado a estes fatores, foi investigado ainda quando ao uso de medicações

e à presença de doenças pregressas. É viável destacar aqui um dos critérios de

seleção da amostra, no qual foram excluídos os sujeitos que possuiam diagnóstico

confirmado de patologias osteomusculares pregressas, como artrose, artrite e hérnia

de disco.

Quanto à uso constante de medicações, no grupo caso uma pequena maioria,

53,3% (n=64) não faz uso de medicação. No grupo controle, 51,7% (n=62) fazem uso

de medicação. As medicações relatas foram o uso de anti-hipertensivos, anti-

glicêmicos, anti-alérgicos e anti-depressivos.

Entre as doenças pregressas relatadas, a hipertensão foi uma das mais

relatadas, seguidas das alérgicas como a rinite, sinusite e asma, e ainda o diabetes.

52,5% (n=63) dos avaliados do grupo caso e 59,2% (n=71) do grupo controle

relataram doenças pregressas.

Condições precárias, baixa escolaridade, dificuldade de acesso aos serviços

de saúde podem estar relacionadas com piores condições de saúde na população

agrícola residente em zonas rurais, afastadas do ambiente urbano (MOREIRA et al.,

2015). Das (2014) relata que atividades repetitivas realizadas em temperaturas

elevadas, alteram as respostas fisiológicas. O autor estudou 220 trabalhadores de um

campo de tijolos e 130 indivíduos controle e observou que as atividades realizadas

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em ambiente hostil sobrecarregam a função cardíaca alterando a circulação e a

pressão arterial para transportar mais sangue aos músculos deteriorando

cronicamente a capacidade funcional do trabalhador.

De Oliveira Galvão et al. (2014) e De Oliveira Galvão et al. (2017) descreveram

os impactos da torrefação de castanha de caju. Segundo os autores, a queima

artesanal libera poluentes no ar que podem ser inalados pela população local por um

período que pode exceder 10 horas por dia. Este fator é potencialmente prejudicial à

saúde, e pode estar relacionado a um aumento de doenças respiratórias e

cardiovasculares.

Foi ainda questionado sobre as percepções atribuídas ao estado físico, estado

emocional e qualidade do sono. Sobre o estado físico, 55,8% (n=67) do grupo caso e

59,2% (n=71) do grupo controle classificaram como bom. Sobre o estado emocional

59,2% (n=71) do grupo caso e 62,5% (n=75) do grupo controle também relataram

como bom. Sobre o sono, 40,8% (n=49) do grupo caso e 60,8% (n=73) relataram como

bom.

Apesar destes resultados, vale ressaltar o relato da qualidade de sono como

razoável por 35,0% dos participantes do grupo caso e 20,8% do grupo controle.

Mokaramani et al. (2016) também contribuem quando associaram dentro da infinitude

de qualidade de vida, a qualidade do sono como um fator estressante no ambiente de

trabalho. Os autores relacionam de modo geral, que o estilo de vida dos trabalhadores

rurais pode torná-los negligentes sobre os requisitos de saúde e segurança.

Neste sentido, Darvish e Meimanatabadi (2015) destacam a importância das

demandas e requisitos cognitivos dos locais de trabalho. Para estes autores, a carga

mental subjetiva de trabalho é um dos principais fatores que afetam a taxa de

desempenho e eficácia de trabalho, e nesta amplitude as funções cognitivas requerem

concentração contínua e atenção, visão adequada, memória e planejamento entre

outros. Ou seja, a carga mental subjetiva de trabalho pode predizer exaustão, levar a

erros e até a acidentes de trabalho.

Sobre as condições de trabalho, os participantes foram inicialmente

questionados quanto à safisfação financeira de retorno da produção de castanha de

caju. No grupo caso, 44,2% (n=53) relataram satisfeitos e 38,3% (n=46) relataram

como mais ou menos. Ao passo que no grupo controle 45% (n=54) relataram como

mais ou menos satisfeitos.

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Conforme relatado anteriormente, neste estudo foi encontrado uma alta

proporção de sujeitos nos quais a renda mensal gira em torno de 1 a 2 salários

mínimos. Cita-se novamente Das e Arora (2017) em que os autores destacam a

sazonalidade do caju e consequentemente a produção de sua castanha. Segundo os

mesmos autores, essa sazonalidade leva a períodos de forte produção e períodos de

queda, o que pode influenciar a pouca proporção de satisfeitos com a renda advinda

da produção de castanha de caju.

Sobre a relação com os colegas de trabalho, 74,2% (n=89) do grupo caso e

64,2% (n=77) do grupo controle relataram que possuem uma boa relação de trabalho.

Estes números, provavelmente podem ser o reflexo de existir muitas situações de

agricultura familiar, no qual os companheiros de trabalho são os componentes do

grupo familiar. Corroboram com esses dados os estudos de Barros (2011) e Souza

Filho (2010) relatam que a cadeia produtiva do caju acontece uma forma de agricultura

familiar, sendo portanto os colegas de profissão cônjuge e filhos.

Com relação à temperatura, 63,3% (n=76) do grupo caso relataram satisfeitos.

Ao passo que no grupo controle, a diferença entre os satisfeitos 50,8% (n=61) e os

não satisfeitos 49,2% (n=59), foi muito pequena. Podemos tentar justificar este fato,

conforme obervado pelos pesquisadores durante o período de observação na coleta

de dados, que a produção de castanha de caju acontece em baixo dos próprios pés

de caju e das barracas, assim ressaltando a pequena parcela que não relatou

insatisfação com a temperatura de trabalho no grupo caso.

Já a agricultura acontece em ambiente aberto, o que pode ter influenciado a

pequena diferença entre os satisfeitos e os não satisfeitos com a temperatura para o

grupo controle. O trabalho ao ar livre sob condições ambientais não controláveis

exigem muitas vezes um esfoço físico maior, como é o caso da agricultura

(ABRAHÃO; TERESO; GEMMA, 2015).

Foi investigado ainda a satisfação com relação ao espaço de trabalho. 82,5%

(n=99) do grupo caso e 91,7% (n=110) do grupo controle relataram satisfeitos com o

espaço. Quanto aos instrumentos de trabalho, 57,5% (n=69) dos participantes do

grupo caso e 60,0% (n=72) do grupo controle afirmaram a satisfação com os

instrumentos. Por fim, 87,5% (n=105) do grupo caso e 95,8% (n=115) do grupo

controle disseram satisfeitos com a higiene.

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Ainda na etapa de observação, alguns instrumentos de trabalho puderam ser

encontrados. Dentre os mais utilizados, temos uma barra de aço de aproximadamente

30 cm e pesando cerca de 200g, usada para golpear as castanhas após assada e

retirar a amêndoa. Após retirada esta amêndoa, a castanha é despelada utilizando

uma faca sem serras e colocada sob uma peneira de aço. Durante estes processos,

os produtores utilizam luvas de tecido, ou de borracha, outros usam creme dental e

outros ainda cal (carbonato de cálcio – material utilizado na construção civil) para

minimizar o atrito do carvão e do líquido da casca da castanha assada (DE OLIVEIRA

GALVÃO et al., 2014).

Borah (2015a) destacou a presença de feridas nos dedos nos produtores de

castanha de caju devido ao trabalho com faca e pedaço de madeira, além da

descoloração da pele das mãos com branqueamento da palma da mão e infecções

de pele decorrente do contato com o ácido cáustico que sai da casca de caju após a

torrefação.

A última questão do formulário socioeconômico e de condições de trabalho,

questionava sobre o que mais incomodava estes trabalhadores durante a atividade de

trabalho. Dentre as respostas, a postura de trabalho e o cheiro de castanha eram os

mais relatados. Outras queixam foram a fumaça da torrefação e o preço da castanha

in natura.

Este fato, propiciou compreender que possivelmente, conforme será discutido

adiante, os principais fatores de risco a que os produtores de castanha de caju estão

submetidos estarão relacionados à postura de trabalho, questão central da nossa

pesquisa.

6.2.3 Perfil Antropométrico

A normalidade dos dados foi previamente valorada pelo teste de Kolmogovov-

Smirnov e a homogeneidade de variância foi calculado pelo teste de Levene. Assim,

pela normalidade, os dados antropométricos foram valorados em média e desvio

padrão conforme podemos observar na tabela 03.

A idade dos sujeitos do grupo caso foi de 42 anos (± 10) para as participantes

do sexo feminino e de 44 anos (± 11) do sexo masculino. No do grupo controle a média

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de idade para o sexo feminino foi de 42 anos (±11) e no sexo masculino foi de 47 anos

(±10 anos).

Tabela 03 – Características antropométricas dos sujeitos (média ± desvio padrão).

Variáveis Sexo Feminino Sexo Masculino

GCA GCO GCA GCO

Idade (anos) 42,00 ± 10,00 42,00 ± 11,00 44,00 ± 11,00 47,00 ± 10,00

Peso (kg) 62,20 ± 9,80 62,90 ± 15,20 69,70 ± 10,40 71,90 ± 11,90

Altura (m) 01,56 ± 0,05 01,57 ± 0,07 01,64 ± 0,06 01,64 ± 0,06

IMC (kg/m2) 25,40 ± 3,40 25,00 ± 4,0 26,1 ± 3,40 26,70 ± 4,20

CC (cm) 90,00 ± 9,00 88,00 ± 9,00 93,00 ± 10,00 93,00 ± 10,00

CQ (cm) 100,00 ± 8,00 99,00 ± 8,00 99,00 ± 7,00 101,00 ± 8,00

RCQ (cm) 0,90 ± 0,07 0,89 ± 0,06 0,94 ± 0,07 0,93 ± 0,07

FONTE: Dados da pesquisa, 2017. GCA – Grupo Caso; GCO – Grupo Controle; IMC – índice de Massa Corporal; CC – Circunferência da Cintura; CQ – Circunferência do Quadril; RCQ – Relação Cintura Quadril.

A média de peso das mulheres do grupo caso foi de 62,20kg (± 9,80) e do sexo

masculino foi de 69,70kg (± 10,40). No grupo controle a média de peso do sexo

feminino foi de 62,90kg (± 15,20) e no sexo masculino foi de 71,90kg (± 11,90).

Observou-se também a altura dos sujeitos, sendo a altura média do sexo

feminino no grupo caso de 1,56m (± 0,05) e do sexo masculino de 1,64m (± 0,06). No

grupo controle a altura média do sexo feminino foi de 1,57m (± 0,07) e do sexo

masculino foi de 1,64m (0,06).

Quando calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) através da medida de

altura e peso corporal, encontramos uma média de IMC de 25,40kg/m2 (± 3,40) nas

trabalhadoras do sexo feminino e 26,10kg/m2 (± 3,40) no sexo masculino. No grupo

controle encontramos uma média de IMC de 25,00kg/m2 (± 4,00) no sexo feminino e

26,70kg/m2 (± 4,20) no sexo masculino.

Resultados semelhantes das trabalhadoras de castanha de caju foram

encontrados no estudo de Borah (2015a). Nos estudos de Singh e Chokhandre (2015)

com catadores de resíduos em Mumbai e no de Falcão et al. (2015) com marisqueiras

em Saubara (BA), os autores encontram também médias de idade e IMC próximas

aos encontrados no nosso estudo.

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De acordo com a OMS, para indivíduos adultos entre 20 e 59 anos, um IMC

abaixo de 18,5 kg/m2 classifica o indivíduo como em baixo peso, um IMC maior ou

igual a 18,5 kg/m2 ou menor que 25 kg/m2, classifica como eutrófico, e um IMC maior

ou igual a 25 kg/m2 ou menor que 30 kg/m2, classifica o indivíduo em sobrepeso

(WHO, 2000). Assim, encontramos ainda que a maioria das mulheres (49,3%) e dos

homens (41,2%) do grupo caso estão em sobrepeso, no entanto, apenas os homens

(48,7%) do grupo controle estão em sobrepeso. Já as mulheres deste grupo (48,1%)

estão em eutrofia.

Este fato pode ser justificado pela posição estática sentada adotada por

períodos prolongados durante a rotina de trabalho que levam a inatividade física no

trabalho (BORAH, 2015b; FALCÃO et al., 2015). Aliado a este fator, encontramos,

conforme abordado anteriormente uma alta prevalência de trabalhadores que

relataram que não praticam atividade física nesta população.

Cabe destacar que vários são os fatores que podem determinar o surgimento

de sobrepeso e obesidade, como os habitos alimentares. Visto que não cabe ao

escopo do estudo, não foi verificado hábitos alimentares e nível de atividade física.

A média da circunferência da cintura (CC) para o sexo feminino foi de 90cm (±

9,00) e no sexo masculino 93cm (± 10,00) no grupo caso. No grupo controle, a média

de CC no sexo feminino foi 88cm (± 9,00) e no sexo masculino foi de 93cm (± 10,00).

No grupo caso a circunferência do quadril (CQ) no sexo feminino foi de 100cm (± 8,00)

e no sexo masculino foi de 99cm (± 7,00). No grupo controle a média no sexo feminino

foi de 99cm (± 8,00) e no sexo masculino foi de 101cm (± 8,00).

Quando calculado a relação cintura quadril, para o grupo caso encontramos

uma média de 0,90 (± 0,07) no sexo feminino e 0,94 (± 0,07) no sexo masculino. No

grupo controle a média da RCQ no sexo feminino foi de 0,89 (± 0,06) e no sexo

masculino foi de 0,93 (± 0,07).

A OMS também classifica a RCQ e a CC como critérios para prever o

desenvolvimento da síndrome metabólica e tem os pontos de corte de RCQ de 0,90

para os homens e 0,89 para as mulheres. Os pontos de corte para CC é de 94 para

os homens e 88 para as mulheres (WHO, 2000). Encontrou-se ainda que 75,4% das

mulheres e 74,5% dos homens do grupo caso tem uma RCQ elevada classificada

como de alto risco. No grupo controle, 71,6% das mulheres e 71,8% dos homens tem

RCQ classificada como de alto risco para síndrome metabólica.

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Assim, verificou-se portanto trabalhadores do sexo feminino e masculino em

sobrepeso e com risco aumentado de síndrome metabólica. Barroso et al. (2017)

descreve a síndrome metabólica com um conjunto de fatores de risco para doenças

cardiovasculares e diabetes mellitus, incluindo a resistencia à insulina, a obesidade

abdominal, hipertensão e dislipidemia.

6.3 PREVALÊNCIA DE DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS (DME) E

ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO OCUPACIONAIS

6.3.1 Prevalência de DME por Região Corporal

Uma revisão sistemática realizada por Osborne et al., (2012) sobre a

prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre agricultores, relata que dentre as

várias abordagens para estimar a prevalência de DME nesta população, a prevalência

de um ano é a mais aplicada nas pesquisas. Muitos estudos adotam esta classificação

a partir da aplicação do QNSO (DAHLQVIST; HANSSOM; FORSMAN, 2016;

FALCÃO et al., 2015; HÁBIBI; SOURY, 2015; NORDANDER et al., 2016).

O gráfico 01 mostra a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em

diferentes partes do corpo. Verifica-se que 65,8% (n=158) dos participantes relataram

sintomas em uma ou mais regiões corporais. A seguir, na tabela 04 mostra a

prevalência dos DME de acordo com a região acometida, a proporção que estes

impediram o trabalho normal fora ou dentro de casa nos últimos 12 meses e sua

significância estatística.

Verificou-se que a prevalência de DME foi significativamente maior entre os

produtores de castanha de caju do que o controle na região lombar (66,7%) dorsal

(55,8%), no pescoço (38,3%) e em punho, mãos e dedos (30,8%). Em comparação o

grupo controle apresentou 21,7% na lombar, 15,8% na dorsal, 17,5% no pescoço e

5,8% em punho, mãos e dedos. Diferenças significativas foram encontradas no relato

de afastamento do trabalho entre os grupos. Verificou-se maior prevalência nas

regiões lombar (39,2%), dorsal (33,3%), pescoço (17,5%), punho, mãos e dedos

(12,5%) e ombro (5%). No grupo controle apresentou respectivamente 10,8%, 6,7%,

7,5%, 1,7% e 0%.

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Gráfico 01 - Presença de distúrbios músculo esqueléticos em porcentagem para ambos os grupos caso e controle (n=240).

Tabela 04 – Prevalência de distúrbios musculoesqueléticos entre grupo caso (n=120) e grupo controle (n=120) por região corporal.

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

CGA – Grupo Caso. GCO – Grupo Controle

Assim, observou-se um maior relato de DME e de afastamento do trabalho, das

atividades domesticas e de lazer pelos trabalhadores do GCA visto que estes sujeitos

utilizam as regiões dorsal, lombar, pescoço e punho de forma repetitiviva,

sobrecarregando grandes músculos em contrações musculares estáticas, durante

Região corporal

DME Afastamento do trabalho normal

GCA %

GCO %

Total %

𝒙𝟐

p GCA %

GCO %

Total %

𝒙𝟐

p

Pescoço 38,3 17,5 27,9 12,9 0,000 17,5 7,5 12,5 5,48 0,019

Ombros 15,0 9,2 12,1 1,9 0,166 5,0 0,0 2,5 6,15 0,013

Cotovelo 1,7 0,8 1,3 0,3 0,561 0,8 0,0 0,4 1,00 0,316

Antebraço 4,2 0,8 2,5 2,7 0,098 0,0 0,8 0,4 2,73 0,316

Punho/mãos/dedos 30,8 5,8 18,3 25,0 0,000 12,5 1,7 7,1 10,6 0,001

Região dorsal 55,8 15,8 35,8 41,7 0,000 33,3 6,7 20,0 26,6 0,000

Região lombar 66,7 21,7 44,2 49,2 0,000 39,2 10,8 25,0 25,6 0,000

Quadris e/ou coxas 9,2 6,7 7,9 0,5 0,473 1,7 1,7 1,7 0,0 1,000

Joelhos 11,7 9,2 10,4 0,4 0,526 2,5 1,7 2,1 0,6 0,651

Tornozelos e/ou pés 7,5 7,5 7,5 0,0 1,000 3,3 2,5 2,9 0,1 0,701

65,80%

34,20%

Sim Não

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

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várias horas seguidas. Este fato não foi observado em elevada proporção no GCO,

cuja atividade de trabalho é mais diversificada e as posturas de trabalho são

dinâmicas.

Os resultados do GCA confirmam os resultados encontrados nos estudos de

Borah (2015a), Falcão et al. (2015), Chakrabaty et al. (2016), Darvishi e

Meimanatabadi (2015), Habibi e Soury (2015) e Rafie et al. (2015), cujas atividades

desenvolvidas pelos trabalhadores estudados se assemelham a dos produtores de

castanha de caju.

As regiões de maior prevalencia de queixas observadas no GCA se

assemelham aos encontrados no estudo de Borah (2015a) com mulheres produtoras

de castanha de caju em uma indústria na Índia, em que as regiões corporais mais

relatadas de queixa de dor severa foi especialmente na lombar e na dorsal. Relataram

ainda queixas moderadas em pescoço e olhos, sendo estas regiões locais mais

comuns de transtornos, destacando que o trabalho exige uma atenção visual fina

constante.

Resultados semelhantes também foram encontrados no estudo de Falcão et al.

(2015) com 209 marisqueiras em Saraúba (BA), em que encontrou-se alta prevalência

de DME em pescoço e ombro (71,3%) e na região distal de membro superior (mãos –

70,3%). Apesar de não ter sido encontrada prevalência tão elevada na presente

pesquisa, estas regiões apresentaram diferença significativa quando comparadas ao

grupo controle.

Chakrabarty et al. (2016) estudaram 400 bordadeiras na Índia. A prevalência

de queixas musculoesquelética encontradas pelos autores também corroboram com

a presente pesquisa, em que foi encontrado 90% de queixas na região lombar, 75%

no pescoço e ombros, 68% no punho e antebraço. Porém divergiu na queixa de DME

em pernas, sendo que na presente pesquisa essa região apresentou baixo relato e

não teve diferença significativa entre os grupos. Este fato pode estar associado ao

uso dos membros inferiores em bordadeiras, enquanto que nas atividades dos

produtores de castanha de caju, esta região é pouco utilizada durante o trabalho.

Em uma pesquisa realizada com 200 funcionários de um banco no Irã, os

autores encontraram uma prevalência elevada de DME na região lombar (44%), na

dorsal (36%), pescoço (48%) e mãos (20%), além de queixas em outras regiões

(DARVISHI e MEIMANATABADI, 2015). A atividade dos bancários, em muito se

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assemelha a atividade dos produtores de castanha de caju, na qual uma postura

sentada é adotada por períodos prolongados e tarefas visuais e manuais são

solicitadas constantemente.

Habibi e Soury (2015) realizaram um estudo com 75 funcionários de uma

companhia de gás em uma província do Irã. O estudo mostrou uma alta taxa de DME

na lombar (39%), no pescoço (58%). Encontraram ainda 24% e 15,2% de

absenteísmo do trabalho devido as dores lombares e no pescoço restectivamente. Os

autores destacam que estas taxas mais elevadas acontecem em decorrência das

tarefas sedentárias e repetitivas.

Uma população de características bem semelhante é a dos cirurgiões dentistas.

Rafie et al. (2015) estudaram um grupo de 130 dentistas e encontraram que a região

mais relatada com DME foi o pescoço (55,9%) uma proporção um pouco mais

elevadado que a do presente estudo nesta região (38,3%) para o grupo caso. Os

autores justificam a elevada prevalência nesta região devido à natureza da prática

odontológica, em que o profissional adota uma postura inclinada anteriormente e com

elevação de ombros em abdução, exercendo muita pressão sob a região do pescoço

e ombros.

Numa pesquisa nacional sobre saúde realizada em Portugal por Branco et al.

(2016), foi feito levantamento de 661 participantes para um rastreamento de doenças

reumáticas e DME e os autores buscaram relacionar o impacto destas sobre a

qualidade de vida, função física e saúde mental. A DME de maior prevalência foi na

região lombar (26,4%) e esta aumentou com a idade.

Num estudo de coorte de agricultores realizado na Coréia do Sul, Jo et al.

(2016), avaliaram 1013 indivíduos, e a dor lombar (63,8%) foi o local mais frequente

de dor. Estes resultados também se asemelham aos encontrados no nosso estudo,

pois a região lombar pelo grupo controle foi a de maior prevalência (21,7%) de DME,

porém em um proporção bem inferior ao estudo descrito acima.

Este fato pode estar acontecendo em decorrência do relato do período de

experiência de trabalho do grupo controle, abordado na tabela 1, cuja prevalência do

tempo de serviço foi de mais de 10 anos (44%), mas com uma elevada prevalência

de 1 a 5 anos (36%). Porém quanto às horas de trabalho, a prevalência foi de 2 a 4

horas de trabalho por dia (56%) e 3 dias na semana (39%). Darvishi e Meimanatabadi

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(2015), encontraram uma correlação significativa entre a idade e a experiência de

trabalho com o surgimento de DME.

Abrahão, Tereso e Gemma (2015) ainda destacam a grande variabilidade de

tarefas na agricultura, o que evita posições estáticas e repetitivas em contraposição

com a produção de castanha de caju.

O grupo controle relatou a escassez de recursos e as péssimas condições

climáticas que dificultam a agricultura na região. Muitos dos trabalhadores agrícolas

nos períodos entressafra na agricultura local, realizam serviços de pequenos

consertos, mecânica, domésticos e de construção civil. A renda passa a ser advinda

destes serviços e dos beneficiamentos dos programas sociais.

Na tabela 5 está descrita a prevalência dos DME de acordo com a região

acometida, as queixas nos últimos 7 dias, a proporção que estes impediram o trabalho

normal fora ou dentro de casa nos últimos 12 meses e sua significância estatística por

sexo e por grupo.

Pode-se verificar que a proporção de queixas na região dorsal nos últimos 12

meses foi proporcional entre os sexos (79,3%) e significativamente maior no GCA.

Para esta mesma região, foi mais prevalente nos últimos 7 dias a queixa entre os

homens do GCA (87,5%), e o afastamento por sintomas nessa região também foi mais

prevalente entre os homens (93,3%).

Quando analisada a região lombar, houve significância entre os grupos para os

sexos, porém não houve significância quando comparado o sexo masculino do GCA

e GCO sobre queixas na lombar nos últimos 7 dias (p>0,05). 80% dos homens do

GCA relataram queixas na região lombar nos últimos 12 meses e 81,5% de

afastamento por sintomas nesta região.

Verificamos na região punho, mãos e dedos que não houve diferença entre os

GCA e GCO para o sexo masculino sobre queixas nesta região nos últimos 7 dias e

queixas que levem a afastamento. Para esta região, as mulheres do GCA foram mais

prevalentes no relato de queixas nos últimos 12 meses (84,4%) e nos últimos 7 dias

(73,3%).

Já na região do pescoço, os homens do GCA e do GCO não apresentaram

diferenças significativas. Para o sexo feminino não houve diferença significativa sobre

as queixas nos últimos 7 dias. Houve então uma prevalência do sexo feminino do GCA

sobre as queixas nos últimos 12 meses (67,3%) e de afastamento (68,2%).

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Tabela 05 - Prevalência de queixas musculoesqueléticos por sexo entre grupo caso

(n=120) e grupo controle (n=120).

Sexo

Feminino Masculino

Regiões GCA

%

GCO

%

𝒙² p GCA

%

GCO

%

𝒙² p

Dorsal 12m 79,3 20,7 42,2 0,000 79,3 20,7 8,9 0,003

7 dias 69,2 30,8 6,83 0,009 87,5 12,5 7,5 0,006

Afast 78,8 21,2 18,3 0,000 93,3 6,7 9,8 0,002

Lombar 12 m 72,1 27,9 28,2 0,000 80,0 20,0 19,9 0,000

7 dias 67,6 32,4 8,2 0,004 75,0 25,0 3,5 0,061

Afast 75,8 24,2 15,0 0,000 81,5 18,5 9,6 0,002

Punho/

Mãos/

Dedos

12 m 84,4 15,6 24,1 0,000 83,3 16,7 4,0 0,045

7 dias 73,3 26,7 5,01 0,025 66,7 33,3 0,12 0,722

Afast 84,6 15,4 8,5 0,003 100,0 0 3,2 0,074

Pescoço 12 m 67,3 32,7 13,3 0,000 72,2 27,8 2,2 0,136

7 dias 57,1 42,9 1,2 0,269 55,6 44,4 0,0 0,943

Afast 68,2 31,8 5,1 0,024 75,0 25,0 1,2 0,273

FONTE: Dados da pesquisa, 2017. GCA – Grupo Caso. CGO – Grupo Controle

Alguns estudos destacam a maior propensão ao sexo feminino a desenvolver

distúrbios musculoesqueléticos (BORAH, 2015b; BRANCO et al., 2016; HABIBI;

SOURY, 2015). Quando analisado a proporção de mulheres e de homens da amostra

com DME, 66,7% (n=100) das mulheres relataram DME em qualquer região corporal

e 64,4% (n=58) dos homens também relataram DME. Rafie et al. (2015) destaca que

essa maior prevalência de queixas musculoesqueléticas no sexo feminino pode estar

associada à menor capacidade de resistência muscular das mulheres.

Porém estes estudos divergem do encontrado na presente pesquisa, quando

analisadas as queixas musculoesqueléticas por regiões corporais cujo relato foi mais

frequente entre os homens para dorsal e lombar. Apenas o estudo de Rafie et al.

(2015) não encontrou diferença entre os sexos para as demais regiões corporais, com

exceção para punho, cuja prevalência aumentada foi para o sexo feminino

corroborando com a presente pesquisa.

6.3.2. Avaliação da Postura de Trabalho e Relação com as DME

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Durante a observação in loco, os trabalhadores do GCA ainda tiveram seus

postos de trabalho avaliados pela metodologia AET. Durante esta etapa de pesquisa,

o pesquisador principal foi o único responsável pela observação direta dos postos,

para análise das posturas de trabalho dos sujeitos.

Os trabalhadores foram então observados por 20 minutos e registradas

fotografias das principais posturas adotadas. Os registros fotográficos obtidos, foram

utilizados para melhor verificação das posições articulares e posterior análise através

da ferramenta RULA no software. Foi atribuída uma nota da postura a partir dos

critérios de avaliação da ferramenta RULA.

O gráfico 02 mostra a distribuição das notas mais encontradas. Em 40% (n=48)

dos trabalhadores do GCA encontramos uma pontuação 6, 20,8% (n=25) obtiveram

nota 5, 17,5% (n=21) uma nota 3, 15% (n=18) uma nota 4 e 6,7% (n=8) uma nota 7.

Estes valores demonstram que os trabalhadores que atuam na produção de castanha

de caju no Povoado Mirolândia adotam posturas incorretas como será descrito a

seguir.

Gráfico 02 - Nota da postura de trabalho pela ferramenta RULA (n=120)

Na figura 10, o trabalhador está quebrando a castanha de caju após sua

torrefação. Neste posto de trabalho, assume-se uma postura sentada sobre um

banquinho ou uma pedra, o ombro está entre 20 e 45° de flexão, o cotovelo fica em

60° de flexão, o punho fica entre 0 e 15° de extensão para golpear a castanha com a

barra de ferro e assume um leve desvio radial e o antebraço assume uma postura

entre pronação e supinação classificada como posição média. O pescoço assume

17,50%15,00%

20,80%

40%

6,70%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Nota 3 Nota 4 Nota 5 Nota 6 Nota 7

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

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uma flexão a mais de 20°, o tronco fica em 20° de flexão e uma leve rotação para

pegar as castanhas na lateral. As pernas e os pés não estão corretamente apoiados

no solo. Assim, para esta posição foi tribuída uma nota 7, que corresponde ao nível

de ação 4.

Figura 10- Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 7 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

A figura 11 é uma segunda posição obervada entre alguns trabalhadores ainda

na fase de quebra da castanha após torrefação. Nesta postura, os ombros adotam

uma posição entre 20 e 45° de flexão, o cotovelo se posiciona entre 60 e 100° de

flexão no momento de golpear a castanha e cruza o plano sagital, levando o ombro

num momento de rotação interna. O punho se movimenta entre 15° de flexão e 15°

de extensão realizando um movimento de grande amplitude, e assume rotação neutra.

O pescoço assume uma flexão entre 10 e 20°. O tronco fica posicionado entre 0 e 20°

de flexão e desenvolve uma pequena rotação para pegar castanhas na lateral. Pernas

e pés não estão bem posicionados e equilibrados. Nesta postura a nota RULA foi 6,

correspondendo um nível de ação 3.

(A) (B)

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Figura 11– Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 6 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

Foi observada uma terceira posição adotada para a quebra da castanha. Na

figura 12 o trabalhador assume uma postura sentada numa cadeira, e as castanhas

são quebradas em uma espécie de banco adaptado de um tronco de árvore. Nesta

postura, o ombro fica entre 25 e 45° de flexão, cotovelo entre 0 e 60° de flexão, punho

em rotação neutra e desvio radial. O pescoço fica em flexão de 10 a 20°, o tronco

entre 0 e 20° de flexão com leve rotação para pegar as castanhas na lateral. As pernas

e os pés estão corretamente apoiados. Assim, nesta postura foi obtida uma nota 5 que

corresponde a um nível de ação 3.

Nas posturas de despelamento da castanha, observamos duas posturas

distintas. Na figura 13, observamos uma posição do ombro entre 20 e 45° de flexão,

do cotovelo entre 0 e 60° de flexão, do punho com flexão de 15° e em leve desvio

radial. O pescoço fica entre 0 e 10° de flexão, o tronco ereto em 0°, permitindo que as

pernas e os pés estejam bem apoiados e equilibrados no solo. A esta postura foi

atribuída uma nota 4 correspondendo a um nível de ação 2.

A outra postura observada na etapa de despelamento da castanha apresenta

uma pequena diferença na posição do punho e ombro. Pode-se observar na figura 14,

em que o ombro assume um movimento entre 0 e 20° de flexão, o cotovelo movimenta

a 0 e 60° de flexão aproximando de 90°, o punho fica em posição neutra e em rotação

neutra. O tronco alinhado a 0°, permitindo que a perna e os pés fiquem apoiados e

(A) (B)

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equilibrados. A esta postura foi atribuída uma nota 3 correspondendo a um nível de

ação 2.

Figura 12 - Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 5 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

Figura 13- Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 4 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

(A) (B)

(A) (B)

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Figura 14- Postura de quebra da castanha após torrefação (A) e croqui de angulação articular nota 3 pela ferramenta RULA atravé do software Ergolândia (B).

FONTE: Dados da pesquisa, 2017.

De acordo com McAtamney e Corlett (1993) classificaram as pontuações RULA

em quatro níveis de ação que servem como guia para avaliar os riscos associados ao

esforço musculoesquelético durante o trabalho cuja principal ação provêm dos

membros superiores. No nível 1 de ação (pontuação 1 e 2) as posturas são aceitaveis

se não mantidas ou repetidas por longos tempos. Na presente pesquisa, não

encontramos nenhuma postura que permitisse essa pontuação. No nível 2 (pontuação

3 e 4) as posturas de trabalho estão fora das amplitudes adequadas ou, mesmo em

posturas adequadas, as ações são repetitivas. Neste nível os autores ainda destacam

que já pode ser percebido esforço e manutenção de cargas estáticas principalemnte

na dorsal, lombar e pescoço. Recomenda-se mais investigações e acompanhamento

com pequenas modificações (KEESTER; SOMMERICH, 2017).

No nível 3 (pontuação 5 e 6) as amplitudes articulares estão fora dos limites

seguros, há presença de muitos movimentos repetitivos ou trabalho estático, e em

muitos casos há excesso de força exercida. Neste nível as ações devem acontecer

em curto prazo, e a longo prazo devem ser minimizadas as exposições a fatores de

risco. No nível 4 (pontuação 7) as amplitudes articulares acontecem no final dos limites

fisiológicos, os trabalhadores correm risco de acidentes e lesões e é necessário

(A) (B)

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mudanças imediatas para reduzir as cargas excessivas sobre os músculos

esqueléticos (JACKSON; MATHIASSEM; LIV, 2016; LOURINHO et al., 2011;

MCATAMNEY; CORLLET, 1993).

Na tabela 06, foi realizada regressão logística univariada para verificar a

relação entre as pontuações RULA e o surgimento de DME. Houve associação

significativa entre o surgimento de dor na região dorsal, lombar, punho/mãos/dedos e

pescoço com os níveis 2 e 3 das posturas de trabalho. O nível 7 só teve associação

com a dorsal e a lombar.

As posturas de nível 4 (pontuação 7) apresentaram 9 vezes mais chance de

surgir dor na região dorsal (OR 9,66; p=0,001). As de nível 3 apresentaram 10 vezes

mais chance de surgir dor na região lombar (OR 10,27; p=0,000). As do nível 2

apresentaram 5 vezes mais chance de surgir dor na região dorsal (OR 5,96; p=0,000)

e 5 vezes mais chance de dor em punho, mãos e dedos (OR 5,56; p=0,001).

Tabela 06 – Análise de regressão logística da pontuação RULA por regiões com DME (n=120). Escore RULA

(nível) Dorsal Lombar Punho/mãos Pescoço

3 e 4 (nível 2) 5,96 (2,67–13,31)

p=0,000

3,09 (1,44–6,65)

p=0,004

5,56 (1,95–15,88)

p= 0,001

2,94 (1,32–6,54)

p=0,008

5 e 6 (nível 3) 7,67 (3,97–15,19)

p=0,000

10,27 (5,20–20,27)

p= 0,000

8,40 (3,40–20,75)

p=0,000

3,10 (1,59–6,03)

p=0,001

7 (nível 4) 9,66 (4,61–10,42)

p=0,001

8,40 (7,56–12,72)

p=0,002

5,38 (0,91–31,68)

p =0,063

1,57 (0,29–8,33)

p=0,595

FONTE: Dados da pesquisa, 2017. Valores expressos: OR – Odds Ratio e IC – Intervalo de confiança

Neste estudo não foram observados valores estatisticamente significativos

relacionados entre as posturas de nível 4 (Pontuação 7) para o surgimento de dor no

pescoço e no punho, mãos e dedos. Observou-se ainda que apesar de maior risco

atribuído pela ferramenta RULA às posturas de nível 4, neste estudo o Odds Ratio

(OR) das posturas de nível 4 apresentou-se inferior aos demais níveis de postura.

Acredita-se que este fato pode estar associado ao número de sujeitos observados

com esta postura (n=8) que foi inferior aos observados com nível 2 (n=39) e 3 (n=73).

Não foi encontrado na literatura associação da pontuação RULA e as DME

entre produtores de castanha de caju e nem na agricultura. Os estudos relacionaram

a pontuação em atividades manuais como em dentistas (ONETY et al., 2015; RAFIE

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et al., 2015), costureiras (VAN et al., 2016) e tatuadores (KEESTER; SOMMERICH,

2017).

O estudo de Rafie et al. (2015) e Onety et al. (2014) com dentistas corrobora

com os resultados obtidos neste trabalho. Segundo os autores, as posturas com

pontuação 6 pela ferramenta RULA, tinha alta prevalência de dor em pescoço e

ombro. Rafie et al., (2015) justificam a associação entre a posição de flexão de

pescoço entre 15 e 30° por um longo período de tempo adotada pelos dentistas que

induz muito estresse e potencial dano a esta região. Na presente pesquisa com os

produtores de castanha de caju, a região de pescoço apresentou associação

significativa (OR 3,10; p=0,001) com a postura de nível 3 (pontuação 5 e 6), apesar

desta não ter sido a região com maior número de queixas.

Dados semelhantes foram encontrados por Van et al. (2016) em seu estudo

com costureiras. Os autores encontraram associação sintomatologia em pescoço,

região dorsal, região lombar, pernas e punho com um nível de ação 3 (pontuação 5 e

6). Estes resultados são ainda mais semelhantes aos encontrados na pesquisa por

destacar mais regiões corporais semelhantes às encontradas no nosso estudo

(Lombar – OR 10,27; p=0,000; Pescoço - OR 3,10; p=0,001; Dorsal – OR 7,67,

p=0,000; Punho/mãos/dedos – OR 8,40, p=0,000).

No estudo de Keester e Sommerich (2017) com tatuadores, os resultados

também foram semelhantes. 48% da amostra estava com uma pontuação 5 e 6 (nível

de ação 3) e apenas 23% receberam pontuação 7 (nível de ação 4). 94% relataram

dor na região lombar e 68% nas mãos. Os autores não fizeram associações entre os

locais de sintomas e as pontuações RULA.

Cabe destacar que embora os resultados encontrados na presente pesquisa

sejam similares aos encontrados na literatura, há diferenças nas características de

trabalho, nas condições de trabalho e nas organizações em cada profissão. Porém, é

valido ressaltar que as pesquisas mais recentes, mesmo utilizando diferentes

metodologias de avaliação ergonômica, apontam sempre esta importante relação

entre os sintomas musculoesqueléticos relacionados ao trabalho às sobrecargas

estáticas, às posturas repetitivas, ao estresse mental e à fatores biomecânicos

(KEESTER; SOMMERICH, 2017; NORDANDER et al., 2016; HABIBI; SOURY, 2015;

LAPERRIÈRE; MESSING; BOURBONNAIS, 2017).

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Foi realizada um última análise para verificar a relação das características de

trabalho com o surgimento de DME. A tabela 07 descreve a relação entre os fatores

risco para DME nas diferentes áreas do corpo com ajuste para sexo e horas de

trabalho semanal.

Significativamente os produtores de castanha de caju apresentaram mais risco

de DME na lombar (OR 6,92; p=0,00), em punho, mãos e dedos (OR 6,89; p=0,00),

dorsal (OR 6,38; p=0,00) e pescoço (OR 3,49; p=0,00) comparado ao GCO.

Foi verificado ainda que o aumento do tempo de serviço na atividade também

apresentou relação com o aparecimento de DME. Indivíduos com mais de 10 anos de

atividade, apresentam-se mais propensos de desenvolver DME na região dorsal (OR

3,88; p=0,00) e na região lombar (OR 2,37; p= 0,02) em comparação com aqueles

com menos de 10 anos.

Os trabalhadores avaliados com idade superior a 30 anos, também são os mais

propensos a surgimento de DME. Os avaliados na faixa etária entre 30 e 50 anos,

apresentaram mais chance de DME no pescoço (OR 8,54; p=0,00), na região dorsal

(OR 5,63; p=0,01) e na região lombar (OR 3,39; p=0,04). Já os indivíduos com idade

entre 40 e 50 anos eram mais propensos a experimentar DME no pescoço (OR 6,75;

p=0,02) e na região dorsal (OR 5,27; p=0,01).

Resultados semelhantes foram encontrados por Branco et al., (2016) que

relatou que a DME em qualquer região corporal aumentou com a idade e sua

prevalência foi na faixa etária de 46 a 55 anos, especialmente para a região lombar.

Chakrabarty et al. (2016) destacou que os sintomas na região dorsal, lombar,

pescoço, ombros e punho estão relacionadas ao tempo prolongados de trabalho em

uma postura estática, e que os principais preditores para o desenvolvimento de DME

são a rigidez nos métodos de trabalho, o tempo de trabalho, pausas de repouso

inadequadas e movimentos repetitivos de punho e antebraço.

Outros estudos também corroboram ao encontrarem associação entre a idade

e o tempo de experiência na atividade com o surgimento de DME (DARVISH;

MEIMANATABADI, 2015; SINGH; CHOKHANDRE, 2015; VAN et al., 2016; VILELA et

al., 2015).

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Tabela 07 – Resultados da análise de regressão logística analisando os efeitos das características de demográficas e ocupacionais sobre as DME nos últimos 12 meses por regiões corporais, (n=120).

Características Dorsal Lombar Punho Pescoço

GCA 6,38**

(3,09-13,14)

6,92**

(3,41-14,06)

6,89**

(2,86-16,30)

3,49**

(1,8-6,65)

Tempo de trabalho (anos)

Menos de 5 anosƗ

Entre 5 e 10 anos 0,90

(0,36-2,25)

1,13

(0,46-2,75)

1,79

(0,60-5,27)

0,64

(0,80-0,32)

Mais de 10 anos 3,88**

(0,35-6,20)

2,37*

(1,97-5,77)

1,63

(0,59-4,70)

1,22

(0,48-6,65)

Faixa Etária

19 a 30 anosƗ

30 a 50 anos 5,63**

(1,48-21,33)

3,39**

(1,01-11,31)

1,06

(0,29-3,92)

8,54*

(1,71-42,71)

50 a 59 anos 5,27**

(1,35-20,11)

2,76

(0,82-9,33)

0,67

(0,18-2,55)

6,75**

(1,32-34,42)

FONTE: Dados da pesquisa, 2017. Ajustado por sexo e horas de trabalho. GCA – Grupo Caso. **p<0,01, *p<0,05. Ɨ Categoria de referência. Valores de OR e IC de 95%.

Baseado nestes resultados podemos relatar que os produtores de castanha de

caju no povoado Mirolândia em Picos-PI, possuem semelhança com outros setores

de atividade econômica cujas condições de trabalho e fatores ergonômicos são de

risco à saúde, predispondo estes sujeitos a uma elevada prevalência de distúrbios

musculoesqueléticos em diversas regiões corporais e submetendo os mesmos a

quadros de afastamento de suas atividades domésticas e laborativas, portanto

rejeitando a hipótese nula de que as condições ergonômicas não condicionam o

aparecimento de distúrbios musculoesqueléticos nestes sujeitos.

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7 CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo revelam que os trabalhadores envolvidos na

produção artesanal de castanha de caju no povoado Mirolândia na cidade de Picos(PI)

estão expostos a vários fatores de risco ergonômico, alcançando assim o objetivo

geral deste estudo, que foi analisar a relação entre o estado de saúde ocupacional e

as condições ergonômicas a que estão expostos.

Quando ao objetivo específico de realizar o levantamento do perfil

socioeconômico e demográfico, os trabalhadores apresentam características

socioeconômicas e demográficas que em muitos aspectos se assemelham à outros

produtores de castanha de caju e a outros tipos de trabalhadores que realizam

trabalhos manuais. Trata-se de uma fonte de renda para pequenos agricultores de

estratos econômicos mais baixos e com baixos níveis de escolaridade. Este objetivo

permitiu ainda levantar um quadro sobre à saúde, estes trabalhadores. Estes

apresentam elevada prevalência de doenças crônicas não degenerativas, como a

hipertensão e o diabetes, doenças respiratórias e alérgicas, quadros de sobrepeso e

obesidade, e uma proporção elevada de inatividade física.

Identificou-se alta prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em diferentes

partes do corpo, especialmente na região dorsal, na região lombar, no pescoço e em

punhos, mãos e dedos. Compreende-se que estes trabalhadores estão expostos a

altos riscos físicos das posturas de trabalho de acordo com o método RULA, em que

os trabalhadores que atuam na produção artesanal de castanha de caju adotam

posturas ergonomicamente inadequadas e que tem estreita relação com o surgimento

de DME. O alcance destes objetivos específicos mostra como as características de

trabalho, bem como a biomecânica das posturas de trabalho predispõe estes

trabalhadores ao desenvolvimento de DME em comparação ao grupo controle.

Buscou-se ainda comparar a prevalência dos sintomas musculoesqueléticos

entre os gêneros. Na presente pesquisa, quando analisada por região corporal, o sexo

masculino apresentou maior prevalência de queixas na região lombar e na região

dorsal. No sexo feminino a maior proporção de queixas foi na região de punho, mãos

e dedos. Porém quando analisada de modo geral a presença de distúrbios em

qualquer região corporal nos últimos 12 meses, a maior proporção apareceu no sexo

feminino.

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Após analisados e discutidos os dados, pode-se destacar aqui algumas

limitações de pesquisa. Apesar de se tratar de um estudo transversal, a partir do qual

limita o estudo da relação causa e efeito, esta pesquisa fornece evidências iniciais que

indicam que as características do ambiente de trabalho dos produtores artesanais de

castanha de caju propiciam o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos.

Outra limitação a ser relatada está no fato de que foi estudado o auto-relato de

DME, este fato pode ser tendencioso à subjetividade nas respostas, podendo surgir

um viés de memória no momento dos relatos.

Aliado a este fato, um dos critérios de exclusão dos sujeitos da amostra foi a

do diagnóstico clínico de doenças osteomusculares pregressas. Durante a pesquisa,

observou-se a falta de assistência à saúde no povoado Mirolândia, visto que muitos

sintomas observados podem já estar associados à uma doença osteomuscular e os

sujeitos não buscaram o diagnóstico da patologia.

A coleta de dados da presente pesquisa, compreendeu um período de baixa

produtividade da castanha de caju, e de clima elevado na macrorregião de Picos, o

que pode ter influenciado os presentes resultados quanto às características de

trabalho.

Baseado nos achados, destaca-se a necessidade de implementar medidas de

prevenção e promoção da saúde, que visem a melhoria das condições de trabalho e

de saúde, redução das cargas posturais estáticas e prevenção de sintomas

musculoesqueléticos nesta população que desenvolve uma atividade manual

artesanal de grande risco à sua saúde física.

Cabe destacar que após conclusão deste estudo, o mesmo não será apenas

arquivado e gerado publicações. Propõe-se retorno à comunidade sobre os achados

e aplicação de atividades de prevenção, promoção e informação em saúde, visto as

condições de saúde observadas durante a pesquisa.

É sugerido estudos que visem a observação de outros fatores que podem

comprometer a saúde ocupacional destes trabalhadores, como a avaliação do impacto

da torrefação da castanha de caju sobre os sintomas respiratórios, e estudos que

visem a implementação de medidas protetivas e corretivas neste ambiente buscando

principalmente a introdução destes trabalhadores à prática de atividade física, à

hábitos mais saudáveis e à minimização de doenças crônicas degenerativas.

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APENDICES

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APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS E CONDIÇÕES

ERGONÔMICAS DE TRABALHO DOS PRODUTORES DE CASTANHA DE CAJU

DO POVOADO MIROLÂNDIA EM PICOS-PI.

Nome da Pesquisadora: Juçara Barroso Leal

Nome do Orientador: Ricardo Argenton Ramos

Nome do Co-Orientador: Fabrício Cieslak

1. Natureza da pesquisa: o Sr.(a) está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa que tem

como finalidade Analisar a relação existente entre o estado de saúde ocupacional e as condições

ergonômicas de trabalho que os produtores de castanha de caju do povoado Mirolândia na

cidade de Picos-PI estão expostos durante suas atividades de trabalho.

2. Participantes da pesquisa: Serão um total de 240 participantes, com idade entre 20 e 59

anos, residentes no povoado Mirolândia na cidade de Picos-PI. Deste valor, serão formados

dois grupos em partes iguais, que consistirão do grupo caso (produtores de castanha de caju) e

grupo controle (não produtores de castanha de caju).

3. Envolvimento na pesquisa: ao participar deste estudo a Sra (Sr) permitirá que a

pesquisadora, realize avaliações de perfil socioeconômico e antropométrico e da presença de

sintomas musculoesqueléticos. Caso seja enquadrado como participante do Grupo Caso, o

Sr.(a) permitirá ainda que seja fotografado durante seu trabalho. A câmera ficará na sua lateral

esquerda e será realizada a fotografia por um único avaliador, com a câmera sem zoom e

aproveitando a luminosidade do ambiente.O Sr. (a) tem liberdade de se recusar a participar e

ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo

para a Sr. (a). Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através do

telefone da pesquisadora do projeto e, se necessário através do telefone do Comitê de Ética em

Pesquisa.

4. Sobre a aplicação dos questionários: A pesquisa será realizada durante o período de 4

meses (Março a Junho de 2017), onde serão aplicados para os participantes dos Grupos Caso e

Controle: um formulário com questões fechadas para avaliar o perfil socioeconômico e

antropométrico, e o Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos (QNSO); logo em

seguida, apenas com o Grupo Caso, a pesquisadora fará a observação da sua tarefa de trabalho,

avaliando a postura de trabalho para posterior análise pela ferramenta RULA. Esta ferramenta

permite a análise dos riscos físicos da postura de trabalho e este processo acontecerá através

das fotos.

5. Riscos e desconforto: a participação nesta pesquisa não infringe as normas legais e éticas,

porém como em toda pesquisa, tanto o Grupo Caso, quanto o Grupo Controle estarão expostos

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ao risco de desconforto, constrangimento transitório e incompreensão das perguntas do

Formulário Socioeconômico e de condições de saúde ocupacional e do QNSO, e

especificamente para o Grupo Caso, o constrangimento pode surgir mais explícito, uma vez que

será feita a observação pela pesquisadora no momento de sua atividade, o que pode afetar na

resposta aos instrumentos da pesquisa. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem

aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua

dignidade. Mediante à exposição a estes riscos, você pode, se quiser, retirar-se do estudo a

qualquer momento, sem acusar-lhe dano ou prejuízo de qualquer natureza.

6. Confidencialidade: todas as informações coletadas neste estudo são estritamente

confidenciais. Somente a pesquisadora, orientador, e a equipe de pesquisa terão conhecimento

de sua identidade e nos comprometemos a mantê-la em sigilo ao publicar os resultados dessa

pesquisa.

7. Benefícios: ao participar desta pesquisa o Sr. (a) não terá nenhum benefício direto. Apenas

ao final do estudo será possível elaborar o diagnóstico ergonômico desta realidade, e assim,

estas informações servirão de base para articular modificações na realidade encontrada na

tentativa de minimizar os riscos desta atividade laboral.

8.Pagamento: o Sr. (a) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem

como nada será pago por sua participação.

9.Formas de ressarcimento e indenização: Em caso de dano ou despesas decorrentes da

pesquisa quanto à transporte, alimentação ou qualquer outra, o Sr.(a) será indenizado e/ou

ressarcido das suas despesas.

10. Forma de assistência: o pesquisador responsável acompanhará a realização de todas as

etapas da pesquisa e prestará assistência caso ocorra qualquer tipo de acidente ou desconforto

durante a realização da pesquisa. Caso necessário, este providenciará a imediata remoção para

atendimento médico de emergência do SUS.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para

participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem: Confiro que

recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a

divulgação dos dados obtidos neste estudo.

Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.

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Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto

meu consentimento em participar da pesquisa.

_______________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

_______________________________________

Juçara Barroso Leal

(Pesquisadora Responsável)

_______________________________________

Ricardo Argenton Ramos

(Orientador)

Pesquisador: JUÇARA BARROSO LEAL (89) 999300403

Orientador: RICARDO ARGENTON RAMOS

Co-orientador: FABRÍCIO CIESLAK

Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa: Professor Alvaro Rego Millen Neto

Vice-Coordenadora: Deuzilane Muniz Nunes

Telefone do Comitê: 87 2101-6896

E-mail [email protected]

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APÊNDICE B - FORMULÁRIO SOCIOECONÔMICO E DE CONDIÇÕES DE

SAÚDE

IDADE: _________ SEXO: _______________ ESTADO CIVIL: ________________

QUANTAS PESSOAS MORAM NA SUA CASA? _____________________________

CONDIÇÕES DE MORADIA

1-Sua casa é?

( ) própria ( ) alugada ( ) cedida ( ) doada ou herdada

( ) outro

tipo________________________________________

2-Quantos filhos você tem?

( ) Nenhum

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais

3-Quantas pessoas na sua casa trabalham com a produção da castanha de caju?

( ) Nenhum

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais

Quem? ____________________________

ESCOLARIDADE

4- Escolaridade

( ) Ensino Fundamental Incompleto (1º grau)

( ) Ensino Fundamental Completo (1º grau)

( ) Ensino Médio Incompleto (2º grau)

( ) Ensino Médio Completo (2º grau)

( ) Analfabeto

Legenda:

Ensino fundamental 1º ao 9º ano

Ensino médio 1ª a 3ª série

CONDIÇÕES DE TRABALHO

5-Tempo de serviço na atividade

( ) menos de 1 ano

( ) de 1 ano a 5 anos

( ) de 5 anos a 10 anos

( ) mais de 10 anos

6-Trabalha quantos dias na semana na atividade:

( ) 1 dia ( ) 4 dias

( ) 2 dias ( ) 5 dias

( ) 3 dias ( ) 6 dias

7-Quantas horas de trabalho na extração da castanha (por dia):

( ) menos de 1 hora ( ) 4 a 6 horas

( ) 1 a 2 horas ( ) 6 a 8 horas

( ) 2 a 4 horas ( ) mais de 8 horas

RENDA

8-Renda familiar

( ) não tenho renda

( ) menos de 1 salário (menos de R$ 880,00)

( ) de 1 a 2 salários (R$ 880,00 a R$ 1760,00)

( ) mais de 2 salários (mais de R$ 1760,00)

9-Você recebe algum beneficiamento por

programa social do governo:

( ) não

( ) sim. Qual? __________________

HÁBITOS DE VIDA

10-Você fuma?

( ) não

( ) sim

11-Você consome bebidas alcoólicas?

( ) não

( ) sim

12- Pratica alguma atividade física?

( ) não

( ) sim. Qual? _______________________

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CONDIÇÕES DE SAÚDE

13-Faz uso de alguma medicação?

( ) não

( ) sim. Qual? _______________________

14- Tem alguma doença?

( ) não

( ) sim. Qual? ____________________

15- Considerando sua condição de saúde, como

você avalia seu estado físico?

( ) Ótimo ( ) Ruim

( ) Bom ( ) Péssimo

( ) Razoável

16- Considerando sua condição de saúde, como

você avalia seu estado emocional?

( ) Ótimo ( ) Ruim

( ) Bom ( ) Péssimo

( ) Razoável

17- Considerando sua condição de saúde, como você avalia seu nível de estado mental?

( ) Ótimo ( ) Ruim

( ) Bom ( ) Péssimo

( ) Razoável

CONDIÇÕES PSICOSSOCIAS DE TRABALHO

18- Você está satisfeito com o que você ganha?

( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos

19- Como é o seu relacionamento com seus

colegas de trabalho?

( ) Ótimo ( ) Ruim

( ) Bom ( ) Péssimo

( ) Razoável

20-As condições ambientais do seu local de trabalho são satisfatórias?

Temperatura ( ) Sim ( ) Não

Espaço ( ) Sim ( ) Não

Instrumentos para a quebra da castanha ( ) Sim ( ) Não

Higiene ( ) Sim ( ) Não

Instalações sanitárias ( ) Sim ( ) Não

21-O que mais te incomoda na execução do seu trabalho? (relacionamento com os colegas, postura

de trabalho, instrumentos de trabalho, temperatura, remuneração, etc.)

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APÊNDICE C - FORMULÁRIO DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS

IDADE: ______________________ SEXO: _______________________

PESO

ALTURA

IMC

CC

CQ

RCQ

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ANEXOS

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ANEXO 01 - QUESTIONÁRIO NÓRDICO DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES

INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO

Por favor, responda a cada questão assinalando um “x” na caixa apropriada.

Marque apenas um “x” em cada questão.

Não deixe nenhuma questão em branco, mesmo se você não tiver nenhum problema em nenhuma parte do corpo.

Para responder, considere as regiões do corpo conforme ilustra a figura abaixo.

Pescoço

Ombros

Região Dorsal

Cotovelos

Antebraço

Região Lombar

Punhos/Mão/Dedos

Quadris e Coxas

Joelhos

Tornozelos/Pés

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Considerando os últimos 12 meses, você tem tido algum problema (tal como dor, desconforto ou dormência) nas seguintes regiões:

Você tem tido algum problema nos últimos 7 dias, nas seguintes regiões:

Durante os últimos 12 meses você teve que evitar suas atividades normais (trabalho, serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões:

1. Pescoço? Não Sim

2. Pescoço? Não Sim

3. Pescoço? Não Sim

4. Ombros? Não Sim, no ombro direito no ombro esquerdo em ambos

5. Ombros? Não Sim, no ombro direito no ombro esquerdo em ambos

6. Ombros? Não Sim, no ombro direito no ombro esquerdo em ambos

7. Cotovelo?

Não Sim, no cotovelo direito no cotovelo esquerdo em ambos

8. Cotovelo?

Não Sim, no cotovelo direito no cotovelo esquerdo em ambos

9. Cotovelo?

Não Sim, no cotovelo direito no cotovelo esquerdo em ambos

10. Antebraço?

Não Sim, no antebraço direito no antebraço esquerdo em ambos

11. Antebraço?

Não Sim, no antebraço direito no antebraço esquerdo em ambos

12. Antebraço?

Não Sim, no antebraço direito no antebraço esquerdo em ambos

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Considerando os últimos 12 meses, você tem tido algum problema (tal como dor, desconforto ou dormência) nas seguintes regiões:

Você tem tido algum problema nos últimos 7 dias, nas seguintes regiões:

Durante os últimos 12 meses você teve que evitar suas atividades normais (trabalho, serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões:

13. Punhos/Mãos/ Dedos? Não Sim, no punho/mão/dedos direito no punho/mão/dedos esquerdo em ambos

14. Punhos/Mãos/ Dedos? Não Sim, no punho/mão/dedos direito no punho/mão/dedos esquerdo em ambos

15. Punhos/Mãos/ Dedos? Não Sim, no punho/mão/dedos direito no punho/mão/dedos esquerdo em ambos

16. Região Dorsal?

Não Sim

17. Região Dorsal?

Não Sim

18. Região Dorsal?

Não Sim

19. Região Lombar?

Não Sim

20. Região Lombar?

Não Sim

21. Região Lombar?

Não Sim

22. Quadris e/ou coxas?

Não Sim

23. Quadris e/ou coxas?

Não Sim

24. Quadris e/ou coxas?

Não Sim

25. Joelhos?

Não Sim

26. Joelhos?

Não Sim

27. Joelhos?

Não Sim

28. Tornozelo e/ou pés?

Não Sim

29. Tornozelo e/ou pés?

Não Sim

30. Tornozelo e/ou pés?

Não Sim

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