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Anais Seminário de Avaliação de Teses e Dissertações PPG-PSTO Edição 2017: 6 e 7 novembro Coordenadora do PPG-PSTO: Profa. Dra. Elaine Rabelo Neiva Comissão Organizadora: Profa. Dra. Juliana Barreirtos Porto (Presidente) Profa. Dra. Katia Puente-Palacios Otávio Calile (Representante discente)

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Seminário de Avaliação de Teses e Dissertações PPG-PSTO - 2017

Anais Seminário de Avaliação de Teses e Dissertações

PPG-PSTO Edição 2017: 6 e 7 novembro

Coordenadora do PPG-PSTO: Profa. Dra. Elaine Rabelo Neiva

Comissão Organizadora: Profa. Dra. Juliana Barreirtos Porto (Presidente) Profa. Dra. Katia Puente-Palacios Otávio Calile (Representante discente)

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Seminário de Avaliação de Teses e Dissertações PPG-PSTO - 2017

Sumário

06 DE NOVEMBRO DE 2017, SEGUNDA-­‐ FEIRA 1

SESSÃO 1 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 1 1 SESSÃO 1 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 2 6 SESSÃO 1 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 3 9 SESSÃO 2 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 1 13 SESSÃO 2 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 2 17 SESSÃO 2 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 3 21 SESSÃO 3 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 1 25 SESSÃO 3 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 2 29 SESSÃO 3 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 3 32 SESSÃO 3 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 4 36 SESSÃO 3 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 5 39

07 DE NOVEMBRO DE 2017, TERÇA-­‐ FEIRA 43

SESSÃO 4 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 1 43 SESSÃO 4 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 2 47 SESSÃO 4 (D) -­‐ APRESENTAÇÃO 3 50 SESSÃO 5 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 1 54 SESSÃO 5 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 2 58 SESSÃO 5 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 3 62 SESSÃO 5 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 4 67 SESSÃO 6 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 1 71 SESSÃO 6 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 2 74 SESSÃO 6 (M) -­‐ APRESENTAÇÃO 3 78

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06 de novembro de 2017, segunda-­‐ feira

Sessão 1 (D) -­ Apresentação 1 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Cristiane Faiad

A CONGRUÊNCIA ENTRE A PESSOA E O AMBIENTE RESIDENCIAL NA PERSPECTIVA DE CRIANÇAS E IDOSOS Nome da aluna: Dayse da Silva Albuquerque E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientadora: Isolda de Araujo Günther Linha de pesquisa: Psicologia Ambiental As relações estabelecidas com o ambiente físico ao longo do desenvolvimento humano conferem a necessidade de adaptações e ajustes constantes. Os estudos pessoa-­ambiente buscam, dentre outros interesses, aprofundar a compreensão de como se constrói maior congruência entre as necessidades individuais e as características do ambiente físico para redução de níveis de pressão e estresse ambiental decorrentes dessas adaptações (Gunther, 2011;; Gunther & Fragelli, 2011;; Perlaviciute & Steg, 2012;; Proshansky, Fabian & Kaminoff, 1983). Dentre os diversos cenários com os quais as pessoas se relacionam estão os ambientes residenciais, que abrangem a área interna do local de moradia (habitação) e suas adjacências (vizinhança e bairro). A vizinhança permite a criação de uma rede de apoio que viabiliza conexões e fortalecimento do pertencimento comunitário e, o bairro, abriga os serviços necessários para a satisfação de seus moradores (Amérigo, 2002;; Bronfenbrenner, 1999;; Lawrence, 2002;; Torres, 2015). Tais ambientes constituem-­se como territórios primários de construção de relações significativas (Fischer, s.d). Assim, uma relação favorável nesses cenários é primordial para a manutenção do bem-­estar e da qualidade de vida urbana (Aragonés, Amérigo & Pérez-­Lopez, 2017;; Bonaiuto & Alves, 2012). A premissa de Kurt Lewin, na qual o comportamento é uma função da interação pessoa-­ambiente, gerou reflexões sobre como o ambiente afeta o ser humano. Sob essa premissa, Lawton (1991) delineou um modelo de qualidade de vida e argumentou que aspectos do ambiente físico, competências comportamentais individuais e a percepção de bem-­estar estão diretamente implicados nos processos adaptativos ao ambiente. Conforme esse modelo, a congruência entre características ambientais e necessidades individuais é um meio para entender o impacto ambiental sobre o bem-­estar e ajuste das pessoas (Kahana, 1982;; Kahana, Lovegrenn, Kahana & Kahana, 2003). Portanto, o ambiente residencial apresenta-­se como local propício para manutenção e compreensão dessa congruência pessoa-­ambiente. O modelo ecológico de envelhecimento humano (Lawton & Nahemov, 1973) identificou que ambientes específicos com maiores níveis de pressão, afetam de maneira significativa pessoas com baixa competência comportamental relacionadas às capacidades cognitivas, físicas e sociais, tornando a interrelação pessoa-­ambiente menos dócil (hipótese de docilidade ambiental). Em contrapartida, quando o indivíduo tem capacidades que permitem maior adaptação e uso dos recursos disponíveis no local, considera-­se a atuação proativa desse inter-­relacionamento (hipótese de pró-­atividade ambiental). Destarte, os ambientes residenciais incorporariam as funções básicas de manutenção, estimulação e suporte definidas por Lawton (1986) em sua hipótese de docilidade ambiental. A manutenção de um certo grau de previsibilidade e constância garantiriam a apropriação do espaço e o apego ao lugar. A estimulação e a flexibilidade permitiriam

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exploração e adaptação. O suporte resultaria na eliminação de obstáculos, tornando o ambiente acessível e seguro. O bom ajuste ocorre quando um ambiente fornece suporte e é flexível às demandas e capacidades dos indivíduos que dele fazem uso (Oswald, Wahl, Martin & Mollenkopf, 2003;; Silva & Elali, 2015). Embora o modelo pressão-­competência de Lawton focalize a relação idoso-­ambiente, os níveis de competência individual variam ao longo do desenvolvimento humano, apresentando especificidades nos períodos da infância, da juventude e da vida adulta. Tendo em vista a multidimensionalidade dos estudos sobre o tema, constata-­se que o momento do ciclo de vida repercute nas percepções, necessidades e avaliações de ambientes residenciais. A legislação brasileira por meio do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2004) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990) assegura os direitos daqueles com idade igual ou superior a 60 anos e aos com até doze anos incompletos, respectivamente. Enfatiza a relevância da garantia de moradia adequada, incluindo o acesso à serviços públicos de qualidade, a redução de barreiras e a implantação de mobiliário urbano. Estudos realizados com crianças e idosos focalizam a importância atribuída aos ambientes residenciais na realização de suas atividades diárias e na manutenção do bem-­estar (Christensen, Carp, Cranz e Wiley, 1992;; Depeau, 2017;; Spencer & Wooley, 2000). As atuais agendas de políticas públicas preconizam a necessidade de ambientes amigáveis para o desenvolvimento sadio das populações. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) têm discutido e publicado nas últimas décadas materiais concernentes à temática, definindo diretrizes para as denominadas “Age and Child Friendly Cities”. A atualização dessas discussões se deve ao aumento da população urbana e à falta de alternativas para crianças e idosos engajarem-­se ativamente em seus entornos de modo a potencializarem suas competências e satisfazerem suas demandas. Assim, faz-­se premente refletir sobre fatores que reduzam a hostilidade das cidades e incluam tais grupos em processos participativos no planejamento de ambientes residenciais, fortalecendo laços comunitários e suporte ambiental a fim de permitir acessibilidade, independência, mobilidade e envolvimento (Lima, 2011;; Wang & Lee, 2010;; Wiles, Leibing, Guberman, Reeve & Allen, 2011). Sob esse enfoque, o projeto de pesquisa tem como objetivo geral avaliar dois ambientes residenciais na cidade de Brasília a partir do modelo pressão-­competência desenvolvido por Lawton e colaboradores (1968;; 1973;; 1991). O problema de pesquisa concerne no modo como ambientes residenciais são avaliados por crianças e idosos de acordo com suas capacidades individuais e demandas ambientais. Os objetivos específicos centrar-­se-­ão na identificação dos principais usos e atividades de crianças e idosos em seus respectivos ambientes residenciais;; na diferenciação das avaliações de cada grupo, considerando suas especificidades em termos de competências e demandas e, na proposição de alternativas de melhorias nos locais pesquisados. O estudo seguirá um delineamento correlacional, exploratório e descritivo, tendo em vista a natureza do fenômeno. Seguir-­se-­á um enfoque qualitativo e uma abordagem multimétodos de acordo com pressupostos da psicologia ambiental (Günther, Elali & Pinheiro, 2011). Para tanto, propõe-­se a realização de três estudos. O Estudo 01 incluirá o levantamento de literatura para a construção de um roteiro de entrevista com perguntas abertas e fechadas dividido em quatro seções a ser aplicado no Estudo 03. A primeira seção englobará a solicitação de um desenho do ambiente residencial do respondente, considerando o local de moradia e entorno, incluindo os principais locais frequentados e as atividades realizadas cotidianamente. Em sequência, serão introduzidas questões para a compreensão dos elementos do desenho. Nas seções dois e três serão apresentadas fotografias do ambiente residencial, de modo que o respondente avalie as possibilidades de uso do local (seção dois) e o seu nível de competências para a realização das atividades elencadas na seção anterior (seção três).

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A seção quatro incluirá os dados sociodemográficos. O Estudo 02 envolverá observações sistemáticas seguindo-­se os preceitos do mapeamento comportamental centrado no lugar (Elali, 2006;; Liberalino, 2011). A técnica pressupõe a elaboração de uma representação gráfica do ambiente residencial dividida em setores. Cada setor será observado em horários e dias alternados para permitir uma visão geral das principais atividades desenvolvidas naquele ambiente (Pinheiro, Elali & Fernandes, 2008). O foco das observações será nas atividades realizadas por crianças e idosos. As informações serão redigidas em diário de campo e em fichas de observação para o registro das frequências de pessoas e atividades próprias de cada ambiente. O Estudo 03 consistirá na aplicação do instrumento elaborado no Estudo 01. Serão incluídas crianças dos terceiro e quarto anos letivos das escolas classe de cada local de estudo. Após a anuência das escolas, os estudantes serão convidados por meio de termos a serem entregues aos seus responsáveis. No que tange à população idosa, serão incluídos aqueles com idade igual ou superior a 60 anos. Os grupos deverão residir nas localidades definidas para o estudo e participarão aqueles que se mostrarem disponíveis após o convite e assinatura em Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com os parâmetros éticos dispostos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. A aplicação dos instrumentos dar-­se-­á individualmente em local a ser definido e o número limite de respondentes seguirá o critério de saturação (Minayo, 2016). Os dados obtidos no Estudo 02 serão descritos e representados em mapas de ocupação da área, das principais características e atividades observadas e do perfil dos residentes. A aplicação dos questionários será audiogravada e o conteúdo das respostas será transcrito integralmente nos moldes necessários para análise por meio do software Iramuteq. Esse programa de licença gratuita permite a análise de dados textuais produzindo indicações de frequência, contrastes, similitudes e hierarquização dos segmentos de texto que compõem o corpus textual para direcionamento das análises requeridas (Camargo & Justo, 2013;; 2016). A pesquisa almeja contribuir no campo dos estudos pessoa-­ambiente tanto do ponto de vista teórico quanto prático. Do ponto de vista teórico, porque os conceitos relacionados ao modelo pressão-­competência ainda não foram aprofundados no contexto brasileiro e as poucas pesquisas traçadas voltam-­se para a relação idoso-­ambiente. Do ponto de vista prático, o estudo pode fornecer subsídios para o planejamento de ambientes residenciais de maneira a atender às necessidades dos indivíduos que dele fazem parte, considerando o período de desenvolvimento em que se encontram. Palavras-­chave: psicologia ambiental, modelo pressão-­competência, relação idoso-­ambiente, relação criança-­ambiente, ambientes residenciais Referências Amérigo, M. (2002). Ambientes residenciales. Em J. I. Aragonés, & M. Amérigo (Eds).

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Quality of Life. Em G. Fleury-­Bahi, E. Pol, & O. Navarro (Eds). Handbook of Environmental Psychology and Quality of Life Research. (pp. 311-­328). Springer. ISBN: 978-­3-­319-­31416-­7

Bonaiuto, M., & Alves, S. (2012). Residential Places and Neighborhoods: Toward Healthy Life, Social Integration, and Reputable Residence. Em S. D. Clayton (Ed.). The Oxford Handbook of Environmental and Conservation Psychology. (pp. 221-­247). Oxford University Press. doi: 10.1093/oxfordhb/9780199733026.013.0013

Bronfenbrenner, U. (1999). Environments in developmental perspective: Theoretical and operational models. Em S. L. Friedman, & T. D. Wachs (Eds.). Measuring environment across the life span: Emerging methods and concepts. (pp. 3-­28). American Psychological Association Press, Washington, DC.

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Depeau, S. (2017). Children in Cities: The delicate issue of well-­being and quality of urban life. Em G. Fleury-­Bahi, E. Pol, & O. Navarro (Eds). Handbook of Environmental Psychology and Quality of Life Research. (pp. 345-­368). Springer. ISBN: 978-­3-­319-­31416-­7

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Lima, A. B. R. (2011). Ambiente Residencial e Envelhecimento Ativo: Estudos sobre a relação entre bem-­estar, relações sociais e lugar na terceira idade. Tese (Doutorado

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em Psicologia). Programa de Pós-­Graduação em Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília – DF.

Minayo, M.C.S. (2016) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. São Paulo: Vozes. Oswald, F., Wahl, H., Martin, M., & Mollenkopf, H. (2003). Toward measuring proactivity in

person-­environment transactions in late adulthood: The housing-­related control beliefs questionnaire. Em R. J. Scheidt, & P. G. Windley (Eds.). Physical environments and aging: critical contributions of M. Powell Lawton to the theory and practice. (pp. 135-­152). The Haworth Press, Inc.

Perlaviciute, G., & Steg, L. (2012). Calidad de vida em entornos residenciales. Psyecology, 3(3), 271-­286. ISSN: 2171-­1976.

Pinheiro, J. Q., Elali, G. A., & Fernandes, O. S. (2008). Observando a interação pessoa-­ambiente: vestígios ambientais e mapeamento comportamental. Em J. Q. Pinheiro, & H. Günther (Org.). Métodos de Pesquisa nos estudos pessoa-­ambiente. (pp. 75-­104). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Proshansky, H. M., Fabian, A. K., & Kaminoff, R. (1983). Place identity: Physical world socialization of the self. Journal of Environmental Psychology, 3, 57-­83.

Silva, E. A. R., & Elali, G. A. (2015). O papel das praças para o envelhecimento ativo sob o ponto de vista dos especialistas. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 10(2), 382-­396.

Spencer, C., & Wooley, H. (2000). Children and the city: a summary of recent environmental psychology research. Child care health and development, 26(3), 181-­198. doi: 10.1046/j.1365-­2214.2000.00125.x

Torres, A. L. L. (2015). O papel do ambiente residencial na qualidade de vida de idosos: um estudo exploratório em Cabedelo, Paraíba. Tese (Doutorado em Psicologia). Programa de Pós-­Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal – RN.

Wang, Z., & Lee, C. (2010). Site and neighborhood environments for walking among older adults. Health & Place, 16, 1268-­1279. doi:10.1016/j.healthplace.2010.08.015

Wiles, J. L., Leibing, A., Guberman, N., Reeve, J., & Allen, R. E. S. (2011). The meaning of “Ageing in Place” to older people. The Gerontologist, 1-­10. doi: 10.1093/geront/gnr098

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Sessão 1 (D) -­ Apresentação 2 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Cristiane Faiad

MONITORAMENTO DAS MUDANÇAS NAS ORGANIZAÇÕES: ALTERAÇÕES NAS POLÍTICAS E PRÁTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS, NO COMPORTAMENTO DE APOIO ÀS MUDANÇAS E NAS REDES SOCIAIS INFORMAIS Nome da aluna: Sonia Resende E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientadora: Elaine Rabelo Neiva Linha de pesquisa: Comportamento, trabalho e organizações Esta tese propõe estudo e aferição de evidências de resultados, considerando um período de intervenção na área de Gestão de Pessoas. O objetivo geral é analisar a percepção dos servidores sobre as mudanças ocorridas na SGP, com base nas demandas e expectativas iniciais do gestor e da equipe. O desenho de pesquisa é não experimental, com metodologia quali-­quantitativa, com utilização de survey. O estudo será de caráter longitudinal, com três coletas de dados, ao longo de dois anos. Espera-­se trazer as primeiras evidências de resultados das ações e intervenções feitas pela área de Gestão de Pessoas utilizando critérios como aumento de apoio à mudança, alterações positivas nas relações interpessoais, reconhecimento das políticas e práticas implementadas, percepção sobre o alcance de resultados expectados. Para entender o aumento do apoio, adotar-­se-­á a definição de comportamento de apoio à mudança organizacional como as ações dos indivíduos que se engajam, se comprometem no processo de mudanças, e participam ativamente para aceitar, facilitar, contribuir e defender o processo de mudança planejada (Kim et al, 2011). Para avaliar as alterações positivas nas relações interpessoais, investigar-­se-­á a evolução da estrutura, das posições e das relações nas redes sociais. A literatura aponta que as redes informais podem ser muito positivas e atuar como facilitadoras na introdução de mudanças na organização. Krackhardt e Hanson (1993) observaram que as redes informais desenvolviam confiança, ampliavam a comunicação e corrigiam falhas da estrutura formal. Cross e Prusak (2002) propõem quatro papéis dos atores nas organizações: o Conector Central conecta pessoas umas com as outras;; o Expansor de Fronteiras conecta uma rede com outras redes;; o Corretor de Informação conecta subgrupos de uma rede;; e o Especialista Periférico é aquele a quem se recorre quando necessário um conhecimento específico. Além de compreender e os papéis dos atores, pretende-­se neste estudo extrair medidas como estrutura da rede (tamanho, densidade), cliques relacionais, centralidade de intermediação, e eficiência de contato, e limite dos atores, correlacionando-­as com as demais variáveis de pesquisa. O terceiro grupo de variáveis a serem estudadas durante o processo de mudança é a percepção da equipe sobre as políticas e práticas de Gestão de Pessoas. Armstrong (2009) aponta que as políticas de Gestão de Pessoas definem posicionamento, expectativas e valores de uma organização em relação aos trabalhadores e determinam as principais ações dos gestores, sendo ponto de referência para o desenvolvimento de práticas organizacionais e para decisões tomadas, além de promoverem um tratamento equitativo entre os indivíduos. Demo et al (2012) apontam que as pessoas assumiram papel estratégico e relevante nas organizações, devendo ser valorizadas e desenvolvidas por meio de políticas e práticas de Gestão de Pessoas. Serão aferidas as práticas de Envolvimento, Treinamento e Desenvolvimento, e Avaliação de Desempenho. Durante o estudo serão registrados mudanças importantes, eventos e ações implementadas pela gestão, a fim de serem analisados juntamente com os dados quantitativos. Objetivos:

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Descrever possíveis diferenças na percepção dos servidores sobre as práticas de gestão de pessoas;; Descrever possíveis alterações no comportamento de apoio à mudança dos servidores;; Descrever alterações nas redes sociais informais da SGP;; Descrever as intervenções realizadas na organização ao longo do estudo;; Verificar se a percepção de políticas e práticas de Gestão de Pessoas e as características estruturais e relacionais da rede social são preditores para o comportamento de apoio à mudança;; Verificar se índices individuais de centralidade na rede social se correlacionam com o comportamento de apoio à mudança;; e, Identificar evidências de validade de um instrumento para avaliar a percepção dos membros sobre as mudanças na organização (SGP) ocorridas ao final da gestão. Método: 83 servidores em efetivo exercício lotados na Secretaria de Gestão de Pessoas participaram da primeira coleta, nos meses de junho e julho de 2017. Considerando-­se 103 servidores efetivos lotados na área, a amostra é representativa, com erro amostral de 5% e nível de confiança de 95%. Instrumentos: Estudo 1: Envolve a construção de instrumento quantitativo, com itens definidos a partir da análise de conteúdo de entrevistas com gestores e servidores da área de gestão de pessoas, construído para avaliar o alcance dos objetivos/resultados pretendidos com as intervenções realizadas. Este instrumento será aplicado ao final da gestão. Estudo 2: Envolve o monitoramento das alterações nas políticas e práticas de gestão de pessoas, nas redes sociais informais e no comportamento de apoio às mudanças organizacionais, utilizando os seguintes instrumentos: Escala de respostas comportamentais à mudança organizacional (Nery e Neiva,2015), com estrutura bifatorial – apoio e resistência -­ e índices de consistência interna e validade de construto [x² (88, N = 424) = 182,35 p<0,05;; x²/gl = 2,07;; NFI=0,94;; TLI = 0,93;; CFI=0,93;; GFI=0,95;; AGFI= 0,92;; RMSEA (IC) = 0,05 (0,03-­0,06), R² = 58,46%]. Neste estudo, utilizar-­se-­á apenas os 8 itens referentes ao fator Comportamento de Apoio;; Escala de Percepção de Políticas de Gestão de Pessoas (EPPGP), Demo Fiúza (2008), R²=58%, testada nos Estados Unidos (Demo et al, 2012) e replicada no Brasil (Demo et al, 2014), fatores Envolvimento (reconhecimento, relacionamento, participação e comunicação), 12 itens, Confiabilidade (α) = 0,93, Percentagem de variância = 37%;; Treinamento, Desenvolvimento & Educação (aquisição sistemática de competências, aprendizagem contínua e produção de conhecimento), 6 itens, Confiabilidade (α) = 0,88, Percentagem de variância = 3%, e Avaliação de Desempenho e Competências (promoções, planejamento de carreira e desenvolvimento), 5 itens, Confiabilidade (α) = 0,86, Percentagem de variância = 4%. Para as duas escalas, utilizar-­se-­á escala de resposta Likert de cinco pontos, sendo 1 (discordo totalmente) e 7 (concordo totalmente). Mapa de Redes Sociais -­ questionário adaptado de Neiva e Brito (2008), composto de duas questões: 1) Quais pessoas você considera bons colegas de trabalho e o quanto você a considera essa pessoa sua amiga?, 2) Quais pessoas mais lhe passaram informações importantes sobre o trabalho e o quanto você as considera como fonte de informação? Os respondentes selecionam cinco servidores da lista e os avaliam por escala composta de dois extremos, de 1 (pouco) a 4 (muito). O estudo 2 também envolve o monitoramento das intervenções realizadas durante os dois anos por meio de diário de campo mensal elaborado pelo gestor principal. Esses diários de campo visam apresentar o contexto no qual os dados foram coletados (Sonnentag, 2012). Procedimento de coleta: Em novembro de 2016, foram realizadas entrevistas iniciais, semiestruturadas, configurando o marco lógico da pesquisa: com o gestor, para identificar sua percepção sobre a área e sua intenção de implementação de ações, e grupos focais para verificar reação à mudança e expectativas. De junho a agosto de 2017, os servidores da SGP responderam o instrumento 1 de pesquisa, com as escalas de apoio à mudança, de políticas e práticas de gestão de pessoas e de redes sociais, em aplicação presencial pelo grupo de pesquisa da UnB, que forneceram códigos para identificação dos participantes. Todos preencheram termo de consentimento livre para utilização das suas respostas para fins acadêmicos. O

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instrumento 1 será replicado em fevereiro e agosto de 2018. Na última aplicação, também preencherão o instrumento final construído para esta tese. Análises: As entrevistas transcritas foram submetidas à análise de conteúdo categorial-­temática, com concordância de pelo menos cinco juízes para cada item identificado. Foram definidas duas categorias a priori: “Problemas atuais da organização -­ situações percebidas, obstáculos ou empecilhos identificados pelos servidores como insatisfatórias que prejudicam o desenvolvimento das atividades ou impedem o andamento do trabalho. ” e “Demandas de Mudança -­ necessidades identificadas pelos servidores para alterar cultura, processos, ambiente, relações a fim de melhorar a dinâmica organizacional para alcançar os objetivos de trabalho e de bem estar”. Com os temas será construído o instrumento quantitativo de avaliação final do estudo. As respostas aos questionários de redes sociais serão analisadas com os softwares UCINET 6.0, de onde extrair-­se-­á dados de centralidade e poder, densidade, coesão, buracos estruturais, homofilia, distância geodésica, e Netdraw, para mapeamento e análise gráfica das redes de relacionamento. Os dados quantitativos gerados pelo UCINET foram transportados para o SPSS para análise e correlação com as demais variáveis. Inicialmente, na primeira aplicação já foram verificadas correlações entre o fator de apoio à mudança e fatores de políticas e práticas de gestão de pessoas. Ainda serão testados modelos de pesquisa. Resultados esperados e implicações: Descrever as primeiras evidências de efetividade das ações e intervenções feitas pela área de Gestão de Pessoas utilizando critérios alternativos aos adotados tradicionalmente, descrevendo o aumento do comportamento de apoio à mudança, alterações positivas nas relações interpessoais, reconhecimento das políticas e práticas de Gestão de Pessoas aprimoradas/ implementadas, percepção dos membros organizacionais sobre o alcance de resultados expectados;; consolidação das evidências de validade da escala de Apoio à Mudança Organizacional (Nery & Neiva, 2015) e confirmação de aplicabilidade em outros contextos de trabalho;; avaliação longitudinal das redes sociais com intervalo de tempo menores que um ano (Vieira, 2008);; verificação da correlação das variáveis Políticas e Práticas de Gestão de Pessoas e Redes Sociais, e Comportamento de Apoio à Mudança e Redes Sociais. Palavras-­chave: políticas de gestão de pessoas, apoio à mudança, análise de redes sociais. Referências Demo, G., Neiva, E. R., Nunes, I., & Rozzett, K. (2012). Human resources management

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Sessão 1 (D) -­ Apresentação 3 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Cristiane Faiad

AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA COM AS ESCALAS IDS-­2 Nome da aluna: Talita de Araújo Alves E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientador: Jacob Arie Laros Linha de pesquisa: Avaliação e Medidas em Psicologia Introdução: A inteligência é uma das variáveis mais estudadas e avaliadas na psicologia (Berg, 2000;; Gottfredson, 1997;; Neisser et al.,1996;;). É um construto integrante, e está por trás de diversos comportamentos cotidianos (Sternberg & Sternberg, 2017;; Colom, 2006). Dada a importância desta variável, diversos estudos são conduzidos para avaliar a relação entre a inteligência e diferentes atuações na vida das pessoas, tais como: o desempenho acadêmico, os resultados ocupacionais e os cuidados com a saúde (Valentini, Muniz & Barbosa, 2014;; Deary, 2012). Diferentes concepções teóricas acerca da inteligência convergem para uma arquitetura multidimensional do funcionamento intelectual. Desta maneira, é possível falar em habilidades cognitivas enquanto sinônimo de inteligência. A partir desta perspectiva, os pesquisadores da área adotam a teoria CHC (Flanagan & McGrew,1998) enquanto nomenclatura padrão. A teoria CHC (Cattell-­Horn-­Carroll) foi proposta em 1998 por McGrew e Flanagan e traz a junção da teoria da inteligência fluida (Gf) e inteligência cristalizada (Gc) de Cattell e Horn, e a teoria dos três estratos de Carroll. Este modelo apresenta uma compreensão hierárquica das habilidades cognitivas dividida em três níveis. No primeiro nível encontra-­se um fator geral similar ao fator g de Spearman, ligado a dezesseis dimensões amplas, situadas no segundo estrato, e por último estão cerca de 70 fatores específicos, que subdividem os fatores amplos (Flanagan & Harrison, 2012). A teoria CHC é um importante modelo utilizado para a análise de instrumentos e para a compreensão das funções cognitivas. De acordo com Schelini (2006) o modelo proposto pela teoria CHC teve grande impacto na construção de novos testes de inteligência e sobre a revisão dos testes tradicionalmente utilizados. No contexto brasileiro, os instrumentos de inteligência disponíveis não contemplam a magnitude do modelo CHC de maneira satisfatória. Em um levantamento no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), verifica-­se que existem cerca de 37 testes de avaliação das habilidades cognitivas (Conselho Federal de Psicologia, 2017). A maioria dos instrumentos disponíveis avaliam dimensões específicas do funcionamento intelectual: memória, atenção ou inteligência geral. Mesmo nas baterias de avaliação, como os testes Wechsler, existem lacunas com relação a avaliação das dimensões distinguidas na teoria CHC. Esta constatação tem importantes implicações teóricas e práticas. Do ponto de vista teórico, não existem estudos empíricos que repliquem a estrutura do modelo CHC na população brasileira. Além disso, os profissionais carecem de ferramentas que possibilitem a avaliação das diferentes habilidades cognitivas em uma perspectiva idiográfica. Em âmbito internacional, diversos instrumentos são reconhecidos por avaliar um espectro amplo das habilidades cognitivas: as Escalas Stanford-­Binet, a bateria de avaliação infantil Kaufman, os testes Woodcock-­Johnson e as Escalas de Inteligência e Desenvolvimento IDS-­2. O presente trabalho tem foco na avaliação da inteligência, conforme foi operacionalizada nas Escalas IDS-­2. O IDS (Grob, Meyer & Hagmann-­von Arx, 2009) foi desenvolvido a partir da reformulação do Teste Kramer de inteligência (Kramer, 1972). Do ponto de vista teórico, o instrumento foi construído com base no modelo teórico de inteligência CHC. Além da inteligência, a bateria avalia outras cinco áreas funcionais (funções executivas, psicomotricidade, competências socioemocionais, competências escolares e comportamento de trabalho). As Escalas IDS-­

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2 fornecem alternativas ao conjunto de instrumentos com parecer favorável no Brasil. Para que os testes psicológicos possam ser utilizados é necessária avaliação anterior, cujo objetivo é demonstrar, do ponto de vista técnico e científico, a qualidade psicométrica e a credibilidade das inferências realizadas com base nos escores gerados no processo de testagem (Urbina, 2007). Neste contexto, o objetivo geral do presente estudo é: Testar o modelo de avaliação da inteligência com base em sete dimensões da teoria CHC e indicar normas brasileiras para as escalas IDS-­2. Os objetivos específicos são: Reunir evidências de validade com base na estrutura interna e de validade com base na relação com outras variáveis para os testes de inteligência das Escalas IDS-­2 e adquirir índices de fidedignidade dos escores do instrumento. Método: Estima-­se que a amostra será composta por 1.300 sujeitos divididos em 13 grupos de idade. Para cada grupo serão avaliadas 50 pessoas do sexo masculino e 50 pessoas do sexo feminino. A pesquisa contará com uma amostra estratificada da população brasileira. O processo de amostragem será realizado com base nos dados do censo populacional brasileiro mais recente, do ano de 2010 (IBGE, 2010). A população tomada como base serão as crianças e jovens recenseadas com idades entre 5 e 20 anos. Para o desenvolvimento do plano amostral serão considerados o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a densidade demográfica das regiões e municípios brasileiros. Instrumentos: Para todos os participantes serão administrados os subtestes de inteligência das Escalas IDS-­2 (Grob, Meyer, & Hagmann-­von Arx, 2009) e um questionário contextual. O IDS-­2 é adequado para pessoas na faixa etária dos 5 aos 20 anos. As Escalas do IDS-­2 são compostas por 14 subtestes. A aplicação do questionário tem por objetivo o levantamento de informações adicionais acerca do histórico escolar dos pais e dos alunos e sobre o nível sócio econômico das crianças e adolescentes avaliados. No IDS-­2, o domínio da inteligência é avaliado por meio de 14 subtestes: 2 de processamento visual, 2 de memória de longo prazo, 2 de velocidade de trabalho, 2 de memória auditiva de curto prazo, 2 de memória viso-­espacial de curto prazo, 2 de pensamento abstrato e 2 de raciocínio verbal. Procedimento: Inicialmente o projeto de pesquisa será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais -­ UFMG. Antes de iniciar a coleta de dados, os subtestes de inteligência passarão por revisão da tradução e adequação do conteúdo do teste para o contexto brasileiro. Para a aplicação do teste serão treinados psicólogos e estudantes de psicologia. Para as instituições que manifestarem interesse em participar da pesquisa serão enviados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e o plano amostral. As pessoas cuja faixa etária não corresponde à idade escolar serão contatadas em outros locais de aplicação. Análise dos dados: Os dados coletados serão reunidos em um banco de dados nacional com as respostas dos sujeitos para os testes de inteligência do IDS-­2 e informações acerca das variáveis contextuais. Serão conduzidas análises exploratórias dos dados a fim de verificar a integridade da base de dados e analisar as características de distribuição das variáveis. Para as análises exploratórias será utilizado o software SPSS. Para a obtenção dos escores normatizados os escores brutos serão transformados em uma distribuição normal (M = 0 e DP = 1). Em seguida, os escores nos subtestes serão transformados em escores derivados com distribuição normal (M = 10;; DP = 3). Para o domínio cognitivo, os subtestes formam um escore normatizado de QI (M = 100;; DP = 15). Serão avaliadas as seguintes caraterísticas psicométricas dos escores no IDS-­2: A análise dos itens por meio da Teoria Clássica dos Testes (TCT), por meio da Teoria de Resposta ao Item (TRI) e os índices de fidedignidade dos escores subtestes. A análise da fidedignidade dos escores do teste será realizada por meio do coeficiente Lambda 2 de Guttman (Ten Berge & Zegers, 1978;; Tellegen & Laros, 2004;; Sijtsma, 2012). Para a verificação da estrutura fatorial e obtenção de evidências da validade com base na estrutura interna das Escalas IDS-­2 será realizada uma análise fatorial exploratória (AFE) utilizando o software FACTOR (Lorenzo-­Seva & Ferrando, 2013). A determinação do número de fatores será feita por meio da Análise Paralela

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(Timmerman & Lorenzo-­Seva, 2011). Serão realizadas análises de correlação entre os escores obtidos no IDS-­2 e instrumentos já comercializados no Brasil que avaliam construtos relacionados. Este procedimento visa obter evidências da validade com base na relação com outras variáveis para os escores no IDS-­2. Também serão verificadas as relações entre o desempenho no IDS-­2 e características contextuais. As análises de correlação serão realizadas por meio do coeficiente de correlação bivariada r de Pearson (Thompson, 2006). Resultados esperados: Em relação aos resultados da análise fatorial espera-­se que os 14 subtestes de inteligência das Escalas IDS-­2 avaliem sete fatores relacionados aos domínios previstos na construção do instrumento. No que se refere à fidedignidade do instrumento, espera-­se encontrar índices lambda 2 de Guttman entre 0,70 e 0,90. Em relação aos índices de validade, espera-­se encontrar correlações entre o IDS-­2 e outras medidas de avaliação cognitiva entre 0,60 a 0,80. Do ponto de vista teórico, espera-­se propor um modelo de avaliação da inteligência com base em uma estrutura ampla do funcionamento intelectual. No campo metodológico se destaca o uso de métodos robustos de análise de dados, a utilização de uma amostra estratificada das regiões do país e o uso de uma bateria de avaliação inédita para este contexto. No campo prático se ressalta a disponibilização de normas nacionais para um instrumento de medida abrangente, com evidências empíricas de validade e fidedignidade, que poderá ser utilizado na prática profissional e para a construção de conhecimento científico na Psicologia. Palavras-­chave: psicometria, inteligência, avaliação psicológica, teste de inteligência. Referências Berg, C. A. (2000). Intellectual development in adulthood. In R. J. Sternberg (Ed.),

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Sessão 2 (D) -­ Apresentação 1 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Josemberg Moura de Andrade

IDENTIFICAÇÃO GRUPAL E CIVISMO: EFEITOS DA CONFIANÇA NO ENDOGRUPO, PERCEPÇÃO DE CONTROLE E SÍMBOLOS NACIONAIS Nome da aluna: Raquel Raíssa de Sousa Silva E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientador: Fabio Iglesias Linha de pesquisa: Conteúdos e processos psicossociais do comportamento humano Introdução: Segundo o índice do Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o 4º país mais corrupto do mundo (Altamirano, 2016). Em experimento com jovens de 23 países, Gächter e Schulz (2016) encontraram que a corrupção não apenas prejudica a prosperidade de uma nação, como impacta na honestidade intrínseca de seus cidadãos e tendência a seguirem regras. Países altamente corruptos são difíceis de mudar porque seus cidadãos foram moldados por normas que permitem e perpetuam a desonestidade. Há, no entanto, uma implicação prática positiva: em vez de abordar a corrupção tendo as instituições como o alvo, pode ser melhor focar nos jovens (Makin, 2017). Para além do combate à corrupção institucional, como buscar implicações positivas na cultura de corrupção abordando aspectos cognitivos dos cidadãos? Partindo do pressuposto que o pertencimento ao grupo leva a compartilhamento de crenças, normas e papéis sociais e da cognição humana como amplamente influenciada pelo ambiente social (Fiske & Taylor, 2008), a presente pesquisa objetiva testar o efeito da confiança no endogrupo, da percepção de controle e do aumento da acessibilidade cognitiva de símbolos nacionais na identidade dos brasileiros e no civismo. O civismo se refere a um comportamento participativo e solidário de caráter comunitário e centrado no bem comum (Crepaz, Polk, Bakker, & Singh, 2014). Em meta-­análise sobre a base motivacional da auto definição foi identificado que o self individual tem primazia motivacional sobre o self coletivo, independentemente da identificação com o grupo, se é um grupo mínimo ou natural e das dimensões culturais individualismo e coletivismo (Gaertner, Sedikides, Vevea e Iuzzini, 2002). O que faz com que, mesmo o self individual possuindo primazia, as pessoas adiram a normas de seu país e desenvolvam civismo? Fukuyama (1995) teoriza sobre a sociedade de forma congruente com a meta-­análise (Gaertner et al., 2002), indicando que o ser humano é essencialmente autocentrado, mas que possui um lado moral em que se sente com obrigações com os outros. Para ele, a confiança está por trás da eficácia das relações sociais e o grupo precisa da generalização de normas para que a confiança passe a ser generalizada entre seus membros, mas há uma lacuna empírica a respeito do processo de desenvolvimento da confiança a nível societal (Latusek & Olejniczak, 2016). A confiança generalizada, direcionada a qualquer membro do endogrupo, correlaciona-­se com a identificação com o grupo, sendo que quão maior a identificação significativamente maior a confiança (Kenworthy & Jones, 2009). A necessidade do compartilhamento social de normas e cognições e a necessidade de confiança no endogrupo (a tendência de confiar que membros do endogrupo façam coisas boas e sejam bons) fazem parte das principais motivações que influenciam a cognição humana. Assim é também com a necessidade de pertencimento, de controle e de manter autoavaliação positiva, sendo que variações culturais dos efeitos dessas motivações são ainda pouco exploradas (Fiske & Taylor, 2008). As motivações de necessidade de confiança no endogrupo, de pertencimento e de manter autoavaliação positiva estão implicitamente relacionadas, de acordo com a teoria unificada da cognição social implícita (Greenwald et al., 2002). Foram

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identificadas tríades de balanceamento cognitivo nas quais a associação grupo-­positivo se desenvolve em proporção ao produto dos pontos fortes das associações self-­positivo e self-­grupo. A teoria unificada desenvolveu uma integração de construtos cognitivos e afetivos limitada ao domínio de medidas implícitas. A ausência de efeito numa dimensão explícita pode decorrer do desbalanceamento da tríade em nível implícito, pois correlações explícito-­implícito são maiores para participantes com tríades balanceadas (Schnabel & Asendorpf, 2010). Em um de seus experimentos Rudman e Goodwin (2004) encontraram que com uma maior atitude positiva em relação ao endogrupo a autoestima e a identificação com o endogrupo aumentam. Assim, ressaltar aspectos positivos do endogrupo pode reduzir inconsistências na associação implícita entre a visão de si, comumente positiva (Fiske & Taylor, 2008) e a do endogrupo. Embora a teoria unificada da cognição social implícita trate da associação grupo e valência positiva como atitude em relação ao endogrupo, esta associação é a mesma que conceitua confiança no endogrupo como motivação básica (Fiske & Taylor, 2008). Nesta pesquisa, por sinonímia conceitual, a tríade de balanceamento cognitivo será entendida como a ligação associativa entre autoestima, identificação e confiança no endogrupo. A identificação com o endogrupo pode ainda ser influenciada pela acessibilidade cognitiva que é uma propriedade referente ao fato de que ideias que recentemente foram ativadas vêm a mente com mais facilidade e é o mecanismo pelo qual o priming opera, sendo o priming o efeito da ativação cognitiva em situação subsequente (Fiske & Taylor, 2008). Independente da orientação política, a ativação de conceitos patrióticos aumenta a identificação com o país, mas também pode levar a inclinações etnocêntricas (Payne & Cameron, 2010). A bandeira do país pode desencadear sentimentos, percepções e comportamentos que não são semanticamente relacionados à bandeira, mas simbolicamente (Ferguson, & Hassin, 2007;; Ferguson, Carter, & Hassin, 2009). Os efeitos do aumento da acessibilidade patriótica, para além do aumento da identificação com o endogrupo, só podem ser identificados com estudos intraculturais (Payne & Cameron, 2010). Outra variável influente na tríade de balanceamento é a percepção de controle, pois pode influenciar a redução de inconsistência. A crença de possuir controle e a habilidade de exercê-­lo é essencial para o bem-­estar: é uma necessidade biológica e psicológica (Leotti, Iyengar, & Ochsner, 2010). Representações mentais do self diferem a depender da cultura (Zhou, He, Yang, Lao, & Baumeister, 2012) e essas diferenças culturais influenciam os processos cognitivos e afetivos. Os países coletivistas favorecem o desenvolvimento de estilo de pensamento holístico, menos motivado à redução de inconsistências, enquanto os países individualistas favorecem o estilo de pensamento analítico, mais direcionado ao controle, mas isso não é imutável (Zhou et al., 2012). Em doze experimentos foi identificada mudança no estilo de pensamento de chineses, de holístico para analítico, após passarem por privação de controle temporária. No entanto, se a privação é continuada, sem que seja dada a possibilidade de atuação, há um retorno à forma de pensar holística. Assim, esta pesquisa objetiva, com base nas motivações básicas da cognição humana, testar o efeito da confiança no endogrupo, da percepção de controle e da ativação cognitiva de símbolos nacionais, na identificação com o grupo e no civismo. Método: O número de participantes de cada estudo será calculado utilizando o programa G*Power, utilizando como parâmetros poder estatístico de 0,95, nível de significância 0,05 e tamanho de efeito de estudos similares. Os instrumentos em todos os estudos serão contrabalanceados. A análise da estrutura de balanceamento é feita por regressão, sendo que uma das variáveis é escolhida como critério e deve ser um produto multiplicativo das outras. As variáveis podem efetivamente ser intercambiáveis em suas posições na análise (Greenwald et al., 2002). Estudo 1 – Confecção de testes de associação implícita (TAI) para mensuração da confiança e identificação com o endogrupo. Esses testes são necessários, em todos os estudos propostos, para testar a estrutura de balanceamento, juntamente com TAI de autoestima já confeccionado por

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Silva (2016). A construção seguirá instruções indicadas por Lane, Banaji, Nosek e Greenwald, (2007). Estudo 2 – Efeito da confiança na consistência da tríade de balanceamento implícito e no civismo. Delineamento com três grupos experimentais e um controle sendo que em todos os participantes passarão por mensuração indireta da autoestima, confiança e identificação com o endogrupo e mensuração de civismo adaptada de Crepaz et al. (2014). O grupo experimental 1 será a manipulação de percepção do compartilhamento de normas, com feedback indicando alta compatibilidade de suas atitudes com a dos demais brasileiros. O grupo experimental 2 será a manipulação com feedback de baixa compatibilidade. O grupo experimental 3 será a manipulação de confiança com priming de aspectos positivos do endogrupo. Estudo 3 – Efeito da percepção de controle na consistência da tríade de balanceamento implícito. Delineamento com um grupo experimental e um controle sendo que em ambos os participantes passarão por testagem indireta da autoestima, confiança e identificação com o endogrupo. No grupo experimental os participantes passarão por manipulação de controle, para ativação de pensamento analítico, adaptada de Zhou et al. (2012). Estudo 4 – Efeito da acessibilidade cognitiva de símbolos nacionais na identificação com o endogrupo e na consistência da tríade de balanceamento implícito. Mesma configuração do estudo 3, mas neste o grupo experimental será a manipulação de priming de símbolos nacionais. Resultados esperados e implicações: Para além da mera incorporação de evidências empíricas produzidas em outras culturas, espera-­se que os resultados desta pesquisa possibilitem fundamentação, a partir do conhecimento de processos cognitivos implícitos intraculturais, para ações que visem o aprimoramento da identidade nacional e do civismo. Apesar do enfoque dado nesta pesquisa, os resultados não se restringem a grupos referentes a categorias sociais, como pessoas de mesma nacionalidade (Forsyth &Burnette, 2010), uma vez que a utilização da tríade de balanceamento implícito para compreensão de fenômenos grupais é potencialmente aplicável a diversos grupos (Greenwald et al., 2002). Esperam-­se também implicações metodológicas com o desenvolvimento de instrumentos adequados a estudos intraculturais. Palavras-­chave: Confiança, Identificação, Civismo, Teste de Associação Implícita Referências Altamirano, C. (2016, Outubro 6). Brasil é o 4º país mais corrupto do mundo, segundo

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Sessão 2 (D) -­ Apresentação 2 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Josemberg Moura de Andrade

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, APRENDIZAGEM NO TRABALHO E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Nome da aluna: Túlio Gomes da Silva Mauro E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientador: Jairo Eduardo Borges-­Andrade Linha de pesquisa: Comportamento, trabalho e organizações Introdução: As iniciativas de gestão do capital humano como estratégia para o alcance de vantagens competitivas contemplam ações de promoção da aprendizagem individual dos trabalhadores (Noe, Clark & Klein, 2014), haja vista a relação entre o desempenho da organização e o nível de conhecimentos, habilidades e atitudes de seus membros (Crook, et al. 2011). O desenvolvimento profissional é uma variável a ser considerada em tais iniciativas, pois esta se constitui num indicador de amplo escopo da aprendizagem individual (Mourão, Puente-­Palacios & Porto, 2014), sendo definido como o crescimento e amadurecimento dos conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos ao longo da vida dos trabalhadores, como resultado de ações formais e informais de aprendizagem no trabalho (Mourão, Puente-­Palacios, Porto & Monteiro, 2015). Algumas práticas de gestão de pessoas favorecem a aquisição e transferência de aprendizagem para o trabalho, como o acompanhamento, feedback e a orientação individualizada (Abbad & Borges-­Andrade, 2014). Esses mesmos autores constatam que os avanços da internet e o desenvolvimento de novas tecnologias da informação são potenciais elementos contextuais facilitadores da aprendizagem no trabalho. Sistemas de informação de gestão de pessoas, que executam processos como os citados pelos autores, são elementos do ambiente técnico-­organizacional de aprendizagem que podem facilitar a aprendizagem formal e informal no trabalho (Illeris, 2011) e, consequentemente, promover o desenvolvimento profissional. Esses sistemas têm a proposta de automatizar atividades, integrar trabalhadores, gestores e unidades, aumentar a compreensibilidade dos dados sobre os indivíduos e a transparência dos processos de gestão de pessoas (Kavanah, Thite & Johnson, 2013). As funcionalidades desses sistemas buscam otimizar processos de gestão do capital humano, como avaliação de competências (Brandão & Guimarães, 2001), gestão de planos de desenvolvimento pessoal (Beausaert, Segers & Grohnert, 2015) e trilhas de aprendizagem (Freitas & Brandão, 2006), por exemplo com a geração automática de questionários de avaliação de competências, cálculo de escores, apresentação gráfica de índices e resultados, disponibilização de canais para feedback, sugestão ações de capacitação e posições de trabalho a serem ocupadas baseadas em resultados individuais ou coletivos, dentre outras. No entanto, a pura e simples implantação de sistemas de gestão de pessoas não garante a plena concretização de suas potencialidades, pois não é o sistema em si que leva à vantagem competitiva. É a melhor adequação entre sistema, modelo de gestão de pessoas, capacidades estratégicas e processos de negócio que promoverá essa vantagem. (Kavanah, Thite & Johnson, 2013). Cada vez mais processos de gestão de pessoas são executados parcial ou integralmente por sistemas, sem a preocupação em se avaliar as peculiaridades que diferenciam essa modalidade de gestão da modalidade tradicional. Diante desse cenário questiona-­se: como sistemas que executam processos relativos a gestão de competências podem promover o desenvolvimento profissional? Quais são as variáveis que facilitam/dificultam a efetividade da gestão de competências realizada por meio de

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sistemas? O objetivo geral desse projeto de pesquisa é investigar em que medida sistemas de gestão de competências influenciam desenvolvimento profissional. Sistema de informação e modelo de gestão de competências precisam se inter-­relacionar de certa forma, para que juntos possam promover uma experiência satisfatória a trabalhadores e gestores. Além disso, a forma como um sistema é implantado em uma organização e a maneira pela qual os trabalhadores percebem esse novo elemento são cruciais para eficácia do sistema (Venkatesh & Bala, 2008). Portanto, a hipótese central desse projeto de pesquisa pode ser apresentada da seguinte forma: a combinação entre as dimensões (características do sistema, do modelo de gestão de competências e do processo de implantação do sistema) influenciará atividades de aprendizagem individual e o desenvolvimento profissional, mediada pela percepção dos trabalhadores acerca do sistema. Método: Conforme o objetivo proposto, busca-­se investigar a influência de variáveis do nível organizacional sobre variáveis dos níveis grupal e individual, configurando-­se como uma relação do tipo top-­down, sendo necessário um delineamento multinível para o teste das relações apresentadas (Klein & Kozlowski, 2000). Ademais, busca-­se mensurar as variáveis e testar a magnitude da influência de umas sobre outras, sendo necessária a adoção do método quantitativo e técnicas de análise de dados inferenciais. Amostra: A amostra do estudo será composta de organizações que realizam gestão de competências por meio de sistemas de informação, bem como seus agrupamentos (grupos, equipes, unidades, departamentos, etc.) e seus trabalhadores. A seleção das organizações que participarão do estudo deverá considerar alguns critérios, como tempo em que a organização possui o sistema em operação, tipo do sistema, tipo e quantidade de processos executados pelo sistema, dentre outros. Considera-­se que o número de 20 organizações é o mínimo requerido para os testes que se pretende realizar. A percepção dos trabalhadores sobre o sistema será mensurada no nível dos grupos, pois considera-­se que o uso do sistema e a adesão aos processos executados pelo mesmo possam sofrer influência de aspectos do contexto de trabalho e das lideranças dos agrupamentos da organização (grupos, equipes, unidades, departamentos, etc), os quais podem variar dentro de uma mesma organização. Portanto, espera-­se um número mínimo de 6 agrupamentos por organização, totalizando 120 agrupamentos. As variáveis atividades de aprendizagem e desenvolvimento profissional serão mensuradas no nível individual, sendo que a expectativa para o presente estudo é de 60 participantes por organização, totalizando 1200 participantes. Medidas: As características do sistema, características do modelo de gestão de competências e características do processo de implantação (variáveis do nível organizacional) serão mensuradas por meio de listas de conferência, uma para cada domínio, a serem respondidas por três juízes de cada uma dessas áreas: tecnologia da informação, gestão de pessoas e gestão de projetos, respectivamente. As listas de conferência serão construídas por meio do método Delphi, tendo como especialistas profissionais das áreas citadas, diferente dos juízes, os quais serão selecionados por critérios pré-­estabelecidos. A percepção dos trabalhadores sobre o sistema (variável do nível grupal) será mensurada por meio de instrumento a ser desenvolvido a partir da lista de conferência, sendo que os itens deste instrumento serão adaptados para que o referencial do respondente reflita o nível de medida desejado. As evidências de validade do instrumento serão investigadas antes de sua aplicação. Atividades de aprendizagem (variável do nível individual) contará com dois indicadores: atividades de aprendizagem formal serão mensuradas pelo número de horas de ações de capacitação do trabalhador;; e atividades de aprendizagem informal serão mensuradas por meio do instrumento de estratégias de aprendizagem de Brandão e Borges-­Andrade (2011). Desenvolvimento profissional (variável do nível individual) será mensurado por meio da escala de percepção evolutiva de desenvolvimento profissional de Mourão, Puente-­Palacios e Porto (2014). Resultados esperados e implicações: O embasamento teórico aponta para uma relação entre as variáveis, no entanto, somente o teste empírico

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é capaz de corroborar o modelo heurístico proposto. Espera-­se que o modelo tenha uma boa adequação aos dados, mesmo sabendo dos riscos de se desenvolver uma pesquisa que busca testar variáveis e condições sob uma perspectiva multinível, sem antes terem sido esgotados os testes das relações dentro de um mesmo nível. É notório o avanço dos sistemas de informação como intermediador da relação do indivíduo com seu ambiente, especialmente em organizações e trabalho. Processos típicos de gestão de pessoas cada vez mais têm sido executados por meio de sistemas de informação, sem um olhar crítico sobre essa conjuntura. A presente proposta de pesquisa busca elucidar pontos acerca da gestão de competências por meio de sistemas, visando o melhor aproveitamento dessa prática para a aprendizagem no trabalho e desenvolvimento profissional dos trabalhadores. O projeto também busca atenuar a lacuna apontada por Monteiro e Mourão (2017), referente a escassez de modelos teóricos e empíricos no campo de desenvolvimento profissional e a lacuna apontada por Noe, Clark e Klein (2014), referente a adoção de uma perspectiva mais abrangente do estudo da aprendizagem, considerando aspectos da aprendizagem informal, contexto no qual a aprendizagem ocorre, tecnologia e diferentes tipos de resultados de aprendizagem. Do ponto de vista metodológico, busca-­se contribuir com o teste de um modelo multinível, no qual a influência de variáveis dos níveis organizacional e grupal sobre a aprendizagem e desenvolvimento profissional será aferida. Além do teste das evidências de validade dos instrumentos utilizados, o estudo pretende construir instrumentos para mensurar variáveis do nível organizacional, por meio da aplicação do método Delphi, inter-­relacionando três domínios (características do sistema, do modelo de gestão de competências e processo de implantação). Do ponto de vista profissional, busca-­se identificar marcos e diretrizes específicos para a construção, implantação e utilização de sistemas de gestão de pessoas, para que profissionais da área de psicologia organizacional possam aproveitar as potencialidades que um sistema dessa natureza pode oferecer e mitigar os riscos associados a essa modalidade de gestão. Palavras-­chave: Desenvolvimento profissional, aprendizagem no trabalho, sistemas de gestão de pessoas Referências Abbad, G. S. & Borges-­Andrade, J. E. (2014). Aprendizagem humana em organizações e

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Sessão 2 (D) -­ Apresentação 3 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Josemberg Moura de Andrade

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR: UMA ARTICULAÇÃO COM VALORES E ATITUDES Nome da aluna: Otávio Henrique Braz de Oliveira Calile E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientadores: Ana Lúcia Galinkin (orientadora) e Cláudio Vaz Torres (co-­orientador) Linha de pesquisa: Comportamento no contexto social e ambiental Introdução: A Teoria das Representações Sociais – TRS – constitui-­se de um campo que analisa os conhecimentos construídos pelo senso comum por meio da comunicação intersubjetiva de um determinado grupo. A partir das representações sociais – RS -­ são estruturados modelos explicativos de uma realidade partilhada num contexto social estabelecido (Coutinho & Menandro, 2015;; Drago & Menandro, 2014;; Moscovici, 2013;; Almeida, 2009). Nessa perspectiva, os valores básicos humanos são estudados por Schwartz (2012) como princípios motivacionais que guiam as pessoas em suas vidas e grupos sociais, fundamentando a tomada de decisões, atitudes e comportamentos e RS partilhadas.Tais representações são construídas a partir de aspectos peculiares socialmente significativos para o grupo, como, no caso desse estudo, o gênero e a sexualidade no contexto escolar. Da mesma forma como as teorias de gênero, a TRS surge num contexto de mudança de paradigmas, que propiciaram seu desenvolvimento. Ambas apresentavam similaridades, como, por exemplo, trazer à luz da ciência a conceituação e a análise de duas categorias pouco valorizadas pela ciência até então: a mulher e o senso comum;; além do fato de que tais categorias sejam eminentemente articuladas com as atitudes político-­ideológicas das pessoas num determinado contexto social. Nesse sentido, realizar pesquisas na área de gênero nos remete a investigar as implicações de se nascer do sexo feminino numa sociedade que divide as pessoas em duas categorias distintas e naturalizadas: ao homem é atribuída à racionalidade e força física e, à mulher, os instintos naturais e a propensão ao cuidado com o outro. (Louro, 2005;; Fávero, 2010;; Galinkin & Bertoni, 2014). Os aspectos decorrentes dessa naturalização do gênero trazem muitas implicações para a sociedade, como, por exemplo, as questões relativas à escolha profissional das pessoas, a heteronormatividade como padrão social hegemônico e a justificação de práticas preconceituosas e discriminatórias contra mulheres e homossexuais. Especificamente na escola, como são construídas as RS e atitudes de professores sobre questões relacionadas ao gênero e à sexualidade como fundamento para as práticas cotidianas? Os valores básicos humanos e o posicionamento político-­ideológico estão relacionados com a gênese e a estrutura dessas RS? Objetivos: O principal objetivo é verificar e medir as RS e atitudes dos professores da rede pública de ensino do Distrito Federal sobre gênero e sexualidade no contexto escolar, bem como os valores humanos básicos subjacentes a essas representações. Pretende-­se, também, caracterizar a gênese, os conteúdos e a estrutura dessas representações em relação ao posicionamento político-­ideológico desses professores. Para isso, pretende-­se, construir e obter evidências de validade de um instrumento de atitudes sobre gênero e sexualidade no contexto escolar. Por fim, almeja-­se comparar as RS de professores e alunos sobre o objeto supracitado. As hipóteses dessa pesquisa são: a) a posição político-­ideológica e os valores correlacionam-­se com as RS dos participantes;; b) há diferenças significativas entre as RS de professores e alunos sobre

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questões de gênero e sexualidade e tais diferenças dificultam a abordagem pedagógica dessas temáticas no contexto escolar;; c) professores e alunos ancoram as questões de gênero e sexualidade em conhecimentos advindos, majoritariamente, das ciências naturais;; d) valores básicos humanos, como tradição, segurança social, tradição e conformidade às regras correlacionam-­se positivamente com RS mais conservadoras sobre gênero e sexualidade. Método: Essa pesquisa é dividida em dois estudos complementares. O Estudo 1 tem natureza qualitativa, focado na análise de conteúdo, e é dividido em duas partes. Na primeira, será empregado o método estrutural de Abric (2003), a partir da formação de 2 grupos focais com professores e alunos, separadamente -­ com 7 integrantes cada um. Serão selecionados, para esse estudo, participantes oriundos de escolas que tiveram problemas, situações conflituosas ou discussões na área de gênero e sexualidade no último ano, totalizando 13 instituições (Fonte: Sindicato dos Professores no DF/Sinpro). Esse critério é fundamentado na premissa de Sá (1998), que aponta que as RS são formadas por grupos na tentativa de tornar algo diferentes em coisas familiares. A temática da discussão dos grupos serão os vídeos e cartilhas produzidos pelo Ministério da Educação em 2014 para subsidiar a abordagem pedagógica das questões de gênero e sexualidade nas escolas públicas brasileiras. Devido à pressão de grupos políticos conservadores e religiosos, a distribuição desse material foi suspensa, no entanto, as discussões sobre esse material e essas temáticas foram bastante veementes nas escolas. As sessões serão registradas e transcritas na íntegra. A segunda parte consiste no registro em áudio e vídeo de aulas de 6 (seis) professores de ambos os sexos do 3º ano de Ensino Médio. O material dessas aulas serão os vídeos e cartilhas citados anteriormente. O conteúdo das transcrições dos registros dessas aulas, bem como o conteúdo dos grupos focais, serão submetidas à proposta dos atos da fala de Fávero (2006), à análise qualitativa dos valores humanos básicos de Schwartz (2012) e à análise prototípica de Wolter e Wachelke (2013). Fávero (2006), articula as representações sociais, a linguagem e a mediação semiótica, no sentido de compreender o processo de compartilhamento de significados sociais no meio escolar. A fala assume um sentido de ação de uma pessoa sobre a outra, a fim de manterem uma realidade social comum, estabelecendo seus papeis e construindo suas identidades. Wolter e Wachelke (2013) propõem o uso do software EVOC, desenvolvido para estudos de representações sociais, de acordo com a Teoria do Núcleo Central das Representações Sociais de Abric (2003). Esse programa permite a identificação da estrutura das RS a partir da utilização de um questionário de evocação para que os participantes evoquem o que têm em mente quando se deparam com o termo indutor, isto é, o objeto representacional do estudo. Assim, a partir do termo indutor, o participante escreverá, em campo específico, 6 (seis) palavras ou expressões que lhe vierem à mente sobre esse termor, classificando-­as, em seguida, por ordem de importância, atribuindo o número 1 (um) a palavra mais importante e 6 (seis), a menos importante. Na sequência, a/o participante deverá explicar a escolha da palavra mais importante, em um campo aberto. A explicação da palavra que melhor se associa ao termo indutor, permite qualificar a resposta buscando o seu sentido no contexto das palavras evocadas (Wolter & Wachelke, 2013). As transcrições das falas dos participantes serão analisadas com o apoio do programa computacional Iramutec, que permite realizar as análise de dados textuais, como o cálculo de frequência de palavras, classificação hierárquica descendente e análises de similitude (Wolter & Wachelke, 2013, Camargo, 2013). O Estudo 2 tem natureza quantitativa, com delineamento correlacional e com duas partes distintas e integradas. A primeira consiste na construção de um instrumento com obtenção de evidências de validade e de fidedignidade na medida de atitudes sobre gênero e sexualidade no contexto escolar, adotando-­se, para isso, a perspectiva de Pasquali (2010) e as orientações do AERA (2014). Na segunda parte, serão aplicados o PVQ-­R (Questionário de Valores Refinado, do inglês Portrait Values Questionnaire – Refined)

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(Torres, Schwartz e Nascimento, 2016) e o questionário de posição político-­ideológica de Alves -­ cujo estudo está em fase de conclusão -­, para que sejam verificadas as possíveis relações entre o pensamento político e as RS. Para a análise das relações entre os construtos estudados, pretende-­se utilizar a técnica de modelagem por equações estruturais – conjunto de procedimentos estatísticos que visa testar a relação multivariada entre variáveis hipotéticas e mensuráveis. Resultados previstos e implicações: Com esse trabalho, espera-­se contribuir com a robustez e a consistência da TRS, tendo em vista que as relações testadas são inovadoras e podem introduzir novas perspectivas em um campo que está em franca construção. Do ponto de vista metodológico, espera-­se que a introdução de novos modelos teóricos, como os aqui propostos, possa contribuir para a articulação de importantes construtos da psicologia social contemporânea, como valores, atitudes e RS. A construção de um instrumento de atitudes sobre gênero e sexualidade pode acrescentar novos delineamentos metodológicos sobre temáticas socialmente sensíveis. Por fim, espera-­se que obter resultados que possam contribuir para as discussões sobre gênero no contexto escolar e orientar práticas de inclusão de pessoas que não se enquadram no modelo heteronormativo, trazendo elementos que possam subsidiar a elaboração de programas de ensino que visem integração social das diferenças. Palavras-­chave: Representações sociais, gênero e sexualidade, escola Referências Abric, J-­C. (2003). La recherche du noyau central et la zone muette des représentations

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Sessão 3 (M) -­ Apresentação 1 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Fabio Iglesias ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DO EATING DISORDER INVENTORY-­3 Nome da aluna: Mariana Mateus PenhaE-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Josemberg Moura de Andrade Linha de pesquisa: Avaliação e medidas em Psicologia Introdução: Transtornos alimentares (TAs) são desvios na conduta alimentar caracterizados por alterações constantes na alimentação ou nos comportamentos relacionados à alimentação que afetam o consumo ou a absorção de alimentos. Tais transtornos impactam negativamente na saúde física ou o funcionamento psicossocial dos sujeitos (DSM-­V, 2013;; DSM-­5, 2014). Estudos indicam que os TAs estão associados a alterações digestivas, distúrbios eletrolíticos, osteopenia, osteoporose, transtornos de personalidade, depressão e até morte (Souza & Pessa, 2016). A versão mais recente do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders -­ DSM, cujos critérios diagnósticos são amplamente utilizados como referência para o diagnóstico de transtornos mentais, considera como TAs: o (1) Transtorno de Compulsão Alimentar, a (2) Anorexia Nervosa, a (3) Pica, o (4) Transtorno de Ruminação, a (5) Bulimia Nervosa e o (6) Transtorno de Consumo Alimentar Evitativo/Restritivo (Araújo & Lotufo Neto, 2014;; DSM-­V, 2013;; DSM-­5, 2014). De maneira geral, os TAs são mais comuns em mulheres adolescentes (Abreu & Cangelli Filho, 2005) e jovens adultas (Abreu & Cangelli Filho, 2005;; Oliveira & Hutz, 2010). Sua etiologia é multideterminada (Morgan, Vecchiatti, & Negrão, 2002), englobando fatores de risco classificados em três categorias: Individual, Familiar e Sociocultural (Garner, 1993 citado em Garner, 2004), o que torna mais complexo o seu diagnóstico e mensuração, dada a grande quantidade de elementos que afetam o desenvolvimento desse tipo de transtorno. Observa-­se que, no Brasil, instrumentos psicométricos que avaliam fatores de risco para TAs tipicamente enfocam somente um de seus fatores etiológicos ou, quando abarcam fatores diversos, restringem seu escopo a um tipo de TA. Por isso, considerando o caráter multideterminado dos TAs, há a necessidade do desenvolvimento de avaliações e abordagens que contemplem vários desses fatores (Freitas, Gorenstein & Appolinario, 2002) e que sejam adequadas para uso no contexto brasileiro. Ainda, a inclusão de mais de um tipo de transtorno alimentar em um mesmo instrumento psicométrico ampliaria o seu alcance. No contexto internacional, o inventário Eating Disorder Inventory -­ EDI (Garner, 1983) tem sido amplamente utilizado para rastreio de comportamentos de risco para Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e TAs Não Especificados, conforme classificação diagnóstica proposta pelo DSM-­IV-­TR (2000). Sua edição mais recente, o EDI-­3 (Garner, 2004), é composto por três instrumentos de autorrelato: o EDI-­3 SC, o instrumento EDI-­3 e o EDI-­3 RF. O EDI-­3 SC é um checklist de sintomas baseado no DSM-­IV-­TR (2000);; o EDI-­3 é um instrumento multifatorial, cujos itens visam “mensurar sintomas e traço psicológicos relevantes para o desenvolvimento e manutenção de transtornos alimentares” (Garner, 2004, p. 4);; o EDI-­3 RF é uma versão abreviada do instrumento EDI-­3. Tendo em vista o caráter psicométrico deste estudo, enfocaremos o instrumento EDI-­3, pois o EDI-­3 SC não necessita análises psicométricas e o EDI-­3 RF pode ser avaliado a partir da redução dos itens do instrumento EDI-­3, não exigindo coleta de dados específica. O instrumento EDI-­3 (Garner, 2004) é composto por 91 itens, respondidos em uma escala tipo Likert de frequência e apresenta evidências de validade e normatização em seis países diferentes, com escalas cujos valores do coeficiente alfa de Cronbach são maiores que 0,80 (α > 0,80) em amostras clínicas. Seu

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escopo inclui doze escalas, que representam diferentes fatores de risco para TAs: (a) Busca pela Magreza – Drive for Thinness, (b) Bulimia -­ Bulimia, (c) Insatisfação com o Corpo – Body Dissatisfaction, (d) Baixa Autoestima – Low Self-­Esteem, (e) Alienação Pessoal – Personal Alienation, (f) Insegurança Interpessoal – Interpersonal Insecurity, (g) Alienação Interpessoal – Interpersonal Alienation, (h) Déficit Interoceptivo – Interoceptive Deficits, (i) Desregulação Emocional – Emotional Dysregulation, (j) Perfeccionismo – Perfectionism, (k) Asceticismo – Asceticism e, (j) Medo da Maturidade – Maturity Fears. Apesar da estabilidade do EDI-­3 (Garner, 2004) enquanto medida, diferenças culturais entre países implicam na necessidade de realizar procedimentos de adaptação, verificação de evidências de validade e fidedignidade (Borsa, Damásio, & Bandeira, 2012) e normatização (Ottati & Noronha, 2003) do instrumento antes de utilizá-­lo no Brasil. Ressalta-­se que, uma vez que estudos psicométricos ainda não foram realizados no Brasil, não há como garantir que os construtos de interesse não sofrem efeito de viés cultural (Smith, Fischer, Vignoles, & Bond, 2013). Objetivos: Este estudo pretende identificar evidências de validade e fidedignidade da versão adaptada para o Brasil do Eating Disorder Inventory-­3 (Garner, 2004). Seus objetivos específicos incluem (a) aplicar procedimentos de adaptação do EDI-­3 para o contexto brasileiro, (b) estimar as propriedades psicométricas da versão adaptada do EDI-­3, (c) estimar as propriedades psicométricas da versão adaptada do EDI-­3 por meio da Teoria de Resposta ao Item e, (d) aplicar procedimentos de normatização da versão adaptada do EDI-­3. Método: A pesquisa será não-­experimental, com enfoque nas propriedades psicométricas do instrumento. Sua amostra será não-­aleatória, definida por conveniência. Será constituída por homens e mulheres com idade mínima de 12 anos, respeitando os critérios de adolescência definidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, 1990). Estima-­se a participação de 1.500 respondentes, sendo 300 representantes de cada uma das cinco regiões geográficas brasileiras. Esse número garantirá representatividade no território nacional e permitirá o adequado uso das análises estatísticas previstas. Importante salientar que parte da amostra será de sujeitos clínicos. Farão parte sujeitos diagnosticados com algum transtorno alimentar. Tanto os sujeitos da amostra clínica, quanto os sujeitos da amostra da população geral serão localizados via internet, com auxílio de sites especializados em TAs, e pessoalmente, em serviços de saúde públicos e privados e em escolas públicas e privadas, no caso de adolescentes. O projeto de pesquisa será previamente submetido à análise do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e a etapa de coleta de dados só se iniciará após a aprovação da pesquisa nesse órgão. Ademais, antes de preencherem o instrumento, os participantes serão informados sobre os seus direitos enquanto participantes voluntários e será solicitada a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do Termo de Assentimento, quando cabível. Para adaptação, o EDI-­3 será traduzido por dois psicólogos bilíngues e, em seguida, será realizada análise semântica com o estrato mais baixo em termos de nível educacional da população alvo. A coleta de dados ocorrerá tanto online, quanto presencialmente, de maneira coletiva e individual, conforme a especificidade de cada local de coleta. Os dados serão analisados com auxílio de softwares estatísticos. Inicialmente, serão calculadas as estatísticas descritivas para organização das informações da amostra e verificação dos pressupostos estatísticos por meio do software IBM® SPSS® versão 20. A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) será realizada por meio do IBM® SPSS® Amos versão 21 e as análises de calibração dos itens da Teoria de Resposta ao Item (TRI) serão realizadas a partir do software Parscale® versão 4.1. Para obtenção de evidências de validade de construto por Análise Fatorial Confirmatória, serão considerados os índices de variância extraída e confiabilidade. Os índices de ajuste geral do modelo também serão considerados (qui-­quadrado/g.l, GFI, AGFI, CFI, NFI, RMESA etc). A verificação de evidências de validade de critério do EDI-­3 será realizada a partir da diferenciação dos escores de sujeitos da população geral e de

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sujeitos da amostra clínica: serão utilizados testes paramétricos ou não paramétricos de comparação de médias, conforme análise dos pressupostos estatísticos. Para estimação das propriedades psicométricas dos itens do EDI-­3 por meio da TRI será utilizado o modelo logístico de 2 parâmetros de Samejima, enquanto que para a estimação de evidências de fidedignidade do instrumento serão utilizados os índices de alfa de Cronbach, além dos índices de variância média extraída e confiabilidade composta. A normatização do EDI-­3 para o contexto brasileiro será realizada a partir de normas intragrupo, com o estabelecimento de percentis. Resultados esperados e implicações: Espera-­se que os resultados deste estudo colaborem para a adequada mensuração dos comportamentos de risco para transtornos alimentares no Brasil, tanto no contexto clínico, quanto no contexto de pesquisa. Consequentemente, prevê-­se avanços nos processos diagnósticos, na avaliação de risco e tratamento e nos estudos epidemiológicos e de comorbidades desses transtornos. Palavras-­chave: transtornos alimentares, avaliação psicológica, Psicometria, adaptação transcultural, EDI-­3. Referências Abreu, C. N. de, & Cangelli Filho, R. (2005). Anorexia nervosa e bulimia nervosa: a

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Sessão 3 (M) -­ Apresentação 2 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Fabio Iglesias PREVENDO A EVASÃO EM CURSOS A DISTÂNCIA USANDO ESTILOS DE APRENDIZAGEM INFERIDOS A PARTIR DE ESCALAS E FOOTPRINTS Nome da aluna: Rafael de Melo Balaniuk E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Jairo Eduardo Borges-­Andrade Linha de pesquisa: Comportamento, trabalho e organizações Cada vez mais cresce o investimento na modalidade de ensino a distância, que dá ao estudante a possibilidade do estudante assistir às aulas em qualquer momento, pode ser mais facilmente apoiada por novas tecnologias que o ensino presencial, diminui o custo com viagens e armazena grande quantidade de informações sobre os estudantes e o curso (Abbad, Zerbini, & Souza, 2010). Apesar das inúmeras vantagens, a modalidade de ensino a distância tem desafios como a evasão elevada (ABED, 2015). A evasão é o abandono definitivo do participante em algum momento do curso, sem o cumprimento de todos os requisitos estabelecidos (Carvalho & Zerbini, 2006). O estudante evadido muitas vezes ocupa o lugar de outro estudante ou gera gasto a quem está ofertando o curso e não desenvolve as competências pretendidas. O objetivo do presente estudo é criar um modelo preditivo de evasão com base em estilos de aprendizagem e dados demográficos. Para que isso seja possível, inicialmente serão testadas novas formas de identificar o estilo de aprendizagem dos estudantes. O primeiro objetivo intermediário é inferir estilos de aprendizagem a partir de comportamentos observáveis em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). O segundo objetivo intermediário é criar uma escala mista de itens e comportamentos observáveis em AVA. Para atingir o terceiro objetivo intermediário, será necessário criar uma nova escala de estilos de aprendizagem, que é o quarto objetivo intermediário do estudo. Abbad, Zerbini e Souza (2010), ao revisarem a literatura brasileira sobre evasão, identificaram duas grandes categorias de fatores associados à evasão: fatores ligados ao aluno e ao seu contexto;; e fatores ligados ao desenho do curso. Jesus (2014), em sua própria revisão da literatura brasileira, identificou que, em relação aos fatores ligados ao aluno, os tópicos mais relevantes seriam as variáveis demográficas e as de natureza cognitiva. A variável individual de natureza cognitiva usada no estudo referido foi o estilo de aprendizagem. Estilos de aprendizagem são diferenças existentes entre os indivíduos durante o processo de aprendizagem (Salles, 2007). Jesus (2014) construiu uma escala específica para o ensino a distância. Ao testar sua relação com a evasão, foi encontrada uma relação positiva, indicando que o estilo de aprendizagem pode ser um preditor de evasão em cursos a distância. No entanto, as variáveis demográficas foram analisadas como variáveis de controle e a interação entre elas, os estilos de aprendizagem e a evasão não foi investigada. Quanto às variáveis demográficas, em um estudo em uma instituição de ensino superior, Balaniuk, Prado, Guadagnin, Ferneda e Cobbe (2011) analisaram dados demográficos e dados fornecidos pelos estudantes ao entrarem no curso, usando mineração de dados, e desenvolveram um algoritmo capaz de prever a evasão com uma taxa de acerto de aproximadamente 80%. Acrescentar os estilos de aprendizagem a um algoritmo como o de Balaniuk, Prado, Guadagnin, Ferneda e Cobbe (2011) provavelmente aumentaria seu poder de predição. No entanto, acrescentar respostas a uma escala em um modelo de análise de dados capaz de cruzar ao mesmo tempo inúmeras variáveis seria inviável. Seria necessário que todos os indivíduos respondessem à escala para que fosse possível fazer comparações

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usando estilos de aprendizagem. Para resolver esse problema, pode-­se recorrer aos comportamentos observáveis em AVA. Esses comportamentos foram citados por Abbad, Zerbini e Souza (2010), que apontaram a grande quantidade de dados armazenados em ambientes virtuais de aprendizagem. No entanto, não há nenhum estudo no Brasil que use as informações armazenadas de comportamentos do indivíduo em ambiente de aprendizagem de forma sistemática e inferindo construtos psicológicos a partir desses comportamentos. Cada ação realizada por um indivíduo nesse ambiente fica gravada. Footprint é o nome dado a essa informação crua, que é armazenada no banco de dados do AVA. Sem tratamento, ele não é útil, no entanto, pode ser transformado em indicadores. Um exemplo simples de indicador é a diferença de tempo entre a entrega de uma tarefa e seu prazo final. Se houver footprints em quantidade e variedade suficientes, é possível inferir o próprio estilo de aprendizagem do indivíduo. Deborah, Sathiyaseelan, Audithan e Vijayakumar (2015), conseguiram inferir com 95% de confiabilidade o estilo de aprendizagem de indivíduos com base apenas em footprints. Apesar de o método usado por eles ser uma boa solução para o problema do número de respondentes, uma vez que permite inferir o estilo de aprendizagem de todos os participantes, ele é apenas uma inferência do que o indivíduo responderia se lhe fosse aplicado o questionário. Considerando que as escalas de estilos de aprendizagem têm itens que fazem referência direta a comportamentos observáveis que podem ser identificados por meio de footprints de AVAs, é possível trocar esses itens por indicadores baseados em footprints. Fazendo a troca, não é necessário perguntar ao indivíduo como ele se comporta e sim observar esse comportamento. Método A presente pesquisa será realizada no Instituto Serzedêllo Corrêa (ISC), órgão do Tribunal de Contas da União (TCU). Serão avaliados vários cursos por meio de um estudo correlacional. Para cada uma das turmas, serão criados quatro modelos preditivos, de acordo com as seguintes condições: Condição 1: dados demográficos e dados do curso. Condição 2: dados demográficos, dados do curso e escala de estilos de aprendizagem validada para o TCU. Condição 3: dados demográficos, dados do curso e estilos de aprendizagem inferidos a partir de indicadores baseados em footprints. Condição 4: dados demográficos, dados do curso e instrumento misto de estilos de aprendizagem. Amostra A amostra total do estudo será calculada para cada curso de acordo com a medida de 80% na confiabilidade da previsão da evasão de qualquer uma das condições. Não é possível prever quantos casos são necessários para se chegar a um determinado poder de predição, uma vez que esse número varia de acordo com as variáveis usadas. Sendo assim, definiu-­se um poder mínimo de predição e não um número fixo de sujeitos. Procedimentos e análise de dados: Para a revalidação da escala de estilos de aprendizagem, será feito um levantamento de comportamentos observáveis usados em escalas de estilos de aprendizagem. Desse levantamento, serão escolhidos os itens que são adequados ao arcabouço teórico adotado. Esses itens passarão por uma validação por juízes. Após a validação por juízes, a escala será aplicada na população que será estudada e sua validade estatística será investigada por meio de análise fatorial exploratória. Para a escolha dos footprints do instrumento de estilos de aprendizagem inferidos, será feito um levantamento dos possíveis footprints a partir da análise do curso. Esses footptints passarão por uma validação por juízes. A partir dos resultados aferidos da escala, serão aplicadas regras de lógica fuzzy, criadas a partir dos footprints, para a criação do algoritmo de inferência de estilos de aprendizagem. Para a escolha dos indicadores do instrumento misto, serão levantados os itens da escala de estilos de aprendizagem validada para o TCU que podem ser substituídos por comportamentos observáveis em AVA. Para esses itens, serão levantados todos os possíveis indicadores que podem substituir os itens. Esses indicadores passarão por uma validação por juízes. Os indicadores baseados em footprints e os itens da escala validada serão analisados em conjunto por meio de análise fatorial exploratória. A partir da análise, serão retirados os itens e indicadores inadequados e restará uma versão final do

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instrumento que incluirá tanto indicadores como itens. Serão colhidos os dados de idade, cargo, sexo, tempo de serviço, escolaridade e formação de cada um dos participantes por meio de análise documental. Serão extraídos de cursos já finalizados do AVA todos os footprints de todos os estudantes, assim como a avaliação recebida por eles em cada um dos testes e a informação sobre a aprovação, desistência ou reprovação. A escala de estilos de aprendizagem será aplicada em egressos dos cursos. Todas as variáveis serão analisadas para construir um modelo preditivo. Os resultados serão combinados em uma committee machine, que agrega resultados de previsão de diversos algoritmos de aprendizagem, usando os pontos fortes de cada um deles e chegando em um resultado combinado superior ao que qualquer uma das técnicas poderia chegar individualmente (Tresp, 2001). A comittee machine informará a probabilidade de cada novo participante do curso concluí-­lo. Resultados esperados e implicações: Espera-­se, inicialmente, que todos os três instrumentos possuam boa validade estatística e que contribuam para a predição da evasão dos estudantes. Considerando que o instrumento misto é o único onde os comportamentos são observados e onde são perguntadas informações aos indivíduos, espera-­se que ele seja o que tem maior impacto positivo na predição de evasão do algoritmo. Quanto ao instrumento de estilos inferidos a partir de indicadores baseados em footprints, espera-­se que ele seja o que tem menor impacto positivo na predição de evasão do algoritmo. Uma vez que ele foi construído a partir da escala, se seu poder de predição for maior do que o da escala, significa que esse erro está predizendo melhor a evasão do que a resposta da escala, o que não é esperado. O presente estudo propõe uma nova forma de pesquisar em ensino a distância. Usando essa nova forma, é possível obter dados censitários sobre um construto psicológico sem a necessidade de aplicação de uma escala, identificar de forma mais precisa um construto psicológico e criar modelos de predição de evasão mais completos e precisos. Palavras-­chave: de aprendizagem, evasão, mineração de dados e footprints. Referências Abbad, G. da S., Zerbini, T., & Souza, D. B. L. de. (2010). Panorama das pesquisas em

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Sessão 3 (M) -­ Apresentação 3 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Fabio Iglesias PAPEL DO LÍDER E DO COMPROMETIMENTO NO DESEMPENHO E APRENDIZAGEM DE EQUIPES Nome da aluna: Rafaella de Andrade Vieira E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientadora: Katia Puente-­Palacios Linha de pesquisa: Grupo de pesquisa: Desempenho de Equipes (DEQUI);; Linha de pesquisa: Comportamento, Trabalho e Organizações Introdução: No cenário atual das organizações, as equipes de trabalho ocupam um lugar cada vez mais privilegiado. Neste estudo, elas são compreendidas como conjunto de três ou mais pessoas que possuem um objetivo comum, tarefas interdependentes, mantém trocas sociais intensas, além de compartilharem informações e responsabilidades (Puente-­Palacios & Borba, 2009). Apesar do resultado das pesquisas apontarem que a efetividade das equipes depende do contexto em que são estruturadas, existe dentro das organizações a crença generalizada sobre as vantagens que podem oferecer, quanto à efetividade, quando comparadas com os resultados de indivíduos trabalhando isoladamente (Allen & Hecht, 2004). Entretanto, a literatura da área mostra que ainda não existem resultados conclusivos a respeito das variáveis que influenciam a sua efetividade. Nesta pesquisa, o indicador de efetividade das equipes é o seu desempenho, ou seja, os resultados encontrados pelas ações, tarefas e comportamentos compartilhados pelos membros da equipe (Puente-­Palacios, Martins, & Palumbo, 2016). A esse respeito cabe destacar que resultados encontrados tanto em pesquisas nacionais como internacionais apontam de maneira recorrente o interesse pelo estudo da liderança como importante fator de impacto sobre o funcionamento das equipes. De maneira adicional, diversos desses estudos têm focado, não apenas em resultados das equipes, mas também em seus processos, como é o caso do comprometimento afetivo e os comportamentos de aprendizagem em equipes de trabalho. Tendo em vista este crescente interesse e a insipiência de pesquisas na área de equipes de trabalho no Brasil, considera-­se pertinente o desenvolvimento de uma pesquisa que investigue as relações entre as variáveis acima descritas. Considerando a natureza do vinculo afetivo antes referido, Bishop e Scott (2000) destacam que o comprometimento com a equipe é uma forte crença e aceitação do indivíduo nos valores e metas da equipe, disponibilidade para exercer grandes esforços em favor dessa unidade de desempenho, e ainda, um forte desejo de se manter como parte dela. Sendo a liderança um processo que envolve influenciar outras pessoas através de relação líder membro e estabelecimento de objetivos (Bendassolli, 2014), torna-­se pertinente esperar que relações afetivas vistas como favoráveis impactem positivamente no estabelecimento de um vínculo afetivo com a equipe de trabalho. Entre os diferentes estilos de liderança possíveis (Malvezzi, 2015;; Avolio, Walumbwa, & Weber, 2009), este estudo enfatiza as lideranças transformacional e transacional. Na primeira, o líder instiga seus liderados a níveis mais altos de motivação e desempenho, além de promover inspiração e preocupação do liderado para o bem-­estar dos outros (Avolio et al., 2009). Já a liderança transacional baseia-­se nas relações de troca entre líder e liderados (Bass, 1999). Pesquisas prévias indicam que a liderança transformacional e a transacional possuem diferentes valores preditivos em variáveis relacionadas ao comportamento humano no trabalho (Bass, Avolio, Jung, & Berson, 2003;; Dias & Borges, 2015;; Rodrigues & Ferreira, 2015). Além desta diferença entre os estilos, faz-­se

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importante investigar o papel desempenhado pelos líderes no ambiente organizacional, o qual, de acordo com Silva, Laros e Mourão (2007), abrange o desenvolvimento e manutenção de relacionamentos, obtenção e provimento de informações, tomada de decisões e influência de pessoas, além de impactar diretamente no funcionamento do sistema organizacional e das equipes de trabalho. Considerando que a função dos gestores organizacionais é favorecer o atingimento de metas organizacionais, neste trabalho a liderança e gestão são assumidos como funções similares por envolverem o desempenho de um conjunto de papéis relevantes à atuação das pessoas que ocupam posições de autoridade (Yukl e Lepsinger, 2005). Sendo assim, a liderança também será investigada sob o ponto de vista da atuação gerencial, entendida como a categoria de ação social por meio da qual é realizada a coordenação das funções integrantes do processo administrativo para garantir que as atividades executadas pelos membros da equipe levem à realização dos objetivos previamente determinados (Silva, Laros e Mourão, 2007). É relevante, portanto, compreender o papel desses estilos e papéis no surgimento de ambientes colaborativos. A este respeito vale destacar também que a pesquisa realizada por Barbosa (2006) revelou que lideranças organizacionais que enfatizam a manutenção de relações interpessoais positivas favorecem o comprometimento daqueles sob seu comando, além de perceber que funcionários com relacionamentos de alta qualidade com seus supervisores se envolviam mais em comportamentos de aprendizagem. Sobre a aprendizagem, esta é entendida como fenômeno controlado pelo aprendiz, influenciado socialmente e reconhecido como um processo natural do local de trabalho (Noe, Clarke, & Klein, 2014), incluindo as trocas sociais que ocorrem neste ambiente e que favorecem o surgimento de um fenômeno coletivo conhecido como aprendizagem de equipes, o qual envolve o compartilhamento de conhecimento, o arquivamento desse conhecimento na memória do grupo e a recuperação desse conhecimento para posterior uso, de sorte a propiciar mudanças no repertorio coletivo de potenciais comportamentos (Wilson, Goodman, & Cronin, 2007). Tendo em vista a necessidade de melhor compreender a efetividade e a aprendizagem de equipes, o seguinte objetivo foi traçado. Objetivo: analisar o papel preditivo do líder e do comprometimento afetivo sobre o desempenho e os comportamentos de aprendizagem da equipe. Para tanto, foram desenvolvidas as seguintes hipóteses: (H1a) a liderança terá um impacto positivo no desempenho das equipes de trabalho;; (H1b) a liderança transacional, a transformacional e a atuação gerencial possuem diferentes valores preditivos sobre o desempenho das equipes de trabalho;; (H2) a relação entre liderança e desempenho de equipes será mais forte na presença do comprometimento afetivo com a equipe;; (H3a) a liderança está positivamente relacionada aos comportamentos colaborativos de aprendizagem da equipe;; (H3b) a liderança transacional, a transformacional e a atuação gerencial possuem diferentes valores preditivos sobre os comportamentos colaborativos de aprendizagem da equipe;; (H4) a relação da liderança e desempenho da equipe, defendida em H1, é parcialmente mediada pelos comportamentos colaborativos de aprendizagem. Quanto às hipóteses definidas, cabe chamar a atenção do leitor quanto ao fato de todas elas buscarem estabelecer relação entre variáveis relativas às equipes. Assim, o estudo proposto ainda possui como característica adicional o fato de ser realizado integralmente no nível meso. Método: A pesquisa será realizada em empresas privadas localizadas no Distrito Federal, totalizando cerca de 120 equipes, com no mínimo 3 integrantes cada. Além de informações demográficas e funcionais, os participantes responderão aos seguintes instrumentos: (a) Instrumento de Comprometimento Afetivo com Equipes de trabalho, desenvolvido por Puente-­Palacios & Andrade-­Vieira (2010), composto por 9 itens, unifatorial, alfa de 0,87;; (b) Escala de Atitudes frente a Estilos de Liderança (Fonseca, 2013), que possui um total de 32 itens organizados em dois fatores: liderança transformacional (24 itens, α = 0,91) e liderança transacional (8 itens, α = 0,74), ambas escalas citadas possuem resposta tipo

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Likert de 7 pontos;; (c) Avaliação da Atuação Gerencial (Silva, Laros e Mourão, 2007): hetero-­avaliação de 30 itens, alfa de 0,98, respondidos em escala do tipo likert de 11 pontos;; (d) Comportamentos de Aprendizagem de Equipes (Barouh & Puente-­Palacios, 2015), composto por 9 itens, unifatorial (α = 0,86) e escala tipo Likert de 5 pontos;; e (e) Instrumento de Desempenho de Equipes desenvolvido por Puente-­Palacios, Martins, & Palumbo (2016), também com 9 itens, solução unifatorial (α = 0,88) e escala de 7 pontos. As informações sobre liderança serão respondidas tanto pelo líder quanto pelos membros da equipe, a fim de mitigar os efeitos do viés da fonte comum. Ademais, os integrantes das equipes fornecerão informações sobre o comprometimento com a equipe e os comportamentos colaborativos de aprendizagem, enquanto os líderes irão avaliar o desempenho. Cumpre ressaltar que os indivíduos que ocupam cargo de gestão serão considerados os líderes das equipes estudadas, tendo em vista terem como atribuição formal coordenar e integrar a equipe para o alcance de metas. A partir dos dados coletados, será realizada análise fatorial confirmatória dos instrumentos utilizados, objetivando compreender como as escalas se comportaram com os participantes desta pesquisa. Posteriormente, serão realizados os testes estatísticos pertinentes para verificar a homogeneidade das respostas intragrupo (ADMd) e a variância das respostas entre as equipes participantes (ICC, Anova one way). Esses procedimentos são relevantes para evidenciar a construção social da liderança e a adequação das demais variáveis estudadas como construtos do nível meso (Puente-­Palacios & Borba, 2009). Posteriormente, análises descritivas, de correlação e de regressão serão realizadas. Resultados esperados e implicações: No ambiente organizacional, os resultados deste estudo poderão fornecer subsídios para o adequado planejamento e execução de ações de desenvolvimento de líderes focados nos aspectos e comportamentos mais eficazes para promover a aprendizagem da sua equipe, mantê-­la comprometida e atingindo os resultados estipulados. Ademais, os resultados poderão propiciar importantes insights para promoção de um ambiente de aprendizagem propício ao compartilhamento de novos conhecimentos e estabelecimento de um vínculo afetivo positivo e duradouro. Palavras-­chave: aprendizagem de equipes, liderança transformacional e transacional, atuação gerencial, desempenho de equipes, comprometimento de equipes. Referências Allen, N.J. & Hecht, T. D. (2004) The `romance of teams´: Toward an understanding of its

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Sessão 3 (M) -­ Apresentação 4 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Fabio Iglesias APEGO AO LUGAR COMO PREDITOR DE COMPORTAMENTO AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL: O RACIONAMENTO DE ÁGUA EM QUESTÃO Nome da aluna: Natália de David Klavdianos E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientadora: Isolda de Araújo Gunther Linha de pesquisa: Ambiente urbano e comportamento humano Introdução: Tendo em vista a conservação dos recursos naturais, o desafio de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e instigar a população a se engajar em comportamentos ambientalmente responsáveis tem sido uma das principais pautas da atualidade, em vários campos do conhecimento. A Psicologia Ambiental (PA) assume tal desafio uma vez que tem como pressuposto que a qualidade do ambiente, natural e construído, é essencial para a saúde e bem estar das comunidades humanas (Steg, Berg & Groot, 2013). Entende-­se que os recursos providos pelo ambiente são fundamentais para a manutenção da qualidade de vida a nível individual, comunitário e global (Gifford, 2013;; Fleury-­Bahi, Pol & Navarro, 2017). Achados teóricos da PA apontam que uma das principais variáveis atuantes nas relações pessoa-­ambiente é o apego ao lugar (Bonaiuto, M. & Alves, S., De Dominicis & Petruccelli, 2016;; Gifford, 2013;; Fleury-­Bahi, Pol & Navarro, 2017;; Ruiz, Hernández & Hidalgo, 2011), componente afetivo presente nas relações estabelecidas entre um indivíduo e algum local considerado importante para ele, quer seja sua residência, bairro, cidade, igreja, parques, entre vários outros (Lewicka, 2011). Recentemente, a literatura sobre esse tema tem se voltado para a relação com comportamentos ou intenções comportamentais ambientalmente responsáveis, que visem a prevenção de catástrofes naturais que possam afetar a qualidade de vida dos moradores e/ou a conservação de recursos (Bonaiuto et al., 2016;; De Dominicis, Fornara, Cancellieri, Twigger-­Ross & Bonaiuto, 2015;; Halpenny, 2010). A literatura sobre esta relação aponta que faz-­se necessário pensar nos aspectos afetivos, como apego ao lugar, ao se pensar em intervenções relacionadas às ações pró-­ambientais, uma vez que aspectos apenas cognitivos e ações que comuniquem sobre o problema e como enfrentá-­lo têm se mostrado insuficientes para predizer ou explicar esses comportamentos (Bonaiuto et al., 2016;; De Dominicis et al., 2015). Estudos apontam para a correlação, hora positiva, hora negativa, entre apego ao lugar e intenções de comportamentos ambientalmente responsáveis, de maneira que é importante esclarecer como as pessoas tomam decisões a favor do meio ambiente e a conservação de recursos naturais (Bonaiuto et al., 2016;; De Dominicis et al., 2015;; Halpenny, 2010). Parece ser intuitivo relacionar maior apego ao lugar com maior taxa de intenções de comportamentos que visem o cuidado com o mesmo, sua conservação e melhoria. No entanto, para De Dominicis et al., (2016), quando medidas desse tipo são implementadas, o lugar e a identificação do indivíduo ou do grupo com o local pode ser ameaçada, como é o caso de construção de parques de energia eólica, arborização e conservação de recursos. Para os autores, uma vez que apego e identidade com o lugar estão fortemente relacionados, a ameaça a um desses conceitos pode salientar o outro, e então podem ser observados maiores níveis de apego ao lugar e menor intenção de comportamentos ambientalmente responsáveis. Nas pesquisas realizadas sobre o tema, o nível de bairro tem sido utilizado para verificar a existência dessa relação (Bonaiuto et al., 2016). O local de residência é um dos ambientes físicos mais importantes para as pessoas e se configura como um

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lugar onde diversas necessidades consideradas importantes para o bem estar e qualidade de vida podem ser supridas. Focando-­se em apego ao bairro, Ruiz, Hernández e Hidálgo, (2011), ressaltam que este processo implica em laços afetivos entre as pessoas e seu entorno, a personalização do espaço e os sentimentos relacionados à vizinhança. O apego ao lugar de residência exerce funções como as de prover sentimento de pertencimento a um local e comunidade, percepção de segurança, sentimento de continuidade do self e de restauro e facilitam o indivíduo e o grupo a alcançar seus objetivos (Gifford, 2013). Apego ao lugar, no entanto, é um construto descrito e operacionalizado de diversas formas. Outros conceitos, como identidade com o lugar, pertencimento à comunidade, dependência com o lugar e identidade ambiental têm muitas vezes suas definições misturadas às de apego, dificultando a construção de teorias e métodos para pesquisas na área (Gifford, 2013). A fim de organizar a literatura sobre o tema, Gifford e Scannell, (2010), propuseram um modelo para esse construto, dividindo-­o em três dimensões interrelacionadas: pessoa, processo psicológico e lugar. A dimensão pessoa se refere às memórias, experiências e significados que um indivíduo ou grupo tem sobre um lugar;; a dimensão processo psicológico engloba os processos cognitivos, afetivos e comportamentais que se tem para com o local;; já a dimensão lugar abrange os níveis social e físico. O nível social se refere aos vínculos formados no local, como e de que maneira a interação social afeta a experiência do lugar. O aspecto físico do ambiente, por sua vez, influencia o nível de análise (lar, bairro, cidade, parques, país…), e se o ambiente estudado é natural ou construído. Para De Dominicis et al., (2016), este modelo pode ser útil para se compreender como ocorre e quais os principais aspectos de apego ao lugar a nível geral e também em relação a locais específicos. Para os autores é possível utilizar o modelo para se chegar a um entendimento mais completo de como o apego ao lugar se relaciona, por exemplo, a comportamentos ambientalmente responsáveis em locais que estejam enfrentando desafios quanto à exposição a riscos de catástrofes naturais e necessidade de conservação de recursos. Brasília, no ano de 2017, pode ser considerado um desses locais, visto que já é possível se perceber a necessidade de investigações e intervenções para a mitigação de mudanças no clima no contexto da cidade, uma vez que a crise hídrica enfrentada atualmente tem efeito sobre toda a população. As medidas de racionamento de água, para todo o DF ocorridas nesse ano, apontam para a urgência em engajar a população brasiliense em comportamentos de preservação de recursos hídricos ou enfrentar problemas ainda mais graves que os atuais pela falta dos recursos para suprir as necessidades do dia a dia, a curto e médio prazo visto a estiagem prolongada pela qual a região tem passado. Para isso, é necessário, primeiramente, compreender qual a aceitação das medidas já em ação e quais fatores contribuem ou melhoram a favorabilidade das mesmas. Considerando as medidas de racionamento de água, um comportamento ambientalmente responsável, questiona-­se, se maior ou menor apego ao bairro se correlaciona com maior ou menor aceitação do racionamento. Objetivo: para se ter uma melhor compreensão dessa relação, o objetivo da pesquisa é identificar se e quais as dimensões e aspectos do modelo tripartite de apego ao lugar presentes na vinculação afetiva com o local de moradia e com a favorabilidade ao racionamento de água. Principais hipóteses: maior apego irá se correlacionar a maior ou menor aceitação das medidas de racionamento e;; dimensões e aspectos do modelo tripartite de apego ao lugar irão influenciar essa relação, como moderadores. Método: serão aplicados, por conveniência, questionários a 100 participantes moradores do Plano Piloto, maiores de dezoito anos, que aceitarem participar da pesquisa. O questionário será dividido em três partes: escala de apego ao bairro, questões sobre a favorabilidade do participante quanto as medidas de racionamento de água, perguntas abertas relacionadas às dimensões do modelo tripartite de apego ao lugar, que visem acessar quais os aspectos do modelo presentes nesta relação;; perguntas sóciodemográficas sobre idade, sexo, tempo de moradia no local e

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nível de escolaridade. Será utilizada a escala elaborada por Ruiz, Hidalgo & Hernández (2011), (α=0,95), composta por seis itens de concordância. Será feita a tradução reversa dessa escala e, posteriormente, sua aplicação em residentes da Asa Norte e Sul de Brasília, em locais de moradia e comerciais, por meio de abordagem presencial. Análise dos dados: serão feitas análises estatísticas descritivas para se observar características da distribuição da amostra e análises estatísticas inferenciais de correlação entre os escores obtidos na escala de apego e os escores obtidos nos itens sobre favorabilidade às medidas de racionamento. Pretende-­se, além disso, realizar regressão linear simples, com a variável apego como variável preditora e a variável favorabilidade como variável critério. Para as perguntas abertas, será realizada análise de conteúdo de texto, utilizando-­se o software IRAMUTEQ. Verificar-­se-­á as categorias que emergirem e sua adequação, ou não, ao modelo proposto por Scannell e Gifford, (2010). Caso seja notado que algum dos aspectos do modelo encontrado nas perguntas abertas possam estar influenciando a relação entre apego e favorabilidade, será feita análise linear múltipla, considerando-­se esta última variável como variável moderadora. Resultados esperados: pretende-­se, com este trabalho, contribuir para um melhor entendimento de como comportamentos ambientalmente responsáveis, como conservação de água, são entendidos pela amostra estudada, e quais fatores podem ser barreiras ou facilitadores para tomadas de decisões que visem a conservação desse importante recursos. Palavras-­chave: apego ao lugar, modelo tripartite, conservação de recursos, psicologia ambiental Referências Bonaiuto, M., Alves, S., De Dominicis, S., Petruccelli, I. (2016). Place attachment and

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Sessão 3 (M) -­ Apresentação 5 Banca avaliadora: Bruno Figueiredo Damásio e Fabio Iglesias CONTRIBUIÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA PARA A MOBILIDADE ATIVA Nome da aluna: Fernanda de Moraes Goulart E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Hartmut Günther Linha de pesquisa: Laboratório de Psicologia Ambiental Linha de Pesquisa: Comportamento no Contexto Social e Ambiental Introdução: Imagine-­se precisando escolher entre dois locais para morar;; as duas moradias estão igualmente distantes do seu trabalho e de pontos comerciais que você costuma frequentar, mas uma possui um primoroso projeto paisagístico, agraciada com árvores frondosas acompanhando as calçadas e pequenas praças espalhadas pelo bairro. É possível afirmar que, nestas circunstâncias, você e a grande maioria das pessoas escolheria morar no bairro que, além de cumprir as necessidades básicas de acessibilidade, seja ornamentado com elementos naturais, como árvores frutíferas e floridas, canteiros decorativos e hortas comunitárias. De fato, muitos afirmam que um ambiente agradável e natural possui propriedades terapêuticas (Russel, 2012), e optar por morar na vizinhança mais arborizada pode influenciar positivamente em sua saúde. A noção de que o ser-­humano possui uma força interna que o leva a se associar e responder positivamente à ambientes naturais é uma ideia antiga (Scopelliti, Carrus, & Bonnes, 2012), e uma de suas formulações ampara-­se sob uma perspectiva evolucionista, que atribui bases biológicas à necessidade de se filiar a elementos naturais, ou seja, considera-­a algo inerente da própria condição humana e essencial para a saúde física e psicológica das pessoas (Kellert & Wilson, 1984). Desta maneira, espaços que apresentam elementos naturais, especialmente vegetação, são preferidos sobre espaços urbanos completamente sintéticos, em concreto e vidro (Kaplan & Kaplan, 1989, Ulrich, 1993). Essa conjectura foi testada repetidas vezes em diversos contextos diferentes, (Honold, 2016, Hunziker, & Bauer, 2012, Van den Berg, Jorgensen, & Wilsond, 2014) inclusive no Brasil (Albuquerque, 2015, Reifshneider, 2016, Sousa, Medeiros & Albuquerque, 2015). São estudos que certificam a aprazibilidade estética de ambientes naturais, e sua capacidade em promover o restauro cognitivo e reduzir o stress. Mas será que morar em um local arborizado pode influenciar as pessoas a engajarem em hábitos mais saudáveis, optando por práticas de mobilidade ativa, como caminhadas e deslocamentos por bicicleta? Pesquisas recentes afirmam que, além de suas propriedades restaurativas, uma cidade arborizada pode contribuir para a saúde e bem estar da população ao estimular a prática de atividades físicas (Van den Berg, Joye & De Vries, 2013). Considerando que a estimativa atual é de que menos de15% dos brasileiros alcançam um nível recomendado de atividades físicas durante o seu tempo livre (Malta et. al, 2006), o que aumenta consideravelmente suas chances de manifestarem sintomas de obesidade e hipertensão (OMS, 2010), torna-­se relevante estudos que foquem na relação entre ambiente urbano e criação de hábitos saudáveis. A OMS (2010) define que, para melhorar as funções cardiorrespiratórias e musculares e prevenir doenças não-­transmissíveis, é ideal que um adulto realize um mínimo de 150 minutos semanais de atividade aeróbica. Esta meta é facilmente atingida quando uma pessoa deixa o carro de lado e passa a realizar seus deslocamentos diários a pé e de bicicleta, a chamada mobilidade ativa. Ainda que sejam escassos os estudos que relacionam diretamente a presença de árvores na vizinhança com a prática de mobilidade ativa, muitos reforçam

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que a arborização pode estar associada à redução de criminalidade (Doovan & Prestemon, 2012, Kuo, Bacaicoa, Sullivan, 1988), influenciar positivamente na percepção estética dos caminhos (Albuquerque & Silva, 2016, Grahn & Stigsdotter, 2010, Sommer, Günther, Barker, 1990), na sensação de satisfação com a vizinhança, entre outros. Esta pesquisa pretende contribuir com a bibliografia existente, reforçando a ideia de que um urbanismo que priorize a e arborização na cidade pode contribuir, direta e indiretamente, para hábitos de mobilidade ativa dos moradores, e em virtude disto, aumentar seus níveis de satisfação, qualidade de vida e saúde. Objetivos: Pretende-­se estudar os efeitos da arborização urbana na mobilidade ativa, ou seja, entender se a presença de árvores na cidade favorece direta ou indiretamente comportamentos de mobilidade para deslocamentos a pé e de bicicleta. Subsequentemente, será avaliado se diferentes tipos de configuração da cobertura verde (isolada, linear ou conectada) possuem diferentes desempenhos na prática de mobilidade dos moradores. As hipóteses iniciais é formulada da seguinte maneira: H1 -­ Há diferenças entre os hábitos de mobilidade ativa nas pessoas que moram em locais mais arborizados, em comparação à locais menos arborizados. H2 -­ Quanto maior o índice de cobertura verde em um bairro, mais propensos estarão os seus moradores a realizar seus deslocamentos ativamente. Método: O presente estudo é parte da pesquisa internacional e transdisciplinar MOB – Mobilidade Urbana Saudável, conduzida pelas universidades UnB, UFPR e UFSC, em parceria com a universidade anglicana Oxford Brooks. Para esta dissertação será proposta uma análise aprofundada dos estudos de caso Vila Planalto e SQS 409 e 410, em Brasília, escolhidos por possuírem características socioeconômicas singulares e apresentarem aspectos de sua malha viária e distribuição de atividades comerciais potencialmente favoráveis à caminhabilidade. Procedimento: A partir de levantamento técnico in loco foi criada uma base de dados dos estabelecimentos comerciais, serviços e espaços públicos disponíveis na Vila Planalto e na Asa Sul. Estes estabelecimentos foram georeferenciados e manipulados no programa Arc Map. A partir daí foi possível calcular os índices urbanísticos relacionados à caminhabilidade, como o indicadores de uso do solo, de densidade populacional e distribuição de comércio e serviços. O método utilizado para calcular o índice de cobertura vegetal é a versão proposta por Nucci & Cavalheiro (1999). A partir de fotografias foram delineadas as copas das árvores visíveis a uma escala de 1:10000. Com o programa Autodesk AutoCAD foi calculado a área da cobertura vegetal e foram classificados os tipos de arborização (Jim, 1989). Instrumentos: O levantamento do perfil demográfico da população, seus índices de qualidade de vida, e seus comportamento e atitudes dos respondentes quanto à prática de mobilidade ativa foi realizado por meio da aplicação de questionários face a face, por entrevistadores capacitados. O questionário original é composto por 16 blocos, mas para o recorte específico desta pesquisa foram selecionados os quatro blocos que contém informações relevantes para a avaliação da influência da presença de espaços verdes urbanos na mobilidade ativa. São eles, o (1) Bloco de Identificação do Participante, o (2) Bloco de Escala de Mobilidade Ativa na Vizinhança da Moradia (NEWS), o (3) Bloco de Atitudes e Comportamentos de Viagem (IConnect), e (4) Bloco de Dados Sóciodemográficos. Seleção de participantes: Foi estabelecida uma meta de até 400 questionários aplicados por localidade, ou o suficiente para atingir 95% de nível de confiança e 5% de intervalo de confiança. Considerando o levantamento demográfico realizado pelo IBGE ( 2010), isto se traduz em uma meta de 334 respondentes para a Vila Planalto, no mínimo. A meta estabelecida para a SQS 409/410 sul foi de 289 respondentes. A seleção da amostra foi realizada a partir de uma lista com todos os endereços cadastrados das localidades selecionadas. Por se tratar de uma vizinhança auto-­construída, a lista da Vila Planalto foi revisada e atualizada a partir do levantamento in loco. Com a lista de endereços atualizada, foram selecionados randomicamente os 1000 primeiros participantes da pesquisa, 500 em cada

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localidade. Os endereços selecionados foram entregues aos pesquisadores, que visitaram cada domicílio três vezes em três turnos diferentes (manhã, tarde e à noite). Após a visita de todos os endereços da amostra, como não foi obtido o número de respondentes desejados, realizamos uma segunda seleção randômica de participantes, com 100 novos endereços em cada localidade. Resultados Esperados e Implicações: O tema da arborização urbana está permeado de premissas negativas, com pouca fundamentação teórica. Há pessoas que argumentam que a manutenção da vegetação urbana é demasiadamente dispendiosa, e que portanto, a criação de áreas verdes e espaços urbanos arborizados deveria estar fora da lista de prioridades da gestão pública. Soma-­se a isto o fato de que muitos espaços públicos arborizados se tornam locais abandonados e inseguros, devido à forma como foram projetados e o tipo de paisagismo implantado. Frequentemente, as pessoas associam a criminalidade que ocorre nestes espaços à arborização urbana propriamente dita, inferindo que a presença de árvores na cidade de uma forma geral leva ao aumento da criminalidade. Ao diferenciar as configurações formais de arborização urbana em categorias de cobertura vegetal, pretende-­se evidenciar quais os tipos de arborização podem vir a ser prejudiciais para a cidade, e quais trazem benefícios. Para isto, toma-­se como ponto de partida os estudos em caminhabilidade, pois seus instrumentos (NEWS e ICONNECT) medem o quão adequado ao uso do pedestre é o espaço público, mensurando a percepções do usuário em relação à segurança, aprazibilidade e qualidade ambiental dos espaços públicos. Entende-­se que investir em estratégias urbanísticas que estimulem deslocamentos menores acarreta em uma série de mudanças positivas para a cidade, catalisadas pela prática de mobilidade ativa, que vão desde o aumento do convívio entre cidadãos em áreas públicas à diminuição de taxas de doenças cardiovasculares dos mesmos. Ou seja, a mobilidade ativa não se apresenta apenas como uma solução ao problema da falta de mobilidade em si, mas atua na cidade de maneira holística, fomentando a vida social pública, a economia local e a melhoria da saúde da população de maneira geral. Palavras-­chave: Palavras-­chave: Caminhabilidade, Psicologia Ambiental, Mobilidade Ativa, Arborização Urbana. Referências Albuquerque, D. S. (2015) Campi Universitários e Espaços Verdes: Percepções

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07 de novembro de 2017, terça-­‐ feira

Sessão 4 (D) -­ Apresentação 1 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Jairo Eduardo Borges-­Andrade

EMOÇÕES NO TRABALHO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS E SUA RELAÇÃO COM AS EMOÇÕES DOS ESTUDANTES Nome da aluna: Tatiana Farias Moreira E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientadora: Cristiane Faiad Linha de pesquisa: Avaliação e Medidas em Psicologia Introdução: Emoções podem influenciar as relações e o desempenho no trabalho de diversas formas (Bonfim & Gondim, 2010). O estudo das emoções no trabalho tem ganhado força, uma vez que no setor de serviços as atividades demandam a expressão de determinadas emoções e a supressão de outras (Kammeyer-­Mueller et al., 2013). Porém, não existe consenso sobre a definição desse construto (Ashkanasy & Dorris, 2017). Uma das definições mais comuns é a de que a emoção é uma reação psicobiológica complexa, articulando padrões motivacionais, impulsos para ação e mudanças fisiológicas (Smith & Lazarus, 1990). O presente estudo tem como base a teoria das emoções básicas ou discretas, que pressupõe diferentes categorias de emoções e que produzem configurações de respostas fisiológicas e padrões de expressões específicos (Scherer, 2013). Nessa perspectiva, alegria seria uma emoção caracterizada por alta vivência de prazer subjetivo, tendências motivacionais de aproximação, e gestos e expressões faciais abertos, como sorriso. Já a raiva estaria associada a tendências motivacionais de luta e expressões faciais e gestos agressivos, e a ansiedade estaria relacionada a tendências motivacionais de evitação e expressões faciais e gestos defensivos (Frenzel et al., 2016). Para alguns autores, as emoções são inerentemente sociais, visto que se referem a objetos sociais, e suas funções e consequências também seriam sociais (Parkinson, 1996). Assim, situações de convívio social são potencialmente desencadeadores de emoções (Manstead, 2010). No contexto de trabalho, as pesquisas sobre emoções têm sido desenvolvidas de formas diversas, e com focos distintos. Alguns desses focos são a inteligência emocional (Ashkanasy & Daus, 2001;; Côté, 2014), a regulação emocional (Gondim & Siqueira, 2014), as emoções sentidas e expressas (Fisher & Ashkanasy, 2000) e o trabalho emocional (Grandey & Gabriel, 2015;; Hochschild, 1983). Diversas são as profissões que desencadeiam emoções e/ou demandam a expressão ou supressão destas. Entre as categorias profissionais estudadas, encontram-­se algumas menos especializadas, como atendentes (Hochschild, 1983), e outras mais especializadas, como profissionais de saúde e educação (Wharton, 2009). Embora o trabalho de professores tenha sido classificado por Hochschild (1979), Bonfim e Gondim (2010) e Gondim e Siqueira (2014), entre outros, como trabalho emocional, poucos são os estudos sobre as emoções desses profissionais, e a maioria se refere a professores de crianças e adolescentes. No presente estudo, serão abordadas as emoções sentidas e expressas por professores universitários. Dentre os artigos que identificaram possíveis relações sobre as emoções no trabalho de professores, Bellas (1999) evidenciou que o trabalho emocional difere entre os sexos;; Becker, Goetz, Morger e Ranellucci (2014) identificaram que as emoções dos professores são tão importantes para as emoções dos alunos quanto seu comportamento instrucional;; Oriol, Mendoza, Covarrubias e Molina (2016) identificaram que as emoções positivas predizem o

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desempenho acadêmico e autoeficácia de estudantes. No Brasil, não foram encontrados estudos sobre emoções sentidas e expressas por professores. Objetivos: Este trabalho tem como objetivo geral identificar a relação entre as emoções sentidas e expressas pelo professor universitário e as emoções sentidas pelos estudantes, bem como sua autoeficácia e seu desempenho acadêmico. Pretende-­se: a) adaptar e validar uma escala de emoções no trabalho do professor;; b) identificar emoções sentidas pelo professor;; c) identificar emoções expressas pelo professor;; d) avaliar emoções sentidas pelos estudantes, bem como sua autoeficácia e desempenho acadêmico;; e) analisar a relação entre as emoções sentidas e expressas pelo professor com emoções sentidas pelos estudantes, sua autoeficácia e seu desempenho acadêmico. Como hipótese preliminar tem-­se que as emoções positivas expressas pelo docente influenciam os alunos e estão associadas a maior autoeficácia e melhor desempenho acadêmico destes. Para isso, serão realizados cinco estudos: 1) Levantamento de estudos sobre emoções no trabalho;; 2) adaptação de escala de emoções no trabalho do professor;; 3) validação da escala adaptada;; 4) levantamento de emoções do professor universitário e dos estudantes;; e 5) teste do modelo de pesquisa. Estudo 1 – Método: Nesse estudo, em andamento, investigam-­se os artigos científicos nacionais e internacionais cujo tema fosse emoções no trabalho. Na pesquisa nacional, foram analisados periódicos de psicologia e administração com avaliação A ou B da Capes, entre 1996 e 2015. As palavras-­chave mais recorrentes nos artigos foram pesquisadas em outras bases brasileiras. Os artigos foram categorizados de acordo com o tema. Resultados e implicações: Até o momento, foram encontrados 32 artigos nacionais sobre emoções no trabalho. Destes, 17 investigaram emoções sentidas, 8 competência emocional ou inteligência emocional, 7 regulação emocional, 3 emoção expressa e 2 trabalho emocional. Entre os artigos, foram encontradas quatro escalas de emoções no trabalho, sendo que em todas o respondente deve indicar a frequência com que sente, em seu trabalho, as emoções listadas. O levantamento internacional ainda será realizado. Espera-­se que a pesquisa contribua para identificar lacunas no estudo das emoções no trabalho, e embasar mais pesquisas sobre o tema e em categorias profissionais ainda não investigadas no Brasil. Estudo 2 – Nesse estudo, em andamento, o objetivo é de adaptar uma escala de emoções no trabalho do professor ao contexto brasileiro. Foram identificadas quatro escalas que avaliam emoções do professor e, entre elas, optou-­se pela adaptação da Teacher Emotions Scales (TES) proposta por Frenzel et al. (2016). Método: Participaram 7 tradutores para tradução e retradução das versões em alemão e língua inglesa. Todos os participantes eram estudantes de pós-­graduação e/ou professores universitários. Iniciou-­se com a tradução, seguida da tradução reversa nas duas línguas;; foram reunidos comitês, compostos ao todo por 5 participantes. A escala original é composta por 12 itens, sendo quatro referentes a alegria, quatro a raiva e quatro a ansiedade. A escala foi originalmente desenvolvida em alemão e posteriormente adaptada pelos próprios autores à língua inglesa. Na amostra alemã, foram encontrados alfas entre 0,70 e 0,77. Já na amostra canadense, foram encontrados alfas entre 0,73 e 0,81. No processo de adaptação, foram realizadas a tradução e a tradução reversa, ambas as etapas seguidas por comitê, conforme recomendações da ITC (2016) e de Borsa, Damásio e Bandeira (2012). A seguir, o instrumento adaptado foi apresentado à primeira autora da escala, que teceu algumas modificações. Resultados e implicações da adaptação da TES: A versão final da adaptação ficou composta por 13 itens. Como próxima etapa, a escala passará pelo processo de validação. Estudo 3 -­ Método: Participarão do estudo 300 professores universitários, de instituições públicas e privadas, de diferentes cursos e de ambos os sexos. Os participantes responderão, além da TES, as versões brasileiras da Escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo (PANAS), composta por um fator de afeto positivo e um de afeto negativo (Giacomoni & Hutz, 1997), e o Inventário de Burnout de Maslach (MBI) , com fatores despersonalização, exaustão emocional e realização profissional (Carlotto &

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Câmara, 2004). Resultados esperados e implicações: Espera-­se que o fator alegria da TES apresente correlação positiva com o fator afeto positivo da PANAS e negativa com afeto negativo, bem como correlação positiva com o fator realização profissional do MBI e negativa com os fatores despersonalização e exaustão emocional. Espera-­se que a escala apresente evidências de validade na amostra de professores universitários. Estudo 4 – Método: Participarão do estudo 50 professores universitários e os estudantes de suas turmas. O instrumento será composto por questões únicas para os fatores das emoções avaliadas. Será solicitado a professores e estudantes que ao final da aula respondam ao questionário. A escala aplicada aos professores será referente às emoções sentidas por eles durante as aulas;; as escalas dos estudantes avaliarão a percepção destes sobre as emoções expressas pelos professores, bem como as emoções sentidas pelos próprios estudantes. A escala deverá ser respondida duas vezes por semana, durante quatro semanas, por diário de campo. Será realizada uma análise multinível intrasujeito, e análises correlacionais, a fim de verificar se as emoções sentidas pelos professores durante as aulas são similares às emoções percebidas pelos estudantes. Resultados esperados e implicações: Espera-­se que as emoções sentidas pelo professor apresentem uma associação positiva com as emoções percebidas pelos estudantes. Também se espera uma associação positiva entre as emoções dos professores e as dos estudantes. Estudo 5 – Método: Participarão do estudo 500 professores universitários e os estudantes de suas turmas. Os professores responderão uma escala de personalidade e a TES, além de uma escala de regulação emocional. Os estudantes responderão uma escala de autoeficácia e de emoções sentidas no contexto universitário. As escalas usadas ainda serão definidas. O desempenho dos estudantes será obtido por meio de dados secundários. Será realizada modelagem por equações estruturais para testagem de um modelo exploratório. Resultados esperados e implicações: Espera-­se que sejam encontradas evidências que corroborem as hipóteses de pesquisa. É esperado que o estudo contribua para a literatura sobre emoções no trabalho no Brasil, bem como para um aprofundamento sobre emoções sentidas e expressas pelo professor em seu contexto de trabalho, bem como sobre suas implicações em relação aos estudantes. Palavras-­chave: emoções no trabalho, professores universitários, adaptação e validação de escala Referências Ashkanasy, N. M. & Daus, C. (2001). Emotion in the workplace: The new challenge for

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Sessão 4 (D) -­ Apresentação 2 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Jairo Eduardo Borges-­Andrade

TRABALHO, ADOECIMENTO MENTAL E PSICOLOGIA NO BRASIL Nome da aluna: Fernanda Sousa Duarte E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientadora: Ana Magnolia Mendes Linha de pesquisa: Comportamento, trabalho e organizações Introdução: Esta pesquisa tem com objeto de estudo a atuação do psicólogo na relação Trabalho-­Adoecimento Mental. As perguntas de pesquisa nas quais este projeto se fundamenta é: psicólogos consideram que o trabalho é uma categoria importante para pensar a saúde mental? De que forma a categoria trabalho influencia sua atuação profissional? Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social entre os anos de 2013 e 2015 o INSS concedeu 5.866.273 auxílios-­doença nas regiões urbanas. Em terceiro lugar para a concessão de benefício por doenças estão os Transtornos Mentais e Comportamentais com 569.098 auxílios-­doença no período, o correspondente a quase 10% de todos os benefícios concedidos (Ministério da Previdência Social, 2015a). Os TMC já são considerados um problema de saúde pública. De acordo com a lei 8213/91, é necessário identificar as doenças, mentais e comportamentais inclusas, adquiridas no exercício do trabalho – doenças profissionais, do trabalho – assim como as conseqüências de acidente de trabalho. Nesse último caso, a doença adquirida equipara-­se a doença profissional ou do trabalho (Brasil, 1991). O não-­reconhecimento do nexo doença-­trabalho traz implicações sérias para o Estado, as empresas e os trabalhadores. Apesar de legalmente a relação entre trabalho e saúde mental ser reconhecida, há dificuldade entre profissionais de saúde em identificar as relações entre adoecimento e trabalho (Ministério da Previdência Social, 2015b). O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) tem identificado dificuldades entre seus próprios médicos peritos para verificar e atestar o nexo entre trabalho-­saúde. Como alternativa, a partir de estudos epidemiológicos, propôs em 2007 o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário com o objetivo de facilitar a notificação de acidentes de trabalho indicando relações entre as atividades exercidas e lesões ou agravos ao trabalhador. O NTEP cruza informações dos códigos da Classificação Internacional de Doenças – CID-­10 e do código da Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE. É ferramenta auxiliar no trabalho dos médicos peritos do INSS para a conclusão sobre a natureza de incapacidade ao trabalho, se é relacionada ao trabalho – de natureza acidentária – ou não – de natureza previdenciária. Pelo NTEP, os transtornos mentais e comportamentais (CID F 10 a 48) tem nexo reconhecido com 78 classes de atividade (Serviço Social da Indústria, 2011). A partir de sua implantação, a concessão de auxílios-­doença de natureza acidentária aumentou em 148%, e o INSS considera que havia sub-­notificação de acidentes e doenças do trabalho antes do NTEP (Ministério da Previdência Social, 2015b).A Resolução do Conselho Federal de Psicologia Nº 015/1996, que institui e regulamenta a concessão de atestado psicológico para tratamento de saúde por problemas psicológicos, considera que o psicólogo pode diagnosticar condições mentais que incapacitem para o trabalho. A emissão de atestados seria uma medida para “promover a saúde mental, garantir as condições de trabalho necessárias ao bem estar individual e social, valorizando os direitos do cidadão” (Conselho Federal de Psicologia, 1996). Sendo o afastamento superior a 15 dias ficaria determinado o encaminhamento do trabalhador à perícia do Instituto Nacional de Seguridade Social para a concessão de benefício. Embora o psicólogo seja

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reconhecido como profissional que atua também na área da saúde e do trabalho (Brasil, 2010), a Saúde Mental Relacionada ao Trabalho – SMRT – e enquanto área de estudo no Brasil tem sido caracterizada por abordagem multidisciplinar sob influência da Medicina Social Latino-­Americana (Parparelli, Sato & Almeida, 2011). Inaugurou sua constituição no país no ressurgimento do movimento sindical brasileiro ao fim da década de 70. É também nessa década que se observa o aumento da oferta de profissionais de Psicologia, o que levou a categoria a atuar em condições profissionais diferentes das anteriores no país, havendo aumento no número de profissionais liberais trabalhando em consultórios sob a perspectiva da atuação em Psicologia Clínica (Santos, 1992). Nos anos 70, a tendência para a atuação profissional era nas áreas de Psicologia Clínica, Organizacional e da Educação em ambientes corporativos, e tanto a prática profissional quanto a produção de conhecimento em Psicologia no Brasil se manteve afastada do estudo dos agravos do trabalho nos trabalhadores e do reconhecimento dos psicólogos como classe trabalhadora (Chaves, 1992). Ainda hoje a inserção de estudos em Psicologia do Trabalho na formação universitária em Psicologia é facultativa. A participação da Psicologia em termos teóricos na SMRT, que começa a emergir em meados da década de 80, pode ser dividida em três abordagens: aquelas associadas às teorias do estresse;; as sociohistóricas e as vinculadas à Psicanálise (Seligmann-­Silva, Bernardo, Maeno & Kato, 2010). Em comum entre essas abordagens está a perspectiva do trabalho como categoria central para compreender os processos de saúde-­doença. É importante ressaltar, no entanto, que essas abordagens não tem sido usadas exclusivamente por pesquisadores em Psicologia e psicólogos, havendo muitos médicos envolvidos nos debates sobre SMRT. Objetivos: Considerando as perspectivas e questões sobre a identificação da relação entre trabalho e adoecimento mental e a abordagem da Psicologia ao tema, em termos teóricos e práticos, o projeto de tese proposto tem o objetivo de apreender como psicólogos clínicos e organizacionais atuam frente a demandas de adoecimento mental relacionado ao trabalho em suas práticas profissionais. São objetivos específicos deste projeto: a) Analisar a história do pensamento psicológico brasileiro sobre as relações trabalho-­adoecimento mental;; b) Identificar concepções de psicólogos sobre trabalho-­adoecimento mental;; e c) Descrever a atuação dos psicólogos quanto a relação trabalho-­adoecimento mental. Método: O método se divide em 1) revisão bibliográfica integrativa (Cooper, 1982) de artigos, dissertações e teses sobre Trabalho-­Adoecimento Mental na perspectiva da Psicologia em bases de dados nacionais;; 2) análise documental (Lemos, Galindo, Reis Jr., Moreira & Borges, 2015) de currículos de cursos de graduação em Psicologia do Distrito Federal;; e 3) entrevistas individuais semi-­estruturadas e abertas com psicólogos voluntários a participar do estudo. Serão convidados a participar voluntariamente da pesquisa via Conselho Regional de Psicologia, em parceria a ser estabelecida, 14 profissionais formados no Distrito Federal, em universidades pública ou particular, atuando nesta região e com pelo menos um ano de formado e no máximo 10. O profissional deve ter pelo menos um ano de atuação no local de trabalho na função atual.Serão entrevistados sete psicólogos que atuam na área clínica (como autônomos, no segmento privado) e sete na organizacional (atuando em empresas e órgãos públicos). Serão selecionados psicólogos que trabalhem em organizações ou como clínicos atendendo adultos, sem excluir nenhuma abordagem teórica. Psicólogos que atuem em uma mesma empresa ou clínica serão excluídos assim como profissionais que atendem questões específicas, como os psicoterapeutas conjugais. Essas entrevistas serão utilizadas para coletar dados sobre como as demandas dos trabalhadores aparecem na prática do psicólogo e se os psicólogos tem algum procedimento para lidar com as consequências danosas do trabalho à saúde mental. Também serão exploradas as linhas teóricas utilizadas, as trajetórias de formação e profissional dos entrevistados. O roteiro de entrevista se estruturará em dois eixos: atuação do psicólogo e relação trabalho-­adoecimento mental.

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Serão temas do primeiro eixo: cotidiano e atividade profissional;; emprego atual e relação com o empregador;; linhas teóricas para a atuação. No segundo eixo proposto os temas serão: concepções da relação trabalho-­adoecimento mental;; trajetórias de formação;; e experiências com demandas de adoecimento mental relacionado ao trabalho. As entrevistas serão gravadas e transcritas, e será realizada análise de conteúdo categorial-­temática (Bardin, 1977). Resultados esperados e implicações: Este projeto de tese visa contribuir mapeando a atuação de psicólogos com relação ao tema do trabalho-­adoecimento mental. Também se espera contribuir para a formação de psicólogos e pesquisadores que tem se deparado, em suas linhas de atuação, com demandas de saúde mental relacionada ao trabalho. Palavras-­chave: Trabalho, Saúde Mental, Psicologia Referências Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. Brasil (1991). Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991: Dispõe sobre os Planos de Benefícios

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Sessão 4 (D) -­ Apresentação 3 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Jairo Eduardo Borges-­Andrade

DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E QUALIDADE DA RELAÇÃO LÍDER-­MEMBRO, SATISFAÇÃO E DESEMPENHO Nome da aluna: Marcela Guimarães Côrtes E-­mail: [email protected] Nível: Doutorado Orientadora: Katia Puente-­Palacios Linha de pesquisa: Comportamento, trabalho e organizações Introdução: Nas últimas décadas, tem sido crescente a quantidade de pesquisas sobre liderança, as quais têm incluído, em seus modelos, o líder, o liderado, o contexto, os níveis e suas interações dinâmicas. Contudo, poucas evidências demonstram pontualmente como ela se desenvolve, fundamentada em teorias específicas, e quais os impactos das intervenções em liderança (Fonseca, Porto & Borges-­Andrade, 2015). A liderança pode ser descrita como “um processo de influência que leva as pessoas a compreenderem e concordarem sobre o que efetivamente precisa ser feito e como deve ser feito, e também o processo de facilitação de esforços individuais e coletivos para a realização dos objetivos compartilhados” (Yukl, 2001). No contexto brasileiro, a literatura sobre o tema ainda é incipiente, sendo necessários estudos quantitativos, longitudinais, experimentais e quase-­experimentais capazes de evidenciar o desenvolvimento das habilidades de atuação dos líderes. Ademais, pouco se tem avançado quanto às competências desses atores, de modo que em uma revisão da literatura nacional, apenas oito adotaram esse foco dentre 61 estudos (Fonseca et al., 2015). Diante dessas lacunas e considerando a necessidade de desenvolvimento das competências, por meio de ações instrucionais ou mediante aprendizagem informal, no local de trabalho, considera-­se relevante realizar um estudo sobre a liderança tomando como foco de análise as competências. Na literatura, existem evidências claras sobre quais as competências relevantes para o desempenho das atividades de gestão, voltadas tanto para a realização das tarefas quanto para o relacionamento social com os liderados (Silva, Laros & Mourão, 2007). A abordagem de competências no cenário organizacional é, de fato, pertinente, porque pressupõe que seu desenvolvimento ocorre a partir da exposição do indiví¬duo a pessoas e situações que demandem a apli-­cação de habilidades, conhecimentos e atitudes pertinentes à liderança nesses contextos (Bendassolli, Magalhães & Malvezzi, 2014). Ou seja, assume que as pessoas têm o potencial para tornarem-­se líderes efetivos se houver esforço para a aprendizagem. Destaca-­se ainda que o enfoque da abordagem de competências está na efetividade do líder, e não em deter¬minadas características a priori atribuídas à li-­derança. Nesse sentido, o gestor exerce papel fundamental em relação ao funcionamento das equipes de trabalho (Silva et al., 2007), podendo contribuir sobremaneira para sua efetividade. Assim, defende-­se, portanto, a existência de potenciais ganhos com o domínio das competências gerenciais, tanto sob a melhoria da relação entre chefia e subordinado, quanto sob a efetividade de equipes, seja na satisfação no trabalho, seja no próprio desempenho da equipe. Contudo, embora seja evidente a necessidade de desenvolvimento dessas competências, um estudo revelou não haver associação significativa entre horas de treinamento e expressão das competências de liderança (Lins & Borges-­Andrade, 2014). Segundo os autores, uma das explicações pode ser a ausência de diagnóstico de necessidades com foco em competências relevantes para as organizações, de maneira a propiciar o adequado planejamento das ações. O estudo apontou ainda que as estratégias de aprendizagem

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foram preditoras para competências de liderança. Resta claro, portanto, que são necessários novos estudos que investiguem o desenvolvimento das competências gerenciais, uma vez que dependem não somente do adequado planejamento das ações de capacitação, mas também de diversos aspectos, tais como o suporte à transferência e motivação dos líderes. De qualquer forma, sugere-­se que os líderes que participam de ações instrucionais e aqueles com maior experiência na posição terão um melhor domínio das competências, desde que haja o esforço para a aprendizagem. Sendo assim, o estudo das competências é crucial, tenho em vista que uma vez desenvolvidas, a sua expressão no trabalho têm elevada probabilidade de resultar em melhoria da relação do líder com seus subordinados, e na melhor efetividade das equipes. Quanto à relação dos líderes com os membros da equipe, a teoria da troca líder-­membro (Leader-­Member Exchange -­ LMX) é a principal abordagem a tratar o processo de liderança em uma perspectiva que envolve a relação entre líder e os membros das equipes (Bauer & Erdogan, 2015). A LMX pressupõe que o líder desenvolve uma relação de alta qualidade e confiança com um pequeno número de subordinados, que atuam como assistentes ou conselheiros. A partir dessa perspectiva, é pertinente defender uma associação entre a expressão de competências gerenciais e a qualidade da relação entre líderes e subordinados, já que o domínio dessas competências aproximará as duas partes envolvidas, favorecendo a qualidade da relação interpessoal e possibilitando um tratamento mais equânime entre os membros do grupo (e o consequente aumento do consenso intra-­grupo na avaliação da relação com o líder). Considerando ainda o possível impacto das competências na efetividade das equipes, um segundo consequente esperado do desenvolvimento de competências, por parte do gestor, diz respeito à satisfação dos membros da equipe, considerando essa como um dos critérios de efetividade a ser adotado na pesquisa. A satisfação no trabalho pode ser utilizada como importante indicador da percepção do indivíduo sobre seu trabalho (Coelho-­Junior & Faiad, 2012). Assim, tendo em vista que o líder mais competente prestará mais atenção não somente à gestão do trabalho, mas também aos relacionamentos interpessoais, defende-­se que o domínio de competências gerenciais pelos líderes impacte favoravelmente nos níveis de satisfação no trabalho. Ainda em relação à efetividade, outro ponto importante é a influência do papel do gestor sob o desempenho das equipes (Silva et al., 2007). De fato, a manifestação de competências no trabalho favorece o desempenho profissional em termos de realizações ou resultados, de tal forma que o desempenho possui valor tanto para a pessoa que o produz quanto para a organização em que ela trabalha (Brandão, Borges-­Andrade, Freitas, & Vieira, 2010;; Santos, Caetano, & Tavares, 2015). Assim, espera-­se que o domínio das competências gerenciais favoreça o desempenho das equipes. Objetivo: Avaliar a relação entre o desenvolvimento de competências gerenciais e a qualidade da relação líder-­membro e a efetividade de equipes. Para tanto, pretende-­se comparar os escores de competências gerenciais, da qualidade das relações líder-­membro, da satisfação no trabalho e do desempenho de equipes, entre equipes de trabalho, controlando-­se o tempo de experiência e de participação em treinamentos gerenciais dos líderes. Assim, sugerem-­se as seguintes hipóteses: H1) Os gestores que participaram de treinamentos gerenciais, bem como aqueles com mais tempo de experiência, apresentarão maior domínio de competências gerenciais;; H2A) O domínio das competências gerenciais associa-­se positivamente à qualidade geral da relação entre líder-­membro;; H2B) O domínio das competências gerenciais associa-­se positivamente a uma menor variabilidade na qualidade da relação entre líder e membros;; H3) O domínio das competências gerenciais associa-­se positivamente à satisfação no trabalho dos membros da equipe;; H4) O domínio das competências gerenciais associa-­se positivamente ao desempenho das equipes. Método: A pesquisa será desenvolvida em duas etapas. A primeira será realizada com amostra transversal aplicada em uma escola de governo, com o objetivo de verificar evidências de

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validade psicométrica dos instrumentos, além de possibilitar a análise das relações entre variáveis no nível individual. A segunda etapa, também transversal, refere-­se a uma pesquisa de campo, executada em uma organização pública, cuja amostra será composta por, no mínimo, cem equipes (no mínimo três indivíduos cada). Serão utilizados os seguintes instrumentos: Competências gerenciais (Silva et al., 2007): hetero-­avaliação de 30 itens (α=0,98) respondidos em escala do tipo likert de 11 pontos. Será respondida pelos subordinados;; Satisfação no trabalho (Coelho Junior & Faiad, 2012): 24 itens em escala de 7 pontos (5 dimensões, com α entre 0,76 e 0,90), a ser respondida pelos subordinados;; Relação líder-­membro (LMX-­MDM), traduzida e adaptada por Amaral (2007): 12 itens em escala de 7 pontos e quatro fatores (com α entre 0,72 e 0,92), a ser respondida pelos subordinados;; Desempenho de equipes (Puente-­Palacios, Martins, & Palumbo, 2016): unifatorial com 9 itens (α=0,93) a ser respondida pelos líderes e suas chefias imediatas. Quanto às análises, serão verificadas as evidências de validade de todos os instrumentos, a partir da análise fatorial exploratória e confirmatória. Será verificada a pertinência de agrupar os dados, por equipes, analisando os requisitos para emersão (ADMd, ICC e Anova). Por fim, será realizada regressão múltipla para avaliação dos modelos de predição. Será considerado nível de significância a 5%. Resultados esperados: Espera-­se que se possa oferecer indícios do poder de predição das competências gerenciais sob a qualidade das relações entre líder-­membro e a efetividade de equipes. No ambiente organizacional, os resultados poderão auxiliar o adequado planejamento e execução de programas de aprendizagem, além de propiciar aos líderes diretrizes para melhoria da satisfação dos membros e do desempenho de suas equipes. Até o momento, concluiu-­se a primeira etapa, com análise das evidências psicométricas dos instrumentos, especialmente a escala LMX-­MDM, que somente havia sido utilizada em um estudo brasileiro (Amaral, 2007), no qual não constava um item proposto pelos autores da escala original, sendo necessária a realização de tradução-­retrotradução para este item. Em análise preliminar, a LMX comportou-­se ligeiramente diferente, na amostra pesquisada, do comportamento relatado em estudos internacionais, mas com bons índices psicométricos. Palavras-­chave: liderança, competências, satisfação, desempenho Referências Amaral, D. J. (2007). Teoria da Troca entre Líder Liderado (LMX): Uma teoria diádica de

liderança para a identificação dos aspectos que compõem a interação líder-­liderado (Tese de doutorado). Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.

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Sessão 5 (M) -­ Apresentação 1 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Ronaldo Pilati

COOPERAÇÃO EM DILEMAS SOCIAIS: EFEITOS DA ORIENTAÇÃO DE VALOR SOCIAL, NORMAS E CONFIANÇA Nome da aluna: Martina Mazzoleni E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Fabio Iglesias Linha de pesquisa: Comportamento no contexto social e ambiental Dilemas sociais se apresentam como situações em que há um conflito entre os interesses individuais de curto prazo e os interesses coletivos de longo prazo (Foddy, Smithson, Schneider, & Hogg, 2013). Sua dinâmica geralmente envolve duas formas principais (Van Lange, Joireman, Parks, & Van Dijk, 2013): dilemas de bens-­públicos e dilemas de recursos. No primeiro paradigma os indivíduos precisam contribuir individualmente para que haja a manutenção de um bem-­público. No segundo, o grupo compartilha um recurso escasso, de que todos do grupo podem desfrutar, porém se o recurso comum for explorado em excesso haverá um evidente esgotamento (Bicchieri, 2002). No entanto, diversos trabalhos revelam que as pessoas podem abordar dilemas sociais como um conjunto mais amplo de motivos do que apenas a busca de interesse pessoal (Fehr & Fischbacher, 2004;; Rai & Foske, 2011). A tomada de decisão em uma situação de conflito de interesses pode ser influenciada pelos tipos de orientações de valor social, que se referem à preocupação do indivíduo com o próprio bem-­estar e com o bem-­estar do outro. Na proposta de Van Lange e Joireman (2008), essas orientações podem ser classificadas em seis formas: altruísmo, cooperação, igualitarismo, individualismo, competição e agressão. O objetivo deste trabalho é elaborar um instrumento para mensurar esses construtos com evidências de validade e fidedignidade, para testar os efeitos do tipo de orientação pró-­social no comportamento de cooperação. Para Van Lange, Baillet e Van Vught (2014) as sociedades apresentam normas sociais diferentes sobre o comportamento cooperativo com desconhecidos, de modo que estão no cerne dos desafios práticos os fatores como as normas de cooperação e o quanto os indivíduos estão dispostos a punir aqueles que as violam. Uma meta-­análise realizada por Balliet e Van Lange (2012) também revelou uma forte relação entre confiança e cooperação, assim como identificou a influência da nacionalidade dos participantes da pesquisa nestes resultados. Van Lange (2015) argumenta que, na ausência de confiança, altos níveis de cooperação não costumam se desenvolver, ao mesmo tempo em que a ciência conferiu pouca atenção para descobrir se as pessoas confiam ou não umas nas outras. Diante da ausência de uma robusta investigação da relação entre essas variáveis em pesquisas nacionais e pela possibilidade da cultura moderar esta relação, esta pesquisa se propõe a avaliar o efeito da confiança sobre o comportamento de cooperação. Muitas vezes parte-­se do pressuposto de que as pessoas têm informações suficientes sobre o parceiro com quem irão interagir. Todavia, muitas vezes não há informação suficiente, situação sujeita a interpretações equivocadas (Voulevi & Van Langue, 2012). Nesses contextos as pessoas podem completar as lacunas de informações com crenças globais de que outras agirão de forma autointeressada, mesmo que evidências parciais informem o contrário (Iglesias, Franco, Gisler, & Piasson, 2016;; Saraiva & Iglesias, 2016). Esse típico funcionamento pode ser explicado em termos da clássica profecia autorrealizável (Smith, Jussim, & Eccles, 1999). Situações nas quais não temos informações suficientes para saber se o outro irá cooperar ou não, são, provavelmente, as mais usuais em dilemas

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sociais, especialmente porque diversos conflitos de interesses envolvem muitas pessoas ou desconhecidos. A investigação de situações com informações incompletas apresenta uma grande relevância teórica e social, dado que podem ser compreendidas como ameaças à cooperação. No Estudo 1 objetiva-­se elaborar um instrumento para a mensuração da orientação de valor social. A amostra será composta por universitários, selecionados por conveniência e estima-­se cerca de dez participantes por item. O instrumento será desenvolvido na forma de uma escala não verbal, baseado na teoria de interdependência e no instrumento Social Value Orientation Slider Measure (Murphy, Ackermann, & Handgraaf, 2011). Para testar suas evidências de validade e fidedignidade os itens serão submetidos a análises fatoriais. O Estudo 2 envolve um desenho experimental entre-­sujeitos para avaliar o efeito da orientação pró-­social sobre o comportamento de cooperação e da saliência de normas injuntivas e descritivas no comportamento de cooperação (Miller & Prentice, 2016). A variável dependente será o comportamento de cooperação, operacionalizado a partir da escolha do participante pelo produto que possui mais de um exemplar no paradigma das canetas inicialmente proposto por Kim e Markus (1999) e adaptado por Van Doesum, Van Lange e Van Lange (2013). Uma variável independente será a orientação de valor social, operacionalizada a partir do instrumento construído no Estudo 1. A segunda variável independente será a norma social (descritiva e injuntiva). Os participantes serão estudantes universitários, selecionados por conveniência. O participante deverá escolher um produto, dentre os três que serão apresentados, dois da mesma cor e um de cor diferente. Antes de realizar a tarefa, será informado que após a sua escolha um outro participante poderá optar apenas entre os dois produtos restantes. Caso escolha o produto que possui apenas um exemplar, estará privando o próximo de obter o produto que já foi escolhido. Serão três condições: sem informação adicional nas instruções;; saliência da norma descritiva de cooperação;; saliência da norma injuntiva de cooperação. Após a tarefa, o participante preencherá o instrumento do Estudo 1. Para análise dos dados serão realizadas ANOVAs para verificar se o grupo com orientação pró-­social realizou mais escolhas cooperativas e se houve efeito da norma descritiva e injuntiva no comportamento de cooperação no grupo sem orientação pró-­social. No Estudo 3 objetiva-­se avaliar experimentalmente o efeito do nível de confiança e da exposição a informações incompletas sobre a cooperação. As hipóteses prevêem que o maior nível de confiança resultará em maior cooperação e que o efeito de informações incompletas sobre o comportamento de cooperação será mediado pelas crenças globais de que os comportamentos das pessoas são motivados por autointeresse. Estima-­se que quanto maior a lacuna de informação, menor será o nível de cooperação. A variável dependente será o comportamento de cooperação, operacionalizado a partir da quantidade de distribuição das moedas feita pelo participante entre ele e o outro participante. Uma variável independente será o nível de confiança, operacionalizada a partir da estimativa que o participante fará da distribuição de moedas que será realizada pelo parceiro na tarefa. A segunda variável independente será a quantidade de informações disponíveis sobre o comportamento do parceiro, operacionalizada a partir da quantidade revelada sobre as alocações de moedas feitas pelo parceiro. Será utilizado uma adaptação do paradigma da moeda proposto por Vuolevi e Van Lange (2012). O participante será informado que deverá distribuir 16 moedas, com valor de um real cada, para si e um segundo participante (fictício). Quanto mais moedas cada participante acumular, melhor será para cada um, porém a alocação de moedas para o outro terá o seu valor duplicado. Será solicitado que o participante estime a quantidade de moedas que o outro distribuiu para cada um. Em seguida, deverá distribuir 16 moedas entre ele e o parceiro, em cinco condições experimentais com diferentes feedbacks sobre a alocação de moedas. Em todas as condições, a informação sobre a alocação indicará que a maioria das moedas foi destinada ao participante. Além de ANOVAs, serão realizadas regressões lineares/logísticas para verificar se a maior

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quantidade de informação resulta em maiores níveis/tipos de cooperação. Finalmente, no Estudo 4 objetiva-­se avaliar experimentalmente o efeito da exposição às informações sobre comportamentos autointeressados na cooperação. A hipótese prevê que a exposição às informações sobre comportamentos autointeressados reduzirá o comportamento de cooperação, sendo essa relação mediada pela diminuição da confiança. A variável dependente será o comportamento de cooperação, operacionalizado a partir da quantidade de distribuição das moedas pelo participante entre ele e outro participante. Uma variável independente será a exposição a informações sobre comportamentos autointeressados, operacionalizado a partir da leitura de reportagens. Outra variável independente será a confiança, operacionalizada a partir da estimativa que o participante fará da distribuição de moedas que será realizada pelo parceiro na tarefa. Serão utilizados os mesmo instrumentos e tarefa do Estudo 3, contudo os participantes serão dividido em três condições experimentais. Na condição 1 o participante deverá ler três reportagens modificadas e identificar as palavras com erros de grafia (conteúdo de autointeresse). Na condição 2 apresentarão informações sobre comportamentos pró-­sociais. Na condição controle apresentarão informações sobre uma temática não relacionada. Serão realizadas MANOVAs para verificar a diferença no nível de cooperação entre os grupos. Resultados esperados: Espera-­se construir um instrumento que mensure a orientação de valor social, de modo que a sua utilização possibilite verificar o impacto de diferentes estratégias de modificação do comportamento naqueles indivíduos que possuem orientação pró-­social e naqueles que não possuem (De Cremer, 2002). Dessa forma, espera-­se que os resultados dos estudos confirmem o impacto da confiança na cooperação e ampliem o conhecimento do efeito das informações incompletas e da exposição a informações sobre comportamentos autointeressados na relação entre cooperação e confiança. Conhecer a influência dessas variáveis situacionais e disposicionais pode contribuir para que sejam desenvolvidas intervenções eficazes para a promoção de cooperação em diferentes contextos (Gifford, 2008), algo ainda pouco explorado no Brasil. Palavras-­chave: Cooperação, Dilemas Sociais, Orientação de Valor Social, Confiança, Normas Sociais Referências Balliet, D., & Van Lange, P. A. M. (2012). Trust, conflict, and cooperation: A meta-­analysis.

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Miller, D. T., & Prentice, D. A. (2016). Changing norms to change behavior. Annual Review of Psychology, 67, 339-­361.

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Sessão 5 (M) -­ Apresentação 2 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Ronaldo Pilati

QUANDO LIBERAIS E CONSERVADORES CONCORDAM: EFEITOS DE FRAMING E DE VALORES MORAIS EM ATITUDES POLÍTICAS Nome da aluna: Angélica Nascimento de Oliveira E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Fabio Iglesias Linha de pesquisa: Comportamento no contexto social e ambiental Nossa sociedade se baseia na crença de que a liberdade de expressão, a discussão e a troca de ideias podem levar a decisões mais justas e melhores. A persuasão é, portanto, o mecanismo interpessoal que torna a democracia possível (Aronson & Pratkanis, 2002). Isso explicaria o porquê de táticas persuasivas serem largamente utilizadas, especialmente no contexto político, para influenciar atitudes, comportamentos e hábitos, desde os resultados das eleições ao apoio popular para projetos de leis. No atual cenário brasileiro, por exemplo, muito se tem discutido sobre possíveis coberturas midiáticas enviesadas com a finalidade de favorecer determinados grupos. Tendo em vista que atitudes parecem especialmente preditivas de comportamento no contexto político (Fazio & Williams, 1986;; Krosnick, Visser, & Harder, 2010;; Maio, & Haddock, 2014), diversas táticas que poderiam influenciá-­las têm sido estudadas em psicologia social, sendo o framing uma delas. O framing corresponde ao ato de selecionar e enfatizar facetas de uma informação, fazendo conexões entre elas a fim de promover certa interpretação, contendo a definição de um problema, uma avaliação moral, uma causa hipotetizada e uma proposta de solução (Entman, 2004). De modo sumário, as pessoas reagem de forma diferente a um dado estímulo ou informação de acordo com a maneira como lhes foi apresentada (Kahneman, 2012). Conforme apontam Feinberg e Willer (2015), assim como Day, Fiske, Downing e Trail (2014), emissores de mensagem frequentemente acabam utilizando em suas retóricas os próprios valores morais, na tentativa de persuadir uma audiência. Contudo, a fim de produzir mudança atitudinal neste público, uma estratégia mais eficiente seria a de utilizar seus valores morais (Feinberg & Willer, 2013;; Kidwell, Farmer, & Hardesty, 2013). Optou-­se aqui por utilizar os fundamentos morais identificados por Haidt (2012). O autor propõe a existência de cinco pares de fundamentos primários para a moral que guiam o comportamento humano: dano/cuidado;; justiça/reciprocidade;; identidade de grupo/lealdade;; autoridade/respeito;; pureza/santidade. De acordo com Graham et al. (2011), tanto os indivíduos liberais quanto os conservadores possuem perfis morais diferentes e, por consequência, diferentes intuições e atitudes a respeito de questões políticas. Liberais possuem como principais valores morais dano/cuidado e justiça/reciprocidade, enquanto conservadores revelam como principais identidade de grupo/lealdade;; autoridade/respeito;; pureza/santidade. Este trabalho objetiva verificar o efeito de frames morais nas atitudes em relação a temáticas políticas as quais os participantes usualmente discordam. Três estudos empíricos serão conduzidos a fim de, primeiramente, identificar tendências conservadoras, liberais e de centro sobre questões políticas (Estudo 1);; testar efeitos nas atitudes por meio de um frame com valor do moral do grupo a ser persuadido (Estudo 2);; e testar a influência na tomada de decisão em um contexto eleitoral simulado, também por meio de um frame com valor moral (Estudo 3). Considerando que a população para todos os estudos trata-­se do eleitorado brasileiro, esperam-­se amostras diversificadas em termos de idade, renda, sexo e escolaridade. O Estudo 1 almeja construir três

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instrumentos para mensurar atitudes políticas – a primeira medida pretende aferir as atitudes em relação a temáticas políticas específicas;; enquanto a segunda apresentará as mesmas temáticas, mas com um frame com valor moral do grupo que usualmente não apoia a temática;; e o terceiro instrumento envolverá um questionário controle que seguirá a mesma proposta do segundo, mas com um justificativa placebo, genérica. O tamanho amostral atenderá a recomendações para a taxa respondente/item em análises fatoriais exploratórias. Três questionários serão construídos (escala de respostas variando entre discordo fortemente e concordo fortemente). A elaboração dos itens de todas as medidas terá como base a literatura disponível sobre ideologias política e os cinco questionários de Feinberg e Willer (2015). Cada item no primeiro instrumento terá seu equivalente no segundo e no terceiro. Se na primeira medida o item tratar de uma temática que normalmente conservadores não apoiam, o equivalente na segunda medida trará essa questão com um frame, enfatizando o valor moral de identidade de grupo/lealdade, que é mais adequado ao perfil moral dessa audiência. Os procedimentos de coleta se darão em plataforma online, com base em listas de e-­mail e redes sociais. Serão realizadas principalmente análises de juízes, de semântica, análises fatoriais exploratórias e de fidedignidade. O Estudo 2 pretende verificar o efeito de framing moral na mudança de atitudes sobre questões políticas. Assim, hipotetiza-­se que liberais apoiarão questões políticas que normalmente não o fariam simplesmente porque estas mensagens contêm um frame com valores liberais. Da mesma forma, conservadores terão atitudes mais favoráveis a questões que normalmente não apoiariam, quando um frame é apresentado com valores conservadores. A amostra total buscará um total de 306 participantes, dado alfa = 0,05;; tamanho de efeito f = 0,40;; poder estatístico = 0,95, divididos em três quotas separadas de acordo com as respostas da primeira medida. Um estudo piloto já revelou a necessidade de separar os participantes em grupos de acordo com as suas tendências políticas. Os instrumentos utilizados neste segundo estudo serão os elaborados no Estudo 1. O procedimento de coleta de dados será em plataforma online, também por meio de listas de e-­mail e redes sociais. Trata-­se de um delineamento quasi-­experimental, com duas medidas e um grupo controle. A primeira medida tem o intuito de identificar as atitudes dos participantes em relação a temáticas políticas, para classificá-­los em liberais, conservadores e centro. A segunda medida envolverá temáticas políticas que normalmente esse grupo não apoiaria, mas apresentada com seus valores morais. Ainda, haverá uma condição controle, na qual o item conterá uma temática política com uma justificativa placebo. Como plano de análise, serão utilizadas ANOVAs, com a finalidade de comparar os diferentes grupos, testando-­se efeitos de interação com sexo e outras variáveis categóricas, assim como covariantes relacionadas a idade e outras variáveis contínuas. O Estudo 3 tem o intuito de verificar o efeito de framing com fundamentos morais na tomada de decisão em um pleito eleitoral simulado. A hipótese é de que os candidatos escolhidos serão os que apresentarem suas propostas com os valores morais da audiência, mesmo quando essas propostas apresentarem questões que esse público normalmente não apoiaria. Para o Estudo 3 planeja-­se uma amostra total de 220 participantes, com alfa = 0,05;; tamanho de efeito w2 = 0,30;; poder estatístico = 0,95. A coleta de dados se dará em plataforma online, e ocorrerá concomitantemente no Brasil e no Canadá, considerando o período de estágio-­pesquisa da mestranda. Os participantes deverão avaliar anúncios políticos e escolher um candidato para eleger. O plano de análise dos dados envolverá testes do qui-­quadrado e testes log-­lineares, considerando sua natureza categórica. Os principais resultados esperados para esta pesquisa são, primeiramente, expandir, de maneira intercultural, achados importantes que destacam a efetividade da utilização de framing enfatizando valores morais, contribuindo para uma literatura crescente sobre o tema. Isso será viabilizado pela estágio-­pesquisa que será desenvolvido pela mestranda na University of Windsor (Canadá) no período de novembro/2017 a maio/2018. Em termos metodológicos, espera-­se elaborar instrumentos

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para a mensuração de questões políticas relevantes, que sejam diferentes da escala tradicional de autoposicionamento político, uma vez que a literatura mostra que há uma limitação na medida em que os indivíduos podem não saber o que significa o conteúdo dos termos utilizados neste tipo de instrumento (Almeida, 2001;; Ames & Smith, 2010;; Oliveira & Turgeon, 2015;; Perissinotto & Braunert, 2006). De maneira aplicada, a pesquisa pode contribuir para a produção de conhecimentos e informações sistemáticas que possam ser utilizadas pelas instâncias jurídicas que normatizam a propaganda político-­eleitoral, como o Tribunal Superior Eleitoral e os tribunais regionais. Ademais, espera-­se que este projeto forneça à indústria do marketing político conhecimento capaz de tornar a produção de campanhas um processo mais baseado em evidência empírica (Armstrong, 2010). Ainda, ressalta-­se que a estratégia de usar convicções morais para apresentar uma questão política pode ser usada como um instrumento facilitador do diálogo entre conservadores e liberais (Feinberg & Willer, 2015). Por fim, sugere-­se que os efeitos de um framing com fundamentos morais sejam verificados em outros contextos diferentes do político, como na promoção de comportamentos pró-­social, pró-­saúde e pró-­ambiental (Cruz & Iglesias, no prelo). Palavras-­chave: framing, persuasão política, valores morais, mudança de atitudes, orientação política. Referências Almeida, A. C. (2001). À esquerda dos números, à direita dos fatos. Insight Inteligência,

15, 113-­128. Ames, B., & Smith, A. (2010). Knowing left from right: Ideological identification in Brazil,

2002-­2006. Journal of Politics in Latin America, 2(3), 3-­38. Armstrong, J. S. (2010). Persuasive advertising: Evidence-­based principles. New York,

NY: Palgrave Macmillan. Aronson, E., & Pratkanis, A. (2002). Age of propaganda: The everyday use and abuse of

persuasion. New York, NY: Henry Holt and Company. Cruz, L.A.G., & Iglesias, F. (no prelo). Comunicação pró-­ambiental: Estratégias

informacionais, comportamentais e de framing em cartazes. Psico-­RS, 48(4). Day, M. V., Fiske, S. T., Downing, E. L., & Trail, T. E. (2014). Shifting liberal and

conservative attitudes using moral foundations theory. Personality and Social Psychology Bulletin, 40(12), 1559 – 1573.

Entman, R. M. (2004). Projections of power: Framing news, public opinion, and U.S. foreign policy. Chicago, IL: University of Chicago Press.

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Feinberg, M., & Willer, R. (2015). From gulf to bridge: When do moral arguments facilitate political influence? Personality and Social Psychology Bulletin, 41(12), 1665-­1681.

Graham, J., Nosek, B. A., Haidt, J., Iyer, R., Koleva, S., & Ditto, P. H. (2011). Mapping the moral domain. Journal of Personality and Social Psychology, 101, 366-­385

Haidt, J. (2012). The righteous mind: Why good people are divided by politics and religion. New York: Pantheon Books.

Kahneman, D. (2012). Rápido e devagar: Duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva.

Kidwell B., Farmer A., Hardesty D. M. (2013). Getting liberals and conservatives to go green: Political ideology and congruent appeals. Journal of Consumer Research, 40(2), 350-­367.

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Sessão 5 (M) -­ Apresentação 3 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Ronaldo Pilati

EFEITOS POSITIVOS DO PRIMING DE VALORES DE IGUALDADE DE GÊNERO EM GRUPOS DE TRABALHO DIVERSOS Nome da aluna: Maria Cecília Koehne Ramalho E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientadora: Juliana B. Porto Linha de pesquisa: Comportamento, trabalho e organizações A diversidade no contexto organizacional tem sido relacionada predominantemente a aspectos somáticos e negativos e pouco a construtos positivos (Colella, Hebl, & King, 2017;; Roberson, Ryan, & Ragins, 2017). Além disso, medidas implícitas e processos inconscientes estão sub-­representados na área (Hodgkinson & Healey, 2008;; Pratt & Crosina, 2016), apesar do contexto organizacional ser fonte de pistas ambientais que influenciam cognições automáticas como atitudes, crenças e categorização social (Dasgupta, 2009). Focando nestas lacunas, o objetivo deste projeto é: Identificar o efeito da saliência contextual de valores de igualdade de gênero sobre os processos de categorização social, performance de grupo e experiências subjetivas positivas. Pretendemos colaborar para aspectos práticos ampliando a compreensão da diversidade no trabalho e suas relações com resultados positivos como auto-­eficácia percebida e segurança psicológica. Valores são crenças transituacionais ligadas à emoção que podem ser ativadas e compõem uma estrutura motivacional hierárquica e contínua que guia ações e julgamentos em diferentes contextos (Schwartz, 2005;; Schwartz et al., 2012;; Torres, Schwartz, & Nascimento, 2011). Pretende-­se investigar a relação entre valores de igualdade de gênero com valores congruentes e conflitantes segundo o modelo de Schwartz. Em amostras brasileiras há achados significativos de correlações negativas entre valores de justiça social e o reforço de estereótipos sexistas, enquanto valores de tradição tiveram correlação positiva com sexismo (Formiga, 2007). Valores de Tradição estão ortogonalmente ou diretamente opostos aos valores de foco social e podem ser discrepantes com valores de igualdade quando relativos a papéis de gênero que apoiam configurações patriarcais. Assim, serão manipulados os valores da dimensão de autotranscedência para testar seu efeito sobre as variáveis do estudo, e observado o efeito mediador de valores tradicionais. Maio, Pakizeh, Cheung e Rees (2009) encontraram evidências da relação entre priming de valores e comportamentos axiologicamente congruentes, apoiando a influência ambiental no comportamento dentro da teoria de Schwartz. A apresentação implícita de construtos através de priming aumenta a probabilidade de seu uso em situações subsequentes (Higgins, Bargh, & Lombardi, 1985). Efeitos do priming são automáticos e não conscientes podendo ser subliminares, ou pós-­conscientes quando envolvem algum tipo de processamento atencional consciente do qual é decorrente, como quando ocorre através de uma tarefa semântica (Bargh, 1994). Neste projeto será investigado o impacto da exposição não consciente à valores de autotranscedência em grupos de trabalho recém-­formados. Turner, Hogg, Oakes, Reicher, & Wetherell (1987) identificam na teoria da auto categorização que o contexto precede categorizações mais individualizadas ou baseadas em estereótipo. A percepção de fronteiras grupais influencia nos processos de categorização, e sua abrangência dependerá de dicas ambientais (Wyer, 2008). Processos de categorização são afetados pelo fit percebido entre categorias disponíveis e o quão explícitas são os limites entre elas (McCrea, Wieber, & Myers, 2012). A auto categorização pode ser mais ou menos

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abrangente (ex.: “Eu sou mulher, Daniel é um homem, e somos diferentes” ou “Eu e Daniel somos estudantes”). Os valores ativados poderiam ser relevantes para uma categorização socialmente inclusiva de si em um grupo recém-­formado? Considerando os conceitos de avaro cognitivo e conformidade à norma, é esperado que pistas ambientais terão maior efeito em circunstâncias ambíguas e inéditas, como em grupos de trabalho recém-­formados, com tarefas e responsabilidades pouco definidas (Oakes, Turner, & Haslam, 1991;; Spears, Pligt, & Mcgarty, 1999;; Turner et al., 1987). Assim, deriva-­se a hipótese: H1: O priming de valores de autotranscedência afeta a categorização social de indivíduos em grupos de trabalho recém-­formados. A hierarquia de valores do indivíduo também influencia a categorização. A teoria da ameaça considera que, quanto maior a percepção de ameaça à um valor importante, maiores as chances de categorizações preconceituosas (Miller, Maner, & Becker, 2010;; Moskowitz, Salomon, & Taylor, 2000;; Stephan, Ybarra, & Morrison, 2009). Assim, H2: A priorização de valores tradicionais modera a relação entre o priming e a categorização social em grupos de trabalho recém-­formados. A auto eficácia percebida, uma experiência subjetiva positiva, é definida como a crença das pessoas sobre sua capacidade de desempenho em eventos que afetam suas vidas. O construto não é estático e uma das suas fontes de influência são os modelos sociais, mais especificamente o sucesso e as habilidades percebidas de pessoas semelhantes (Bandura, 1994). Considerando essa semelhança como a congruência das categorias sociais entre o observador e o grupo, a auto eficácia pode ser afetada por representações positivas de uma categoria minoritária dentro de um ambiente socialmente diverso. Já a percepção de segurança psicológica do grupo, grau em que as pessoas percebem seu grupo como favorável para assumir riscos interpessoais, é fruto da apreensão de ser julgada como ignorante, incompetente, pessimista ou transgressora (Edmondson,1999). A possível relação destes construtos com categorização social e comportamento grupal, nos leva às hipóteses 3 e 4: H3: Mulheres terão maior percepção de auto eficácia em grupos de trabalho recém-­formados que passaram pelo priming. H4: Mulheres terão maior percepção de segurança psicológica em grupos de trabalho recém-­formados que passaram pelo priming. A categorização definirá se as relações entre indivíduos será endogrupal ou intergrupal (Taylor & Moghaddam, 1994), afetando comportamentos de cooperação, competição, e performance do grupo. Considerando maior facilidade de cooperação com o endogrupo, formulamos a quinta hipótese: H5: O priming aumentará a performance dos grupos em uma tarefa colaborativa. Método: Serão realizados três estudos, o primeiro tem objetivo de validação do instrumento de segurança psicológica. O segundo objetiva identificar representações de valores de autotranscedência relacionados a igualdade de gênero, testar o efeito do priming destes valores na categorização social, auto eficácia, segurança psicológica e performance de grupo e, analisar o efeito moderador dos valores de tradição. O último tem o objetivo de identificar representações pictóricas destes valores contextualizadas para o trabalho, testar seu priming sobre as variáveis dependentes e analisar o efeito mediador dos valores de tradição nesta relação. A amostra dos estudos 2 e 3 será de 256 cidadãos brasileiros em idade de trabalho, para poder = 0.80, α = 0.5, tamanho de efeito pequeno a médio previsto (d = 0.01 ~ 0.40) e análises de diferença de covariância (Cohen, 1992). Como pretendemos fazer análises de diferenças de gênero, os participantes serão designados à condição experimental de forma randômica, controlando composição de gênero na tarefa coletiva (ao menos 60% de homens em cada grupo). Para acessar a categorização social usaremos o instrumento Overlap of Self, Ingroup e Outgroup – OSIO (Schubert & Otten, 2002). Auto-­eficácia será medida com a Escala Geral de Auto-­Eficácia (Gomes-­Valério, 2016). Valores básicos com o Questionário de Valores Refinado -­ PVQ-­R (Torres, Schwartz e Nascimento, 2011). E a dimensão de segurança psicológica do Team Learning and Psychological Safety Survey

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de Edmondson (1999). Utilizaremos 2 salas de laboratório e quadros além de 256 cópias de cada teste. Estudo 1: Será feita a tradução e retradução da dimensão de segurança do Team Learning and Psychological Safety Survey de Edmondson (1999). O instrumento traduzido será coletado com funcionárias de uma organização brasileira de grande porte para aferição estatística da consistência interna. A validade convergente será acessada através de correlação com auto relatos de características do grupo de trabalho levantadas em conjunto ao instrumento. Para análise de dados serão realizadas análises fatoriais exploratórias e confirmatórias e correlações. Estudo 2: A construção do estímulo de priming será feita segundo recomendações de Bargh e Chartrand (2000). Os participantes vão tomar parte de dois diferentes experimentos, habilidade verbal individual e criatividade grupal. Os grupos serão randômicos, garantindo o equilíbrio de gênero. Os participantes deverão responder uma de duas versões de uma tarefa de sentenças embaralhadas, a experimental contendo representações de valores de igualdade de gênero, e a controle contendo sentenças neutras e sem valores. Em seguida serão organizados em grupos de 5 para a segunda tarefa. A tarefa coletiva é o problema da vela de Duncker (1945), o grupo receberá três velas, uma caixa de tachinhas, uma caixa de fósforos e será instruído coloca-­las enfileiradas, a altura dos olhos em uma parede, de maneira que possam ser acendidas. Então, responderão aos instrumentos e passarão por entrevista canalizada (Bargh & Chartrand, 2000). Para análise de dados, serão realizadas ANCOVAs. Estudo 3: Para o priming pictórico serão selecionadas e avaliadas por juízes imagens que representem o valor de equidade de gênero no trabalho. As imagens serão penduradas em forma de quadros decorativos na sala aonde a tarefa será realizada. Os participantes serão alocados de forma randomizada, sendo mantida a mesma composição de gênero do estudo 2. A tarefa será a mesma descrita no estudo 2, com mudanças na configuração ambiental da condição manipulada. Ao final os participantes deverão responder aos instrumentos e passar pela entrevista canalizada. Para análise de dados, serão realizadas ANCOVAs. Palavras-­chave: priming;; valores;; categorização social;; auto eficácia;; segurança psicológica;; gênero;; diversidade Referências Bargh, J. A. (1994). The four horseman of automaticity. Handbook of Social Cognition:

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Sessão 5 (M) -­ Apresentação 4 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Ronaldo Pilati

AS EXPERIÊNCIAS DE MATERNIDADE E PATERNIDADE DE BRASILEIROS NO EXTERIOR Nome da aluna: Laís Granemann E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Claudio Vaz Torres Linha de pesquisa: Comportamento no contexto social e ambiental -­ Transculturalidade Um número crescente de indivíduos deixam seu país de origem para viver em outro. De acordo com o relatório das Nações Unidas (2015), o número de migrantes internacionais em 2015 foi 244 milhões, o que representa um aumento de 41% em comparação com o ano 2000. As pessoas que estão em contato com uma cultura diferente da sua podem ser divididas em diferentes grupos aculturativos. Um grupo pode estar em contato com outro porque se mudou ou porque outra cultura foi trazida até ele. Imigrantes são aqueles que se mudam de forma voluntária e têm intenção de ficar permanentemente, enquanto sojourners se mudam voluntariamente por um período temporário, sendo que ambos os grupos são denominados migrantes (Berry & Sam, 1997). Dados da Organização Internacional para Migração apontam que em 2015 haviam 1.524.106 brasileiros vivendo no exterior, o que representa 0,73% da população brasileira. Conforme o Censo de 2010, 94,3% dos brasileiros no exterior tinham entre 15 e 59 anos, dentre os quais 60% estão na faixa de 20 a 34 anos – o que significa que a maior parte está em idade reprodutiva. Esse dado é corroborado ao observar o grande número de associações de mães listadas no Portal “Brasileiros no Mundo”, do Itamaraty. Há também associações de ensino da língua portuguesa e futebol para crianças. Através da parentalidade há um mecanismo primário para transmitir cultura entre gerações (Crippen & Brew, 2013). Atualmente existe uma falta de pesquisas transculturais produzidas fora de nações ocidentais, industrializadas, ricas e democráticas (Smith, Fischer, Vignoles & Bond, 2013). Dessa forma, demonstra-­se a necessidade e relevância de produzir estudos sobre as experiências de pais e mães brasileiros vivendo no exterior. Enculturação e aculturação são dois conceitos fundamentais pertinentes ao fenômeno de migração. Enculturação é o processo primário de socialização na cultura natal, onde são internalizados os valores culturais primários (Ting-­Toomey, 1999). Aculturação é o processo dual de mudança cultural e psicológica que acontece como resultado do contato entre dois ou mais grupos culturais e seus membros individuais (Berry, 2005). As experiências de aculturação e migração podem acrescentar fontes de estresse ao sistema familiar (Marks, Pathon, & Coyne, 2010). O ritmo e aspectos que pais e filhos se aculturam geralmente variam significativamente, levando a diferenças de aculturação que foram ligadas a conflito familiar. Os filhos tendem a passar por um processo aculturativo mais adaptativo que o de seus pais, pois geralmente aprendem uma língua nova e integram-­se a aspectos culturais mais facilmente (Birman & Poff, 2011). Outra fonte de estresse vem da alteração e modificação da maneira que os pais criam seus filhos, pois muitas vezes precisam se ajustar às demandas da comunidade receptora (Marks et al., 2010). Portes e Rumbaut (2011) elaboraram um esquema que relaciona a relação entre estratégias de aculturação de pais imigrantes e seus filhos. A primeira combinação é a aculturação dissonante, quando os filhos dominam a língua e normas culturais locais e se desconectam da cultura de origem mais rápido que os pais. A segunda é a aculturação consonante, que ocorre quando pais e filhos se desconectam da cultura de origem no mesmo ritmo. Por fim, há a

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aculturação seletiva, que acontece quando pais e filhos mantém conexões saudáveis com as duas culturas. Há fortes benefícios quando os filhos formam identidades étnicas enraizadas na cultura de origem dos pais, sendo importante promover e apoiar o biculturalismo e o bilinguismo (Marks et al., 2010). Objetivo: O objetivo geral deste estudo é explorar as experiências de pais e mães enculturados no Brasil, que vivem no exterior e estão passando por um processo aculturativo nesse local com seus filhos. Os objetivos específicos são medir a adaptação psicológica e sociocultural desses pais;; relacionar medidas de aculturação com a percepção de desafios e oportunidades gerados nas experiências de paternidade e maternidade influenciadas pela vivência no exterior;; identificar a frequência de percepção de desafios e oportunidades por pais vivendo em países com maior distanciamento cultural do Brasil em comparação com aqueles que estão em países com menor distanciamento cultural do Brasil;; identificar as categorias relacionadas aos principais desafios e oportunidades vivenciados por eles, assim como as estratégias e recursos utilizados para lidar com essas questões. Método: Dois estudos transversais e sequenciais serão conduzidos utilizando métodos mistos. Os participantes serão selecionados dentro de uma amostra de conveniência, sendo que três critérios são necessários para sua inclusão: estar vivendo fora do Brasil, ter um ou mais filhos habitando em uma mesma residência no exterior (ou que tenham habitado há menos de seis meses), ter vivido no Brasil pelo menos até seus 16 anos. Essa idade é um bom indicativo de que a enculturação ocorreu em uma determinada cultura (Crippen & Brew, 2013). Usando a análise do poder estatístico proposta por Cohen (1988), observou-­se que 216 participantes seriam suficientes para se obter um poder de 0,80 para um tamanho de efeito de “pequeno” para “médio” (ω² = 0,04) e com α = 0,05. Quando o tamanho de efeito é recalculado para uma amostra arredondada de 250 participantes, o poder para o efeito de aculturação será de 0,92 e para os efeitos de adaptação psicológica e adaptação sociocultural será de 0,90. Logo, considera-­se que uma amostra de 250 participantes proverá um poder satisfatório para a pesquisa. Para o primeiro estudo, será elaborado um questionário online autoexplicativo incluindo 4 escalas elaboradas por Demes e Geeraert (2014): Brief Sociocultural Adaptation Scale (BSAS), Brief Psychological Adaptation Scale (BPAS), Brief Perceived Cultural Distance Scale (BPCDS) e Brief Acculturation Orientation Scale (BAOS). São escalas tipo Likert de 7 pontos, e foram traduzidas utilizando o método de retrotradução pelos autores. As escalas BSAS (12 itens), BPAS (8 itens) e BPCDS (12 itens) são unifatoriais, sendo que seu alpha de Cronbach na língua portuguesa são, respectivamente, 0,84;; 0,80;; e 0,82 para um n=94. A BAOS tem dois fatores, sendo o alpha de Cronbach para o fator “Home” (4 itens) de 0,77 e para o fator “Host” (4 itens) de 0,61, para um n=90. Isso indica um índice de confiança bom para todas as escalas, exceto para o fator “Host” da BAOS, porém este ainda é considerado aceitável pelos autores. Os canais para divulgação da pesquisa serão a rede pessoal de contatos da pesquisadora, grupos no Facebook e listas de emails de brasileiros morando no exterior. No que se refere à análise dos dados, primeiramente, será verificada a qualidade dos dados obtidos em resposta aos questionários -­ não serão considerados para a análise questionários com mais de 5% de itens deixados sem resposta ou incompletos (missings), conforme recomendado por Tabachnick e Fidell (2001). Da mesma maneira, será verificada a ocorrência de respostas de valores extremos (outliers) com o uso de boxplots (para identificar outliers univariados) ou do cálculo de Mahalanobis (para identificar outliers multivariados) -­ se for o caso, estes participantes podem ser excluídos da análise (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005). Serão também avaliados os pressupostos estatísticos necessários para a realização de testes multivariados, em especial para a modelagem de equação estrutural (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005): análises de normalidade e homocedasticidade. Serão observados, por fim, a ocorrência de multicolinearidade, que pode distorcer os resultados dos testes multivariados. As medidas

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serão, então, submetidas à Análise Fatorial Confirmatória para observação da sua estrutura e validade para a pesquisa. Após esses procedimentos, as interações entre as variáveis serão calculadas por meio de técnica de modelagem de equações estruturais (Structural Equations Modeling – SEM) para testar a confiabilidade do modelo a ser proposto. A SEM será utilizada como extensão da regressão múltipla (Klem, 1995), permitindo investigar quão bem as variáveis preditoras explicam a variável dependente, as possibilidades de mediações e moderações e, também, qual das variáveis é a mais importante. No segundo estudo, entrevistas semi-­estruturadas de profundidade serão realizadas com alguns participantes que declararem durante o primeiro estudo estarem disponíveis para entrevista. O número de participantes necessário será determinado de acordo com critério de saturação e estes serão escolhidos aleatoriamente dentre uma lista de representantes de diversas categorias (país de residência, idade dos filhos, sexo, entre outros). As entrevistas serão gravadas e transcritas para posterior análise de conteúdo, com base em Bardin (2009). Resultados esperados e implicações: Acredita-­se que pais e mães vivendo em países com maior distanciamento cultural do Brasil irão relatar maior frequência na percepção de desafios. Paralelamente, pais e mães com índices mais altos de adaptação psicológica e sociocultural irão relatar maior frequência na percepção de oportunidades. Espera-­se contribuir com um mapeamento e categorização dos principais desafios e oportunidades vivenciados por pais e mães brasileiros que residem no exterior, assim como das principais estratégias e recursos utilizados para lidar com os desafios. Essas informações são importantes para construir um entendimento mais amplo sobre as necessidades de brasileiros vivendo a experiência de parentalidade fora do país, e de como a Psicologia Social pode contribuir para essas necessidades. Além da contribuição teórica, espera-­se que essa pesquisa contribua para o trabalho de profissionais que oferecem treinamentos preparatórios para expatriados, estudantes internacionais de pós graduação, diplomatas, trabalhadores humanitários, militares, missionários e outros indivíduos que se mudam internacionalmente com suas famílias. Palavras-­chave: aculturação;; parentalidade;; transculturalidade Referências Bardin, L. (2009) Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. Berry, J. W. (1997). Immigration, Acculturation, and Adaptation. Applied Psychology, 46:

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Sessão 6 (M) -­ Apresentação 1 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Ana Lúcia Galinkin

PRECARIZAÇÃO E EMPREENDEDORISMO: RISCOS PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO DE EMPREENDEDORES NO DISTRITO FEDERAL Nome da aluna: Murylo Galy Argôlo Galvão E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Ana Magnólia Mendes Linha de pesquisa: Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho: pesquisa epidemiológica Introdução: O papel contemporâneo do trabalho na vida humana evidencia paradoxos conforme relata Martins (2001): Ele estrutura o tempo, enquanto o consome cada vez mais intensamente. Provê a rede central de relações, da mesma forma que retira o indivíduo do convívio de seus familiares e de outros círculos sociais. Dá significado e um papel a desempenhar, enquanto reduz a dignidade humana a sua utilidade nas engrenagens econômicas. É um direito disputado por muitos, ao mesmo tempo que um dever indesejado por outros tantos. A psicodinâmica do trabalho tem como centralidade de estudo a relação entre sujeito, trabalho e saúde, envolvendo suas dimensões físicas e subjetivas. Abrange categorias da ergonomia, sociologia do trabalho, psicologia e da psicanálise. Esta abordagem preenche um vazio nos processos das relações entre trabalhador e trabalho, sobretudo no que diz respeito a sua saúde. A literatura apresenta estudos acadêmicos no Brasil, sobretudo no Distrito Federal tratando de investigar essa relação trabalho-­saúde em diversas categorias de profissionais. De acordo com Mendes (2008), o modelo de organização do trabalho, marcado por excessivo controle e normas, divisão de tarefas, caracterizado por rígidos modelos de gestão, bem como, para o trabalhador, pouca margem de liberdade de administração do tempo para realização do seu trabalho e ritmo, tem gerado, consequentemente, amplos riscos psicossociais. Estes riscos psicossociais são entendidos como decorrentes dos efeitos negativos da organização do trabalho sobre os estilos de gestão, sofrimento patogênico e danos físicos, psicológicos e sociais, e que provocam o adoecimento do trabalhador e comprometem a qualidade do trabalho. Grandes alterações na sociedade e nas organizações com consequências sobre o indivíduo são engendradas devido às transformações que se processam no mundo do trabalho. Que por sua vez também trazem implicações na forma como as pessoas gerem as organizações. Não se pode pensar saúde do trabalhador sem considerar essas transformações no mundo do trabalho. É importante pensar o ser humano não de forma isolada, mas como produto e produtor em interação com o mundo material que o cerca. Assim, a saúde é vista como um processo histórico-­social. As mudanças que ocorrem no mundo colocam o indivíduo frente às mutações no mercado, criando uma constante instabilidade que lhe causam mal. (Dejours, 1999). Fazendo breve contextualização, no atual governo brasileiro está em tramitação o Projeto de Lei (PL) -­ 6787/16 sobre a reforma trabalhista que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para prever, entre outras medidas, a prevalência do acordo sobre a lei, o que pode aumentar a precarização das condições de trabalho. Além disso, também está tramitando a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) -­ 287/16 que trata da reforma na previdência. Entre outros pontos, esta proposta altera regras em relação à idade mínima e ao tempo de contribuição para se aposentar, à acumulação de aposentadorias e pensões, à forma de cálculo dos benefícios, que provocam incertezas ao trabalhador em relação a sua aposentadoria. Atentando-­se a uma

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prospecção macroeconômica, no Fórum Econômico Mundial (FEM) de 2016 em Davos, na Suíça, foi debatido o que se chama de “Quarta revolução industrial”, que caracteriza-­se predominantemente por um aumento exponencial de recurso tecnológico e profunda automatização da indústria e seus produtos. Que sujeito está sendo fabricado ou exigido dentro dessa nova revolução? Dentre outros impactos sociais, isto implica futuramente numa ampla redução de postos de trabalho. Com isto, fortalece-­se o discurso emergente do empreendedorismo como saída alternativa ao desemprego. Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor 2016 -­ GEM 2016, o maior estudo unificado de atividade empreendedora no mundo, a Taxa Total de Empreendedorismo (TTE) para o Brasil teve um aumento significativo nos últimos 10 anos. A definição de empreendedorismo adotada pela pesquisa GEM demarca “qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento como, por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um empreendimento existente. Em qualquer das situações a iniciativa pode ser de um indivíduo, grupos de indivíduos ou empresas já estabelecidas.” A pesquisa que mede o percentual da população entre 18 e 64 anos, em 2006 tinha como registro de TTE a marca de 23%, em 2016 passou a registrar 36%. No ano de 2016 cerca de 48 milhões de brasileiros com idade entre 18 e 64 anos estavam envolvidos na criação ou manutenção de algum negócio, na condição de empreendedor em estágio inicial ou estabelecido (GEM 2016). Sabe-­se que diversas categorias de trabalhadores estão inseridas em modelos que apresentam vulnerabilidade a riscos físicos, psicológicos e sociais. Será que entre essas categorias, encontra-­se também a dos empreendedores, isto é, das pessoas que são proprietárias do próprio negócio? Surge o problema, portanto, do quanto as pessoas que estão empreendendo podem estar expostas a riscos psicossociais. Um estudo a respeito pode ser realizado tomando como referência os empreendedores no Distrito Federal. Objetivos: O objetivo do estudo será identificar os riscos psicossociais relacionados ao trabalho dos empreendedores no Distrito Federal. Para tanto, com base na abordagem da psicodinâmica do trabalho, visa-­se como objetivos específicos: 1) Caracterizar a organização prescrita do trabalho;; 2) Classificar os estilos de gestão 3) Identificar os indicadores de sofrimento patogênico no trabalho 3) Descrever os danos relacionados ao trabalho. Igualmente, responder a questão quais são os maiores riscos que acometem danos aos empreendedores no Distrito Federal? Método: Em conformidade com o objetivo do estudo, a amostra será selecionada em meio a empreendedores do Distrito Federal, de diversas localidades e organizações a serem definidas. Para a coleta de dados, será aplicado o Protocolo de Avaliação de Riscos Psicossociais – PROART, validado por Facas (2013). Para análise e tratamento dos dados obtidos pelo PROART será usado o software SPSS (Statistics Package for Social Sciences). Além disso, pretende-­se realizar entrevista semiestruturada numa amostra randomizada dos empreendedores que responderam ao PROART para colher dados qualitativos. Para análise dos dados obtidos na entrevista será usado o método de Análise de Núcleo de Sentido (Bardin, 1988). Resultados esperados e implicações: A pesquisa apresentará resultados quantitativos e qualitativos. Os resultados quantitativos serão expostos à partir dos dados analisados do PROART. Espera-­se obter respostas a cada uma de suas escalas, que correspondem aos objetivos específicos da pesquisa. A organização prescrita do trabalho caracterizará as representações que os trabalhadores têm acerca das tarefas, estrutura, prazos, ritmos, normas e autonomia. Os estilos de gestão serão classificados segundo os padrões individualista, normativo, coletivista ou realizador. O sofrimento patogênico será identificado quanto aos fatores de inutilidade, indignidade e desqualificação. Os danos psicossociais serão descritos segundo fatores de danos psicológicos, sociais e físicos. Em primeiro lugar, os resultados apresentarão quais índices predominam em cada dimensão. Em segundo, quais correspondências ou nexos há entre as dimensões. Com a análise dos dados qualitativos da entrevista aguarda-­se reproduzir quais discursos consubstanciam os elementos encontrados nas escalas e

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deflagram o prazer e sofrimento da rotina de trabalho dos empreendedores. Os maiores riscos que acometem danos aos empreendedores no Distrito Federal poderão ser identificados e as falas e dimensões que se correlacionam a esses danos serão apresentados. Ao expor a precarização do trabalho dos empreendedores no Distrito Federal, a fragilidade do emergente discurso do empreendedorismo como saída alternativa ao desemprego poderá ser demonstrada. Palavras-­chave: Psicodinâmica do Trabalho, Riscos Psicossociais, Empreendedorismo, Empreendedor. Referências Bardin, L. (1988). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. Dejours, C. (1999). Conferências Brasileiras: identidade, reconhecimento e transgressão

no trabalho. São Paulo: Fundap: EAESP/FGV. Facas, E. P. (2013). Protocolo de avaliação dos riscos psicossociais no trabalho -­

contribuições da psicodinâmica do trabalho (Tese de doutorado) Universidade de Brasília, Brasília, DF.

GEM (2016) – Global Entrepreneurship Monitor 2016. Relatório Executivo -­ Empreendedorismo no Brasil 2016. Curitiba: IBPQ, 2016

Martins, H. T. (2001). Gestão de carreiras na era do conhecimento: abordagem conceitual & resultados de pesquisas. Qualitymark, Rio de Janeiro.

Mendes, A. M. (2008). A Organização do Trabalho como Produto da Cultura e a Prevenção do Estresse Ocupacional: O Olhar da Psicodinâmica do Trabalho. Em: Tamayo, A. (Org). Estresse e Cultura Organizacional. São Paulo: Casa do Psicólogo.

World Economic Forum (2016) The Future of Jobs. Employment, Skills and Workforce Strategy for the Fourth Industrial Revolution. Global Challenge Insight Report, WEF

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Sessão 6 (M) -­ Apresentação 2 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Ana Lúcia Galinkin

A FUNÇÃO DO HUMOR PARA A (RE) SIGNIFICAÇÃO DO SOFRIMENTO NO TRABALHO Nome da aluna: Laene Pedro Gama E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientadora: Ana Magnólia Bezerra Mendes Linha de pesquisa: Processos de Trabalho, Ergonomia da Atividade, Saúde Introdução: Este é um estudo teórico que tem por objeto analisar a função do humor no trabalho. Parte da hipótese de que o humor nas organizações teria como principal funcionalidade revelar excessos e dogmas mantidos pelo trabalho, o que permite uma releitura dos mesmos. Sugere modificações no contexto de trabalho que perpassam pela crítica ao poder constituído, também convida o coletivo de trabalhadores à criação de um novo espaço de trabalho onde a fala teria maior poder de circularização. A definição do humor utilizada é a conceituada no construto freudiano. Para referência do campo do trabalho utiliza-­se a abordagem da Psicodinâmica do Trabalho. Apesar de, na contemporaneidade, o riso se apresentar por toda parte, como solução coletiva para a angústia, a falta de um sentido para ele impossibilita a identificação do humor e, portanto, o enfrentamento do real. Para Kupermann (2003) esta sociedade pode ser designada como depressiva-­humorística. Caracteriza-­se pelo mau humor crônico e prazer em viver, mas, ao mesmo tempo, orientada a viver de forma cool ou light sob a bandeira da descontração. Exibe um humor gratuito mantenedor da ausência de conflitos, cínico, impossibilitador de revolta e de manifestação de descrença. O século XX é marcado por guerras mundiais, terrorismos, genocídios, pobreza, fome, degradação do meio ambiente, dentre outras mazelas. São essas desgraças, segundo Minois (2003), que estimulam o humor como um antídoto ou um anticorpo diante das agressões vividas. O humor penetra em todos os domínios inclusive nas corporações profissionais, requer participação ativa do ouvinte e sua cumplicidade, que permite compartilhar as desgraças e dificuldades do grupo social empaticamente. Para Slavutzky (2005), o humor alivia a dor da existência, pois consegue brincar com o pânico do homem que é a morte. O excesso de seriedade, a luta competitiva, o querer ganhar sempre fazem parte do nosso mundo, portanto, é preciso encontrar o caminho do humor, pois esse permite ao homem aliviar-­se do tédio cotidiano. Freud trata do humor em duas de suas obras: em “Os chistes e sua relação com o inconsciente” (1905), e em “O humor” (1927), onde ele é caracterizado como um dom raro, precioso e rebelde. Em relação à primeira obra, Mezan (2005) entende que a questão do prazer, central no argumento da obra, foi enquadrada por vezes excessivamente em um modelo quantitativo. Na segunda, à luz da teoria do narcisismo, do investimento pulsional e sob a ótica da sublimação, Freud pôde acrescentar uma nova dinâmica à teoria do humor: distancia-­se do modelo quantitativo ao descrever características do humor como o caráter transgressor, formação de laços sociais, invencibilidade do ego e sustentação do prazer. E inaugura uma nova maneira de pensar a sociabilidade, diferente daquela que tipifica os grupos e a massa, onde vigora a proibição do pensamento e a pobreza erótica. A partir de então, considera a proximidade desse fenômeno com o campo da criação e estética e as dimensões éticas e políticas nele implicadas. A dimensão política é mais bem caracterizada em Kupermann (2003), ao estudar metapsicologicamente os fatores humorísticos que corroboram criticamente para as interações sociais: formação de laços sociais, caráter transgressor e processo

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sublimatório. Contrariamente ao que havia sido exposto por Freud o humor, mais do que reforçar laços identificatórios, promove uma desterritorialização do que é previamente estabelecido. Esta dinâmica é promovida pelo poder de afetação do dito espirituoso (termo que reúne as formações chiste e humor) por aquele que o porta, na terceira pessoa. Afetação oriunda do compartilhamento de uma crítica social, denúncia de hipocrisias comuns a qualquer grupo e de evidências idealizadoras. Birman (2005) ressalta o papel fundamental do interlocutor no dito espirituoso, pois é através de sua risada que o chiste é reconhecido. Na relação com o outro é que a experiência transgressora dos ditos espirituosos é enunciada. Ao transcender o recalque e obter prazer nesse movimento o chiste permite criar estratégias de desmontes e de desconstrução daquilo que oprime. Essa produção criativa por ocorrer em uma cena social, inserção do terceiro, proporciona a circulação e compartilhamento do desejo. Mendes e Ferreira (2001) apontam que o uso da criatividade é a expressão de uma marca pessoal, e no campo social do trabalho, quando reconhecido pelos colegas e chefes, é fonte de prazer. Entretanto para os autores (Irigaray & Saraiva, 2010), o humor como forma de comunicação nas organizações cumpre o papel de tolhimento e discriminação social. As novas técnicas de gestão adotadas nas últimas décadas procuram abolir controles rígidos de trabalho, mas, em contrapartida, adotam outros mecanismos de controle mais sutis, como o humor. Ainda segundo os autores, chacotas, piadas e comentários bem humorados podem corroborar preconceitos e funcionar como controle social. Sugerem que entender esses códigos humorísticos é desvendar em parte áreas demarcadas como perigosas, constrangedoras ou tabus. Parece faltar nessa leitura a compreensão dos elementos políticos do humor. Apreender esses elementos e o contexto da psicodinâmica do trabalho ajuda a desvendar mensagens das novas estratégias de gestão que alardeiam a promoção da comunicação no meio laboral e, no entanto mantém o interdito. Para Dejours (2012, b), nas obras freudianas pouco se trata do trabalho ordinário, aquele versado para o mundo. Não existe nada em comum entre o labor (trabalho de força) e o opus (a obra). Essa última nunca foi pensada como trabalho, ela está na ordem da criação e deriva da sublimação. Tal distinção salienta o fato de que nem todo trabalho leva à sublimação. Existe um número elevado de empregos que se caracterizam pela confrontação com os constrangimentos organizacionais, que tornam impossível o emprego de inteligência e não dão oportunidade à criatividade, à descoberta e à engenhosidade. Sendo assim, merecem o epíteto de tarefas antissublimatórias e, consequentemente, provocam efeitos dramáticos para a saúde mental. Diante do trabalho repetitivo sob o constrangimento do tempo, os trabalhadores desenvolvem com frequência estratégias de defesa destinadas a lutar contra o aborrecimento, contra a angústia de sentir sua capacidade de pensar deteriorada e contra o medo de não conseguir seguir o ritmo imposto pelo trabalho. Elas reúnem esforços do coletivo para proteção dos efeitos desestabilizadores em confronto com os riscos. Esses esforços protetivos vem atender a vontade do sujeito em controlar a situação indesejada ao reverter simbolicamente a posição subjetiva de vítima impotente para a posição daquele que provoca e faz escárnio sobre o risco. O potencial dos mecanismos de defesa reside na escamoteação do risco ao negar a percepção da realidade, e assim afastam aquilo que ameaça a coesão psíquica (Dejours, 2012, a). Entretanto, apesar de destinados a proteger a saúde mental, podem possibilitar também a servidão voluntária e a reprodução da dominação. Por outro lado, na formação humorística, o risco não apenas é assumido como também enfrentado. O desafio do humor “rebelde” (Freud, 1927) é a denúncia direta à fonte daquilo que gera o desconforto, e não apenas aos seus efeitos. Os ditos espirituosos propõem subverterem socialmente o status quo, potencialmente com a intenção de alcançar dimensões maiores do que o escárnio frente aos efeitos indesejáveis gerados por uma situação constrangedora. Ao não se resignarem frente a essas situações, as formações humorísticas distanciam-­se das formações patológicas. E,

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finalmente, o seu estudo pode contribuir para pensar saídas para os processos de engessamento do sujeito como os descritos em Mendes e Araújo (2012). O sujeito quando nega o sofrimento oriundo do fracasso do encontro com o real perde a chance de realizar seu potencial de ser ativo, abre mão do prazer, deixa de ser aquele que faz, que se mobiliza para encontrar soluções para os seus conflitos. Objetivos: analisar teoricamente a função do humor para a (re) significação do sofrimento no trabalho. Especificamente, pretende-­se apresentar os estudos sobre humor na teoria psicanalítica, definir a função do humor na abordagem da Psicodinâmica do trabalho e analisar as relações teóricas entre trabalho, humor e sofrimento. Método: Estudo das obras sobre o humor no construto freudiano (1905 e 1927). Análise do percurso teórico traçado pelo autor no intervalo das duas obras, com o intuito de analisar a evolução do conceito. Pesquisa bibliográfica nas bases de dados sobre os temas humor e psicodinâmica do trabalho. No primeiro tema, utilização dos descritores humor/psicanálise, período temporal de 17 anos e no segundo, psicodinâmica do trabalho/defesa, período de 10 anos. Uso de dados empíricos em contribuição ao estudo teórico. Dados extraídos dos atendimentos ocorridos no Projeto Práticas em Clínicas do Trabalho no Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos, inscrito no CAAE 49245615.9.0000.5540. Resultados esperados e implicações: Avançar o campo de estudo da ressignificação do sofrimento na psicodinâmica do trabalho, incluindo estudos sobre o humor que vêm sendo articulados às estratégias defensivas. Esta análise permitirá pensar como e quando nos contextos laborais surge o movimento de compartilhamento social, comum ao humor, de maneira a revelar formações idealizadoras por vezes sustentadas desmedidamente por figuras de autoridades. Explicitar esta dinâmica que garante a viabilidade de uma vida política via a criação de projetos futuros, vez que a (re)significação do sofrimento apresenta-­se nesse campo de estudos como potência para o trabalho vivo, e assim a emancipação dos sujeitos. Palavras-­chave: Psicanálise, humor, Psicodinâmica do Trabalho, defesa. Referências Birman, J. (2005). Frente e verso: O trágico e o cômico na desconstrução do poder. Em:

Slavutzky, A. & Kupermann, D. (Orgs.). Seria trágico... se não fosse cômico: Humor e Psicanálise (pp.81-­109). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Dejours, C. (2012). Trabalho vivo: Trabalho e emancipação. Brasília: Paralelo 15, a. Dejours, C. (2012).Trabalho vivo: Sexualidade e trabalho. Brasília: Paralelo 15, b. Ferreira, M. C.;; Mendes, A. M. (2001). Só de pensar em vir trabalhar, já fico de mau

humor: Atividade de atendimento ao público e prazer-­sofrimento no trabalho. Estudos de Psicologia. Brasília, 6(1), 93-­104.

Freud, S. (1905). O chiste e sua relação com o inconsciente. Em: Fernando Costa Mattos e Paulo César de Souza (Trad.[es]). Obras completas (Vol. 7, 1ª ed.). São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Freud, S. (1927). O humor. Em: Obras completas. Rio de Janeiro: Imago. Irigaray, H. A. R.;; Saraiva, A. de P. C. (2010). Humor e Discriminação por Orientação

Sexual no Ambiente Organizacional. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, 14-­5, p. 890-­906.

Kupermann, D. (2003). Ousar rir: Humor, criação e psicanálise. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Mendes, A. M.;; Araujo, L. K. R. (2012). Clínica Psicodinâmica do Trabalho: O Sujeito em ação. Curitiba: Juruá.

Mezan, R. (2005). A “ilha dos tesouros”: Relendo a piada e sua relação com o inconsciente. Em Slavutzky, A. & Kupermann, D. (Orgs.), Seria trágico... se não fosse cômico: Humor e Psicanálise (pp. 129 -­ 198). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Minois, G. (2003). História do riso e do escárnio. São Paulo: Editora UNESP.

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Slavutzky, A. (2005). O precioso dom do humor. Em: A. Slavutzky & D. Kupermann (Orgs.), Seria trágico... se não fosse cômico: Humor e Psicanálise (pp.201-­228). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

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Sessão 6 (M) -­ Apresentação 3 Banca avaliadora: Sônia Maria Guedes Gondim e Ana Lúcia Galinkin

ANÁLISE DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NO CONTEXTO DE EMERGÊNCIAS MÉDICAS DO DISTRITO FEDERAL Nome da aluna: Leandro Silva Pádua E-­mail: [email protected] Nível: Mestrado Orientador: Mário César Ferreira Linha de pesquisa: Processos de trabalho, Ergonomia da atividade, trabalho e saúde O trabalho constitui parte fundamental da subsistência humana e está subordinado às dinâmicas da sociedade e seu contexto de mudanças. Várias foram as definições dadas ao trabalho, constituindo assim um constructo fluido, que foi desde Karl Marx (1993) até as definições de sentido do trabalho proposto por Morin (2001). É um constructo psicológico multidimensional e dinâmico, resultado da interação entre variáveis diversas. É sobretudo uma atividade na qual indivíduos dedicam boa parte de sua vida, e acaba por constituir papel importante em relatos de sofrimentos e adoecimentos dos trabalhadores. Devido a este papel constitucional, compreender o conceito de saúde torna-­se fundamental para esta pesquisa. Saúde, segundo a OMS, é um estado de completo bem-­estar físico, mental e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez. Esta definição foi proposta em 1947 e vários estudos criticam o conceito (SEGRE,1997), o classificando como ultrapassado, enviesado por avaliações apenas externas, com destaque entre o físico, o mental e o social. Portanto, abordar trabalho e saúde deve partir da análise crítica conceitual destes termos, e é fundamental para o entendimento do conceito de Saúde do Trabalhador (ST). A ST foi tema primeiramente elencado no livro “A saúde dos trabalhadores” (Ramazzini,1700). Com base neste marco histórico, e tendo como plano de fundo todo o contexto da Revolução Industrial e dos Movimentos Operários Italianos, surge a Medicina do Trabalho como campo de atuação, e as preocupações com os riscos relativos ao exercício do trabalho. A ST passa a preocupar com o processo saúde-­doença em todos os aspectos, e objetiva principalmente ações de cunho preventivo. No início com foco na manutenção da cadeia produtiva e o indivíduo como fator de ajuste. Com o passar dos anos, desenvolve-­se crescente preocupação em tornar o trabalho mais aprazível e, por esse motivo, a prevenção, a promoção e a intervenção em saúde também passam a considerar a complexidade do ser humano, influenciado por questões biológicas, psicológicas e sociais. Assim, na pretensão de estudar ST, deve-­se pensar nesse termo não apenas como um conceito, mas como um paradigma de pensar-­agir;; um campo de conhecimento e intervenção no âmbito das políticas públicas, que se desenvolve no interior da saúde coletiva e que tem como objetivo de estudo e intervenção as relações entre trabalho e a saúde. Contextualizando com a atividade de trabalhadores de saúde, o dia-­a-­dia de emergências médicas (EM) públicas do Distrito Federal (DF) apresenta características que são deletérias à saúde destes profissionais. Tal afirmação é reflexo de uma percepção individual do autor deste projeto. O trabalho exercido requer o exercício de capacidades não somente técnico-­cognitivas, pois são postos em situações que vão além das competências adquiridas tanto na graduação ou na especialização. Por falta de recursos das mais diferentes formas, e também por falta de planejamento e organização dos diferentes níveis de atenção em saúde, muitas são as situações em que estes profissionais devem nortear sua propedêutica clínica através do empirismo, ao invés das evidências científicas. Ainda, as crescentes demandas por atendimento, a “pressão” por produtividade e resolutividade,

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jornadas de trabalho extenuantes, entre vários outros problemas que permeiam a realidade do trabalho em EM, levam ao desenvolvimento de outras competências como forma de lidar com estas adversidades. Tudo isso reflete na qualidade do serviço prestado, mas sobretudo na satisfação, motivação e também na saúde destes trabalhadores. Estudos desenvolvidos por Dejours (1987) demonstram que é a organização do trabalho a responsável pelas consequências penosas ou favoráveis para o funcionamento psíquico do trabalhador. O contexto organizacional exerce conhecida influência no adoecimento mental (Franco, Duck & Seligmann-­Silva, 2010). As dimensões estruturantes do contexto organizacional são as condições do trabalho, a organização do trabalho e as relações socioprofissionais (Ferreira&Antloga,2012;; Ferreira&Mendes,2003), definição esta que ajuda a explicitar um pressuposto fundamental: o adoecimento relacionado ao trabalho não é fruto apenas de fatores individuais e sim da intrínseca relação com o contexto de trabalho. O presente projeto fundamenta-­se em modelo teórico-­metodológico da Ergonomia da Atividade Aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho (EAA_QVT). Segundo Wisner (1995), a Ergonomia apresenta dois pilares estruturantes: um de base comportamental, que permite apreender as variáveis que determinam o trabalho pela via da análise do comportamento;; e outro subjetivo, que busca qualificar e validar os resultados. Ambos buscam elaborar um diagnóstico que vise transformar as condições de trabalho. A Ergonomia da Atividade (Montmollin,1995;; Ferreira,2001) é definida como uma abordagem científica com foco no indivíduo, fundamentada em conhecimentos interdisciplinares visando a compatibilização dos produtos e tecnologias às características dos usuários e a humanização do contexto sociotécnico do trabalho. Quanto à natureza do modelo, o debate epistemológico em ciências é vasto. A concepção emprega conceitos dos argumentos de Amalberti, Montmollin & Theureau (1991), os quais salientam que os modelos em ergonomia têm quatro funções básicas: reduzir, descrever, explicar e simular. Sob esta óptica, caracterizado por um corpo de conhecimentos datados, portanto provisórios, que se prestam à inferência para validação científica de dados obtidos e tem o papel heurístico para explicar o mecanismo e os fatores constitutivos de QVT. O modelo descritivo está organizado em dois níveis analíticos distintos e complementares. No nível macroergonômico, QVT é identificada com base no continuum de representações que os trabalhadores expressam no contexto de trabalho, cujos resultados se polarizam em dimensões de caráter afetivo: bem-­estar no trabalho;; e mal-­estar no trabalho. Segundo o autor, a vivência duradoura de bem-­estar no trabalho constitui um fator de promoção da saúde e indica a presença de QVT;; por outro lado, vivências de mal-­estar são fatores de risco para a saúde e indica a ausência de QVT (Ferreira, 2012). Estes fatores são categorizados em cinco dimensões, com elementos constitutivos diversos: Condições de Trabalho e Suporte Organizacional;; Organização do Trabalho;; Relações Socioprofissionais;; Reconhecimento e Crescimento Profissional;; e Elo Trabalho-­Vida Social. Na análise microergonômica de QVT, dois construtos estruturam a compreensão de QVT no contexto de trabalho. O Custo Humano do Trabalho (CHT) define aquilo que é despendido pelos trabalhadores para o comprimento da tarefa prescrita, tanto em nível individual como coletivo, com características físicas, cognitivas e afetivas. As Estratégias de Mediação Individual e Coletivas (EMICs) definem os "modos de pensar, sentir e de agir" dos trabalhadores em face das situações vivenciadas. Faz interface com o CHT, pois tais estratégias (quando bem-­sucedidas) impactam em menor CHT, prevenindo as vivências de mal-­estar e instaurando, em contrapartida, as vivências de bem-­estar – os trabalhadores operacionalizam as EMICs visando manter o equilíbrio e assegurar o funcionamento correto de um sistema, por definição, complexo de trabalho. Essas resultantes permitem retomar as dimensões avaliadas pelo nível macroergonômico no modelo teórico para, desta vez, compreender de modo mais aprofundado sua gênese, dinâmica e características.OBJETIVOS: Buscar o conhecimento aprofundado das

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questões que permeiam o trabalho em saúde, identificando quais fatores impactam na QVT e em agravos à saúde destes que atuam em EM. O objetivo geral é analisar a QVT no contexto de trabalho de EM da Superintendência de Saúde Norte do DF (SRSNO). Acredita-­se que as condições de trabalho atuam como fator predisponente para diminuição de QVT e representam principal motivo para afastamentos destes trabalhadores.MÉTODO: A pesquisa será realizada nas unidades de EM da SRSNO. PARTICIPANTES: Amostra censitária – todos serão convidados para a pesquisa. Almeja-­se a representatividade amostral após o fim da coleta de dados. INSTRUMENTO: Inventário de Avaliação de Qualidade de Vida no Trabalho (IA_QVT), no formato digital, baseado no modelo teórico da EAA_QVT, de natureza tanto quantitativa (escala de respostas do tipo Likert, com 11 níveis, 61 itens, alfa 0.94) como qualitativa (questões abertas). PROCEDIMENTOS: Disponibilização do IA_QVT por link em site de domínio público (ErgoPublic), com senha individual e intransferível, distribuída de forma aleatória. O IA_QVT somente poderá ser acessado após leitura de tela inicial contendo instruções relativas ao objetivo da pesquisa, a importância da participação e responsabilidade acadêmica, além de aspectos éticos da participação. A sensibilização e incentivo à participação será feita aproveitando os eventos relacionados ao dia 28 de abril, Dia Mundial da Segurança e Saúde do Trabalhador, onde várias ações são programadas no âmbito da SES/DF. Ainda, através da abordagem direta pelo pesquisador. Os dados serão tratados com o uso dos aplicativos SPSS (estatística descritiva e inferencial) e Iramuteq (Ratinaud,2009;; Camargo&Justo,2013) para a análise das questões abertas.RESULTADOS ESPERADOS E IMPLICAÇÕES: Almeja-­se oferecer uma contribuição inovadora no contexto da Psicologia Organizacional e Psicologia do Trabalho Brasileira, pois os estudos e pesquisas relacionando trabalho em saúde e EM ainda são escassos. Pretende-­se oferecer contribuições para a Diretoria da SRSNO, com proposições de medidas para melhoria das características de trabalho desta população e, talvez, medidas que possam ser generalizadas para todas as outras Superintendências de Saúde do DF. Tais contribuições virão por meio de um estudo científico, pautado pelo rigor metodológico. Ainda, almeja reforçar o modelo teórico-­metodológico, reforçando evidência de confiabilidade e replicação. Palavras-­chave: Qualidade de Vida no Trabalho, Emergências Médicas, Trabalho em Saúde Referências FERREIRA, M.C. (2012). Qualidade de Vida no Trabalho: uma abordagem centrada no

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