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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC GESTÃO INTEGRADA DA QUALIDADE; MEIO AMBIENTE, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO E RESPONSABILIDADE SOCIAL ROSÂNGELA FÁTIMA ARREGOLÃO THAIS ANTONIA PIRES SALLA ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Jundiaí, como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada da Qualidade; Meio Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho e Responsabilidade Social. Orientadores: Profa. Ms. Liamar Mayer de Paula Prof. Esp. Paulo Eduardo Bittencourt Neumann Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação.

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Page 1: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO SENACGESTÃO INTEGRADA DA QUALIDADE; MEIO AMBIENTE, SEGURANÇA E

SAÚDE NO TRABALHO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

ROSÂNGELA FÁTIMA ARREGOLÃOTHAIS ANTONIA PIRES SALLA

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Jundiaí, como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada da Qualidade; Meio Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho e Responsabilidade Social.

Orientadores: Profa. Ms. Liamar Mayer de PaulaProf. Esp. Paulo Eduardo Bittencourt Neumann

Jundiaí2012

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação.

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação.

A774a Arregolão, Rosângela Fátima Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação / Rosângela Fátima Arregolão, Thais Antonia Pires Salla – Jundiaí, 2012. 56 f

Orientadores: Profa. Ms. Liamar Mayer de Paula e Prof. Esp. Paulo Eduardo Bittencourt Neumann.

Trabalho de Conclusão de Curso (Gestão Integrada da Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho e Responsabilidade Social) – Senac Jundiaí, 2012.

1. Saúde do trabalho 2. Qualidade de vida 3. Sistemas de

gestão 4. Sistemas de Certificação I. Paula, Liamar Mayer de (Orient.) II. Neumann, Paulo Eduardo Bittencourt (Orient.) III. Salla, Thais Antonia Pires IV. Título. CDD 363.11

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EPÍGRAFE

Quando o homem não aprende, pelo silencioso processo educacional, a manifestar suas potencialidades, suas capacidades, suas riquezas, suas habilidades, além de embotar essas possibilidades, de alienar-se, de tornar-se estranho a si mesmo, priva o mundo ao seu redor da parte da contribuição que lhe compete para dar mais qualidade a esse mesmo mundo, para que ele passe da barbárie para a civilização.

Sérgio José Schirato.

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RESUMO

A adoção, a implantação e consolidação, por parte das empresas, de Sistemas de

Gestão tem sido uma tendência mundial. A integração dos Sistemas de Gestão

de Saúde e Segurança, Sistemas de Gestão da Qualidade, Sistemas de Gestão

Ambiental e Sistemas de Gestão em Responsabilidade Social tem sido uma

ferramenta cada vez mais importante para a melhoria do desempenho financeiro,

operacional e social das organizações. Torna-se um objetivo cada vez maior

associar a evolução dos sistemas de gestão com o reconhecimento do potencial

humano como o elemento motriz de toda política de gestão. É à luz dessa

abordagem mais humanista que buscou-se verificar se existe relação entre a

Qualidade de Vida (QV) do trabalhador e os modelos de gestão e de certificação

que sua empresa adota. Para isso utilizou- se a ferramenta abreviada para a

análise da QV do World Health Organization Quality of Life Assessment

(WHOQOL- Bref) que avalia a percepção do indivíduo de sua posição em relação

a sua inserção sócio- cultural e aos valores que adota para sua vida. A ferramenta

pré composta por 26 perguntas que fornecem escores para quatro domínios:

físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. A ferramenta foi aplicada

juntamente a um questionário que avaliou dados como a idade dos participantes,

o segmento econômico de atuação, a existência de sistemas de gestão e de

certificação nas empresas de 80 participantes. Após a coleta de dados a amostra

foi subdividida em grupos devidamente classificados: subgrupo 1: participantes

que trabalham em empresas com sistemas de gestão, certificados ou não;

subgrupo 2: participantes que trabalham em empresas sem sistemas de gestão e

sem certificação; subgrupo 3: participantes que trabalham em empresas com

sistemas de gestão e com certificação nesses sistemas; subgrupo 4: participantes

que trabalham em empresas com ou sem sistemas de gestão, mas sem

certificação; subgrupo 5: participantes que trabalham em empresas com sistema

de gestão da qualidade e certificadas ISO 9001. subgrupo 6: participantes que

trabalham em empresas com sistema de gestão ambiental e certificadas ISO

14001; subgrupo 7: participantes que trabalham em empresas com sistema de

gestão em responsabilidade social e certificadas SA 8000; subgrupo 8:

participantes que trabalham em empresas com sistema de gestão em saúde e

segurança do trabalho e certificadas OHSAS 18001.

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação.

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Não se pode observar relação direta entre a Qualidade de Vida dos

Trabalhadores (QVT) com a existência de sistemas de gestão ou com a

certificação dessas. Os resultados revelam a necessidade de novos estudos

voltados para a associação da QVT com os sistemas de gestão adotados pelas

empresas e suas respectivas certificações.

Palavras Chave: saúde do trabalho; qualidade de vida; Sistemas de gestão;

Sistemas de Certificação.

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Page 6: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

ABSTRACT

Management Systems’s adoption, implementation and consolidation have been a

worldwide trend. Integrate Safety and Health management systems,

Environmental management systems and Social Responsibility management

systems had been an increasingly important tool for financial performance,

operational and social organization’s improvement. Management systems

associated with human approach have been an increasingly goal.Recognize the

human approach as the production maker of all the management policy have been

an increasingly goal. In the light of this more humanistic approach it has been tried

to determine if a relationship between the Worker´s Quality of Life (WQL) and his

company´s models of management and certifying exists. For this, the abbreviated

assessment for the analysis of the WQL of the World Health Organization Quality

of Life (WHOQOL-Bref) was used to measure the individual's perception of their

position in relation to their socio-cultural and the values that he adopts for his life.

This assessment consists of 26 questions that provide scores for four domains:

physical, psychological, social relationships and environment. The assessment

was applied along with a questionnaire that evaluated some data such as age of

participants, the economic sector of activity, the existence of management

systems and certification companies in 80 participants. After data collection the

sample was subdivided into groups properly classified: group 1: Participants who

work in companies with management systems, certified or not, subgroup 2:

Participants who work in companies without management and without certification;

subgroup 3: participants who work for companies with management systems and

certification in these systems; subgroup 4: participants who work for companies

with or without management systems, but without certification; subgroup 5:

participants who work for companies with quality management system and

certified ISO 9001. 6 subgroup: participants who work for companies with

environmental management system and ISO 14001 certified; subgroup 7:

participants who work for companies with management system on social

responsibility and SA 8000 certified; 8 subgroup: participants who work for

companies with management system health and safety and OHSAS 18001

certified. The direct relationship between WQL with the existence of management

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systems or the relationship between WQL and the company´s certification was

not found. The results reveal studies on the association of WQL with the

management systems adopted by companies and their respective certifications

are required.

Keywords: occupational health, quality of life; management systems; certification

systems.

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LISTA DE TABELAS

1. Certificações ISO 9001 no final de 2008, Países com maior número de

certificações ....................................................................................................... 27

2. Certificações ISO 14001 no final de 2008, Países com maior número de

certificações ........................................................................................................ 28

3. Certificações SA 8000 até 30/9/2009. Países com maior número de

certificações ........................................................................................................ 29

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Resultado da análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão, certificadas ou não................................................................................................................... 36

Figura 2 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão, certificadas ou não....................................................................................................................37

Figura 3 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas sem sistemas de gestão e sem certificação............................................................................................................ 38

Figura 4 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas sem sistemas de gestão e sem certificação.............................................................................................................39

Figura 5 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão e com certificação nesses sistemas................................................................................ 40

Figura 6 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão e com certificação nesses sistemas.................................................................................41

Figura 7 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com ou sem sistemas de gestão, mas sem certificação.................................................................................................... 42

Figura 8 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com ou sem sistemas de gestão, mas sem certificação.................................................................................................... 43

Figura 9 - Resultado da Análise dos domínios e da Auto – avaliação da qualidade de vida da ferramenta WHOQOL entre os Subgrupos 1, 2, 3 e 4.........................44

Figura 10 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL e da Auto – avaliação da qualidade de vida entre os Subgrupos 5, 6, 7 e 8............... 45

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

EVENT Escala de Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IPAQ Índice de Capacidade para o Trabalho

ISO International Organization for Standartization

ISSL Inventário de Sistemas de Estresse de Lipp

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

OMS Organização Mundial da Saúde

OMT Organização Mundial do Trabalho

QVT Qualidade de Vida dos Trabalhadores

SA Sistema Ambiental

SAI Social Accountability Internacional

SER Responsabilidade Social Empresarial

SGA Sistema de Gestão ambiental

SGI Sistema de Gestão Integrada

SGI Sistema de Gestão Integrada

SGQ Sistema de Gestão de Qualidade

SGT Sistma de Gestão do Trabalho

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................13

1.1 Justificativa..................................................................................................16

1.2 Objetivo........................................................................................................17

2. SAÚDE NO TRABALHO..............................................................................18

2.1 Uma crônica visual......................................................................................18

2.2 Liberdade e seus impactos..........................................................................21

3. GESTÃO INTEGRADA - FERROVIA & NAVEGAÇÃO...............................23

4. SISTEMA DE GESTÃO...............................................................................25

4.1 Integração do sistema do sistema de gestão..............................................26

5. QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR..............................................30

5.1 Ferramentas de análise de QVT..................................................................31

6. METODOLOGIA..........................................................................................34

7. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................................35

8. CONCLUSÃO..............................................................................................48

9. REFERÊNCIAS...........................................................................................49

ANEXO I......................................................................................................53

ANEXO II.....................................................................................................54

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires, Análise da qualidade de vida de trabalhadores 13 e sua relação com os sistemas de gestão e certificação. – Jundiaí, 2012. 56 f.

1. INTRODUÇÃO

Mudanças substanciais no panorama político, social e econômico são

observadas de forma intensa em todo o mundo atual, decorrente do advento e da

impulsão contínua da globalização. Desta forma, vários países têm buscado

defender seus interesses no fortalecimento de suas economias, juntamente às

comunidades empresariais internas (Chaib, 2005). O cenário extremamente

competitivo tem imputado às organizações a necessidade de modernização de

seus processos e a incessante procura por novas ferramentas que possam trazer

reais vantagens competitivas.

Ante a este cenário, o setor produtivo brasileiro vem sofrendo

reestruturações, que tem como fenômenos marcantes a adoção, a implantação

e/ou consolidação, por parte das empresas, de Sistemas de Gestão (Xavier,

1995). Desta forma, os Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança (SGSS), os

Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ), os Sistemas de Gestão Ambiental

(SGA) e os Sistemas de Gestão em Responsabilidade Social (SGRS) surgem

como ferramentas cada vez mais importantes para a melhoria do desempenho

financeiro, operacional e social das organizações (Chaib, 2005). A International

Organization for Standadization (ISO) organização internacional com sede na

Suíça, foi fundada em 1947, no pós- guerra, com objetivos de desenvolvimento de

normas técnicas para aplicação mundial, facilitar a coordenação internacional e a

unificação dos padrões industriais (Correia, Mélo, Medeiros, 2006; Ribeiro Neto,

Tavares e Hoffmann, 2008). No Brasil, uma instituição voltada para a

normatização surge em decorrência da necessidade da indústria de tecnologia do

concreto em 1940, com a criação da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), associação esta que participou ativamente da fundação da ISO em 1947

(Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmann, 2008).

Historicamente ligados ao incremento da indústria militar durante a

segunda metade do século XX, os processos de normalização e requisitos, antes

limitados às características dos produtos, materiais, serviços ou técnicas de

inspeção são estendidos às práticas gerenciais, incluindo elementos do processo

produtivo. Nesse contexto, originam-se as primeiras normas internacionais de

garantia da qualidade e após a criação de mais de 8 mil normas internacionais,

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em 1987 a ISO atribuiu a série 9000, futura presença nas citações publicitárias e

constante na mídia organizacional (Neto, Tavares e Hoffmann, 2008).

As criações posteriores das normas de gestão ambiental (série 14000) e de

responsabilidade social (SA 8000) ocorreram respectivamente em 1996 e 1997,

esta última sob responsabilidade da instituição norte americana Social

Accountability International (SAI). A Occupational Health and Safety Assessment

Series (OHSAS), série de avaliação da segurança e saúde ocupacional foi

publicada pela associação de organismos certificadores e normalizadores em

1999 (Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmann, 2008).

Segundo Oliveira e Pinheiro (2010) sistemas certificáveis de gestão tem

sido uma opção cada vez mais utilizada pelas organizações como forma de

equacionarem demandas ambientais, padronizarem o processo produtivo,

reduzirem os custos da produção e também melhorarem sua imagem.

Estudos comprovam que a internacionalização dos processos gerada pela

disseminação das normas ISO está historicamente ligada à globalização dos

negócios, à crescente conscientização dos consumidores, à melhoria da

qualidade de vida dos colaboradores, à disseminação da educação ambiental. Os

padrões permitem prever que exigências futuras dos consumidores atuais em

relação à preservação ambiental, à responsabilidade social e à qualidade de vida

deverão se intensificar (FARONI et al, 2010).

Para Moretti, Sautter e Azevedo (2008) as normas internacionais de caráter

voluntário auxiliam as organizações a equilibrar interesses econômico-financeiros

com os impactos gerados por suas atividades, sejam impactos gerados ao meio

ambiente ou conseqüências diretas para a saúde e segurança de seus

colaboradores.

Tais autores ressaltam ainda algumas motivações das organizações para

as certificações como, por exemplo: a entrada no mercado internacional, a

padronização de procedimentos para operações internas, a economia de recursos

e redução de desperdícios para o gerenciamento corporativo, a melhoria na

imagem corporativa para efeitos de mercado e o aumento da consciência

ambiental, de saúde e segurança e responsabilidade social de seus fornecedores.

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Segundo Oliveira e Serra (2010), as organizações precisam adotar

mudanças contínuas que permitam operar e gerir seus negócios. Embora o

objetivo principal das mesmas ainda seja o lucro, as questões ambientais tem se

tornado cada vez mais importantes em função do aumento da conscientização do

consumidor em como os produtos e serviços são produzidos e como afetam o

meio ambiente. Para estes autores, são benefícios gerados pela certificação a

redução de custos na contratação de seguros, aumento na atratividade de

investidores, facilidade de acesso a empréstimos e motivação dos colaboradores

para atingirem seus objetivos.

Já para Oliveira e Pinheiro (2010) defendem as certificações promovem

modelos de gestão às organizações que viabilizam e suportam inovações

tecnológicas, contribuem com o desenvolvimento sustentável, garantem o

aumento da competitividade e conseqüente lucratividade. Os mesmos sustentam

que a abertura de mercados domésticos e internacionais, o aumento da

satisfação dos consumidores, a possibilidade de cumprimento à legislação

específica de cada país, a redução dos desperdícios, a melhoria no desempenho

da organização como um todo são vantagens geradas pela adesão a um sistema

de gestão.

Para Gonzalez e Martines (2007) os sistemas de gestão como processos

de inovação incremental, focada e contínua que envolve toda a organização,

sempre com o objetivo comum de melhoria contínua e um nível pró- ativo que

busca níveis de desempenho que vão além das expectativas do cliente. Assim

como Correia, Mélo e Medeiros (2006) evidenciam a necessidade de melhorar os

processos decorrentes das exigências dos clientes, bem como em função da

satisfação total dos mesmos.

De forma ainda mais abrangente, Brendler e Brandli (2011) defendem a

integração de sistemas de gestão, mais especificamente Sitema de Gestão da

Qualidade (SGQ) e Sistema de Gestão Ambiental (SGA), como forma de reduzir

custos e ganhar competitividade no mercado mundial. Tais autores confirmam

uma tendência mundial cada vez maior dentro das organizações que passam a

utilizar o Sistema de Gestão Integrado (SGI) como forma de facilitar o

gerenciamento no ambiente globalizado e competitivo.

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À luz dos benefícios evidenciados cientificamente pela normalização dos

sistemas de gestão, bem como pelo aumento significativo das empresas

certificadas atualmente no Brasil Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e

Tecnologia (INMETRO, 2012) poder-se-á analisar quais as contribuições dos

sistemas de gestão, apoiados nos processos de certificações ISO (Qualidade,

Saúde e Segurança do Trabalhador e Meio Ambiente) e compará-las à qualidade

de vida de seus colaboradores.

1.1 Justificativa

A escolha dessa temática decorre de questionamentos feitos durante a

explanação dos sistemas de gestão da qualidade, de responsabilidade social, do

meio ambiente e de saúde e segurança do trabalho.

Independentemente do foco de atuação desses sistemas de gestão, todos

possuem a gestão do risco como ponto em comum. Gerir de forma a resguardar a

instituição, seja pela qualidade de seu produto, seja pela preocupação e

compromisso ambiental, seja pelo respeito à legislação trabalhista e pela saúde

do trabalhador, seja pelo compromisso empresarial com a sociedade pode

garantir maior rentabilidade, redução de custos, melhor visibilidade e

competitividade no mercado e produtividade da organização.

Entender a complexidade da gestão do risco dentro das organizações

remete a abordagem do empregado como a força motriz de todo o modelo de

gestão. Privilegiar o indivíduo e considerá-lo como diferencial para o sucesso de

um modelo de gestão são pontos que ficam evidentes na medida em que o

reconhecimento do potencial humano é colocado como o elemento central da

gestão das organizações.

Trata-se então de uma abordagem mais humana de todo o processo

produtivo na qual missão, visão e valores da empresa são claramente definidos e

onde o indivíduo se reconhece como parte integrante da política de gestão. Trata-

se de uma abordagem contemporânea do gestor que privilegia tanto o sistema de

gestão como a ação individual de seu colaborador para o sucesso desse sistema.

São essas questões que envolvem a liberação do potencial humano como

fator decisivo para a expectativa de uma maior capacidade produtiva da empresa

16

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e sua relação com os sistemas de gestão que levam o presente estudo a

questionar se existe relação entre a qualidade de vida do trabalhador e o modelo

de gestão que sua empresa adota.

1.2 Objetivo

Verificar as relações entre a qualidade de vida dos trabalhadores de

empresas com sistemas de gestão e dos trabalhadores de empresas sem

sistemas de gestão.

17

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2. SAÚDE NO TRABALHO

O trabalho na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré aponta o

sentido no que diz respeito a diversos fatores e situações em torno da qualidade,

da saúde, das condições de habitação, alojamentos, segurança, e os

procedimentos oferecidos aos operários.

2.1 Uma crônica visual

De acordo com Hardman (2005), basta olhar as imagens mudas que

pedem um texto para desifrá-las. Ao observá-las, encontram-se os sinais das

condições precárias e o descaso com os primitivos e os homens que vinham de

outros países para

oferecerem

suas mãos para o

trabalho pesado.

A história é

remota, e aqui muito

resumida - mas através

das fotos como descreve

o autor Hardman (2005)

feitas por Dana Merrill, um

artesão de imagens que

traduziu sensivelmente as dificuldades e as condições físicas e morais desses

homens, mostram perfeitamente o descaminho, a negligência, a indiferença, o

descumprimento das leis trabalhistas já existentes, e também, o derrame de

verbas públicas investidas no esforço ilimitado dos homens, na destruição das

terras, nas devastações da mata; investimento em muitas mortes de homens e

animais durante todo o período da construção.

Hardman (2005), descreve que o número talhado na borda do colete na

foto do hindu anônimo, é o registro da dignidade à hospitalidade, e mostra as más

condições de acolhimento que se encontravam os estrangeiros em nosso reino.

Dana Merrill, mostra a ruína do empreendimento moderno, sempre focada na

Foto 1, Dana Merrill

18

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produção e o trabalho, era uma crônica visual em plena Amazônia brasileira, e em

suas mais diversas formas de manifestações; ele combinava gosto pessoal e

visão histórica; mostrava o espetáculo do capitalismo na selva.

O hindu nos olha com ar sóbrio e decidido. Como se tivesse por certo

sua história a contar. Entre seu turbante, brincos e colete de linho escuro

riscado, pode-se perguntar por que e como teria chegado ao inferno

verde. (HARDMAN, 2005, p. 11)

Segundo Souto (2003), os obstáculos confrontam a medicina do trabalho,

uma especialidade não pode ater a promoção e a prevenção da saúde de

trabalhadores se envolvendo em especulação econômica e envolvimento com a

política, onde a segurança dos trabalhadores ainda é um valor sem qualificação e

quantificação.

Foto 2, Dana Merrill

19

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Daí por diante, Saúde no trabalho: uma revolução em andamento é uma

visão panorâmica sobre um ideário que nos fala de mudanças e de

esperanças, mas também de iniciativas malogradas e de sacrifícios,

como um apelo de incentivo a uma luta em permanente andamento, por

uma idéia concebida pela razão, que as gerações passadas nos enviam

para criação do amanhã. (SOUTO, 2003, p. 9)

O homem é o

único protagonista

desta história do começo ao

fim, do qual, é também

responsável por destruir,

construir e destruir -

esquecendo todo transtorno,

sofrimentos, mortes; uma

fixação na imensidão da

selva verde.

Segundo Hardman (2005), existem várias fases da construção da ferrovia

Madeira-Mamoré; uma delas conta que num impulso visionário e a preocupação

com a saúde dos trabalhadores surgiu o primeiro e espetacular hospital de

Candelária na selva e conseqüentemente o surgimento impensado da cidade

Porto Velho em Rondônia.

As questões são discretas e mostram claramente a realidade da qualidade,

da saúde, e segurança dos operários no seu trabalho, traduzindo também todo o

impacto ambiental.

De acordo com Souto (2004), o Brasil era visto como o país das doenças

epidêmicas, que afetaram na época a economia e sua imagem, tanto para

receber estrangeiros para trabalhar, tanto para o comércio e a exportação. As

dificuldades eram as doenças tropicais desconhecidas; a beribéri, doença

causada pela carência de vitamina B1, caracterizada por distúrbios digestivos,

edemas e perturbações nervosas, conhecida também pela avitaminose B1; junto,

a malária, a disenteria e a pneumonia.

Foto 3, Dana Merrill

20

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Diariamente chegava ao hospital da Candelária uma locomotiva puxada por

um vagão-ambulância com doentes provenientes das febres.

(...) para os patrocinadores desse projeto, cada quilometro vencido

significava ter chegado mais perto dos céus; para os operários que

construíam essas torres de Babel, contudo, cada dormente a fixar era

como transpor mais um degrau do inferno. (HARDMAN, 2005, p. 142)

Estima-se que morriam em média um trabalhador por dia em virtude

dessas doenças. As mortes não foram só por doenças tropicais e malaria; muitas,

foram por ataques de animais selvagens e por índios que defediam suas terras;

as mortes traduziam também por muitos acidentes de trabalho, por

desaparecimento na mata, e homens que fugiam do trabalho insano - todas,

somaria umas seis mil mortes.

Segundo Otávio (2007) e Rïver (2012), existem divergências entre autores

e variações entre os números de trabalhadores e mortes na construção da

estrada de ferro Madeira Mamoré; uns falam que durante os 5 anos de

construção, trabalharam 22 mil homens, e morreram seis mil; outros, dizem que

trabalharam 34 mil homens, e que durante esse período mantia-se 4.350 homens

por mês, e que morreram mais de 16 mil.

2.2 liberdade e seus impactos

A importância representada pela sociedade das trocas desiguais chamava

a atenção. A marca da violência e da destruição mostrou a modernização

industrial e a relação técnica com o trabalho na selva, bem como seus impactos

psico-sociais.

De acordo com o autor Souto (2003), as mudanças culturais, as ambições,

a religião, os padrões sociais de vida das pessoas e das coletividades humanas,

fez com que os dados biológicos levassem a interpretações difereciadas.

(...) a saúde nos leva a uma interpretação de que cada período da

história da humanidade teve sua própria maneira de vê-la, o que também

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pode significar que saúde perfeita é um ideal muito variável, que nunca

será plenamente alcançado, (...) (SOUTO, 2003, p. 14)

Otávio (2007)1, afirma que o processo da cadeia produtiva, a preparação

das pélas de látex para seu embarque, pudesse assim considerar o início da

história da Madeira-Mamoré - todos os esforços concentrados, os rastros

contínuos da destruição, como que as almas dispersas pudessem ganhar sentido

e devolver a vida.

1 “Nada, porém, é mais significativo do que a relação da ferrovia com o boom da borracha”.

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3. GESTÃO INTEGRADA - FERROVIA & NAVEGAÇÃO

Hardman (2005) relata

que o engenheiro ferroviário

brasileiro e membro da

Província do Amazonas João

Martins da Silva Coutinho, foi

encarregado para um estudo

minucioso e viável da

navegação e colonização da

área, iniciando a viagem no

dia 1° de julho de 1861, apresentando um relatório no dia 3 de outubro deste

mesmo ano, onde destacou em seu projeto a importância geopolítica e

econômica. Desse relatório surgiram

as intenções do sistema integrado,

juntando o sistema de navegação

com o ferroviário.

Segundo Hardman (2005),

com a ferrovia e a navegação a

vapor, o mercado mundial ganhou o

ilimitado comércio e a liberdade encantada da humanidade.

Liberdade encantada, esforço ilimitado, descaso, negligência, impactos

sociais e ambientais, saúde, hostilidade, derrame de verbas públicas, homens

mortos, e descaminho da raça humana, confrontaram com o sepultamento futuro

da história das locomotivas.

Em 1972 foi desativada definitivamente a estrada de ferro Madeira

Mamoré, a data foi marcada por uma melancólica saudação de apitos de velhas

locomotivas, conforme descrevem os autores Otávio (2012) e Rïver (2011); entre

1980 a 1990, o processo de decadência envoluiu para a destruição, resultado da

Foto 5, Dana Merril

Foto 4, Dana Merrill

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combinação do descaso e o vandalismo - roubos e vendas de peças e loteamento

de terrenos na linha da estrada de ferro, vandalismo disperso e desorganizado,

comercializaram trilhos e dormentes. Na Estação de Porto Velho em Rondônia,

com os seus galpões e oficinas, tornos, máquinas de solda e formas para

moldagem de peças, tudo importado, foram tomados pela ferrugem; locomotivas e

vagões foram empurrados, jogados para o seputamento ao fundo do Rio Madeira.

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4. SISTEMA DE GESTÃO

O Sistema de Gestão Integrada é a combinação de processos,

procedimentos e práticas adotadas por uma organização, para implementar suas

políticas e atingir seus objetivos de forma mais eficiente do que por meio de

múltiplos sistemas de gestão. Direcionado para processos é a gestão que permite

integrar de forma mais eficiente, nas operações do dia-a-dia das empresas, os

aspectos e objetivos da qualidade, do desempenho ambiental, da segurança e

saúde ocupacional e da responsabilidade social.

A leitura que é feita por Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmam (2010) As

normas de sistemas de gestão integram à economia mundial. A ISO 9001 é

globalmente aceita em todas as situações em que seja preciso assegurar

qualidade no fornecimento de bens e serviços. Também assumem relevância

global para organizações que desejam operar em um ambiente de

desenvolvimento sustentável a ISO 14001, a OHSAS 18001 e AS 8.000.

Os objetivos básicos do sistema de gestão são o de aumentar constantemente o valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços oferecidos, o sucesso no segmento de mercado ocupado (através da melhoria contínua dos resultados operacionais), a satisfação dos funcionários com a organização e da própria sociedade com a contribuição social da empresa e o respeito ao meio ambiente. (VITERBO JÚNIOR, 1998, p. 15)

Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmam (2010) defende ainda que a redução de

custos de seguros, redução de barreiras comerciais, adoção de melhores

práticas, a melhoria do desempenho e da imagem são fatores presentes no

sistema de gestão integrada.

Cita ainda, Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmam (2010) benefícios na área

econômica e social como: Aos consumidores, aos fornecedores, aos acionistas,

aos empregados, aos governos e para a sociedade.

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4.1 Integração dos sistemas de gestão

Labodová (2003), propõe a forma de integração verificada em empresas

européias:

Implementação seqüencial de sistemas individuais – qualidade, meio

ambiente e saúde e segurança – são combinados, formando o SGI.

Os sistemas são separados e, para suas diferentes especificidades

(qualidade, saúde, segurança do trabalho e meio ambiente), apenas os formatos

quanto à numeração, terminologia e organização são semelhantes.

Contendo cada um dos sistemas independentes a estrutura:

- Representantes da administração;

- Programas de treinamento;

- Conjuntos de documentos;

- Programas de controle de documentos e dados;

- Instruções de trabalho;

- Sistemas de gestão de registros;

- Sistemas de calibração;

- Programas de auditoria interna;

- Controles de procedimentos para não-conformidades;

- Programas de ações corretivos e preventivos;

- Reuniões para análise crítica pela administração.

Segundo Soler (2002), o principal argumento que tem compelido as

empresas a integrar os processos de qualidade, meio ambiente e de segurança e

saúde no trabalho é o efeito positivo que um SGI pode ter sobre os funcionários.

A sinergia gerada pelo SGI tem levado as organizações a atingir melhores níveis

de desempenho, a um custo global muito menor.

Visto que ainda não há uma norma ou guia específico para implementação

de SGI, a mesma deve ser baseada no atendimento aos requisitos específicos

das normas ISO 9001, ISO 14001 e pelos guias (ou diretrizes) BS 8800 e

OHSAS 18001. Além disso, é importante salientar que não existe organismo

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credenciador que tenha estabelecido procedimentos permitindo a emissão de

certificados baseados em SGI. Os requisitos devem, portanto, contemplar os

seguintes elementos:

• Análise crítica inicial;

• Política integrada de qualidade, meio ambiente, segurança e saúde no trabalho;

• Planejamento, implementação e operação;

• Verificação e ações corretivas.

Muitas empresas têm verificado a possibilidade de integração dos

Sistemas de Gestão contemplando também a Responsabilidade Social, através

da norma SA 8000. Pode-se citar, como exemplo, a Petrobrás, nas áreas de

abastecimento e em suas refinarias.

A certificação ocorre de forma independente por segmento, como afirma

Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmam (2010)2, a ISO 9001 é, seguramente, uma das

normas mais conhecidas do mundo. Uma pesquisa mundial, efetuada pela

própria ISO, mostrou que no final de 2008, mais de 982 mil certificados de

conformidade com a ISO 9001 haviam sido emitidos para organizações de 175

países, representando um incremento de 3% em relação ao ano anterior.

Certificações ISO 9001 no final de 2008.

Tabela1Países com maior número de certificações

Posição País Número de certificados ISO 9001

1 China 224 616

2 Itália 118 309

3 Espanha 68 730

4 Japão 62 746

5 Alemanha 48 324

6 Reino Unido 41 150

7 Índia 37 958

8 Estados Unidos 32 400

2 O Brasil ocupa a 12ª posição ranking mundial.

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9 França 23 837

10 Coréia 23 036

11 Rússia 16 051

12 Brasil 14 539

Fonte João Batista M. Ribeiro Neto, José da Cunha Travares Silvana Carvalho

Hoffmann Sistemas de Gestão integrados 2ª Edição 2010 página 45.

No entanto na gestão ambiental como mostra Ribeiro Neto, Tavares e

Hoffmam (2010)3, segundo pesquisa publicada pela ISO Survey 2008, até o final

de 2008 foram emitidos 188.815 certificados de conformidade, abrangendo 155

países e representando um incremento de 18% em relação ao número de

certificações do ano anterior.

Certificações ISO 14001 no final de 2008.

Tabela2Países com maior número de certificações

Posição País Número de certificados ISO 14001

1 China 39.195

2 Japão 35.573

3 Espanha 16.443

4 Itália 12.922

5 Reino Unido 9.455

6 Rep. da Coréia 7.133

7 Alemanha 5.709

8 Estados Unidos 4.974

9 Suécia 4.478

10 França 4.382

16 Brasil 1.669

3 O Brasil ocupa a 16ª posição ranking mundial.

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Já na certificação em responsabilidade social, Ribeiro Neto, Tavares e

Hoffmam (2010)4, até 30/09/2009, existiam 2.093 empresas certificadas,

contemplando um total de 1.150.644 empregados, distribuídos em 64 países.

Certificações SA 8000 até 30/9/2009.

Tabela3Países com maior número de certificações

Posição País Número de certificados SA 8000

1 Itália 881

2 Índia 429

3 China 242

4 Brasil 102

5 Paquistão 91

6 Vietnã 46

7 Romênia 35

8 Espanha 24

9 Portugal 23

10 Tailândia 21

Fonte: João Batista M. Ribeiro Neto, José da Cunha Travares Silvana Carvalho

Hoffmann Sistemas de Gestão integrados 2ª Edição 2010, página 204 e 205.

Página 85.

4 O Brasil ocupa a 4ª posição ranking mundial de número de certificados emitidos.

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5. QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) pontua-se no atual panorama

empresarial como objeto de reflexão. É tida como uma preocupação do

homem desde o início dos tempos, ou desde a concepção do trabalho como

meio de sobrevivência. Amparada por diferentes conceitos, a qualidade de

vida apresenta diversas definições, advindas de áreas da psicologia, da

sociologia, da medicina e áreas afins (FRANÇA JR. e PILATTI, 2004).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) trata o conceito de qualidade

de vida como um construtor abrangente que refere à percepção do indivíduo

sobre sua posição na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de

valores em que vive e em relação às suas expectativas, padrões e

preocupações (The WHOQOL Group, 1996). Já Arellano, 2008 defende que a

qualidade de vida é um conceito subjetivo que envolve o bem-estar no

domínio social, saúde no domínio da medicina, e satisfação no domínio

psicológico. Uma vida de qualidade pode ser determinada pelo equilíbrio de

forças internas e externas, sendo, portanto, o reflexo de como o homem

interage com o meio externo, como o influencia e como é influenciado pelo

mesmo.

Historicamente aliada ao pós-guerra, a QVT foi parte integrante do

Plano Marshall para a reconstrução da Europa e acompanhou a história do

trabalho no mundo. Na década de 1960 caracterizou-se pelos aspectos de

reação individual do trabalhador às experiências de trabalho. Na década de

1970, a Organização Mundial do Trabalho (OMT) começou a fomentar

programas pela busca de melhorias nos ambientes de trabalho com

objetivos de satisfação e produtividade. Já na década de 1980, a QVT

tornou-se um conceito mais globalizado com associações a programas de

qualidade total e produtividade (AURELLANO, 2008).

Reflexo de transformações que ficaram ainda mais evidentes desde a

década de 1990 até os dias atuais, as organizações buscam alternativas de

natureza estrutural e tecnológica e são cobradas pelo reflexo da

globalização tanto em seu nível organizacional como social. Outrora ligado

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a lucratividade, outrora ligado a qualidade de seus produtos, o diferencial

competitivo das organizações atualmente faz uso dos benefícios que a QVT

pode gerar. As necessidades de captar, absorver e responder às demandas

de um ambiente mais produtivo colocou a QVT como estratégia para a

adaptação das empresas em um ambiente competitivo sustentável, à

medida que a noção de que o ambiente de trabalho pode influenciar

positivamente às pessoas envolvidas no processo (OLIVEIRA et. al, 2008)

Aspecto importante considerado por Trierwelier e Silva (2007) é a

mudança de paradigma em que a QVT passa de uma preocupação da saúde

e segurança do trabalhador no ambiente de trabalho para um status de

estratégia empresarial. Aspecto este também apoiado por Oliveira E

Limongi-França (2005) na medida em que defendem que as demandas de

produtividade e capacidade produtiva exigem mais iniciativa, inovação e

conhecimento das pessoas, ou seja, exigem mais dos funcionários que

sentem cada vez mais as pressões do ambiente de trabalho. Segundo as

autoras, por esses motivos a QVT passa a ser uma preocupação cada vez

mais presente nas organizações. Para Mancini et al (2004) a proximidade

entre QVT e Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é cada vez maior. A

RSE tem como objetivos comprometer a empresa com a adoção de um

padrão ético de comportamento que contribua com o desenvolvimento

econômico da mesma. Desta forma, aliar os conceitos e práticas abordados

e desenvolvidos tanto para a QVT como para a RSE tem proporcionado cada

vez mais a inserção dentro do mercado competitivo e tem se revelado uma

tendência dentro de instituições que buscam seu espaço dentro de um

mundo empresarial globalizado.

5.1 Ferramentas de análise de QVT

Ferramentas de análise da qualidade de vida são utilizadas com

frequência e têm auxiliado na condução de pesquisas sobre o assunto em

campos diversos. Já na década de 1970, o modelo de Hackman e Oldham era

utilizado como ferramenta de análise da qualidade de vida tendo como base o

componente motivacional para sua classificação (PEDROSO e PILATTI, 2009). Já

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na década de 1990 foram traduzidos no Brasil o questionário SF-36 e o

questionário WHOQOL. O primeiro, com sua tradução realizada pela

Universidade Federal de São Paulo, corresponde a um questionário formado por

36 perguntas, distribuídas em oito componentes: capacidade funcional, aspectos

físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos

emocionais e saúde mental (ARELLANO, 2008). O World Health Organization

Quality of Life Assessment (WHOQOL), por sua vez, é um instrumento de

qualidade de vida desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e

avalia a percepção do indivíduo de sua posição em relação a sua inserção sócio-

cultural e aos valores que adota para sua vida. Foi desenvolvido no Brasil pela

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ARELLANO, 2008).

Ainda sobre a ferramenta WHOQOL, é importante descrever seus

domínios e seus subdomínios ou facetas:

Quadro 1: Domínios e facetas do WHOQOL

DOMÍNIOS FACETASDomínio I- Físico Dor e desconforto

Energia e FadigaSono e descanso

Domínio II- Psicológico Sentimentos positivosPensar, aprender, memória e concentração.AutoestimaImagem corporal e aparênciaSentimentos negativos

Domínio III- Nível de Independência MobilidadeAtividades da vida cotidianaDependência de medicação e de tratamentosCapacidade de trabalho

Domínio IV- Relações Sociais Relações pessoaisApoio socialAtividade sexual

Domínio V- Meio Ambiente Segurança física e proteçãoAmbiente no larRecursos financeirosCuidados de saúde e sociais: disponibilidade e quantidadeOportunidades de adquirir novas informações e habilidadesParticipação e oportunidades de recreação e lazerAmbiente físicoTransporte

Domínio VI- Aspectos espirituais/ crenças Espiritualidade, religião, crenças pessoais.

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pessoais

Não se deve deixar de mencionar que as ferramentas disponíveis para a

análise da qualidade de vida são inúmeras e podem ser específicas como a

Escala de Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho (EVENT), o Inventário de

Sintomas de Estresse de Lipp (ISSL), o Índice de Capacidade para o Trabalho, o

Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), o teste de Fagerström

entre outros. Contudo, devido a sua abordagem multifatorial, a ferramenta

WHOQOL foi escolhida para o desenvolvimento desse trabalho.

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6. METODOLOGIA

A ferramenta WHOQOL possui duas versões: WHOQOL- 100, constituído

de 100 questões que permitem avaliar detalhadamente cada faceta individual

relacionada a qualidade de vida e WHOQOL - bref, composto por 26 perguntas

que fornecem escores para quatro domínios, físico, psicológico, relações sociais e

meio ambiente (FLECK, 2000).

Ao proporcionar uma avaliação muito detalhada das facetas que o

compõe, a ferramenta WHOQOL- 100 pode ser muito extensa para alguns tipos

de aplicação. Dessa forma, a ferramenta WHOQOL - bref foi escolhida como

instrumento para o estudo uma vez que é composta de 26 perguntas, duas delas

referentes à qualidade de vida geral e 24 perguntas que correspondem a cada

faceta do instrumento original.

A ferramenta foi aplicada a alunos e alunas pós- graduandos. A amostra

foi composta apenas pelos que estivessem empregados e que tivessem

trabalhando nas duas últimas semanas. Indivíduos em férias e que não exerciam

atividade remunerada no período foram excluídos da pesquisa.

Foram coletadas informações pessoais dos participantes que fizeram

parte da amostra conforme Anexo I. Os participantes não precisaram se identificar

nominalmente para responder ao questionário. A seguir, cada participante foi

orientado individualmente ao preenchimento do questionário WHOQOL, conforme

Anexo II. O cálculo dos escores e da estatística descritiva do WHOQOL- bref foi

realizada a partir do software Microsoft Excel, seguindo a sintaxe proposta pelo

Grupo WHOQOL e com base no estudo de Gutierrez, Pedroso, Picinin e Pilatti,

2010.

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7. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A amostra foi composta de 80 participantes, com idade entre 22 e 55

anos, sendo 46 homens e 34 mulheres. O setor administrativo corresponde ao

setor de trabalho de 48,75 % da amostra, o setor de segurança do trabalho

corresponde a 11,25 % da amostra, o percentual restante da amostra, divide-se

entre trabalhos de manutenção, controle da qualidade, meio ambiente,

consultoria, engenharia de transporte, tecnologia da informação, saúde e

educação.

Dentre os participantes, 81,25% referem que a empresa onde trabalham

possui algum sistema de gestão (qualidade, meio ambiente, segurança e saúde

do trabalho ou responsabilidade social). Das empresas com sistema de gestão

implantados, 81,54 % possuem tal sistema de gestão certificado (ISO 9001, ISO

14001, OHSAS 18001 ou SA 8000).

Os questionários foram agrupados em diferentes subgrupos e analisados

de forma distinta de acordo com as seguintes divisões:

Subgrupo 1: Participantes que trabalham em empresas com sistemas

de gestão, certificados ou não;

Subgrupo 2: Participantes que trabalham em empresas sem sistemas

de gestão e sem certificação;

Subgrupo 3: Participantes que trabalham em empresas com sistemas

de gestão e com certificação nesses sistemas;

Subgrupo 4: Participantes que trabalham em empresas com ou sem

sistemas de gestão, mas sem certificação.

Subgrupo 5: Participantes que trabalham em empresas com sistema de

gestão da qualidade e certificadas ISO 9001.

Subgrupo 6: Participantes que trabalham em empresas com sistema de

gestão ambiental e certificadas ISO 14001;

Subgrupo 7: Participantes que trabalham em empresas com sistema de

gestão em responsabilidade social e certificadas SA 8000;

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Subgrupo 8: Participantes que trabalham em empresas com sistema de

gestão em saúde e segurança do trabalho e certificadas OHSAS

18001.

Figura 1 - Resultado da análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão, certificadas ou não.

A Figura 1 apresenta a média do grau de satisfação em relação à

qualidade de vida do subgrupo 1 (participantes que trabalham em empresas com

sistemas de gestão, certificados ou não), separados por domínios. Nenhum dos

domínios teve o grau de satisfação inferior a 50%.

É importante ressaltar que o aspecto Dor e Desconforto é constituído em

sua totalidade por questões negativas, portando a leitura do grau de satisfação se

faz invertido (15, 77%).

Outras facetas que se destacam nessa amostra são Sono e Repouso com

grau de satisfação 82,69% e Autoestima com grau de satisfação de 79, 62%. A

faceta Recreação e Lazer destaca- se como a de menor grau de satisfação nesse

subgrupo com 46, 92% como se pode observar na Figura 2.

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Figura 2 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão, certificadas ou não.Fonte: dados do estudo.

Em paralelo foi realizada a análise dos domínios e facetas do Subgrupo 2

(participantes que trabalham em empresas sem sistemas de gestão e sem

certificação) conforme observado nas figuras 3 e 4.

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Figura 3 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas sem sistemas de gestão e sem certificação.

Todos os domínios Subgrupo 2 apresentam grau de satisfação superior a

50 %.

Enquanto no Subgrupo 1 a satisfação da qualidade de vida total era de

65,55 %, no Subgrupo 2 ela corresponde a 68, 65%. Pode- se observar que não

há diferença significativa então entre a percepção da qualidade de vida dos

participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão e da qualidade

de vida dos participantes que trabalham em empresas sem sistemas de gestão.

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Figura 4 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas sem sistemas de gestão e sem certificação.

A faceta Autoestima demonstrou grau de satisfação de (85%) para o

Subgrupo 2 e foram as facetas Mobilidade e Dependência de medicação ou

tratamentos com 86, 7% que apresentaram os maiores escores nesse subgrupo.

Vale ressaltar que as perguntas da faceta dependência de medicação ou

tratamentos são negativas e desta forma sua leitura é feita de forma invertida. A

faceta Recreação e lazer apresentou o menor grau de satisfação (50%).

Para a faceta Sentimentos negativos, observou- se que os participantes do

Subgrupo 1 tem um resultado positivo em relação ao Subgrupo 2 com uma

diferença de 14, 75 % nos escores de satisfação.

Para o Subgrupo 3 (participantes que trabalham em empresas com

sistemas de gestão e com certificação nesses sistemas) os resultados gerados

foram expressos nas Figuras 5 e 6.

39

Page 39: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

Figura 5 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão e com certificação nesses sistemas.

Da mesma forma apresentada nos Subgrupos 1 e 2, o Subgrupo 3

(participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão e com

certificação nesses sistemas) apresentou escores acima de 50% para os

domínios da ferramenta. Contudo, a Figura 6 revela que a faceta Recreação e

Lazer apresentou escore de 47, 64 %.

Ainda segunda a Figura 6 os escores que indicam maior satisfação em

relação à qualidade de vida nesse subgrupo foram Autoestima (83, 49%) e

Mobilidade (83, 55).

40

Page 40: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

Figura 6 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com sistemas de gestão e com certificação nesses sistemas.

Para o Subgrupo 4 (participantes que trabalham em empresas com ou sem

sistemas de gestão, mas sem certificação) os resultados gerados foram

expressos nas Figuras 7 e 8.

41

Page 41: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

Figura 7 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com ou sem sistemas de gestão, mas sem certificação.

Para o Subgrupo 4 (participantes que trabalham em empresas com ou sem

sistemas de gestão, mas sem certificação) os domínios mantiveram escores

acima dos 50% de satisfação.

As facetas com impacto mais positivo na satisfação desse subgrupo foram

Mobilidade (87, 04%) e Dependência de Medicação ou de Tratamentos (86, 11%).

A faceta Recreação e Lazer apresentou grau de satisfação de 50 % na qualidade

de vida dos participantes desse subgrupo.

42

Page 42: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

Figura 8 - Resultado da Análise das facetas da ferramenta WHOQOL aplicada a participantes que trabalham em empresas com ou sem sistemas de gestão, mas sem certificação.

Ao se comparar os Subgrupos 3 e 4, ou seja, empresas com certificação e

empresas sem certificação os escores que apresentaram maior discrepância

foram Dor e Desconforto e Relações Pessoais, com diferenças de 10, 69 % e 13,

31 %, respectivamente.

Enquanto o impacto da faceta Dor e Desconforto foi mais negativo para o

Subgrupo 3 a faceta Relações Pessoais teve impacto mais negativo para o

Subgrupo 4.

De uma forma geral, os domínios da ferramenta WHOQOL e a auto –

avaliação da qualidade de vida dos participantes dos Subgrupos 1, 2, 3 e 4

comportaram- se de acordo com o observado na Figura 09.

Subgrupo 1 Subgrupo 2 Subgrupo 3 Subgrupo 4

43

Page 43: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

Domínios

Participantes que

trabalham em

empresas com

sistemas de

gestão, certificados

ou não.

Participantes que

trabalham em

empresas sem

sistemas de gestão

e sem certificação.

Participantes que

trabalham em

empresas com

sistemas de gestão

e com certificação

nesses sistemas.

Participantes que

trabalham em

empresas com ou

sem sistemas de

gestão, mas sem

certificação.

Físico 70,44 76,19 69,20 76,85

Psicológico 67, 63 67,39 68,32 66,51

Relações

Pessoais 65,51 65,56 67,45 62,96

Ambiente 59,90 63,96 59,91 63,31

Total 65,55 68,56 65, 46 68,23

Auto –

avaliação

da

qualidade

de vida

64,81 68,33 62,97 70,83

Figura 9 - Resultado da Análise dos domínios e da Auto – avaliação da qualidade de vida da ferramenta WHOQOL entre os Subgrupos 1, 2, 3 e 4.

Observa- se então que os domínios não apresentam discrepâncias

relevantes entre os subgrupos e que o sistema de gestão e/ou a certificação ou

não do sistema pouco influenciam na qualidade de vida dos participantes.

Entretanto, é importante ressaltar que o Subgrupo 4 foi o que apresentou o maior

escore em relação à Auto – avaliação da qualidade de vida com 70,83% e que o

Subgrupo 2 foi o que apresentou a maior escore Total para a qualidade de vida

com 68, 56%.

Dentre os Subgrupos 5, 6, 7 e 8 que referem- se aos participantes que

trabalham em empresas com certificações diversas, os resultados obtidos para os

domínios da ferramenta WHOQOL e a auto – avaliação da qualidade de vida dos

participantes comportaram- se de acordo com o observado na Figura 10.

Domínios Subgrupo 5 Subgrupo 6 Subgrupo 7 Subgrupo 8

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

43 2 1 1

Participantes que trabalham em empresas com

sistema de gestão da qualidade e certificadas ISO

9001.

Participantes que trabalham em empresas com

sistema de gestão ambiental e

certificadas ISO 14001.

Participantes que trabalham em empresas com

sistema de gestão em

responsabilidade social e certificadas

SA 8000.

Participantes que trabalham em empresas com

sistema de gestão em saúde e

segurança do trabalho e

certificadas OHSAS 18001.

Físico 71,26 53,57 64,29 50,00

Psicológico 69,38 62,50 79,17 58,33

Relações

Pessoais 64,53 66,67 66,67 83,33

Ambiente 60,76 50,00 62,50 50,00

Total 66,36 56,25 68,27 53,85

Auto –

avaliação

da

qualidade

de vida

65,00 56,25 75,00 25,00

Figura 10 - Resultado da Análise dos domínios da ferramenta WHOQOL e da Auto –

avaliação da qualidade de vida entre os Subgrupos 5, 6, 7 e 8.

As diferenças entre os domínios e a Auto- avaliação nesses grupos foi

significativa. Entretanto, há uma diferença muito expressiva de amostras entre os

subgrupos que podem justificá-las. Cabe ressaltar que 8 participantes possuem

sistemas de gestão com outras certificações.

Observa- se a partir dos dados apresentados na Figura 09 que os domínios

não apresentam discrepâncias relevantes entre os subgrupos e que o sistema de

gestão e/ou a certificação do sistema pouco influenciam na qualidade de vida dos

participantes.

No domínio Físico o maior escore foi apresentado pelo subgrupo de

participantes das empresas sem sistemas de certificação. Já no domínio

Psicológico o maior escore obtido foi dos participantes de empresas com sistemas

de gestão certificados, resultado esse que foi observado também no domínio das

relações pessoais. Já para o domínio Ambiente foi o subgrupo formado por

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

participantes de empresas sem sistemas de gestão e sem certificação que

apresentou o maior escore.

Entretanto, é importante ressaltar que o Subgrupo 4 foi o que apresentou o

maior escore em relação à Auto – avaliação da qualidade de vida com 70,83% e

que o Subgrupo 2 foi o que apresentou a maior escore Total para a qualidade de

vida com 68, 56%.

Dentre os Subgrupos 5, 6, 7 e 8 que referem- se aos participantes que

trabalham em empresas com certificações diversas, os resultados obtidos para os

domínios da ferramenta WHOQOL e a Auto – avaliação da qualidade de vida dos

participantes comportaram- se de acordo com o observado na Figura 10.

As diferenças entre os domínios e a Auto- avaliação nesses grupos foi

significativa. Entretanto, há uma diferença muito expressiva de amostras entre os

subgrupos que podem justificá-las. Cabe ressaltar que 8 participantes trabalham

em empresas com sistemas de gestão com outras certificações.

De acordo com os resultados obtidos, o menor escore para Auto- avaliação

da qualidade de vida foi apresentado pelo Subgrupo 8, representado pelo único

participante da amostra que trabalhava em uma empresa com certificação ISO

18001. O mesmo participante também foi o que apresentou os menores escores

para os domínios Físico, Psicológico, Ambiente e Total.

Em contrapartida, o Subgrupo 5, representado pelos 43 participantes que

trabalhavam em empresas com certificação ISO 9001, apresentou o maior escore

do domínio Físico e o Subgrupo 7 representado pelo único participante que

trabalhava em empresas com certificação SA 8000 apresentou maior escore Total

e maior Auto – avaliação da qualidade de vida. Os participantes que trabalhavam

em empresas com certificação ISO 14001 apresentaram os menores escores

para o domínio Físico e para o domínio Ambiente, este último com a mesma

classificação do Subgrupo 8.

Tratou-se de avaliar então que a existência de sistemas de gestão ou

existência de sistemas certificados não produziram efeitos importantes na

avaliação da qualidade de vida de seus colaboradores.

Também foi observado que houve uma diferença significativa da qualidade

de vida em empresas com diferentes certificações. Embora as amostras

discrepantes possam ter comprometido os dados alcançados, deve-se pontuar

que a certificação OHSAS 18001, certificação em Saúde e Segurança do

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

Trabalho foi a que obteve a maior quantidade de escores baixos em relação à

qualidade de vida.

Já a certificação em responsabilidade social, SA 8000 obteve a maior

quantidade de escores altos em relação à percepção da qualidade de vida de

seus colaboradores.

Verificar a percepção da qualidade de vida dos participantes do estudo

levou a questionamentos que vão além de quantificá-la. A presença ou não de um

sistema de gestão não indicou influência sobre a qualidade de vida de seus

colaboradores.

Implantar sistemas de gestão e/ ou certificação nas empresas faz parte de

um de um sistema de gestão pode influenciar ou não a qualidade de vida de seus

colaboradores.

Novas possibilidades de pesquisa em relação à qualidade de vida do

trabalhador podem surgir à medida que alguns dos questionamentos anteriores

são respondidos. Há mudança na qualidade de vida do colaborador após a

implantação de um sistema de gestão e/ ou certificação? Existiria maior influência

de um tipo de sistema de gestão na qualidade de vida do colaborador? A

qualidade de vida de colaboradores que possuem sistema de gestão em

determinada área é diferente da qualidade de vida de colaboradores de empresas

que possuem a certificação nessa mesma área?

O quanto o fator humano tem sido reconhecido como um determinante

importante para a condução de bons sistemas de gestão ou de certificação dentro

das empresas e o quanto a qualidade de vida dos colaboradores poderiam

influenciar na produtividade da empresa?

Expandir as possibilidades de pesquisa e associação de sistemas de

gestão ou certificação com a qualidade de vida do colaborador deve ser um

objetivo constante para futuros pesquisadores em Sistemas de Gestão

Integrados. Trata- se de criar substratos para compor uma nova proposta para a

gestão integrada: a de melhoria contínua para a Qualidade de Vida do

Trabalhador.

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

8. CONCLUSÃO

Não foram encontradas relações dos sistemas de gestão da

qualidade, meio ambiente, responsabilidade social e saúde e segurança do

trabalho com a qualidade de vida dos colaboradores; Não foram

encontradas relações entre as certificações de qualidade, meio ambiente,

responsabilidade social e saúde e segurança do trabalho das empresas com

a qualidade de vida dos colaboradores.

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

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Page 49: ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM OS SISTEMAS DE GESTÃO E CERTIFICAÇÃO

Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

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Arregolão, Rosângela Fátima. Salla, Thais Antonia Pires. Análise da qualidade de vida de trabalhadores e sua relação com os sistemas de gestão e certificação – Jundiaí, 2012. 56 f.

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ANEXO I

INFORMAÇÕES PESSOAIS DO PARTICIPANTE:

1. Idade:

2. Gênero:

( ) Masculino ( ) Feminino

3. Setor de Trabalho

( ) Produção

( ) Administrativo

( ) Segurança

( ) Outro. Qual?_____________________

4. A empresa na qual trabalhou nas últimas duas semanas possui Sistema de

Gestão?

( ) Qualidade

( ) Meio Ambiente

( ) Segurança e Saúde do Trabalho

( ) Responsabilidade Social

( ) Outro. Qual? _____________________

5. A empresa na qual trabalhou nas duas últimas semanas possui Certificação?

( ) ISO 9001

( ) ISO 14001

( ) OHSAS 18001

( ) SA 8000

( ) Outra. Qual? _______________________

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ANEXO II

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