anima mystica revista digital vol 3 no 2

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Anima Mystica Revista Digital, é uma publicação trimestral dedicada à divulgação e discussão de assuntos relacionados com o misticismo e o mundo esotérico (dentro e fora de Portugal), sob uma perspectiva que se estende desde as nossas raízes ancestrais até aos eventos de expressão pagã dos nossos dias.

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Page 1: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2
Page 2: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2

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“Caminhei da mesma forma que a minha mente tinha caminhado no seu mundo

de espigas de trigo e dancei com a natureza e a vida, no centro do círculo sagrado.

Saboreando cada momento, e lamentando não poder ficar eternamente neste esta-

do de unidade, amor, paz.”

Page 3: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2

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Foto de: Valentina Ramos

Título: “Caminhar no limite”

Texto integrado no espaço dedicado aos ”Lugares mágicos para descobrir”, p.

© 2014 Todos os direitos reservados Valentina Ramos & Anima Mystica Revista Digital

“Caminhei da mesma forma que a minha mente tinha caminhado no seu mundo

de espigas de trigo e dancei com a natureza e a vida, no centro do círculo sagrado.

Saboreando cada momento, e lamentando não poder ficar eternamente neste esta-

do de unidade, amor, paz.”

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Índice dos Artigos 8 Descubra os antigos segredos da

Maçonaria

Jean-Louis de Biasi

14 Wicca Tradicional e a Maturidade

Necessária ao Sacerdócio

Rafael Toledo

21 Cura e Energia

David de Roeck

24 Doreen Valiente.

Sua contribuição para um paganismo contemporâneo

Vivianne Crowley

Também, neste número:

Procuro-te à noite para meus

sonhos revelares

Por Máire Doyle

Lugares mágicos para descobrir

Por Valentina Ramos

Page 6: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2

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Editores:

Luís Miranda

Eduardo Puente

Valentina Ramos

Neste número colabo-

raram:

Capítulo Rosacruz do

Porto

Fellowship of Isis-

Portugal

Ascension of Isis

Silver Circle

Dina Amaral

Céu Almeida

Máire Doyle

Orden Aurum Solis

Anima Mystica Revista

Digital, é uma publicação

trimestral dirigida à divul-

gação e discussão de as-

suntos relacionados com

o misticismo e o mundo

esotérico (dentro e fora

de Portugal), sob uma

perspectiva que se esten-

de desde as nossas raí-

zes ancestrais até aos

eventos de expressão

pagã dos nossos dias.

Anima Mystica

Revista Digital

ISSN: 2182-7176

Editorial

É emocionante ver como um projeto que surgiu da

necessidade de trazer o trabalho esotérico de muitos

autores de prestígio nacional e internacional à língua

portuguesa, cresceu para acolher figuras importantes

do mundo pagão, cujo trabalho ao longo das décadas

marcou as revoluções iniciáticas e o mundo místico

atual. Nesta edição, temos o orgulho da presença de

importantes figuras dentro da Wicca Tradicional, da

Ordem Aurum Solis e da Irmandade de Isis

(Fellowship of Isis). Não poderíamos estar mais felizes

e satisfeitos!

Para levar esses textos nossos leitores, a equipa da

Anima Mystica Revista Digital e seus parceiros passa-

ram horas a traduzir, editar e a rever os textos envia-

dos e, por esta razão, enviamos-lhes a nossa eterna

gratidão. O objetivo da revista é, de forma gratuita,

divulgar o conhecimento e trabalho dos nossos autores

e sem o apoio recebido tal não seria possível.

Page 7: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2

7

A Anima Mystica Revista Digital respeita a livre expressão, opinião e crença de cada autor.

A Anima Mystica Revista Digital não poderá ser considerada responsável pelo conteúdo dos

artigos publicados (seja texto ou imagem) sendo essa da inteira responsabilidade dos respecti-

vos autores.

Os autores cujos artigos sejam reproduzidos nesta revista mantêm todos os direitos sobre as

suas publicações sendo também os responsáveis legais por todas as questões que estes le-

vantem. O Corpo Editorial da Revista não será responsável perante qualquer questão legal de-

rivada de infrações associadas aos artigos publicados.

A Anima Mystica Revista Digital compromete-se a não divulgar os nomes dos seus colabora-

dores salvo autorização dos mesmos ou, quando ocorra uma violação à Lei e nesse caso só às

autoridades competentes.

Declaração de responsabilidade legal

Assim, no âmbito de um novo ciclo, onde o sol brilha com toda a sua força,

estamos também celebrando a luz que ilumina a gnose que permite à comunida-

de que criamos em torno da Anima Mystica Revista Digital, que não só tem

crescido em número de leitores, mas também em número de revisores e auto-

res. É um grande privilégio poder contar com todos vós e saber que estão sem-

pre à espera da próxima edição, que também é feita numa base voluntária e

sincera.

A Anima Mystica Revista Digital agradece e espera que apreciem este nú-

mero, tanto ou mais do que nós a fazê-lo.

Os editores

Contactos Anima Mystica Revista Digital

Facebook: https://www.facebook.com/groups/am.revistadigital/

E-mail: [email protected]

Download gratuito dos números: http://issuu.com/am.revistadigital

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Descubra os antigos segredos da

Maçonaria*

* Traduzido por Luís Miranda. Texto original publicado pela Jewellyn Journal. Copyright da tradução ao português

Jean-Louis de Biasi & Anima Mystica Revista Digital

** Sobre o autor: É um autor, orador e filósofo. Estudou muitos aspetos da tradição ocidental desde os anos 1970.

Nasceu no sudoeste da França e tem uma ligação ancestral com a Itália, através de sua família paterna, levando a

sua paixão pelas tradições iniciáticas e religiosas ocidentais e mediterrânicas e, quase inevitavelmente, a um inte-

resse em aprofundar as várias correntes espirituais que foram passadas para nós da antiguidade.

JL de Biasi tem o compromisso de conciliar as exigências da razão crítica com os ensinamentos tradicionais e histó-

ricos, e o trabalho prático que os envolvem. A sua análise didática torna possível que qualquer um entenda facil-

mente o funcionamento de cada um desses campos. O autor coordena vários ensinamentos e workshops internaci-

onais.

Mais informações sobre a Ordem Aurum Solis aqui

Jean-Louis de Biasi **

No livro The Lost Symbol, de Dan Brown, a Maçonaria é retratada como um misterioso grupo de conspiradores que tem governado secretamente a América desde a sua cria-ção. Obviamente que se trata de um livro de ficção que utiliza alguns elementos verídicos de forma criativa de forma a desenvolver o enredo da história.

A Maçonaria é uma fraternidade muito antiga com membros em todo o mundo. À primeira vista os eus segredos podem parecer bastan-te insignificantes. Cada ritual já foi publicado. De fato, qualquer pessoa pode aceder à In-ternet e ler os textos dos encontros rituais ou ler um esboço das “misteriosas” iniciações. É verdade que algumas partes destes rituais foram apagadas destes registos públicos, tais como senhas secretas e sinais. No entanto, 0,4 segundos no Google e terá acesso a toda

esta informação; com muito pouco esforço, os mais importantes segredos desta fraterni-dade são revelados a qualquer um. Tendo em conta que todos os seus segredos foram publicados e estão agora acessíveis a qual-quer um, é difícil entender como esta fraterni-dade continua a existir e a crescer. É verdade que a Maçonaria é uma poderosa e útil fraternidade filantrópica. As Lojas Maçó-nicas locais, bem como as Lojas do Rito Es-cocês e os “shriners”, trabalham arduamente para ajudar as comunidades em muitas áreas importantes: acesso a cuidados médicos, educação, etc. Ajudam aqueles que não po-dem pagar cirurgias e tratamentos críticos. A ajuda que prestam aos pobres e às crianças carentes é um trabalho essencial que real-mente ajuda as nossas comunidades. No en-tanto, a Maçonaria alega realizar algo mais. Afirmam a existência de um segredo espiritu-al, algum tipo de processo esotérico misterio-so que permite que o aprendiz entre em con-tato com seu próprio eu espiritual. Essa bus-ca da alma, a busca pelo "divino interior", co-meça durante o processo de iniciação e con-tinua durante os rituais que são praticados regularmente nas lojas maçónicas.

“A Maçonaria é uma fraternidade

muito antiga com membros em todo

o mundo.”

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Desde o tempo dos antigos Mistérios que as ordens iniciáticas têm oferecido muitas ceri-mónias diferentes capazes de alterar o esta-do de consciência de um indivíduo. A partir de um certo ponto de vista, posso dizer que a iniciação é um "jogo divino". A um nível bási-co, a iniciação é um método que apresenta símbolos através de movimentos rituais, a fim de agir sobre o subconsciente do iniciado. O uso ritual de símbolos faz com que a pessoa reaja psicologicamente: ele começa a prestar atenção aos arquétipos presentes no seu subconsciente, e isso ativa o vínculo que o liga aos planos espiritual e divino. Se um ritu-al realizado cor-retamente pode fazer com que ganhe consciên-cia da sua natu-reza divina inte-rior, então este é considerado ver-dadeiramente auto-suficiente. No entanto, o processo não pode parar aí, uma vez que es-te método não funciona na per-feição sempre. O candidato é simbolicamente designado co-mo uma "pedra em bruto". Algumas pedras permanecerão em bruto ao longo de todo o seu percurso maçónico. Na verdade, parece que algumas pedras não são fáceis de polir. Será a culpa da maçonaria e dos seus ritu-ais? Não completamente. Os rituais são geralmente realizados em um belíssimo templo externo. É preciso relem-brar que lembrar que, na tradição platónica, a beleza é consubstancial com bondade e justi-ça. Assim, o cultivo da beleza, quando asso-ciado ao estudo da filosofia e da prática da virtude, eleva o candidato para o Divino. No entanto, não se deve supor que a beleza de um templo externo automaticamente habilita o candidato para se conectar com o Divino; de fato, tal ilusão levaria a que esquecesse a natureza do verdadeiro Templo interior. O Ri-tual deve a sua razão de ser à realidade da vida interior, assim como todos os elementos que cercam o iniciado durante o ritual.

É conveniente que o aluno aprenda a recons-truir o Templo do Eu, e nesta seção, irá aprender a formar um templo interno do seu templo externo, a fim de verdadeiramente re-presentá-lo no seu coração. Em relação ao uso esotérico de Símbolos maçónicos (ou qualquer outro símbolo): a partir do momento em que um símbolo se tor-na vivo para si enquanto praticante, torna-se possível dar-lhe vida no mundo externo. As-sim, não poderá agir sobre o mundo exterior, se não tiver primeiro realizado o trabalho ne-cessário no mundo interior. Antes de acender

uma vela no seu Templo exterior num ritual, primei-ro deve acender a vela dentro de si (em sua imagina-ção criativa). As-sim, se quiser ser capaz de trazer luz para o seu Tem-plo, é essencial que comece por iluminar-se a partir de dentro. As técnicas de in-teriorizar símbolos e, de seguida, agir

sobre os símbolos por meio dos rituais são muito antigas. O uso destas técnicas ao lon-go dos séculos ajudou a elaborar vários siste-mas iniciáticos, ainda mais antigos, dos quais a Maçonaria faz parte. No mundo antigo, o orador costumava recitar a maioria das pales-tras de memória, por isso existiam técnicas especiais para ajudá-los a memorizar o traba-lho o melhor possível. Uma dessas técnicas foi a de criar uma representação mental de um lugar onde o orador colocava os vários elementos que faziam parte do discurso que ele estava memorizando. Tal representação é na verdade uma realidade física na qual é possível colocar objetos específicos, indiví-duos ou cenas particulares. No momento em que o orador recita o seu discurso, é suficien-te que ele re-visualize a cena, enquanto a mantém mentalmente na sua mente para que a imagem corresponda ao seu texto original. Ao longo do tempo, o sistema de representa-ção mental deu origem a um aumento do nú-mero de construções bem conhecidas. Du-

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rante o período da Renascença, estas torna-ram-se conhecidas como "teatro da memó-ria."

Os iniciados deste período (século XVI) co-meçaram a fazer uma ligação cada vez mais forte entre esta representação interna do símbolo e a natureza dos símbolos que ante-riormente descrevi. O Templo interior gradu-almente tornou-se um lugar onde o iniciado era capaz de estar no centro dos símbolos com que estava a trabalhar. Mais tarde, o ri-tual começou a tomar forma neste templo in-terior e foi gradualmente sendo elaborado numa transformação consciente de si mes-mo, na qual o iniciado tentava reconectar-se com os níveis superiores de sua consciência através de uma exaltação de sua alma. Os símbolos que foram usados nos rituais foram criados a partir do que é observado e enten-dido do quotidiano das nossas vidas. O ritual foi concebido internamente, no nível espiritu-al, usando esse conhecimento simbólico, mas em plena consciência, e de acordo com os princípios genuínos de transformação. Os rituais operativos ou Teúrgicos foram sempre trabalhados desta forma. Foi de acordo com esses mesmos princípios que, mais tarde, numa interpretação das ferramentas operati-vas da maçonaria foi formulada. Estes de-senvolvimentos gradualmente deram origem ao que agora chamo de Maçonaria. Pode-se, portanto, compreender por que esses princí-pios de trabalho interno são fundamentais. No entanto, mesmo se a representação é da mais alta qualidade, sem esses princípios, as iniciações e rituais não seria nada mais do que uma mera "performance de palco", reali-zada sem coração. Com a introdução da dimensão interior, o ini-ciado é capaz de colocar-se no nível espiritu-al e efetivamente agir sobre o seu próprio

ser. No entanto, é importante ressaltar o fato de que essa capacidade de agir sobre o nos-so próprio ser não é um subproduto automáti-co de cada uma dessas tentativas: isso só acontece pela utilização de técnicas tradicio-nais de visualização, pronunciação, concen-tração e formas ritualizadas de se mover so-bre no templo interior; essa elevação ocorre apenas quando o iniciado assume o controlo de todos os aspetos do ritual, primeiro a um nível interno, e, em segundo lugar, ao nível externo. Este trabalho interior oferece ao ini-ciado a inspiração para transformar a perfor-mance ritual numa loja maçónica num méto-do tão poderoso de transformação que os maçons não teriam nada a invejar das nume-rosas tradições do Oriente. Este período da história é único. É funda-mental que aprendemos a usar as chaves iniciáticas de uma tradição ocidental global. O meu livro, Secrets and Practices of the Freemasons, mostra os princípios fundamen-tais dessas práticas e como usá-los. Na ver-dade, a maior parte dos princípios do patri-mónio maçónico podem ser utilizados em ca-sa, individualmente (não apenas numa reu-nião do grupo). Quer seja ou não maçom, se-rá capaz de usar estas meditações individu-ais, rituais e práticas espirituais.

PRÁTICA O uso interno de um símbolo maçónico:

O Compasso Quase todos sabem que os símbolos princi-pais da maçonaria são o Esquadro e o Com-passo. Como símbolos essenciais da maço-naria, eles podem ser utilizados de muitas maneiras, como parte das práticas internas. Está aqui um bom exemplo de como pode experimentar imediatamente o poder interior deste símbolo. Imagine que é um arquiteto ou um aprendiz moderno e que está a tentar esculpir a sua primeira escultura em pedra. Antes de começar, deve aprender a usar o cinzel e o martelo. Se tentar esculpir um blo-co de pedra na realidade física, a pedra vai resistir a seus esforços iniciais e vai aprender rapidamente o que funciona e o que não fun-ciona. Conforme avança, vai imediatamente ver os resultados de seus esforços; seus er-ros também serão evidentes. Estranhamente, estes princípios também se aplicam ao traba-lho interno que estamos discutindo. Ao exe-

“Com a introdução da dimensão

interior, o iniciado é capaz de

colocar-se no nível espiritual e

efetivamente agir sobre o seu próprio

ser.”

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cutar este trabalho esotérico (descrito abaixo) sozinho num lugar tranquilo, vai ser capaz de sentir internamente o que sentiria exterior-mente, se estivesse mesmo a tentar esculpir um bloco da pedra. Em outras palavras, vai ver os resultados de seus erros e vai saber quando estiver a fazer a coisa certa. Para este ritual, recomendamos que use os três principais Símbolos Maçónicos que são usados em qualquer templo maçónico, para cada ritual. 1. Escolha um livro que seja sagrado para si. Se for cristão, será a Bíblia; os budistas utili-zariam o Dhammapada; os hermetistas o Corpus Hermeticum (e assim por diante). Abra o livro numa página que lhe pareça ser essencial. Em cima do livro, coloque a bússola e, de se-guida, o esquadro. (Recomendamos colocar o esquadro da parte superior do compasso, que é o primeiro passo na maçonaria.) Pode encontrar uma representação do arranjo ade-quado para aqueles símbolos no meu site (http://www.debiasi.org) em Secrets and Practices of the Freemasons. Se não poder utilizar um livro e ferramentas a sério, pode desenhá-los numa cartolina branca, ou mes-mo apenas visualizá-los. Sente-se confortavelmente em uma cadeira de frente para esses três símbolos. Comece o exercício com um período de rela-xamento. Quando sentir que é o momento certo, abra os olhos (ou se preferir, mantenha-os semicerrados) e olhar para os símbolos sem ter quaisquer pensamentos em particu-lar na sua mente. Basta olhar para os símbo-los e respirar profunda e regularmente. Olhe a forma do livro sagrado. Depois de alguns minutos, olhe para o compasso. Sinta a sua forma, a sua posição sobre o livro. Não anali-se estes símbolos, mas basta olhar para eles. Vai começar a perceber porque a bele-za desses símbolos é importante para este tipo de processo espiritual. Não se esqueça de que, para os hermetistas, a Beleza ajuda-nos a ascender ao divino. Feche os olhos e comece a criar esses três símbolos dentro de si. Não precisa de imagi-nar uma imagem real (como um cartaz na

sua parede), mas simplesmente imaginar e focar a sua mente sobre esses símbolos. Se necessário, abra os olhos e olhe para os símbolos à sua frente por um momento, en-tão feche seus olhos e aumente a clareza da sua visualização.

Após alguns minutos, quando os símbolos forem tão claros para si quanto consegue tor-ná-los (não mais do que quatro ou cinco mi-nutos), respire profundamente, e, mantendo-se o seu estado de relaxamento, levante-se. Endireite-se, com a sua coluna o mais verti-cal possível. Os seus braços devem estar re-laxados ao longo do corpo. É importante manter-se relaxado. As suas pernas devem estar em contacto uma com a outra. Os seus pés devem ficar juntos. A sua posição repre-senta o compasso quando fechado. A sua cabeça é o eixo do compasso. Endireite e faça força com as pernas durante um boca-do, e tenha consciência dos pensamentos e sensações que emerge quando assume esta postura "fechada". Leve o seu tempo; respire e relaxe o seu corpo durante este exercício. Não especule; permita que os seus pensa-mentos surjam a seu tempo, e deixe que o seu corpo fale livremente consigo. Não se preocupe se não receber quaisquer pensa-mentos específicos. Este tipo de trabalho es-piritual tem a intenção de manifestar o símbo-lo no seu corpo. Na verdade, esta é uma es-pécie de encarnação do símbolo através de sua forma física. Ao longo do tempo, ao prati-car este exercício, irá progressivamente me-lhorar as suas capacidades. Poderá experi-enciar vários fenómenos, incluindo psicológi-cos, psíquicos, etc.. Após algum tempo, abra as pernas, de modo que estas fiquem afastadas aproximadamen-

“Essa elevação ocorre apenas quando

o iniciado assume o controlo de todos

os aspetos do ritual, primeiro a um

nível interno, e, em segundo lugar,

ao nível externo.”

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te a largura dos ombros, com o seu peso equilibrado entre as pernas. Seus braços e mãos deverão permanecer ao longo do seu corpo.

Mantenha esta nova posição. Respire e este-ja ciente de quaisquer novos sentimentos e pensamentos. Neste contexto, é interessante notar que a tradição maçónica utiliza núme-ros precisos relacionados com a abertura do compasso. Os números que eles utilizam in-cluem 180 graus (em linha reta), bem como quarenta e cinco e noventa graus. Vamos agora usar este conhecimento para conseguir um terceiro passo esotérico na nossa encarnação do compasso. Depois de um tempo, quando estiver pronto, abra as pernas mais amplamente, a um ângulo de cerca de quarenta e cinco graus. Se for útil, você pode colocar dois marcadores no chão antes de começar este exercício. No entanto, a precisão matemática não é importante aqui. Adote a postura e torne-a semelhante a qua-renta e cinco graus, e tudo ficará bem. Além disso, antes de continuar, é importante notar que, na Cabala, o número quarenta e cinco pode ser representado por um nome: "Mah" – hm (Mem = 40 et He = 5). Pode soletrar essa palavra, visualizando cer-tas formas em nossas mentes, que têm sido associados com estas letras. Assim, Mem pode ser visto como uma bela Taça, um sím-bolo da primeira manifestação, o princípio feminino, que envolve, dá forma, e forma (Binah / Saturno). Há também uma ligação entre Mem e o elemento Água (Mayim em hebraico). A segunda carta He representa o sopro vital, o espírito que se movia sobre as águas da criação no livro de Génesis, na Bí-blia. (Uma explicação mais completa do sim-

bolismo das letras hebraicas pode ser encon-trado em Secrets and Practices of the Freemasons). Depois de abrir as pernas neste ângulo, fe-che os olhos e visualize uma Taça (um metro e meio) à altura do coração, aproximadamen-te a distância dos seus braços estendidos à sua frente. A Taça deve ser azul ou índigo. Estique os braços lentamente para frente, palmas das mãos em direção à Taça. Esten-da as mãos, como se quisesse colocar a Ta-ça entre as duas palmas. Visualize a letra hebraica Mem (m) na água da Taça, sentindo o fluxo de energia através de si. Vibre o som "MAH" para dentro da Ta-ça de forma a que a respiração toque na água. Respire profundamente enquanto mantem essa Taça na sua mente, visualizando-a dire-tamente à sua frente, à distância de um bra-ço. Estenda os braços e com as mãos pegue na Taça. Imagine colocar a Taça dentro do centro do seu peito, no centro do coração se-creto, o seu centro solar. Pode realmente fa-zer isso! Quando terminar, coloque a palma de sua mão direita no centro do seu peito, e em seguida, coloque a palma de sua mão esquerda em cima da sua mão direita. Man-ter esta posição por algum tempo. Continue a respirar profunda e regularmente. Esteja ci-ente da presença desta Taça mística dentro do centro do seu coração, proporcionando saúde, energia e luz para todo o seu corpo. Receba esta energia e deixe que qualquer pensamento ou sentimento que surja se ma-nifeste para si. Quando estiver pronto, volte para a sua pri-meira posição, com as pernas juntas e os braços relaxados ao longo do corpo. Sente-se e medite durante algum tempo. Quando estiver pronto, pode escrever algu-mas notas, se sentir essa necessidade. O primeiro passo para a descoberta dos ensi-namentos práticos, individuais e tradicionais maçónicos acabou de ser dado.

“Este trabalho interior oferece ao

iniciado a inspiração para

transformar a performance ritual

numa loja maçónica num método tão

poderoso de transformação.”

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Wicca Tradicional e a Maturidade

Necessária ao Sacerdócio*

* Texto original publicado no blog do autor “Vislumbres da Beleza e do Mistério”

**Sobre o autor: Rafael Toledo é Sacerdote da Tradição Alexandrina da Witchcraft, Linha Boston. Reside atualmen-

te no Rio de Janeiro.

Rafael Toledo **

Passeando por alguns grupos e comunida-des nas redes sociais sempre me deparo com situações as vezes engraçadas, as ve-zes preocupantes. É fato que muito pouco tem sido feito de forma coerente e responsá-vel nas mídias sociais por causa da necessi-dade que as pessoas tem de aparecer e cha-mar atenção. Isso não me incomodaria se algumas pessoas não tentassem levar vanta-gem o tempo todo de pessoas menos experi-entes e na maior parte das vezes muito jo-vens. Todos sabemos o quão sedentos por conhecimento e experiências nós podemos ser no início de nossas vidas, na descoberta de um mundo maior do que o nosso bairro, nossa cidade e é nessa fase que muitos de nós temos os primeiros contatos com o mun-do do sobrenatural e do oculto. Tudo é muito exuberante e imensamente sedutor nessa fase inicial. Queremos ter poder, queremos ser especiais. Eu me lembro do meu primeiro contato com pessoas que se diziam pagãos quando eu tinha apenas 16 anos. Naquela época eu já havia lido alguns livros sobre bruxaria que estavam a disposição. O meu favorito era A Dança Cósmica das Feiticeiras, da Starhawk e creio que muitos bruxos que apareceram na época tiveram esse livro como fonte inspi-radora. Lembro-me que havia um grupo de estudos na minha cidade e que era presidido por uma sacerdotisa eclética, porém ela não permitiu a minha participação pois eu ainda era menor de idade. Isso me deixou arrasado por um tempo mas algo no fundo me dizia que, embora eu tivesse sido desestimulado logo no início, esse era o meu Caminho, eu não tinha a menor dúvida e continuo firme

quanto a isso. Creio que quanto maior for o desejo do coração do buscador, mais ele de-ve acreditar e buscar o que deseja, indepen-dente do quão desestimulado for. A Craft não é para os fracos, eu pude concluir. Hoje em dia, após consideráveis e desagra-dáveis experiências com alguns grupos aos quais eu pertenci no passado, entendo a ati-tude daquela sacerdotisa que tentava me fa-zer compreender o que minha falta de maturi-dade e arrogância prematura não permitia.

Covens genuínos jamais aceitam membros menores de idade. Isso é algo inquestioná-vel! Porém, cabe ressaltar que a maturidade necessária ao sacerdócio também não vem automaticamente no dia seguinte ao aniver-sário de 18 anos e ela é fundamental para

“Todos sabemos o quão sedentos por

conhecimento e experiências nós

podemos ser no início de nossas

vidas, na descoberta de um mundo

maior do que o nosso bairro, nossa

cidade e é nessa fase que muitos de

nós temos os primeiros contatos com

o mundo do sobrenatural e do

oculto.”

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que se cumpra o que é exigido durante a jor-nada até a Iniciação e principalmente após a Iniciação, que é quando essa maturidade é testada e reafirmada constantemente.

Algumas pessoas podem argumentar: Muitos elders da Craft foram iniciados cedo, muito jovens durante os anos 60 e 70. Alguns inclu-sive enquanto ainda eram menores de idade. Por que essa restrição agora? Eu ofereço uma resposta totalmente pessoal que pode não ser satisfatória para todos mas que é ba-seada no que eu vejo atualmente e que dife-re do passado. Antigamente era muito co-mum as pessoas se casarem antes dos 20 anos, constituírem família e se tornarem bem sucedidos antes dos 25 anos. A sociedade cobrava um retorno muito mais cedo do que cobra hoje em dia. Antigamente jovens de 18 anos eram adultos formados e emancipados. Hoje em dia isso não acontece com muita frequência. Estudos afirmam que a adoles-cência tem se prolongado e a fase adulta tem começado cada vez mais tarde. Os 30 anos

são os novos 18 e pelo que eu tenho percebi-do, embora eu não deva generalizar, isso tem sido verdade. Uma Iniciação em um coven Tradicional con-fere ao Iniciado representatividade naquele grupo. Isso significa que o Iniciado passará a carregar o peso do nome daquele coven e daquela Tradição aonde quer que vá e em cada palavra que disser. Na maioria das ve-zes isso não é fácil, principalmente quando testam a nossa paciência e boa vontade. En-fim, eis um dos principais motivos ao meu ver sobre o por que a maturidade é fundamental ao Sacerdócio na Wicca Tradicional. Um outro motivo que eu considero importante é que muitas vezes deixamos que o nosso ego tome conta da situação e acabamos fa-zendo um estrago que gera consequências que reverberam por muito tempo. Decisões erradas e escolhas insensatas baseadas na falta de maturidade nos conduzem por cami-nhos que nos levam ao sofrimento, porém são importantes para o aprendizado e para o crescimento de cada um. Não conheço nin-guém que nunca tenha cometido erros, por-tanto os tropeços também fazem parte do Caminho. É a maturidade que permite que nós possamos vislumbrar melhor o nosso próprio ego e colocá-lo de lado para que algo maior possa despertar dentro de nós e para que a Verdadeira Magia possa acontecer. Certamente que esta visão sobre a maturida-de enquanto virtude necessária ao Sacerdó-cio exposta nessas linhas pode vir a mudar com o passar do tempo e enquanto experi-mento novas oportunidades que a Vida e o Caminho possam me oferecer.

“Decisões erradas e escolhas

insensatas baseadas na falta de

maturidade nos conduzem por

caminhos que nos levam ao

sofrimento, porém são importantes

para o aprendizado e para o

crescimento de cada um. ”

Pode anunciar o seu evento, workshops, palestras, publicações

e cursos; de forma gratuita, enviando um email dirigido a:

[email protected]

Page 16: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2

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Por: Máire Doyle

I seek you nightly

my dreams to unfold

I seek you nightly my dreams to unfold;

Lying quietly with patience untold;

Midnight stillness all around;

You are not to be found;

Still I lie, doing my best;

Hoping you will grant me rest;

Lids drooping with yearning I toss and turn;

Be still my thoughts, twill soon be morn;

And so for you I continue to seek;

But you elude me Lady of Sleep;

Tomorrow is another day;

I'll seek again, Lady of Sleep.

Page 17: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2

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Traduzido ao português por Luís Miranda

Procuro-te à noite

para meus sonhos revelares

Procuro-te à noite para meus sonhos revelares;

Deitada em silêncio, com paciência incalculável;

A quietude da meia-noite em meu redor;

Mas não te consigo encontrar;

Mas continuo deitada, fazendo o meu melhor;

Esperando que me concedas descanso;

Olhos fechados com ansiedade, rolo e rebolo;

Aquietai-vos, meus pensamentos, em breve será madrugada;

E assim, por ti, continuo a procurar;

Mas continuas a me iludir, Senhora do Sono;

Amanhã é outro dia;

Procurar-te-ei novamente, Senhora do Sono.

Page 18: Anima Mystica Revista Digital Vol 3 no 2

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Lugares mágicos para descobrir

Castro de Monte Mozinho*

* Traduzido por Céu Almeida. Revisto por Luís Miranda.

** Sobre a autora: Ramos é licenciada em Psicologia, Mestre em Comunicação e Doutora em Psicologia. É iniciada

em varias escolas esotéricas. A autora pode ser contactada através de seu email: [email protected]

Por: Valentina Ramos **

Lugar: Castro de Monte Mozinho [1]

Localização: Penafiel, Portugal

Coordenadas: 41° 8′ 47′′ N, 8° 18′ 40′′ W

Quando vim para Portugal e mais quando vi-ajei para a Irlanda, senti que as minhas raí-zes celtas faziam sentido, especialmente

quando visitava todas as ruinas que ainda subsistem ao embate do tempo e à ação do homem. Encontrar uma explicação para a forma da construção, viver a experiência do centro do círculo, fechar os olhos para viajar no tempo e estar em comunhão com a natu-reza e a orientação dos astros, fortaleceu ainda mais este vínculo e a minha necessida-de de explorar tudo o que poderia encontrar nos celtas. Tal ocorre especialmente nos lu-gares onde o desejo de conservação e re-construção ainda não foi influenciado pelas formas arquitetónicas, quase podendo sentir de perto a energia que nos transmite a mes-ma pedra, o mesmo caminho, as mesmas árvores de há centenas de anos atrás, fazen-do com que mais do que uma viagem cultural ou turística, seja uma viagem no tempo, a vidas anteriores. A visita ao Castro de Monte Mozinho não fa-zia parte dos meus planos, apesar de a sua observação ser falada de vez em quando, por amigos e conhecidos. Até que chegou a altura de fazer-lhe uma visita e com ela, uma

A partir deste número todos são convidados a enviar-nos as suas experiências mágicas dos lu-

gares que tenham visitado e que tenham despertado momentos de intuição, misticismo ou sim-

plesmente inspiração. Muitas vezes é através dos lugares que o nosso caminho presente une-

se a caminhos passados e ao percorre-los sentimo-nos em comunhão com a vida e com o Uni-

verso. Este espaço foi criado para compartilhar tais vivências

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das experiências mais fantásticas que pude viver nesta minha viagem pessoal de reen-contro com os meus antepassados. O cami-nho que nos leva ao centro está feito para que possamos ir descobrindo, pouco a pou-co, toda a antiga construção, e para maravi-lharmo-nos com a mistura da natureza e da pedra viva. Pouco a pouco, a falta de vegeta-ção anuncia que uma cidade vai aparecer a qualquer altura e efetivamente, magnifica-mente, aparecem as ruinas das casas, monu-mentos, ruas e entradas, agora sem portas, mas que te forçam a pedir autorização para entrar.

No ponto mais elevado da cidade, seguindo a lógica do monte onde foi construída, aparece o centro: um círculo de pedras, contornado pelo resto da cidade, protegido pelas mura-lhas. Dentro do círculo, o espaço muda, o tempo desaparece. Fechei os olhos por um instante e consegui transportar-me facilmen-te: a única entrada encontra-se a este, onde nasce o sol. Imaginei-me há centenas de anos atrás. Neste mesmo lugar, provavel-mente coberto, o dia começava quando en-travam os primeiros raios de sol no interior do recinto. Pelo mesmo lugar por onde entravam os homens, também entravam os Deuses. Continuei a minha viagem pelo mundo astral. Estar no centro do círculo é estar no centro do Universo e esses raros momentos há que respira-los e vive-los com intensidade. Visua-lizei por cima de mim toda a luz divina que só vem da conexão que estabelecemos com o mais elevado, com o infinito, e deixei cair es-sa imensidade de luz sobre mim e sobre o espaço onde me encontrava. Já não me en-contrava neste mundo. Deixei de sentir a er-

va, as pedras e as formigas, para passar a estar em comunhão com a luz, o sol, a inten-sidade do momento. Deixei de ser eu mesma para transformar-me numa mulher de cabe-los doirados, de traje celeste e com uma es-piga de trigo na mão, caminhando pelos pra-dos que já existiam há séculos atrás. Abri os olhos e maravilhada, detive-me a contemplar a minha criação mental, que se tinha materializado à minha frente. A erva es-tava banhada de ouro, e mais do que erva, parecia um mar de ondas brilhantes. Cami-nhei da mesma forma que a minha mente ti-nha caminhado no seu mundo de espigas de trigo e dancei com a natureza e a vida, no centro do círculo sagrado. Saboreando cada momento, e lamentando não poder ficar eter-namente neste estado de unidade, amor, paz. As cidades antigas, as mais inexploradas, conservam os seus mistérios. Esta foi a mi-nha descoberta: reconheci a vida e a energia do Castro e ele, em troca, devolveu-me a mais pura relação, esquecida, do homem com o tempo infinito. Por um momento fui eterna. Por um momento, a minha alma se me mostrou, desejando que o reencontro se repita. Desejando voltar novamente.

Nota da autora [1] Castro é o nome associado aos povoados da idade do cobre à idade do ferro, distribuídos por todo o nor-deste da Península Ibérica. Mais informações sobre o castro de Monte Mozinho consultar : http://www.cm-penafiel.pt/VSD/Penafiel/vPT/Publica/visitarpenafiel/avisitar/PatrimonioArqueologia/ImoveisdeInteressePublico/imoveisinteressepublicocastromontemozinho.htm

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Cura e Energia*

* Traduzido por Dina Amaral. Revisto por Luís Miranda

** Sobre o autor: David de Roeck é um dos oito membros permanentes do Círculo de Brigid.

É também um Ascendi WinTarA e padre reverendo da Irmandade de Isis.

Foi educado nos mistérios egípcios durante muitos anos tendo introduzido inúmeras pessoas no espírito vivo de Maát, que acompanhou até que eles vissem o poste de sinalização da sua viagem. David acredita que qualquer um pode alcançar a sua luz divina através de treino e orientação, independentemente das montanhas que tenha de su-bir.

Durante algum tempo conversou com Lady Olivia Robertson, co-fundadora da Irmandade de Isis (FOI) sobre a ne-cessidade de um abordagem estruturada e flexível, que respondesse às necessidades de um mundo moderno ca-racterizado por rápidas mudanças ao nível da consciência.

No seguimento dessas conversas foi fundada em 12 novembro de 2011, durante o Festival de Isis no Castelo Clonegal, a escola dos mistérios da Ascensão de Isis. O lançamento oficial da escola contou com a presença de Lady Olivia

David de Roeck **

Há séculos que a humanidade se esforça pa-ra explicar e instruir sobre a relação entre Energia e aquilo a que chamamos de Cura. Muitos referem que somos um canal ou um recipiente para a cura mística ou para a transferência de energia. Mas se assim for, não estamos a viver a nossa vida já que nós somos energia e essa energia circula para fora e dentro de nós, em diferentes medidas e formas. Quando ficamos nus em água gela-da, perdemos calor 25% mais rápido do que se não estivermos dentro de água. Então, a energia abandonando o nosso corpo é acele-rada pelo líquido, que ajuda a transferir calor para a água, e, assim, temos um controlo li-mitado da emanação desse calor. Podemos cantar, podemos meditar, mas acontece sempre a mesma coisa, pois estamos sujei-tos às mesmas leis, mesmo quando permiti-mos que o nosso cérebro tente controlar a fonte dessa energia. O nosso cérebro é um órgão que “pensa que pensa”, e tentará minar o nosso pensamento e aumentar o nosso ego, ou fazer exatamen-te o oposto, dependendo dessas mesmas leis a que nos sujeitamos. Somos afetados pelo o que nos rodeia, pelas pessoas com que contactamos durante a

nossa existência (especialmente se acredita-mos na encarnação). Estamos constante-mente a confirmar se estamos a desafiar-nos, recordando o que atingimos com um de-terminado evento ou a certa altura. No entan-to, estas coisas caem no vazio desse mesmo órgão, do Grande Cérebro, assim que conce-bemos a experiência e obtemos o padrão dos resultados. É o mesmo sentimento ou efeito, no nosso verdadeiro ser, de quando ficamos aborrecidos ou chocados ao recebemos o que não queríamos, ou quando relembramos uma sensação ou evento desagradável do passado.

Nesta altura deveríamos tirar uma nota, guar-dada na nossa carteira, abri-la e lê-la alto: “Eu sou maior que a soma das minhas par-tes. Eu sou divino e feito do mesmo material

“Somos afetados pelo o que nos

rodeia, pelas pessoas com que

contactamos durante a nossa

existência. ”

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cósmico que criou o Universo. Não sou mais nem menos que nada nem ninguém. Assim como a vida medeia toda a matéria e energia, ela é combustível vivo para mim.” Se não tem esta nota na sua carteira, sugiro que a escreva e a coloque onde a possa ver.

A Arte do Nada Esta é a próxima parte da discussão sobre Energia e Cura. Quando seguimos a Arte do Nada, podemos ser objetivos e dizer que nunca estamos a fazer nada, porque mesmo quando nada fazemos, estamos a fazer algu-ma coisa? Estou-me a referir também ao pro-cesso de “existir”. Porque ao existir nós so-mos tudo, apesar de não estarmos a fazer a nada. Independentemente das múltiplas cren-ças que existem, todos nós refletimos sobre como tudo começou, quem fez ou criou, o que iniciou o Big Bang, ou o que fazia uma omnipresença antes da criação? Esta é a mi-nha opinião, tudo emana da fonte, exceto a própria fonte. Esta fonte é uma consciência primordial, que cria uma imagem e mente cósmica dela própria e é o pensamento em si mesmo. Através da história, conhecida ou não, têm existido pessoas excecionais, com grandes dons, mas viveram debaixo do mesmo sol e obedeceram às mesmas leis do cosmos. Po-demos treinar a nossa mente e o nossos cor-po para realizar ou completar grandes feitos, coisas que até podem parecer sobre-humanas, mas são atingíveis por pessoas que estão limitadas à estrutura humana. En-quanto estivermos dispostos a empurrar os limites do nosso estado cósmico, continu-amos a empurrar a barra cada vez mais lon-ge, de onde assumimos que ela foi colocada. Quando nos sentimos bem, felizes, excecio-nais, estamos no estado ou forma de Deus ou Ser, na qual estamos constantemente a entrar e a sair. Quanto mais subimos no nos-so lugar do cosmos, mais coisas nos aconte-cem e aos que nos rodeiam na vida, sendo parte do ir e voltar ao Universo. Esta é a for-

ma como nos sentimos e movemos durante a nossa vida, já que só nos conseguimos dire-cionar para a frente, para a próxima etapa da vida. Devemos lembrar-nos que os que cu-ram e os médicos não tratam a pessoa, ape-nas ajudam a prolongar-lhes a vida (possivelmente). Mesmo quando uma pessoa é “curada” de uma doença, ela morrerá nal-guma outra etapa da sua vida, seja por nova doença ou por falha da estrutura humana, é o “ir e voltar ao Universo”.

É por isto tudo que, quando eu digo que vou dar ou enviar energia, como não sou médico, eu apenas penso na pessoa e na conexão com o meu “Ser” de energia de bem-estar e felicidade. Isto é o “Nada” que eu faço, mas o que eu faço faz-me sentir bem, e, à pessoa que absorve a energia, dá a sensação de bem-estar e felicidade, ajudando-a lidar com o que se passa na sua vida. É melhor não saber nem pensar na doença ou na sua cau-sa, nem deixar o cérebro focar-se em matar células cancerígenas, ou queimá-las ou ainda retirar-lhes a vida. Estes são pensamentos negativos na minha mente e não são bons. Quem sabe para quê e como usar a energia é a pessoa que a vai receber. Não devemos impor o que pensamos que a pessoa quer, ou o que achamos melhor para ela, porque é ela que deve receber, canalizar e alimentar a energia para se sentir melhor, excecional. Também nunca se deve pensar que alguém nos consegue drenar toda a nossa energia, ou retirar algo de vocês mesmos. Não há na-da a temer porque não estamos a fazer “Nada” a não ser, sentirmo-nos bem e felizes. Este texto deverá promover a discussão, fa-zer refletir e trabalhar cada individuo na sua

“Ao existir nós somos tudo, apesar

de não estarmos a fazer a nada. ”

“Não devemos impor o que pensamos

que a pessoa quer, ou o que achamos

melhor para ela, porque é ela que

deve receber, canalizar e alimentar a

energia para se sentir melhor,

excecional. ”

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própria Luz Divina. Para saber mais ou para colocar quaisquer questão, por favor contac-tar a página do facebook “Ascension of Isis” ou através da web em www.ascensionofisis.com. É importante lembrar que, ao curar, não faze-mos nada e o nada que fazemos é sempre qualquer coisa. Permitam à pessoa que acei-ta a cura receber tudo o que precisa. Nunca impor o que pensamos que ela necessita. As-sim nunca haverá espaço para causa-efeito e a nossa energia permanecerá sempre eleva-da e experimentaremos a sensação de bem-estar e felicidade. É também muito mais con-fortável oferecê-la num ambiente com música suave ou com a nossa voz, em vez do silên-cio. O importante é conectarmo-nos com a pessoa a todos os níveis e assim definirmos etapas: 1. Feche sempre o chakra psíquico primeiro. Eles vão se abrir novamente por si mesmos. (Este chakra encontra-se na parte de trás das orelhas, junto a sua curva, em cima. Coloque os seus dedos e, gentilmente, faça uma rota-ção no sentido horário. Depois, gradualmente mova os seus dedos para fora e coloque de seguida as suas palmas da mão até cobrir

ambas as orelhas). 2. Faça linhas com os dedos, na testa, para permitir a conexão de energia com a sua.

3. Lembre-se, você é a Luz Divina. Permita que a pessoa retire o que precisa. 4. Toda esta informação veio ao nosso co-nhecimento através da Cerimónia de Ressur-reição do Antigo Egipto. Poderei discutir mais sobre o tema, por isso se estiver interessado, por favor, envie e-mail ao editor. Para si e através de mim, as minhas bênçãos e lembre-se ” Quando você é o Sol não pro-duz nenhuma sombra”.

“Permitam à pessoa que aceita a

cura receber tudo o que precisa.

Nunca impor o que pensamos que ela

necessita. ”

Mais informações: aqui

E-mail: [email protected]

FELLOWSHIP OF ISIS PORTUGAL

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Doreen Valiente

Sua contribuição para um paganismo contemporâneo *

Vivianne Crowley**

É impossível fazer justiça à obra de Doreen Valiente num curto artigo de revista. Nas pró-ximas décadas, irão existir muitos livros e ar-tigos sobre paganismo, assim como investi-gações académicas, que à distância avalia-rão a sua contribuição muito melhor do que nós que nos encontramos mais próximos dos eventos. No entanto, a inauguração no verão passado pelo Presidente da Câmara de Brighton de uma placa comemorativa em homenagem a Doreen, é um sinal de que é tempo de come-çar a avaliar. Cinco das contribuições de Do-reen que vêm logo à mente de muitos de nós são os seus escritos, as suas investigações, a sua integração, a sua visão do Paganismo como uma Religião da natureza e o seu pa-pel como co-fundadora da Federação Pagã.

Escritos Os bruxos têm sido sempre amantes e mes-tres das palavras de poder. As palavras má-gicas, os encantamentos e os feitiços são meios para o trabalho mágico. Em inglês, a

palavra “feitiço” (spell [1]) em si mesma tem dois significados, como base de linguagem escrita e como uma forma de magia. Fre-quentemente na história os bruxos foram re-tratados como pessoas iletradas e com pou-co nível de escolaridade, no entanto a posse da palavra escrita, na forma de grimórios ou de livros pretos, era parte do misticismo do curandeiro [2]. Ter poder sobre as palavras era ter poder sobre as coisas. Doreen era uma mulher com poder sobre as palavras.

Os escritos de Doreen foram uma grande contribuição para a manifestação do paganis-mo contemporâneo e para a bruxaria pagã em particular. Primeiramente, Doreen obteve reconhecimento do público e passou a ser reconhecida pelos buscadores espirituais e mágicos, através dos seus livros Where Wit-chcraft Lives, An ABC of Witchcraft Past And

* Traduzido por Céu Almeida. Revisto por Luís Miranda

** Sobre a autora: Vivianne Crowley, é professora universitária, psicóloga e sacerdotisa da Wicca. Ela é ex-professora de Psicologia de Religião em King’s College e em Heythrop College, Universidade de Londres, onde se especializou em Estudos Junguianos e Psicologia Budista. Foi membro fundadora do primeiro programa de mestra-do em Psicologia da Religião na Europa

É autora de vários livros sobre Wicca, espiritualidade pagã contemporânea e psicologia junguiana. Ensinou Wicca internacionalmente durante mais de 30 anos. No Reino Unido, foi coordenadora inter-religiosa da Federação Pagã e foi a primeira coordenadora do Pagan Capelania Services. Em 1989, lançou o seu primeiro livro sobre a Wicca, um dos livros mais valorizados e difundidos sobre Wicca enquanto tradição espiritual.

Atualmente é professora do Departamento de Aconselhamento Pastoral, Cherry Hill Seminary, Columbia, SC, onde leciona cursos de mestrado em Psicologia da Religião, Morte e Morrer, e do Ministério para as pessoas mais velhas. Vive na Europa, dividindo seu tempo entre sua fazenda na Britânia rural, coração megalítico no noroeste da França, e Londres.

“Doreen era uma mulher com poder

sobre as palavras.”

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Present , Natural Magic, e Witchcraft For To-morrow. Estes são alguns dos clássicos do renascimento da bruxaria do século XX. Os primeiros livros de Doreen pretendiam comu-nicar com racionalidade e paixão o seu amor pela bruxaria e a abrir as portas para que ou-tros pudessem encontrar o seu poder e o seu caminho interior. Quarenta anos depois, man-têm-se como minas de informação e como base para informar e guiar todos aqueles que procuram praticar a bruxaria pagã. Os escritos de Doreen foram fundamentais para o desenvolvimento da Wicca. Gerald Gardner, o “Pai Fundador” da Wicca era en-tre muitas outras coisas um pioneiro, um ins-pirador, um visionário. Se não tivesse sido nenhuma destas coisas, a Wicca não existiria hoje. Mas quando Gerald Gardner iniciou Do-reen dentro da Arte dos Sábios [3], os textos rituais ainda se encontravam em proto-forma. Gerald não era grande artífice da palavra: era disléxico e não sabia soletrar. Por isso virou-se para Doreen, para que desse corpo ao es-queleto que tinha adquirido dos seus iniciado-res e à qual tinha adicionado as suas pró-prias investigações. Muito do que pensamos ser a essência do material gardneriano, ale-xandrino e outras formas relacionadas com a Wicca, veio da pena de Doreen. Ela embele-zou os sabbats com material da Carmina Ga-delica de Alexander Carmichael. Ela suavizou o material de Aleister Crowley na primeira versão da “carga” e adicionou material novo para lhe dar nova beleza. Ela criou feitiços, cargas rimadas e a famosa “Runa das Bru-xas”. E para não descurar o Deus, em 1965 publicou na revista Pentagram, uma invoca-ção que se usou em muitos covens: By the flame that burneth bright, O Horned One! Doreen também contribuiu para manter vivo outro ramo da bruxaria contemporânea: a de Robert Cochrane, com quem trabalhou de-pois de deixar o coven de Gerald Gardner. Referências sobre isso aparecem num dos seus últimos livros, The Rebirth of Witchcraft, e na sua contribuição para o livro Witchcraft: A Tradition Renewed de John Jones

Investigação Apesar de ter deixado o coven de Gerald Gardner, Doreen não abandonou a Arte gar-dneriana. Quando o meu marido Chris e eu

nos casamos em 1979, a nossa receção reu-niu muitos dos líderes de covens. Enquanto comiam o bolo de casamento, os anciões co-meçaram a conspirar. A ideia que nasceu foi a de reviver os Grandes Sabbats dos covens do sul da Inglaterra, que tinham sido suspen-sos durante alguns anos.

Uma reunião no apartamento de Doreen, em Brigton permitiu, semanas depois, o lança-mento de uma série de Grandes Sabbats nu-ma casa de madeira em Surrey, arrendada a um agricultor amigo dos bruxos. Doreen e o seu Sumo sacerdote Ron Cooke chegaram no Reliant Robin de três rodas de Ron, mo-vendo-se corajosamente a cerca de 50 Km por hora até chegar ao seu destino, com Do-reen e Ron a parar a cada poucos quilóme-tros para tomar um chá forte que tinha trazido numa garrafa térmica. Foi maravilhoso para nós, jovens líderes de vários covens vestidos com as nossas glamorosas túnicas de veludo preto, ver a Doreen traçar um círculo nua com exceção de uma capa de lã, alguns acessórios de bruxos e umas botas de borra-cha. “Nem vestidos nem nus” deu um novo significado ao uso da capa. Mas os trajes de Doreen eram o epítome da sua atitude: uma vez em união com a natureza, com amor bru-xístico, mas sempre prático e nunca pretensi-oso.

Através dos Grandes Sabbats, Doreen fez uma descoberta importante na sua investiga-ção sobre a história da Wicca. Académicos, como o Professor Jeffrey B. Russell no seu

“Ela criou feitiços, cargas rimadas e

a famosa ’Runa das Bruxas’.”

“Os trajes de Doreen eram o epítome

da sua atitude: uma vez em união

com a natureza, com amor

bruxístico, mas sempre prático e

nunca pretensioso.”

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livro a History of Witches, Sarceners, Here-tics, and Pagan, tinham lançado dúvidas so-bre a declaração de Gerald Gardner sobre ter sido iniciado num coven de bruxos existente. Na cabana de Sunney, na noite de Samhain de 1980, logo após o pôr-do-sol, assistida por Magda Worthington e Ron, Doreen chamou pelo espírito da “Velha Dorothy [4]” que se pensava ter sido a iniciadora de Gardner. Do-reen estava convencida, através das mani-festações paranormais e através da voz de Gerald chamando-a, de que Dorothy tinha existido. Assim, Doreen renovou os seus es-forços de investigação e foi bem sucedida ao rastrear a certidão de óbito de Dorothy Clut-terbuck, em cuja casa Gerald tinha sido inici-ado.

Paganismo Inclusivo Doreen não era uma bruxa sectária. Ela pen-sava que o paganismo e a bruxaria deviam estar disponíveis a todos aqueles que esti-vessem na sua busca, com o coração since-ro. Deste modo escreveu numa carta aco-lhendo a publicação da primeira edição da revista Pentagram: “É uma curiosa coincidência que 1964 seja somente 13 anos depois da revogação do último dos Atos de Bruxaria deste país, que ocorreu em 1951. (…) Como qualquer movi-mento vivo, existem diferenças de opinião entre nós, o que também é algo positivo! De uma uniformidade de lavagem de cérebros, que sempre sejamos preservados! (…) Ne-nhuma secção de culto tem direito a dizer “Nós, e somente nós, somos o elemento ge-nuíno; aqueles que divergem de nós estão enganados”. Ao contrário, devemos respeitar os pontos de vista dos outros quando são to-mados com sinceridade, sem importar se concordamos com eles ou não.

Se estamos dispostos a fazer isso, então o caminho se abrirá para o verdadeiro grande trabalho que deverá ser realizado, especifica-mente o de colocar de novo todas as verda-deiras partes da antiga tradição, para formar um todo coerente tão significativo em todas as suas potencialidades, que poderá de uma vez comandar o respeito de pessoas inteli-gentes e preocupadas.”

Natureza Outra importante contribuição foi o amor de Doreen pela natureza. A visão da Wicca de Gerald Gardner era de uma religião de fertili-dade. Mas porquê um culto à fertilidade, ba-seado nos ciclos da agricultura, poderia ape-lar às pessoas contemporâneas que vivem na sua maioria nas cidades? No seu discur-so, realizado depois da cena organizada pela revista Pentagram, em 1964, Doreen ofere-ceu uma resposta: “O que procuram os bruxos das celebrações dos festivais das estações é um sentido da unidade com a natureza, e a alegria que deri-va do contacto com a Única Vida Universal. As pessoas de hoje necessitam disto, pois estão conscientes da tendência da vida mo-derna de cortá-los da sua relação com o mundo da Natureza Viva, até que a sua indi-vidualidade se suavize e distancie, e come-cem a sentir-se como sendo uma peça de uma enorme máquina sem sentido. É a reação contra este sentimento que atrai o interesse das pessoas para a bruxaria de ho-je. O desejo de regressar à natureza e de se-rem seres humanos de novo, assim como ela nos destinou a ser.”

A Federação Pagã Doreen sempre teve a preocupação de me-lhorar a imagem pública da bruxaria pagã e por responder aos ataques dos meios de co-municação. Em 1971 juntamente com Magda Worthington e John e Jean Score, co-fundou A Frente Pagã, que logo se renomeou A Fe-deração Pagã, com o objetivo de lutar contra a difamação e de fornecer contactos às pes-soas que procuravam o Paganismo. Ao longo de 40 anos a Federação Pagã é um dos mui-tos legados de Doreen.

“Mas porquê um culto à fertilidade,

baseado nos ciclos da agricultura,

poderia apelar às pessoas

contemporâneas que vivem na sua

maioria nas cidades?”

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A Federação pagã e os pagãos contemporâ-neos ao redor do mundo muito devem a Do-reen, tanto pela bruxa como pela escritora, digna portadora da vara e da pena. Uma das mais conhecidas “ mães fundadoras” da Wic-ca, Doreen tem o seu lugar junto a todas as outras pioneiras do século XX, que através do seu trabalho, têm plantado as sementes de um Paganismo duradouro que possa tra-zer significado e alegria à existência humana. Bibliografia Carmichael, A. (1900). Carmina Gadelica: Hymns and Incantations with illustrative notes on words, rites, and customs, dying and obsolete. Edinburgh: Alexander Carmichael. Crowley, V. (1998). Wicca as nature religion. In J. Pe-arson, R. H. Roberts, & G. Samuel (Eds.), Nature reli-gion today: Paganism in the modern world (pp. 170-179). Edinburgh: Edinburgh University Press. Jones, E. J., & Valiente, D. (1990). Witchcraft: A traditi-on renewed. London: Robert Hale. Russell, J. B. (1980). A History of Witches, Sorcerers, Heretics, and Pagans. London: Thames & Hudson. Retrieved from Professor Jeffrey B. Russell in A His-tory of Witches, Sorcerers, Heretics and Pagans. Valiente, D. (1962). Where Witchcraft lives. London: The Aquarian Press. Valiente, D. (1964, November). After dinner speech in, 'Fifty at Pentagram dinner'. Pentagram: A witchcraft

review(2), pp. 5-6. Valiente, D. (1964, August). Letter of welcome. Penta-gram: A witchcraft review(1), p. 1. Valiente, D. (1965, March). The Horned One. Penta-gram: A witchcraft review(3), p. 12. Valiente, D. (1973). An ABC of Witchcraft Past and Present. London: Robert Hale. Valiente, D. (1975). Natural Magic. London: Robert Hale. Valiente, D. (1978). Witchcraft for Tomorrow. London: Robert Hale. Valiente, D. (1984). Appendix A: The Search for Old Dorothy. In J. Farrar, & S. Farrar, The Witches Way: Principles, rituals and beliefs of modern witchcraft (pp. 283-293). London: Robert Hale. Valiente, D. (1989). The Rebirth of Witchcraft. London: Robert Hale. Valiente, D. (2000). Charge of the Goddess: The mother of modern witchcraft. Brighton: Hexagon Publi-cations.

Notas [1] Nota do tradutor: spell em inglês pode traduzir-se como “soletrar” e como “feitiço”, daí o seu duplo signifi-cado [2] Nota do tradutor: em inglês a palavra o homem as-tuto ou astuto curandeiro traduzida como curandeiro, utilizava-se como referência ao bruxo do povo, que praticava a adivinhação e a cura. Eram pessoas às quais se recorria quando tinham algum problema. [3] Nota do Tradutor: em inglês reconhece-se a Wicca Tradicional como “The Craft of The Wise” [4] Nota do tradutor: esta figura é reconhecida dentro da Wicca como “Old Dorothy”

“A Federação pagã e os pagãos

contemporâneos ao redor do mundo

muito devem a Doreen”

Encontro de Pagãos

Este encontro é para todos os interessados na Espiritualidade Pagã,

Wicca, Druidismo, Bruxaria, Magia Celta e todos os "caminhos" que

celebram o Paganismo.

Todos são bem vindos e convidados a participar com opiniões e ex-

periências e para um copo com pessoas que parti-

lham interesses semelhantes.

Neste momento encontramo-nos na 3ª

Sexta-Feira de cada mês, por volta das 21.30

Mais informações em: [email protected]

ou através da página de Porto Pagans

no Facebook o Google +

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Anima Mystica recomenda:

“As vozes do Outro Lado de Midgard”

O ponto de confluência entre Mitologia Nórdica e vida mundana

Acesso ao Blog

“Entre la psicología, el misticismo y la brujería”

Psicologia e misticismo têm andado de mãos dadas desde que os grandes pensadores come-

çaram a questionar o mundo ao seu redor e procurar uma explicação para suas ideias e as

sinais da natureza e os deuses.

Acesso ao Blog

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Download de artigos originais

Discover the Ancient Secrets of the

Freemasons:

Autor: Jean-Louis de Biasi

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Anima Mystica Revista Digital Vol. 3 No 2 pp 8-12

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Energy and Healing

Autor: David de Roeck

Língua do texto original: ENGLISH

Anima Mystica Revista Digital Vol. 3 No 1 pp 21-23

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Doreen Valiente:

Her contribution to contemporary Paganism

Autor: Vivianne Crowley

Língua do texto original: ENGLISH

Anima Mystica Revista Digital Vol. 3 No 1 pp 24-27

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Os artigos deverão ter uma extensão máxima de cinco páginas (de texto), com letra: Arial 12,

espaçamento entre linhas: 1.5, formato: A4, margens: 3 cm,

e em formato de Documento de Word (.doc, não .docx).

Os artigos em língua portuguesa devem ser escritos preferencialmente

segundo as normas do novo acordo ortográfico.

Os autores que desejem contribuir para a próxima edição deverão

enviar os manuscritos para o endereço de email:

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