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ANÁLISE PRELIMINAR DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE UMA ALTERNATIVA SUBSEA TO SHORE PARA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO. Marco Diogo Montenegro Cordon Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval. Orientador: Floriano C. M. Pires jr. Co-orientador: Marcelo Igor Lourenço de Souza Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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ANÁLISE PRELIMINAR DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE UMA

ALTERNATIVA SUBSEA TO SHORE PARA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO.

Marco Diogo Montenegro Cordon

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro Naval.

Orientador: Floriano C. M. Pires jr.

Co-orientador: Marcelo Igor Lourenço de Souza

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

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ANÁLISE PRELIMINAR DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE UMA

ALTERNATIVA SUBSEA TO SHORE PARA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO.

Marco Diogo Montenegro Cordon

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA ESCOLA

POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO

PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CONCLUSÃO DO CURSO

DE ENGENHARIA – HABILITAÇÃO NAVAL E OCEÂNICA.

Banca Examinadora:

_______________________________________________

Prof. Floriano Carlos Martins Pires Junior, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Marcelo Igor Lourenço de Souza, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Segen Farid Estefen, Ph.D.

_______________________________________________

Prof. Jean David Job Emmanuel Marie Caprace, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

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III

Cordon, Marco Diogo Montenegro

Análise Preliminar de Viabilidade Econômica de uma

Alternativa Subsea to Shore para Produção de Petróleo / Marco

Diogo Montenegro Cordon. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2017.

XIII, 121 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Junior,

Co-orientador: Marcelo Igor Lourenço de Souza

Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação) – UFRJ/Escola

Politécnica/ Bacharel em Engenharia Naval e Oceânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 117

1. Avaliação Econômica sob Incerteza. 2. Sistema Subsea to

Shore de Produção de Petróleo. 3. Método de Monte Carlo. 4.

Flexibilidade Gerencial. I. Junior, Floriano Carlos Martins Pires,

orient. II. Souza, Marcelo Igor Lourenço de, coorient. III.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso

de Engenharia Naval e Oceânica. IV. Título.

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IV

AGRADECIMENTOS

Ao professor Floriano C. M. Pires jr. pela orientação, prontidão e incentivo à elaboração

deste trabalho, principalmente nos momentos de incerteza.

Ao professor Marcelo Igor Lourenço de Souza pela prontidão em orientar sempre que

possível.

Um agradecimento em especial à minha amada mãe Norma que esteve sempre comigo e

disposta a oferecer o que estivesse ao seu alcance para ajudar.

Um agradecimento em especial à minha amada esposa Marcelle que me deu todo o

apoio e não se ausentou do meu lado durante todo o caminho.

Um agradecimento em especial à minha sogra Amélia que me deu todo apoio e

incentivo.

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V

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval.

Análise Preliminar de Viabilidade Econômica de uma Alternativa Subsea to Shore para

Produção de Petróleo.

Marco Diogo Montenegro Cordon

Fevereiro/2017

Orientador: Floriano Carlos Martins Pires Junior

Co-orientador: Marcelo Igor de Souza Lourenço

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Este trabalho consiste fundamentalmente na análise preliminar de viabilidade econômica de

uma alternativa subsea to shore ao sistema de produção convencional com Unidade Estacionária

de Produção do tipo FPSO mediante a modelagem destes dois sistemas de produção petrolífera

no software IHS QUE$TOR.

Através do QUE$TOR, foram estimados o CAPEX e o OPEX de todo o projeto e reconhecidos

discriminadamente cada componente destes custos de acordo com suas naturezas, a fim de se

tratar adequadamente as incertezas associadas às estas estimativas através de distribuições

probabilísticas.

Para obtenção das receitas, a simulação da evolução de preços do petróleo foi tratada com a

utilização do processo estocástico de Movimento Browniano Geométrico (MGB). Distribuições

do Valor Presente Líquido foram obtidas através do método do fluxo de caixa descontado

(FCD) para 100.000 iterações realizadas no software @RISK, segundo a aplicação do método de

Monte Carlo, em seu caráter estatístico.

Por fim, foram considerados seis cenários de abandono da produção cujo propósito é reconhecer

a influência da flexibilidade gerencial em cada modelo e, com base na teoria das opções reais,

reconhecer os impactos da opção ao longo do tempo sobre projetos de maior capital afundado e

menores custos operacionais em relação a modelos opostos.

Palavras-chave: CAPEX, Valor Presente Líquido, Produção de Petróleo, Subsea to Shore,

Método de Monte Carlo.

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VI

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

Preliminary Economic Feasibility Analysis of a Subsea to Shore Alternative for Petroleum

Production

Marco Diogo Montenegro Cordon

Fevereiro/2017

Advisor: Floriano Carlos Martins Pires Junior

Co-advisor: Marcelo Igor Lourenço de Souza

Curse: Naval and Ocean Engineering

This work consists basically in the modeling of two oil exploration and production systems in

the software QUE$TOR, that is, the subsea to shore system and the conventional production

system with Stationary Production Unit of the FPSO type.

Through the software QUE$TOR, the CAPEX and OPEX of the entire project were estimated

and each component of these costs was recognized in a discriminatory way according to their

nature, in order to adequately deal with the uncertainties associated with these estimates through

probabilistic distributions.

In order to obtain the revenues, the simulation of oil price evolution was treated with the

stochastic process of Geometric Brownian Movement (GBM). Net Present Value distributions

were obtained through the discounted cash flow method (FCD) for 100,000 iterations performed

in @RISK software, according to the Monte Carlo method, in its statistical character.

Finally, six production abandonment scenarios were considered, whose purpose is to recognize

the influence of managerial flexibility in each model and, based on the theory of real options, to

recognize the impacts of the option over time on projects with higher sunk and lower capital

Operational costs compared to opposite models.

Keywords: CAPEX, Net Present Value, Oil Production, Subsea to Shore, Monte Carlo Method.

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VII

ÍNDICE

1 Introdução................................................................................................................ 14

2 Revisão da Bibliográfica ......................................................................................... 17

2.1 Sistemas de Produção Offshore ....................................................................... 17

2.1.1 Unidades Estacionárias de produção ........................................................ 17

2.1.2 Sistemas Submarinos ................................................................................ 23

2.2 Métodos de Simulação Utilizados ................................................................... 30

2.2.1 Movimento Browniano Geométrico ......................................................... 30

2.2.2 Método de Monte Carlo ............................................................................ 32

2.3 Métodos de Análise de Investimento Utilizados ............................................. 33

2.3.1 Fluxo de Caixa Descontado ...................................................................... 33

2.3.2 Teoria das Opções Reais........................................................................... 35

3 Metodologia de Pesquisa ......................................................................................... 36

4 Modelagem dos Cenários de Interesse .................................................................... 38

4.1 Modelagem do Campo ..................................................................................... 38

4.2 Modelagem do Reservatório ............................................................................ 38

4.3 Perfil da Produção ............................................................................................ 39

4.4 Modelagem do Sistema Convencional com UEP ............................................ 40

4.4.1 Geometria das Instalações Submarinas .................................................... 42

4.5 Modelagem do Sistema Subsea to Shore ......................................................... 44

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VIII

4.5.1 Geometria das Instalações Submarinas .................................................... 46

4.6 Modelagem da Perfuração ............................................................................... 47

5 Descrição dos Componentes e Custos ..................................................................... 49

5.1 Descrição e Apresentação dos Custos.............................................................. 50

5.1.1 Cenário Convencional com UEP .............................................................. 51

5.1.2 Sistema Subsea to Shore ........................................................................... 75

6 Incertezas do Projeto de Desenvolvimento e Produção .......................................... 89

6.1.1 Tratamento do CAPEX sob Condições de Incerteza ................................ 91

6.1.2 Custo de Descomissionamento sob Incerteza ........................................... 93

6.1.3 Tratamento do OPEX sob Condições de Incerteza .................................. 94

6.1.4 Simulação dos Preços Futuros do Petróleo............................................. 101

7 Simulação e Análise de Resultados ....................................................................... 103

7.1 Premissas Adotadas ....................................................................................... 103

7.2 Simulações do Fluxo de Caixa Descontado ................................................... 104

7.2.1 Análise do Cenário Econômico de Interesse .......................................... 106

7.2.2 Impacto do CAPEX e OPEX na Irreversibilidade do Projeto ................ 107

7.2.3 Influência da Evolução do Fluxo de Custos na Opção do Abandono .... 110

8 Conclusões e Discussões ....................................................................................... 113

9 Referências Bibliográficas .................................................................................... 117

ANEXO A .................................................................................................................... 118

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IX

Lista de Figuras

Figura 2-1: Plataforma do tipo Jaqueta. Fonte: www.isiengenharia.com.br .................. 18

Figura 2-2: Plataforma do tipo Jaqueta. Fonte: www.isiengenharia.com.br .................. 19

Figura 2-3: Modelo de uma plataforma tipo TLP. ......................................................... 20

Figura 2-4: Plataforma do tipo Spar Buoy. (Fonte: www.isiengenharia.com.br) .......... 21

Figura 2-5: Plataforma semi-dubmersível. ..................................................................... 22

Figura 2-6: Modelo de FPSO P-50 [4]. .......................................................................... 23

Figura 2-7: Árvore de Natal Molhada. ........................................................................... 25

Figura 2-8: Representação de um Manifold. (Fonte: www.fishsafe.eu ) ........................ 26

Figura 2-9: Estrutura interna de uma BCSS. .................................................................. 27

Figura 2-10: Arranjo com os vários módulos no sistema SRWI.Fonte:[7]. ................... 28

Figura 2-11: Vista do SSAO instalado no Campo de Marlim.[7] .................................. 29

Figura 4-1: Layout da modelagem do sistema convencional. (Fonte: Software IHS

QUE$TOR). .................................................................................................................... 42

Figura 4-2: Layout do sistema submarino no cenário convencional. (Fonte: Software

IHS QUE$TOR). ............................................................................................................. 43

Figura 4-3: Layout da modelagem do sistema subsea t o shore. (Fonte: Software IHS

QUE$TOR). .................................................................................................................... 45

Figura 4-4: Layout do sistema submarino no subsea to shore. (Fonte: Software IHS

QUE$TOR). .................................................................................................................... 47

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X

Lista de Tabelas

Tabela 5-1:Descrição do CAPEX so sistema Convencional. ......................................... 53

Tabela 5-2:Custo de materiais de perfuração de poços. ................................................. 54

Tabela 5-3: Custo de instalação de perfuração de poços. ............................................... 55

Tabela 5-4: Custo de equipamentos de perfuração de poços.......................................... 55

Tabela 5-5: Custos com design e gerenciamento de projetos ......................................... 56

Tabela 5-6:Custo dos equipamentos sistema submarino ................................................ 57

Tabela 5-7: Custo dos mateiais sistema submarino ........................................................ 58

Tabela 5-8: Custo instalação sistema submarino ............................................................ 58

Tabela 5-9: Custos de design e gerenciamnto de projetos sistema submarino ............... 59

Tabela 5-10: Custo de materiais pipeline de gás ............................................................ 60

Tabela 5-11: Custo de instalçao sistema submarino ....................................................... 60

Tabela 5-12: Custos de design e gerenciamnto de projetospipeline de gás.................... 61

Tabela 5-13: Custo de equipamentos FPSO ................................................................... 62

Tabela 5-14: Custo de materiais FPSO .......................................................................... 62

Tabela 5-15: Custo de fabricação FPSO ........................................................................ 63

Tabela 5-16: Custo de instalação FPSO ......................................................................... 63

Tabela 5-17: Custo de HOOK-UP FPSO ....................................................................... 64

Tabela 5-18: Custo de design e gerenciamento de projeto FPSO .................................. 64

Tabela 5-19: Custo de equipamento Topside ................................................................. 65

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XI

Tabela 5-20: Custo equipamento Topside ...................................................................... 66

Tabela 5-21: Custo de materiais topside ........................................................................ 66

Tabela 5-22: Custo de fabricação topside ...................................................................... 67

Tabela 5-23: Custo de instalção topside ......................................................................... 67

Tabela 5-24: Custo de HOOK-UP topside ..................................................................... 68

Tabela 5-25: Custo de gerenciamento de projetos topside ............................................. 68

Tabela 5-26: Descrição do OPEX. ................................................................................. 72

Tabela 5-27: Descrição do custo de descomissionamento por grupos no sistema

convencional. .................................................................................................................. 75

Tabela 5-28: Resumo do CAPEX do sistema subsea to shore. ...................................... 77

Tabela 5-29: Custo de equipamento sistema submarino subsea to shore ....................... 79

Tabela 5-30: Custo de materiais subsea to shore ............................................................ 79

Tabela 5-31: Custo de instalação sistema submarino ..................................................... 80

Tabela 5-32: Custo de materiais linha de exportação ..................................................... 81

Tabela 5-33:Custos de materiais linha de metanol ......................................................... 81

Tabela 5-34: Custo de intalação linha de exportação ..................................................... 82

Tabela 5-35: Custo de instalação linha de metanol ........................................................ 82

Tabela 5-36: custo de materiais cabo de potência .......................................................... 83

Tabela 5-37: Custo de intalação cabo de potência ......................................................... 83

Tabela 5-38: Custos de design e gerenciamento cabo de potência................................. 84

Tabela 5-39: Divisão do OPEX ...................................................................................... 86

Tabela 5-40:Custos de descomissionamento por grupos. ............................................... 88

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XII

Tabela 7-1: Valores esperados para o custo total e desvio padrão no cenário subsea to

shore. ............................................................................................................................ 111

Tabela 7-2: Valores esperados para o custo total e desvio padrão no cenário

convencional. ................................................................................................................ 111

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XIII

Lista de Gráficos

Gráfico 4-1: Perfil de produção de óleo em MM barris por ano. ................................... 40

Gráfico 6-1: Distribuição Triangular para risco sistemático do CAPEX no sistema

convencional. .................................................................................................................. 92

Gráfico 6-2: Distribuição de probabilidades do CAPEX no ano 2018 do sistema

convencional. .................................................................................................................. 93

Gráfico 6-3: (a) Distribuição Uniforme no fator de correção; (b) distribuição do custo de

mão de obra em 2024...................................................................................................... 96

Gráfico 6-4: Distribuição normal aplicada ao fator de correção em dado ano da

simulação. ....................................................................................................................... 98

Gráfico 6-5: Distribuição de probabilidades do custo industrial no ano 2024. .............. 98

Gráfico 6-6: Distribuição do custo offshore sob risco assistemático no ano 2024 ......... 99

Gráfico 6-7: Comportamento correlacionado das séries de erros para dada iteração da

simulação. ..................................................................................................................... 100

Gráfico 6-8: Distribuição de probabilidade do custo offshore no ano de 2024 para uma

dada iteração. ................................................................................................................ 101

Gráfico 6-9: Curva de evolução do preço do petróleo por MGB. ................................ 102

Gráfico 7-1: Distribuição do VPL no cenário convencional(a esquerda) e subsea (a

direita). .......................................................................................................................... 105

Gráfico 7-2: Curva de fluxos de custos descontados no sistema subsea to shore. ....... 109

Gráfico 7-3:Curva de fluxo de custos descontados no sistema convencional. ............. 109

Gráfico 7-4: Diferença dos valores esperados dos custo totais entre os sistemas ao longo

dos cenários. ................................................................................................................. 112

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14

1 Introdução

A exploração petrolífera nos dias atuais é, em sua maior parte, concentrada em alto

mar. Cada vez mais, são descobertos reservatórios em regiões mais distantes da costa

sob lâminas d’água cada vez mais profundas, exigindo assim, tecnologias ainda mais

modernas para exploração e produção no campo.

Neste contexto, a utilização de unidades estacionárias de produção (UEP) eleva

significativamente os custos operacionais do projeto devido a operações de manutenção

e reparo de componentes na planta de processo do topside, aluguel de embarcações de

apoio para suprimento de consumíveis, custos de mão de obra com a tripulação fixa da

plataforma, suporte de helicópteros, dentre outros.

O conceito de subsea to shore consiste na operação de todos os sistemas sobre o leito

marinho, de modo que o escoamento seja realizado diretamente para um a planta de

processo na costa, contrastando com o sistema convencional, onde a exportação é

comumente realizada por navio aliviador.

Os desafios impostos por barreiras tecnológicas para a implantação de um sistema

inteiramente submarino são grandes e espera-se que a eliminação da UEP reduza

significativamente os custos operacionais, além de aumentar a segurança da operação

devido redução de pessoal no mar.

Na atualidade, a implantação de um sistema de produção de petróleo inteiramente

operacional no fundo do mar ainda não é viável, todavia os estudos realizados no

sentido do desenvolvimento deste cenário como o futuro da produção petrolífera no

mundo trazem grandes contribuições concretas em termos de sistemas híbridos de

produção, onde o processamento primário é realizado no leito marinho e a produção

escoa para outro campo para realização do restante do processamento na planta de

processo em uma plataforma, demandando menor complexidade dos módulos produção

e reduzindo a ocupação de espaço no topside.

Esta monografia objetiva propor um estudo preliminar de viabilidade econômica sob

condição de incerteza do sistema de produção de petróleo subsea to shore como

alternativa ao sistema convencional com unidade estacionária de produção do tipo

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15

FPSO. Adicionalmente, buscou-se avaliar e discutir a importância que a flexibilidade de

projetos de desenvolvimento e produção de óleo exercem na opção do abandono e sua

influência no desempenho do projeto.

Diante deste contexto, não faz parte do escopo deste trabalho concluir qual é o

sistema mais viável economicamente para a implantação em outros campos como

consolidação do sistema subsea to shore, uma vez que as análises de viabilidade

realizadas nesta monografia são dadas sob premissas e hipóteses que desconsideram um

número de particularidades que naturalmente diferenciam estes cenários de produção e

interferem no processo decisório do investidor, além de não se possuir elementos

suficientes para tal. Neste sentido, características do campo como lâmina d’água e

distância à costa são determinantes para a decisão de um sistema em detrimento a outro,

portanto mesmo que um cenário se mostre economicamente mais interessante ao

investidor, certamente sua implantação em outras condições levaria a diferentes

resultados.

No capítulo 2 foi elaborada a revisão bibliográfica abordando os elementos de

interesse para melhor entendimento do estudo realizado nesta monografia. Inicialmente

foram expostas as principais características dos equipamentos e componentes mais

relevantes em ambos os sistemas. Em seguida foram abordados métodos de simulação e

de análise de investimentos utilizado neste trabalho.

No capítulo 3 foi descrita a metodologia da pesquisa, apresentando de forma

simplificada as etapas e procedimentos na seqüência com que foram executados.

No capítulo 4 foi caracterizada a modelagem dos cenários de interesse através do

software IHS QUE$TOR mediante a descrição física do campo modelo, reservatório e

os dois sistemas de produção, incluindo o funcionamento das instalações submarinas e

sistema de perfuração.

No capítulo 5 são descritas as bases de estimativa dos componentes de custos

operacionais e de capital de ambos os sistemas estimados quase em sua totalidade pelo

QUE$TOR.

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16

No capítulo 6 são tratadas as incertezas do CAPEX, OPEX e descomissionamento,

além da simulação da evolução dos preços futuros do petróleo que compõe o fluxo de

receitas dos projetos.

No capítulo 7 são realizadas as simulações no fluxo de caixa dos cenários de

incerteza pelo Método de Monte Carlo mediante utilização do software @RISK para

obtenção das distribuições do Valor Presente Líquido em ambos os cenários de

produção.

No capítulo 8 estão presentes a conclusão e considerações do estudo realizado, bem

como as sugestões para trabalhos futuros que possam dar continuidade às contribuições

dadas por este trabalho.

Por fim, no capítulo 9 são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas nesta

monografia.

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17

2 Revisão da Bibliográfica

A revisão bibliográfica deste trabalho será abordada sob duas vertentes. A primeira

diz respeito à descrição dos principais sistemas que compõem o cenário de

desenvolvimento e produção de óleo e gás em campos offshore. A segunda aborda

conceitos de análise de investimento com a teoria das opções reais e fluxo de caixa

descontado, além de conceitos de natureza estatística como o Método de Monte Carlo e

Método do Movimento Browniano Geométrico como bases ferramentais para o estudo

realizado neste trabalho.

2.1 Sistemas de Produção Offshore

2.1.1 Unidades Estacionárias de produção

A Unidade estacionária de Produção (UEP) é um componente de grande relevância

em um cenário convencional de produção de óleo e gás, tanto sobre a ótica de natureza

tecnológica quando econômica. A decisão do tipo de plataforma a ser utilizada esta

intimamente ligada a fatores como: localização do campo principalmente devido à

distância à costa, lâmina d’água, condições ambientais como estado de mar, número de

poços, capacidade requerida de processamento no topside, profundidade do reservatório,

tempo de desenvolvimento, segurança operacional e o custo relacionado.

Todos estes fatores carecem de avaliações minuciosas para auxiliarem na tomada de

decisão. Nas seções seguintes são detalhados sucintamente os principais tipos de

plataforma.

2.1.1.1 Jaquetas (Jackets)

Usada para lâminas d’água na faixa de 10 m a 200 m, sendo em casos especiais até

430 m, apresenta boa estabilidade, porém não tem capacidade de armazenamento e

possui pequena capacidade de alterações ao longo do desenvolvimento do campo. São

instaladas no solo através de estacas e apresentam uma estrutura treliçada composta por

elementos tubulares de aço. Um exemplo deste tipo de plataforma é apresentado na

Figura 2-1.

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18

As suas características marcantes são que o equipamento de cabeça de poço pode ser

instalado na plataforma (completação seca), permitindo acesso direto ao poço e o

acompanhamento e controle da produção sem qualquer dificuldade, sendo utilizável

apenas em lâmina d’água rasa [1].

Figura 2-1: Plataforma do tipo Jaqueta. Fonte: www.isiengenharia.com.br

2.1.1.2 Auto-Elevatórias

A plataforma auto-elevatória (jack-up) possui uma estrutura de sustentação de apoio

sobre o leito marinho com possui altura variável. Tem limite de profundidade ditado

pelo comprimento das pernas de sustentação em torno de 130 m.

Estas plataformas são de fácil conversão para pequenas plantas e apresentam boa

disponibilidade no mercado. Entretanto a área do convés é extremamente pequena e a

jack-up não possui capacidade de armazenamento tornando sua implementação restrita a

condições bem particulares [2].

A plataforma flutua até seu local de posicionamento, quando as pernas de

sustentação descem até o fundo do mar, posicionando a estrutura. Este tipo de

plataforma pode executar ambas as operações de produção e de perfuração, embora a

produção seja menos comum. Na Figura 2-2 pode ser visto um modelo deste tipo de

plataforma.

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19

Figura 2-2: Plataforma do tipo Jaqueta. Fonte: www.isiengenharia.com.br

2.1.1.3 Torre-Complacente

A largura da base desta plataforma é próxima a do topo, o que ocasiona na redução

da estabilidade da estrutura. Por serem mais esbeltas, podem ser instaladas em lâminas

d’água superiores as das plataformas do tipo jaquetas, aproximadamente em lâminas

d’água de 550 m. Possuem pequenos movimentos na superfície que podem ser

minimizados com um sistema de ancoragem auxiliar.

Umas das suas principais desvantagens é a dificuldade de abandono, após fim do

período de produção do campo e umas das suas vantagens é que estas plataformas

permitem operações de intervenção nos poços em produção, como por exemplo, uma

troca de bomba centrífuga submersa [1].

2.1.1.4 Tension-Leg Platform (TLP)

A TLP é uma plataforma flutuante posicionada na locação por tendões verticais

fixados no fundo do mar por estacas (Figura 2-3). Esta plataforma possui um raio de

ancoragem desprezível, pois não possui sistema de ancoragem convencional. Não

possui compensador de movimentos em operações de perfuração e só pode ser utilizada

em cenários com lâmina d’água inferior a 1500 metros.

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Os tendões consistem de tubos de aço conectados ao fundo a partir de uma junta

giratória. A força gerada pelo empuxo da plataforma traciona os tendões e restringe os

movimentos de heave. Devido à rigidez do sistema os movimentos laterais são também

restritos (surge e sway). Os movimentos de rotação (roll, pitch e yaw) praticamente não

existem. As amplitudes dos movimentos aumentam com o aumento da profundidade de

instalação destas plataformas [3].

Figura 2-3: Modelo de uma plataforma tipo TLP.

2.1.1.5 Spar Buoy

A plataforma flutuante spar buoy é apoiada sobre um ou mais cilindros metálicos que

podem ser compostos alternativamente de uma estrutura treliçada e, portanto, são

plataformas de calado profundo geralmente ancoradas por linhas tensionadas como

ilustrado na Figura 2-4. Esta plataforma possui sistemas de produção, processamento e

transbordo podendo utilizar risers rígidos.

O termo SPAR significa Single Point Anchor Reservoir indicando a característica

própria de ancoragem em ponto único desta plataforma e pode atingir laminas d’água de

2600 m, agregando versatilidade operacional devido a sua implantação em praticamente

todos os cenários de lâminas d’água profundas e ultra profundas. A spar buoy apresenta

um excelente comportamento em condições de mar severo.

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O convés é suportado por um cilindro vertical e possui área razoável. A spar buoy

possui flexibilidade para carga no convés e capacidade de armazenamento além de

permitir completação seca dos poços.

Figura 2-4: Plataforma do tipo Spar Buoy. (Fonte: www.isiengenharia.com.br)

2.1.1.6 Plataforma Semi-Submersível

A plataforma semi-submersível é uma plataforma na qual a superestrutura está

apoiada sobre conjunto de flutuadores que ficam posicionados abaixo do nível do mar.

Um exemplo desta plataforma é apresentado na Figura 2-5.

Esta plataforma pode realizar as operações de produção, processamento e offloading

(transferência do óleo para um navio aliviador), mas não possui capacidade de

armazenagem. Sua principal característica é por não possuir limites de profundidade,

pois flutua na superfície, podendo ser utilizada em quase todos os cenários com lâmina

d’água profunda e ultra profunda. Sua instalação e construção são complexas e por isso

só se tronam viáveis para grandes profundidades e para cargas muito grandes.

Dois tipos de sistema são responsáveis pelo posicionamento da unidade flutuante,

sendo eles, o sistema de ancoragem e o de posicionamento dinâmico. O sistema de

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ancoragem é composto por 8 a 12 âncoras e cabos e/ou correntes, que atuam como

molas, produzindo esforços capazes de restaurar a posição da plataforma quando a

mesma sofre a ação das ondas, ventos e correntes.

No sistema de posicionamento dinâmico, não existe ligação física da plataforma com

o fundo do mar, com exceção dos equipamentos de perfuração. Sensores acústicos

determinam a deriva, e propulsores no casco acionados por computador restauram a

posição da plataforma. As plataformas semi-submersíveis podem ou não ter propulsão

própria. Estas plataformas apresentam grande mobilidade, sendo as preferidas para a

perfuração de poços exploratórios [2].

Figura 2-5: Plataforma semi-dubmersível.

2.1.1.7 Floating Production Storage and Offloading (FPSO)

Esta plataforma flutuante, como o próprio nome se refere, possui multifunções de

processamento, armazenamento e alívio da produção.

As principais vantagens para sua aplicação estão relacionadas a sua adequabilidade

operacional em regiões sem infraestrutura, a grande área de convés que permite

complexa instalação da planta de processo com seus módulos, a capacidade de

armazenamento da produção para alívio e cronograma reduzido para conversão de

embarcações mercantes existentes.

Esta plataforma flutuante é construída basicamente a partir de um casco modificado

de um navio, normalmente um petroleiro, todavia podem ser construídos navios

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especificamente para este objetivo o que impõe maiores impactos econômicos ao

projeto.

No Brasil, este tipo de UEP é amplamente utilizada como a P-34, P-53 e P-58 [4]. A

figura ilustra o FPSO P-50 com a descrição dos principais módulos de produção no

topside.

Figura 2-6: Modelo de FPSO P-50 [4].

2.1.2 Sistemas Submarinos

Os sistemas submarinos integram complexos arranjos compostos por uma gama de

equipamentos instalados no leito marinho e através deles, os fluidos produzidos escoam

para a UEP ou até mesmo para a costa diretamente.

Vale ressaltar que os equipamentos instalados no solo marinho demandam maiores

investimentos (CAPEX e OPEX) quando comparados a equipamentos similares

instalados na UEP, como a intervenção de poços que normalmente requerem uma

embarcação dedicada durante todo o período da operação.

A definição da composição deste sistema é impactada fundamentalmente pela

natureza do reservatório (óleo e gás), condições ambientais como lâmina d’água,

aspectos da produção (como tipo de óleo), aspectos econômicos, além da logística para

manutenção e monitoramento.

Em uma abordagem simplificada, um sistema submarino de produção convencional

consiste em um poço submarino com árvore de natal molhada, cabeça de poço

(wellhead) e um manifold para coletar a produção de diferentes poços [1]. Entretanto,

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dependendo da complexidade do sistema, é possível a utilização de separadores,

compressores e bombas para alívio da produção até uma planta de processamento na

costa, em detrimento da realização desta atividade no topside das plataformas.

Para os equipamentos submarinos, uma das principais preocupações deve girar em

torno da detecção antecipada das falhas e diagnóstico, mitigação e reparo do sistema, ou

seja, os problemas operacionais precisam ser detectados com antecedência [5], por outro

lado, são maiores as incertezas associadas a implantação destes componentes, como será

tratado no corpo deste trabalho.

No sistema subsea to shore, como todos os equipamentos estão afundados, a

complexidade do arranjo de modo que viabilize a produção superando os inúmeros

desafios deste ainda novo conceito. A seguir, serão tratados os principais componentes

de um sistema submarino tanto convencional quanto subsea to shore compondo os

modelos utilizados neste trabalho.

2.1.2.1 Cabeça de Poço (Wellhead)

A cabeça de poço (wellhead) é um conjunto de equipamentos onde são ancorados os

revestimentos. Este equipamento é posicionado abaixo da árvore de natal molhada. As

suas principais funções são guiar a descida e instalação de equipamentos na cabeça de

poço, servir de balizamento (estrutura inicial de um poço), prover sustentação e vedação

para BOP stack, sustentar o peso dos revestimentos, prover vedação do anular entre os

revestimentos e por último, prover sustentação e vedação para a base adaptadora de

produção (BAP) e a árvore de natal molhada (ANM) [6].

Os principais equipamentos que compõem a cabeça do poço são alojadores de

condutores e da cabeça do poço (Wellhead housing e Conductor housing), o suspensor

de revestimento (casing hanger), suspensor de tubo (tubing hanger), selos para o anular

e bases guias temporárias (TGB) e permanentes (PGB).

2.1.2.2 Árvore de Natal Molhada

As árvores de natal molhada (ANM) são equipamentos compostos por um conjunto

de válvulas que permitem direcionar e controlar as atividades requeridas na produção de

petróleo, através de controle hidráulico ou eletro-hidráulico fornecido por umbilicais.

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Este equipamento é conectado há um ou mais flowlines para o escoamento da produção

ou injeção, geralmente ligada a manifolds. O controle e manutenção destes

componentes em águas profundas são realizados por veículos remotos (ROV).

Como principais funções, admiti-se a produção de fluidos do reservatório para o

ponto de entrega, injeção de fluido no reservatório (água, gás e químicos), além de

possibilitar a intervenção nos poços quando necessário em operações de limpeza,

estimulação, manutenção ou reparo.

Figura 2-7: Árvore de Natal Molhada.

2.1.2.3 Manifold

O manifold é um equipamento submarino que possui como principal função a coleta

da produção proveniente de diferentes poços. Este equipamento é constituído por um

arranjo de tubulações destinadas a coleta, injeção, teste e exportação. Além disso,

apresenta um conjunto de válvulas de bloqueio e de controle de escoamento (chokes) e

subsistemas de monitoramento, controle e interconexão (usualmente por via elétrica)

com a facilidade de produção, como pode ser visto na Figura 2-8.

No caso de injeção de gás e água, o manifold tem como função distribuir para os

poços injetores os fluidos separados no separador em um processamento primário

realizado na UEP ou no leito marinho. Vale ressaltar que um único manifold mais

robusto e complexo, pode conter ambas as funções de produção e injeção, como é o

caso do manifold adotado nos modelos de produção deste trabalho.

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Figura 2-8: Representação de um Manifold. (Fonte: www.fishsafe.eu )

2.1.2.4 Bombeio Centrífugo Submerso Submarino

O bombeio centrífugo submerso submarino (BCSS) é um método de elevação

artificial, composto por uma bomba centrífuga de múltiplos estágios, operada por um

motor de fundo, Figura 2-9. O fornecimento de energia elétrica para o motor é realizado

através de um cabo que vai até o fundo do poço. O motor transforma a energia elétrica

adquirida em energia mecânica e a transfere para a bomba. A bomba, por sua vez,

transfere essa energia para o fluido, através do acréscimo da pressão, promovendo em

seguida a elevação do fluido até a superfície [1].

A BCSS é formada por um conjunto de equipamentos instalados dentro e fora do

poço. Os equipamentos que compõem a BCSS a serem descidos no poço incluem

bomba, motor, selo protetor e cabo elétrico. Os equipamentos da BCSS instalados fora

do poço consideram o sistema elétrico composto por transformador, caixa de junção e

inversor de freqüência.

Em alguns casos, a utilização de BCSS pode aumentar o potencial de produção em

até 50%, quando comparado com outros métodos de elevação, como, por exemplo, o de

gas lift. Esse sistema evoluiu consideravelmente, gerando condições seguras e eficientes

de operação em cenários cada vez mais desafiadores, como em águas profundas e para

óleos pesados [8].

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Figura 2-9: Estrutura interna de uma BCSS.

Vale ressaltar que a utilização desse sistema traz importantes desvantagens quanto ao

elevado custo de aquisição, instalação e manutenção. Neste trabalho, a adoção de BCSS

como método de elevação artificial se deu no cenário subsea to shore e não deve ser

instalada em poços onde se espera elevada produção de areia ou razão gás-óleo (RGO).

2.1.2.5 Bomba Multifásica Hélico Axial

Trata-se de uma bomba rotodinâmica de vários estágios de impelidores hélico axiais

rotativos e difusores fixos [6]. Esta bomba pode ser utilizada em lâminas d’água acima

de 1060 metros e pode atingir diferencial de pressão dentre os mais elevados do

mercado (60 bar em detrimento a 45 bar utilizados), aumentando a produtividade do

campo. Este sistema é implementado no campo de Barracuda e desenvolvido em um

trabalho conjunto entre as empresas Petrobras e Framo Engenharia [7].

No cenário subsea to shore modelado neste trabalho, foram utilizadas duas bombas

deste tipo, uma em cada pipeline bifásico de escoamento para auxiliar o rebombeio da

produção até a planta de processamento na costa.

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2.1.2.6 Subsea Raw water Injection System

Assim como a bomba multifásica submersa hélico axial, o sistema Subsea Raw

Water Injection (SRWI) foi desenvolvido pela Petrobras em conjunto com a Framo

Engenharia e atualmente está implantado no Campo de Barracuda.

Este sistema recolhe a água do mar a 100 m acima do leito marinho (devido a

contagem e calibragem das partículas sólidas, concentração de bactérias e de oxigênio

dissolvido), em seguida, a água do mar coletada passa por um filtro instalado para um

mínimo tratamento resultando em um impacto muito menor ao longo do processo.

Após, a água vai diretamente para a ANM para ser injetada no reservatório do produtor.

Este complexo sistema é com posto por módulos de captação de água do mar,

bomba, sistema submarino de controle e monitoramento e unidade de potência

hidráulica, como ilustrado na Figura 2-10.

Figura 2-10: Arranjo com os vários módulos no sistema SRWI.Fonte:[7].

2.1.2.7 Separador Submarino Água-Óleo

O separador submarino água-óleo (SSAO) foi um trabalho em conjunto entre a

Petrobrás e a empresa FMC Tecnologias e trata-se do primeiro sistema de separação no

mundo a separar óleo pesado e água e para reinjetá-la no mesmo poço produtor, Figura

2-11.

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Vale ressaltar que a água pode ser tanto um elemento favorável quanto desfavorável

ao escoamento, dependendo do tipo de óleo, bem a forma como a mesma se encontra na

mistura. Devido à presença da água e dependendo do tipo de óleo poderá haver

formação de emulsões que na maioria das vezes causam um aumento na viscosidade da

mistura e prejudicam o escoamento. Quando a água está no formato livre ocorre o

oposto e o escoamento é favorecido, reduzindo a viscosidade do fluido. Óleos pesados

possuem maior facilidade para a formação de emulsão. A separação da água é indicada

em função de reduzir os riscos de problemas de garantia de escoamento, como por

exemplo, a formação de hidratos [6].

O modelo referente ao cenário subsea to shore projetado neste trabalho é utiliza este

equipamento de modo que a água de formação segregada se mistura com a água do mar

captada pelo SRWI para reinjeção nos poços injetores.

Figura 2-11: Vista do SSAO instalado no Campo de Marlim.[7]

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2.2 Métodos de Simulação Utilizados

2.2.1 Movimento Browniano Geométrico

O Movimento Browniano Geométrico (MGB) é um processo estocástico de tempo

contínuo no qual o logaritmo da quantidade aleatoriamente variável segue

um movimento Browniano (também chamado de processo de Wiener), com

deriva estocástica.

Em um modelo de evolução do preço segundo um Movimento Geométrico

Browniano, a equação estocástica para variação de preços ao longo do tempo se

apresenta da forma:

𝑑𝑃 = 𝛼𝑃𝑑𝑡 + 𝜎𝑃𝑑𝑧

Onde 𝛂 é o parâmetro de taxa de tendência e σ é o parâmetro de taxa de volatilidade

do preço e

𝑑𝑧 = 𝜀 𝑑𝑡

é o processo de Wiener ou “ruído branco”, com

𝜀~𝑁 0,1 ,

que é a distribuição normal padrão reduzida, cuja média é nula e o desvio padrão

unitário.

Neste modelo, o termo 𝛼𝑃 é a expectativa implícita de aumento de preços e o termo

𝜎𝑃 expressa as incertezas em relação à tendência. Definindo-se a transformação

logarítmica

𝑝 = 𝑙𝑛𝑃,

Por outro lado, o Lema de Ito mostra que uma função 𝑝 de P e de t segue o processo

[9]:

𝑑𝑝 = 𝜕𝑝

𝜕𝑃𝛼𝑃 +

𝜕𝑝

𝜕𝑡+

1

2

𝜕2

𝜕𝑃2𝜎2𝑃2 𝑑𝑡 +

𝜕𝑝

𝜕𝑃𝛼𝑃𝑑𝑧

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Substituindo-se as derivadas parciais na primeira equação, segue que o processo

seguido por 𝑝 é

𝑑𝑝 = 𝛼 − 0,5𝜎2 𝑑𝑡 + 𝜎𝑑𝑧

Como 𝛼 e 𝜎 são constantes, a equação acima indica que 𝑝 = 𝑙𝑛𝑃 segue o Movimento

Browniano Aritmético (MAB) simples [9]. Este MAB para 𝑝 = 𝑙𝑛𝑃 tem taxa constante

de tendência 𝛼 − 0,5𝜎2 e taxa constante de variância 𝜎2. A mudança de 𝑝 = 𝑙𝑛𝑃 entre

o tempo zero e algum tempo t tem, portanto, distribuição normal com média

𝐸 𝑑𝑝 = 𝛼 − 0,5𝜎2 𝑡

E variância

𝑉𝑎𝑟 𝑑𝑝 = 𝜎2 𝑡

Assim, quando t=T

𝑑𝑝~𝑁[ 𝛼 − 0,5𝜎2 𝑇; 𝜎2 𝑇]

Seja 𝑃𝑡 = 𝑃0 quando t=0e como, por definição

𝑙𝑛𝑃𝑡 − 𝑙𝑛𝑃0 = 𝑙𝑛𝑃𝑡𝑃0

~𝑁[ 𝛼 − 0,5𝜎2 𝑇; 𝜎2 𝑇]

Portanto

𝑙𝑛𝑃𝑡 = 𝑁[𝑙𝑛𝑃0 + 𝛼 − 0,5𝜎2 𝑇; 𝜎2 𝑇]

Como 𝑙𝑛𝑃 tem distribuição normal, 𝑃 tem distribuição lognormal. Desta maneira, 𝑃

pode assumir qualquer valor acima de zero. Assim, quando se utiliza o MGB como

modelo de volatilidade para 𝑃, fica implícita a hipótese que a distribuição de

probabilidade de 𝑃 é lognormal. Das propriedades da distribuição lognormal, conforme

Hull [10] pode ser mostrado que para quando 𝑃𝑡 = 𝑃0, tem-se a esperança e a variância

de 𝑃𝑡expressa por

𝐸 𝑑𝑝 = 𝑃0𝑒𝛼𝑡

E variância

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𝑉𝑎𝑟 𝑃𝑡 = 𝑃02𝑒2𝛼𝑡 𝑒𝜎

2𝑡 − 1

Para o MGB, o crescimento da variância é exponencial com o aumento do intervalo

de tempo, e a trajetória de valores obtidos diverge rapidamente em relação ao ponto

inicial.

Em sua forma discreta, para possibilitar a simulação em longos intervalos de tempo

como no caso de simulação de fluxo de caixa com base anual, o MGB pode ser expresso

como

𝑙𝑛𝑃𝑡+1 = 𝑙𝑛𝑃𝑡 + 𝛼 − 0,5𝜎2 ∆𝑡 + 𝜎 ∆𝑡𝜀.

Assim, dado o valor de um preço inicial 𝑃𝑡 em um determinado ano t, o modelo para

simulação MGB calcula os valores futuros de preços através da expressão a seguir:

𝑃𝑡+1 = 𝑃𝑡𝑒[ 𝛼−0,5𝜎2 ∆𝑡+𝜎 ∆𝑡𝜀 ]

A escolha do MGB como modelo de simulação de preços futuros do petróleo deve-se

principalmente a sua simplicidade, pois métodos mais sofisticados são de complexa

aplicação, susceptíveis a erros de implementação e com difícil estimativa de parâmetros.

2.2.2 Método de Monte Carlo

A avaliação de projetos de investimento comumente envolve um conjunto de

técnicas que buscam estabelecer parâmetros para sua viabilidade. Em condições de

incerteza, uma alternativa usual para a obtenção do risco de um projeto pode ser

expresso através do Método de Monte Carlo (MMC). Este procedimento envolve a

utilização de números aleatórios nas simulações, o que facilita acentuadamente os

cálculos do risco.

Segundo Costa e Azevedo [11], trata-se de uma importante ferramenta de pesquisa e

planejamento quando incorporada a computadores cada vez mais sofisticados com

grande velocidade de cálculo, capacidade de armazenamento de dados e de tomada de

decisões lógicas.

Esta metodologia incorpora modelos de finanças, gerenciamento de projetos, energia,

industriais, engenharia, P&G, transporte e outros. Os resultados fornecidos são

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aproximações para distribuições de probabilidade dos parâmetros que serão estudados.

Em outras palavras, permite realizar diversas simulações onde, em cada uma delas,

serão gerados valores aleatórios para um conjunto de variáveis de entrada e parâmetros

do modelo sujeitos a incerteza. Tais valores aleatórios seguem distribuições de

probabilidade específicas.

O conjunto de resultados produzidos ao longo da simulação poderá ser analisado

estatisticamente e fornecer resultados em termos de probabilidade. O fato é que estas

informações são de grande importância na avaliação das dispersões do modelo causada

pelo efeito combinado das incertezas dos dados de entrada.

Logo, o método de Monte Carlo é técnica de amostragem artificial empregada para

operar numericamente sistemas complexos que possuam componentes aleatórias,

levando em conta risco em análises quantitativas e tomadas de decisões.

Em um projeto de produção de petróleo com fluxos de receitas e custos sob um

cenário de incerteza, o método de Monte Carlo mostra-se amplamente apropriado para o

tratamento dos riscos.

As simulações foram realizadas com auxilio do software @Risk, da empresa

Palisade Corporation, que funciona como macro em planilha Excel, permitindo

modelar distribuições randômicas de diversas variáveis, gerando amostras de valores

possíveis segundo definições de densidade de probabilidade que as caracterizam. Esta

abordagem será melhor tratada ao longo deste trabalho.

2.3 Métodos de Análise de Investimento Utilizados

2.3.1 Fluxo de Caixa Descontado

A determinação do valor de ativos para análise de investimentos é uma questão

chave em finanças. A abordagem tradicional para tratar esta questão é o método do

Fluxo de Caixa Descontado (FCD).

O fluxo de caixa de projetos de exploração e produção (E&P) é composto por valores

monetários de entradas e saídas de caixas, provenientes das receitas geradas pela venda

da produção de óleo e gás e despesas da atividade de exploração da jazida petrolífera.

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As despesas podem ser classificadas em investimentos de capital como “capital

Expenditures” (CAPEX) ou despesas operacionais caracterizando-se em “Operacional

Expenditures” (OPEX).

Neste contexto, usualmente o CAPEX compreende as despesas de capital

relacionadas aos investimentos nas atividades de exploração (mapeamentos geológicos

e sísmicos), avaliação (poços pioneiros, teste de produção, perfilagem) e

desenvolvimento (perfuração e completação de poços produtores e injetores,

equipamentos e plantas de processo, plataformas, etc). Já o OPEX compreende todas as

despesas de natureza operacional, variáveis ou fixas inerentes á fase de produção

(custos de aluguel de sondas, aluguel de embarcações, mão de obra, materiais e

insumos, manutenção de equipamentos, entre outros).

Como as despesas e receitas ocorrem ao longo do tempo de vida útil de um campo

em diferentes momentos e com diferentes magnitudes, os valores podem ser atualizados

para uma data arbitrária de referência com a finalidade de análise, através de

mecanismos de valoração do capital no tempo, como a taxa de desconto. O valor de um

projeto é então a diferença resultante entre os valores de fluxo de lucros esperados e o

fluxo de investimentos necessários a proporcionar as receitas, trazidos ao tempo

presente, o Valor Presente Líquido (VPL).

Sob condição livre de incerteza, isto é, em uma suposição de um caso em que todos

os parâmetros que compõe as receitas e despesas de um projeto sejam constantes e

conhecidos, pode-se estimar o fluxo de caixa líquido anualizado de um projeto segundo

a equação:

𝐹𝐶𝐿𝑖 = 𝑞𝑖x 𝑝𝑖 − 𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋𝑖 − 𝑂𝑃𝐸𝑋𝑖

onde:

𝑞𝑖 é a vazão da produção no ano i,

𝑝𝑖 é o preço do petróleo no ano i,

𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋𝑖 é o valor da soma dos investimentos no ano i,

𝑂𝑃𝐸𝑋𝑖 é o valor das despesas operacionais no ano i,

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Vale ressaltar que esta abordagem assim como realizado no trabalho, não leva em

consideração a fatia governamental de gastos que inclui as participações

governamentais como Royalties, Imposto de Renda de pessoa jurídica, PIS, dentre

outros [9].

Logo, o Valor Presente Líquido para um projeto com T anos de produção é expresso

por:

𝑉𝑃𝐿 = 𝐹𝐶𝐿𝑖

(1 + 𝑟)𝑖

𝑇

𝑖=0

− 𝐼0

Como neste trabalho são considerados cenários sob incerteza, os componentes de

custos e receitas foram tratados por distribuições de probabilidade gerando também

distribuições para o FCD e o VPL do projeto.

2.3.2 Teoria das Opções Reais

O cenário empresarial atual é altamente competitivo e incerto, onde cada vez mais, é

vital gerenciar empresas de uma maneira flexível e rever constantemente estratégias e

planos antes concebidos, sobretudo quando as quantias envolvidas são na ordem de

bilhões.

Entre os tipos de flexibilidade, pode-se destacar a opção de adiar o investimento, de

expandir ou contrair a escala de produção, de abandonar temporariamente o projeto ou

definitivamente.

As tomadas de decisões realizadas em qualquer momento do projeto influenciam o

futuro da empresa. Técnicas quantitativas de avaliação de projetos como valor presente

líquido ou fluxo de caixa descontado e nem sempre conduzem à melhor solução

estratégica, uma vez que estimam os fluxos de caixa futuros com base nas premissas do

início da vida útil do projeto. As decisões gerenciais são consideradas estáticas, e as

opções reais existentes no projeto não são quantificadas.

Sem o propósito de discutir a fundo as técnicas de quantificação do valor da opção,

pode-se afirmar que flexibilidade gerencial de abandonar um projeto em um dado

momento altera o perfil de risco porque introduzem uma assimetria ou inclinação na

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distribuição de probabilidade do VPL de um projeto, expandindo o valor real da

oportunidade de um investimento e limitando as potenciais perdas [9].

Para captar o valor da opção do abandono o VPL precisa ser remodelado para:

𝑉𝑃𝐿𝑒𝑥𝑝𝑎𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜 = 𝑉𝑃𝐿𝑡𝑟𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 + 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝑜𝑝çã𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑏𝑎𝑛𝑑𝑜𝑛𝑜

Embora o escopo deste trabalho não seja quantificar o valor da opção de abandono

do projeto nos cenários convencional e subsea to shore, captar o sentimento da

relevância que a flexibilidade gerencial pode trazer ao valor do projeto ao longo do

horizonte decisório e a diferença desta flexibilidade sobre projetos que apresentam

maior CAPEX e menor OPEX em relação a outro projeto que se mostra oposto, faz

parte das discussões apresentadas neste trabalho.

3 Metodologia de Pesquisa

A realização do trabalho se deu primeiramente mediante a modelagem de dois

sistemas de produção petrolífera através do software QUE$TOR, o sistema Subsea to

Shore e o sistema de produção convencional com Unidade Estacionária de Produção.

Como suportes à modelagem do campo e reservatório, além das características do

sistema de produção, foram utilizadas informações geológicas reais do campo modelo

de Voador, na Bacia de Campos, obtidos pelo banco de dados IHS EDIN. É importante

ratificar que os dados deste campo têm a finalidade de apenas caracterizar o campo de

interesse.

Dentre as informações utilizadas, incluem-se a densidade do óleo, pressão e

dimensões do reservatório, temperatura do reservatório e do campo, lâmina d’água,

distância ao terminal e à base de apoio, razão de gás óleo, profundidade do reservatório

e a reserva recuperável de óleo conhecida, bem como características e parâmetros

referentes à produção, tais como percentual de CO2 presente no gás, peso molecular do

gás no reservatório, taxa máxima de produção de óleo na fase plateau, número de poços

injetores e produtores, dentre outros.

Mediante a definição dos dois sistemas de produção, foram estimados o CAPEX e o

OPEX de todo o projeto, quase em sua totalidade fornecidos pelo QUE$TOR. Em

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37

seguida foi reconhecido discriminadamente cada componente destes custos de acordo

com sua natureza, a fim de se tratar adequadamente as incertezas associadas às estas

estimativas através de distribuições probabilísticas.

Por ser um fator crítico em cenários de incerteza de projetos de produção petrolífera,

a simulação da evolução dinâmica do preço futuro do petróleo foi tratada com a

utilização do processo estocástico de Movimento Browniano Geométrico (MGB). Para

tal, utilizou-se o registro histórico de preços do petróleo Brent referente ao período de

1991 á 2016.

Em cada modelo, o valor do projeto foi estimado pelo método do fluxo de caixa

descontado (FCD), que essencialmente desconta um fluxo de caixa líquido esperado

(valor das entradas e saídas do projeto) a uma taxa de desconto constante que considera

o risco destes eventos no tempo.

O próximo passo foi realizar a simulação para obtenção da distribuição probabilística

do Valor Presente Líquido (VPL) para 10.000 iterações realizadas no software @RISK,

segundo a aplicação do método de Monte Carlo, em seu caráter estatístico. A escolha

deste número de iterações é limitada ferramentalmente pelo número máximo permitido

pelo @RISK, uma vez que quanto maior o número de amostras, mais confiável é o

resultado.

O software @RISK da empresa Palidase Corporation foi instalado como macro da

planilha EXCEL e permite modelar distribuições randômicas de uma ou mais variáveis,

gerando amostras de valores segundo distribuições dede probabilidade. Esta abordagem

permite reconhecer as probabilidades associadas a valores do projeto, bem como o valor

esperado para este indicador de viabilidade econômica e o risco do VPL através

variância desta distribuição.

Por fim, foram considerados seis cenários de abandono da produção em anos

distintos mediante a abordagem somente do CAPEX, OPEX e descomissionamento dos

equipamentos em campo, cujo propósito é reconhecer a influência da flexibilidade

gerencial na distribuição de probabilidade do custo total, em cada modelo de produção.

Embora não seja o cenário ideal para avaliação do valor da opção da flexibilidade

gerencial no abandono do projeto com base na teoria das opções reais, ainda sim esta

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abordagem possibilita reconhecer os efeitos desta opção ao longo do tempo sobre

projetos de maior capital afundado e menores custos operacionais em relação a modelos

de menor investimento afundado e maiores custos operacionais.

4 Modelagem dos Cenários de Interesse

4.1 Modelagem do Campo

O campo modelo para análise deste trabalho é inspirado no campo de Voador, que se

encontra na Bacia de Campos, a noroeste do Campo de Marlim, a cerca de 160 km do

município de Macaé, no estado do Rio de Janeiro e possui dimensões aproximadas de

6,1 km de comprimento por 5,3 km de largura, sob lâmina d’água que varia entre 400 a

700 metros. Para as bases do projeto, foi considerada a lâmina d’água de 610 metros. A

temperatura média máxima ambiente de 28 °C e temperatura média do mar de 10 °C.

Estas informações foram obtidas através do banco de dados de poços georreferenciados

IHS-EDIN.

O terminal de escoamento da produção é o terminal de Cabiúnas, localizado no

município de Macaé a cerca de 160 km do campo de Voador. A base de apoio de

embarcações é a BAVIT, localizada na cidade de Vitória, no estado de Espírito Santo, a

cerca de 237 km do Campo de Voador. O dado do campo utilizado tem o simples

propósito de caracterizar o cenário de interesse e são somente inspirados no Campo de

Voador.

4.2 Modelagem do Reservatório

A composição química dos reservatórios petrolíferos varia expressivamente em

função da profundidade e localização (tipo de bacia) dos mesmos. Neste trabalho, o

reservatório considerado é de óleo com gás associado e teve suas características

estimadas pelo QUE$TOR com base no banco de dados IHS-EDIN em 4,05 km de

comprimento, 2,02 km de largura e 2.560 metros de profundidade. Da mesma forma, a

pressão no reservatório foi estimada em 273 bar com temperatura média de 68,4 °C.

A reserva recuperável estimada é de 82 milhões de barris de petróleo e cerca de 40

bilhões de pés cúbicos de gás. A razão gás óleo (RGO) é de 488 pés cúbicos por barril.

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A densidade do óleo do reservatório é de 20,5°API e o gás tem peso molecular de 30

g/mol com percentual de CO2 de 0,295%. A presença de H2S foi desconsiderada. Para

efeitos de projeto, a relação inicial entre a vazão de água e a vazão total de líquido

(watercut) medidos em uma condição padrão foi assumida como 10%.

A configuração de poços assumida é baseada em dados atuais do sistema de

produção deste campo, portanto segundo a Agência Nacional de petróleo, Gás natural e

Bicombustíveis (ANP), são admitidos sete poços produtores e três poços injetores de

água.

4.3 Perfil da Produção

O perfil da curva de produção estabelecido pelo QUE$TOR se baseia na reserva

recuperável de óleo presente no reservatório, na densidade do óleo, pressão média do

reservatório e no pico de produtividade anual para estimar o ciclo de vida produtiva do

reservatório, o tempo para o plateau e sua duração. Todavia, algumas alterações foram

feitas com o propósito de se obter um perfil de produção mais adequado as análises

realizadas neste trabalho, bem como definir o perfil com características mais próximas a

realidade encontrada no Campo de Voador.

A premissa assumida neste trabalho é que o perfil de produção modelado tem pico de

produção de óleo de 30,8 mil barris por dia, 17 anos de vida produtiva da reserva até o

esgotamento, previsão de cinco anos desde o inicio da produção até ser alcançado o

plateau, onde o campo apresenta máxima produtividade de 10,5 milhões de barris no

ano de 2024 com as instalações offshore operando em plena capacidade.

Os sistemas de produção, processamento e exportação dos produtos extraídos são

dimensionados pelo QUE$TOR segundo a taxa de escoamento de óleo definida como

33,9 mil barris de óleo por dia (110% do pico médio diário de produção), a taxa de gás

associado de 16,5 milhões de pés cúbicos por dia (baseado na razão gás óleo) e a taxa de

escoamento de líquido de 37,6 mil barris por litro (baseada em 110% da média de pico

diário de produção). Já a base para o dimensionamento do sistema de escoamento de

água depende da capacidade fluxo de injeção de água nos poços injetores (37,6 mil

barris diários, adotada como 100% da taxa de escoamento de líquido) e o sistema de gás

lift próprio do cenário convencional de produção é dimensionado com base na razão gás

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óleo de 488 pés cúbicos por barril. No Gráfico 4-1 pode ser vista a curva do perfil de

produção de óleo definida no QUE$TOR em milhões de barris por ano.

Gráfico 4-1: Perfil de produção de óleo em MM barris por ano.

4.4 Modelagem do Sistema Convencional com UEP

No sistema de exploração e produção convencional, a unidade estacionária de

produção é um Floating, Production, Storage and Offloading (FPSO), ou seja, um

sistema flutuante de produção, armazenamento e alívio baseado em um navio Panamax

convertido até 73.000 toneladas de dead weight. O sistema de ancoragem é do tipo

turrent interno com 8 linhas de ancoragem.

No arranjo submarino idealizado, a produção dos sete poços satélites produtores é

enviada para o manifold de produção. Os poços produtores encontram-se a 1 km do

manifold de produção, responsável por direcionar a produção total dos sete poços ao

topside do FPSO, localizado a 4,5 km deste.

No topside, a complexa planta de processo permite a separação do fluido e gás por

meio de três separadores trifásicos horizontais, dois aquecedores, dois desidratadores e

um resfriador para, ao fim do processo, o gás produzido e a água de formação sejam

separados do óleo. Duas bombas cujo diferencial de pressão individual é de 6,5 bar e

potência de 72,5 HP garantem a pressão necessária para o escoamento do óleo pelo

método de exportação offloading, onde uma embarcação de alívio recebe o escoamento

do óleo por linhas. É importante ratificar que a pressão e temperatura máximas de

entrada do fluido de produção no separador são de 32,3 ºC e 35 bar ao passo que ao fim

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Va

zão

Óle

o M

Mb

bl/

an

o

Anos de Produção

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41

do processo na saída do resfriador apresentam-se em 50°C e 4,5 bar, onde neste

momento o óleo possui densidade de 23,7°API. Um separador de teste também é

promovido.

Quanto ao processo de tratamento do gás segregado do fluido de produção, este entra

no resfriador com temperatura de 66°C e 35 bar de pressão, passa por um desidratador

para retirada de água e um condensador, saindo do processo com temperatura de 20,5ºC

e pressão de 29 bar. O gás produzido então é injetado nos poços através de um sistema

de Gás Lift como método de elevação artificial cujo propósito é facilitar o deslocamento

dos fluidos até a plataforma. O gás não utilizado passa por dois compressores

centrífugos que elevam sua pressão de 29 bar para 55,3 bar, necessária para o

escoamento à costa.

Já no processo de injeção de água, a água de formação segregada é misturada à água

do mar captada através de risers ligados à plataforma e necessita ser tratada para que

não haja incompatibilidade entre esta e a água de formação.

À medida que o poço perde sua capacidade de produção de óleo, a geração de água

aumenta gradativamente de modo que quanto maior o tempo de produção, mais água é

gerada. A injeção de água tem importante contribuição para manter a pressão no

reservatório adequada à manutenção da eficiência produtiva. A Figura 4-1 mostra o

layout da modelagem do sistema convencional no QUE$TOR subdividido em grupos de

topside com a planta de processo, FPSO com o casco, poços de perfuração, sistemas

submarinos e o pipeline de exportação de gás até a costa, como será melhor abordado no

tópico 5.

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42

Figura 4-1: Layout da modelagem do sistema convencional. (Fonte: Software IHS QUE$TOR).

4.4.1 Geometria das Instalações Submarinas

Nesta seção são apresentados os dados técnicos da arquitetura e operacionais das

instalações submarinas referentes às linhas de escoamento ou flowlines, risers,

umbilicais, manifold (de produção e injeção de água) e árvores de natal molhadas.

A produção é escoada desde as sete árvores de natal molhadas de produção por sete

linhas flexíveis de 4 polegadas de diâmetro com pressão máxima de entrada de 83,25

bar ao longo de um quilômetro até o manifold de distribuição e possui pressão máxima

de saída de 77,53 bar.

Do manifold, o escoamento da produção segue por uma linha flexível de 10

polegadas de diâmetro ao longo de 4,5 km com pressão máxima do fluido na saída do

sistema de risers e no tie-back de 66,51 bar.

Quanto ao sistema de injeção de água, após a combinação entre água de formação e a

água do mar captada e tratada, esta combinação escoa por um sistema de risers flexíveis

lazy S de 880 metros de comprimento até o flowline flexível de 10 polegadas de

diâmetro e comprimento de 4,5 km que destinará o escoamento ao manifold de injeção.

Do manifold, três flowlines flexíveis de 6 polegadas e 1 km cada injetarão a água nos

três poços satélites de injeção.

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Já o escoamento do gás após o processamento no topside se dá ao longo do flowline

de gás rígido composto por aço carbono de diâmetro 8 polegadas e cuja extensão total é

de 160 km. A pressão de chegada no terminal de Cabiúnas é de 15 bar.

Com o propósito de controle de válvulas de injeção de água e de produção no

manifold e ANM, parte do suprimento de energia, envio de sinais de monitoramento de

elementos físicos e suprimento de produtos químicos, o sistema de umbilicais estáticos

modelado é do tipo eletro-hidráulico de material termoplástico e liga o manifold (com

funções de produção e injeção) até as ANM ao longo de 1 km de extensão por 10

umbilicais (referentes a cada poço) compostos por 4 tubos químicos de 9,52 mm de

diâmetro, 4 cabos de sinal elétrico de 1,58 mm de diâmetro, 4 tubos de controle de 9,52

mm de diâmetro e 2 cabos de potência de 5 mm de diâmetros. A Figura 4-2 mostra o

layout mais detalhado do sistema submarino no cenário convencional diretamente do

QUE$TOR, onde podem ser vistos o manifold, os poços de produção em verde e

injeção em azul, além dos flowlines de injeção química (CI), de Gás Lift (GL), de

produção (PR), de teste (TS) e injeção de água (WI).

Figura 4-2: Layout do sistema submarino no cenário convencional. (Fonte: Software IHS QUE$TOR).

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4.5 Modelagem do Sistema Subsea to Shore

No conceito subsea to shore a produção é escoada diretamente para uma planta de

processamento montada na costa, através de um arranjo submarino instalado no leito

marinho, ao passo que todo o controle do processo é realizado diretamente de terra.

A eliminação da necessidade do uso de unidades estacionárias de produção (UEP) é

uma importante característica deste sistema, pois permite viabilizar a produção de

campos que antes não eram atrativos do ponto de vista econômico por já estarem

depletados. Por outro lado, embora se espere que os custos de capital afundado sejam

maiores neste sistema, é possível que os custos operacionais do campo sejam reduzidos

quando comparados ao sistema convencional, principalmente no que se refere a mão de

obra.

No sistema modelado, toda a produção de óleo e gás é exportada diretamente para a

costa, enquanto a água produzida é segregada no leito marinho e reinjetada no

reservatório através dos poços injetores. No arranjo submarino idealizado, a produção

dos sete poços satélites produtores é enviada para o manifold de produção (que também

possui função injetora de água). Os poços produtores encontram-se a um quilômetro do

manifold, também responsável por direcionar a produção total dos sete poços para o

separador submarino multifásico (SSAO) localizado a 4,5 km deste.

Neste separador será realizada a separação primária e a água produzida será

reinjetada no reservatório devido ao seu baixo valor econômico. Neste ponto, foi

assumida a premissa da eficiência de 100% na separação da água, embora este nível

ainda não seja alcançado sequer pelos equipamentos mais modernos.

Como mencionado anteriormente, a reinjeção terá um papel importante na

manutenção da pressão estática do reservatório e irá otimizar o escoamento do óleo e do

gás até a costa devido a manutenção da pressão no reservatório. Vale ressaltar neste

ponto, que o sistema Subsea Raw Water Injection (SRWI) utilizado não possibilita

somente a reinjeção de água nos poços injetores através de bombas, como também

permite a captação de água do mar a cerca de 100 metros do leito marinho para ser

minimamente tratada no próprio sistema e reinjetada juntamente com a água de

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formação, reduzindo a possibilidade de incompatibilidade entres as águas, idealização

assumida de acordo com a utilização deste equipamento no campo de Barracuda.

A produção de óleo e de gás, após o separador, escoará para a costa através de dois

pipelines bifásicos de aço carbono cada qual com 160 quilômetros de extensão até o

terminal idealizado, inspirado na mesma distância do Campo de Voador ao terminal de

Cabiúnas.

Distante 5 km do separador, foi instalada uma bomba multifásica hélico axial em

cada pipeline de escoamento bifásico, sendo responsáveis pelo rebombeio da produção

(boosting) e a manutenção adequada da pressão nas linhas até a planta de tratamento em

terra.

A adoção de somente uma bomba em cada pipeline nesta posição se deve a queda de

pressão acentuada nos dutos rígidos devido à declividade do leito marinho de 140

metros no trecho de 5 km em relação a 470 metros no restante do trajeto de 155 km. As

bombas de 802 HP de potência são suficientes para entregar o produto ao terminal á

pressão desejada de 15 bar. A Figura 4-3 mostra o layout do sistema subsea to shore

modelado no QUE$TOR indicando os dois pipelines bifásicos de escoamento (2Ph), o

cabo de potência (Pwr), o pipeline de metanol (MeOH) e os demais componentes

submarinos.

Figura 4-3: Layout da modelagem do sistema subsea t o shore. (Fonte: Software IHS QUE$TOR).

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4.5.1 Geometria das Instalações Submarinas

Nesta seção são apresentadas informações do arranjo das instalações submarinas e

aspectos físicos referentes às linhas de escoamento, sistemas de umbilicais, manifold,

bombas submarinas, separador submarino e o sistema captação e reinjeção de água.

Primeiramente, a produção é escoada desde as sete ANM de produção por sete linhas

flexíveis de 4 polegadas de diâmetro com pressão máxima de entrada de 68,69 bar ao

longo de 1km até o manifold de distribuição e possui pressão máxima de saída de 62,24

bar.

Do manifold, o escoamento segue por uma linha flexível de 12 polegadas de

diâmetro ao longo de 4,5 km com pressão máxima do fluido na saída da linha ou

entrada no separador submarino de 57,1 bar. Do separador o escoamento segue para a

costa através de dois dutos bifásicos rígidos de aço carbono com 16 polegadas de

diâmetro ao longo de seus 160 km de extensão total cada.

Quanto ao sistema de injeção de água, após a segregação no separador submarino

(SSAO) a água de formação segue por uma linha flexível de 3 polegadas de diâmetro ao

longo de 700 metros até o sistema SRWI que capta a água do mar a cerca de 100m do

leito marinho e a rebombeia juntamente com a água de formação por uma linha de 10

polegadas de diâmetro ao longo de 3,8 km até o manifold de injeção. A água misturada

então segue por três linhas flexíveis de 1 km com 6 polegadas de diâmetro cada, até as

ANM de injeção.

O sistema de umbilicais estáticos modelados são compostos basicamente por dois

tipos, o primeiro liga o manifold até as dez ANM ao longo de 1 km por 10 umbilicais

(referentes a cada poço) de material termo-plástico compostos por 4 tubos químicos de

9,52 mm de diâmetro, 4 cabos de sinal elétrico de 1,58 mm de diâmetro e dois cabos de

potência de mesmas dimensões. O segundo sistema é constituído por 160 km de

umbilical do tipo multiplexado que consiste em um cabo de maior diâmetro composto

por cabos quatro cabos de sinal elétrico de 1,58 mm e um tubo hidráulico para controle

das válvulas na ANM, que manda o impulso elétrico com a informação de atuação em

determinada válvula. Então o fluxo é desviado para mangueiras menores a partir de um

controle eletrônico.

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É importante ratificar que a utilização de umbilicais eletro-hidráulico direto com

tubos químicos adotados no sistema convencional torna-se inviável, pois devido à

enorme distância dos poços a costa a pressão requerida para atender tanto a demanda de

químicos em todos os poços, quanto o fornecimento adequado de fluido hidráulico para

controle de válvulas nas ANM e manifold certamente seria maior que a suportada pelos

umbilicais, além da lentidão da resposta Como solução alternativa utilizou-se uma linha

de escoamento de metanol (inibidor) do terminal até o manifold de distribuição,

composta por aço carbono com 6 polegadas de diâmetro. Do manifold, partem os

umbilicais com tubos químicos para tal fornecimento. A Figura 4-4 mostra o layout

mais detalhado do sistema submarino no cenário subsea to shore diretamente do

QUE$TOR, onde podem ser vistos o manifold, os poços de produção em verde e

injeção em azul, além dos flowlines de produção (PR), de injeção química (CI), injeção

de água (WI) e separador de óleo água (SSAO). Os demais equipamentos submarinos

como bombas multifásicas e de água (SRWI) não estão representados nesta figura.

Figura 4-4: Layout do sistema submarino no subsea to shore. (Fonte: Software IHS QUE$TOR).

4.6 Modelagem da Perfuração

A modelagem do sistema de perfuração como utilização de equipamentos, taxa de

perfuração, utilização de embarcações para operações de perfuração e instalação de

equipamentos é similar em ambos os sistemas de produção, uma vez que as

características geológicas do reservatório e do campo, número e natureza dos poços e

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perfil de produção são preservados como os mesmos nos dois modelos, contribuindo

favoravelmente para os fins de estudo que este relatório propõe. Todavia, o sistema

subsea to shore adicionalmente possui dez bombas centrífugas submersas (BCSS) nos

poços de produção e injeção.

A perfuração dos 10 poços é realizada por navio drillship adequado á lâminas

d’águas máximas de 900 metros e todos os poços são direcionais do tipo build and hold.

A completação molhada é do tipo cased hole, onde o tubo (tubing) se estende na pay

zone.

A profundidade média do intervalo canhoneado encontra-se a 2.560 metros em

relação ao nível do mar com o kick-off de 300 metros (distância abaixo do nível do mar

onde a coluna desvia da vertical) compondo a extensão total da coluna de perfuração de

2.710 metros para os sete poços em cinco de produção e dois de injeção e 3.110 metros

para os demais.

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5 Descrição dos Componentes e Custos

Neste capítulo serão tratadas e descritas simplificadamente as bases para estimativas

dos diversos custos fornecidos pelo software IHS QUE$TOR, ferramenta utilizada para

modelagem e estimativa do OPEX, CAPEX, custos de descomissionamento e

cronograma de atividades desde a fase de desenvolvimento, passando pela produção até

o posterior descomissionamento dos equipamentos.

O software IHS QUE$TOR permite produzir estimativas de custos de capital e

operacional de campos de desenvolvimento de petróleo e gás com o objetivo de auxiliar

o investidor ou analista na avaliação e subseqüente decisão gerencial nesta indústria. O

QUE$TOR utiliza uma abordagem sistemática para gerar bases técnicas de

desenvolvimento de campo, custos de capital e operacionais e cronogramas de projeto a

partir de dados básicos do campo fundamentado em 17 bases de dados offshore ao redor

do mundo.

No que se refere às bases de estimativas de custos realizadas neste projeto, é

importante destacar três pontos.

Em primeiro lugar, os investidores ou analistas utilizam os dados de saída do IHS

QUE$TOR e aplicam informações de conhecimento de mercado próprio e por vezes

restrito da empresa para estimar com maior confiança e realismo as variáveis de custos

que envolvem o projeto, tal como impostos referentes a compra e importação de

equipamentos. Portanto, a avaliação econômica realizada neste trabalho não contabiliza

estes tipos de informações.

Em segundo, os custos estimados pelo programa para este projeto, tomam como base

o banco de dados atualizado para o terceiro trimestre de 2015.

Em terceiro, todos os custos de equipamentos, materiais, instalação, fabricação,

certificação, seguro, frete, contingência, gerenciamento de projeto e custos operacionais

como afretamento de embarcações de apoio a plataforma foram estimados com base no

banco de dados referente à América Latina, em dólar.

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5.1 Descrição e Apresentação dos Custos

O CAPEX é uma sigla que significa Capital Expenditure e corresponde à despesa de

capital ou investimento em bens de capital. O CAPEX corresponde ao montante de

capital ocorrido quando uma empresa investe na aquisição, melhoramento ou

desenvolvimento de bens de capital em um determinado projeto. Assim o CAPEX se

configura como o montante de investimento destinado a aquisição de equipamentos,

materiais e instalações para garantir a produção. O CAPEX, além do investimento

inicial, pode ser também o capital destinado para o desenvolvimento ou melhoramento

de um sistema de produção.

O OPEX significa Operational Expenditure e correspondendo as despesas

operacionais. O OPEX designa o montante de dinheiro utilizado para manter em

operação os bens de capital (equipamentos e instalações) de uma determinada empresa.

O OPEX equivale ao custo dispendido continuamente para manter a produção de um

produto ou serviço ou para manter em funcionamento um negócio ou um determinado

sistema.

O descomissionamento tratado como um elemento à parte ao OPEX e CAPEX,

correspondendo ao processo realizado após a conclusão da vida útil das instalações de

exploração e produção ou final da vida produtiva de um campo petrolífero. Refere-se ao

desmantelamento e remoção dos equipamentos, mesmo que parcialmente e contempla

um trabalho necessariamente multidisciplinar, em função de envolver um projeto entre

diversas áreas da engenharia (ambiental, financeira e segurança do trabalho), política e

bem-estar social

Nas seções seguintes serão detalhados os custos para aquisição dos componentes

essenciais e os custos operacionais atrelados à produção em cada cenário. Na parte do

CAPEX será incluída a perfuração e a completação dos poços e a concepção e

implantação dos sistemas de produção. No OPEX serão considerados os custos para

manutenção da produção ao longo da vida produtiva do campo. Por último, o

descomissionamento será composto pelo custo de remoção dos equipamentos orçados

na perfuração e no sistema submarino após a conclusão da produção.

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51

5.1.1 Cenário Convencional com UEP

O CAPEX e OPEX no projeto do sistema convencional compreendem a fase de

desenvolvimento e produção do campo. As atividades de perfuração e completação dos

poços se iniciam em 2016 e se findam em 2019, ao passo que a instalação do pipeline

de exportação de gás, dos sistemas submarinos no leito marinho, do FPSO e seu topside

compreendem o mesmo período, de modo geral.

A produção tem início em 2019 com previsão para 17 anos de vida produtiva do

campo. Já o descomissionamento foi considerado para ser iniciado 12 meses após a

produção com duração de 18 meses até 2037.

Na Tabela 5-1 é apresentado o fluxo de custos determinísticos estimados diretamente

pelo QUE$TOR, dado em milhões de dólares, relacionado às fases de desenvolvimento,

produção e descomissionamento do campo no cenário convencional. Adicionalmente é

possível ver as taxas anuais de produção de óleo em milhões de barris e de gás em

bilhões de pés cúbicos. Vale destacar que o OPEX foi dividido em custos operacionais

de mão de obra, industriais e offshore, como será melhor tratado no próxima seção.

O calendário de operações do CAPEX é descrito detalhadamente no ANEXO A e foi

inteiramente admitido de acordo com o proposto no QUE$TOR, já os custos

operacionais durarão enquanto durar a produção.

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52

Tabela 5-1: Fluxo de custos extraídos do QUESTOR no sistema convencional

Ano

CAPEX (MM US$) OPEX (MM US$) Descomis

sionament

o (MM

US$)

Produção

Perfuração

/Completa

ção

Custos de Instalação Óleo

MMbb

l/ano

Gás

Bscf/a

no Sistemas

Submarinos Pipelines Topside FPSO

Mão

de

Obra

Industriais Offshore

TOTAL 230,28 414,95 109,53 215,87 212,30 259,93 741,75 565,54 363,46 82,00 32,06

2016 2,87 2,84

2017 10,58 79,35 4,35 36,34 11,87

2018 78,10 261,07 62,67 64,35 156,15

2019 138,73 71,69 42,51 115,18 44,28 8,10 18,68 13,13 0,90 0,31

2020 16,25 39,43 26,22 3,05 1,13

2021 16,25 39,80 26,47 5,21 2,04

2022 16,25 51,56 44,56 7,37 2,95

2023 16,25 52,06 44,99 9,52 3,86

2024 16,25 54,62 26,65 10,38 4,22

2025 16,25 54,22 26,45 9,11 3,68

2026 16,25 53,54 50,29 7,53 3,02

2027 16,25 53,38 50,14 6,22 2,47

2028 16,25 42,20 26,05 5,15 2,01

2029 16,25 43,81 27,05 4,25 1,64

2030 16,25 48,27 46,39 3,52 1,32

2031 16,25 53,01 50,94 2,91 1,07

2032 16,25 41,95 40,32 2,40 0,86

2033 16,25 38,24 26,36 1,99 0,68

2034 16,25 38,20 26,33 1,64 0,53

2035 8,15 18,79 13,21 0,85 0,27

2036 121,09

2037 242,19

5.1.1.1 CAPEX

Nesta seção serão descritos os custos de capital aplicados no topside que compreende

toda a planta de processo com os módulos de produção, FPSO referente ao casco do

navio utilizado, o pipeline de exportação de gás até a costa, os poços de perfuração com

ANM e os demais sistemas submarinos como manifod e flowlines de escoamento. Os

custos diários de afretamento e quantidade de dias de utilização de embarcações de

apoio para instalação de equipamentos e componentes ou suprimento de consumíveis à

plataforma em todos os componentes de custos são fundamentados na base de dados do

QUE$TOR.

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53

O CAPEX do sistema convencional com FPSO foi estimado em US$ 1,182 bilhões e

subdividido segundo a Tabela 5-2.

Tabela 5-2:Descrição do CAPEX so sistema Convencional.

Custos Centrais Totais (US$)

Topside 215.870.000

FPSO 212.304.000

Pipeline de Exportação de Gás 109.531.000

Poços de Perfuração 230.278.000

Sistemas Submarinos 414.955.000

CAPEX TOTAL 1.182.938.000

5.1.1.1.1 Poços de Perfuração

As estimativas dos custos de perfuração incluem o aluguel da sonda, a tripulação

relacionada às operações de perfuração, os equipamentos utilizados nos poços, a

utilização de consumíveis ao longo do processo, os custos dos materiais para fabricação

dos equipamentos e ferramentas. Esta parte da análise de custos, além da perfuração,

inclui também a operação de completação dos poços e foi estimado pelo software IHS

QUE$TOR é de US$ 230,278 milhões.

O custo de materiais é tomado por unidade em metros referentes ao comprimento de

cada tamanho de revestimento ou tubulação (tubing) descidos no poço baseados na

profundidade dos poços individuais e os itens necessários para a perfuração e

completação. O custo das brocas considera a descida de uma broca nova a cada corrida.

Já os custos de cimento, salmoura e lama são baseados na profundidade da broca, como

indicado na Tabela 5-3.

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54

Tabela 5-3:Custo de materiais de perfuração de poços.

MATERIAIS Produzido em: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

20 in revestimento 1.000 m 210 210.000

13 3/8 in revestimento 6.620 m 142 940.000

9 5/8 in revestimento 17.640 m 91 1.605.000

7 in liner 5.010 m 59 296.000

5 in tubing (tubo de produção) 22.050 m 40 882.000

Cimento 22.050 m 57 1.257.000

Lama de Perfuração 22.050 m 104 2.293.000

Salmoura 22.050 m 53 1.169.000

Broca 22.050 m 184 4.057.000

Template de Perfuração 110 te 8.200 902.000

Sub Total 13.611.000

Frete 3,00% 13.611.000 408.000

Total Materiais US$ 14.019.000

Na parte da instalação foram considerados os consumíveis necessários ao

funcionamento da plataforma e as operações, como diesel, água e alimentos. Os

serviços de transporte com helicóptero cobrem o custo de transportar a tripulação a cada

troca de equipe entre a base e a locação. Vale destacar que poços foram revestidos ao

longo de toda a sua extensão durante a perfuração e para a operação de cimentação de

cada poço foi considerada a contratação de especialistas nesta atividade. Os custos de

instalação de equipamentos para a perfuração e completação dos poços é dimensionada

pelo custo diário de utilização de equipamentos e embarcações especializadas.

Para a atividade de perfuração e completação dos poços foi considerado o aluguel de

um navio sonda drillship durante 444 dias onde estão contempladas eventuais paradas

(downtime) devido a problemas operacionais previsíveis ou não, condições de mar e de

tempo, além dos dias necessários para mobilização e desmobilização.

Os custos das embarcações de apoio referente a atividade de perfuração e

completação dos poços incluem o transporte dos materiais e equipamentos de

perfuração e os consumíveis por quatro Plattform Supply Vessels (PSVs) da base de

apoio ao campo e utilização de Anchor Handling Tug Spreads (AHTS) durante 444 dias

totais. Os custos da base de apoio incluem o aluguel de uma base em terra para estocar

os equipamentos e materiais. Além disso, inclui um escritório para o trabalho de

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55

engenharia e design das operações, recursos humanos, setor de compras, contabilidade e

administração. O número de tripulantes é típico para a região da América do Sul.

Tabela 5-4: Custo de instalação de perfuração de poços.

INSTALAÇÃO Localização: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO

(US$) Taxa de aluguel de Sonda 444 dias 183.000 81.252.000

Equipe de Perfuração 444 dias 26.300 11.677.000

Tripulação de Embarcação 444 dias 6.000 2.664.000

Consumíveis 444 dias 18.100 8.036.000

Serviços de Helicóptero 444 dias 4.700 2.087.000

Embarcações de Apoio 444 dias 107.000 47.508.000

Base de Apoio 444 dias 5.600 2.486.000

Movimentação da Sonda em Campo 4 dias 301.800 1.207.000

Mob / Demob da Sonda 7 dias 275.500 1.929.000

Especialista em Serviço de Cimentação 10 230.000 2.300.000

Total Instalação US$ 161.146.000

Os custos de equipamentos relacionados à perfuração são determinados pelo custo da

unidade e são estabelecidos com base em sua estratégia de aquisição e do material de

construção. É importante ratificar que, assim como em todos os custos de equipamentos

considerados em ambos os sistemas convencional e subsea to shore, são cobertos os

custos do fornecedor para fabricação e aquisição de subcomponentes.

A cabeça de poço abaixo da ANM inclui o custo do suspensor de revestimento

(casing hanger), suspensor de tubo (tubing hanger) e selos de vedação.

Tabela 5-5: Custo de equipamentos de perfuração de poços.

EQUIPAMENTO Produzido em: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO

(US$) Poços Produtores - Cabeça de Poço 7 625.900 4.381.000

Poços Produtores - Completação 7 31.000 217.000

Poços Injetores - Cabeça de Poço 3 844.100 2.532.000

Poços Injetores - Completação 3 31.000 93.000

Sub Total 7.223.000

Frete 4,00% 7.223.000 289.000

Total Equipamento US$ 7.512.000

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56

. Os custos gerais referentes ao gerenciamento e execução do projeto em homem-

hora necessário para realização da perfuração consideram estudos especiais, projeto

detalhado, serviços de inspeção e controle de projeto, gerenciamento e monitoramento

todas as fases de desenvolvimento contabilizando os salários e instalações de

escritórios. Ainda neste grupo, são relevantes o seguro e contingência como 4% e 20%

do custo total dos componentes de perfuração, respectivamente.

Tabela 5-6: Custos com design e gerenciamento de projetos

DESIGN & GERENCIAMENTO DE

PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Design 6.700 mhr 133 891.000

Gerenciamento de Projeto 5.100 mhr 186 949.000

Total Design e G&P US$ 1.840.000

SEGURO S. America

QUANTITY UNIT RATE COST

Seguro 4,00% 7.381.000

Total Seguro US$ 7.381.000

CONTINGENCIA S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Contingência 20,00% 38.380.000

Total Contingência US$ 38.380.000

5.1.1.1.2 Sistemas Submarinos

Serão abordados os custos referentes ao sistema submarino de produção, injeção de

água, separação e exportação dos produtos. Os custos do cenário convencional são

detalhados considerando os equipamentos e os materiais necessários, a instalação do

sistema submarino na locação, o design e o gerenciamento do projeto, seguros

necessários e custos de contingência para eventuais gastos não previstos no início do

projeto. O custo total estimado pelo software QUE$TOR é de US$ 414,955 milhões.

Os custos de equipamentos do sistema submarino incluem os custos de manifold

(com função de produção e injeção), ANMs, linhas se escoamento da produção,

umbilicais, além das unidades de controle principal na plataforma e módulos adicionais

de controle em cada poço.

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57

No manifold são considerados os custos da estrutura principal tubular de aço

residente incluindo equipamentos de aterramento e nivelamento do solo, proteção de

superfície, anodos e estacas para segura instalação no solo marinho. Adicionalmente

considerou-se os custos das válvulas necessárias para controle da produção, injeção e

teste, a tubulação do manifold dimensionada de acordo com as características do fluxo

esperado, além dos custos de todos os conectores ou pull in necessários. Todos estes

custos são tomados pelo peso em toneladas dos componentes.

Os custos das árvores de natal molhadas de produção e injeção são baseados nas

vazões e pressão de projeto e incluem principalmente os custos de suas estruturas

principais, equipamentos de controle submarino com pod de controle, equipamentos de

teste requeridos para cada poço, as válvulas de segurança de subsuperfície, válvulas

master inferior e superior, válvula choke, válvula wing e uma capa de proteção da

árvore (tree cap) por ser um poço submarino.

Tabela 5-7:Custo dos equipamentos sistema submarino

EQUIPMENTOS Produzido em: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

ANM Produção 7 57.694.000

ANM Injeção 3 23.559.000

Manifold 15.079.000

Controle Principal da Plataforma 1 630.000 630.000

Controle Adicional da Plataforma

(Poço) 10 83.500 835.000

Sub Total 97.797.000

Frete 4,00% 3.912.000

Total Equipmento US$ 101.709.000

Os custos de materiais são baseados no custo do comprimento das linhas de

escoamento satélite associados aos custos dos flowlines de produção e injeção, de

serviço de teste, de injeção química adicionais, umbilicais, além dos custos de todos os

conectores necessários em cada flowline, jumper ou umbilical ligado a ANM, além dos

custos por tonelada do pipe line and termination (PLET) associados a cada flowline de

injeção química e umbilical termination assembly (UTA) para cada umbilical.

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Os custos do sistema de risers flexíveis contabilizam os risers de produção, injeção

de água, injeção química e serviço de testes, além de válvulas de fechamento do sistema

presentes nos risers de produção e teste, baseados no mesmo princípio.

Tabela 5-8: Custo dos mateiais sistema submarino

MATERIAIS Produzido em : S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Flowlines de Serviço,Produção, Gás

Lift e Injeção Química 7 40.061.000

Flowlines adicionais 1 43.044.000

Flowlines de Injeção de Água e

Química 3 12.189.000

Riser 16.598.000

Sistema de Risers (Bóia) 2 460.000 920.000

Sub Total 112.812.000

Frete 3,00% 3.384.000

Total Equipamento US$ 116.196.000

Os custos de instalação dos sistemas submarinos são baseados principalmente no

custo diário de utilização das embarcações especializadas como Dive Support Vessels

(DSV) para mergulho, Pipe Laying Support Vessel (PLSV) para instalação de linhas,

além de 25 dias de utilização de PSVs. Estes dados de utilização diária de embarcações

diversas foram estimados diretamente da base de dados do QUE$TOR.

Tabela 5-9: custo instalação sistema submarino

INSTALAÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Pipelay spread ( reel-lay) 82 dias 199.500 16.359.000

Diving support vessel tie ins 287 dias 264.000 75.768.000

Diving support vessel Teste e

Comissionamento 9 dias 264.000 2.376.000

Equipamentos para Teste e

Comissionamento 21 dias 37.500 788.000

Survey vessel 15 dias 108.000 1.620.000

Supply vessel (PSV) 25 dias 64.000 1.600.000

Total Instalação US$ 98.511.000

Os custos referentes ao gerenciamento e execução do projeto em homem-hora

abrangendo o tempo necessário desde o projeto detalhado até a instalação submarina

(inclui estudos especiais, projeto detalhado, serviços de inspeção e controle de projeto,

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gerenciamento e monitoramento todas as fases de desenvolvimento contabilizando os

salários, instalações de escritórios, dentre outros), seguro e contingência como 4% e

20% do custo total dos componentes de perfuração, respectivamente.

Tabela 5-10: Custos de design e gerenciamnto de projetos sistema submarino

DESIGN & GERENCIAMENTO DE

PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Design 82.300 mhr 133 10.946.000

Gerenciamento de Projeto 27.600 mhr 186 5.134.000

Total Design e G&P US$ 16.080.000

SEGURO S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Seguro 4,00% 13.300.000

Total Seguro US$ 13.300.000

CONTINGENCIA S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Contingência 20,00% 69.159.000

Total Contingência US$ 69.159.000

5.1.1.1.3 Pipeline de exportação de Gás

O custo do pipeline de escoamento de gás para a costa é baseado no custo por

comprimento do duto rígido de aço carbono, sob influência do diâmetro, sofisticação

material e espessura, ainda considerando o custo adicional de três camadas de

revestimento de polipropileno. Adicionalmente são contabilizados os custos do sistema

de riser e bóia na ligação ao topside da plataforma e toda a estrutura referente ao PLET

na terminação do pipeline de gás. O custo total estimado pelo software QUE$TOR é de

US$ 109,531 milhões.

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Tabela 5-11: custo de materiais pipeline de gás

MATERIAIS Produzido de: América do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Linepipe (D = 8 in, t = 9,68 mm, Aço

Carbono) 160,00 km 101.149 16.184.000

Revestimento 160,00 km 28.000 4.480.000

Isolamento

Sub Total 20.664.000

Anodos 110 te 8.200 902.000

Terminação da Exportação ( lazy S

Flexível)

Riser linepipe (D = 8 in) 880 m 2.150 1.892.000

Arco do riser e sistema de boias 1 250.000 250.000

Spools, flanges & fittings 1 65.000 65.000

Terminação da Recepção (Shelving

beach)

PLETs 1 1.102.000

Sub Total 24.875.000

Frete 3,00% 746.000

Total Materiais US$ 25.621.000

Da mesma forma que as instalações dos flowlines, os custos relacionados à instalação

do pipeline de exportação e gás são concebidos segundo os custos diários de utilização

das embarcações de especializadas como PLSVs com lançamento S-Lay e DSVs.

Tabela 5-12: custo de instalçao sistema submarino

INSTALAÇÃO Localização: América do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

S-lay sem DP 109 dias 299.500 32.646.000

Diving support vessel (DSV) 61 dias 165.500 10.096.000

Equipamentos de teste e

Comissionamento 26 dias 37.500 975.000

Trench vessel 12 dias 135.000 1.620.000

Survey vessel 44 dias 108.000 4.752.000

Shore approach 4.050.000

Total Instalação US$ 54.139.000

Os custos referentes ao gerenciamento e execução do projeto em homem-hora para

concepção dos cabos (inclui estudos especiais, projeto detalhado, serviços de inspeção e

controle de projeto, gerenciamento e monitoramento todas as fases de desenvolvimento

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contabilizando os salários, instalações de escritórios, dentre outros), seguro e

contingência como 4% e 15% do custo total considerado no pipeline.

Tabela 5-13: Custos de design e gerenciamnto de projetospipeline de gás

DESIGN & GERENCIAMENTO DE

PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Design 30.000 mhr 133 3.990.000

Gerenciamento de Projeto 42.100 mhr 186 7.831.000

Total Design e G&P US$ 11.821.000

SEGURO S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Seguro 4,00% 3.663.000

Total Seguro US$ 3.663.000

CONTINGENCIA S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Contingência 15,00% 14.287.000

Total Contingência US$ 14.287.000

5.1.1.1.4 FPSO

Os custos relacionados ao FPSO contabilizam os custos de compra do próprio navio,

sistema de amarração, quartos para a tripulação marítima, instalação de equipamentos e

gerenciamento de projetos e foram estimados pelo software QUE$TOR em US$

212,304 milhões.

Os custos da conversão incluem a compra de um petroleiro Panamax existente entre

50.000 e 73.000 toneladas de dead weight e a modernização que possibilitam o

recebimento das instalações de produção, cujos custos serão tratados no próximo tópico.

O preço de compra do navio baseia-se no preço de um novo petroleiro que está

disponível para revenda e entrega imediata.

O custo de modificação do FPSO inclui o reforço estrutural da embarcação devido à

carga exercida no convés mediante a instalação da planta de processo, a adição de um

sistema de amarração de turret interno e um elevador de convés.

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Os custos de equipamentos contabilizam, além do próprio navio, o custo por unidade

de swivels, as âncoras de arraste (drag embedded anchor) cujo custo é estimado por

tonelada de material, os guinchos de amarração montados no turret interno durante a

fase de construção no estaleiro e sistema de manipulação. Adicionalmente são contabilizados

os custos dos fornecedores para cobrir a fabricação dos equipamentos e aquisição de

subcomponentes.

Tabela 5-14: custo de equipamentos FPSO

EQUIPAMENTO Procured from: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Compra do Navio 50.000.000

swivels 6 polegadas 5 5.400.000 27.000.000

Âncora de Arrasto 112 te 8.600 963.000

Total Equipamento US$ 77.963.000

Os custos de materiais são estimados pelo custo da tonelada dependendo do nível de

sofisticação deste. Envolvem todos os custos de materiais requeridos para conversão do

navio, no sistema de turret interno e no sistema de amarração, tais como as correntes

para as 8 linhas de amarração, materiais requeridos para reforço estrutural e o sistema

offloading (com carretel de mangueira de 20 polegadas). Os itens estão descriminados

na tabela.

Tabela 5-15: Custo de materiais FPSO

MATERIAIS Produzido de: S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO

(US$) Reforçadores 630 te 1.540 970.000

Marinhos / offloading 200 te 24.000 4.800.000

Upgrade Geral 100 te 10.100 1.010.000

Corrente (5,5 in) 6.380 m 1.240 7.911.000

Linhas de Amarração (5,5 in) 6.228 m 520 3.239.000

Terminação de Amarração 16 27.000 432.000

Frame / mooring arm 400 te 2.850 1.140.000

Turret / riser 700 te 3.700 2.590.000

Elevador de Convés 965 te 1.180 1.139.000

Sistema Offloading (hose D = 12 in) 249 te 14.800 3.685.000

Sub Total 26.916.000

Frete 6,00% 1.615.000

Total Materiais US$ 28.531.000

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Os custos de fabricação incluem todas as atividades de fabricação, desde a recepção

e armazenamento de materiais, fabricação, montagem, teste, pré-comissionamento e

pesagem. Estes custos são estimados a partir da tonelagem de material, do número de

homem-hora necessários para fabricação de cada tonelada (baseado em normas de

fabricação e estudos técnicos de estaleiros na América Latina) e o custo por homem-

hora, como pode ser visto na tabela.

Tabela 5-16: custo de fabricação FPSO

FABRICAÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Reforçadores do Casco 630 te 7.240 4.561.000

Mariítmos / offloading 200 te 9.120 1.824.000

Upgrade Geral 100 te 8.180 818.000

Turret 1.100 te 9.160 10.076.000

Elevated deck 965 te 9.680 9.341.000

Total Fabricação US$ 26.620.000

Os custos de instalação incluem o reboque do petroleiro do pátio de fabricação do

estaleiro ao local de instalação do topside, os custos de sua instalação, custos das

embarcações para instalação de âncoras e amarração. Na mobilização e desmobilização

o custo unitário incorpora a contratação de embarcações, mão-de-obra, combustível,

consumíveis, tempo de inatividade e suporte onshore. A estimativa de dias para cada

operação é fundamentada na base de dados do QUE$TOR.

Tabela 5-17: custo de instalação FPSO

INSTALAÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Transporte do Estaleiro de

Fabricação (incluindo mob /demob) 88 dias 139.000 12.232.000

Mob / Demob e tow out 10 dias 252.000 2.520.000

Instalação 10 dias 252.000 2.520.000

Total Instalação US$ 17.272.000

São também considerados os custos para testes de mar e comissionamento dos

sistemas marítimos no navio baseado no custo unitário composto pela mão-de-obra,

combustível e demais consumíveis.

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64

Tabela 5-18: Custo de HOOK-UP FPSO

HOOK-UP &

COMISSIONAMENTO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Teste de Mar e Comissionamento

Marinho 15 dias 213.000 3.195.000

Total Hook-up &

Comissionamento US$ 3.195.000

Os custos gerais são referentes a gerenciamento e execução do projeto em homem-

hora, seguro (como porcentagem do custo total para cobrir o projeto até o primeiro óleo)

e contingência (como percentagem dos custos totais do petroleiro incluindo certificação

para a avaliação do projeto, equipamento, materiais e construção do petroleiro por uma

autoridade certificadora).

Tabela 5-19: Custo de design e gerenciamento de projeto FPSO

DESIGN & GERENCIAMENTO

DE PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Design 50.000 mhr 133 6.650.000

Gerenciamento de Projeto 27.500 mhr 186 5.115.000

Total Design e G&P US$ 11.765.000

SEGURO S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Seguro 7,00% 11.574.000

Total Seguro US$ 11.574.000

CONTINGENCIA S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Contingência 20,00% 35.384.000

Total Contingência US$ 35.384.000

5.1.1.1.5 Topside

Assim como os demais elementos do sistema convencional, o custo total do topside é

subdividido em custos de materiais, equipamentos, instalação, fabricação e os custos

gerais restantes. O custo total do topside foi estimado pelo software QUE$TOR é de

US$ 215,870 milhões.

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65

O custo de equipamentos é estimado com base no custo por tonelada de equipamento

levando em consideração sua sofisticação além do tipo de material utilizado, como o

aço inoxidável. Os sistemas aqui considerados envolvem o sistema de processamento

(com separador, aquecedor e desidratador) e exportação de óleo (com bombas de óleo),

processamento e compressão de gás, de injeção de água (filtros e bombas) e sistema de

geração e distribuição de energia.

Tabela 5-20: Custo de equipamento Topside

EQUIPAMENTO Produzido de: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO

(US$) Coletor

Lançadores e Receptores de Pig

Submarino 11 te 27.000 297.000

Processamento do Óleo

Separador 110 te 15.200 1.672.000

Desidratador 70 te 17.600 1.232.000

Aquecedor 9 te 25.000 225.000

Resfriador Shell & tube 9 te 25.000 225.000

Exportação do Óleo

Bomba de Óleo, Drivers e Medidores 67 te 19.500 1.307.000

Processamento do Gás

Desidratação de Gás

Glicol 29 te 16.000 464.000

Condensador

LTS /Trocador 7 te 19.500 137.000

Pacote de Refrigeração 24 te 37.000 888.000

Medidores de Gás 4 te 24.500 98.000

Compressão de Gás

Compressores de Gás Flash 7 te 50.000 350.000

Purificadores de Gás Flash 1 te 16.000 16.000

Resfriadores de Gás Flash 4 te 25.500 102.000

Compressores de Exportação de Gás 24 te 50.000 1.200.000

Purificadores de Exportação de Gás 2 te 16.000 32.000

Resfriadores de Exportação de Gás 6 te 25.500 153.000

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Tabela 5-21: Custo equipamento Topside

EQUIPAMENTO Produzido de: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO

(US$) Injeção de Água

Filtros 38 te 13.700 521.000

Deaerador 28 te 13.500 378.000

Bombas e Drivers de Motores elétricos 8 te 33.100 265.000

Controle e Consumíveis 14 te 618.600 8.660.000

Quartos e Heliporto 536 te 12.400 6.646.000

Utilitários de Processamento 296 te 8.256.000

Estrutura do Flare 48 te 6.800 326.000

Potência

Gerador de Energia 126 te 68.400 8.618.000

Distribuidor de Energia 78 te 33.500 2.613.000

Instalações Elétricas 233 te 19.800 4.613.000

Sub Total 49.294.000

Frete 5,00% 2.465.000

Total Equipamentos US$ 51.759.000

O custo de materiais é estimado pelo custo da tonelada de cada material utilizado

como aços primário e secundário com base no aço carbono S355, peso volumétrico da

tubulação (aço carbono ASTM A106 ou aço inoxidável 316L), materiais elétricos como

cabos e baterias.

Tabela 5-22: Custo de materiais topside

MATERIAIS Produzido de: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Aço Primário 1.274 te 1.240 1.580.000

Aço secundário 1.803 te 1.000 1.803.000

Tubulação 561 te 10.800 6.059.000

Elétricos 156 te 14.400 2.246.000

Instrumentos 112 te 35.500 3.976.000

Outros 169 te 6.000 1.014.000

Sub Total 16.678.000

Frete 5,00% 834.000

Total Materiais US$ 17.512.000

Os custos de fabricação são estimados sob as mesmas bases dos custos de fabricação

dos materiais do FPSO descritos no tópico anterior, todavia foi considerada uma

porcentagem fixa de 5% sobre o total co o propósito de incluir todas as fixações,

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67

acessórios e preparação necessária para fabricar os equipamentos e módulos seguros

para transporte marítimo do pátio de construção para o local de instalação offshore.

Tabela 5-23: Custo de fabricação topside

FABRICAÇÃO Produzido de: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO

(US$) Aço Primário 1.274 te 6.910 8.803.000

Aço secundário 1.803 te 9.120 16.443.000

Equipamentos 972 te 1.880 1.827.000

Tubulação 561 te 16.800 9.425.000

Elétrico 156 te 32.100 5.008.000

Instrumentos 112 te 33.000 3.696.000

Outros 169 te 12.100 2.045.000

Sub Total 47.247.000

Loadout and seafasten 5,00% 2.362.000

Total Fabricação US$ 49.609.000

Os custos de instalação incluem são estimados de acordo com o tempo em dias

tomados pelo transporte dos módulos do topside até o estaleiro para instalação realizado

por rebocadores e barcaças, bem como os custos associados ao levantamento destes

módulos. Os custos das embarcações (incluem mão de obra, combustível, consumíveis e

tempo de inatividade), bem como a estimativa de dias para a utilização de cada tipo de

embarcação de acordo com a atividade em questão são fundamentados na base de dados

do QUE$TOR.

Tabela 5-24: Custo de instalção topside

INSTALAÇÃO Produzido de: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO

(US$) Rebocador de Transporte 30 dias 92.500 2.775.000

Rebocador Mob/Desmob 10 dias 92.500 925.000

Barcaça de Transporte 70 dias 9.000 630.000

Barcaça Mob/Desmobilização 10 dias 9.000 90.000

Installation spread 7 dias 920.000 6.440.000

Installation spread Mob/Desmobilização 10 day 920.000 9.200.000

Total Instalação US$ 20.060.000

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São também considerados os custos associados ao hook-up e comissionamento

(HUC) realizados no estaleiro (atshore) e no local de operação (offshore) incluindo as

despesas com salários, subcontratos de especialistas e consumíveis, dentre outros.

Tabela 5-25: Custo de HOOK-UP topside

HOOK-UP E COMISSIONAMENTO Produzido de: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO

(US$) Atshore HUC 113.011 mhr 59 6.668.000

Offshore HUC 46.146 mhr 170 7.845.000

Total Hook-up e Comissionamento US$ 14.513.000

Por fim, os custos gerais referentes ao gerenciamento e execução do projeto em

homem-hora considerando a concepção do topside em todas as fases de projeto

incluindo salários, encargos de folha de pagamentos em todas as fases, despesas de

equipamentos e taxas de entregas, serviços de inspeção e controle de qualidade, seguro

e contingência como 4% e 10% do custo total do topside, respectivamente.

Tabela 5-26: Custo de gerenciamento de projetos topside

DESIGN & GERENCIAMENTO DE

PROJETO Produzido de: America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO

(US$) Design 209.120 mhr 133 27.813.000

Gerenciamento de Projeto 39.950 mhr 186 7.431.000

Total Design e G&P US$ 35.244.000

SEGURO America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO

(US$) Seguro 4,00% 7.548.000

Total Seguro US$ 7.548.000

CONTINGENCIA America do Sul

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO

(US$) Contingência 10,00% 19.625.000

Total Contingência US$ 19.625.000

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69

5.1.1.2 Custos Operacionais (OPEX)

Neste projeto, os custos operacionais são divididos em diretos e indiretos. Os custos diretos

contabilizam os gastos com pessoal, inspeção e manutenção dos sistemas, intervenções

nos poços, seguros, logística e consumíveis. Já os custos indiretos consideram os custos

relacionados ao campo e o projeto em si, como será abordado mais detalhadamente. É

importante ressaltar que todas as estimativas de custos diários de utilização de

embarcações para manutenção e reparo, salários de tripulantes tanto das embarcações de

apoio quanto da plataforma e os dias necessários para cada atividade foram extraídas

diretamente do QUE$TOR fundamentado no banco de dados offshore da América do

Sul. O OPEX total do sistema convencional foi estimado pelo software QUE$TOR é de

US$ 1.567.228.000 ao longo dos 17 anos de produção.

Os custos com pessoal contabilizam a tripulação permanente no topside de 42

tripulantes durante o dia e 24 no turno noturno a um custo de US$ 86.000 por ano por

tripulante. Estes custos cobrem os salários e despesas gerais com folha de pagamento.

Os gastos com a tripulação de perfuração e embarcações de apoio foram contabilizados

na taxa diária de utilização das embarcações envolvidas nesta atividade. É importante

ratificar que o número de tripulantes foi estimado diretamente do QUE$TOR com base

no nível de controle da planta de processamento do topside e são discriminados na

Tabela 5-27. Estes custos foram tratados como custo de mão de obra.

Tabela 5-27: Descrição da tripulação do topside do FPSO.

Tipos Diurno Noturno

Tripulação Base 3 1

Tripulação Operacional 12 12

Tripulação de Manutenção 14 7

Tripulação de suporte e Limpeza 4 2

Tripulação de Marítimos 9 2

TOTAL 42 24

Os custos de manutenção e inspeção cobrem as inspeções em andamento,

manutenção, reparo e substituição de equipamentos e componentes. Estes custos são

subdivididos em três áreas, reparo, inspeção e sobressalentes.

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No topside, os custos de mão de obra incluem manutenção e inspeção realizadas por

especialistas estimados em US$ 190 por hora para 10.845 horas anuais desde o primeiro

ano de produção. Estes custos foram tratados como mão de obra.

Os sobressalentes cobrem todas as peças de reposição de equipamento,

instrumentação elétrica e revestimento de corrosão, sendo estimados como 1% custos

totais de capital de equipamentos e materiais relevantes no que se refere ao topside e

3,5% para o FPSO. Estes custos foram tratados como industriais.

A utilização de embarcações de mergulho (DSV) gera custos diários de US$ 165.500

com utilização anual de 31 dias. Estes custos foram tratados como offshore e incluem os

custos de combustível, aluguel da embarcação, utilização de ROVs e ferramentas de

intervenção dada a lâmina d’água de 610 metros.

Quanto á inspeção e manutenção do pipeline de exportação de gás, os custos incluem

a utilização anual de Survey Vessels estimada em US$ 108.000 por dia, o aluguel de

intelligent pigging a US$ 23.000 por dia realizada a cada 5 anos a partir do quinto ano

de produção e custos de reparos com utilização de PSVs por 26,7 dias anuais, previsto

para ocorrer no décimo terceiro ano de produção. Os custos de utilização da embarcação

de apoio foram tratados como offshore com US$ 216.000 anuais atribuídos á mão de

obra.

Os custos de manutenção e inspeção dos sistemas submarinos incluem a utilização de

DSVs e MSVs (embarcação de multiuso de serviços). A utilização de DSVs é

considerada por 37 dias anuais ao passo que a taxa de utilização de MSVs é estimada

em US$ 181.000 diários por 16 dias anuais.

Os custos que envolvem logística e consumíveis são subdivididos em custos de

utilização de helicópteros, embarcações de apoio para fornecimento de consumíveis á

plataforma e o custo dos próprios consumíveis.

Os custos de helicópteros incluem o custo de US$ 1.570 por hora de toda a tripulação

do helicóptero em 182 viagens por ano à plataforma, tratado como custo de mão de

obra, além do custo de afretamento permanente de US$ 88.000 por semana durante 52

semanas por ano. Este custo foi tratado como custo offshore. O custo da utilização de

embarcações de apoio é dado pelo custo de diesel e o próprio afretamento da

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embarcação. O custo de combustível foi tratado como custo industrial, e estimado em

US$ 780 por tonelada consumida a taxas de 25 toneladas por dia e duas viagens por

semana, segundo a base técnica de informações referente à América Latina. Já a taxa de

afretamento foi tratada como custo offshore e estimada como US$ 19.000 por dia.

A utilização de embarcação de regate foi considerada e inclui o custo de aluguel de

um barco permanentemente localizado no campo e consumíveis, sob uma tarifa diária

de US$ 6.000. Este custo foi tratado como offshore, mesmo tendo parte do seu custo

oriundo implicitamente de salários da tripulação.

Os custos relacionados aos consumíveis envolvem o consumo de gás combustível

baseado na potência dos equipamentos e estimado pelo preço de US$ 1 por mil pés

cúbicos de gás e óleo diesel pelo preço de US$ 780 por tonelada, além do fornecimento

de químicos para processamento do óleo, da água segregada e do gás separado, como

inibidores corrosivos e biocidas. Os preços estimados dos consumíveis químicos são

tomados pelo preço do barril e todos os consumíveis são tratados como custo industrial,

exceto o diesel, que é tratado como custo e natureza offshore.

Ainda se referindo aos custos operacionais diretos, os custos de wirelining

(cabeamento de poços para baixar equipamentos ou dispositivos de medição para fins de

intervenção, avaliação do reservatório e recuperação de tubos) e workover para cada

poço mediante o aluguel diário da embarcação foi estimado em US$ 351.000 com

intervalos de 4 anos para operações de 14 dias mais 7 dias de mobilização e

desmobilização para poços produtores e 8 anos de intervalo, 8 dias por operação e 7 dias

de desmobilização para poços injetores. Estes custos foram tratados como offshore. O

custo referente à utilização de materiais para intervenção e reparos foi estimado em US$

164.000 por operação e tratado como custo industrial.

Os custos de seguro são tratados como custos industriais e foram determinados como

0,8% do custo de capital em cada componente do sistema convencional de produção,

garantindo a substituição completa de qualquer equipamento de modelo idêntico

mediante falha ou quebra do mesmo, durante o período de produção do campo.

Em termos de custos indiretos, os custos próprios do campo de projeto cobrem o

suporte onshore e administrativos e incluem o custo de pessoal administrativo estimado

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como 10% do custo de pessoal presente na plataforma, o custo de operações de suporte

estimado em 25% dos custos diretos e o custo da base de apoio para armazenamento de

válvulas, tubulações e equipamentos estimados em US$ 630.000. O custo de pessoal foi

tratado como mão de obra enquanto os demais foram tratados como industriais.

Por fim, os custos relacionados a tarifas pagas são consideradas custos variáveis, pois

dependem do perfil de produção e da própria tarifa. Estes são considerados custos

industriais e estimados em US$ 1,15 por barril de óleo e US$ 0,35 por pé cúbico de gás

transportado.

Tabela 5-28: Descrição do OPEX.

Custos Diretos (US$)

Pessoal Operacional (Staff

Offshore) 181.632.000

Inspeção e Manutenção 450.842.000

Logística e Consumíveis 235.360.000

Poços (Workovers) 125.301.000

Seguro 151.408.000

Custos Indiretos

Custos de Campo e Projeto 314.380.000

Custos com Tarifas 108.305.000

OPEX Total 1.567.228.000

5.1.1.2.1 Descomissionamento

No sistema convencional de produção, o descomissionamento é realizado apenas

após a interrupção da produção com um intervalo de 12 meses até seu inicio e

compreende os custos associados ao desmantelamento, remoção e descarte dos

componentes e equipamentos. Vale destacar que embora a tendência no futuro seja da

não necessidade de remoção dos pipelines no campo, foi considerado neste projeto a

remoção completa e limpeza do pipeline de exportação de gás. O custo completo de

descomissionamento dos componentes no sistema convencional foi estimado pelo

QUE$TOR em US$ 363,283 milhões.

Os custos de descomissionamento para o topside da plataforma contabilizam os

custos dos materiais em toneladas utilizados para toda a operação de

descomissionamento, como a elevação dos módulos. Os custos de fabricação são

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referentes à tonelada de material utilizado para a operação, como pode ser visto na

Tabela 5-29.

Tabela 5-29: Descrição dos custos de decomissionamento de materias e fabricação no topside.

MATERIAIS Produzido de: S. America

QUANTIDADE UNIDADE CUSTO

Padeyes 2 te 950 2.000

Tubulação Temporária 56 te 4.300 241.000

Bracing / lifting frames 150 te 1.090 164.000

Seafastenings 281 te 1.090 306.000

Sub Total 713.000

Frete 5,00% 36.000

Total US$ 749.000

FABRICAÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE CUSTO

Padeyes 2 te 17.182 34.000

Tubulação Temporária 56 te 8.954 501.000

Bracing / lifting frames 150 te 11.495 1.724.000

Seafastenings 281 te 10.648 2.992.000

Sub Total 5.251.000

Frete 5,00% 263.000

Total US$ 5.514.000

Os custos de descomissionamento e remoção de pequenos itens de estrutura

secundária e equipamentos incluem a utilização de embarcações do tipo DSVs e MSVs

em taxas diárias de utilização que contabilizam a mão de obra para operações de

descarga e elevação de componentes, combustíveis e aluguel das embarcações. O custo

em homem-hora para soldagem, montagem e desmantelamento de componentes e o

custo de todas as embarcações necessárias para o transporte de módulos e grandes itens

para o local de descarte onshore.

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Tabela 5-30: Custos de remoção e gerenciamento de projeto para descomissionamento do topside.

DESCOMISSIONAMENTO / REMOÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE CUSTO

Trabalho 4.200 mhr 93 391.000

Pumping / flushing 45 dias 26.000 1.170.000

Inerting 18 dias 40.500 729.000

Multi-service / DSV 63 dias 165.500 10.427.000

Tanker 45 dias 24.000 1.080.000

Crane spread 9 dias 920.000 8.280.000

Transport spread 6 dias 92.500 555.000

Landing / dumping 1 dias 66.000 66.000

Total Descomissionamento/Remoção US$ 22.698.000

DESIGN E GERENCIAMENTO DE

PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE CUSTO

Design 22.500 mhr 133 2.993.000

Gerenciamento de projeto 22.500 mhr 186 4.185.000

Total US$ 7.178.000

Para o pipeline de exportação de gás, todos os custos estão associados aos navios

utilizados para operações de remoção, limpeza e eliminação. O custo diário das

embarcações contabiliza o aluguel de equipamentos e das próprias embarcações,

serviços de apoio, tripulação e consumíveis, como descrito na Tabela 5-31.

Tabela 5-31: Custos de remoção e gerenciamento para descomissionamento do pipeline de gás.

DECOMISSIONAMENTO/REMOÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

DSV 23 dias 136.000 3.128.000

Pigging e Bombeamento 26 dias 31.500 819.000

Químicos 42 dias 40.500 1.701.000

Jateamento 12 dias 47.000 564.000

Pipelay 71 dias 466.500 33.122.000

Tanker 47 dias 24.000 1.128.000

Surveys 31 dias 108.000 3.348.000

Total Descomissionamento/ Remoção US$ 43.810.000

GERENCIAMENTO DE PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Design 11.200 mhr 133 1.490.000

Gerenciamento de Projeto 11.200 mhr 186 2.083.000

Total Design e Gerenciamento de Projeto US$ 3.573.000

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Os valores de recuperação de US$ 140 por tonelada sucateada para o topside (5.620

toneladas) e US$ 165 para o pipeline (8.800 toneladas) foram considerados para

desconto dos demais gastos.

Por fim, os demais custos são estimados como uma porcentagem fixa do custo total

de descomissionamento para 2,5% em seguros e 20% em contingência.

Para os demais componentes do sistema submarino de produção, perfuração e

armazenamento como o FPSO, os custos de descomissionamento foram estimados em

termos de 200%, 30% e 110% do custo de instalação referente a cada sistema,

respectivamente.

A Tabela 5-32 mostra os custos centrais de descomissionamento no sistema

convencional em milhões de dólares.

Tabela 5-32: Descrição do custo de descomissionamento por grupos no sistema convencional.

Grupos Topside

(MUS$)

FPSO

(MUS$)

Pipeline

de Gás

(MUS$)

Poços de

Perfuração

(MUS$)

Sistema

Submarino

(MUS$)

Custo

Total

(MUS$)

Materiais 749 749

Fabricação 5.514 5.514

Descomissionamento 22.698 18.999 43.810 48.344 197.022 330.873

Design 2.993 1.490 4.483

Gerenciamento 4.185 2.083 6.268

Seguro 903 1.185 2.088

Contingência 7.408 9.714 17.122

Sucateamento -787 -1.488 -1.452 0 87 45.982

Custo Total (MUS$) 43.663 17.511 56.830 48.344 196.935 363.283

5.1.2 Sistema Subsea to Shore

Assim como no cenário convencional, o CAPEX e OPEX no projeto do sistema

subsea to shore compreendem a fase de desenvolvimento e produção do campo. As

atividades de perfuração e completação dos poços se iniciam em 2016 e se findam em

2019, ao passo que a instalação dos dois pipelines multifásicos de exportação e dos

sistemas submarinos no leito marinho compreendem o mesmo período, de modo geral.

A produção tem início em 2019 com previsão para 17 anos de vida produtiva do

campo. Já o descomissionamento foi considerado para ser iniciado 12 meses após a

produção com duração de 18 meses até 2037.

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76

Na Tabela 5-33 é apresentado o fluxo de custos determinísticos estimados quase em

sua totalidade pelo QUE$TOR, dado em milhões de dólares, relacionado às fases de

desenvolvimento, produção e descomissionamento do campo no cenário subsea to

shore. Adicionalmente é possível ver as taxas anuais de produção de óleo em milhões

de barris e de gás em bilhões de pés cúbicos. Assim como no cenário convencional o

OPEX foi dividido em custos operacionais de mão de obra, industriais e offshore, como

será melhor tratado no próxima seção.

O calendário de operações do CAPEX é descrito detalhadamente no ANEXO A e foi

inteiramente admitido de acordo com o proposto no QUE$TOR, já os custos

operacionais durarão enquanto durar a produção.

Tabela 5-33: Fluxo de custos do QUE$TOR no sistema subsea to shore.

Ano

CAPEX (MM US$) OPEX (MM US$) (MM

US$) Produção

Custos de Instalação Descomis

sionamento

Óleo

MMbbl/

ano

Gas

Bscf/ano Perfuração/

Completação

Sistema

Submarino Pipelines

Outras

Instalações

Mão de

Obra Industriais Offshore

TOTAL 238,86 344,63 401,41 294,14 29,08 551,69 577,70 418,42 82,00 40,01

2016 4,09 2,53

2017 12,31 71,25 57,33 133,85

2018 89,37 241,12 318,31 156,84

2019 133,09 29,73 25,77 3,45 1,21 17,99 15,19 0,90 0,58

2020 1,82 28,13 22,79 3,05 1,46

2021 1,82 28,13 22,79 5,21 2,34

2022 1,82 42,18 50,32 7,37 3,21

2023 1,82 33,61 40,09 9,52 4,09

2024 1,82 38,01 23,54 10,38 4,97

2025 1,82 37,54 23,25 9,11 5,26

2026 1,82 50,81 57,86 7,53 4,78

2027 1,82 38,14 43,43 6,22 3,76

2028 1,82 32,85 23,54 5,15 2,78

2029 1,82 32,45 23,25 4,25 2,06

2030 1,82 31,78 51,47 3,52 1,53

2031 1,82 48,58 78,69 2,91 1,13

2032 1,82 29,83 48,32 2,40 0,84

2033 1,82 26,34 22,79 1,99 0,62

2034 1,82 26,34 22,79 1,64 0,46

2035 0,61 9,00 7,60 0,85 0,14

2036 209,21

2037 209,21

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77

5.1.2.1 Custos de Capital (CAPEX)

Nesta seção serão descritos os custos de capital aplicados nos pipelines bifásicos de

exportação até a costa, o pipeline de metanol para abastecimento químico dos poços, o

cabo de potência para suprimento de toda a demanda energética dos equipamentos do

campo, os poços de perfuração com ANM, além dos demais sistemas submarinos como

manifod, flowlines de escoamento, separador submarino e bombas multifásicas, como

descrito na Tabela 5-34.

Tabela 5-34: Resumo do CAPEX do sistema subsea to shore.

Custos Centrais Totais (US$)

Cabo de Potência 100.746.000

Pipeline de Metanol 95.992.000

Pipelines Bifásicos (2) 305.424.000

Poços de Perfuração 238.865.000

Sistema Submarino 344.626.000

Bomba de injeção de água SRWI 28.829.000

Bomba Multifásica (2) 74.474.000

Separador Submarino Multifásico 90.084.000

CAPEX TOTAL 1.279.040.000

Assim como no cenário convencional todas as estimativas relacionadas aos custos de

aluguel de embarcações de apoio, transporte de equipamentos e componentes para

instalação e tempo de utilização destas embarcações são extraídos diretamente da base

de dados do QUE$TOR.

5.1.2.1.1 Poços de Perfuração

Como referido anteriormente, quase todo o sistema de perfuração dos poços e

atividades relacionadas são idênticos em ambos os sistemas subsea to shore e

convencional com UEP, portanto, da mesma maneira, as estimativas dos custos de

perfuração incluem o aluguel da sonda, a tripulação relacionada às operações de

perfuração, os equipamentos utilizados nos poços, a utilização de consumíveis ao longo

do processo, os custos dos materiais para fabricação dos equipamentos e ferramentas. O

custo total estimado pelo QUE$TOR é de US$ 238,865 milhões.

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78

Com as mesmas bases para estimativas do CAPEX abordadas no sistema convencional,

o sistema de perfuração de poços foi individualmente subdividido em custos de

equipamentos, materiais, instalação, fabricação, gerenciamento de projetos, segurança e

contingência. Todavia, a utilização de sete bombas centrífugas submersas nos poços

produtores estimadas em US$ 452.000 cada, a demanda adicional de energia para estes

equipamentos e 10 dias a mais para instalação do sistema são os principais aspectos

responsáveis pela diferença nos custos deste sistema em relação ao cenário

convencional.

5.1.2.1.2 Sistema Submarino

Serão abordados os custos referentes ao sistema submarino de produção, injeção de

água, separação e exportação dos produtos. Assim como no cenário convencional com

UEP, os custos do cenário subsea to shore são detalhados considerando os

equipamentos e os materiais necessários, a instalação do sistema submarino na locação,

o design e o gerenciamento do projeto, seguros necessários e custos de contingência

para eventuais gastos não previstos no início do projeto. O custo total estimado pelo

software QUE$TOR é de US$ 595,627 milhões.

Os custos de equipamentos do sistema submarino incluem os custos de manifold

(com função de produção e injeção), ANMs de produção e injeção de água, flowlines de

escoamento da produção, injeção de químicos e água, sistema de umbilicais, dois

pipelines bifásicos de exportação de gás e óleo, do pipeline de injeção de químicos,

separador submarino (SSAO), sistema SRWI, duas bombas multifásicas submarinas e

módulos adicionais de controle em cada poço

Os custos relacionados ao manifold e ANMs são exatamente os mesmos tratados no

cenário convencional, todavia foram considerados os custos de equipamento, materiais,

fabricação e instalação dos conectores adicionais do pipeline de injeção química

oriundo da costa, do PLET e jumper rígido que o conecta ao manifold.

O custo total do separador multifásico submarino (SSAO) foi estimado em US$ 90

milhões considerando todas as fases do projeto, incluindo desenvolvimento e pesquisa.

O custo total de cada bomba multifásica submarina hélico axial ligada em cada linha de

exportação à costa foi estimada em US$ 37,24 milhões. O custo do sistema Subsea Raw

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Water Injection (SRWI) foi estimado em US$ 28,83 milhões. Todas estas estimativas de

custos consideram 4% do custo total em seguro e 10% do custo total em contingência

para seus respectivos equipamentos.

Tabela 5-35: Custo de equipamento sistema submarino subsea to shore

EQUIPAMENTOS Procured from: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Separador Multifásico (SSAO) 1 90.084.000

Sistema SRWI 1 28.829.000

Bomba Multifásica Hélico Axial 2 74.474.000

ANM Produção 7 50.491.000

ANM Injeção 3 23.559.000

Manifold 1 9.617.000

Controle Principal da Plataforma 1 579.000 579.000

Controle Adicional da Plataforma

(Poço) 10 78.000 780.000

Sub Total 278.413.000

Frete 4,00% 11.137.000

Total US$ 289.550.000

Os custos de materiais são baseados no custo do comprimento das linhas de

escoamento satélite associados aos custos dos flowlines de produção e injeção, de

serviço de teste, de injeção química adicional e todo o sistema de umbilicais (inclusive

os 160 km de umbilical óptico de potência), além dos custos de todos os conectores

necessários em cada flowline, jumper ou umbilical ligado a ANM. Os custos por

tonelada do pipe line and termination (PLET) associados a cada um dos dois pipelines

de exportação e do pipeline de injeção química além do umbilical termination assembly

(UTA) para os umbilicais.

Tabela 5-36: custo de materiais subsea to shore

MATERIAIS Produzido de: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Flowlines de Produção e Injeção 7 28.427.000

Flowlines Adicionais e Umbilicais

Multiplexados 1 62.994.000

Flowlines de Injeção de Água e

Química 3 12.963.000

Sub Total 104.384.000

Frete 3,00% 3.132.000

Total US$ 107.516.000

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80

Assim como no cenário convencional, os custos de instalação são baseados no custo

diário de utilização das embarcações especializadas que, por sua vez, são utilizadas por

um período de tempo maior devido às instalações adicionais do umbilical ótico de

potência ao longo dos 160 km da costa ao local de produção, do sistema SRWI, do

separador submarino (SSAO) e das duas bombas multifásicas nas linhas bifásicas de

exportação.

Tabela 5-37: Custo de instalação sistema submarino

INSTALAÇÃO Location: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Pipelay spread (reel-lay ) 51 dias 199.500 10.175.000

Embarcação e mergulho tie ins 190 dias 264.000 50.160.000

Embarcação e mergulho teste e

comissionamento 8 dias 264.000 2.112.000

Equipamentos para teste e

comissionamento 20 dias 37.500 750.000

Survey vessel 15 dias 108.000 1.620.000

Supply vessel (PSV) 25 dias 64.000 1.600.000

Total Instalação US$ 66.417.000

5.1.2.1.3 Pipelines de Exportação e Pipeline de Metanol

Os custos dos dois pipelines bifásicos de exportação de óleo e gás para a costa e o

pipeline de injeção química são baseados no custo por comprimento dos dutos rígidos

de aço carbono, sob influência do diâmetro, sofisticação material e espessura.

Adicionalmente são contabilizados os custos do sistema de exportação com a estrutura

referente ao PLET, válvulas, jumper rígido e conectores nas terminações destes

pipelines. Os custos totais dos pipelines de metanol e de exportação estimados pelo

QUE$TOR é de US$ 95,961 milhões e US$ 152,712 milhões, respectivamente.

Os custos referentes a materiais incluem os custos por quilômetro de duto

estabelecidos em US$ 64.973 para a linha de metanol e US$ 250.637 para a linha de

exportação bifásica, além do revestimento, isolamento e custos dos componentes das

terminações na costa e no leito marinho (PLET). Nas tabelas são descriminados os

custos dos principais componentes de cada tipo de pipeline.

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81

Tabela 5-38: Custo de materiais linha de exportação

MATERIAIS (LINHA DE

EXPORTAÇÃO) Produzido de: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Linepipe (D = 8 in, t = 9,68 mm, Aço

Carbono) 160,00 km 250.637 40.102.000

Revestimento 160,00 km 43.000 6.880.000

Isolamento

Sub Total 46.982.000

Anodos 204 te 8.200 1.673.000

Terminação da Exportação ( lazy S

Flexível)

Pipeline tie-in 1 1.810.000 1.810.000

Spools, flanges & fittings 1 197.000 197.000

Terminação da Recepção (Shelving

beach)

PLETs 1 2.001.000

Sub Total 52.663.000

Frete 3,00% 1.580.000

Total Materiais US$ 54.243.000

Tabela 5-39:Custos de materiais linha de metanol

MATERIAIS (LINHA DE

METANOL) Produzido de: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Linepipe (D = 8 in, t = 9,68 mm, Aço

Carbono) 160,00 km 64.973 10.396.000

Revestimento 160,00 km 25.000 4.000.000

Isolamento

Sub Total 14.396.000

Anodos 85 te 8.200 697.000

Terminação da Exportação ( lazy S

Flexível)

Terminação da Recepção (Shelving

beach)

Pipeline tie-in 1 420.000 420.000

Spools, flanges & fittings 1 45.500 46.000

PLETs 1 869.000

Sub Total 16.428.000

Freight 3,00% 467.000

Total Materials $ 16.895.000

Da mesma forma que os custos relacionados à instalação do pipeline de exportação e

gás no sistema convencional, os custos para instalação dos três pipelines no cenário

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82

subsea to shore são concebidos segundo os custos diários de utilização das embarcações

de especializadas como PLSVs com lançamento S-Lay, survey vessels, trench vessels e

DSVs. As tabelas mostram os tipos de embarcações utilizadas e os dias necessários para

a instalação de cada pipeline.

Tabela 5-40: Custo de intalação linha de exportação

INSTALAÇÃO (LINHA DE

EXPORTAÇÃO) Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO

(US$) S-lay sem DP 130 dias 299.500 38.935.000

Diving support vessel (DSV) 75 dias 165.500 12.413.000

equipamentos de teste e Comissionamenrto 29 dias 37.500 1.088.000

Trench vessel 12 dias 135.000 1.620.000

Survey vessel 44 dias 108.000 4.752.000

Shore approach 4.050.000

Total Instalação US$ 62.858.000

Tabela 5-41: Custo de instalação linha de metanol

INSTALAÇÃO (LINHA DE METANOL) Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

S-lay sem DP 103 dias 299.500 30.849.000

Diving support vessel (DSV) 70 dias 165.500 11.585.000

equipamentos de teste e Comissionamenrto 25 dias 37.500 938.000

Trench vessel 12 dias 135.000 1.620.000

Survey vessel 44 dias 108.000 4.752.000

Shore approach 4.050.000

Total Instalação $ 53.794.000

Os custos referentes ao gerenciamento e execução do projeto em homem-hora para

concepção dos pipelines incluem estudos especiais, projeto detalhado, serviços de

inspeção e controle de projeto, gerenciamento e monitoramento todas as fases de

desenvolvimento contabilizando os salários, instalações de escritórios, dentre outros,

seguro e contingência como 4% e 15% do custo total considerado cada pipeline.

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83

5.1.2.1.4 Cabo de Potência

Atender a demanda energética do sistema subsea to shore é um grande desafio de

projeto próprio deste cenário, uma vez que a energia que alimenta os equipamentos

agora submersos em sua totalidade, não pode ser produzida no topside do FPSO. Por tal

motivo, foi utilizado um cabo de potência oriundo da costa até um distribuidor de

potência onde cabos menores alimentarão o separador submarino e as bombas. O custo

total do cabo de potência estimado pelo QUE$TOR é de US$ 100,746 milhões.

Os custos de materiais compreendem o custo do próprio cabo estimado em US$

415.000 por quilômetro e terminações do cabo tanto na costa quanto no leito marinho.

Tabela 5-42: custo de materiais cabo de potência

MATERIAIS S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Cabo 160 km 415.000 66.400.000

Sistema de ConexãoTerminal (Shore

approach) 1 270.000 270.000

Sistema de Conexão Terminal Recepção 1 270.000 270.000

Sub Total 66.940.000

Frete 5,00% 3.347.000

Total Materiais US$ 70.287.000

Os custos relacionados à instalação do cabo compreendem o custo diário de US$

130.500 referente à utilização de embarcação para distribuição do cabo (Cable Lay

Spread Vessels) e o custo diário de US$ 108.000 por embarcação de mapeamento do

solo (Survey Vessels), como pode ser visto na tabela.

Tabela 5-43: Custo de intalação cabo de potência

INSTALAÇÃO S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Cable lay spread 34 dias 130.500 4.437.000

Surveying 28 dias 108.000 3.024.000

Teste/ Comissionamento 5 dias 130.500 653.000

Total Instalação US$ 8.114.000

Os custos de design e gerenciamento de projeto estabelecidos com base no custo de

homem hora para toda a atividade como mostrado na tabela. Adicionalmente os custos

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84

com certificação, segurança e contingência foram estimados como 1%, 3% e 20% do

custo total do cabo de potência, respectivamente.

Tabela 5-44: Custos de design e gerenciamento cabo de potência

DESIGN & GERENCIAMENTO DE

PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE (US$) CUSTO (US$)

Design 9.300 mhr 133 1.237.000

Gerenciamento de Projeto 5.850 mhr 186 1.088.000

Total Design e G&P US$ 2.325.000

5.1.2.2 Custos Operacionais (OPEX)

Como já mencionado, é esperado que os custos operacionais do sistema subsea to

shore sejam menores ao longo do ciclo produtivo do campo devido principalmente a

ausência da UEP, que demanda grandes custos de pessoal com tripulação permanente

ou de embarcações de apoio. Assim como no sistema convencional, todas as estimativas

de custos diários de utilização de embarcações para manutenção e reparo, salários de

tripulantes destas embarcações e os dias necessários para cada atividade foram extraídas

diretamente do QUE$TOR fundamentado no banco de dados offshore da América do

Sul. O OPEX total do sistema convencional foi estimado pelo software QUE$TOR é de

US$ 1.158.471.880 ao longo dos 17 anos de produção.

Com as mesmas bases de tratamento dos custos abordadas no tópico referente ao

sistema convencional de produção, os custos operacionais do sistema subsea to shore

são divididos em custos diretos que contabilizam os gastos com salários de pessoal

(tripulação das embarcações ou contratação de especialistas em determinadas

atividades), inspeção e manutenção dos sistemas, intervenções nos poços, seguros,

logística e consumíveis. Já os custos indiretos consideram os custos relacionados ao

campo e o projeto em si.

Como não há unidade estacionária de produção, os gastos com pessoal são referentes

à tripulação de embarcações para manutenção e reparo de equipamentos ou

componentes, pessoal especializado e staff onshore implicitamente contabilizados nas

taxas diárias de utilização das embarcações Estes custos foram tratados como custo de

mão de obra.

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85

Os custos de manutenção e inspeção não relacionados à mão de obra, cobrem as

inspeções em andamento, manutenção, reparo e substituição de equipamentos e

componentes. Estes custos são subdivididos em três áreas, reparo, inspeção e

sobressalentes.

Quanto á inspeção e manutenção dos dois pipeline bifásicos de exportação de óleo e

gás e do pipeline de alimentação química da costa para os poços, os custos incluem a

utilização anual de Survey Vessels estimada em US$ 108.000 por dia, o aluguel de

intelligent pigging a US$ 23.000 por dia realizada a cada 5 anos a partir do quinto ano

de produção e custos de reparos com utilização de Survey Vessel por 26,7 dias anuais,

previsto para ocorrer no décimo terceiro ano de produção. Os custos de utilização da

embarcação de apoio foram tratados como offshore com US$ 216.000 anuais atribuídos

á mão de obra. Todos estes custos são contabilizados para cada um dos três pipelines.

Os custos de manutenção e inspeção dos sistemas submarinos incluem a utilização de

DSVs e MSVs (embarcação de multiuso de serviços) e são maiores que os custos

referentes ao sistema convencional devido, principalmente à presença das duas bombas

submarinas, separador submarinos e o sistema SRWI. A utilização de embarcações de

mergulho (DSV) gera custos diários de US$ 165.500 considerada por 54 dias anuais

Estes custos foram tratados como offshore e incluem os custos de combustível, aluguel

da embarcação, utilização de ROVs e ferramentas de intervenção dada a lâmina d’água

de 610 metros ao passo que a taxa de utilização de MSVs é estimada em US$ 181.000

diários por 18 dias anuais.

Como o sistema de exploração de poços é o mesmo nos dois cenários de produção,

os custos que envolvem os poços são idênticos e referentes aos custos de wirelining e

workover para cada poço mediante o aluguel diário da embarcação foi estimado em US$

351.000 com intervalos de 4 anos para operações de 14 dias mais 7 dias de mobilização

e desmobilização para poços produtores e 8 anos de intervalo, 8 dias por operação e 7

dias de desmobilização para poços injetores. Estes custos foram tratados como

offshore. O custo referente à utilização de materiais para intervenção e reparos foi

estimado em US$ 164.000 por operação e tratado como custo industrial.

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86

Os custos de seguro, assim como no cenário convencional, são tratados como custos

industriais e foram determinados como 0,8% do custo de capital em cada componente

do sistema subsea to shore de produção.

Em termos de custos indiretos, os custos próprios do campo de projeto cobrem o

suporte onshore e administrativos e incluem o custo de pessoal administrativo e

operacional estimado como 15% do custo de pessoal operacional presente na plataforma

do sistema convencional, o custo de operações de suporte estimado em 25% dos custos

diretos e o custo da base de apoio para armazenamento de válvulas, tubulações e

equipamentos estimados em US$ 630.000. O custo de pessoal foi tratado como mão de

obra enquanto os demais foram tratados como industriais.

Os custos variáveis relacionados a tarifas pagas dependem do perfil de produção e da

própria tarifa. Estes são considerados custos industriais e estimados em US$ 1,15 por

barril de óleo e US$ 0,35 por pé cúbico de gás transportado.

A Tabela 5-45 mostra a divisão dos custos operacionais no sistema subsea to shore.

Tabela 5-45: Divisão do OPEX

Custos Diretos (US$)

Inspeção e Manutenção 474.003.280

Poços (Workovers) 149.274.000

Seguro 165.296.000

Custos de Campo e Projeto 261.594.000

Custos com Tarifas 108.304.000

OPEX Total 1.158.471.880

5.1.2.2.1 Descomissionamento

Assim como no cenário convencional com UEP, o descomissionamento é realizado

apenas após a interrupção da produção com um intervalo de 12 meses até seu inicio e

compreende os custos associados ao desmantelamento, remoção e descarte dos

componentes e equipamentos. Vale destacar que embora a tendência no futuro seja da

não necessidade de remoção dos pipelines no campo, foi considerado neste projeto a

remoção completa e limpeza dos dois pipelines de exportação e do pipeline de metanol.

O custo total de descomissionamento do sistema subsea to shore foi estimado pelo

QUE$TOR em US$ 418,420 milhões.

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87

Para os dois pipeline bifásicos de exportação e o de transporte químico, todos os

custos estão associados aos navios utilizados para operações de remoção, limpeza e

eliminação. O custo diário das embarcações contabiliza o aluguel de equipamentos e da

própria embarcação, serviços de apoio, tripulação e consumíveis.

Na Tabela 5-46 são discriminados os custos de remoção do pipeline de metanol

dados em dias de utilização de embarcações e atividades de limpeza, além dos custos de

gerenciamento de projetos segundo o custo da mão de obra necessária

descomissionamento deste pipeline.

Tabela 5-46: Custos de remoção e gerenciamento no descomissionamento do pipeline de metanol..

DECOMISSIONAMENTO/REMOÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

DSV 23 dias 136.000 3.128.000

Pigging e Bombeamento 22 dias 31.500 693.000

Químicos 34 dias 40.500 1.377.000

Jateamento 12 dias 47.000 564.000

Pipelay 65 dias 466.500 30.323.000

Tanker 39 dias 24.000 936.000

Surveys 31 dias 108.000 3.348.000

Total Descomissionamento/ Remossão US$ 40.369.000

DESIGN E GERENCIAMENTO DE

PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Design 11.200 mhr 133 1.490.000

Gerenciamento de Projeto 11.200 mhr 186 2.083.000

Total Design e Gerenciamento de Projeto $ 3.573.000

Na Tabela 5-47 são discriminados os custos de remoção de cada pipeline bifásico de

exportação dados em dias de utilização de embarcações e atividades de limpeza, além

dos custos de gerenciamento de projetos segundo o custo da mão de obra necessária na

atividade para o descomissionamento deste pipeline.

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88

DECOMISSIONAMENTO/REMOÇÃO Localização: S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

DSV 23 dias 136.000 3.128.000

Pigging e Bombeamento 46 dias 31.500 1.449.000

Químicos 82 dias 40.500 3.321.000

Jateamento 13 dias 47.000 611.000

Pipelay 91 dias 466.500 42.452.000

Tanker 87 dias 24.000 2.088.000

Surveys 31 dias 108.000 3.348.000

Total Descomissionamento/ remossão US$ 56.397.000

DESIGN E GERENCIAMENTO DE

PROJETO S. America

QUANTIDADE UNIDADE

(US$) CUSTO (US$)

Design 11.200 mhr 133 1.490.000

Gerenciamento de Projeto 11.200 mhr 186 2.083.000

Total Design e Gerenciamento de Projeto $ 3.573.000

O valor de recuperação de US$ 165 por tonelada de cada pipeline (5.600 toneladas

cada pipeline de metanol e 26.000 toneladas para cada pipeline de exportação) foi

considerado para desconto dos demais gastos.

Os demais custos mantiveram estimados como uma porcentagem fixa do custo total

de descomissionamento para 2,5% em seguros e 20% em contingência.

Para os demais componentes do sistema submarino de produção e perfuração os

custos de descomissionamento foram estimados em termos de 200% e 30% do custo de

instalação de cada sistema, respectivamente.

Tabela 5-47:Custos de descomissionamento por grupos.

Grupos Cabo de

Potência

(MUS$)

Pipeline

de

Metanol

(MUS$)

Pipelines

Bifásicos

(MUS$)

Poços de

Perfuração

(MUS$)

Sistema

Submarino

(MUS$)

Custo

Total

(MUS$)

Descomissionamento 12171 40369 112.794 49.396 160.703 375.433

Design 1.490 2.980 4.470

Gerenciamento 2.083 4.166 6.249

Seguro 1.099 2.998 4.097

Contingência 9.008 24.588 33.596

Sucateamento -6.653 -924 -8.580 -81 -16.238

Custo Total (MUS$) 5.518 53.125 138.946 49.396 160.622 418.420

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89

6 Incertezas do Projeto de Desenvolvimento e Produção

A incerteza é um componente significativo no estudo e desenvolvimento das

operações financeiras de uma empresa. Toda vez que uma situação de incerteza possa

ser quantificada por meio de uma distribuição de probabilidades dos resultados

previstos, diz que a decisão está sendo tomada sob uma situação de risco. Em linhas

gerais, a idéia de risco está associada às probabilidades de ocorrência de determinados

resultados em relação a um valor médio esperado, ou seja, o risco é representado pelo

desvio padrão revelando a dispersão das variáveis em relação à média.

Para se considerar o cenário de incerteza quanto á este projeto, primeiramente se faz

necessário reconhecer incertezas de duas naturezas gerais distintas:

i. As incertezas intrínsecas do sistema como quebra ou não de equipamentos, mão

de obra para reparo, inspeção ou substituição de componentes, incertezas

associadas à volatilidade dos preços do petróleo, incertezas da estabilidade

legislativa de determinado país, riscos geológicos, dentre outros. Estas são

incertezas próprias da natureza da variável.

ii. A incerteza associada à qualidade da estimativa dos custos, ou seja, a confiança

que se tem sobre o método de estimação ou fonte da informação.

Diante destas duas componentes de incerteza, as variáveis de custos abordadas nos

fluxos de caixa foram tratadas através de três tipos riscos. Os riscos de natureza

sistêmica, os riscos de natureza não-sistêmicos ou imprevisíveis e os riscos de natureza

correlacionada.

A incerteza do método de obtenção, medida ou de conceito na formação dos custos é

sistemática e pode inclusive estar relacionada a vícios no cálculo. Logo, a qualidade da

informação gera uma incerteza intrínseca, uma vez que o investidor mesmo hoje tendo

pleno conhecimento do custo do equipamento a ser instalado daqui a um ano,

certamente não poderá afirmar com precisão quanto o fabricante cobrará daqui a 10

anos, por exemplo.

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90

Incertezas deste tipo são sistêmicas, pois o risco associado é igual para todos os

componentes em todos os anos e foram tratadas por distribuições de probabilidade

triangulares com bandas simétricas, como será melhor abordado no próximo tópico.

Por outro lado, supondo não haver erros conceituais de estimativas, o risco não

sistemático está relacionado à imprevisibilidade de eventos por se ter baseado em

premissas que ocasionarão na variação do custo ano a ano independentemente, ou seja,

a incerteza relacionada a eventos que ocorrem em um dado ano e não impactam no ano

seguinte, vide o custo da substituição de equipamentos que falharam ou sofreram

acidente, ou até mesmo a realização de uma inspeção para reparo previsto

anteriormente, mas se avaliou que o equipamento está em bom estado e, portanto não

necessita de reparo. Estes são elementos que influenciam a variação independente dos

custos de um ano para o outro. Esta incerteza foi tratada nos custos através de

distribuições triangulares assimétricas e atribuídas aos custos ano a ano

independentemente, como será melhor abordado no próximo tópico.

Em terceiro, há de se considerar a incerteza da alteração de custos relacionados ao

offshore que de forma geral, mudarão se o mercado mudar. O risco destes custos

absorve o comportamento do mercado que evolui ao longo do tempo de forma auto-

correlacionada não variando nem de forma independente anualmente, nem de forma

sistemática. É importante ratificar que não necessariamente o risco destes custos

offshore responderá com a mesma tendência ao preço do petróleo que pode,

ilustrativamente, subir cinco anos consecutivos e repentinamente cair no ano seguinte,

todavia o custo cairá a partir do ponto em que estava influenciado pelo comportamento

correlacionado de tendência do preço do petróleo no mercado. Este efeito é passível de

ser observado com a queda da taxa de afretamento de embarcações de apoio como PSV

mediante o aumento da oferta de embarcações proveniente do crescimento do preço do

petróleo.

A percepção de todas estas incertezas sobre o CAPEX, OPEX e descomissionamento

será retratada nos próximos tópicos mediante a atribuição de distribuições de

probabilidade como tratamento dos riscos nos custos do projeto. Neste ponto, é de

fundamental importância ratificar que os percentuais atribuídos as distribuições de

probabilidade para retratar o nível de incerteza em cada componente de custo não tem o

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91

objetivo de representar com precisão estes riscos associados, pois estas estimativas

quando realizadas por uma empresa em análises financeiras reais envolvem a percepção

de risco de todo o departamento especializado envolvido. Logo, como não há meios

para teorizar estas medidas, este trabalho busca essencialmente captar o sentimento que

se têm sobre os distintos riscos em ambos os sistemas, atribuindo os percentuais de

modo que sejam notadas qualitativamente as incertezas em cada caso.

6.1.1 Tratamento do CAPEX sob Condições de Incerteza

Os custos de investimentos de ambos os sistemas subsea to shore e convencional

com UEP foram aplicados durante os três anos anteriores (referentes a 2016, 2017 e

2018) e no primeiro ano de início da produção do campo (2019).

As incertezas tratadas no CAPEX dizem respeito tanto a riscos sistemáticos quanto a

riscos não sistemáticos que carregam a percepção de imprevisibilidade, como abordado

anteriormente.

Para tratamento do risco sistemático, o CAPEX de cada ano foi relacionado com um

custo base através de um fator multiplicativo que nada mais é que um fator de retorno

do valor determinístico do investimento extraído diretamente do QUE$TOR em cada

ano. Este custo base é de US$ 39,47 milhões no sistema convencional e US$ 5,83

milhões no sistema subsea to shore correspondes aos respectivos investimentos no ano

de 2016, ou seja, no primeiro ano de aplicação do fluxo de caixa.

Para representar esta incerteza, foi aplicada a distribuição de probabilidade triangular

no custo base com bandas simétricas, pois se entende que o risco representado por essa

incerteza possui igual probabilidade de o custo ser maior ou menor que o estimado

deterministicamente pelo QUE$TOR. Assim, os demais custos de capital terão a mesma

tendência de crescerem ou diminuírem ao longo do tempo.

Para tal, as bandas atribuídas através da função RiskTriang() do software @Risk no

sistema convencional foram consideradas em 5%, ou seja, em cada ano de aplicação do

investimento, a probabilidade é a mesma deste ser no mínimo 95% ou no máximo 105%

de seu valor esperado, como pode ser visto na Gráfico 6-1. Já no sistema subsea to

shore, como a confiança na estimativa é menor para alguns componentes de custos

relevantes como o SSAO, o sistema de Injeção de água SRWI e as duas bombas

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92

submarinas presentes nos pipelines de exportação, foram atribuídas bandas maiores de

25% na distribuição simétrica de probabilidades, podendo ser no mínimo de 75% ou no

máximo 125% do valor central. Embora também não haja confiança suficiente na

escolha destes percentuais, o propósito aqui é retratar a percepção de esta incerteza ser

maior no sistema subsea to shore devido à baixa confiança nas informações acessíveis

de custos destes equipamentos.

Gráfico 6-1: Distribuição Triangular para risco sistemático do CAPEX no sistema convencional.

A fim de se representar o risco não sistemático, foram aplicadas distribuições

triangulares no CAPEX de ambos os sistemas ano a ano sob condição de incerteza

sistemática, cujas bandas foram estabelecidas através da função RiskTriang() em 10%

para menos e 20% para mais no sistema convencional e 20% e 40% no sistema subsea

to shore, configurando distribuições de probabilidades representadas por triângulos

assimétricos e, novamente carregando incertezas maiores no sistema subsea to shore.

Embora não seja possível teorizar com precisão estes percentuais, o sentimento

captado indica ser mais provável que existam omissões de custos de componentes

gerando desvios maiores para valores menores que o esperado, do que o oposto. Por

outro lado, é mais provável que o sistema subsea to shore seja mais sensível a

ocorrência da omissão de custos devido á incertezas tecnológicas maiores e, por tal

motivo, esta percepção foi representada por uma banda maior nas distribuições deste

sistema.

Logo, a distribuição de probabilidades do CAPEX a cada ano é a composição dos

riscos considerados através das distribuições triangulares e seu perfil de distribuição

pode ser visto no Gráfico 6-2, referente ao ano de 2018 no sistema convencional.

5,515 5,9055,0% 90,0% 5,0%

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

5,4

5,5

5,6

5,7

5,8

5,9

6,0

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93

Gráfico 6-2: Distribuição de probabilidades do CAPEX no ano 2018 do sistema convencional.

6.1.2 Custo de Descomissionamento sob Incerteza

Nos últimos anos, o descomissionamento de sistemas Offshore vem ganhando

importância no planejamento industrial e governamental. Estas operações são

relativamente inovadoras, sobretudo nos campos brasileiros, onde somente agora a

indústria nacional está começando a lidar com o final da produtiva destes campos. As

questões ligadas ao descomissionamento são complexas, pois para além de estarem

fortemente ligadas à capacidade industrial e das diversas estratégias de remoção de parte

ou totalidade dos componentes, há a necessidade de se considerar fatores ambientais e

políticos de cada legislação neste processo. Estas variáveis podem ser bastante

restritivas na escolha da disposição dos materiais e componentes das estruturas.

Portanto, o descomissionamento é um processo que envolve tantas variáveis que

deve ser tratado como um processo de natureza própria merecendo assim, uma

abordagem mais detalhada que não é o escopo deste trabalho.

Uma vez que o intervalo de tempo de aplicação destes custos seja grande em relação

ao início do investimento no ano de 2016, é provável que a incerteza sobre os custos

gerais de descomissionamento sejam mais críticas quanto à qualidade da estimativa e da

informação. Por outro lado este fato também incorre em maiores incertezas de natureza

imprevisível como a instabilidade das legislações e normas ambientais, segurança

exigida e tecnologias necessárias para remoção de equipamentos em grandes

profundidades e distância da costa.

Para este trabalho, embora não devidamente tratada, a abordagem da incerteza foi

simplificada e aceitas as estimativas provenientes do QUE$TOR como valor esperado.

581,3 715,75,0% 90,0% 5,0%

0,000

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008

0,009

0,010

500

550

600

650

700

750

800

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94

Vale ressaltar que a interrupção da produção posterior abandono do campo, as

atividades de descomissionamento se iniciaram 12 meses após e seus custos foram

aplicados nos anos de 2036 e 2037.

Assim, com o mesmo tratamento de incertezas que o CAPEX, o risco sistemático no

sistema convencional foi tratado por uma distribuição triangular através da função

RiskTriang() cujas bandas foram estabelecidas em 5%. Para o tratamento do risco não

sistemático, foram atribuídas distribuições de probabilidades triangulares cujas bandas

foram estabelecidas em 8% para menos e 25% para mais aplicadas ano a ano em ambos

os sistemas. Já no que se refere ao sistema subsea to shore, as bandas dos triângulos

para o risco sistemático foram de 25% e para o risco não sistemático de 20% para

menos e 50% para mais. O intuito com esta abordagem é captar o sentimento de maior

incerteza atrelado a esta atividade, que por sua vez, apresenta-se ainda maior no sistema

cujos investimentos são afundados quase em sua totalidade.

6.1.3 Tratamento do OPEX sob Condições de Incerteza

O OPEX de ambos os projetos, como descriminado no tópico cinco, foi subdividido

em três subgrupos de naturezas distintas:

i. Custo offshore: custos onde o risco absorve o comportamento do mercado ao

longo do tempo de forma auto-correlacionada com o preço do petróleo, tal qual

o afretamento de embarcações, serviços marítimos de apoio e custos de aluguel

de determinados equipamentos.

ii. Custos de mão de obra: custo de pessoal relacionado a salários de tripulante e

pessoal especializado seja na plataforma ou em embarcações de apoio de

suprimento, reparo ou manutenção, estacionário ou não, em estações offshore

ou onshore e seguem a lógica trabalhista do mercado marítimo.

iii. Custos industriais: são os demais custos operacionais que não pertencem aos

dois grupos anteriores como custos de armazenamento onshore de suprimentos

à plataforma, custos com seguro, custos com tarifas e custos de materiais para

reparo tal como intervenção nos poços.

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95

6.1.3.1 Custos Operacionais de Mão de Obra

Os custos operacionais de mão de obra foram tratados sob a condição de incerteza

sistemática e, portanto, da mesma forma que o CAPEX, foi utilizado o valor base de

US$ 5,90 milhões para o sistema subsea to shore e US$ 8,20 milhões para o sistema

convencional, ambos referentes ao primeiro ano de produção do campo. O tratamento

desta incerteza se deu pela aplicação de uma distribuição triangular através da função

RiskTriang() cujas bandas são 5% maiores ou menores que o valor esperado no

convencional de modo que os demais custos de mão de obra ano a ano apresentem o

mesmo risco associado. Já no sistema subsea to shore, as bandas são de 25%.

A possibilidade de se tratar o risco que confere uma variação aleatória dos custos de

mão de obra foi desprezada, uma vez que a incerteza de uma variação considerável

deste custo em um dado ano seria dominada pelo risco do preço do petróleo dada sua

elevada volatilidade, certamente o mais relevante dos componentes de incerteza dos

projetos.

Por outro lado, como as despesas com salários e encargos seguem as leis trabalhistas,

é plausível que tendam a certo crescimento sentido ao longo dos anos, sob um caráter de

incerteza tratado por uma distribuição probabilística uniforme através da função

RiskUniform (1;1,03) do @Risk com extremos entre 100% e 103%. Assim, a série de

distribuições uniformes pode ser encarada como uma série de fatores de correção

monetária. Portanto, o custo de mão de obra em cada ano sob a captação dos dois

componentes de incerteza foi obtido por meio do produto de um fator acumulativo de

crescimento pelo custo da mão de obra sob o risco sistemático. A série de fatores

acumulativos de crescimento que transfere a percepção do risco de crescimento ao custo

de mão de obra foi obtida pelo produto do resultado das distribuições uniformes em

cada ano e o fator acumulativo do ano anterior. No Gráfico 6-3 pode ser visto o

comportamento da série de fatores associado a cada ano em uma dada iteração da

simulação.

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96

Gráfico 6-3: Tendência do comportamentodo fator de correção para uma dada iteração da simulação.

No Gráfico 6-4 (a) pode se vista a distribuição uniforme aplicada no fator de

correção e em (b) a distribuição de probabilidades referente ao custo da mão de obra sob

os riscos considerados, no ano de 2024.

Gráfico 6-4: (a) Distribuição Uniforme no fator de correção; (b) distribuição do custo de mão de obra

em 2024.

6.1.3.2 Custos Operacionais Industriais

Os custos operacionais industriais foram tratados tanto sob condição de risco

sistemático quanto de risco variável de caráter imprevisível e, portanto não sistêmico.

Para tratar o custo industrial sob risco sistemático, da mesma forma que o

procedimento analítico realizado sobre o CAPEX, foi utilizado o valor base de US$

13,92 milhões para o sistema subsea to shore e US$ 17,19 milhões para o sistema

convencional, ambos referentes ao primeiro ano de produção do campo. O tratamento

desta incerteza se deu pela aplicação de uma distribuição triangular cujas bandas são 5%

0,80

0,90

1,00

1,10

1,20

1,30

2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035ANOS

Fator de Correção Acumulativo - Mão de Obra

1,00150

1,02850

0

5

10

15

20

25

30

35

0,995

1,000

1,005

1,010

1,015

1,020

1,025

1,030

1,035

16,942 18,648

5,0% 90,0% 5,0%

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

16,0

16,5

17,0

17,5

18,0

18,5

19,0

19,5

20,0

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97

maiores ou menores que o valor esperado no cenário convencional e 25% no subsea to

shore, de modo que os demais custos de mão de obra ano a ano apresentem os mesmos

riscos associados.

A fim de se representar o risco imprevisível, foram aplicadas distribuições

triangulares sobre a série de custos industriais ano a ano em ambos os sistemas sob

condição de risco sistemático já considerado. As bandas foram estabelecidas em 10%

para menos e 20% para mais no cenário convencional, ao passo que o sistema subsea to

shore foi tratado por bandas de 20% e 40%.

Por outro lado, um terceiro componente de incerteza foi considerado. O risco do

comportamento do erro em um dado ano, mesmo sujeito a variações repentinas no ano

seguinte, deve ser tratada a hipótese de o erro variar a partir da condição que

apresentava anteriormente, ou seja, de forma correlacionada com o ano anterior.

Com o propósito de representar este risco, foi adotado um fator de correção por meio

de uma distribuição normal através da função RiskNormal(0;0,02) de média zero e

desvio padrão 0,02 somado ao fator de correção do ano anterior, como indica o Gráfico

6-6. Na prática, o fator corrigido de um determinado ano é o fator do ano anterior

acrescido de um desvio proveniente da distribuição normal de probabilidades

representando um movimento aritmético a série de fatores, como indicado no Gráfico 6-

5 representativa deste comportamento em uma dada iteração da simulação.

Gráfico 6-5: Fator de correlação para um movimento aritmético no risco do custo industrial.

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035ANOS

Fator Correlacionado - Custo Industrial

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98

Gráfico 6-6: Distribuição normal aplicada ao fator de correção em dado ano da simulação.

No mais, a incerteza sob os custos industriais foi tratada considerando os

componentes de risco abordados. Ilustrativamente, a distribuição de probabilidade do

custo industrial no ano 2024 no cenário convencional pode ser visto no Gráfico 6-7.

Gráfico 6-7: Distribuição de probabilidades do custo industrial no ano 2024.

6.1.3.3 Custos Operacionais Offshore

Os custos operacionais offshore foram tratados tanto sob condição de risco

sistemático associado à confiança na estimativa, quanto sob risco aleatório de caráter

imprevisível que pode estar associado à atividades de reparo e manutenção não previstas

em um determinado equipamento. Por outro lado, estas atividades necessitarão de

embarcações específicas cujo frete responde de certa forma aos preços do petróleo no

mercado. Logo, também se buscou retratar a percepção de incerteza sob o custo offshore

auto-correlacionada com a volatilidade do preço do petróleo.

Primeiramente, o tratamento do custo offshore sob risco sistemático foi realizado a

partir do valor base de US$ 13,89 milhões para o sistema subsea to shore e US$ 13,13

-0,0329 0,03295,0%90,0% 5,0%

02468101214161820

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

49,67 64,045,0% 90,0% 5,0%

0,000,010,020,030,040,050,060,070,080,090,10

40

45

50

55

60

65

70

75

80

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99

milhões para o sistema convencional, ambos referentes ao primeiro ano de produção do

campo. O tratamento desta incerteza se deu pela aplicação de uma distribuição

triangular cujas bandas são 5% no cenário convencional e 25% no subsea to shore sobre

o valor base esperado de modo que os demais custos de mão de obra ano a ano

apresentem os mesmos riscos associados.

Note que assim como os custos industriais e de mão de obra sob risco sistêmico, as

bandas destes triângulos foram de mesmo percentual, pois não se pode afirmar com

confiança as diferenças plausíveis de serem consideradas para estes limites de acordo

coma natureza destes custos.

A fim de se representar o risco não sistêmico, foram aplicadas distribuições

triangulares através da função RiskTriang() sobre a série de custos industriais ano a ano

em ambos os sistemas sob condição de risco sistemático já considerado. As bandas

foram estabelecidas em 10% e 20% para o sistema convencional e 20% e 40% para o

sistema subsea. A Gráfico 6-8 ilustra o aspecto da distribuição triangular assimétrica

utilizada para tratar este erro no sistema convencional em 2024.

Gráfico 6-8: Distribuição do custo offshore sob risco assistemático no ano 2024

Já o risco correlacionado do custo offshore com as variações do preço do petróleo foi

tratado através da geração de duas seqüências de números aleatórios.

Basicamente, a partir de duas seqüências randômicas não-correlacionadas 𝑋1 e 𝑋2,

uma terceira seqüência 𝑌1 correlacionada a 𝑋1 através de um parâmetro ρ pode ser dada

por:

24,92 30,655,0%4,1%

90,0%91,8%

5,0%4,1%

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

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100

𝑌1 = ρ𝑋1 + 1 − ρ2𝑋2

Assim, a primeira seqüência não correlacionada, correspondente a 𝑋2, foi gerada

através da distribuição normal padrão de probabilidade aleatória, média nula e desvio

padrão unitário.

A seqüência 𝑋1 foi gerada a partir do preço do óleo nos anos de produção sendo cada

elemento desta seqüência definido como a razão da diferença entre o preço neste ano e

no ano anterior com o desvio padrão da série de diferenças destes preços.

Com a aplicação do parâmetro de correlação ρ igual a 80%, é obtida a série

correlacionada 𝑌1 que gerará a correlação da série de custos offshore sob incerteza

sistêmica e não sistêmica com a série de preços em cada simulação. O comportamento

correlacionado das séries de resíduos 𝑋1 e 𝑌1 pode ser visto ilustrativamente em um

dado “caminho” da simulação no gráfico. Desta maneira o risco correlacionado também

tem um viés de aleatoriedade em seu comportamento, devido ao caráter de grande

volatilidade dos preços do petróleo, todavia o erro tenderá a se comportar considerando

o ponto que estava antes, não desprezando totalmente sua trajetória até então.

No Gráfico 6-9, é possível perceber o perfil da evolução da série de erros

correlacionados em uma única iteração da simulação.

Gráfico 6-9: Comportamento correlacionado das séries de erros para dada iteração da simulação.

A série de custos offshore no Excel foi obtida por meio do produto dos fatores

componentes de uma série que considera o desvio padrão de 10% sobre cada resíduo da

série correlacionada 𝑌1 ano a ano adicionado ao fator do ano anterior, com a série de

custos offshore sob os riscos tratados anteriormente. No Gráfico 6-10 é ilustrada a

-2,00

-1,00

0,00

1,00

2,00

3,00

0 5 10 15 20

Resíduos Correlacionados

X1 Y1

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101

distribuição de custos offshore para o cenário convencional no ano de 2024. Note que o

perfil da curva não possui o valor esperado centralizado devido ao erro da distribuição

triangular assimétrica.

Gráfico 6-10: Distribuição de probabilidade do custo offshore no ano de 2024 para uma dada iteração.

6.1.4 Simulação dos Preços Futuros do Petróleo

A simulação do preço futuro do petróleo ao longo do tempo foi realizada pelo

método do Movimento Browniano Geométrico que, por se tratar de um processo

estocástico, utiliza o último preço do barril de petróleo no mercado como semente

geradora do processo, gerando todos os preços subseqüentes no qual o preço no ano t

depende somente do preço no ano t-1, se caracterizando como um processo Markov,

como já mencionado no tópico três.

Apesar da modelagem dos preços do petróleo ter sido realizada no Microsoft Excel, a

cada iteração do software @Risk para um novo fluxo de caixa é gerada uma série de

preços associados a cada ano através da variável aleatória que segue a distribuição de

probabilidade normal de média zero e desvio padrão unitário. Esta componente aleatória

é o erro ou “ruído branco” (processo de Wiener) e é responsável pelo caráter aleatório

da simulação de preços.

Assim, as 10.000 simulações no @Risk geraram igual número de caminhos ou séries

de preços do barril de 2016 a 2037.

Como base para a obtenção dos parâmetros de taxa de tendência α e taxa de

volatilidade σ, representativos da volatilidade do comportamento anual e a tendência de

crescimento do preço do barril de petróleo, respectivamente. A série histórica utilizada

17,72 35,255,0% 90,0% 5,0%

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

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102

como base para estimativa de preços mensais do barril de petróleo Brent compreende o

período de 1991 até 2016.

A vantagem mais relevante na utilização do MGB é a simplicidade, que permite

maior facilidade no tratamento analítico de modelos aplicados na avaliação de decisões

pela teoria das opções reais. Todavia, pode-se notar que ao se simular o comportamento

de commodities como o petróleo, cujo valor está relacionado ao equilíbrio de oferta e

demanda no mercado, para períodos de tempo demasiado extensos, a volatilidade deste

ativo cresce de tal forma que há perdas de qualidade na simulação, assumindo valores

impossíveis de serem praticados.

Por tal motivo, foram tomadas duas medidas de controle do preço:

i. Foi tirada a média dos 12 registros de preços mensais ano a ano de 1991 a

2016 e tomados como registro histórico anual, base da estimativa dos

parâmetros de tendência e volatilidade para simulação dos preços até 2037.

ii. Foi aplicado um filtro que atribui o valor histórico máximo registrado de U$$

132,55 ao preço simulado caso seja maior que este valor.

Assim, o preço base é de US$ 41,95 e os parâmetros são 6,2% para a taxa de

tendência e 24,7% para a taxa de volatilidade. No Gráfico 6-11 pode ser vista,

ilustrativamente, a simulação de 158 séries de preço do petróleo com a aplicação dos

filtros e o caminho do registro histórico considerado.

Gráfico 6-11: Curva de evolução do preço do petróleo por MGB.

Por fim, a receita bruta a ser considerada no fluxo de caixa será o produto dos preços

simulados do barril pelo volume produzido em barris de óleo.

0

20

40

60

80

100

120

140

1991 1996 2001 2006 2011 2016 2021 2026 2031 2036

Pre

ço P

etr

óle

o

US$

/bb

l

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103

7 Simulação e Análise de Resultados

7.1 Premissas Adotadas

Antes da abordagem direta à simulação, se faz necessário ratificar algumas premissas

admitidas para o projeto.

Primeiramente, a análise do fluxo de caixa descontado dos projetos presentes neste

trabalho não levou em consideração os custos relacionados às fases anteriores ao

desenvolvimento do campo, pois se por um lado não há conhecimento dos custos

referentes a esta etapa, por outro estes custos seriam similares uma vez que o campo

base para análise econômica é o mesmo em ambos os sistemas.

Em um projeto completo, a primeira etapa diz respeito a fase de exploração quando

se tem gastos referentes à prospecção e perfuração de poços pioneiros na busca por

descobertas de jazidas petrolíferas; a segunda etapa corresponde à avaliação, onde é

feito um estudo do reservatório para comprovar se este é ou não viável

economicamente. Esta fase é caracterizada por testes de avaliação da descoberta, a fim

de se estimar o volume potencial do reservatório e sua produção diária. Os resultados

destes testes irão comprovar se a jazida petrolífera é comercial ou se deve ser

abandonada. Os investimentos da fase de avaliação visam determinar o esquema de

investimentos de desenvolvimento necessários para transformar uma descoberta em um

campo comercial – isto é, qual a vazão do campo, em quanto tempo estará depletado,

quais os métodos de recuperação secundária poderiam ser utilizados para alongar sua

vida útil. A fase seguinte corresponde ao desenvolvimento em que o reservatório é

preparado para produção do óleo, onde o projeto referente a este trabalho se inicia. Por

conseqüência, o projeto é considerado livre de risco geológico.

Em segundo, não foram considerados os custos referentes à fatia governamental

como participação em Royalties, Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), CSLL,

COFINS, PIS e outros. Embora esta parcela de custos seja relevante, não se detêm

informações confiáveis para tratá-la.

Em terceiro, o risco tecnológico não foi abordado, pois é considerado o risco do

desconhecido. Para melhor esclarecer, é importante referenciar o chamado risco do

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104

conhecido. Este risco faz alusão à incerteza sobre a possibilidade de ocorrência de um

evento que, embora não se tenha controle se acontecerá ou não, sabe-se plenamente o

que poderá ocorrer. O risco da formação de hidratos nos dutos que podem reduzir a

vazão ou até mesmo obstruí-la é um claro exemplo deste tipo de risco.

Todavia, os sistemas e componentes que possuem um histórico de utilização pequeno

e não foram plenamente integrados gerando um risco não identificado e de difícil

tratamento, pois a utilização destes componentes trás os riscos do que não se conhece.

Este é o risco do desconhecido se faz mais presente no sistema subsea to shore devido a

utilização de novas tecnologias, como o separador multifásico submarino.

Em um projeto real mais detalhado onde o investidor ou analista se preocupe com

estas questões, certamente ao final da avaliação econômica, o valor do projeto será

representado por uma distribuição de probabilidades do VPL com variância

sensivelmente maior em função da soma dos componentes de risco que o fluxo de caixa

carrega.

7.2 Simulações do Fluxo de Caixa Descontado

Para a simulação de Monte Carlo, o fluxo de caixa sob incerteza foi descontado a

taxa de desconto de 10% a.a e foram realizas 10.000 iterações no software @Risk em

cada um dos modelos de produção. Como já mencionado, o software @Risk possibilita

que variáveis de incerteza e de interesse sejam determinadas por meio de distribuições

de probabilidade. Logo, a distribuição do VPL é a soma das incertezas tratadas por estas

distribuições atribuídas aos componentes do CAPEX, OPEX e descomissionamento,

permitindo ao analista determinar quais distribuições se ajustam melhor à análise.

Cada iteração representa um valor de fluxo de caixa descontado ao tempo zero

referente ao ano de 2016 para obtenção de 10.000 valores de VPL que comporão a

distribuição de probabilidade da variável de interesse. Em cada iteração, é gerada uma

série de valores anuais de CAPEX, dos componentes do OPEX subdivididos em custos

de mão de obra, industriais e offshore, série de custos de descomissionamento e uma

série anual de preços futuros do petróleo, que gerarão a receita a bruta quando

multiplicados pela produção.

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105

Em grande parte, a incerteza ou risco do projeto se deve a dispersão da estimativa do

preço do petróleo como elemento mais crítico e pode ser mensurada pelo desvio padrão

da curva de distribuição de probabilidade do VPL.

Após a realização da simulação, a distribuição de probabilidade do valor presente

líquido do sistema convencional indica que a probabilidade de o VPL ser menor que

zero é de 8,8% com valor esperado para esta variável de interesse de US$ 515,05

milhões e desvio padrão de US$ 383,01 milhões.

Quanto ao sistema subsea to shore, a distribuição de probabilidade indica que a

probabilidade do VPL ser nulo é de 10,9%, com valor esperado em US$ 492,96

milhões, e o desvio padrão US$ 405,96 milhões, como pode ser observado no Gráfico

7-1

Gráfico 7-1: Distribuição do VPL no cenário convencional(a esquerda) e subsea (a direita).

Como mencionado anteriormente, o escopo deste trabalho não é comparar

diretamente a viabilidade econômica da implantação dos dois sistemas de produção,

mas sim agregar um caráter exploratório sobre as variáveis mais relevantes de projetos

alternativos de produção petrolífera sob cenário de incerteza. Entretanto, em uma

situação real sob o ponto de vista do investidor ou analista, em conhecimento das curvas

de distribuição de probabilidade do VPL como parâmetro decisório, o valor da opção é

condicionado a investir ou não investir no projeto no ano de 2016 (ano zero) quando se

projeta a análise ao longo de todo o horizonte de tempo, uma vez que o fluxo de caixa

foi considerado até o ano de 2037 em ambos os sistemas.

0 1.0148,8% 81,2% 10,0%

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

-1000

-500 0

500

1000

1500

2000

0 1.02910,9% 79,1% 10,0%

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

-1000

-500 0

500

1000

1500

2000

2500

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106

Em outras palavras, como a análise preliminar foi realizada considerando todo o

ciclo de vida produtiva do campo (22 anos contando com o desenvolvimento), somente

é possível decidir por qual sistema é mais adequado nas condições e hipóteses

estabelecidas ou simplesmente decidir não investir caso ambos se mostrem

insatisfatórios economicamente.

Neste contexto é possível observar que o sistema convencional com FPSO se

mostrou a opção mais adequada quando levado em consideração todas as premissas

assumidas no projeto e as incertezas tratadas.

A menor probabilidade de o VPL ser negativo do sistema convencional indica que o

investimento possui 91,2% de probabilidade de trazer lucro ao investidor quando

comparado a 89,1% do sistema com todos os componentes afundados. Adicionalmente,

o valor esperado para o VPL é US$ 22,06 milhões maior neste sistema. Analisando o

risco associado ao valor do projeto, o desvio padrão de US$ 383,01 milhões indica

menor incerteza na estimativa do VPL, onde 67.95 % dos valores se encontram na faixa

de US$ 515,05 383,01 −+ milhões. Portanto, sistema convencional apresenta um maior

valor esperado para o VPL e menor risco também.

7.2.1 Análise do Cenário Econômico de Interesse

Analisando os custos determinísticos estimados diretamente do IHS QUE$TOR livres

de incerteza, é relevante notar que o sistema convencional com FPSO apresentou o

CAPEX menor estimado em US$ 1,182 bilhões em relação aos US$ 1,279 bilhões no

subsea to shore. Já o OPEX se mostrou maior no sistema convencional, pois demanda

gastos adicionais com manutenção e reparo de equipamentos existentes no topside, além

da relevante contribuição da mão de obra referente a tripulação fixa a bordo da

plataforma, embarcações de apoio e helicóptero. O OPEX do sistema convencional foi

estimado pelo QUE$TOR em US$ 1,567 bilhões e US$ 1,158 bilhões para o sistema

subsea to shore.

Entretanto, a percepção que se tem é que as diferenças tanto do OPEX quanto do

CAPEX não se apresentaram tão expressivas quanto o esperado. De certa forma, a

utilização de uma plataforma de pequeno porte cujo casco é menor devido ao modelo

simplificado do campo, com poucos poços ativos e modesta reserva recuperável, acaba

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107

por contribuir para a redução do CAPEX em cerca de US$ 150 milhões em comparação

com um FPSO convertido de VLCC acima de 300.000 DWT, segundo estimativa do

QUE$TOR livre de incerteza. Vale destacar que o FPSO convertido utilizado é um

Panamax com capacidade máxima de 73.000 DWT.

Por outro lado, o sistema subsea to shore possui equipamentos com maior nível

tecnológico que encontram condições mais severas de operação no leito marinho, em

relação aos equipamentos similares que operam no topside da plataforma, agregando

maiores custos de aquisição, construção e instalação. Logo, a presença do separador

multifásico submarino (SSAO), o sistema de captação e injeção de água (SRWI) e as

bombas multifásicas submarinas acabam por influenciar no sentido do aumento do

CAPEX.

Como grandes desafios da implantação do sistema sem UEP, a telemetria, o suporte

químico e o suprimento da demanda energética admitiram soluções mediante a

implantação de um pipeline de metanol, de umbilical hidráulico multiplexado e do cabo

de potência ao longo dos 160 km até costa, contribuindo fortemente para o aumento

tanto do CAPEX relacionado a estes componentes, quanto do OPEX associado a

manutenção periódica destes cabos e pipelines. Assim, de certa maneira, os custos não

considerados devido à ausência do FPSO acabam sendo compensados pela presença

destes componentes.

7.2.2 Impacto do CAPEX e OPEX na Irreversibilidade do Projeto

A diferença no OPEX e CAPEX de projetos certamente afeta seu desempenho

quanto ao risco associado ao processo decisório do investidor em paralisar a atividade

ou seguir adiante, mesmo em condições menos favoráveis. O fato é que projetos mais

flexíveis costumam se beneficiar da opção de abandono. Os impactos do OPEX e

CAPEX nestes projetos atrelados ao conceito de irreversibilidade serão discutidos nas

próximas seções.

No cenário da produção petrolífera, o sistema subsea to shore apresenta um caráter

de maior irreversibilidade uma vez que responde por uma parte mais significativa dos

investimentos enterrados em relação ao cenário convencional, onde a parte não

afundada do investimento tem grande componente reversível.

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108

Atrelado a este aspecto, dois importantes elementos em um cenário de opção real de

abando do campo devem ser considerados.

Primeiramente, um sistema com o OPEX menor se beneficia menos com a

flexibilidade gerencial de abandono, que acaba por favorecer o sistema mais flexível

onde os custos são mais distribuídos ao longo da vida útil produtiva do campo. Todavia,

para uma análise mais apropriada em condições reais por analistas, se faz necessário um

estudo mais detalhado para melhor conhecer o valor adequado do capital recuperável

referente ao reaproveitamento do FPSO e de determinados equipamentos. O fato de o

FPSO se desvalorizar com o tempo indica que quanto mais cedo se interrompe a

produção e abandona o campo, maior o valor de mercado deste relevante componente.

Em segundo, certamente em um cenário com o CAPEX mais acentuado de maior

capital irreversível e menor OPEX que se dilui ao longo do tempo de produção do

campo, a tendência é que o investidor postergue a decisão de interrupção da produção

mesmo que, hipoteticamente, o preço do petróleo caia e se mantenha com previsões

desfavoráveis ou a capacidade de recuperação da reserva se mostre aquém da esperada

ao ponto de o fluxo de receitas proporcionar lucros menores que o desejável pela

empresa. Portanto, a realidade é que os cenários de decisão de abandono não se dão nas

mesmas condições entre os sistemas subsea to shore e convencional.

Embora os gráficos indicados nos Gráficos 7-2 e 7-3 façam referência a uma única

iteração do processo de simulação, estes possibilitam perceber o comportamento da

curva de fluxo de custos descontados até um ano zero (2016) sob a mesma taxa de

desconto de 10% a.a, levando em consideração os custos de descomissionamento dos

equipamentos 12 meses após a interrupção da produção. Ambos os gráficos se apresentam na

mesma escala.

No Gráfico 7-2, é possível notar que o sistema subsea to shore apresenta um crescimento

inicial mais expressivo devido ao maior CAPEX pouco influenciado pela da taxa de desconto e

sob menor incerteza própria, uma vez que nesta altura do projeto, a confiança do investidor na

qualidade da estimativa é consideravelmente maior que no horizonte de previsão.

O comportamento da curva ilustra como o menor OPEX afeta menos o fluxo de custos ao

longo da vida produtiva do campo, uma vez que o OPEX é amortecido pela taxa de desconto

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109

quando trazido ao tempo zero. Quanto mais distante for o custo no horizonte de tempo menor o

efeito que este exerce no valor de projeto (VPL), todavia, maior será a incerteza sobre ele.

No Gráfico 7-3, a curva referente ao sistema convencional indica que o fluxo de caixa neste

projeto apresenta menor CAPEX e crescimento mais acentuado ao longo da produção devido a

maiores custos operacionais.

Logo, a curva representativa da evolução do fluxo de custos mostra-se mais tênue após a

aplicação do CAPEX.

Gráfico 7-2: Curva de fluxos de custos descontados no sistema subsea to shore.

Gráfico 7-3:Curva de fluxo de custos descontados no sistema convencional.

338,78

1048,99

1230,41

1661,61

0

400

800

1.200

1.600

20

16

20

17

20

18

20

19

20

20

20

21

20

22

20

23

20

24

20

25

20

26

20

27

20

28

20

29

20

30

20

31

20

32

20

33

20

34

20

35

MIL

US$

ANO

188,10

719,57

1070,61

1742,49

0

400

800

1.200

1.600

20

16

20

17

20

18

20

19

20

20

20

21

20

22

20

23

20

24

20

25

20

26

20

27

20

28

20

29

20

30

20

31

20

32

20

33

20

34

20

35

MIL

US$

ANO

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110

7.2.3 Influência da Evolução do Fluxo de Custos na Opção do Abandono

Na seção anterior, foi introduzida uma discussão a respeito da evolução do CAPEX e

do OPEX ao longo do tempo e seus efeitos, entretanto os gráficos analisados apenas

permitem perceber as tendências retratadas em uma única iteração da simulação.

Nesta seção, a discussão será alimentada de forma mais ampla e direcionada à opção

real de abandono do projeto.

Como já mencionado, o propósito nesta abordagem não é quantificar o valor da

opção, segundo a teoria das opções reais, mas sim reconhecer o impacto os custos sob

incertezas supostamente conhecidas podem ter sobre o processo decisório do investidor.

Para tal, serão analisadas as distribuições de probabilidade do custo total descontado

a taxa de 10% a.a em seis cenários hipotéticos de abandono previamente estabelecidos.

A escolha destes cenários se deu de forma equilibrada ao longo da exponencial

descendente da curva de produção, suficientemente distante do plateau e do fim da vida

produtiva do campo, de forma que os efeitos da decisão pudessem ser mais

adequadamente sentidos em termos de fluxo de custos.

Vale destacar que o fato de ambos os modelos possuírem o mesmo fluxo de receitas

com a produtividade do campo fixa, bem como o mesmo modelo de simulação dos

preços futuros do petróleo, levou a análise a ser realizada somente com os custos, em

detrimento da distribuição do VPL, caso se considerasse as receitas.

Esta abordagem é simplista e, de forma alguma, capacita o investidor no processo de

decisão em quando abandonar a produção sob cenário de incerteza. Entretanto

possibilita reconhecer melhor o comportamento esperado do fluxo de custos entre dois

projetos com diferentes proporções de capital enterrado e que respondem distintamente

á flexibilidade gerencial.

A hipótese de abandono foi considerada nos seguintes cenários:

Cenário 1: Interrupção da produção e descomissionamento dos equipamento

no ano de 2026 equivalente ao 9° ano da produção ou 3 anos após o plateau

ao longo da exponencial descendente da curva.

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111

Cenário 2: Interrupção da produção e descomissionamento dos equipamento

no ano de 2027 equivalente ao 10° ano da produção ou 4 anos após o plateau.

Cenário 3: Interrupção da produção e descomissionamento dos equipamento

no ano de 2028 equivalente ao 11° ano da produção ou 5 anos após o plateau.

Cenário 4: Interrupção da produção e descomissionamento dos equipamento

no ano de 2029 equivalente ao 12° ano da produção ou 6 anos após o plateau.

Cenário 5: Interrupção da produção e descomissionamento dos equipamento

no ano de 2030 equivalente ao 13° ano da produção ou 7 anos após o plateau.

Cenário 6: Interrupção da produção e descomissionamento dos equipamento

no ano de 2031 equivalente ao 14° ano da produção ou 8 anos após o plateau.

As Tabelas 7-1 e 7-2 registram os valores esperados e o risco para cada distribuição

de custos dos sistemas subsea to shore e convencional, respectivamente.

Tabela 7-1: Valores esperados para o custo total e desvio padrão no cenário subsea to shore.

Cenário VE (MM US$) σ (MM US$)

1 1.524,17 157,37

2 1.556,28 158,93

3 1.576,31 160,38

4 1.594,78 159,67

5 1.619,41 161,41

6 1.648,28 161,97

Tabela 7-2: Valores esperados para o custo total e desvio padrão no cenário convencional.

Cenário VE (MM US$) σ (MM US$)

1 1.448,52 46,57

2 1.493,23 47,95

3 1.521,68 48,17

4 1.548,94 49,22

5 1.579,95 49,77

6 1.610,00 50, 91

De acordo com as Tabelas 7-1 e 7-2, analisando a evolução do fluxo de custos de

ambos os sistemas por meio do valor esperado de suas distribuições de probabilidades

em cada cenário, pode-se notar que, embora o valor esperado do custo total do projeto

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no sistema subsea to shore seja maior em todos os cenários de hipótese de abandono,

observa-se no Gráfico 7-4, que as diferenças entre os valores esperados dos custos de

ambos os sistemas tornam-se cada vez menores quando se decide abandonar o campo

mais tardiamente, indicando que o sistema convencional pode se beneficiar com a opção

de abandono anterior ao subsea to shore.

Gráfico 7-4: Diferença dos valores esperados dos custo totais entre os sistemas ao longo dos cenários.

Ao lançar o olhar sobre os riscos do OPEX, CAPEX e descomissionamento, há ainda

dois pontos merecedores atenção.

O primeiro diz respeito à maior incerteza própria do cenário subsea to shore,

plenamente sentida na distribuição de probabilidades do custo através do desvio padrão

indicado na tabela 7-1. Esse comportamento é esperado, pois cada uma destas

distribuições (correspondente a um cenário) absorve a combinação dos riscos aplicados

nos diversos componentes do OPEX e CAPEX ao se avaliar economicamente o projeto

sob incerteza.

Em segundo, nota-se que, sob a ótica somente dos custos e independente do sistema,

o risco do projeto cresce ao longo do horizonte de previsão indicando que o investidor

tem maior confiança nas variáveis do projeto na fase de investimento.

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

cenário 1 cenário 2 cenário 3 cenário 4 cenário 5 cenário 6

US$

Diferença dos Valores Esperados dos Custos Totais

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113

8 Conclusão e Discussões

A modelagem dos sistemas de produção permitiu reconhecer o QUE$TOR como uma

poderosa ferramenta de suporte em análises de investimentos em projetos de

desenvolvimento e produção em campos petrolíferos, ao passo que o tratamento de risco

sobre as estimativas do QUE$TOR se mostrou uma abordagem adequada no sentido da

realização de análises econômicas sob incerteza em diferentes cenários. Entretanto, em

um caso real, um investidor ou analista deve considerar aspectos de incerteza que não

foram tratadas neste trabalho.

Primeiramente, a incerteza tecnológica pode ter um grande peso no risco do projeto,

uma vez que se trata do risco do desconhecido, como por exemplo, o risco associado à

implantação de equipamentos inovadores recentemente desenvolvidos e, portanto, não

apresentam um histórico de utilização e ainda não foram plenamente integrados. Logo,

as incertezas tecnológicas sobre este equipamento quando posto em operação geram

riscos desconhecidos e de difícil tratamento. A percepção que se tem é que no cenário

subsea to shore possui este componente de risco mais crítico que o cenário

convencional.

Em outra abordagem, embora o risco da produção não tenha sido tratado neste

trabalho, este certamente representa um relevante componente de incerteza do projeto,

uma vez que são muitas as variáveis que podem levar a redução brusca das taxas de

produção de um ano para o outro, como a quebra de um equipamento de um

determinado poço, a depletação do reservatório, obstrução de dutos por formação de

nitratos, instabilidade legislativa de determinada região ou a manutenção do preço do

petróleo em níveis muito baixos por muitos anos.

Vele ressaltar que o risco da produção, assim como o risco do preço do petróleo são

componentes críticos na incerteza de projetos por influenciarem diretamente nas receitas

aumentando o risco associado à variável de interesse, o VPL.

Ainda em uma abordagem a respeito das receitas, a escolha do MGB para simular o

preço futuro do petróleo mostrou-se uma alternativa arriscada, uma vez que a

volatilidade do preço aumentava em demasia ao longo do tempo atingindo valores de

preços pouco prováveis no mercado, dado o registro histórico até então. A percepção é

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que este método estocástico apresenta comportamento mais confiável quando o

horizonte de tempo não é tão amplo. É importante ressaltar que em grande parte, o risco

do projeto se deve a incerteza dos preços futuros deste commodity.

Outro ponto relevante que deve ser tratado em um caso real de investimento envolve

os custos de descomissionamento, pois são operações relativamente inovadoras,

principalmente nos campos brasileiros, onde somente agora a indústria nacional está

começando a lidar com o final da vida produtiva de seus campos

Os riscos associados a esta atividade são variados, pois exige distintas estratégias

para consideração de permissões de autoridades (avaliação em remoção completa de

equipamentos ou não), preparação de plataforma para desativação, fechamento de

poços, limpeza e remoção de risers, descomissionamento de dutos e umbilicais,

mobilização de desmobilização de barcaças e guindastes, remoção da plataforma (se

houver) e disposição dos materiais removidos, além da necessidade de se considerar

fatores ambientais e políticos de cada legislação neste processo. Estas variáveis podem

ser bastante restritivas na escolha da estratégia de remoção, influenciando nos custos e

conseqüentemente na incerteza associada.

Assim, a consideração adicional de todos estes riscos certamente resultaria em uma

distribuição de probabilidade do VPL de variância muito mais expressiva, retratando a

combinação acumulada de riscos devido aos componentes de incerteza agora tratados.

Conduzindo a discussão para outra direção, ao analisar as distribuições de

probabilidade do VPL de ambos os sistemas, o sistema convencional retornou um valor

esperado para o VPL maior enquanto o seu risco mostrou-se menor, indicando o sistema

com menor investimento inicial como o mais viável, obviamente mediante as premissas

e hipóteses assumidas.

É interessante perceber como os maiores riscos tratados nos diversos custos do

subsea to shore (pelas bandas das distribuições) se combinaram resultando em uma

incerteza geral maior representada pelo desvio padrão do VPL, por outro lado, o sistema

com menor CAPEX acabou por se beneficiar da grande influência que os investimentos

no início do projeto exercem sobre seu valor do projeto, ao passo que os custos

operacionais que são amortecidos ao longo do tempo.

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Os efeitos da irreversibilidade do sistema de menor CAPEX e maior OPEX indicam

que o sistema convencional se beneficia mais da opção de abandono, quanto a

flexibilidade gerencial da empresa, uma vez que possui parte menor do capital enterrado

e parte maior do capital reversível através do FPSO, todavia o reaproveitamento de uma

plataforma em outro campo é um processo incomum e nada trivial envolvendo diversos

fatores como readequação da planta de processo para as condições de produção de outro

reservatório.

Neste ponto, dois importantes elementos precisam ser tratados em uma análise real

de projeto, sob a opção do abandono quando analisados ambos os cenários.

Primeiramente é necessário conhecer melhor o valor do capital recuperável referente

ao reaproveitamento do FPSO, uma vez que este se desvaloriza com o tempo. O

segundo ponto é que o cenário de abandono não se dá nas mesmas condições nos dois

sistemas, uma vez que o maior investimento inicial, juntamente a menores custos

operacionais e a grande irreversibilidade devido aos custos enterrados, certamente

levaria o investidor a adiar a decisão mesmo na hipótese de lucros pequenos para baixos

preços do petróleo.

Como sugestão para trabalhos futuros que dêem continuidade aos estudos realizados

nesta monografia, além das considerações a respeitos das incertezas não tratadas, uma

análise de sensibilidade com variação dos parâmetros para reconhecimentos das

variáveis mais críticas de incerteza que afetam o valor de ambos os projetos em muito

agregaria valor ao estudo.

Por fim, um ponto de grande importância deve ser destacado. A escolha do campo de

Voador como inspiração para o campo modelo base deste trabalho se deu pela pouca

complexidade do campo com uma configuração de poços relativamente simples, todavia

esta decisão certamente desfavoreceu o cenário subsea to shore em termos de análise

econômica como sistema alternativo ao convencional, pois este campo apresenta

distâncias particularmente grandes á costa.

Este aspecto implica em grandes extensões do maior número de pipelines de

escoamento da produção e de suporte químico de metanol em relação ao convencional,

além de 160 km de cabo de potência para atendimento da demanda energética do

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campo. No convencional a geração de energia se dá no próprio topside da plataforma

onde os principais equipamentos que demandam energia se encontram e os demais

consumidores são supridos por poucos quilômetros de umbilicais com cabos de potência

do topside do FPSO até os equipamentos no leito marinho. Outro componente

importante é o umbilical multiplexado para controle hidráulico das válvulas do manifold

e ANM que também se estendem por grandes distâncias.

Embora a implantação de todos estes componentes com elevados custos de

fabricação, aquisição e instalação reflita diretamente na elevação do CAPEX do

sistema, os efeitos no OPEX também são muito sentidos, uma vez que a manutenção

destes elementos compreende o aluguel de embarcações, consumo de combustível e

mão de obra por muitos dias para cobrir toda a extensão até costa.

Logo, como um trabalho exploratório, foi possível reconhecer os múltiplos

componentes de incerteza que compõem um projeto de produção de petróleo, a

relevância do CAPEX e OPEX dos sistemas convencional e subsea to shore na

avaliação do investidor quanto à opção do abandono ou do investimento e a importância

da flexibilidade de sistemas com menor capital enterrado neste processo decisório, por

outro lado a elaboração deste estudo em outros campos com distâncias menores á costa

poderia trazer resultados diferentes em favor ao sistema subsea to shore ao passo que

complementaria as análises realizadas neste trabalho.

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9 Referências Bibliográficas

[1] BAI, Y., BAI Q., 2010, Subsea Engineering Handbook. 1ed. Houston, EUA

[2] GIBLON, R.P., MINORSKY, U.M., “Super Jack-Up Type Mobil Drill Rig

Platform for Operation in 500 to 600-Ft.Water Depths”. Offshore Technology

Conference, 1879-MS, Houston, Texas, USA, 29 April –2 May 2007.

[3] Tipos de Plataformas de Petróleo, disponível em

https://pt.wikipedia.org/wiki/Plataforma_petrol%C3%ADfera#Tipos. Acessado

em 6 de janeiro de 2017.

[4] ENGEBRETSEN, K., HANNUS, H., SANDVIK, A., “TLP Operational

Experience Enhancing Margins In-field as well as New Design”. Offshore

Technology Conference, 14179-MS, Houston, Texas, USA, 6-9 May 2002.

[5] EUPHEMIO, M.L.L., KUCHPIL, C., FIGUEIREDO, M.W., “Subsea Processing

and Boosting - Building Blocks for Scenarios”. Offshore Technology Conference,

20186, Houston, Texas, USA, 4–7 May 2007.

[6] PORTO, A.C.C.H, M.F.D., 2013, Estudo de Implantação de Processamento

Submarino com Exportação para a Costa. Dissertação de M.Sc., COPPE-RJ, Rio

de Janeiro, RJ, Brasil.

[7] DE OLIVEIRA, G.D.A.F, M.F.D., 2015, The Development of New Submarine

and Offshore Technologies in Times of Uncertainty. Dissertação de M.Sc., ITL,

Lisboa, Portugal.

[8] DE OLIVEIRA, M.F.D., 2003, Análise da Aplicação de um Sistema de

Bombeamento Multifásico Submarino na Produção de Petróleo. Dissertação de

M.Sc., PUC-RJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

[9] BORDIERI, Carlos Augusto, M.F.D., 2004, Um método quantitativo para

estimativa da Volatilidade de Projetos de Produção de Petróleo. Dissertação de

M.Sc., UEC-SP, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

[10] HULL, J. C. (2003) "Options, Futures, and Other Derivatives". Prentice Hall, 5th

ed., Englewood Cliffs, NJ.

[11] COSTA, Luiz Guilherme Tinoco Aboim e AZEVEDO, Marcos Correia Lima.

“Análise Fundamentalista”., FCV/EPGE.1996, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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ANEXO A

A figura ANEXO A1 mostra o cronograma do CAPEX do sistema convencional com

a aplicação dos custos mensalmente relacionados aos subgrupos (equipamentos,

material, fabricação, instalação, gerenciamento de projetos e Hook-up) desde o mês de

início a partir de 2016 e a duração da aplicação. É importante ratificar que o cronograma

foi estimado diretamente pelo QUE$TOR baseado na duração de calendários de

desenvolvimento de análises de projetos existentes.

Para os equipamentos e materiais em ambos os cenários de produção, os custos de

capital foram distribuídos no tempo através de uma distribuição down payment and

delivery (DPD), ou seja, no pagamento de 25% antecipado e 75% na entrega do

elemento ou término do serviço. Já os demais componentes tiveram seus custos

distribuídos no tempo segundo uma distribuição uniforme de 33% no início, 34% no

meio e 33% na entrega dos componentes ou término do serviço. Os custos são

representados em milhões de dólares.

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ANEXO A 1: Cornograma do CAPEX no sistema convencional (fonte: IHS QUE$TOR).

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As figuras ANEXO A 2, 3 e 4 mostram o cronograma de distribuição do CAPEX

(em milhões de dólares) ao longo do tempo referente ao sistema subsea to shore

diretamente estimado pelo QUE$TOR, assim como abordado no sistema convencional.

As figuras referidas indicam a duração mensal da aplicação dos custos e o mês de

término a partir do início do fluxo de caixa considerado, em 2016.

ANEXO A 2: Cornograma do CAPEX no sistema subsea to shore. (fonte: IHS QUE$TOR).

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ANEXO A 3: Cornograma do CAPEX no sistema subsea to shore. (fonte: IHS QUE$TOR).

ANEXO A 4: Cornograma do CAPEX no sistema subsea to shore. (fonte: IHS QUE$TOR).