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ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO DE QUEROSENE DE AVIAÇÃO EM UMA BASE AEROPORTUÁRIA Caio Rodrigues de Oliveira Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Reinaldo de Falco Rio de Janeiro Novembro de 2018

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ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO DE QUEROSENE

DE AVIAÇÃO EM UMA BASE AEROPORTUÁRIA

Caio Rodrigues de Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Reinaldo de Falco

Rio de Janeiro

Novembro de 2018

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i

Oliveira, Caio Rodrigues de

Análise técnica do sistema de bombeamento de querosene de

aviação em uma base aeroportuária / Caio Rodrigues de Oliveira

- Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2018.

XII, 130 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Reinaldo de Falco

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Mecânica, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 106 - 107

1. Aviação, 2. Caminhão-tanque, 3. tanque de

armazenamento, 4. enchimento, 5. recebimento, 6. bomba

centrífuga, 7. combustível, 7. mecânica, 8. hidráulica. I. Oliveira,

Caio Rodrigues de. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Análise

técnica do sistema de bombeamento de querosene de aviação em

uma base aeroportuária

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ii

Agradecimentos

Primeiramente, gostaria de agradecer a meus pais, Alexandre e Rosana, que

sempre me deram apoio extraordinário para minha formação pessoal e profissional. Sou

o que sou graças a vocês. Com vocês eu vivo uma vida maravilhosa, e pude perceber que,

na mesma rapidez que os anos passaram, alguns problemas, frustrações e intempéries

surgiram. Mas nada, nada jamais superará o lar que vocês foram, são e continuarão sendo

até o fim dos tempos, que foi projetado para resistir a mais forte das tempestades, e que

foi construído na rocha da pureza e alegria que foi o meu primeiro amor, que são vocês.

A memória dos meus queridos avós Aracy e Elisa, e minha querida vó Marília,

que na base de muita história, pudim e música, me fizeram ter cada vez mais orgulho em

dizer que tenho os melhores avós que poderia ter. Vocês sempre torceram por mim e me

guiaram, e prometo honrar meus futuros netos com o mesmo brilhantismo que vocês

honraram a mim.

A minha família, em especial minhas irmãs Suchilla, Thaís e Mirna. Vocês são a

prova viva de que amar a família é uma escolha, e não uma obrigação. Nós escolhemos

cuidar uns dos outros, e que essa essência seja preservada.

A minha namorada Camila, que com todo seu amor desde o início da nossa

caminhada, se mostrou companheira e amiga, e com muito carinho pudemos construir um

relacionamento duradouro, que prova diariamente que se tivermos a força do outro, isso

já basta pra conquistarmos o que quisermos nessa vida. O destino tratou de cruzar nossos

caminhos de forma inusitada, e a nossa admiração mútua tratou de perpetuar o laço que

amarra nossas vidas.

Aos meus amigos da MinervaBots, equipe que me proporcionou experiências que

despertaram minha hoje inabalável paixão pela engenharia, e onde pude fazer amizades

verdadeiras, que se fortaleceram com as equipes de projeto, com as loucuras das

competições, com as frustrações das derrotas e com as alegrias das vitórias comemoradas

no Durangos.

Aos meus amigos da faculdade, em especial ao Yuri, Rafael, Luma, Cadu e

Pedro, além de tantos outros que fizeram parte da minha história nessa etapa crucial da

minha vida, e que me mostraram como a leveza de uma amizade celebrada em um simples

almoço do cotidiano pode impulsionar a força de vontade pra encarar as matérias.

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Aos meus amigos de longa data da ilha do governador, local onde pude perdurar

as amizades mais importantes da minha vida. Crescer com vocês tem sido uma honra

inigualável, e mesmo que tenhamos seguido caminhos diferentes na vida, continuamos

experienciando da vida juntos, como uma verdadeira família. E que continuemos assim,

ainda que não tenhamos mais forças pra jogar a nossa boa e velha pelada.

A toda equipe do Santos Dumont, que me deu todo o suporte necessário no

desenvolvimento desse projeto. O companheirismo de vocês nessa jornada foi ingrediente

essencial pro orgulho que eu tenho em dizer que faço parte da melhor equipe que já vi na

vida. Vocês definitivamente são os melhores.

Ao professor Reinaldo de Falco, que se mostrou exemplar desde o início, quando

provou a sua excelência na sala de aula, com sua didática impecável, e como orientador,

com sua paciência, conhecimento técnico incomparável e olhos atentos pra enxergar o

menor dos problemas. A comunidade acadêmica precisa de mais professores como o

senhor.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ANÁLISE TÉCNICA DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO DE QUEROSENE

DE AVIAÇÃO EM UMA BASE AEROPORTUÁRIA

Caio Rodrigues de Oliveira

Novembro/2018

Orientador: Reinaldo de Falco

Curso: Engenharia Mecânica

Os caminhões-tanque têm uma grande relevância no mercado de distribuição de

combustíveis no Brasil. No campo da aviação, além de serem o meio de transporte do

combustível entre as bases e os aeroportos, os caminhões-tanque são responsáveis pelo

abastecimento das aeronaves.

Com isso, garantir que o sistema responsável pelo bombeamento do recebimento do

combustível e do enchimento do caminhão-tanque funcione de maneira adequada é

essencial para garantir um produto de qualidade e uma operação segura.

Visando a otimização do sistema de bombeamento da operação de recebimento de

combustível e da operação de enchimento do caminhão tanque em uma base aeroportuária

localizada no Aeroporto Santos Dumont, um estudo foi desenvolvido a partir de

conhecimentos relacionados a sistemas mecânicos, teorias de hidráulica e bombas

centrífugas.

O trabalho teve como objetivo entender fragilidades no sistema de bombeamento e propor

melhorias contínuas.

Palavras-chave: Aviação, Caminhão-tanque, tanque de armazenamento,

enchimento, recebimento, bomba centrífuga, combustível, mecânica, hidráulica.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

TECHNICAL ANALYSIS OF AVIATION KEROSENE PUMPING SYSTEM

ON AN AIRPORT BASE.

Caio Rodrigues de Oliveira

Novembro/2018

Advisors: Reinaldo de Falco

Course: Mechanical Engineering

Tank trucks have a great relevance in the fuel distribution market in Brazil. In the field of

aviation, in addition to being the means of transportation of fuel between bases and

airports, tankers are also responsible for supplying aircraft.

In this way, ensuring that the system responsible for pumping the receipt of the fuel and

filling the tank truck works properly is essential to ensure a quality product and safe

operation.

Aiming at the optimization of the pumping system of the fuel receiving operation and the

tank truck filling operation at an airport base located at Santos Dumont Airport, a study

was developed from knowledge related to mechanical systems, hydraulic theories, and

centrifugal pumps.

The aim of the work was to understand the weaknesses in the pumping system and

propose continuous improvements.

Key-words:Aviation, Tank truck, storage tank, filling, receipt, centrifugal pump,

fuel, mechanics, hydraulics.

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vi

Sumário

Lista de Figuras ..................................................................................................................... x

Lista de Tabelas ................................................................................................................... xii

1. Introdução ................................................................................................................................ 1

2. Objetivo .................................................................................................................................... 3

3. Revisão Bibliográfica ............................................................................................................... 4

3.1. Definição de Fluido .......................................................................................................... 4

3.2. Propriedades dos Fluidos .................................................................................................. 4

3.2.1. Massa Específica (𝝆) .................................................................................................. 4

3.2.2. Volume Específico (𝝑) ............................................................................................... 4

3.2.3. Peso Específico (𝜸) ..................................................................................................... 5

3.2.4. Densidade (𝒅) ............................................................................................................. 5

3.2.5. Viscosidade Absoluta 𝝁 e cinemática (𝝂) ................................................................... 5

3.2.6. Pressão de Vapor (𝑷𝒗) ................................................................................................ 6

3.3. Escoamento de fluidos em tubulações .............................................................................. 6

3.3.1. Número de Reynolds (𝑹𝒆) .......................................................................................... 6

3.3.2. Classificação do Escoamento ...................................................................................... 6

3.3.3. Escoamento Laminar ................................................................................................... 6

3.3.4. Escoamento Turbulento............................................................................................... 7

3.3.5. Teorema de Bernoulli .................................................................................................. 7

3.3.6. Perda de Carga (𝒉𝒇) ................................................................................................... 8

3.3.7. Perda de carga normal (𝒉𝒇𝑵) ..................................................................................... 8

3.3.8. Perda de carga localizada (𝒉𝒇𝑳) ............................................................................... 11

3.4. Teoria das Bombas ......................................................................................................... 13

3.4.1. Definição ................................................................................................................... 13

3.4.2. Tipos de Bombas ....................................................................................................... 13

3.4.3. Turbobombas ou bombas dinâmicas ......................................................................... 14

3.4.4. Bombas volumétricas ................................................................................................ 15

3.5. Curvas características das Bombas ................................................................................. 16

3.5.1. Curva de potência absorvida (𝑷𝒐𝒕𝒂𝒃𝒔) x Vazão (𝑸) ............................................... 16

3.5.2. Curva de Rendimento 𝜼 x Vazão 𝑸 .......................................................................... 17

3.6. Características do Sistema .............................................................................................. 17

3.6.1. Altura manométrica de Sucção (𝑯𝒔) ........................................................................ 17

3.6.2. Altura manométrica de descarga (𝑯𝒅) ..................................................................... 18

3.6.3. Altura manométrica total (𝑯) ................................................................................... 19

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3.7. Determinação do Ponto de Operação ............................................................................. 20

3.8. Cavitação ........................................................................................................................ 21

3.8.1. NPSH disponível (𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑) ............................................................................... 22

3.8.2. NPSH requerido (𝑵𝑷𝑺𝑯𝒓𝒆𝒒) .................................................................................. 22

3.8.3. Avaliação das condições de cavitação ...................................................................... 23

3.9. Acessórios das Tubulações ............................................................................................. 24

3.9.1. Conexões ................................................................................................................... 24

3.9.2. Válvulas..................................................................................................................... 24

3.9.3. Válvula Gaveta .......................................................................................................... 24

3.9.4. Válvula Esfera ........................................................................................................... 25

3.9.5. Válvula Borboleta ..................................................................................................... 26

3.9.6. Válvula de Retenção ................................................................................................. 27

3.9.7. Válvula de Fundo ...................................................................................................... 28

3.9.8. Filtro Separador de Água .......................................................................................... 28

3.9.9. Manômetro Diferencial de Pressão ........................................................................... 29

4. Estudo de caso ........................................................................................................................ 31

4.1. Introdução ....................................................................................................................... 31

4.2. Motivação ....................................................................................................................... 31

4.3. Características dos Sistemas Estudados ......................................................................... 32

4.3.1. Vazão Operacional Desejada .................................................................................... 37

4.4. Características do Fluido de Trabalho ............................................................................ 38

4.5. Características Específicas do Sistema de Enchimento .................................................. 39

4.6. Características Específicas do Sistema de Recebimento ................................................ 40

5. Análise do Enchimento .......................................................................................................... 41

5.1. Cálculo da Altura Manométrica de Sucção (𝑯𝒔) ........................................................... 41

5.2. Comprimento Equivalente na Sucção (𝑳𝒔) .................................................................... 42

5.3. Número de Reynolds 𝑹𝒆𝒔 e Fator de Atrito (𝒇𝒔) .......................................................... 43

5.4. Cálculo das Perdas de Carga (𝒉𝒇𝒔) ............................................................................... 45

5.5. Enchimento - Cálculo da Altura manométrica de Descarga (𝑯𝒅) ................................. 47

5.6. Comprimento Equivalente do trecho de 3” (𝑳𝒅, 𝟑") ...................................................... 48

5.7. Número de Reynolds 𝑹𝒆𝒅, 𝟑" e Fator de Atrito (𝒇𝒅, 𝟑") .............................................. 49

5.8. Cálculo das Perdas de Carga do trecho de 3” (𝒉𝒇𝒅, 𝟑") ................................................ 50

5.9. Perda de carga de outros acessórios de 3” ...................................................................... 51

5.9.1. Mangueira Flexível ................................................................................................... 51

5.9.2. Filtro Separador de Água .......................................................................................... 52

5.9.3. Válvula de Fundo ...................................................................................................... 54

5.10. Comprimento Equivalente do trecho de 4” (𝑳𝒅, 𝟒") ...................................................... 56

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5.11. Número de Reynolds 𝑹𝒆𝒅, 𝟒" e Fator de Atrito (𝒇𝒅, 𝟒") .............................................. 57

5.12. Cálculo das Perdas de Carga do trecho de 4” (𝒉𝒇𝒅, 𝟒") ................................................ 58

5.13. Cálculo da Altura Manométrica Total (𝑯) .................................................................... 60

5.14. Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏í𝒗𝒆𝒍 ...................................................................................... 62

6. Enchimento - Análise dos Dados ........................................................................................... 64

6.1. Ponto de Operação .......................................................................................................... 64

6.1.1. Hipóteses sobre a mudança do ponto de operação .................................................... 64

6.2. Análise da Cavitação ...................................................................................................... 67

6.3. Conclusões parciais e propostas de melhoria ................................................................. 68

7. Análise do Recebimento ........................................................................................................ 70

7.1. Cálculo da Altura manométrica de Sucção (𝑯𝒔) .......................................................... 70

7.2. Comprimento Equivalente na Sucção do trecho de 3” (𝑳𝒔, 𝟑") ..................................... 71

7.3. Número de Reynolds 𝑹𝒆𝒔, 𝟑" e Fator de Atrito (𝒇𝒔, 𝟑") ............................................... 72

7.4. Cálculo das Perdas de Carga (𝒉𝒇𝒔, 𝟑") .......................................................................... 74

7.5. Perda de carga de outros acessórios ............................................................................... 74

7.5.1. Mangueira Flexível ................................................................................................... 75

7.5.2. Filtro Cesto ................................................................................................................ 76

7.5.3. Válvula de Fundo ...................................................................................................... 77

7.6. Comprimento Equivalente do trecho de 4” (𝑳𝒔, 𝟒") ...................................................... 79

7.7. Número de Reynolds 𝑹𝒆𝒔, 𝟒" e Fator de Atrito (𝒇𝒔, 𝟒") ............................................... 80

7.8. Cálculo das Perdas de Carga do trecho de 4” (𝒉𝒇𝒔, 𝟒") ................................................ 82

7.9. Cálculo da Altura manométrica de Descarga (𝑯𝒅) ....................................................... 83

7.10. Comprimento Equivalente na Descarga (𝑳𝒅) ............................................................... 85

7.11. Número de Reynolds 𝑹𝒆𝒅 e Fator de Atrito (𝒇𝒅) ......................................................... 85

7.12. Cálculo das Perdas de Carga (𝒉𝒇𝒅) ............................................................................... 86

7.13. Perda de carga de outros acessórios de 4” ...................................................................... 87

7.14. Recebimento - Cálculo da Altura Manométrica Total (𝑯) ............................................ 88

7.15. Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏í𝒗𝒆𝒍 ...................................................................................... 90

8. Recebimento – Análise dos dados.......................................................................................... 92

8.1. Análise do Ponto de Operação ....................................................................................... 92

8.2. Análise da Cavitação ...................................................................................................... 93

8.2.1. 1° Hipótese – Acessórios da Sucção ......................................................................... 95

8.2.2. 2° Hipótese – Válvula de Fundo ............................................................................... 97

8.2.3. 3° Hipótese – Bolsa de Ar na Sucção ........................................................................ 97

8.2.4. 4° Hipótese – Bomba Danificada .............................................................................. 98

8.3. Conclusões parciais e propostas de melhoria ............................................................... 101

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9. Conclusão ............................................................................................................................. 104

10. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 106

11. Anexos ................................................................................................................................. 108

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x

Lista de Figuras

Figura 1.1 - Fluxo logístico do abastecimento de aeronaves. Fonte: (ANP) ................................. 1

Figura 1.2 - Abastecimento de aeronave por caminhão-tanque. Fonte: (SHELL) ........................ 2

Figura 3.1 - Escoamento laminar - Distribuição de velocidade (MATTOS e FALCO, 1998, p.

45) ................................................................................................................................................. 7

Figura 3.2 - Escoamento turbulento - distribuição de velocidade (MATTOS e FALCO, 1998, p.

46) ................................................................................................................................................. 7

Figura 3.3 - Gráfico de rugosidade relativa em função do diâmetro da tubulação (MATTOS e

FALCO, 1998, p. 66) .................................................................................................................... 9

Figura 3.4 - Ábaco de Moody. (FOX, PRITCHARD e MCDONALD, 2010) ........................... 10

Figura 3.5 - Classificação das Bombas (MATTOS e FALCO, 1998, p. 105) ............................. 14

Figura 3.6 - Bomba Centrífuga em corte. (BRASIL) .................................................................. 15

Figura 3.7 - Bomba alternativa de simples efeito (ROSA, 2014) ............................................... 15

Figura 3.8 - Curva característica de bomba (SILVA, 2003) ....................................................... 16

Figura 3.9 - Reservatório e Linha de Sucção (MATTOS e FALCO, 1998, p. 136).................... 17

Figura 3.10 - Reservatório e Linha de Sucção (MATTOS e FALCO, 1998, p. 138). ................. 18

Figura 3.11 - Sistema de Bombeamento (MATTOS e FALCO, 1998, p. 139) ........................... 19

Figura 3.12 - Curva do Sistema (MATTOS e FALCO, 1998, p. 141) ........................................ 20

Figura 3.13 - Definição do Ponto de Operação (MATTOS e FALCO, 1998, p. 142) ................ 20

Figura 3.14 - Alteração das curvas características com o efeito da cavitação (MATTOS e

FALCO, 1998, p. 170) ................................................................................................................ 21

Figura 3.15 - NPSH disponível x Vazão (MATTOS e FALCO, 1998, p. 181) .......................... 22

Figura 3.16 - NPSH requerido x Vazão (MATTOS e FALCO, 1998, p. 179) ............................ 23

Figura 3.17 - Vazão máxima para efeito de cavitação (MATTOS e FALCO, 1998, p. 181) ..... 23

Figura 3.18 - Alguns exemplos de conexões. Fonte: (ACEPIL) ................................................. 24

Figura 3.19 - Válvula Gaveta. Fonte: (ISOVAL) ........................................................................ 25

Figura 3.20 - Válvula Esfera. Fonte: (ISOVAL) ......................................................................... 26

Figura 3.21 - Válvula Borboleta. Fonte: (ISOVAL) ................................................................... 26

Figura 3.22 - Válvula de Retenção do tipo Portinhola. Fonte: (ISOVAL) .................................. 27

Figura 3.23 - Válvula de Fundo. Fonte: (EATON) ..................................................................... 28

Figura 3.24 - Filtro Separador de Água Horizontal. Fonte: (VELCON) ..................................... 29

Figura 3.25 - Manômetro Diferencial de Pressão. Fonte: (GAMMON TECH) .......................... 30

Figura 4.1 - Caminhão Tanque Abastecedor. Fonte: O próprio autor. ........................................ 31

Figura 4.2 - Motor WEG e Bomba Centrífuga Heroás. Fonte: O próprio autor ........................ 32

Figura 4.3 - Informações da bomba centrífuga. Fonte: O próprio autor. .................................... 33

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Figura 4.4 - Software de Telemetria dos Tanques. Fonte: O próprio autor ................................. 34

Figura 4.5 - Panorama da Instalação. Fonte: O próprio autor. .................................................... 35

Figura 4.6 - Tela de Respiro do Tanque. Fonte: O próprio autor. ............................................... 36

Figura 4.7 - Vazão máxima permitida para o filtro separador. Fonte: O próprio autor .............. 37

Figura 4.8 - Local para Enchimento dos CTA's (Ilha de Enchimento). Fonte: O próprio autor. 39

Figura 4.9 - Operação de Enchimento (Bottom Loading). Fonte: O próprio autor ..................... 40

Figura 4.10 - Ilha de Recebimento. Fonte: O próprio autor ........................................................ 41

Figura 5.1 - Reservatório e Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor. ....................................... 41

Figura 5.2 - Reservatório e Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor. ....................................... 47

Figura 5.3 - Filtro Separador do Enchimento. Fonte: O próprio autor ........................................ 53

Figura 5.4 - Curva do Sistema do Enchimento .......................................................................... 61

Figura 5.5 - Gráfico do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 do Enchimento................................................................... 63

Figura 6.1 - Curva do Sistema x Curva da Bomba ..................................................................... 64

Figura 6.2 - Vazamento de combustível no selo mecânico da bomba de Enchimento ............... 65

Figura 6.3 - Curva do sistema x Curva da Bomba considerando aumento da rugosidade relativa

..................................................................................................................................................... 66

Figura 6.4 - Curva do NPSH Requerdio x NPSH Disponível .................................................... 67

Figura 7.1 - Reservatório e Linha de Sucção do Recebimento. Fonte: O próprio autor. ............ 70

Figura 7.2 - Filtro Cesto utilizado na Sucção do Recebimento .................................................. 76

Figura 7.3 - Reservatório e Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor. ....................................... 84

Figura 7.4 - Filtro Separador do Recebimento. Fonte: O próprio autor. .................................... 87

Figura 7.5 - Curva do Sistema do Recebimento ......................................................................... 90

Figura 7.6 - Gráfico do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑 do Recebimento ............................................................... 91

Figura 8.1 - Curva do Sistema x Curva da Bomba ..................................................................... 92

Figura 8.2 - Curva do NPSH Requerido x NPSH Disponível ..................................................... 94

Figura 8.3 - Acessórios da Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor. ....................................... 95

Figura 8.4 - Válvula borboleta aberta (a) e fechada (b) .............................................................. 95

Figura 8.5 - Recipiente (a) e Filtro Cesto (b). Fonte: O próprio autor. ....................................... 96

Figura 8.6 - Válvula gaveta fechada (a) e aberta (b). Fonte: O próprio autor. ............................ 96

Figura 8.7 - Anel deslizante do Selo Mecânico. Fonte: O próprio autor. .................................... 99

Figura 8.8 - Eixo desgastado. Fonte: O próprio autor ............................................................... 100

Figura 8.9 - Válvula de retenção da sucção quebrada. Fonte: O próprio autor. ........................ 100

Figura 8.10 - NPSH Disponível após encurtamento da linha de sucção ................................... 102

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Lista de Tabelas

Tabela 3.1 - Comprimentos Equivalentes para Entradas e Saídas (MATTOS e FALCO, 1998, p.

76) ............................................................................................................................................... 11

Tabela 3.2 - Comprimentos Equivalentes para Joelhos, Curvas e Tês (MATTOS e FALCO,

1998, p. 78) ................................................................................................................................. 12

Tabela 3.3 - Comprimentos Equivalentes para Válvulas (MATTOS e FALCO, 1998, p. 77) ... 12

Tabela 4.1 - Vazões de cada Sistema .......................................................................................... 33

Tabela 4.2 - Dados para a Figura 4.5 .......................................................................................... 35

Tabela 4.3 - Informações do Tanque Fixo .................................................................................. 36

Tabela 4.4 - Dados do Querosene de Aviação (JET-A1) ............................................................ 38

Tabela 5.1 - Comprimentos Equivalentes dos Acessórios na Sucção ........................................ 43

Tabela 5.2 - Cálculos para a perda de carga da Sucção do Enchimento ..................................... 46

Tabela 5.3 - Comprimentos Equivalentes dos acessórios da descarga de 3" ............................. 48

Tabela 5.4 - Dados da Perda de Carga da Mangueira Flexível .................................................. 52

Tabela 5.5 - Dados da Perda de Carga do Filtro Separador ....................................................... 54

Tabela 5.6 - Dados para a perda de carga da válvula de fundo ................................................... 55

Tabela 5.7 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Enchimento de 3” ....................... 56

Tabela 5.8 Comprimentos Equivalentes dos acessórios da descarga de 4" ................................. 56

Tabela 5.9 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Enchimento de 4” ....................... 59

Tabela 5.10 - Valores da Altura Manométrica de Descarga em função da Vazão ...................... 60

Tabela 5.11 - Valores da Altura Manométrica Total em função da Vazão ................................. 61

Tabela 5.12 - Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑 para Sistema do Enchimento ......................................... 62

Tabela 7.1 - Comprimentos Equivalentes dos Acessórios na Sucção ........................................ 72

Tabela 7.2 - Dados da Perda de Carga da Mangueira Flexível .................................................. 76

Tabela 7.3 - Dados da Perda de Carga do Filtro Cesto ............................................................... 77

Tabela 7.4 - Dados para a perda de carga da válvula de fundo ................................................... 78

Tabela 7.5 - Cálculos para a perda de carga da Sucção do Recebimento de 3” ......................... 79

Tabela 7.6 Comprimentos Equivalentes dos acessórios da sucção de 4" .................................... 80

Tabela 7.7 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Enchimento de 4” ....................... 82

Tabela 7.8 - Valores da Altura Manométrica de Sucção em função da Vazão ........................... 83

Tabela 7.9 - Comprimentos Equivalentes dos acessórios da descarga de 4" ............................. 85

Tabela 7.10 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Recebimento ............................. 88

Tabela 7.11 - Valor das Altura Manométrica Total do Recebimento em função da Vazão ........ 89

Tabela 7.12 - Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑 para Sistema do Recebimento ....................................... 91

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1

1. Introdução

Segundo o Ministério do transporte (MINISTÉRIO DO TRANSPORTE, 2017), o

Brasil possui mais de 2500 aeroportos, o que o torna a segunda nação com o maior número

de aeroportos do mundo (MINISTÉRIO DO TRASPORTE). O modal aéreo tem sido de

extrema importância para a economia do país, e, apenas em 2017, mais de 112 milhões

de passageiros e cerca de 1,08 milhão de toneladas de carga foram transportadas por

aviões (MINISTÉRIO DO TRANSPORTE, 2017).

Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), nesse mesmo ano, o

custo de operação para as empresas aéreas foi por volta de R$ 34,6 bi, sendo que 27,5%

desse custo foi voltado apenas para o abastecimento e lubrificação das aeronaves

(ANAC). A estimativa é que, nos próximos 20 anos, essa demanda pelo setor da aviação

possa dobrar (MINISTÉRIO DO TRANSPORTE). Esse cenário demonstra o potencial

que o mercado de refino e distribuição de combustíveis de aviação possui no país.

Um dos principais fatores de crescimento do setor aeroviário se dá pelo transporte

de carga. Em 2017, a demanda por transporte de carga internacional aérea cresceu 23,4%

no Brasil (LOGNEWS).

Para que o combustível que sai das refinarias chegue às aeronaves, é necessário

um grande investimento em infraestrutura e logística. O fluxo logístico de abastecimento

das aeronaves do Aeroporto do Galeão e do Aeroporto de Guarulhos (dois dos aeroportos

mais movimentados do país (ANAC), é mostrado na Figura 1.1.

Figura 1.1 - Fluxo logístico do abastecimento de aeronaves. Fonte: (ANP)

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Como mostra a Figura 1.1, o querosene de aviação, após ser refinado, é

transportado para as Bases Primárias e para os Pools através de dutos. Pools são bases de

distribuição onde duas ou mais empresas são sediadas e dividem os custos da instalação

e operação, visando a redução dos riscos do negócio. O aeroporto Santos Dumont recebe

o combustível exclusivamente via o modal rodoviário, que chega através de carretas-

tanque.

O combustível é então transportado até um tanque armazenamento, instalado nas

bases aeroportuárias. Em seguida, o combustível é transportado desses tanques até o

caminhão-tanque, que deve ter seu tanque enchido de combustível no local chamado “ilha

de enchimento”, para que, então, possa se mover para um local próximo à aeronave e

abastecê-la, como ilustrado na Figura 1.2. O abastecimento se dá através do bombeamento

de combustível do tanque do caminhão para o tanque da aeronave.

Figura 1.2 - Abastecimento de aeronave por caminhão-tanque. Fonte: (SHELL)

A partir dessas informações, fica evidente a importância das bombas hidráulicas

para a distribuição de combustíveis, uma vez que elas fazem parte de todas as etapas do

fluxo logístico de abastecimento de aeronaves do país. O trabalho em questão focará na

penúltima parte dessa cadeia, que é recebimento do combustível para os tanques de

armazenamento e o enchimento dos caminhões-tanque.

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2. Objetivo

Este trabalho tem como principal objetivo analisar o funcionamento do sistema de

bombeamento do querosene de aviação para dois tipos de operações diferentes em uma

base aeroportuária, e, posteriormente, solucionar problemas ocasionados pelo eventual

mal funcionamento e/ou dimensionamento dos equipamentos. O sistema de

bombeamento da base aeroportuária é de fundamental importância para que a operação

de abastecimento de aeronaves ocorra sem atrasos.

Essa base aeroportuária está situada em um dos aeroportos de maior

movimentação do Brasil, o Aeroporto Santos Dumont, e possui papel importante no

transporte aeroviário.

Inicialmente, serão apresentados conceitos básicos de hidráulica e de bombas

utilizados no estudo. Em seguida, acessórios e termos utilizados na aviação serão

expostos afim de facilitar o entendimento do problema apresentado.

Uma análise do sistema de enchimento e recebimento do querosene de aviação

será feita, a fim de identificarmos causas de mal funcionamento nessas operações. Essa

causa será estruturada dentro das possibilidades de resolução em termos orçamentários e

prioritários. Ao final do projeto, recomendações serão propostas, visando a melhoria dos

sistemas.

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3. Revisão Bibliográfica

3.1. Definição de Fluido

Um fluido pode ser entendido como uma substância que se deforma

continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento. Os fluidos que obedecem

a uma relação linear entre o valor da tensão de cisalhamento aplicada e a velocidade de

deformação resultante são denominados fluidos Newtonianos, onde se incluem a água,

líquidos finos e os gases de maneira geral. Os fluidos que não obedecem a essa equação

de proporcionalidade são denominados fluidos não-newtonianos.

3.2. Propriedades dos Fluidos

Algumas propriedades são fundamentais para a análise de um fluido e representam

a base para o estudo da mecânica dos fluidos. Tais propriedades são específicas para cada

tipo de substância avaliada e são muito importantes para uma correta avaliação dos

problemas comumente encontrados na indústria. A seguir são apresentadas algumas

propriedades.

3.2.1. Massa Específica (𝝆)

Representa a relação entre o volume ocupado (𝑉) por uma determinada

substância e sua massa (𝑚). No SI a unidade é 𝑘𝑔/𝑚³.

3.2.2. Volume Específico (𝝑)

Representa a relação entre o volume ocupado (𝑉) por uma determinada substância

e sua massa (𝑚). No SI a unidade é 𝑚3/𝑘𝑔.

𝜌 =𝑚

𝑉 (3.1)

𝜗 =𝑉

𝑚 (3.2)

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3.2.3. Peso Específico (𝜸)

É a relação entre o peso de um fluido e o volume ocupado por ele. No SI a unidade

é 𝑁/𝑚³.

𝛾 = 𝜌 × 𝑔 (3.3)

3.2.4. Densidade (𝒅)

Representa a razão entre a massa específica de uma determinada substância e a

massa específica de uma substância de referência que é, em geral, para fluidos, a água em

condição padrão. É uma grandeza adimensional.

3.2.5. Viscosidade Absoluta (𝝁) e cinemática (𝝂)

A viscosidade caracteriza a resistência do fluido ao escoamento. Na realidade, ela

representa o transporte microscópico de quantidade de movimento por difusão molecular.

No SI tem como unidade 𝑁. 𝑠/𝑚². Em fluidos Newtonianos, a viscosidade é útil na

seguinte relação:

𝜏 = 𝜇𝜕𝑢

𝜕𝑦 (3.5)

Onde 𝜏 a tensão no fluido, 𝜇 é a viscosidade do fluido e a derivada representa a

taxa de cisalhamento. Há ainda a definição de viscosidade cinemática que é a razão da

viscosidade absoluta e massa específica. A unidade do SI é 𝑚2/𝑠.

𝑑 =𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜

𝜌á𝑔𝑢𝑎 (3.4)

ν = µ

ρ (3.6)

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3.2.6. Pressão de Vapor (𝑷𝒗)

Em sua definição, pressão de vapor é a pressão exercida por um vapor quando este

está em equilíbrio termodinâmico com o líquido que lhe deu origem. Em outras palavras,

é a pressão na qual coexistem as fases líquidas e gasosas para uma temperatura abaixo da

temperatura crítica (na qual coexistem as duas fases).

Essa propriedade também serve de medida da tendência de evaporação de um

líquido. Desse modo, se a pressão absoluta em qualquer ponto do sistema de

bombeamento for igual ou inferior à pressão de vapor do líquido na temperatura de

operação, o líquido vaporizará e ocorrerá um fenômeno chamado cavitação.

3.3. Escoamento de fluidos em tubulações

3.3.1. Número de Reynolds (𝑹𝒆)

O número de Reynolds é a relação entre força de inércia e a força devido à

viscosidade do fluido. Ele permite classificar o escoamento em laminar e turbulento e é

adimensional. É calculado pela equação abaixo:

𝑅𝑒 =𝐷. V

𝑣 (3.7)

𝐷 ≡ diâmetro interno da tubulação [𝑚];

𝑉 ≡ velocidade média de escoamento [𝑚

𝑠] ;

𝑣 ≡ viscosidade cinemática do fluido na temperatura de trabalho [𝑘𝑔/𝑚³].

3.3.2. Classificação do Escoamento

3.3.3. Escoamento Laminar

Para Re < 2000, o escoamento é caracterizado como laminar. Nesse tipo de

escoamento, como apresentado na Figura 3.1, o fluido parece mover-se em finas camadas

paralelas de líquido e as velocidades em cada ponto são invariáveis em direção e

grandeza.

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Figura 3.1 - Escoamento laminar - Distribuição de velocidade (MATTOS e FALCO, 1998, p. 45)

3.3.4. Escoamento Turbulento

Para Re > 4000, o escoamento é caracterizado como turbulento. Nesse tipo de

escoamento, o fluido movimenta-se de maneira irregular, como é apresentado na Figura

3.2, isto é, as partículas movem-se em todas as direções com velocidades variáveis, para

cada ponto há uma velocidade com direção e grandezas diferentes.

Figura 3.2 - Escoamento turbulento - distribuição de velocidade (MATTOS e FALCO, 1998, p. 46)

Nota-se a existência de uma faixa crítica entre 2000 < 𝑅𝑒 < 4000. Entretanto,

não deve ser motivo de preocupação, uma vez que o regime desta faixa é caracterizado

como turbulento, com exceção de velocidades de escoamento muito baixas e/ou fluidos

muitos viscosos, que são caracterizados em regime laminar dentro desta faixa.

3.3.5. Teorema de Bernoulli

O teorema de Bernoulli é utilizado para descrever o escoamento de um fluido

utilizando os princípios de conservação de energia considerando que regime é permanente

e que não há troca de trabalho entre os pontos de entrada e de saída.

𝑍1 +𝑃1

γ+

𝑉12

2𝑔= 𝑍2 +

𝑃2

γ+

𝑉22

2𝑔+ ℎ𝑓 (3.8)

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3.3.6. Perda de Carga (𝒉𝒇)

A perda de carga ℎ𝑓, representa a perda de energia por unidade de peso do fluido

entre dois pontos de entrada e saída de determinado escoamento. Para seu estudo,

consideramos que ela é dividida em duas partes: perda de carga normal e localizada.

ℎ𝑓 = ℎ𝑓𝑁 + ℎ𝑓𝐿 (3.9)

3.3.7. Perda de carga normal (𝒉𝒇𝑵)

A perda de carga normal representa a perda de carga decorrente de trechos retos

de tubulação. Para sua determinação em escoamentos turbulentos, utilizaremos a equação

de Darcy-Weisbach.

ℎ𝑓𝑁 = 𝑓𝐿

𝐷

𝑉2

2 . 𝑔 (3.10)

Onde:

𝑓 = fator de atrito [adimensional];

𝐿 ≡ comprimento da tubulação reta [m];

D ≡ diâmetro interno da tubulação [m];

𝑉 ≡ velocidade média de escoamento [m/s].

𝑔 ≡ aceleração da gravidade [m/s²].

No regime laminar, o fator de atrito da Equação (3.10) pode ser determinado pela

seguinte fórmula:

𝑓 =64

𝑅𝑒 (3.11)

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Para o regime turbulento, existem algumas maneiras de encontrar o fator de atrito.

Iremos abordar duas maneiras. A primeira delas é através do Ábaco de Moody, como

ilustrado na Figura 3.4. Para utilizar o ábaco, deve-se conhecer o número de Reynolds e

a rugosidade relativa (𝜖/𝐷), que depende do material e do diâmetro interno da tubulação.

Este termo pode ser determinado utilizando a Figura 3.3. De posse desses valores,

podemos enfim extrair o fator de atrito a partir da leitura do gráfico abaixo.

Figura 3.3 - Gráfico de rugosidade relativa em função do diâmetro da tubulação (MATTOS e FALCO,

1998, p. 66)

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Figura 3.4 - Ábaco de Moody. (FOX, PRITCHARD e MCDONALD, 2010)

A segunda maneira é através da fórmula de Churchill, que consiste de uma

alternativa analítica para o Ábaco de Moody.

𝑓 = 8 . [(8

𝑅𝑒)12

+ 1

(𝐴 + 𝐵)1,5]

112

(3.12)

Onde “A” e “B” podem ser calculados através das seguintes equações:

𝐴 = [2,457 . 𝑙𝑛 (1

7𝑅𝑒

0,9

+ 0,27.𝜀𝐷

)]

16

(3.13)

𝐵 = (37530

𝑅𝑒)16

(3.14)

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3.3.8. Perda de carga localizada (𝒉𝒇𝑳)

A perda de carga localizada, gerada por acidentes e acessórios na tubulação pode

ser determinada através do método de comprimentos equivalentes. Este método consiste

em adicionar ao trecho reto da tubulação um comprimento que levaria à mesma perda de

carga que o acessório ou acidente geraria nas mesmas condições. Os comprimentos

equivalentes de cada acessório ou acidente podem ser encontrados nas Tabelas Tabela

3.1, Tabela 3.2 e Tabela 3.3.

Tabela 3.1 - Comprimentos Equivalentes para Entradas e Saídas (MATTOS e FALCO, 1998, p. 76)

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Tabela 3.2 - Comprimentos Equivalentes para Joelhos, Curvas e Tês (MATTOS e FALCO, 1998, p. 78)

Tabela 3.3 - Comprimentos Equivalentes para Válvulas (MATTOS e FALCO, 1998, p. 77)

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Uma vez obtidos todos os comprimentos equivalentes dos (n) acessórios de uma

tubulação, a perda de carga total pode ser calculada como se fosse constituída de único

trecho reto, usando-se as seguintes equações:

𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜 + ∑𝐿𝑒𝑖

𝑖=𝑛

𝑖=1

(3.15)

ℎ𝑓𝐿 = 𝑓 .𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . 𝑉

2

2 . 𝐷 . 𝑔 (3.16)

3.4. Teoria das Bombas

3.4.1. Definição

Bombas hidráulicas podem ser definidas como equipamentos responsáveis por

converter energia mecânica em energia hidráulica com o objetivo de aumentar a

velocidade de fluidos pressurizados e preservar seu deslocamento. Os principais

conceitos de bombas, em especial em relação à forma como transformam trabalho em

energia hidráulica e às características típicas de diferentes tipos e modelos, serão

apresentados neste capítulo.

O entendimento desses conceitos é fundamental no processo de seleção de bombas

hidráulicas para um sistema. Cada categoria de equipamento possui suas particularidades

em relação a detalhes construtivos, forma como transformam energia, materiais de seus

componentes e comportamento em diferentes vazões e rotações.

3.4.2. Tipos de Bombas

A melhor forma de iniciar a categorização de bombas diz respeito à forma como

transformam trabalho mecânico em energia hidráulica e pela forma como a energia é

cedida ao fluido. A Figura 3.5 apresenta as principais classificações de bomba.

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Além da forma como transformam o trabalho mecânico, destaca-se a forma de

acionamento dos equipamentos, que podem ser com: motores elétricos; motores de

combustão interna; e turbinas. O acionamento mais usual se dá por motores elétricos,

enquanto motores de combustão interna estão presentes principalmente em sistemas de

combate a incêndio ou sistemas de irrigação. Turbinas, quando utilizadas, são em sua

maioria turbinas a vapor.

Figura 3.5 - Classificação das Bombas (MATTOS e FALCO, 1998, p. 105).

3.4.3. Turbobombas ou bombas dinâmicas

Conforme (MATTOS e FALCO, 1998, p. 106), bombas dinâmicas ou

turbobombas “são máquinas nas quais a movimentação do líquido é produzida por forças

que s desenvolvem na massa líquida, em consequência da rotação de uma roda

(impelidor) com um certo número de pás especiais.[...]”

A diferença entre os diversos tipos de turbobombas por ser definida de duas

formas: a forma como o impelidor transmite energia ao fluido e a direção e sentido do

fluído ao sair do rotor.

Um exemplo de categoria de turbobomba é a bomba centrífuga, ilustrada na Figura

3.6, onde a energia cedida ao fluido é originalmente da forma cinética e posteriormente

convertida em energia de pressão na carcaça. A conversão de energia ocorre em consequência

do aumento progressivo da área na carcaça, no corpo da bomba, e da criação de zonas de alta

e baixa pressão, que gera um deslocamento do fluido em regime constante, caracterizando

um fluxo contínuo de bombeamento.

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Figura 3.6 - Bomba Centrífuga em corte (BRASIL).

3.4.4. Bombas volumétricas

Conforme (MATTOS e FALCO, 1998, p. 109), as bombas volumétricas ou de

deslocamento positivo “são aquelas em que a energia é fornecida ao líquido já sob a

forma de pressão, não havendo, portanto a necessidade de transformação como no caso

das bombas centrífugas. Assim sendo, a movimentação do líquido é diretamente causada

pela movimentação de um órgão mecânico [...]”

A variação dos componentes mecânicos em bombas volumétricas indica a

classificação do equipamento. Um exemplo de bomba volumétrica é a bomba alternativa,

como ilustrado na Figura 3.7, recomendada para serviços onde elevadas cargas são

apresentadas a baixas vazões. Bombas rotativas, por outro lado, são recomendadas para

serviços com altas vazões.

Figura 3.7 - Bomba alternativa de simples efeito (ROSA, 2014).

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3.5. Curvas características das Bombas

As curvas características de uma bomba apresentam informações-chave para a

seleção do equipamento e são consultadas após a análise do sistema onde o equipamento

será inserido. A primeira curva a ser analisada é a curva de carga (𝐻) versus vazão (𝑄),

onde a energia por unidade de peso fornecida pela bomba é representada como função da

vazão de fluido. A Figura 3.8 traz um exemplo dessa curva característica, que é informada

pelo fabricante para direcionar a seleção dos equipamentos para as condições encontradas

no sistema.

Figura 3.8 - Curva característica de bomba (SILVA, 2003)

3.5.1. Curva de potência absorvida (𝑷𝒐𝒕𝒂𝒃𝒔) x Vazão (𝑸)

Representa a potência absorvida pela bomba do acionador em função da vazão.

A fórmula (3.17) expressa o cálculo para a potência absorvida:

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠 =𝛾 .𝑄 .𝐻

75 .𝜂 [CV] (3.17)

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3.5.2. Curva de Rendimento (𝜼) x Vazão (𝑸)

A curva de rendimento leva em conta o rendimento volumétrico (que é decorrente

da recirculação de líquido dentro da própria bomba devido às folgas entre os

componentes), o rendimento mecânico (devido à fricção entre os componentes da bomba)

e o rendimento hidráulico (que ocorre por conta do atrito do líquido bombeado). Caso

essa curva não seja fornecida pelo fabricante, o rendimento para cada ponto de trabalho

pode ser calculado a partir da equação (3.18).

𝜂 =𝛾 .𝐻 .𝑄

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠 .75 (3.18)

3.6. Características do Sistema

3.6.1. Altura manométrica de Sucção (𝑯𝒔)

A altura manométrica de sucção representa a energia manométrica por unidade de

peso existente no flange de sução (MATTOS e FALCO, 1998, p. 136). Para seu cálculo,

será considerada a aplicação do Teorema de Bernoulli entre um ponto na superfície do

reservatório de sucção e o flange de sucção da bomba. Ou seja, a energia por unidade de

peso num ponto da sucção subtraída pelas perdas na linha de sucção. A Figura 3.9 ilustra

um exemplo de linha de sucção.

Figura 3.9 - Reservatório e Linha de Sucção (MATTOS e FALCO, 1998, p. 136).

A altura manométrica de sucção é então calculada através da fórmula (3.19):

𝐻𝑠 = 𝑍𝑠 +𝑃𝑠

𝛾− ℎ𝑓𝑠 (3.19)

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Onde:

𝑍𝑠 ≡ Altura estática de Sucção [m]

𝑃𝑠 ≡ Pressão manométrica no reservatório de Sucção [N/m²]

ℎ𝑓𝑠 ≡ Perda de carga na linha de sucção e acessórios de sucção [m]

3.6.2. Altura manométrica de descarga (𝑯𝒅)

A altura manométrica de descarga representa a energia manométrica por unidade

de peso que deve existir no flange de descarga para que o fluido atinja o ponto final de

descarga atendendo as condições do processo (MATTOS e FALCO, 1998, p. 137). O

cálculo é totalmente análogo à altura manométrica da sucção como mostrado na seção

anterior. Iremos considerar a aplicação do Teorema de Bernoulli entre o flange de

descarga e o ponto final de descarga. Ou seja, a energia por unidade de peso no ponto

final de descarga acrescido das perdas na linha de recalque. A Figura 3.10 ilustra uma

típica linha de descarga.

Figura 3.10 - Reservatório e Linha de Sucção (MATTOS e FALCO, 1998, p. 138).

A altura manométrica de descarga é então calculada através da fórmula (3.20):

𝐻𝑑 = 𝑍𝑑 +𝑃𝑑

𝛾+ ℎ𝑓𝑑 (3.20)

Onde:

𝑍𝑑 ≡ Altura estática de descarga [m]

𝑃𝑑 ≡ Pressão manométrica no reservatório de descarga [N/m²]

ℎ𝑓𝑑 ≡ Perda de carga na linha de descarga e acessórios de descarga [m]

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3.6.3. Altura manométrica total (𝑯)

A energia por unidade de peso solicitada pelo sistema a uma bomba em função de

sua vazão é a altura manométrica do sistema. Essa energia requerida é diferente para cada

vazão e pode ser calculada pela diferença entre a altura manométrica de descarga (𝐻𝑑) e

a altura manométrica de sucção (𝐻𝑠), e que podem ser definidas, respectivamente, como

a quantidade de energia por unidade de peso que deve existir no flange de descarga e a

quantidade de energia por unidade de peso disponível no flange de sucção.

Estamos agora em condições de determinar a altura manométrica total do sistema,

conforme fórmula (3.21):

𝐻 = 𝐻𝑑 − 𝐻𝑠 (3.21)

𝐻 = (𝑍𝑑 − 𝑍𝑠) + (𝑃𝑑 − 𝑃𝑠

𝛾) + (ℎ𝑓𝑑 + ℎ𝑓𝑠) (3.22)

Figura 3.11 - Sistema de Bombeamento (MATTOS e FALCO, 1998, p. 139)

Podemos agora determinar a curva do sistema, que mostra a variação da altura

manométrica total em função da vazão.

Para obter a curva, comumente arbitram-se seis valores de vazão, que representam

a quantidade mínima de pontos necessários para a delimitação de uma curva (MATTOS

e FALCO, 1998, p. 141). É importante salientar que uma das vazões deve ser nula e outra

deve ser a vazão de operação desejada. Os quatro pontos restantes devem ser distribuídos

igualmente entre as vazões acima e abaixo da desejada. A Figura 3.12 ilustra uma típica

curva do sistema.

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Figura 3.12 - Curva do Sistema (MATTOS e FALCO, 1998, p. 141).

3.7. Determinação do Ponto de Operação

Ao cruzar a curva característica de uma bomba e a curva de um sistema,

representativa da energia por unidade de peso demandada pela tubulação, encontra-se o

ponto de trabalho. Comumente há uma terceira curva adicionada a esse cruzamento, a da

eficiência da bomba.

Figura 3.13 - Definição do Ponto de Operação (MATTOS e FALCO, 1998, p. 142).

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3.8. Cavitação

A cavitação é um fenômeno conhecido por conta de suas consequências negativas

para a operação de bombas hidráulicas. Esse fenômeno ocorre quando, em qualquer ponto

da tubulação, a pressão absoluta atinge um patamar inferior à pressão de vapor do líquido

na temperatura de bombeamento, fazendo com que parte desse líquido vaporize,

formando bolhas no escoamento. Supondo que essas bolhas continuem em trânsito,

quando as mesmas voltam para uma região com uma pressão superior à pressão de

vaporização do líquido, elas colapsarão, retornando à forma líquida, gerando uma onda

de choque.

Para o caso de operações com bombas centrífugas, a região que apresenta a menor

pressão da linha é na entrada (olho) do impelidor, pois o fluido ainda não recebeu energia

de pressão do impelidor, e teve sua energia reduzida devido às perdas de carga na linha

de sucção e na entrada da bomba. Por esse motivo, essa é a região que apresenta a maior

chance de formação de bolhas. Dependendo do tipo de bomba, o colapso dessas bolhas

pode ocorrer no próprio canal do impelidor ou na entrada da voluta.

A cavitação ocasiona o aumento do ruído e vibração provocados pela instabilidade

gerada pelo colapso das bolhas, além de alterar as curvas características e danificar o

equipamento, conforme Figura 3.14. As consequências da cavitação dependem da

intensidade que ela ocorre, da duração do fenômeno, do líquido bombeado e do material

da bomba.

Figura 3.14 - Alteração das curvas características com o efeito da cavitação (MATTOS e FALCO, 1998,

p. 170)

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3.8.1. NPSH disponível (𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑)

O Net Positive Suction Head disponível 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 representa a energia por

unidade de peso existente no flange de sucção da bomba, acima da pressão de vapor do

líquido nas condições de bombeamento. É obtido pela equação:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝐻𝑠 +𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣

𝛾 (3.23)

Onde:

𝐻𝑠 ≡ Altura manométrica de sucção [m]

𝑃𝑎𝑡𝑚 ≡ Pressão Atmosférica [kgf/m²]

𝑃𝑣 ≡ Pressão de Vapor do Líquido [kgf/m²]

𝛾 ≡ Peso Específico [kgf/m²]

Nota-se o decréscimo do NPSH disponível com a perda de carga, que por sua vez

é diretamente proporcional ao aumento da vazão. Podemos verificar essa relação na

Figura 3.15.

Figura 3.15 - NPSH disponível x Vazão (MATTOS e FALCO, 1998, p. 181)

3.8.2. NPSH requerido (𝑵𝑷𝑺𝑯𝒓𝒆𝒒)

O NPSH requerido é interpretado, fisicamente, como a quantidade mínima de

energia absoluta por unidade de peso acima da pressão de vapor que deve existir no flange

de sucção para que não haja cavitação. É uma função da velocidade e, consequentemente,

da vazão.

Normalmente, é fornecida pelo fabricante sob forma de curva, como ilustrado na

Figura 3.16.

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Figura 3.16 - NPSH requerido x Vazão (MATTOS e FALCO, 1998, p. 179)

3.8.3. Avaliação das condições de cavitação

Dadas as definições dos NPSH’s, para não haver cavitação, faz-se necessário que

o NPSH disponível seja maior ou igual ao NPSH requerido. Ao selecionar bombas, deve-

se calcular o NPSH disponível na vazão de operação pretendida e fornecer esse dado aos

fabricantes, para que as bombas sugeridas tenham NPSH requerido menor do que o

disponível, evitando a ocorrência do fenômeno em questão.

Na prática, a margem de segurança utilizada é de 0,6 m de líquido (MATTOS e

FALCO, 1998, p. 182). Estabelecida a margem, a condição ideal para que não haja

cavitação é:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ≥ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 + 0,6 𝑚 de líquido (3.24)

A partir da interseção das curvas apresentadas para o NPSH disponível e NPSH

requerido é possível determinar a vazão máxima de uma bomba que corresponde ao início

da cavitação e queda nas curvas características, conforme apresentado pela Figura 3.17.

Figura 3.17 - Vazão máxima para efeito de cavitação (MATTOS e FALCO, 1998, p. 181)

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3.9. Acessórios das Tubulações

3.9.1. Conexões

As conexões de uma tubulação podem ser de diferentes tipos e possuem funções

diversas em um sistema. As principais classificações de conexão referem-se à finalidade

dos acessórios ou ao sistema de ligação empregado.

As principais classificações por finalidade são: mudança de direção, derivações,

mudança de diâmetro, ligação entre tubos, e fechamento da extremidade de um tubo. Para

mudança de direção destacam-se curvas e joelhos, enquanto em derivações destacam-se

tês, peças “Y” e cruzetas. Mudanças de diâmetro são representadas por reduções, ligações

usualmente representam luvas, uniões e flanges, e fechamentos de extremidade trazem

tampões e flanges cegos.

Na tubulação analisada no presente estudo, as principais conexões são de mudança

de direção e mudanças de diâmetro, a exemplo de curvas e tês. Na Figura 3.18 estão

ilustrados alguns exemplos de conexões.

Figura 3.18 - Alguns exemplos de conexões. Fonte: (ACEPIL)

3.9.2. Válvulas

3.9.3. Válvula Gaveta

As válvulas gaveta tem como função impedir ou permitir o escoamento livre de

fluidos. São acessórios de uso mais generalizado e de grande importância em tubulações,

reconhecidas como acessórios de bloqueio de líquidos aplicáveis em diversos diâmetros

de tubo.

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Válvulas gaveta devem ser operadas totalmente abertas ou totalmente fechadas,

sendo o fechamento lento e proporcional ao tamanho do acessório. Quando totalmente

aberta, o fluxo ocorre desimpedido e com uma perda de carga pequena. Quando fechada,

dificilmente alcança uma vedação absoluta, mas essa pequena passagem de fluido é

considerada aceitável para o acessório. Destaca-se, portanto, para aplicação em casos

onde uma vedação absoluta não é necessária.

A Figura 3.19 apresenta um exemplo de válvula de gaveta. O fechamento desse

tipo de válvula é feito através da movimentação da gaveta, ou cunha, consequência da

rotação da haste. O deslocamento se dá em paralelo ao orifício da válvula e perpendicular

ao sentido do escoamento. Conforme (MACINTYRE, 1997, p. 598), embora não sejam

aconselháveis de um modo geral para regulagem, quando se pretende reduzir a descarga,

alterando o ponto de funcionamento da bomba, são utilizadas com abertura parcial, de

modo a criarem a perda de carga necessária para conseguir o objetivo almejado. Devido

à característica do deslocamento, o fechamento é sempre lento e não permite uma ação

instantânea do acessório. Por outro lado, o fechamento lento evita efeitos de paralisação

repentina do escoamento a exemplo de golpes de aríete.

Figura 3.19 - Válvula Gaveta. Fonte: (ISOVAL)

3.9.4. Válvula Esfera

As válvulas esfera, assim como as válvulas gaveta, são acessórios de bloqueio de

fluxo em tubulações. Sua operação, diferente das válvulas gaveta, possui maior agilidade

e ótima estanqueidade, mesmo operando sob altas pressões. A perda de carga em válvulas

esfera é pequena quando totalmente aberta e o acessório deve ser operado totalmente

aberto ou totalmente fechado.

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A Figura 3.20 apresenta um exemplo de válvula esfera. Seu acionamento se dá

pela rotação da haste e o consequente fechamento da tubulação pelo obturador. Diferente

da gaveta, o obturador possui forma esférica vazia e, quando perpendicular ao

escoamento, impede a passagem de líquido.

Figura 3.20 - Válvula Esfera. Fonte: (ISOVAL)

3.9.5. Válvula Borboleta

São válvulas que possuem um disco giratório biconvexo no interior de uma

cavidade esférica e que, conforme a inclinação, possibilita um fechamento estanque ou

uma ampla passagem, ou ainda uma graduação intermediária no valor da descarga. São,

portanto, de bloqueio e regulagem (MACINTYRE, 1997, p. 615). A figura a seguir ilustra

um exemplo de válvula borboleta.

Figura 3.21 - Válvula Borboleta. Fonte: (ISOVAL)

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3.9.6. Válvula de Retenção

A Válvula de Retenção portinhola garante o não retorno do fluxo na tubulação.

Os tipos existentes estão aptos a atender as mais variadas condições, tais como fluxo

pulsante, movimento horizontal ou vertical, etc. Existe em diferentes diâmetros e é

aplicada em ampla faixa de temperatura e pressão. A válvula de retenção portinhola tem

o fluxo em uma só direção, e se fecha automaticamente para não ocorrer o contra fluxo.

A figura a seguir ilustra um exemplo de válvula de retenção do tipo portinhola.

Figura 3.22 - Válvula de Retenção do tipo Portinhola. Fonte: (ISOVAL)

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3.9.7. Válvula de Fundo

A válvula de fundo é acionada por um comando pneumático, e sua função é liberar

a passagem de combustível do tanque para a tubulação, no caso do descarregamento do

combustível, ou liberar a passagem da tubulação para o tanque, no caso do recebimento

de combustível, além de evitar que partículas sólidas passem, comprometendo o

funcionamento da bomba e a qualidade do produto. Durante o enchimento do caminhão

(processo no qual ocorre entrada de combustível no tanque), a válvula de fundo atua

impedindo a entrada de combustível no tanque quando o nível de combustível atinge um

valor pré-determinado, evitando, dessa forma, possíveis vazamentos. A Figura 3.23

ilustra um exemplo de válvula de fundo de 3”.

Figura 3.23 - Válvula de Fundo. Fonte: (EATON)

3.9.8. Filtro Separador de Água

Os filtros separadores de água são vasos de dois estágios utilizados para remover

impurezas e separar a água do combustível em refinarias, terminais e bases

aeroportuárias. Eles garantem a qualidade do combustível, evitando que substâncias

indesejadas sejam encontradas nos líquidos bombeados. Estes podem ser do tipo verticais

ou horizontais.

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No interior de seus vasos, os filtros monitores possuem elementos coalescentes e

separadores, que além de reterem partículas sólidas que possam vir a estar no

combustível.

Este tipo de filtro é largamente utilizado na aviação uma vez que a presença de

água no combustível pode comprometer o funcionamento do motor das aeronaves. A

Figura 3.24 ilustra um típico filtro separador de água horizontal, e seus acessórios, que

consistem na válvula de alívio de ar, válvula de alívio de pressão, e o manômetro

diferencial de pressão.

Figura 3.24 - Filtro Separador de Água Horizontal. Fonte: (VELCON)

3.9.9. Manômetro Diferencial de Pressão

O manômetro diferencial de pressão é um acessório dos filtros separadores que

tem como função dar visibilidade instantânea e em tempo real do que ocorre no interior

do filtro. Esse manômetro consiste de um sistema pistão-mola, e de acordo com o

aumento da pressão, o pistão é movimentado para baixo, e é possível realizar a leitura do

diferencial de pressão através da escala graduada, como pode ser visualizado através da

Figura 3.25.

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Para o caso do manômetro apontar diferencial de pressão nula, interpreta-se que

os filtros foram danificados, e que a filtragem já não ocorre mais como esperado. Neste

caso, a operação deve ser paralisada imediatamente, uma vez que a qualidade do

combustível já não será garantida. No extremo oposto, uma vez que o diferencial de

pressão “lido” foi maior do que o recomendado pelo fabricante naquela vazão, significa

que há obstrução no fluxo de combustível no interior do filtro separador, e mais uma vez

a operação deve ser paralisada de imediato, para que os filtros possam ser substituídos.

Logo, é imprescindível a leitura do valor do manômetro diferencial de pressão

durante a operação, para que seja garantido que o filtro esteja operando de acordo com o

recomendado pelo fabricante.

Figura 3.25 - Manômetro Diferencial de Pressão. Fonte: (GAMMON TECH)

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4. Estudo de caso

4.1. Introdução

Nesse capítulo serão apresentadas as principais características dos sistemas

estudados, suas particularidades e os cálculos envolvidos para realização da análise

técnica da operação real para o recebimento e enchimento de querosene de aviação em

uma base de combustíveis aeroportuária. As equações e relações dos capítulos anteriores

serão utilizadas, assim como informações sobre o produto e recomendações técnicas para

o transporte do querosene de aviação.

Na base aeroportuária em questão, existem dois trajetos para o querosene de

aviação. O primeiro sistema, conhecido como “Enchimento”, o combustível é succionado

dos tanques fixos existentes na instalação e o transporta até o caminhão tanque

abastecedor (CTA), ilustrado na Figura 4.1.

Figura 4.1 - Caminhão Tanque Abastecedor. Fonte: O próprio autor.

No segundo sistema, conhecido como “Recebimento”, o combustível é

succionado de uma Carreta, de Estrutura similar ao Caminhão Tanque Abastecedor, cujo

volume típico é de 35.000 litros, e é transportado até os tanques fixos.

4.2. Motivação

O estudo tem origem no relato de drástica perda de vazão e excessiva cavitação

no sistema de Recebimento em uma base de operações de abastecimento de aeronaves,

além do desejo de se aumentar a vazão para ambos os sistemas.

AutoCAD SHX Text
Carimbo
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Para realização desse estudo, todos os trechos retos da tubulação dos dois sistemas

foram medidos, e os seus respectivos acessórios foram contabilizados, para que os

cálculos da perda de carga, altura manométrica total, NPSH disponível e potência

consumida se aproximassem o máximo possível da realidade. É importante salientar que

todos os cálculos que serão mostrados na sequência foram realizados considerando o pior

cenário operacional, ou seja, quando há maior demanda de energia pelo sistema.

4.3. Características dos Sistemas Estudados

Os dois sistemas compartilham de algumas características que serão descritas a

seguir. Ambos os sistemas transportam exclusivamente querosene de aviação, ou JET-

A1, como é conhecido internacionalmente. Ambos os sistemas podem funcionar ao

mesmo tempo, possuem tubulações independentes, e o combustível é succionado e

descarregado apenas em um reservatório por vez. E por fim, os fluxos de ambos os

sistemas passam pela praça de bombas.

Na praça de bombas, a configuração original conta com 2 bombas centrífugas

Heroás modelo 19ASH (180SH75), ambas adquiridas há mais de 5 anos, e 2 motores

elétricos WEG W21 de 15kW de potência. As informações relevantes do motor

encontram-se no ANEXO D. Os equipamentos podem ser visualizados na Figura 4.2. A

base aeroportuária aonde as bombas estão instaladas realiza apenas manutenções corretivas

nessas bombas quando necessário, e não apresentam qualquer manutenção preventiva.

Figura 4.2 - Motor WEG e Bomba Centrífuga Heroás. Fonte: O próprio autor

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Como podemos observar na figura a seguir, o diâmetro do rotor é de 180/30. De posse

dessa informação, podemos analisar as curvas características dessa bomba através do

ANEXO C. Essas curvas serão utilizadas em seções posteriores.

Figura 4.3 - Informações da bomba centrífuga. Fonte: O próprio autor.

O primeiro dado levantado foi a vazão real apresentada por ambos os sistemas. As

vazões mostradas na Tabela 4.1 foram extraídas a partir da média de uma série de medidas

manuais realizadas, uma vez que não há medidores de vazão na instalação em questão.

Tabela 4.1 - Vazões de cada Sistema

Sistema Vazão Medida Média [m³/h] DP [m³/h]

Enchimento 60 2

Recebimento 40 3

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Para o sistema do Enchimento, foi realizado a leitura da vazão através da verificação

do volume total passado no medidor mecânico a cada minuto, e foi verificado uma

homogeneidade na leitura, com pequenas variações, mesmo com uma mudança considerável

da altura geométrica com o andamento das operações. Já para o sistema do Recebimento, a

mudança na vazão com a variação da altura geométrica foi mais drástica, e por isso foi

utilizado o equipamento de medição de nível eletrônico dos tanques fixos para realizar a

leitura das vazões. Como pode ser observado na Figura 4.4, no software do equipamento de

medição obtém-se dados importantes, como a altura do nível de combustível, o volume

contido no tanque, e a temperatura do meio da massa1.

Figura 4.4 - Software de Telemetria dos Tanques. Fonte: O próprio autor

Como os dados são fornecidos em tempo real, possibilita-se a leitura da vazão para o

Recebimento através da variação do volume de combustível contido em determinado tanque.

Os dados encontrados para a vazão do Recebimento foram contabilizados sempre

considerando ciclos de 60 segundos. Os dados coletados podem ser visualizados no ANEXO

A.

A configuração geométrica da instalação conta com a bacia de tanques, com

desnível em relação à praça de bombas, localizando-se abaixo do nível das bombas.

Entretanto, a partir de determinada altura de combustível, este ultrapassa a altura relativa

à bomba. A localização dos itens descritos anteriormente pode ser visualizados na Figura

4.5, e como complemento das informações, na Tabela 4.2.

1 Temperatura do meio da massa corresponde à temperatura medida na metade da altura do nível de

combustível

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Tabela 4.2 - Dados para a Figura 4.5

Número Local / Equipamento

1 Praça de Bombas

2 Bacia de Tanques

3 Ilha de Enchimento

4 Ilha de Recebimento

Figura 4.5 - Panorama da Instalação. Fonte: O próprio autor.

Para os cálculos de perda de carga que serão expostos a seguir, foi considerado o

tanque com maior metragem de tubulação, pois consequentemente apresentará maior

perda de carga. As principais características do tanque fixo em questão estão descritas na

Tabela 4.3. e sua fabricação segue as normas vigentes para armazenagem de

combustíveis. É importante ressaltar que pelos procedimentos internos da empresa, o

volume máximo de combustível armazenado possui uma margem de segurança, a fim de

evitar derrames durante o procedimento de Recebimento do Querosene de Aviação.

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Tabela 4.3 - Informações do Tanque Fixo.

Numeração do Tanque Tanque 01

Tipo de Tanque Horizontal

Produto Armazenado Querosene de Aviação (JET-A1)

Diâmetro Interno 2,877 m

Comprimento Total 9,630 m

Máxima Altura de Combustível 2,683 m

Capacidade Operacional 62,196 m³

Como pode visualizar-se na Figura 4.6, o tanque fixo possui uma abertura para a

atmosfera chamada “Tela de Respiro”. Assim, considera-se que o tanque está submetido

à pressão atmosférica.

Figura 4.6 - Tela de Respiro do Tanque. Fonte: O próprio autor.

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4.3.1. Vazão Operacional Desejada

De forma a melhorar o desempenho da operação e permitir maior agilidade nos

procedimentos de Enchimento e Recebimento de combustível, deseja-se aumentar a

vazão e garantir a plena operação das bombas, com ausência de intempéries, como

cavitação, vibração e ruídos excessivos.

Para definir a vazão que os sistemas deverão contemplar, é preciso analisar as

condições que limitam esse fator. Como principal equipamento que limita a vazão do

sistema, tem-se o Filtro Separador de Água. De acordo com o material fornecido pelo

fabricante, como ilustrado pela Figura 4.7, a vazão máxima permitida para este

equipamento é de 340 𝐺𝑃𝑀, o que corresponde a 75 𝑚3/ℎ, se considerarmos uma

margem de segurança.

Figura 4.7 - Vazão máxima permitida para o filtro separador. Fonte: O próprio autor

Podemos então definir que a vazão operacional desejada 𝑄𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎 é de:

𝑄𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎 = 75 𝑚3/ℎ (4.1)

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Comparando com os valores de vazão apresentados na Tabela 4.1, a vazão

operacional real está muito distante da vazão operacional desejada, principalmente para

o sistema de recebimento. Nas próximas seções serão realizados cálculos a fim de

investigar a performance destes sistemas.

4.4. Características do Fluido de Trabalho

Os combustíveis utilizados no mercado de aviação para abastecimento de

aeronaves constituem da Gasolina de Aviação (AVGAS) e o Querosene de Aviação (JET-

A1). Entretanto, na base aeroportuária deste estudo trabalha-se apenas com Querosene de

Aviação.

As propriedades de um combustível dependem diretamente da temperatura, e esta

varia de acordo com as condições climáticas no ato das operações. Para fins de facilitação

operacional, utiliza-se a temperatura padrão de 20 °C para cálculos de volume e

densidade. Na Tabela 4.4 encontram-se dados relevantes do Querosene de Aviação que

serão usados em diversos momentos neste estudo. Esses dados foram retirados do

ANEXO B, que foi fornecido pela empresa, e contém informações completas referentes

a este combustível.

Pode-se verificar no mesmo anexo que a massa específica (𝜌) varia dentro de uma

faixa. Para os cálculos que virão a seguir, foi considerado o maior valor possível, afim de

obter os casos mais críticos para as relações que dependam desta variável, como por

exemplo as equações de Reynolds e da Potência absorvida, conforme Seções 3.3.1 e 3.5.1.

Tabela 4.4 - Dados do Querosene de Aviação (JET-A1)

Temperatura de Bombeio 20 °𝐶

Massa Específica (𝛒) 837 𝑘𝑔/𝑚³

Peso Específico (𝜸) 8210,97 𝑁/𝑚³

Viscosidade Cinemática (𝝊) 0,0000002 𝑚²/𝑠

Pressão de Vapor (𝑷𝒗) 100 𝑃𝑎

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4.5. Características Específicas do Sistema de Enchimento

Na Figura 4.8 temos o local destinado para o estacionamento dos Caminhões

Tanque que receberão o combustível através do sistema de Enchimento. Esta “ilha de

enchimento”, como é comumente chamada, localiza-se no mesmo nível da praça de

bombas. A parte da sucção da bomba é composta por tubulações e acessórios de 3”. Já a

parte da descarga é composta de um trecho de 3” e o restante de 4”. Os caminhões são

abastecidos através de uma mangueira flexível de 3”, que é conectada na parte inferior do

tanque. O fluxo passa por essa mangueira, e em seguida passa por uma válvula de fundo,

que é aberta apenas na hora da operação de Enchimento, e o combustível é enchido então

pelo fundo do compartimento. O procedimento de abastecimento de Caminhões Tanque

pela parte inferior do compartimento é conhecido como Bottom Loading.

Figura 4.8 - Local para Enchimento dos CTA's (Ilha de Enchimento). Fonte: O próprio autor.

Na Figura 4.9 podemos visualizar a operação de Enchimento Bottom Loading em

andamento. A operação Bottom Loading possui vantagens operacionais e de segurança.

No âmbito operacional, permite que o responsável pelo acoplamento do tubo ao caminhão

permaneça no nível do piso, sem necessidade de trabalho em altura. Adicionalmente, a

presença de sistema de overfill2 instalados nos próprios compartimentos, protegem a operação

contra transbordamentos. A operação Bottom Loading também reduz a exposição do

operador à vapores de combustível, além de reduzir a emanação de vapores, visto que a

escotilha do caminhão tanque permanece fechada durante toda a operação de enchimento.

2 Sistema de Overfill corresponde a um “dispositivo de segurança do sistema bottom loading e compõe o

sistema antitransbordamento. Ele tem a função de evitar o transbordo de produto, detectando o nível do

líquido por refração” (VLADOS)

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Figura 4.9 - Operação de Enchimento (Bottom Loading). Fonte: O próprio autor

4.6. Características Específicas do Sistema de Recebimento

Na Figura 4.10 é possível visualizar o local destinado para a operação de

Recebimento, conhecido como “Ilha de Recebimento”. A parte da sucção da bomba é

composta por uma tubulação de 3”, iniciando pela mangueira flexível que é conectada na

Carreta, e um pequeno trecho de 4”. A parte da descarga da bomba é composta

unicamente por tubulações e acessórios de 4”, e tem destino final no tanque fixo 01.

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Figura 4.10 - Ilha de Recebimento. Fonte: O próprio autor

5. Análise do Enchimento

5.1. Cálculo da Altura Manométrica de Sucção (𝑯𝒔)

A Figura 5.1 ilustra a situação real do Enchimento, onde a altura de combustível

do tanque fixo está em um nível inferior à altura do flange de sucção.

Figura 5.1 - Reservatório e Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor.

A altura manométrica de sucção é então calculada através da equação (3.9), mas

conforme citado na seção 4.3, iremos considerar a pressão a que o tanque está submetido

é nula. Dessa forma, a equação reduz-se a:

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42

𝐻𝑠 = 𝑍𝑠 − ℎ𝑓𝑠 (5.1)

Para fins de cálculo, será considerada a condição mais severa de operação, ou seja,

quando o tanque fixo opera com a menor altura de combustível possível. Para isso, iremos

considerar o tanque aproximadamente vazio. Dessa forma, teremos que:

ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 0 𝑚 (5.2)

Sabendo que a altura geométrica entre o fundo do tanque fixo e o flange de sucção

da bomba é de 1,5 m, obtemos a altura estática de sucção:

𝑍𝑠 = ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 − 1,5 (5.3)

𝑍𝑠 = −1,5 𝑚 (5.4)

5.2. Comprimento Equivalente na Sucção (𝑳𝒔)

Para calcular a perda de carga na sucção, será utilizado o método do comprimento

equivalente, conforme abordado na Seção 3.3.8, onde as perdas de cargas distribuídas

(Trechos Retos) e as perdas de cargas localizadas (Acessórios) são contabilizados em

termos de comprimento.

Os valores e as quantidades de cada acessório da tubulação de 4” encontram-se na

Tabela 5.1. Os valores dos comprimentos equivalentes unitários foram retirados das

tabelas da Seção 3.3.8.

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43

Tabela 5.1 - Comprimentos Equivalentes dos Acessórios na Sucção

Dados – Sucção Enchimento 4"

Acidentes Quant. 𝐿𝑒𝑞,𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜

(m)

𝐿𝑒𝑞,𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

(m) Observações

Entrada 1 4,88 4,88 K = 0,78

Curva 90° 4 1,68 6,72 R = 5D

Curva 45° 1 0,84 0,84 Metade da Curva 90°

Tubulação T 4 2,13 8,52 Fluxo Direto

Tubulação T 2 6,1 12,2 Fluxo pelo Ramal

Válvula de Retenção 1 13,72 13,72 Portinhola

Válvula Gaveta 1 1,37 1,37 Totalmente Aberta

Redução 1 1,01 0,91 De 4" para 3"

Trechos Retos 21,04 1 21,04 -

Total (m) 70,02

Logo, obtém-se um comprimento equivalente total na sucção de:

𝐿𝑠 = 70,02 𝑚 (5.5)

5.3. Número de Reynolds (𝑹𝒆𝒔) e Fator de Atrito (𝒇𝒔)

Como queremos saber as condições de operação atuais nas quais a bomba é

submetida, iremos utilizar a vazão medida, apresentada na Tabela 4.1 como base para

nossos cálculos. Entretanto, o mesmo cálculo será repetido para outras vazões, a fim de

obtermos a curva do sistema.

Para obter o valor de 𝑅𝑒𝑠, devemos obter a velocidade da sucção. Fazendo a

conversão de 𝑄 = 60 𝑚3/ℎ para 𝑚3/𝑠 e 4" para metros, teremos:

𝑄 = 0,0167 𝑚/𝑠

𝐷𝑠 = 0,1016 𝑚

𝑉𝑠 =4.𝑄

𝜋. 𝐷𝑠2 (5.6)

𝑉𝑠 =4 . 0,0167

π . 0,10162

𝑉𝑠 = 2,056 m/s (5.7)

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44

Como o querosene de aviação é um fluido que requer cuidados quanto à geração

da eletricidade estática, existe uma norma que determina a velocidade máxima permitida

para o fluxo deste combustível. Conforme a API 2003 (AMERICAN PETROLEUM

INSTITUTE, 1998, p. 18), a velocidade máxima permitida em tubulações para

combustíveis que possuem alta condutividade, como é o caso do JET-A1, que possui

condutividade mínima de 70 𝑝𝑆/𝑚, é de 7 𝑚/𝑠. Logo, a velocidade calculada acima é

totalmente aceitável.

Utilizando o diâmetro 𝐷𝑠 da tubulação, o valor de 𝑉𝑠 obtido e o valor da

viscosidade cinemática (𝜈) de acordo com a Tabela 4.4, calculamos o número de

Reynolds para a sucção:

𝑅𝑒𝑠 =(𝐷𝑠 .𝑉𝑠)

𝜈 (5.8)

𝑅𝑒𝑠 =0,1016 . 2,056

0,000002

𝑅𝑒𝑠 = 1,044 × 105 (5.9)

Como o valor obtido é muito superior ao valor limite de 2000, pode-se afirmar

que o escoamento é turbulento.

Para prosseguir nos cálculos, necessitamos do fator de atrito (𝑓𝑠). Sabemos que

essa variável é dependente do número de Reynolds e da rugosidade relativa da tubulação.

Ou seja, temos que:

𝑓𝑠 = 𝑓𝑠 (𝑅𝑒𝑠 ,𝜖

𝐷𝑠) (5.10)

Para determinar a rugosidade relativa da tubulação, faremos uso da Figura 3.3.

Sabendo que a tubulação possui 4”, e que o material da tubulação é constituído de aço

carbono comercial, obtemos um valor de:

(𝜖

𝐷𝑠)

𝑎ç𝑜,4"

= 0,00045 (5.11)

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45

A partir daqui, como já foi abordado na Seção 3.3.7, possuímos dois métodos para

obter o valor do fator de atrito. Pode-se utilizar o Ábaco de Moody, como ilustrado na

Figura 3.4. Utilizando este método, entramos com o valor da rugosidade relativa e do

número de Reynolds, e obtemos o valor do fator de atrito:

𝑓𝑠,𝑀𝑜𝑜𝑑𝑦 = 0,02 (5.12)

Como alternativa, podemos obter o fator de atrito através da fórmula de Churchill,

de acordo com a Equação (3.12). Substituindo os valores, obtemos:

𝐴 =

[ 2,457 . 𝑙𝑛 (

1

(7

1,044 × 105)0,9

+ 0,27. 0,00045

)

] 16

𝐴 = 6,33 × 1020 (5.13)

𝐵 = (37530

1,044 × 105)16

𝐵 = 7,74 × 10−8 (5.14)

𝑓𝑠,𝐶ℎ𝑢𝑟𝑐ℎ𝑖𝑙𝑙 = 8 . [(8

1,044 × 105)12

+ 1

(6,33 × 1020 + 7,74 × 10−8)1,5]

112

𝑓𝑠,𝐶ℎ𝑢𝑟𝑐ℎ𝑖𝑙𝑙 = 0,020 (5.15)

Como podemos observar, as duas formas apresentadas para o cálculo do fator de

atrito apresentam valores praticamente idênticos. Dito isso, os cálculos referentes ao fator

de atrito serão realizados utilizando a Fórmula de Churchill, visto que há uma

conveniência maior quando comparado com o Ábaco de Moody.

5.4. Cálculo das Perdas de Carga (𝒉𝒇𝒔)

Todas as variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga na linha de sucção

estão disponíveis, como apresentado pela Equação (3.16). Este resultado nos dará a

energia por unidade de peso perdida na linha de sucção, em metros:

ℎ𝑓𝑠 = 𝑓𝑠. 𝐿𝑠 . 𝑉𝑠

2

𝐷𝑠 . 2 . 𝑔

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46

ℎ𝑓𝑠 = 0,020 . 70,2 . 2,0562

0,1016 . 2 . 9,81

ℎ𝑓𝑠 = 2,989 𝑚 (5.16)

Com os valores da perda de carga e da altura estática de sucção, podemos enfim

calcular a altura manométrica de sucção através da Equação (5.1):

𝐻𝑠 = 𝑍𝑠 − ℎ𝑓𝑠

𝐻𝑠 = −1,5 − 2,989

𝐻𝑠 = −4,489 𝑚 (5.17)

Os mesmos cálculos de 𝑉𝑠, 𝑅𝑒𝑠, 𝐴, 𝐵, 𝑓𝑠, ℎ𝑓𝑠 𝑒 𝐻𝑠 foram repetidos para valores de

vazão que variam de 0 𝑎 120 𝑚3/ℎ. Estes valores podem ser encontrados na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Cálculos para a perda de carga da Sucção do Enchimento.

Dados - Sucção Enchimento 4"

Q [m³/h] V

[m/s] Re A B fs hfs [m] Hs [m]

0 0 0 0 0 0 0 -1,5

10 0,343 17405,40 4,74E+19 218330,5 0,028 0,107 -1,615

20 0,685 34810,79 1,53E+20 3,331459 0,024 0,369 -1,897

30 1,028 52216,19 2,75E+20 0,005072 0,022 0,772 -2,330

40 1,371 69621,58 3,99E+20 5,08E-05 0,021 1,310 -2,908

50 1,713 87026,98 5,19E+20 1,43E-06 0,021 1,980 -3,628

60 2,056 104432,38 6,33E+20 7,74E-08 0,020 2,782 -4,489

70 2,398 121837,77 7,40E+20 6,57E-09 0,020 3,713 -5,490

80 2,741 139243,17 8,40E+20 7,76E-10 0,019 4,773 -6,630

90 3,084 156648,57 9,33E+20 1,18E-10 0,019 5,962 -7,908

100 3,426 174053,96 1,02E+21 2,18E-11 0,019 7,280 -9,324

110 3,769 191459,36 1,10E+21 4,75E-12 0,019 8,725 -10,877

120 4,112 208864,75 1,18E+21 1,18E-12 0,019 10,298 -12,567

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47

5.5. Enchimento - Cálculo da Altura manométrica de Descarga (𝑯𝒅)

O cálculo da altura manométrica da descarga é totalmente análogo à altura

manométrica da sucção como mostrado na seção anterior. A Figura 5.2 ilustra a situação

real da descarga do Enchimento, onde a altura de combustível do compartimento do

Caminhão Tanque Abastecedor está em um nível superior à altura do flange de descarga.

Figura 5.2 - Reservatório e Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor.

A altura manométrica de sucção é então calculada através da Equação (3.20).

Entretanto, como o reservatório do CTA possui abertura para a atmosfera através da

válvula reguladora de pressão e vácuo, logo, iremos considerar a pressão a que o

reservatório está submetido é nula. Dessa forma, a equação reduz-se a:

𝐻𝑑 = 𝑍𝑑 + ℎ𝑓𝑑 (5.18)

Como temos trechos com diâmetros de 3” e 4” na linha de descarga, iremos

calcular separadamente as perdas de carga para estes trechos, de forma a considerar que

a perda de carga total da linha de descarga será:

ℎ𝑓𝑑 = ℎ𝑓𝑑,3" + ℎ𝑓𝑑,4" (5.19)

Para fins de cálculo da altura estática de descarga, iremos considerar a condição

mais severa de operação, ou seja, quando o reservatório do CTA opera com a maior altura

de combustível possível. Para isso, iremos considerar o reservatório cheio. Dessa forma,

teremos que a altura de combustível a partir do chão é de:

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48

ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 2,9 𝑚 (5.20)

Sabendo que o centro do flange de sucção fica a aproximadamente 0,5 𝑚 do piso

onde está localizada, e que este piso está no mesmo nível do local destinado para a

operação de enchimento, obtemos a altura estática de descarga:

𝑍𝑑 = ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 − 0,5

𝑍𝑠 = 2,4 𝑚 (5.21)

5.6. Comprimento Equivalente do trecho de 3” (𝑳𝒅,𝟑")

Analogamente ao procedimento executado para a tubulação de sucção,

encontraremos o comprimento equivalente da tubulação de descarga de 3 polegadas de

diâmetro. Os valores e as quantidades de cada acessório da tubulação de 3” encontram-se

na Tabela 5.3. Os valores dos comprimentos equivalentes unitários foram retirados das

tabelas da Seção 3.3.8.

Tabela 5.3 - Comprimentos Equivalentes dos acessórios da descarga de 3"

Enchimento - Descarga 3"

Acessórios de 3" Quant. 𝐿𝑒𝑞,𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜

(m)

𝐿𝑒𝑞,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

(m) Observações

Curva 90° 7 1,22 8,54 R = 5D

Curva 45° 1 0,61 0,61 -

Válvula Borboleta 2 3,66 7,32 Totalmente Aberta

Medidor 0,355 1 0,355 Trecho Reto3

Válvula Esfera 1 1,52 1,52 Totalmente Aberta

Saída 1 4,57 4,57 K = 1,0

Reto 2,73 1 2,73 -

Total (m) 25,645

3 Conforme a (LIQUID CONTROL METER), a perda de carga no medidor é insignificante. Dessa forma,

o medidor foi considerado como trecho reto de tubulação, sendo contabilizado apenas o tamanho

longitudinal deste equipamento.

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49

Logo, obtém-se um comprimento equivalente total na sucção de:

𝐿𝑑,3" = 25,645 𝑚 (5.22)

5.7. Número de Reynolds (𝑹𝒆𝒅,𝟑") e Fator de Atrito (𝒇𝒅,𝟑")

Como queremos saber as condições reais de operação nas quais a bomba é

submetida, iremos utilizar a vazão medida, apresentada na Tabela 4.1 como base para

nossos cálculos. Para obter o valor de 𝑅𝑒𝑑,3", iremos utilizar os mesmos dados da Seção

5.3, mas agora com o valor do diâmetro de 3”.

𝑄 = 0,0167 𝑚/𝑠

𝐷𝑑,3" = 0,0762 𝑚

𝑉𝑑,3" =4.𝑄

𝜋. 𝐷𝑑,3"2 (5.23)

𝑉𝑑,3" =4 . 0,0167

π . 0,07622

𝑉𝑑,3" = 3,655 m/s (5.24)

Conforme (AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE, 1998, p. 18), a velocidade

obtida está abaixo do valor máximo estabelecido, de 7 m/s

Utilizando o diâmetro 𝐷𝑑,3" da tubulação, o valor de 𝑉𝑑,3" obtido e o valor da

viscosidade cinemática (𝜈) de acordo com a Tabela 4.4, calculamos o número de

Reynolds para a descarga:

𝑅𝑒𝑑,3" =(𝐷𝑑,3" .𝑉𝑑,3")

𝜈 (5.25)

𝑅𝑒𝑠 =0,0762 . 3,655

0,000002

𝑅𝑒𝑠 = 1,39 × 105 (5.26)

Como o valor obtido é muito superior ao valor limite de 2000, pode-se afirmar

que o escoamento é turbulento.

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50

Para prosseguir nos cálculos, necessitamos do fator de atrito (𝑓𝑑,3"). Sabemos que

essa variável é dependente do número de Reynolds e da rugosidade relativa da tubulação.

Ou seja, temos que:

𝑓𝑑,3" = 𝑓𝑑,3" (𝑅𝑒𝑑,3" ,𝜖

𝐷𝑑,3") (5.27)

Para determinar a rugosidade relativa da tubulação, faremos uso da Figura 3.3.

Sabendo que a tubulação possui 3”, e que o material da tubulação é constituído de aço

carbono comercial, obtemos um valor de:

(𝜖

𝐷𝑑)𝑎ç𝑜,3"

= 0,0006 (5.28)

A partir daqui, como já foi abordado na Seção 5.3, iremos utilizar a fórmula de

Churchill para determinar o fator de atrito. Logo, substituindo os valores na Equação

(3.12), obtemos:

𝐴 =

[ 2,457 . 𝑙𝑛 (

1

(7

1,39 × 105)0,9

+ 0,27. 0,0006

)

] 16

𝐴 = 6,31 × 1020

𝐵 = (37530

1,39 × 105)16

𝐵 = 7,76 × 10−10 (5.29)

𝑓𝑑,3" = 8 . [(8

1,39 × 105)12

+ 1

(6,31 × 1020 + 7,76 × 10−10)1,5]

112

𝑓𝑑,3" = 0,020 (5.30)

5.8. Cálculo das Perdas de Carga do trecho de 3” (𝒉𝒇𝒅,𝟑")

Todas as variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga na linha de sucção

estão disponíveis, como apresentado pela Equação (3.16). Este resultado nos dará a

energia por unidade de peso perdida na linha de descarga, em metros:

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51

ℎ𝑓𝑑,3" = 𝑓𝑑,3". 𝐿𝑑,3" . 𝑉𝑑,3"

2

𝐷𝑑,3" . 2 . 𝑔

ℎ𝑓𝑑,3" = 0,020 . 25,645 . 3,6552

0,0762 . 2 . 9,81

ℎ𝑓𝑑,3" = 4,604 𝑚 (5.31)

5.9. Perda de carga de outros acessórios de 3”

No trecho de tubulação de 3”, existem outros acessórios que não foram mostrados

na Tabela 5.3, pois não apresentam seus valores de perda de carga tabelados.

5.9.1. Mangueira Flexível

Para a perda de carga da mangueira flexível, utilizou-se o ANEXO E, que foi

fornecido pelo fabricante. Os dados contidos neste anexo são específicos para operação

com Diesel. Mas como a velocidade cinemática é a mesma do Querosene de Aviação, seu

uso é totalmente válido. Através do gráfico em questão, podemos retirar a queda de

pressão em um trecho de 10 metros para determinado diâmetro. Como a mangueira possui

3,5 𝑚, o valor a ser extraído será diretamente proporcional.

Para uma vazão de 60 𝑚3/ℎ, obtemos a queda de pressão:

𝛥𝑃𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,18 𝑏𝑎𝑟

Como a mangueira possui 3,5 𝑚, o valor a ser extraído será diretamente

proporcional. Logo:

𝛥𝑃𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,18 ×3,5

10

𝛥𝑃𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,063 𝑏𝑎𝑟 (5.32)

Podemos utilizar a fórmula de Darcy-Weisbach (MATTOS e FALCO, 1998, p.

62) para determinar a perda de carga. Transformado a variação da pressão para 𝑁/𝑚², e

utilizando o peso específico da Tabela 4.4, obtemos:

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52

ℎ𝑓𝑑,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 =𝛥𝑃

𝛾

ℎ𝑓𝑑,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 =0,063 × 100000

8210,97

ℎ𝑓𝑑,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,767 𝑚 (5.33)

A Tabela 5.4 complementa as perdas de carga para os outros valores de vazão.

Tabela 5.4 - Dados da Perda de Carga da Mangueira Flexível

Dados - Mangueira

Flexível 3"

(Enchimento)

Q [m³/h] hfd [m]

0 0

10 0

20 0,094

30 0,213

40 0,354

50 0,597

60 0,767

70 0,895

80 1,108

90 1,577

100 1,833

110 2,387

120 2,771

5.9.2. Filtro Separador de Água

Para o Filtro Separador de Água do enchimento, que está ilustrado na Figura 5.3,

foi utilizado o gráfico do ANEXO F, que mostra a maior queda de pressão permitida para

determinada vazão.

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Figura 5.3 - Filtro Separador do Enchimento. Fonte: O próprio autor

Para uma vazão de 60 𝑚3/ℎ, obtemos a queda de pressão:

𝛥𝑃𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 11,655 𝑃𝑆𝐼

Podemos utilizar a fórmula de Darcy-Weisbach (MATTOS e FALCO, 1998, p.

62) para determinar a perda de carga. Transformado a variação da pressão para 𝑁/𝑚², e

utilizando o peso específico da Tabela 4.4, obtemos:

ℎ𝑓𝑑,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 =𝛥𝑃

𝛾

ℎ𝑓𝑑,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 =11,655 × 6894,76

8210,97

ℎ𝑓𝑑,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 9,786 𝑚 (5.34)

A Tabela 5.5 complementa as perdas de carga para os outros valores de vazão.

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54

Tabela 5.5 - Dados da Perda de Carga do Filtro Separador

Dados - Filtro

Separador

(Enchimento)

Q [m³/h] hfd [m]

0 0

10 1,631

20 3,262

30 4,893

40 6,524

50 8,155

60 9,786

70 11,417

80 13,049

90 14,680

100 16,311

110 17,942

120 19,573

5.9.3. Válvula de Fundo

Para a perda de carga da válvula de fundo do caminhão-tanque, foi utilizado a

informação do fabricante (EATON, p. 2), onde informa que, para que quando a válvula

de fundo é aberta para entrada de combustível, a queda de pressão é de 11 𝑃𝑆𝐼 para uma

vazão de 300 𝐺𝑃𝑀. Com isso, foi considerado que a queda de pressão é proporcional ao

quadrado da vazão, conforme fórmula de Darcy-Weisbach. Logo, para uma vazão de 60

m³/h, basta realizar a conversão de 300 GPM para m³/h, e realizar a conversão de PSI

para N/m²:

ℎ𝑓𝑑,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 =𝛥𝑃

𝛾

ℎ𝑓𝑑,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 = (60

(300

4,403))

2

×11 × 6894,76

8210,97

ℎ𝑓𝑑,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 = 7,162 𝑚 (5.35)

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55

Por fim, a Tabela 5.6 complementa as perdas de carga para os outros valores de

vazão.

Tabela 5.6 - Dados para a perda de carga da válvula de fundo

Dados – Válvula

de Fundo

(Enchimento)

Q [m³/h] hfd [m]

0 0

10 0,199

20 0,796

30 1,791

40 3,183

50 4,974

60 7,162

70 9,749

80 12,733

90 16,115

100 19,895

110 24,073

120 28,649

Agora, podemos realizar o cálculo final da perda de carga para a descarga de 3”,

uma vez que todas as variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga na linha de

descarga estão disponíveis. Este resultado nos dará a energia por unidade de peso perdida

na linha de descarga, em metros:

ℎ𝑓𝑑,3" = ℎ𝑓𝑑,𝑒𝑞. + ℎ𝑓𝑑,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 + ℎ𝑓𝑑,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 + ℎ𝑓𝑑,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 (5.36)

ℎ𝑓𝑑,3" = 4,604 + 0,767 + 9,786 + 7,162

ℎ𝑓𝑑,3" = 22,320 𝑚 (5.37)

Os mesmos cálculos de 𝑉𝑑,3", 𝑅𝑒𝑑,3", 𝐴, 𝐵, 𝑓𝑑,3" 𝑒 ℎ𝑓𝑑,3" foram repetidos para

valores de vazão que variam de 0 𝑎 120 𝑚3/ℎ. Estes valores podem ser encontrados na

Tabela 5.7

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Tabela 5.7 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Enchimento de 3”

Dados - Descarga Enchimento 3"

Q [m³/h] V [m/s] Re A B f hfd [m]

0 0 0 0 0 0 0

10 0,609 23207,19 7,06E+19 2188,238 0,026 1,998201

20 1,218 46414,39 1,97E+20 0,033 0,023 4,743394

30 1,827 69621,58 3,23E+20 5,08E-05 0,022 8,148169

40 2,436 92828,78 4,39E+20 5,09E-07 0,021 12,20272

50 3,046 116035,97 5,41E+20 1,43E-08 0,020 16,98539

60 3,655 139243,17 6,31E+20 7,76E-10 0,020 22,31985

70 4,264 162450,36 7,11E+20 6,58E-11 0,020 28,23497

80 4,873 185657,56 7,82E+20 7,77E-12 0,020 34,85795

90 5,482 208864,75 8,46E+20 1,18E-12 0,019 42,3588

100 6,091 232071,95 9,03E+20 2,19E-13 0,019 50,26827

110 6,700 255279,14 9,54E+20 4,76E-14 0,019 59,09759

120 7,309 278486,34 1,00E+21 1,18E-14 0,019 68,37764

5.10. Comprimento Equivalente do trecho de 4” (𝑳𝒅,𝟒")

Para concluir os cálculos do comprimento equivalente do sistema de Enchimento,

estão apresentados na Tabela 5.8, os comprimentos equivalentes unitários e as

quantidades de cada acessório da tubulação de 4”. Os valores dos comprimentos

equivalentes unitários foram retirados das tabelas da Seção 3.3.8.

Tabela 5.8 Comprimentos Equivalentes dos acessórios da descarga de 4"

Enchimento - Descarga 4"

Acessórios de 4" Quant. 𝐿𝑒𝑞,𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜

(m)

𝐿𝑒𝑞,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

(m) Observações

Curva 90° 8 1,68 13,44 R = 5D

Curva 45° 1 0,84 0,84 Metade da Curva 90°

Tubulação T 1 2,13 2,13 Fluxo Direto

Válvula de Retenção 1 13,72 13,72 Portinhola

Válvula Gaveta 2 1,37 2,74 Totalmente Aberta

Redução 4 0,91 3,64 De 4" para 3"

Total (m) 36,510

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Logo, obtém-se um comprimento equivalente total na sucção de:

𝐿𝑑,4" = 36,51 𝑚 (5.38)

5.11. Número de Reynolds (𝑹𝒆𝒅,𝟒") e Fator de Atrito (𝒇𝒅,𝟒")

Como queremos saber as condições reais de operação nas quais a bomba é

submetida, iremos utilizar a vazão medida, apresentada na Tabela 4.1 como base para

nossos cálculos.

𝑄 = 0,0167 𝑚/𝑠

𝐷𝑑,4" = 0,1016 𝑚

𝑉𝑑,4" =4.𝑄

𝜋. 𝐷𝑑,4"2 (5.39)

𝑉𝑑,4" =4 . 0,0167

π . 0,10162

𝑉𝑑,4" = 2,056 m/s (5.40)

Conforme (AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE, 1998, p. 18), a velocidade

obtida está abaixo do valor máximo estabelecido.

Utilizando o diâmetro 𝐷𝑑,4" da tubulação, o valor de 𝑉𝑑,4" obtido e o valor da

viscosidade cinemática (𝜈) de acordo com a Tabela 4.4, calculamos o número de

Reynolds para a descarga:

𝑅𝑒𝑑,4" =(𝐷𝑑,4" .𝑉𝑑,4")

𝜈 (5.41)

𝑅𝑒𝑑,4" =0,1016 . 2,056

0,000002

𝑅𝑒𝑑,4" = 1,044 × 105 (5.42)

Como o valor obtido é muito superior ao valor limite de 2000, pode-se afirmar

que o escoamento é turbulento.

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Pode-se notar que o valor de 𝑅𝑒𝑑,4" é idêntico ao valor de 𝑅𝑒𝑠, obtido na Seção

5.3. E como o valor da rugosidade relativa também será o mesmo, conclui-se que o valor

de 𝑓𝑑,4" será idêntico ao de 𝑓𝑠, calculado também na Seção 5.3. Logo:

𝑓𝑑,4" = 0,020 (5.43)

5.12. Cálculo das Perdas de Carga do trecho de 4” (𝒉𝒇𝒅,𝟒")

Todas as variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga na linha de

descarga estão disponíveis, como apresentado pela Equação (3.16). Este resultado nos

dará a energia por unidade de peso perdida na linha de descarga, em metros:

ℎ𝑓𝑑,4" = 𝑓𝑑,4". 𝐿𝑑,4" . 𝑉𝑑,4"

2

𝐷𝑑,4" . 2 . 𝑔 (5.44)

ℎ𝑓𝑑,4" = 0,02 . 36,51 . 2,0562

0,1016 . 2 . 9,81

ℎ𝑓𝑑,4" = 2,106 𝑚 (5.45)

Os mesmos cálculos de 𝑉𝑑,4", 𝑅𝑒𝑑,4", 𝐴, 𝐵, 𝑓𝑑,4" 𝑒 ℎ𝑓𝑑,4" foram repetidos para

valores de vazão que variam de 0 𝑎 120 𝑚3/ℎ. Estes valores podem ser encontrados na

Tabela 5.9.

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Tabela 5.9 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Enchimento de 4”

Dados - Descarga Enchimento 4"

Q [m³/h] V [m/s] Re A B f hfd [m]

0 0 0 0 0 0 0,000

10 0,343 17405,40 4,74E+19 218330,497 0,028 0,081

20 0,685 34810,79 1,53E+20 3,331 0,024 0,280

30 1,028 52216,19 2,75E+20 0,005 0,022 0,584

40 1,371 69621,58 3,99E+20 5,08E-05 0,021 0,992

50 1,713 87026,98 5,19E+20 1,43E-06 0,021 1,499

60 2,056 104432,38 6,33E+20 7,74E-08 0,020 2,106

70 2,398 121837,77 7,4E+20 6,57E-09 0,020 2,811

80 2,741 139243,17 8,4E+20 7,76E-10 0,019 3,614

90 3,084 156648,57 9,33E+20 1,18E-10 0,019 4,515

100 3,426 174053,96 1,02E+21 2,18E-11 0,019 5,512

110 3,769 191459,36 1,1E+21 4,75E-12 0,019 6,607

120 4,112 208864,75 1,18E+21 1,18E-12 0,019 7,797

Com os valores da perda de carga e da altura estática de descarga, podemos enfim

calcular a altura manométrica de descarga através da Equação (5.18):

𝐻𝑑 = 𝑍𝑑 + ℎ𝑓𝑑

Conforme a Equação (5.19), por existirem trechos com diferentes diâmetros, a

perda de carga ℎ𝑓𝑑 será:

ℎ𝑓𝑑 = ℎ𝑓𝑑,3" + ℎ𝑓𝑑,4"

ℎ𝑓𝑑 = 22,320 + 2,106

ℎ𝑓𝑑 = 24,426 𝑚 (5.46)

Enfim, a altura manométrica de descarga será:

𝐻𝑑 = 2,4 + 24,426

𝐻𝑑 = 26,826 𝑚 (5.47)

O mesmo cálculo foi feito para os demais valores de vazão, e seus resultados

podem ser encontrados na Tabela 5.10:

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Tabela 5.10 - Valores da Altura Manométrica de Descarga em função da Vazão

Altura

Manométrica de

Descarga

Q [m³/h] Hd [m]

0 2,400

10 4,479

20 7,423

30 11,133

40 15,594

50 20,885

60 26,826

70 33,446

80 40,872

90 49,274

100 58,181

110 68,104

120 78,575

5.13. Cálculo da Altura Manométrica Total (𝑯)

Como já apresentado na Equação (3.21), temos que a altura manométrica total

para vazão de 60 𝑚3/ℎ será:

𝐻 = 𝐻𝑑 − 𝐻𝑠

𝐻 = 26,826 − (−4,489)

𝐻 = 31,315 𝑚 (5.48)

O mesmo cálculo foi feito para os demais valores de vazão, e seus resultados

podem ser encontrados na Tabela 5.11:

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Tabela 5.11 - Valores da Altura Manométrica Total em função da Vazão

Altura

Manométrica

Total

Q [m³/h] H [m]

0 3,900

10 6,094

20 9,320

30 13,462

40 18,502

50 24,513

60 31,315

70 38,937

80 47,502

90 57,181

100 67,504

110 78,981

120 91,142

De posse desses valores, podemos traçar a curva do sistema, como apresentado na

figura abaixo, e conforme descrito na Seção 3.6.

Figura 5.4 - Curva do Sistema do Enchimento

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x H

H_Sistema

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5.14. Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏í𝒗𝒆𝒍

Conforme citado na Seção 3.8.1, o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 é por definição a disponibilidade de

energia do líquido acima da pressão de vapor ao entrar na bomba, a qual depende da

maneira como esta se encontra instalada e de suas condições operacionais. O mesmo pode

ser calculado através da Equação (3.23):

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝐻𝑠 +𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣

𝛾

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = −4,489 +101325 − 100

8210,97 (5.49)

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = 7,839 𝑚 (5.50)

Refazemos agora os cálculos para os demais valores de vazão, e obtemos a Tabela

5.12, com seus respectivos valores de 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝:

Tabela 5.12 - Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑 para Sistema do Enchimento

Enchimento - NPSH

Q [m³/h] 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 [m]

0 10,828

10 10,713

20 10,431

30 9,998

40 9,420

50 8,700

60 7,839

70 6,838

80 5,698

90 4,420

100 3,004

110 1,451

120 -0,239

A partir da tabela exposta acima, podemos traçar a curva Vazão x 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝, que

está ilustrada na Figura 5.5. A análise deste gráfico será realizada em uma seção posterior.

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Figura 5.5 - Gráfico do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 do Enchimento

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x NPSH

NPSH Disp

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6. Enchimento - Análise dos Dados

6.1. Ponto de Operação

Combinando as informações da bomba com as informações obtidas do sistema de

Enchimento, obtemos o gráfico ilustrado na Figura 6.1:

Figura 6.1 - Curva do Sistema x Curva da Bomba

Cruzando as curvas, obtemos o ponto de operação, que nos daria os seguintes

dados:

𝑄𝑜𝑝 = 76 𝑚3/ℎ (6.1)

𝐻𝑜𝑝 = 45 𝑚 (6.2)

𝑃𝑜𝑡𝑜𝑝 = 11,970 𝑘𝑊 (6.3)

Aplicando esses dados na Equação (3.17), encontramos o rendimento da bomba:

𝜂𝑜𝑝 = 65,17 % (6.4)

6.1.1. Hipóteses sobre a mudança do ponto de operação

Conforme apresentado na Tabela 4.1, a vazão observada no enchimento foi de

60 𝑚3/ℎ, o que fica distante do valor de 76 𝑚3/ℎ para o ponto de operação obtido.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x H

H_Sistema H_bomba

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Uma das possíveis causas para essa discrepância em relação ao sistema calculado

seria o fato de haver dano em determinados componentes da bomba, que acarretam na

modificação da curva da bomba, e em uma vazão menor do que a esperada. Como a

empresa responsável pela base aeroportuária não realiza manutenções preventivas nas

bombas, e a última manutenção corretiva realizada data de mais de 1 ano passado da

realização deste estudo, é bem plausível que algumas peças da bomba estejam

comprometidas.

Como pode ser visto na Figura 6.2, existe um vazamento de combustível

proveniente do selo mecânico da bomba, o que corrobora com a hipótese de que existem

componentes da bomba que necessitam de manutenção, e que consequentemente afetam

a operação e modificam o ponto de operação.

Figura 6.2 - Vazamento de combustível no selo mecânico da bomba de Enchimento

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Outra hipótese é de que a perda de carga em alguns acessórios é maior do que o

previsto. Conforme (TELLES, 1999, p. 11), a idade da tubulação tem grande influência

no valor das perdas de carga, devido ao aumento da rugosidade interna, em consequência

da corrosão, da erosão e da formação de incrustações. Como a tubulação é feita de aço

carbono, não possui revestimento interno e possui mais de 20 anos, é evidente que a sua

rugosidade relativa é bem mais elevada do que os valores calculados anteriormente. Para

quantificar este efeito, foi considerado a rugosidade relativa 10 vezes maior, por ser

considerado um aumento drástico (TELLES, 1999, p. 11):

(𝜖

𝐷)𝑎ç𝑜,3"

= 0,006 (6.5)

(𝜖

𝐷)𝑎ç𝑜,4"

= 0,0045 (6.6)

Com isso, obtém-se novos valores para o fator de atrito através da fórmula de

Churchill, além das novas perdas de carga da sucção e da descarga. Por fim, uma nova

curva do sistema é traçada. O resultado está apresentado na Figura 6.3:

Figura 6.3 - Curva do sistema x Curva da Bomba considerando aumento da rugosidade relativa

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Podemos observar que considerando apenas o aumento da magnitude da

rugosidade relativa da tubulação, obtém-se um ponto de operação com 70 m³/h, o que não

resulta na condição real de operação. Como os dados utilizados para a perda de carga dos

acessórios da tubulação foram os mais conservadores possíveis, conclui-se que a provável

causa da perda da vazão observada é decorrente de problemas relacionados aos

componentes da bomba centrífuga.

Por questões orçamentárias e operacionais, a empresa responsável por essa bomba

não conseguiu prosseguir com o diagnóstico e eventual manutenção corretiva da mesma

junto a uma empresa de manutenção até a data da finalização deste estudo. Logo, não foi

possível calcular os reais ganhos operacionais com uma bomba funcionando em perfeito

estado.

6.2. Análise da Cavitação

Combinando a curva do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 da bomba mostrada no ANEXO C com a curva

do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 informado na Figura 5.5, obtemos o gráfico ilustrado na Figura 6.4:

Figura 6.4 - Curva do NPSH Requerdio x NPSH Disponível

Como podemos observar pelo gráfico, a vazão máxima permitida é obtida a partir

da interseção das duas curvas, e seu valor é de 82 𝑚3/ℎ.

-2,000

0,000

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x NPSH

NPSH Disp NPSH req

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Conforme (MATTOS e FALCO, 1998, p. 180), o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 para esta vazão deve

ser maior do que o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 adicionado de uma margem de segurança para que não

ocorra cavitação. Na prática, essa margem é de 0,6 𝑚 de líquido. Com isso, teremos que:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ≥ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 + 0,6 (6.7)

7,839 𝑚 ≥ (4,25 + 0,6) 𝑚 (6.8)

7,839 𝑚 > 4,85 𝑚 (6.9)

Logo, a cavitação não deveria ocorrer para esta vazão. Entretanto, o que se verifica

durante as operações de enchimento é que, principalmente quando o volume de

combustível no tanque fixo está abaixo dos 7 m³, ou seja, quando a altura estática de

sucção é menor, a cavitação ocorre.

6.3. Conclusões parciais e propostas de melhoria

Conforme apontado na Seção 4.3.1, a vazão desejada é de 75 m³/h, e pôde-se

observar que a bomba está bem dimensionada para o sistema, ao apontar vazão

operacional de 76 m³/h. Entretanto, concluiu-se que, por falta de um plano de manutenção

preventiva eficiente, a bomba centrífuga designada para esta operação não está em

condições favoráveis para entregar ao combustível a energia de pressão necessária para

bombear na vazão desejada.

Atualmente, a vazão observada é 21,05% menor do que a vazão desejada, o que

se reflete diretamente no tempo de operação da bomba. Em média, são bombeados 150

m³ de combustível diariamente. Isso quer dizer que, com a vazão atual, a bomba trabalha

por dia 32 minutos a mais quando comparado com o tempo gasto caso a vazão fosse de

76 m³/h. Isso representa 16 horas a mais de trabalho por mês. Apesar de não ter sido

quantificado, o custo operacional proveniente da queda da vazão operacional é

provavelmente maior do que o custo da manutenção corretiva que deverá ser realizada na

bomba.

Dito isso, é imprescindível que seja realizado o quanto antes um diagnóstico e

uma manutenção corretiva o nesta bomba, a fim de obter ganhos operacionais reais que o

equipamento trará quando estiver em perfeitas condições de trabalho.

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Adicionalmente, é importante dar confiabilidade ao sistema através de um

planejamento de manutenção preventiva eficiente. Conforme (MATTOS e FALCO,

1998, p. 406), devem ser realizadas manutenções periódicas com rigor, principalmente

seguindo o manual do fabricante. Como manutenções mais importantes a serem

realizadas e que se adequam à realidade operacional da empresa em questão, podemos

destacar a inspeção semi-anual, que consiste na verificação do funcionamento da caixa

de selagem e sobreposta, e a inspeção anual, que consiste em uma verificação completa

da bomba, do acionador, dos sistemas auxiliares, e dos acoplamentos.

Por fim, é imprescindível que seja realizado também a manutenção preventiva nos

motores elétricos, a fim de garantir o desempenho necessário para a plena rotação da

bomba, de acordo com o esperado. Novamente, essa manutenção deve ser realizada

periodicamente, e de acordo com o manual do fabricante.

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70

7. Análise do Recebimento

7.1. Cálculo da Altura manométrica de Sucção (𝑯𝒔)

Os cálculos demonstrados a seguir são semelhantes aos apresentados na Seção 5.

A Figura 7.1 ilustra a situação real do Recebimento, onde a altura de combustível do

compartimento da carreta está em um nível ligeiramente superior à altura do flange de

sucção.

Figura 7.1 - Reservatório e Linha de Sucção do Recebimento. Fonte: O próprio autor.

A altura manométrica de sucção é então calculada através da Equação (3.19). Mas

como há o tanque da carreta possui abertura para a atmosfera, iremos considerar a pressão

a que o compartimento da carreta está submetido é nula. Dessa forma, a equação reduz-

se a:

𝐻𝑠 = 𝑍𝑠 − ℎ𝑓𝑠 (7.1)

Como temos trechos com diâmetros de 3” e 4” na linha de sucção, iremos calcular

separadamente as perdas de carga para estes trechos, de forma a considerar que a perda

de carga total da linha de sucção será:

ℎ𝑓𝑠 = ℎ𝑓𝑠,3" + ℎ𝑓𝑠,4" (7.2)

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Para fins de cálculo da altura estática de sucção, iremos considerar a condição

mais severa de operação, ou seja, quando o compartimento da carreta opera com a menor

altura de combustível possível. Para isso, iremos considerar o compartimento

aproximadamente vazio. Dessa forma, teremos que:

ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 0 𝑚 (7.3)

Sabendo que a altura geométrica entre o fundo do compartimento da carreta e o

flange de sucção da bomba é de 0,8 m, obtemos a altura estática de sucção:

𝑍𝑠 = ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 + 0,8 (7.4)

𝑍𝑠 = 0,8 𝑚 (7.5)

7.2. Comprimento Equivalente na Sucção do trecho de 3” (𝑳𝒔,𝟑")

Para calcular a perda de carga na sucção, será utilizado o método do comprimento

equivalente, conforme abordado na Seção 3.3.8, onde as perdas de cargas distribuídas

(Trechos Retos) e as perdas de cargas localizadas (Acessórios) são contabilizados em

termos de comprimento.

Os valores e as quantidades de cada acessório da tubulação de 3” encontram-se na

Tabela 7.1. Os valores dos comprimentos equivalentes unitários foram retirados das

tabelas fornecidas na Seção 3.3.8.

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72

Tabela 7.1 - Comprimentos Equivalentes dos Acessórios na Sucção

Recebimento – Acessórios da Sucção 3"

Acessórios 3” Quant. 𝐿𝑒𝑞,𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜

(m)

𝐿𝑒𝑞,𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

(m) Observações

Curva 90° 3 1,22 3,66 R = 5D

Curva 45° 2 0,61 1,22 -

Ampliação 1 0,91 0,91 De 3" para 4"

Válvula Borboleta 1 3,66 3,66 Portinhola

Válvula Gaveta 1 1,07 1,07 Totalmente Aberta

Reto 22,16 1 22,16 -

Total (m) 32,68

Logo, obtém-se um comprimento equivalente total na sucção de:

𝐿𝑠,3" = 32,68 𝑚 (7.6)

7.3. Número de Reynolds (𝑹𝒆𝒔,𝟑") e Fator de Atrito (𝒇𝒔,𝟑")

Como queremos saber as condições de operação atuais nas quais a bomba é

submetida, iremos utilizar a vazão medida, apresentada na Tabela 4.1 como base para

nossos cálculos. O mesmo cálculo será repetido para outras vazões, a fim de obtermos a

curva do sistema.

Para obter o valor de 𝑅𝑒𝑠,3", devemos obter a velocidade da sucção. Fazendo a

conversão de 𝑄 = 40 𝑚3/ℎ para 𝑚3/𝑠 e 3" para metros, teremos:

𝑄 = 0,011 𝑚/𝑠

𝐷𝑠,3" = 0,0762 𝑚

𝑉𝑠 =4.𝑄

𝜋. 𝐷𝑠,3"2 (7.7)

𝑉𝑠,3" =4 . 0,011

π . 0,07622

𝑉𝑠,3" = 2,436 m/s (7.8)

Conforme (AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE, 1998, p. 18), a velocidade

obtida está abaixo do valor máximo estabelecido.

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73

Utilizando o diâmetro 𝐷𝑠,3" da tubulação, o valor de 𝑉𝑠,3" obtido e o valor da

viscosidade cinemática (𝜈) de acordo com a Tabela 4.4, calculamos o número de

Reynolds para a sucção:

𝑅𝑒𝑠,3" =(𝐷𝑠,3" .𝑉𝑠,3")

𝜈 (7.9)

𝑅𝑒𝑠,3" =0,0762 . 2,436

0,000002

𝑅𝑒𝑠,3" = 9,28 × 104 (7.10)

Como o valor obtido é muito superior ao valor limite de 2000, pode-se afirmar

que o escoamento é turbulento.

Para prosseguir nos cálculos, necessitamos do valor da rugosidade relativa. Este

valor será idêntico ao da Equação (5.28):

(𝜖

𝐷𝑠,3")

𝑎ç𝑜

= 0,0006 (7.11)

A partir daqui, como já foi abordado na Seção 5.3, iremos utilizar a fórmula de

Churchill para determinar o fator de atrito. Logo, substituindo os valores na Equação

(3.12), obtemos:

𝐴 = [2,457 . 𝑙𝑛 (1

(7

9,28 × 104)0,9

+ 0,27. 0,0006

)]

16

𝐴 = 4,39 × 1020 (7.12)

𝐵 = (37530

9,28 × 104)16

𝐵 = 5,09 × 10−7 (7.13)

𝑓𝑠,3" = 8 . [(8

9,28 × 104)12

+ 1

(4,39 × 1020 + 5,09 × 10−7)1,5]

112

𝑓𝑠,3" = 0,021 (7.14)

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74

7.4. Cálculo das Perdas de Carga (𝒉𝒇𝒔,𝟑")

Para o valor total da perda de carga, além das perdas obtidas através da fórmula

de Darcy-Weisbach, temos que considerar também algumas perdas que não são tabeladas,

mas que foram obtidas através de manuais de fabricantes dos equipamentos em questão,

ou através de estimativas. Para o caso da linha de sucção, teremos que a perda de carga

total ℎ𝑓𝑠,3" será:

ℎ𝑓𝑠,3" = ℎ𝑓𝑠,𝑒𝑞. + ℎ𝑓𝑠,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 + ℎ𝑓𝑠,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 + ℎ𝑓𝑠,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 (7.15)

Onde ℎ𝑓𝑠,𝑒𝑞. remete à perda de carga calculada a partir do comprimento

equivalente obtido na Equação (7.6). As demais variáveis serão apresentadas a seguir.

As variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga de ℎ𝑓𝑠,𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 estão

disponíveis. Este resultado nos dará a energia por unidade de peso perdida na linha de

sucção, em metros:

ℎ𝑓𝑠,𝑒𝑞. = 𝑓𝑠,3" . 𝐿𝑠,3" . 𝑉𝑠,3"

2

𝐷𝑠,3" . 2 . 𝑔

ℎ𝑓𝑠,𝑒𝑞. = 0,021 . 32,68 . 2,4362

0,0762 . 2 . 9,81

ℎ𝑓𝑠,𝑒𝑞. = 2,729 𝑚 (7.16)

7.5. Perda de carga de outros acessórios

No trecho de tubulação de 3”, existem outros acessórios que não foram mostrados

na Tabela 7.1, pois não apresentam seus valores de perda de carga tabelados.

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75

7.5.1. Mangueira Flexível

Para a perda de carga da mangueira flexível, o cálculo será análogo ao realizado

na Seção 5.9, uma vez que a mangueira é do mesmo modelo, porém um pouco mais

comprida, com 4,8 𝑚. Para uma vazão de 40 𝑚3/ℎ, obtemos a queda de pressão:

𝛥𝑃𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,083 𝑏𝑎𝑟

Como a mangueira possui 4,8 𝑚, o valor a ser extraído será diretamente

proporcional. Logo:

𝛥𝑃𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,083 ×4,8

10

𝛥𝑃𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,0398 𝑏𝑎𝑟 (7.17)

Podemos utilizar a fórmula de Darcy-Weisbach (MATTOS e FALCO, 1998, p.

62) para determinar a perda de carga. Transformado a variação da pressão para 𝑁/𝑚², e

utilizando o peso específico da Tabela 4.4, obtemos:

ℎ𝑓𝑠,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 =𝛥𝑃

𝛾

ℎ𝑓𝑠,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 =0,0398 × 100000

8210,97

ℎ𝑓𝑠,𝑚𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒𝑖𝑟𝑎 = 0,485 𝑚 (7.18)

A Tabela 7.2 complementa as perdas de carga para os outros valores de vazão.

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76

Tabela 7.2 - Dados da Perda de Carga da Mangueira Flexível

Dados - Mangueira

Flexível 3"

(Recebimento)

Q [m³/h] hfd [m]

0 0

10 0

20 0,129

30 0,292

40 0,485

50 0,818

60 1,052

70 1,228

80 1,520

90 2,163

100 2,514

110 3,274

120 3,800

7.5.2. Filtro Cesto

Imediatamente após a mangueira flexível há um filtro cesto, conforme ilustrado

na Figura 7.2. Esse filtro tem como função reter partículas maiores que eventualmente

sejam succionados para a tubulação, a fim de proteger os componentes da bomba, além

de garantir a entrega do combustível isento de impurezas maiores.

Figura 7.2 - Filtro Cesto utilizado na Sucção do Recebimento

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77

A sua perda de carga foi calculada através do site do Fabricante (EATON). Foram

inseridos os valores das vazões, um valor constante fornecido pelo próprio fabricante, o

tamanho da tela e a densidade do fluido bombeado, bem como sua viscosidade. Obtém-

se como retorno o valor da queda de pressão em PSI. Utilizando mais uma vez a Fórmula

de Darcy-Weisbach, obtemos enfim as perdas de carga ℎ𝑓𝑠,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 em função da vazão, e

seus valores estão apresentados na Tabela 7.3.

Tabela 7.3 - Dados da Perda de Carga do Filtro Cesto

Dados - Filtro

Cesto 3"

Q [m³/h] hfd [m]

0 0

10 0,084

20 0,420

30 0,924

40 1,679

50 2,603

60 3,779

70 5,206

80 6,718

90 8,565

100 10,580

110 12,763

120 15,199

7.5.3. Válvula de Fundo

Para a perda de carga da válvula de fundo do caminhão-tanque, foi utilizado a

informação do fabricante (EATON, p. 2), onde informa que, para que quando a válvula

de fundo é aberta para saída de combustível, a queda de pressão é de 1,8 𝑃𝑆𝐼 para uma

vazão de 300 𝐺𝑃𝑀. Com isso, foi considerado que a queda de pressão é proporcional ao

quadrado da vazão, conforme fórmula de Darcy-Weisbach. Logo, para uma vazão de 60

m³/h, basta realizar a conversão de 300 GPM para m³/h, e realizar a conversão de PSI

para N/m²:

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78

ℎ𝑓𝑠,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 =𝛥𝑃

𝛾

ℎ𝑓𝑠,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 = (40

(300

4,403))

2

×1,8 × 6894,76

8210,97

ℎ𝑓𝑠,𝑣á𝑙𝑣𝑢𝑙𝑎 = 0,521 𝑚 (7.19)

Por fim, a Tabela 7.5 complementa as perdas de carga para os outros valores de

vazão.

Tabela 7.4 - Dados para a perda de carga da válvula de fundo

Dados – Válvula de

Fundo 3”

(Recebimento)

Q [m³/h] hfs [m]

0 0

10 0,033

20 0,130

30 0,293

40 0,521

50 0,813

60 1,171

70 1,594

80 2,082

90 2,635

100 3,253

110 3,937

120 4,685

Agora, podemos realizar o cálculo final da perda de carga para a sucção de 3”,

uma vez que todas as variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga na linha de

descarga estão disponíveis. Este resultado nos dará a energia por unidade de peso perdida

na linha da sucção. Utilizando a Equação (7.15), teremos para 𝑄 = 40𝑚3/ℎ:

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ℎ𝑓𝑠,3 = 2,729 + 0,485 + 1,679 + 0,521

ℎ𝑓𝑠,3 = 5,414 𝑚 (7.20)

Os mesmos cálculos de 𝑉𝑠,3", 𝑅𝑒𝑠,3", 𝐴, 𝐵, 𝑓𝑠,3" 𝑒 ℎ𝑓𝑠,3" foram repetidos para valores

de vazão que variam de 0 𝑎 120 𝑚3/ℎ. Estes valores podem ser encontrados na Tabela

7.5.

Tabela 7.5 - Cálculos para a perda de carga da Sucção do Recebimento de 3”

Recebimento – Dados Sucção 3"

Q [m³/h] V [m/s] Re A B f hfs [m]

0 0 0 0 0 0 0

10 0,609 23207,19 7,056E+19 2188,238 0,026 0,330816

20 1,218 46414,39 1,97E+20 0,03339 0,023 1,432564

30 1,827 69621,58 3,235E+20 5,08E-05 0,022 3,103262

40 2,436 92828,78 4,386E+20 5,09E-07 0,021 5,413978

50 3,046 116035,97 5,408E+20 1,43E-08 0,020 8,388414

60 3,655 139243,17 6,311E+20 7,76E-10 0,020 11,86891

70 4,264 162450,36 7,111E+20 6,58E-11 0,020 15,89512

80 4,873 185657,56 7,821E+20 7,77E-12 0,020 20,47363

90 5,482 208864,75 8,456E+20 1,18E-12 0,019 26,08955

100 6,091 232071,95 9,025E+20 2,19E-13 0,019 31,93144

110 6,700 255279,14 9,539E+20 4,76E-14 0,019 38,70043

120 7,309 278486,34 1E+21 1,18E-14 0,019 45,83716

7.6. Comprimento Equivalente do trecho de 4” (𝑳𝒔,𝟒")

Para concluir os cálculos do comprimento equivalente do sistema de

Recebimento, estão apresentados na Tabela 7.6, os comprimentos equivalentes unitários

e as quantidades de cada acessório da tubulação de 4”. Os valores dos comprimentos

equivalentes unitários foram retirados das tabelas fornecidas na Seção 3.3.8.

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Tabela 7.6 Comprimentos Equivalentes dos acessórios da sucção de 4"

Recebimento – Acessórios da Sucção 4"

Acessórios de 4" Quant. 𝐿𝑒𝑞,𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜

(m)

𝐿𝑒𝑞,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

(m) Observações

Curva 90° 1 1,68 1,68 R = 5D

Tubulação T 1 6,13 6,13 Fluxo pelo Ramal

Redução 1 0,91 0,91 De 4" para 3"

Reto 1,93 1 1,93 -

Total (m) 10,65

Logo, obtém-se um comprimento equivalente total na sucção de:

𝐿𝑠,4" = 10,65 𝑚 (7.21)

7.7. Número de Reynolds (𝑹𝒆𝒔,𝟒") e Fator de Atrito (𝒇𝒔,𝟒")

Como queremos saber as condições reais de operação nas quais a bomba é

submetida, iremos utilizar a vazão medida, apresentada na Tabela 4.1 como base para

nossos cálculos.

𝑄 = 0,011 𝑚³/𝑠

𝐷𝑠,4" = 0,1016 𝑚

𝑉𝑠,4" =4.𝑄

𝜋. 𝐷𝑠,4"2 (7.22)

𝑉𝑠,4" =4 . 0,011

π . 0,10162

𝑉𝑠,4" = 1,371 m/s (7.23)

Conforme (AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE, 1998, p. 18), a velocidade

obtida está abaixo do valor máximo estabelecido.

Utilizando o diâmetro 𝐷𝑠,4" da tubulação, o valor de 𝑉𝑠,4" obtido e o valor da

viscosidade cinemática (𝜈) de acordo com a Tabela 4.4, calculamos o número de

Reynolds para a sucção:

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𝑅𝑒𝑠,4" =(𝐷𝑠,4" .𝑉𝑠,4")

𝜈 (7.24)

𝑅𝑒𝑠,4" =0,1016 . 1,371

0,000002

𝑅𝑒𝑑,4" = 6,96 × 104 (7.25)

Como o valor obtido é muito superior ao valor limite de 2000, pode-se afirmar

que o escoamento é turbulento.

Para prosseguir nos cálculos, necessitamos do valor da rugosidade relativa. Este

valor será idêntico ao calculado na tubulação de 4” do sistema de enchimento, como

apresentado na Equação (5.11):

(𝜖

𝐷𝑠,4")

𝑎ç𝑜

= 0,00045 (7.26)

A partir daqui, como já foi abordado na Seção 5.3, iremos utilizar a fórmula de

Churchill para determinar o fator de atrito. Logo, substituindo os valores na Equação

(3.12), obtemos:

𝐴 = [2,457 . 𝑙𝑛 (1

(7

6,96 × 104)0,9

+ 0,27. 0,00045

)]

16

𝐴 = 3,99 × 1020 (7.27)

𝐵 = (37530

6,96 × 104)16

𝐵 = 5,08 × 10−5 (7.28)

𝑓𝑠,4" = 8 . [(8

6,96 × 104)12

+ 1

(3,99 × 1020 + 5,08 × 10−5)1,5]

112

𝑓𝑠,4" = 0,021 (7.29)

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7.8. Cálculo das Perdas de Carga do trecho de 4” (𝒉𝒇𝒔,𝟒")

As variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga de ℎ𝑓𝑠,4" estão

disponíveis. Este resultado nos dará a energia por unidade de peso perdida na linha de

sucção, em metros:

ℎ𝑓𝑠,4" = 𝑓𝑠,4". 𝐿𝑠,4" . 𝑉𝑠,4"

2

𝐷𝑠,4" . 2 . 𝑔 (7.30)

ℎ𝑓𝑠,4" = 0,021 . 10,65 . 1,3712

0,1016 . 2 . 9,81

ℎ𝑓𝑠,4" = 0,214 𝑚 (7.31)

Os mesmos cálculos de 𝑉𝑠,4", 𝑅𝑒𝑠,4", 𝐴, 𝐵, 𝑓𝑠,4" 𝑒 ℎ𝑓𝑠,4" foram repetidos para valores

de vazão que variam de 0 𝑎 120 𝑚3/ℎ. Estes valores podem ser encontrados na Tabela

7.7.

Tabela 7.7 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Enchimento de 4”

Recebimento - Dados Sucção 4"

Q [m³/h] V [m/s] Re A B f hfs [m]

0 0 0 0 0 0 0

10 0,343 17405,40 4,736E+19 218330,5 0,028 0,017

20 0,685 34810,79 1,525E+20 3,331 0,024 0,060

30 1,028 52216,19 2,748E+20 0,005072 0,022 0,126

40 1,371 69621,58 3,99E+20 5,08E-05 0,021 0,214

50 1,713 87026,98 5,194E+20 1,43E-06 0,021 0,323

60 2,056 104432,38 6,334E+20 7,74E-08 0,020 0,454

70 2,398 121837,77 7,403E+20 6,57E-09 0,020 0,605

80 2,741 139243,17 8,401E+20 7,76E-10 0,019 0,778

90 3,084 156648,57 9,331E+20 1,18E-10 0,019 0,972

100 3,426 174053,96 1,02E+21 2,18E-11 0,019 1,187

110 3,769 191459,36 1,101E+21 4,75E-12 0,019 1,423

120 4,112 208864,75 1,176E+21 1,18E-12 0,019 1,679

Remetendo à Equação (7.2), por existirem trechos com diferentes diâmetros, a

perda de carga ℎ𝑓𝑠 será:

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ℎ𝑓𝑠 = ℎ𝑓𝑠,3" + ℎ𝑓𝑠,4"

ℎ𝑓𝑠 = 5,414 + 0,214

ℎ𝑓𝑑 = 5,628 𝑚 (7.32)

Com os valores da perda de carga e da altura estática de descarga, podemos enfim

calcular a altura manométrica de descarga através da Equação (7.1):

𝐻𝑠 = 0,8 − 5,628

𝐻𝑠 = −4,828 𝑚 (7.33)

O mesmo cálculo foi feito para os demais valores de vazão, e seus resultados

podem ser encontrados na Tabela 7.8.

Tabela 7.8 - Valores da Altura Manométrica de Sucção em função da Vazão

Altura Manométrica

de Sucção

Q [m³/h] Hs [m]

0 0,800

10 0,452

20 -0,693

30 -2,429

40 -4,828

50 -7,911

60 -11,522

70 -15,700

80 -20,452

90 -26,262

100 -32,318

110 -39,323

120 -46,716

7.9. Cálculo da Altura manométrica de Descarga (𝑯𝒅)

O cálculo da altura manométrica da descarga é totalmente análogo à altura

manométrica da sucção como mostrado na seção anterior. A Figura 7.3 ilustra a situação

real da descarga do Enchimento, onde a altura de combustível do tanque fixo está em um

nível superior à altura do flange de descarga.

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84

Figura 7.3 - Reservatório e Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor.

A altura manométrica de sucção é então calculada através da Equação (3.20).

Entretanto, como o tanque fixo possui abertura para a atmosfera através da tela de respiro,

conforme mostrado na Figura 4.6, iremos considerar a pressão a que o tanque está

submetido é nula. Dessa forma, a equação reduz-se a:

𝐻𝑑 = 𝑍𝑑 + ℎ𝑓𝑑 (7.34)

Para fins de cálculo da altura estática de descarga, iremos considerar a condição

mais severa de operação, ou seja, quando o tanque fixo opera com a maior altura de

combustível possível. Apesar do tanque fixo estar situado em um nível abaixo da bomba,

quando este está cheio, a altura de combustível supera a altura do flange de sucção da

bomba, como mostrado acima. Então, a altura de combustível será:

ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 3,0 𝑚 (7.35)

Podemos afirmar então que a altura estática de descarga será:

𝑍𝑑 = ℎ𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 − 1,5

𝑍𝑑 = 1,5 𝑚 (7.36)

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85

7.10. Comprimento Equivalente na Descarga (𝑳𝒅)

Analogamente ao procedimento executado para a tubulação de sucção,

encontraremos o comprimento equivalente da tubulação de descarga de 4” de diâmetro.

Os valores e as quantidades de cada acessório da tubulação de 4” encontram-se na Tabela

7.9. Os valores dos comprimentos equivalentes unitários foram retirados das tabelas

fornecidas na Seção 3.3.8.

Tabela 7.9 - Comprimentos Equivalentes dos acessórios da descarga de 4"

Recebimento - Descarga 4"

Acessórios de 4" Quant. 𝐿𝑒𝑞,𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜

(m)

𝐿𝑒𝑞,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

(m) Observações

Ampliação 1 0,91 0,91 De 3" para 4"

Curva 90° 10 1,68 16,8 R = 5D

Curva 45° 1 0,84 0,84 -

Válvula de Retenção 2 13,72 27,44 Portinhola

Saída 1 6,1 6,1 K = 1,0

Tubulação T 3 2,13 6,39 Fluxo Direto

Tubulação T 2 6,1 12,2 Fluxo pelo Ramal

Válvula Gaveta 3 1,37 4,11 Totalmente Aberta

Reto 26,9 1 26,9 De 3" para 4"

Total (m) 101,69

Logo, obtém-se um comprimento equivalente total na sucção de:

𝐿𝑑 = 101,69 𝑚 (7.37)

7.11. Número de Reynolds (𝑹𝒆𝒅) e Fator de Atrito (𝒇𝒅)

Como queremos saber as condições reais de operação nas quais a bomba é

submetida, iremos utilizar a vazão medida, apresentada na Tabela 4.1 como base para

nossos cálculos.

Como estamos nas mesmas condições da operação da Sucção no procedimento de

Recebimento para o trecho de 4”, teremos valores idênticos. Logo, resgatando os valores

calculados na Seção 7.7, teremos que:

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𝑉𝑑 = 1,371 m/s (7.38)

𝑅𝑒𝑑 = 6,96 × 104 (7.39)

𝑓𝑑 = 0,021 (7.40)

7.12. Cálculo das Perdas de Carga (𝒉𝒇𝒅)

Para o valor total da perda de carga, além das perdas obtidas através da fórmula

de Darcy-Weisbach, temos que considerar também algumas perdas que não são tabeladas,

e no caso deste trecho, há a perda do filtro separador de água, que será apresentada a

seguir. Logo, teremos que a perda de carga total ℎ𝑓𝑑 será:

ℎ𝑓𝑑 = ℎ𝑓𝑑,𝑒𝑞. + ℎ𝑓𝑑,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 (7.41)

Onde ℎ𝑓𝑑,𝑒𝑞. remete à perda de carga calculada a partir do comprimento

equivalente obtido. As demais variáveis serão apresentadas a seguir.

As variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga de ℎ𝑓𝑑,𝑒𝑞. estão

disponíveis. Este resultado nos dará a energia por unidade de peso perdida na linha de

sucção, em metros:

ℎ𝑓𝑑,𝑒𝑞. = 0,021 . 101,69 . 1,3712

0,1016 . 2 . 9,81

ℎ𝑓𝑠,𝑒𝑞. = 2,039 𝑚 (7.42)

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87

7.13. Perda de carga de outros acessórios de 4”

No trecho de tubulação de 4”, existe outro acessório que não foi mostrado na

Tabela 7.9, pois não apresenta seu valor de perda de carga tabelado. Para o Filtro

Separador de Água do recebimento, ilustrado na Figura 7.4, a perda de carga é a mesma

calculada na Seção 5.9.2, e os seus valores estão na Tabela 5.5.

Figura 7.4 - Filtro Separador do Recebimento. Fonte: O próprio autor.

Agora, podemos realizar o cálculo final da perda de carga para a descarga de 4”,

uma vez que todas as variáveis necessárias para o cálculo da perda de carga na linha de

descarga estão disponíveis. Este resultado nos dará a energia por unidade de peso perdida

na linha de descarga, em metros:

ℎ𝑓𝑑 = ℎ𝑓𝑑,𝑒𝑞. + ℎ𝑓𝑑,𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜

ℎ𝑓𝑑,3" = 2,039 + 6,524

ℎ𝑓𝑑 = 8,563 𝑚 (7.43)

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Com os valores da perda de carga e da altura estática de sucção, podemos enfim

calcular a altura manométrica de descarga através da Equação (7.34):

𝐻𝑑 = 𝑍𝑑 + ℎ𝑓𝑑

𝐻𝑑 = 1,5 + 8,563

𝐻𝑑 = 10,063 𝑚 (7.44)

Os mesmos cálculos de 𝑉𝑑, 𝑅𝑒𝑑, 𝐴, 𝐵, 𝑓𝑑 , ℎ𝑓𝑑 𝑒 𝐻𝑑 foram repetidos para valores de

vazão que variam de 0 𝑎 120 𝑚3/ℎ. Estes valores podem ser encontrados na tabela

abaixo.

Tabela 7.10 - Cálculos para a perda de carga da Descarga do Recebimento

Dados - Descarga Recebimento 4"

Q [m³/h] V [m/s] Re A B f ℎ𝑓𝑑 [m] 𝐻𝑑 [m]

0 0 0 0 0 0 0 1,5

10 0,343 17405,4 4,736E+19 218330,5 0,028 1,099 2,599

20 0,685 34810,79 1,525E+20 3,331 0,024 1,741 3,241

30 1,028 52216,19 2,748E+20 0,005072 0,022 2,601 4,101

40 1,371 69621,58 3,990E+20 5,08E-05 0,021 3,672 5,172

50 1,713 87026,98 5,194E+20 1,43E-06 0,021 4,949 6,449

60 2,056 104432,4 6,334E+20 7,74E-08 0,020 6,430 7,930

70 2,398 121837,8 7,403E+20 6,57E-09 0,020 8,114 9,614

80 2,741 139243,2 8,401E+20 7,76E-10 0,019 9,998 11,498

90 3,084 156648,6 9,331E+20 1,18E-10 0,019 12,083 13,583

100 3,426 174054 1,020E+21 2,18E-11 0,019 14,367 15,867

110 3,769 191459,4 1,101E+21 4,75E-12 0,019 16,850 18,350

120 4,112 208864,8 1,176E+21 1,18E-12 0,019 19,532 21,032

7.14. Recebimento - Cálculo da Altura Manométrica Total (𝑯)

Como já apresentado na Equação (3.21), temos que a altura manométrica total

para vazão de 40 𝑚3/ℎ será:

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𝐻 = 𝐻𝑑 − 𝐻𝑠

𝐻 = 10,063 − (−4,828)

𝐻 = 14,891 𝑚 (7.45)

O mesmo cálculo foi feito para os demais valores de vazão, e seus resultados podem ser

encontrados na Tabela 7.11.

Tabela 7.11 - Valor das Altura Manométrica Total do Recebimento em função da Vazão

Recebimento - Altura

Manométrica Total

Q [m³/h] H [m]

0 0,700

10 2,846

20 6,030

30 10,024

40 14,891

50 20,649

60 27,139

70 34,398

80 42,432

90 51,724

100 61,462

110 72,348

120 83,821

De posse desses valores, podemos traçar a curva do sistema, como apresentado na

Figura 7.5.

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Figura 7.5 - Curva do Sistema do Recebimento

7.15. Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑𝒐𝒏í𝒗𝒆𝒍

Conforme citado na Seção 3.8.1, o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 é por definição a disponibilidade de

energia do líquido acima da pressão de vapor ao entrar na bomba, a qual depende da

maneira como esta se encontra instalada e de suas condições operacionais. O mesmo pode

ser calculado através da Equação (3.23):

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝐻𝑠 +𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣

𝛾

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = −4,828 +101325 − 100

8210,97 (7.46)

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = 7,501 𝑚 (7.47)

Refazemos agora os cálculos para os demais valores de vazão, e obtemos a Tabela

7.12, com seus respectivos valores de 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝:

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x H

H_Sistema

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Tabela 7.12 - Cálculo do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑 para Sistema do Recebimento

Recebimento - NPSH

Q [m³/h] 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 [m]

0 13,128

10 12,780

20 11,635

30 9,899

40 7,501

50 4,417

60 0,806

70 -3,372

80 -8,124

90 -13,934

100 -19,990

110 -26,995

120 -34,388

A partir da tabela exposta acima, podemos traçar a curva Vazão x 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝, que

está ilustrada na Figura 7.6. A análise deste gráfico será realizada em uma seção posterior.

Figura 7.6 - Gráfico do 𝑵𝑷𝑺𝑯𝒅𝒊𝒔𝒑 do Recebimento

-25,0

-20,0

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x NPSH

NPSH Disp

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8. Recebimento – Análise dos dados

8.1. Análise do Ponto de Operação

Combinando as informações da bomba com as informações obtidas do sistema de

Recebimento, obtemos o gráfico ilustrado na Figura 8.1:

Figura 8.1 - Curva do Sistema x Curva da Bomba

Cruzando as curvas, obtemos o ponto de operação, que nos daria os seguintes

dados:

𝑄𝑜𝑝 = 80 𝑚3/ℎ (8.1)

𝐻𝑜𝑝 = 44 𝑚 (8.2)

𝑃𝑜𝑡𝑜𝑝 = 10,50 𝑘𝑊 (8.3)

Aplicando esses dados na Equação (3.18), encontramos o rendimento da bomba:

𝜂𝑜𝑝 = 76,46% (8.4)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x H

H_Bomba H_Sistema

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Conforme apresentado na Tabela 4.1, a vazão observada no recebimento foi de

40 𝑚3/ℎ, o que representa metade dos 80 𝑚3/ℎ obtidos para o ponto de operação. Essa

vazão muito reduzida se deve à válvula gaveta da descarga, que fica localizada

imediatamente após o filtro separador, e fica parcialmente fechada. Como consequência,

a curva do sistema é alterada, de forma a ficar com crescimento mais vertiginoso. Isso

ocorre devido à perda de carga, que aumenta com o fechamento da válvula.

Consequentemente, o ponto de operação da bomba também é alterado.

Podemos obter o ponto de operação real, que tem como dados:

𝑄𝑜𝑝,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 40 𝑚3/ℎ (8.5)

𝐻𝑜𝑝,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 56 𝑚 (8.6)

𝑃𝑜𝑡𝑜𝑝,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 10,26 𝑘𝑊 (8.7)

Aplicando esses dados na (3.18), encontramos o rendimento da bomba:

𝜂𝑜𝑝,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 49,8 % (8.8)

Como podemos observar, temos um sistema que deveria estar operando no BEP

(Best efficient point) da bomba, mas está operando com metade da vazão e com uma

eficiência total muito baixa. A razão pelo qual a válvula permanece parcialmente fechada

será discutida a seguir.

8.2. Análise da Cavitação

Combinando a curva do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞 da bomba mostrada no ANEXO C com a curva

do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 informado na Figura 7.6, obtemos o gráfico ilustrado na Figura 8.2:

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Figura 8.2 - Curva do NPSH Requerido x NPSH Disponível

Como podemos observar pelo gráfico, a vazão máxima permitida é obtida a partir

da interseção das duas curvas, e seu valor é de 52 𝑚3/ℎ. Logo, a bomba deveria começar

a cavitar quando chegasse próximo à essa vazão. Entretanto, o que se observa é que a

bomba opera no ponto crítico quando estabelece a vazão de 40 m³/h. Essa diferença entre

vazão real de operação e vazão máxima permitida deve-se ou à modificação da curva do

sistema e/ou à modificação da curva característica da bomba. Baseado nisso, foram

levantadas as seguintes hipóteses para a diferença encontrada entre o valor observado e o

valor teórico:

i. Obstrução do fluxo nos acessórios da linha de sucção;

ii. Obstrução do fluxo na válvula de fundo da carreta;

iii. Linha de sucção constantemente com bolsas de ar;

iv. Danos na parte construtiva de sucção da bomba centrífuga.

Essas hipóteses foram testadas na sequência, e serão apresentadas a seguir.

-40,0

-30,0

-20,0

-10,0

0,0

10,0

20,0

0 20 40 60 80 100 120 140

H [

m]

Q [m³/h]

Q x NPSH

NPSH Disp NPSH Req

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8.2.1. 1° Hipótese – Acessórios da Sucção

Para testar a primeira hipótese, a tubulação onde encontram-se as válvulas gaveta

e borboleta, e o filtro cesto, como apresentado na Figura 8.3, foi drenada e posteriormente

desmontada, a fim de verificar se estavam em pleno funcionamento.

Figura 8.3 - Acessórios da Linha de Sucção. Fonte: O próprio autor.

A Figura 8.4 mostra que a válvula borboleta está totalmente íntegra, e não

apresenta qualquer obstrução à passagem do combustível.

Figura 8.4 - Válvula borboleta aberta (a) e fechada (b)

(a) (b)

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Na Figura 8.5 podemos ver que tanto o recipiente do filtro e o filtro cesto estão

totalmente limpos, e não apresentam nenhuma obstrução à sucção.

Figura 8.5 - Recipiente (a) e Filtro Cesto (b). Fonte: O próprio autor.

Como pode ser visto na Figura 8.6, a válvula gaveta também não oferece nenhuma

perda de carga adicional à linha de sucção além do previsto.

Figura 8.6 - Válvula gaveta fechada (a) e aberta (b). Fonte: O próprio autor.

(a)

(b)

(a) (b)

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Conclui-se então que essa hipótese não se mostrou válida de acordo com as

evidências mostradas anteriormente.

8.2.2. 2° Hipótese – Válvula de Fundo

Como apresentado acima, nenhum dos acessórios da sucção apresentam qualquer

indício de aumento na perda de carga não prenunciado. Com isso, a segunda hipótese foi

testada, e foi realizado um recebimento com uma carreta que possuía uma válvula de

fundo recém instalada e em perfeito estado. A vazão observada foi de 40 𝑚3/ℎ, valor

idêntico obtido em recebimentos realizados em outras 4 carretas diferentes.

Tentou-se ainda obter uma vazão maior através da abertura gradual da válvula

gaveta da descarga, mas a bomba começou a cavitar excessivamente, indicando mais uma

vez que o sistema opera na vazão máxima permitida. A vazão então foi reestabelecida em

40 m³/h.

Conclui-se então que essa hipótese não se mostrou válida.

8.2.3. 3° Hipótese – Bolsa de Ar na Sucção

Para a terceira hipótese, foi realizado um procedimento que antecedeu uma

operação de recebimento. Foi calculado que o volume da tubulação da sucção possui

aproximadamente 150 litros, e após a mangueira de sucção ser conectada à carreta, foi

liberada a passagem para que a tubulação fosse preenchida de combustível apenas com a

energia estática de sucção, ou por “gravidade”, sem que a bomba estivesse ligada. Após

10 minutos, a tubulação já estava completamente cheia, e foi iniciado a operação de

recebimento normalmente.

A válvula gaveta na linha de descarga, apresentada na Figura 7.4, foi aberta

gradualmente, enquanto simultaneamente o manômetro existente imediatamente após o

flange de descarga da bomba era observado. Com uma pequena abertura adicional na

válvula gaveta, observou-se que a pressão no manômetro caiu vertiginosamente, indo a

zero quase que instantaneamente.

Conclui-se a partir desta situação que a bomba continuava operando na máxima

vazão permissível, e que mesmo com a linha de sucção completamente cheia de

combustível no momento do início da operação de recebimento, não houve qualquer

alteração nas condições de operação.

Logo, esta hipótese também não se mostrou válida.

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8.2.4. 4° Hipótese – Bomba Danificada

Como pode ser visualizado na Figura 8.7, sabe-se que, caso existam problemas na

bomba que afete a sua operação, as curvas características serão alteradas, e o ponto de

operação será modificado, obtendo como resultado menores vazões para o sistema.

Figura 8.7 - Modificação da curva característica das bombas (MATTOS e FALCO, 1998).

Baseado nisso, uma empresa de manutenção em bombas foi acionada, a fim de

realizar um diagnóstico na bomba, e comprovar a existência ou não de danos na parte

construtiva. Essa hipótese é reforçada pelo fato de a base aeroportuária não possuir um

plano de manutenção preventiva para as bombas centrífugas, e realiza apenas

manutenções corretivas quando necessário.

Pelo fato de se tratar de uma base aeroportuária que necessita de uma operação

contínua, não foi possível a paralisação da bomba para que pudesse ser realizada um

eventual diagnóstico e uma provável manutenção corretiva. Entretanto, a empresa possui

uma bomba do mesmo modelo, alocada em seu almoxarifado, para que pudesse ser

instalada quando necessitar de uma substituição. Essa bomba sobressalente esteve em

operação por alguns anos no sistema de recebimento, mas após a aquisição de uma bomba

nova, esta foi substituída e guardada.

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É importante ressaltar que a bomba sobressalente possuía performance semelhante

à bomba que está atualmente instalada, com vazão observada de aproximadamente

40 𝑚3/ℎ, de acordo com a equipe local, e que ambas operaram por anos nas mesmas

condições.

Por questões de segurança, a bomba reserva não foi instalada de imediato, e foi

levada à empresa de manutenção para que um teste hidrostático pudesse ser realizado.

Durante o teste, a bomba apresentou vazamentos apenas ao colocar água na voluta, sem

que esta estivesse pressurizada.

A bomba foi então desmontada, para que seus componentes pudessem ser

avaliados. Após avaliação, foram encontrados diversos problemas em componentes

importantes, e os mais críticos serão descritos na sequência. Todos os componentes dessa

bomba podem ser visualizados no ANEXO G.

Como apresentado na Figura 8.8, o anel deslizante do selo mecânico apresentou

trincas e com desgaste excessivo. Foi apontada a necessidade de troca.

Figura 8.8 - Anel deslizante do Selo Mecânico. Fonte: O próprio autor.

Na Figura 8.9 pode-se observar desgaste no eixo na área de selagem.

Adicionalmente, o eixo fletiu permanentemente. Foi apontada a necessitada de troca.

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Figura 8.9 - Eixo desgastado. Fonte: O próprio autor

Na Figura 8.10 vemos que a válvula de retenção instalada no bocal de sucção da

bomba foi totalmente danificada. Conforme o manual do fabricante, esta válvula tem

como função impedir que o líquido retorne para a linha de sucção durante a parada,

assegurando que a carcaça fique cheia de líquido. Dessa forma, é possível dar partidas

posteriores sem a necessidade de escorvar a bomba.

A parte que rompeu desse componente estava presa de modo a obstruir

parcialmente a passagem do combustível no bocal da sucção, indicando que esta peça é a

principal responsável pela modificação da curva do 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝. Foi apontado a

necessidade de troca deste componente.

Figura 8.10 - Válvula de retenção da sucção quebrada. Fonte: O próprio autor.

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Com o diagnóstico realizado, foi então apontado pela empresa de manutenção os

componentes que deveriam ser reparados e trocados. Entretanto, até o momento da

finalização desta monografia, a manutenção desta bomba não foi realizada, e não houve

a possibilidade da realização de uma operação de recebimento com a bomba em perfeitas

condições, para que enfim a quarta hipótese pudesse ser completamente testada.

8.3. Conclusões parciais e propostas de melhoria

Apesar de haver discrepância entre a vazão teórica e a observada, é importante

ressaltar que a vazão operacional continuará limitada bem abaixo da vazão desejada de

75 m³/h, devido à grande perda de carga proveniente da linha de sucção. Isso faz com que

haja cavitação, mesmo para vazões mais baixas que a desejada, e há consequentemente

dano dos componentes da bomba.

Uma vez que a base aeroportuária em questão irá passar por reformas estruturais

nos próximos meses, existirá a possibilidade de modificar a linha de sucção. Por esse

motivo, recomenda-se a modificação da linha de sucção, a fim de aumentar o NPSH

disponível do sistema. Conforme (MATTOS e FALCO, 1998, p. 391), a linha de sucção

deve ser a mais curta possível para minimizar a perda de carga.

Caso a distância de tubulação reta fosse diminuída dos atuais 22,16m para 3m, e

o filtro cesto tivesse seu diâmetro aumentado para 4”, veríamos uma modificação

significativa na curva do NPSH disponível. Como pode ser observado na Figura 8.11, a

nova vazão máxima permitida seria de 73 m³/h, o que representa um ganho muito

significativo em termos operacionais, aproximando-se quase que na totalidade da vazão

desejada de 75 m³/h.

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Figura 8.11 - NPSH Disponível após encurtamento da linha de sucção

Por isso, deve ser ressaltado que as maiores perdas de carga ficam por conta do

filtro cesto e da válvula de fundo. Logo, é importante que seja realizado um levantamento

junto a fornecedores de filtros sobre qual modelo pode ser implementado para diminuir a

perda de carga neste acessório, e se existe algum outro equipamento com mesma função,

mas com menor perda de carga.

Com relação à manutenção, conforme (MATTOS e FALCO, 1998, p. 406), devem

ser realizadas manutenções periódicas com rigor, principalmente seguindo o manual do

fabricante, conforme ANEXO H. Como manutenções mais importantes a serem

realizadas, podemos destacar a inspeção semi-anual, que consiste na verificação do

funcionamento da caixa de selagem e sobreposta, e a inspeção anual, que consiste em

uma verificação completa da bomba, do acionador, dos sistemas auxiliares, e dos

acoplamentos.

É importante ressaltar que o orçamento de manutenção desta bomba foi fornecido

por uma empresa de manutenção especializada em bombas, e o total ficou estipulado em

R$ 2.400,00, valor que é justificado pelo tempo de ausência de manutenção preventiva.

Caso a manutenção seja realizada, e a vazão operacional observada seja de 56 m³/h,

conforme levantado na Figura 8.2, haverá um ganho de 40% na vazão.

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103

Em média, diariamente esse sistema bombeia 150 m³/h de combustível. Caso

confirmado o ganho descrito acima, isso representaria uma diminuição de 64 minutos

diários na operação da bomba. Isso representa 32 horas de trabalho a menos por mês.

Considerando isso, o valor da manutenção corretiva da bomba torna-se irrisório perto dos

ganhos operacionais que haveriam.

Adicionalmente, é imprescindível que seja realizado também a manutenção

preventiva nos motores elétricos, a fim de garantir o desempenho necessário para a plena

rotação da bomba, de acordo com o esperado. Novamente, essa manutenção deve ser

realizada periodicamente, e de acordo com o manual do fabricante.

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104

9. Conclusão

O estudo realizado teve seu início com a medição de todos os trechos de tubulação

e acessórios de ambos os sistemas. Posteriormente, a partir de teorias de hidráulica e de

bombas, considerando a condição menos favorável de operação para ambos os sistemas,

foi possível levantar a curva dos sistemas, o que nos permitiu concluir que a principal

possível causa da queda da vazão, do rendimento operacional, e do aumento da ocorrência

de cavitação nas bombas se dá pela falta de um plano de manutenção preventiva efetivo,

que contemple a eventual troca de componentes que se deterioram consideravelmente

após contínuas horas de uso ao longo dos anos.

É possível concluir também que, para a operação de enchimento, a bomba

centrífuga atualmente em uso está bem dimensionada, considerando a vazão desejada de

75 m³/h. Para a operação de recebimento, a vazão é limitada pelo NPSH requerido da

bomba, considerando o sistema atual. Por isso, para obter a vazão desejada, deve-se

diminuir a perda de carga na sucção, de forma a aumentar o valor do NPSH disponível

do sistema.

Apesar do custo que será investido na manutenção periódica dessas bombas, o

ganho operacional será considerável, e poderá ser mensurado em um trabalho futuro, além

do ganho ponto de vista da segurança e confiabilidade do sistema, e principalmente, pela

otimização do tempo gasto na operação com esses bombeamentos, que será certamente

reduzido.

Atualmente, as bombas em operação apresentam riscos à segurança, e em casos

críticos, como por exemplo o rompimento total do selo mecânico, teriam como

consequência o derrame contínuo do combustível, podendo provocar incêndios e até

mesmo a contaminação da Baía de Guanabara. Esse argumento por si só já é suficiente

para que o investimento necessário para a realização da manutenção corretiva nas bombas

que estão atualmente em operação seja realizado.

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Como principais propostas de melhoria para os dois sistemas, pode-se ressaltar a

instalação de um manômetro no flange de sucção da bomba, a fim de complementar o

manômetro que já existe na descarga da bomba, para que possa ser verificado a energia

de pressão que a bomba fornece ao fluido. Outra proposta de melhoria seria a instalação

de medidores de vazão, pois como foi citado na Seção 4.3, não há maneira simples e

instantânea de se obter o valor da vazão dos sistemas, o que na prática reflete uma

dificuldade de garantir que o fluido está sendo bombeado à vazão correta, e que não há

nada de errado com o sistema.

Em termos de tubulação, recomenda-se que estas sejam epikotadas, ou que sejam

substituídas por tubulações de aço inox. Como citado na Seção 6.1, a corrosão existente

atualmente aumenta a rugosidade relativa, e consequentemente a perda de carga do

sistema. Apesar do impacto financeiro desse investimento não ter sido mensurado, essa

proposta deve ser considerada no projeto da obra que será realizada na base em questão.

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10. Referências Bibliográficas

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ISOVAL. Válvula esfera. Disponivel em: <http://www.isoval.com.br/valvula-esfera>. Acesso

em: 11 nov. 2018.

ISOVAL. Válvula borboleta. Disponivel em: <http://www.isoval.com.br/valvula-borboleta>.

Acesso em: 11 nov. 2018.

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11. Anexos

ANEXO A - Leitura de vazão para a operação de recebimento. Fonte: O próprio

autor.

Recebimento - Leitura de Vazão

Data Tanque Volume Inicial

(L)

Altura de Combustível

Inicial (m)

Volume Final (L)

Altura de Combustível

Final (m)

Volume Passado

(L)

Tempo (min)

Vazão (LPM)

21/05/2018 1 28709 1,2782 29374 1,2978 665 1 665

21/05/2018 1 29374 1,2978 30056 1,3341 682 1 682

21/05/2018 1 30056 1,3341 30777 1,3993 721 1 721

21/05/2018 1 30777 1,3993 31490 1,4873 713 1 713

21/05/2018 1 32133 1,4873 32821 1,5102 688 1 688

21/05/2018 1 32821 1,5102 33586 1,5521 765 1 765

21/05/2018 1 33586 1,5521 34319 1,5978 733 1 733

21/05/2018 1 34319 1,5978 35026 1,6279 707 1 707

21/05/2018 1 35026 1,6279 35755 1,6597 729 1 729

21/05/2018 1 35755 1,6597 36476 1,7528 721 1 721

21/05/2018 1 54672 2,3579 55407 2,3789 735 1 735

21/05/2018 1 55407 2,3789 56144 2,4763 737 1 737

21/05/2018 1 56144 2,4763 56660 2,4839 516 1 516

25/05/2018 1 47268 2,1177 47820 2,14 552 1 552

25/05/2018 1 47820 2,14 48378 2,1627 558 1 558

25/05/2018 1 48378 2,1627 48934 2,185,5 556 1 556

25/05/2018 1 48934 2,185,5 49486 2208,4 552 1 552

25/05/2018 1 49486 2208,4 50041 2,2316 555 1 555

25/05/2018 1 50041 2,2316 50593 2,255 552 1 552

25/05/2018 1 50593 2,255 51257 2,2835 664 1 664

25/05/2018 1 52004 2316,1 52674 2,3459 670 1 670

25/05/2018 1 52674 2,3459 53428 2,38 754 1 754

25/05/2018 1 53428 2,38 54050 2,4088 622 1 622

25/05/2018 1 54050 2,4088 54746 2,4417 696 1 696

25/05/2018 1 54746 2,4417 55413 2,4741 667 1 667

25/05/2018 1 55413 2,4741 56103 2,5085 690 1 690

25/05/2018 1 38219 1,7463 38927 1,7724 708 1 708

25/05/2018 1 38927 1,7724 39637 1,7985 710 1 710

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25/05/2018 1 39637 1,7985 40345 1,8248 708 1 708

25/05/2018 1 40345 1,8248 41052 1,852 707 0,99083333 713,540791

25/05/2018 1 41052 1,852 41759 1,8775 707 1 707

25/05/2018 1 41759 1,8775 42461 1,9038 702 1 702

25/05/2018 1 42461 1,9038 43171 1,9306 710 0,99716667 712,017383

25/05/2018 1 43171 1,9306 43887 1,9578 716 0,993 721,047331

25/05/2018 1 43887 1,9578 44587 1,9846 700 1 700

25/05/2018 1 44587 1,9846 45290 2,0117 703 0,99383333 707,362066

25/05/2018 1 45290 2,0117 45991 2,039 701 1 701

25/05/2018 1 45991 2,039 46702 2,0668 711 0,99133333 717,215871

28/05/2018 1 38270 1,7896 38951 1,8149 681 1 681

28/05/2018 1 38951 1,8149 39643 1,8406 692 1 692

28/05/2018 1 39643 1,8406 40323 1,8661 680 0,99366667 684,334116

28/05/2018 1 40323 1,8661 41008 1,8918 685 1 685

28/05/2018 1 41008 1,8918 41681 1,9172 673 1 673

07/06/2018 1 32948 1,5547 33657 1580,4 709 1 709

07/06/2018 1 33657 1580,4 34375 1,6064 718 1,01666667 706,229508

07/06/2018 1 34375 1,6064 35082 1,632 707 1 707

07/06/2018 1 35082 1,632 35786 1,6576 704 0,978 719,836401

07/06/2018 1 38621 1,7611 39314 1,7866 693 1,01666667 681,639344

07/06/2018 1 39314 1,7866 39999 1,8119 685 0,98016667 698,860738

07/06/2018 1 39999 1,8119 40693 1,8377 694 1 694

07/06/2018 1 48377 2,1335 49093 2,1626 716 1 716

07/06/2018 1 49093 2,1626 49803 2,1917 710 0,99816667 711,304057

07/06/2018 1 49803 2,1917 50514 2,2212 711 1 712,305894

12/06/2018 1 32619 1,5429 33347 1,5692 728 0,99666667 730,434783

12/06/2018 1 33347 1,5692 34059 1,5949 712 1 712

12/06/2018 1 34059 1,5949 34797 1,6217 738 0,99433333 742,205833

12/06/2018 1 34797 1,6217 35502 1,6473 705 1 705

12/06/2018 1 35502 1,6473 36232 1,6738 730 1 730

12/06/2018 1 36232 1,6738 36949 1,6999 717 1 717

12/06/2018 1 36949 1,6999 37675 1,7264 726 1 726

12/06/2018 1 37675 1,7264 38373 1,752 698 1 698

12/06/2018 1 38373 1,752 39104 1,7789 731 1 731

12/06/2018 1 39104 1,7789 39806 1,8048 702 1 702

12/06/2018 1 39806 1,8048 40524 1,8314 718 1 718

12/06/2018 1 40524 1,8314 41230 1,8577 706 1 706

12/06/2018 1 41230 1,8577 41942 1,8843 712 1 712

12/06/2018 1 41942 1,8843 42660 1,9113 718 0,99816667 719,318751

12/06/2018 1 42660 1,9113 43373 1,9383 713 1 713

12/06/2018 1 43373 1,9383 44080 1,9652 707 1 707

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12/06/2018 1 44080 1,9652 44782 1,9921 702 0,99466667 705,764075

12/06/2018 1 44782 1,9921 45491 2,0195 709 1 709

12/06/2018 1 45491 2,0195 46193 2,0469 702 0,998 703,406814

12/06/2018 1 46193 2,0469 46898 2,0746 705 1 705

12/06/2018 1 46898 2,0746 47604 2,1026 706 0,9915 712,052446

12/06/2018 1 47604 2,1026 48306 2,1307 702 1 702

12/06/2018 1 48306 2,1307 49002 2,1588 696 0,998 697,39479

12/06/2018 1 49002 2,1588 49757 2,1898 755 1,08933333 693,084455

12/06/2018 1 49757 2,1898 50397 2216,3 640 0,93016667 688,048737

12/06/2018 1 50397 2216,3 51101 2,2459 704 1,01016667 696,914701

12/06/2018 1 51101 2,2459 52023 2,2853 922 1,31333333 702,030457

12/06/2018 1 52023 2,2853 52716 2,3156 693 0,98983333 700,117865

12/06/2018 1 52716 2,3156 53404 2,3461 688 1 688

12/06/2018 1 53404 2,3461 54093 2,3774 689 1 689

12/06/2018 1 54093 2,3774 54795 2,4098 702 1,04766667 670,060452

12/06/2018 1 54795 2,4098 55462 2,4414 667 1 667

12/06/2018 1 55462 2,4414 56060 2,4704 598 1 598

12/06/2018 1 56060 2,4704 56332 2,4839 272 1 272

12/06/2018 1 56332 2,4839 56515 2,4931 183 1 183

22/06/2018 1 30947 1,5216 31682 1,5483 735 1 735

22/06/2018 1 31682 1,5483 32409 1,5748 727 0,9945 731,020613

22/06/2018 1 32409 1,5748 33145 1,6016 736 1 736

22/06/2018 1 33145 1,6016 33879 1,6284 734 1 734

22/06/2018 1 33879 1,6284 34604 1,6548 725 1 725

22/06/2018 1 34604 1,6548 35337 1,6817 733 1 733

22/06/2018 1 35337 1,6817 36070 1,7085 733 0,99883333 733,856166

22/06/2018 1 36070 1,7085 36800 1,7354 730 1,00666667 725,165563

22/06/2018 1 36800 1,7354 37528 1,7622 728 1,00366667 725,340419

22/06/2018 1 37528 1,7622 38256 1,7891 728 0,98833333 736,593592

22/06/2018 1 38256 1,7891 38993 1,8164 737 1,00166667 735,773711

22/06/2018 1 38993 1,8164 39722 1,8436 729 1 729

22/06/2018 1 39722 1,8436 41173 1,898 1451 2 725,5

22/06/2018 1 41173 1,898 41897 1,9253 724 0,99883333 724,845653

22/06/2018 1 41897 1,9253 43342 1,9805 1445 2,0025 721,598003

22/06/2018 1 43342 1,9805 44073 2,0086 731 0,99716667 733,077052

22/06/2018 1 44073 2,0086 44792 2,0365 719 1 719

22/06/2018 1 44792 2,0365 45518 2,0649 726 0,9995 726,363182

22/06/2018 1 45518 2,0649 46250 2,0938 732 1,00433333 728,841686

22/06/2018 1 46250 2,0938 46957 2,1219 707 0,99716667 709,008858

22/06/2018 1 46957 2,1219 47691 2,1516 734 0,99883333 734,857334

22/06/2018 1 47691 2,1516 48396 2,1802 705 1 705

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111

22/06/2018 1 48396 2,1802 49126 2,2102 730 1 730

22/06/2018 1 49126 2,2102 49832 2,2397 706 0,99933333 706,470981

22/06/2018 1 49832 2,2397 50557 2,2703 725 1 725

22/06/2018 1 50557 2,2703 51391 2,3062 834 1,16816667 713,939221

22/06/2018 1 51391 2,3062 53783 2,4134 2392 3,33366667 717,528247

22/06/2018 1 53783 2,4134 54494 2,4479 711 0,99883333 711,830469

22/06/2018 1 54494 2,4479 55433 2,4921 939 1,34166667 699,875776

22/06/2018 1 55433 2,4921 56122 2,5267 689 0,99866667 689,919893

22/06/2018 1 56122 2,5267 56721 2,5576 599 0,993 603,222558

22/06/2018 1 56721 2,5576 57005 2,5726 284 1,2495 227,290916

22/06/2018 1 57005 2,5726 57192 2,5827 187 1,08966667 171,612114

Vazão Média (LPM) 679,880996

Desvio Padrão (LPM) 84,7416586

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ANEXO B - Informações do Querosene de Aviação (JET-A1). Fornecido pela

empresa.

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ANEXO C - Curvas da Bomba Centrífuga Heroás 180SH75. Fornecido pelo

fabricante.

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115

ANEXO D - Dados do motor elétrico utilizado atualmente. Fonte: (ARCEL)

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116

ANEXO E - Perda de carga para mangueiras flexíveis. Fornecido pela ELAFLEX

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ANEXO F - Perda de carga para o filtro separador em função da vazão. Fornecido

pelo fabricante do filtro.

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ANEXO G - Componentes da Bomba Heroás 180SH75. Fonte: Fornecido por um

revendedor

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ANEXO H - Manutenção da Bomba Heroás 180SH75 de acordo com manual do fabricante. Fonte:

Fornecido por um revendedor