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INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E TECNOLOGIA EDIÇÃO ESPECIAL III EXPOCIETEC - NOVEMBRO DE 2018 anos de Conheça a trajetória de quem transformou ideias em negócios CIETEC

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INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E TECNOLOGIA EDIÇÃO ESPECIAL III EXPOCIETEC - NOVEMBRO DE 2018

anos de

Conheça a trajetória de quem transformou ideias em negócios

CIETEC

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A Biolab Farmacêutica, indústria brasileira com presença internacional, constrói a cada dia um novo marco em sua história e segue com o

compromisso de promover a saúde e a qualidade de vida.

Além de inovar, buscamos a valorização das pessoas. São mais de 2.800 profissionais que fazem parte de um time qualificado que tem a missão de

transformar inovação em realidade. O futuro está em nossas mãos. E isso é o que fazemos e o que nos move a buscar novos desafios.

A Biolab é uma empresa inovadora, comprometida com o futuro.

www.biolabfarma.com.br

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ApoioRealização

A CieteC.info é umA publicAção do centro de inovAção, empreendedorismo e tecnologiA.

CONSELHO EDITORIAL Claudio Rodrigues, Sergio Wigberto Risola, José Pereira Lopes Leal, José Aluízio Guimarães, José Carlos de Lucena, Luis Gustavo Malzone, Maurício Susteras, Oscar Enrique de Moraes Nunes, Fabio Lopes e Leila Gasparindo.

COORDENAÇÃO GERAL Sergio W. Risola

COORDENAÇÃO EDITORIALJosé Aluízio Guimarães

PROJETO EDITORIAL E GRÁFICOTrama Comunicaçãowww.tramaweb.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO Leila Gasparindo

EDITOR-CHEFE Adriano Zanni

REDAÇÃO Kátia Simões, Alan Barros e Michel Baptista

DIREÇÃO DE CRIAÇÃO E DESIGNJuliana Berti e Rogério Martins

SUGESTÕES E INFORMAÇÕES [email protected]

EXPEDIENTE

ApoioRealização ApoioRealização

ssa edição especial da revista Cietec.Info faz parte das atividades da III Expocietec - Exposição e Conferên-cia de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia - re-

alizada nos dias 27 e 28 de Novembro de 2018, no Espaço InvesteSP - Parque Tecnológico do Estado de São Paulo.

Mais do que isso, é um retrato do esforço empenhado pelas pessoas que ajudaram a fazer a trajetória de 20 anos do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia. Fundadores, conselheiros, colaboradores e empreendedores, todos que construíram juntos um ambiente de inovação pio-neiro e de relevância internacional.

Trajetórias de sucesso são sempre fonte de inspiração. Para ilustrar esse percurso escolhemos vinte empresas criadas a partir de ideias inovadoras voltadas para solucionar desafios da sociedade. Escolher é uma tarefa árdua.

Os perfis publicados a seguir são um recorte da varieda-de de temas, áreas do conhecimento, resultados relevantes e propósitos de empresas que nasceram e se desenvol-veram na Incubadora de Base Tecnológica USP/IPEN IPEN - Cietec.

A todas e todos que participaram desses 20 anos, nosso agradecimento.

Duas décadas deinventividadeE

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Startup faz inovação para criar independência em relação aos grandes grupos internacionais do setor farmacêutico

DDesde que chegaram ao mercado, em 1999, os genéricos já promoveram uma econo-mia de R$ 106 bilhões em gastos com medicamentos, de acordo com a Associação da Indústria Brasileira de Medicamentos Genéricos, a Pró-Genéricos.

Em 2017, foram comercializados 1,2 bilhão de unidades, o que resultou em 32,46% de market share e R$ 7,5 bilhões em vendas. Só no ano passado, foram lançados 14 no-vos medicamentos nessa linha para tratamento de leucemia aguda, câncer de próstata, metastático e outros tipos de cânceres, além de genéricos para diabetes, osteoporose e transtorno do déficit de atenção, entre outras patologias.

É para esse mercado que a Alpha BR Produtos Químicos volta suas tecnologias desde 2004, quando, com a ajuda da Fapesp e do Programa PIPE I, iniciou o desenvolvimento de seu primeiro princípio ativo para o mercado de medicamentos genéricos.

“Na época, essa indústria começava a engatinhar, a legislação tinha cerca de dois anos, mas os horizontes de crescimento eram claros”, afirma William Carnicelli, sócio-fun-dador da empresa. “Ainda hoje, o Brasil paga royalties altíssimos para multinacionais da área farmacêutica para colocar diversos medicamentos à disposição da população”.

A saída para mudar esse cenário passava na época (e ainda passa!) pelo investimento em inovação na área de química fina, contribuindo para a redução das importações para produção de insumos.

Foi com essa proposta e a experiência acumulada em mais de 15 anos de atuação em multinacionais do setor químico, que Carnicelli decidiu empreender. O primeiro negó-cio nasceu em 2000, com o objetivo de desenvolver tecnologia para produção local de fármacos, nacionalizando a fabricação sobretudo de medicamentos controlados pela

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melhorar o acesso a medicamentos

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Pesquisa de ponta para

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melhorar o acesso a

portaria 344 da Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa), de uso hospitalar.

“Foi uma boa largada, mas, em 2003, vendi minha parte na sociedade e com um novo sócio comecei a estruturar o projeto da Alpha BR, que foi aprovado pelo Cietec em 2004”, lembra o empresário. “Durante a incubação desenvolvemos sete fármacos e fechamos o ciclo”.

A GRANDE PAUTAO ano de 2016 marcou o início de um novo

desenvolvimento, com mais um projeto incu-bado e com expectativas de ganhar o mercado no fim de 2019. “Fazemos inovação para criar independência em relação aos grandes grupos internacionais porque a pauta de importação do Brasil no cenário farmacêutico ainda é gi-gantesca”, afirma Carnicelli.

“Nosso objetivo é criar condições de fa-bricar dentro do País, principalmente medi-camentos importantes para a saúde pública.”

De acordo com o fundador da Alpha BR, a concorrência está na Ásia e na Euro-pa quando o assunto é produção de ativos para a fabricação de medicamentos genéri-cos. “Na América Latina, não tem nenhu-ma empresa com esse foco. Mesmo assim, ainda temos intensão de atuar no mercado interno”, afirma.

“Operamos em uma área de baixa escala, mas alto valor agregado devido à tecnolo-gia, o que nos dá segurança para nos quali-ficar ainda mais para exportar no futuro”.

O FUNILO sucesso da trajetória exige mesmo muita

especialização. De cada mil pesquisas realiza-

das na área, apenas uma chega ao mercado.Ao longo de sua operação, a Alpha

BR abandonou pelo caminho a pesquisa de três princípios ativos depois de mais de três anos de trabalho. “Tudo era mui-to demorado e exigia um investimento muito alto de dinheiro”, conta Carnicelli. “Isso nos ajudou a sermos mais seletivos na escolha dos produtos, a fazer uma aná-lise prévia da capacidade de longevidade do novo insumo.”

Com 14 funcionários e tendo na carteira os grandes laboratórios nacionais, a Alpha BR se prepara para deixar a Incubadora USP/IPEN, um lugar privilegiado, próxi-mo da universidade, do IPT e da mão de obra qualificada. “O papel da incubadora já foi feito, o passarinho precisa deixar o ninho”, afirma o empresário.

Nosso objetivo é criar condições de fabricar dentro do País, principalmente medicamentos importantes para a saúde pública.

ALPHA BR

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Com foco na extração de ingredientes de biomassas, Bioativos investe na produção em escala para a indústria farmacêutica, de cosméticos e alimentícia

Da academia para o mercado

A ideia é que a Bioativos Group seja um centro de pesquisa e desenvolvimento para geração de vários negócios com parceiros.

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BIOATIVOS

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para o mercado

TToda vez que recebia um possível clien-te no laboratório instalado na Incubadora USP/IPEN-Cietec, Luiz Fernando Mendes, Ph.D em Química Analítica, era preciso na apresentação acadêmica, mas escorregava na parte comercial do negócio. Afinal era um pesquisador nato, um estudioso da aca-demia, que decidiu empreender quando fa-zia pós-doutorado na área de bioquímica.

“Eu e meu sócio somos cientistas, en-tendíamos tudo sobre a produção de al-gas, mas zero sobre gestão de negócios”, lembra. “Procuramos o Cietec em busca de uma mentoria”.

Lá se vão quatro anos desde que a Bioati-vos, fundada em 2014, iniciou suas ativida-des no Hotel de Projetos da incubadora, para se tornar a maior iniciativa empreendedora da América Latina em tecnologia de fluidos sub e supercríticos (CO2, etanol, água etc.).

O lado de cientistas eles não abandona-ram, mas Mendes aprendeu que uma ino-vação só ganha força quando é aplicada e escalada. A produção de algas e ingre-dientes à base de algas para a fabricação de remédios e de cosméticos, que deu ori-gem à empresa, teve um papel importante no início da Bioativos.

Gerou ótimos resultados e abriu ca-minho para os pesquisadores recebe-rem recursos do programa da Fapesp. “Nosso processo de extração de ativos das algas, como o betacaroteno, é muito inovador”, diz. “Além de origem natural, é mais seguro e 60% mais barato do que o ativo produzido à base de petróleo”. A novidade atraiu a atenção de gigantes do mercado, como a Natura.

Embora ainda seja um dos grandes diferenciais da empresa, as algas são um negócio de nicho, cuja produção indoor é mais lenta do que a demanda do mer-cado por seus ativos.

Entre 2016 e 2018, com a ajuda da pro-fessora Maria Ângela Meirelles, a Bioativos mais uma vez quebrou paradigmas e ino-vou. Criou um equipamento único, de bai-xo custo e alta eficiência para extração de nutrientes de algas e outras biomassas. “Se fizéssemos o equipamento na Austrália, único lugar com tecnologia mais próxima desse tipo de projeto, o custo seria de R$

4,8 milhões”, diz Mendes. “O nosso, que é ágil, de fácil transporte e pode ser coloca-do dentro das indústrias, custa R$ 400 mil”.

TURNING POINTA inovação deu uma virada nos negócios

da Bioativos, que se transformou na pri-meira empresa a operar uma Refinaria 360º. “Aproveitamos tudo o que é possível de cada matéria-prima que chega para ser processa-da, seja inteira, na forma de subprodutos da agroindústria, a exemplo do bagaço da uva; extrativista, como o buriti ou a palha da cana que ninguém quer e é queimada”, afirma Mendes. “Usamos no processo o CO2, entre 40º e 60º, que extrai os ativos em uma única etapa e esteriliza a matéria-prima, aumentan-do o tempo de vida do produto”.

Para se ter uma ideia, o lúpulo extraído pelo processo da Refinaria 360º tem durabi-lidade de nove anos, contra os 12 meses das versões disponíveis no mercado. O próxi-mo passo será a criação de ácido láctico de origem vegetal, ideal para a preparação de produtos veganos.

Com o novo foco, o número de clientes cresceu e o faturamento que, em 2017, foi de R$ 120 mil, este ano deve fechar em R$ 1,2 milhão. A perspectiva é até 2020 ultrapassar os R$ 10 milhões, apenas na área de alimentos.

“A ideia é que a Bioativos Group seja um centro de pesquisa e desenvolvimen-to para geração de vários negócios com parceiros”, afirma Mendes. “Nós entra-mos com a criação e eles com a distribui-ção e comercialização.”

Paralelamente, a Bioativos, que já recebeu R$ 4 milhões em aportes e editais de inova-ção, planeja instalar uma fábrica para o for-necimento de ingredientes naturais, como óleos essenciais e extratos para indústrias de alimentos e de cosméticos.

Para tanto, transferiu suas instalações para o TechnoPark de Campinas, numa área maior. A escolha do endereço tem uma ex-plicação. “Sem a proximidade com a univer-sidade, a pesquisa científica torna-se mais difícil e sem a pesquisa científica o negócio dificilmente teria sucesso, por conta da com-plexidade dos processos usados nos produ-tos”, assegura Mendes.

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UUma das cinco maiores empresas de medicamentos do Brasil, com mais de 100 produtos no portfólio e uma capacidade de produção de 100 milhões de unidades/ano, a Biolab completou 20 anos de atua-ção no mercado sem perder sua essência.

A empresa é líder em vendas de me-dicamentos com prescrição médica nas áreas de cardiologia e dermatologia, além de atuar nos setores de endocrino-logia, geriatria, ginecologia, ortopedia, pediatria e reumatologia.

“Sempre acreditamos que o futuro da indústria farmacêutica está na inovação, e não na cópia, como é o caso dos genéri-cos”, afirma Dante Alário Júnior, diretor científico. “Há anos, trabalhamos na sín-tese de moléculas capazes de resultar em novos fármacos.”

Para dar suporte a seu programa de ino-vação, a Biolab investe entre 7% e 10% do faturamento – que em 2017 superou R$ 1 bilhão – em pesquisa e desenvolvimento.

O primeiro projeto, um hormônio de crescimento, foi realizado em 1998, mas não deu certo. A decepção, porém, serviu para o farmacêutico bioquímico Dante ganhar ainda mais determinação no desenvolvimento de uma molécu-la nova, patenteável, que entrasse para a lista de inovação da já bem-sucedida Biolab Farmacêutica.

DESAFIO DE PESONa indústria farmacêutica, as inovações

podem ser classificadas como radicais, quando resultam de uma nova molécula

inovação disruptiva

SINTEFINA / BIOLAB

não registrada no mundo; ou incremen-tais, quando decorrem da melhoria de uma molécula já conhecida.

O endereço escolhido para montar a Sintefina, spin-off que atua em um labo-ratório de inovação da Biolab, foi a Incu-badora gerida pelo Cietec. “Na época a estrutura era precária, mas a proximidade com a academia e o ambiente inovador eram diferenciais importantes”, afirma. “Acertamos em cheio. Trabalhamos na sintetização de moléculas, algo que nin-guém praticava no Brasil. O Cietec nos deu a tranquilidade para fazer as coisas com calma, consultando a academia.”

De acordo com o diretor científico, pesquisas como as realizadas pela Biolab são longas, levam cerca de 10 anos e, por serem muito inovadoras, às vezes são pa-ralisadas porque não há laboratórios es-pecializados para testá-las.

“Por incorporar projetos com esse per-fil é que as incubadoras deveriam ter ain-da mais relevância, serem olhadas de for-ma mais efetiva pelos governos”, declara. “Precisamos de menos discursos e mais práticas. Inovação deve ser projeto de Es-tado e não de governo, porque governo acaba em quatro anos”.

Como exemplo, Dante cita o presiden-te Barack Obama, que mesmo em meio à crise de 2009 pela qual os Estados Uni-dos passaram, não interrompeu o projeto de nanotecnologia, destinando US$ 3 bi-lhões só para os estudos nesse segmento.

Ao longo de sua trajetória, a Biolab fir-mou mais de 50 parcerias internacionais e

Investimento alto em

Pioneira na relação com uma Incubadora, Biolab investe entre 7% e 10% do seu faturamento anual em P&D

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Investimento alto emdepositou 270 patentes no Instituto Na-cional de Propriedade Industrial (INPI), das quais 79 já foram concedidas.

Algumas das sonhadas moléculas já foram modeladas e sintetizadas, entre elas, a dapaconozol, um antifúngico com patente mundial; a HPB, a úni-ca criada para o combate da síndrome do colo irritável; uma para hipertrofia prostática benigna, entre outras. “O an-tifúngico Zilt, cuja molécula dapacono-zol foi sintetizada no laboratório dentro da incubadora, está em fase de registro na Agência Nacional de Vigilância Sani-tária – Anvisa”, afirma Dante.

Na Sintefina, atuam cerca de 12 pro-fissionais, entre eles seis doutores, alguns doutorandos e outros especialistas. Pa-ralelamente, a Biolab mantém um outro centro de pesquisa e desenvolvimento em Itapecerica da Serra, na Grande São Pau-lo, dedicado principalmente a inovações incrementais, como mecanismos de libe-ração programada de medicamentos, sis-temas de dissolução oral e novas formula-ções e encapsulações, como as realizadas por meio de nanotecnologia.

CASE SINTEFINA / BIOLAB

Trabalhamos na sintetização de moléculas, algo que ninguém praticava no Brasil. O Cietec nos deu a tranquilidade para fazer as coisas com calma, consultando a academia.

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A hora e

Três contaminações importantes não são levadas em conta, ainda hoje, no tratamen-to de água das grandes cidades brasileiras, todas cada vez mais presentes e perigosas: agrotóxicos, fármacos e hormônios.

COMO NEUTRALIZÁ-LOS? Com a adoção do ozônio no lugar do

cloro. Quem afirma é o engenheiro Sammy Menasce, que desde 2005 batalha pela apli-cação do ozônio nas mais diversas áreas, da purificação de água e alimentos à agri-

cultura e pecuária. “Nos Estados Unidos e na Europa, o ozônio é usado para descon-taminação desde 1982”, afirma. “No Brasil em meados da década passada a tecnologia ainda era novidade”.

A Brasil Ozônio nasceu fabricando equipa-mentos para purificação de água com uso de ozônio, em um pequeno laboratório instalado na Incubadora USP/IPEN-Cietec. Menasce investiu R$ 300 mil, proveniente de um em-préstimo e das próprias economias porque acreditava que, em pouco tempo, a legislação

a vez doDa purificação de água ao combate à ação de carrapatos no gado, o uso do elemento abre novas frentes de mercado

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A inovação é o nosso negócio, trabalhamos para aplicar a tecnologia na solução dos problemas do mercado.

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brasileira proibiria o uso do cloro. Ledo engano. Enquanto aguardava a libe-

ração do registro da máquina pelos órgãos competentes, investiu no aperfeiçoamento da tecnologia, que passou a ser usada tam-bém para purificar alimentos.

Os desafios se multiplicavam. Para se ter uma ideia, foram seis anos assistindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura dis-cutirem sobre quem deveria autorizar a ven-da do equipamento da Brasil Ozônio para higienização de alimentos. A espera valeu a pena. Em 13 anos, foram mais de 3 mil ins-talações no Brasil, Peru e Argentina, para os mais diversos fins. Na carteira de clientes, empresas do porte da Unilever, Goodyear, Dow Química, Embraer e McDonald’s.

“Antes vendíamos máquinas, hoje vende-mos solução industrial para tratamento de alimentos, água, gases e ambientes”, afirma Menasce. “A inovação é o nosso negócio, trabalhamos para aplicar a tecnologia na so-lução dos problemas do mercado”.

IMERSÃO EM OUTROS CAMPOSAs mais recentes investidas estão li-

gadas a demandas da agricultura e pecu-ária. Na área agrícola, a Brasil Ozônio criou um pulverizador com o objetivo de minimizar e até eliminar o uso de agrotóxicos no campo.

Já na agropecuária, usou ozônio para evitar que os carrapatos ataquem os ani-mais, em substituição ao produto químico, que produz cada vez menos efeito. “Aca-bamos de firmar um contrato com a Esalq para fazer a comprovação científica do processo”, conta Menasce.

Há pouco mais de um ano, a empresa venceu a concorrência para eliminar o vírus da Mancha Branca que vem dizimando a produção de camarão em cativeiro. “O pro-blema acabou com as fazendas de criação em Santa Catarina, maior produtor de ca-marão em cativeiro do País, e agora começa a causar danos também no Nordeste”, diz o empresário. “Já atuamos em diversas ins-talações, tratamos a água do mar e resolve-mos o problema, porque o ozônio neutrali-za vírus, bactérias e protozoários”.

ENDOSSOS DE PESOO DNA inovador da Brasil Ozônio

chamou a atenção da academia e de in-vestidores. Foi aprovada em três editais do CNPq, dois da Fapesp, recebeu R$ 9,5 milhões do BNDES Funtec. Em 2015, foi investida pelo fundo Criatec II, tornan-do-se uma sociedade anônima. Coleciona prêmios. Integra a lista das 22 empresas mais inovadoras do País na área de sus-tentabilidade e foi apontada pelo Conse-lho Nacional da Indústria como uma das 11 melhores startups brasileiras.

Entre os trabalhos mais gratificantes, Menasce aponta um de cunho social. Em 2017, a Brasil Ozônio foi escolhi-da para colocar em prática o Projeto Água+, da Coca-Cola, com o objetivo de repor toda a água que consome em sua linha de produção.

De que forma? Levando água potável para a população carente, começando pelo Nordeste. “Fizemos a primeira ins-talação na cidade de Caucaia, a 40 km de Fortaleza, em uma comunidade de 110 ca-sas e cerca de 700 pessoas”, conta o em-presário. “Até então, eles contavam com um açude de água contaminada tanto por bactérias como por material pesado, que nós purificamos com ozônio”.

A Coca Cola pagou o equipamento e a Brasil Ozônio entrou com a tecnologia e treinou a comunidade, que responderá pela manutenção.

Reconhecida no mercado, a Brasil Ozô-nio foi uma das empresas que obteve a gra-duação mais rápida na história do Cietec. Permaneceu como incubada apenas dois anos. Mas nunca deixou seu endereço de origem. “A inovação distante da academia fica manca”, afirma Menasce.

Segundo ele, a continuidade como pós--graduada é de grande importância. Pri-meiro porque a equipe pode contar com a proximidade da inteligência da USP, tem acesso aos pesquisadores e aos laborató-rios. Segundo porque, desde o início, foi uma chancela para as inovações da empre-sa e, por fim, porque facilita os caminhos para obtenção de projetos aprovados em linhas de fomento.

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DEV TECNOLOGIA

Quando poucos sabiam o que era a tal “Internet das Coisas”, eles foram lá e fizeram

Mudança de rota levaao pioneirismo

NNada menos do que 20,4 bilhões de dispositivos deverão estar conectados via Internet das Coisas (IOT na sigla em inglês) até 2020, de acordo com a con-sultoria americana Gartner. Só no Bra-sil os projetos na área de IOT deverão movimentar US$ 8 bilhões este ano. Um cenário de fazer brilhar os olhos de qual-quer empreendedor.

Pois foi exatamente o que aconteceu com Camilo Rodegheri, engenheiro de computação formado pela Escola Politéc-nica da USP, quando estagiou no Massa-chusetts Institute of Technology (MIT), em meados de 2013. “Naquela época, a Internet das Coisas praticamente era des-conhecida no Brasil, ninguém sabia exa-tamente para que servia”, conta. “Mesmo assim, nós enxergamos uma boa oportu-nidade de mercado e decidimos mudar o foco de trabalho da DEV Tecnologia.”

A empresa acabara de ser criada e aceita pelo Cietec com um projeto de criação de equipamentos customizados para pesqui-

sa científica. Era a profissionalização de um trabalho iniciado em 2008, quando os colegas de faculdade Marcelo Pesse, Artur Polezel, Silvia Takey e o próprio Rodegheri desenvolveram um hardware e um software para pesquisa científica do Instituto de Psicologia da USP.

A partir desse projeto, descobriram um nicho de mercado não atendido – o da customização de equipamentos para pesquisas. “Com menos de um ano de operação, resolvemos mudar o foco para IOT”, lembra. “O desafio era grande, mas decidimos encarar. O cenário futuro era muito promissor.” Enfrentar um de-safio desse porte, aliás, não era novidade para Rodegheri, que aos 14 anos abriu em sua terra natal, Chapecó, SC, sua primeira empresa: um e-commerce.

Não foi fácil, o pioneirismo tem seu preço. “Primeiro o mercado não sabia exatamente o que era IOT, depois pre-cisou ser educado para o seu uso e, por fim, ainda faltava um ecossistema para

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o desenvolvimento da inovação”, afir-ma. “O Brasil tem deficiências extremas, muitos elos da cadeia não existem, o que faz com que a empresa inovadora abrace todas as etapas”.

UMA CHANCELA E TANTOSegundo ele, o fato de nascer e crescer

dentro da Incubadora USP/IPEN dimi-nuiu esse peso. Bem localizada e próxi-ma à universidade, colocou a empresa no ecossistema de inovação, como também atribui uma chancela importante às star-tups nascentes. “Pelo Cietec passam in-formações, decisões, novidades, notícias, editais de financiamento”, diz. “Isso tem um valor importantíssimo.”

A DEV Tecnologia vingou, tornou-se referência como provedora de soluções para produtividade por meio da Internet das Coisas. Atualmente, conta com duas

DEV TECNOLOGIA

trica em equipamentos públicos. Em 2016, lançou o beacon, um dos seus

produtos de maior penetração no merca-do, com mais de 20 mil unidades vendi-das. O dispositivo criado pela DEV – que se comunica com aplicativo de celular ou plataforma de internet, por meio de um transmissor Bluetooth, informando iden-tidade e proximidade das pessoas –, está entre os primeiros do gênero desenvolvi-dos 100% no Brasil.

“Nosso beacon possui um encapsula-mento industrial que nenhum outro no mundo tem, para impedir que sejam que-brados; nossos sistemas têm engenharia para funcionar em rede 2G, que cai o tempo todo”, diz. “Foi com o propósito de resolver problemas como esses, que só o Brasil tem, e para mudar esse país, que decidi empreender aqui e não nos Estados Unidos.”

unidades de negócio: DevTecnologia (servi-ços de engenharia para pesquisa e desenvol-vimento de produtos inovadores sob medi-da para empresas fabricantes de produtos) e a DevTecIOT (produtos e soluções em localização e sensoriamento via IOT).

São mais de 100 clientes na carteira, entre eles, nomes como Natura, Ambev, Intelbras, Positivo, Samsung e Vivo.

A PASSOS LARGOSEm 2015, foi uma das primeiras startups

selecionadas, entre 304 inscritas, para o programa PitchGov SP, do Governo do Estado de São Paulo, que buscava inicia-tivas inovadoras para os desafios da admi-nistração pública nas áreas da saúde, edu-cação e facilidades ao cidadão.

Apresentou um software de identifica-ção de desperdício que reduz custos com consumo excessivo de água e energia elé-

O Brasil tem deficiências extremas, muitos elos da cadeia não existem, o que faz com que a empresa inovadora abrace todas as etapas.

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ELECTROCELL

Inicialmente, a equipe contava com quatro pessoas: dois engenheiros eletricistas, um en-genheiro de materiais e um engenheiro quí-mico. Em 1999, o ponto de partida da Elec-trocell foi o conhecimento acumulado pelo grupo em gerar energia por meio de células de hidrogênio, combinado ao propósito de gerar uma empresa estruturada.

“A gente viu que o mercado de hidrogênio (como gerador de energia) estava crescendo. Já tínhamos experiência nessa área, desde o estudo teórico à produção de eletrolisado-res”, diz Gerhard Ett, fundador e diretor de engenharia e inovação, ao explicitar as razões para a criação da empresa.

O RITO DA CELEBRAÇÃOEm 2004, a Electrocell foi destaque no

mercado de células de combustível em publicações da Fuel Cell Today, organiza-ção internacional especializada e autori-dade no segmento.

Alguns prêmios também foram conquis-tados ao longo dos anos: Prêmio Estadual

CNI/ FIESP 2004; Troféu Nacional CNI 2004 (vencedora entre 64.678 propostas apresentadas); Prêmio New Ventures, orga-nizado por WR I-World Resources Institute e FGV-SP, em 2006; e Prêmio FINEP de inovação, em 2009.

A lista de conquistas, em um primeiro mo-mento, pode até criar um contraste, se com-parada às primeiras dificuldades enfrentadas pela empresa - naturais quando se busca trazer uma ideia para a realidade. Mas o cui-dado em comemorar cada pequeno avanço parece ser um dos segredos da empresa para vencer os obstáculos.

“Criamos uma célula grande de 50 quilowatts, que foi a primeira célula do hemisfério sul. Com ela, fomos reconhecidos duas vezes pela Fuel Cell Today como uma das empresas mais sé-rias do mundo. Fantástico! E aí me recordo da primeira célula que criamos em laboratório. Era bem rústica. Quando vimos funcionar... aquela ventoinha andando... Isso marcou muito! Era uma coisinha bem pequena, mas comemora-mos com a mesma intensidade”, relembra Ett.

Combustível para um sonho

sustentávelEmpresa destaque na produção de células a combustível para geração de energia contou com o apoio do Cietec para nascer e crescer

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Case Electrocell

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Criamos uma célula grande de 50 quilowatts, que foi a primeira célula do hemisfério sul. Com ela, fomos reconhecidos duas vezes pela Fuel Cell Today como uma das empresas mais sérias do mundo.

ANTEVER-SE:A TUDO E A TODOS!

Ett relata o que o levou até a incuba-dora de empresas de base tecnológica localizada no IPEN, na Cidade Uni-versitária, em São Paulo. “No início, não existiam fornecedores que pudes-sem nos atender no Brasil e também não havia mão de obra qualificada. Era tudo embrionário. Fora isso, não tínha-mos recursos financeiros, apenas boas ideias. Foi aí que aconteceu a parceria com o Cietec e tudo aquilo que gira em torno dele.”

Sobre os benefícios dessa parce-

ria para o crescimento da Electrocell, ele completa. “Eu vejo que as empre-sas aqui dentro são muito mais sóli-das. Elas já nascem com uma estrutu-ra bem elaborada, com seus planos de negócio bem desenhados, ultrapassando qualquer barreira mais facilmente. É a grande vantagem da incubadora, esse know how que a equipe gestora tem até de conseguir prever os problemas. Essa experiência fantástica foi bastante im-portante para nós.”

PRÓXIMOS PASSOSO centro de pesquisa e desenvol-

vimento da Electrocell se localiza na

Incubadora de Empresas de Base Tec-nológica USP/IPEN e uma nova planta industrial está sendo construída no mu-nicípio de Jaguariúna, interior paulista.

A empresa conta com 13 pessoas e atua hoje, não somente na geração, mas também no armazenamento de soluções energéticas, de forma sustentável.

Os serviços oferecidos foram expan-didos ao setor de usinagem, para os quais se utiliza máquinas operatrizes de última geração. “Para o futuro, preten-demos ingressar na produção de bate-rias, em sistemas de armazenamento de energia de baterias de lítio. Estamos ca-minhando para isso”, conclui Ett.

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Tecnologia assistiva criada por startup facilita a comunicação e o aprendizado de alunos com deficiência física e intelectual

GGreg Maker. Assim ficou conhecido o dispositivo criado pela Engrenar, startup de engenharia

e tecnologia, para melhorar a comunicação de alunos com deficiência física e intelectual. O processo é simples. O dispositivo é ligado ao computador por conexão USB e usa uma

placa que, por meio de fios com “garra jacaré”, transfere as funções de teclado e mouse para diversos objetos, como massinhas, pratos, frutas, plantas e bonecos.

A inovação ganhou o mercado. Uma das primeiras instituições a adotá-la foi a Escola de Educação Especial da AACD Lar Escola, com sede na capital paulista, que atende estudan-tes de 6 a 17 anos, 95% deles com paralisia cerebral.

Segundo Mauricio Andrioli, CEO da Engrenar, o Greg Maker também permite criar novas tecnologias, inclusive assistivas, pois possibilita construir protótipos de novos recursos em con-junto com pessoas com deficiência, engenheiros, educadores e diversos outros profissionais.

“Algumas escolas já incluíram o dispositivo no currículo, aliado a ferramentas de progra-mação e pensamento computacional”, afirma o empreendedor. “Nosso grande diferencial é oferecer recursos de engenharia para a área educacional, ofertando produtos de alta tecno-logia a baixo custo, com forte impacto social.”

O MUNDO APÓS O WTCTudo começou há quatro anos, quando a Engrenar chegou ao Cietec para criar um portal

de serviços para pessoas com deficiência, envolvendo áudiodescrição e a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Engenheiro de formação, com passagem pelos Estados Unidos em em-presas do setor automotivo, Andrioli voltou ao Brasil depois do 11 de setembro.

“Eu queria representar no mercado brasileiro uma empresa americana de prestação de serviços na área, mas ela fechou prematuramente”, lembra. Viúvo, foi a segunda esposa, que

Por um mundo cada vez mais

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inclusivo

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trabalha com educação, quem lhe apresentou a Incubadora USP/IPEN. Era a porta de en-trada para ele dar vazão aos seus projetos de engenharia mecânica, incorporando enge-nharia eletrônica e tecnologia.

Embora bem recebido pela incubadora, o portal de serviços para pessoas com defi-ciência estava à frente da realidade do mer-cado brasileiro. “Demos uma segurada no processo e partimos para a produção de um dispositivo que facilitasse o uso de compu-tadores na sala de aula por PCDs”, afirma o CEO da Engrenar.

“O que no início foi concebido para atender a um grupo de estudantes, aos poucos passou a ser usado, também, por crianças sem qualquer problema, como material pedagógico para desen-volver a criatividade.”

O viés educacional da Engrenar deco-lou, embora o braço de desenvolvimento

de produtos de tecnologia envolvendo engenharia mecânica continue em opera-ção. Já são mais de 20 ativos, como apli-cativos e máquinas, fabricados sob de-manda. “O apoio da Fapesp e o ambiente proposto pelo Cietec foram cruciais para o nosso crescimento”, diz Andrioli. “A incubadora nos permite ampliar nossas relações, as próprias empresas residentes nos procuram para desenvolver tecno-logias específicas, além da proximidade com uma mão de obra especializada, di-reto da academia.”

O próximo passo da Engrenar será tor-nar o Greg Maker, que foi avaliado pela Fundação Bradesco, compatível com ta-blets e smartphone, o que deverá aconte-cer até 2020. Incentivo não falta. A star-tup acaba de fechar um grande contrato com a Editora Moderna para levar a tec-nologia para mais de 300 escolas.

CASE ENGRENAR

O que no início foi concebido para atender a um grupo de estudantes, aos poucos passou a ser usado, também, por crianças sem qualquer problema, como material pedagógico para desenvolver a criatividade.

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QQuando a Genera chegou, em 2010, oferecendo um teste de paternidade a preços populares, o mercado se sur-preendeu. E não poderia ser diferente. A empresa não só cobrava um valor mais acessível pelo exame, como entregava o resultado em sete dias ou, em casos de urgência, em 24 horas.

A mudança radical era a concretização de um desafio assumido pelos jovens Ri-cardo Di Lazzaro Filho e André Chinchio que, durante o curso de medicina na Uni-versidade de São Paulo, pensaram como poderiam tornar o processo de análise genética mais rápido e, ao mesmo tempo, mais acessível, com custos mais baixos.

A solução encontrada por eles foi uti-lizar programas de computador para aju-dar na decodificação do DNA estudado. “Nós não tínhamos um espaço equipado

para testar nossos estudos”, lembra La-zzaro. “Com a ajuda de um laboratório privado, que topou adotar nossas meto-dologias, fomos adiante. A empresa foi crescendo e decidimos ter a própria ban-cada de testes”.

O ano era 2012 e o endereço esco-lhido para a instalação da Genera foi a Incubadora USP/IPEN-Cietec. “Nós procuramos a incubadora porque tinha um ecossistema forte para laboratório de biotecnologia e ainda estava próxima da USP”, afirma o sócio. “Ainda hoje, depois de graduados, nossa equipe, que é composta por biólogos, médicos, far-macêuticos e biomédicos, tem vínculo acadêmico.”

Em 2016, a Genera voltou a surpre-ender ao lançar o MyGene, o primeiro serviço de genoma pessoal do País. A

Com mais de 500 tipos de exame no portfólio, empresa levou os estudos de genética ao mercado popular

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partir dos resultados da análise, é pos-sível avaliar o quanto o paciente está suscetível a dezenas de doenças – entre elas, diabetes e males cardíacos e neuro-lógicos – em comparação com os riscos da população em geral.

“Nosso diferencial não está apenas no preço dos exames, cerca de 30% abaixo da média do mercado, mas na oferta de serviços com alto padrão de qualidade e resultados compreensíveis, que permi-tem o entendimento direto pelos pró-prios consumidores”, afirma Lazzaro.

OLHAR PARA O ENTORNOSão oito anos de operação, período em

que a Genera instalou unidades próprias no Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Campinas, Brasília e Porto Alegre, além de São Paulo. O portfólio de testes tam-

bém cresceu. São mais de 500 exames, entre eles, sexagem fetal, ancestralidade, teste rápido de HIV, intolerância à lacto-se e Alzheimer.

“Investimos incessantemente em pes-quisa e desenvolvimento com foco em inovação na área da genética”, ressalta o empresário. “Há ainda uma ampla lista de projetos a serem desenvolvidos”.

A experiência acumulada na trajetó-ria da Genera levou Lazzaro a apoiar novos empreendedores na área de bio-tecnologia. Ele já investiu em cinco empresas, sempre como sócio funda-dor, a maioria delas nascida no pró-prio Cietec. Entre elas, a VR Monkey, a APP5 Mobile Intelligence, a MaChi-ron, que aplica inteligência artificial e big data para otimizar processos em saúde, e a agritech FCA Latam.

Nós procuramos a incubadora porque tinha um ecossistema forte para laboratório de biotecnologia e ainda estava próxima da USP.

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Os prédios do complexo fabril encravado em meio à Mata Atlântica, em Cubatão (SP), impressionavam Fabiana Maruccio quando, junto com os pais, descia pela via Anchieta em direção ao litoral paulista.

Do carro, as construções acinzentadas pela fuligem das chaminés das petroquímicas pa-reciam gigantescas no imaginário da menina com então apenas sete anos de idade. “Quero ser engenheira para construir coisas grandes”, pensava a pequena Fabiana.

Aos 16 anos, foi aprovada na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Fez a opção por Engenharia Elétrica, com ênfase em Informática e Telecomunicações. “Logo vislumbrei que objetos ainda maiores poderiam estar em chips. Mais tarde pensei que materiais grandes, na verdade, poderiam ser nanos. E depois descobri que coisas ainda maiores poderiam ser invisí-veis”, lembra. “No último ano da graduação, me vi face a face com o conceito de telemedicina e surgiu a ideia de fazer um projeto neste segmento”.

O projeto da vida de Fabiana completou, em 2018, 16 anos de existência. A Gesto é uma health tech do setor de consultoria de benefícios. Utiliza ciência de dados para gerenciar planos de saúde, propondo soluções que proporcionem o equilíbrio entre o cuidado com as pessoas e a sustentabilidade financeira dos negócios. Conta com mais de 100 clientes e geren-cia mensalmente um banco de 6 milhões de vidas. Além disso, é responsável por gerir algo em torno de R$ 500 milhões de investimentos anuais em saúde.

OUSADIA SAUDÁVELAté se tornar uma das maiores empresas do setor foram anos de caminhada. A Gesto

nasceu a partir de uma observação do cotidiano. Um exame de Holter – em que o paciente passa 24 horas com eletrodos conectados a um aparelho para realizar um eletrocardiograma – feito pela mãe, chamou sua atenção.

“Pensei que o procedimento poderia ser mais fácil e eficiente”, diz. “O aparelho ficaria mais tempo em casa, as informações seriam gravadas numa memória digital e enviadas por telefo-ne”. Esse foi o ponto de partida do projeto de formatura da jovem engenheira: um aparelho que fazia eletrocardiograma e enviava o sinal por telefone diretamente ao médico.

A contrário do que ela imaginava, a tecnologia já existia. Havia sido criada pelo médico Bento To-

Sonhos emEmpreendedora mergulha na gestão de dados na área da saúde e torna-se referência

grande escala

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Sonhos em

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ledo, da Telecard, especializada em telemedicina. Com o próprio projeto na mão, ela bateu à porta da empresa e pediu um estágio. E foi nesse perí-odo, quando conheceu mais a fundo os trâmites do mercado, que enxergou uma nova oportuni-dade de negócio: o mapeamento de risco.

“Havia o desconhecimento do grau de risco de doença, o que inviabilizava o inves-timento num aparelho preventivo, que pode salvar uma vida”, diz Fabiana. “A Gesto surgiu como uma gestora de risco.”

O primeiro grande cliente foi uma operado-ra de saúde. “Tivemos contato com os dados da companhia e surgiu o propósito mais atual da Gesto: ser um big data em saúde que aju-da empresas e operadoras a reduzir custos e melhorar o bem-estar dos seus beneficiários”.

O conceito surgiu em 2003 e com ele houve a decisão de incubar a empresa na Incubadora USP/IPEN-Cietec. “Mas recebemos o retor-no do mercado que o big data era um projeto muito inovador e que não adiantava, naquele cenário, ter esse tipo de inteligência”, conta.

O Cietec teve papel fundamental, não só no fortalecimento da Gesto, mas também na formação do perfil empreendedor de Fabiana. “Na incubadora, eu encontrei muitos empre-endedores de tecnologia, com desafios muito parecidos e formei a minha consciência em-preendedora, de compartilhamento”, afirma.

Em 2010, quando o mercado começou a ter apetite para comprar inteligência, mais uma vez a Gesto mudou. “Voltamos ao sonho original de ser uma empresa de alto impacto, que tem capacidade de escalar e gerar conhecimento para muitas empresas ao mesmo tempo”, recorda Fabiana.

“Para isso precisávamos criar um software como serviço (SaaS), e ainda ofertar consultoria. Até aquele instante, a Gesto era 100% voltada à prestação de serviços”. Dois anos depois, rece-beram aporte do DGF, fundo de investimento com cerca de R$1 bilhão colocados em empre-sas de tecnologia e inovação. “A partir daí con-seguimos profissionalizar ainda mais a gestão e deslanchar no mercado”, afirma a empresária.

O desafio agora é colocar a Gesto entre as três empresas mais lembradas da catego-ria até 2020. A menina que tinha o sonho de construir coisas grandes aprendeu, também, que os sonhos e as referências de grandezas se transformam. “Hoje, eu tenho sonhos maiores”, declara. “É uma sensação cons-ciente, mas eu sou intuitiva e acho que é isso que leva a gente para a frente”.

Vislumbrei que objetos ainda maiores poderiam estar em chips. Mais tarde pensei que materiais grandes, na verdade, poderiam ser nanos. E depois descobri que coisas ainda maiores poderiam ser invisíveis.

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No início, foi preciso convencer as mineradoras sobre a eficácia das soluções apresentadas ao mercado. Hoje, a Itatijuca amplia portfólio rumo ao mercado de fertilizantes

A desafiadora arte de se tornar um

empreendedor

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BBiomédico, com mestrado e douto-rado em tecnologia nuclear, Rafael Vi-cente de Pádua Ferreira sonhava mes-mo ser pesquisador.

Passou anos debruçado sobre os livros até ser provocado por um amigo quan-do terminava o doutorado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – Ipen, com sede na Cidade Universitária. “Era meados de 2013, não havia pers-pectivas de abertura de nenhum concur-so público e ele me perguntou porque eu não abria uma empresa, com todo co-nhecimento que eu havia amealhado em tecnologia nuclear”, lembra. “Na hora não dei muita bola, mas depois comecei a pensar mais a fundo, afinal eu domina-va tecnologias que poderiam ser aplica-das em diversos setores.”

Mesmo assim, Ferreira demorou um pouco para decidir se estava ou não dis-posto a abraçar o desafio de deixar de ser pesquisador para se tornar empre-endedor. A provocação deu resultado. A Itatijuca Biotech nasceu no fim de 2014, dentro da incubadora gerida pelo Cietec, com a ajuda de um investidor anjo, que aportou R$ 100 mil no projeto.

A proposta inicial era oferecer biotec-nologia para a indústria de mineração. Mais precisamente, a adoção da técni-ca de biolixiviação. Na prática, uso de biorganismos cultivados em laboratório – inofensivos para a saúde humana e para o meio ambiente –, para recupera-ção de minérios.

O processo funciona assim: as bactérias se alimentam do enxofre existente no mi-nério, promovendo o desencapsulamento do metal, separando o ferro e o enxofre do cobre. O resultado é um resíduo iner-te, sem impacto ambiental.

De acordo com Ferreira, as bactérias podem ser usadas sem a adoção de áci-do sulfúrico para o processamento do minério. “Elas próprias produzem o áci-do necessário no processo”, afirma. Um método inovador no Brasil, que dois anos depois de validado levou a startup a fir-mar acordo com a multinacional Pöyry.

OS DESAFIOS“O primeiro desafio foi fazer negócio

com as mineradoras”, revela Ferreira. “Negociar com esse ramo é uma ciência única. Eles não conseguiam entender a

técnica porque para eles tecnologia é si-nônimo de um caminhão maior ou uma pá mais robusta.”

Com paciência e persistência, a Itatiju-ca foi espalhando seu processo, que traz como diferenciais, entre outros, a dimi-nuição dos custos de operação, melhor eficiência na recuperação do minério, além de economia de água e energia. De acordo com o fundador da startup, vá-rios projetos de mineração em operação no mundo não seriam viáveis sem a ado-ção da biolixiviação.

CAPILARIDADEA dificuldade em lidar com as mi-

neradoras, apesar da tecnologia inova-dora no País, fez a Itatijuca desbravar outras áreas. Hoje, além da mineração, atua também no segmento do agrone-gócio e de soluções industriais para di-minuição do impacto de resíduos. Tem 15 clientes em carteira, desses, apenas quatro mineradoras.

Para o setor agrícola desenvolve fer-tilizantes que beneficiam um aumento de produtividade entre 15% e 25%, e ainda uma redução de 50% nos cus-tos com a compra desses insumos. “O Cietec nos ajudou muito desde o início dessa trajetória, não só no jeito de negociar, mas na estruturação da empresa e até na forma como cobrar pelo trabalho”, afirma. “Sem contar que estar dentro de um ambiente ino-vador, ao lado de outras empresas de tecnologia, nos facilitou muito a ado-ção de novas parcerias.”

Apesar de atuar em tantas frentes, Ferreira não deixou a pesquisa de lado. Atualmente, a Itatijuca tem dois proje-tos aprovados pela Fapesp, dois Pipes Fase I, com resultados bastante positi-vos. “Um trabalha na retirada de enxo-fre de pneus para reaproveitamento da borracha e o outro é um novo herbici-da”, diz o fundador da startup.

A Itatijuca, garante o empreendedor, está pronta para crescer. A expectativa para os próximos dois anos é ampliar a venda dos biofertilizantes e entrar no mercado da América Latina. Para quem tinha dúvidas se saberia ou não empre-ender, a decisão de abraçar o desafio mostrou-se mais do que acertada.

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Estar num ambiente inovador, ao lado de outras empresas de tecnologia, facilitou na adoção de novas parcerias.

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Pioneirismo que fala

Conhecimento profundo na aplicação do laser na esfera industrial levou empresa a desenvolver o primeiro stent 100% nacional

ao coração

Quando começamos a desenvolver o Cronus, percebi que seria melhor criar uma empresa específica para o produto. Assim nasceu a Innovatech Medical, spin-offda LaserTools.

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EEmpreender após a aposentadoria vem se tornando uma alternativa para quem se recusa a pendurar as chu-teiras depois de décadas de trabalho. Foi exatamente o que fez Spero Pe-nha Morato, físico de formação, com doutorado nos Estados Unidos após passar 32 anos no IPEN.

Em 1998, três anos após conquistar o direito à cobiçada aposentadoria, ele voltou à ativa. Em parceria com outros seis colegas pesquisadores do Instituto criou a LaserTools, especializada em desenvolver soluções a laser para a in-dústria em geral. “Na época, ninguém conhecia o corte a laser, foi um sucesso enorme”, recorda. “No fim da década de 1990, a nossa inovação era fora da curva. Agora as aplicações industriais do laser se tornaram commodities”.

Morato faz questão de ressaltar que o objetivo da empresa era levar para o setor produtivo a expertise no uso do laser, acumulada por mais de duas dé-cadas nas bancadas de pesquisa. “Eu desenvolvi o laser e suas aplicações no IPEN e, posteriormente, fui convidado a criar um curso de aplicações indus-triais para ser adotado em países em de-senvolvimento”, recorda. “Quando ini-ciei as aplicações do laser no Brasil, elas já eram bastante conhecidas no exterior. O meu trabalho foi no sentido de inovar de forma incremental e não radical.”

A LaserTools, que hoje tem no de-senvolvimento de dispositivos médi-cos o seu principal negócio, foi apro-vada no edital de seleção das primeiras sete empresas a serem incubadas no Cietec. Permaneceu lá até 2002, quan-do mudou para uma área maior, po-rém, próxima à USP.

Acumulou uma carteira de mais de 3 mil clientes registrados. No mesmo ano, a empresa submeteu à Fapesp um projeto de desenvolvimento de méto-dos e processos de manufatura a laser de implantes metálicos biocompatíveis, incluindo stents coronarianos e perifé-

ricos – cilindro de tela metálica, acom-panhado ou não de balão, que pode ser inserido em artérias do coração ou em vasos periféricos obstruídos por placas de gordura e cálcio.

“Mais uma vez, era uma inovação in-cremental e não radical”, afirma Mora-to. O projeto foi aprovado. O primeiro stent 100% nacional, batizado com o nome de Cronus, foi criado pela equipe do empreendedor.

O corte a laser do metal e os protóti-pos do equipamento foram feitos pela LaserTools e a avaliação dos procedi-mentos para implantação foi realizada pelo Instituto do Coração (InCor), li-gado ao Hospital das Clínicas da Fa-culdade de Medicina da USP. “Quando começamos a desenvolver o Cronus, percebi que seria melhor criar uma em-presa específica para o produto”, afir-ma. “Assim nasceu a Innovatech Medi-cal, spin-off da LaserTools”.

A nova startup também foi incubada pelo Cietec. Atualmente, os stents são produzidos em escala industrial pela Scitech Medical, com sede em Goiânia, especializada na fabricação e distribui-ção de dispositivos médicos invasivos para as áreas de cardiologia, radiologia, neurologia, oncologia e endoscopia.

Morato lembra que até o fim de 2009, quando o Cronus entrou no mercado, todos os dispositivos utilizados na área da saúde no Brasil eram importados. Não havia nem a tecnologia, nem fabricantes no País.

Foram mais de seis anos para pes-quisar, desenvolver e ganhar escala industrial. A inovação foi, na época, objeto de estudo clínico internacio-nal, que contou com a participação do Centro de Investigaciones Me-dico-Quirurgicas de Havana, Cuba. “Quando acertamos a mão, vendi a minha cota na Innovatech para o só-cio de Goiânia e transferi a tecnologia para a empresa”, conta Morato. “Vol-tei para a produção sob contrato, per-manecendo na LaserTools”.

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Eles saíram da garagem para

Mais de um milhão de vidas são impactadas por ano com as inovações geradas pela startup, cuja atuação está ligada ao setor de terapia intensiva (UTIs)

ganhar o mundo

Hoje, exportamos para mais de 50 países e as vendas para o mercado externo representam 40% da nossa receita líquida.

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LLíder no mercado brasileiro de ventilação pulmonar de transporte, segmento tradi-cionalmente dominado por multinacionais, a Magnamed é a prova de que foco, deter-minação e a busca incessante pela inovação são capazes de transformar uma indústria.

Engenheiros de formação, um bom em-prego e um salário de respeito, Wataru Ueda, Tatsuo Suzuki e Taru Miyagi enxergaram na linha de produção de equipamentos médicos da empresa onde trabalhavam uma oportuni-dade para empreender.

“Nosso objetivo era projetar um equipamen-to de ventilação de emergência que resolvesse os problemas de peso, custo, complexidade e dura-ção da bateria”, lembra Ueda, CEO da Magna-med. “O nosso sonho sempre foi o de preservar mais vidas com o emprego do conhecimento de engenharia que recebemos por meio de escolas públicas, devolvendo-o para a sociedade em for-ma de produtos para a área da saúde.”

Ueda e Suzuki são formados, respectivamen-te, pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Kinjo pela Escola Politécnica da USP.

Juntos, na garagem da casa da mãe de Ueda, eles desenvolveram o protótipo de um calibrador adotado para testar ventilado-res pulmonares usados em UTIs, chamado VentMeter. Era o embrião da Magnamed.

No início de 2006, elaboraram um pla-

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no de negócios e submeteram à aprovação na Incubadora USP-IPEN-Cietec. “Fomos aprovados e os dois anos que permanecemos na incubadora foram de grande valia. Ali de-cidimos que nosso foco seria a produção de equipamentos para ventilação pulmonar de transporte”, afirma Ueda.

Ainda hoje, o empresário defende que empresas nascentes desfrutem do ambiente das incubadoras, porque todos se beneficiam com a troca de experiências e a vivência em uma comunidade que busca continuamente inovação e desenvolvimento.

Foi no período de incubada, também, que a Magnamed recebeu os primeiros recursos de subvenção da Finep, Fapesp e CNPq, os quais, segundo o empresário, foram essen-ciais para a continuidade das pesquisas.

O projeto do VertMeter foi finalizado em 2008, ano em que os sócios montaram a pri-meira fábrica no bairro da Vila Mariana, em São Paulo. Em 2010, a unidade recebeu a certifica-ção de Boas Práticas de Fabricação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No mesmo ano, o OxyMag, ventilador pulmonar portátil, que pode ser utilizado tanto em UTI quanto em ambulâncias, o primeiro grande pro-duto da Magnamed, recebeu o selo CE, indica-tivo de conformidade obrigatória para diversos produtos pela Comunidade Europeia. “A certi-

ficação nos abriu os caminhos da exportação”, afirma Ueda. “Hoje, exportamos para mais de 50 países e as vendas para o mercado externo representam 40% da nossa receita líquida.”

Com a boa aceitação do OxyMag, a com-panhia desenvolveu um portfólio completo de ventiladores pulmonares, que inclui o BabyMag (UTI Neonatal), o FlexMaeg (UTI), OxyMag Afile (UTI transporte) e FlexMag Plus (UTI).

A Magnamed cresceu. Soma mais de 1200 clientes no Brasil e no exterior. Em 2017, abriu uma fábrica e um escritório nos Esta-dos Unidos, na Flórida. Chamou a atenção dos fundos de investimento. Ainda quando dava os primeiros passos, em 2008, recebeu aporte do Fundo Criatec de capital semente e, em meados de 2015, do Vox Capital. Am-bos hoje têm parte no capital societário.

O que não mudou ao longo dos anos, po-rém, foi a disposição dos sócios em investir recursos em inovação e em parcerias com hospitais e instituições nacionais de renome, a fim de melhorar cada vez mais os ventiladores pulmonares. “Ao todo já vendemos mais de 10 mil equipamentos”, diz Ueda. “Estimamos que, apenas nas vendas para UTIs de trans-porte, um milhão de vidas são impactadas por ano. Cada equipamento atende em média dois pacientes por dia”. É isso, garante o empresá-rio, que o faz seguir em frente.

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Startup desenvolve conceito batizado como biofeedback cardíaco e planeja ampliar participação em mercados internacionais

Equilíbrio do corpo e da mente

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Nós tínhamos inovação, nosso produto era de impacto social e com grande potencial de mercado. O Cietec nos ajudou de diversas formas.

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NPT

Nove em cada 10 brasileiros no mercado de trabalho apresentam sintomas de ansiedade, do grau leve ao mais impactante. Cerca de 47% sofrem de algum tipo de depressão, recorren-te em 14%, de acordo com pesquisa realizada pela Isma-BR, representante local da Interna-tional Stress Management Association.

Um cenário alarmante que tem chamado à atenção não só da área da saúde, mas de muitos pesquisadores dispostos a reverter essa situação. Entre eles, Marco Fabio Coghi, que há uma dé-cada, quando estava prestes a se aposentar, foi ví-tima de estresse, considerado o mal desse século.

“Meus exames clínicos estavam ótimos, mas eu fui parar na UTI em meio a uma viagem”, recorda. Vegetariano, pós-graduado em Yoga e medicina indiana, ele passou a se aprofundar nos estudos de coerência cardíaca (forma regu-lar de batimento cardíaco) e psicossomáticos (como as emoções desequilibram a saúde física e mental das pessoas e vice-versa).

Em parceria com outros pesquisadores, Co-ghi desenvolveu o cardioEmotion, aparelho de biofeedback cardíaco, que mede as respostas fi-siológicas do coração. Com isso, o usuário con-segue mensurar seus batimentos cardíacos e re-alizar treinamentos para atingir níveis melhores por meio de jogos interativos no computador.

São dinâmicas simples controladas pela concentração e pela respiração mais tran-quila. Um sensor colocado na orelha ou na ponta dos dedos capta a frequência cardíaca que é reproduzida no computador. “Quan-to maior a ansiedade e o estresse, menor o nível de regularidade na frequência dos batimentos cardíacos”, diz Coghi.

No total são nove jogos interativos protago-nizados pelo Mestre Zenn – um monge virtual que aparece como tutor do programa –, que propõem um equilíbrio emocional e o conse-quente estado de coerência cardíaca. Os temas são todos relacionados às emoções positivas: criatividade, amor, bons sonhos, imaginação, paz, autocontrole, renovação e aconchego.

Estudos comprovaram a eficiência do uso do cardioEmotion no auxílio à redução do es-tresse e de males associados, como ansiedade, depressão, hipertensão e colesterol. Também registrou efeitos positivos sobre pacientes com asma, doenças coronarianas e cardíacas, além de promover a redução do cortisol (hor-mônio do estresse) e aumentar o dehidroe-piandrosterona (hormônio da juventude).

O projeto foi aprovado na incubadora em 2011, quando a Neuropsicotronics NPT foi criada, a fim de dar ao cardioEmotion escala industrial. Segundo Coghi, foram seis anos de desenvolvimento, que incluiu a produção de tes-tes do piloto, registro de pedido de patente e di-reitos autorais, além de validação dos benefícios.

“Nós tínhamos inovação, nosso produto era de impacto social e com grande poten-cial de mercado. O Cietec nos ajudou de diversas formas”, afirma Coghi.

“No registro da patente, na estruturação do marketing para entrar no mercado e no desenvolvimento da comunicação, pois se trata de uma tecnologia complexa aos olhos leigos”. Ainda hoje, mais de uma década após a criação do protótipo, não há nada se-melhante ao cardioEmotion no mundo.

O desafio comercial é grande. Desde o lançamento, cerca de 3 mil equipamentos foram comercializados. Um volume consi-derado ainda baixo diante de um investi-mento próximo de R$ 1 milhão.

A NPT tem 90% de suas vendas no mercado interno e 10% para Portugal e Canadá. A maioria da clientela (45%) é formada por profissionais da área da saúde, como médicos, psicólogos, dentis-tas e fisioterapeutas. “O próximo passo é oferecer a tecnologia em três idiomas: Português, Inglês e Espanhol, iniciando efetivamente o processo de internacio-nalização”, afirma Coghi, adiantando que espera com isso triplicar as vendas nos próximos dois anos”.

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modelo 3D

P3D

Empreendedor em série investiu no segmento e levou modelos virtuais interativos para milhares de salas de aula, inclusive na China

Educação no

O“Olhar de trás para frente é fácil, mas

é perigoso, porque cai na espuma da inovação, tudo parece muito simples”.

Quem afirma é Mervyn Lowe Neto, empreendedor nato, que em sociedade com Emerson Hyppolito fundou, em 2003, a P3D, empresa de tecnologia que cria modelos virtuais interativos para uso educativo. As imagens simu-lam os sistemas do corpo humano, or-ganismos de animais e plantas, a Terra, o espaço e corpos celestes. São mais de 1000 modelos para ensino de biologia, geografia e química.

Lowe faz o alerta baseado na própria história. Hoje, depois de 15 anos, a tec-nologia é um sucesso. Está presente em mais de 1000 escolas no Brasil e em mais de 3000 unidades educacionais no mundo todo. É usada em 30 países em 13 idiomas diferentes, inclusive no mandarim.

A P3D coleciona premiações. Foi considerada a mais inovadora na ca-tegoria pequenas e médias empresas pela Finep, recebeu três prêmios na área de educação na Suíça, entre eles, o Worlddidac Award, e dois na Espanha. “Parece que foi tudo simples e fácil”,

diz. “É esse olhar que classifico como ilusório, cair na espuma da inovação.”

A proposta da P3D era original em diversos aspectos: no produto, no ser-viço, porque as escolas podem alugar ou comprar o software; e na estratégia. A transformação da sala de aula em um ambiente de realidade virtual é fei-ta com um computador, um projetor, uma lousa eletrônica e o software P3D.

Sem conteúdo escrito, o sistema pre-serva o professor como ator principal da aula. Mesmo com tantos atrativos, a proposta demorou a vingar no Brasil, só ganhou espaço no mercado quando já era sucesso no exterior. Aliás, foram as negociações feitas na China que fi-zeram da startup uma empresa de peso.

“Negociamos por três anos até acer-tar o modelo”, lembra Lowe. “Quando finalmente fechamos o contrato cres-cemos exponencialmente em 10 pro-víncias, com mais de 7 mil escolas e milhões de alunos”.

Segundo ele, por ser uma inovação na área de educação e ter chegado muito cedo ao mercado, pelo menos na esfera nacional, o ciclo de adoção

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demorou muito a acontecer. “Sempre recusei dinheiro de fundo de investi-mento. Eles querem tudo rápido”, diz Lowe. “O nosso tempo não combina-va com a pressa desse perfil de inves-tidor, tenho certeza que seria demiti-do em poucos meses”.

O empresário afirma que o Cietec, onde a empresa chegou ainda nascen-te, foi fundamental em várias fases da P3D. “Primeiro para desenvolvermos um software de educação muito pró-ximo do ambiente da USP. Depois, na ajuda para captação do primeiro inves-timento e, ainda, para a ter acesso à inovação e novas tecnologias”.

Atualmente, Lowe não está mais à frente da rotina da P3D, que ao lon-

P3D

go do tempo também colocou o pé no mercado editorial, transformando-se numa editora digital. Trabalha como investidor, não gosta do rótulo de men-tor. “Sou um empreendedor em série, gosto de criar novos negócios, estou sempre atrás de novos sonhos, novos desafios”, revela. “A rotina não tem graça, busco sempre fazer algo novo.”

Aos 52 anos, Lowe tem quatro em-presas: a P3D, a Appus, que pesquisa e desenvolve soluções que ajudam a aprimorar a gestão de pessoas, a Lear-ning7, na China, e a Nós Innovators, consultoria que atua na gestão de espa-ço de inovação para startups. “Quero construir algo grande e empreender é o caminho”, afirma.

O CIETEC foi fundamental. Primeiro para desenvolvermos um software de educação muito próximo do ambiente da USP. Depois, na ajuda para captação do primeiro investimento e, ainda, para a ter acesso à inovação e novas tecnologias.

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PHI INNOVATIONS

Interação e fomento para explorar os

Ao aproveitar oportunidades como a Lei da Informática, startup construiu expertise em projetos para grandes clientes

limites da tecnologiaCIETEC.INFO

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PHI INNOVATIONS

Tem uma coisa que é a dificuldade de empreender por si só. Outra é empreender na área de serviços de engenharia e desenvolvimento. É um mundo à parte. Além das exigências técnicas muito específicas, temos que aprender, por exemplo, a embutir no preço final todos os riscos inerentes de cada projeto sem espantar os clientes. Essa conciliação foi o maior desafio e com o Cietec nos tornamos aptos a vencê-lo.

Adaptabilidade. O termo parece se en-caixar muito bem quando relacionado à Phi Innovations, especializada em pesqui-sa e desenvolvimento de software e har-dware para sistemas embarcados.

A versatilidade é percebida inicialmente na variedade dos cases destacados no site da empresa: desde um monitor de sinais vitais para hospitais até um cadeado ele-trônico inteligente.

Mas a flexibilidade não acaba aí, já que, ao longo dos anos, a empresa passou por mudanças importantes para manter-se relevante: trocas de endereço, entrada de sócios, além de adições e subtrações ao número de integrantes da equipe. Tudo encarado como “parte natural do proces-so de se criar e manter um negócio”, se-gundo palavras do fundador, o engenhei-ro eletricista Flávio de Castro Alves Filho.

APRENDER A EMPREENDERA Phi Innovations se vinculou em 2009

à Incubadora USP/IPEN-Cietec, dentro do contexto de um programa da Finep chamado Prime. “O agente coordenador do programa em São Paulo era o Cietec. Fomos aprovados no processo de seleção e, em seguida, passamos a contar com o auxílio da incubadora como empresa não residente”, explica Castro.

Já naquela época, os projetos de P&D encontraram espaço em empresas clien-tes graças ao incentivo recebido por elas por meio da Lei de Informática. Essa “dica” foi uma das primeiras van-tagens da incubação.

“Tem uma coisa que é a dificuldade de empreender por si só. Outra é empreen-der na área de serviços de engenharia e desenvolvimento. É um mundo à parte. Além das exigências técnicas muito es-pecíficas, temos que aprender, por exem-plo, a embutir no preço final todos os riscos inerentes de cada projeto sem es-pantar os clientes. Essa conciliação foi o maior desafio e com o Cietec nos torna-mos aptos a vencê-lo.”

INTERNET DAS COISASCastro revela que continua destemido

em relação às mudanças. “A gente está passando por um novo processo de re-estruturação não só de equipe, mas tam-bém nos negócios. Em 2017, mudamos de Campinas para Mogi Guaçu. Agora, estamos reduzindo os projetos de P&D e oferecendo soluções de integração de sistemas para a internet das coisas. É uma coisa que está em evidência, existe demanda e a gente acredita que a ques-tão da aplicação dessa tecnologia no ambiente industrial vai ser o nosso fu-turo. É a oportunidade que vamos abra-çar. Está aderente ao que sabemos fa-zer, porque no passado nós projetamos vários equipamentos de telemetria... no que se costumava chamar de Machine to Machine Communication”, detalha o empreendedor.

QUATRO PILARESPara ele, são quatro as maiores vanta-

gens que uma empresa pode encontrar dentro de uma incubadora como a gerida pelo Cietec. O primeiro é o custo com a infraestrutura, que fica reduzido. “Pode parecer bobagem, mas são pontos-chave para se iniciar qualquer empreendimento. Ter internet rápida e barata, gastos meno-res com telefone e com o próprio espaço físico onde a empresa funciona, faz uma grande diferença. No caso do Cietec, ain-da tem um espaço de co-working”.

O segundo ponto é a proximidade com a USP, que facilita o encontro de mão de obra disponível. O terceiro é a con-vivência com outras startups. Há troca de informações, ajuda mútua e, às vezes, surgem parcerias. “Isso é muito impor-tante. Dá um ânimo extra. Um acaba aju-dando o outro.”

E o quarto ponto é o apoio institucio-nal. “Para revisar apresentações comer-ciais, balanços financeiros, coisas que a gente não tem familiaridade... a parte ad-ministrativa da coisa.”

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NEXXTO

Dados sob controle

Foi sentado num café, com o amigo de faculdade Lucas Almeida, que Antonio Car-los Rossini Júnior rabiscou em um pedaço de papel 25 ideias que poderiam virar negó-cio e, consequentemente, abrir espaço para que a dupla empreendesse.

Das três que sobraram depois de afunilar muito, a tecnologia de RFID (identificação por radiofrequência) parecia a mais viável, pelo menos no fim da primeira década dos anos 2000. “Era mágica e tinha tudo para dar certo, porque permitia a economia de dinhei-ro na gestão de estoque, da logística e ain-da reduzia muito o custo da gestão”, afirma Rossini. “Encontramos de saída um nicho de aplicação bem interessante: gestão de ativos de alto valor agregado para data center.”

O primeiro passo foi escrever um plano de negócio, não para colocar a ideia em prá-tica, mas para entender melhor o que a nova tecnologia era capaz de fazer. Por indicação de um outro amigo, Rossini soube que o Cietec estava com edital aberto para novas empresas. “O primeiro a visitar a incuba-dora foi o Lucas, que voltou encantado”, lembra Rossini. “O lugar reunia empresas incríveis em diversas áreas. Entramos em novembro de 2010, sem que a maioria sou-besse exatamente o que fazíamos.”

De simples não tinha nada mesmo. A Ne-xxto, na época ainda denominada RFIdeas, iniciou sua trajetória oferecendo um siste-ma de rastreamento e gestão de ativos de TI baseado na tecnologia RFID. “Era uma

espécie de geolocalizador indoor e em tem-po real com foco no aumento da eficiência operacional e segurança da informação”, lembra o CEO.

O programa era muito inovador e ganhou apoio da Fapesp (PIPE I) para construção de um portal RFID integrado e completo, porém compacto e leve. O primeiro cliente veio em 2012, depois de meses de negociação. Serviu para testar a resiliência dos empreen-dedores e colocar o caixa na startup no azul.

Um ano depois, a empresa venceu o prê-mio Data Center Dynamics Awards, na cate-goria inovação, concorrendo com Amazon e Itaú. “Era o aval que precisávamos para ter a certeza de que estávamos no caminho certo”, afirma Rossini. A solução ganhou o mercado em 2014 e passou a ser usada por clientes de grande porte porque reduz per-das, extravios, aumenta a eficiência operacio-nal e eleva a qualidade da gestão.

BEBENDO NA FONTEFoi a premiação no Desafio Brasil

que levou os sócios da startup para uma imersão no Vale do Silício, nos Estados Unidos. “A ideia era tomar um banho de inovação e entender o que estava aconte-cendo no mercado americano”, diz Ros-sini. “Fomos alunos aplicados e apren-demos rapidinho o que era Internet das Coisas, uma nova tecnologia que come-çava a despontar e prometia mudar a vida das pessoas e dos negócios rapidamente.”

em tempo realAposta em tecnologias de IOT revolucionam o jeito de gerenciar ativos

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NEXXTO

Na volta, foram em busca de finan-ciamento para construir uma platafor-ma de IOT (internet das coisas, na sigla em inglês) de monitoramento em tempo real. Ao mesmo tempo, a empresa rece-beu aporte do Fundo SP Ventures, que em 2015 entrou como sócio minoritário. Foi deles a proposta de trocar o nome de RFIdeas para Nexxto, desvinculando a marca da tecnologia.

A startup cresceu, aprimorou seu por-tfólio com o desenvolvimento de novas tecnologias para monitoramento por meio de sensores e em tempo real. Segundo Rossini, o sistema criado pela Nexxto pos-sibilita 100% de visibilidade em tempo real da temperatura e umidade das estufas, ge-ladeiras, freezers, balcões refrigerados, câ-maras frias e centros de distribuição.

Os sensores identificam de forma pre-ventiva falhas nos equipamentos, per-mitindo aos clientes saber, na tela do celular, via aplicativo, e-mail, relatório e

até alarme, se há algum problema com a operação. Com isso evita-se quebra de equipamentos, perda de mercadorias e atendimento eficiente às normas e con-troles exigidos pela Vigilância Sanitária.

O novo posicionamento ajudou a em-presa a ingressar em novos mercados, como o varejo, setor farmacêutico, gran-des empresas de facilities e toda a cadeia alimentícia de frio, oferecendo uma so-lução que permitisse reduzir desperdício. Tudo baseado em IOT.

São mais de 50 clientes, entre eles, Grupo Raia Drogasil, Ofner, Cacau Show e Lenovo. “A primeira solução desenvolvida quando chegamos ao Cietec virou líder de mercado”, diz com orgulho o CEO da Nexxto. “Nos próximos dois anos, queremos nos consolidar como a principal empre-sa do País em sensoriamento remoto e referência em IOT para os setores onde hoje operamos.”

A primeira solução desenvolvida quando chegamos ao Cietec virou líder de mercado.

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SALT AMBIENTAL

das ondasStartup cria tecnologia para monitorar o comportamento dos oceanos e seus impactos econômicos na sociedade

No balanço

IInaugurada em janeiro de 2016, a um custo de R$ 44 milhões, a Ciclovia Tim Maia, li-

gando os bairros do Leblon e São Conrado, era para ser um dos cartões postais do Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos.

Seria, não fosse o impacto de uma forte onda, que destruiu um trecho de 20 metros da pis-ta, na Avenida Niemeyer, causando a morte de duas pessoas. O projeto original subestimou o aumento da intensidade das ondas, por não mergulhar a fundo nos cálculos.

Rever esses dados, oferecendo um modelo numérico para a configuração do costão, é a tarefa da Salt Ambiental desde outubro deste ano.

A empresa, criada em 2010 por quatro sócios, oferece serviços de processamento de variá-veis meteoceanográficas, como altura e direção das ondas, temperatura, salinidade e nível do mar. “Estamos realizando inspeção com drones para fazer o mapeamento de localização dos pontos mais críticos”, diz o oceanógrafo Daniel Ruffato, sócio-fundador da Salt Ambiental. “Somaremos dados submersos com imagens externas, a fim de obter o maior volume de informações possíveis, que ajudarão na reconstrução da ciclovia.”

Apesar dos 8600 quilômetros de costa, o monitoramento das condições do oceano no Bra-sil era praticamente inexistente até meados dos anos 2000, quando a exploração do petróleo e o transporte de cargas começaram a demandar estudos mais precisos.

Foi nessa época que a Salt Ambiental chegou ao Cietec, com muita vontade e um pré-pro-jeto. “Nós não tínhamos nenhuma noção do que era ser empreendedor”, diz Ruffato. “Apren-demos dentro da incubadora, onde conhecemos investidores, participamos de programas de inovação, de cursos na área técnica e comercial, além de permanecer próximos da USP.”

Empresa estruturada, os primeiros clientes foram as grandes consultorias e terminais por-tuários. Desde a sua fundação, a Salt Ambiental já realizou mais de 200 análises para estudos de implantação de empreendimentos, a maior parte ligados às áreas de logística e petróleo.

Entre os projetos está o Sistema Integrado de Monitoramento Ambiental Participativo do Litoral Norte de São Paulo, plataforma on-line que produz dados georreferenciados sobre condições ambientais, com informações sobre as praias, pontos de mergulho, localização de animais marinhos, entre outras referências. A extensão é de 250 quilômetros, contemplando praias, costões rochosos e manguezais.

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Atualmente, a startup atua em quatro fren-tes: Geofísica Aquática, estudo de fundo sub-merso de lagos, lagoas e mar para projetos de drenagem, construção de pontes, túneis e passagem de cabos elétricos e de fibra ótica; Estudos Ambientais, oferecendo consultoria e serviços na área de licenciamento ambiental; Tecnologia da Informação e Comunicação, com transmissão de dados em tempo real; e Desenvolvimento de Equipamentos.

“Na área de TIC, por exemplo, estamos automatizando os dados de índice de qua-lidade da água da Cetesb”, afirma Ruffato. “Hoje, para se obter o resultado é preciso esperar 10 dias desde a data da coleta da água. A nossa tecnologia permite testar em tempo real, o que garante uma tomada de decisão mais rápida”.

Na área de Geofísica Aquática, por sua vez, a equipe da Salt Ambiental trabalhou na montagem de um sistema de medição subaquático, adaptado a motos aquáticas. “O objetivo é ter mais autonomia em áre-as de risco ou ambientes mais dinâmicos como corredeiras, arrebentação de ondas ou em áreas mais rasas”.

Na mesma linha, um catamarã de 1,20m, com controle remoto, deverá contar, em

breve, com tecnologia embarcada suficiente para compor um mapa de dados.

SALT AMBIENTAL

RUMO AO EXTERIOREm seus projetos a Salt sempre teve o

apoio dos programas de inovação da Fa-pesp, que já somaram R$ 2,5 milhões. O que demandou muita atenção dos pesqui-sadores está ligado à criação e reprodução da água viva em ambiente confinado. “Tra-balhamos com inovações na área de biotec-nologia para purificar o colágeno produzido pela água viva para aplicação médico-far-macêutica”, diz Ruffato.

“Desenvolvemos o método de extração de colágeno da água viva nativa da costa do sudeste, cujo colágeno tem ação terapêutica para regeneração de tecido com queimadu-ras. Também é fonte de nutrientes para cons-truir novas células, com baixa rejeição.”

Representante no Brasil de três fabrican-tes internacionais de equipamentos para oceanografia, a Salt Ambiental espera al-cançar um faturamento de R$ 5 milhões até 2020 e firmar contratos mais longos, com duração entre três e cinco anos. “Aí então estaremos prontos para a internacionaliza-ção”, diz o empresário.

Trabalhamos com inovações na área de biotecnologia para purificar o colágeno produzido pela água viva para aplicação médico-farmacêutica.

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Após dominar a reciclagem de lâmpadas fluorescentes, empresa prepara tecnologia inovadora para o crescente mercado de LED

À luz dosbons negócios

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TRAMPPO

Um processo industrial capaz de retirar o chumbo das lâmpadas de LED é a aposta da Tramppo, empresa com tecnologia de ponta para descontaminação desses objetos.

A indústria nasceu em 2003, incubada pelo Cietec, com a proposta de ser o elo final do programa de logística reversa de lâmpadas. Desde a fundação, evita que o mercúrio das fluorescentes vá parar nos solos e rios.

Com a chegada das lâmpadas de LED (Light Emitting Diodes, na sigla em In-glês), a Tramppo se prepara para uma grande mudança no mercado em que atua. A tecnologia que vai livrar o meio ambiente dos perigos dos metais pesa-dos existente nessas lâmpadas está sendo desenvolvida pela empresa brasileira em parceria com universidades europeias.

A façanha, anunciada com orgulho pela engenheira Elaine Menegon Chermont, está perto de ser concretizada. A empre-sa já iniciou o projeto junto ao Instituto Paulista de Tecnologia (IPT). “A logística reversa se ampliou e não é só para as lâm-padas que contêm mercúrio. É para todo o sistema de iluminação. Tem muito alu-mínio, chumbo e outros metais que você pode reaproveitar”, afirma. “Nós antevi-mos isso. Não existe nada mais tecnológi-co do que o nosso projeto de reciclagem de LED, nem mesmo na Alemanha, uma referência na área”.

Até chegar ao estágio de ver a sua em-presa desenvolver uma tecnologia ino-vadora, a engenheira eletrônica formada pela Universidade Mauá passou por pou-cas e boas. Depois de trabalhar durante anos na iniciativa privada, Elaine decidiu que queria ter o próprio negócio.

Teve uma rápida experiência à fren-te de um quiosque de café, o suficiente apenas para sentir que o comércio não era a sua praia. “Vendi o quiosque e fui buscar algo novo”, lembra a empresária. “No Café Tecnológico do Cietec, conhe-ci um projeto nascente de reciclagem das

“Nós já tínhamos recebido o dinhei-ro do PIPE 1 e dado entrada no PIPE 2”, recorda. “Foi com esse dinheiro que conseguimos fazer a segunda máquina, que funcionou. Ao longo dos anos fo-mos melhorando nossos processos até chegar ao estágio atual”.

Para poder atuar nesse nicho de mer-cado, a empresa precisou de uma série de licenças ambientais. Como as certifi-cações da Cetesb são dadas para o local onde a empresa está instalada, foi preci-so muito planejamento para as mudanças necessárias na medida em que a Tramp-po ia crescendo.

“Saímos da Incubadora USP/IPEN--Cietec em 2010 para uma área de 750 m², em Cotia”, conta. A segunda grande mudança aconteceu cinco anos depois. A área em Cotia se tornou pequena. Além disso, a localização às margens da rodo-via Raposo Tavares virou um transtorno. A logística da Tramppo envolve, princi-palmente, o uso de caminhões para reco-

Ao invés de importar, fizemos a nacionalização da máquina.

lâmpadas. Entrei na sociedade junto com um amigo”.

TEMPOS BICUDOSO investimento inicial de cada um dos

sócios foi de R$ 200 mil. Elaine guardou uma quantia equivalente numa poupança para enfrentar os “tempos bicudos” que ela imaginou que viriam pela frente. E eles vieram. O primeiro susto veio com o não funcionamento da máquina de re-ciclagem, que havia consumido todo o caixa da Tramppo.

lher o material a ser reciclado. E isso sig-nificava dezenas de horas de caminhões parados nos congestionamentos na che-gada à capital paulista.

“Encontramos um lugar em um con-domínio industrial em Osasco. Precisá-vamos de um local maior”, afirma Elia-na. “Dobramos a área e a nova planta passou a ter 1.600 m²”.

Para atender à demanda dos clien-tes também era necessário um segundo equipamento. Ele foi adquirido junto a Mercury Recovery Technology (MRT), empresa sueca com tecnologia de ponta em tratamento de lâmpadas fluorescen-tes. A usina foi a primeira a ser instalada na América Latina e colocou a Tramppo no mesmo patamar tecnológico das reci-cladoras europeias, além de aumentar a capacidade de produção.

O PULO DO GATOUma parte do novo equipamento já

existia no Brasil. Mas era preciso impor-tar o restante dos componentes da Su-écia. “Ao invés de importar, fizemos a nacionalização da máquina. Começamos a fabricar as estruturas que não tinham no País, porque cada peça que quebrasse seria necessário trazer de fora”, afirma Elaine. “Custaria uma fortuna e levaria muito tempo para chegar”.

Enxergar e fazer a leitura correta dos conceitos de sustentabilidade em uma épo-ca em que poucos se atentavam para isso, e o Brasil apenas engatinhava nos primeiros movimentos em direção à logística reversa, foram diferenciais para a empresa.

Hoje, a Tramppo tem a liderança no mercado paulista e começa a entrar forte também no Rio de Janeiro. Os clientes são os gigantes do grande varejo, indústrias, montadoras, prefeituras, universidades, outros órgãos públicos e, principalmente, as gestoras ambientais. “A iluminação está em todos os segmentos”, diz Elaine. “Es-paço para crescer é o que não falta”.

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Com incursões pela Coreia do Sul, startup brasileira expande fronteiras e investe na gamificação para conquistar novos mercados

O uso da realidadevirtual em prol da

educação

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virtual em prol da

educação

QQuem visita o Museu Catavento Cultural, no centro de São Paulo, não consegue pas-sar adiante sem parar na sala que abriga a exposição Dinos do Brasil, uma expedição virtual ambientada no período cretáceo.

A mostra, que recebeu investimentos da ordem de R$ 3 milhões via Lei Rouanet, é o cartão de visitas da VR Monkey, star-tup especializada em projetos de realida-de virtual, comandada pelos sócios Pedro Kayatt, Keila Kayatt e Vinícius Vecchi.

Engenheiro de computação, com pas-sagem pela Universidade de Milão, Kayatt iniciou sua trajetória profissional no uni-verso dos games. Viveu a migração dos jogos digitais para os smartphone até que, em 2012, abriu a Naked Monkey Games.

“Um ano depois, apresentei o projeto ao Cietec e fui aceito. Queria trabalhar em um ambiente de inovação, próximo da mão-de-obra especializada. O home office não me agradava”, conta.

Na mesma época começou o mestra-do e conheceu Vinícius Vecchi, que tam-bém tinha experiência na área de jogos digitais. Juntos, fecharam um bom con-trato com a Microsoft. Por dois anos as parcerias com grandes empresas ga-rantiram o caixa da startup, enquan-to os jogos da marca não explodiam

CASE VR MONKEY

EDUCANDO O MERCADOA virada veio em 2014, quando Kayatt

teve contato com o kit de realidade virtual da americana Oculus. “Era muito diferen-te de tudo o que era produzido na área de óculos de realidade virtual”, afirma. “En-xerguei naquela tecnologia uma oportuni-dade de negócio e decidi apostar”.

Na época, o mercado brasileiro conhe-cia muito pouco sobre as possibilidades de uso da nova tecnologia. “Ainda hoje é difícil explicar o que é realidade virtu-al, aumentada e mista”, diz. “Temos uma tecnologia inovadora que precisa ser ex-perimentada por quem responde pela to-mada de decisão.”

A disposição da startup em mudar esse cenário rendeu frutos. Recebeu aportes de investidores-anjo, empresários estabe-lecidos dentro do próprio Cietec, e apro-vação em vários programas da Fapesp.

Em 2016, foi selecionada para um edi-

tal da Samsung-Anprotec. O projeto re-sultou no primeiro jogo criado por uma empresa brasileira para o Play Station. Nesse mesmo ano, a VR Monkey foi con-vidada pelo Google para estagiar na Co-reia do Sul, levando na bagagem os pri-meiros estudos do projeto Dino Brasil.

“Quando chegamos lá, os coreanos não acreditavam que aquele material era feito no Brasil e muito menos por um time pequeno com tanta qualidade”, re-corda com alegria Kayatt.

DE OLHO NA PRATELEIRADesde então, a VR Monkey não para de

crescer. Fechou negócios com empresas do porte da Votorantim, Gerdau, XP In-vestimentos, Renner e Klabin para levar a realidade virtual para dentro da indús-tria e do ambiente corporativo, seja com a oferta de módulos de capacitação, seja com games de raciocínio lógico.

“Projetos customizados são essenciais para abrir novas frentes de negócio”, afirma o empresário. “O próximo passo será ganhar escala com soluções de pra-teleira que se adaptem às necessidades de diferentes clientes.”

No total, são mais de 40 projetos fei-tos desde 2015, nas verticais de proprie-dade intelectual, jogos com a marca VR Monkey vendidos em lojas digitais, e pro-dutos customizados, que respondem por 70% do faturamento.

Mas, sem dúvida, são os projetos vol-tados à área educacional que fazem os olhos de Kayatt brilharem mais. “Experi-ências com óculos digitais proporcionam um ambiente de aprendizado mais imer-sivo, com menos interferência externa, prendem a atenção dos alunos”, afirma.

Nessa linha, a VR Monkey criou o 7VR Wonders, aplicativo que repro-duz uma viagem pelas sete maravilhas do mundo, e o Laboratório do Futuro, oficina virtual para ensino de química, física e biologia. “É o nosso primeiro projeto dentro do conceito de escala-bilidade, capaz de figurar na prateleira e atender a várias empresas”, comenta. “É o caminho para aumentar nossa ren-da recorrente, o que nos viabilizará do-brar de tamanho até 2020.”

Apresentei o projeto ao Cietec e fui aceito. Queria trabalhar em um ambiente de inovação, próximo da mão-de-obra especializada.

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Tecnologia nas Com faturamento anual de

R$ 6 milhões, startup domina o mercado de veículos aéreos não

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Sabíamos que o Cietec iria facilitar nosso entendimento do mundo do empreendedorismo.Teríamos acesso a laboratórios.

CIETEC.INFO

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XMOBOTS

Quem visita a maior fábrica de VANT – Veí-culo Aéreo Não Tripulados – do País, localiza-da em São Carlos, a 228 quilômetros da capital paulista, ouve os funcionários comentando com orgulho que a empresa, a XMobots, foi a centésima startup a se graduar no Cietec. “É um número cabalístico”, diz em tom de brin-cadeira o CEO e fundador, Giovani Amanti.

Paranaense de Rolândia, ele saiu direto dos bancos da Escola Politécnica da USP para cons-truir uma carreira de empreendedor de sucesso.

Para chegar à liderança de um mercado que tem 15 fabricantes, outros 300 prestadores de serviços e 12 mil VANTS e drones regis-trados na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) houve, sim, muito trabalho.

Fundada em 2007, a startup tinha na com-posição original nove sócios, todos colegas no curso de engenharia mecatrônica. Ao lon-go do tempo, muitos deixaram a empreitada. “Sou filho de comerciantes e sempre tive esse lado de ser dono do próprio negócio”, diz o CEO da XMobots. “Em 2004, enxerguei essa possibilidade de trabalhar com robótica e ganhar dinheiro com isso. Era um mercado totalmente inexplorado no Brasil”.

Durante a graduação – concluída em 2005 – Amanti fez iniciação científica na área de desenvolvimento de aviões radio-controla-dos usados em testes de aerodinâmica, sis-temas de controle e outros. Ele e os amigos tiveram a ideia de instalar no aeromodelo uma câmera para monitoramento.

Deu certo. Logo, fecharam contrato com o consórcio responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, em Rondô-nia. A ideia era usar o equipamento na inspeção

das linhas de transmissão. Foi quando cursava o segundo ano do doutorado, que sentiu a neces-sidade de profissionalizar o projeto.

O caminho era o Cietec. “Sabíamos que o Cietec iria facilitar nosso entendimento do mun-do do empreendedorismo. Teríamos acesso a laboratórios. Fizemos o plano de negócios em 2007”, conta. “Nós buscávamos orientação da melhor forma de transformar uma empresa de um produto tecnológico em uma empresa de tecnologia. A XMobots foi para uma sala de 6 m², onde cabiam, apertadas, duas mesas. Mas o ambiente da incubadora revolucionou a em-presa. “Foi uma fonte de conhecimento. Apren-demos como funcionava o financiamento de pesquisas para empresas”, recorda Amanti. Os resultados não tardaram. Em 2009, receberam cerca de R$ 200 mil via Fapesp e CNPq para melhorar o único protótipo.

Com o dinheiro dos órgãos de fomento à pesquisa e o contrato de monitoramento da Usina de Jirau, a XMobots começou a ganhar o reconhecimento do mercado e receber no-vos aportes. Era hora de “voar” mais alto, no espaço da incubadora mal cabiam os aviões.

Além disso, havia dificuldade com o espa-ço aéreo para os testes, que precisavam ser feitos na Fazenda Ipanema, em Sorocaba, a 100 quilômetros da capital. Em 2001, eles decidiram se instalar em outra cidade, com menor custo de vida, mão-de-obra qualifica-da e céu de brigadeiro para testes.

“Analisamos vários lugares, todos com cultura aeronáutica e chegamos à conclusão de que São Carlos era o mais indicado para o nosso negócio. Viemos de mala e cuia e os funcionários vieram junto porque eles acreditavam na empresa”, diz.

A velocidade de desenvolvimento, garante o empreendedor, aumentou muito. Vale lembrar que, em 2017, a XMobots faturou R$ 6 milhões e a previsão é quase dobrar este valor em 2018.

OBSTÁCULOS E SUPERAÇÃOA XMobots nasceu para prestar serviço. A ae-

ronave era para uso próprio. Mas assim que se ins-talou em São Carlos houve um baque. Em 2012, a Anac lançou o primeiro regulamento de drones, a Instrução Suplementar 21-002 que na essência es-tabelecia a proibição do uso comercial de drones.

“O nosso modelo de negócio, todo baliza-do na prestação de serviço, morreu. Encer-ramos a operação de Jirau e viramos fábrica de vez. Vendemos as primeiras unidades, deu certo, fomos amadurecendo cada vez mais o produto até chegar no que é hoje”.

Atualmente, a XMobots fabrica três tipos de aeronaves: o Arator, um drone compacto para mapear área de até mil hectares; o Echar que chega a mapear até 7 mil hectares por voo, usado em usinas de cana-de-açúcar, fis-calização ambiental e georreferenciamento de imóveis; e o Nauru, que faz o mapeamento de até 50 mil hectares em um voo e é usado em áreas impossíveis de serem levantadas com drones convencionais do mercado.

Da linha de produção saem todos os meses quatro unidades do modelo Arator e uma do Echar, independente de pedidos. A XMobots também desenvolve sensores, câmeras e sub-produtos, como antena, catapulta, o case de transporte. “Temos o domínio de 100% da ca-deia produtiva”, diz Giovani, observando que já são 200 VANTs voando no Brasil e no Chile e, dentro em breve, também em Angola.

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EMPRESAS INCUBADAS

3DCRIAR Alchemy Aluno ApplicadoAmba 3DAngoera AromaticAvalia SaúdeBanib ConectaBiodiversitéBiofusionBiolinkerBright Carbosolo Celluris

Diagnóstico FácilDiagnóstico Vet Fácil EpistemicEquiptechEssencisEverestFairtradersFleximedicalFullfaceGaugitGreen PlataformsH2O CompanyIbiotechIBRA

NTU Odseiaomni OX & CO2 PluricellPolynanoPorto PorterProtect MaisRadecoRAE ElectricRibermanRW Scheme LabSelenolife

Immunogenic Imunotera IPPG LaraiaLemobbLíberaLimace LogstoreLotanLSI-TECMocapMultitecno BRMXR Notus

Sonata SyntheticTacla TallahasseeTech InnovationUrbitVario MetalVirgin LawyerVirtual ChampionVirtualEyeVIS Ylive

EMPRESAS INCUBADAS EM NOVEMBRO DE 2018

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EMPRESAS GRADUADAS

EMPRESAS GRADUADAS

Abstra Adespec AdTS AJ AlphaBR Anod-Arc APPSimples Aquabona Arkos Átomo Atos Baumer Berrocal BHS Bioactive Bioforte Biopolis Biosintesis Bolsa de Produtos Bonavision BR3 Brasil Ozônio Brats CEMSA Certsys Cetre CHEM4U Ciaflora BR Ciallyx CNZ Coll Compass Croma Cyrbe Dankia GeneraDCSystem De Pessoa para Pessoa DEV

DevcaseDigimat VXIA EBComEcallsEccaplan Ecodigital Ecomedical Econolig Econtrol Electrocell Enercycle EngageXEngrenar ExcelChip Exon Expertec Fábrica de AplicativosFarmarin Fermium Física Médica Flexiware Genoa Gesto SaúdeGetussp Globalmag GM Grinover Highcom Hormogen Ibasil IC-BR IconnaIndigo Infomobile Innovatech Inoveo Inprogeo Insolita Studios Instituto Invel

Op2B Orbys Overmedia P2S P3D Paperless Phi Innovations Planta Polyanalytik PPE Pro Duto Pro-Line PULLUP QINova Quasar R3M RB Recursos HídricosReciclapac Red, Orange and Green Rochmam SalavivaSALT Scitech SD Internetworks Sentry Sharewater Simulate

Itatijuca Jacopiei Khemia Kiir Industria KMA2 Koller & Sindicic Panizza Lasertools Livronline LM Lontra Lotus Lumintech Magnamed Majer & Majer Mamute Mídia Medsigns Mind MProjects Mvisia Naked Monkey Nanofitotec NETVMI Nexus NexxtoNovari Novidá Novo Mel NPT Neuropsicotronics

Sintefina Sistema Ciclo Site Educacional Sociedade do SolSOLLIS STQ T2V Take The Wind Tamoios Tec3geo Tecxhall TEIA Testmat TerrafisicaTIC Educa Timpel Torr Tramppo Trapa CameraTridskin Trion Tec Radion V Company V2 VIOTTI Visionaltech XMOBOTS Zelus

ATE NOVEMBRO DE 2018´

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CENTRO DE INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E TECNOLOGIA

Cietec Associação de direito privado, sem fins lucrativos • CRCE 3215/2012

CONSELHO DELIBERATIVO AGE de 05/04/2018

• Plínio Oswaldo Assmann

(Presidente do Conselho Deliberativo do Cietec)

• José Roberto Castilho Piqueira

(Vice-Presidente do Conselho Deliberativo do Cietec)

• Guilherme Ary Plonski

• José Octavio Armani Paschoal

• Luis Carlos de Souza Ferreira

• Marcelo Hiroshi Nakagawa

• Pedro Wongtschowski

• Rodrigo Gasparini Comazzetto

• Spero Penha Morato

DIRETORIA EXECUTIVA

• Diretor-Presidente

- Claudio Rodrigues

• Diretor Executivo

- Sergio Wigberto Risola

• Diretor de Administração e Finanças

- José Pereira Lopes Leal

COORDENAÇÕES

• Coordenação de Administração e Finanças

- Luis Gustavo Malzone

• Coordenação Técnica

- José Carlos de Lucena

• Coordenação de Gestão Tecnológica

- Isac Wajc

• Coordenação de Tecnologia da Informação

- Fabio Lopes

• Coordenação de Negócios e Relações Internacionais

- Oscar E. Nunes

• Coordenação de Comunicação Institucional

e Comercialização

- José Aluízio Guimarães

MEMBROS DO CONSELHO E GESTÃO

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MEMBROS DO CONSELHO E GESTÃO

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