aplicação de avaliação pós-ocupação (apo) em ambiente escolar
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APLICAÇÃO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO
(APO) EM AMBIENTE ESCOLAR
Laíze Santos Silva
Projeto de Graduação apresentado
ao Curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador:
Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Setembro, 2016
ii
APLICAÇÃO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO
(APO) EM UM EDIFÍCIO ESCOLAR
Laíze Santos Silva
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉC
NICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU
DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
Prof.º Elaine Garrido Vazquez
Prof.º Leandro Torres Di
Gregorio
Prof.º Sandra Oda
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
SETEMBRO de 2016
iii
Silva, Laíze Santos
Aplicação de Avaliação Pós-Ocupação (APO)
em ambiente escolar / Laíze Santos Silva – Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016
XIII, 129p.: i l .: 29,7 cm
Orientador: Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI /
Engenharia Civil, 2016.
Referências Bibliográficas: p. 103 – 108.
1. Avaliação Pós-Ocupação. 2. Necessidade
do usuário. 3. Ferramentas da APO. I. Vazquez,
Elaine Garrido. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia Civil. III.
Engenheiro Civil
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola
Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenç ão
do grau de Engenheiro Civil.
APLICAÇÃO DE AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) EM
AMBIENTE ESCOLAR
LAÍZE SANTOS SILVA
Setembro/2016
Orientador: Elaine Garrido Vazquez
Curso: Engenharia Civil
Este estudo propõe uma reflexão acerca da aplicação da Avaliação Pós-Ocupação
em uma Unidade Escolar de Ensino Fundamental (UMEF). Procurou-se enfatizar a
potencialidade da opinião do usuário na análise do ambiente construído relacionando o
bom uso do edifício escolar às necessidades dos ocupantes, no caso especifico crianças
de 06 a 12 anos. A ênfase dada à percepção dos funcionários, crianças e pais/responsáveis
permitiu a obtenção de um panorama global do estado da edificação escolar, incluindo
aspectos técnico construtivos, estéticos e de habitabilidade. Primeiramente, foi delineada,
através de revisão bibliográfica, uma metodologia de APO para o objeto de estudo,
selecionando o universo de ferramentas a serem aplicadas. São elas: análise walkthrough,
entrevistas, questionários, poema dos desejos, matriz de descobertas e recomendações.
Em conjunto com a metodologia da APO foram utilizados alguns requisitos da ISO 6241
e da NBR 5674 que serviram de base para o levantamento dos principais problemas
encontrados. Os resultados foram complementares, uma vez que apresentaram as
principais inadequações da escola e suas possíveis recomendações, focando no aumento
do nível de satisfação do usuário. Foram apresentadas as considerações finais visando
uma melhor compreensão da relação valor percebido pelo usuário e o bom uso da
edificação, contribuindo assim para o aprimoramento de futuros projetos.
Palavras-chave: Avaliação Pós-Ocupação. Edifícios Escolares.
Valor percebido pelo usuário.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a
partial fulfillment of the requirements for the degr ee of Engineer.
APPLICATION OF POST OCCUPANCY EVALUATION IN SCHOOL
ENVIRONMENT
Laíze Santos Silva
September/2016
Adivisor: Elaine Garrido Vazquez
Course: Civil Engineering
This study proposes a reflection on the implementation of the Post-Occupancy
Evaluation Unit in a School of Primary Education. The study aimed to emphasize the
user's view of built environment analysis potential relating the good use of the school
building to the needs of the occupants, in the specific case of children from 6 to 12 years
old. The emphasis on the perception of staff, children and parents / guardians allowed to
obtain an overview of the school building condition, including technical, aesthetic and
habitability conditions. First, it was designed, through literature review,
the POE methodology to the object of study by selecting the universe of tools to be
applied. They were: analysis walkthrough, interviews, questionnaires, poem desires,
discoveries matrix and recommendations. With the POE methodology, some of the ISO
6241 and NBR 5674 requirements was used, which were the basis for the main problems
survey. The results were complementary, since it presented the main inadequacies of the
school and its possible recommendations, focusing on increasing user satisfaction. Final
considerations to easily understand the user-perceived value relation were presented and
good use of the building, thus contributing to the improvement of future projects.
Keywords: Evaluation Post Occupation. School Buildings. User-perceived value.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ viii
LISTA DE QUADROS ........................................................................................ x
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11
1.1 Considerações iniciais ........................................................................... 11
1.2 Objetivo .............................................................................................. 12
1.3 Justificativa.......................................................................................... 13
1.4 Metodologia ......................................................................................... 14
1.4.1 Abordagem e objetivo da pesquisa ........................................................ 14
1.4.2 Procedimentos utilizados ..................................................................... 15
1.5 Estruturação do trabalho ........................................................................ 16
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ...................................................... 17
2.1 Aspectos de avaliação de uma APO ............................................................. 22
2.2 Observador-pesquisador em uma APO......................................................... 24
2.3 Vertentes da origem da APO ...................................................................... 25
2.3.1 Desempenho dos edifícios .................................................................... 25
2.3.2 Psicologia Ambiental .......................................................................... 33
2.3.3 Programação arquitetônica ................................................................... 35
2.4 Níveis da APO .......................................................................................... 38
2.5 Procedimentos metodológicos e as ferramentas de uma APO .......................... 40
2.5.1 Walkthrough ...................................................................................... 43
2.5.2 Entrevista ........................................................................................... 50
2.5.3 Questionários ..................................................................................... 55
2.5.4 Poema dos desejos .............................................................................. 60
2.5.5 Matriz de descobertas e recomendações ................................................. 63
3. APLICAÇÃO DE APO EM ESCOLA MUNICIPAL ....................................... 67
3.1 Apresentação do objeto de estudo e características do entorno ........................ 67
3.2 Descrição das áreas internas ....................................................................... 71
3.3 Apresentação da metodologia utilizada ........................................................ 72
vii
3.4 Avaliação Técnico-Construtiva .............................................................. 75
3.4.1 Aplicação da análise walkthrough ......................................................... 76
3.5 Análise dos usuários .................................................................................. 84
3.5.1 Identificação dos usuários a partir da entrevista ...................................... 84
3.5.2 Aplicação dos questionários ................................................................. 86
3.5.3 Poema dos desejos .............................................................................. 92
3.6 Matriz de Descobertas e Recomendações ..................................................... 99
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 103
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 105
ANEXOS ....................................................................................................... 111
APÊNDICES.................................................................................................. 122
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Ferramentas aplicadas na APO. ............................................................... 16
Figura 2 Esquema da APO .................................................................................. 19
Figura 3 – Critérios da ISO 6241 adaptados a NBR 15575 ...................................... 28
Figura 4: As grandes questões sobre o espaço escolar. ............................................ 37
Figura 5: Checklist de fatores funcionais — divisões internas, tetos e pisos ............... 46
Figura 6- Segunda versão da matriz de descobertas e recomendações ....................... 64
Figura 7 Regiões administrativas do município de Niterói ....................................... 68
Figura 8 Distribuição das Redes Municipais e Estaduais das escolas em Niterói ........ 69
Figura 9 Vista da fachada do edifício escolar ......................................................... 70
Figura 10 Vista aérea edifício escolar ................................................................... 70
Figura 11 Planta baixa (espaços setorizados) ......................................................... 71
Figura 12 Métodos e materiais utilizados na APO .................................................. 73
Figura 13 – Cobertura encontrada na escola .......................................................... 77
Figura 14- Perímetro do terreno (murado e interligado com a praça) ......................... 77
Figura 15 – Rampa de acesso (entrada da escola) ................................................... 78
Figura 16 – Áreas livres descobertas..................................................................... 78
Figura 17 – Entrada de carga e descarga ............................................................... 79
Figura 18 Checklist setor serviços gerais ............................................................... 80
Figura 19 –Síntese da avaliação técnica ................................................................ 83
Figura 20 - Caracterização dos funcionários (gênero e faixa etária) .......................... 85
Figura 21- Meios de locomoção dos usuários ........................................................ 85
Figura 22 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Localização ............. 86
Figura 23- Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Segurança ................. 86
Figura 24- Foto representativa da sugestão de um dos usuários no subgrupo Segurança
................................................................................................................................... 87
Figura 25 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Funcionalidade ........ 87
Figura 26 – Resposta ao questionamento 10 do Subgrupo Funcionalidade ................. 88
Figura 27 – Sugestões dos usuários no subgrupo funcionalidade .............................. 88
Figura 28 – Tema utilizado na estética da escola .................................................... 89
Figura 29-Mobiliário e brinquedos encontrados na escola ....................................... 90
Figura 30 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Áreas de convivência e
lazer ............................................................................................................................ 90
Figura 31 – Resposta ao questionamento 34 e 35 do subgrupo áreas de convivência e lazer
................................................................................................................................... 91
Figura 32 – Acessibilidade: equipamentos e ambientes ........................................... 91
ix
Figura 33 - Resposta ao questionamento 42 do subgrupo ensino ambiental ................ 92
Figura 34- Idade das crianças participantes ........................................................... 93
Figura 35-Local preferido das crianças ................................................................. 94
Figura 36 – Sala de leitura, sala de informática e pátio ............................................ 94
Figura 37- Lugar “mais feio” para as crianças ........................................................ 95
Figura 38 -Poema dos desejos (representação da natureza) ...................................... 96
Figura 39 – Poema dos desejos (escala humana) .................................................... 96
Figura 40 – Poema dos desejos (representação das grades existentes pela cor laranja) 97
Figura 41 – Poema dos desenhos (Similaridade nas cores e representação do
pastilhamento colorido da escola) 98
Figura 42- Matriz de descobertas ....................................................................... 100
Figura 43- Área lateral da escola ........................................................................ 118
Figura 44 – Ligação escola a praça ..................................................................... 118
Figura 45- Área descoberta ............................................................................... 118
Figura 46- calha ............................................................................................ 119
Figura 47 – infiltração muro externo .............................................................. 119
Figura 48 acesso através de escada para manutenção da cobertura ............ 119
Figura 49-abertura solar pátio ....................................................................... 119
Figura 50-Trincas na vedação externa – setor serviços ................................. 120
Figura 51-Descascamento de tinta – ausência de manutenção ..................... 120
Figura 52- maçanetas danificadas ................................................................. 120
Figura 53- ambientes da escola..................................................................... 121
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Diferença entre APO e Avaliação técnica ............................................... 21
Quadro 2- Aspectos de avaliação de uma APO ...................................................... 22
Quadro 3: Critérios de desempenho ...................................................................... 27
Quadro 4: Etapas do processo produtivo ............................................................... 29
Quadro 5: Anomalias construtivas ........................................................................ 32
Quadro 6: Patologias mais frequentes ................................................................... 33
Quadro 7 - Vantagens da programação arquitetônica .............................................. 36
Quadro 8 - Necessidades da programação arquitetônica .......................................... 36
Quadro 9: Níveis de Avaliação Pós-Ocupação ....................................................... 38
Quadro 10: Características e vantagens da APO nos diferentes níveis ....................... 40
Quadro 11 – Sub etapas da Coleta de Dados .......................................................... 41
Quadro 12: Sequência representativa de uma Walkthrough ..................................... 44
Quadro 13: Subdivisão da ferramenta walkthrough ................................................ 45
Quadro 14: Procedimentos e cuidados em uma análise Walkthrough ........................ 48
Quadro 15 – Cuidados e recomendações numa walkthrough sobre ótica de Rheingantz49
Quadro 16: Tipos de entrevistas ........................................................................... 51
Quadro 17- Preparação e aplicação de uma entrevista ............................................. 53
Quadro 18 – Principais limitações de uma entrevista .............................................. 54
Quadro 19- Vantagens e Desvantagens do uso do questionário ................................ 57
Quadro 20: Aspectos que influenciaram a escolha do edifício .................................. 67
Quadro 21: Aplicação das vertentes APO na metodologia utilizada .......................... 72
Quadro 22: Caracterização dos questionários ......................................................... 74
Quadro 23: Métodos utilizado e documento referente ............................................. 75
Quadro 24: Instrumentos utilizados na Walkthrough ............................................. 76
Quadro 25 – Divisão do edifício em subsistemas ................................................... 79
Quadro 26: Síntese informações Avaliação Técnica ............................................... 81
Quadro 27: Notas manutenção e desempenho ........................................................ 82
Quadro 28: Funcionários que participaram dos questionários................................... 84
Quadro 29 - Matriz de recomendações ................................................................ 101
11
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A maioria das pessoas trabalha em ambientes anônimos e impessoais, sendo forçada
a investir na adaptação do ambiente às suas características pessoais; esses ambientes
dificultam e interferem em suas necessidades comportamentais de trabalho, reduzindo
sua produtividade organizacional (SMITH; KEARNY, 1994).
Segundo Smith e Kearny (1994), é necessário prestar maior atenção como o ambiente
interfere de maneira positiva ou negativa, especialmente nas atividades que exigem
concentração ou trabalho mental.
A importância do ambiente no processo de desenvolvimento humano tem
fundamentado estudos e ações que visam pensar conceitos e métodos de pesquisa e de
intervenção, capaz de responder aos desafios de criar ambientes mais ajustáveis e
comprometidos com a valorização e a promoção do desenvolvimento das múltiplas
dimensões humanas.
A edificação escolar é um equipamento de significativa importância no contexto
social, cultural e econômico de um país (KOWALTOWSK, FUNARI, 2005). O que
aproxima países tão diferentes como Finlândia, Coréia do Sul e Espanha é a prioridade
absoluta que dão a educação (CAMARGO, 2008). Quando se faz referência a um país em
desenvolvimento, com grandes desigualdades econômicas e sociais, a importância desse
equipamento se intensifica. A qualidade da configuração física do ambiente escolar tem
um papel significativo no desenvolvimento social e econômico de um país.
Sommer (1974) descreve o grau de participação dos usuários do ambiente escolar
sendo muitas vezes decorrente da organização e estrutura funcional da escola.
Considerando que tanto o homem como o ambiente construído são produtores e
produto da cultura e ambos interagem e se relacionam, as transformações significantes
produzidas nas relações entre os grupos de usuários e o ambiente construído, influenciam
e são influenciados pelo uso e pela operação dos mesmos e isto deve ser considerado por
todos os setores e profissionais envolvidos com a avaliação e a concepção do ambiente
construído para a educação infantil (AZEVEDO et al, 2007).
A adoção de projetos padrão para as edificações escolares tem sido uma das causas
de problemas de conforto ambiental. A padronização, muitas vezes, não leva em conta
situações locais específicas, resultando em ambientes escolares desfavoráveis. O projeto-
12
padrão necessita de flexibilidade, de modo a permitir ajustes para condições peculiares
de implantação.
Segundo Ornstein e Romero (1992), as metas de uma Avaliação Pós-Ocupação (APO)
são promover a melhoria de qualidade de vida, produzir conhecimento sistematizado
sobre o ambiente e as relações ambiente-comportamento.
A edificação coletiva de uso público, se presta particularmente ao estudo de aplicação
da APO, principalmente as escolas de ensino fundamental e médio, em função da sua
abrangência, repetitividade e facilidade para rastrear e obter dados (CINTRA, 2001).
Segundo Oliveira (2011), as instituições públicas vêm sofrendo com a racionalização
dos recursos destinados a investimentos tanto no sistema educacional quanto na
infraestrutura das escolas.
“[...] Somando a essa racionalização de recursos, tem-se o fator
cultural, uma vez que, no Brasil as edificações públicas não tendem a
apresentar uma boa qualidade construtiva, necessitando, em pouco de
tempo de uso, de novos reparos que em muitas das vezes são ineficientes
e dispendiosos.” (OLIVEIRA, 2011)
A compreensão da adequabilidade desses ambientes associado ao funcionamento da
educação infantil com suas particularidades e a sua importância para o bom
desenvolvimento se faz necessário, assim como avaliar a opinião dos usuários sobre a
qualidade espacial dessas edificações.
Com o intuito de aplicar e aperfeiçoar estes conhecimentos, este estudo pretende
avaliar os níveis de satisfação dos usuários, em especial, as crianças e funcionários,
através da avaliação do ambiente construído com a aplicação da Avaliação Pós-Ocupação
(APO), reconhecida como modo de análise qualitativa e quantitativa de uma edificação
cujos resultados podem ser utilizados também em projetos futuros, considerando, não
apenas a visão do observador/pesquisador, mas principalmente, o olhar do usuário.
1.2 OBJETIVO
Como objetivo geral propõe-se a aplicação da Avaliação Pós-Ocupação (APO), no
nível indicativo 01 a ser utilizado especificamente em um edifício escolar. Neste nível a
APO é realizada em curto prazo, trabalha com documentos e dados disponíveis, dados de
performance, avaliação por observação direta e entrevistas que possibilitam indicar as
principais falhas e méritos da performance do ambiente construído (RHEIGANTZ, 1995).
13
Como objetivo especifico tem-se: sob o ponto de vista do usuário, verificar as suas
necessidades e sob o ponto de vista técnico, identificar as principais deficiências do
edifício baseando-se em alguns critérios da ISO 6241 e da NBR 5674, propondo assim
diretrizes para projetos futuros e produzindo conhecimento sobre o valor percebido pelo
usuário numa análise APO.
1.3 JUSTIFICATIVA
“[...] se a única ferramenta em sua caixa de ferramentas é
um martelo, uma porção de coisas começam a parecer pregos.”
(ABRAHAM MASLOW, apud ORNSTEIN 2013
p. 58)
Segundo Ornstein (2013, p.58) ao analisar o ambiente, preso a um conjunto prévio de
coisas ao observar, definindo previamente a qualidade ideal que deve servir de parâmetro
para qualidade do ambiente, o observador deixa passar desapercebido outros tantos
fatores, talvez tão ou mais importantes para os ocupantes do ambientes do que aquelas
reconhecidas pelo saber técnico.
Segundo Ornstein et al (2015, p. 65), a Avaliação Pós-Ocupação (APO) tem
contribuído com o conhecimento mais aprofundado de todas as etapas do processo de
produção do ambiente construído, desde as atividades pré-projeto, projeto, construção,
uso e ocupação, até o final da vida útil do edifício. Aplicada no decorrer do uso da
edificação, seus diagnósticos e recomendações podem contribuir para a formulação de
intervenções com vistas à manutenção e operação dos objetos de estudo analisados.
Em edificações semelhantes e de modo sistêmico, os dados da APO podem, a médio
e longo prazo, compor bancos de dados que abriguem principalmente os aspectos
positivos e negativos, assim como as soluções mais adequadas para aquele tipo de
edificação ou uso.
Segundo Oliveira (2011), é muito comum ocorrer no Brasil, repetições de erros
construtivos, tanto em obras públicas, quanto em obras privadas. Isso se deve em parte
pela grande falta de comunicação e envolvimento entre os projetistas, supervisores de
obra e os profissionais da manutenção.
14
“[...]No Brasil, essa situação pode ser revertida se as edificações
passarem por uma Avaliação de Pós-Ocupação (APO), em que
seriam analisados não só o ponto de vista técnico, como também o
ponto de vista dos usuários.” (OLIVEIRA, 2011)
Além disso, deve-se considerar a falta de experiência dos gestores em relação às
dificuldades de manutenção e eventuais limitações ao uso que o sistema construtivo pode
impor. É muito importante o desenvolvimento de métodos para avaliação em uso de
edifícios com sistemas construtivos inovadores para a realidade brasileira, visando a
identificação de fatores que podem ser aprimorados no próprio sistema ou nos
procedimentos específicos de manutenção durante o uso (VOORDT; WEGEN, 2005).
Os resultados das APO podem ainda contribuir para o aperfeiçoamento de normas de
desempenho na avaliação de sistemas construtivos ao longo das etapas de projeto,
construção, uso, operação e manutenção de edificações (VILLA, ORNSTEIN, 2013;
RHEINGANTZ et al., 2009; VOORDT e WEGEN, 2005; PREISER e VISCHER, 2005;
ROMÉRO e ORNSTEIN, 2003).
Nesse contexto, a Avaliação Pós-Ocupação constituí um tema fundamental de
pesquisa acadêmica e prática necessária para que projetistas, construtores e outros possam
garantir o desempenho do edifício contemporâneo.
1.4 METODOLOGIA
1.4.1 Abordagem e objetivo da pesquisa
Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, esta pesquisa levanta questões
de abordagem qualitativa e quantitativa.
Entende-se por pesquisa quantitativa:
“[...] considera que tudo pode ser quantificável, o que significa
traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-
las. Requer o uso de recursos e técnicas estatísticas [...]” (SILVA;
MENEZES, 2001, p. 20).
15
Segundo Gil (2002), esse tipo de pesquisa exige um número maior de entrevistados
para garantir a precisão nos resultados, além de fazer uso de interpretações, conclusões,
tabelas de percentuais e gráficos em seus relatórios.
A pesquisa qualitativa:
“[...] qualquer tipo de pesquisa que produza resultados não
alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de
quantificação” (STRAUSS; GORBIN, 2008, p. 23).
Do ponto de vista de seus objetivos (Gil, 2002) esta pesquisa se caracteriza como
descritiva, pois envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário
e observação sistemática (SILVA; MENEZES, 2001), e exploratória.
A pesquisa descritiva trabalha com o levantamento de dados ou fatos colhidos da
própria realidade, assumindo, em geral, a forma de levantamento. A observação, o
registro, a análise e a correlação dos fatos ou fenômenos sem, contudo, manipulá-los, é
característico dessa pesquisa. Seu objetivo é descobrir a frequência com que um
fenômeno ocorre, sua natureza e sua relação e a conexão com outros fenômenos, variáveis
ou fatos. A coleta de dados é uma tarefa característica desse tipo de pesquisa (CERVO;
BERVIAN; KÖCHE; GIL, apud BISSOLI, 2007).
Segundo Gil (2002), a pesquisa exploratória envolve levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e
análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de
pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
Através de uma pesquisa bibliográfica foi realizado um estudo sobre a metodologia
e aplicação da Avaliação de Pós-Ocupação (APO), para que ela pudesse servir como base
metodológica para o trabalho em questão.
1.4.2 Procedimentos utilizados
Nesta pesquisa, a Avaliação de Pós-Ocupação aplicada foi a indicativa, nível 1
(conforme detalhado no item 2.1.2).
Conforme o desenvolvimento da metodologia de APO, a avaliação do ambiente
construído sofre influência de alguns fatores, podendo-se citar as etapas do processo de
produção de um edifício, os aspectos sociais, econômicos e culturais da região em que
16
está sendo aplicada a avaliação e o gerenciamento, manutenção, organização,
comportamento e tomada de decisão em ambientes construídos (Preiser, 1989).
Por ser uma avaliação que conta com as particularidades de cada ambiente construído,
as metodologias aplicadas na APO podem ser constantemente alteradas e compostas por
diversas técnicas e métodos existentes, sendo específica para cada estudo de caso
(Ornstein, 2013). As condições de cada pesquisa influenciam a seleção do método mais
indicado.
A figura 1 ilustra a metodologia adotada, ou seja, as ferramentas aplicadas na APO.
Figura 1 Ferramentas aplicadas na APO.
Fonte: (Autor, 2016)
1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
O presente trabalho está estruturado em quatro capítulos.
O primeiro capítulo apresenta: a introdução, o objetivo geral, a justificativa do
desenvolvimento do tema, a metodologia e a estruturação da monografia.
O segundo capítulo aborda a revisão bibliográfica, apresentando uma conceituação
sobre APO, as principais vertentes para o seu surgimento, as principais ferramentas
utilizadas e ainda em conjunto com a metodologia da APO a contextualização das ISO
6241 e da NBR 5674 à análise da avaliação pós-ocupação.
O terceiro capítulo refere-se à aplicação da APO no edifício escolar, as considerações
preliminares, a caracterização do edifício em estudo, os métodos utilizados para a
elaboração da APO, a análise técnica, a opinião dos usuários e as respectivas
recomendações para o edifício em análise.
O quarto capítulo sugere recomendações para os futuros projetos semelhantes, e as
considerações finais sobre a metodologia utilizada.
Em seguida, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas no trabalho,
anexos e os appendices.
Walktrough Entrevistas QuestionáriosPoema dos
desejos
Matriz de descobertas e
recomendações
17
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)
No que tange o cenário internacional, a Avaliação Pós-Ocupação (APO¹) vem
sendo discutida há mais de 40 anos, visando aferir em que medida o desempenho dos
ambientes influencia o comportamento humano e vice-versa.
Na década de 60, fruto do pós-guerra, a metodologia da APO foi elaborada pelos
norte-americanos com o objetivo de aplicá-la sistematicamente nos EUA e na Europa,
tem-se início então os estudos da aplicação da APO. Engenheiros, arquitetos, psicólogos
e outros começavam a avaliar, além dos aspectos do desempenho físico das edificações,
em que medida o desempenho dos ambientes influenciava o comportamento humano.
(Romero e Ornstein; 2003, p.26)
“Desde a década de 60, portanto, passa-se a verificar a relevância da
aplicação da APO como mecanismo realimentador de controle de qualidade ou
de desenvolvimento de projetos complexos e/ou populações especiais (ex.:
aeroportos, shopping centers, ginásios de esportes, hospitais, asilos,
estabelecimentos penais, parques) e/ou implementados em larga escala e
repetitivamente (ex.: conjuntos habitacionais, escolas, postos de saúde). Iniciam-
se, assim, de forma sistemática, as pesquisas sobre o desempenho físico dos
ambientes voltadas para a qualidade destes, ou seja, para o atendimento às
necessidades dos usuários.” (ORNSTEIN, 2003)
Segundo Rheingantz (2000), as origens da APO remontam à três vertentes
distintas de pesquisa: o surgimento do conceito de Desempenho dos edifícios, o
surgimento da Psicologia Ambiental e a consolidação da Programação Arquitetônica.
Na década de 60, tomando como base a Psicologia Ambiental que trabalha a APO
para pesquisas sobre o binômio “Ambiente Construído” x “Comportamento Humano”, a
APO se torna instrumento para a corrente de arquitetos que trabalha o “Projeto
Participativo”, onde a participação do usuário é inserida no processo de análise dos
subsídios do projeto.
Levantamentos internacionais no campo das relações Ambiente Construído e
Comportamento Humano (SAARINEN, 1995) indicam que até 1985 havia cerca de 2.950
pesquisadores nessa área, distribuídos em sua maioria nos EUA e Canadá, e apenas 2,2%
na América Latina.
No Brasil, vale mencionar, no período de 1972 a 1987, o desenvolvimento de
pesquisas da aplicação da APO em projetos arquitetônicos realizadas no Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo (Ornstein, 2003).
¹ A APO é denominada na língua inglesa como POE – Post Occupancy Evaluation.
18
Segundo indica Ornstein os seguintes grupos deram sequência aos estudos:
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo no núcleo orientado para a inovação da edificação
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de arquitetura e urbanismo da
Universidade Federal de Pernambuco, Grupo de Estudo Pessoa-ambiente (GEPA) da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e no laboratório de psicologia ambiental da
Universidade de Brasília, além de algumas atividades nesse campo realizadas pela
empresa particular Centro de Tecnologia de edificações (CTE), com sede em São Paulo.
Segundo Ornstein (2013), no que diz respeito ao princípio básico norteador da
APO:
“No Brasil, estudos sobre as relações Ambiente Construído-
Comportamento Humano ganham consistência acadêmica com trabalhos
de Avaliação Pós-Ocupação (APO) do Ambiente Construído, iniciados
nos cursos de Arquitetura e de Engenharia em meados da década de 1980,
quando reforçaram o conceito de que diretrizes de projetos habitacionais
deviam ser estabelecidas com base em um conjunto de critérios de
desempenho físico e no re(conhecimento) dos aspectos culturais
intrínsecos, das expectativas e dos níveis de satisfação dos usuários de
empreendimentos habitacionais semelhantes, constituindo-se, assim,
num processo cíclico alimentador.” (ORNSTEIN, 2013)
Alguns teóricos, tais como Ornstein e Romero (1992,1995,2003), Rheingantz
(2000), Souza e Rheingantz (2006), Azevedo (2002), Elali (2002), Preiser e Vischer
(2002, 2005), Bechtel (1997), Stokols (1996) e Preiser (1989), consideram a APO, por
sua vez, como uma vertente metodológica interdisciplinar utilizada para avaliar o
desempenho do ambiente construído em uso, segundo a ótica de seus usuários.
Apesar da conceituação da APO ter diferentes pontos de vistas, todos os autores
afirmam que a APO é uma metodologia de avaliação do ambiente construído, que envolve
a avaliação técnica e comportamental.
Romero e Ornstein (2003, p. 26) conceituam a APO da seguinte maneira:
“A APO, portanto, diz respeito a uma série de métodos e
técnicas que diagnosticam fatores positivos e negativos do
ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de fatores
socioeconômicos, de infra-estrutura e superestrutura urbanas dos
sistemas construtivos, conforto ambiental, conservação de
energia, fatores estéticos, funcionais e comportamentais, levando
19
em consideração o ponto de vista dos próprios avaliadores,
projetistas e clientes, e também dos usuários.”
Ainda sobre a ótica de Romero e Ornstein é recomendado que os fatores positivos
sejam cadastrados e utilizados na elaboração de projetos futuros, e os negativos embasem
pesquisas que realimentem ciclos de processos de produções futuras, já que a APO faz
parte de um ciclo de um processo construtivo, como ilustra a figura 2.
Fonte: (ROMÉRO; ORNSTEIN, 2003).
Souza e Rheingantz (2006) afirmam que com o foco nos usuários e,
consequentemente, em suas necessidades:
“[...] a APO permite a formulação de idéias e estratégias
relacionadas com as conseqüências do projeto e com o desempenho
do ambiente analisado. Desta forma, aumentam as possibilidades
de melhorar a qualidade de vida dos usuários dos ambientes
construídos, bem como viabilizar as bases para a construção de
bancos de dados com informações e conhecimentos sobre o
ambiente construído e sobre as relações e comportamentos que são
nele desenvolvidas.”
De acordo com Morgado (apud FUJITA, 2000, p. 37):
“[...] a APO é uma metodologia de avaliação do ambiente
construído e de seus componentes, que reúne avaliação
Figura 2 Esquema da
APO
20
comportamental (avaliação ambiente construído, a partir do ponto
de vista do usuário) e técnica (através de ensaios em laboratório ou
in loco) de todos os elementos relacionados ao desempenho do
ambiente construído. Além de resgatar, como subsídios de análise,
o histórico da produção do ambiente que está sendo avaliado.”
Para Souza (apud FUJITA, 2000, p. 37):
“[...] a APO é uma metodologia que possibilita a
identificação do grau de satisfação do cliente final e dos fatores que
determinam esse grau de satisfação [...]”. O autor afirma que a APO
pode envolver ainda uma avaliação técnica especializada, visando
à apreciação do desempenho, conforme as exigências dos usuários
expressas na forma de requisitos de desempenho para as partes e
para o edifício como um todo.
A APO pode também ser definida como um procedimento que através das partes
envolvidas na tomada de decisões, detecta manifestações patológicas, e estabelece
recomendações para aplicação nas etapas do processo de produção e na etapa de utilização
de futuros ambientes construídos, estabelecendo um ciclo de constante realimentação
(ORNSTEIN, 1992; PREISER, 1996; KINDER, 1998 apud COSTA JUNIOR, 2001).
Segundo Preiser (2002, p. 10), o processo da APO difere das avaliações técnicas
gerais de várias maneiras, conforme ilustra o quadro 1.
21
Quadro 1: Diferença entre APO e Avaliação técnica
APO versus Avaliação Técnica
A APO aborda questões relacionadas com as necessidades, atividades e
objetivos das pessoas e organização que usam a edificação, incluindo a manutenção,
operações, bem como questões referentes à concepção. Outros testes avaliam o prédio
e seu funcionamento, independentemente dos seus ocupantes;
O estabelecimento dos critérios de desempenho é baseado na intenção declarada
da concepção e nos critérios contidos ou deduzidos a partir de um programa funcional.
Na APO, os critérios de avaliação podem incluir, mas não se baseiam, unicamente, no
desempenho técnico das especificações;
As medidas utilizadas nas avaliações incluem índices de desempenho
relacionados com a organização e o ocupante, tais como: a satisfação do trabalhador e
produtividade, medidas de desempenho do edifício mencionadas;
A APO é normalmente mais “suave” do que a maioria das avaliações técnicas,
pois envolvem frequentemente a avaliação das necessidades psicológicas, as atitudes,
metas organizacionais, alterações e a percepção humana; e
A APO mede os sucessos e os fracassos inerentes ao desempenho do edifício.
Fonte: Traduzido e adaptado de Preiser (2002, p. 10)
A partir do levantamento e análise do comportamento dos ambientes construídos
após a ocupação destes ambientes por seus usuários, ao longo de toda a sua vida útil, a
APO parte do princípio de que as edificações e os espaços livres precisam ser
sistematicamente avaliados, quer do ponto de vista funcional, composição espacial,
conforto e bem-estar humano, assim como do ponto de vista técnico-construtivo.
Para o desenvolvimento de uma APO são necessárias disciplinas que vão desde a
estatística e a psicologia até as que embasam tecnicamente o subsetor edificações.
Sendo um assunto multidisciplinar, a APO das construções envolve aspectos de
conforto acústico, térmico, iluminação, de instalações prediais, da estrutura e de
programas urbanísticos, introduzindo a relação entre o ser humano e o espaço físico que
ocupa (CARACIK et al, 1989; MARAGRIDO, 1989, apud COSTA JUNIOR 2001).
22
2.1 ASPECTOS DE AVALIAÇÃO DE UMA APO
Segundo Goodey (apud FISCHER, 2006), perceber o ambiente onde os usuários
vivem é compreender as relações entre esses usuários e o ambiente, e como tais relações
podem ser afetadas pelos projetos propostos. A imprecisão das premissas que os
projetistas possuem dos usuários é
“[..] a raiz do problema, pois estes atribuem valores
ambientais e necessidades que de fato eles (os usuários) não
possuem, ou por ignorarem a população alvo, impondo valores
estéticos e funcionais”
(JACOBS et al., apud FISCHER, 2006, p. 1152).
O ambiente construído pode ser dividido didaticamente em áreas e sub - áreas,
que podem ser complementadas, reduzidas e/ou alteradas de acordo com o tipo de
edificação, características e objetivo da avaliação (LEITE, 2010).
Segundo Ornstein (1995), a APO ocupa-se de fazer avaliações comportamentais
e avaliações técnicas no ambiente construído classificadas conforme ilustra o quadro 2.
Quadro 2- Aspectos de avaliação de uma APO
Aspectos de avaliação de uma APO
Avaliação Técnico-construtiva e
Conforto Ambiental
Materiais e técnicas construtivas, que
relaciona pontos como: estruturas, junta de dilatação,
cobertura, impermeabilização, drenagem de águas
pluviais, segurança contra incêndio, alvenaria,
revestimentos, forros, pinturas, acabamentos,
caixilharia, vidraçaria e instalações elétricas, eletro-
mecânicas, hidro-sanitárias etc.;
Conforto ambiental, que demonstra
preocupação com: iluminação natural e artificial,
ventilação (naturais e artificiais), conforto acústico e
térmico, conservação de energia etc.
Avaliação Técnico-funcional
Refere-se à avaliação comparativa entre o
projeto arquitetônico original e aquele em uso.
Procura avaliar o desempenho funcional do espaço
resultante entre aquele proposto originalmente e
aquele construído. Podemos relacionar: áreas de lazer,
de descanso, de circulação, ocupadas, em uso etc.;
fluxos de trabalho, sinalização, orientação etc. Formas
de utilização do espaço (planejamento/programa do
projeto, áreas e dimensões mínimas, armazenamento,
flexibilidade de espaços, dentre outros) são os
priorizados nesta avaliação;
23
Avaliação Técnico-Econômica
Relação custo/benefício; variações de custo
por área construída do edifício, em função do tipo de
estrutura, da largura ou comprimento da planta tipo,
da altura etc.; custos com manutenção do edifício etc.
Avaliação Técnico-Estética
Analisa a questão do estilo e da percepção
ambiental. As principais sub-áreas desta avaliação,
que se fundamentam na composição da fachada do
edifício, são as cores/pigmentação, texturas,
volumetria, ritmo, complexidade de formas e padrões,
idade aparente, efeitos luminosos e dimensão estética;
Avaliação Comportamental
São as variáveis que lidam com o ponto de
vista do usuário: privacidade, proximidade, território,
interação, identidade cultural, adequação ao uso e à
escala humana, dentre outros.
Estrutura Organizacional Preocupa-se com problemas de ordem
funcional ou gerencial de uma empresa.
Fonte: Adaptado de Orntein (1995)
Para Villa e Ornstein (2013, p. 55) a APO é considerada como um processo de
avaliação do ambiente construído que não deve ser interpretado como um método, embora
utilize vários métodos provenientes de diferentes áreas do conhecimento.
Segundo Romero e Orstein (2003 p. 27) no caso dos fatores positivos, estes devem
ser cadastrados e recomendados para futuros projetos semelhantes; no caso dos fatores
negativos encontrados, são definidas recomendações que minimizem ou até mesmo
possibilitem a correção dos problemas detectados no próprio ambiente construído
submetido à avaliação, por meio do estabelecimento de programas de manutenção física
e da conscientização dos usuários/moradores da necessidade de alterações
comportamentais, tendo em vista a conservação do patrimônio público (praças, escolas,
etc.), semipúblico (áreas condominiais) ou privado (a própria unidade habitacional); e
utilizem os resultados dessas avaliações sistemáticas e interdisciplinares, embasadas em
pesquisas aplicadas a estudos de caso, para realimentar o ciclo do processo de produção
e uso de ambientes de futuros projetos com a formulação de diretrizes, contribuições para
normas existentes e outros.
24
2.2 OBSERVADOR-PESQUISADOR EM UMA APO
A partir da ótica Rheingantz (2004), uma característica considerada fundamental
à avaliação pós-ocupação é a incorporação de métodos avaliativos para os pesquisadores,
ou observadores, no sentido de utilizar como dado também a experiência sobre o assunto
do observador.
“[...] questiona a excessiva atenção dispensada aos
aspectos operacionais e instrumentais – e na sua eficiência
intrínseca – em detrimento da reflexão sobre a própria
experiência da reflexão vivenciada pelo observador em sua
experiência de observar” (Rheingantz, 2004)
Sanoff (2001) afirma que o sucesso ou o fracasso de uma APO depende da
capacidade do pesquisador em selecionar e do uso que faz dos métodos e técnicas de
coleta de dados.
“[...] se desejamos descobrir o que as pessoas fazem,
devemos observá-las, e se queremos descobrir o que elas pensam,
devemos questioná-las diretamente, de forma que a observação
se faça por interação entre o indivíduo observado e o observador,
constituindo, assim, uma observação participante (SOMMER et
al., apud ABRANTES, 2004, p. 56).
Na abordagem experiencial, o observador se transforma em sujeito ou
protagonista de uma experiência produzida no processo de interação com o ambiente e
com seus usuários, a ser explicada com base na subjetividade. Sua atenção ou percepção
consciente (Vygotsky) se volta, principalmente, para o entendimento das razões, nuanças
e significados da experiência vivenciada no cotidiano de um determinado ambiente em
uso. A observação incorporada se configura como uma atividade “ao mesmo tempo
processo e produto, instrumento-e-resultado” (Newman; Holzman 2002, p.79).
Segundo Machado um observador pesquisador deve saber dialogar com as
peculiaridades e idiossincrasias da vida cotidiana nos coletivos em que atua, que não se
resumem nem cabem em um conjunto predeterminado de atributos, em sua maioria
técnicos e insuficientes para dar conta da amplitude de um problema de natureza
complexa e controversa. Deve ter em mente q o motor da descoberta não está nem na sua
25
cabeça, nem em critérios preestabelecidos, mas distribuído num coletivo (apud Ornstein,
2013, p.64).
Uma explicação é uma reformulação da experiência aceita por um observador
(Maturana 2001, p. 28). Assim, um relato de APO é uma tradução é o termo mais
adequado para caracterizar a negociação ou a comunicação entre o observador e o usuário,
que também pressupõe a possibilidade dela vir a ser recusada, negociada ou até mesmo
ser novamente traduzida.
Segundo Rheingantz (2004) “Em lugar de continuar a simplesmente replicar
experimentos, precisamos: (a) nos capacitar para experienciar o ambiente construído com
uma atenção tão precisa e desapaixonada quanto possível; (b) aprender a, simplesmente,
observar o pensamento e a dirigir nossa atenção para o processo ininterrupto da
experiência; (c) aprender a reconhecer o contato mente-objeto, o sentimento dele
proveniente, o discernimento do objeto, a intenção a ele relacionada e a atenção com o
objeto que, combinados, formam o caráter de nossa consciência em um momento
particular da experiência.”
2.3 VERTENTES DA ORIGEM DA APO
Segundo Rheingantz (2000), as origens da APO remontam à três vertentes
distintas de pesquisa: o surgimento do conceito de Desempenho dos edifícios, o
surgimento da Psicologia Ambiental e a consolidação da Programação Arquitetônica.
De modo a ampliar a visão quanto a origem do conceito da APO, nos próximos
três itens serão levantadas questões quanto às três principais vertentes mencionadas.
2.3.1 Desempenho dos edifícios
A primeira vertente que remonta às origens da APO é o surgimento do conceito
desempenho. O conceito de desempenho pode ser utilizado, para se avaliar o
comportamento em uso das técnicas construtivas tradicionais criando uma referência
inicial necessária para otimização do processo de produção das edificações (SILVA,
2007, p.31).
Os princípios de avaliação de desempenho do edifício foram formulados por
Blachère há mais de 40 anos e estão associados aos conceitos interdependentes de
desempenho, idade-limite e necessidades dos usuários (ORNSTEIN; ROMERO, 1992).
26
A norma ISO 6241, que regulamenta o desempenho do ambiente construído,
expressa um consenso internacional sobre as exigências do usuário. Ornstein e Romero
(1992), mencionam que essa norma, foi inspirada nas normas do Centre Scientifique et
Technique du Bâtiment (CSTB – Paris/França).
Segundo Serra (2006), o Brasil adequou os 14 itens que a CSTB estabeleceu à
realidade do país e os transformou no projeto de norma ABNT 02:136 (ABNT, 2007),
que posteriormente assumiu a forma de ABNT NBR 15575.
Segundo Gomes (2014), a norma ABNT NBR15575 foi emitida pela primeira vez
em 2008. Tinha uma aplicação restrita a edifícios de até cinco pavimentos, visto que os
principais modelos de habitações brasileiras de interesse social construídos com recursos
públicos encontram-se dentro desse limite. No entanto, as empresas reagiram mal à sua
introdução, devido ao carácter inédito dos requisitos impostos, e sendo assim as principais
entidades da indústria conseguiram estender o prazo de exigibilidade desta norma.
Durante esse período, foram realizadas atualizações de metodologias de avaliação de
desempenho, reavaliação de parâmetros e os fabricantes puderam adequar os seus
produtos. Em 2013, foi publicada uma nova versão com previsão para entrar em vigor
150 dias após a data da publicação, em Julho de 2013. A nova versão teve a sua
abrangência ampliada a todas as construções residenciais.
Aliados ao termo Desempenho surgem vários conceitos como, por exemplo, os
‘Requisitos de Desempenho’ que segundo a NBR 15575 podem ser definidos como
“Condições que expressam qualitativamente os atributos que a edificação habitacional e
os seus sistemas devem possuir, a fim de que possam atender os requisitos do usuário”
Estes diferem dos ‘Critérios de Desempenho’ uma vez que de acordo com norma são
“Especificações quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em termos de
quantidades mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinadas”. Por sua
vez tem-se também as ‘Especificações de Desempenho’ que dizem respeito ao ‘Conjunto
dos requisitos e critérios de desempenho estabelecido para a edificação e os sistemas que
a integram. Constituem deste modo, uma expressão das funções, requeridas ao edifício
e/ou aos seus elementos constituintes, cuja utilização exigida se encontra claramente
definida, respeitando, no caso desta norma, o âmbito dos edifícios habitacionais.
27
2.3.1.1 Critérios estabelecidos
O conjunto de normas apresentado no quadro 3 foi desenvolvido após
levantamento bibliográfico dos principais requisitos das normas que podem influenciar
na verificação do edifício.
Quadro 3: Critérios de desempenho
CRITÉRIOS DE DESEMPENHO
REFERÊNCIAS ITENS RELEVANTES
ISO 6241 Normalização de Desempenho em Edifícios
IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
de São Paulo
AUTOVISTORIA Vistoria técnicas de edificações
NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos
NBR 5674 Manutenção de edificações
NBR 14037 Manual de Operação Uso e Manutenção das Edificações
Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009)
O conjunto normativo NBR 15.575 – Edificações Habitacionais – Desempenho,
traz o conceito de comportamento em uso dos componentes e sistemas das edificações,
sendo que a construção habitacional deve atender e cumprir as exigências dos usuários ao
longo dos anos, promovendo o amadurecimento e melhoria da relação de consumo no
mercado imobiliário, na medida em que todos os partícipes da produção habitacional são
incumbidos de suas responsabilidades; projetistas, fornecedores de material, componente
e/ou sistema, construtor, incorporador e usuário (ABNT NBR 15.575, 2013).
28
Os critérios de desempenho da NBR 15575-1 (2013), para edifícios habitacionais,
são baseados na ISO 6241 (1984). Na figura 3 apresenta-se os critérios da ISO 6241
adaptados para a realidade brasileira (POSSAN; DEMOLINER, 2012).
Figura 3 – Critérios da ISO 6241 adaptados a NBR 15575
Fonte: POSSAN; DEMOLINER (2012)
Portanto, o foco da ABNT NBR 15575 está no comportamento em uso dos
elementos e sistemas do edifício no atendimento dos requisitos dos usuários, levando em
consideração as condições de implantação e suas exigências (ABNT NBR 15.575, 2013).
A última versão da norma em fevereiro de 2013 estrutura a norma em 6 partes,
são elas: requisitos gerais, requisitos para os sistemas estruturais, requisitos para os
sistemas de pisos, requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas,
requisitos para os sistemas de coberturas, e por fim, sistemas hidrossanitários.
Os requisitos dos usuários devem ser atendidos de forma a promover segurança,
habitabilidade e sustentabilidade, tendo para cada um desses tópicos solicitações
particulares (Norma ABNT NBR 15.575, 2013).
Segundo a NBR 5674/99, manutenção predial é “o conjunto de atividades a serem
realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas
partes constituintes de atender as necessidades e segurança de seus usuários”.
Esta norma foi lançada em 1999, e foi considerada por Munró et al (2008) o marco
inicial da discussão sobre a atividade de manutenção predial no meio técnico do Brasil,
pois regulamentou, definiu e obrigou a manutenção das edificações, esboçando
29
genericamente os procedimentos para a produção de sistemas de manutenção (VIEIRA,
2015).
A norma é responsável por definir os requisitos para a gestão do sistema de
manutenção de edificações. Em seu escopo é determinado que a gestão do sistema de
manutenção deve preservar as características originais da edificação além de prevenir a
perda de desempenho decorrente da degradação dos seus sistemas, elementos ou
componentes (VILLANUEVA, 2015).
A NBR 5674 fornece diretrizes para orientar a manutenção predial, entre elas
pode-se citar a preservação do desempenho previsto, minimizando assim a depreciação
patrimonial; estabelecimento das informações pertinentes e o fluxo de comunicação e das
incumbências, e por fim, estabelecimento da autonomia de decisão dos envolvidos
(ABNT, 2012).
2.3.1.2 Manutenção da edificação e patologias identificadas
A patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que estuda os
sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos das construções civis, ou seja,
é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema. (OLIVEIRA, 2013).
Segundo Dias de Oliveira (2011) a qualidade obtida em cada etapa do processo
produtivo (planejamento, projeto, materiais, execução e uso) tem sua devida importância
no resultado final do produto, assim como na satisfação do usuário e, principalmente, no
controle das manifestações patológicas na edificação na fase de uso.
De acordo com Picchi (1993) apud Junior Costa (2001), as etapas do processo
produtivo estão ilustradas no quadro 4.
Quadro 4: Etapas do processo produtivo
Etapas do processo produtivo
Planejamento Atender às normas gerais de desempenho, requisitos de
desempenho, códigos de obras e regulamentos
Projeto Atender às normas específicas de desempenho e documentos
prescritivos
Materiais Produzir e receber de acordo com o especificado
Execução Atender ao projetado e ao especificado, havendo um
planejamento da construção
Uso Assegurar a adequada utilização do produto, manutenção e
inspeções periódicas
Fonte: Picchi (1993) apud Junior Costa (2001)
30
A baixa qualidade da mão-de-obra, no caso brasileiro, implica percentuais ainda
mais elevados de falhas na etapa de execução. (ORNSTEIN, 2003, p. 25)
Segundo Dias de Oliveira (2011) as patologias não tem sua origem concentrada
em fatores isolados, mas sofrem influência de um conjunto de variáveis, que podem ser
classificadas de acordo com o processo patológico, com os sintomas, com a causa que
gerou o problema ou ainda a etapa do processo produtivo em que ocorrem, além de
apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais
atividades. As manifestações patológicas são também responsáveis por uma parcela
importante da manutenção, de modo que grande parte das intervenções de manutenção
nas edificações poderia ser evitada se houvesse um melhor detalhamento do projeto e da
escolha apropriada dos materiais e componentes da construção (Dias de Oliveira, 2011).
Nesse contexto, pode-se extrapolar a Avaliação Pós-Ocupação à questão da
manutenção predial. Ao avaliar o ambiente construído a partir da necessidade do usuário,
levando em consideração a etapa de uso do processo construtivo, a APO pode ser utilizada
para levantar as anomalias pela ausência da manutenção. A partir dos aspectos negativos
identificados na análise, a mesma poderá diminuir ou até eliminar gastos com manutenção
em edifícios futuros. Entende-se portanto, APO como uma das ferramentas que auxilia
na manutenção predial.
Segundo Castro (2007) o emprego de materiais, equipamentos e componentes de
fácil manutenção, podem facilmente ser avaliados nas APO’s acrescentando perguntas a
esse respeito nos questionários. Essas informações podem ser de grande valia, não só para
projetistas, como também para os construtores, uma vez que a forma de execução também
pode ser a causadora de anomalias que poderiam ser facilmente evitadas, eliminando a
necessidade de manutenção no futuro. Muitas vezes, o problema não é do material, mas
da maneira como este material foi aplicado no momento da construção do edifício.
Há de se entender e respeitar que as necessidades dos usuários são dinâmicas ao
longo do tempo (principalmente em edifícios comerciais) e, o conceito de manutenção,
mais exatamente na modalidade modernização, deve ser capaz de atender
satisfatoriamente a estas mudanças (Nour, 2003).
O conceito de manutenção, segundo a NBR 5674, é o conjunto de atividades a
serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de
suas partes constituintes a fim de atender às necessidades e segurança dos seus usuários.
31
As ações de manutenção têm como objetivo o prolongamento da vida útil das
edificações, em condições adequadas de durabilidade e de segurança estrutural. (ABNT,
1999).
Afirma Gomide (apud Vieira, 2015), que “a manutenção predial é atividade
constante, que deve ser incorporada no dia-a-dia da edificação”, devendo ser planejada
no curto, médio e longo prazo. Atividades rotineiras como limpeza e tratamento de água,
por exemplo, devem constar de programas de manutenção, bem como repinturas de
fachadas a cada cinco anos, substituições parciais das impermeabilizações e instalações
elétricas e hidráulicas a cada 10 anos, reformas das esquadrias a cada 15 anos e retrofits
dos elevadores a cada 20 anos.
Tavares (apud Vieira, 2015), observa que:
“Considerar a manutenção de edifícios como um encargo
financeiro improdutivo e de baixa prioridade é um paradoxo,
visto que o edifício construído é um bem de alto valor de uso e
de elevado valor de troca, constituindo-se normalmente em um
dos maiores patrimônios de qualquer entidade individual ou
coletiva, pública ou privada”. (TAVARES, 2009, p. 30).
A ausência da manutenção adequada em edificações é responsável por anomalias
das mais variadas, que por sua vez são causadoras de danos materiais e, às vezes, pessoais.
Esses danos são significativos e atingem não apenas ao proprietário, mas também a
sociedade em geral, já que é causa de deterioração urbana, o que, em logo prazo, favorece
a criminalidade, afasta turistas e reduz a autoestima do cidadão (IBAPE/SP, 2005).
Castro (apud Vieira 2015) afirma que as anomalias construtivas têm, basicamente,
quatro fontes originárias sendo elas: endógenas ou internas, exógenas ou externas,
naturais e funcionais conforme está apresentado no quadro 5.
32
Quadro 5: Anomalias construtivas
Anomalias construtivas
FONTE
ORIGINÁRIA
CARACTERISTICA
S
RESPONSABILIDAD
E
Endógenas ou
internas
Causadas por
irregularidades de projeto, de
execução, dos materiais
empregados, ou da
combinação desses fatores.
Como exemplo pode ser
citado: infiltrações, trincas,
portas empenadas,
insuficiência de vagas de
garagem e outros problemas,
sejam aparentes ou ocultos.
A responsabilidade de
reparo fica por conta do
construtor se o imóvel estiver
dentro do prazo de garantia
estabelecido pelo Código de
Defesa do Consumidor (cinco
anos).
Exógenas ou
externas
Provenientes da
intervenção de terceiros no
edifício, tais como os danos
causados por obra vizinha,
choques de veículos em partes
da edificação, vandalismo etc
A reparação dos danos é
de responsabilidade do causador
dos mesmos.
Naturais
Provenientes da
imprevisível ação da natureza,
tais como descargas
atmosféricas excessivas,
enchentes, tremores de terra,
etc.
A reparação dos danos
fica por conta do proprietário.
Funcionai
s
São aquelas
provenientes do uso
inadequado, da falta de
manutenção e do
envelhecimento natural da
edificação, tais como
sujidades, desgastes dos
revestimentos e fachadas,
incrustações, corrosões, pragas
urbanas etc
A responsabilidade de
reparação dos danos é do
proprietário
Fonte: Castro (apud Vieira 2015)
Segundo Gomide (apud Vieira 2015), a maioria dos edifícios brasileiros
apresentam anomalias e falhas enquadradas como críticas na classificação da norma de
Inspeção Predial do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia),
segundo a qual o estado crítico corresponde a impacto irrecuperável, relativo ao risco
contra a saúde, segurança do usuário e do meio ambiente, bem como perda excessiva de
desempenho, motivo pelo qual recomenda intervenção imediata. Para Gomide, tal
constatação deriva do atual estágio da manutenção predial brasileira, em geral, baseada
33
na desinformação e improvisação, com evidente gravidade de riscos e consequentes
prejuízos materiais e humanos.
De acordo com a ótica de Vieira (2015), dentre as patologias mais frequentes,
destacam-se os descritos no quadro 6:
Quadro 6: Patologias mais frequentes
Patologias mais frequentes
Danificação ou desagregação de elementos estruturais;
Trincas, fissuras e rachaduras visíveis, causadas pelo desgaste natural de
materiais;
Carbonatação (reação ao gás carbônico que conduz a microfissuras);
Infiltrações, que causam patologias na pintura, como descascamento e bolhas;
Corrosão e erosão (devido principalmente a infiltrações, retenção de água e
umidade);
Ataque de agentes agressivos, por exemplo, agentes biológicos como fungos,
que se interceptam nas fissuras da edificação
Fonte: Souza e Ripper, (Apud Vieira 2015).
2.3.2 Psicologia Ambiental
A segunda vertente de origem da APO é a Psicologia Ambiental.
Segundo Mello (1991), a Psicologia Ambiental surgiu inicialmente com o nome
de “Psicologia da Arquitetura” (Architectural Psychology), nos fins dos anos 50 e começo
dos anos 60. Diante disto, ela foi reconhecida como um ramo distinto da psicologia. Muito
embora, mesmo antes de sua existência como um campo distinto, tenha havido alguns
trabalhos oriundos de diferentes áreas, que por sua própria natureza, deram grandes
contribuições a esse novo ramo da psicologia.
Todas as chamadas questões ambientais são na verdade questões humano-
ambientais, refletindo não uma crise ambiental, mas uma crise das pessoas-nos-ambientes
(Corraliza, 1997; Pol, 1993).
Segundo Ornstein (2013, p. 16), é importante destacar alguns conceitos discutidos
em Psicologia Ambiental que contribuem diretamente para o entendimento do significado
de habitação, sobretudo no que se refere ao aspecto cultural/temporal e de apropriação
afetivo, os quais estão intimamente relacionados ao comportamento socioespacial
humano e ao circuito psicológico da experiência ambiental
“[...] como muitas das peles que envolvem o ser humano (Royer,
1989), a moradia acolhe e torna reais muitas das nossas experiências
34
nesse ambiente e a nossa maneira de lidar com contrastes – dentro/fora
(da área íntima dos quartos e banheiros, para área social dos terraços e
fachadas); familiar/estranho; seguro/perigoso; sagrado/profano;
repouso/movimento; privado/público; ordem/caos” (Dovey; 1985).
De acordo com Campos-de-Carvalho (2004, p. 181),
[...] a psicologia ambiental enfatiza a relação bidirecional entre
pessoa e ambiente, priorizando os aspectos físicos do ambiente, os quais
atuam sobre o comportamento humano em interdependência com os
demais componentes, físicos e humanos, de um determinado contexto
ambiental.
Segundo Ornstein (2013, p. 16) o modo de transitar por aspectos dicotômicos da
habitação e a possibilidade (maior ou menor) de atuar sobre eles, regulando-os,
aperfeiçoando-os com o objetivo de vivenciá-los na quantidade e qualidade desejadas,
têm influência na satisfação residencial, entendida como:
“[...] um resultado afetivo, uma resposta emocional ou
uma consequência de caráter positivo que, provem da
comparação entre o ambiente residencial e a própria situação do
sujeito. Todo ele considerado um processo cíclico e dinâmico,
em que a pessoa vai se adaptando a cada situação residencial
concreta.” (Amérigo, 1995, p. 55).
Assim sendo,
[...] o edifício deixa de ser encarado apenas a partir das
suas características físicas (construtivas) e passa a ser avaliado
enquanto espaço ‘vivencial’, sujeito à ocupação, leitura, re-
interpretação e/ou modificação pelos usuários, ou seja, ao estudo
de aspectos construtivos e funcionais do espaço construído
acrescenta-se a análise comportamental e social essencial à sua
compreensão. Esse processo implica, necessariamente, a análise
do uso e a valorização do ponto de vista do usuário, destinatário
final do espaço construído (ELALI, 1997, p. 353).
A satisfação dos usuários em relação a uma edificação depende da capacidade de
se produzir espaços e ambientes em condições adequadas à realização das atividades para
ela projetadas. Isto implica atender, entre outros aspectos: adequação dimensional dos
espaços [...]; flexibilidade espacial [...]; acessibilidade universal [...], dentre outros
(SILVA et al., 2005, p. 40).
35
A aplicação das técnicas oriundas da APO e da Psicologia Ambiental contribuí
para a identificação do nível de satisfação dos usuários, em especial as crianças.
Segundo Baptista (2009), as pesquisas e os estudos da área da Psicologia
Ambiental agregam ao conhecimento da APO aspectos relevantes que podem contribuir
para uma maior eficiência dos processos avaliativos, dos métodos e técnicas empregadas
e de sua abordagem. Neste sentido, a Psicologia Ambiental leva em conta o ambiente em
pesquisa principalmente como o significado percebido ou atribuído ao ambiente por uma
pessoa e, que mais nos interessa, estudando o comportamento espacial manifestado por
pessoas.
2.3.3 Programação arquitetônica
A terceira vertente de origem da APO é a Programação Arquitetônica.
Segundo Whole Building Design Guide (2009) a programação arquitetônica pode
ser definida como “a investigação e o processo de tomada de decisão, que identifica o
âmbito do trabalho a ser concebido” pois procura identificar as possibilidades de um
problema projetual antes de começá-lo (BAPTISTA, 2009).
De acordo com Sanoff (apud DUMBAR, 2000), o reconhecimento e a
compreensão das necessidades e dos comportamentos das pessoas é o pré-requisito para
estabelecer as metas para o programa do edifício.
Nos EUA, Hershberger (2012), define programação arquitetônica como a primeira
fase do processo de projeto arquitetônico em que são identificados os valores relevantes
do cliente, dos usuários, do arquiteto, e da sociedade, os objetivos importantes do projeto,
dos fatos sobre o projeto descoberto, e as necessidades de instalações explicitadas. O
programa arquitetônico é o documento no qual os identificados valores, metas, fatos e
necessidades são apresentados.
O quadro 7 ilustra as vantagens da programação arquitetônica segundo ótica de
Whole Building Design Guide.
36
Quadro 7 - Vantagens da programação arquitetônica
Vantagens da programação arquitetônica
Envolvimento das partes interessadas na definição do escopo de trabalho antes da
concepção dos trabalhos;
Ênfase na escolha e análise de dados no início do processo, para que o projeto seja
baseado nas decisões tomadas;
Ganho de eficiência por evitar redesenho.
Fonte: Adaptado de Whole Building Design Guide (apud Baptista, 2009)
Segundo BATISTA (2009), a programação Arquitetônica possui algumas
questões emergentes que são levantas no quadro 8.
Quadro 8 - Necessidades da programação arquitetônica
Necessidades da programação arquitetônica
Desenvolvimento de normas e orientações para os proprietários que constroem
frequentemente instalações similares e devido à necessidade de investigação sobre
as novas tecnologias, que resultam em espaços tipo sem precedentes;
A exigência cada vez mais acentuada, por parte dos clientes e/ou proprietários, de
projetos que estejam de acordo com o programa;
A procura por programadores.
Fonte: Adaptado de Whole Building Design Guide (apud Baptista, 2009)
Segundo Baptista (2009), o objetivo da Programação Arquitetônica é criar
edifícios de alto desempenho e, para isso, deve-se aplicar o projeto interativo durante as
fases de planejamento e programação, ou seja, é necessário que as pessoas envolvidas na
concepção e uso do edifício interajam com todo o processo de desenho. A experiência
tem demonstrado que o envolvimento dos usuários no processo de programação resulta
em projetos que podem ser otimizados de forma mais eficiente (Whole Building Design
Guide, 2009).
Ainda sobre a ótica de Baptista (2009), a importância da função do espaço escolar,
uma vez que tal edifício funciona como elemento de transferência e transmissão de
símbolos, valores e conceitos para a criança deve estar associada e materializada no
projeto arquitetônico da instituição escolar.
Segundo Zabalza (1998, p.230) o termo “espaço” tem diversas concepções. Na
sua concepção mais comum, o termo espaço significa: “extensão indefinida, meio sem
limites que contém todas as extensões finitas. Parte dessa extensão que ocupa cada
37
corpo.” Tal definição norteia uma ideia do espaço como algo “físico”, ligado aos objetos
que são os elementos que ocupam o espaço.
De forma a clarear o conceito do espaço escolar e identificar suas variáveis, a
figura 4 ilustra, sobre a ótica de Zabalza, as grandes questões sobre o espaço escolar.
Figura 4: As grandes questões sobre o espaço escolar.
Fonte: Zabalza (1998, p.230).
Para as crianças pequenas o “espaço” é aquilo que nós chamamos de “espaço
equipado”, ou seja, espaço com tudo o que efetivamente o compõe: móveis, objetos,
odores, cores, coisas frias e quentes, etc. (ZABALZA, apud BATTINI 1982, p.24).
As pesquisas sobre o espaço e a educação infantil destacam a importância do
projeto arquitetônico integrado com a proposta pedagógica da instituição, a fim de criar
espaços apropriados para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, além de
propiciar estímulos e condições afetivas que permitam a identificação da criança com o
ambiente (MAZZILLI; WARAGAYA; LIMA, apud FONTES et al., 2006).
38
2.4 NÍVEIS DA APO
A APO pode ser classificada em três níveis (PREISER, 2002; ORNSTEIN;
ROMERO, 1992): indicativa (aplicação ampla), investigativa (abordagem mais
detalhada) e diagnóstico (extremamente detalhado e focado no estudo). Cada um destes
níveis é composto por três fases principais: planejamento, execução e aplicação da APO
(quadro 9).
Quadro 9: Níveis de Avaliação Pós-Ocupação
Fonte: Adaptado de PREISER, 1988
Na etapa de planejamento ocorrem as etapas preliminares antes do início da
pesquisa, ou seja, reconhecimento e viabilidade da pesquisa, levantamentos dos recursos
a serem empregados e o planejamento propriamente dito de toda a pesquisa. Numa
segunda etapa (condução) há a realização da pesquisa, com a coleta de dados e a escolha
do procedimento de coleta juntamente com sua análise; a terceira etapa(aplicação)
consiste no relatório com recomendações e revisão dos resultados.
Ornstein e Romero (1992) afirmam que esses três níveis de APO diferem entre si
em virtude da profundidade do desenvolvimento da pesquisa, da finalidade, dos prazos e
dos recursos disponíveis. A APO, indicativa ou de curto prazo: visita ao ambiente
estudado e entrevistas selecionadas com usuários-chave, indicação dos aspectos positivos
e negativos do objeto estudado.
Níveis de uma APO
Níveis de
APO
Etapas de planejamento Etapas da condução Etapas da
aplicação
Indicativa
(Nível 01)
Reconhecimento e
viabilidade da pesquisa
Coleta de dados
Relatório de
decisões
Investigativa
(Nível 02)
Levantamento dos
recursos
Monitoração e
gerenciamento
Procedimento de coleta
de dados
Recomendação de
plano de ações
Diagnóstico
(Nível 03)
Planejamento da pesquisa
Análise dos dados
Revisão de
resultados
39
O nível 1 (APO indicativa) fornece uma indicação das principais falhas e do
desempenho da edificação. Este tipo de APO é geralmente realizada dentro de um curto
intervalo de tempo, a partir de duas ou três horas para um ou dois dias, podendo realizá-
la integralmente dentro de um prazo de 2 a 24 semanas. Uma APO indicativa presume
que a equipe avaliador/avaliação é experiente em APOs conduzindo o curto período de
tempo e familiarizado com o tipo de construção a ser avaliada, bem como os problemas
que tendem a ser associado a ele.
Uma APO investigativa (nível 2) necessita de mais recursos que a anterior, requer
uma estratégia de investigação e um plano para identificar os tipos e a extensão dos dados
que serão coletados sendo geralmente conduzida quando a APO indicativa identifica
questões que necessitam maior nível de investigação. Pode ser realizada num prazo de 72
a 144 semanas.
Utilizando os mesmos passos da avaliação anterior, a avaliação investigativa
envolve atividades relacionadas com o levantamento e análise da literatura sobre o
assunto e comparações com trabalhos similares.
A equipe pode exigir cerca de uma semana para as entrevistas, distribuição de
questionários no local, e as chamadas de follow-up. Além disso, compilação e análise de
dados geralmente envolve o uso de software especialmente concebido como um banco de
dados personalizável. O resultado final é muitas vezes um relatório escrito e uma reunião
para analisar os resultados da APO.
Segundo Ornstein e Romero (1992) a APO - Investigativa ou de médio prazo:
trata-se do nível anterior acrescido da explicitação de critérios referenciais de
desempenho.
Como já se presume, a APO diagnóstico (nível 3) é a mais abrangente dos três
métodos, é uma investigação profunda, exigindo alto nível de serviço, detalhamento dos
critérios referenciais de desempenho e utilizando sofisticadas técnicas de medidas. Os
prazos podem variar, em média, de 224 a 384 semanas. Envolve, de preferência, equipes
multidisciplinares. (PREISER et al, 1988).
Questionários, inquéritos, observações e medições físicas são empregadas. A
APO diagnóstico pode demorar vários meses a um ano para ser concluído. O valor da
pesquisa diagnóstica intensiva envolvidos em uma APO está na profundidade e qualidade
dos dados obtidos, bem como a força e a validade das conclusões e recomendações
extraídas dele. A APO diagnóstico é adequada para grande escala, dispendiosos projectos,
40
altamente sensíveis, onde um exame minucioso podem ser esperados, como todo um novo
edifício.
Segundo Ornstein e Romero (1992) a APO – Diagnóstico ou de longo prazo:
define detalhadamente critérios de desempenho, utiliza técnicas sofisticadas de medidas
correlacionando aquelas físicas com as respostas dos usuários, tendo-se em mente a
estrutura organizacional da entidade. Para tanto, exige recursos bem maiores do que os
anteriores.
Os detalhes e vantagens de cada tipo ou nível de APO são comparados no Quadro
10.
Quadro 10: Características e vantagens da APO nos diferentes níveis
Vantagens da APO nos diferentes níveis
Nível de APO Vantagens
Indicativa
(Nível 1)
Detectar e propor soluções de pequeno porte e/ou setoriais para
problemas técnicos e funcionais; Envolver todos os participantes do
processo de avaliação e tomada de decisão, ou seja, projetistas, clientes e
usuários; Abranger todos os envolvidos no uso e manutenção do edifício
com o propósito de conservar e otimizar o desempenho do patrimônio,
assim como o bem-estar dos ocupantes; Minimizar custos de manutenção
do edifício.
Investigativa
(nível 2)
Aprimora e afere qualitativamente a metodologia de APO;
Detecta e propõe soluções que se relacionam até mesmo com
reciclagem e substituição de componentes do edifício, com base em
problemas técnicos e funcionais;
Propõe treinamento e conscientização dos usuários, para
conservação e manutenção do edifício;
Apresenta recomendações para minimizar custos de operação e
manutenção.
Diagnóstico
(nível 3)
Mede e aprimora qualitativamente a metodologia de APO;
Propõe um plano de manutenção do edifício objeto da APO, com
intuito de otimizar seu desempenho durante sua vida útil prevista;
Desenvolve um plano de re-arranjo dos espaços físicos do edifício;
Desenvolve um plano de ações tecnológicas voltadas à fase de
projeto, padrões e normas para projetos futuros de edifícios semelhantes.
Fonte: Adaptado de ORNSTEIN (1992)
2.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AS FERRAMENTAS DE
UMA APO
Segundo Reis e Lay (1994, p.35) a estratégica metodológica mostra-se
fundamental no sucesso de uma APO, contudo, somente se houver clareza de que o
objetivo da definição dos métodos, critérios de qualidade ou técnicas de pesquisa devam
41
ser utilizados com seletividade, isto é, moldados de acordo com cada situação específica,
é que estes tornar-se-ão ferramentas úteis para qualquer tipo de investigação.
Segundo Sommer (1979, p. 135) “não existe um método melhor para se colher os
palpites dos usuários; o método deve surgir naturalmente do problema e das
circunstancias. O ideal é usar diversas técnicas diferentes e deixar a avaliação se
prolongar por um certo período de tempo”.
Segundo a ótica de ORNSTEIN e ROMERO (1992) a base metodológica da APO
pode ser dividida em quatro etapas: coleta ou levantamento de dados; diagnóstico;
recomendações para o ambiente-estudo de caso; e insumos para novos projetos.
Conforme Ornstein e Romero (1992, p. 64), a etapa de coleta de dados é
constituída fundamentalmente por sete sub etapas (quadro 11):
Quadro 11 – Sub etapas da Coleta de Dados
Coleta de dados Levantamento da memória do projeto e da construção: resgate da “memória” da produção do
ambiente construído, importante na análise qualitativa de aspectos positivos e negativos
encontrados na edificação em uso, e do impacto ocasionado aos usuários como ambiente
construído.
Cadastro atualizado dos ambientes construídos (as built): fundamental para o órgão gerenciador
e avaliador desses ambientes construídos e para a manutenção do cadastro atualizado do as
built, utilizado para indicar as medidas reais executadas na obra.
Cadastro atualizado do mobiliário e dos equipamentos
Levantamento, tabulação de dados e informações coletadas com os usuários: nesta etapa, ocorre
a seleção dos ambientes que serão analisados e a definição de uma amostra representativa de
cada categoria ou estrato da população a ser entrevistada.
Levantamento técnico-construtivo, conforto ambiental e funcional: no Brasil, as medidas e
observações físicas realizadas pela equipe técnica e os levantamentos realizados com os
usuários estão fundamentalmente relacionados com as variáveis prioritárias, materiais e
técnicas construtivas, conforto ambiental, contexto urbano, avaliação funcional e com a
avaliação comportamental.
Levantamento de normas, códigos, especificações técnicas existentes: definição de critérios
comparativos para o julgamento adequado por parte dos usuários e técnicos, de forma que os
critérios sejam fundamentados em diretrizes já existentes em códigos de obras, normas,
especificações técnicas (níveis municipal, estadual e federal), contudo a equipe técnica deve
analisar essas diretrizes antes de serem adotados os critérios.
Estabelecimento de critérios e padrões, quando não existirem normas para efeito comparativo:
em termos de qualquer tipologia de ambiente construído no Brasil, existem poucas normas,
cadernos de encargos e especificações técnicas, sendo necessária a concepção de “índices” e
“padrões” complementares do conjunto de critérios comparativos a serem adotados, os quais
devem ser formulados com base na experiência profissional dos membros da equipe técnica.
Fonte: Adaptado de Ornstein 1992, p.64 (apud Baptista 2009)
Segundo Ornstein e Romero (1992), os ambientes avaliados serão diagnosticados
com base nos levantamentos realizados, resultando no diagnóstico dos principais aspectos
positivos e negativos do ambiente.
42
A etapa do diagnóstico é a principal etapa da APO, “[...] devendo ser
cuidadosamente dimensionada pois, a partir deste, serão obtidas as recomendações a
curto, médio e longo prazos” (ORNSTEIN; ROMERO, 1992, p. 68), assim como a
formulação de diretrizes e recomendações para futuros projetos semelhantes.
O levantamento de campo pode dar subsídios para obtenção de dados sobre um
edifício, servindo de base e fornecendo dados necessários para o levantamento
sistemático de informações (ZAPATEL, 1992; REIS & LAY 1994).
Os métodos de pesquisa podem ser classificados em qualitativos, que focalizam a
determinação de validade da investigação e quantitativos, que consiste em medições, a
partir de avaliações físicas realizadas através de levantamentos e avaliações
comportamentais, utilizando questionários, entrevistas e observações de comportamento,
que expressem o nível de satisfação dos usuários (BAPTISTA, 2009).
Para um bom desenvolvimento da APO, deve existir um planejamento prévio e
criterioso para que ocorra um levantamento adequado dos dados e das metas dentro dos
prazos previstos (ORNSTEIN; ROMERO, 1992). Sendo assim, “[...] a aplicação de
métodos e técnicas de APO deve levar sempre em consideração tanto o ponto de vista dos
técnicos [...], bem como a aferição dos níveis de satisfação dos usuários” (ROMERO;
ORNSTEIN, 2003, p. 37).
Segundo Rheingantz et al (2009), em uma APO podem ser utilizados diferentes
instrumentos e ferramentas de avaliação, como exemplo: walkthrough, mapa
comportamental, poema dos desejos, mapeamento visual, mapa mental, mapa cognitivo,
mapa conceitual, seleção visual, tipologia de ambiente interno, entrevista, questionário,
grupo focal, dentre outros.
Diante desse contexto, das possíveis combinações e abrangência das
ferramentas utilizadas em uma APO, este item busca caracterizar a metodologia de
avaliação de uma APO de cinco específicos instrumentos através da leitura crítica de
“Observando a Qualidade do Lugar: Procedimentos para a avaliação pós-ocupação,
Rheingantz et al, 2009”.
Serão os 5 grupos de instrumentos utilizados para Avaliação Pós-Ocupação: (1)
Observação — roteiro para análise Walkthrough, com levantamento fotográfico,
medições e observações complementares anotadas em caderno de campo; (2) Entrevista
— entrevistas semiestruturadas e estruturadas; (3) Livre expressão — poema dos desejos
utilizado apenas com as crianças; (4) Questionários — questionário de opinião do
43
usuário e questionário estruturado com perguntas aberta, e por último, será
complementado pela (5) Matriz de descobertas — para avaliação dos resultados.
2.5.1 Walkthrough
Segundo Rheingantz et al (2009, p.23), a Walkthrough pode ser entendida como
método de análise que combina simultaneamente uma observação com uma entrevista,
tem sido utilizada na avaliação de desempenho do ambiente construído e na programação
arquitetônica. A Walkthrough permite uma compreensão inicial e abrangente do
desempenho de um ambiente, razão pela qual é frequentemente efetuada no início de uma
APO.
Segundo Preiser (1995, apud Rheingantz), em uma Walkthrough os aspectos
físicos servem para articular as reações dos participantes em relação ao ambiente. O
percurso dialogado abrangendo todos os ambientes, complementado por fotografias,
croquis gerais e gravação de áudio e vídeo, possibilita que os observadores se
familiarizem com a edificação, com sua construção, com seu estado de conservação e
com seus usos.
Segundo Zeisel (1981, apud Rheingantz), a primeira Walkthrough foi realizada
por Kevin Lynch (1960) em Boston, quando convidou os grupos de respondentes
voluntários para um passeio-entrevista pela área central da cidade. Durantes os anos 60
seguiram-se algumas experiências acadêmicas com grupos de alunos, em sua maioria não
publicadas (Bechtel 1997), mas seu surgimento cientifico ocorreu nos anos 60 e 70 com
o advento da Psicologia Ambiental e com a organização, em 1968 da EDRA –
Environment Design Research Association – acompanhando a consolidação conceitual e
de procedimentos da APO.
2.5.1.1 Aplicações e limitações
Por ser relativamente fácil e rápida de aplicar, a Walkthrough tem sido muito
utilizada em APOs. Em geral, ela precede a todos os estudos e levantamentos, sendo
bastante útil para identificar as principais qualidades e defeitos de um determinado
ambiente construído e de seu uso. Sua realização permite identificar, descrever e
44
hierarquizar quais aspectos deste ambiente ou de seu uso merecem estudos mais
aprofundados e quais técnicas e instrumentos devem ser utilizados. Além disso, ela
também permite identificar as falhas, os problemas e os aspectos positivos do ambiente
analisado. (Rheingantz et al 2009, p. 23)
Segundo Rheingantz et al (2009, p. 23) uma Walkthrough funciona conforme
ilustra a sequência apresentada no Quadro 12.
Quadro 12: Sequência representativa de uma Walkthrough
Sequência de uma Walkthrough
Deve-se formar uma equipe composta por especialistas e por representantes dos
diversos grupos de usuários do ambiente construído.
Munidos de plantas e fichas de registro (exemplificadas no capítulo do Estudo
de Caso), os observadores realizam uma entrevista-percurso de reconhecimento ou
ambientação, abrangendo todos os ambientes considerados no estudo.
Para registrar as descobertas, podem ser utilizadas diversas técnicas de registro,
como por exemplo, mapas, plantas, check-lists, gravações de áudio e de vídeo,
fotografias, desenhos, diários, fichas, etc.
Fonte: adaptado de Rheingantz et al (2009, p. 23)
Ainda sobre ótica de Rheingantz et al (2009, p.25), por ser um instrumento
flexível, a walkthrough possibilita o emprego de diversas abordagens ou procedimentos.
Em sua forma mais estruturada (Brill et al 1985, apud Rheingantz et al 2009), são
utilizados dois tipos de grupos: grupos de tarefas e grupos de participantes. Os grupos de
tarefas são compostos pelos líderes de grupo que planejam, conduzem e relatam o
processo da walkthrough. Estes grupos têm como objetivos motivar os participantes a
discutirem questões que forem surgindo durante a walkthrough, bem como propor
recomendações e ações para resolvê-los. Durante a walkthrough, um membro conduz o
trajeto pelo edifício e faz perguntas geradoras de comentários sobre o edifício e as suas
características, sobre sua operação e uso. Um segundo membro registra os comentários e
notas, bem como onde cada problema se localiza. O terceiro fica responsável pelas
fotografias e pela ordenação e registro dos comentários. Já nos grupos de participantes,
cada grupo tem funções e interesses diversos com relação ao edifício, à sua operação e
uso. Os grupos de participantes mais comuns são formados por gerentes, funcionários,
45
visitantes, pessoal de manutenção e de reparo, pessoal de segurança, projetistas, de
proprietários e administradores do edifício. Se o número de participantes for pequeno
(seis ou menos), um grupo walkthrough único pode incluir todos eles. Se for muito maior,
pode ser conveniente formar outros grupos mais representativos do total de participantes.
Uma segunda abordagem sobre a ótica de Brill et al 1985 (apud Rheingantz et al
2009), subdivide a tarefa em quatro procedimentos que, tanto podem ser aplicados em
conjunto, como isoladamente (quadro 13).
Quadro 13: Subdivisão da ferramenta walkthrough
Procedimento walkthrough
Procedimento Descrição do procedimento
Walkthrough geral
Esta técnica pode ser utilizada de diversos modos, tanto na
avaliação de edifícios como de lugares urbanos e, a exemplo do
grupo de participantes, pode envolver os usuários ou outros grupos
de interesses mais específicos, como especialistas, ou
administradores. Eles utilizam o próprio ambiente físico como
estímulo para auxiliar os respondentes a articularem suas reações a
este ambiente. Sua finalidade típica inclui a escolha de informações
dos participantes da walkthrough e de outros usuários, bem como
levar a efeito avaliações técnicas do referido ambiente.
Walkthrough de auditoria
de energia
Tem como propósito específico avaliar seu desempenho
energético e de identificar oportunidades para o gerenciamento e a
conservação de energia, como por exemplo a walkthrough de
auditoria de energia de um edifício
Walkthrough de
especialistas
Organiza-se um grupo de especialistas cuja composição
tanto pode ficar em aberto como ser previamente definida para
examinar um conjunto determinado de aspectos de um ambiente ou
edifício, tais como condições físicas, utilidade de algum aspecto,
fator ou atributo específico. Em geral, são utilizadas checklists
(Figura 4), bem como entrevistas formais ou informais com os
usuários no próprio local.
Passeio walkthrough
Baseia-se no uso do ambiente físico como elemento capaz
de ajudar os respondentes — tanto pesquisadores e/ou técnicos,
quanto os usuários — na articulação de suas reações e sensações em
relação ao edifício ou ambiente a ser analisado.
Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009, p. 27)
46
Em uma walkthrough geral são utilizados grupos de técnicas da walkthrough de
edifícios ou ambientes. A walkthrough geral pode servir de base para a construção de
questionários ou outros tipos de observações mais específicas. O Passeio Walkthrough é
a modalidade mais utilizada nas APOs realizadas pelos integrantes do grupo
APO/ProLUGAR. (Rheingantz et al 2009, p. 27). A figura 5 ilustra um tipo de checklist
utilizado na walkthrough de especialistas.
Figura 5: Checklist de fatores funcionais — divisões internas, tetos e pisos
Fonte: Adaptado de Preiser et al (1988)
Os Passeios Walkthroughs, realizados pelos integrantes do APO/ProLUGAR
(Rheingantz et al 1998) têm adotado a abordagem de Zube (1980), que considera as
experiências e emoções vivenciadas pelos usuários e pesquisadores como “instrumentos
de medição” e de ‘identificação da qualidade” dos ambientes. Este procedimento
simplifica e agiliza as Walkthroughs em relação às recomendações de Brill et al (1985) e
Baird et al (1995).
47
De um modo geral, estas Walkthrough são realizadas por duplas de pesquisadores.
Antes de ir a campo, são preparadas plantas baixas em escala 1/50 impressas em papel
sulfite formato A3 ou A4, para facilitar seu manuseio em campo — em edificações com
plantas muito extensas, as plantas são seccionadas em setores; eventualmente podem ser
necessários cortes esquemáticos. Durante os percursos, enquanto os dois observam e
analisam entre si os ambientes, um deles registra fotografias e/ou grava em áudio os
comentários; o outro anota nas plantas baixas as observações e visadas das fotografias.
Quando o percurso é realizado por um único pesquisador, recomenda-se a realização de
dois percursos em sequência, um para anotar os resultados das observações e/ou gravar
em áudio os comentários, outro para fazer as fotografias. Depois do trabalho de campo,
as observações são lançadas em uma matriz composta de plantas baixas, fotografias e
comentários.
Sobre a ótica de Rheingantz et al (2009), em relação à postura dos observadores,
existem duas vertentes distintas: a primeira, alinhada com a abordagem clássica, que
recomenda distanciamento crítico do observador com relação ao ambiente, e a segunda,
alinhada com a abordagem experiencial, se baseia na impossibilidade do distanciamento
crítico e recomenda que os observadores atentem e anotem as próprias emoções e reações
experimentadas durante suas interações com o ambiente.
2.5.1.2 Recomendações e cuidados
Segundo Rheingantz, uma limitação muito comum em uma Walkthrough se deve
a eventuais restrições de acesso dos pesquisadores aos ambientes, seja por riscos de
contaminação — tanto do ambiente (centros cirúrgicos, laboratórios, centros de pesquisa
das áreas biomédicas) quanto dos próprios pesquisadores (laboratórios e alas de doenças
infectocontagiosas em hospitais) — seja por receio de espionagem industrial.
No planejamento e na montagem de uma Walkthrough, Brill et al (1985, p. 242)
indica alguns procedimentos ou cuidados importantes, conforme ilustra o quadro 14.
48
Quadro 14: Procedimentos e cuidados em uma análise Walkthrough
Procedimentos e cuidados em uma análise Walkthrough
Definir o grupo de trabalho.
No caso de mais de um edifício ou ambiente, selecionar os edifícios e ambientes
a serem percorridos, bem como definir a ordem sequencial dos percursos.
Informar os departamentos ou setores envolvidos com a walkthrough, buscando
a sua cooperação e consentimento/permissão.
Verificar a disponibilidade de recursos para realizar as melhorias e reformas
necessárias para implementar os benefícios de moda a que os usuários ou respondentes
percebam e se beneficiem desta experiência/participação. A concretização destes
benefícios possibilita que os participantes acreditem nas vantagens de participar do
processo de avaliação.
Treinar o grupo de trabalho na preparação e na programação da walkthrough
Propor os grupos de participantes; em geral, seis a dez grupos de até cinco
pessoas cada são suficientes. Quando a população envolvida for muito grande, são
utilizados múltiplos grupos. Neste caso, são constituídos dois a três grupos para cada
100 pessoas, tais como: pessoal de suporte, funcionários de escritório, pessoal de
segurança, etc.
Explicar aos participantes o que se espera deles em termos de melhorias, de
feedback ou resultados, de oportunidade de comunicar-se e de serem ouvidas e, se
necessário, a sua remuneração durante o trabalho.
Determinar/estimar o tempo de realização da própria Walkthrough e quantos
grupos vão realizar o percurso — recomendável de 6 a 10 — e quanto tempo cada um
deve durar. Para edifícios ou ambientes maiores, mais complexos e/ou mais populosos,
será necessário mais tempo.
Prever e incluir o tempo necessário para fotografar e medir — entre 2 e 6 horas.
Isto pode ser realizado durante a própria walkthrough, ou por cada participante ou
grupo, imediatamente após a mesma.
Prever e incluir o tempo necessário para preparar os arquivos e registros dos
métodos, dos participantes e dos resultados — em geral, em uma walkthrough de
pequeno porte, a previsto é de duas pessoas por dia.
Verificar limitações e impedimentos (datas, tempo, acesso a ambientes,
disponibilidade dos usuários, etc.).
Preparar um plano ou roteiro de trabalho que explicite: quem faz o que, quando
e onde.
Fonte: Adaptado de Brill et al 1985, p. 242 (Apud Rheingantz et al 2009)
Ainda sobre a ótica de Rheingantz os resultados, as atividades e intenções dos
participantes, suas avaliações, as características dos ambientes, fotografias, medições e
recomendações devem ser registrados e devidamente arquivados. O quadro 15 ilustra
alguns desses pontos sugeridos por Rheingantz.
49
Quadro 15 – Cuidados e recomendações numa walkthrough sobre ótica de
Rheingantz
Cuidados e recomendações numa walkthrough
Verificar a organização dos planos e arranjos — se as salas de reunião são
suficientemente grandes e com um nível adequado de privacidade.
Planejar os trajetos a serem percorridos, para otimizar o tempo e, quando
possível, preparar uma análise gráfica das informações que possa ser consultada
durante o percurso com o objetivo de alimentar os debates e discussões na reunião de
avaliação.
Durante a reunião introdutória (duração máxima de 30 minutos), os
participantes dos grupos devem ser esclarecidos sobre os objetivos e benefícios da
walkthrough; os procedimentos para registra de comentários, fotos e medições; as
atividades e responsabilidades de cada participante, quais registros devem fazer, em
que instrumentos, com que notação e simbologia gráfica O objetivo desta reunião é
ressaltar a importância dos suas atividades, sua utilidade/importância para o trabalho,
bem como esclarecer sobre o que se pretende realizar com o edifício/lugar com que
intenções.
Conduzindo uma walkthrough (de 30 a 60 minutos), inicialmente é conveniente
esquematizar o percurso e estimular o grupo o acrescentar seus percursos paralelos.
Enfatizar os questões mais importantes relacionadas com a avaliação de cada ambiente
ou lugar a ser visitado.
Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009)
Quando forem identificados ambientes ou lugares que necessitem medições
complementares — temperatura, umidade relativa do ar, índices de iluminamento, etc —
eles devem ser precisamente indicados; nestes casos, se realiza um ou mais percursos —
é recomendável walkthrough de especialistas — em geral restritos aos lugares e
ambientes indicados. Se algo for registrado como muito alto ou muito inclinado, esta
medida deve ser claramente explicitada (em metros ou declividade, por exemplo).
50
2.5.2 Entrevista
A entrevista é “uma das principais técnicas de trabalho em quase todos os tipos
de pesquisas utilizadas nas ciências sociais” (Lüdke; André 1986, p.32) e pode ser
definida como relato verbal ou conversação “com um determinado objetivo” (Bingham;
Moore apud Sommer; Sommer 1997, p. 106), sendo muito utilizada em pesquisas de
opinião ou de mercado.
Trata-se de um instrumento importante no resgate de informações sobre a
evolução e decisões de projeto, construção, uso, operação e manutenção, colaborando
para determinar em que etapa de produção e uso surgem os aspectos negativos e positivos
do ambiente construído (Ornstein; Romero,1992).
Em geral, os objetivos de uma entrevista são: averiguar “fatos”, determinar
opiniões sobre os “fatos”, determinar sentimentos, descobrir planos de ação, conhecer
conduta atual ou do passado, reconhecer motivos conscientes para opiniões, sentimentos,
sistemas ou condutas (Lakatos; Marconi 1991, p.196). A entrevista aprofunda as
informações levantadas em outros trabalhos de campo no ambiente em análise, coletando
dados que ficaram ocultos ou simplesmente, preenchendo lacunas nas informações.
As entrevistas podem ser: (1) estruturadas, com perguntas específicas (abertas
ou fechadas) que podem seguir uma padronização que facilite o registro e tabulação
posterior de dados quantitativos (FRUCCI in ORNSTEIN, 1995); (2) semi-estruturadas,
conduzidas com o apoio de um roteiro com os principais aspectos a serem abordados,
buscando elucidar assuntos específicos cuja importância já tenha sido identificada
(PREISER in BAIRD et al, 1995) e (3) não estruturadas, sem nenhuma linha de perguntas
pré-determinadas, o interlocutor é incentivado a falar livremente sobre hipóteses que o
pesquisador deseja testar (FRUCCI in ORNSTEIN, 1995).
O Quadro 16 ilustra os fundamentos dos três tipos de entrevista.
51
Quadro 16: Tipos de entrevistas
Tipos de entrevistas
Entrevista estruturada ou
padronizada
O entrevistador segue um roteiro
previamente programado e impresso em um
formulário. Esta modalidade se assemelha a
um questionário, do qual se diferencia,
basicamente, pelo procedimento de resposta.
Enquanto o questionário é distribuído para ser
respondido sem a presença do entrevistador,
na entrevista o questionário serve de roteiro da
conversação.
Entrevista semi-estruturada
Os entrevistadores podem preparar
apenas um roteiro ou esquema básico, ou
ainda um mesmo conjunto de perguntas que
não são necessariamente aplicadas em uma
mesma ordem sequencial.
Entrevistas não estruturadas ou
não dirigidas
Utilizadas em pesquisas mais
aprofundadas sobre percepção, atitudes e
motivações, especialmente quando se procura
descobrir quais são as questões básicas e qual
é o seu nível de compreensão do problema ou
ambiente a ser pesquisado. É muito útil para
levantar os aspectos afetivos e valorativos das
respostas dos entrevistados, bem como para
determinar o significado pessoal de suas
atitudes. Este tipo de entrevista atinge seus
propósitos à medida que as respostas dos
entrevistados são espontâneas e não forçadas,
altamente específicas e concretas, ao invés de
difusas e gerais, sendo pessoais e auto
reveladoras, ao invés de superficiais. Além de
evitar influenciar ou direcionar as respostas, o
entrevistador deve criar uma atmosfera
completamente permissiva, onde os
respondentes sintam-se livres para se
expressarem, sem medo de reprovação,
admoestação ou disputa.
Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009)
Segundo Lüdke e André (1986), a entrevista estruturada é mais indicada em
pesquisas onde se precise reunir um grupo numeroso de respondentes em um curto espaço
de tempo, como nos levantamentos de tendências eleitorais ou de preferências por
determinados produtos.
Segundo Merton, Fiske e Kendall (apud Selltiz et al, 1987) elas podem ser do
tipo focalizada ou clínica. Em alguns casos até mesmo a forma como as questões são
apresentadas varia, como por exemplo, alterando a estrutura da sentença da pergunta. Na
entrevista focalizada, a principal função do entrevistador é focalizar a atenção em uma
52
determinada experiência e seus efeitos, quando os aspectos da questão a serem abordados
são previamente conhecidos ou definidos. A lista ou roteiro de tópicos e aspectos são
derivados da formulação do problema da pesquisa. A análise de uma situação ou
experiência da qual o entrevistado participa — um filme, um programa de rádio ou de
televisão, uma mudança de arranjos espaciais em uma sala de aula ou de um layout de
escritório — traz, para o entrevistador, mudanças de hipóteses baseadas em teoria
psicológica ou sociológica. A entrevista constitui-se de uma estrutura de tópicos a serem
abordados, mas o modo da abordagem e o tempo de duração das questões são deixados a
critério do entrevistador. Ele tem a liberdade de explorar as razões e os motivos e conduzir
para direções que não estavam programadas no roteiro da entrevista. Embora os
entrevistados sejam livres para expressar de maneira completa sua linha de raciocínio, a
direção da entrevista está claramente nas mãos do entrevistador. Esta modalidade de
entrevista tem sido utilizada nos procedimentos em campo onde seja necessário verificar
uma hipótese de pesquisa construída previamente. Ela tem como objetivo investigar quais
os aspectos que uma experiência específica traz para as mudanças nas atitudes e valores
daqueles que dela participaram. De posse de uma análise prévia de conteúdo da
experiência ou situação observada, o entrevistador pode distinguir os fatos objetivos dos
subjetivos, sem esquecer de considerar a possibilidade de percepção seletiva e estar
preparado para explorar suas implicações. Já na entrevista clínica, refere-se mais aos
sentimentos ou motivações subjacentes, ou às experiências no decorrer da vida de um
respondente ou aos efeitos de uma experiência específica. O entrevistador conhece quais
aspectos do sentimento ou experiência que ele quer que o entrevistado relate, e
novamente, o método de aflorar a informação é deixado a cargo do entrevistador. A
entrevista de “história pessoal” é o tipo mais comum e os aspectos específicos da história
de vida individual a serem cobertos pela entrevista são determinados, como em todos os
instrumentos de coleta de dados, pelos propósitos do estudo.
2.5.2.1 Aplicações e limitações
Segundo Selltiz et al (1987), a principal vantagem da entrevista em relação ao
questionário, é que quase sempre produz uma amostra melhor da população envolvida.
Enquanto em um questionário o retorno é da ordem de 10 a 15%, em uma entrevista ele
pode chegar a 70 ou 80%. Para os autores, a “maioria das pessoas está disposta e é capaz
de cooperar num estudo onde tudo o que ela tem a fazer é falar. As pessoas normalmente
apreciam falar com pessoas que são amigáveis e que estejam interessadas naquilo que
53
pensam” (Selltiz et al 1987, p. 19). Sommer e Sommer (1991, p.147) indicam que a
entrevista também é melhor do que o questionário para lidar com temas complexos, pois
“os entrevistadores têm acesso ao comportamento não verbal dos respondentes e a
aspectos ambientais no momento e no local de realização da entrevista”. Lüdke e André
(1986) a reconhecem como uma das principais técnicas de trabalho nas pesquisas com
abordagem qualitativa.
Além da necessidade do entrevistador desenvolver sua capacidade de ouvir com
atenção e estimular o fluxo natural das informações, garantindo um clima de confiança
em sua interação com o respondente, Lakatos e Marconi (1991) e Lüdke e André (1986)
indicam alguns cuidados necessários na etapa de preparação e de aplicação de uma
entrevista (quadro 17).
Quadro 17- Preparação e aplicação de uma entrevista
Aplicação de uma entrevista
Identificar as pessoas-chave relacionadas com cada assunto/problema a ser
observado.
Conhecer previamente o respondente e o seu grau de familiaridade com o objeto
da observação.
Organizar um roteiro ou formulário com as questões importantes.
Entrar em contato com o respondente e estabelecer, desde o primeiro momento,
uma conversação amistosa, explicando a finalidade da pesquisa, seu objeto, relevância
e ressaltando a importância de sua colaboração.
Garantir ao respondente, sempre que necessário, o anonimato e o sigilo de suas
confidências e/ou de sua identidade.
Respeito pela cultura e pelos valores do respondente, de modo a evitar a
imposição de uma problemática sem qualquer relação com o universo de valores e
preocupações do respondente.
Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009)
Com relação às vantagens Rheingantz et al (2009) indica: maior entrosamento
com o respondente e maior variabilidade de informações; possibilidade imediata e
corrente de captar a informação com praticamente qualquer tipo de respondente —
analfabetos, alfabetizados, crianças, adolescentes, adultos e idosos — sobre os mais
diversos assuntos; possibilidade de fazer correções, esclarecimentos e adaptações
decorrentes de situações ocorridas durante a realização da entrevista. O entrevistador
54
também pode repetir ou esclarecer perguntas, formulá-las de maneira diferente, ou até
mesmo, esclarecer se está sendo compreendido ou se está compreendendo seu
respondente; pode ser aplicada em diferentes momentos da observação; pode ser utilizada
para a complementação ou esclarecimento de alguma informação previamente obtida com
outros instrumentos de pesquisa; permite, quando necessário, que os dados sejam
quantificados e submetidos a tratamento estatístico; Configura-se como uma
oportunidade para obter informações relevantes e significativas não disponíveis em fontes
documentais e por fim possibilita obter informações mais precisas, que podem ser
comprovadas de imediato, bem como identificar as discordâncias.
Segundo Rheingantz et al (2009, p. 74), entre as principais limitações da
entrevista, podem ser destacadas no quadro 18.
Quadro 18 – Principais limitações de uma entrevista
Principais limitações de uma entrevista
Dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes.
Falsa interpretação decorrente da incompreensão do significado das perguntas e da
pesquisa, por parte do respondente.
Possibilidade de o respondente ser influenciado, consciente ou inconscientemente,
pelo entrevistador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, idéias, opiniões, etc.
Disposição do respondente em dar as informações necessárias.
Retenção de informações importantes, decorrente do receio de que sua identidade
seja revelada.
Pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados.
Aplicação da entrevista com um número relativamente grande de entrevistados
pode ocupar muito tempo e, de um modo geral, é difícil de ser realizada e analisada.
Fonte: Adaptado de Rheingantz et al (2009, p.74)
2.5.2.2 Recomendações e cuidados
Segundo Rheingantz et al (2009), devido à complexidade da elaboração de uma
entrevista, é necessário listar alguns cuidados e atenção.
O tempo de resposta de uma entrevista estruturada não deve exceder a 30
minutos e o número de questões está diretamente relacionado com a complexidade das
perguntas e da própria natureza da entrevista. Nas entrevistas semi-estruturadas e não
estruturada, o tempo pode ser administrado com maior liberdade; apenas o entrevistador
deve atentar para qualquer sinal de cansaço emitido pelo respondente.
55
A qualidade da entrevista depende, primeiramente, de um planejamento
adequado. A situação usualmente procurada é a permissiva, onde os respondentes são
encorajados a emitirem opiniões francas, e na qual o entrevistador não usa de expressões
de surpresa ou julgamentos de valor.
A introdução do entrevistador deve ser breve, informal e positiva. O interesse
do estudo está nas questões de fato, e o entrevistador deve chegar a elas o mais rap-
damente possível. Apresentações e explicações demoradas apenas aumentam a
curiosidade do respondente ou sua suspeita.
Em entrevistas estruturadas, o pesquisador deve fazer a pergunta exatamente
como ela está redigida. Uma leve re-elaboraçõo da pergunta ou qualquer explicação de
improviso deve ser evitada, pois pode provocar estímulos e respostas em diferentes
quadros de referência (Selltiz et al 1987)
Nas entrevistas não estruturadas, entrevistador e respondente devem ter o total
domínio da ação, podendo interromper ou redirecionar seu andamento conforme novos
insights surjam durante a conversação. Quando um novo tópico emerge na discussão, é
difícil saber quando segui-lo, sob o risco de perder a continuidade, ou ficar no tema
principal, omitindo informações adicionais (Sommer; Sommer 1997). Por outro lado,
nesse tipo de entrevista, surge a possibilidade de implementar algo inesperado, como um
significado surgido nas falas dos respondentes e que não estava previsto inicialmente no
instrumento (Sommer; Sommer 1997).
Segundo Rheigantz, antes de aplicar uma entrevista é recomendável fazer um
pré-teste para avaliar o tamanho, a clareza e a adequação da redação das questões.
Sommer (1979) recomenda iniciar a entrevista com perguntas mais gerais, seguidas de
perguntas progressivamente relacionadas com itens mais específicos. O respondente de
uma entrevista iniciada com perguntas específicas pode se envolver com detalhes e, mais
adiante, ter difculdades para expressar suas impressões mais gerais.
2.5.3 Questionários
Segundo Rheingantz (2009, p.79), um questionário pode ser definido como um
instrumento de pesquisa que contém uma série ordenada de perguntas relacionadas com
um determinado assunto ou problema, que devem ser respondidas por escrito sem a
56
presença do pesquisador. Tanto pode ser entregue pessoalmente, enviado por correio, por
e-mail, ou ainda disponibilizado pela Internet.
Segundo Zimring et al. (2005), este instrumento está entre os mais adotados em
APOs, talvez por ser “[...] um método rápido e facilmente compreendido pelo
respondente, sobretudo quando são aplicadas questões fechadas, redigidas utilizando
vocabulário acessível, o mais próximo possível da linguagem coloquial” (ELALI, 1997,
p. 358).
O questionário é um instrumento de grande utilidade quando se necessita
descobrir regularidades entre grupos de pessoas por meio da comparação de respostas
relativas a um conjunto de questões (Zeisel 1981). As referências ao primeiro uso do
questionário como instrumento de pesquisa remontam a Sir Francis Galton, no século
XIX (Sommer; Sommer 1991).
Em avaliações de desempenho, a análise dos resultados obtidos com a aplicação
do questionário possibilita identificar o perfil dos respondentes e verificar sua opinião
acerca dos atributos ambientais analisados. Uma das grandes vantagens do instrumento é
que pode ser aplicado a um universo maior de respondentes.
Sanoff (1992) observa que tanto a presença quanto a ausência de determinada
pergunta ou conjunto de perguntas pode influenciar as respostas. Outra questão
importante está relacionada com a linguagem utilizada na formulação das perguntas, uma
vez que ela pode dificultar a interpretação por parte dos respondentes. Gifford (1997), por
sua vez, observa que os arranjos ambientais, quando inadequados, podem induzir as
pessoas a um “entorpecimento ambiental” que as impede de reconhecer como estes
ambientes poderiam ser melhorados. Nesses casos, como as pessoas não atentam
espontaneamente para seus sentimentos, as perguntas apresentadas em um questionário
podem fazê-las “despertar” para a situação.
O uso de questionários na APO busca verificar: (1) perfis: dados pessoais dos
respondentes, por exemplo sexo, idade, nível de instrução; (2) atitudes: preferências e
sentimentos dos respondentes; (3) comportamentos: hábitos, o que é feito rotineiramente
ou o que se pretende fazer; (4) crenças: o que é considerado verdadeiro ou falso
(ORNSTEIN, 1992).
57
2.5.3.1 Aplicações e Limitações
O questionário é muito utilizado em pesquisas de opinião ou survey research
(Sommer; Sommer 1997) — reunindo um conjunto ordenado de perguntas formuladas
com o objetivo de saber informações sobre as crenças, atitudes, valores e comportamentos
das pessoas.
Segundo Rheingantz et al (2009, p.79), as vantagens e desvantagens do uso do
questionário devem ser devidamente avaliadas conforme ilustra o quadro 19.
Quadro 19- Vantagens e Desvantagens do uso do questionário
Vantagens versus Desvantagens
Principais vantagens Principais desvantagens
Rapidez e custo relativamente
baixo;
Impossibilidade de aplicação com
crianças e analfabetos;
Possibilidade de trabalhar com
universos maiores de respondentes e/ou de
áreas geográficas;
Baixas taxas de retorno e/ou altas
taxas de perguntas sem resposta;
Caráter impessoal e a não
identificação do respondente que
favorecem a liberdade de resposta, a
segurança e o anonimato;
Impossibilidade de esclarecer
dúvidas e incompreensões dos
respondentes;
Risco da leitura prévia das
perguntas influenciar as respostas;
Possibilidade de o respondente
escolher o momento e o local mais
conveniente paro responder;
Possibilidade de outra pessoa
preencher;
Maior uniformidade na avaliação.
Necessidade de um universo mais
homogêneo de respondentes.
Fonte: Adaptado Rheigantz et al (2009)
Estas vantagens e desvantagens devem ser relativizadas nas avaliações de
desempenho, considerando sua natureza multimétodos que possibilita o cruzamento da
análise do resultados e das descobertas.
58
2.5.3.2 Recomendações e cuidados
Segundo Rheigantz et al (2009), para evitar inconsistências e ambiguidades, a
elaboração de um questionário é relativamente complexa e longa e demanda muita
atenção. As questões devem ser simples, precisas e neutras, de modo a não influenciar os
respondentes (Zeisel 1981). O tempo de preenchimento não deve exceder a 30 minutos;
já o número de questões está diretamente relacionado com a complexidade das perguntas
e da própria natureza do questionário.
Existem dois aspectos gerais para todos os questionários. O conteúdo do
questionário, relacionado com o objeto do estudo. O formato está relacionado com a sua
estrutura e aparência — como os itens são escritos, sua aparência na página — e a forma
adotada para responder as questões. (Sommer; Sommer 1997: 128).
Com relação ao conteúdo, Rheingantz et al (2009) indica alguns cuidados
importantes: a conveniência de o questionário ter um único assunto/propósito, evitando
incluir assuntos ou itens não diretamente relacionados com o propósito da pesquisa; a
necessidade de procurar informações sobre pesquisas similares já realizadas naquele local
ou com aquele grupo de respondentes (Sommer; Sommer 1997). Uma consulta prévia
com pessoas dos diferentes grupos de usuários ou usuários frequentes pode economizar
tempo, trabalho e recursos.
Outro aspecto a considerar é que nem sempre é necessário construir um novo
questionário. Em muitos casos, se adapta ou simplesmente replica um questionário pré-
existente. Caso seja necessário construir um novo, é recomendável realizar, previamente,
uma visita exploratória ou de reconhecimento, ou uma walkthrough, devidamente
complementadas por entrevistas com pessoas- chave relacionadas com as principais
atividades, tarefas e categorias de usuários identificadas.
Após a elaboração e/ou definição do questionário a ser aplicado, Sommer e
Sommer (1997) recomendam a utilização de um ckecklist para que o pesquisador avalie
o questionário elaborado e verifique sua eficácia.
Alguns cuidados adicionais devem ainda ser observados: Codificar todas as
questões, especialmente quando sua tabulação for realizada com o auxílio de um
computador; informar o órgão ou a instituição financiadora; incluir instruções precisas e
claras sobre os objetivos e propósitos da pesquisa, bem como sobre a forma e os prazos
de preenchimento e de devolução do questionário devidamente respondido; evitar
59
perguntas que induzam a determinadas respostas, que provoquem embaraço ou que
demandem cálculos (Oliveira, 2002).
A qualidade visual e a legibilidade das questões podem aumentar o interesse do
respondente; tomar cuidado na escolha e usar as imagens apropriadas para não desviar a
atenção; sempre imprimir um número maior de cópias dos questionários, pois eles podem
ser úteis para anotar lembretes e observações, para apoio na tabulação dos dados, bem
como para o preparo de cópias para discussão, como anexos a relatórios ou como modelos
para outras pesquisas (Sommer; Sommer 1997).
O estilo de redação das questões deve ser claro, conciso e objetivo; a linguagem
deve ser simples, coerente e precisa; perguntas devem ser redigidas de modo a se tornarem
atrativas e não controvertidas; é recomendável evitar o uso de redundâncias, de
explicações desnecessárias, de adjetivos supérfluos ou que selam tendenciosos; textos
muito compactos, por sua vez, podem dificultar a compreensão por parte do respondente
(Lakatos; Marconi 1991).
Iniciar o questionário com perguntas mais gerais, seguidas de perguntas sobre
itens progressivamente mais específicos; o respondente de um questionário que inicia
com perguntas específicas pode ficar “envolvido com os detalhes e não consegue exprimir
impressões gerais mais tarde” (Sommer 1979: 145).
Outra recomendação importante é evitar a influência de uma questão sobre a
questão seguinte. É conveniente agrupar as perguntas relativas a um mesmo tema, sempre
iniciando cada grupo com as questões de opinião e finalizando com as questões de fato.
Também é recomendável alternar perguntas de diferentes tipos: abertas,
dicotômicas e de múltipla escolha. Este procedimento pode evitar o chamado “contágio
emocional (Lakatos; Marconi1991: 212), além de reduzir o cansaço ou a tendência a
respostas mecânicas.
Quanto à definição do número de entrevistados, bem como o número de itens
incluídos no questionário ou ao tempo de demora nas respostas, Sommer (1979) sugere
que não existe uma resposta absoluta, e que o melhor é “observar um número suficiente
de pessoas, durante o tempo que for necessário para obter um bom retrato do que elas
fazem” (Sommer 1979, p. 145).
60
2.5.4 Poema dos desejos
A aplicação desse instrumento de pesquisa, desenvolvido por Henry Sanoff,
consiste em: ao aplicá-lo, os usuários de um determinado local descrevem, por meio de
um conjunto de sentenças escritas ou desenhos, suas necessidades, sentimentos e desejos
relativos ao edifício ou ambiente analisado, tendo como ponto de partida a sentença
previamente proposta.
Tendo em vista que as respostas podem ser as mais diversas, o método
possibilita ampla liberdade para a manifestação dos anseios das pessoas, fornecendo
informações que podem ser especialmente relevantes para o desenvolvimento de projetos
similares ou mesmo de intervenções – reformas ou ampliações – em construções
existentes (CASTRO; LACERDA; PENNA, 2004; RHEINGANTZ, 2007b).
Segundo Henry Sanoff, o Poema dos Desejos, ou Wish Poem, é uma ferramenta
consideravelmente mais eficaz do que aquelas cujos objetivos sejam muito específicos e
declarados, especialmente quando a intenção é valorizar um caráter mais global e
exploratório da observação. As declarações espontâneas compõem um conjunto de
informações ilustrativo e, quando combinadas com as respostas de diversas categorias de
usuários, possibilitam que se obtenha um perfil representativo dos desejos e demandas do
conjunto de usuários de um determinado ambiente. A análise dos “poemas” possibilita a
identificação do imaginário coletivo em relação àquele contexto experienciado pelos
usuários, contribuindo com a construção do que seria a imagem ideal do ambiente
analisado ou futuramente projetado (Del Rio et al, 1999).
Segundo Sanoff (2001) a atividade do desenho (uma das formas de resposta)
permite que os usuários expressem e narrem a sua visão sobre um determinado ambiente
ou organização, explicitem suas predileções e indiquem os elementos que consideram
mais significativos.
Segundo Rheingantz et al (2009), o Poema dos Desejos é um instrumento de
grande utilidade na etapa de programação de um projeto de arquitetura, especialmente
nas abordagens participativas.
61
2.5.4.1 Aplicações e limitações
Durante a realização de workshops em projetos participativos, nos quais os
usuários discutem suas ideias e finalmente chegam a uma decisão compartilhada, Sanoff
(1991) recomenda que o processo inicie com a construção de um “poema colaborativos,
para identificar os objetivos e as aspirações dos participantes. E ainda observa que essa
atitude pode minimizar o esforço normalmente dispensado na tentativa de estabelecer e
definir as metas do projeto. Após completar a tarefa, “cada participante lê seu poema paro
o grupo. Esta atividade estimula uma discussão mais rica, e possibilita estabelecer um
cenário positivo para a próxima etapa” (Sanoff 1991, p.11).
Nas avaliações com abordagem multi-métodos, o Poema dos Desejos tem sido
aplicado com o intuito de conhecer o imaginário dos usuários. Por ser um instrumento
não estruturado, quando aplicado depois de ter sido realizada uma Walkthrough, o Poema
dos Desejos pode ser de grande utilidade para subsidiar a construção dos demais
instrumentos a serem utilizados.
Quando aplicado com crianças, é recomendável o uso do desenho. Além de mais
atrativo, segundo Gobbi, o desenho e a oralidade infantil podem ser “compreendidos
como reveladores de olhares e percepções das crianças sobre seu contexto social, histórico
e cultural, pensados, vividos e desejados” (2002 apud Souza 2007, p. 102).
A utilidade e a potencialidade dos desenhos na leitura do ambiente ou na
concepção de projeto é perfeitamente caracterizada pelas atividades com crianças.
Quando aplicado com adultos, alguns destes podem se sentir encorajados a se
expressarem por meio de desenhos. No entanto, a forma mais comum de expressão de
respondentes desta categoria de usuários é ainda a escrita.
2.5.4.2 Recomendações e cuidados
Segundo Rheingantz (2009), a construção do instrumento é simples. Em geral
são preparadas fichas padronizadas, contendo um cabeçalho para identificação, os
objetivos da pesquisa, bem como as explicações e instruções para seu preenchimento.
Deve ser deixado um espaço em branco que seja suficiente para a livre expressão do
respondente.
62
Nas avaliações realizadas pelos observadores do APO/ProLUGAR, o Poema
dos Desejos tem sido utilizado como instrumento auxiliar nas interações observador-
usuários-ambiente e sua aplicação, alinhada com a abordagem experiencial — que
pressupõe que a observação é o resultado da experiência vivenciada no ambiente pelos
usuários e observadores. Por esta razão, e diferentemente da abordagem proposta por
Sanoff, o observador deve acompanhar o processo de elaboração dos “poemas”,
interagindo com os usuários, especialmente quando as respostas são traduzidas por
desenhos. Ele deve anotar e identificar com a maior fidelidade possível as observações e
explicações de cada respondente relacionadas com os desenhos e seus significados. No
caso de usuários infantis, Souza (2007) recomenda que o observador anote as descrições
e relatos dos crianças em uma folha de registro à parte, a ser anexado posteriormente ao
desenho. Além disso, facilita a compreensão das respostas e consequente análise dos
resultados. Quando os desenhos são analisados a posterior, ou seja, sem a presença dos
respondentes, o observador deverá ter mais dificuldades ou até mesmo podendo incorrer
em uma interpretação equivocado das respostas.
Conforme mencionado, com usuários infantis — que devem ser divididos em
grupos de 3 ou 4 crianças, para facilitar o acompanhamento por parte do observador — é
recomendável que se dê preferência aos desenhos. Para não prejudicar a espontaneidade
dos respostas, Sanoff recomenda que o tempo de aplicação do instrumento não deve
ultrapassar 20 minutos.
Todo o material necessário para a aplicação do instrumento — em geral, lápis
preto, lápis de cor, canetas, folhas de papei, etc — deve ser fornecido pelo pesquisador.
Cada respondente deve ter o liberdade de escolher o material de sua preferência.
Normalmente os crianças utilizam lápis coloridos que, além de mais atrativos, ampliam
as possibilidades de expressão. Por sua vez, a análise dos cores utilizados nos desenhos
pode se transformar em uma nova e importante vertente no interpretação dos desenhos e
no entendimento do processo de percepção do ambiente. O reconhecimento dos aspectos
psicológicos e fisiológicos em relação à cor podem ser importantes para a tradução e a
validação dos resultados.
Os desenhos podem estimular o interesse dos alunos e projetistas pelo uso e a
importância da cor em seus projeto. A abordagem colorida trabalha diretamente com a
zona criativa que envolve a imaginação (Araújo 2007). Como exercício de projeto, o
Poema dos Desejos, ao explorar a imaginação a ser trabalhada na atividade projetual,
pode contribuir e enriquecer os experiências prévios nos soluções adotados.
63
Segundo Sanoff (1994), uma vez aplicado o instrumento, é interessante que a
interpretação e a redação dos significados dos desenhos sejam incorporados ao cenário
do ambiente analisado. No caso de uma escola, por exemplo, os desenhos e frases devem
ser afixados e ficar expostos nas paredes das próprias salas ou dos ambientes de uso
coletivo, possibilitando que toda a população usuário — mesmo quem não teve
possibilidade de participar — tenha acesso aos resultados. A possibilidade de ver seus
poemas exibidos faz com que os usuários reconheçam que a sua opinião é importante no
processo de avaliação.
2.5.5 Matriz de descobertas e recomendações
Em função do grande volume de dados e de informações decorrentes de uma
APO, que dificulta a organização e a apresentação dos resultados, a Matriz de Descobertas
foi construída com o objetivo de reunir e apresentar graficamente as principais
descobertas das APOs (Rodrigues et al, 2004; Castro, Lacerda, Penna, 2004).
Produzida pelos pesquisadores envolvidos com a avaliação pós-ocupação
(APO) do grupo Qualidade do Lugar e Paisagem (ProLUGAR) do Programa de Pós-
graduação em Arquitetura da FAU UFRJ, sua utilidade foi evidenciada pela equipe do
Programa APO da Fiocruz que aplicou o instrumento, tanto para os técnicos mapearem
as descobertas, quanto para a compreensão por parte dos usuários — uma dificuldade
frequente na redação final dos relatórios e na relação com os usuários e clientes
(Rheingantz et al, 2009 p. 91). Segundo a ótica de Rheingantz et al (2009) comprovada a
utilidade do instrumento, a equipe de APO da Fiocruz passou a utiliza-la em seus
relatórios.
Em função da experiência e das novas demandas da APO, a Matriz de
Descobertas sofreu sucessivos aprimoramentos. Inicialmente o instrumento foi concebido
para trabalhar apenas com os fatores técnicos, suas limitações ficaram evidentes nas
avaliações que incluíam os fatores funcionais e comportamentais. A segunda versão da
Matriz de Descobertas e Recomendações continha duas modificações: foram
acrescentadas duas novas colunas — descobertas walkthrough e opinião do usuário, e o
formato original do instrumento foi modificado de A4 para A3 (figura 6).
64
Figura 6- Segunda versão da matriz de descobertas e recomendações
Fonte: Rodrigues 2002 (apud Rheingantz et al 2009 p. 94)
Apresentando mais uma evolução, e com a colaboração de Soares, a Matriz de
Descobertas — não mais de Recomendações — foi apresentada no Trabalho Final de
Graduação de Rodrigues (2002). Valendo-se da linguagem visual da arquitetura, foi
incluída nessa versão: desenhos, fachadas e plantas baixas dos edifícios e ambientes
analisados. Sobre as plantas baixas foram inseridas as informações resultantes da
avaliação, de modo a que pudessem ser relacionados com os ambientes (Rodrigues apud
65
Rodrigues; Castro; Rheingantz 2004, p. 4). O trabalho, até então realizado manualmente,
passou a ser editado em computador com a utilização de software gráfico. Nesta versão
foram retiradas todas as recomendações, que passaram a ser apresentadas em documento
à parte — o que justificou, inclusive, a mudança da própria designação do instrumento.
Em uma das últimas versões desenvolvidas, houve pequenas alterações e ajustes no
formato - como a inclusão de um novo item: “observações gerais e problemas comuns”.
A Matriz de Descobertas pode ser considerada uma contribuição original de
grande utilidade para a análise de edifícios e ambientes em uso (Rheingantz, et al 2009).
2.5.5.1 Aplicações e limitações
Segundo Rheingantz et al (2009), a Matriz de descobertas foi originalmente
utilizada em ambientes construídos complexos como os da área de saúde, regulamentados
em seus aspectos técnicos por modelos normativos. Estes modelos normativos, em geral,
desconsideram os fatores funcionais e comportamentais, tais como valores psicológicos
do uso e da percepção ambiental, questões sobre a gestão do ambiente construído para a
saúde, seus custos, seu controle, sua operação e sua manutenção.
A evolução do instrumento evidenciou que o tratamento visual das informações
foi se tornando cada vez mais refinado e necessário para a compreensão do conjunto de
informações. Assim, a Matriz de Descobertas deixa de ser apenas um instrumento de
registro de problemas e se transforma em um instrumento de análise (Rheingantz, 2009).
Na medida em que as informações vão sendo classificadas e selecionadas, é
possível identificar as relações existentes entre elas. Este processo simplifica a
identificação das possíveis origens dos problemas — se falhas de projeto, de construção,
de manutenção, decorrentes de procedimentos de trabalho ou administrativas.
A possibilidade de visualização simultânea das informações, propiciada pela
inserção da planta baixa na matriz, a partir da sua primeira versão, fez com que o mesmo
recurso fosse utilizado em outros mapeamentos, como por exemplo, o Mapeamento
Fotográfico e o Mapeamento de Produtos Químicos Utilizados nos Laboratórios,
utilizados por Soares (2003).
A segunda versão da matriz de descobertas e recomendações, sua principal
limitação era quanto ao formato utilizado, a disposição e o número excessivo de páginas,
o que não se aplica ao estudo em questão, visto que só foi aplicado uma análise no
contexto APO. (Rodrigues, Castro; Rheingantz 2004, p. 4)
66
2.5.5.2 Recomendações e Cuidados
Segundo Rheingantz et al (2009, p.102) para que se consiga um resultado
satisfatório com a Matriz de Descobertas, é indispensável que a equipe de campo se
responsabilize por sua construção, uma vez que é ela quem detém o conhecimento e a
vivência dos ambientes analisados, fundamentais no momento do cruzamento e na análise
dos ambiente ou do edifício.
A análise comparativa das diferentes versões evidencia que a inclusão e o
tratamento gráfico das informações, além de reduzir significativamente o volume de
dados — e, por consequência, também dos relatórios — e melhorar sua aparência,
facilitou o leitura e o compreensão dos resultados da avaliação. Os clientes —
administradores e pesquisadores — passaram a se interessar mais pelo conteúdo do
relatório, possibilitando reduzir, ou até mesmo eliminar a principal dificuldade enfrentada
pela equipe de APO da Fiocruz: a visualização e a compreensão dos informações por
parte de usuários leigos em arquitetura, engenharia e APO. (Rheingantz et al 2009, p.102).
A agilidade na seleção dos informações e seu ordenamento gráfico passou a ser
determinante nos relatórios, em função da própria dinâmica das alterações a serem
produzidas nas edificações, de modo a reduzir ou evitar a obsolescência precoce do
documento.
Segundo Rheingantz et al (2009), a reincidência de determinado problema é
uma evidência que deve ser devidamente considerada, contudo não deve ser mencionado
a todo o momento na matriz, sob pena de tomá-la cansativa ao leitor.
Ainda sobre a ótica de Rheingantz, a Matriz de Descobertas é uma síntese dos
principais elementos e problemas dos ambientes ou edifícios analisados, e sua utilidade
está vinculada aos relatórios de diagnóstico e de recomendações.
67
3. APLICAÇÃO DE APO EM ESCOLA MUNICIPAL
O presente capítulo tem como objetivo apresentar o resultado da Avaliação Pós-
Ocupação (APO) realizada na escola UMEF (Unidade Municipal de Educação
Fundamental) Professora Lúcia Maria Silveira Rocha, localizada na rua Carlos Ermelino
Marins, nº34 - Jurujuba, Niterói.
3.1 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO E
CARACTERÍSTICAS DO ENTORNO
A escolha do edifício para aplicação da APO foi definida pelos aspectos citados
no Quadro 20.
Quadro 20: Motivação para escolha do edifício
Aspectos que influenciaram a escolha do edifício
Ser um centro de educação;
Localização propícia a diferentes intempéries;
Não estar em reforma e/ou ampliação;
Não ser um edifício alternativo (provisório);
Ter mais de dois anos de uso;
Não ser inadequado segundo a Prefeitura;
Ser uma unidade com a melhor infraestrutura e espaços de lazer
da região
Fonte: (Autor, 2016)
Muitos autores indicam que a avaliação de edificações deve ser feita com unidades
que tenham mais de dois anos, pois, dessa forma, os usuários já possuem uma vivência
dos espaços estudados, sendo mais facilmente identificadas as deficiências, patologias da
edificação, ocorrências de apropriações dos espaços e de manutenções preventivas e
corretivas (SILVA et al, 2005).
O município de Niterói, onde se localiza a escola, está dividido em doze regionais
administrativas (Figura 8).
68
Figura 7 Regiões administrativas do município de Niterói
Fonte: Manual do Gestor. Prefeitura de Niterói
A distribuição das redes Municipais e Estaduais das escolas no Município de
Niterói está indicada na figura 8. A escolha da escola para ser aplicada a APO foi a de
número 21, localizada em Jurujuba (Escola de Ensino Fundamental).
69
Figura 8 Distribuição das Redes Municipais e Estaduais das escolas em Niterói
Fonte: Prefeitura Municipal de Niterói – Manual do Gestor
Jurujuba é um bairro histórico da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro,
localizado na Região administrativa de São Fracisco.
Sua localização encontra-se à Leste da entrada da Baía de Guanabara, é uma península
cercada pelas águas oceânicas e da própria baía, limitando-se por terra com Charitas,
próximo ao cruzamento entre Avenida Carlos Ermelino Marins e o caminho para o
Forte Imbuí; e com Piratininga, pela linha de cumeada do Morro do Ourives. O bairro é
predominantemente ocupado por antigos moradores e uma vila de pescadores
(WIKIPEDIA).
A figura 10 representa a vista da fachada do edifício escolar a ser aplicado APO.
70
Figura 9 Vista da fachada do edifício escolar
Fonte: (Autor, 2016)
A escola avaliada trata-se de uma escola de Ensino Fundamental e posteriormente
adaptada ao ensino Infantil. O projeto original, sob a construtora EMUSA, é do ano de
2005. Inicialmente existia apenas o bloco menor (que hoje se destina apenas à Educação
Infantil). Em 2005, o edifício foi ampliado para os dois blocos (Ensino Fundamental e
Ensino Infantil) conforme ilustra a figura 11.
Figura 10 Vista aérea edifício escolar
Fonte: Google Earth (2016)
BLOCO (Ensino
Infantil)
BLOCO (Ensino
Fundamental)
71
A análise APO foi aplicada apenas no bloco destinado ao Ensino Fundamental
onde os alunos variam de 06 a 12 anos. A área construída total da escola é de 2.480,89
m², sendo 210,92 m² do bloco que se destina à Educação Infantil e 1.121,87 m² do bloco
que se destina ao Ensino Fundamental. O ANEXO A ilustra a planta baixa do bloco em
análise.
3.2 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS INTERNAS
Quanto à sua disposição arquitetônica, o edifício possui 01 pavimento e oito salas
de aula. Quanto à sua ocupação: 238 alunos no turno matutino e 237 no vespertino. 35
professores aproximadamente e 18 funcionários, nove dos quais fazem serviços gerais e
o restante trabalha na área administrativo-pedagógica. Não há caseiro residente, nem
vigia.
O prédio principal, do ponto de vista de seu funcionamento, foi organizado sob a
ótica de Ornstein, Romero (2003), com a seguinte divisão setorial: administrativo,
pedagógico, serviços gerais e lazer/atividades (figura 11).
O setor administrativo possui secretaria, sala de professores com banheiro, sala
de direção com banheiro e sala de EAP. O setor pedagógico é composto por 8 salas de
aula padrão, 01 sala de informática, 01 sala de leitura, 01 sala de recursos, 02
almoxarifados, 01 banheiro feminino e 01 banheiro masculino e 02 banheiros para alunos
portadores de necessidade especiais. A sala de recursos é uma sala específica para alunos
portadores de necessidade especiais. O setor de lazer e atividades é formado pelo pátio
e corredor. O setor de serviços apresenta refeitório, cozinha, área de serviço, vestiário
com banheiro, dispensa e banheiro de funcionários.
Figura 11 Planta baixa (espaços setorizados)
Fonte: (Autor, 2016)
72
3.3 APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA UTILIZADA
Neste item são apresentadas as descrições dos métodos, bem como os
instrumentos e procedimentos de análise utilizados na aplicação da APO.
Diferente da avaliação técnica, a APO não se baseia unicamente ao desempenho
técnico das edificações, os critérios estabelecidos em uma APO incluem também índices
relacionados à organização e ao ocupante, tais como a satisfação, necessidade e atividades
do usuário, incluindo a manutenção, operação e adequação ao espaço.
A APO também identifica aspectos positivos e negativos inerentes ao
desempenho do edifício. Para diagnosticar tais aspectos do ambiente construído foi
utilizada na pesquisa uma metodologia a partir da avaliação de fatores técnicos-
construtivos e fatores funcionais.
Todos os instrumentos adotados foram aplicados tendo como referência a
perspectiva do observador pesquisador, agregando as percepções, experiências e histórico
do pesquisador ao processo de avaliação do ambiente em questão.
O quadro 21 ilustra como as 3 vertentes da APO se relacionam com a
metodologia utilizada.
Quadro 21: Aplicação das vertentes APO na metodologia utilizada
Abordagem das 03 vertentes da APO
Desempenho dos edifícios
Critérios de desempenho
estabelecidos pelos requisitos da ISO
6241 e NBR 5674
Psicologia Ambiental Aplicação da psicologia
ambiental nas ferramentas que abordam
a opinião do usuário, principalmente no
poema dos desejos
Programação arquitetônica Descrição do espaço escolar e
sua relação com o funcionamento do
edifício
Fonte: (Autor, 2016)
Neste estudo foi aplicada a Avaliação Pós-Ocupação de nível 01 (indicativa ou de
curto prazo).
Seguindo as orientações de Reis e Lay (1994), este trabalho optou por métodos
e técnicas de pesquisa de campo, considerando as características do objeto de estudo, do
problema a ser investigado, da natureza das informações e as características específicas
dos espaços e seus usuários.
A avaliação técnico-construtiva considera as condições construtivas do edifício,
por meio da análise walkthrough e da entrevista. Os formulários de entrevistas,
73
questionários, os roteiros e os quadros de avaliação foram elaborados apoiando-se nos
critérios de desempenho e/ou indicadores de qualidade das seguintes normas: ISO 6241
e NBR 5674. Por último foi formulada a matriz de descobertas que apresenta
graficamente as principais descobertas das APO e sugere possíveis recomendações.
A estrutura da Avaliação Pós-Ocupação e a relação com os respectivos
instrumentos utilizados está ilustrada na figura 12.
Figura 12 Métodos e materiais utilizados na APO
Fonte: (Autor, 2016)
Inicialmente foi utilizada a ferramenta walkthrough, com uma abordagem
experiencial, conforme visto no item 2.2.1, com o intuito de mapear todo o ambiente a
ser analisado, conhecer as instalações da escola e clarear a visão do observador à respeito
dos principais pontos a serem analisados.
Esta primeira visita foi norteadora tanto para determinar um olhar mais atento nas
demais visitas, quanto para a escolha e preparação dos demais instrumentos utilizados nas
outras visitas.
Foi realizada uma vistoria técnica, dentro da lógica da Walkthrough, com
observação direta e registros fotográficos sobre aspectos relativos à funcionalidade,
manutenção e ao sistema construtivo.
74
A segunda ferramenta utilizada foi a entrevista semi-estruturada com a diretora da
escola para levantar informações sobre os usuários e no roteiro de avaliação dos
ambientes. A entrevista caracterizou a escola como um todo e está apresentado na sua
totalidade no Apêndice A.
A partir da entrevista foi elaborado o questionário para funcionários e
pais/responsáveis apresentando roteiros que permitem que o entrevistado expresse
livremente sua opinião em algumas perguntas. As perguntas foram formuladas em função
do roteiro técnico, das características da UMEI apontados pela direção e pelas análises
walkthrough.
A entrevista com os pais/responsáveis teve como objetivo verificar como esses
usuários percebem a escola (o ambiente construído) e a utilizam, como a ela se referem,
qual o ponto de vista em relação a ela, ou seja, seus atributos, atitudes, comportamento e
crenças (Apêndice C).
Com os funcionários (Apêndice B), as perguntas foram agrupadas em quatro
grupos principais, conforme o Quadro 22, as quais visam conhecer o nível de satisfação
dos usuários em cada grupo, sem descaracterizar a compreensão total do objeto avaliado.
Quadro 22: Caracterização dos questionários
Descrição dos questionários
Grupo Tema Principais enfoques
I Identificação Sexo, idade, escolaridade, turno de trabalho,
tempo de trabalho na escola, e locomoção
II A UMEF Funcionalidade, acessos, instalações
hidrosanitárias, segurança, estética, áreas de
convivência e lazer, e acessibilidade
III Características
ambientais
Espaços para jardinagem, espaços para
animais e adequação do espaço existente
IV Ambiente de
trabalho
Acessos, funcionalidade, estética e conforto
Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009)
Conforme instruído por Reis e Lay (1994), o questionário foi estruturado com
perguntas simples, precisas e específicas e as respostas foram tratadas estatisticamente,
fornecendo meios que testam as hipóteses formuladas (Apêndice B).
Após a devolução dos questionários fez-se a tabulação dos dados de forma
direta, ou seja, os dados foram “lançados em programas estatísticos que efetuam uma
75
série de operações e análises estatísticas, sem que o operador tenha que lançar alguma
fórmula matemática [...]” (ORNSTEIN, apud SILVA et al., 2005, p. 43).
Foi utilizado o instrumento poema dos desejos (Apêndice D) aplicado as
crianças. Este instrumento foi elaborado com o objetivo de obter dados acerca da
dimensão cognitiva e comportamental em relação a todos os atributos de desempenho do
ambiente construído adotados na pesquisa.
As crianças foram convidadas a desenhar a escola dos “sonhos”, com o objetivo
de “materializar”, em forma de desenho, seus desejos. Isso ocorreu devido à constatação
de que para as crianças, o sonho, muitas vezes, não pode ser realizado na escola existente.
Sendo assim, 10 crianças presentes na sala de aula, foram convidadas a desenhar
“a escola como ela é”. Essa atividade foi realizada na sala de leitura.
Após a realização dos desenhos, cada crianças foi convidada individualmente a
explicar o que havia desenhado e o por que do seu desenho.
Por último, na análise dos resultados, foi aplicada a matriz de descobertas de forma
a identificar graficamente as descobertas da Avaliação Pós-Ocupação. Foi aplicada a
segunda versão da matriz descobertas, conforme visto no capitulo 2.4.5, que relaciona os
dados, as descobertas walkthrough, as recomendações e as opiniões dos usuários. O
quadro 23 apresenta um resumo dos métodos utilizados e o respectivo registro do
documento correspondente.
Quadro 23: Métodos utilizado e documento referente
Métodos utilizado e documento referente
Métodos Documento referente
Observação Análise walkthrough (Anexo B e C)
Registros fotográficos (Anexo D)
Entrevista Apêndice A
Livre expressão Apêndice D e Figura 36 a 44
Questionário Apêndice B e C
Matriz de descobertas Figura 45 e Quadro 27
Fonte: Adaptado de CINTRA (2001)
3.4 AVALIAÇÃO TÉCNICO-CONSTRUTIVA
Esta etapa da pesquisa avalia os aspectos técnico-construtivos existentes no estudo
em questão, não somente do ponto de vista do observador, mas também do ponto de vista
dos usuários entrevistados.
76
3.4.1 Aplicação da análise walkthrough
Como instrumento de avaliação técnico-construtiva utilizou-se a análise walkthrough
que foi baseada em vistorias, com observação direta e registros fotográficos sobre
aspectos relativos à funcionalidade, manutenção e ao sistema construtivo.
Munido de plantas e fichas de registro (anexo B), o observador realizou uma
entrevista-percurso de reconhecimento e ambientação, abrangendo todos os ambientes da
escola.
Os instrumentos utilizados na Walkthrough, segundo as orientações de Rheingantz
(2000) e Sanoff (2001) estão ilustrados no Quadro 24.
Quadro 24: Ferramentas utilizadas na Walkthrough
Ferramentas utilizados na Walkthrough
Realizar uma entrevista inicial com a diretora e alguns funcionários
familiarizados com a escola, permitindo uma orientação geral sobre a localização, a
missão, bem como a filosofia educacional;
Fazer uma turnê por todos os espaços da escola com a diretora familiarizado
com o programa educacional, fazendo perguntas e observando as características do
edifício para identificar o que funciona bem e o que não funciona na escola;
Executar gravações de dados sobre as observações de todos os espaços, em um
roteiro de avaliação, que inclui a fotografia do espaço, um sistema de classificação e
notas escritas, procurando identificar os aspectos positivos e negativos;
Elaborar registros fotográficos;
Realizar análises in loco dos projetos do edifício escolar e medições.
Fonte: Adaptado de Rheingantz (2000) e Sanoff (2001)
A partir dos instrumentos utilizados na walkthrough, a entrevista-percurso realizada
com a diretora e outros funcionários foi norteadora para obter informações quanto ao
histórico do edifício.
Segundo a diretora da escola, não ocorreram transformações significativas na
estrutura física do edifício. Apenas modificações simples, como a intervenção de
divisórias entre ambientes (exemplo: direção e secretaria), tais intervenções atendem às
necessidades de adequação dos espaços ao uso.
A alteração mais significativa foi a readaptação da cobertura de cimento amianto
conforme ilustra figura 13.
77
Figura 13 – Cobertura encontrada na escola
Fonte: (Autor, 2016)
Segundo a entrevista com diretora da escola:
“A maior preocupação é a segurança dos equipamentos nos finais
de semana, não temos vigia nem segurança nesses dias e a ligação da
escola com a praça contribuí para insegurança. Já aconteceu várias vezes
de entrarem no fim de semana e levarem equipamentos que ficavam na
área do pátio e corredor, até mesmo extintor já levaram. Por isso
colocamos todos os extintores para dentro dos cômodos.”
A partir da turnê por todos os espaços e os registros fotográficos foram obtidas
diferentes informações quanto à estrutura e caracterização do edifício. Toda a região
local, e em volta da escola tem a presença de vegetação.
Quase todo seu perímetro é murado, porém uma das paredes da escola tangencia uma
praça da região, sendo cercada por uma grade conforme ilustra a figura 14.
(a) (b)
Figura 14- Perímetro do terreno (murado e interligado com a praça)
Fonte: (Autor, 2016) O acesso dos estudantes é realizado pela entrada que circunda a praça. A entrada
que faz frente para rua ficou sendo apenas de carga e descarga.
78
Não apresenta grandes problemas de acessibilidade a deficientes físicos por ser
térreo (figura 15).
Figura 15 – Rampa de acesso (entrada da escola)
Fonte: (Autor, 2016)
As áreas livres descobertas, geralmente onde as crianças brincam e fazem os
exercícios de educação física, apresentam problemas de drenagem. Segundo a diretora
adjunta, nos períodos de chuva, a situação piora formando poças de água nessa região.
Essas áreas são formadas por um piso de concreto áspero (figura 16).
(a) (b)
Figura 16 – Áreas livres descobertas
Fonte: (Autor, 2016)
Não há estacionamento para professores e funcionários, sendo utilizada para este
fim a rua frontal ao edifício. Um aspecto que merece destaque é a entrada de
carga/descarga, o espaço para acesso de carro é extremamente estreito (figura 17).
79
Figura 17 – Entrada de carga e descarga
Fonte: (Autor, 2016)
Para registrar as descobertas da walkthrough realizou-se o preenchimento das
fichas de avaliação da percepção dos ambientes (instrumento de observação), que consiste
na utilização de fichas com espaços específicos (baseadas em SANOFF, 2000) a serem
preenchidas in loco, no caso de cada ambiente visitado, de forma a verificar aspectos
físicos e o modo de utilização destes. Após coletado todos os dados foi feita uma breve
análise técnica através da ficha de avaliação de fatores técnicos (anexo B).
A escola foi dividida em 08 subsistemas conforme ilustra o quadro 25.
Quadro 25 – Divisão do edifício em subsistemas
Divisão do edifício em subsistemas
SUBSISTEMAS ELEMENTOS
ESTRUTURA GERAL
VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA
COBERTURA GERAL
REVESTIMENTO/ ACABAMENTO
PISO
PAREDE
TETO
IMPERMEABILIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS
GERAIS
ESQUADRIAS EXTERNAS
INSTALAÇÕES PREDIAIS
SISTEMAS HIDROSSANITÁRIOS
SISTEMAS ELÉTRICOS
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
USO E OPERAÇÃO
Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009).
A partir da divisão do edifício em subsistemas, foi elaborado um checklist para
cada setor da edificação (conforme já visto a divisão de setores no item 3.2).
80
A figura 18 ilustra a ficha de avaliação de fatores técnicos do ambiente – Setor
Serviços. As demais fichas (setor administrativo, setor pedagógico, setor atividades e
lazer) encontram-se no ANEXO B.
Figura 18 Checklist setor serviços gerais
Fonte: (Autor, 2016)
SUBSISTEMAS ELEMENTOS EXCELENTE BOM REGULAR RUIM
ESTRUTURA GERAL
X
VEDAÇÃO VEDAÇÃO
EXTERNA
X
COBERTURA GERAL
X
REVESTIMENTO/
ACABAMENTO
PISO
X
PAREDE X
TETO
X
IMPERMEABILIZAÇ
ÃO CARACTERÍSTICA
S GERAIS
X
ESQUADRIAS EXTERNAS
X
INSTALAÇÕES
PREDIAIS
SISTEMAS
HIDROSSANITÁRI
OS
X
SISTEMAS
ELÉTRICOS
X
SEGURANÇA CONTRA
INCÊNDIO x
USO E OPERAÇÃO x
Ficha de avaliação de fatores técnicos – Setor serviços gerais
PLANTA – SETOR SERVIÇOS
81
A partir de uma síntese geral das fichas de avaliações de fatores técnicos de cada
setor do edifício, as principais informações foram compiladas no quadro 26.
Quadro 26: Síntese informações Avaliação Técnica
Síntese Avaliação Técnica
SUBSISTEMA ELEMENTOS OBSERVAÇÕES LEGENDA
Infraestrutura
Abastecimento
de água e
energia
Reservatórios (02
caixas de água e 01
cisterna) não atendem
demanda da escola.
Ocorre falta da água na
região. É necessário
comprar carro pipa
Coleta de esgoto
e de lixo
Coleta de lixo normal –
caçamba na rua. Não tem
coleta seletiva
Estrutura Características Concreto Armado
Vedações Vedação externa Alvenaria em tijolo
cerâmico
Coberturas Características
gerais
Amianto Figura 19 (a)
Revestimento
Piso Granitina
(interno) e concreto (área
externa)
Figura 19 (b)
Teto Tinta acrílica
Paredes Revestimento: Meio
pastilhamento. Banheiros
e cozinha (pastilhamento
inteiro)
Figura 19 (c)
Impermeabilização Características
gerais
Esquadrias
Janelas
Alumínio e grade de ferro Figura 19 (d)
Portas
Portas de madeira
com grade de ferro
Figura 19 (e)
Instalações prediais
Hidráulica Não possuem
bueiros/ralos na parte
externa
Elétrica Sobrecarga no verão
Captação de
aguas pluviais
Não tem ralo na área
externa
Tubulação de
gás externa.
Cor não representativa
Fonte: (Autor, 2016; Adaptado de BAPTISTA 2009)
82
As observações de avaliação técnica de cada sistema foram feitas relacionando
aos requisitos das normas ISO 6241 e NBR 5674 (quadro 27). Demais setores
(administrativo, setor pedagógico, setor atividades e lazer) encontram-se no ANEXO C.
Quadro 27: Notas manutenção e desempenho SETOR SERVIÇOS
REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE
ESTABILIDADE Existência de fissuras em
paredes -
SEGURANÇA CONTRA FOGO
Inexistência de equipes treinadas
para emergências
Facilidade de Rota
de Fuga
Falta de alarmes ou detectores
de incêndio
Extintores
existentes aferidos
SEGURANÇA EM USO Extintores em locais
inapropriados -
VISUAL Falta de Sinalização Visual
TÁCTIL - Banheiros
acessíveis a deficientes
DURABILIDADE Falta de manutenção quanto à
pintura -
REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE
VEDAÇÃO Fissurações -
ESQUADRIAS Esquadrias Deficientes -
EQUIPAMENTOS DE
INCÊNDIO -
Extintores
existentes aferidos
REVESTIMENTO Falta de manutenção
quanto à pintura -
PISO - - TETO Fissurações -
INSTALAÇÕES Tubulações de gás fora de
conformidade -
Fonte: (Autor, 2016; Adaptado de Rheingantz et al 2009)
83
A figura 19 é o registro fotográfico das informações compiladas no quadro 26
(síntese de informações da avaliação técnica).
(a) (b) (c)
(d)
(e) (f)
(a) Cobertura encontrada - Amianto
(b) Pisos – Granitina e Concreto áspero
(c) Revestimento – Meio pastilhamento
(d) Esquadrias – janelas- Alumínio com gradeamento
(e) Esquadrias – portas – Madeira com grade de ferro
(f) Abastecimento de água – Cisterna
Figura 19 –Síntese da avaliação técnica
Fonte: (Autor, 2016)
84
3.5 ANÁLISE DOS USUÁRIOS
Para coletar informações dos usuários foram utilizados questionários,
entrevistas, e o poema dos desejos.
3.5.1 Identificação dos usuários a partir da entrevista
A partir da aplicação da entrevista estruturada com a diretora foi possível:
identificar o universo total dos funcionários da escola e, a partir da compilação dos dados
dos questionários, quantos funcionários participaram da pesquisa (quadro 28).
Com relação aos questionários aplicados aos funcionários, a pesquisa contou
com a participação de 27 pessoas que foram classificadas pelo cargo ocupado, como por
exemplo, magistério, pedagogos, diretores, estagiário, merendeiras, auxiliares de serviços
gerais, inspetor, dentre outros.
Quadro 28: Funcionários que participaram dos questionários
Funcionários
PEDAGÓGICO SERVIÇOS
FUNÇÃO PROFESSOR PEDAGOGO PORTEIRO MERENDEIRO SERVIÇOS
GERAIS INSPETOR
EXISTENTES 35 2 2 3 5 1
PARTICIPANTES 18 1 1 0 2 0
ADMINISTRATIVO
FUNÇÃO ASSISTENTE COORDENADOR
DE TURNO SECRETÁRIA
DIRETOR
GERAL
DIRETOR
ADJUNTO
EXISTENTES 1 2 1 1 1
PARTICIPANTES 1 1 1 1 1
Fonte: (Autor, 2016)
85
Também foram classificados pelo gênero, se feminino ou masculino e pela faixa
etária conforme ilustra a figura 20.
Figura 20 - Caracterização dos funcionários (gênero e faixa etária)
Fonte: (Autor, 2016).
Também a partir da compilação dos dados, obteve-se os meios de locomoção
utilizados pelos usuários (figura 21).
Figura 21- Meios de locomoção dos usuários
Fonte: (Autor, 2016)
54%38%
8%
FAIXA ETÁRIA
MENOS DE 20 ANOS 21 A 40 ANOS
41 A 55 ANOS MAIS DE 55 ANOS
11%
89%
IDENTIFICAÇÃO POR GÊNERO
MASCULINO FEMININO
3
2
16
6
0
4
2
9
1
2
4
0
12
6
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
A pé
Bicicleta
Ônibus
Carro/moto
Transporte Escolar
Número de Usuários e Meios de Locomoção
Pais e/ou responsáveis Crianças Funcionários
86
3.5.2 Aplicação dos questionários
Conforme ilustrado no quadro 22 (item 3.3), os questionários foram divididos em
grupos. O APENDICE B ilustra o questionário na íntegra.
A figura 22 ilustra parte desse questionário referente ao grupo II – A UMEF
(Unidade Municipal de Educação Fundamental) e subgrupo II.2 (localização).
Figura 22 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Localização
Fonte: (Autor, 2016)
Com referência ao subgrupo II.2, localização da UMEF, a escola foi considerada
adequada por se tratar de rua calma, com pouco ruído e pouco trânsito.
A figura 25 ilustra parte desse questionário referente ao grupo II – A UMEF
(Unidade Municipal de Educação Fundamental) e subgrupo II.4 (segurança).
Figura 23- Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Segurança
Fonte: (Autor, 2016)
87
No que diz respeito ao subgrupo II.4 alguns dos usuários colocaram como
sugestão (Figura 24) o isolamento da escola em relação a entrada da praça.
Figura 24- Foto representativa da sugestão de um dos usuários no subgrupo
Segurança
Fonte: (Autor, 2016)
No que diz respeito ao Subgrupo Funcionalidade (figura 25), 24 dos usuários
consideram “Bom” e “Excelente” o aproveitamento dos espaços da escola, porém muitos
dos usuários sugeriram a construção de uma quadra poliesportiva e 06 dos usuários
indicaram a necessidade da redução do número de alunos.
Figura 25 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Funcionalidade
Fonte: (Autor, 2016)
A figura 26 ilustra a resposta de todos os usuários ao questionamento da pergunta
10 no subgrupo funcionalidade.
88
Figura 26 – Resposta ao questionamento 10 do Subgrupo Funcionalidade
Fonte: (Autor, 2016)
A figura 27 ilustra algumas sugestões ao questionamento subgrupo
funcionalidade.
(a)
(b)
(c)
Figura 27 – Sugestões dos usuários no subgrupo funcionalidade
Fonte: (Autor, 2016)
Excelente; 15; 56%
Bom; 9; 33%
Regular; 3; 11% Ruim; 0; 0% Péssimo; 0;
0%
QUESTÃO 10 (SUBGRUPO FUNCIONALIDADE)
89
No que diz respeito ao subgrupo estética a satisfação é positiva, destacando como
aspecto o cuidado da escola ao utilizar desenhos nos muros com a temática de praia
(Figura 28), o que remete à própria localização da escola que é uma aldeia de pescadores.
(a) (b)
(c)
Figura 28 – Tema utilizado na estética da escola
Fonte: (Autor, 2016)
Em geral, os usuários estão satisfeitos quanto ao mobiliário e o equipamento da
escola, algumas sugestões foram feitas no que diz respeito ao chão em que se localizam
esses brinquedos. Muitos dos pais reclamaram que o forro do patio externo não é
apropriado para as crianças fazerem atividades físicas. A figura 29 ilustra algum dos
brinquedos e mobiliário encontrados.
90
Figura 29-Mobiliário e brinquedos encontrados na escola
Fonte: (Autor, 2016)
O Subgrupo Áreas de convivência e lazer está ilustrado na figura 30.
Figura 30 - Parte do questionário dos funcionários – Subgrupo Áreas de
convivência e lazer
Fonte: (Autor, 2016)
A figura 31 ilustra a opinião dos usuários quanto as questões 34 e 35 do subgrupo
áreas de convivência e lazer.
(a) (b) (c)
(e)(d)
91
Figura 31 – Resposta ao questionamento 34 e 35 do subgrupo áreas de convivência
e lazer
Fonte: (Autor, 2016)
No que diz respeito ao subgrupo acessibilidade os usuários avaliam que a escola
está bem preparada, além da facilidade ao acesso, foram indicados diversos equipamentos
especiais na escola, e uma sala exclusivamente dedicada ao ensino para alunos especiais
(figura 32).
(a) Sala de recursos destinada apenas ao aprendizado de alunos especiais
(b) Estante de objetos destinado apenas para alunos com necessidades especiais
(c) Instruções pedagógicas para alunos especiais
(d) Equipamento para transporte de alunos especiais
(e) Computadores especiais para alunos com necessidades especiais
Figura 32 – Acessibilidade: equipamentos e ambientes
Fonte: (Autor, 2016)
(a) (b) (c)
(e)(d)
22
24
5
3
Adequadas para as crianças
Brinquedos são adequados esuficientes
Questões 34 e 35
(subgrupo áreas de convivência e lazer)
Não Sim
92
No subgrupo Ensino Ambiental os usuários sugeriram a criação de hortas ou
jardins destinados ao ensino ambiental, também foi sugerido um espaço com animais de
estimação. A figura 33 ilustra a opinião dos funcionários ao questionamento 42.
Figura 33 - Resposta ao questionamento 42 do subgrupo ensino ambiental
Fonte: (Autor, 2016)
Já o questionário para pais e/ou responsáveis foi feito em apenas um grupo para
identificar esses usuários (ANEXO C).
Pais e/ou responsáveis afirmam que as principais razões para as crianças estarem
matriculadas nessa escola são: serviço público (gratuito), confiança com a equipe da
escola e método/qualidade do ensino adotado. Segundo pais e/ou responsáveis, as
principais qualidades da escola são: o tamanho dos espaços, em especial da área de lazer;
a localização da escola no bairro; a implantação no térreo; a limpeza e organização; e o
amplo refeitório. Ainda segundo os pais e/ou responsáveis, os principais problemas são:
pátio externo com pisos inadequados, pouco incentivo ao plantio de flores, jardins ou
hortas, a entrada da escola junto a praça e a inexistência de vagas reservadas aos
visitantes.
3.5.3 Poema dos desejos
Este estudo desenvolveu esta técnica de avaliação apenas com as crianças, com o
uso de desenhos. Após uma conversa informal, cada criança fez o seu desenho. Ao
terminar o desenho, cada criança foi entrevistada com uma sequência de perguntas
conforme as orientações de Baptista (APÊNDICE D).
A percepção da criança com relação ao ambiente escolar foi nitidamente aferida.
De modo geral, houve uma participação ativa das crianças quando entrevistadas. Porém
nem todos os desenhos contribuíram para aferição dos dados.
19
8
Adequação das áreas externas ao ensino ambiental
Questão 42 (subgrupo ensino ambiental)
Sim Não
93
O poema dos desejos contou com a participação psicóloga Andreza Moraes²
participou da avaliação dos desenhos.
A pesquisa contou com a participação de 10 meninas e 15 meninos, que variavam
de 06 à 09 anos (figura 34).
Figura 34- Idade das crianças participantes
Fonte: (Autor, 2016)
Segundo metodologia de Baptista (2009) foram aplicadas 09 perguntas
relacionadas ao ambiente escolar, conforme ilustra o APÊNDICE C.
De maneira geral, ao serem questionadas quanto aos locais preferidos da escola,
as crianças citaram: pátio, sala de leitura, sala de informática, “lugar que jogam bola”,
dentre outros (Figura 35).
6 anos12%
7 anos36%8 anos
40%
9 anos12%
IDADE DAS CRIANÇAS PARTICIPANTES
² Especialista na área de Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental para a
interpretação dos desenhos (Mestre em psicologia cognitiva pela UFRJ, CRP 35001).
94
Figura 35-Local preferido das crianças
Fonte: (Autor, 2016)
A figura 36 representa alguns dos lugares mais citados no gráfico 7.
(a)Refeitório
(b)Sala de leitura
(c)Pátio
(d)Sala de leitura/TV
(e)Lugar que jogam bola
(f)Sala de informática
Figura 36 – Sala de leitura, sala de informática e pátio
Fonte: (Autor, 2016)
20%
16%
16%
32%
4%
12%
Local preferido das crianças
Sala de leitura Sala de informática Pátio
Lugar que jogam bola Secretaria Refeitório
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
95
No questionamento “qual lugar da escola que você menos gosta de ficar”, 100%
das respostas afirmaram gostar de todos os locais. Algumas das respostas foram: “Tudo
é legal”, “Não tem lugar que eu não gosto”, “Nenhum”. Quando foram questionadas “qual
lugar da escola mais feio”, as crianças citaram o banheiro, a área externa dos fundos, o
pátio, dentre outros (figura 37).
Figura 37- Lugar “mais feio” para as crianças
Fonte: (Autor, 2016)
O questionamento sobre a criação de hortas ou jardins, foi opinião geral das
crianças o desejo de lugares assim. Todas as crianças responderam que gostariam que a
escola tivesse um jardim ou horta para cuidar.
Na questão “Você tem alguma ideia para deixar a sala de aula mais legal e mais
bonita?” as principais foram: pintar e colocar mais flores e árvores.
Na etapa anterior à entrevista, todas as crianças passaram pela etapa do desenho.
Todas as crianças se prontificaram a desenhar, muitas delas ficaram pensando por vários
minutos antes de começar o seu desenho.
Em geral, nos desenhos apresentados, as crianças representaram cores
significativas da escola, e muitas das crianças, principalmente as meninas, desenharam
jardim, flores, árvores, paisagens, animais dentre outros elementos (Figura 38),
demonstrando claramente a necessidade de contato com a natureza e a deficiência desses
locais.
39%
15%4%
42%
Lugar mais feio das crianças
Banheiro Área externa dos fundos Pátio Não tem lugar feio
96
Figura 38 -Poema dos desejos (representação da natureza)
Fonte: (Autor, 2016)
Os meninos fizeram desenhos mais geométricos, abstratos, com a representação
da percepção da altura das edificações. Nos desenhos do pátio, a altura do teto em relação
ao demais elementos foi expressa em vários desenhos de forma desproporcional,
indicando a escala humana inadequada desses espaços (figura 39).
(a)
(b)
Figura 39 – Poema dos desejos (escala humana) Fonte: (Autor, 2016)
97
Em vários desenhos a presença das grades em todas as janelas, portas e circulação
da escola foi representada pelas crianças. A cor da grade que é laranja esteve presente em
mais de 80% dos desenhos, até mesmo um desenho representado apenas por um borrão
laranja (Figura 40).
(a) (b)
(c)
Figura 40 – Poema dos desejos (representação das grades existentes pela cor
laranja)
Fonte: (Autor, 2016)
98
A similaridade entre as cores representativas da escola nos desenhos foi muito
marcante, com grande representação do pastilhamento colorido (Figura 41).
Os elementos arquitetônicos mais representados foram: portas, pilastras do pátio,
grades, telhados, pátio, mobiliário e equipamentos.
(a) (b)
Figura 41 – Poema dos desenhos (Similaridade nas cores e representação do
pastilhamento colorido da escola)
Fonte: (Autor, 2016)
Segundo metodologia aplicada por SOUZA et al (2004), a interpretação dos
desenhos foi sendo construída a medida em que as crianças produziam seus registros, e
também uma indagação oral após o desenho pedindo para criança explicar o seu desenho.
Após compilados os desenhos, houve o auxílio da Psicóloga Andreza Moraes,
para interpretar os desenhos, as crianças possuem uma visão global da escola para auxiliar
na interpretação de alguns desenhos. A maioria das crianças reconhece o espaço como
um todo. Essa percepção é facilitada, principalmente, pelos elementos simbólicos
inseridos na arquitetura e pela configuração espacial (pátio central).
99
3.6 MATRIZ DE DESCOBERTAS E RECOMENDAÇÕES
Neste item será feita uma síntese dos principais elementos e problemas dos
edifícios analisados, e posteriormente será vinculada ao relatório de recomendações.
Também será feito uma síntese geral dos pontos positivos analisados.
De maneira geral, o edifício possuí facilidade de limpeza e manutenção, com
exceção de alguns locais, como por exemplo, a limpeza da estrutura da cobertura e a
manutenção (troca) de lâmpada em geral, que precisam de equipamentos específicos
(escadas altas).
Dos pontos positivos, pode-se destacar: adequabilidade aos alunos com
necessidades especiais como a sala de recurso, equipamentos e materiais didáticos em
ótimo estado de conservação, organização interna dos espaços (almoxarifados e setor
administrativo) com prateleiras, estantes, armários propiciando boa organização e
distribuição de funções. O uso de materiais com texturas diferentes para incentivar o
desenvolvimento tátil das crianças como os painéis de pintura nas paredes e o uso do
pastilhamento colorido. As áreas destinadas ao preparo, cozimento e distribuição dos
alimentos estão adequadas as condições mínimas de higiene e saúde. Ainda sob ponto de
vista positivo, pode-se avaliar como a distribuição por setores de alguns espaços
influenciou positivamente na opinião das crianças, como a sala dedicada a leitura e a sala
de informática que foram as mais citadas no poema dos desejos. A rádio corredor também
pode ser destacada como ponto positivo às necessidades do usuário.
Dos principais elementos e problemas analisados fez-se o uso da matriz de
descobertas conforme visto na figura 43.
100
Fig
ura
42-
Matriz
d
e
desco
berta
s
Fo
nte: (A
uto
r,
101
Do relatório de recomendações fez-se uso a matriz de recomendações (gráfico 23).
Foram realizadas recomendações técnicas generalizadas visto que cada item verificado
exige um projeto e/ou especificação técnica detalhada que não é objeto desta pesquisa. A
matriz de recomendações apresenta uma relação dos ambientes e, de forma resumida, os
respectivos problemas diagnosticados, com a classificação dos mesmos de acordo com as
intervenções que podem ser realizadas a curto, médio e longo prazo (conforme indica a
legenda representativa).
Quadro 29 - Matriz de recomendações
MATRIZ DE RECOMENDAÇÕES
ITEM OBSERVAÇÕES RECOMENDAÇÕES
Nos questionários
alguns pais relataram que
o piso machucava a
criança.
Substituir os pisos da área
externa por revestimentos
adequados que amorteçam os
impactos das quedas das crianças
e sejam de fácil manutenção
REVESTIMENTO
No poema dos
desejos 39% das crianças
citou o banheiro como
local mais feio.
Pintura das paredes
internas e reforma dos banheiros
do setor pedagógico (substituir
cerâmica, piso, louça, propor um
ambiente mais colorido)
Observações da
Walkthrough
Instalar caixas de tomada
com acabamento adequado.
Instalar maçanetass nas portas
que foram detectadas com defeito ESQUADRIAS
Na entrevista foi
relatado a falta d’água no
verão. E na análise foram
feitos registros
fotográficos de problemas
de alagamento no pátio
externo em dias de chuva.
Instalar equipamentos
que permitam redução no
consumo de água, como: sistemas
tecnológicos que possibilitem o
reuso e recirculação da água
utilizada na escola, sistema de
coleta e aproveitamento de água
da chuva, equipamentos de baixo
consumo, dentre outros
INSTALAÇÕES PREDIAIS
Observações da
Walkthrough
Pintar instalações de gás
com a cor adequada
Instalar equipamentos e
sistemas capazes de contribuir
com a redução do consumo de
energia: aproveitamento de fontes
de energias renováveis, como
captação de energia solar para
geração de energia ou
aquecimento de água, etc.
Na entrevista foi relatado
falta de energia em dias
quentes.
102
Instalar câmeras de
monitoramento e cerca elétrica
principalmente na área que
interliga com a praça
SEGURANÇA Relatos da entrevista
Poema dos desejos
Na área descoberta
colocar jarros com plantas.
Utilizar as áreas de afastamento
lateral e dos fundos para o cultivo
de jardins e hortas. Incentivar o
plantio de árvores frutíferas nas
áreas permeáveis, principalmente
no pátio descoberto, e o plantio de
árvores próximo às fachadas que
recebem incidência solar
indesejável. Orientar os usuários
sobre a necessidade de garantir
permeabilidade no terreno em
pelo menos 20%, levando em
consideração a utilização dessas
áreas pelas crianças
PAISAGISMO
Fechar o acesso da escola
a praça, criando uma entrada
independente melhorando a
visibilidade do acesso à escola e
segurança
FUNCIONALIDADE
E USO Poema dos desejos
Construção de uma
quadra de esportes
Muitos desenhos
do poema dos desejos
notou-se a escala humana
deturpada para a
sensibilidade da criança
Providenciar que os
pátios tenham a organização de
ambientes pequenos ou cheios de
recantos menores,
proporcionando a sensação de
segurança, aconchego e conforto
ESCALA HUMANA
Implementar a coleta
seletiva de lixo na escola,
incentivando a comunidade local
a participar desse projeto
COLETA DE LIXO
Fonte: (Autor, 2016)
LEGENDA (TIPO DE INTERVENÇÃO)
CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO
103
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta desse estudo tomou como referência o conhecimento nas áreas de
arquitetura e engenharia que se refere à APO como instrumento de análise do ambiente
construído.
Após verificado os requisitos necessários para aplicação da APO e definido o
objeto de estudo como uma escola municipal de educação fundamental, a pesquisa
utilizou ferramentas como a aplicação de entrevistas, análise walkthrough (observações
visuais, fotográficas, avaliação técnica), questionários, poema dos desejos (aplicado
exclusivamente com as crianças) e por último a matriz de descobertas e recomendações.
A entrevista realizada com a diretora e vice-diretora contribuiu significativamente
para a pesquisa, pois elas são figuras centralizadoras de informações, que buscam a
solução para os eventuais problemas e o atendimento das necessidades da escola.
Informações, como por exemplo, o tipo de reformas realizadas na escola, a situação de
alagamento em ocasiões de chuva e sobrecarga de energia em dias quentes.
Na entrevista feita com as crianças, foram utilizadas perguntas abertas, em forma
de conversa, para que elas se sentissem mais à vontade na hora de sua aplicação. Porém,
o resultado não correspondeu às expectativas, pois as crianças responderam as mesmas
coisas em diversas perguntas. Recomenda-se para projetos futuros diminuir o número de
perguntas realizadas com as crianças.
A aplicação da análise walkthrough foi ponto crucial da pesquisa, através do uso
de fichas de registro nas análises técnicas, o checklist, as fotografias, a subdivisão dos
espaços e a contextualização com as normas ISO 6241 e NBR5674, foi possível
compreender o edifício, identificar a organização física da escola, os ambientes da escola,
e mapear o edifício. A partir dessa análise foi possível traçar os principais pontos a serem
abordados nos questionários.
Os questionários dos funcionários contribuíram de forma significativa para a
analisa desta pesquisa, porem na tabulação dos dados dos questionários aplicados aos pais
e/ou responsáveis, notou-se que muitos questionários haviam sido respondidos de
maneira sucinta
O exercício do poema dos desejos foi um tanto subjetivo no que diz respeito à
análise dos resultados, foi necessária a opinião de uma especialista na área de
Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental para a interpretação dos desenhos
(Andreza Moraes, mestre em psicologia cognitiva pela UFRJ, CRP 35001). A opinião das
104
crianças que estão envolvidas emocionalmente com o ambiente instiga diversos pontos
curiosos da análise como a interferência das grades no ambiente escolar e a necessidade
de espaços setorizados para atividades específicas, contribuindo para o resultado final da
pesquisa.
A pesquisa teve uma abordagem experiencial, ou seja, a visão do pesquisador
acrescenta ao estudo, principalmente na observação de outras informações, não
apresentadas pelas vice-diretoras e na análise dos problemas de forma técnica.
Após os dados levantados a partir das ferramentas da APO, utilizou-se a última
ferramenta, a matriz de descobertas e recomendações. Na matriz de descobertas foi
possível estabelecer uma síntese geral dos principais problema encontrados na escola. Na
matriz de recomendações traçou-se um diagnóstico geral dos principais problemas
encontrados na edificação, suas possíveis causas e recomendações. Por se tratar de um
documento-síntese, sua configuração deve sofrer futuros ajustes e aprimoramentos com
vistas a melhor adequá-la às demandas específicas de cada avaliação.
Como sugestão para futuras aplicações, recomenda-se a APO investigativa (nível
2), que necessita de mais recursos que a aplicada nesta pesquisa, requer uma estratégia de
investigação e um plano para identificar os tipos e a extensão dos dados que serão
coletados.
Nesse contexto, a experiência obtida na pesquisa, mostra que a avaliação pós-
ocupação excede o simples conceito de avaliação técnica, e representa uma investigação
relacionada à subjetividade e a expectativa dos usuários.
A aplicação da APO possibilita refletir as interações entre pessoa e ambiente, o
entendimento de aspectos relacionados ao uso, comportamentos e percepção do ambiente
pelos usuários, podendo servir como referência para estreitar diferenças entre o projeto e
o ambiente construído.
Além disto, a APO procura aprimorar a visão interdisciplinar sobretudo no que se
refere aos métodos e técnicas de pesquisa, uma vez que tem estreita a interface da
engenharia civil com outras áreas do conhecimento tais como, a psicologia ambiental,
arquitetura e o urbanismo.
Fica reiterado neste trabalho, a importância da APO para elaboração de novas
propostas, propiciando subsídios para intervenção no projeto arquitetônico, estabelecendo
assim o bom desempenho da edificação.
105
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NBR 15575-1 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos Gerais, Rio de
Janeiro, 2013.
NBR 15575-2 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas
estruturais, Rio de Janeiro, 2013.
NBR 15575-3 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas
de pisos, Rio de Janeiro, 2013.
NBR 15575-4 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas
de vedações verticais internas e externas, Rio de Janeiro, 2013.
NBR 15575-5 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas
de coberturas, Rio de Janeiro, 2013.
NBR 15575-6 – Edificações habitacionais – Desempenho – Requisitos para os sistemas
hidrossanitários, Rio de Janeiro, 2013.
111
AN
EX
O A
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Fonte: (A
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r, 2016
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112
ANEXO B – REGISTROS DA ANÁLISE WALKTROUGH
SUBSISTEMAS ELEMENTOS BOM REGULAR RUIM
ESTRUTURA GERAL x
VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA x
COBERTURA GERAL x
REVESTIMENTO/ ACABAMENTO
PISO x
PAREDE x
TETO x
IMPERMEABILIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS
GERAIS x
ESQUADRIAS EXTERNAS x
INSTALAÇÕES PREDIAIS
SISTEMAS HIDROSSANITÁRIOS x
SISTEMAS ELÉTRICOS x
SEGURANÇA
CONTRA INCÊNDIO x
USO E OPERAÇÃO x
Fonte: (Autor, 2016)
ANEXO B.1 - Ficha de avaliação de fatores técnicos (setor administrativo)
PLANTA – SETOR ADMINISTRATIVO
113
SETOR PEDAGÓGICO
CHECKLIST FATORES FUNCIONAIS: SETOR PEDAGÓGICO
SUBSISTEMAS ELEMENTOS EXCELENTE BOM REGULAR RUIM ESTRUTURA GERAL x
VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA x
COBERTURA GERAL
x
REVESTIMENTO/ ACABAMENTO
PISO
x
PAREDE x
TETO
x
IMPERMEABILIZAÇÃO
CARACTERÍSTICAS GERAIS x
ESQUADRIAS EXTERNAS
x
INSTALAÇÕES PREDIAIS
SISTEMAS HIDROSSANITÁRIO
S x
SISTEMAS ELÉTRICOS
x
SEGURANÇA
CONTRA INCÊNDIO
x
USO E OPERAÇÃO X
Fonte: (Autor, 2016)
ANEXO B.2 - Ficha de avaliação de fatores técnicos
PLANTA – SETOR PEDAGÓGICO
114
SETOR LAZER/ATIVIDADES
SISTEMAS SUBSISTEMA BOM REGULAR RUIM
ESTRUTURA GERAL x
VEDAÇÃO VEDAÇÃO EXTERNA x
COBERTURA GERAL x
REVESTIMENTO/ ACABAMENTO
PISO x
PAREDE x
TETO x
IMPERMEABILIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS
GERAIS x
ESQUADRIAS EXTERNAS x
INSTALAÇÕES PREDIAIS
SISTEMAS HIDROSSANITÁRIOS
SISTEMAS ELÉTRICOS X
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO x
USO E OPERAÇÃO x
Fonte: (Autor, 2016)
ANEXO B.3 - Ficha de avaliação de fatores técnicos
PLANTA – SETOR LAZER E ATIVIDADES
115
ANEXO C
ANEXO C.1
SETOR ADMINISTRATIVO
REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE
ESTABILIDADE
SEGURANÇA
CONTRA FOGO
Inexistencia de equipes
treinadas para emergencias
Facilidade de
Rota de Fuga
Falta de alarmes ou detectores
de incencio
Extintores
existentes aferidos
SEGURANÇA
EM USO
VISUAL Falta de Sinalização Visual
TÁCTIL
DURABILIDADE Falta de manutenção quanto à
pintura
CONVIVÊNCIA
PARA FINS
ESPECÍFICOS
REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE
VEDAÇÃO
ESQUADRIAS Esquadrias Deficientes
EQUIPAMENTOS
DE INCÊNDIO
Extintores
existentes aferidos
REVESTIMENTO Falta de manutenção quanto à
pintura
PISO
TETO
INSTALAÇÕES
Fiações não embutidas
Tubulações de ar
condicionado não embutidas
Fonte: (Autor, 2016)
116
ANEXO C.2
SETOR PEDAGÓGICO
REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMIDADE
ESTABILIDADE
SEGURANÇA
CONTRA FOGO
Inexistencia de equipes
treinadas para emergencias
Facilidade de
Rota de Fuga
Falta de alarmes ou
detectores de incencio
Extintores
existentes aferidos
SEGURANÇA EM
USO
VISUAL Falta de Sinalização
Visual
TÁCTIL
DURABILIDADE Falta de manutenção
quanto à pintura
CONVIVÊNCIA
PARA FINS
ESPECÍFICOS
Pouco Espaço nas Salas
de Aula
REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMID
ADE
VEDAÇÃO
ESQUADRIAS Esquadrias Deficientes
EQUIPAMENTOS
DE INCÊNDIO
Extintores
existentes aferidos
REVESTIMENTO Falta de manutenção
quanto à pintura
PISO
TETO
INSTALAÇÕES
Fonte: (Autor, 2016)
117
ANEXO C.3
SETOR LAZER
REQUISITOS QUANTO AO DESEMPENHO: ISO 6241
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMI
DADE
ESTABILIDADE
SEGURANÇA
CONTRA FOGO
Inexistencia de equipes
treinadas para emergencias
Facilidade de
Rota de Fuga
Falta de alarmes ou
detectores de incencio
Extintores
existentes aferidos
Extintores fora da posicao
especificada por acao de
vandalismo
SEGURANÇA
EM USO
falta de policiamento
próximo aos portões
VISUAL
Falta de Sinalização Visual
Melhoria na aparência do
pátio externo (gradil)
TÁCTIL Pavimentação Deficiente no
pátio externo
DURABILIDAD
E
Falta de manutenção quanto
à pintura
CONVIVÊNCIA
PARA FINS
ESPECÍFICOS
REQUISITOS GERAIS QUANTO À MANUTENÇÃO NBR 5674
REQUISITO DEFICIÊNCIA CONFORMI
DADE
VEDAÇÃO
ESQUADRIAS
EQUIPAMENTO
S DE INCÊNDIO
Extintores
existentes aferidos
REVESTIMENT
O
Falta de manutenção quanto
à pintura
PISO Pavimentação Deficiente no
pátio externo com infiltrações
TETO
INSTALAÇÕES
Fonte: (Autor, 2016)
118
ANEXO D – FOTOS DO EDIFICIO
Figura 43- Área lateral da escola
Figura 44 – Ligação escola a praça
Figura 45- Área descoberta
119
Figura 47 – infiltração muro externo
Figura 46- calha
Figura 49-abertura solar pátio
Figura 48 acesso através de escada para manutenção da
cobertura
120
Figura 50-Trincas na vedação externa – setor serviços
Figura 51-Descascamento de tinta – ausência de manutenção
Figura 52- maçanetas danificadas
121
(a)
(b)
(c) (d)
Figura 53- ambientes da escola
122
APÊNDICES
APÊNDICE A – Entrevista diretora (caracterização geral)
Fonte: Adaptado de BAPTISTA (2009)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
Avaliação Pós-Ocupação em Unidade Municipal de Educação Fundamental FORMULÁRIO - CARACTERIZAÇÃO GERAL da UMEF
UMEF: Escola Municipal Professora Lúcia Maria Silveira da Rocha
ENDEREÇO: Estr. Gen. Eurico Gaspar Dutra, 34 - Jurujuba, Niterói - RJ, 24370-195
TELEFONE: (21) 3701-3707
EMAIL: [email protected]
DATA DE INAUGURAÇÃO DO UMEF: 14/08/2005
REFORMAS: Telhado, pastilhamento e pintura
CONSTRUTORA: EMUSA
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: 08 às 17 horas
BAIRRO DE ORIGEM DAS FAMÍLIAS ATENDIDAS: Jurujuba e Charitas
CAPACIDADE DE ALUNOS N° DE ALUNOS
MATUTINO 238
VESPERTINO 237
ALUNOS COM NECESSIDADE ESPECIAL
N° DE ALUNOS
Surdez 3
Dislexia 2
Síndrome de Down 1
Autismo 2
Paralisia Cerebral 2
Transtorno Global do desenvolvimento
2
QUADRO DE FUNCIONÁRIOS
N° DE FUNCIONÁRIOS
N° DE FUNCIONÁRIOS
Diretor 1
Magistério
Comum 31
Vice director 1 Educação Física
2
Pedagogos 2 Artes/Música 1
Assist. Administrativos 1 Inglês 2
Coordenador de turno 2 Serviços Gerais
Merendeiras 3
Secretária 1 Vigias 0
Inspetor de patio 1 Porteiro 2
Diversos 5
123
APÊNDICE B – Modelo Questionário: funcionários
Função exercida: (Não é necessário preencher)
Data:
Instruções
Não é necessário identificar o nome do entrevistado. A identificação se dá apenas pelas perguntas abaixo. Se o entrevistado desejar, pode indicar qual a sua função exercida no espaço acima.
Os funcionários que não possuem um local de trabalho definido, não precisam responder as questões do Grupo IV.
Grupo I: Identificação
1. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
2. Idade: ( ) Menos de 20 anos ( )21 a 40 anos ( ) 41 a 55 anos ( )Mais
de 55 anos
3. Escolaridade: ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo ( )
Especialização
( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) outros
4. Turno(s) de trabalho: ( ) Manhã ( ) Tarde ( )Integral
5. Há quanto tempo você trabalha nesta escola: ( ) Até 2 anos ( ) Mais de 2 anos
6. Como vem para o UMEF? ( ) A pé ( ) Bicicleta ( ) Ônibus ( ) Moto ( ) Carro
( ) Outro
Grupo II: A UMEF
II.1 Subgrupo Funcionalidade
7. Na sua opinião, qual o número de alunos ideal para cada turma?
8. Na sua opinião, qual o número de turmas ideal para esta escola?
9. Levando em consideração o número de alunos desta escola, você considera o tamanho da escola? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
10. Você acha que o aproveitamento dos espaços desta escola é?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
12. Qual a sua sugestão para melhorar a funcionalidade da escola?
124
II.2 Subgrupo Localização
11. O que você acha da localização da escola em relação ao bairro? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
12. Você acha que a rua/avenida onde está localizada a escola é própria para sua
localização? ( ) Sim ( ) Não
II.3 Subgrupo instalações hidrossanitárias
13. Qual a sua opinião sobre o banheiro dos funcionários? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
14. Qual a sua opinião sobre o banheiro dos alunos? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
II.4 Subgrupo Segurança
15. Você se sente seguro dentro da UMEF? ( ) Sim ( ) Não
16. Esta escola possui algum lugar, brinquedo ou equipamento que possa machucar
(ser inseguro) para as crianças? ( )Sim ( ) Não. Qual?
17. Qual a sua sugestão para melhorar a segurança na escola?
II.5 Subgrupo Estética
18. Olhando a escola pelo lado de fora, você acha que a aparência da escola é?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( )
Péssima
19. Olhando a escola pelo lado de dentro, você acha que a aparência da escola é?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( )
Péssima
20. Você acha que este tipo de construção estimula as crianças (visualmente)? ( ) Sim ( ) Não.
21. Você gosta das cores das paredes da UMEF? ( ) Sim ( ) Não.
22. Qual a sua sugestão para melhorar a estética da escola?
II.6 Subgrupo Conforto Ambiental
23. No verão, as áreas comuns (refeitório, pátios) são? ( ) Muito quentes ( )
Quentes
( ) Agradáveis ( ) Frias
24. No inverno, as áreas comuns (refeitório, pátios) são?
( ) Muito quentes ( ) Quentes ( ) Agradáveis ( ) Frias
125
25. Como é a ventilação das áreas comuns (refeitório, pátios)?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
26. As áreas externas são bem iluminadas (iluminação natural)? ( ) Sim (
) Não
27. As áreas internas (sala de aula, etc.) são bem iluminadas (iluminação natural)? ( ) Sim ( ) Não
28. A luz do sol atrapalha as atividades nas áreas comuns? ( ) Sim ( ) Não
29. O barulho que vem de fora do UMEF te incomoda? ( ) Sim ( ) Não
30. O barulho que vem de dentro da UMEF te incomoda? ( ) Sim ( ) Não
31. A escola possui algum cheiro desagradável proveniente do exterior? ( )
Sim ( ) Não
32. A escola possui algum cheiro desagradável, provenientes de dentro da escola? ( ) Sim ( ) Não
33. Qual a sua sugestão para melhorar o conforto ambiental da escola?
II.7 Subgrupo Áreas de Convivência e Lazer
34. As áreas de convivência, lazer e/ou atividades físicas são adequadas para as
crianças? ( ) Sim ( ) Não
35. Os brinquedos das áreas de convivência e lazer são suficientes para atender a
demanda? ( ) Sim ( ) Não
36. Quais os equipamentos de lazer você indicaria para aquisição?
37. Qual a sua sugestão para melhorar as áreas de convivência e lazer da escola?
II.8 Subgrupo Acessibilidade de Pessoas Especiais (cegas, surdas, mudas e
deficientes físicos)
40. A escola é adequada para receber crianças com necessidades especiais?
( ) Sim ( ) Não
Grupo III: Caracteristicas ambientais
41. Você acha importante a escola possuir jardim ou hortas, para que as crianças
tenham mais contato com a terra? ( ) Sim ( ) Não
42. As áreas externas são adequadas para o ensino ambiental? ( ) Sim ( ) Não
43. Qual a sua sugestão para melhorar/incentivar o ensino ambiental na escola?
126
Grupo IV: Ambiente de trabalho
IV.1 Subgrupo Acessos
44. Você acha que o acesso ao seu espaço de trabalho é? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
45. O que você acha da localização do seu espaço de trabalho na escola?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima
IV.2 Subgrupo Funcionalidade
46. O tamanho do seu espaço de trabalho é adequado para atender ao número de
pessoas que permanecem nele? ( ) Sim ( ) Não
47. O mobiliário disponível é adequado/suficiente para atender os alunos? ( ) Sim ( ) Não 48. O mobiliário disponível é adequado/suficiente para atender os adultos? ( ) Sim ( ) Não 49. Você sente falta de algum espaço extraclasse para complementar ou desenvolver
suas atividades didáticas? ( ) Sim ( ) Não Quais? 50. Qual a sua sugestão para melhorar a funcionalidade do seu espaço de trabalho?
IV.3 Subgrupo Estética
51. Você acha o seu espaço de trabalho bonito? ( ) Sim ( ) Não
52. Você acha o seu espaço de trabalho estimulante? ( ) Sim ( ) Não
53. Qual a sua sugestão para melhorar a estética do seu espaço de trabalho?
IV.4 Subgrupo Conforto Ambiental
54. A ventilação do seu espaço de trabalho é adequada? ( ) Sim ( ) Não 55. Você costuma utilizar os ventiladores para melhorar as condições do seu espaço
de trabalho? ( ) Sim ( ) Não 56. No verão, a sala de aula é? ( ) Muito quente ( ) Quente ( ) Agradável ( )
Fria
No inverno, a sala de aula é? ( ) Quente ( ) Agradável ( ) Fria ( ) Muito fria
57. Você acha a sala bem iluminada? ( ) Sim ( ) Não
58. A luz do sol atrapalha as atividades na sala? ( ) Sim ( ) Não
59. O barulho gerado dentro da sala te incomoda? ( ) Sim ( ) Não
127
APÊNDICE C– Modelo questionário: Pais/Responsáveis
Obs.: Por favor, não se identifique. As perguntas não são fechadas, fique à vontade
para fazer qualquer tipo de comentário
Grupo I: Identificação
1. Sexo:( ) Feminino ( ) Masculino
2. Idade:( ) Menos de 20 anos ( )21 a 40 anos ( ) 41 a 55 anos ( )Mais de 55 anos
3. Profissão: 4. Tempo que frequenta a escola: _______anos
5. Bairro onde a família mora:
6. Meio de locomoção ( ) A pé ( ) Bicicleta ( ) Ônibus ( ) Moto ( ) Carro ( ) Outro
7. Vínculo com a escola: ( ) Pai ( ) Mãe ( ) Responsável
8. Número de filho(s) neste estabelecimento: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) ______
9. Quais as 3 principais razões para a(s) criança(s) estarem nesta escola?
( ) serviço público (gratuidade) ( ) proximidade com a residência ( ) proximidade do local de trabalho/estudo dos pais/responsável ( ) confiança com a equipe da escola ( ) indicação de parentes/amigos ( ) espaço físico da escola ( ) método/qualidade do ensino adotado ( ) outros, indique:.......................... 10. Você acha que o ambiente físico ajuda no desenvolvimento do seu filho(a)? Em
quais aspectos? ( ) Sim ( ) Não. Aspectos:
11. Você acha que a aparência da escola se parece com: ( ) Centro de educação
infantil ( ) Escolas de ensino fundamental ( ) outro
12. Você acha importante a escola possuir jardim/hortas, para que as crianças tenham
mais contato com a terra? ( ) sim ( ) não
13. Você acha importante a escola possuir animais de pequeno porte, para que as
crianças tenham mais contato com animais? ( ) sim ( )não.
A Unidade escolar E. M. Profª Lúcia Mª da Silveira Rocha está fazendo parte de uma pesquisa, e estamos buscando saber a opinião dos usuários quanto ao ambiente escolar. Esta pesquisa visa a subsidiar novos projetos de arquitetura para a escola. A0 sua opinião sobre o ambiente escolar do seu filho e suas sugestões para torná-lo cada vez melhor são muito importantes para nós. Agradecemos sua colaboração.
128
14. Você acha importante a escola desenvolver projetos de educação ambiental? ( )
sim ( ) não
15. Quais as 3 principais qualidades do ambiente físico da escola?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
___________________________
16. Quais os 3 principais problemas do ambiente físico da escola?
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________
17. Qual a sua sugestão para tornar a escola mais adequada às crianças?
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________________________
SE DESEJAR ACRESCENTAR ALGUMA INFORMAÇÃO, USE ESTE ESPAÇO.
129
APÊNDICE C– Roteiro poema dos desejos: Crianças
Identificação
1. Nome:
2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
3. Idade:
4. Turno: ( ) Manhã ( ) Tarde
5. Como vem para a escola? ( ) A pé ( ) Bicicleta ( ) Ônibus ( ) Moto ( ) Carro
O DESENHO
Peça para a criança para fazer o desenho da escola. Entregue a ela uma folha em
branco e o lápis de cor que já deverão estar em cima da mesa. Assim que ela terminar o
desenho, continue a entrevista pedindo que ela explique o desenho que ela elaborou e anote
as observações e explicações.
A ESCOLA
Quando terminar de entender todo o desenho, termine a entrevista perguntando as
questões relacionadas à escola. Caso a criança não queira responder sobre o desenho ou a
entrevista, respeite o silêncio e explique que ela não precisa responder se não quiser. Tudo o
que a criança disser é importante, mas não precisa ser anotado “ao pé da letra”. Caso consiga
copiar o que ela falou, use “aspas”.
6. Qual é o lugar da escola em que você mais gosta de ficar (mais legal)? Por quê? 7. Qual o lugar da escola em que você menos gosta de ficar? 8. Qual o lugar da escola você acha mais bonito? 9. Qual o lugar da escola você acha mais feio? 10. Você gostaria que a escola tivesse um jardim ou horta para você cuidar? 11. Qual brinquedo você gostaria que tivesse no pátio? 12. Qual o lugar que você gostaria que tivesse aqui na escola e ainda não tem? 13. Você tem alguma ideia para deixar a sala de aula mais legal e mais bonita? 14. Você tem alguma ideia para deixar a escola mais legal e mais bonita? Obrigado por ter me ajudado. Você quer falar mais alguma coisa? Impressões sobre a
entrevista: