apostila de tecnologia têxtil 2009

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MINISTRIO DA EDUCAO SECRETARIA DE EDUCAO PROFISSIONAL E TECNOLGICA CENTRO FEDERAL DE EDUCAO TECNOLGICA DE SANTA CATARINA UNIDADE DE ENSINO DE ARARANGU

CURSO TXTIL EM MALHARIA E CONFECO MDULO 2

INTRODUO TECNOLOGIA TXTIL

PROFESSORA: GISLAINE DE SOUZA PEREIRA

ARARANGU

O Processo Produtivo da Cadeia TxtilA seguir, ser abordado o processo produtivo txtil e suas caractersticas; sero descritos tambm os principais elos componentes da cadeia txtil. Segundo IEL (2000), a definio da cadeia produtiva txtil tem seus contornos bsicos definidos na figura abaixo: Algodo Poliamida Polister Elastano Polipropileno Viscose Acetato Seda Linho L Juta

Fibras Sintticas

Fibras Artificiais

Fibras Naturais

Fiao

Malharia

Tecelagem

Acabamento

Confeco Desenho 1: A Cadeia Txtil - Fonte: IEL (2000, p. 21). A cadeia produtiva txtil, conforme a figura acima, integra a produo de fibras (sintticas, artificiais e naturais), fiao, tecelagem e malharia, estamparia, acabamento/beneficiamento abastecendo as indstrias do setor de confeces.

Para o Sebrae SP e o IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (2001, p. 5), a indstria txtil constituda dos segmentos de fiao, tecelagem e acabamento de fios e tecidos, sendo que o segmento de tecelagem subdivide-se, por sua vez, em tecelagem plana e malharia. Cada um destes segmentos pode oferecer ao mercado um produto acabado e pode na prtica, estar desconectado dos demais. Afirma ainda o Sebrae SP & IPT (2001, p. 5), que embora os segmentos ou etapas do processo se interliguem pelas caractersticas tcnicas dos produtos a serem obtidos, essas etapas no precisam necessariamente serem todas internalizadas pelas empresas. As atividades produtivas do segmento txtil so atividades interdependentes, porm com relativa independncia dentro do processo produtivo, o que permite a coexistncia de empresas especializadas e com diferentes graus de atualizao tecnolgica. O resultado de cada etapa de produo pode alimentar a etapa seguinte, independentemente de fatores como escala e tecnologia de produo. Desta forma, existem indstrias txteis que possuem somente o subsetor de fiao, atuando como fornecedor para as indstrias que atuam nos subsetores de malharia e tecelagem plana, assim como existem indstrias totalmente verticalizadas, onde atuam em todos os subsetores produtivos txteis como fornecedores para as indstrias de confeco e vesturio. A figura abaixo apresenta os principais elos entre os subsetores do complexo txtil:Fornecedores Industriais Setor Txtil Clientes Confeco do V esturio Mquinas Confeco de Acessrios Fibras Naturais FiaoTecelagem P lana, Malharia e Notecido

Beneficiamento e Estamparia Artigos para o Lar

Fibras Artificiais e Sintticas Artigos Tcnicos e Industriais Corantes

Desenho 2: Principais Segmentos do Complexo Txtil - Fonte: Filho et al. (1997, p. 64). Conforme o ilustrado na figura acima, os segmentos de mquinas e de fibras so fornecedores industriais do setor txtil, sendo que o segmento de confeces do vesturio o principal cliente do setor. Porm, os segmentos dedicados produo de bens de uso domstico, hospitalar e industrial apresentam crescente participao na absoro da produo txtil mundial. Em suma, os artigos produzidos pelo setor txtil podem ser agrupados em quatro grandes segmentos: fios txteis, tecidos, malhas, notecidos, beneficiamento e acabamento de tecidos planos e malhas.

Os Fios Txteis e a Tecnologia da FiaoO fio txtil o produto final da etapa de fiao, sendo que sua caracterstica principal o dimetro ou espessura (tecnicamente chamado de ttulo do fio). O fio txtil pode ser fabricado a partir de fibras naturais, artificiais e sintticas, que so a matria-prima utilizada. No que concerne ao tipo de matria-prima utilizada no Brasil, constata-se que cerca de 70% desta fibra de algodo, 25% de fibras artificiais e sintticas e 5% de linho, l, seda, e outras. O processo de produo de fios, tambm chamado de fiao, compreende diversas operaes por meio das quais as fibras so abertas, limpas e orientadas em uma mesma direo, paralelizadas e torcidas de modo a se prenderem umas s outras por atrito. Entre estas operaes temos: abertura e separao das fibras, limpeza, paralelizao parcial e limpeza, limpeza e paralelizao final, regularizao, afinamento, toro e embalagem. Fardos Alimentador Misturador Abridor Batedor

Matria-Prima Abertura e Separao das Fibras Limpeza Paralelizao Parcial e Limpeza Limpeza e Paralelizao Final Regularizao Afinamento Toro Embalagem

Carda

Penteadeira Passador Maaroqueira Filatrios Open End Filatrio de Anis Bobinadeira Passador Maaroqueira Filatrio de Anis Bobinadeira

Fios Cardados Fios Cardados Fios Penteados Open End Produto + grossos + finos + grossos Final + fracos + fortes + fracos Desenho 3: Fluxograma do Processo de Fiao - Fonte: Mariano (2002, p. 20).

Perante o fluxograma ilustrado na figura acima, temos trs tipos de fios determinados pelo seu fluxo produtivo, que inicia-se no depsito de fibras pelos fardos de algodo estocados e se estende at a rea que prepara seu acondicionamento para ser enviado para o setor de malharia ou tecelagem, quando produzido em uma empresa com cadeia produtiva integrada ou enviado para um cliente externo, ou seja, quando produzido o fio para fornecimento a outras empresas txteis. Conforme o fluxo produtivo pode-se ter: Fios Penteados, Fios Cardados e Fios Cardados Open End. Fios Penteados Produzidos a partir do sistema de filatrio anel (tambm chamado de mtodo convencional). O fio produzido passando pelo processo de penteagem que retira da matria-prima as impurezas e fibras curtas. Na fase de fiar (filatrios), passa pelo filatrio de anis. Apresenta seis fases de processamento e utiliza mais pessoas, maior nmero de mquinas e, tambm uma maior rea construda. Uma das vantagens deste sistema a flexibilidade de produo, pois permite produzir fios de qualquer espessura, alm de produzir um fio de maior resistncia e conseqentemente, de maior valor agregado. Fios Cardados Fios tambm produzidos a partir do sistema anel (mtodo convencional), porm apresenta uma fase a menos do que os fios penteados, justamente a fase de separao das fibras curtas das longas, que conforme a ilustrao acima, realizada com os fios penteados, gerando, desta forma, fios mais fracos e grossos do que os fios penteados. Fios Cardados Open End Os fios produzidos por esse processo so mais grossos e fracos. So produzidos pelo menor fluxo produtivo entre os tipos de fios, passando pela carda, passador e filatrio a rotor (open end). Os filatrios de anis realizam o estiramento do pavio de algodo conjugado com uma toro do fio. So bastante versteis, pois possibilitam a produo de fios de todo tipo de espessura. Os filatrios de rotores ou open end, possuem uma maior produtividade que os filatrios de anis, porque podem atingir maior velocidade de produo. Este tipo de fiao elimina algumas etapas de produo que existem na fiao de anis, porm, sua produo limitada produo de fios mais grossos com resistncia inferior ao fio de mesma espessura produzido pelo filatrio de anis. Estes fios so destinados em grande parte produo de tecidos tipo ndigo (jeans). Os filatrios jet spinner possibilitam maior produtividade do que os anteriores, tambm podem ser destinados produo de fios mais finos. Este equipamento recente em nvel mundial e, no Brasil, sua utilizao bastante restrita.

I. Titulao dos Fios i. HistricoOs mais antigos documentos situam os primrdios da titulao de fios ao sculo XVI, na Frana, quando o ttulo de um fio de seda era dado pelo peso de 8 meadas com comprimento de 120 varas cada, totalizando 9.600 varas. O comprimento de uma vara era baseado na medida do brao humano e variava de pas para pas, correspondendo a 1,125 m na Frana, de maneira que 9.600 varas correspondiam a 10.800 m (na Inglaterra uma vara correspondia a 1,143 m ou 45 polegadas inglesas). Um dos primeiros atos de Francisco I quando assumiu o reinado da Frana (entre 1.515 e 1.547 d.C.), foi introduzir a manufatura da seda em Lyon, Paris, St. Etienne e outras cidades, o que lhe valeu o ttulo de Pai da Indstria da Seda. Ele estabeleceu que o fio dessa fibra seria, a partir de ento, dimensionado pela quantidade de deniers necessrios para equilibrar uma balana que tinha em outro prato meada de fio com 400 varas (450 m) de comprimento. O denier a palavra francesa do original latino denarius (que deu origem, em portugus, palavra dinheiro), e era o nome de uma pequena moeda (figura ao lado), de baixo valor, utilizada antes e durante o imprio de Jlio Csar. Foi utilizada pela primeira vez fora de Roma durante a Guerra Glica (58 a 52 a.C.), onde hoje a Frana. Quando da morte de Jlio Csar (44 a.C.), a moeda deixou de ser utilizada e foi esquecida, at que Francisco I resolveu utiliz-la na titulao de fios de seda.

Ilustrao 1: Denarius de Hadrian.

Desta maneira, se a balana com 400 varas (450 m) de fio em um dos pratos era, por exemplo, era equilibrada por 15 moedas, ento o fio de 15 deniers. Fios de 20 deniers e de 30 deniers necessitam respectivamente, 20 e 30 moedas para equilibrar a balana com 400 varas (450 m) de fio de seda. Um denarius pesava 0,053 gramas. A partir de 1873, estabeleceu-se que o denier passaria a corresponder massa em gramas, de 9.000 m de fio. Esse sistema ainda utilizado na titulao de fios de seda tendo j sido utilizado na titulao de fios em forma de filamentos contnuos, como a viscose, a poliamida e o polister, sendo hoje substitudo pelo sistema decitex (ou, abreviadamente, dtex), que corresponde massa do fio em gramas para 10.000 m de fio.

ii. Sistema Direto de TitulaoComo pode-se observar estes sistema possui a massa (em gramas) por comprimento (em metro) de fio, diretamente proporcional sua espessura, (ou seja, pode-se afirmar que quanto maior a massa por comprimento de um fio, mais espesso ele ), e que por isto so conhecidos por

sistemas diretos de titulao, o que no significa que o ttulo seja diretamente proporcional ao seu dimetro. Apesar dos sistemas denier e dtex serem os mais conhecidos, no so os nicos diretos. O dtex um submltiplo do sistema tex que, evidentemente, tambm um sistema direto de titulao. Este sistema foi desenvolvido pelo The Textile Institute (em Manchester, Inglaterra), sendo divulgado em 1945, com a finalidade de ser utilizado como um sistema universal de titulao. Lamentavelmente ainda pouco utilizado mundialmente, apesar da maior parte dos pases terem criados normas nacionais considerando o sistema tex como oficial. Isto ocorre tambm no Brasil (norma Inmetro NBR 8427), porm apenas as empresas produtoras de fibras qumicas adotaram plenamente o sistema (utilizando o dtex para a titulao de fibras contnuas e descontnuas). O tex um sistema bastante simples de se trabalhar, admitindo submltiplos como o decitex (ou dtex), cuja base 1 grama por 10.000 metros, utilizado principalmente em filamentos, ou militex (ou mtex), correspondendo a 1 grama por 100.000 metros, utilizado na titulao de fibras individuais, admitindo tambm mltiplos, como o quilotex (ou ktex) que utilizado na titulao de cabos que apresentam maior massa por metro. O ktex o equivalente a 1 grama por metro.

iii. Sistema Indireto de TitulaoOs sistemas indiretos de titulao tomam como base a massa fixa e o comprimento varivel, ao contrrio do que acontece com os sistemas diretos de titulao onde a base comprimento fixo e massa varivel. Neste caso o ttulo do fio indiretamente proporciona sua espessura. Os sistemas de titulao mais conhecidos so: o ttulo ingls (para fios fiados em processos de fibra curta), estabelecido pela quantidade de meadas de 840 jardas (768,1 m) para se obter 1 libra (453,6 g) de fio e o ttulo mtrico (para fios fiados em processo de fibra longa) estabelecido pela quantidade de meadas de 1.000 metros cada para se obter 1.000 gramas de fio. O ttulo ingls usualmente abreviado por Ne, enquanto que o ttulo mtrico usualmente abreviado por Nm. Frmulas para Obteno do Ttulo do Fio O ttulo uma relao entre massa e comprimento onde, dependendo do sistema, um deles fixo e o outro varivel. Pode-se ento estabelecer frmulas para se conhecer a varivel desconhecida sabendo-se duas das outras entre ttulo, peso e comprimento. Para o sistema direto de titulao a frmula adotada : m k cT onde: m = peso (massa) do fio, em gramas; k = valor constante resultante da diviso do comprimento fixo pela base massa que so: 9.000 para denier = 450 metros 0,05 grama 1.000 para tex = 1.000 metros 1 grama 10.000 para dtex = 10.000 metros 1 grama 1 para ktex = 1 metro 1 grama

c = comprimento do fio, metros; T = ttulo do fio. Ou seja: a massa do fio multiplicado pela constante igual ao comprimento multiplicado pelo ttulo. Exemplos de aplicao da frmula: a) Um fio com 5.000 metros de comprimento e 55,6 gramas de peso tem denier igual a: 55,6 gramas 9.0005.000 metrosT logo, T 55,6 9.000 100 denier 5.000

b) Um fio com ttulo 150 dtex e 20.000 metros de comprimento tem massa em gramas igual a: m10.000 20.000 metros150 denier20.000 150 100 denier m 10.000

c) Um fio com ttulo 20 tex e 500 gramas de peso tem comprimento em metros igual a: 500 gramas1.000c 20 tex5001.000 25.000 metros logo, c 20

Para o sistema indireto de titulao a frmula adotada : c k mT onde: c = comprimento do fio, em metros; k = valor constante resultante da diviso da massa fixa pela base de comprimento que so: 0,59 para Ne = 453,6 gramas 768,1 metros 1 para Nm = 1.000 gramas 1.000 metros m = peso (massa) do fio, em gramas; T = ttulo do fio. Ou seja, o comprimento do fio multiplicado pela constante igual ao seu peso multiplicado pelo ttulo. Exemplos de aplicao da frmula: a) Um fio com 25.000 metros de comprimento e 368,8 gramas de peso tem o ttulo ingls (Ne) igual a: 25.0000,59368,8 T

25.0000,59 Ne 40 T 368,8 b) Um fio com ttulo Ne 20 e 1.500 gramas de peso tem comprimento em metros igual a: c0,59 1.500 gramas Ne 20 logo, c 1.500 20 50.847 metros 0,59

iv. Resumo dos Principais Sistemas de TitulaoEm resumo, os principais sistemas de titulao, seus smbolos e constante, esto indicados na tabela abaixo: Sistema Frmula Titulao denier militex direto m k cT decitex tex quilotex indireto c k mT inglesa mtrica Smbolo denier mtex dtex tex ktex Ne Nm Constante (k) 9.000 1.000.000 10.000 1.000 1 0,59 1 Utilizao Filamentos contnuos Fibras Filamentos contnuos Fios em geral Filamentos contnuos Fios de fibra curta Fios de fibra longa

Tabela 1: Principais Sistemas de Titulao de Fios.

v. Converso de Sistemas de Titulao de FiosA tabela abaixo possibilita a converso entre os principais sistemas de titulao: ktex ktex tex dtex denier Nm Ne Tex 1000 dtex 10000 denier 9000 1 Nm 0,59 Ne dtex 10 denier 9 1000 Nm 590 Ne Denier 1,1 10000 Nm 5900 Ne 9000 Nm 5320 Ne Ne x 1,69 tex ktex x 1000 dtex ktex x 10000 tex x 10 denier ktex x 9000 tex x 9 dtex x 0,9 Nm 1 ktex 1000 tex 10000 dtex Ne 0,59 ktex 590 tex 5900 dtex Nm x 0,59

9000 denier 5320 denier

Tabela 2: Formulrio de Converso entre Sistemas de Titulao.

II. Toro de Fios: Aspectos TericosNo conceito geral, toro pode ser definida como: disposio espiral do(s) componente(s) de um

fio que usualmente o resultado da toro relativa de suas extremidades. Em conceito mais especfico, pode-se definir toro de fio como: nmero de voltas que possui, por unidade de comprimento, ou seja, tores/m, tores/cm, tores/polegadas, etc. Quando da introduo do Sistema Internacional de Unidades (SI), nos diversos pases, a unidade de toro ficou determinada em tores/m ou em casos especficos, em tores/cm. Observa-se, entretanto, que grande parte das nossas indstrias utiliza ainda a unidade de tores/polegada, contrariamente s normas tcnicas.

i. Finalidade da ToroA toro tem a finalidade de evitar que as fibras deslizem umas sobre as outras. A toro essencial para fornecer uma certa coeso mnima entre as fibras, sem a qual um fio que precisa ter significante resistncia trao no pode ser manufaturado. Esta coeso dependente das foras de frico fornecidas pela presso lateral entre as fibras, surgidas pela aplicao de uma carga de tenso ao longo do eixo do fio. Com a introduo dos fios de filamentos contnuos, entretanto, a finalidade da toro deve ser reconsiderada. Em fios de filamentos contnuos, a toro no necessria para dar-lhes resistncia trao, mas necessria para possibilitar uma resistncia satisfatria abraso, fadiga ou aos outros tipo de avarias associadas a foras outras que no fora de tenso e tipificado pelo rompimento de filamentos individuais, resultando no total rompimento da estrutura. Alta toro produz fio duro que altamente resistente a avarias desse tipo. A finalidade da toro em fios de filamentos contnuos , portanto, produzir uma estrutura coesa, que no pode ser desintegrada por foras laterais.

ii. Direo da ToroO fio pode ter duas direes de toro: S e Z. A verificao da direo da toro de um fio pode ser feita pela inclinao dada das fibras. A direo de toro S obtida pela toro das fibras no sentido horrio e a inclinao delas no sentido da esquerda quando observada de baixo para cima, confundindo-se assim com a poro central da letra S, conforme mostra a figura abaixo:

Ilustrao 2: Tores Z e S, respectivamente. A direo de toro Z obtida pela toro das fibras no sentido anti-horrio, e a inclinao delas no sentido da direita quando observada de baixo para cima, confundindo-se assim com a poro central da letra Z, conforme a mesma figura acima.

iii. Clculo da ToroDiversas frmulas so utilizadas para o clculo de toro. Provavelmente as mais conhecidas so: toro pol e Ne Onde: e = fator ou coeficiente de toro (ingls); Ne = ttulo ingls do fio.toro mm

Nm

Onde: e = fator ou coeficiente de toro (ingls); Nm = ttulo mtrico do fio. A quantidade de tores pode ser expressa tambm em tores/cm, estando ainda dentro das especificaes do SI. Para se converter tores/pol em tores/m, basta multiplicar a quantidade de tores/pol por 39,37. Desejando-se a quantidade de tores/cm, deve-se multiplicar por 0,3937, ou, dividir por 2,54.

III. Tecnologia da Fiao i. IntroduoEsta etapa da cadeia txtil tem como objetivo transformar as fibras em fio. Na pr-histria o processo de fiao era realizado manualmente, onde um chumao de fibras (l, algodo ou linho, por exemplo) era estirado e depois torcido. Nas antigas Grcia e Roma o processo de fiao era realizado por um aparelho chamado ROCA. Uma evoluo da roca primitiva foi a inveno da roca com tambor onde a fiadora podia ficar sentada. Com a revoluo industrial da Inglaterra, automatizou-se o processo de fiao, transformando as rocas em mquinas que chamamos nos dias de hoje de Filatrios.

ii.

Caractersticas dos Fios que Influenciam na Comercializao

Pureza Tanto o algodo como a l contm uma elevada quantidade de impurezas que so em grande parte removidas por processos de limpeza. Quanto mais elevado for o percentual de impurezas menor ser a qualidade do fio. Resistncia a capacidade que o fio tem de resistir aos esforos aos quais venha a sofrer nos processos posteriores para sua transformao em tecidos. Flexibilidade a capacidade do fio de ser submetido a flexes e tores sem alterar suas caractersticas.

Toro Tem grande influncia na resistncia do fio. Regularidade A uniformidade do fio txtil uma das mais importantes propriedades de qualidade, pois ela determinar a qualidade do tecido (barramentos) e do processo (paradas de mquinas). Ttulo O ttulo do fio uma expresso numrica que define a sua espessura. Devido s variadas formas de seo dos fios e suas irregularidades, o dimetro do fio no o parmetro mais indicado para exprimir a sua espessura exata. Logo, como alternativa foi criar um sistema que faz uma relao entre peso e comprimento do fio. Esse sistema chamado de Titulao ou Ttulo do Fio.

iv. O Processo de FiaoPara a obteno dos Fios Txteis so necessrios vrios processos que podem ser subdivididos de acordo com a tabela abaixo: Abertura Automtica ou Manual Batedores Preparao Fiao Cardas Passadores Reunideiras Fiao Penteada Laminadeiras Penteadeiras Maaroqueira Filatrios de Anis Fiao Convencional Bobinadeiras/Conicaleiras Retorcedeiras

Fiao No Convencional (Open End)

Filatrios Open End (Rotor)

Tabela 3: Fluxograma dos Processos de Fiao.

v. Descrio dos ProcessosPreparao Fiao Abertura

As matrias-primas, notadamente o algodo (em funo de ser a fibra mais consumida mundialmente), apresentam-se na forma de fados compactados, com peso em torno de 200 kg cada, assim como outras fibras, a exemplo do linho e polister. Ao chegar indstria o algodo na forma de fardos preparado para ser processado para a transformao em fio, seguindo as etapas a seguir: a) Coletas de Amostras e Recebimento Com a chegada dos fardos empresa, estes so descarregados em local apropriado (livres da ao do sol e da chuva) onde so retiradas amostras, que sero analisadas no laboratrio de fiao. O propsito desta anlise o de verificar a quantidade de gua na amostra: conhecida como regain, ou seja, para haver a certificao, que est sendo adquirido um algodo com a quantidade tolervel de gua. Outra anlise que efetuada a anlise do tipo do algodo, nesta anlise verificada a aparncia do algodo contra padres de classificao. Atravs desta classificao o algodo valorizado no mercado. O tipo 1 o algodo mais caro (mais limpo) e o tipo 7 o outro extremo o algodo mais barato (mais sujo cascas, restos de sementes, fibras mortas e sujeira de terra), alm de testes das caractersticas da fibra: teste de comprimento feito no fibrgrafo e da maturidade feito no micronaire. b) Armazenagem

Ilustrao 3: Armazenagem. Os fardos so posicionados no depsito conforme suas propriedades, o que ir facilitar o plano de mistura da fiao. c) Sala de Abertura

Ilustrao 4: Abridor de Fardos.

Os fardos so transportados em empilhadeiras, do depsito at a sala de abertura e, ali, so dispostos lado a lado. A abertura feita por um equipamento, automtico ou manual, que coleta pequenas pores de cada fardo e as submete a batimentos para remoo de impurezas. Essas impurezas, que consistem de cascas, galhos, folhas, areia e barro, entre outras, so removidas em grande parte nesses batedores. Dos batedores, as fibras so transportadas ao processo de cardagem. Geralmente o transporte realizado por tubulaes. Produto de entrada: algodo em pluma Produto de sada: flocos de algodo

Cardagem

Ilustrao 5: Carda. A cardagem propicia a obteno de uma mecha de fibras. Sua finalidade a limpeza mecnica das fibras, assim como o incio do processo de estiramento e toro, princpios destinados a obteno das qualidades finais dos diversos tipos de fios. A cardagem engloba o conjunto das operaes efetuadas sobre a carda. Inicialmente a cardagem era feita manualmente com um par de pequenas escovas ou cardas. O principal objetivo da cardagem consiste em separar as fibras umas das outras, libertando-as das impurezas que ainda possam estar na matria-prima. A carda possibilita ainda uma mistura mais ntima das fibras. Na carda se d a continuao da abertura e limpeza das fibras. o incio do processo de paralelismo e estiragem da massa de fibras. Produto de entrada: manta Produto de sada: fita de carda Passadores Tem como objetivo uniformizar o peso por unidade de comprimento, paralelizar as fibras atravs da estiragem e misturar as fibras. A idia bsica da estiragem por cilindros simples. A fita introduzida num par de cilindros giratrios com velocidade e posteriormente esta fita de algodo entra em outro par de cilindros movimentando-se a uma velocidade maior, por exemplo, seis vezes maior que a do primeiro par, a fita resultante ser seis vezes mais comprida e fina que a introduzida no primeiro par de cilindros. A uniformizao da qualidade das fibras realizada nos passadores. Sua funo efetuar a mistura de vrias fitas de carda para a obteno de uma nova. Isso realizado com a passagem das vrias fitas (4, 8 ou 16) por um sistema de juno, com posterior estiramento e toro, para obteno de fitas com melhor uniformidade.

Ilustrao 6: Passador. Juntamente com a estiragem ocorre a paralelizao das fibras da fita, o que auxilia nos processos posteriores de fiao, a paralelizao alcanada com o atrito que se forma entre as fibras quando estas se deslocam em relao umas s outras resultam no endireitamento destas fibras.

Ilustrao 7: Entrada das Fitas da Carda.

Ilustrao 8: Sada da Fita do Passador. Este fenmeno pode facilmente ser observado se pegarmos uma poro de fita entre as duas mos e esticando-a. As fibras, que antes estavam encaracoladas e cruzadas em todas as direes em relao ao eixo da fita, comeam a endireitar logo que o movimento relativo das fibras se inicia. Este endireitamento das fibras dar ao fio, brilho e resistncia. Mistura Dinmica de Fios: Utilizando-se, por exemplo, um passador, do qual entram seis fitas de matria-prima, pode-se fazer uma mistura dinmica, colocando-se trs latas alternadas de algodo

com trs de polister. Que ir gerar uma fita de passador com uma mistura dinmica de 50% algodo com 50% polister. O produto de sada a fita do passador. Produto de entrada: 4, 6 ou 8 fitas de carda. Produto de sada: 1 fita de passador. Fiao Penteada Reunideira Para o processo penteado, existe a necessidade de incluirmos trs mquinas: a reunideira, a laminadeira e a penteadeira. A reunideira tem por objetivo reunir as fitas sadas da carda ou do passador e unir em forma de uma manta para alimentar a penteadeira. Laminadeira O objetivo desta mquina o de reunir as mantas vindas da mquina anterior, para dar maior uniformidade manta para poder alimentar a penteadeira. A laminadeira alimentada por 4 a 6 mantas de reunideira. Penteadeira denominado fio penteado aquele que submetido a um processo mecnico de segregao das fibras curtas, realizado por um equipamento conhecido como penteadeira. Isto feito atravs de um processo de penteao, onde os pentes retm as fibras curtas que so segregadas. As fibras longas remanescentes, por sua vez, so novamente transformadas em fitas. A penteadeira tem como objetivo uniformizar o comprimento das fibras, eliminando todas aquelas que no atinjam o comprimento adequado para obter fios finos e de boa qualidade. A intensidade da seleo ser em funo da qualidade do algodo que se trabalha. A penteadeira permite ainda eliminar bastante neps, que so emaranhado de fibras e que prejudicam a qualidade do fio. O desperdcio obtido na penteadeira, isto , as fibras curtas, so ainda utilizadas por uma mistura com a matria que alimenta os batedores, para obter fios de menor qualidade e mais grossos.

Ilustrao 9: Penteadeira. Fiao convencional Maaroqueira

Na primeira fase da fiao, utilizou-se o mtodo da estiragem para obter uma melhor regularidade da massa da matria fibrosa por unidade de comprimento, sem procurar uma grande reduo da massa por unidade de comprimento, ou seja, a espessura da fita na sada da carda at a sada do passador ou da penteadeira manteve-se a mesma. No entanto, a finalidade da fiao a obteno do fio que uma estrutura fibrosa linear com uma massa por unidade de comprimento bastante reduzida, sendo que para a fiao convencional de anel no possvel converter diretamente uma fita em fio, deve haver ento um produto intermedirio tanto em espessura quanto em toro, que o pavio.

Ilustrao 10: Maaroqueira. Assim sendo necessrio acrescentar mais uma mquina no processo de fiao, chamada maaroqueira. As maaroqueiras possuem por finalidade a transformao das fitas em fios, ainda de grandes dimenses, chamados pavios, com cerca de 3 a 5 mm de espessura. A transformao das fitas em pavios se d por estiramento e toro, cujo processo totalmente mecnico.

vi. Princpios de FiaoExistem dois princpios fundamentais de fiao: o convencional e o no convencional. O primeiro o da fiao anel, que pode produzir, simultaneamente, vrios fios (entre 200 e 1100 bobinas simultaneamente), sendo cada unidade de fiao conhecida por fuso, que esto situados ao longo da mquina, repartidos em igual nmero para ambas as faces. O segundo exemplificado pela fiao a rotor, conhecida como fiao Open End, que diferentemente do processo a anel, produz cerca de 300 bobinas simultneas em um dos lados da mquina a velocidades muito superiores.

vii. Fiao AnelNa fiao anel, cada fuso alimentado por uma mecha, ou pavio (fita constituda de fibras com uma ligeira toro, produzida em uma mquina conhecida como maaroqueira), que posicionada na parte superior da estrutura do filatrio. A mecha passa primeiramente pelo sistema, ou trem de estiragem (conjunto de cilindros e manches emborrachados que promovem, atravs da diferena de suas velocidades perifricas, o estiramento

da massa fibrosa). Na figura ao lado possvel observar o mecanismo de formao do fio em um filatrio a anel, onde o fuso (1), acionado por meio de uma correia, projetando-se para cima atravs do porta anis (2) no qual se encontra fixo o anel (3). A canela (4), que tem a forma de um tubo, montada no fuso de modo a girar com ele, podendo, entretanto ser facilmente removida para descarregar. Na borda do anel fica um viajante (5) com a forma de C e por cima do fuso fica o guia fio (6). Aps o fios deixar a frente dos cilindros do trem de estiragem, passa no guia fios e ento no viajante, enrolando-se seguidamente na canela. O separador (7) tem o objetivo de evitar que o balo do fio de um fuso interfira com o balo do fio de outro fuso vizinho.

Ilustrao 11: Fuso do Filatrio de Anis. a) FIAO POR COMPACTAO Na fiao de anel, pode-se citar como uma grande inovao a produo de fios com uma menor quantidade de pelos. Essa tecnologia faz com que as pontas das fibras fiquem mais prximas do corpo do fio, que exige uma menor toro e apresenta mais resistncia, elasticidade e brilho. Durante sua produo acontecem menos rupturas e menos fibras ficam em suspenso na fiao, tecelagem e malharia, bem como h um aumento de eficincia nesses segmentos. Os tecidos produzidos com esses fios so mais macios, mais resistentes, possuem melhor resistncia abraso e apresentam estampas e desenhos bem definidos. Alm disso, a tendncia formao de pilling reduzida. Esse processo possui uma zona de condensao pneumtica aps a estiragem, mantendo as fibras mais unidas antes de receberem a toro.

Ilustrao 12: Sistema Fiao Anel Convencional e Sistema de Fiao Compacta. Fonte: Suessen EliTe.

viii. A Fiao a Jato de Ar (Jet Spinner)Essa tecnologia, utilizada na formao do fio, est baseada na alimentao da fita no trem de

estiragem, o que ir afinar a massa de fibras, havendo posteriormente uma insero de falsa toro no fio por dois cilindros com ar comprimido em sentidos opostos. O fio formado ser enrolado em uma embalagem apropriada. O fio produzido possui na sua estrutura um conjunto de fibras paralelas no ncleo presas por fibras externas, todas do mesmo material. Torna-se muito importante o controle do nmero de fibras externas e a distribuio das fibras ao longo do fio. Uma das grandes vantagens dessa nova tecnologia em relao quelas j estabelecidas a alta velocidade de produo, que fica em torno de 350 m/min. Isso significa cerca de duas vezes a velocidade dos filatrios a rotor e vinte vezes a do filatrio de anel. Porm, essa tecnologia limitada aos seguintes pontos: no se consegue produzir fios muito grossos, o toque spero e existe cerca de 5% de perda das fibras no filatrio. A ilustrao abaixo mostra um filatrio de jato de ar.

Ilustrao 13: Filatrio Jato de Ar. Fonte: Romano (2003). Fiao a Rotor Dentre os mtodos no convencionais rotor (open end), jato de ar e frico, o mais utilizado e com grande sucesso comercial inclusive, o da fiao por rotor (open end). Este mtodo de fiao tem uma melhor performance para fibras curtas. Uma das maiores vantagens da fiao por rotor devida ao fato de a aplicao da toro efetuar-se em separado do enrolamento do fio, o que permite altas velocidades no mecanismo de toro, enquanto o enrolamento acontece a uma velocidade muito mais baixa, agredindo menos o fio e as fibras que o compem. No entanto, uma desvantagem deste sistema que, quanto maior for o nmero de fibras na alimentao, pior ser a qualidade do fio resultante, da a preocupao das fiaes com o ndice micronaire (indicativo do complexo finura / maturidade da fibra) da fibra do algodo, j que este ndice determinar o limite de fiabilidade em funo da quantidade de fibras possveis de serem inseridas na seo transversal do fio. Enquanto na fiao a anel a faixa mais utilizada de micronaire entre 4,2 e 4,4, na fiao open end, tais valores esto compreendidos entre 3,8 e 4,2. A fiao a rotor consiste na produo do fio diretamente da fita, o que evita a necessidade do pavio produzido pela maaroqueira. Neste sistema, a fita (1) alimenta um cilindro desagragador e limpador (4), que desfaz a fita. Seguindo as fibras desfeitas da fita para o canal (6), puxadas por uma corrente de ar, indo cair dentro de uma turbina ou rotor (7) onde a fora centrfuga impele as fibras contra a parede interior do rotor, entrando em contato com o anel de fibras. Cada revoluo do brao do fio introduz uma volta de toro no fio que se encontra no tubo de sada (9). Parte desta toro retorna superfcie do rotor, atravs do brao do fio, que faz com que a ponta do fio iniciador fique entrelaada com o anel de fibras que pode ser gradualmente descascado da superfcie do rotor a fim de formar o fio.

Um dos equipamentos mais utilizados para fiao open-end o Autocoro.

Ilustrao 14: Autocoro

Ilustrao 15: Filatrio Open End. O processo Open End possui este nome por fundamentar-se na produo de fios de fibras descontnuas por qualquer mtodo no qual a ponta da fita, ou da mecha, aberta e separada, individualizando-se as fibras que a compem, sendo reconstituda no dispositivo de fiao, a fim de formar o fio. Na figura abaixo observa-se, em detalhe o processo de obteno do fio Open End. Na parte inferior, a caixa de fiao, se d a alimentao da fita de passador ou carda dispensando portanto, o processo conhecido como maaroqueira, onde se produz o pavio.

Ilustrao 16: Detalhe do mecanismo de fiao Open End (Autocoro Schlafhorst) Existem ainda muitos outros mtodos de fiao no convencional, em que so produzidos fios com caractersticas distintas, melhor adaptados a diferentes artigos. n) Bobinadeira/Conicaleira O processo de fiao de anel produz o fio singelo em uma embalagem chamada de espula, a espula no pode ser utilizada para o processo de tecelagem, deve-se ento mudar a embalagem do fio da espula para uma embalagem que possa ser utilizada para o processo posterior de tecelagem, esta embalagem a bobina. O processo de mudana de embalagem feito em uma mquina chamada de bobinadeira. A bobinadeira alm da funo de mudana de embalagem tambm possui a funo de retirar as irregularidades do fio, como os pontos grossos e finos.

Ilustrao 17: Bobinadeira. o) Retorcedeira O processo de fiao convencional produz fios, que so designados de fios singelos, com a caracterstica principal das fibras estarem retorcidas em espiral em volta do eixo do fio. possvel reunir dois ou mais fios simples, combinando-os por meio de toro de modo a produzir um fio retorcido.

Ilustrao 18: Retorcedeira. O princpio de funcionamento da retorcedeira consiste em alimentar os fios a serem retorcidos atravs de um par de cilindros, retorcendo-os em seguida por intermdio de um fuso de rotao.

x. FiosOs fios so materiais constitudos por fibras naturais ou qumicas, apresentando grande comprimento e finura, formado mediante as diversas operaes de fiao. Eles se caracterizam por sua regularidade, dimetro e peso, sendo que essas duas ltimas caractersticas determinam o ttulo do fio. Em geral, o fio pode ser definido como um agrupamento de fibras lineares ou filamentos, que formam uma linha contnua com caractersticas txteis. Estas caractersticas txteis incluem boa resistncia (durabilidade) e alta flexibilidade. O elo da cadeia txtil representado pela fiao composto por vrios processos de fabricao que variam em funo da matria-prima utilizada e aplicao final do fio. A produo de filamento contnuo apesar de envolver uma alta tecnologia possui poucas mquinas, pois o fio formado na primeira etapa do processo. A grande complexidade est no processo de fibras descontnuas para formar o fio fiado, que pode trabalhar com mquinas para fibras curtas ou fibras longas, sendo que a seqncia de mquinas para ambas bem maior que o processo de filamento contnuo, j que para produzir o fio fiado necessrio abrir, limpar, afinar, torcer a massa de fibras.

xi. Classificao de FiosFios

Fibras Descontnuas

Filamento Contnuo

Fio Cardado

Fio Penteado

Fio Singelo

Fio Retorcido

Fio Multi-filamento

Fio Mono-Filamento

Fio Fio Fio Especial Fio Retorcido Fantasia High Bulk Regular Desenho 4: Classificao dos Fios Txteis. Fonte: Romano (2003).

Fio Fantasia

Fio Texturizado

Devido a grande variedade de fios produzidos comercialmente, poderia parecer no haver um limite para o nmero de possibilidades funcionais e estticas e para o nmero de fios distintamente diferentes. Fibras sintticas, naturais ou regeneradas so processadas separadas e numa diversidade de misturas e combinaes dentro do sistema de fiao de fibras. Mesmo quando um fio feito de um filamento contnuo ou de uma particular fibra txtil, um grande nmero de variaes possvel. Atravs de um processo subseqente de natureza qumica ou mecnica, a fibra txtil bsica ou fio de filamentos contnuos podem obter substancialmente diferentes aparncias estruturais que podem mudar dramaticamente a aparncia e funcionalidade dos fios originais. Entretanto, devido infinita variedade de aparncias, os fios devem ser convenientemente classificados de acordo com suas propriedades fsicas e caractersticas funcionais. Estas propriedades e caractersticas de uso dos fios dependem das propriedades fsicas das fibras ou dos filamentos que o constituem como tambm da estrutura do fio. Apresentao dos Fios Algodo Hoje, os fios de algodo apresentam-se puros e em combinaes com a maioria das outras fibras txteis, sendo o polister/algodo o mais famoso. Esta combinao obtida durante o processo de fiao, quando as fibras so misturadas em propores pr-estabelecidas. Esse tipo de mistura chamado de mistura ntima. As misturas mais usuais do algodo so: 67% polister/33% algodo; 50% polister/50% algodo; 50% polister/35% algodo/15% linho. As menos usuais, ainda existentes, so: polister/algodo/viscose; algodo/viscose; algodo/acrlico. Essas misturas visam a objetivos bem especficos. O polister uma fibra que melhora a regularidade do fio, que confere a qualidade anti-rugas (no-amassa) e reduz custo final do produto. Por sua vez, o algodo entra com as qualidades naturais j mencionadas, da mesma maneira que o linho. Fios de algodo recebem diferentes denominaes, dependendo do processo de fiao com que foram obtidos. So singelos, quando se apresentam com um nico cabo; e retorcidos, quando compostos por dois ou mais cabos. Cardados: Geralmente compostos de algodo de qualidade mdia/baixa, com aproveitamento de 85 a 90% das fibras. Este fio obtido em fiaes convencionais. Open End: Utilizam a mesma matria-prima do cardado, com aproveitamento ligeiramente maior de

fibras (mais prximo dos 90%). O fio obtido em fiaes Open End de baixo custo operacional. Penteados: Utilizam algodo de boa qualidade, com 75 a 80% de aproveitamento das fibras. O processo de fiao mais longo (inclui o processo de penteagem) e os ttulos dos fios, geralmente finos, encarecem o produto. Mercerizados: Os fios so geralmente retorcidos e levam o nome de linha. Pode ser do tipo cardado, mas usualmente um processo feito nos fios penteados. O fio mercerizado adquire aspecto sedoso, liso e brilhante, alm de ter sua resistncia aumentada e cores mais brilhantes e vivas. A mercerizao obtida tensionando fortemente as meadas de fio em banho de soluo de soda custica. O processo lento e pouco produtivo, alm de verificar-se uma perda de 8 a 10% no peso do fio. Esses fatores encarecem o produto final. Fio-Esccia: Atualmente, os fios mercerizados de boa qualidade so apresentados como sendo fiode-esccia. Entretanto, o verdadeiro fio-de-esccia sofre um processo de queima de pelugem antes de ser mercerizado e para sua obteno utilizado somente algodo serid. A diferena entre uma linha mercerizada e um fio-de-esccia visvel quando comparados um com outro, pois este ltimo evidentemente mais liso, brilhante e de cor mais viva. Somente pelo processo de comparao, a distino fica mais fcil. Os tecidos de algodo mais comuns so: Popeline; Tricoline; Voile; Organdi; Cambraia; Brim; Utilizao do Algodo: vesturio, cama, mesa, banho, acessrios, etc. L No Brasil, a l apresenta-se geralmente em mistura. Se bem que alguns lanifcios ainda comercializam fios e tecidos de pura l. O mais usual, entretanto, que ela seja apresentada em mistura ntima com outras fibras, sendo o mais freqente a mistura polister/l. As misturas mais usuais da l so: Polister/l em misturas variadas: desde 80% polister/20% l; At 50% polister/50% l; Viscose/l em percentuais de misturas semelhantes ao polister/l; 50% polister/35% viscose/15% l. Como no caso do algodo, essas misturas visam principalmente reduo dos custos dos fios e, em segundo lugar, obteno da qualidade anti-rugas. Os fios de l recebem diferentes denominaes, dependendo do processo de fiao com que foram obtidos. Cardados: So fios compostos por fibras de l grossas e de resduos resultantes da fiao penteada.

O aproveitamento da ordem de 80% sobre a massa de fibras lavadas e prontas para o uso. Penteados: Fios obtidos a partir de fibras finas e com baixo aproveitamento, geralmente em torno de 70%. O processo mais longo e os fios obtidos so mais finos e mais caros. Mesclas: So fios cardados ou penteados em que uma parte da massa de fibras foi tingida antes do processo de fiao e posteriormente mesclada com fibras no tintas. possvel tambm, que a mesclagem seja obtida a partir de fibras tingidas em duas ou mais cores. Vigoreaux: So fios em que o efeito mescla obtido mediante a estampagem das fibras antes do processo de fiao. Por ser um processo semi-artesanal, somente usado em fios penteados e de alta qualidade. Os tecidos de l mais usuais so: Tela; Crepe; Camura; Tweed; Gabardine; Tric. Utilizao da L: Vesturio masculino/feminino, meias, estofamento, etc. Seda Seda Grgia ou Crua: Fio de seda composto de, pelo menos, trs filamentos desenrolados dos casulos, reunidos em um s cabo e colocados entre si pela sericina amolecida em gua quente. Fios com cerca de 60 filamentos conhecidos por grgia grossa. Atingem o ttulo de 180 denier, aproximadamente. A seda grgia ainda no passou por nenhum processo de beneficiamento. Fio Tinto de Seda: Fio de seda desengomado (a sericina eliminada), mediamente torcido, tinto e apto para tecer. Geralmente, utilizado na fabricao de tecidos tafet de seda. Linha Mole de Seda: Composto por dois ou at quatro cabos de fios tintos de seda, retorcidos entre si e utilizados para bordados. Crepe de Seda: Fio de seda grgia excessivamente torcido. Schappe de Seda: Trata-se de fio que passou pelo processo convencional de fiao, semelhante ao do algodo, l ou linho. O fio schappe de seda pura bastante raro no mercado brasileiro. Em seu lugar, temos uma variedade muito grande de misturas com outros materiais, conseguindo fios com aparncia de fio schappe. Nessas misturas, a seda entra geralmente com porcentagens pequenas por uma questo de barateamento do produto. As misturas mais usuais da seda so: Polister/seda;

Polister/Viscose/Seda; Viscose/Seda. Os tecidos de seda mais usuais so: Tafet; Shantung; Organza. Utilizao da seda: Vesturio masculino/feminino de luxo, decorao, etc. Viscose Podemos encontrar a viscose sob muitos aspectos e at disfarces. De modo geral, temos que separar os fios de filamentos dos fios fiados (produzidos em fiaes de fibras descontnuas). Crepe de Viscose: Fio de filamento de viscose, excessivamente torcido. Fios Fiados de Viscose: O filamento de viscose pode ser cortado em comprimentos desejados e processados em fiaes apropriadas para algodo, l ou linho. Fio de Fibra Curta: Fio processado em fiao prpria de algodo. A fibra mais fina e sedosa e o tecido tem um toque muito macio, utilizado na produo de artigos conhecidos por cidlia, lazinha, etc. Fio de Fibra Longa: Fio processado em fiao prpria para l ou linho. A fibra mais grossa e mais rgida do que aquela preparada para corte curto. O tecido feito com viscose fibra longa adquire um toque prximo l. As misturas so todos os fios anteriormente vistos nas fibras naturais, entretanto esses fios recebem o nome da fibra natural que entra na sua composio ou nome de ambos. Exemplo: polister/viscose, viscose/linho, viscose/l, viscose/seda, etc. Poliamida Apresenta-se principalmente em filamentos com poucas variantes: filamento liso, filamento texturizado, e High Bulk. Pode ser tingido, em mesmo banho, com os mesmos corantes utilizados na l, freqente a mistura ntima de pequenas porcentagens de poliamida com l, tornando o produto final mais resistente e reduzindo o custo do produto. Com a mistura, passa-se a ter, no o mesmo tipo de tecido, mas outros tecidos completamente novos, proporcionando uma grande variao de toques, caimentos e, conseqentemente, aplicaes. A poliamida empregada na fabricao de meias, pra-quedas, tecidos lavveis que no precisam ser passados a ferro, vesturio em geral, tecidos de malha, impermeveis, etc. Polister

Pode ser encontrado nas seguintes formas: Liso; Texturizado; Cr; Tinto; Em misturas com o algodo, confere ao tecido um melhor caimento, excelente toque, aspecto diferenciado e variedade de artigos. Quanto absoro de umidade, a mescla do material melhora bastante e proporciona maior praticidade e conforto. Acrlico Para determinadas aplicaes industriais, utiliza-se fios de filamentos de acrlico. Mas, para a confeco de vesturio, o fio de acrlico utilizado sob a forma de fio fiado em fiaes de fibra longa, ou seja, fiaes para l. Fio Retorcido: Utiliza-se tanto para tecidos planos como para malharia. A toro d maior coeso entre as fibras de maneira a obter um produto final mais liso, ou seja, com menor pilosidade. Toro Malharia: A toro bem mais fraca dando ao fio um aspecto mais macio e volumoso. Este fio s pode ser usado para a produo de malhas. Fio para Tric: Geralmente, so apresentados retorcidos a dois ou trs cabos, toro bem frouxa e produzidos a partir de filamentos grossos com o objetivo de aumentar o volume e a aparncia final do fio. So utilizadas para a tricotagem manual ou utilizados em mquinas retilneas para malhas grossas. Fios fantasia: Existe uma ampla gama de possibilidades de se produzir fios com efeitos e irregularidades tanto na fiao como na retoro. Aplicaes do Acrlico: Utilizado para substituir a l na malharia, tecido plano, cobertores, mantas, etc. Elastano O elastano deve ser misturado com outros materiais e, em especial, encontramos a mistura com algodo numa combinao perfeita entre o natural e o sinttico. O elastano entra sempre em menor proporo na composio do tecido. Pode-se encontrar o fio na forma nua, na produo de tecidos de malha ou recoberto com poliamida em forma de multifilamento ou almado (core spun) nos quais o elastano fiado junto com o algodo ou outros materiais para produo de tecidos planos ou tambm na produo de tecidos de malha com algodo. Os fios so somente produzidos sob a forma de filamento e como tal pode ser usado junto com outros materiais em teares de malharia. Apresenta-se tambm, sob a denominao de core-spun que quando o filamento de elastano vem revestido por fibras naturais, geralmente algodo, dando a impresso de um fio de algodo elstico.

Se o elastano for recoberto por fios em processo de retoro, o fio conhecido como core-ply. Aplicao do Elastano: Vesturio masculino, feminino, infantil, linha esportiva, moda praia, roupas ntimas, punhos, meias, etc. Fios Metlicos e Fios Metalizados Fio de origem mineral, feito de ouro ou prata e usado nas pocas mais remotas. Foram produzidos fios metlicos torcidos com algodo, seda ou viscose. Hoje, os fios tm uma base de polister e combinao de produtos qumicos. Aplicao dos Fios Metlicos: Em tecidos planos e malhas (brocados em rendas, etc.), aviamentos, passamanarias, etc. Os fios metalizados so fios txteis com revestimento metlico. Para obter o revestimento, o fio fica apto a conduzir a corrente eltrica para depois ser dourado ou prateado por meio de galvanizao. Ou ento o fio revestido com um envoltrio de acetato de celulose em que se depositam os metais em distribuio finssima. Fios metlicos so utilizados na produo de brocados, passamanarias, vestimentas de igreja, trajes de teatro e carnaval. O fio Lurex o mais conhecido dentre todos os fios com efeito metlico. um fio semelhante a uma fitinha de lmina, com efeito colorido que lhe d o tom de metal. No oxida e, por conseguinte no perde o brilho nem a cor sob a ao da umidade do ar e calor do corpo. Em contraste com a maioria das outras fibras txteis e dos fios de metal puro, de seo transversal redonda, os fios lurex so fios chatos, em forma de fitinhas, de vrias camadas, e apresentam um brilho de especial poder e grande maciez. Alm das cores ouro, ouro branco, prata, cobre e bronze, existem tons da moda e multicolores, isto , fios de vrias cores. Os fios lurex possuem geralmente emprego como fios de efeito. So processados juntamente com seda, l, algodo e com fibras qumicas para formar tecidos e artigos de malharia. A sua aplicao dirige-se principalmente fabricao de vestidos, casacos e blusas, calas de senhoras, artigos de malharia, roupas de banho, mantas, estolas, cortinas, etc. Tambm miudezas como fitas e cordes ficam mais elegantes mediante efeito lurex. Principais Tipos de Fios Fios obtidos a filamentos contnuos a partir de: Monofilamentos O fio consiste em um nico filamento de espessura capilar, geralmente de poliamida, utilizado para produzir telas finas para filtros e quadros de estamparia. Utiliza-se tambm como fio de costura invisvel. Linhas de pesca tambm so monofilamentos, podendo chegar espessura de 3 a 4 mm. Multifilamentos Todos os materiais txteis artificiais e sintticos so extrudados em fieiras de mltiplos orifcios produzindo um feixe de filamentos. Seus aspectos so lisos e brilhantes, e podem ser utilizados, dessa maneira, para fabricao de tecidos.

O aspecto e o toque, porm, sero essencialmente plstico, com superfcie lisa e escorregadia. O tecido cola-se facilmente ao corpo por causa de dois fatores: pelo suor que, no sendo absorvido pela roupa serve de cola; e pela eletricidade esttica que esses materiais costumam acumular.

Ilustrao 19: Fieira Fios Texturizados Podem, tambm, ser chamados de texturados. A maneira encontrada de contornar os problemas causados pelos filamentos lisos foi a de encrespar esses filamentos de maneira a torn-los mais prximos, em aspecto, dos fios produzidos a partir de fibras naturais. Fios Retorcidos Os fios de fibras descontnuas ou de filamentos, lisos ou texturizados, podem ser torcidos com a finalidade de aumentar sua resistncia. A partir de um fio singelo, ou mesmo dentro de um fio singelo, pode-se criar uma infinidade de efeitos no fio, obtendo-se tantas combinaes quantas desejar a imaginao do padronista ou a aceitao do mercado.

Ilustrao 20: Fio Retorcido em Dois Cabos

Ilustrao 21: Fio Retorcido em Dois Cabos

esquerda vemos um fio singelo, ao centro um fio retorcido a dois cabos e direita um fio retorcido a dois cabos, depois novamente retorcido a dois cabos (4 cabos).

Ilustrao 22: Fio Singelo; Fio Retorcido a dois cabos; Fios retorcido a dois cabos e novamente retorcido a dois cabos.

Fio Moulin Quando os dois fios so retorcidos, de mesma natureza ou de naturezas diferentes, porm em cores distintas, temos o efeito moulin. comum juntar-se um fio de filamento com fio fiado a partir de fibras para produzir esse tipo de fio. Fio Fantasia Os efeitos especiais que podem se obter com fios fiados so inmeros, alguns deles com denominao especial e outros no e todos eles agrupados como fios fantasia. o fio txtil ao qual so adicionadas irregularidades intermitentes em termos de toro, grossura e cor, com a finalidade de conferir-lhe um aspecto de fantasia, como indica a sua denominao. Basicamente, um fio fantasia completo est constitudo de trs elementos, a saber: O fio-alma ou miolo; O fio-fantasia ou efeito; O fio de ligamento-amarrao. Fios fantasias so concebidos preferencialmente para efeitos decorativos e funcionais. Muito raramente um tecido composto totalmente por este tipo de fio, exceto possivelmente em cortinas ou tapetes. Exemplos: Fio Boucl: Fio fantasia com pequenos anis ou alas a intervalos regulares, mais ou menos prximos; Fio Boton: Fio fantasia caracterizado por irregularidades em forma de pequenas alas, dilataes ou botes, a intervalos mais ou menos regulares. Tais fios so obtidos por meio de um fio que vai envolvendo, de forma irregular, um outro fio (alma) ou por adio intermitente de pequenas pores de fibras durante a fiao; Fio Flam: Fio fantasia caracterizado por trechos no cilndricos ou com ausncia de toro. Esses fios so obtidos em filatrios anis. Temos que distinguir aqueles que s foram fiados com esses efeitos, que so os fios fantasia

propriamente ditos; e posteriormente, aqueles que so obtidos na retoro, os retorcidos fantasia. Enquanto que para estes sempre necessrio a mquina ou equipamento especial para produz-los; para aqueles, o efeito fantasia pode ser obtido mesmo sem esse equipamento. Chenille Tem o aspecto de veludo. Um dos cabos primeiramente enrolado sobre um gabarito de ao e, em seguida, cortado e assegurado entre dois outros cabos retorcendo-se entre si. Eventualmente usado em tricotagem manual, tem seu uso muito difundido para tecidos que so utilizados no revestimento de mveis.

xii. Utilizao dos FiosOs fios, em geral, so produzidos para uso posterior na fabricao de tecidos. Para a fabricao dos tecidos planos comuns, temos fios que se destinam formao do urdume e fios que se destinam formao da trama, os quais diferem um pouco em nmeros de tores. Os fios de urdimento possuem maior nmero de tores, porque precisam de maior resistncia, de vez que so os que sofrem maiores esforos, tanto nas operaes de tecimento como no uso corrente. Para a fabricao dos tecidos de malha, faz-se necessrio um fio um tanto mais flexvel, a fim de que esta seja prontamente formada. Tal fio produzido com poucas tores, dentro de um certo limite.

O que tecido?O tecido um material base de fios de fibra natural, artificial ou sinttica, que compostos de diversas formas tornam-se coberturas de diversos tipos formando roupas e outras vestimentas e coberturas de diversos usos, como cobertura para o frio, cobertura de mesa, limpeza, uso medicinal (como faixas e curativos), entre outros.

I. Tipos de TecidosTecidos Planos: so resultantes do entrelaamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em ngulo reto. Os fios dispostos no sentido horizontal so chamados de fios de trama e os fios dispostos no sentido vertical so chamados de fios de urdume. Tecido Plano: uma estrutura produzida pelo entrelaamento de um conjunto de fios de urdume e outro conjunto de fios de trama, formando ngulo de (ou prximo) a 90. Urdume: Conjunto de fios dispostos na direo longitudinal (comprimento) do tecido. Trama: Conjunto de fios dispostos na direo transversal (largura) do tecido. Tecido Malha : A laada o elemento fundamental deste tipo de tecido, constitui-se de uma cabea, duas pernas e dois ps. A carreira de malhas a sucesso de laadas consecutivas no sentido da largura do tecido. J a coluna de malha a sucesso de laadas consecutivas no sentido do comprimento do tecido. Tecido Notecido: Conforme a norma NBR 13370, no-tecido uma estrutura plana, flexvel e porosa, constituda de vu ou manta de fibras, ou filamentos, orientados direcionalmente ou ao acaso, consolidados por processos: mecnico (frico) e/ou qumico (adeso) e/ou trmico (coeso) ou combinao destes. As ilustraes a seguir representam estruturas dos txteis citados acima:

Ilustrao 23: Tecido Plano.

Ilustrao 24: Tecido de Malha.

Ilustrao 25: Tecido No Tecido

O Tecido Plano e a Tecnologia da TecelagemO tecido plano o produto final do processo de tecelagem. classificado de acordo com: a) b) c) d) A matria-prima empregada (natural, sinttica ou mista); A forma de entrelaamento dos fios (tafet, sarja e cetim); o nmero de fios por centmetro quadrado; o peso por metro quadrado.

O tecido plano formado basicamente por fios de ourela (fios que formam bordas do tecido) e fios de fundo (fios que formam o tecido) que se situam entre as ourelas. O tecido plano obtido pelo entrelaamento de conjuntos de fios em ngulos retos, ou seja, fios no sentido longitudinal (chamados de URDUME) e fios no sentido transversal (chamados de TRAMA), realizados por um equipamento chamado tear. De acordo com a DuPont (1991, p. 5), os fios no sentido do comprimento so conhecidos como fios de urdume, enquanto que os fios na direo da largura so conhecidos por fios de trama. As bordas do tecido no comprimento so as ourelas, que so facilmente distinguveis do resto do material.

Ilustrao 26: Fios de Trama, Fios de Urdume e Ourela. Antes que os fios sejam entrelaados nos teares, necessria a realizao de operaes preliminares de preparao destes fios para sua utilizao no processo de tecelagem, tanto para os fios de urdume quanto para os fios de trama, por mtodos adequados, tais como o processo de urdimento e o processo de engomagem oriundos ao setor de preparao tecelagem. O entrelaamento o fato de passar uma ou vrios fios de urdume por cima ou por baixo de um ou vrios fios de trama. O entrelaamento mais simples entre estas duas direes de fios a tela ou tafet. A evoluo dos fios de urdume poder ser feita nas mais diversas formas obtendo-se assim, os mais complicados tipos de ligamentos. Os mais conhecidos so:

Tela ou tafet; Sarja; Cetim ou raso

Ilustrao 27: Tela ou Tafet.

Ilustrao 28: Sarja.

Ilustrao 29: Cetim ou Raso.

Os tecidos so processados em mquinas chamadas de teares, e os principais componentes de um tear so: Rolo de Urdume: que contm os fios de urdimento so rolos de fios paralelos; Quadros de Lios: o urdimento passa pelo olhal dos lios, que se acham dispostos em quadros responsveis pela formao da cala (abertura formada por duas camadas de fios de urdume); Pente: depois dos quadros de lios, os fios passam por um pente que determina a largura e a densidade do urdume e responsvel pelo remate da trama. Nos teares de lanadeira servem como guia para a mesma; Rolo de Tecido: para enrolar o tecido pronto.

Ilustrao 30: Componentes de um Tear. Para conseguir-se a passagem da trama entre os fios de urdume (cala), utiliza-se o elemento chamado porta-tramas, dentre os quais o mais conhecido a lanadeira.

Ilustrao 31: Lanadeira.

Os movimentos bsicos do tear so: A formao da cala; A insero da trama; O batida do pente. Formao da Cala: a abertura triangular de duas camadas de fios de urdume com auxlio de alavancas e cordis amarrados aos quadros de lios onde os fios esto inseridos;

Ilustrao 32: Formao da Cala. Insero da Trama: introduo dos fios de trama por meio de lanadeira, pinas, projtil, jato de ar ou jato de gua.

Ilustrao 33: Insero da Trama.

Batida do Pente: o pente est preso frente e tem movimento de vaivm. Quando ele vem frente, encosta a ltima trama inserida no remate e quando recua propicia a insero da trama seguinte.

Ilustrao 34: Batida do Pente.

I. Preparao TecelagemComo j visto anteriormente, na tecelagem, os fios antes de serem processados no tear passam por uma srie de operaes denominadas PREPARAO TECELAGEM, como segue: Fio de Urdume Fio de Trama

Urdimento Direto Engomagem Engomagem Engrupagem ou Remetio

Urdimento Seccional Engomagem

Espulagem

Engrupagem ou Remetiocom lanadeira

TEARsem lanadeira

Desenho 5: Fluxograma do Processo de Tecelagem.

i. O UrdimentoO urdimento a operao de preparao tecelagem, que consiste na passagem dos fios que formaro o urdume do tecido, transferindo-os de seus suportes iniciais (cones, bobinas, cops, etc.) para o rolete do tear. Este rolete compe-se de um tubo rosqueado em suas extremidades, onde so posicionados 2 discos denominados flanges que determinam a largura sobre a qual sero enrolados os fios de urdume.

Ilustrao 35: Rolete de Urdume. O nmero de fios a ser urdido funo da largura do tecido a ser produzido, do nmero de fios por centmetro, do ttulo do fio entre outros dados. Portanto, este nmero muito varivel dependendo de cada artigo a ser produzido. A repassagem de todos os fios para o rolete do tear no processada diretamente, pois nesse caso, seria necessria uma quantidade de suportes igual ao nmero de fios do urdume. Na prtica isto invivel, devido ao tamanho da estrutura que seria necessrio para conter os suportes e principalmente devido s dificuldades operacionais que acarretaria este trabalho com elevado nmero de suportes. Para superar esta dificuldade foram idealizadas duas tcnicas de processamento, denominadas URDIMENTO SECCIONAL e URDIMENTO CONTNUO ou DIRETO. Apesar de estas duas tcnicas resultarem num mesmo produto final (o rolete de urdume), as diferenas existentes ao processamento implicam em certas vantagens de utilizao de acordo com o artigo a ser produzido, o qual definir qual dos dois sistemas de urdimento apresenta melhor rendimento operacional. A URDIDEIRA Qualquer que seja o tipo de urdimento, o equipamento necessrio compreende: A Gaiola; O Pente Encruz; O Pente de Distribuio; A Urdideira (rgo motor).

Ilustrao 36: Partes da Urdideira.

A GAIOLA A gaiola o conjunto que sustenta os suportes de fios que alimentam a urdideira. Sua capacidade igual ao nmero de suportes que ela pode conter.

Ilustrao 37: Gaiola. A funo da gaiola de sustentar os suportes e assegurar a regularidade da tenso dos fios, alm de, claro assegurar o controle destes fios. A altura da gaiola deve ser tal que o operador possa ter acesso fileira superior de suportes (aproximadamente 190 a 200 cm). Admite-se em geral, que a gaiola no pode ultrapassar de 12 metros de comprimento (profundidade). Com metragens alm desse valor, considera-se que as diferenas de tenso entre as bobinas da frente e as de trs tornamse muito altas. A eficincia do operador tambm sofre influncia negativa, devido aos longos deslocamentos. Os principais componentes da gaiola so: Suportes; Tensores; Guia-Fios; Sistema de Parada Automtica. Suportes: so pinos de ferro ou de ao, dispostos em uma estrutura (quadro) para manter os suportes de fios em posio de desenrolamento, havendo entre estes distncias regulares, determinadas por escartamentos eqidistantes em suas quatro direes;

Ilustrao 38: Suportes.

Tensores: o tensor mais comum chamado universal, compe-se de 1 a 3 pares de discos metlicos, por entre as quais passa o fio, originando-se uma maior ou menor tenso, conforme a quantidade de discos de carga colocados sobre o disco superior. Destacam-se tambm os tensores eletrnicos entre outros; Guia-Fios: so olhais de cermica por onde passam os fios;

Ilustrao 39: Tensores e Guia-fios. Sistema de Parada Automtica: consiste num sensor de rupturas de fios. Para evitar a ocorrncia de fios rompidos no rolo de urdume, a gaiola deve possuir na sua parte frontal um sistema eltrico (guarda-fio) que detectando a ruptura de um fio, aciona o freio da urdideira, para impedir que a sua extremidade seja recoberta no rolo pelas espiras vizinhas. Por isso, o sensor colocado na gaiola, ou seja, o mais longe possvel da urdideira a fim de detectar a ruptura do fio o quanto antes.

Ilustrao 40: Sistema de Parada Automtica. Existem diferentes concepes de construo de gaiolas, podendo-se citar os modelos mais conhecidos: a) Gaiola Comum; b) Gaiola com Carrinhos; c) Gaiolas Contnuas que podem ser:

Gaiola em V; Gaiola de Alimentao Dupla; Gaiola Magazine; d) Gaiola Automtica. a) Gaiola Comum: esta gaiola a mais simples e a menos prtica. Os suportes so fixados nas 2 faces de um quadro fixo. Os operadores devem substituir os suportes de fios vazios por outros cheios e depois emendar os fios, o que leva um tempo considervel.

Ilustrao 41: Gaiola Comum. Fonte: Karl Mayer. b) Gaiola com Carrinhos: a mais utilizada. O quadro de suportes substitudo por uma srie de carinhos onde os suportes de fios so dispostos. Estes carrinhos se deslocam no centro da gaiola possibilitando assim uma preparao prvia de sucessivas partidas, com um menor tempo.

Ilustrao 42: Gaiola com Carrinhos. Fonte: Karl Mayer. Basta substituir os carrinhos com suportes de fios vazios por outros carrinhos previamente repletos de suportes de fios cheios. O tempo de montagem sofre uma grande reduo. c) Gaiolas Contnuas: Gaiola em V: A gaiola em V possui 2 quadros de suportes paralelos e que so mveis (num sentido rotacional). Neste tipo de gaiola a disposio em V permite que o operador coloque as bobinas cheias no quadro interno e posteriormente, quando deve-se fazer a

troca de suportes de fios vazios por outros cheios, o operador aciona um sistema que rotaciona os quadros substituindo o quadro vazio pelo cheio.

Ilustrao 43: Gaiola em V. Fonte: Karl Mayer. Gaiola de Alimentao Dupla: os eixos dos pinos que sustentam os suportes de fios deste tipo de gaiola convergem para um mesmo guia-fio de sada. As duas bobinas correspondentes so emendadas de forma que o desenrolamento se faz sem interrupo. Trata-se de um desenrolamento verdadeiramente contnuo, sem tempo morto na montagem dos suportes na gaiola.

Ilustrao 44: Gaiola de Alimentao Dupla. Fonte: Karl Mayer. Gaiola Magazine: compe-se de dois quadros de suportes paralelos. Enquanto os suportes da parte externa esto em trabalho, isso durante o urdimento, o operador carrega os suportes da parte interna. Aps esvaziarem-se os suportes externos, rotacionase os quadros substituindo o quadro com suportes de fios vazios pelo quadro com outros cheios.

Ilustrao 45: Gaiola Magazine. Fonte: Karl Mayer.

d) Gaiola Automtica: trata-se de uma gaiola com carrinhos na qual a emenda se faz automaticamente por dispositivos mveis, contendo um dispositivo em cada fileira de suportes de fios. A montagem completa da gaiola assegurada por uma grade mvel e um carrinho que transporta os fios at o pente da urdideira. O tempo de imobilidade para uma montagem completa de cerca de 1/20 do tempo de parada para uma gaiola convencional de carrinhos.

Ilustrao 46: Gaiola Automtica. Fonte: Karl Mayer. O PENTE ENCRUZ Encruz a passagem dos fios por entre 2 barras ou cordes, de modo que cada fio tenha uma seqncia inversa de seu adjacente, formando assim 2 planos ou sistemas de fios, podendo-se separar a seqncia dos fios em pares e impares.

Ilustrao 47: Pente Encruz. A finalidade do encruz : Manter os fios na mesma seqncia evitando o embaraamento com fios adjacentes; Propiciar as operaes de engrupagem, remetio e passamento; Facilitar a localizao dos fios no caso de ruptura no tear.

PENTE DE DISTRIBUIO A finalidade deste pente distribuir os fios em uma determinada densidade (fios/cm), a qual funo do nmero de fios, seja da fita ou do rolo primrio. necessrio verificar o correto ajuste desta largura, pois sua soma no poder ultrapassar a largura prevista entre as flanges do rolete de urdume. Quanto aos tipos de pentes utilizados, estes podem ser classificados em: Pente Fixo; Pente Tapezoidal; Pente Flexvel V; Pente Extensvel. Pente fixo: neste caso utiliza-se um pente que tenha uma densidade de puas igual ou prxima do pente a ser utilizado no tear, necessitando-se de um pente para cada artigo a ser produzido;

Ilustrao 48: Pente Fixo. Pente Trapezoidal: neste tipo de pente a densidade determinada pela altura em que posicionado o conjunto de fios.

Ilustrao 49: Pente Trapezoidal. Pente Flexvel V: neste tipo de pente a densidade de puas fixa, sendo a densidade obtida nos fios em funo do ngulo formado entre as duas metades do pente.

Ilustrao 50: Pente Flexvel V.

Pente Extensvel: neste pente as puas apiam-se numa base extensvel tipo sanfona, que permite o ajuste da densidade desejada.

Ilustrao 51: Pente Extensvel. URDIDEIRA (RGO MOTOR) onde so enrolados os fios de urdume. Este sistema de enrolamento pode ser seccional ou direto. URDIMENTO SECCIONAL Este tipo de urdimento apropriado para a produo de urdume com pequenas metragens e para a produo de urdumes com fios retorcidos, pois o rolo que sai desta urdideira contm todos os fios de urdume.

Gaiola

Cilindro Intermedirio Seccional Rolo de Urdume

Ilustrao 52: Urdideira Seccional. Fonte: Karl Mayer. Tambm utilizada para produzir urdumes que necessitam ser engomados, porm, neste caso devese utilizar um pente encruz apropriado. Neste tipo de urdideira, conforme o prprio nome j diz, o urdume produzido por sees que so chamadas de fitas. Os suportes de fios a serem urdidos so dispostos na gaiola e so enrolados sobre um suporte intermedirio (tambor) em diversas fitas uma ao lado da outra.

Ilustrao 53: Tambor Intermedirio.

Para explicar melhor o urdimento seccional, temos o seguinte exemplo: Desejamos produzir um urdume para um artigo que ter 2348 fios. A urdideira a ser utilizada possui uma gaiola com capacidade mxima de 400 cones. Isto quer dizer que cada fita ter no mximo 400 fios. Para fazer o urdume desejado teremos: N de fitas = 2348/400 = aproximadamente 6 fitas Ou melhor: 5. 4 fitas com 391 fios cada e 6. 2 fitas com 392.

Ilustrao 54: Enrolamento das Fitas no Tambor Intermedirio. Fonte: Karl Mayer. O pente de distribuio, alm de orientar o enrolamento das fitas sobre o tambor, tambm o responsvel pela largura das fitas. Aps completada a primeira fita, de acordo com o comprimento passamos para o enrolamento da segunda fita. A segunda fita comea a ser enrolada ao lado do incio da primeira fita e, medida que vai sendo enrolada, o pente de distribuio vai se deslocando na direo da primeira, montando a segunda fita sobre o cone formado pela primeira. Como as quatro primeiras fitas possuem 391 fios cada, neste ponto do urdimento, j teremos enrolado sobre o tambor 782 fios do nosso urdume, lado a lado, e com o mesmo comprimento. O restante das fitas com 392 fios cada, continuam sendo enrolados, lado a lado, comeando sempre ao lado do incio da ltima fita produzida e assim por diante. Ao final do enrolamento da sexta fita

teremos o rolo com o total de fios desejado.

Ilustrao 55: Final do Enrolamento. A prxima etapa ser a repassagem destes fios para o rolete do tear, chamada de descarregamento ou pliagem. DESCARREGAMENTO OU PLIAGEM Aps o urdimento da ltima fita, obtm-se sobre o tambor a quantidade de fios, em nmero e metragem, prevista para o rolete do tear. Deve-se obter a mxima uniformidade ao distribuir as fitas sobre o rolete do tear, tanto quanto a tenso aplicada.

Ilustrao 56: Descarregamento ou Pliagem. O rolete do tear deve estar alinhado com o conjunto de fios e a distncia entre flanges corretamente ajustada, de modo a no haver a ocorrncia de acmulo ou queda de fios junto s flanges. Um dado importante no urdimento a largura total do urdume, ou seja, a largura que o total de fitas ter sobre o tambor, que igual largura do rolo de urdume. URDIMENTO CONTNUO OU DIRETO No urdimento seccional os fios so primeiramente enrolados sobre o tambor da urdideira em sees em nmero tal a fornecer a quantidade de fios desejada no rolo de urdume. No urdimento contnuo, tambm chamado direto, este enrolamento intermedirio efetuado

diretamente sobre rolos, denominados rolos primrios, devendo-se ento urdir um nmero de rolos primrios, cujo nmero de fios somados fornea o nmero total de fios do rolo de urdume. O urdimento contnuo apropriado para grandes metragens, seja de fio singelo ou de fio retorcido. Neste tipo de urdimento teremos que produzir vrios rolos, cada um com uma frao do total de fios do urdume e reuni-los na engomadeira ou na reunideira, para formar o urdume total.

Gaiolas

Rolo de Urdume

Ilustrao 57: Urdideira Direta. Fonte: Karl Mayer. A metragem de urdume que se pode enrolar em um rolo de urdideira contnua varivel de acordo com a quantidade de fios, o ttulo do fio, a largura do rolo e o dimetro das flanges. Como exemplo temos um urdume de 2348 fios, ttulo Ne 30. O nmero mximo de fios que podemos colocar em um rolo, depender da capacidade mxima da urdideira. N de rolos = total de fios urdume/capacidade mxima da gaiola Considerando que uma urdideira cuja gaiola tenha uma capacidade para um mximo de 500 cones, temos: N de rolos = 2348/500 = aproximadamente 5 rolos. Como teremos que produzir 5 rolos na urdideira, para depois reuni-los, cada rolo deve ter o mesmo nmero de fios ou diferena de apenas 1 fio. Logo: Fios/rolo = total de fios do urdume/ n de rolos = 2348/5 = 469 + 3 fios Para este exemplo teremos que produzir 2 rolos com 469 fios e 3 rolos com 470 fios. O processo para o urdimento contnuo bem mais simples que o processo seccional. Colocamos os cones na gaiola da urdideira e cada fio ser passado por um tensor, guia-fios, dispositivos de parada automtica, etc at ser enrolado no rolo primrio. Aps todos os rolos primrios para formar o rolo de urdume desejado estiverem prontos, estes vo para a engomadeira ou reunideira de acordo com o previsto.

Ilustrao 58: Processo de Urdimento Direto. O sistema de urdimento contnuo, pelas suas caractersticas mais utilizado na produo de tecidos simples, em linhas com pouca variedade de artigos, mas com grande escala de produo. A questo, portanto, de se definir qual o processo mais rentvel (contnuo ou seccional), est basicamente relacionada com a metragem a ser produzida.

ii. EngomagemNa operao de tecimento, os fios de urdume so submetidos solicitaes significativas, principalmente quanto tenso, flexo e atrito com peas componentes do tear. Estes esforos tendem a levantar as fibras da superfcie dos fios fiados at romp-los, o que ir provocar uma degradao da qualidade do tecido e uma reduo no rendimento da tecelagem com as rupturas de fios. A engomagem uma operao de preparao tecelagem, que tem como objetivo o revestimento dos fios de urdume com uma camada de substncia que aglutina as fibras ou filamentos e protege os fios do contato com os rgos do tear. Portanto, engomar o urdume, consiste em aplicar sobre os fios uma pelcula de goma, que dar aos fios melhores condies para o tecimento. Os dois parmetros mais importantes so: a resistncia trao e resistncia abraso, portanto, a aplicao de produtos de engomagem no fio tm como finalidade aderir as fibras para evitar o deslizamento entre elas, aumentando assim a resistncia trao e promover o encapsulamento dos fios com uma pelcula elstica para que este no perca a elasticidade.

Ilustrao 59: Fio sem Goma. Fonte: Guia de Defeitos Industriais Txteis.

Ilustrao 60: Fio Engomado. Fonte: Guia de Defeitos Industriais Txteis.

tambm na engomadeira que se renem os rolos da urdideira contnua a fim de formar o urdume com todos os fios do tecido. ENGOMADEIRA A engomadeira, se no for o equipamento mais importante da tecelagem, um dos que mais influenciam sua performance. A mquina tem como funes bsicas reunir os fios dos rolos primrios (urdideira contnua), ou das portadas (urdideira seccional), aplicando a estes solues de produtos de engomantes. Esta aplicao feita normalmente em um banho a quente e posteriormente o fio submetido ao calor para voltar a se constituir com sua umidade natural A engomadeira uma mquina de dimenses grandes, por tanto dividida em sees, que possuem finalidades bem distintas entre s, mas com um nico objetivo maior que engomar o fio. Gaiola ou desenrolamento; Caixa de goma; Zona de secagem; Campo seco ou separao de camadas; Cabeceira ou enrolamento.

Ilustrao 61: Partes da Engomadeira. GAIOLAS A seo chamada de gaiola ou desenrolamento onde so alojados os rolos primrios de urdume, normalmente com capacidade de at 12 rolos. Os rolos possuem freios, que podem ser individuais ou coletivos, so estes que vo determinar a tenso de desenrolamento. As gaiolas podem ser mveis ou fixas. As gaiolas mveis trabalham em cima de trilhos, existindo duas gaiolas para cada engomadeira, enquanto uma trabalha a outra descarrega e carrega, para ganhar produtividade.

Os tipos de desenrolamento so: Desenrolamento Individual: Neste tipo de desenrolamento os fios saem do rolo de urdume diretamente para o rolo guia na caixa de goma.

Ilustrao 62 - Desenrolamento Individual. Desenrolamento em Conjunto: No desenrolamento em conjunto os fios do ltimo rolo passam em contato com os fios do penltimo e se unem a este, e assim sucessivamente at chegar ao primeiro rolo onde o grupo de fios formado igual ao total de fios do tecido. Aps a reunio de todos os fios dos rolos estes fios vo para a caixa de goma.

Ilustrao 63 - Desenrolamento em Conjunto. Depois do rolo guia, os fios passam pelo rolo mergulhador que obriga os fios a mergulharem na goma e, em seguida passam pelos rolos espremedores que iro retirar o excesso de goma arrastada pelos fios.

Ilustrao 64: Percurso do Fio na Engomadeira.

CAIXA DE GOMA A caixa de goma talvez, a parte mais sensvel da mquina, seu objetivo acondicionar a soluo engomante nas condies de trabalho, (normalmente quente, que pode ser atravs de vapor direto ou serpentinas), aplicar uma presso nos fios para retirar o excesso de goma, (esta presso ir influenciar diretamente no pick-up da goma). As caixas de goma podem ter apenas um ou dois cilindros espremedores. Algumas mquinas possuem duas caixas de goma.

Ilustrao 65: Caixa de Goma. ZONA DE SECAGEM Esta a parte da mquina onde feita a secagem dos fios com goma, logo na entrada desta, normalmente existe a separao a mido dos fios em duas ou quatro camadas, isto importante para facilitar a secagem, proporcionar um melhor encapsulamento do fio e facilitar a separao total dos fios na zona seca. A secagem pode ser feita por cilindros aquecidos (vapor interno), por cmara de ar ou estufa. No caso dos cilindros, que o mais usado, estes devem ser revestidos com teflon para evitar que se formem crostas ou ferrugem. A temperatura de secagem associada a porcentagem de umidade residual no fio influenciam

diretamente na velocidade da mquina.URDUM E S ECO

ESTUFA

Ilustrao 66 - Sistema de Estufa.

URDUME S ECO

TAMBORES SECADORES

Ilustrao 67 - Sistema de Tambores Secadores. CAMPO SECO OU SEPARAO DAS CAMADAS No incio deste campo, os fios podem ser submetidos a uma aplicao que chamamos de ps enceragem. Este processo consiste na aplicao por arraste de um lubrificante ao fio, que pode ser aplicado a quente ou a frio, dependendo do produto. A aplicao da ps enceragem se d, principalmente, em urdumes densos, peludos, tintos ou de fios rsticos, com o objetivo de lubrificar a camada externa do fio, para facilitar a abertura das varas, minimizar os atritos e diminuir p na tecelagem. As varas de separao, que os fios so submetidos a seguir visam separar ou descolar individualmente os fios, mas garantindo sua disposio preliminar nos rolos de urdume primrios, para facilitar a remeteo ou engrupagem destes.

Ilustrao 68 - rea de Separao.

Ilustrao 69: Varetas de Separao.

No pente extensvel descolam-se os fios de uma mesma camada, e para isto, coloca-se em cada pua do pente, um fio de cada camada. Portanto, o passamento por pua no pente extensvel da engomadeira igual ao nmero de rolos que alimenta a mquina. Aps os fios estarem totalmente descolados, estes vo para o cabeote da mquina onde sero enrolados no rolo de tear. CABECEIRA OU ENROLAMENTO Neste campo, depois de separados os fios so distribudos no chamado pente extensvel, que ajusta a largura da camada dos fios e a largura do rolo, garantindo uma densidade constante de fios/cm e um enrolamento uniforme. Para este enrolamento uniforme, mais trs fatores so importantes, a condio do cilindro de arraste ou puxador, a tenso aplicada aos fios e a presso exercida por uma balana sobre os fios j enrolados.

Ilustrao 70: Cabeote da Engomadeira.

Ilustrao 71: Enrolamento.

Ilustrao 72: Engomadeira. Na prtica a aplicao ou no da engomagem segue o seguinte esquema: FIOS DE FIBRAS: - Singelo: obrigatoriamente engomado; - Retorcido: no engomado ou engomado com baixa toro; FIOS DE FILAMENTOS: - OT ou baixa toro: obrigatoriamente engomado; - Alta toro: no engomado. Algumas caractersticas adquiridas mediante o processo de engomagem nos fios so: Fortalecimento dos fios fazendo as fibras aderirem umas s outras; Alisamento da superfcie exterior do fio, para que as fibras salientes, sendo coladas ao prprio fio, no se emaranhem com fibras salientes dos fios adjacentes; Lubrificao dos fios, para haver um menor atrito quando roam uns com os outros, ou entre cada fio e as partes do tear por onde passam. A reduo do atrito reduz, por sua vez as foras que atuam sobre os fios durante a tecelagem. Por estas razes a engomagem dos fios para a diminuio da taxa de quebra de fios de urdume durante o tecimento considerado por dois ngulos diferentes: por um lado reduz as foras impostas aos fios, por outro, aumenta a resistncia dos prprios fios. A taxa de quebra dos fios de urdume tem uma grande importncia no rendimento do tear, porque se arrebentar um fio de urdume, o tear imobiliza-se at que essa quebra seja reparada. Em suma o objetivo primrio da engomagem produzir um urdume que sofra o mnimo de prejuzos na tecelagem. Em alguns casos, a engomagem tambm utilizada para modificar o carter do fio, de modo a produzir um efeito no peso do tecido, na sua rigidez, etc. A engomagem atinge ento seu objetivo principal fazendo as fibras aderirem umas s outras, de tal

maneira que torne os fios mais resistentes, mais lisos e melhor lubrificados. tambm importante que o material no interfira nos tratamentos aplicados aps a tecelagem, o material utilizado na engomagem (goma) deve auxiliar o processo e no impedir os tratamentos posteriores. Por isso necessrio considerar no s a maneira pela qual a goma aplicada e os seus efeitos na tecelagem, mas tambm os efeitos nos tratamentos posteriores e no tecido produzido.

i. Tipos de TearesO entrelaamento do urdume com a trama feito no tear (onde o fio do urdume se costuma designar simplesmente por fio e o fio de trama por passagem) sendo necessrias trs OPERAES FUNDAMENTAIS. A FORMAO DA CALA que consiste na separao dos fios da teia em duas folhas, formando um tnel conhecido por cala. A INSERO DE TRAMA que consiste na passagem do fio de trama no interior da cala, ao longo da largura do tecido. O BATIMENTO DO PENTE que consiste em empurrar a passagem inserida contra o tecido j formado, at um ponto designado por frente do tecido. Estas funes primrias devem encontrar-se sincronizadas, de modo que as operaes ocorram na seqncia correta, no interferindo umas com as outras. Os teares podem ser diferenciados pelos seus sistemas de insero da trama e pelos seus sistema de abertura da cala. TEARES DE LANADEIRA Neste sistema de insero, a trama conduzida de um lado a outro, atravs da lanadeira que se constitui de um dispositivo de madeira resistente onde se acomodam as espulas com os fios de trama. A lanadeira desliza sobre a camada inferior dos fios da cala, sobre a mesa batente. Este contato pode causar problemas de rupturas. A lanadeira acomodada em cada extremo num dispositivo chamado CAIXA DE LANADEIRAS onde ela freada e parada aps cada insero. A lanadeira recebe o impulso para atravessar a cala atravs do TACO, que est ligado extremidade superior da ESPADA. Este movimento para insero da lanadeira apresenta sua origem num excntrico que trabalha contra uma roldana fixa contra-espada que recebendo o movimento, transfere-o espada e conseqentemente ao taco, impulsionando a lanadeira atravs da cala. No tecimento de tramas de distintas cores, necessita-se de mais de uma caixa de lanadeiras (CAIXA MVEL). A mquina de tecer de lanadeiras dita automtica porque efetua a troca de espulas vazias por espulas cheias sem a ao direta do tecelo. Esta troca pode ser feita por: TROCA DE LANADEIRA: onde ocorre a troca da lanadeira com espula vazia, por outra com espula cheia de fio. TROCA DE ESPULA: onde faz-se a troca somente da espula vazia, por outra espula cheia de fio.

O sistema de troca automtica da espula feito por um dispositivo chamado magazine que apresenta as seguintes variveis: MAGAZINE CIRCULAR: apropriado para teares com apenas uma cor de trama; MAGAZINE VERTICAL: para teares de 4 cores. Todos os teares com troca automtica de espulas necessitam de um detector do fim da espula em trabalho para que a espula em trabalho no fique totalmente vazia. Este elemento o DETECTOR DE TRAMA ou APALPADOR. Existem trs tipos de detectores de trama: MODELO MECNICO: onde a deteco realizada com o apalpador, pulsando no dimetro externo da espula no momento em que a lanadeira se encontra estacionada na caixa de lanadeira. MODELO ELTRICO: onde pontas metalizadas tocam suavemente a superfcie da espula recoberta por uma lmina metlica, ou de pintura metalizada. MODELO OPTICO: onde produz-se um fino raio de luz que refletido por uma cinta especial alojada no ncleo da espula. Esta cinta devolve o raio de luz que captado por uma clula que desencadeia o processo de troca da espula. TEARES DE LANADEIRAS DE PINA uma evoluo do antigo tear de lanadeira. parecido com o tear de lanadeira, porm, no lugar da lanadeira convencional utiliza-se uma pina que possui uma menor massa e no carrega consigo uma espula. A trama neste sistema vem diretamente dos cones que alimentam a trama dos dois lados do tear. A cada batida do pente inserida uma trama, ora da direita ora da esquerda. O comprimento da trama, necessrio para cada insero, medido por cilindros de onde a trama entregue lanadeira. As pontas de trama so cortadas por uma tesoura e eliminadas por um canal de aspirao. As vantagens deste processo sobre o tear de lanadeiras so: Eliminao do processo de espulagem; No h variao da massa da pina (pois no h espula cheia nem vazia); Reduo de defeitos como barramento e falta de trama. TEARES DE PROJTIL Estes teares comearam a ser produzidos pela empresa sua Sulzer nos anos 50. O nome projtil vem da acentuada reduo de massa do portatrama (de 400g (lanadeira) para 40g (projtil). A insero da trama ocorre apenas de um lado da mquina (lado esquerdo) e existem vrios projteis em uso durante o trabalho de tecimento. No interior do projtil existe uma pequena pina que prende a ponta da trama que foi apresentada. O percurso do projtil orientado por alguns guias metlicos solidrios mesa batente. O pequeno distanciamento entre os sucessivos guias asseguram que o projtil seja sempre guiado por vrios deles.

Durante o movimento de batida do pente, os guias recuam se posicionando abaixo dos fios de urdume para dar espao para a batida do pente. Aps cada insero, os fios de trama so cortados e as suas extremidades so inseridas na cala e tecidas com o fio de trama seguinte. Resultando da, ourelas slidas, capazes de resistir a todas as solicitaes mecnicas. Se at os anos 50, as mquinas de tecer de lanadeira produziam movimento do pente por mecanismo de biela e virabrequim, uma novidade importante foi o movimento do pente por meio de excntrico. Isto permite que o pente fique em repouso durante um centro nmero de graus de rotao. Este sistema de excntrico tem um conceito tecnolgico muito importante. Ele constitudo de duas levas conjugadas. A oscilao da mesa batente produzida com dois excntricos que trabalham alternados, um provoca o retrocesso da mesa batente e o outro, o avano. TEARES DE PINA UNILATERAL Tambm conhecidos como teares de pina rgida unilateral, estes teares possuem uma nica pina que fica do lado oposto da entrada da trama na cala. O princpio de funcionamento deste tear simples e seguro, a pina atravessa a cala e busca a trama que apresentada no lado oposto. Pinada a trama, a pina retorna, depositando a trama na cala. Uma tesoura corta a trama rente ourela. Este tear pode tecer tramas grossas, irregulares ou com fio fantasia, sendo assim recomendado para tecidos cuja velocidade de produo no importante, pois a velocidade de insero reduzida porque a pina realiza metade de seu trajeto em vazio. TEARES DE PINA BILATERAL COM TRANSFERNCIA tambm conhecido apenas por tear de pinas. Neste tipo de tear as pinas podem receber seu movimento de hastes rgidas ou cintas flexveis. A trama levada por uma das pinas at o meio da cala, onde transferida para a outra pina que far o restante do percurso da trama. A velocidade de produo muito maior que o sistema unilateral visto que no h insero vazia. A pinagem da trama pode ser positiva ou negativa: No pinamento positivo, a pina dotada de duas lminas pressionadas elasticamente que agem conforme a trama chega pina, isto , a ao da pinagem orientada pela trama. No pinamento negativo, a trama e a pina so governadas por mecanismos externos, independentes da trama. A vantagem do pinamento negativo a possibilidade de um aumento da velocidade do tear. As cintas que conduzem as pinas so flexveis e podem ser lisas ou perfuradas. No caso das cintas perfuradas, estas so movidas por rodas dentadas que se encaixam na cinta. Nas cintas lisas este

movimento executado devido ao atrito da cinta com uma roda lisa. Quando as cintas so recolhidas da cala aps cada insero, estas ficam embaixo da mesa batente. TEARES JATO DE AR Neste tipo de tecnologia a trama inserida atravs de um jato de ar que expelido pela cala.