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1 INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO campus CUBATÃO APOSTILA INTRODUTÓRIA SOBRE TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO Humberto Hickel de Carvalho Material elaborado tendo como referência: BOYLESTAD & NASHELSKY, 2004, e notas de aula do autor, para servir de apoio às disciplinas de Eletrônica II dos cursos de Engenharia de Controle e Automação e de Tecnologia em Automação Industrial do campus Cubatão do Instituto Federal de São Paulo. Cubatão 2019

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Page 1: APOSTILA INTRODUTÓRIA SOBRE TRANSISTORES DE EFEITO DE ...professorhumbertoifsp.pro.br/FET completa v2.pdf · O JFET pode ter seu funcionamento comparado ao do transístor bipolar

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INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULOcampus CUBATÃO

APOSTILA INTRODUTÓRIA SOBRE TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPOHumberto Hickel de Carvalho

Material elaborado tendo como referência: BOYLESTAD &NASHELSKY, 2004, e notas de aula do autor, para servir deapoio às disciplinas de Eletrônica II dos cursos de Engenhariade Controle e Automação e de Tecnologia em AutomaçãoIndustrial do campus Cubatão do Instituto Federal de SãoPaulo.

Cubatão2019

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TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO, FET

Os transistores de efeito de campo são componentes eletrônicos a três terminais, a saber:

gate ou porta, G, dreno, D e source ou fonte, S. Assim como nos Transistores Bipolares de Junção,

TBJs, nos FETs uma corrente será controlada por outra variável, que será a tensão que se

estabelecerá entre gate e source, ou porta e fonte.

Os transistores de efeito de campo possuem características que diferem dos transistores

bipolares de junção, sendo apropriados sobremaneira para aplicação em circuitos digitais, pela sua

rápida resposta em frequência e pela sua baixa impedância quando em modo resistivo, além de

terem um melhor desempenho em termos de dissipação de potência.

Existem dois tipos de FETs: os FETs de junção, JFET, e os FETs a metal óxido

semicondutor, MOSFET, também denominados IGFET (isolated gate FET) sendo estes últimos

separados em duas categorias: MOSFET intensificação e MOSFET depleção. O termo IGFET

atualmente está em desuso.

TRANSÍSTOR DE EFEITO DE CAMPO DE JUNÇÃO – JFET

O JFET pode ter seu funcionamento comparado ao do transístor bipolar de junção, TBJ.

Enquanto no TBJ a corrente principal IC é controlada pela corrente IB, no JFET a corrente principal

ID será controlada por uma tensão denominada VGS:

O JFET consiste de uma barra de cristal n (ou p) em que é criada uma junção p-n conforme a

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figura abaixo:

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Considere a figura baixo:

Ao se aumentar a tensão VDD e consequentemente VDS, mantendo-se VGS=0V, polariza-se

reversamente a parte superior da junção p-n e aumenta-se a área mais escura da figura acima. Para

VDS com valores baixos o canal estará suficientemente largo para permitir a passagem dos elétrons,

de forma que há um comportamento resistivo da corrente ID com a tensão VDS. Com o aumento da

tensão VDS ocorrem dois fenômenos: por um lado o canal ficará cada vez mais estreito por causa do

aumento da região de depleção da junção p-n reversametne polarizada, e por outro lado os elétrons

serão cada vez mais impulsionados do terminal de fonte, S, para o terminal de dreno, D. Ocorrerá

um ponto em que os efeitos se compensarão e a um aumento de VDS não corresponderá mais um

aumento de ID. A tensão VDS a partir da qual a corrente ID não aumenta mais é denominada de tensão

de pinch off (estrangulamento ou constrição do canal), VP, e a corrente, que a partir daí se manterá

constante, é denominada corrente de saturação do dreno, D, para a fonte, S, com VGS=0V ou em

curto circuito, IDSS. Mesmo com o canal estrangulado haverá passagem da corrente IDSS, que será

uma corrente de alta densidade fluindo por um canal estreito e será a maior corrente do JFET antes

que ele atinja a região de avalanche.

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Ao se aumentar ainda mais a tensão VDS ocorrerá um efeito de avalanche semelhante àquele

observado nos diodos zener e a corrente ID aumentará abruptamente. A tensão VDS a partir da qual o

JFET entra na região de avalanche é denominada de BVDRR ou B(VR)SS. A curva que define o

comportamento descrito acima está representada a seguir:

Se VGS provocar que o terminal de gate fique mais negativo que ao terminal de fonte, S, ter-

se-á:

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Ao se impor uma tensão negativa ao terminal de gate, G, em relação ao terminal de fonte, S,

tal que VP<VGS<0V, a constrição do canal ocorrerá em um nível de corrente menor do que IDSS, pois

além da polarização reversa imposta à junção p-n pelo potencial positivo do terminal de dreno, D,

também haverá a polarização reversa provocada pelo potencial negativo do terminal de gate, G.

Assim a tensão VP para constrição do canal será provocada pela soma de VDS com VGS, tal que:

V P=V DS+V GS (I)

Quanto maior em módulo for a tensão VGS, maior será a largura da região de depleção da

junção p-n, mais estreito será o canal e consequentemente a constrição do canal ocorrerá para níveis

menores de ID do que o nível IDSS (correspondente a VGS=0V). O estrangulamento do canal também

ocorrerá e a partir de valores menores de VDS, dado que agora VGS também contribui para o alcance

de VP. No limite, quando VGS atingir o valor de VP, a constrição do canal ocorrerá para VDS=0V, o

que ocasionará ID=0A, e o JFET estará no modo de operação denominado corte. Para cada aumento

no módulo de VGS haverá uma correspondente diminuição no valor de VDS necessário para o

estrangulamento do canal, e uma consequente diminuição da corrente ID. A dependência de ID em

função de VGS é dada pela equação de Shockley:

I D=I DSS . (1−V GS

V P

)2

(II)

A figura abaixo evidencia a função de controle que a tensão VGS tem sobre a corrente ID.

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MODOS DE OPERAÇÃO DE UM JFET

Corte: quando VGS≤VP, daí ID=0A, independentemente da tensão VDS. Nesse caso o JFET atua como

um circuito aberto.

Resistivo: quando VP<VGS<0V e VDS≤VP-VGS. A relação entre ID e VDS tem comportamento de

resistência, ou seja, se VDS aumentar, ID também aumenta proporcionalmente através da resistência

dinâmica rd. A resistência dinâmica é controlada pela tensão VGS, tal que:

r d=r 0

(1−VGS /V P)2 (III)

Na equação (III) r0 é a resistência do JFET para VDS<VP com VGS=0V. Quando VGS=0V,

rd=r0, por outro lado quando VGS=VP, rd=∞Ω. O valor típico de r0 é da ordem de algumas dezenas de

kΩ. Em aplicações específicas, quando se deseja controlar uma variável a partir de uma tensão,

pode-se usar rd.

Por analogia pode-se associar o modo resistivo do JFET à região de saturação do TBJ.

Saturação: quando VP<VGS<0V e VP-VGS≤VDS< BVDRR o JFET está na região de pinch off, ou de

corrente constante ou ainda de saturação. Neste caso o JFET atua como um controlador de corrente,

sendo a corrente ID controlada pela tensão VGS. Esta região é equivalente à região ativa do TBJ.

Avalanche: quando a tensão reversa sobre a junção p-n atinge BVDRR a junção entra em

avalanche, daí VDS≥BVDRR-VGS. Esta região deve ser evitada.

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COMPARAÇÃO ENTRE O JFET E O TBJ

JFET TBJ

• TENSÃO CONTROLA CORRENTE;

• ALTA IMPEDÂNCIA DE ENTRADA;

• MENOR VARIAÇÃO DE CORRENTE

NA SAÍDA PARA A MESMA TENSÃO

DE ENTRADA;

• MAIS ESTÁVEIS EM RELAÇÃO À

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA;

• TAMANHO MENOR MELHOR PARA

INTEGRAÇÃO;

• MAIS RÁPIDOS NA RESPOSTA EM

FREQUÊNCIA, SENDO

APROPRIADOS PARA APLICAÇÃO

EM CIRCUITO DIGITAIS QUE

EXIJAM FREQUÊNCIAS ALTAS.

• CORRENTE CONTROLA

CORRENTE;

• IMPEDÂNCIA DE ENTRADA

MENOR;

• MAIOR VARIAÇÃO DE CORRENTE

NA SAÍDA PARA A MESMA TENSÃO

DE ENTRADA;

• MENOS ESTÁVEIS EM RELAÇÃO À

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA;

• TAMANHO MAIOR.

TRANSÍSTOR DE EFEITO DE CAMPO METAL ÓXIDO SEMICONDUTOR – MOSFET

São FETs cujo terminal de gate não é ligado a uma junção p-n. O terminal de gate é ligado a

uma camada de óxido de Silício, SiO2, de forma que a corrente que fluirá pelo gate será nula e a

impedância de entrada infinita. O fato de o terminal de gate ser isolado eletricamente do

componente deu origem a outra denominação para o transístor: MOSFET de porta isolada, ou

IGFET, mas este termo está em desuso atualmente. O potencial aplicado ao gate criará um campo

elétrico dentro do transístor que será responsável pelo controle da corrente entre dreno e fonte. Há

dois tipos de MOSFET: depleção e intensificação, podendo cada tipo ser de canal n ou de canal p.

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MOSFET TIPO DEPLEÇÃO CANAL N

Sobre um substrato tipo p se difunde um canal tipo n que une os terminais de dreno e de

fonte. O terminal de gate não possui contato elétrico com o componente, sendo isolado por uma

camada de óxido de Silício. Normalmente os terminais de substrato e de fonte são conectados entre

si.

O princípio de funcionamento é bastante similar ao do JFET. Conforme a polaridade do gate,

atrair-se-ão ou repelir-se-ão elétrons para o canal, aumentado-se ou diminuindo-se a corrente que

fluirá entre dreno e fonte, imposta pela tensão VDS.

Se VGS for negativa os elétrons serão repelidos do canal para dentro do substrato diminuindo

a corrente entre dreno e fonte. Se VGS for positiva mais elétrons serão atraídos para o canal

aumentando a corrente entre dreno e fonte. A figura abaixo mostra o comportamento do canal para

um VGS negativo:

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A tensão VGS controlará a corrente entre dreno e fonte, conforme evidenciam as curvas

abaixo para um MOSFET tipo depleção canal n:

SÍMBOLOS MOSFET DEPLEÇÃO

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MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO CANAL N

A diferença fundamental entre o tipo depleção e o tipo intensificação é a ausência de um

canal físico entre dreno e fonte no tipo intensificação, tal que:

O canal será formado por elétrons vindos do substrato a partir do campo elétrico imposto

pelo potencial positivo aplicado ao gate.

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SÍMBOLOS MOSFET TIPO INTENSIFICAÇÃO

MOSFET COMPLEMENTAR – CMOS

É uma tecnologia de construção de circuitos integrados onde dois MOSFETs

complementares (um canal n e outro canal p) são construídos sobre o mesmo substrato, criando um

bloco básico muito utilizado na eletrônica digital. Na figura abaixo os dois MOSFETs estão

conectados para executar a função de porta inversora.

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POLARIZAÇÃO DOS TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO

Será tratada neste curso a polarização do JFET, sendo que a polarização do MOSFET é

bastante similar à polarização do JFET.

POLARIZAÇÃO NOS MODOS DE CORTE E RESISTIVO

Polarizar um JFET como chave eletrônica aberta (modo de corte) implica em fazer VGS=VP

que o canal estará constrito para VDS=0V, e consequentemente a corrente ID será nula. Por outro lado

o canal estará aberto, permitindo a passagem de corrente, para VGS=0V, desde que VDS seja menor

do que VP, caracterizando a chave eletrônica fechada (modo resistivo), sendo constituída apenas

pela resistência associada ao canal, que normalmente é pequena.

POLARIZAÇÃO NO MODO SATURAÇÃO

Para atuar como amplificador, de modo similar ao que acontece com o TBJ, o JFET deverá

ser polarizado no modo saturação, que corresponde à região ativa do TBJ. As curvas ID x VDS de um

FET têm semelhança com as curvas IC x VCE de um TBJ. Nas primeiras há a dependência de ID com

a variação de VGS, enquanto que nas segundas há a dependência de IC com a variação de IB.

POLARIZAÇÃO FIXA

O circuito mais simples de polarização de JFET é o que segue:

Neste circuito o resistor RG está presente somente para que o sinal a ser amplificado possa

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ser inserido no transístor. Os capacitores C1 e C2 são capacitores de desacoplamento e possuem a

mesma função dos capacitores de desacoplamento dos amplificadores implementados com TBJ.

Em corrente contínua não circulará corrente por RG de forma que ele pode ser substituído

por um curto circuito:

dessa forma:

VGS=−V G .G (IV) e

V DD=RD . I D+V DS (V)

As equações acima são as retas de carga em corrente contínua do amplificador, traçadas nos

planos ID x VGS e ID x VDS respectivamente. A intersecção destas retas com as curvas características

do transistor definirão o ponto quiescente Q (VDSQ; IDQ ou VGSQ; IDQ). A curva ID x VGS pode ser

obtida a partir de equação (II). Muitas vezes o fabricante fornece a curva ID x VGS. As curvas ID x

VDS são fornecidas pelo fabricante.

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Exemplo: Dado o circuito abaixo, determine:

a) As coordenadas do ponto quiescente;

b) A curva ID x VGS;

c) Sobre a curva do item b) trace a reta de carga cc e indique a posição do ponto quiescente.

d) Estime a curva ID x VDS e desenhe sobre esta curva a reta de carga, indicando o ponto quiescente.

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POLARIZAÇÃO POR DIVISOR DE TENSÃO

O circuito de polarização fixa apresenta a desvantagem de utilizar duas fontes de tensão,

dessa forma o circuito autopolarizante é o mais utilizado. Além disso o circuito autopolarizante

compensa variações em parâmetros internos do JFET pela inserção do resistor RS, de maneira

similar ao resistor RE no circuito autopolarizante dos amplificadores com TBJ. A tensão a ser

aplicada entre os terminais de porta e de fonte será determinada pelo divisor resistivo formado por

R1 e R2.

A reta de carga cc a ser traçada sobre a curva ID x VGS pode ser definida como:

VGS=V G. G−RS . I D (VI) onde

VG .G=R2

R1+R 2

.V DD (VII)

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Exemplo: Dado o circuito abaixo, determine:

a) A curva ID x VGS;

b) Sobre a curva do item a) trace a reta de carga cc e indique a posição do ponto quiescente

(VGSQ;IDQ) com suas coordenadas.

c) Calcule VDSQ.

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MODELO EQUIVALENTE EM CORRENTE ALTERNADA PARA O JFET

Para determinação das características ca do amplificador implementado com JFET se faz

necessário o desenvolvimento de um modelo do componente em corrente alternada.

Os amplificadores implementados com JFET possuem ampla faixa e atuação em termos de

frequência de operação, alta impedância de entrada e alto ganho de tensão.

Enquanto o TBJ controla a corrente de saída ic a partir da corrente de entrada ib, o JFET

controla a corrente da saída id a partir da tensão de controle vgs. O parâmetro que relaciona as

correntes de entrada e de saída no TBJ é o ganho de corrente b, enquanto que no JFET o parâmetro

que relaciona a tensão de entrada vgs à corrente de saída id é a transcondutância gm.

A transcondutância pode ser determinada pela derivada da corrente id em relação à tensão vgs

a partir da equação (II) de Shockley, daí:

gm=Δ i d

Δ v gs

=d i d

d v gs

=2. I DSS

|V P|.(1−

V GS

V P

) (VIII)

A unidade da transcondutância é o Siemens, Ʊ, que representa Apére por Volt. Normalmente

gm é fornecido pelo fabricante como yfs. Yfs é um dos parâmetros admitância do quadripolo

associado ao FET, o índice f indica um parâmetro forward, (saída pela entrada) e o índice s indica

que o parâmetro é ligado ao terminal de fonte source.

No limite, com D tendendo a zero na equação (VIII), pode-se escrever:

i d=gm . v gs (IX)

Porém no JFET a corrente de saída id também é influenciada pela tensão vds. A relação entre

a tensão vds e a corrente id pode ser obtida a partir do gráfico ID x VDS na região de saturação. O

parâmetro que relaciona as duas grandezas é denominado de impedância de saída do FET, ZO, tal

que

ZO=vds

id

=r d=1yos

(X)

Yos é o parâmetro admitância de saída do quadripolo que representa o JFET, e é fornecido

pelo fabricante. A unidade de yos é o Ʊ. Yos é fornecido pelo fabricante e seu valor normalmente é

baixo, devido à baixa inclinação das curvas ID x VDS na região de saturação. Portanto vds influencia

id através de ZO, tal que

i d=vds

ZO

(XI)

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Levando em conta as influências que id sofre a partir de vgs (equação IX) e de vds (equação

X), vem

i d=gm . v gs+vds

r d

(XII)

A equação (XII) define o modelo CA do JFET:

Deve-se observar que a equação (XII) é a Lei de Kirchoff das Correntes aplicada ao nó de

dreno no modelo CA do JFET.

Exemplo: Considere o circuito abaixo cujo transístor foi polarizado em VGSQ=-2V e IDQ=5,625mA.

Sabendo que o transístor possui as seguintes características: IDSS=10mA; VP=-8V e yos=40µƱ,

determine:

a) A transcondutância gm;

b) A impedância de saída do transístor, rd;

c) O modelo CA do transístor;

d) O ganho de tensão do amplificador, Av;

e) A impedância de entrada do amplificador, Zi;

f) A impedância de saída do amplificador, Zo;

g) O ganho de tensão do amplificador desprezando os efeitos de rd.

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CONFIGURAÇÕES DOS AMPLIFICADORES COM JFET

Assim como dos amplificadores implementados com TBJ, que podem ser configurados em

emissor comum, coletor comum ou base comum, também os amplificadores com FET poderão ser

configurados como fonte comum, dreno comum ou porta comum.

A tabela abaixo apresenta circuitos nas três configurações com suas características.

Configuração Circuito ZI ZO AV

Fonte ComumAlta

RG

Média

RD∥r d

Médio

−gm .( RD∥r d)

Dreno Comum ouSeguidor de Fonte

Alta

RG

Baixa

RD∥RS∥1gm

Baixo

−gm .(rd∥RS)1+gm .(r d∥RS)

Porta Comum Baixa

RS∥[ r d+RD

1+gm . rd]

Média

RD∥r d

Médio

gm .RD+RD

r d

1+RD

rd

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BOYLESTAD, R. L. , NASHELSKY, L. Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos. 8a. ed.

São Paulo: Prentice Hall, 2004.