apostila metodologia

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MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA PROF. MAURÍCIO CASTANHEIRA MATERIAL DE APOIO PROJETO FINAL EM ADMINISTRAÇÃO INDUSTRIAL PROFa. : MÍRIAM CARMEN MACIEL DA NÓBREGA PACHECO (Apostila elaborada pelo Prof. Antonio Maurício Castanheira das Neves para o Curso de Engenharia para as disciplinas Projeto em Administração, Metodologia Científica e Introdução à Engenharia) MÓDULO BÁSICO A - OBJETIVOS Destacar os principais aspectos que caracterizam os diversos tipos de pesquisa, sendo capaz de selecionar e determinar os delineamentos apropriados aos problemas a serem investigados, para que os objetivos do estudo sejam alcançados; Definir e caracterizar os passos para o desenvolvimento de uma pesquisa; Desenvolver a capacidade de decidir adequadamente sobre a metodologia apropriada aos objetivos das questões a serem investigadas; Elaborar um projeto de pesquisa obedecendo aos princípios básicos estudados. B - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO I - Pesquisa Científica: definições; finalidades das pesquisas; cuidados ao realizar uma pesquisa principais características de uma pesquisa científica. II - Classificação dos tipos de pesquisa: com base nos procedimentos técnicos utilizados. III - Delineamento das pesquisas: bibliografia; documental; experimental; “ex-post-facto”; levantamento; estudo de caso; pesquisa-ação; participante. IV - Caracterização das pesquisas: quantitativa e qualitativa; estudos exploratórios; estudos descritivos estudo experimental; pesquisa etnográfica V - Desenvolvimento de uma pesquisa:

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MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA PROF. MAURÍCIO CASTANHEIRA

MATERIAL DE APOIO – PROJETO FINAL EM ADMINISTRAÇÃO INDUSTRIAL

PROFa. : MÍRIAM CARMEN MACIEL DA NÓBREGA PACHECO (Apostila elaborada

pelo Prof. Antonio Maurício Castanheira das Neves para o Curso de Engenharia – para

as disciplinas Projeto em Administração, Metodologia Científica e Introdução à

Engenharia)

MÓDULO BÁSICO

A - OBJETIVOS

Destacar os principais aspectos que caracterizam os diversos tipos de

pesquisa, sendo capaz de selecionar e determinar os delineamentos apropriados aos

problemas a serem investigados, para que os objetivos do estudo sejam alcançados;

Definir e caracterizar os passos para o desenvolvimento de uma

pesquisa;

Desenvolver a capacidade de decidir adequadamente sobre a

metodologia apropriada aos objetivos das questões a serem investigadas;

Elaborar um projeto de pesquisa obedecendo aos princípios básicos

estudados.

B - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I - Pesquisa Científica:

definições;

finalidades das pesquisas;

cuidados ao realizar uma pesquisa

principais características de uma pesquisa científica.

II - Classificação dos tipos de pesquisa:

com base nos procedimentos técnicos utilizados.

III - Delineamento das pesquisas:

bibliografia; documental; experimental; “ex-post-facto”; levantamento;

estudo de caso; pesquisa-ação; participante.

IV - Caracterização das pesquisas:

quantitativa e qualitativa; estudos exploratórios; estudos descritivos

estudo experimental; pesquisa etnográfica

V - Desenvolvimento de uma pesquisa:

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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA - PROFa. MÍRIAM (Conteúdo elaborado pelo Profo. Antonio Maurício Castanheira para o Curso de Engenharia

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definição do tema e formulação do problema; objetivos; justificativa;

fundamentação teórica do estudo: sistema conceptual e teorias de base; definição do

tipo de estudo: definição das hipóteses ou questões norteadoras; operacionalização de

variáveis. Metodologia; definição da população e elaboração do plano amostral;

definição metodológica.

elaboração de instrumentos de coleta de dados:

- entrevista;

- questionário.

análise de conteúdo;

análise e interpretação dos dados;

elaboração do relatório final.

VI - Construção de um projeto de pesquisa

III - MÓDULO AVANÇADO

A - OBJETIVOS

Desenvolver a capacidade de identificação das características básicas

de diferentes tipos de pesquisa;;

Identificar bases filosóficas e enfoques teóricos que constituem eixos de

sustentação para as investigações científicas nas áreas humana e social;

Realizar análise critica de pesquisas nas diferentes áreas do

conhecimento;

Selecionar abordagens apropriadas a diferentes problemas de

investigação.

B - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I - Bases filosóficas das pesquisas em ciências sociais e humanas.

Idealismo e materialismo filosófico.

II - Principais enfoques nas pesquisas em ciências sociais e humanas:

positivismo, fenomenologia, marxismo, antropologia, estruturalismo e funcionalismo.

III - Análise crítica de síntese de relatórios de pesquisa na área humana

e social.

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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA - PROFa. MÍRIAM (Conteúdo elaborado pelo Profo. Antonio Maurício Castanheira para o Curso de Engenharia

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TREINAMENTO EM PESQUISA

MÓDULO BÁSICO

I - INTRODUÇÃO

Existe um significativo número de livros, alguns deles de boa qualidade

com o objetivo de orientar o leitor que pretende aprender como elaborar projetos de

pesquisa.

Acreditamos que este tipo de aprendizagem melhor se efetiva se são

oferecidas ao treinando oportunidades de, junto à teoria, realizar atividades práticas

devidamente supervisionadas por um pesquisador experiente.

O propósito deste nosso curso é auxiliar estudantes e profissionais não

só na elaboração de projetos de pesquisa, como também na reflexão crítica sobre as

bases filosóficas e teóricas que sustentam as ações do pesquisador e orientam nas

suas escolhas dos métodos e técnicas adequados ao tipo de investigação a ser

realizado.

Nossa estratégia de dividi-lo em dois módulos atende ao seguinte

objetivo: Num primeiro momento o treinando define a pesquisa científica e identifica as

características dos diversos tipos de pesquisa, habilitando-se a selecionar um deles e

elaborar corretamente um projeto a partir da delimitação de um problema; num segundo

momento o aprendiz é orientado para identificar bases filosóficas e enfoques teóricos

que constituem eixos de sustentação para as investigações científicas nas áreas

humana e social.

Embora focalizemos alguns aspectos teóricos que envolvem o processo

de criação científica, nossa preocupação central é de natureza prática.

Fomos guiados, outrossim, por dupla preocupação: apresentar aos

iniciantes de maneira simples e acessível os princípios básicos para se elaborar um

projeto de pesquisa científica e garantir ao profissional ou estudante elementos para a

organização de conhecimentos dispersos obtidos ao longo da vida acadêmica ou do

contato direto com a prática da pesquisa.

II - OBJETIVOS II.1 - Módulo Básico II.2 - Módulo Avançado

III - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO III.1 - Módulo Básico III.2 - Módulo Avançado

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TEXTO I - para trabalho 1 PESQUISA : O QUE É E POR QUÊ PESQUISAR?

Num sentido mais amplo, entende-se por pesquisa “o conjunto de

atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento”. 1

Pesquisa cientifica é definida como “o procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são

propostos. 2

O que se pode entender é que para merecer o qualificativo de

científica, a pesquisa deve ser feita de modo sistematizado, utilizando-se de método

próprio e técnicas específicas. Entende-se também ser um procedimento racional e

não apenas intuitivo, isto é, voltar-se constantemente para a realidade empírica e dela

não se afastar jamais. Conclui-se que a pesquisa científica só pode se desenvolver

mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de

métodos, técnicas e outros procedimentos científicos.

Mas o que se entende por “realidade empírica”? “Realidade”

obviamente é tudo o que existe, em oposição ao que é mera possibilidade, ilusão,

imaginação e idealização. Por exemplo: poderíamos estudar “os sentimentos dos

trabalhadores que perderam o direito à aposentadoria por tempo de serviço?” Existem

tais sentimentos? Provavelmente sim, mas podem ser conhecidos? De que forma?

Consistiria este objeto de pesquisa uma “realidade empírica”? Realidade sim, mas

como pode ser conhecida já que é tão complexa. Entende-se pois por “empírico” tudo

o que se refere à experiência e por “realidade empírica” , tudo o que existe e pode ser

conhecido através da experiência. Por sua vez, experiência é o conhecimento que nos

é transmitido pelos sentidos e pela consciência. Rudio (1966) se refere a duas

modalidades de experiência: “A experiência externa para indicar o que conhecemos

por meio dos sentidos corpóreos, externos… a experiência interna para indicar o

conhecimento de estados e processos interiores que obtemos através da nossa

consciência”. E como chegar ao conhecimento de tais processos interiores? Através

da introspecção que é a ação de conhecer pela experiência interna o que se passa

dentro de nos.

1RUDIO, F.V. - Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica - Petrópolis, Vozes, 1986. p.9.

2GIL, A.C. - Como elaborar projetos de pesquisa - São Paulo, Atlas, 1991, p.19.

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Como a realidade empírica se revela a nós? Por meio de fatos.

Freqüentemente o pesquisador utiliza os fatos para indicar qualquer coisa que existe na

realidade. Por exemplo: este texto é um fato. Mas também é um fato o leitor que

está lendo este texto. As palavras que se encontram escritas neste texto são fatos.

Mas não são fatos as idéias que elas contém, pois não existem na realidade. Quando

o leitor vendo as palavras, age mentalmente para transformá-las em idéias, a ação que

está realizando, de elaboração mental, torna-se um fato. O texto, as palavras, o

leitor são fatos percebidos pela experiência externa. A elaboração mental, pela qual as

palavras se transformam em idéias, é um fato que pode ser percebido pela experiência

interna.

Você já deve ter usado a expressão “isto é um fato” para afirmar que

algo é verdadeiro. Cuidado pois na ciência um fato não é falso nem verdadeiro: ele é

simplesmente o que é.

O cientista, às vezes, cria ou recria fatos com a única finalidade de

estudá-los, como acontece por exemplo em situações experimentais de laboratório.

Fato e fenômeno são sinônimos? Para alguns autores sim mas

podemos, conforme propões Rudio (1966), estabelecer uma distinção, dizendo-se que

fenômeno é o fato, tal como é percebido por alguém. Os fatos acontecem na

realidade, independentemente de haver ou não quem os conheça. Mas quando existe

um observador, a percepção que este tem do fato é que se chama fenômeno.

Pessoas diversas podem observar, no mesmo fato, fenômenos diferentes. Assim, por

exemplo, um jovem viciado em drogas pode ser visto por um médico como um

fenômeno fisiológico, por um psicólogos como um fenômeno psicológico, por um jurista

como um fenômeno jurídico, etc.”

E o que faz o pesquisador diante do fenômeno? Pode apenas verificar

a sua presença ou ausência, ou então com o intuito de compreendê-lo melhor a fim de

descrever adequadamente suas características, natureza, etc. Pode ainda pretender

estabelecer a relação entre dois ou mais fenômenos ou, mais ainda, descobrir ou

determinar a causa de um fenômeno. Mas ele certamente não está preocupado com

casos individuais, mas sim com generalizações. Para isto ele pode seguir o cainho da

lógica da indução ou da dedução.

Ogburn (1971) destaca que um dos mais importantes interesses da

ciência é determinar as causas dos fenômenos pois não se espera que uma causa,

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sozinha, seja suficiente para produzir fenômenos, mas sim uma conjunção de causas

que, influenciando-se mutuamente, criem uma situação onde o fenômeno é capaz de

manifestar-se. Assim, um dos trabalhos mais importantes em plano de pesquisa é

definir os fatores que estão presentes e influenciam a situação.

Baseados em Selltiz (1967) apresentamos, no quadro abaixo, a título

de exemplo, a identificação das causas que criaram o fenômeno: vício com

entorpecentes.

MODALIDADES DE CAUSA DEFINIÇÃO IDENTIFICAÇÃO NO FENÔMENO

1 - Causa necessária

Quando sem ela o fenômeno não pode ser produzido

Experimentar o entorpecente

2 - Causa suficiente

É aquela que, colocada, produz inevitavelmente o fenômeno

O vício prolongado em entorpecentes produz distúrbios psicológicos

3 - Causa contribuinte

Aumentam a probabilidade (contribuem para o aparecimento do fenômeno, sem garantir que inevitavelmente surgirá

A ausência da figura paterna no lar durante a infância

4 - Causa contingente

Condições favoráveis criadas para que a causa contribuinte possa atuar

O vício em entorpecentes dos jovens que tiveram ausência paterna no lar, só acontece quando, nos bairros em que eles moram ou freqüentam há disseminação de drogas

5 - Causas alternativas

São diversas as modalidades de causas contribuintes que tornam provável o fenômeno

Ausência da figura paterna no lar com alternativas: a) jovens que cresceram sem pais; b) filhos que tinham pais, mas que foram tratados por estes com hostilidade

Concluindo, reportamo-nos a uma das questões do título - por que se

faz pesquisa? Transcreveremos aqui uma das respostas do autor Gil, A.C. (1991).

“Há muitas razões que determinam a realização de uma pesquisa. Podem, no entanto,

ser classificadas em dois grandes grupos: razões de ordem intelectual e razões de

ordem prática. As primeiras decorrem do desejo de conhecer. as últimas decorrem do

desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz”.

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E você, quantas vezes se sentiu motivado a fazer uma pesquisa? O

que lhe falta?

EXERCÍCIOS

1 - Tanto nos jornais diários, como em revistas ou livros técnicos, deparamo-nos com relatos resumidos de resultados de pesquisas realizadas sob os mais diversos enfoques. Para você caracterizá-la como científicas que parâmetros utilizaria?

2 - Uma pesquisa baseada exclusivamente na experiência interna teria validade científica? Por que?

3 - Se fenômeno é o fato tal como é percebido por alguém, como procederá o pesquisador para descrever de forma científica um fenômeno específico estudado?

4 - Especifique um determinado fenômeno possível de ser pesquisado por você e tente identificar suas possíveis causas.

5 - Você, como futuro pesquisador, seria impulsionado a iniciar um projeto de pesquisa levado por que forças?

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TEXTO II - para trabalho 2

COMO SÃO CLASSIFICADAS AS PESQUISAS?

Nos manuais de Técnicas de Pesquisa encontramos diversos tipos de

classificação com base em algum critério sem pretender apresentar todas as

classificações agrupamos aqui algumas delas:

1 - Classificação com base no controle de variáveis:

1.1) Pesquisa experimental tem por característica básica, rigorosa

verificação empírica, com maior controle possível de variáveis.

1.2) Pesquisa não-experimental trata-se também de uma

verificação empírica, mas sem o controle ou manipulação da variável independente.

2 - Classificação quanto aos objetivos gerais:

2.1) Pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior

familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir

hipóteses. Visa, principalmente o aprimoramento de idéias ou a descoberta de

intuições.

2.2) Pesquisa descritiva Objetiva a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre

variáveis. São exemplos deste tipo de pesquisa o levantamento de opiniões, atitudes

ou crenças de uma população. Um exemplo bem comum são as pesquisas eleitorais

que indicam a relação entre preferência político-partidária e o nível sócio-econômico

(associação entre variáveis).

Em experimentos científicos, é comum se dar à

causa o nome de variável independente (VI), e ao fato (ou

fenômeno) produzido por ela de variável dependente (VD). Isto

porque quando o experimentador manipula (isto é, faz variar

ou altera de algum modo) a VI, verifica que ocorre também,

como resultado desse seu ato, uma alteração na VD. Dizendo

de outra maneira, a VD (o fato) depende daquilo que é feito

com a VI (a causa).

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2.3) Pesquisa explicativa Pretende identificar os fatores que

determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo de pesquisa

que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê

das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de

cometer erros aumenta consideravelmente.

3 - Classificação com base nos procedimentos técnicos utilizados

3.1 - Pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.

3.2 - Pesquisa documental Assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas esta na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos de pesquisa.

3.3 - Pesquisa experimental Consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influcienciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça eficientemente nas ciências humanas, razão pela qual os procedimentos experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número de situações.

3.4 - Pesquisa ex-post facto Nesta pesquisa tem-se um experimento que se realiza depois do fato. Não se trata rigorosamente de um experimento, posto que o pesquisador não tem controle sobre as variáveis. As ciências sociais valem-se muito deste tipo de pesquisa. Quase todos os trabalhos destinados à investigação de determinantes econômicos e sociais do comportasmento de grandes aglomerados sociais fundamentam-se numa lógica deste tipo.

3.5 - Levantamento Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Quando o levantamento recolhe informações sobre todos os integrantes do universo pesquisado tem-se um censo.

3.6 - Estudo de caso Caracteriza-se pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. A origem do estudo de caso é bastante remota. Prende-se ao método introduzido por C.C. Laugdell no ensino jurídico nos Estados Unidos.

3.7 - Pesquisa-ação “…é um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” (Thiollent, M., 1985, p. 14). Este tipo de pesquisa tem sido objeto de bastante controvérsias. Em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos.

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3.8 - Pesquisa participante Alguns autores empregam o termo “participante” como sinônimo para pesquisa-ação. Podemos, entretanto, com base em Gil, A.G. - 1989, apresentar algumas distinções entre estas duas modalidades de pesquisa.

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Pesquisa-Ação Pesquisa Participante

Supõe-se, geralmente, uma forma de

ação planejada, de caráter social,

educacional, técnico ou outro.

É o próprio conhecimento derivado do

senso comum, que permitiu ao homem

criar, trabalhar e interpretar a realidade,

sobretudo a partir dos recursos que a

natureza oferece.

Envolve a distinção entre ciência popular e

ciência dominante.

Tende a ser vista como uma atividade que

privilegia a manutenção do sistema vigente.

Envolve posições valorativas derivadas

sobretudo do humanismo cristão e de certas

concepções marxistas.

Suscita muita simpatia entre os grupos

religiosos voltados para a ação comunitária.

3.9 - Pesquisa etnográfica Trata-se de um recurso técnico utilizado pelo antropólogo para o levantamento de dados que com a ajuda da etmologia são analisados na tentativa de se explicar os fenômenos descritos pelo pesquisador. O principal método utilizado é a observação guiadas por formas não domesticadas de pensamento e que procure sempre que possível seguir o rumo da sensibilidade, istio é, antes de pensar o objeto sentí-lo. Este tipo de pesquisa é o desafio de “des-pensar” o costumeiramente pensado, ponto fundamental de orientação para um posicionamento correto para se realizar uma observação. É uma forma específica de pesquisa qualitativa.

4 - Classificação com base na análise dos dados

4.1 - Pesquisa quantitativa Trata-se de investigações que privilegiam o emprego da estatística, usando, às vezes, técnicas sofisticadas no intuito de atingir absoluta fidedignidade dos resultados apresentados. O investigador estabelece relações estatisticamente significativas entre os fenômenos, terminando sua análise das realidades precisamente no ponto onde deveria começar. Se o estudo em questão tem objetivos exploratórios e até certo ponto descritivo, este tipo de pesquisa é, não só interessante, como também necessário.

4.2 - Pesquisa qualitativa Tem suas raízes nas práticas desenvolvidas pelos antropólogos primeiro, e em seguida, pelos sociólogos em seus estudos sobre a vida em comunidade. Só posteriormente irrompeu nas investigações em outras ciências. Parte do pressuposto de que o comportamento humano, muitas vezes, tem amis significados do que os fatos pelos quais ele se manifesta. Logo, conclui-se que a quantificação dos fatos se não é relevante neste tipo de pesquisa, também não pode ser descartada. O que é preponderante, é a utilização de paradigmas indutivos ao invés de paradigmas dedutivos usualmente manejados pelos positivistas.

Modernamente este tipo de classificação de pesquisa perde o seu sentido. Na verdade, o que se nos apresenta hoje no mundo da ciência são estudos de caráter descritivo ou explicativo que, utilizando-se de dados estatísticos fidedignos, realizam análises aprofundadas da realidade em questão.

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Mesmo havendo vários tipos de classificação de pesquisa, o que a experiência nos faz concluir é que raramenete existe um tipo “puro” dos acimas descritos nos estudos atuais mas sim, uma combinação de vários tipos. Estudá-los separadamente é apenas uma atitude didática para melhor compreensão do futuro pesquisador. Como exemplo ressaltamos que qualquer tipo de pesquisa não declina da realização de uma pesquisa bibliográfica inicial, ou ainda, nenhuma pesquisa é necessariamente apenas qualitativa; que um “estudo de caso” possa ser uma “pesquisa participante” e assim por diante.

Exercícios 1 - Um advogado, motivado pelo movimento político de reestruturação da Constituição

no que se refere à “Previdência Social”, resolveu pesquisar sobre a questão de “Direitos

Adquiridos”. Qual o tipo de pesquisa que permitirá a melhor realização desta

investigação? Por que?

2 - Um pesquisador, residente em Aracaju levantou a seguinte hipótese: “Dos

processos criminais julgados no foro desta comarca a maioria dos condenados é de

indivíduos de cor negra e de baixa renda”. Decidiu realizar uma pesquisa para

confirmar ou não sua hipótese. Que tipo de pesquisa ele poderia realizar? Explique?

3 - Na área de Engenharia é possível realizar algum tipode pesquisa experimental? Por

que?

4 - Se aceitarmos a classificação das pesquisas como “qualitativas” e “quantitativas”,

tente agrupar os outros tipos de pesquisa segundo as características destas duas

modalidades.

5 - O interesse de um determinado pesquisador recai sobre a vida de uma instituição.

A unidade pode ser uma vara, um foro, um tribunal regional, etc. O pesquisador deve

partir do conhecimento que existe sobre a organização que deseja examinar. Que

material pode ser manejado, que está disponível ainda que represente dificuldades

para seu estudo. Isto significa que existem arquivos que registraram documentos

referentes à vida da instituição, publicações, estudos pessoais com os quais é possível

realizar entrevistas, etc. Se você fosse o pesquisador em questão, por qual tipo de

pesquisa você optaria para realizar este estudo? Por que?

6 - Os meios de comunicação de massa, políticos em época de eleição ou mesmo

durante seu mandato, empresas em geral, utilizam-se dos serviços de conhecidos

institutos de pesquisa para levantar e analísar opiniões públicas. Basicamente uma

pesquisa de opinião obedece ao design de que tipo de pesquisa estudado?

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TEXTO III - para trabalho 3

Como elaborar um projeto de pesquisa? (Adaptação de Rudio, F.V - Introdução ao projeto de Pesquisa Científica, Petrópolis, Vozes, 1986).

“Projeto de Pesquisa” e “Plano de Pesquisa” muitas vezes são tidos como sinônimos. A distinção é de que “projeto” é um todo, constituído por partes a que chamaremos, cada uma delas de “plano”: o plano será portanto uma parte do projeto.

Holanda, N. (1975), explica que um planejamento, até alcançar a forma de um projeto, passa pelas seguintes fases:

a - estudos preliminares cujo objetivo é o equacionamento geral do problema, fornecendo subsídios para a orientação de pesquisa ou identificando obstáculos que evidenciam a inviabilidade do projeto;

b - ante-projeto, que é um estudo mais sistemático dos diversos aspectos que deverão integrar o projeto final, mas ainda em bases gerais, sem definí-lo com rigor e precisão;

c - projeto final ou definitivo, é o estudo dos diversos aspectos do problema, já apresentando detalhadamente, rigor e precisão;

d - montagem e execução: colocação em funcionamento;

e - funcionamento normal.

Para dar um exemplo simples de como se começa um projeto de pesquisa imaginemos que, uma determinada empresa, o diretor solicite ao gerente de recursos humanos para verificar o resultado de um novo método de administração que vai ser implantado na instituição. A verificação solicitada deve ser feita através de uma pesquisa e, para realizá-la é necessário elaborar um projeto. O gerente de RH tem, como ponto de partida, estudos preliminares (ou exploratórios), a fim de poder delimitar o tema do projeto e colher subsídios que ajudem a elaborá-lo. Nesta etapa, os esforços do gerente de RH estarão certamente dirigidos em quatro direções importantes:

a - conhecimento teórico do novo método de administração que se pretende implantar e do método anteriormente utilizado pela empresa. Além disto, fará outros estudos em plano mais amplo, por exemplo, de Administração, Economia, Sociologia, etc., para conhecer mais profundamente as implicações e conseqüências que pode ter a Teoria de Administração do novo método a ser aplicado;

b - conhecimento prático através da observação das dependências físicas, da ergonometria, funcionários, operários, estratégias utlizadas em cada setor, etc., numa palavra, experiência, conhecimento e compreensão, através de uma observação exploratória, do campo de observação em que vai trabalhar;

c - análise e observação dos elementos que vão sendo progressivamente encontrados

em a e b (pelo conhecimento teórico e prático), solucionando os que parecem aproveitáveis para serem usados no projeto de pesquisa e definindo, pelo menos a grosso modo como serão utilizados ao elaborar o referido projeto;

d - adequação ao projeto dos elementos selecionados, isto é, passá-los por um tratamento para a justarem-se convenientemente à elaboração do projeto. O primeiro cuidado é formar um conceito adequado, claro e distinto dos elementos que foram selecionados. Depois é preciso determinar os elementos que precisam ser definidos e, neste caso dar-lher à medida do possível, uma definição de referência empírica, isto é, que os tornem suscetíveis de serem observados na realidade empírica, dentro da

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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA - PROFa. MÍRIAM (Conteúdo elaborado pelo Profo. Antonio Maurício Castanheira para o Curso de Engenharia

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perspectiva quie interessa à pesquisa. A elaboração de um projeto se faz através da construção de um quadro conceitual e, para construí-lo, precisamos colocar cada elemento que foi selecionado (isto é, cada conceito considerado relevante para a pesquisa) no seu respectivo lugar, fazendo com que se integrem uns com os outros.

Fazer um projeto de pesquisa é traçar um caminho eficaz que conduza ao fim que se pretende atingir, livrando o pesquisador do perigo de se perder, antes de o ter alcançado.

Aproveitamos o caminho propposto por Belchior, P.G.O. (1972) para construir um projeto de pesquisa. Segundo o referido autor, um projeto serve essencialmente para responder às seguintes perguntas: O que fazer? Por que? Para que? e Para quem fazer? Onde fazer? Como? Com que? Quanto? e Quando fazer? Com quanto? Como pagar? Quem vai fazer?

EXERCÍCIO:

Aproveitando estas indagações de Belchior damos abaixo a título de exemplo, os pontos fundamentais de um projeto de pesquisa, procure responder as questões:

1 - O QUE FAZER? (Planos da natureza e formulação do problema e do enunciado de hipóteses)

1.1 - Formular o problema

1.2 - Enunciar hipóteses

1.3 - Definir os termos do problema e das hipóteses

1.4 - Estabelecer as bases técnicas, a formulação do problema e o enunciado das hipóteses (por que e de que modo a formulação do problema e o enunciado das hipóteses se referem à teoria?)

1.5 - Conseqüências para a empresa e/ou para a teoria se as hipóteses forem confirmadas ou, ao contrário, rejeitadas

2 - POR QUE? PARA QUE? (planos de objetivos e da justificativa e PARA QUEM FAZER? da pesquisa

2.1 - POR QUE? (justificativa da pesquisa)

2.1.1 - Motivos que justificam a pesquisa

2.1.1.1 - Motivos de ordem teórica

2.1.1.2 - Motivos de ordem prática

2.2 - PARA QUE? (objetivos gerais da pesquisa)

2.2.1 - Definir de modo geral, o que se pretende alcançar com a execução da pesquisa (visão global e abrangente)

2.3 - PARA QUEM? (objetivos específicos da pesquisa)

2.3.1 - Fazer aplicação dos objetivos gerais a situações particulares

2.3.1.1 - Da empresa

2.3.1.2 - De funcionários, gerentes, etc.; da mesma empresa

3 - ONDE FAZER? COMO? COM QUÊ? QUANTO? QUANDO?

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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA - PROFa. MÍRIAM (Conteúdo elaborado pelo Profo. Antonio Maurício Castanheira para o Curso de Engenharia

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a - População e amostragem

b - Controle de variáveis

c - Instrumento de pesquisa

d - Técnicas estatísticas

e - Cronograma

3.1 - ONDE? COMO? (campo de observação)

3.1.1 - Descrever o campo de observação com suas unidades de observação e variáveis que interessam à pesquisa.

3.1.1.1 - População com suas características

3.1.1.2 - Se for utilizada amostra, justificar, dando os motivos, e apresentar o modo como a amostra será selecionada e suas características (plano amostral)

3.1.1.3 - Local

3.1.1.4 - Unidades de observação relevantes para a pesquisa

3.1.1.5 - Quais as variáveis que serão controladas?, como serão controladas?, qual o plano de experimento que será utilizado?, Qual o design proposto para a pesquisa? (quando for um estudo não-experimental)

3.2 - COM QUE? (instrumentos de pesquisa)

Descrever o instrumento da pesquisa que será utilizado; Que informações se pretende obter com eles?; Como o instrumento será usado ou aplicado para obter estas informações?

3.3 - QUANTO? (utilização de provas estatísticas)

3.3.1 - Quais as hipótese estatísticas enunciadas?

3.3.2 - Como os dados obtidos serão quantificados?

3.3.3 - Que tabelas serão feitas e como serão feitas?

3.3.4 - Que gráficos serão feitos e como serão feitos?

3.3.5 - Que provas estatísticas serão utilizadas para verificar as hipótes

3.3.6 - Em que nível de significância

3.3.7 - Previsão sobre interpretação dos dados

3.4 -QUANDO? (cronograma)

3.4.1 - Definir o tempo que será necessário para executar o projeto, isto é, para realizar a pesquisa, dividindo o processo em etapas e indicando o tempo necessário para a realização de cada etapa.

4 - COM QUANTO FAZER E QUANTO PAGAR? (plano de custos da pesquisa)

4.1 - Prever os gastos que serão feitos com a realização da pesquisa, especificando cada um deles

Ex.: 1 - Recursos humanos:

1.1 - Remuneração de auxiliares de pesquisa:

1.2 - Remuneração com técnicas especializadas

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- consultas estatísticas; - digitador; - programador, etc.

2 - Recursos materiais:

- custo/hora de uso de micro-computador; - material de consumo:;- papel; - caneta;- etc.; - custo de impressão dos instrumentos ; - custo de impressão do relatório

5 - QUEM VAI FAZER? (plano pessoal responsável pela pesquisa)

Coordenadas da pesquisa e/ou responsável pela mesma; Entidades co-participantes, se for o caso; Participantes de nível técnico; Pessoal auxiliar

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TEXTO IV - para trabalho 4

O QUE SE PRECISA SABER AINDA PARA ELABORAR UM PROJETO DE PESQUISA?

1 - Como formular o problema e enunciar as hipóteses?

O problema da pesquisa, geralmente costuma ser apresentado na

forma de uma proposição interrogativa, como por exemplo:

“A aplicação do método X de Reengenharia no funcionamento da

empresa produzirá efeitos positivos na qualidade do produto final?”

outro exemplo:

“A droga X cura a doença y.

Para responder a estas questões são possíveis hipóteses alternativas:

a - no primeiro exemplo:

1) o método X de Reengenharia produz efeitos positivos na

qualidade do produto final;

2) o método X … não produz efeitos…

b - no segundo exemplo:

1) a droga X cura a doença Y;

2) a droga X não cura a doença Y.

Em ambos os exemplos as proposições 1 e 2 são contraditórias, pois

uma é positiva e a outra negativa. Ambas não podem ser ao mesmo tempo

verdadeiras nem ao mesmo tempo falsas. Uma eliminará a outra.

Sabendo-se que a hipótese é uma solução (suposta) provisória que se

dá para um problema, não se pode colocar, ao mesmo tempo, duas ou mais

proposições contraditórias como hipóteses para o problema de uma pesquisa.

Importante fazer a distinção entre “tema” e problema numa pesquisa. O

tema é o assunto que se deseja provar ou desenvolver. O tema indica um assunto

(aparecendo de modo vago, geral, indefinido) mas o importante é a elaboração que se

realiza, para que ele se torne “concreto”, determinado, preciso de forma bm

caracterizada e com limites bem definidos. Já o problema consiste no dizer, de

maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade, com a qual

nos defrontamos e que pretendemos resolver limitando seu campo e apresentando suas

características. Dos dois exemplos de problema acima apresentados, qual lhe parece

mais claro e operacional? se você respondeu o segundo, acertou, pois no primeiro

expressões tais como “funcionamento da empresa”, “efeitos positivos”, “qualidade do

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produto final” têm que ser necessariamente definidos e operacionalizados de forma tal

que fique clara a sua observação empírica.

Vamos a outro exemplo:

“Influência de tóxicos em crimes de homicídios cometidos por

delinqüentes juvenis na cidade de São Paulo”. Temos aí um exemplo de tema ou

problema? É provável que você tenha identificado o exemplo de um tema. Qual o

problema a resolver neste tema?

a) “A maior incidência de homicídios, cometidos por delinqüentes juvenis na

cidade de São Paulo, se encontra entre os que são viciados em tóxicos? ou

b) “Até que ponto os homicídios cometidos por delinqüentes juvenis,

toxicomanos, na cidade de São Paulo, são ocasionados como efeitos de tóxicos e outros

semelhantes?

Além das características de ser explícita, clara, compreensiva e

operacional, a formulação do problema deve possuir ainda as qualidades seguintes:

a) Enunciar uma questão, cujo melhor modo de solução seja uma pesquisa.

A formulação “de quantos dias consta o ano civil”, no exemplo não é boa, pois a resposta é

conhecida, ou senão, basta apenas consultar o calendário.

b) Apresentar uma questão que possa ser resolvida por meio de processos

científicos. Por exemplo: “Quais as cores das asas dos anjos?” ou “a alma humana é imortal?”,

não constituem formulações possíveis de serem pesquisadas, pois a ciência não tem emios de

observar anjos e nem alma.

c) Ser factível, tanto em relação à competência do pesquisador quanto à

disponibilidade de recursos.

EXERCÍCIO:

Tente formular um problema de seu interesse e de significância para sua área

profissional e submeta-o à seguinte avaliação:

(critérios propostos por Best, J.W. (1961)

a) este problema pode realmente ser resolvido pelo processo de pesquisa

científica?

b) o problema é suficientemente relevante a ponto de justificar que a pesquisa seja

feita?

c) trata-se realmente de um problema original? Ou trata-se de uma réplica de

pesquisa? Por que?

d) a pesquisa é factível?

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e) ainda que seja “bom”, o problema é adequado para você?

f) pode-se chegar a uma conclusão valiosa/

g) você tem a necessária competência para planejar e executar um estudo deste

tipo?

h) os dados que a pesquisa exige, podem ser realmente ser obtidos?

I) há recursos financeiros disponíveis para a realização da pesquisa?

j) terá tempo de terminar o projeto?

l) o problema sugere que hipóteses?

m) o problema está realcionado a que tema?

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TEXTO V - para trabalho 5

Como definir população e amostra?

Uma pesquisa científica não se propõe a estudar indivíduos isolados ou

casos particulares. Seu objetivo é estabelecer generalizações, a partir de observações

em grupos ou conjuntos de indivíduos chamados de população ou universo.

Entendemos por população a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas

características, definidas para um determinado estudo. Spiegel (1967) diz que: “ uma

população pode ser finita ou infinita. Por exemplo a população constituída por todos os

parafusos produzidas por uma fábrica em certo dia é finita, enquanto que a população

constituída por todos os resultados (cara ou coroa) em sucessivos lances de uma

moeda é infinita”.

Se “pessoas residentes no município de Aracajú é a indicação da

população constituída por todas as pessoas que residem em Aracajú, “alunos

universitários residentes em Aracaju” é um extrato desta população maior. “Alunos

universitários do sexo masculino residentes em Aracajú” poderia ser considerado um

substrato. Assim sendo:

- A população (ou universo) da pesquisa é “pessoas residentes em

Aracajú”

- Desta população “alunos unversitários” é um extrato

- “Do sexo feminino” é um substrato.

Uma pesquisa geralmente não é feita com todos os elementos que

compõem uma população, exceto nos censos. Costuma-se selecionar uma parte da

população denominada amostra. Amostra é, portanto, uma parte da população,

selecionada de acordo com uma regra ou plano. O mais importante, ao selecioná-la é

seguir determinados procedimentos, que nos garantam ser ela representação

adequada da população donde foi retirada, dando-nos assim confiança de generalizar

para o unioverso o que nela foi observado.

Resumimos aqui diversos tipos de amostra não-probabilística e

probabilística.

a) Não probabilística:

a.1 - amostras acidentais Consideram-se apenas os casos que vão

aparecendo e continua-se o processo até que a amostra atinja determinado tamanho.

Ex.: Um jornalista deseja saber o que o “povo” pensa a respeito de determinada

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questão, determina quantas pessoas quer entrevistar e depois indaga a motoristas de

taxi, barbeiros, camelôs e outras pessoas, que, supostamente refletem a opinião

pública até completar o número determinado.

a.2 - amostra por cotas Seleciona-se uma amostra que seja a réplica

da população para a qual se deseja generalizar. Ex.: Pesquisa eleitoral realizada com

a população de um município: a divisão territorial em bairros ou regiões onde moram

pode determinar cotas, pois selecionar-se-á aleatóriamente as proporções de sujeitos

em cada bairro.

Hipoteticamente: População votante no município X: 30.000 Amostra: 3.000

Assim dividida bairro A: 750 25% da população bairro B: 375 18,5% bairro C: 375 12,5% bairro D: 1.500 50%

TOTAL : 3.000

a.3 - amostras intencionais Através de uma estratégia adequada,

são escolhidos casos para a amostra que represente, por exemplo, o “bom julgamento”

da população sob algum aspecto, não servindo conseqüentemente os resultados

obtidos nesta amostra, para se fazer generalizações.

b) probabilísticas:

b.1 - amostra casual simples É o planejamento básico da amostra

probabilística. Dá a cada elemento da população uma oportunidade igual de ser

incluído na amostra. Ex.: Todos os processos arquivados na vara criminal no período

de 1960 a 1990 no fórum do município X. É o universo a ser estudado, (universo finito

de 56.000 processos). Cada processo receberá um número de 1 a 56.000. Depois

sorteia-se os números até completar a amostra.

b.2 - amostra casual extratificada a população é inicialmente dividida

em dois ou mais extratos, podendo estes ser baseados num só critério, por exemplo,

sexo, que dará dois extratos: homens e mulheres, ou numa combinação de dois ou

mais critérios, por exemplo idade e sexo. Obtém-se uma amostra casual simples de

cada extrato e as sub-amostras são reunidas para formar a amostra total.

b 3 - amostragem por agrupamento chega-se ao conjunto final,

através de amostragem inicial de feixes maiores. Ex.: Fazer um levantamento de

crianças em classe de alfabetização em algum estado: 1) Preparar uma lista de distritos

escolares classificados pelo tamanho da comunidade e selecionar uma amostra casual

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simples ou extratificada; 2) para cada um dos distritos escolares incuídos na amostra

enumerar as escolas e delas tirar uma amostra casual simples ou extratificada; 3) de

cada uma das escolas da amostra, tirar uma amostra casual simples ou extratificada de

classes; 4) das classes de amostra de cada escola aplicar o instrumento a uma amostra

de crianças de C.A.

Que instrumentos utilizar?

Chama-se de instrumento de pesquisa o que é utilizado para a coleta de

dados. pelo fato de serem muito freqüentemente empregaods nas ciências sociais e

humanas, vamos apenas considerar o questionário e a entrevista. Ambos requerem

cuidados técnicos para a sua elaboração e aplicação. O questionário é o instrumento

que permite uma coleta mais rápida dos dados pois um pesquisador pode aplicar vários

ao mesmo tempo. No entanto limita a quantidade e a qualidade dos dados obtidos. A

entrevista é um instrumento mais adequado para se conseguir dados mais ricos e mais

reais. Ambos têm que ser testados previamente para garantir sua validade e

fidedignidade.

Como analisar e interpretar os dados?

Obtidos os dados, o pesquisador terá diante de si um amontoado de

respostas que precisam ser ordenadas e organizadas para que possam ser analisadas

e interpretadas. Para isto, devem ser codificadas e tabuladas, começando-se o

processo de classificação.

Com o advento da informática, o pesquisador dispõe de programas que

lhe permite planejar tabelas e gráficos que já lhe fornecerão todas as classificações

programadas, bem como os cruzamentos desejados.

Como redigir um relatório de pesquisa?

Problema claramente definido, projeto pronto, pesquisa executada,

cabe agora ao pesquisador divulgar os resultados através de um minuncioso relatório

onde os dados obtidos confirmam ou não as hipóteses e onde o pesquisador oferecerá

ao mundo suas contribuições como soluções possíveis ao problema proposto.

Os cuidados para elaboração de relatório final são praticamente os

mesmos ao construir o projeto. Os termos utilizados devem apresentar clareza,

objetividade e precisão nas informações para que o leitor não tenha qualquer dúvida

quanto aos resultados.Exercício Final

EXERCÍCIO:

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Baseado no texto e considerando suas expectativas para a investigação

da Pesquisa para seu projeto de final de curso, faça um roteiro seguindo todos os

passos da elaboração de um projeto de pesquisa.

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BIBLIOGRAFIA

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