argumentos contra o aborto

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Tudo o que foi levantado e mais um pouco (exceto o que manifestamente pueril e irrisório) consta neste FAQ: ARGUMENTO: "1 - A questão sobre o aborto não diz respeito à "vida", mas à "vida humana", ou seja, ao indivíduo. Não é uma questão de saber como começa a vida, é uma questão de saber em que etapa do desenvolvimento o nosso Estado laico deve aceitar um embrião como um cidadão digno de direitos" RESPOSTAS: Se falamos de fetos humanos, a vida não pode ser outra que não a vida humana. Não existe uma vida não humana que dá início, a partir de uma decisão do Estado, a uma vida humana, pois o que caracteriza o ser humano está presente desde a concepção. ARGUMENTO: "2 - Para estabelecer se um embrião é um cidadão, o Estado deve ser informado pela ciência sobre quando surgem no desenvolvimento os atributos mais caracteristicamente humanos; 3 - Os atributos mais caracteristicamente humanos não são ter um rim funcionando, nem um coração batendo, mas ter um cérebro em atividade. Isto é razoavelmente estabelecido porque é a morte cerebral que é considerada o critério para dizer quando uma pessoa morreu, e não a morte de outros órgãos. Por isso mesmo transplante de coração não é acompanhado de "transplante" de registro de identidade." RESPOSTA: Os atributos mais característicos humanos são todos os atributos que formam o ser humano em seu conjunto. Uma pessoa com uma gravíssima deficiência mental pode estar destituída de toda a racionalidade, mas nem por isso deixa de ser considerada humana. Quanto ao argumento pueril do "registro de identidade", um transplante de coração dessa pessoa para outra é possível porque ambos partilham a mesma identidade humana, embora sejam indivíduos diferentes. ARGUMENTO: "4 - Se a morte do cérebro é o critério médico que o Estado aceita para considerar o indivíduo humano como morto, o início do cérebro deve ser logicamente e necessariamente o critério para considerar o início do indivíduo, e não a fecundação." RESPOSTA: Argumento falacioso. A morte cerebral é um processo irreversível, ao passo que a formação do cérebro é um processo que culminará em um indivíduo racional e consciente. Se, e somente se, este processo for interrompido por causas naturais ou por aborto provocado, aí se verifica a analogia com a morte cerebral, posto que se trata de algo irreversível.

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Sobre a imoralidade do aborto.

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Page 1: Argumentos Contra o Aborto

Tudo o que foi levantado e mais um pouco (exceto o que manifestamente pueril e irrisório) consta neste FAQ:

ARGUMENTO: "1 - A questão sobre o aborto não diz respeito à "vida", mas à "vida humana", ou seja, ao indivíduo. Não é uma questão de saber como começa a vida, é uma questão de saber em que etapa do desenvolvimento o nosso Estado laico deve aceitar um embrião como um cidadão digno de direitos"

RESPOSTAS: Se falamos de fetos humanos, a vida não pode ser outra que não a vida humana. Não existe uma vida não humana que dá início, a partir de uma decisão do Estado, a uma vida humana, pois o que caracteriza o ser humano está presente desde a concepção.

ARGUMENTO: "2 - Para estabelecer se um embrião é um cidadão, o Estado deve ser informado pela ciência sobre quando surgem no desenvolvimento os atributos mais caracteristicamente humanos; 3 - Os atributos mais caracteristicamente humanos não são ter um rim funcionando, nem um coração batendo, mas ter um cérebro em atividade. Isto é razoavelmente estabelecido porque é a morte cerebral que é considerada o critério para dizer quando uma pessoa morreu, e não a morte de outros órgãos. Por isso mesmo transplante de coração não é acompanhado de "transplante" de registro de identidade."

RESPOSTA: Os atributos mais característicos humanos são todos os atributos que formam o ser humano em seu conjunto. Uma pessoa com uma gravíssima deficiência mental pode estar destituída de toda a racionalidade, mas nem por isso deixa de ser considerada humana. Quanto ao argumento pueril do "registro de identidade", um transplante de coração dessa pessoa para outra é possível porque ambos partilham a mesma identidade humana, embora sejam indivíduos diferentes.

ARGUMENTO: "4 - Se a morte do cérebro é o critério médico que o Estado aceita para considerar o indivíduo humano como morto, o início do cérebro deve ser logicamente e necessariamente o critério para considerar o início do indivíduo, e não a fecundação."

RESPOSTA: Argumento falacioso. A morte cerebral é um processo irreversível, ao passo que a formação do cérebro é um processo que culminará em um indivíduo racional e consciente. Se, e somente se, este processo for interrompido por causas naturais ou por aborto provocado, aí se verifica a analogia com a morte cerebral, posto que se trata de algo irreversível.

ARGUMENTO: "5 - Considerar a fecundação como o início do indivíduo humano é perigoso, porque é definir um indivíduo apenas por seus genes. Isso é determinismo genético."

RESPOSTA: Ninguém está definindo um indivíduo apenas por seus genes. Trata-se meramente do conceito de espécie humana. Einstein e Hitler foram representantes da espécie humana, embora indivíduos completamente diferentes entre si. O que nos permite entendê-los como seres humanos são os atributos "caracteristicamente humanos" - para usar sua linguagem - que decorrem do código genético específico que define a espécie humana.

ARGUMENTO: "6 - O cérebro não tem sua arquitetura básica formada no mínimo até o terceiro mês da gestação. Isso significa que o embrião não percebe o mundo, não tem consciência, é um punhado de células como qualquer pedaço de pele. Por isso não é moralmente condenável que as mulheres tenham direito de escolher não continuar a gestação antes deste período."

RESPOSTA: Se partimos do preceito que uma pessoa em coma profundo "não percebe o mundo, não tem consciência", podemos compará-la a um pedaço de pele? E qual é o mais incerto, o coma, no qual muitas vezes desconhecemos a possibilidade de retorno à

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consciência, ou desenvolvimento do embrião, que salvo fatos naturais ou excepcionais, gerará um indivíduo consciente? Ademais, como se explicam os casos de indivíduos que retém a memória dos fatos ocorridos durante a suposta inconsciência no estado de coma?

ARGUMENTO: "7 - Usar o argumento de que o embrião ou o zigoto tem o potencial de dar origem a um ser humano para protegê-lo não vale, porque seria o mesmo que tentar proteger os óvulos que se perdem logo antes das menstruações em todas as mulheres, ou os espermatozoides que são jogados fora na masturbação masculina. Além disso, hoje a ciência sabe que toda célula humana, até as células da pele, tem o potencial de dar origem a um ser humano inteiro, bastando para isso alguns procedimentos de clonagem. No entanto nós destruímos essas células diariamente: arrancando a cutícula, roendo as unhas, passando a mão no rosto, arrancando fios de cabelo, etc. Potencial não concretizado não é argumento para defender coisa alguma."

RESPOSTA: Vejamos a proporção das coisas: para o autor do texto, pela possibilidade de que um dia haja um processo artificial capaz de fazer uma cópia de si mesmo a partir da sua bolsa escrotal, arrancar um pelo do seu próprio saco deve ser semelhante a abortar um embrião, que é uma etapa na vida de qualquer indivíduo. Ou, colocando de outra forma, todos nós já fomos embriões um dia, mas até hoje nunca vi alguém que tenha sido saco, talvez com exceção do autor, que provavelmente nunca deixou essa condição sacal.

ARGUMENTO: "8 - Se você acha que o embrião precoce ou o zigoto tem consciência, é responsabilidade sua provar isso, não é o que os cientistas dizem. E num Estado laico, vale o que pode ser estabelecido independentemente da crença religiosa. Se sua crença religiosa diz que uma única célula é consciente, você não tem o direito de impor sua crença a ninguém ao menos que possa prová-la e torná-la científica. Todos os que tentaram fazer isso falharam até hoje: uma célula formada após a fecundação não é essencialmente diferente de qualquer outra célula do corpo."

RESPOSTA: Começando pelo fim da frase: sim, a célula formada pela fecundação é uma célula diferente de qualquer outra célula do corpo, pois herda características, porém não se confunde com qualquer célula da mãe ou do pai, mesmo os gametas, visto que é constituída de um código genético inteiramente novo. Quanto à possibilidade ou não de consciência no momento da aferição, é inteiramente irrelevante para definirmos quem é ou deixa de ser humano: por isso a eutanásia de seres humanos em coma se enquadra na mesma categoria que o aborto de seres humanos no início do estágio de seu desenvolvimento.

ARGUMENTO: "10 - Concluindo, é a mulher, um ser humano adulto, uma cidadã com direitos, quem merece prioridade de proteção, e não um embrião de poucas semanas. Se ela não se sente preparada para cuidar de uma criança, ela deve ter o direito de interromper sua gestação, caso esta gestação esteja no começo e o embrião não tenha cérebro desenvolvido. Deixar as mulheres terem poder de decisão sobre seus próprios corpos é reconhecer um direito natural delas e assegurar que só tenham filhos quando sentirem que podem trazê-los a este mundo com amor e saúde, para que o próprio mundo em que crescerão seja também mais saudável"

RESPOSTA: O direito natural se aplica tanto à gestante quanto ao embrião. Salvo em situações específicas em que não haja alternativa de salvar a vida da gestante sem sacrificar a do bebê, prevalece o direito à vida do embrião, que é sacrossanto para os que têm crença, e simplesmente um imperativo moral para os que não têm, sem o qual a sociedade se destrói legitimando a vontade do mais forte em detrimento do direito do mais fraco.