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Arthur Antonio Ruiz Pereira ANÁLISE DA EXPRESSÃO DOS GENES TNF E LRP1 E CARACTERIZAÇÃO DOS POLIMORFISMOS -850 C/T E -308 G/A DO TNF NA DOENÇA DE ALZHEIMER Marília 2016

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Page 1: Arthur Antonio Ruiz Pereira AAR. … · Dedico esse trabalho: Primeiramente a Deus, pois sem fé não alcançamos os objetivos. Aos meus pais Antonio Aparecido Ruiz Pereira e Maria

Arthur Antonio Ruiz Pereira

ANÁLISE DA EXPRESSÃO DOS GENES TNF E LRP1 E CARACTERIZAÇÃO DOS

POLIMORFISMOS -850 C/T E -308 G/A DO TNF NA DOENÇA DE ALZHEIMER

Marília

2016

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Arthur Antonio Ruiz Pereira

Análise da expressão dos genes TNF e LRP1 e caracterização dos polimorfismos -850

C/T e -308 G/A do TNF na Doença de Alzheimer

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico em “Saúde e Envelhecimento”, da Faculdade de Medicina de Marília, para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Saúde e Envelhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Spencer Luiz Marques Payão Co-orientador: Prof. Dr. Lucas Trevizani Rasmussen

Marília

2016

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Autorizo a reprodução parcial ou total deste trabalho, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina de Marília

Pereira, Arthur Antonio Ruiz. Análise da expressão dos genes TNF e LRP1 e caracterização dos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A do TNF na Doença de Alzheimer / Arthur Antonio Ruiz Pereira. - - Marília, 2016. 50 f. Orientador: Prof. Dr. Spencer Luiz Marques Payão. Coorientador: Prof. Dr. Lucas Trevizani Rasmussen. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde e Envelhecimento) - Faculdade de Medicina de Marília.

1. Doença de Alzheimer. 2. Fator de Necrose Tumoral alfa. 3. Proteína-1 Relacionada a Receptor de Lipoproteína de Baixa Densidade. 4. Reação em Cadeia da Polimerase Via Transcriptase Reversa.

P436a

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Arthur Antonio Ruiz Pereira

Análise da expressão dos genes TNF e LRP1 e caracterização dos polimorfismos -850

C/T e -308 G/A do TNF na Doença de Alzheimer.

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Acadêmico em “Saúde e

Envelhecimento”, da Faculdade de Medicina de

Marília, para obtenção do título de Mestre. Área

de concentração: Saúde e Envelhecimento.

Comissão Examinadora

_____________________________________

Prof. Dr. Spencer Luiz Marques Payão

Faculdade de Medicina de Marília - FAMEMA

_____________________________________

Profa. Dra. Tânia Araújo Viel

Universidade de São Paulo - USP

______________________________________

Profa. Dra. Rita Luiza Peruquetti

Universidade do Sagrado Coração – USC Bauru

Data da aprovação: ______________________

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Dedico esse trabalho:

Primeiramente a Deus, pois sem fé não alcançamos os

objetivos.

Aos meus pais Antonio Aparecido Ruiz Pereira e Maria

Neide da Silva Ruiz Pereira pelo amor, carinho e paciência,

não conseguiria chegar até aqui sem vocês.

Ao meu irmão Vitor Antonio Ruiz Pereira

pelo companheirismo, força e apoio incondicional.

A todos meus familiares que, direta ou indiretamente,

participaram e torceram por mim.

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Agradecimentos

Obrigado a minha família, especialmente a meu pai Antonio, minha mãe Neide

e meu irmão Vitor, por todo apoio dado e pela contribuição imprescindível ao longo de

toda caminhada. Agradeço aos demais familiares que de uma maneira ou de outra

viveram, torceram e me ajudaram em determinados momentos. Muito obrigado a todos,

sem vocês não seria possível.

Obrigado ao meu orientador, a quem considero também um amigo, Prof. Dr.

Spencer Luiz Marques Payão pela oportunidade ímpar de conhecimento e

crescimento, pela acolhida e atenção, principalmente no início, onde tudo era muito

novo pra mim, e pelos ensinamentos ao longo de todo esse caminho. Obrigado por

esse convívio de dois anos, eu tenho muito orgulho de termos trabalhados juntos.

Obrigado ao Prof. Dr. Lucas Trevizani Rasmusen, meu Co-orientador, parceiro

de laboratório, amigo, e que me ensinou muito. Obrigado por todo companheirismo, sou

muito grato por todo convívio e conhecimento que me passou.

Obrigado ao Roger William de Lábio, grande mestre e responsável por toda

rotina do Laboratório de Genética e Biologia Molecular da FAMEMA. Agradeço pela

disponibilidade e atenção no decorrer de todo trabalho. Também um amigo que fiz ao

longo dessa jornada.

Obrigado a todos do Laboratório de Genética e Biologia Molecular da FAMEMA,

Cris, Dani, Fernanda Barbi, Fernanda Miller, Jamily, Rosi, Angélica e Marina.

Vocês são responsáveis por fazer o ambiente gostoso de trabalhar. Obrigado pelo

convívio e ajuda nos momentos que precisei.

Obrigado aos funcionários do Hemocentro e da própria FAMEMA pela

disponibilidade de atender e esclarecer certas dúvidas. Agradeço, em especial o

Amauri, Fabrício e a Helô, pelo convívio mais próximo e por participarem desse ciclo

de mestrado.

Obrigado ao Prof. Dr. Agnaldo Bruno Chies pelo convívio e aprendizado junto

aos estudantes do 1º ano, na Unidade de Educação. Agradeço também pelo empenho

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no Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde e Envelhecimento, que é

indispensável para a evolução do programa.

Obrigado aos amigos que fiz em Marília, Isabela, Antonio (Tonhão), Guilherme

(Goiano), a todos do grupo O Pulo do Gato (Alessandra, Elaine, Marcus, Michelly,

Naira, Patrícia, Renata, Stephanie, Ricardo e Dani), ao nosso amigo Lucas que,

infelizmente, não está presente entre nós, mas que contribuiu para a união da nossa

turma de mestrado. Agradeço muito a vocês por cada risada e cada encontro nosso,

tornaram tudo mais fácil.

Agradeço a Faculdade de Medicina de Marília pela oportunidade de ingressar e

me enriquecer como estudante e como pessoa.

Por fim, quero agradecer a todos que, de alguma forma, participaram e

contribuíram para esse trabalho ser realizado. Peço desculpas se esqueci de alguém,

mas sintam-se abraçados, serei sempre grato por tudo.

“As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o

presente e encaram o futuro sem medo.”

Epicuro

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RESUMO

A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa irreversível, com

aproximadamente 21 milhões de pessoas acometidas no mundo, que se caracteriza

pelo comprometimento progressivo dos neurônios. Muito se têm estudado sobre quais

são as causas da DA e como se relacionam com o ambiente e com a herança genética

dos indivíduos. Nesse trabalho, dois aspectos foram considerados; o primeiro visou a

neuroinflamação, e nesse contexto, o Fator de Necrose Tumoral (TNF) surgiu como

alvo de estudo para possíveis tratamentos e terapias contra a DA. Dentre os

polimorfismos do gene TNF foram caracterizados o rs1799724 -850 C/T e o rs1800629 -

308 G/A e, posteriormente, comparados com a análise da expressão gênica do TNF. O

outro aspecto abordado foi a relação entre DA e o metabolismo lipídico, a partir daí o

gene da Proteína Relacionada ao Receptor de Lipoproteína de Baixa Densidade (LRP1)

aparece como um dos genes a ser estudado. O presente trabalho teve como objetivos;

1) quantificar a expressão do mRNA e avaliar as frequências alélicas e genotípicas dos

polimorfismos -850 C/T e -308G/A, para o gene TNF, e 2) quantificar a expressão do

mRNA do LRP1 . Sendo que nas duas abordagens foram utilizadas amostras de

sangue. O desenvolvimento deste trabalho pode possibilitar novos mecanismos e

perspectivas no âmbito gênico relacionado à DA, afim de produzir maior conhecimento

sobre o tema, visando novas abordagens de diagnóstico, tratamento e prevenção dessa

doença. Palavras-chave: Doença de Alzheimer, Fator de necrose tumoral alfa,

Proteína-1 Relacionada a Receptor de Lipoproteína de Baixa Densidade, Reação em

Cadeia da Polimerase Via Transcriptase Reversa

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ABSTRACT

Alzheimer's disease (AD) is an irreversible neurodegenerative disease, with

approximately 21 million people affected in the world, which is characterized by

progressive impairment of neurons. Much has been studied about what the causes of

AD and how they relate to the environment and the genetic background of individuals. In

this work, two aspects were considered; the first aimed at neuroinflammation, and in this

context, the Tumor Necrosis Factor (TNF) emerged as a subject of study for possible

treatments and therapies for AD. Among the polymorphisms in the TNF gene were

characterized in the -850 rs1799724 C / T rs1800629 and -308 G / A and subsequently

compared with the analysis of gene expression of TNF. The other aspect was addressed

the relationship between AD and lipid metabolism, thereafter the gene of Related

Protein low density lipoprotein receptor (LRP1) appears as one of the genes to be

studied. This study aimed; 1) quantify the mRNA expression and to assess the allele

and genotype frequencies of the polymorphism -850 C / T and -308G / A for TNF gene,

and 2) to quantify the mRNA expression of LRP1. Since the two approaches blood

samples were used. The development of this work may enable new mechanisms and

perspectives within the gene related to the DA, in order to produce greater insight into

this issue to new approaches for diagnosis, treatment and prevention of this disease.

Keywords: Alzheimer disease, Tumor necrosis tumoral-alpha, Low Density Lipoprotein

Receptor-Related Protein-1, Reverse Transcriptase Polymerase Chain Reaction

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Lista de ilustrações

Figura 1: Quantificação de DNA obtido de sangue periférico, em gel de agarose 1%

corado com brometo de etídio.

Figura 2: Quantificação do RNA obtido de sangue periférico, em gel de agarose 1%

corado com brometo de etídio.

Figura 3- Visualização da amplificação do Produto da PCR de um fragmento de 107 pb

referente ao polimorfismo -308 G/A e caracterização dos genótipos para as mesmas

amostras.

Figura 4- Visualização da amplificação do Produto da PCR de um fragmento de 128 pb

referente ao polimorfismo -850 C/T e caracterização dos genótipos para as mesmas

amostras.

Lista de tabelas e quadros

Quadro 1- Distribuição dos indivíduos do grupo controle e pacientes com DA quanto ao

sexo e idade.

Tabela 1- Descrição dos primers utilizados para amplificar os fragmentos de 128pb e

107pb referentes aos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A, e das condições para

amplificação.

Tabela 2- Associação dos haplótipos com a Doença de Alzheimer, com valores de "p"

para cada associação, e também o valor global, analisando todas as associações.

Lista de gráficos

Gráfico 1- Distribuição dos genótipos do polimorfismo -850 C/T nos grupos Controle e

Pacientes com Doença de Alzheimer.

Gráfico 2- Comparação entre o genótipo C/C e os genótipos C/T e T/T, do polimorfismo

-850 C/T, em relação aos grupos Controle e Pacientes com Doença de Alzheimer.

Gráfico 3- Distribuição dos genótipos do polimorfismo -308 G/A nos grupos Controle e

Pacientes com Doença de Alzheimer.

Gráfico 4- Comparação entre o genótipo G/A e os genótipos G/G e A/A, do polimorfismo

-308 G/A, em relação aos grupos Controle e Pacientes com Doença de Alzheimer.

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Gráfico 5- Comparação entre o genótipo A/A e os genótipos G/G e G/A, do polimorfismo

-308 G/A, em relação aos grupos Controle e Pacientes com Doença de Alzheimer.

Gráfico 6- Expressão relativa do gene TNF em amostras de sangue de idosos sadios e

pacientes com Doença de Alzheimer. Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre os

grupos estudados.

Gráfico 7- Expressão relativa do gene TNF em amostras de sangue de idosos sadios e

pacientes com Doença de Alzheimer em relação ao polimorfismo -308 G/A.

Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre os grupos estudados.

Gráfico 8- Expressão relativa do gene TNF em amostras de sangue de idosos sadios e

pacientes com Doença de Alzheimer em relação ao polimorfismo -850 C/T.

Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre os grupos estudados.

Gráfico 9- Expressão relativa do gene LRP1 em amostras de sangue de idosos sadios e

pacientes com Doença de Alzheimer. Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre os

grupos estudados.

Lista de abreviaturas

A2M - Alfa 2 Macroglobulina

APOE - Apolipoproteína E

Aβ - Beta Amilóide

AβPP - Protéina Precursora da Beta Amilóide

B2M - Beta 2 Microglobulina

BDNF - Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro

BHE – Barreira Hematoencefálica

cDNA - Ácido Desoxirribonucleico Complementar

CDR - Coeficiente de Demência

DA - Doença de Alzheimer

DNA - Ácido Desoxirribonucleico

DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético

GAPDH - Gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase

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IL-1 - Interleucina 1

IL-1β - Interleucina 1 Beta

IL-6 - Interleucina 6

IL-8 - Interleucina 8

LDL - Lipoproteína de baixa densidade

LRP1 - Proteína 1 Relacionada ao Receptor de LDL

mRNA - Ácido Ribonucleico Mensageiro

PCR - Reação em Cadeia da Polimerase

PSEN1 - Presenilina 1

PSEN2 - Presenilina 2

qRT-PCR - Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real

RNA - Ácido Ribonucleico

rRNA - Ácido Ribonucleico Ribossômico

SD - Síndrome de Down

TNFα - Fator de Necrose Tumoral Alfa

TNFαR1 – Receptor 1 de TNFα

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO _____________________________________________________ 14

1.1 Aspectos gerais da Doença de Alzheimer _________________________________ 14

1.2 Componente genético e aspectos moleculares da Doença de Alzheimer ________ 15

1.3 Fator de Necrose Tumoral (TNF), o envelhecimento e a Doença de Alzheimer ___ 17

1.4 Gene da Proteína 1 Relacionada ao Receptor de LDL (LRP1) e a Doença de

Alzheimer _______________________________________________________________ 18

1.5 PCR em tempo real (qRT- PCR) e suas aplicações __________________________ 19

2 OBJETIVOS _______________________________________________________ 20

3 MATERIAL E MÉTODOS _____________________________________________ 20

3.1 Material ______________________________________________________________ 20

3.1.1 Sangue periférico _______________________________________________________ 20

3.2 Métodos _____________________________________________________________ 21

3.2.1 Extração de DNA do sangue ______________________________________________ 21

3.2.2 Extração de RNA de sangue e síntese de cDNA ______________________________ 22

3.2.3 Análise dos polimorfismos do gene do TNF -850 C/T e -308 G/A _________________ 23

3.2.4 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene do TNF e LRP1. _____________ 25

3.2.5 Análise Estatística da expressão gênica do TNF e LRP1 em amostras de sangue ____ 26

3.2.6 Análise estatística dos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A do gene TNF em amostras de

sangue _________________________________________________________________ 26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO _________________________________________ 27

4.1 Polimorfismo -850 C/T do gene TNF ______________________________________ 27

4.2 Polimorfismo -308 G/A do gene TNF ______________________________________ 29

4.3 Análise de haplótipo dos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A do gene TNF ______ 31

4.4 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene TNF. ____________________ 32

4.5 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene TNF em relação ao

polimorfismo -308 G/A. ____________________________________________________ 34

4.6 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene TNF em relação ao

polimorfismo -850 C/T. ____________________________________________________ 35

4.7 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene LRP1. ___________________ 36

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ___________________________________________ 38

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________ 40

7 ANEXOS __________________________________________________________ 49

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14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos gerais da Doença de Alzheimer

Em 1907, Alois Alzheimer comunicou o primeiro caso da Doença de Alzheimer

(DA). Na época, supunha-se que a doença estivesse restrita a formas graves de

demências pré-senis de evolução rápida. Depois de muitos estudos, a DA passou a ser

considerada uma doença neurodegenerativa progressiva, heterogênea quanto aos seus

aspectos etiológicos, clínicos e neuropatológicos1.

Na definição de demência do tipo Alzheimer, o paciente apresenta um declínio

progressivo da memória e de outras funções corticais, como linguagem, conceito,

julgamento, habilidades visuoespaciais, e perde a capacidade de interpretar o que vê,

ouve ou sente, podendo manifestar mudanças no comportamento em função das

alterações cognitivas2.

Em 2007, havia no mundo entre 17 e 25 milhões de pessoas com DA, sendo a

terceira causa de morte de idosos nos países desenvolvidos. No Brasil estima-se que

um milhão de idosos tenham DA3. Entre 2% a 5,8% dos indivíduos idosos com mais de

60 anos são atingidos pela DA, e 15 a 20% desses indivíduos possuem mais de 80

anos, mostrando como muitas vezes os sintomas demoram a aparecer e o diagnóstico

é dificultado4.

Por se tratar de uma doença neurodegenerativa, caracteriza-se pela deterioração

progressiva de células nervosas. Vários sinais e consequências aparecem devido a

grande área encefálica afetada pela doença. O prejuízo de memória é o evento clínico

de maior magnitude. Nos estágios iniciais, geralmente encontramos perda de memória

episódica e dificuldades na aquisição de novas capacidades, evoluindo gradualmente

com prejuízos em outras funções cognitivas. Nos estágios intermediários, pode ocorrer

afasia fluente e também apraxia. Nos estágios terminais, encontram-se marcantes

alterações do ciclo sono–vigília; alterações comportamentais, como irritabilidade e

agressividade; sintomas psicóticos; incapacidade de deambular, falar e realizar

cuidados pessoais5.

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15

1.2 Componente genético e aspectos moleculares da Doença de Alzheimer

Estudos envolvendo casos da DA familiar com início precoce mostram mutações

em três genes principais: gene da proteína precursora da β-amilóide (AβPP) e genes da

presenilina 1 e 2 (PSEN1 e PSEN2)6,7. A PSEN1 e a PSEN2 estão associadas com o

aparecimento dos sintomas na fase pré-senil, enquanto o peptídeo β-amilóide (Aβ) é

associado ao inicio do desenvolvimento da DA8.

Entretanto, casos com início tardio representam mais de 98% de todas as formas

da doença e são potencialmente causadas pela interação de múltiplos genes

associados a fatores ambientais. Nesses casos, o alelo ɛ4 do gene da apolipoproteína

E (APOE), que apresenta uma frequência duas a três vezes maior em indivíduos com

DA, tem sido identificado como o principal fator de risco genético, podendo aumentar

em ate 50% o risco da DA9-11.

Muitas mutações associadas a esses genes levam ao aumento da expressão do

gene AβPP e o aparecimento precoce dos sintomas.

Além de predisposições genéticas, não pode-se excluir outros fatores, como os

inflamatórios, que também podem influenciar a formação das placas senis e dos

novelos neurofibrilares. Dentre esses fatores, as citocinas são consideradas

fundamentais, uma vez que, sua síntese endógena pode influenciar o acúmulo do

peptídeo Aβ e a formação dos novelos neurofibrilares no cérebro, levando à perda

sináptica irreversível e consequentemente, alterações comportamentais12,13.

Evidências sugerem que a neuroinflamação, mediada pelo sistema imunológico,

contribui para a ocorrência da DA e agrava sua evolução. No entanto, não existe relato

experimental para uma relação causal entre a neuroinflamação e o início da doença em

si14.

Sabe-se que marcadores neuroinflamatórios específicos são potencializados em

áreas do cérebro afetadas pela DA, e que em indivíduos cuja estrutura cerebral não

evidencia nenhuma demência, praticamente não há sinais de neuroinflamação. Isto é

ainda confirmado por estudos que demonstraram que o estado cognitivo está

inversamente correlacionado com a ativação da microglia, em pacientes com DA14.

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16

A etiologia da DA é complexa15, e vai além de questões no Sistema Nervoso

Central, pois trata-se de uma doença sistêmica. Razões que vão desde a disfunção

mitocondrial até co-morbidades que se relacionam com o aparecimento de um déficit

cognitivo16. Mas há evidências de que mutações em pelo menos quatro diferentes loci

genéticos podem conferir susceptibilidade inerente à DA: I é causada pela mutação no

gene AβPP localizado no cromossomo 2116,17; II é associada com o alelo ɛ4 da APOE

no cromossomo 19; III é causada pela mutação no gene da PSEN1 localizada no

cromossomo 14 que codifica uma proteína transmembranar integral com pelo menos

sete domínios18 e a IV é causada pela mutação do gene da PSEN2 localizada no

cromossomo 119.

É importante destacar que a associação entre a DA e a Síndrome de Down (SD)

levou à descoberta do primeiro gene supostamente associado à DA no cromossomo 21,

cromossomo extra, envolvido na SD. Indivíduos com SD apresentam envelhecimento

prematuro e praticamente todos desenvolvem a DA, clínica e neuropatologicamente,

entre 40 e 50 anos de idade20-22.

O gene AβPP foi o primeiro a ser identificado como sendo associado à DA, e tem

sido considerado como responsável pela produção do peptídeo Aβ, que se deposita nas

placas senis no cérebro de afetados13,16,22-25.

Os genes ribossômicos se encontram localizados no interior do nucléolo durante

a atividade transcripcional e são transcritos pela RNA polimerase I, após o

processamento, os transcritos estão entre os componentes estruturais e funcionais dos

ribossomos e constituem 90-95% do RNA citoplasmático. A transcrição dos genes

ribossômicos não é somente bastante eficiente, mas também altamente regulada nos

eucariontes, uma vez que as células necessitam produzir milhares de novos ribossomos

para a próxima geração, indispensáveis à síntese protéica das células filhas26.

Segundo trabalhos publicados por nosso grupo, foi observada, através de

estudos realizados por técnicas citogenéticas e posteriormente técnicas moleculares,

uma diminuição na atividade dos genes ribossômicos, em pacientes com DA27-30. Os

resultados obtidos nestes estudos sugerem uma possível alteração em processos como

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17

a transcrição, tradução ou maturação da fração maior de RNA, ou seja, degradação

preferencial da subunidade maior de rRNA 28S.

1.3 Fator de Necrose Tumoral (TNF), o envelhecimento e a Doença de Alzheimer

O processo de envelhecimento é caracterizado por mudanças que ocorrem no

indivíduo. Com as células do sistema neuroimunológico, por exemplo, não é diferente,

uma prova disso é a microglia, que apresenta alterações funcionais com o

envelhecimento, resultando na diminuição na capacidade de síntese31. Durante o

crescimento ela contribui para a formação de uma rede neural estável, estimulando a

vascularização cerebral, mantendo a homeostase e auxiliando na diferenciação das

células32. Ainda no envelhecimento ocorre um aumento de danos e alterações na

estrutura do DNA e essa desestabilização compromete a síntese de proteínas, e

consequentemente diminui o nível de manutenção celular33. Esses danos percebidos no

DNA provocam exposição maior a um desequilíbrio homeostático, peroxidação lipídica,

causando toxicidade e lesões que podem evoluir para mutações no DNA, interferindo

não só no sistema nervoso, mas de forma sistêmica no indivíduo34. Nesse contexto, a

microglia atua na liberação de citocinas pró-inflamatórias como o Fator de Necrose

Tumoral-α (TNFα) e Interleucinas (IL-1 e IL-6). Adicionalmente, há uma diminuição na

síntese de citocinas anti-inflamatórias, contribuindo para que o quadro inflamatório

tenha um perfil mais crônico32.

Dentre as citocinas pró-inflamatórias sintetizadas pela microglia o TNFα é,

aparentemente, uma boa premissa para relacionar a neuroinflamação e a DA. Estudos

demonstraram que concentrações de TNFα são encontradas no líquido

cefalorraquidiano de indivíduos com DA e em indivíduos com perda cognitiva leve,

sugerindo uma relação entre o surgimento de sintomas demenciais e o processo

inflamatório35.

Dentre os polimorfismos encontrados para o gene TNF, serão destacados dois,

com suas especificidades e fenótipos definidos. O polimorfismo rs1800629,

caracterizado por uma troca de base nitrogenada Guanina por Adenina (G/A) na

posição -308, está associado ao aumento da produção de TNFα, a ocorrência de

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18

Esclerose Múltipla e o aparecimento de casos pré-senis da DA; e o alelo rs1799724

que, também, se associa com a DA, e em menor número com demências vasculares,

caracterizado por uma troca simples de base Citosina por Timina (C/T) na posição -850.

Esse mesmo estudo que caracterizou os polimorfismos mostrou, depois de reunir uma

amostra de mais de 700 indivíduos, que o polimorfismo mais frequente nos pacientes

estudados com um possível diagnóstico de DA foi o rs179972435.

Uma hipótese para se relacionar o TNFα com a DA está ligada ao ciclo celular

dos neurônios. Estudos recentes mostraram que o aumento na produção de TNFα

consequente do envelhecimento induz a eventos de ciclos celulares neuronais que não

deveriam ocorrer, pelo motivo dos neurônios serem células fortemente diferenciadas

que em determinado momento de maturação saem do ciclo celular e entram em G0,

levando a degeneração de todo sistema32,36.

Outra correlação com a DA é que o aumento de citocinas pró-inflamatórias como

o TNFα aceleram o processo de hiperfosforilação da proteína tau e de formação de

agregados Aβ, causando um ciclo neuroinflamatório e neurodegenerativo37.

1.4 Gene da Proteína 1 Relacionada ao Receptor de LDL (LRP1) e a Doença de

Alzheimer

Além da hipótese neuroinflamatória utilizada para entender e pesquisar com

maior ênfase a patogênese da DA, existem alguns estudos que relacionam o

metabolismo lipídico e suas vias de transporte com a etiologia da DA. Alguns trabalhos

mostram um aumento nos níveis de colesterol no plasma, no cérebro e no fluido

cerebroespinhal de pacientes com DA, mas por enquanto esses resultados são

controversos, pois o aumento desses níveis é discreto e há outros estudos que não

encontram diferença na comparação entre pacientes com DA e controles38.

Considerando a etiologia genética da DA, e que essa ainda não está totalmente

esclarecida, novos genes devem ser considerados para estudo. Com essa premissa, o

gene da Proteína 1 Relacionada ao Receptor de LDL (LRP1), alvo do presente projeto,

o qual está localizado no cromossomo 12, com expressão diminuída ao longo do

envelhecimento, codifica uma proteína relacionada a um receptor endocítico,

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19

participando ativamente do transporte de substâncias para o interior da célula39. Alguns

de seus ligantes são a A2M, APOE e Aβ, proteínas diretamente relacionadas com a

DA40. LRP1 também parece estar relacionado no transporte de moléculas pela barreira

hematoencefálica (BHE), sendo crucial em alguns mecanismos homeostáticos41.

Uma relação entre LRP1 e Aβ parece ser mais efetiva, onde uma porção do

primeiro interage com o domínio citoplasmático da AβPP, e essa interação influencia na

geração e depuração da Aβ41. Na DA os níveis de LRP1 parecem estar comprometidos,

tanto cerebrais quanto periféricos, e isso pode levar a um acúmulo de Aβ, originando as

placas senis encontradas em pacientes com DA42.

1.5 PCR em tempo real (qRT- PCR) e suas aplicações

A PCR em tempo real é descrita como uma extensão da técnica da PCR

convencional, descoberta por Mullis em 1980, permite o monitorar e analisar a

amplificação, a cada ciclo43,44.

Existem muitos métodos que mensuram a quantidade de material genético,

entretanto o qRT-PCR apresenta ótimos resultados, com uma alta sensibilidade e

especificidade, além de uma excelente reprodutibilidade45. Dentre todas as aplicações

do qRT-PCR, podemos destacar a quantificação da expressão gênica (relativa ou

absoluta), validação de plataformas de “microarray”, detecção e quantificação de

microorganismos, identificação de polimorfismos e diagnósticos moleculares46.

Na DA, estudos recentes utilizando a técnica de PCR em Tempo Real

apresentaram resultados controversos quanto à expressão gênica, em amostras de

cérebro e sangue, de pacientes com DA e controles47-49, tornando a expressão do gene

da AβPP, ץ e β secretases e PSEN1 e PSEN2 candidatas a estarem associadas a

etiologia da DA. Roher et al.20 propõe que a super expressão do gene AβPP, é o

principal marco no inicio do desenvolvimento da DA.

Kumar et al.50 e Gileberto et al.51 destacaram o aumento da expressão do gene

da PSEN1 associados ao grande deposito de placas senis e acumulo do Aβ. Smith et

al.52 e Payão et al.53, do nosso grupo, relataram uma diminuição da atividade e menor

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20

expressão dos genes ribossomais em pacientes com DA sugerindo também sua relação

com a etiologia da doença.

A literatura atual sugere que os dois genes do presente estudo podem estar

relacionados com a etiologia e desenvolvimento da DA. Porém o que não se sabe ao

certo é em que momento da doença essas interações participam, por isso há

necessidade de maiores investigações e estudos, com a finalidade de conhecer melhor

e, posteriormente, encontrar meios que possibilitem um tratamento ou um controle

maior da DA.

2 OBJETIVOS

Utilizando amostras de DNA e RNA de pacientes com DA e controle, este

trabalho teve como objetivos:

Avaliar as frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos -850 C/T e -308

G/A do gene TNF;

Quantificar a expressão do mRNA desse gene, por meio das técnicas de PCR –

RFLP e PCR em Tempo Real, respectivamente, em sangue periférico;

Correlacionar os resultados da análise da expressão do gene TNF com os

resultados das frequências alélicas dos seus polimorfismos.

Quantificar a expressão do mRNA do gene LRP1 em sangue periférico;

3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa

da Faculdade de Medicina de Marília, sob o nº do parecer 951.024 (Vide anexo).

3.1 Material

3.1.1 Sangue periférico

O grupo dos pacientes com DA totalizam 117 amostras, de ambos os sexos.

Caracterizados clinicamente no presente projeto, somente pacientes que apresentaram

um mínimo de três anos de evolução da doença e caracterizados pelo coeficiente de

demência (CDR) 54.

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21

Todos os pacientes com DA foram selecionados no Ambulatório de Neurologia

do Comportamento da UNIFESP/EPM, sob supervisão do Prof. Dr. Paulo Bertolucci.

O critério diagnóstico utilizado para a caracterização da DA foi o NINCDS-

ADRDA (National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Stroke-

Alzheimer’s disease and Related Disorders Association)55,56. Tal critério foi estabelecido

com base no DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), com

adaptações para o diagnóstico provável da DA.

O grupo controle foi constituído 110 idosos (as) sadios (as) com idades

aproximadas à dos pacientes com DA, sem sequela de Acidente Vascular Cerebral,

sem depressão profunda e não alcoolista. Foram avaliados pelo Mini Exame do Estado

Mental e pela aplicação do Índice de Katz.

A distribuição dos dois grupos quanto ao sexo e idade, está descrita no quadro 1.

Aproximadamente 4 mL de sangue total periférico foi obtido através de punção

venosa com seringa e agulha estéril em anticoagulante EDTA e utilizados para extração

de RNA total e DNA

Quadro 1- Distribuição dos indivíduos do grupo controle e pacientes com DA quanto ao sexo e idade.

Total de indivíduos Mulheres Homens

n(%)

Idade Média ± DP

n(%) Idade Média ±

DP n(%)

Idade Média ± DP

CI 110(100%) 71,1 ± 8,8 73(66,4%) 71 ± 8,9 37(33,6%) 71,2 ± 8,8

DA 117(100%) 74,4 ± 7,8 80(68,4%) 74,9 ± 7,6 37(31,6%) 73,3 ± 8,2

Total 227(100%) 72,8 ± 8,5 153(67,4%) 73,1 ± 8,5 74(32,6%) 72,2 ± 8,5

CI: Controle Idoso, DA: Pacientes com Doença de Alzheimer, n: Número absoluto, DP: Desvio padrão.

3.2 Métodos

3.2.1 Extração de DNA do sangue

Para extração de DNA de sangue total periférico obtido por meio de punção

venosa, foi utilizado o kit QIAamp DNA Blood Midi Kit® - 51185 (QIAGEN), segundo

instruções do fornecedor.

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22

A qualidade das extrações foi analisada por meio da eletroforese em gel de

agarose 1%, corado com brometo de etídio (Figura 1). A quantificação do DNA extraído

foi realizada no NanoDrop (ND-2000 Spectrophotometer).

Figura 1: Quantificação de DNA obtido de sangue periférico, em gel de agarose 1% corado com brometo

de etídio.

3.2.2 Extração de RNA de sangue e síntese de cDNA

Para a extração de RNA total de sangue periférico foi utilizado RiboPure™ –

Blood – AM1928 (Ambion), segundo instruções do fornecedor.

A qualidade das amostras foi confirmada por eletroforese em gel de agarose 1%

(Figura 2), e sua quantificação feita no NanoDrop (ND-2000 Spectrophotometer) para

posterior armazenamento a -80ºC.

A síntese do DNA complementar (cDNA) a partir do RNA foi realizada depois das

concentrações de RNA devidamente ajustadas para 800ng total. Foi utilizado o kit High-

CapacitycDNA Reverse Transcription Kits (AppliedBiosystems™), segundo protocolo do

fabricante.

DNA

2.072 pb

600 pb

100 pb

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23

Figura 2: Quantificação do RNA obtido de sangue periférico, em gel de agarose 1% corado com brometo

de etídio.

3.2.3 Análise dos polimorfismos do gene do TNF -850 C/T e -308 G/A

Para determinação dos polimorfismos em -850 (C/T) e -308 (G/A) (a partir do

sítio de início da transcrição) foi realizada a técnica da PCR, para amplificação de

fragmentos de 128pb e 107pb, respectivamente. Seguida do tratamento enzimático

(RFLP – Restriction Fragment Lenght Polimorphism), de acordo com as condições

descritas por Laws35, que consistiu no tratamento do produto de PCR com as enzimas

de restrição HindIII e NcoI, respectivamente. Após o tratamento, esses produtos foram

fracionados em um gel de agarose a 3%, corado com brometo de etídio, visualizado em

um transluminador ultravioleta, fotografado e analisado quanto à distribuição dos alelos,

por meio do sistema de captura de imagens Alpha Imager 2200 (Alpha

InnotechCoorporation) (Figuras 3 e 4). A descrição dos “primers” assim como as

condições de amplificação estão especificadas na tabela abaixo (Tabela 1)

18S

28S

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24

Figura 3- Visualização da amplificação do Produto da PCR de um fragmento de 107 pb referente ao

polimorfismo -308 G/A e caracterização dos genótipos para as mesmas amostras.

Figura 4- Visualização da amplificação do Produto da PCR de um fragmento de 128 pb referente ao

polimorfismo -850 C/T e caracterização dos genótipos para as mesmas amostras.

100 pb

600 pb

107 pb

100 pb

600 pb

128 pb

M CI02 CI05 CI09 CI15 C- M CI02 CI05 CI09 CI15

A121 A122 A126 A128 A129 A133 M A121 A122 A126 A128 A129 A133 M

GA GA GG AA

TT CT CC CC CT CC

107 pb

87 pb

128 pb

105 pb

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25

Tabela 1- Descrição dos primers utilizados para amplificar os fragmentos de 128pb e 107pb referentes

aos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A, e das condições para amplificação.

Primers Sequência (5’- 3’) Condições de Amplificação Bibliografia

TNF1 (-308) AGGCAATAGGTTTTGAGGGCCAT 35 ciclos de: 45 seg a 94ºC, 45

seg a 60ºC e 45 seg a 72ºC

Laws et al.,

2005

TNF2 (-308) TCCTCCCTGCTCCGATTCCG

TNF3 (-850) TCGAGTATCGGGGACCCCCCGTT 35 ciclos de: 45 seg a 94ºC, 45

seg a 60ºC e 30 seg a 72ºC TNF4 (-850) CCAGTCTGTGGGCATATCTTCTT

(rs1799724 -850 C>T) - Produtos: Genótipo CC: fragmentos de 105pb e 23pb,

Genótipo TC: fragmentos de 128, 105 e 23pb, Genótipo TT: fragmento de 128pb

(rs1800629 -308 G>A) - Produtos: Genótipo AA: fragmento de 107pb, Genótipo

GA: fragmentos de 107, 87 e 20pb, Genótipo GG: fragmentos de 87 e 20pb

3.2.4 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene do TNF e LRP1.

A análise da expressão dos genes do TNF e LRP1 foi realizada no termociclador

automático (ABI Prism 7500 Fast Sequence Detection System) e para quantificação do

RNA nas amostras utilizou-se os valores de Ct pela fórmula 2(-ΔΔCt).

Os genes de referência utilizados para análise das amostras foram GAPDH e

B2M. Todos testados utilizando os software GeNorm e BestKeep.

Nesse trabalho, os iniciadores e sondas específicas para amplificação e detecção

dos genes foram escolhidos, a partir de uma relação (selection guide) de ensaios

testados, validados e disponibilizados comercialmente como TaqMan® Gene

Expression Assay – inventoried (Applied Biosystems), os ensaios utilizados foram: TNF

(target; assay id: Hs00174128_m1), LRP1 (target; assay id: Hs00233856_m1), B2M

(endogenous control; assay id: Hs99999907_m1) e GAPDH (endogenous control; assay

id: Hs03929097_g1*).

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26

As reações foram realizadas utilizando o sistema TaqMan® (Life Technologies/

Applied Biosystems) com iniciadores e as sondas específicas para a amplificação e

detecção dos genes.

Para determinar a eficiência de amplificação dos iniciadores foram construídas

curvas-padrão com diluições em série de amostras de cDNA (pool de cDNA puro e

diluições).

O método escolhido para quantificação da expressão gênica foi o método CT

comparativo (Método ΔΔCT), de acordo com LivakErro! Fonte de referência não

encontrada..

3.2.5 Análise Estatística da expressão gênica do TNF e LRP1 em amostras de

sangue

Os valores relativos a cada um dos grupos (pacientes com DA e idosos sadios)

foram comparados, por meio do teste t student e Mann-Whitney. As variáveis

dicotômicas foram avaliadas pelo teste χ2 de acordo com a distribuição e natureza

dessas.

Os valores de p < 0,05 foram considerados significativos.

Todas as análises foram realizadas utilizando o programa SPSS 21.0.

3.2.6 Análise estatística dos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A do gene TNF em

amostras de sangue

a) O tamanho amostral referente ao número de indivíduos com DA e indivíduos do

grupo controle foi calculado pela distribuição binomial, considerando-se a frequência

dos alelos raros, cujos relatos da literatura e de amostra de trabalho de nosso grupo,

variaram entre 0,20 a 0,30. Considerando-se estas frequências, o poder do teste igual a

0,99, nível α igual a 0,05 e teste bilateral, uma amostra de 117 indivíduos com DA e 110

idosos sadios se mostrou adequada ao estudo.

b) A distribuição dos genótipos foi testada em relação ao equilíbrio de Hardy-Weinberg;

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c) Foi realizado estudo de associação caso-controle referente a cada polimorfismo, aos

haplótipos, e ao efeito da interação entre os polimorfismos por meio de teste do Qui

Quadrado, regressão logística binária e/ou teste de Odds Ratio (OR).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Polimorfismo -850 C/T do gene TNF

Os resultados encontrados para o polimorfismo -850 C/T mostraram que não

houve diferença estatística significante na distribuição dos três genótipos entre os

grupos Controle e Alzheimer (p=0,197) (Gráfico 1).

Foram realizadas, também, comparações de um genótipo em relação aos outros

dois, e houve um aumento estatisticamente significante para genótipo C/C em

pacientes com DA, quando comparado com os genótipos C/T e T/T (p=0,044) (Gráfico

2).

Gráfico 1- Distribuição dos genótipos do polimorfismo -850 C/T nos grupos Controle e de Pacientes com

Doença de Alzheimer.

0

20

40

60

80

100

T/T C/T C/C

Controle

Alzheimer

p=0,197

Polimorfismos -850

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28

Gráfico 2- Comparação entre o genótipo C/C e os genótipos C/T e T/T, do polimorfismo -850 C/T, em

relação aos grupos Controle e de Pacientes com Doença de Alzheimer.

Os resultados encontrados na literatura para o polimorfismo -850 C/T do gene

TNF ainda se mostram conflitantes, evidenciando uma dificuldade em se relacionar, de

forma mais clara, esse polimorfismo com a DA. Uma meta análise feita com seis

estudos, mostrou que indivíduos com o genótipo T/T possuem maior risco de

desenvolver DA. Esse mesmo trabalho ainda verificou uma discreta diferença, porém

não estatisticamente significante, entre indivíduos C/T e C/C, sugerindo uma possível

influência do alelo recessivo T com a DA58.

Essa relação fica um pouco mais clara no estudo de Laws et al., que relacionou

os polimorfismos -850 do TNF com os polimorfismos da APOE. O alelo T parece atuar

de maneira sinérgica ao alelo ɛ4 para o desenvolvimento da DA 35.

Os achados do nosso estudo, para o polimorfismo -850 do gene TNF indicaram o

genótipo C/C como sendo mais recorrente em pacientes com DA, quando comparados

com os idosos do grupo controle. Possivelmente, esse fato está relacionado à alta

frequência de genótipo C/C nos dois grupos em comparação aos genótipos C/T e T/T,

principalmente ao genótipo recessivo T/T com 6 e 4 indivíduos nos grupos controle e

DA, respectivamente.

0

20

40

60

80

100

C/C C/T e T/T

Controle

Alzheimer

p=0,044*

Comparação do genótipo C/C com os demais

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29

A frequência dos genótipos nos grupos com DA e idosos sadios segue uma

distribuição semelhante. Portanto, o resultado obtido parece estar relacionado com a

frequência genotípica da população. Nos estudos encontrados do polimorfismo -850

C/T, o genótipo dominante C/C foi encontrado mais comumente. Já o genótipo T/T

apareceu em menor número, o que sugere esse genótipo como sendo raro na

população como um todo35,58.

4.2 Polimorfismo -308 G/A do gene TNF

Para o polimorfismo -308 G/A, encontramos uma diminuição estatisticamente

significante do genótipo A/A nos pacientes com DA em relação ao grupo controle

(p=0,0002). Para os genótipos G/G e G/A, não houve diferença estatisticamente

significante entre os grupos estudados (Gráfico 3).

Além da análise individual dos genótipos feita nos dois grupos, esse estudo

também avaliou a correlação genotípica (G/G x G/A+A/A, G/A x G/G+A/A e A/A x

G/G+G/A) para os pacientes com DA e controle. Os resultados encontrados

evidenciaram um aumento estatisticamente significante do percentual de G/A no grupo

com DA (p=0,042). Na análise A/A x G/G+G/A, houve uma diminuição estatisticamente

significante do genótipo A/A em amostras de indivíduos com DA (p=0,004) (Gráficos 4 e

5). A correlação G/G x G/A+A/A não apresentou diferença estatisticamente significante.

Gráfico 3- Distribuição dos genótipos do polimorfismo -308 G/A nos grupos Controle e Pacientes com

Doença de Alzheimer.

0

20

40

60

80

100

A/A G/A G/G

Controle

Alzheimer

p=0,0002*

Polimorfismos -308

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30

Gráfico 4- Comparação entre o genótipo G/A e os genótipos G/G e A/A, do polimorfismo -308 G/A, em

relação aos grupos Controle e Pacientes com Doença de Alzheimer.

Gráfico 5- Comparação entre o genótipo A/A e os genótipos G/G e G/A, do polimorfismo -308 G/A, em

relação aos grupos Controle e Pacientes com Doença de Alzheimer.

Os resultados encontrados para o polimorfismo -308 do gene TNF mostram um

efeito protetor nos indivíduos com o genótipo homozigoto para o alelo A. Segundo Di

Bona et al.,58 em sua meta análise, esse polimorfismo pode se comportar de maneira

diferente quanto ao risco ou proteção, dependendo do grupo étnico no qual o estudo é

0

20

40

60

80

100

G/A G/G e A/A

Controle

Alzheimer

p=0,042*

Comparação do genótipo G/A com os demais

p=0,04

0

20

40

60

80

100

120

A/A G/G e G/A

Controle

Alzheimer

p=0,004*

Comparação do genótipo A/A com os demais

p=0,0

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31

realizado. Um estudo mais recente confirma essa hipótese, evidenciando o genótipo

A/A como sendo de risco em indivíduos asiáticos, e como protetor para caucasianos59.

Ainda com relação ao polimorfismo -308, nosso trabalho verificou um aumento

estatisticamente significante do genótipo G/A, na análise de correlação genotípica (G/A

x G/G+A/A), no grupo de pacientes com DA em relação ao grupo de idosos sadios. Um

estudo em cluster encontrou esse mesmo padrão de resultado em pacientes com DA

entre os 60-69 anos, indicando uma possível relação entre o genótipo e o início da

doença60.

4.3 Análise de haplótipos dos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A do gene TNF

Além das análises dos polimorfismos -850 C/T e -308 G/A isoladas, o presente

trabalho associou os alelos dos dois polimorfismos entre si. Essa análise em

combinação de alelos provenientes de regiões distintas de um mesmo gene é

denominada análise em haplótipo.

A associação dos haplótipos desenvolvida nesse estudo demonstrou não haver

diferença estatisticamente significante quanto a combinação de alelos e aos grupos de

indivíduos estudados (Tabela 2).

Tabela 2- Associação dos haplótipos com a Doença de Alzheimer, com valores de p para cada

associação, e também o valor global, analisando todas as associações.

Associação dos haplótipos com Doença de Alzheimer (n=227)

-850 -308 Frequência OR (95% IC) Valor de p*

1 C G 0.7182 1.00 ­­­

2 T G 0.1474 0.68 (0.42 ­ 1.10) 0.12

3 C A 0.121 0.82 (0.47 ­ 1.43) 0.48

4 T A 0.0133 0.23 (0.03 ­ 2.08) 0.19

Valor de p=0.16 para a associação global dos haplótipos

*Valor de significância considera p<0.05

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32

4.4 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene TNF.

A análise da expressão gênica do TNF mostrou uma diminuição estatisticamente

significante em indivíduos com DA, se comparada com a expressão do grupo controle

(p=0,0001) (Gráfico 6).

Gráfico 6- Expressão relativa do gene TNF em amostras de sangue de idosos sadios e de pacientes com

Doença de Alzheimer. Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre os grupos estudados.

A relação etiológica da DA com a neuroinflamação, na literatura científica, ainda

mostra resultados contraditórios. Estudos de expressão gênica e de quantificação de

citocinas tem sido recorrentes nos últimos anos, afim de encontrar explicações que

evidenciem, de fato, a ligação entre o processo neuroinflamatório e a DA. De Luigi et

al., (2002)61, Licastro et al., (2000)62 e Dursun et al., (2015)63 encontraram um aumento

nos níveis IL-1β no plasma de pacientes com DA, porém esse aumento não foi

correlacionado com a análise da expressão do gene.

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33

Um estudo feito com o gene IL-8 mostra um aumento na expressão em pacientes

com DA64, em contrapartida as concentrações plasmáticas da IL-8, encontrada por Kim

et al., (2011)65, em pacientes com DA, comprometimento cognitivo moderado e idosos

sadios, não evidenciaram qualquer diferença estatistica significante.

Dursun et al., (2015)63 também analisaram os níveis séricos da IL-6 em pacientes

com DA e controle, porém só houve um aumento estatisticamente significante na

concentração de IL-6 em indivíduos com DA de início precoce. Luterman et al., (2000)66

encontrou um aumento estatisticamente significante na expressão gênica da IL-6 em

cerébro de indivíduos com DA e emaranhados neurofibrilares densos, se comparados

com pacientes com DA, porém sem ou com novelos neurofibrilares mais dispersos,

sugerindo uma relação com a agregação da proteína tau no cérebro de indivíduos

doentes.

Da mesma forma que alguns genes que sintetizam os mediadores do processo

inflamatório, a expressão do TNF parece ser um caminho complexo, dentro da relação

entre processo neuroinflamatório e DA. Luterman et al., (2000)66 não encontraram

diferença nos níveis de mRNA entre cérebros sadios e com DA, sugerindo que o

processo inflamatório pode não ser mediado pelo TNFα. Um dado interessante mostra

que as concentrações cerebrais da citocina TNFα parecem se comportar de forma

distinto quanto a sua neurotoxicidade ou neuroproteção67 e isso dificulta delimitar o

TNFα como um fator determinante para a fisiopatologia da DA. Sabe-se que existe uma

concentração fisiológica específica de TNFα no sistema nervoso central, que auxilia na

funcão sináptica e na consolidação da memória68,69. Quando essa concentração

fisiológica estável se altera, podem haver complicações no funcionamento do sistema

nervoso. Concentrações muito baixas dessa citocina podem prejudicar a eficiência das

sinapses, por outro lado, quando os níveis estão muito elevados, o TNFα tem um papel

neurotóxico68.

Um estudo em camundongos revelou ainda, que quanto menor a quantidade de

TNFα no cérebro, menor a síntese do Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF)

que possui importante papel na plasticidade cerebral, relacionada à aquisição de novos

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aprendizados, capacidade de memorizar situações novas e adaptação a uma condição

menos favorável ao sistema nervoso70.

Nosso estudo observou uma diminuição na expressão do gene TNF em tecido

periférico (sangue) de pacientes com DA, porém esse perfil não está necessariamente

ligado ao sistema imune periférico, e sim com um processo patológico neuronal já

estabelecido, diretamente ligado ao desenvolvimento da DA. Gezen-AK et al., (2013)71

indicaram que os níveis séricos de TNFα são inversamente proporcionais a idade dos

pacientes com DA, propondo uma ligação entre a síntese de TNFα e o momento de

evolução da DA.

4.5 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene TNF em relação ao

polimorfismo -308 G/A.

Os resultados referentes a expressão gênica do TNF foram relacionados ao

polimorfismo -308 G/A. Nessa análise foram utilizadas apenas as amostras com o

genótipo caracterizado e que possuiam, também, a quantificação da expressão já

realizada (Gráfico 7).

O presente estudo encontrou uma diminuição estatisticamente significante para

os genótipos G/G (p=0,0001) e G/A (p=0,049) de pacientes com DA, em relação aos

mesmos genótipos para o grupo controle. Não houve análise para o genótipo A/A, pois

não existiam amostras com esse genótipo no grupo de pacientes com DA,

inviabilizando a comparação.

Os valores encontrados nesse trabalho para expressão gênica do TNF

relacionada a região promotora -308 G/A, indicaram o mesmo padrão de diminuição na

análise feita sem considerar o polimorfismo, propondo que a diferença genotípica não

influencia a expressão do gene TNF na DA.

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Gráfico 7- Expressão relativa do gene TNF em amostras de sangue de idosos sadios e pacientes com

Doença de Alzheimer em relação ao polimorfismo -308 G/A. Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre

os grupos estudados.

4.6 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene TNF em relação ao

polimorfismo -850 C/T.

Os resultados encontrados para a expressão gênica do TNF relacionada ao

polimorfismo -850 C/T partiram da mesma premissa de utilizar apenas as amostras com

caracterização dos genótipos e análise da expressão, já realizadas.

Esse trabalho encontrou uma diminuição estatisticamente significante apenas

nos pacientes com DA e genótipo C/C, quando comparados ao mesmo genótipo no

grupo controle (p=0,0003). Para os genótipos C/T e T/T não houve diferença

estatisticamente significante entre os grupos (Gráfico 8). Esses resultados sugerem

que, além do alelo T aumentar o risco de DA e ter relação com o alelo ɛ4 da APOE35,58,

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ele também influencia na expressão gênica do TNF em pacientes com DA, interferindo

na síntese de TNFα.

Gráfico 8- Expressão relativa do gene TNF em amostras de sangue de idosos sadios e pacientes com

Doença de Alzheimer em relação ao polimorfismo -850 C/T. Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre

os grupos estudados.

4.7 Análise da Expressão gênica por qRT-PCR do gene LRP1.

Os resultados encontrados para a expressão do gene LRP1 em amostras de

sangue mostraram um aumento estatisticamente significante na expressão de mRNA

em pacientes com DA (p=0,0128), quando comparados com idosos sadios (Gráfico 9).

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Gráfico 9- Expressão relativa do gene LRP1 em amostras de sangue de idosos sadios e pacientes com

Doença de Alzheimer. Comparação dos valores de 2-ΔΔCT entre os grupos estudados.

A literatura parece indicar uma relação entre DA e mecanismos envolvidos no

metabolismo lipídico. E em um desses mecanismos, a proteína sintetizada pelo gene

LRP1 participa efetivamente, a depuração de Aβ do cérebro, passando pela BHE, para

a corrente sanguínea periférica72,73. Essa relação fica mais clara com o trabalho de

Kang et al onde há menor expressão de LRP1 no cérebro de indivíduos com DA, se

comparados com idosos sadios, e consequentemente, menor depuração Aβ na corrente

sanguínea74. Deane et al., 2009 também encontrou menor expressão do gene LRP1,

dessa vez na BHE, em estudo com modelo experimental de DA75.

Nosso trabalho encontrou um aumento da expressão de LRP1, em amostras de

sangue, justamente o contrário do que a literatura aponta em tecido cerebral. E isso

implica em diferentes grupos celulares nos quais LRP1 é expresso e até mesmo

mecanismos nos quais ele é regulado. Na corrente sanguínea, LRP1 é bastante

expresso pelos macrófagos, grupo de células do sistema imune que desempenha

funções importantes na resposta inflamatória. Esse aumento na expressão de LRP1 em

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pacientes com DA, pode indicar um maior recrutamento de macrófagos em resposta a

um quadro inflamatório estabelecido.

Se por um lado a expressão do LRP1 parece estar diminuída no cérebro de

indivíduos com DA, segundo a literatura, e isso implica no acúmulo de agregados Aβ.

Em contrapartida o aumento da expressão em amostras de sangue de pacientes com

DA, encontrado no presente trabalho, reforça a hipótese de que complicações

vasculares podem influenciar a ocorrência da DA. E nesse cenário, Overton et al., 2007

mostraram, em um estudo com ratos, que a deleção de LRP1 em macrófagos acelera a

formação de placas de ateroma nos vasos76. Além disso, há indícios de que LRP1 tem

um caráter anti-inflamatório, regulando a expressão do Receptor 1 de TNFα (TNFαR1),

onde os níveis de LRP1 são inversamente proporcionais a expressão de TNFαR1,

portanto quanto maior a concentração de LRP1, menor a ativação da cascata

inflamatória via TNFα77.

Uma possível ligação entre DA, problemas cardiovasculares e inflamação, pode

ser vista na Aterosclerose, onde a uma formação de placas no interior dos vasos,

decorrente de um processo inflamatório, repercute muito no fluxo sanguíneo, inclusive

pela BHE, podendo ocasionar um processo isquêmico, dificultando o transporte de

substâncias essenciais para a manutenção e plasticidade cerebral78.

O gene LRP1 e, mais precisamente, a proteína que ele sintetiza, participa de

vários mecanismos importantes, seja no transporte de moléculas, seja na regulação de

outras substâncias. E esta característica faz desse gene uma boa premissa para

entender a fisiopatologia da DA e como ela se relaciona com outras morbidades, no

caso, metabólicas e vasculares.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo utilizou os genes TNF e LRP1, partindo de dois pressupostos na

etiologia da DA, o primeiro é a neuroinflamação e o segundo é o metabolismo lipídico.

O tipo de estudo e o objetivo para cada gene é diferente, por isso esse trabalho utiliza

duas linhas de abordagem distintas. Numa primeira abordagem, a intenção é

correlacionar a expressão gênica com os polimorfismos do gene TNF, âmbito pouco

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explorado na literatura científica, até o momento. E, por fim, analisar a expressão

gênica do LRP1 em amostras de sangue, de perfil mais sistêmico e fazer um paralelo

com a ocorrência da DA, podendo relacionar outras morbidades com o aparecimento da

demência, ampliando o conhecimento da relação entre expressão gênica e DA.

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7 ANEXOS

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