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o Serviço de Extensão Rural representou uma inov açã o nos procf'SSOS de assistência técnica :\ , lgricultura po rq ue partiu da hi - ?6tes e de que o agriculto r era c:lpa z de absorver novas id éii: s e difundi-la s na sua comunidade. C:lnseqUentemente, suas ativida- dE"s deveriam ser preponderan - :€":-nente ,edu c<l ti vas , objetivando a mudança de mentalidade; a ma t erialização destas nova s id éias em investi - mentos seri a um a con seq Uên c ia na t ural da mud ança de mentali - d.1de , desde que as condiçõe s de merc ado o permitissem . 1/ Desde o i.nício, o tr aba lh o de c3mpo Se dividiu em du as part es . \'isa uma de las à intr o dução de nOva tecnologia a gronômica . A out r a, à família do agr icult o r. Es ta outro ma rco dife"" rencial em relação a outras mo - d::\lidades de assistência à agri- cultura, foi, desde I' ogo , conside - r"da como se ndo ass ist ênc ia so - e ia l. O argumento tr az ido em fa vo r das a ti v id ad es sociais fundam en - ta va -se no f ato de que a alterna - ti .... a viável para melhorar o ve l de vida da familia rural se ria propi c ia r -lhe que se tr adu zi sse m em n ovos be ns de consum'o . Enquadr a vam -s e, assim,.os · programas de saúde e educaç ão como tl picamente as 50 - ciado s à me lhori a do bem-esta r da co'munid a de ru ral. Represen - tavam ês t es pr og ra mas gastos em bens de co nsumo , em opo si- <; , ;,oa ' gas to s em bens de investi- AS ATIVIDADES SOCIAIS DO SISTEMA ARCAR COM INVESTIMENTO NO HOMEM mento s, os qua is es tavam a ss o- ci adosà no\: a tecnol og ia ag ro - mica. Esta a rgument açã o , c o njugada com a fr aqu ez a de al guns pro- gramas po s tos em prática, for - neceu tod o o mat er ial que fa lta - va a os op one ntes dest a pa r te do progr am a (a s atividades s ociais). A legam os oponentes da idéia que, num pa ís em desenvolvimen to, os gas t os do go rno devem ser fei - tos prefer enc ialment e em bens que propol rend a s adicio - nais elevadasà economia. D eve - se restringir ao mínimo em re - l ação aos bens de con s um o, que a r epe r cussão dêsses gastos não vai al ém do pr6prio ato de ConSumo . t cla ro que o argumen - to do s críticos é razoável. Con- tudo, é inc orr eto , como procu - r aremo s mo s tr a r , C I a s s ifi careITl- Se os gastos em programas d e e - ducaçã o e sa úde apena s como gastos em bens de co nsumo . Êles co nstituem investimento no ho- mem,e de alta rentabilidade.Ora , demon s trada a incorreção da s ifica ção , d es fal ece o argumento que nela se basei a. - , OBIEÇOES AS ATIVID AD ES SO C IAIS As objeções às atividades so - ciais c res ce ram de in tens id a de, a pontode, hoje em dia, es ta par- te do progr a ma t er seu s alic e r- ces seriamente aba lados . t a interessante not a r-se, corno e- v idê nc ia . a conota ção p e j or a ti va que o têrrn o vem a dquirindo e n- tre os pr6prio s a gent es de ex- te n são . Eliseu Alves/ACA R De um modo gera l, o s c ri'h co s têm focaliz.ado s ua atenção na pequena significâ n ci;:t de algu ns progr a ma s, como fabricação de l o, me lh o ramento d os arredo - res ... da casa, certas ativida d es d.o projeto vestuá r io, que r eal mente tiveram pequena relevância , n ão se justificando a sua se le ção. Mas essas ev i dências le\' ;l nt a das pe - los- críticos realmente t êm pou- co a ver com a raz.ão f undarn-en- taldacrític a, que é a"";ma de tu- do conceitua l. Do pont o de vi sta his t órico, essas obj eçõe s se filiam a u ma corrente do pensamento econ ô- mico, que, mais por razõ:s de conveniência ana líti ca, s6 co n- sidera como invest i mentos les feitos em formas de capital, coma maqui n aria, estra - das, prédios, {'tc. Os demais. po r exclusão, são conside r ado s corno gastos em bens de cons mo , e portanto sem maio r es Te - no aumento da r end tll n ac iona l , d e nJrode certas con di- ções.Entret a nto , como s€" rooe:. - trado adiante, esta ch ss ific;.ção t1P é muito estr€"it? . O grupo Cf' crítico s que se fi - lia a e ss a corren te do pensamen- to ec on ômi co é o dos ortodoxos>. Além dêste s, dois outroS g ru- pos , que cabe re ssa lta.r. Urr dÊ" - l es reconhece que g<l. s toS em e- ducaç ão con sti tu€"m in n>s timen to no homem. Admitem-no, ta nto, de rent;:tbilidadlO' pequlO' n ... ; o u, então, d e r ent a bilid.ldlO' gra n- de , mas somente a pr.lzo long o. que o Brasil não pode E'Spf"r;1 r.

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Page 1: AS ATIVIDADES SOCIAIS DO SISTEMA ARCARainfo.cnptia.embrapa.br/.../As-atividades-sociais.pdf · outras regiões do País, e ter st-~ uma idéia exata de como a instrução é funda

o Serviço de Extensão Rural representou uma inovaçã o nos procf'SSOS de assistência técnica :\ ,lgricultura po rq ue partiu da hi ­?6tes e de que o agriculto r era c:lpa z de absorver novas idéii: s e difundi-la s na sua comunidade. C:lnseqUentemente, suas ativida­dE"s deveriam ser preponderan ­:€":-nente ,educ<l ti vas , objetivando ?r~· {!."r enc i alrne nt e a mudança de mentalidade; a ma terialização destas nova s id é i a s em investi ­mentos seri a um a con seq Uênc ia na tural da mudança de mentali ­d.1de , desde que as condiçõe s de mercado o permitissem . 1/

Desde o i.nício, o tr aba lho de c3mpo S e dividiu em duas partes . \'isa uma de las à intr o dução de nOva tecnologia a gronômica . A out r a, à família do agr iculto r. Es ta ~ ltiin a , outro m a rco dife"" rencial em relação a outras mo ­d::\lidades de assistência à agri­cultura, foi, desde I'ogo , conside ­r"da como se ndo ass i s tênc i a so ­e ia l.

O argumento tr az ido em fa vo r das a ti v id a d es sociais fundam en ­

ta va -se no f ato de que a alterna ­ti .... a viável para melhorar o níve l de vida da familia rural se ria propi c ia r -lhe en s ~name ntos que se tr adu zi sse m em novos b e ns de consum'o . Enquadr a vam - s e, assim,.os · programas de saúde e educação como tl picamente as 5 0 -

ciado s à m e lhori a do bem-esta r da co'munida de r u ral. Represen ­tavam ês t es pr ogra mas gastos em bens de consumo , em opo s i ­<; ,;,oa' gas to s em bens de investi-

AS ATIVIDADES SOCIAIS DO SISTEMA ARCAR COM INVESTIMENTO NO HOMEM mento s , os qua i s es tavam a ss o­ciadosà no\: a tecnolog ia ag r o nô ­mica.

Esta a rgumentaçã o , c o njugada com a fr aqueza de a l guns pro­gramas po s tos e m prática, for ­neceu tod o o mater ial que fa lta ­va a os opo n e ntes desta pa r te do progr am a (a s atividades s ociais). A legam os oponentes d a idéia que, num p a ís em desenvolviment o , os gas tos do go vê rno devem ser fei ­tos prefer enc ialmente em bens que propol ~ ionem renda s adicio ­nais elevadasà economia. Deve ­se restringir ao mínimo em re ­l ação aos bens de con s um o , já que a r epe r cussão dêsses gastos não vai al é m do pr6prio ato de ConSumo . t cla ro que o argumen ­to do s críticos é razoável. Con­tudo, é inc orr eto , como procu ­

r aremo s mo s t r a r , C I a s s ifi careITl­Se os gastos em programas d e e ­ducaçã o e saúde apena s como gastos em bens d e co nsumo . Êles co nstituem investimento no ho­mem,e de alta rentabilidade.Ora , demon s trada a incorreção da c la~ s ifica ção , d es fal ece o argumento que nela se baseia .

- , OBIEÇOES AS ATIVID AD ES SO CIAIS

As objeções à s atividades so ­ciais c res ce ram de in tens ida de, a pontode, hoje em dia, es ta par­te do progra ma ter seu s alic e r­ces seriamente aba lados . t a té interessante nota r-se, corno e ­v idê nc ia . a conota ção p e j or a ti va que o têrrn o vem a dquirindo e n­tre os pr6prio s a gentes de ex­te n são .

Eliseu Alves/ACA R

De um modo gera l, o s c ri'hco s têm focaliz.ado s ua atenção na pequena significâ n ci;:t de a lg u ns progr a ma s , como fabricação d e bôl o, m e lh o ramento d os arredo ­res ... d a casa, certas ativida d es d.o projeto vestuá r io, que r ealmente tiveram pequena relevância , n ão se justificando a sua se l e ção. Mas essas ev idências le\' ;l nta das pe ­los-críticos realmente t êm pou­co a ver com a raz.ão fundarn-en­taldacrític a, que é a"";ma de tu­do conceitua l.

Do pont o de v i sta his tórico, essas obj eçõe s se filiam a u ma corrente do pensamento econô ­mico, que, mais por razõ:s de conveniência analítica, s6 co n­sidera como investimentos aqu~ ­

les feitos em formas tan~í\!eis de capital, coma maqui naria, estra ­das, prédios, {'tc. Os demais. po r exclusão, são conside r ado s corno gastos em bens d e cons u · mo , e portanto sem maio r es Te ­

per~u ssões no aumento da r end tll n ac iona l , d e nJrode certas condi­ções.Entreta nto ,como s€" rá rooe:. ­trado adiante, esta ch ss ific;.ção t1P ,...~~ital é muito estr€"it? .

O grupo Cf' crítico s que se fi ­lia a e ssa corren te do pensamen­to ec onômi co é o dos ortodoxos>. Além dêste s , há dois outroS g ru­pos , que cabe re ssa lta.r. Urr dÊ" ­l es reconhece que g<l. s toS em e ­ducação con sti tu€"m in n>s timento no homem. Admitem-no, €"nt T ~ ­

ta nto, de rent;:tbilidadlO' pequlO' n ... ; o u, então, d e r enta bilid.ldlO' gra n­de , mas somente a pr.lzo longo. que o Brasil não pode E'Spf"r;1 r.

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,. outras regiões do País, e ter ­st-~ uma idéia exata de como a instruç ão é funda mental a uma soc iedade mod~rna. l- A instrução descobre e cu l­

t iva o talento potencial. t claro que os talentos cultivados são de capital impo rtância à .riquez a das nações. São eles que vão criar ali nuvas alarnec' l.s do progre ss o .

Ima gine-se o quanto vale para a /11OC iedade urna invenção como o ptístico . a penicilinà, a desco ­berta do vigo r hibrido , e tc. Zvi Grili ches m€>strou que cada d6lar investido em milho hibrido trou ­

xe uma r etr ibuição de 730 % para a soc iedade. ~ f óbvio que quanto m a;: di sse minada fôr a instrução

maior es oportunidades t e rão as pe-ssoas de tale nto p~ra se desen­volvprem. y

IMPlICAÇOES PARA O SISTEMA ABCAR

- Anali saremos agora as impli­cações de "Ssas idéi as par a o Sis ­tem a Brasileiro de Extensão Ru ­r al , procurandojustifi ca r um es ­

quema de organização das ativi .. dades soc iai s . O proce sso de pro -dução consiste , em linhas gerais ,

na combi.nação de recursos de c~pital e tr a balho para obtenção do s produtos finais (paraocon­s umidor ) e lnte rmediários <pa­Ta -· serem usados por outras in­dús trias }.A nova tecno logia vir~, evidentem e nte, cristalizada em !laVas formas de capita l {como sE"mentes, animais de a lta capa ­cidade produtiva . fertilizantes, herbicidas . etc .), cornO t a mbéITl em novas habilidades adqu iridas.

pdo s t rabalhadores. Esta segun­da oportunidade de introdução de nova tecnologia não foi considera­da; na lite ratura sôbre o assunto , até · r ece n te me nte . A s"'justif ic~ ti ­,,:,C\S dos ga stos em in s tru ção se pt:endi a rn muito mai s a asp €:c­to·S· filo s6fico s ligados aO s dir ei ­tos do homem . Também o Si s.tema ~ra s ileir o de 'Exten são Rural não lem explorado racionalmente as potencia lidades dê um programa vi s;:"ndo;:\ fôrça t~aba lho . Se a l go tem sido f~ito, dev e; - se muito m ;:"is a precei~os hum a nísticos ,

do que r ea lm e nt e a uma consc iên ­cia s61ida de que o investimento em ins trução da . fô r ça tra ba I ho de va te r a 1 ta pr ia ri da de pa r a o Si stema ... ConseqUentem e nte, os programa s íormulados s30 tími ­dos e têm carecido de maior con ­

tinuidade ' ficaDdo a ssim os tra­balhadores rurais privados de um programa educacional.

Como já se sali en tou, os in ­vestirnentos em instrução têm alta rentab ilidade, conjugando - se i sto com aspectos instituciona i s da r ealidade br·asile ir a (onde as possibilidades de atender direta­mente aO trabalhado!: a dulto são

pequena s , seja pelo elevado nú ­mero dêles e também por razões

institucionais ligadas à posse da terra), conc lui - se que a priori ­dad e fundamental para as ativi ­dades sociais deva ser a juventu­de rural , na escola rura 1. ~ Programas visando a criação de novas escolas rurais , tr e iname n ­to de professôras , integração de clube s 4-5 às escolas rurais, com projetos que atendam aos fi­lho s dos t.:abalhadores (pr ojetos sôbre ciência : classificação das plantas , in-setos , etc ., conheci ­mento m .elhor do Brasil, com as potencialidades de cada regi­ao, aspectos .-da alimentação e saúde , etc.) , p.lfabetização de a ­dultos {apenas'coo rdenação , a al ­fabetização é função da escola rur a l}, devem constituir o nú ­cleo único do trabalho de campo . P o rtan to, o público do trabalho de campo para as atividades so ­ciais é a juventude rural, na es­cola rur.a l.

As ativi dades sociais teriam também programas ·de' alcance sõbre m "assa para os adultos ,

. masdesenvolvidosape nas nas ci­. d a des. Enquad~am- se nesse tipo de programa : educação do c onsu -midor , programas vis ando a de ­monstrar as potenciaHd~des de emprêgoem outras ZOn a s rurais 'do País{rna i s apropriados para as zonas denla'siadamente popu ­lo sas ),campanhas de saúJe e sa ­ne.amento , etc . Por tanto , o pú ­blico a .dulto das atividades so ­ciais ··será <i t êndido apf'naf; por

programas de 21canc e sôhre m;:\s · sa, desenvolvidú dentro d<l cida ­de .

2./ Ê s teas pecto conceitu;:tl do t:-abair.o de Extensão complica a e scolh-'\ d-'\5

t~cni ca s de avaliação. Isto porque "­materiali zaçãodas novas Id~las ;:tdqul ­r idas pela comuni dade pode demand.:\r

tempo , em consequ ê nci a de conclções adver s as do merc ado. Mel hor di1. endo . o passo seg uinte ~ ado ção in tclect t.:;:tJ de uma nova técnica , ou sej;:t sua re­

alização, é uma decisão que o ag:-i · cultor s6 toma r .1" se aS perspectivas de lucro [orem razo~ve is. No entanto,

hádeseconsiderarcom o re sul ta do al ­

cançado a mudança de atitude do ag :-i­

c ulto r. Havendo, pois, ess~ r.1uc :o.n ça e sendo favoráveis as .condições do merc ado , a nova práti ca se incorpo­

r3~ránaturaJme nte;J.opr ocesso de pro­

dução . ?J Schultz,Theodore W. O Valor Eco· nõmico da Educação. Ri o de Janeiro ,

Zahar Editores. 1967. Tr.:l.nsformando ti A gricultu+

~diéional. Rio de J.:! neiro , Z;:th;:tr

Editores , 1967 . y Wh-'3rton Jr . , CliIton R . .Ao C.:!St"

Studyofthe Econornic Im ?tl.ctof Techni.·

cal Assistence , Capital and Tec:hn o l ogy in the A g ri cultural Devel opme nt of :\1 i .

nas Gerai s , Brasil. Tese de Ph. D., não p ubl icada: The Vnive r sity of Chie.:! ­

go , Chicago, Ulinois, ! 9:;8. ~ As pesquisas de Gisser, Wa liac e ~ H oo ver abordam êste aspecto :

Micha , Gisser. Schoo1ing and the­Farm Problem.Econornetrica,vol . 33 , n93 (lul y 1965) p . 582-S92.

Walla ee , Dudhy e Hoover, Dale. In­come Effee ts cf Inncvation: The CasE'

of L abo r in Ag~iculture. Joul""nal of Farm E co nom ics . vol. 48, n9 l (Mil-y

19661. p. 325-335. 2/ Gril\ches , Zvi. Research Cos ts and Social Returns: Hybrid Co rn and 1nno ­vati~n s. lourn.:!l o[ Political Econom\' , bb: 419. 31 October . 19b\. Y Embo ra houvesse quem ;:tcreditas · se que o tal e nt o ilores ce~se em q u ... l . quer ambiente , hoje em dia tem-se e ­vidênci a su ficiente para não S ~ "\cre ­ditar ne ssa tese . Veja-se: Ekaus , R. S. Educ at ion and Economic Growth , em The ;;"' ccnomics of Hi2her Educ<\tion , ed. Selma J. Mu shlin , Wa shing ton , Welfare Office of Education, 1962 . JJ Pe squ i sas t~rn rnosh'ado el ev ::ldos ret o rnos para a instrução prirn,{ri3. rnesn, o er:n par'ses em desenvolvin,en ­to .Oleito; in [eressado pode r~po rtAr · se ao trabalho de Shoup e s e us col:\bo · radores: Shoup, Carl S . ct aI. Thr F isc al S y st em cf Venez ue-!a . B ... ltlnlo ­re, The Hopkins Press , 19S9 .

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o outro grupo concordou que os in ... c .stimcntos em educação~são fund ame ntai s , ape na s l a menta que os recursO S do Si~tema -A BCAR aplicados na s atividades soc iais não sejam totalmente canalizados para as atividade·s educativas

. gue tenham características de investimento nO h omeITl .

Neste trabalho , procuraremos contra - a rgumenta r a S i.dé,ia s dos dois primeiros grupos de críti ­cos , e mos t rar o ti po de progra ­ma que decorre,como conseqUên ­da 16gica • . das sugestões do t e r ­

ceiro grupo .

VALOR ECONÔMICO DA EDUCAÇÃO É rel a tiva mente recente a a­

tenção que os economistas vêtn dando ao valor ec onôm ico d a edu ­cação . De s tacou - se no cenár i o nort e -americano o economista The odore Schultz,que vem a bor ­dando ês t e assunto em vários a rti g os de revi stas cientlficas e mais recen t emente em' doi s li ­v r oS , já tr aduz idos para o por ­

tuguês. ?:I A s r az õe s principai s pa r a es ­

sa muda nça d e enfoque são as se ­

guintes: O Re s ultados d e pe s qui sas fei ­

tas em vári os países têm mos ­trado que os investimentos em educação oferecem retor nos mais

e l evados que em outras f orma s tang íveis de capita l. Uma revi são bibliográfica dê ss es estudos, a t é 1964, pode ser encontrada nas duas obras já mencionadas d e Schultz . No Brasil , cabe ressal­tar a pesqu i sa d e Clifton Wurthon, feit a com dados d a ACAR , q ue apu rou que cada C r $ 1, 00 gas ­to pela A CA R trouxe um retôrno de Cr$ 6,50 no primeiro ano e

de Cr$ Z. 50 no se g u ndo a no . li • A segunda guer r a mundial

destr u i u quase que completamen ­le as in s tal ações f í sicas de p r o ­duçãodoJp.pão e Alemanha. Mas o ca pital humano f oi salvo em parle, e em pouco tempo êsses países u lt ra passa r a rn os se us ní­veisde renda anter loresà gue r­ra, e esta vam oblendo da s mais a ltas· t axas de .crescimento eco -

415

AS ATIVIDADES SOCIAIS DO SISTEMA ARCAR nôrrlico e ntre todos os p a íses do mundo.

• O reconhecimento da impor ­tância d.o mercado d e mão-de - o ­bra p:a r a o desenvolvimento eco ­nômico . t ,c l a r o qu e êsse mer ­cado funcionará t a nto melhor quanto ma i s instr ução tiver o tra ­balhador .O homem mais instruí­do t e rá rna i or fa c ilidade de s~ mo­ver do campo par a a ciàade e a í se adaptar s em c riar problemas , ou de uma zona r ur al par a outra , se as co ndições da demanda o exi ­

girem . .iI Estas evidências empíricas

rno s traraIn que não é lícito clas ­s ificar os gas tos em educação como gas to s em consumo. São , de f a to,investim en tos no homem,

com reto rnos elevadíssimos para a sociedade.

Quanto à cr í t i ca que re co nhece o valor econômico d a educação, ma s que a l ega ser e m o s retornos a longo prazo,cabe a resposta que as pe squi sas já efetuada s não f avo rec e m esta hip6tese . .Além dis--so , a pensa r mos assim, v inte a nos poderemos di ante domesmo dilema ,

daqui a estar

e tere -moS perdido mais vinte a nos.

Cabe re ssal t a r que urna das componentes dos gastos em edu ­cação r ea lmente tem ca r ac terís ­ticas de gastos em ben s de c onsu ­

mo. É c l a ro que a ed uc a ção pro ­pie ia satisf ação aos que de l a se

I Pro,. 'ma I cl ~ ale. n· C ~ I ~b. ~ ma .. , ~ ( , c a cl ~ .

I

.E:XTC:"\"SAO

P' O, . ~ rn ,," ~o .... , Loc o la R ", a l.

bene ficiarn , como O praze r d e l e r ll v r os, d e aten d er às a ltas r o das soc i a i s , d e f a l a r be m e tc . Ma s sua influência va i muito a.lé m, como as pesquisa s evidencia ram. An a lisemos duas r a zões d es sa influência, focalizando noss'a a tenção na instrução que é um as pecto da educação .

1 - A instrução aumenta a ca pacidade de adaptação das pess o as . Uma economia em de s e nv ol v imento se ca r ac teriza p e la cr ia

ção de novas oportunidades de em prêgo em centr os urbanos e em zo n as novas, desbravadas po r nova s estradas. Id e ntifica - s e, ainda, por flutuações que trazem, como conseqUência , a depr ecia ­ção relativa de certos ti.pos de ern,.prêgo em relação a out r os. É claro qu e o c res cim en to da r enda naci ona l será maximizada se a fôrça tr abalho ajustar-se ràpida ­mente a esta s mudanças. O r ápi ­do a um e nto da produtividade a ­grícola, ou o ráp·ido c rescime n­to da popula ção rural, conjuga do com a peque na e l evação da p r o ­cura de ben s agrícolas , obriga muitas pessoa s a aba ndona r e m a a gri c ultura, dramatizando a i:mportância dêsse reajustame n­to.A s favel as em volt a das g r a n­des cidades e o de semprêgo da mão - de - obra não qualificada

cons tituem p r ovas dos danos e­conô m1cos e morais à socie da de, de v ido à falta de instrução da mã o - de - obra rural. Aliem - s e a isto os exemplos de explo ra­ção do hom e m pelo hOIneIn , c o­mo é..0 caso dos fami ge rados ca ­minhõe s que estão transporta ndo trabal hadores ·par a Mato G r osso

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