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ASPECTOS DO KOMBATO 1: PREPARO FÍSICO NAS AULAS Todas as atividades físicas, sejam uma corrida ou até mesmo jogar xadrez se beneficiam (ou necessitam) de um preparo físico direcionado para aquela atividade. O Kombato, como qualquer destas atividades tem necessidades específicas. Vou citar cada uma delas , e em alguns casos comparar com outras atividades para melhor compreensão do que é necessário. 1) Tempo de treinamento. Os alunos de Kombato não são atletas profissionais de competição. São médicos, engenheiros, militares, policiais, estudantes universitários, donas de casa, profissionais da área de segurança. Estas pessoas não podem dedicar 6-8 horas por dia para preparo físico, pois tem outras profissões. Em média dispõem de 2 a 4 horas de treinamento de Kombato por semana. Cada aula de 1 hora só pode dispor de no máximo 1 terço do tempo total em exercícios físicos. Assim, no total, cada aluno dispõe de 40 a 80 minutos semanais de treinamento físico. Desta forma, o tempo usado não pode ser desperdiçado: cada minuto deve ser o melhor possível, com as pausas de descanso calculadas perfeitamente. 2) Resistência cardio vascular Um lutador de boxe profissional treina para lutar 20 rounds, ou seja 60 minutos de luta, e mais 20 minutos de intervalo. Isso se deve ao fato de que se um confronto se extender bastante, ou seja, todos os 15 rounds de luta, ou seja 45 minutos, ele possa suportar, e fazer o máximo pra manter a excelência da técnica. No entanto isso é muito distante do que acontece nas ruas. Dificilmente um confronto real duraria mais que um minuto; o mais provável é que dure apenas alguns poucos segundos. Comparativamente, o treinamento de boxe é uma maratona, e o treinamento de Kombato corresponderia a 400 metros rasos. Ou seja: apenas explosão muscular, durante um curto espaço de tempo. Nota do Instrutor Daniel Villela: há três fases de gasto de energia, ocorrendo sempre e simultaneamente, mas em proporções diferentes dependendo do tipo de exerção física: 5-15 segundos de explosão usam primordialmente ATP e fosfato de creatina; 20 a 120 segundos se valem de glicose; mais de 2 minutos e o corpo está buscando estoques de gordura para alimentar suas células e processos metabólicos. Enquanto as lutas de Kombato usarão, conclui-se, ATP e glicose, não se descarta a importância de aumentar a estamina do praticante incentivando que ele faça atividades de duração mais prolongada, tipicamente classificadas como "aeróbicas": corrida, remo, ciclismo, natação, escalada, sessões mais prolongadas de Kettlebell, etc. Fica claro, porém, que não será durante as aulas de Kombato que esta estamina será incrementada, por falta de tempo e escala de interesse diferenciada. 3) Flexibilidade É necessário pouca ou nenhuma flexibilidade nas pernas para praticar Kombato. Existem 4 chutes na altura do joelho, que são os principais

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ASPECTOS DO KOMBATO 1: PREPARO FÍSICO NAS AULAS

Todas as atividades físicas, sejam uma corrida ou até mesmo jogar xadrez se beneficiam (ou necessitam) de um preparo físico direcionado para aquela atividade. O Kombato, como qualquer destas atividades tem necessidades específicas. Vou citar cada uma delas , e em alguns casos comparar com outras atividades para melhor compreensão do que é necessário.

1) Tempo de treinamento. Os alunos de Kombato não são atletas profissionais de competição. São médicos, engenheiros, militares, policiais, estudantes universitários, donas de casa, profissionais da área de segurança. Estas pessoas não podem dedicar 6-8 horas por dia para preparo físico, pois tem outras profissões. Em média dispõem de 2 a 4 horas de treinamento de Kombato por semana.  Cada aula de 1 hora só pode dispor de no máximo 1 terço do tempo total em exercícios físicos. Assim, no total, cada aluno dispõe de 40 a 80 minutos semanais de treinamento físico. Desta forma, o tempo usado não pode ser desperdiçado: cada minuto deve ser o melhor possível, com as pausas de descanso calculadas perfeitamente.

2) Resistência cardio vascularUm lutador de boxe profissional treina para lutar 20 rounds, ou seja 60 minutos de luta, e mais 20 minutos de intervalo. Isso se deve ao fato de que se um confronto se extender bastante, ou seja, todos os 15 rounds de luta, ou seja 45 minutos, ele possa suportar, e fazer o máximo pra manter a excelência da técnica. No entanto isso é muito distante do que  acontece nas ruas. Dificilmente um confronto real duraria mais que um minuto; o mais provável é que dure apenas alguns poucos segundos. Comparativamente, o treinamento de boxe é uma maratona, e o treinamento de Kombato corresponderia a 400 metros rasos. Ou seja: apenas explosão muscular, durante um curto espaço de tempo.

Nota do Instrutor Daniel Villela: há três fases de gasto de energia, ocorrendo sempre e simultaneamente, mas em proporções diferentes dependendo do tipo de exerção física: 5-15 segundos de explosão usam primordialmente ATP e fosfato de creatina; 20 a 120 segundos se valem de glicose; mais de 2 minutos e o corpo está buscando estoques de gordura para alimentar suas células e processos metabólicos. Enquanto as lutas de Kombato usarão, conclui-se, ATP e glicose, não se descarta a importância de aumentar a estamina do praticante incentivando que ele faça atividades de duração mais prolongada, tipicamente classificadas como "aeróbicas": corrida, remo, ciclismo, natação, escalada, sessões mais prolongadas de Kettlebell, etc. Fica claro, porém, que não será durante as aulas de Kombato que esta estamina será incrementada, por falta de tempo e escala de interesse diferenciada.

3) FlexibilidadeÉ necessário pouca ou nenhuma flexibilidade nas pernas para praticar Kombato. Existem 4 chutes na altura do joelho, que são os principais golpes com as pernas;  3 na altura do quadril. Os demais chutes, 1 nas pernas, 3 na costela e 1 na altura da cabeça são apenas e exclusivamente por necessidades acadêmica: Alguém na turma precisa aprender a dar o chute, para que o Kombatente aprenda a defender. Simples assim. A única flexibilidade realmente necessária é para os braços, e é obtida dando os socos na extensão completa. O treinamento adicional sugerido, o Kettlebell Training já desenvolve a flexibilidade necessária. Como se sabe hoje (e como foi citado na literatura de preparo físico dos russos), a flexibilidade não previve lesões.

Nota do Instrutor Villela: falta de flexibilidade, por outro lado, pode se entendida como falta de força reflexiva. Isso significa que, para muitos, o impedimento de tocar os dedos das mãos nas pontas dos pés, com joelhos esticados, não é resultado de "tensão acumulada nos posteriores de coxa" ou "predisposição genética", mas um sinal do corpo de que não se vê confiante em inclinar o quadril anteriormente - resultado de muitas horas diárias sentando em frente ao computador, volante do carro ou televisão. Músculos abdominais fracos, estabilizadores de coluna descondicionados e assimetrias causam o que alguns acham ser falta de flexibilidade, mas que o treinamento de força pode corrigir. Para suprir tais carências, o aquecimento dos kombatentes deve conter exercícios como marcha

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cruzada, escalada no chão, respirações diafragmáticas com movimentos de cabeça e perdigueiros, a fim de dar mais segurança aos "governantes centrais" de seus corpos e permitir que sua amplitude de movimento seja alcançada.

4) Qualidade dos exercícios

Os exercícios físicos devem ser feitos na forma correta, o mais perfeito possível. Não apenas para ter o efeito desejado, mas para evitar lesões. A busca da qualidade técnica de cada flexão, abdominal ou agachamento é absoluta. Na aula regular, é importante que seja treinamento com peso corporal. Isso permite que o instrutor lecione para uma grande quantidade de alunos de uma vez (nosso recorde: 1 aula com 800 fuzileiros do Batalhão Humaitá). E tem a vantagem adicional de podermos fazer este treino em praticamente todos os ambientes: praia, campo, quartel. E o aluno aprende exercícios os quais poderá aperfeiçoar a técnica sozinho.

Nota do Instrutor Daniel Villela: Na disputa entre qualidade Vs quantidade, a primeira sempre ganha, pois se o aluno já faz uma forma do exercício com facilidade por diversas repetições ele deve ser instruído a uma versão mais difícil; portanto, o aluno mais fraco deve ser o foco dos instrutores, para que sua técnica não se deteriore. Melhor diminuir o ritmo e conseguir 3 boas repetições do que correr por 30 e se aproximar silenciosamente de uma lesão.

5) Força muscular

Força física é a primeira valência que é necessária no treinamento. Para isso buscamos conhecimento na melhor de todas as fontes para isso. Treinamento de força física oriundo da Rússia. Os esportes que mais demandam força física e explosão muscular, dentre eles levantamento olímpico, arremesso de peso e ginástica olímpica são dominados por atletas russos. A Kombato procurando a excelência não busca conhecimento somente em vídeos e livros, mas ao vivo. Enviamos o Instrutor Daniel Villela para os EUA para estudar com o “papa”  dos exercícios de peso corporal, e kettlebell training, Pavel Tatsouline.

6) Resistência muscular

O que é mais importante para as ruas? Dar 300 socos com força média, ou 5 com potência total? A segunda opção, naturalmente. Desta forma o foco é fazer séries de 5-6 flexões  de grande dificuldade e explosão, ao invés de 50 flexões comuns. O mesmo para abdominais, agachamentos, etc.

7) Velocidade

Os treinos de velocidade são obtidos diretamente com diversos treinamentos com manoplas.  Mas os exercícios de força, é a força motriz por trás da velocidade, somados ao treinamento de manoplas

8) Grupamentos musculares

Cada grupamento muscular é treinado por uma razão específica. Os abdominais para aguentarem socos, e aumentarem a força dos golpes traumáticos, as flexões para aumentarem a potência dos golpes traumáticos feitos com os grupamentos superiores; a força no pescoço para obter mais resistência a um possível nocaute com socos; agachamentos para resistir a pancadas nas pernas, e ter força nos chutes.

Nota do Instrutor Daniel Villela: a integração de grupamentos, por outro lado, é fator decisivo na expressão da força. Não há tempo ou recurso para um trabalho isolado de cada musculatura, mas principalmente não há vantagem dentro do que o Kombato propõe a entregar: segurança 360°, 24 horas por dia, dependente apenas do praticante. Antes de adicionar "roscas de bíceps" ou "elevações de

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ombro" a um programa de aulas, pense que cada um deses músculos não trabalha sozinho, principalmente durante conflitos.

9) Explosão cardio vascular

É importante o desenvolvimento da capacidade cardio-vascular e pulmonar para situações críticas, as quais a adrenalina que é inevitável pode lhe dar efeitos colaterais indesejáveis. Já que temos que fazer este desenvolvimento, é melhor fazê-los usando os golpes traumáticos ou exercícios de agilidade, o que serão úteis na situação de conflito, do que polichinelos ou movimentos assim.

Nota do instrutor Daniel Villela: O termo "capacidade de trabalho" identifica o potencial de um sistema em produzir/consumir energia por período prolongado de tempo. Um Kombatente que dá 1 único soco muito potente, mas erra, não obtém os mesmo benefícios daquele que dá 10 socos em série, de potência média, acertando 4. Em outras palavras, é preciso "fôlego" para explodir e reavaliar, repetidas vezes.

10) Adaptabilidade e progressão

Os alunos tem uma progressão didática para cada exercício, sendo alguns trazidos pelo Instrutor Daniel Villela, e outros pelo fundador da Kombato. Isso permite que todos os alunos alcancem os seus objetivos. É bom lembrar que os alunos possuem diferentes níveis de preparo físico e histórico de atividades físicas, assim como histórico de lesões. Atualmente, o aluno mais novo da minha turma tem 11 anos, e possuo 4 acima de 60 anos (60, 63, 65 e 65 anos). O aluno mais baixo deve ter cerca de 1,50 homem, e o mais alto 2 metros. A aluna adulta mais leve 42 kilos, e o homem adulto mais pesado 160 kilos. Tenho ao mesmo tempo 10 alunos graduados com 3 faixas-pretas em artes marciais diferentes, 1 em 4 artes marciais, e muitos que nunca pisaram em uma sala de treinamento. Esta diversidade física deve ser tratada com atenção, para manter o interesse de cada aluno.

11) Sequencia no treinamento.

Os exercícios de força são muito técnicos e é necessário que o praticante esteja com foco suficiente para fazê-los da forma correta. Por isso são feitos logo após a meditação curta, e o aquecimento do líquido sinuvial (para soltar as articulações). O aluno também não pode estar muito cansado para poder aprender. No entanto, sabe-se que se consegue assimilar apenas 15 minutos de novos conhecimentos. Depois de revisar aulas anteriores, treinar técnicas e aprender a técnica do dia, e treino de confronto, se aplica a parte de explosão e resistência cardiovascular, mas ela jamais deve oassar de 2 minutos.

12) Sequencia padrão da aula de Kombato em 2013

Este é o padrão que temos seguido, porém é certo que nos anos seguintes, teremos um treinamento e programa ainda melhor.

Cumprimento, Meditação breve (“fecha os olhos e inspira), Aquecimento do líquido sinuvial.  (2 minutos)Aquecimento (13 minutos) - Agachamento feito da forma russa, com uma perna ou duas (Pistola)- 10 Séries(1 para cada parte do abdômem)  lentas de contrações abdominais de apenas 5 repetições lentas. Perfazendo 50 abdominais. - Prancha em 4 direções, sendo 15 segundos cada posição, porém com contração máxima. - Flexão do Kombato: Braços abertos 10 segundos para descer, parada no meio para zerar a capacidade elástica do músculo, e subir o mais rápido possível (batendo palmas).- Desenvolvimento de força no pescoço, frente e trás (usando das mãos ou tatame).

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- Flexão do Kombato com punhos fechados, mãos ao lado do corpo. Mesma forma de fazer que a flexão anterior.- Um exercícios de isometria ou isocinese do dia, com força total. - Golpes traumáticos (no ar, manopla, pares, ou qualquer outra forma) 5 minutos- Intervalo para água. E importante a hidratação a cada 20-30 minutos.- Sitreps (no ar, em pares, etc) 5 minutos. - Recon (em pares ou no centro do circulo).  5 minutos- Matéria e treinamento desta matéria. 15 minutos. - HIdratação- Combate sombra, luva, 15 segundos, etc)  ou recon em grupo, 7 minutos. - Exercício de oposição (um aluno empurra outro resiste, exercícios de velocidade etc) - 2 minutos de explosão cardiovascular contínua. Isso pode ser: exercícios do TAK, manoplas, socando no ar, etc- Cumprimento final

13) Treinamento adicional

Se o aluno tiver 15-30 minutos a mais dois ou mais dias da semana poderá ganhar grandes benefícios da prática do Kettlebell Kombato. Mais força, equilíbrio, capacidade pulmonar, Perda de peso, gordura, ou aumento de massa muscular se assim o desejar. O programa de treinamento de Kettlebell Kombato providencia tudo isso, e enfoque no desenvolvimento de valências para os confrontos de rua. Das 6 academias de Kombato no RIo de Janeiro, 3 já adotaram treinamento com Kettlebell como treinamento adicional. Para locais ou alunos que não tem o tempo da aula, eles podem fazer os nossos cursos de Kettlebell para colocá-lo em sua casa. É necessário muito pouco equipamento e espaço físico.

Mestre Paulo Albuquerque

ASPECTOS DO KOMBATO: MOVIMENTAÇAO EM PÉ, DEFESAS E POSIÇÕES

A movimentação em pé - para o Kombatente - tem um peso muito maior do que aquele dos demais sistemas de defesa ou artes marciais. Por isso o Kombato se utiliza de movimentações de boxe inglês, Haidong Gumdô, Esgrima, Kali Silat e Futebol americano. Todos adaptados para as nossas necessidades, que são, evidentemente, sobreviver nas ruas. Isso se deve a diversos fatores, que serão listados abaixo.

1) Base. A base do Kombato não é aberta (pés separados) como em algumas artes marciais, ou juntando os joelhos como outras. É exatamente a base que usamos durante todos os dias - sendo a distância dos pés igual a distância de uma passada normal (andando, e não passada correndo). Isso permite um deslocamento veloz e natural, e até mesmo correr se for necessário. A distância é individualizada, já que pessoas mais altas provavelmente irão se sentir mais confortáveis com uma base mais larga, e o inverso, as pessoas mais baixas.

2) Deslocamento de peso. O deslocamento de peso deve ser natural, como andar, ou como fazer dança de salão. Nada de técnicas complexas, tentar manter a mesma altura sem oscilar, ou joelhos muito flexionados, aproveitando o conhecimento natural do corpo de andar em pé. A única diferença de andar é que, em confronto parado (e não correndo), é vantajoso usar as bolas dos pés como apoio (como no Boxe inglês) e é diferente de usar o pé todo, com o calcanhar. Sem o calcanhar no chão, o descolamento é mais veloz, por simples economia de movimento.

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3) REC e as três posições. Existem 3 posições básicas, cada qual por uma razão diferente.

Posição de repouso. É a posição mais natural possível, pois você está nela quase todo o seu dia: braços ao longo do corpo. Em uma situação real, quando o ataque é de surpresa (que será o mais provável), você estará com os braços e pernas nessa posição, até conseguir ir para a posição de expectativa ou combate. Deve-se treinar bem todas as movimentações e golpes traumáticos a partir dela. Ou seja, a partir da posição de Repouso (R ), baseiam-se todas as reações que devem ser treinadas para serem automáticas (R ). (R - Repouso, Reação)

Posição de expectativa. Onde as palmas das mãos estão viradas para o centro do rosto do oponente, cotovelos próximos às costelas, que servem para dar uma ideia de passividade, com intenção de enganar o inimigo. A partir desta situação, sairá uma série de ataques explosivos, aproveitando a situação. É importante lembrar que as testemunhas ao redor provavelmente vão lembrar desta posição, como se você estivesse se defendendo e, se for o caso, isso será importante diante de um juiz. Esta posição também permite uma fuga mais fácil, porque as pernas estão em posição vertical (diferente da posição de combate), e as mãos podem empurrar.  E - Posição de Expectativa (E), e ações explosivas (E).

Posição de combate. Mãos fechadas ou abertas junto da testa, cotovelos próximos ao tronco, corpo semi-flexionado, calcanhares fora do chão. Esta posição aparece quando nada foi resolvido a partir da posição de repouso, nem da expectativa, assim gerando um conflito no qual poderá haver “troca” de golpes, e estratégia. Ou seja, Conflito, Combate, daí o C.

Em todas as posições devem ser treinadas as movimentações.

4) Bilateralidade. Nas movimentações, é importante treinar com a perna esquerda  à frente, e também com a perna direita à frente. Se algum aluno tiver problema de lateralidade, ou seja, dificuldade de se movimentar usando um lado para frente, deve treinar em casa, até sua habilidade ficar igual. Assim como todas as combinações de golpes traumáticos junto da movimentação. O problema de lateralidade é mais comum quando se alcança a VM2 e se inicia o treinamento com armas. Isso permite um ganho vital de tempo em uma situação de risco, pois economiza o tempo de troca de base. É importante treinar não apenas com a posição de combate, mas também a partir da posição de expectativa, e de repouso.

5) O treinamento da movimentação. O treinamento da movimentação deve ser feito, depois de aprendido, como se fosse “dança de salão”, ou seja, bem natural e fluido. O aluno aprende cada movimentação em separado, depois soma os golpes traumáticos a elas, e depois em sequências rápidas, combinações de movimentações, combinações de movimentações com golpes, etc.

6) Desenvolvimento de força para ganho de velocidade. Para se criar velocidade, precisa se se criar força. Isso pode ser feito de duas formas. Uma, colocando um parceiro na frente, com ambas as mãos na crista ilíaca, fazendo resistência quando o Kombatente se desloca para a frente. E o mesmo quando ele se desloca para trás. Ou usando uma faixa/corda para fazer a mesma resistência. Cinco (5) passadas com resistência total. Três (3) séries, pelo menos. Usar caneleiras com pesos nos pés, ao contrário do que muitos pensam, não é benéfico, e sim danoso, pois acaba com as articulações, em especial as do joelho.

7) Desenvolvimento de reflexo. Um aluno de frente para ele. Este faz um movimento, o Kombatente acompanha. Faz para outra direção e o Kombatente acompanha, etc. O objetivo do Kombatente é ser o espelho do outro. Uma outra forma é colocar manoplas

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para golpes diferentes, e o Kombatente alcançá-las com golpes, usando movimentações diferentes.

8) Distância: Em confrontos de artes marciais, a distância pretendida por cada contendor é a mesma entre eles. Mas nas ruas é muito variável. Exemplificando: um lutador de boxe pretende estar na mesma distância que o outro lutador de boxe; um lutador de Tae Kwon Dô pretende estar na mesma distância de outro lutador de TKD, e isso acontece com todas as formas de combate: Jiu-jitsu, Luta Livre, Judô, Esgrima, Kali, etc., tudo sempre igual. No entanto, nas ruas você pretende estar sempre com uma distância boa para você e ruim para o outro, ou seja: nunca é a mesma distância, pois, quando se fala em pessoas que praticam lutas diferentes, ou simplesmente têm envergaduras diferentes (o que, em competições esportivas, por causa do peso próximo, a diferença de altura e envergadura não chega a ser nada absurdo) isso é comum.

9) Quem controla a distância controla a luta. Quem tem a melhor movimentação controla a distância. Logo, quem controla a movimentação controla a contenda. Se o inimigo não estiver na distância certa para você executar os golpes, é impossível você acertar. Se você coloca o inimigo na distância certa, mas consegue evitar estar na distância dele, a vitória é sua.

10) Quando o Kombatente está na distância de acertar o inimigo, é muito provável que ele esteja na distância de acertar o Kombatente também. O Kombato deve focalizar na segurança, estando distante do inimigo. Portanto, só se deve movimentar para dentro do alcance do inimigo quando for absolutamente necessário, para impedi-lo de continuar. É bom lembrar que a envergadura do inimigo conta muito neste controle de distância, e que entrar contra o mesmo é perigoso, porque ele é o IVAN (Inimigo de maior volume, armado ou em maior número).

11) Existem vários tipos de treinos de combate. Para treinar bem a movimentação e a estratégia citada aqui, é indicado o seguinte treinamento: um dos Kombatentes deve fazer apenas o papel do agressor, ou seja, daquele que avança, para que o Kombatente possa executar a filosofia certa de movimentação.

12) Defesa. Comprovadamente, é muito mais difícil defender-se do que atacar. Qualquer pessoa consegue fazer algum ataque, mesmo sem nenhum tipo de treinamento. Até mesmo uma pedrada é um ataque, o que pode ser bem perigoso. Qualquer um pode dar uma facada sem treinamento, o que pode ser letal. Mas saber fazer uma defesa é muito difícil. Seu cérebro precisa identificar o ataque, e fazer a defesa correspondente. Na prática, mesmo atletas treinados como profissionais de boxe, que trabalham em um universo onde existem apenas de 6 a 8 tipos de ataques, para cada 5 "jabs" acertados, consegue-se defender apenas um. Não se pode confiar, portanto, exclusivamente nas defesas. Assim sendo, as defesas não são a melhor opção para não ser acertado. O que permite um tempo maior para o cérebro avaliar a situação é trabalhar sob treinamento, até alcançar o ato reflexo inconsciente somado à distância que aumenta (daí a movimentação ser tão necessária).

13) Esquiva. O Kombato se utiliza de todas as esquivas do Boxe Inglês, com exceção do pêndulo, pois ele aumenta a chance do inimigo acertar uma joelhada. A esquiva, no entanto, não funciona sozinha. Funciona bem em duas situações: somada as defesas ou bloqueios, e quando o inimigo está dando uma saraivada de golpes, e o Kombatente mantém a cabeça em movimento para dificultar ao máximo que o inimigo o acerte. É bom

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lembrar que a esquiva depende de um bom treinamento de abdominais de força (veja o artigo "Aspectos do Kombato: preparo físico").

14) Movimentação. Estar longe do alcance das armas do oponente (quando são as armas naturais, armas de impacto ou corte) quando é necessário, é mais seguro do que que ficar parado esperando ataques. Se você estiver longe do inimigo, ele não lhe acertará. Simples assim. Quando uma boa oportunidade aparecer, entre e acerte-o, se não tiver a oportunidade e a intenção de fugir. Porém, quando nos referimos às armas de projétil, o quadro é outro.

15) MEC. Movimentar é o principal, Esquivar secundário e Defender terciário. Todos os três devem trabalhar em uníssono, para maior segurança. Este é o axioma do Kombato.

16) Zona de risco. Para podermos acertar o inimigo com as mesmas armas por ele utilizadas (no caso agora, armas naturais, ou bastões, ou facas), temos que entrar no raio de ação das suas armas. O que significa um risco enorme, levando em consideração que ele é o IVAN. Se você evita o alcance das armas, dificilmente conseguirá atacá-lo. Por isso é importante entrar e sair do raio de ação do inimigo rapidamente, e saber usar as suas armas (de preferência as mais longas) enquanto recua, para acertar os seus membros. Exemplos: o inimigo ataca com uma faca, o Kombatente recua e acerta com sua faca o pulso ou a mão do inimigo. Outro exemplo: o inimigo vem socar, e o Kombatente recua, usando suas pernas para pisar no joelho do mesmo. Um terceiro exemplo: O inimigo vem lhe atacar, e o Kombatente usa a cadeira como arma.

17) Treinamento de entrada e saída. Visto que é perigoso entrar na Zona de Risco, mas muitas vezes uma boa oportunidade aparece, é necessário treinar as movimentações para a frente, junto com os recuos. - Meio avanço com meio recuo- Meio avanço com recuo rápido- Avanço rápido com recuo rápido- Avanço rápido com meio recuo- Avanço total com recuo total- Avanço total com meio recuo- Avanço total com recuo rápidoA forma mais tranquila para treinar estes movimentos é o seguinte exercício:O parceiro de treino segura uma manopla de mão próximo ao próprio ombro para servir de alvo, e usa um bastão de 70 a 80 centímetros de comprimento, oscilando na altura da cintura. Quando a oportunidade vir, o Kombatente vai e acerta um jab, e retorna antes do bastão bater. Depois vai aumentando a quantidade de jabs, de diretos, e de outros golpes, e depois aumentando a velocidade do bastão.

18) Golpes traumáticos sempre devem ser feitos juntamente com a movimentação. Exceto nas primeiras aulas, por didática. A movimentação feita corretamente, simultaneamente ao ataque e direcionada ao alvo, aumenta a potência do golpe. Mas deve-se aprender a bater recuando também, mesmo com potência reduzida, para poder evitar o inimigo muitas vezes.

19) Zona quente e Zona fria. A Zona quente corresponde à posição de ficar diretamente à frente do seu oponente. A Zona fria é a de todos os demais espaços. Estar diretamente à frente do oponente é mais perigoso, pois ele pode atacar com facilidade usando ambos os braços. E na zona fria, um só braço ataca com facilidade e o outro não. Ambas as Zonas ficam naturalmente dentro da Zona de Risco.

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20) Triangulação. Triangulação para frente e para trás, ou seja, fazer a movimentação de meio-avanço (triangulação para a frente) ou meio-recuo (triangulação para trás) de 45 a 60 graus, usando a perna da frente como base, ou o mesmo dando um avanço total usando a perna de trás, é a forma de alcançar a Zona Fria do inimigo. No treinamento de Kombato, assim como no Kali e no Boxe Inglês, isso é difícil de ser feito com sucesso, pois ambos estão buscando as mesmas coisas. No entanto, é relativamente fácil quando é um ataque direto, que é um ataque bem comum nas ruas. É sempre mais seguro estar longe do ataque, como citado anteriormente. Mas como isso nem sempre é possível, até mesmo pelo cenário ou velocidade que o IVAN avança, existe a triangulação. Para entender isso melhor, faça um combate simulando um inimigo que só se desloque para frente - como existe em diversas artes marciais - com um outro que é o Kombatente, tentando triangular.

21) Compasso. O compasso é uma movimentação oriunda do Kali, porém muito semelhante a uma das movimentações do Aikidô. Como a mentalidade do Kombato não é vencer o inimigo, mas sim sobreviver, esta movimentação é utilizada para quando não existir possibilidade de contra-atacar. É, portanto, uma movimentação específica para a fuga.  O Kombatente sai da linha reta do ataque do oponente, fazendo um giro de 90 graus com o corpo, fazendo o pivô na perna da frente e, quando possível, empurra o oponente para o lado.

21) Giro. Girar para várias direções é uma das coisas mais básicas que existem no Kombato, e nunca (ou muito raramente) é ensinado em artes marciais, salvo em formas. No Kombato ensinamos para o iniciante, o “faixa-branca”. No Kombato é necessário que se tenha este conhecimento, porque diferente das artes marciais, nossos oponentes não estão á nossa frente apenas : eles podem vir de qualquer direção, para fazer o primeiro ataque. É importante aplicar sequências em todas as direções. Os iniciantes aprendem a usar o braço ou a perna com a maior proximidade para executar um ataque, nas 4 direções (frente, trás, esquerda, direita), e com o tempo em 12 direções, como em um relógio.

22) As movimentações do Kombato são:(Legenda, 1 (primeiro pé que se move), 2 (segundo pé a se mover), E (esquerda), D (Direita).

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- Meio avanço (MA). Para ser usado com golpes traumáticos com membros superiores. Ensinado na Branca.

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- Meio  recuo (MR). Para ser usadas com golpes traumáticos com membros superiores. Ensinado na Branca.

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- Avanço total (AT). Para ser usada com golpes traumáticos com membros superiores e inferiores. Ensinado na Branca.

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- Recuo Total (RT). Para ser usada com golpes traumáticos com membros superiores e inferiores. Ensinado na Branca.

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- Passada lateral pra esquerda. Para ser usada com golpes traumáticos com membros superiores. Ensinado na Branca.

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- Passada lateral pra direita. Para ser usada com golpes traumáticos com membros superiores. Ensinado na Branca.

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- Avanço rápido e recuo rápido. O Avanço rápido só serve basicamente para usar com pisões no joelho usando a perna da frente. Ensinado na Verde 1.

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- Recuo rápido. O recuo rápido para evitar golpes nas pernas, de pisões a armas de impacto ou l. Ensinado na Verde 1.

- Giro. Apenas virar de um lado para o outro, usando a perna certa. BR.

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Triangulação para a frente para a esquerda (a partir da posição de combate Esquerda) . Para entrar em inimigos de maior tamanho, ou quando não se tem espaço para recuar. Ensinado na Verde 1.

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Triangulação para a frente e para a direita. (a partir da posição de combate Esquerda). Para entrar em inimigos de maior tamanho, ou quando não se tem espaço para recuar. Ensinado na Verde 1.

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Triangulação para trás e para a direita. Para evitar um inimigo que avança bem rápido, mas que pode ser contratacado. Ensinado na Verde 1.

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Triangulação para trás para esquerda. Para evitar um inimigo que avança bem rápido, mas que pode ser contra-atacado. Ensinado na Verde 1.

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Relógio. Para aprender a se manter na zona fria. O pé esquerdo se mantém parado na frente, e o pé direito se desloca para a esquerda. No treinamento, deve-se dar a volta completa. Ensinado na Verde 2.

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Compasso. Adaptado do Boxe inglês. Para quando o inimigo se aproxima em alta velocidade, e seria arriscado triangular. Ensinado na Verde 2.

Nadar. Para fugir da parede e ir embora na direção oposta ao que o inimigo avança, ou quando se está encurralado em uma parede, e para ataques em grupo.É oriundo do futebol americano (Swim). Ensinado na Verde 3.

Pião. Para fugir de alguns ataques de velocidade menor, como empurrões, ou quando se está encurralado em uma parede, e para ataques em grupo. O movimento se assemelha a uma porta giratória. É oriundo do futebol americano (Spin). Ensinado na Verde 3.

 23) Outros terrenos. Em eventos em local aberto, o Kombatente pode treinar suas movimentações em outros terrenos. Escadas. Calçadas. Praia. Planos inclinados. Isso não apenas desenvolve força e equilíbrio, mas também deixa o Kombatente mais preparado para situações de rua, visto que o terreno nas ruas dificilmente seria regular, como o terreno da academia.

24) Depois de bem compreendida a situação, o aluno pode se movimentar, e depois até fazer combate em uma sala com objetos, os quais ele tem que evitar para não tropeçar. Os melhores objetos são as manoplas (ideia do Mentor Eduardo Schoeler de Porto Alegre)

ASPECTOS DO KOMBATO: GOLPES TRAUMÁTICOS QUANDO DESARMADO

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Para resolver diversas situações de violência, é necessário o uso de golpes traumáticos. Estas são as ferramentas usadas para bater em diversas partes do corpo do inimigo. O Kombato possui diversos golpes, para situações diversas.

1) Os golpes podem ser usados com praticamente qualquer roupa, pois o Kombato é para situações reais. Isso exclui, naturalmente chutes altos. Ninguém consegue chutar acima da cintura com uma calça jeans, por exemplo, e seria problemático o uso de saias por razões evidentes. Naturalmente, se deve treinar com o uniforme que é confortável, mas deve-se agendar uma data para ser o “casual day”, nem que seja uma vez por ano, onde os alunos devem vir com as suas roupas do dia-a-dia. Neste momento, as mulheres perceberão o risco que é se locomover com saltos altos, e os homens o quanto um blazer atrapalha para socar, e como um sapato de solado liso pode ser perigoso; e que um “boot” é ruim de correr, mas bom para chutar. O que importa é que os alunos ganhem consciência disso. No casual day é importante que o Kombatente tire os anéis e brincos, pois isso é perigoso no treinamento para o próprio praticante e para os demais.

2) Todos os golpes dão impacto de retorno ao praticante, mas por isso os golpes devem ser dados de forma correta para que o Kombatente possa assimilar este impacto sem causar danos. Não adianta nada se dar um bom soco, e voltar com os dedos quebrados. Por isso a preferência em usar cotovelos, joelho, carpo e calcanhar, ao invés de peito de pé, bola de pé, socos etc. A terceira lei da física de Newton jamais deve ser colocada de lado quando se fala em autodefesa, e é bom lembrar que em esportes existem protetores, e desta forma estes efeitos de “ação e reação na mesma direção e em sentido oposto” muitas vezes é negligenciada.

3) No Kombato, os socos executados com mãos fechadas como jab. direto e cruzado são dados com os ossos das falanges inferiores, como no Kung Fu Wing Tsun, e não como no Karatê com os dois maiores ossos (indicadores e médio). Para que fosse possível usar as falanges do dedo indicador e médio seria necessário muito tempo batendo em superfícies duras até deformar as mãos para que dê o resultado desejado, ou seja, preparar o pulso e as articulações para esta posição anti-natural. Socar com as três outras falanges, como fazemos no Kombato é mais natural porque é o prolongamento do antebraço. A diferença para o soco do wing tsun é que usamos o uso do quadril, ombros e movimento como no boxe inglês, e que o punho não precisa ser vertical. Basta acertar o alvo com as juntas citadas. Os praticantes de Kombato não devem se deformar calejando os ossos, e não possuem tempo suficiente para isso. Socar usando as duas primeiras articulações, quando atingindo um alvo rígido como uma cabeça, pode dar um trauma chamado fratura de boxer.

4) No Kombato, os socos cruzados são com o punho na vertical. Isso impede que ao socar uma cabeça, o movimento quebre os dedos por estarem separados, em especial os dedos menores. É bom lembrar que no pancrácio e no boxe sem luvas (Bare Knucle Boxing), se socava em vertical. E nestas artes antigas não usavam ataduras, e muito menos luvas.

5) A posição do pé nos chutes pouco importa no Kombato, pois quase todo o tempo estaremos calçados nas ruas. Mas se chutar com a ponta só seria permitido em uma área muito frágil como os testículos, pois pode-se hiper-extender o peito do pé, lesionando-o, ao usar em outros alvos.

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6) Nas cotoveladas, pouco importa se estar com as mãos abertas ou fechadas, já que a área de impacto é o cotovelo.

7) A mecânica do golpe não depende apenas da força dos braços ou pernas, mas de todo o peso do corpo que vem atrás do golpe. Assim como um aríete. E para trabalhar esta força, o giro dos quadris na direção do golpe é essencial. O giro dos ombros também, quando se fala de golpes com membros superiores.

8) Os golpes devem ser desferidos em locais os mais frágeis possíveis e mais fáceis de serem acertados; ou seja, nada de chutar a parte de dentro da coxa, se é possível se acertar os testículos. Nada de socar o peito, se existe possibilidade de socar o queixo. Nada de chutar a coxa, se é possível pisar no joelho; nada de dar joelhada no abdômem se é possível fazer isso no genital ou cabeça.

9) O treinamento de socos deve ser - no máximo - com uma atadura fina (que não faça volume ao redor dos dedos) circulando a mão. Isso já é suficiente para proteger da abrasão de socar manoplas. Praticantes de lutas que usam ataduras e luvas terão problemas factuais em lutar sem elas nas ruas. O campeão mundial de boxe, Mike Tyson, quebrou a mão lutando nas ruas, Dando um único soco. É mais seguro chutar as manoplas calçado, com tênis ou sapatilha fina, mas isso nem sempre é possível, devido a existência de tatame.

10) Se deve treinar os golpes para todas as direções, e sempre bater com a mão ou o pé mais próximo do alvo em questão. O iniciante usa apenas a orientação Norte, Sul, Leste e Oeste (ou seja, frente trás, direita e esquerda), e depois que se acostuma a socar ou chutar com o braço ou membro mais próximo primeiro, se passa a fazer o mesmo como se fosse atacar para todas as direções oferecidas por um relógio. Sendo 12 horas frente, 6 horas atrás. O praticante faz uma sequencia (pré-determinada ou aleatória) sob comando verbal do mentor, ou até mesmo pelo som. Os alunos ficam de olhos fechados, e reagem pelo bater de palmas do mentor; depois disso, atacando e usando de movimentação na direção do golpe.

11) O que é IVAN. IVAN é a sigla que usamos no Kombato para dizer: Inimigo (e não adversário), de maior volume (e não do mesmo peso), Armado (e não desarmado) e/ou maior número (ao invés de um só inimigo). Isso é para lembrar a todos que quem enfrentamos nas ruas não tem nenhuma relação com quem enfrentamos no tatame, ou ringue. Tudo o que fazemos tem que refletir isso.

12) Existem Golpes comuns e golpes de oportunidade. Golpes de oportunidade são aqueles os quais o alvo precisa aparecer por um momento desprotegido para ser acertado (ex: testículos,

costelas). Para executar um golpes de oportunidade com sucesso é necessário de muito mais treinamento de timing com manoplas do que os golpes comuns.

13) Golpes menos lesivos são utilizados nos músculos para criar dor, para poder imobilizar ( com técnicas de imobilização da VM2) ou conduzir um agressor sem provocar sangue. Ou simplesmente para dar uma solução menos violenta, e sem sangue para uma contenda. Isso diminui a chance da violência escalar. Os alvos mais comuns para isso são coxas (com chute circular ou joelhada), boca do estômago (com jab ou direto), rim ou baço (com cruzado).

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14) Deve-se treinar os golpes traumáticos a partir das três posições: Repouso, expectativa e combate. Sendo de fato, a principal a de repouso, pois quando uma agressão vem, dificilmente estaríamos em outra posição que não a de repouso.

15) Dilema do soco na cabeça. Existe sempre o risco de, ao socarmos uma cabeça o agente lesionar fortemente sua mão quando acertar. Muitas vezes as pessoas se esquecem da física básica, ensinada no colégio, mas “para cada ação existe reação em intensidade igual etc”, é uma verdade sempre, e fica claro quando você soca uma superfície rígida, e a mão volta destruída. No Kombato, ensinamos as pessoas a usarem as mãos abertas na cabeça, e fechadas no tronco. Alunos que tem mais treinamento e passam no teste da bola de 2 kgs (um aluno arremessa a bola (medicine ball) em direção ao Kombatente e ele rebate dando um soco 5 vezes seguidas), estão aptos a usar a mão fechada na cabeça com riscos bem reduzidos.

16) Calejamento. Alguns praticantes de artes marciais acham necessário praticar o “calejamento” de canelas, antebraços e mãos. Na verdade, se mal feito ou com exagero, existem diversos tipos de lesões associadas a esta prática, algumas permanentes, além de não ser tão útil quanto parece, pois o curto tempo de uma contenda na rua não vai permitir mais que uma pancada em uma região frágil. A primeira parte do treinamento, ou seja “perder a sensibilidade”, é útil, mas basta treinamento com sacos de areia, manoplas e pneus para isso, nada mais. De qualquer forma, o foco do Kombato é em “não estar lá”, e não em aguentar pancadas.

17) Não imobilizamos o inimigo para bater (como é feito no panggamut por exemplo). Só desferimos no máximo 5 golpes seguidos, ou seja: 2 segundos de golpes. O cálculo é o seguinte: o inimigo que não tivermos visto (cerca de 6 metros), pode alcançar o kombatente em 2 segundos. Neste período, se dá 5 golpes, se para de bater, e verifica o ambiente rapidamente; sem mais inimigos, pode-se continuar. De outra forma, largue. É bom lembrar que, enquanto você segurar, você também está preso.

18) Número mínimo e numero máximo de golpes. Como o inimigo é o IVAN, não acreditamos que ele vá desistir ou parar porque acertamos um golpe, por melhor que ele seja. Dai, treinamos para desferir 5 golpes, sempre. Bater incessantemente também acarreta em outro risco, que é dar chance para amigos dele chegarem. Portanto, se executa 5 golpes, verifica se existem inimigos ao redor, 5 golpes, etc. Não conseguimos ver um inimigo quando estiver a cerca de 6 metros quando sua atenção focaliza no inimigo. Os 5 socos são dados comparando

com o tempo de deslocamento de um segundo inimigo que se aproxima a 6 metros.

19) Defesas. Como citado anteriormente no artigo “Aspectos do Kombato: Movimentação”, defesas não são muito úteis, exceto se combinadas com movimentação e esquivas. Elas são citadas em bloqueio, e defesa. Bloqueios absorvem pancada, e isso tem um limite, ainda mais lembrando que é um IVAN (ou seja: Inimigo mais forte, ou vários inimigos, ou ainda armado!). No Kombato se usa bloqueio de cabeça contra cruzados, tapas, etc, mas bloqueios de frente somente quando o Kombatente está encurralado.

20) Resistência localizada. Não existe nada de saudável ficar tomando socos na cabeça para se acostumar. Isso é a antítese da segurança. É como ir ao dentista, e voltar de lá com cáries,

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lesionado. No entanto, as partes que tem mais musculatura podem ser treinadas para resistir a pancadas, e com pouco tempo de treino e nenhum risco. Dai a resistẽncia localizada. O treinamento não deve ser todos os dias; nem todas as semanas. Pode-se treinar bem o abdômem, as coxas, o latíssimos dorsi com um parceiro de treino batendo de forma gradual e controlada em cada uma destas partes do corpo. Para treinar a cabeça para evitar os nocautes, o ideal é treinar o pescoço sem pancadas, e depois com um parceiro já com a palma da mão na testa, empurrando a cabeça para trás e o kombatente tentando segurar a cabeça no lugar. Naturalmente deve-se evitar socos nas regiões do coração, mamilos. E mulheres não devem receber socos nem no tronco, e no abdômem, apenas com muito cuidado, sem causar nenhum tipo de dor ou lesão.

21) O Kombato usa sequencias ao invés de 1 golpe. Técnicas de combate que investem toda a potência em um único golpe, geralmente focalizam em dar um golpe devastador, usando toda uma mecânica direcionada para isso. No entanto, nos testes práticos, é muito difícil (extremamente improvável), se conseguir acertar o inimigo com um único soco e ainda obter o nocaute. O Kombato portanto investe em combinações de 5 golpes para que obtenha mais resultado.

22) Dor é um fator individual. E é dividido em 4 fatores, dos quais um é o cognitivo. Se o seu inimigo já está acostumado com dor, você terá que acertá-lo muito mais vezes até que ele desista, portanto isso é um fator que consome tempo, e aumenta os riscos. Desta forma, a prioridade é bater em locais onde haverá dano estrutural, que impede o inimigo de continuar. Sendo o alvo principal o joelho. Se o inimigo não consegue ficar em pé, não tem praticamente chance de continuar. Se você chutasse a coxa, ele sentiria a dor, mas haveria grande chance de continuar. Quando falamos no uso de armas, como bastões e facas, os alvos naturalmente são outros, e existem muito mais opções.

23) Princípio de Hicks e princípio de Berg. São dois princípios que utilizamos como base para o treinamento, O princípio de Hicks se baseia em ter menos decisões para ter decisões mais rápidas. O de Berg em treinar o seu corpo para menos opções de técnicas, para ser mais rápido. Da mesma forma, portanto, não podemos ter 3000 golpes se queremos ser efetivos. Poucos golpes e bem feitos é uma opção bem melhor. Apesar do Kombato ensinar diversos golpes traumáticos, o aluno pode e deve, como “dever de casa”, treinar os golpes que

considera mais eficazes para ele.

24) Ao mesmo tempo que não podemos ter muitos golpes para poder aprender com qualidade, temos que ter uma variedade de golpes suficientes para poder resolver todos os problemas encontrados. Portanto o número de técnicas a ser aprendidas é regulado para cima para cobrir as necessidades, e para baixo para ser efetivo.

25) Treinamento de repetição. Golpes traumáticos precisam ser treinados todas as aulas, sem exceção. golpes traumáticos não são movimentos naturais para o corpo humano. Apenas agarrar e empurrar são movimentos naturais, assim como lutar no chão. Por isso é necessário treinamento destes golpes todas as aulas, de diversas formas, para que se tornem uma segunda natureza.

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26) Chutes são menos úteis do que socos, e não são úteis em ataques de grupo, pois as pernas serão usadas primariamente para se deslocar. Quando existe mais de um oponente, é altamente proibitivo usar as pernas. Exceto talvez no primeiro momento, onde um pisão pode ser bem utilizado para impedir o avanço de um inimigo. Mesmo com o uso dos chutes sendo restrito, precisamos treiná-los com a mesma quantidade de tempo que os socos, pois as pernas são menos hábeis, por razões evidentes.

27) Mecânica Ideal, Timing, Noção de Distância, Potência e intenção. É o que cada golpe precisa para obter a perfeição. É importante notar que, depois dos primeiros golpes, e dos primeiros segundos, a forma perfeita ou timing vai desaparecendo; devido a adrenalima, visão de túnel e falta de oxigênio. Mas quanto mais treino se tiver, mais próxima da perfeição se manterá, e melhor controle da respiração.

28) SITREP. Os Sitreps (Sistema de treinamento repetitivo), são formas ideais de aprender a usar as ferramentas que são os golpes traumáticos, porém aliados a projeções, defesas, movimentação, contra ataques etc.

29) A Mecânica Ideal é a melhor forma de executar o golpe, ou seja, reduzindo o impacto para o usuário, aumentando o dano, e melhorando a velocidade. Todos os esportes tem movimentos que dependem de uma mecânica ideal. Tênis, beiseball, futebol, natação, etc. Artes marciais e defesa pessoal não é diferente. Cada soco, casa chute no Kombato tem uma mecânica própria. No momento de stress, o nível técnico comprovadamente cai, mas quanto mais próximo do ideal melhor.

30) Timing significa estar no momento certo, na hora certa. Para isso deve-se treinar bastante com manoplas em movimento. Mas as manoplas devem ser colocadas em todas as direções, não apenas a sua frente, pois não treinamos para um só inimigo.

31) Noção de distância. Algumas artes marciais usam como distância a extensão completa do braço ou perna. No caso do Kombato é aproximadamente 70-80% do braço ou perna. Para que o impacto atravesse o alvo. Em todos os golpes. Treinamento com pneu como alvo ajuda

muito a entender quando o golpe “atravessa” o alvo, pois o pneu dobra. Além disso, com o alvo querendo evitar o conflito, e usando de esquivas e movimentações para evitar o golpe, este detalhe se torna ainda mais importante.

32) Intenção. Você pode ter um golpe com todas as características acima sincronizadas perfeitamente, mas se a intenção for ser “suave”, não adianta nada, pois não haverá impacto.

33) Potência. Se o golpe não tiver poder de destruição, ele nada vale. Dai o treinamento físico direcionado para força e explosão ser primordial.

34) Golpes arriscados, são os que levam muito tempo para serem completados, e também chutes acima da linha do peito. Então isso exclui chutes altos, e chutes altos giratórios. Esta é mais uma razão para no Kombato não existirem chutes altos. Isso não significa que o Kombatente é proibido de utilizá-los, porque, afinal de contas, existe a experiência pessoal de cada um. No entanto não recomendamos. Todos os riscos devem ser evitados na rua.

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35) No treinamento é necessário haver chutes altos, mas apenas para função educativa - um Kombatente usa os chutes altos para que o seu colega de treino aprenda a defender. E só. Não usamos chutes altos. Da mesma forma ganchos (hooks, socos) no tronco; apesar dos kombatentes não usarem este golpe, pois a chance de lesão é grande, em especial nos polegares devido a chance de acertar o cotovelo do inimigo.

36) Bater incessantemente. Depois de sair de apresamentos, sempre se dá 5 ou mais golpes traumáticos, depois se recua e olha-se para um lado e para o outro. Bater depois de sair de golpes traumáticos é importante porque apresamentos acontecem somente quando o Kombatente não consegue evitar; e isso é, geralmente quando se é pego de surpresa. Quando se é surpreendido não se sabe exatamente quantos inimigos são e onde eles estão, e se é possível executar o LÁPIS.

37) LÁPIS: Localizar Armas próprias (incluindo as suas corporais), Armas impróprias (objetos que podem ser utilizados como arma), e pontos de saída (por onde fugir). É a sigla sobre o que fazer depois de sair de um apresamento ou de uma situação difícil.

38) No Kombato não usamos fintas. Fintas consomem tempo, e podem ser perigosas, pois o inimigo pode não reagir como deveria, e o tiro sair pela culatra.

39) Chute frontal nos testículos com ponta do pé, canela ou bola do pé? Tanto faz. Em especial porque estamos quase todo o tempo calçados nas ruas. O que importa é o chute alcançar, portanto em alguns casos a ponta pode ser útil.

40) Os golpes com membros superiores e cabeça são são: Jab no queixo / Jab no tronco Direto no queixo / direto no tronco Cruzado no queixo

Cruzado no tronco Jab e direto no tronco Cotoveladas horizontais, verticais, diagonais para todas as direções martelos para frente, lado, trás, giratório etc Aríete Cabeçada

41) Os golpes com membros inferiores são Circular na perna - Uso didático, e para alguns usos na segurança. Joelhada no genital Joelhada do Kombato - desferida pelo lado, para evitar que o inimgo desfira uma joelhada também Pisão no abdômen Pisão no joelho de frente, lado, obliquo, e giratório circular na perna, tronco e cabeça (este último apenas para uso acadêmico) Pisão no tronco de lado giratório no tronco martelo para frente, lado, costas, reverso e giratório

42) Tendo apenas 1 hora para ensinar apenas os melhores golpes traumáticos, ensinaremos o golpe do carpo, e os três pisôes: pisão reto, pisão de lado e oblíquo.

43) Os chutes circulares tem duas versões para a perna de apoio. Quem é leve, ou seja, abaixo dos 80 kilos, pode levantar o calcanhar da perna de apoio para poder girar sem lesionar o joelho; quem tem mais de 80 kilos, deve dar uma passada em 45/90 graus com a perna de apoio, antes de desferir o chute. Isso se deve ao risco de lesionar o joelho de apoio ao dar o chute.

44) Os chutes circulares tem duas versões para o chute. Pode-se treinar o chute girando, ou seja, de forma “longa”, atravessando o golpe; ou versão curta, parando no alvo. O treino com

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giro é mais eficaz. Porém, deve-se lembrar sempre que é um chute de risco (porque o inimigo pode levantar a perna de defesa e ele sendo maior, o impacto de retorno na perna é enorme, podendo dar uma lesão maior em quem chuta do que em quem recebe), e por isso o foco do Kombato, são os chutes de pisão, que tem baixo índice de lesão de retorno. De qualquer forma, este é um chute que só será usado com função real para não lesionar o inimigo. Pode- se dar o chute circular de forma descendente, e assim evitando o joelho e canela do inimigo - mas de qualquer forma, sempre será mais complexo e menos efetivo do que um pisão no joelho.

45) Alguns golpes só funcionam em combinação. Martelo giratório só funciona precedido de um jab, cotovelada na nuca só funciona depois que o inimigo dobrou-se na altura do abdomem por resultado de outro golpe; chute giratório só funciona depois de uma sequencia de golpes, de preferência socos (pela distância), ou como contra-ataque.

46) Treinar golpes traumáticos recuando ou não? Em algumas artes marciais não se usa golpes quando se recua. No Kombato sim. Mas existe a forma Kombato de recuar, que é diferente, pelo menos no caso do recuo total com chutes. Naturalmente, o Kombatente só recua porque o inimigo avança. Se ele não recuar, é atingido.

47) O recuo total é mais rápido do que o meio recuo, porém existe o risco de se cruzar as pernas e se tropeçar. No entanto, a potência do golpe recuando é maior quando se usa esta movimentação. Mas vamos tomar esta movimentação por referência para o uso da movimentação com o chute. O Kombatente fez o recuo total. Se ele chutar recuando e usar a perna de trás (ou seja a que acabou de se mover), vai gastar tempo. Então o correto do ponto de vista do Kombato é: recuo total, chuta com a perna que permaneceu a frente, e depois cai com a perna que chutou a frente (para poder atacar com socos por exemplo), e não chutar e recuar novamente. Como esta é uma movimentação mais complexa para se aprender, podemos usar o seguinte recurso: O parceiro avanço com a manopla e o Kombatente recua e chuta; mas no momento em que ele acerta a manopla, troca-se a manopla para a posição de socar jab-direto (ou outro soco). isso faz com o que o Kombatente recue, use a perna certa, e depois caia a frente para socar.

48) Os pisões no joelho podem ser feitos avançando com avanço rápido ou avanço total. Mas para recuar, só é possível serem feitos com meio recuo e recuo total.

49) Golpes para uso didáticos é como chamamos os golpes que temos que aprender, apenas para que seja possível aprendermos a defesa. Golpes traumáticos para uso didático apenas: Circular na cabeça (a defesa usada para este golpe é a mesma para todos os demais chutes na cabeça), Circular no tronco.

50) Manoplas. O uso das manoplas é essencial, porém o ideal é utilizar diversas manoplas para obter o melhor resultado. 4 tipos de manoplas/alvos são usadas no Kombato: manoplas comum para socos (como usada no boxe), raquete (como usada no TKD), manoplas grande para chutes “Manoplão” (como usada no Muay Thai e Kyokushin), e Pneu (usada somente no Kombato).

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51) Todos os chutes devem iniciar seu treinamento pela manopla de raquete. Os chutes circulares devem ser treinados no manoplão também, e alunos mais graduados usando o pneu (que tira a sensibilidade da área, e dá o sentido de resultado melhor, pois o pneu dobra para dentro quando o peso é usado corretamente); alguns alunos vão preferir usar caneleira para proteger a canela ao usar o pneu. Os pisões devem ser treinados com raquete ( inclinada em 45 graus quando os pisões são no joelho, ou transversal ao chão quando o pisão é no tronco; quando o pisão é no tronco com manoplão, e depois todos com pneu, que demonstra melhor o resultado do impacto. As joelhadas são treinadas com manoplão (a 45 graus do chão), e com pneu.

52) Os golpes com membros superiores devem ser treinados com manoplas de boxe, com manoplão quando no tronco, e com pneu, porém usando luvas, de poucas onças.

53) Alguns chutes só são executados ou com a perna da frente ou com a de trás. Pisão de Lado no joelho ou tronco só com a perna da frente (se usasse a perna de trás, seria mais eficaz usar um pisão comum). Oblíquo com a perna de trás (para a maioria das pessoas é antinatural usar a perna da frente com este chute). Giratório com a perna de trás (para fazer com a perna da frente seria necessário um giro a mais, o que seria desnecessário e perigosa para o praticante por perder tempo e se expôr).

54) O recuo rápido é uma movimentação mais rara de se usar, mas é a mais útil quando se está parado e se precisa evacuar rápido para evitar por exemplo, um pisão no joelho ou uma pancada de bastão no mesmo local. Não se consegue, no entanto bater recuando usando esta movimentação.

55) Um bom treinamento de movimentação e golpes traumáticos se utiliza de uma manopla e um bastão. O parceiro oscila o bastão na altura da cintura do Kombatente. A outra mão do parceiro segura uma manopla, ao lado do rosto. O Kombatente tem que entrar e sair no tempo certo para acertar e recuar.

56) Os leigos de uma forma geral pensam em socar logo os olhos e o nariz do inimigo. Mas isso tem um grande risco: um mínimo movimento do inimigo inclinando a cabeça para a frente faz com que se quebre os dedos socando na testa. Dai, nosso alvo principal é o queixo. Se ele mover a cabeça, acertamos o nariz.

57) A movimentação quando feita da forma correta, na direção do alvo amplia o impacto do golpe. Mesmo uma meia passada já aumenta o impacto.

58) Qual a diferença entre usar o golpe do carpo (escala ou calcanhar da mão), e um soco em linha (jab, direto). O dano do soco é um pouco maior e tem mais alcance do que um golpe com o carpo. No entanto sempre tem mais risco de lesão para o próprio agente. Alunos que tem dedos finos, ou tem pouco treinamento, sejam homens ou melhores tem sempre a opção de usar bem o golpe do carpo.

59) A respiração deve ser cadenciada com os golpes. Se solta o ar (pelos dentes, nunca de boca aberta) quando se executa um golpe, e se inspira nos intervalos. Não se engane achando que isso fará pouca diferença em um combate real porque ele só dura poucos segundos. Pois os

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15-30 segundos que podem durar um conflito parecerão uma eternidade devido a adrenalina, visão de túnel, stress pelo risco.

60) Golpes traumáticos podem ser usados não apenas em situações de combate, mas em qualquer situação a qual o inimigo vier na sua direção, mesmo para lhe dar um apresamento. Não é necessário esperar que o inimigo lhe agarre para fazer uma defesa. Apenas reaja batendo!

61) As sequencias devem ser feitas sem intervalo. Quando a mão está retornando a guarda, a outra já está saindo, etc.

62) Parece descenessário lembrar, mas é importante manter a guarda alta em todas as situação de combate. Quando se chuta baixo, é comum deixar os braços descerem, para ajudar a manter o equilíbrio, e isso é muito perigoso. Nunca abaixe a guarda!

ASPECTOS DO KOMBATO 04: DEFESAS, ESQUIVAS E CONTRA ATAQUES DE GOLPES TRAUMÁTICOS

Este artigo deve ser lido depois do artigo de movimentação, e de golpes traumáticos.

1) Existem três tipos de defesa. Bloquear, Acelerar e Desviar (BAD). Existe também a absorção do golpe (só não é possível se for com armas de corte, e extremamente perigoso se forem armas de impacto).

2) Como citado anteriormente, as defesas não são verdadeiramente úteis, exceto quando somadas a movimentação e a esquiva.

3) Para o Kombatente, uma defesa é sempre uma parte do contra-ataque. É possível fazer o contra-ataque sem defesa, mas o ideal é que não exista defesa sem fazer o contra-ataque.

4) Contra-ataque é mais importante do que a defesa pura e simples, porque pode parar o agressor. Uma defesa geralmente só dá ao Kombatente um pouco mais de tempo, ou seja: adia uma possível derrota. Só ataques e contra-ataques podem terminar um confronto físico.

5) Bloqueio é quando você usa os braços ou pernas como “escudo”, ou seja, a pancada fica sendo levada no membro, ao invés de chegar ao alvo desejado pelo inimigo. Como o seu inimigo é o IVAN (Inimigo de maior volume, armado ou número), bloqueios só servem por um tempo mínimo, e poucas vezes (o seu braço/perna não aguenta receber pancada muito tempo feita por um inimigo maior, se ele estiver armado menos ainda, e em maior numero não se consegue proteger o corpo todo contra pancadas vindas de todos os lados).

5) Desvio. Desvio é um tipo de defesa que só existe contra socos retos. Não importa muito a força do oponente neste caso, mas importa a velocidade dele. Quando mais veloz o ataque mais difícil fazer o desvio, mas neste caso, o desvio bem sucedido dá mais resultado (por simples física). Não é necessário força para desviar um soco, apenas bater no pulso no tempo certo.

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6) Absorver o impacto só é possível se for em áreas bem treinadas para receber o impacto, e se for áreas com musculatura densa. E é o último dos recursos. São treinados os peitorais, abdomem, asa (Latíssimus dorsi) e coxa. Trabalho de flexão, agachamentos e abdominais como fornecido no aquecimento e com o Kettlebell é essencial.

7) MEC. Movimentar é o principal, Esquivar secundário e Defender terciário. Todos os três devem trabalhar em uníssono, para maior segurança. Este é o axioma do Kombato.

8) Contra-ataque pelas 4 portas. Na arte marcial filipina do Silat, aprendemos que para cada golpe dado, existem 4 portas. Esta filosofia foi absorvida pelo Kombato. Em cima

do membro, por baixo, por dentro (lado quente), e por fora (lado frio). No Kombato verificamos que destas 3 portas, geralmente tem 2 abertas, e é quase impossível o atacante deixar todas “fechadas” para um contra-ataque.

9) A porta aberta depende de onde o Kombatente está em relação ao inimigo (frente, trás, direita ou esquerda), a diferença de altura, e as armas envolvidas (braço, perna ou arma). Para desenvolver a habilidade de dar o contra-ataque, é necessário um exercício: um aluno dá um ataque, o Kombatente se movimenta evitando, e depois dá 1 contra ataque em uma das portas abertas.

10) No Kombato não bloqueamos chutes com o antebraço, muito menos com a mão. Isso é claramente arriscado por duas razões: A primeira é bem óbvia - opor a pancada de um chute dado por alguém maior e mais forte com a canela ou pé, é apenas masoquismo (talvez até quebre o braço). A segunda é que dependendo da distância, ao abaixar a mão do rosto para defender um chute, pode ser a oportunidade que o inimigo precisa para acertar sua cabeça; pois se estará sem a guarda.

11) BLOQUEIOS

Bloqueio de cabeça: contra tapas, e demais golpes que por fora até a cabeça, como cruzados, etc (BR). Também usado contra cabeçadas (VR2). Quando usada contra chute circular na cabeça (VR3 quando em pé, e VR1 E VR2 quando o Kombatente está no chão), se usa a palma da mão livre para amortecer, no joelho ou próximo. Este bloqueio e usado tanto em pé quanto no chão, contra socos ou chutes.

Bloqueio de tronco: Abaixando o bloqueio para proteger as costelas e baço contra socos e chutes. (BR)

Bloqueio de chutes baixos: Contra chutes frontais, levantar a canela usando o joelho para baixo. Contra circulares entrando com o joelho na direção do inimigo. Em ambos os casos, se pode usar a mão do jab ao mesmo tempo para empurrar ou socar. (BR)

Bloqueio de joelhada: Usar a ponta do cotovelo na parte anterior da coxa dos inimigos. (VR1)

Bloqueio híbrido: Usado quando a trajetória do golpe do inimigo não está bem definida (um swing ou “mata-cobra”, por exemplo). Então serve para bloquear até mesmo golpes em linha. (BR)

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12) ACELERAR

Acelerar chutes. Acelerar é quase como fazer um desvio, porém ajudando/empurrando a arma que o ataca para longe (quase sempre perna). Dificilmente valeria a pena acelerar um soco, pois são movimentos curtos, e acelerar não afetaria em nada o equilíbrio do inimigo. Para maior efeito, deve-se acelerar “retendo” ou “segurando” a perna do inimigo um segundo. Isso dá um tempo ao kombatente, que permite que ele consiga alcançar até mesmo as costas do inimigo. (VR1)

13) DESVIOS

Defesa para dentro com a palma: Usada contra Jab, direto quando são dados em direção ao rosto, peito ou pescoço. Este desvio é usado tanto em pé quanto no chão, contra socos. (BR)

Defesa para dentro com o antebraço: Usada contra Jab, direto quando são dados em direção ao plexo solar, abdomem. (BR)

14) ESQUIVAS O Kombato contém todas as esquivas do Boxe (para trás, para o lado) exceto o pêndulo, que é mais perigoso devido as respostas com joelhada. Para as esquivas serem bem feitas, é necessário um bom trabalho de abdominal e estabilização, que é dado no aquecimento, e no treinamento com Kettlebell. (BR)

15) O treinamento com manoplas não deve ser apenas alvos para ataques, mas manoplas forçando movimentação, esquivas etc. Se o treinamento for feito da forma correta, simulando um confronto, é um treinamento aeróbico até mesmo para quem segura as manoplas.

16) Esquivas e defesas podem e dever ser treinadas também com bastões espumados, simulando membros que atacam.

17) CONTRA-ATAQUES. A frase “a melhor defesa é o ataque”. É 100% verdadeira quando se fala em Kombato.

18) Os melhores contra ataques quando se tem um oponente são os pisões no joelho. Não é necessário fazer defesas para fazer este contra ataque, e eles mantém a distância do inimigo. Podem contra atacar contra socos, e contra qualquer chute (pisando na perna de apoio). (BR, VR1, VR2)

19) Quando não se consegue contra-atacar em alvos mais frágeis como joelho, nariz, etc, se faz o contra ataque nos membros que atacam. É relativamente fácil nos braços, quando socam, mas também é possível fazer o mesmo com chutes nas pernas que atacam (porém é consideravelmente mais difícil).

20) Um contra-ataque é altamente desestimulante.

21) Defesas aperfeiçoadas. A medida que se avança no Kombato, se aprende a aperfeiçoar as defesas de forma a se poder dominar ou lesionar o oponente. É necessário, naturalmente se dominar as versões mais básicas de cada uma destas defesas antes. (VR1 em diante) Bloqueio de cabeça ou tronco aperfeiçoado. Se usa o cotovelo um pouco aberto para lesionar a mão, pé,

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canela ou antebraço do ataque do inimigo. Também se usa com o cotovelo ligeiramente mais alto para poder “capturar” o ataque do inimigo na axila. Desvio de soco para o cotovelo. Se usa a palma para joga um soco para o cotovelo, de forma a fazer com que o inimigo soque o cotovelo, lesionando consideravelmente a mão.

22) Em alguns casos, é possível se reter a perna ou braço do inimigo depois de um golpe. isso permite diversos contra-ataques. Projeções, golpes traumáticos em sequencia etc. (VR3)

23) Existem situações (todas estudadas na VR3), as quais se faz o contra-ataque justamente quando o inimigo lhe acerta (ou seja, o Kombatente falhou na defesa). No Kombato devemos treinar também para os possíveis erros, e tirar proveito deles.