astropt jun2011
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AstroPT Magazine. Edição de Maio de 2011. Publicação mensal com os posts relevantes do sítio astropt.org Não perca neste número o eclipse lunar, a Física por detrás das Supernovas, astrofotografia, etc.TRANSCRIPT
astroPT magazine
Junho 2011 Volume 1, Edição 5
© Cristóvão Cunha
APOD/NASA
A imagem de capa deste mês é do Eclipse Lunar, da autoria de Miguel Cla-ro.
O Miguel Claro, para além de ser o nosso cola-borador, é um exímio
astrofotógrafo, reconhe-cido internacionalmente. As suas fotos já aparece-ram em vários meios de comunicação social, como revistas, jornais, páginas da internet, Cd-rom, TV, etc. (saber mais aqui).
Recentemente inaugurou a sua exposição na Tagus-park, que estará exposta até 15 de Novembro (saber mais aqui).
José Gonçalves
Foi quarta-feira, dia 15 de Junho de 2011, que poderemos observar mais um Eclipse Lunar. Sendo estes eclipses menos espectaculares que um solar, no entanto estes são visíveis com uma maior fre-quência.
Como é sabido, o eclipse lunar ocorre sempre durante a fase da Lua cheia. Como o plano orbital da Lua está inclinado 5° em relação ao plano da órbita da Terra, nem todas as fases de Lua cheia levam a ocorrência do eclipse.
Este apesar de ser um eclipse total, em Por-tugal, quando a Lua nascer no horizonte o eclipse já estará a decorrer, pelo que será um nascimento já
Eclipse Lunar de 15 de Eclipse Lunar de 15 de
Junho de 2011Junho de 2011
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Junho 2011 ECLIPSES
eclipsado.
O eclipse tem inicio às 17:24 TU e termina às 23:00 TU, mas o mais interessante do eclipse, pela sua visibilidade ocorre entre as 19:22 TU e 21:02 TU, que é a parte da
totalidade (na imagem em cima os contactos U2 e U3).
João Clérigo
CapaCapa
Imagem: Revista portuguesa: "Quero Saber"
Revista na área da Divulgação Científica. Um Licenciamento
da inglesa "How it Works".
Olhar Global: Entrevista:
"Miguel Claro em discurso direto"
Saiu em Julho de 2011
10ª Edição - Já à venda nas bancas Foto: Cristóvão Cunha
Descobertas Descobertas
AstronómicasAstronómicas
Um livro interessante sobre as 100 descobertas mais importantes na história da astronomia. Leiam sobre o livro, aqui, aqui, e aqui.
Carlos Oliveira
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Volume 1, Edição 5
Como diz o Diário Digital: “Cientistas confinam anti-matéria durante 16 minu-tos. (…) Por ora, a novidade é mesmo o aprisionamento de longo período. (…) O grupo já havia confina-do anti-hidrogénio antes, no ano passado, mas por apenas pouco mais de um décimo de segundo. O salto para mil segundos (um aumento de 5.000 vezes no tempo de captu-ra) rendeu a publicação na revista Nature Physics. O próximo passo é desco-brir mais sobre essas «criaturas ariscas». (…)”
E como escreveu o nosso leitor Ricardo André: “CERN – Capturados áto-mos de antimateria por 16 minutos. O Centro Europeu de Pes-quisa Nuclear (Centre Européen pour la Recher-che Nucléaire – CERN) conseguiu capturar áto-
mos de anti-hidrogénio ao longo de mil segun-dos, tempo considerado suficiente pelos cientistas para os começar a estu-dar. Até agora, as expe-riências só tinham conse-guido capturas por frac-ções de segundo. Este avanço foi comunicado por Jeffrey Hangst, em nome dos participantes da experiência ALPHA. Um átomo de hidrogénio é formado por um protão com uma carga eléctrica positiva e por um elec-trão de carga eléctrica negativa. Um átomo de anti-hidrogénio é consti-tuido por um protão negativo e por um elec-trão positivo. A antimaté-ria pode ser descrita como o “espelho” da matéria que conhecemos, mas continua a ser difícil de observar, porque todos os átomos de anti-matéria se eliminam ao
contacto com a maté-ria. Nesse contacto é produzida uma enor-me quantidade de energia. O que os cientistas do CERN agora consegui-ram foi estender con-sideravelmente o tempo de captura de átomos de antimatéria, neste caso anti-hidrogénio. Os pri-meiros átomos de anti-hidrogénio foram produ-zidos pelo CERN desde 1995. Na experiência ago-ra feita no acelerador de partículas, conseguiu-se a captura por 16 minutos de 309 átomos de anti-hidrogénio.”
Leiam mais sobre isto, aqui, aqui, aqui, e aqui.
Será que o motor da Enterprise está já à
espreita?
Por último, refiro que esta notícia já tinha saído
na imprensa internacio-nal há 1 mês atrás. Como me avisou o José Gonçalves, ele próprio já tinha escrito sobre isto, neste post. Mas só chegou agora à imprensa portuguesa e brasileira… porque 1 mês depois, saiu a notícia na revista Scientific Ameri-can… Ou seja, pelos vistos andamos 1 mês à frente da imprensa portuguesa e brasilei-
ra eheheheheeh
Carlos Oliveira
Antimatéria capturadaAntimatéria capturada
LITERACIA CIENTÍFICA
PUB
AstroPT alojado por: Grifin
http://www.grifin.pt/
Hoje acordei, passei uns
minutos a tentar abrir os
olhos, tomei banho,
tomei o pequeno-almoço,
ainda meio ensonado…
ligo o computador para
ver se o mundo já aca-
bou, e reparei que tenho
uma data de mensagens
de pessoas amigas a
enviar-me esta notícia.
Por um lado, fico conten-
te. Fico contente por não
só os amigos se lembra-
rem de mim, mas sobre-
tudo porque as pessoas
lêem estas notícias e ime-
diatamente pensam em
mim. Em termos de lite-
racia funcional, isto é
excelente.
Por outro lado, começo a
ler esta notícia, e começo
a “subir as paredes” com
o tipo de jornalismo que
estou a ler. É que isto não
é jornalismo. Isto são
copy-paste e uma total
ausência de sentido críti-
co. O jornalismo deveria
ter sempre uma parte
cerebral por parte dos
jornalistas, em que estes
procuram fontes, pesqui-
sam, contactam especia-
listas, etc… infelizmente
também há maus jorna-
listas, e sobretudo devido
à net, o que se vê muito
actualmente é simples-
mente o uso do copy-
paste, sem qualquer pen-
samento racional por
trás, sem sequer pensa-
rem naquilo que estão a
divulgar.
Pela imprensa internacio-
nal, está a ser divulgado
que o astrónomo Russo
Andrei Finkelstein disse
que nos próximos 20
anos vamos encontrar
extraterrestres, e estes
serão como os humanos.
Podem ler em inglês, por
exemplo aqui eaqui.
E como me informaram, os jornais portugueses, como o Expresso, já deci-diram fazer copy-paste dessas notícias, traduzi-das para português, sem qualquer pensamento crítico por trás.
Segundo o Expresso:
“Quem o garante é um
dos mais conceituados
astrónomos russos.
Andrei Finkelstein disse
ontem que “existe vida
noutros planetas e vamos
descobri-la nos próximos
20 anos”. (…)
Segundo o diretor do Ins-
Astrónomo Russo diz “Humanos encontram extraterrestres nos próximos Astrónomo Russo diz “Humanos encontram extraterrestres nos próximos
20 anos” ?20 anos” ?
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tituto de Astronomia
Aplicada da Academia de
Ciências Russa, Andrei
Finkelstein, “a génese da
vida é tão inevitável
como a formação de áto-
mos… Existe vida noutros
planetas e vamos desco-
bri-la nos próximos 20
anos”.
Segundo a agência noti-
ciosa Interfax, Finkelstein,
que falava num fórum
internacional dedicado à
pesquisa de vida extrater-
restre, disse ainda que
10% dos planetas conhe-
cidos da Galáxia, que
orbitam à volta de sóis,
são semelhantes à Terra.
Se é possível encontrar
água, também deverá
haver novas formas de
vida, afirmou o cientista,
assegurando que os
extraterrestres deverão
Junho 2011 LITERACIA CIENTÍFICA
ser muito semelhantes
aos humanos, com dois
braços, duas pernas e
uma cabeça.
“A cor da sua pele poderá
ser diferente, o que já
acontece nos humanos”,
acrescentou.
Finkelstein gere um pro-
grama, lançado nos anos
60, no auge da Guerra
Fria e da corrida ao espa-
ço, para analisar os sinais
captados por radioteles-
cópios. (…)”
Mas o que realmente se
passou? Houve um simpósio do SETI em St. Peters-burg chamado “The Search for Extraterrestrial Intelligence”. Ou seja, para ver se per-cebem: o simpósio tem por objectivo fazer passar a ideia que existe vida inteligente no Universo, e que essa vida inteligente é como nós: com uma cabeça, com 2 braços, com 2 pernas, que pen-sam como nós, que têm radio-telescópios como nós, etc. E estas são precisamente as características que o
SETI presume nos ETs. Por isso é que andam a tentar ouvi-los há déca-das. E há décadas que andam a dizer o mesmo: vamos encontrá-los nos próximos 20 anos.
Ou seja, isto não é notí-
cia nenhuma. É o mesmo
que andam a dizer há
décadas. Não dizem nada
de novo, mas denotam
uma total falta de imagi-
nação quanto às possibi-
lidades da vida.
E curiosamente é o mes-
mo que SEMPRE se pen-
sou. Quando se pensou
em vida na Lua, também
era como a nossa. Quan-
do se pensou em vida em
Marte no início do século,
também era igual a nós.
Quando se vê ficção cien-
tífica (frequentemente
má no que toca aos ETs),
também normalmente
somos nós… etc…
É a mesma falta de imagi-
nação de sempre dos
autores… e é a mesma
falta de sentido crítico de
quem publica estas coi-
sas.
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Volume 1, Edição 5
Tendo em conta a exis-
tência dos constituintes
da vida tal como a conhe-
cemos por todo o Univer-
so, tendo em conta que
na Terra a vida existiu
desde sempre (mal o pla-
neta se formou, a vida
existiu), e tendo em con-
ta que na Terra existe
vida em todos os ambien-
tes (mesmo muito quen-
tes, muito frios, sem oxi-
génio, dentro de rochas,
no cimo das nuvens, etc),
então é MUITO PROVÁ-
VEL que a vida exista por
todo o Universo.
MAS tendo em conta os
diferentes tipos de vida
existentes na Terra e que
os humanos são somente
1 em milhões deles, ten-
do em conta que os
humanos são muito
recentes na Terra, tendo
em conta que radio-
telescópios são ainda
mais recentes (50 anos
em 4 mil milhões de
anos!!!), e tendo em con-
ta que os humanos são
muito limitados nos tipos
de condições que podem
viver, então probabilisti-
camente falando,
é basicamente impossí-
vel (no sentido de alta-
mente improvável)
encontrar outros huma-
nos no espaço. Os huma-
nos é que vêem muita
ficção científica e
ficam limitados por essas
ideias. Mas a realidade é
muito mais fantástica e
diversificada que a nossa
limitada imaginação.
Os Humanos têm a mania
que estão no centro do
Universo, que são muitos
especiais, e por isso limi-
tam-se a pensar que só
eles podem existir no
Universo. Enfim…
o geocentrismo psicoló-
gico persiste nas mentes
de muita gente. Tendo
em conta todo o conheci-
mento que já temos no
século XXI, só me lembro
de uma palavra para clas-
sificar estas mentes limi-
tadas: ridículo. Carlos Oliveira
Manual do Mundo – Canal de experiências no Youtube
Encontrei um canal no Youtube dedicado a experiên-cias de ciência, muitas das quais se podem fazer com materiais que temos disponíveis em casa. O canal, cha-mado “Manual do Mundo”, é mantido pelo jornalista
brasileiro Iberê Thenório e os vídeos são totalmente em português. Para acederem ao canal podem cli-car aqui e para o blog aqui.
Marco Filipe
ELITERACIA CIENTÍFICA
Novas técnicas e instru-mentos desenvolvidos
para ajudar medicamen-te astronautas no espa-ço, irão ser agora aplica-dos na Terra, sobretudo para ajuda médica em zonas mais remotas.
Exames de ultra-som feitos de forma remota serão assim muito mais fáceis de fazer com humanos na Terra. Leiam aqui, aqui, e aqui.
Carlos Oliveira
res, com disciplinas-estanque) e
que o estudo da astronomia tem
imensas aplicações no dia-a-dia,
astrónomos da Ohio State Univer-
sity que investigavam como os ele-
mentos químicos emitem e absor-
vem radiação dentro de estrelas e
próximo de buracos negros, desco-
briram que metais pesados, como o
ferro, emitem electrões de baixa
energia quando são expostos a
certas energias de raios-X.
Ora, isto é excelente para… comba-
ter o cancro! Pode-se assim comba-
ter os tumores, sem estragar a par-
te saudável.
Leiam a notícia, em inglês, aqui. Carlos Oliveira
Astronomia ajuda a medicinaAstronomia ajuda a medicina
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Junho 2011 VIDA
Mais uma vez provando que a ciência é multidisciplinar (ao contrário das noções escola-
Astronomia combate o cancroAstronomia combate o cancro
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Volume 1, Edição 5
Nuno Crato é o novo Ministro da Educa-ção, do Ensino Superior, e da Ciência, no novo Governo de Portu-gal.
Parece-me uma excelente escolha, não só pelas suas ideias educativas, mas até pela quantidade de divulgação científica, incluindo astronómica, que tem feito. Pessoalmente, só o conheço diretamente de eu ter co-organizado há uns anos atrás um curso sobre os Descobrimentos Portugueses para profes-
PU
BP
UB
sores Universitários nos EUA, e convidei-o para dar uma palestra. Ele foi super-simpático, aceitou o convite, e deu uma palestra excelente. Fiquei com uma óptima impres-
são dele na altura. Claro que como ministro, as tarefas serão diferen-tes, e por isso não sei se poderá ser “levado pelo sistema”, mas de qual-quer modo parece-me
uma excelente escolha. E não sou só eu, mas os professores portugueses também aplaudem a escolha. Carlos Oliveira
Apesar de ter um período de vida muito pequeno, os elementos com os números atómicos 114 e 116 foram oficialmente adicionados à Tabela Periódica. Os átomos com o número atómico 114 desintegram-se em poucos segundos e os
EDUCAÇÃO
átomos de número ató-mico 116 desaparecem numa fracção de segun-do, segundo as declara-ções de Moody (Ken Moody é um Químico do Lawrence Livermore National Laboratory). José Gonçalves
Nuno CratoNuno Crato
Vejam este blog com informação interessantís-
sima sobre física de partí-culas. Verdadeiramen-te excepcional e imperdí-vel é este conjunto de
Novos ElementosNovos Elementos artigos sobre diagramas de Feynman e a interac-ção entre partículas. Luís Lopes
Introdução aos Introdução aos
Diagramas de Diagramas de
Feynman e à Feynman e à
Física de Física de
PartículasPartículas
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Junho 2011 COSMOLOGIA
Investigando uma Colisão GalácticaInvestigando uma Colisão Galáctica
Uma equipa de cientistas estudou o
enxame de galáxias Abell 2744, o
chamado enxame de Pandora, e
reconstruiu a história violenta e
complexa deste enxame utilizando
telescó-
pios no
espaço
e no
solo,
incluin-
do o
Very
Large
Teles-
cope do
ESO e o
Teles-
cópio
Espacial
Hubble.
O enxa-
me
Abell
2744
parece
ser o
resulta-
do de
uma
junção
simultâ-
nea de,
pelo
menos,
quatro enxames de galáxias separa-
dos. Desta complexa colisão resulta-
ram efeitos estranhos, que nunca
antes tinham sido observados em
simultâneo.
Quando grandes enxames de galá-
xias chocam uns com os outros, o
resultado é um tesouro de informa-
ção para os astrónomos. Ao investi-
gar um dos mais complexos e invul-
gares enxames em colisão no céu,
uma equipa internacional de astró-
nomos reconstruiu a história de
uma colisão cósmica que ocorreu
durante um período de 350 milhões
de anos.
(…)
Os enxames de galáxias são as maio-
res estruturas no cosmos, contendo
literalmente biliões de estrelas.
O modo como se formam e se
desenvolvem através de colisões
repetidas
tem pro-
fundas
implica-
ções no
nosso
conheci-
mento do
Universo.
Estão em
progresso
mais estu-
dos do
enxame
de Pando-
ra, o obje-
to em
fusão
mais com-
plexo e
fascinante
alguma
vez
encontra-
do.
Leiam todo o artigo, na página do ESO.
Carlos Oliveira
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Volume 1, Edição 5 COSMOLOGIA
A supernova recentemente detecta-
da na M51 resultou do colapso gra-
vitacional de uma estrela maciça.
Neste “post” tento descrever, de
forma necessariamente simplificada,
em que consiste este mecanismo
designado tecnicamente de colapso
do núcleo, “core collapse” em
inglês. De notar que apesar do
mecanismo geral ser bem com-
preendido e corroborado pelas
observações, há inúmeros detalhes
que são ainda alvo de intenso deba-
te científico. Durante a sua vida, uma estrela maciça mantém um equilíbrio precá-rio entre a gravidade e a pressão da
radiação libertada pelas reacções de fusão nuclear que ocorrem no seu interior. Para tal a estrela recorre à fusão de vários elementos diferen-tes no seu núcleo: o hidrogénio, durante a sequência principal, depois o hélio, o carbono, o néon, o oxigénio, o silício, etc. De cada vez que um destes combustí-veis nucleares acaba, o núcleo contrai-se, a tempera-tura aumenta até que eventualmente o
núcleo se reconfigura e inicia a fusão do combustível seguinte. Por outro lado, a fusão dos tipos suces-sivos de combustível na zona central do núcleo dura cada vez menos tempo, como se pode ver pelo qua-dro que se segue (estes valores variam com a massa da estrela).
Crédito: Wikipedia. Esta sequência de reconfigurações
continua até que, mesmo antes de iniciar a fusão do silício, a nossa estrela apresenta uma estrutura estratificada em várias camadas. A estratificação resulta da tempe-ratura, densidade e composição do material contido nos vários pontos da estrela e que definem as reac-ções de fusão que aí podem ocorrer. Assim, da periferia para o centro temos: hidrogénio inerte, fusão do hidrogénio em hélio, fusão do hélio em carbono, etc. Na zona cen-
O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ?O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ?
A supernova 2011dh no dia 24 de Junho de 2011. Vizinhança da supernova ampliada em negativo. Crédito: Rafael
Ferrando.
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Junho 2011 COSMOLOGIA
O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ? (cont.)O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ? (cont.)
tral do núcleo da estrela, a fusão do silício realiza-se em apenas alguns dias. Por comparação a estrela passa vários milhões de anos na sequência principal transformando hidrogénio em hélio. O produto da fusão do silício é o níquel-56, um núcleo radioactivo que depressa decai em cobalto-56, também radioactivo, que finalmente decai no núcleo de ferro-56, muito estável. Rapidamen-te forma-se uma “cinza” de ferro no núcleo da nossa estrela. Quando a fusão do silício termina, a estrela tenta utilizar o ferro-56 no seu núcleo para desencadear a próxima sequência de reacções nucleares. A fusão do ferro-56 em núcleos mais maciços, no entanto, absorve ener-gia em vez de libertá-la, pelo que a zona mais interior do núcleo da estrela perde sustentação e começa a contrair-se sobre o seu próprio peso.
A determinada altura a temperatura
e densidade são tão elevadas que os
electrões livres começam a ser cap-
turados pelos protões nos núcleos
atómicos, formando neutrões e uma
quantidade enorme de neutrinos,
uma partícula esquiva que atravessa
rapidamente a estrela transportan-
do uma grande quantidade de ener-
gia. Por outro lado, a cada vez mais
intensa radiação gama começa a
dissociar os núcleos atómicos de
ferro transformando-os em núcleos
de hélio. Ambos estes processos
retiram do núcleo uma parte subs-
tancial da energia livre aumentando
ainda mais o seu desequilíbrio ener-
gético e acelerando o colapso. Tudo
isto se passa numa fracção de
segundo enquanto o resto da estre-
la continua a realizar a fusão nuclear
de forma sustentada sem suspeitar
do fim que se aproxima. A falência energética do núcleo faz com que este se contraia agora vio-lentamente, a uma velocidade que atinge cerca de 70 mil km/s (23% da velocidade da luz)! A contracção é interrompida, se o núcleo não for demasiado maciço, quando o mate-rial atinge a densidade de um núcleo atómico. Nestas condições, os neu-trões previamente formados, e que constituem agora a maior parte do material no núcleo, exercem uma pressão degenerada (um efeito quântico que deriva do Princípio de Exclusão de Pauli) que impede que o material seja mais comprimido. For-ma-se uma estrela de neutrões que liberta uma enorme quantidade de energia enquanto se estabiliza. Simultaneamente, a interrupção do colapso gera uma onda de choque que inicia a sua propagação para o exterior, actuando sobre as camadas adjacentes ao núcleo. Nesta fase, o núcleo atinge temperaturas na ordem dos 100 mil milhões de Kel-vin. A energia libertada pela formação da estrela de neutrões é transforma-da numa quantidade inimaginável de neutrinos e anti-neutrinos que atravessam a estrela com facilidade transportando a maior parte da energia libertada no colapso gravita-cional. No entanto, no seu percurso para o exterior, transferem uma pequena fracção da sua energia para a onda de choque gerada pela interrupção do colapso, e que mos-trava sinais de esmorecer (perceber como é feita esta transferência é um dos grandes pontos em aberto neste cenário). A onda de choque assim
Uma estrela maciça no final da sua vida. Note-se a estratificação da estrela em camadas onde
ocorrem diferentes reacções nucleares de fusão. Crédito: www.cliffsnotes.com
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Volume 1, Edição 5 COSMOLOGIA
energizada irrompe pela estrela e irá eventualmente destruí-la. O movi-mento da onda de choque compri-me fortemente o material nas cama-das exteriores, elevando a sua tem-peratura. Nestas condições dá-se uma rápida captura de neutrões por parte do núcleos atómicos presen-tes que, combinada com o decai-mento radioactivo, permite a produ-ção de elementos com número ató-mico superior ao ferro e níquel. Estas reacções têm o nome genérico de “processo R”. O ouro no seu anel, pulseira ou colar foi formado duran-te esta fase numa supernova. De notar que os neutrinos produzi-dos através da captura de electrões pelos protões e, depois, durante a
libertação da energia pela recém formada estrela de neutrões, trans-portam cerca de 99% da energia total de uma supernova de colapso gravitacional. A radiação que obser-vamos de uma supernova e a ener-gia cinética do material ejectado correspondem no total a cerca de 1% da energia libertada no colapso. Dependendo das características da estrela progenitora, a onda de cho-que só atinge a superfície da mesma algumas horas depois dos neutrinos formados no colapso terem por ela passado. Quando a onda de choque finalmente atinge a superfície, a supernova é visível pela primeira vez como um intenso “flash” de luz ultravioleta, seguido do aumento de
brilho no visível a que estamos habi-tuados. Este cenário para o colapso gravita-cional de uma estrela, previsto pelos teóricos há décadas, foi confirmado de forma espectacular naquela que foi, sem dúvida, uma das observa-ções mais importantes da ciência no século XX. No dia 23 de Fevereiro de 1987, às 7 horas e 35 minutos, tem-po universal, três detectores de neu-trinos: o Kamiokande II no Japão, o IMB nos Estados Unidos e o Baksan na ex-União Soviética – detectaram no total 24 anti-neutrinos durante um intervalo ligeiramente inferior a 13 segundos. Tratava-se de um fluxo anormal de anti-neutrinos muito energéticos, num curto intervalo de tempo e originários da mesma posi-ção no céu. Eram provenientes do colapso do núcleo de uma superno-va, mas na altura ninguém fez essa associação. No Chile e na Austrália, 3 horas depois, a luz da supernova foi detectada em placas fotográficas que só viriam a ser examinadas pos-teriormente. A descoberta oficial da supernova 1987A deu-se já no dia 24 de Fevereiro por Ian Shelton e Oscar Duhalde, a partir do Observa-tório de Las Campanas, no Chile, e por Albert Jones, na Nova Zelândia. Os neutrinos tinham viajado até nós directamente do núcleo da supergi-gante azul Sanduleak -69° 202a, na Grande Nuvem de Magalhães, no momento em que esta sofria o colapso gravitacional. Foi a primeira, e até agora a única, observação directa dos primeiros segundos do inferno de uma supernova. Luís Lopes
O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ? (cont.)O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ? (cont.)
Simulação do fluxo caótico de material a altas temperaturas em torno da estrela de neutrões
recém formada, não visível na imagem. Crédito: Don Lamb, ACS/Alliance FLASH Center,
University of Chicago.
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Junho 2011 COSMOLOGIA
Porque brilha a supernova na M51 ?Porque brilha a supernova na M51 ?
Num “post” anterior descrevi o pro-cesso que leva à explosão de uma estrela maciça e à formação de uma supernova como a que vemos actualmente na M51. Nessa altura parei a descrição quando a onda de choque proveniente do núcleo da estrela atingiu a superfície da estre-la, tornando a supernova visível pela primeira vez. O que anteriormente era uma estrela é agora uma enor-me bolha de plasma formado por núcleos atómicos, electrões livres e outras partículas em rápida expan-são. A velocidade de expansão atin-ge tipicamente os 10 mil km/h.
A luminosidade da supernova em expansão é proporcional à tempera-tura, e à área, da superfície que emi-te radiação para o espaço — a fotos-fera da supernova. Nos primeiros dias da expansão da supernova, a luminosidade no visível aumenta porque a temperatura desce deva-gar e simultaneamente a área da
fotosfera da supernova aumenta enormemente. Este cenário conti-nua durante vários dias até que a supernova atinge o máximo de lumi-nosidade no visível. A partir deste ponto, a descida da temperatura da fotosfera deixa de ser compensada pelo aumento do seu tamanho e a
luminosidade diminui rapidamente. Nesta fase, a supernova é uma enor-me bolha de plasma em expansão. O gás encontra-se quase na totalidade ionizado pelo que é opaco à radia-ção. Dito de outra forma, a única radiação que vemos da supernova é proveniente da camada mais exte-rior da bolha formada principalmen-te por hidrogénio ionizado e elec-trões livres. As camadas interiores da supernova, contendo os elemen-tos sintetizados pelas reacções de fusão nuclear, não são observáveis (fase “A”).
Entretanto, quando a temperatura atinge os 5000 Kelvin, os núcleos de hidrogénio recombinam-se com os electrões livres e o gás fica essen-cialmente transparente à radiação, permitindo que vejamos radiação proveniente de camadas mais e mais profundas à medida que a des-cida da temperatura se propaga ao interior da supernova. Este movi-mento da fotosfera para camadas progressivamente mais profundas da supernova sustém temporaria-
A curva de luz das supernovas de tipo “Ia” e de tipo “II”. Neste “post” falo apenas das super-novas de tipo “II” cujas curvas de luz variam bastante dada a grande diversidade de caracte-rísticas das estrelas progenitoras. A curva de luz de uma supernova deste tipo pode ser dividi-da em três fases distintas: “A”, “B” e “C”. Crédito: Pearson Prentice Hall, Inc.
A diminuição da temperatura da supernova da periferia para o interior permite a recombina-ção do hidrogénio, tornando o meio transparente à radiação e permitindo que mais luz escape para o espaço. A fotosfera da supernova regride rapidamente até encontrar uma zona mais central contendo elementos sintetizados, representada pelo círculo laranja. Crédito: Swinbur-ne University of Technology.
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Volume 1, Edição 5 COSMOLOGIA
mente a diminuição de luminosida-de abrupta que se vinha verificando, porque permite que mais radiação saia da supernova para o exterior. Na curva de luz, este efeito aparece como um “planalto” durante o qual a luminosidade da supernova se mantém quase constante (fase “B”). A existência deste “planalto” indica que a estrela progenitora tinha uma quantidade apreciável de hidrogénio nas suas camadas exteriores. De facto, a duração desta fase permite, com informação complementar, inferir parte da estrutura interna da estrela progenitora.
Este “planalto” temporário termina quando o gás se torna transparente até às camadas mais interiores da supernova, permitindo que luz pro-veniente dos elementos pesados sintetizados escape para o espaço. A luminosidade da supernova começa de novo a diminuir e desta feita a supernova parece não ter mais nenhum truque que permita inver-ter esta situação. Mas eis que somos de novo surpreendidos. Entre os elementos sintetizados há uma enorme quantidade de núcleos ató-micos radioactivos. Em particular, a fusão do silício numa supernova de tipo “II” durante a propagação da onda de choque produz uma grande quantidade de 56Ni (um isótopo instável do níquel). [Nota: isótopos são átomos de um mesmo elemento
que diferem entre si pelo número de neutrões no núcleo.] Este isótopo tem uma vida média de 6.1 dias e decai no 56Co (um isótopo do cobal-to). [Nota: não é possível prever o decaimento radioactivo de um núcleo atómico. No entanto, um conjunto de núcleos de um dado isótopo decaem de forma previsível. Dizer que o 56Ni tem vida média de 6.1 dias quer dizer que se tivesse-mos 1000 núcleos de 56Ni agora, ao fim de 6.1 dias teríamos apenas 500, ao fim de mais 6.1 dias teríamos apenas 250, etc.]
O decaimento radioactivo dos núcleos de 56Ni e liberta radiação gama que ioniza e aquece o gás da supernova, contribuindo para a sua luminosidade. Uma vez que a vida média deste isótopo é de apenas 6.1 dias, a maioria dos núcleos de 56Ni decaem antes de terminar a fase do “planalto”, cerca de 100 dias após a explosão. Por outro lado, o 56Co resultante decai com vida média de 77.1 dias em 56Fe (um isótopo está-vel do ferro). Este decaimento pode acontecer por duas vias distintas, com diferentes probabilidades, e dando origem a produtos ligeira-mente distintos. Os raios gama liber-tados nestes decaimentos são espe-cíficos e quando observados com observatórios como o telescópio Fermi, permitem identificar sem ambiguidade estes isótopos em remanescentes de supernova. Esta radiação foi efectivamente detecta-da para várias supernovas de tipo II nesta fase da sua evolução, corrobo-rando este cenário. De facto, o decli-ve na curva de luz da supernova nes-ta fase obedece exactamente a uma lei exponencial, diminuindo a lumi-
nosidade quase para metade em cada 77.1 dias (fase “C”).
Existem naturalmente outros isóto-pos radioactivos que contribuem para o brilho da supernova mas que em função da menor quantidade em que são produzidos ou pela sua vida média não assumem uma importân-cia tão grande como este ciclo envolvendo o 56Ni, o 56Co e o 56Fe. O 44Ti (um isótopo do titânio), por exemplo, tem uma vida média de cerca de 60 anos (ainda não foi determinada com precisão) e contri-bui significativamente para o brilho da supernova várias centenas de anos após a explosão original. Para descobrir novos remanescentes de supernovas os astrónomos tentam detectar novas fontes de raios gama com o comprimento de onda especí-fico associado ao decaimento do 44Ti. Em remanescentes mais anti-gos os raios gama provenientes do decaimento do 44Ti serão já difíceis de detectar pelo que outros isóto-pos, e.g. o 26Al (isótopo do Alumí-nio) com uma vida média de cerca de 700 mil anos, são utilizados.
Em resumo, inicialmente uma super-nova brilha devido à radiação emiti-da pelo material a temperaturas muito elevadas e em expansão rápi-da pelo espaço. Perdido o ímpeto inicial da explosão, a supernova bri-lha porque é aquecida pela radiação gama libertada no decaimento de isótopos radioactivos produzidos nas reacções nucleares de fusão desencadeadas pela onda de cho-que que destruiu a estrela.
Luí Lopes
Porque brilha a supernova na M51 ? (cont.)Porque brilha a supernova na M51 ? (cont.)
Os decaimentos radioactivos que transfor-mam o 56 Ni em 56Co e o 56Co em 56Fe. Note-se que cada decaimento dá origem a raios gama e, em alguns casos, positrões.
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Junho 2011 COSMOLOGIA
Descoberto o quasar mais distante conhecido Descoberto o quasar mais distante conhecido
Uma numerosa equipa de astróno-
mos europeus anunciou a descober-
ta do quasar mais distante conheci-
do. Situado a 12.9 mil milhões de
anos-luz, observá-mo-lo tal como
era quando o Universo tinha apenas
770 milhões de anos de idade. O seu
desvio para o vermelho é de 7.085.
A descoberta foi feita pesquisando
pacientemente pelos milhões de
objectos na base de dados do
UKIDSS (UKIRT Infrared Deep Sky
Survey) e identificando candidatos a
quasares muito distantes. Os astró-
nomos utilizaram um “survey” no
infravermelho pois, à distância a
que se encontram estes quasares, a
maioria das linhas espectrais que
servem de diagnóstico da sua natu-
reza encontram-se no infraverme-
lho, devido ao efeito de Doppler
provocado pela expansão cósmica. Podem ver a notí-cia aqui (português) ou o artigo na revista Nature. Luís Lopes
Reconstituição artística de um quasar na “era da re-ionização”, num Universo ainda maioritariamente escuro. Crédito: Nature
Crédito: ESO
Quasares para o Guinness Book of Records ? Quasares para o Guinness Book of Records ?
As notícias relativamente frequentes que descrevem a descoberta de quasares cada vez mais longínquos (vejam este exemplo) podem fazer passar a ideia de que, por algum motivo insólito, os astrónomos têm algum interesse em ter o seu nome inscrito no Guin-ness Book of Records. A realidade é bem diferente. Determinar as distâncias exactas, a frequência e as características destes quasares muito distantes é fun-damental para percebermos como e quando aconte-ceu a chamada “era da re-ionização”. Trata-se do
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Volume 1, Edição 5 COSMOLOGIA
momento na evolução do Universo em que apareceu a primeira geração de estrelas e em que se formaram as primeiras galáxias e quasares. Aliás, quasares não são mais do que núcleos de galáxias com buracos negros super-maciços activos e mui-to energéticos. A radiação intensa destes objectos emergentes ionizou o hidrogénio existente no meio inte-restelar, iluminando um Universo que durante centenas de milhões de anos tinha permanecido escuro. Mas como sabemos se observamos um quasar na era da re-ionização ? O espectro dos quasares é domina-do por linhas espectrais de emissão provenientes de gás ionizado a altas temperaturas no núcleo da galáxia. Nos quasares mais distantes, uma característica espectral designada de “floresta Lyman-alfa” torna-se proeminente. Trata-se de um con-junto vasto de linhas espectrais de absorção correspondentes à energia do estado fundamental do átomo de hidrogénio. Esta linha, designada de “Lyman-alfa”, ocorre no ultravioleta, com um comprimento de onda de 121.6 nanometros.
No espectro de um quasar com des-vio para o vermelho “z”, a linha “Lyman-alfa” de emissão é desviada para o vermelho por um factor de “1+z”. Além disso, na sua viagem até à Terra, a luz ultravioleta do quasar pode encontrar nuvens de hidrogé-nio que absorvem luz no mesmo comprimento de onda de 121.6 nanometros. Por se encontrarem mais próximas de nós, estas linhas de absorção apresentam um menor
desvio para o vermelho do que a linha “Lyman-alfa” correspondente ao quasar. Em geral, quanto mais distante o quasar, maior a quantida-de de nuvens de hidrogénio ao lon-go da linha de visão com a Terra e portanto maior o número de linhas de absorção por elas provocadas no espectro do quasar formando uma “floresta (de linhas) Lyman-alfa”. Em 1965, James Gunn e Bruce Peterson previram que se observas-semos quasares na “era da re-
Quasares para o Guinness Book of Records ? (cont.)Quasares para o Guinness Book of Records ? (cont.)
As primeiras estrelas, galáxias e quasares formaram-se durante a “era da re-ionização”. Crédito: NASA/WMAP Science Team.
A formação de uma “floresta Lyman-alfa” através da absorção de fotões ultravioletas por nuvens de hidrogénio situadas na linha de visão com a Terra. Crédito: Edward L. Wright.
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Junho 2011 COSMOLOGIA
Quasares para o Guinness Book of Records ? (cont.)Quasares para o Guinness Book of Records ? (cont.)
ionização”, a quantidade de hidro-génio neutro existente nas suas ime-diações seria suficiente para provo-car uma absorção profunda nos comprimentos de onda adjacentes à linha “Lyman alfa” (e outras do hidrogénio). O resultado é um espectro quase desprovido de emis-são, quase liso, nessa região. Por outras palavras, a “floresta Lyman-alfa” daria lugar, progressivamente, para os quasares mais distantes e à medida de penetramos na era da re-ionização, à ausência quase comple-ta de emissão. A detecção do efeito de Gunn-Peterson, como é conheci-do, no espectro de um quasar, indi-ca que o observamos na “era da re-
ionização”. Devido à sua lumi-nosidade muito elevada, que os torna visíveis a enormes distân-cias, estes quasares são as únicas son-das que temos para estudar as condições do Uni-verso na “era da re-ionização”. A sua observação permi-tirá determinar, por exemplo, a escala de tempo necessária à forma-
ção das primeiras estrelas e galáxias e o impacto da primeira geração de estrelas no enriquecimento em metais do Universo. Não se trata portanto de uma corrida fútil ao Guinness. Luís Lopes
Na literatura confunde-se muitas vezes o quasar com um pulsar.
Comparação do espectro na região “Lyman-alfa” para o quasar relativamente próximo 3C273 e o quasar longínquo Q1422+2309. Notem a enorme quantidade de linhas de absorção à esquerda (menor comprimento de onda) da linha “Lyman-alfa” de emissão. Crédito: William C. Keel.
O efeito de Gunn-Peterson é visível nesta imagem que mostra os espec-tros de vários quasares distantes. À medida que o valor de “z” aumenta, a região adjacente (à esquerda) da linha “Lyman-alfa”, apresenta cada vez menos fluxo devido à absorção dos fotões ultravioletas por uma quantidade crescente de hidrogénio neutro no espaço. Crédito: Fan et al. 2004. (ao lado)
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Volume 1, Edição 5 COSMOLOGIA
Um artigo interessante sobre como a energia negra é publicitada como “provada”, mas na verdade o que se prova é simplesmente o distancia-mento crescente entre grupos de galáxias, mas na verdade não é defi-nido o que é a “energia negra” (só se “vê” o efeito). De forma similar, o mesmo se pas-sa para a “matéria negra”.
Mas o mais interessante este mês, ainda é este artigo: “O Universo pode não estar em expansão acelerada. Na verdade, a observação das estre-las supernovas indica várias possibi-
lidades para a aceleração cósmica, e não se pode prever de forma precisa o ritmo ou a continuidade da expan-são. Esta interpretação está sendo ofere-cida por Antonio Guimarães e José Ademir Sales de Lima, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). A partir da análise dos dados das supernovas, os pesquisadores demonstraram que o estado atual do Universo abre um grande núme-ro de possíveis variáveis sobre sua expansão ou retração. (…)
As análises mostraram que houve um período de aceleração recente (acontecido há alguns bilhões de anos). Porém, o estado atual de ace-leração é mais incerto do que indi-cado pelos modelos de energia escura. A situação seria indeterminada, a expansão pode ser acelerada, mas estar em diminuição, já que o esta-do atual do Universo é melhor representado por uma distribuição de probabilidades. (…)” Leiam todo o artigo, aqui. Carlos Oliveira
Energia Negra confirmada? Energia Negra confirmada?
Recorde de Distância no Universo Recorde de Distância no Universo Existe um novo candidato a objeto mais distante no Universo. A causa é uma gigantesca explosão de Raios Gama, que ocorreu a 13,14 mil milhões (bilhões, no Brasil) de anos-luz de distância da Terra. A explosão foi denominada de GRB 090429B. Esta explosão deu-se quando o Universo era um bebé de apenas 520 milhões de anos de idade – 4% da idade atual – e tinha menos de 10% do tamanho atual. A galáxia que detinha a estrela que deu origem a esta explosão era certamente uma das primeiras galáxias do Universo. Cerca de duas explosões de raios gama – as mais brilhantes explosões conhecidas – são observadas todos os dias. Mas no caso da GRB 090429B, bate todos os recordes de distância! Leiam aqui, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira
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Junho 2011 ASTRONÁUTICA
Após um adiamento de 24 horas
devido a más condições atmosféri-
cas, a Orbital Scien-
ces Corpora-
tion (OSC) levou a
cabo com sucesso o
lançamento do
satéli-
te Operationally
Responsive Space-
1 (ORS-1) ás
0309:00UTC do dia
30 de Junho de
2011. O lançamento
foi levado a cabo
desde o Mid-
Atlantic Regional
Spaceport (MARS)
em Wallops Island,
Vírgínia. O lança-
mento foi levado a
cabo por um fogue-
tão Minotaur-I a partir do Complexo
de Lançamento LA-0B.
ORSORS--1 em órbita1 em órbita
O ORS-1 será operado
pelo Department of Defense Opera-
tionally Responsive Space Office e
constitui um protótipo. O rápido
desenvolvimento e colocação em
órbita constitui um passo importan-
te para demonstrar a capacidade de
se conseguir suportar necessidades
imediatas em tempo útil.
O satélite tinha uma
massa de 434 kg no lan-
çamento, tendo-se sepa-
rado do último estágio
do lançador às 0321UTC.
O ORS-1 irá agora com-
pletar uma fase de 30
dias de avaliação de
desempenho antes de o
seu controlo ser formal-
mente entregue ao 1º
Esquadrão de Operações
Especiais na Base Aérea
de Schriver, Colorado. O satélite transporta um sensor de observação derivado da câmara SYERS-2 que é utilizada nos aviões U-2.
Rui Barbosa
O Satelite de Aplicaciones Cientificas
-D, que transporta o instrumento
Aquarius da NASA, foi lançado às
1420:13UTC do dia 10 de Junho de
2011 por um foguetão Delta-2 7320-
10 (D354) a partir do Complexo de
Lançamento SLC-2W da Base Aérea
de Vandenberg, Califórnia. Todas as
fases do voo, que foi adiado por 24
horas devido a problemas técnicos,
decorreram sem qualquer proble-
ma.
SACSAC--D/Aquarius em órbitaD/Aquarius em órbita
O satélite SAC-D/Aquarius foi cons-
truído pela agência espacial argenti-
na CONAE e está equipado com
vários instrumentos científicos pro-
venientes de vários países. O satéli-
te tem como objectivo procurar as
peças que faltam para compreender
as alterações climatéricas do nosso
planeta. Um dos instrumentos a bordo é o Aquarius, um conjunto de senso-res desenhados para levar a cabo medições globais do conteúdo de sal
na super-fície oceâ-nica. Rui Bar-bosa Ima-gem: ULA (William G. Hartenstein )
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Volume 1, Edição 5 ASTRONÁUTICA
ZEHST, Zero
Emission
Hyper Sonic
Transport, é
um avião
supersónico
de passageiros
projetado
pela EADS.
É um descen-
dente do Con-
corde.
“O projecto dá
pelo nome de
ZEHST (Zero
Emisssion HyperSonic Transporta-
tion) e consiste num avião ultra-
sónico de fabrico europeu que
poderá ligar Paris a Tóquio em
menos de duas horas e meia, em vez
das 11 actuais. Mas só em 2050. (…)
A EADS estima que estes voos pode-
rão ter como clientes habituais
donos de grandes multinacionais,
adiantando que os preços dos bilhe-
tes rondarão os 6000/8000 euros
para um trajecto entre Paris e Nova
Iorque – que se fará em hora e
meia. (…)
ZEHSTZEHST
O avião será capaz de alcançar os
5000 quilómetros por hora, uma
velocidade quatro vezes mais rápida
que a velocidade do som.
E a cereja no topo do bolo é que
este aparelho promete fazer viagens
intercontinentais com baixas emis-
sões de gases contaminantes, graças
à utilização de combustíveis biológi-
cos. (…)
O Concorde levava cerca de 120 pas-
sageiros a bordo, ao passo que este
novo aparelho deverá transportar
apenas entre 60 e 100 pessoas.
O aparelho voará a uma altitude de
32 quilómetros acima do nível do
mar. Esta particularidade permitir-
lhe-á “não contaminar a capa
atmosférica” e alcançar a velocidade
de 5000 km/h, indicou ainda Botti.
(…)”.
Leiam todo o artigo, no Público.
Carlos Oliveira
PU
B
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Junho 2011
E pur si muove… E pur si muove…
ARTIGOS
te chineses, que tenha uma
mesa com uma plataforma
giratória no meio, há uma
experiência que podem
fazer (descrita com mais
detalhe pelo novo Ministro
da Ciência Nuno Cra-
to, numa crónica do
Expresso):
Levem um berlinde,
molhem-no em molho de
soja e ponham a platafor-
ma a rodar. Depois atirem o berlin-
de (com pouca força) em linha recta
para o outro lado e vejam qual a
trajectória que desenhou o molho
de soja na plataforma (sem querer
estragar a surpresa, será uma curva,
e não uma recta).
No entanto, se estivessem em cima
da plataforma a rodar (ou seja, para-
dos em relação à plataforma),
observariam um berlinde que
“misteriosamente” fez uma curva.
A “força” de Coriolis, assim como a
“força” centrífuga (a que sentimos
num carro a fazer uma curva aperta-
da), são por isso chamadas de pseu-
do-forças, porque só existem depen-
dendo do referencial do observador.
Regra geral, para quem vê “de fora”,
elas não existem e explicam-se facil-
mente pelo movimento do próprio
observador em conjunto com o refe-
rencial. No entanto o observador,
que na sua perspectiva está parado,
não consegue “vêr” o seu próprio
movimento.
Isto é o que vemos no nosso refe-
rencial, a Terra. Para nós, o chão
não se está a mexer – o nosso plane-
ta está parado e é o Universo que
gira à nossa volta. Da nossa pers-
pectiva, é o Sol que roda de Este
para Oeste, e não a Terra que roda
sobre si própria.
Com o pêndulo de Foucault, temos
uma visão diferente. Sendo um pên-
dulo enorme, com um oscilar bas-
tante lento, é afectado de maneira
visível pela rotação da Terra. Por
isso, apesar de ser posto a oscilar
numa direcção, ao longo do tempo
vai lentamente mudando a sua
direcção de oscilação.
Já a pequena escala ou a grandes
velocidades (por exemplo, a água a
escoar no ralo do lavatório ou o
pêndulo do relógio), o mais peque-
no “espirro” é suficientemente for-
te para se sobrepor à força de
Coriolis e alterar os movimentos.
No caso da água, a forma do lavató-
rio é muito mais determinante na
direcção de rotação da água que a
força de Coriolis.
Ricardo Cardoso Reis
Núcleo de Divulgação
Centro de Astrofísica da Universida-
de do Porto
No passado dia 17 de Junho reali-
zou-se, na Casa da Escrita em
Coimbra, o 1º Atelier de Escrita em
Comunicação de Ciência. Tive o
prazer de ser um dos participantes,
e de produzir um dos textos, intitu-
lado O Átomo e o Pêndulo.
O pêndulo do título é um pêndulo
de Foucault, colocado na entrada
da Faculdade de Ciências e Tecno-
logia da Universidade de Coimbra,
que encontrámos estranhamente
parado (leiam porquê no fim
do texto do atelier).
Mas o que é um pêndulo de Fou-
cault, e para que serve?
O que nos mostra um pêndulo de
Foucault é que, com um pêndulo
grande e lento o suficiente, pode-
mos realmente medir a rotação da
Terra, que altera lentamente o pla-
no de oscilação do pêndulo devido
à força de Coriolis. Desta forma, se
o pêndulo começar a oscilar na
direcção Norte/Sul, passado algum
tempo estará a oscilar Este/Oeste
(passando, claro está, por todas as
posições intermédias), algo que
não vemos nos relógios de pêndulo
lá de casa.
A grande diferença entre o pêndu-
lo de Foucault e o dos relógios é
que a força de Coriolis só começa a
ser relevante em movimentos
mmmmmmuuuuuuuito lentos, ou
então a grandes escalas (esta é a
causa, por exemplo, dos furacões
terem sentidos de rotação diferen-
tes nos hemisférios Norte e Sul).
Se forem a um daqueles restauran-
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Volume 1, Edição 5 FÍSICA
Água – é essencial para a vida. Quando a aventura dos futuros exploradores do espaço
for feita para além da órbita baixa da Terra, o seu abastecimento de água só será obtido
a bordo dos seus veículos espaciais. Durante o vôo final do vaivém Atlantis (missão STS
– 135), os cientistas da NASA planeiam testar um novo método para reciclagem de água
“usada”.
A ideia é fazer uma bebida fortificada que proporciona hidratação e nutrientes de todas
as fontes disponíveis a bordo de uma nave espacial, como o sistema de águas residuais
(esgoto) e até mesmo a urina. O método descrito para o teste usa um processo conheci-
do como osmose. A osmose é o nome dado ao movimento da águaentre meios
com concentrações diferentes de solutos, separados por
uma membranasemipermeável. É um processo físico-químico importante na sobrevi-
vência das células.
“A membrana funciona como uma barreira que permite que pequenas moléculas, como
a água, passem pela mesma, bloqueando moléculas grandes como os sais, açúcares,
amidos, proteínas, vírus, bactérias e parasitas,” explicou Michael Flynn, investigador da
Ames Research Center da NASA.
Ler notícia completa, em inglês, em PhysOrg.
José Gonçalves
Reciclar água no espaço Reciclar água no espaço
Six forward osmosis kits
will fly aboard space
shuttle Atlantis on the
STS-135 mission. Cre-
dit: NASA/Todd Mor-
tenson
Fluxo de água a baixas temperaturas Fluxo de água a baixas temperaturas A água quando arrefecida, ultrapassando as temperaturas nega-
tivas, normalmente cristaliza-se formando o gelo. Ove Anders-
son, um físico da Universidade de Umea, Suécia, conse-
guiu produzir um fluxo lento de água a – 130ºC (abaixo de zero)
sob alta pressão, 10.000 vezes maior do que a pres-
são normal. É possível que esse tipo de fluxo de água exista
em outros corpos celestes.
A água no estado sólido, com as suas moléculas ordenadas, ao
ser exposta a uma elevada pressão, à temperatura de -130ºC, a
rodem das moléculas colapsa para um gelo amorfo, onde a
ordem das moléculas fica aleatória.
“A água é como a água no estado líquido, mas com uma densi-
dade 35% superior, e apresenta um movimento relativamente
lente, ou seja, a viscosidade é elevada”, disse Ove Andersson. Ler mais sobre isto aqui. José Gonçalves Imagem: Estrutura do gelo. Crédito: Schulson
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Junho 2011
Um recife do outro mundo… Um recife do outro mundo…
TERRA
Quando Neil Armstrong regressou
da Lua, perguntaram-lhe se tinha
conseguido ver a Grande Muralha
da China. De uma forma um pouco
surpreendente, parece ter sido
uma das perguntas mais vezes
colocadas ao senhor dos saltos
gigantes. As enormes dimensões
da estrutura, o seu aspecto esma-
gador e o estatuto conferido pela
antiguidade dão-lhe uma aura sim-
bólica grandiosa. Uma coisa tão
grande construída pelo génio
humano teria de ser
vista do espaço…
Na realidade, a mura-lha apenas pode ser observada a partir de órbitas baixas. Apa-rentemente, pode ser vista a cerca de 150 quilómetros de altitu-de e sob condições atmosféricas muito particulares. Ainda assim é uma distância muito respeitável! Contudo, outras cons-truções humanas podem ser vistas a uma distância um pouco superior, nomeadamente estruturas largas que se desta-quem das tonalidades do solo em redor. As grandes auto-estradas do deserto americano e algumas pis-
tas de aero-portos pare-cem estar
neste caso. Nas condições ideais, algumas podem ser vis-tas a cerca de 200 km de distân-cia.
As grandes manchas urbanas
são zonas indistintas, e algumas
não passam despercebidas a
cerca de 300 quilómetros de
altitude. Não são estruturas
únicas, mas a sua “textura” permi-
te perceber que se trata de uma
zona diferenciada do planeta.
Mas a medalha da maior constru-
ção terrestre visível a partir do
espaço não vai para a espécie
humana! Surpresa!!! É a Grande
Barreira de Coral!
A Grande Barreira de Coral é um
sistema de recifes com uma área
aproximada à da Alemanha, mas
distribuída por uma miríade de
ilhas e recifes separados. Os recifes
são ecossistemas marinhos com
uma incrível biodiversidade
– talvez das zonas mais exó-
ticas da Terra. Quem já mer-
gulhou na zona jura que
nunca irá esquecer o que
viu e sentiu…
A zona é património da
UNESCO e, de acordo com a
CNN e outros meios inde-
pendentes, uma das 7 mara-
vilhas do nosso planeta –
uma construção não huma-
na a revelar o esplendor da
Terra…
Se os extraterrestres real-
mente existirem e se um dia
visitarem o nosso planeta, a
primeira construção que
irão ver será de origem não huma-
na. Um lugar belíssimo e único em
qualquer planeta do universo
maravilhoso…
Já escolheram o vosso próximo destino no Sistema Solar? Fica aqui uma boa sugestão…
Pedro Cotrim
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Volume 1, Edição 5 TERRA
No final de Maio, o vulcão subgla-cial Grímsvötn foi protagonista de uma violenta erupção que espa-lhou cinzas por quase toda a Islân-dia durante quase uma semana. Com o fim da actividade eruptiva, a caldeira do vulcão encheu-se de água de degelo proveniente do glaciar de Vatnajökull, criando um
lago com quase um quilómetro de comprimento. Como se pode observar na imagem recentemente obtida pelo satéli-te EO-1, de toda a caldeira de Grímsvötn manteve-se exposta apenas uma estrutura em forma de crescente na margem sul do lago, formada provavelmente
porpiroclasto proveniente da erup-ção. Em redor do vulcão é possível ver ainda uma extensa área do gla-ciar coberta por cinzas vulcânicas. A erupção de Grímsvötn foi dada como extinta a 28 de Maio, quando se registaram os últimos tremores harmónicos. Sérgio Paulino
Um lago em Grímsvötn Um lago em Grímsvötn
A cratera do vulcão islandês Grímsvötn vista pelo satélite Earth Observing-1 a 11 de Junho de 2011.
Crédito: NASA/GSFC.
Já publicamos um post sobre como o planeta Terra era bastante diferente no passado e estará irreconhecível no futu-ro. Vejam aqui.
Agora, leiam este artigo que nos diz que daqui por 50 a 100 milhões de anos, o Oceano Atlântico deverá desaparecer. Para ser sincero, não percebi muito bem como o Oceano desaparecerá… Que eu saiba, pelos dados que temos do meio do Atlântico, ele continua a alar-gar. Carlos Oliveira
Fim do Oceano Atlântico Fim do Oceano Atlântico
Uma nova visão da heliosfera numa representação artística que inclui as bolhas magnéticas observadas pelas sondas Voyager nas
fronteiras do Sistema Solar.
Crédito: NASA/Goddard Space Flight Center/CI Lab.
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Junho 2011
Sondas Voyager encontram espuma magnética nas fronteiras do Sistema Solar Sondas Voyager encontram espuma magnética nas fronteiras do Sistema Solar
SISTEMA SOLAR
Chegaram notícias inespe-radas das regiões mais exteriores do Sistema Solar. As duas son-das Voyager detectaram uma região turbulenta preenchida por bolhas magnéticas com cerca de 160 milhões de quilóme-tros de comprimento, pou-co mais que a distância que separa a Terra do Sol. A descoberta surpreendeu os investigadores da mis-são. Aparentemente, a região de interacção entre a heliosfera e o meio inte-restelar é muito mais complexa que o previsto nos modelos teóricos. Devido ao movimento de rotação do Sol, o campo magnético solar tende a deformar-se como a saia de uma bailarina. Nas distantes regiões onde se encontram as duas sondas Voyager, as dobras do campo magnético são comprimidas e reor-ganizadas. Ao contrário do que os cientistas pensa-vam, esta reorganização não é simples nem graciosa. Acumuladas contra o espaço interestelar, as linhas de força magnética entrecruzam-se e reconectam-se, por vezes de forma violenta, gerando a estrutura
espumosa observada pelos instrumentos das Voyager. Esta descoberta levanta novas questões quanto à eficácia desta região na defesa do Sis-tema Solar dos raios cósmicos galácticos. Aparentemente, a heliopausa é mais uma membrana porosa do que uma verdadeira barreira. Os investigadores vão continuar a reunir mais dados, de forma a perceberem qual a verdadeira interacção entre estas estru-turas e o meio interestelar.
Sérgio Paulino
Comparação da dimensão das bolhas magnéticas com a
distância Terra-Sol.
A nova visão das
fronteiras do Sistema
Solar (à direita) com-
parada com o modelo
antigo (à esquerda).
Crédito: NASA/
Goddard Space Flight Center/CI Lab.
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Volume 1, Edição 5 SISTEMA SOLAR
O Sol tem ciclos de 11 anos.
Neste ciclo atual, o pico de atividade solar será em
2013. Depois começa um novo ciclo que terá a baixa
atividade em 2018, e terá novo pico de atividade em
2024. No entanto, 3 estudos diferentes indicam que o Sol vai estar menos ativo no próximo ciclo.
Um deles mostra que a frequência de manchas solares,
que são causadas por fortes forças magnéticas, tem
diminuído.
Um outro sinal é que a força magnética dessas man-
chas também tem diminuído.
Sol vai descansar Sol vai descansar
Por fim, os padrões de fluxo de gases na superfície da
estrela também parecem indicar que o Sol irá “perder
força”.
Sendo assim, espera-se que o máximo solar em 2013 seja fraco, e que a partir daí o Sol entre em hiberna-ção. Se isso acontecer, então pode haver uma “pequena era do gelo”, como já houve entre 1645 e 1715, no chama-doMínimo de Maunder, em que a fraca atividade solar levou a um decréscimo da temperatura na Terra.
A única boa notícia será que as notícias sobre o aqueci-
mento global desaparecerão…
Leiam sobre isto, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira
Página 26
Junho 2011
Anatomia das tempestades e explosões solares Anatomia das tempestades e explosões solares
SISTEMA SOLAR
Anteriormente foi publicado, aqui no blog, a explicação das manchas solares (que também aparece nesta infogra-fia), uma mancha solar em fúria e um vídeo sobre o nascimento de um grupo de manchas solares, ocorrido em Fevereiro deste ano. Agora, deixo-vos esta fabulosa infografia sobre a Anatomia das Tempestades e Explosões Solares, da autoria de
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Volume 1, Edição 5 SISTEMA SOLAR
Karl Tate, da space.com
José Gonçalves
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astroPT
figurar umas coisas que precisávamos. Mais uns dias em “espera”. Finalmente… mudamos para outro alo-jamento. E para já está a dar bem.
Estamos a tentar mudar para Marte… pode ser que os Marcianos nos acei-tem.
Carlos Oliveira
———————————————--——
Ùltimas: A comunidade astroPT está referenciada na revista Gui@ da Internet deste mês (n.º 134, pág. 29). Como se pode ler na revista, com o título da referencia Astronomia em Português, na página 29, “(…) é um local onde (…) trocam opiniões, discutem ideias e informam sobre temas relevan-tes no sector astronómico.” Obrigado ao Hugo Neves pela referência dada à revista. José Gonçalves
Caros leitores, pedimos imensa descul-pa por o blog estar offline durante qua-se 10 dias – desde dia 15 até dia 25. A razão é simples: foi devido a todos vocês.
O nosso recorde diário era de pouco mais de 7000 visitas. Devido ao eclipse lunar de dia 15 de Junho de 2011, ultrapassamos as 20 mil visitas!
O nosso alojamento deitou-nos o site abaixo, devido a tantas visitas. Entretanto, o alojamento não deu os dados para podermos transferir a base de dados. Esperamos uns dias. Seguidamente colocamos noutro aloja-mento, mas o Help Desk não sabia con-
astroPT teve problemas
ESTAMOS NA WEB!
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astroPT magazine, revista mensal da astroPT Textos dos autores, Design: José Gonçalves
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astroPT: no mês de Junho, mesmo com o período de interrupção, obti-vemos mais de 118000 visitas.
A fase total do eclipse lunar de 15 de Junho *…+. A APOD*…+, resulta de uma composição de uma sequência regular de fotos, a acompanhar o disco lunar sobre a Acrópole, em Atenas, Gré-cia. Na APOD de 25 de Junho. Conceição Monteiro