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Ativação das funções egóicas, mudanças em psicoterapia e intervenções verbais PROF. ESP. FELIPE MIO DE CARVALHO CRP 06 109385

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Ativação das funções egóicas, mudanças em

psicoterapia e intervenções verbais

PROF. ESP. FELIPE MIO DE CARVALHOCRP 06 109385

Apresentação Na finalidade de obter uma apresentação mais dinâmica dos três pontos (f. egóicas, mudança e intervenções verbais) optou-se por apresentar as intervenções verbais contidas em Fiorini (2004), cap. 11, de forma sucinta e a potencialidade que cada intervenção abre dentro dos eixos de mudança e ativação das funções egóicas.

1- InterrogarÉ uma forma de intervenção ampla que pode ser usada com diversas finalidades, ajudando a compor caminhos para Apoio ou expressiva.Perguntar é se importar para com a outra pessoa;Transmitir um estilo interrogativo ao paciente;Fazer o paciente olhar para si definindo os próprios contornos;Alívio de ansiedade ao sentir que é cuidado;

2- InformarServe a finalidade de apoio e retira o paciente da imersão da vivência negativa que “isso só acontece comigo” e “que é culpa minha”ApoioAlívio de ansiedade;Facilitação para criação de esquemas para manejo com a realidade interna e externa;Aquisição de conhecimento.

3- Confirmar e retificar os enunciados do paciente

Servem para apontar as dificuldades emocionais ou ao encorajamento. A capacidade do terapeuta de ser flexível (encorajar <> apontar) é importante no manejo dos aspectos regressivos e do estabelecimento de uma relação “madura” entre o par terapêutico.

Fazer o paciente reconhecer certos conflitos;Convidar o paciente para elaboraçãoEncorajamento;Modificação da percepção de si;

4- Esclarecimentos, clarificações ou elucidações

Serve para desembaraçar o relato confuso do paciente na finalidade de recortar elementos significativos desse discurso.É uma intervenção de Apoio, porém que abre espaço para intervenções expressivas.

Ajuda na construção da síntese;Fortalecimento do ego por reforçar o olhar seletivo aos elementos significativos;Alívio da ansiedade por se sentir escutado e cuidado (redução das imagos parentais negativas)Fortalecimento das noções de limite do próprio ego – distinção EUxNão-eu

5- RecapitulaçãoTrazer sínteses dos pensamentos do paciente ou das produções do processo terapêutico (de tempos passados) de forma a estabelecer “paradigmas” com finalidades diversas.É uma intervenção mais de Apoio, porém que abre espaço para intervenções de expressão.

Apresentação das mudanças e encorajamento para a continuidade;Fortalecimento dos limites egóicos;Estimulação das funções de síntese (oposta das tendências à dispersão)

6- AssinalamentosRecortar elementos do discurso ou acontecimentos e ligar com algo que houve ou está havendo com o paciente.É uma intervenção do âmbito expressivo e visa estabelecimento de insight e desvelamento do conflito pela via de ligar um sentimento com uma postura de si ou do mundo.

Apresentação do conflito (alívio de ansiedade);Estimulação da busca de recursos em si para compreensão;Estimulação do pensar e dos processos de insightApresentação dos mecanismos defensivos e da distinção do EU X Não-EU (discriminação)

7 - InterpretaçõesIrá formalizar a passagem dos fatos ou do concreto para as significações (motivantes); a passagem do concreto para o nível dos sentimentos.É tida como a intervenção mais expressiva, pois adentra ao nível do íntimo, abrindo espaço para rememoração ou para re-significação do conteúdo expresso.

Fornece comparativamente pouca ativação das funções egóicas, porém a re-significação abre caminhos profundos e amplos para a mudança de comportamento e mudança de interesses;Facilita o resgate de interesses negados ou não-cultivados (necessidades);Pode-se falar que traz alívio de ansiedade e que também aumenta o nível de ansiedade;

Pode estimular as funções cognitivas e a busca em si de respostas;Facilita a objetivação do ego no processo terapêutico, aumentando o envolvimento no processo;Aumenta as tendências transferenciais e regressivas (redução temporária das ansiedades);Apresentação dos mecanismos defensivos e da distinção do EU X Não-EU (discriminação)

8 - SugestõesOpera por uma lógica de propor comportamentos alternativos ou ordenar que determinado elemento seja olhado na experiência em questão.É uma intervenção opera na lógica do apoio e abre espaço para ensaios e insights.

Ajuda no estabelecimento do planejamento;Ajuda no estabelecimento de casualidade e contrastes internos e externos;Estimula as funções desiderativas e imaginárias que são a base das funções mais maduras do ego: fantasia <-> pensamento

9 – Intervenções diretivasFazem parte do eixo de Apoio e servem para alívio de ansiedade pelo assentar ações no plano real e concreto em detrimento dos processos regressivos;

Encorajamento para elaboração;A diretividade pode abrir caminhos para o insight;Pode ajudar a confirmar um esquema previamente planejado pelo paciente – causando retroalimentação positiva;Ajuda a manter o ego coeso e ativo

10- Operações de enquadreSão intervenções neutras que servem a lançar eixos de base e das regras do processo terapêutico. Local, duração, ausências, pagamento*, horários, frequência e posição dos participantes.

Definição dos papéis fornece segurança;Alívio das ansiedades;Possibilidade de negociação (ativação do ego)Flexibilidade – terapeuta e paciente- facilita o envolvimento ao processo

11- Meta-intervençõesServem tanto a finalidade de apoio quanto expressiva por fornecerem desvelamento do conflito e direcionamento.

Passar um estilo, fornecendo bases para a auto-análise;Esclarecer o significado as intervenções;Alívio de ansiedade;Melhoria do vínculo.

ConclusõesA instrumentalização de um atendimento breve ou de um processo de tempo determinado depende da capacidade e da amplitude da leitura dos sintomas por parte do terapeuta (“a cura do paciente depende do desejo do terapeuta” – Lacan) e da capacidade de intervir sobre os mesmo, criando novas pontes simbólicas e estabelecendo nexos para o paciente compreender-se de forma menos impregnada pelas influências e imagens parentais negativas.

Fontes:FIORINI, H. J. Teoria e técnicas de psicoterapias. São Paulo: Martins Fontes, 2004.