atividades com grafeq
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Monografia que apresenta atividades com GrafEqTRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE MATEMTICA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENSINO DE MATEMTICA
RICARDO DE SOUZA SANTOS
TECNOLOGIAS DIGITAIS NA SALA DE AULA PARA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS DE GEOMETRIA
ANALTICA: MANIPULAES NO SOFTWARE GRAFEQ
PORTO ALEGRE 2008
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RICARDO DE SOUZA SANTOS
TECNOLOGIAS DIGITAIS NA SALA DE AULA PARA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS DE GEOMETRIA
ANALTICA: MANIPULAES NO SOFTWARE GRAFEQ
Dissertao realizada sob a orientao do Dr. Marcus Vinicius de Azevedo Basso, apresentada ao Instituto de Matemtica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em preenchimento parcial dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre em Ensino de Matemtica.
PORTO ALEGRE 2008
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AGRADECIMENTOS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por mais uma
oportunidade oferecida.
Aos professores do Programa de Ps-Graduao, pelos exemplos.
Aos colegas no mestrado, em especial os que me acompanham desde
a graduao.
Aos colegas das escolas onde leciono, principalmente aos da rea da
Matemtica, por servirem de ouvintes para os meus anseios,
frustraes e reflexes.
Aos meus alunos, por me causarem inquietaes acerca da Educao
Matemtica.
Aos meus familiares e amigos em geral, pela compreenso das
excessivas faltas no sentido mais geral que a palavra reserva.
Ao Arthur, que nasceu durante o mestrado, trazendo felicidade para
o seu pai em momentos de fraqueza e servindo como exemplo
prximo de desenvolvimento e interao com o meio ao seu redor.
Cristina, pelo apoio em todos os momentos, pela pacincia e,
principalmente, pela companhia.
Ao meu orientador, Dr. Marcus Vinicius de Azevedo Basso,
responsvel direto pela minha formao (acadmica, profissional e
humanitria) desde a graduao e, sem dvida, pelo exemplo de
profissional competente, sensvel e feliz com o seu trabalho.
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RESUMO
Este estudo aborda a utilizao de recursos disponibilizados pelas tecnologias digitais
no ensino-aprendizagem de Matemtica. Mais especificamente, o objeto de estudo a
introduo do software GrafEq no ensino de Geometria Analtica no Ensino Mdio da
Escola Bsica, com reflexes acerca das contribuies identificadas. Para verificar o
alcance destas contribuies, foi implantada uma sequncia de atividades em duas
turmas do segundo ano do nvel mdio em uma escola da rede privada de Porto Alegre.
A anlise dos resultados foi obtida de forma emprica utilizando-se, como mtodo, o
Estudo de Caso. Para isso, o estudo foi fundamentado pelas teorias de James J. Kaput
sobre introduo das tecnologias digitais na Educao Matemtica. Os resultados
encontrados apontam para o uso de tecnologias digitais como uma possvel contribuio
no ensino-aprendizagem de Geometria Analtica, a qual se constitui em um importante
tpico de Matemtica do Ensino Mdio. Como elementos integrantes dessa dissertao
foram elaborados um tutorial para uso do programa, na forma de pginas para web
(linguagem html), e um conjunto de atividades envolvendo tpicos de Geometria
Analtica e uso do software.
Palavras chave: Educao Matemtica. Geometria Analtica. Tecnologias Digitais.
Software Educacional. GrafEq.
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ABSTRACT
This study approaches the use of available resources by digital technologies in
teaching-learning Mathematics. Specifically, the object of study is the introduction of
the software GrafEq in teaching Analytical Geometry in High School in Secondary
Education, with considerations about the identified contributions. To check the reach of
these contributions, a sequence of activities was introduced in two Second Grade classes
from Secondary Education in a private school in Porto Alegre. The analysis of the
results was obtained by empirical form when the Case Study was used as method. For
that, the study was substantiated by James J. Kaput theories on introduction of the
digital technologies in the Mathematical Education. The considered results point to the
use of digital technologies as a possible contribution in the teaching-learning of
Analytical Geometry, which constitute an important topic of Mathematics in Secondary
Education. As integral elements of that dissertation were elaborated a tutorial for using
the program, in the form of web pages (html language), and a group of activities
involving topics of Analytical Geometry and use of the software.
Words key: Mathematical Education. Analytical Geometry. Digital Technologies.
Education Software. GrafEq.
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RESUMEN
Este estudio aborda la utilizacin de recursos disponibilizados por las tecnologas
digitales en la enseanza-aprendizaje de la Matemtica. Ms especficamente, el objeto
de estudio es la introduccin del software GrafEq en la enseanza de la Geometra
Analtica en la Enseanza Secundaria de la Escuela Bsica, con reflexiones acerca de
las contribuciones identificadas. Para verificar el alcance de estas contribuciones, fue
implantada una secuencia de actividades en dos grupos del cuarto ao de la enseanza
secundaria en una escuela de la red privada de Porto Alegre. El anlisis de los resultados
fue obtenido de forma emprica utilizndose, como mtodo, el Estudio de Caso. Para
ello, el estudio fue fundamentado por las teoras de James J. Kaput sobre introduccin
de las tecnologas digitales en la Educacin Matemtica. Los resultados encontrados
apuntan para el uso de tecnologas digitales como una posible contribucin en la
enseanza-aprendizaje de la Geometra Analtica, la cual se constituye en un importante
tpico de la Matemtica de la enseanza secundaria. Como elementos integrantes de esa
disertacin fueron elaborados una tutora para el uso del programa, en forma de pginas
web ( lenguaje html), y un conjunto de actividades envolviendo tpicos de Geometra
Analtica y uso del software.
Palabras clave: Educacin Matemtica. Geometra Analtica. Tecnologas Digitales.
Software Educacional. GrafEq.
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LISTA DE FIGURAS
Nmero Nome Pgina Figura 01 - Interface do GrafEq ................................................................................. 16 Figura 02 - Reta x ....................................................................................................... 19 Figura 03 - Retas verticais .......................................................................................... 20 Figura 04 - Ponto G (Demonstrao Sinttica) .......................................................... 20 Figura 05 - Ponto G (Demonstrao Analtica) .......................................................... 21 Figura 06 - Operaes fsicas e mentais ..................................................................... 28 Figura 07 - Sistema de Notao X Cognies Associadas ......................................... 30 Figura 08 - Sistemas de Notao ................................................................................ 31 Figura 09 - Sistema resposta ....................................................................................... 32 Figura 10 - Transferncias entre sistemas de notao ................................................ 32 Figura 11 - Contribuio Computacional ................................................................... 33 Figura 12 - Processos Mentais/ Tall ........................................................................... 40 Figura 13 - Atividade 1/ DAG .................................................................................... 49 Figura 14 - Atividade 2/ DAG .................................................................................... 50 Figura 15 - Atividade 3/ DAG (imagem 1 do vdeo) ................................................. 51 Figura 16 - Atividade 3/ DAG (imagem 4 do vdeo) ................................................. 52 Figura 17 - Atividade4/ DAG: Sol e mar ................................................................... 53 Figura 18 - Carrinho/ DAG ........................................................................................ 53 Figura 19 - Atividade 7/ DAG - Lula Molusco .......................................................... 55 Figura 20 - Atividades iniciais/ DAL ......................................................................... 57 Figura 21 - Atividade 3/ DAL .................................................................................... 58 Figura 22 - Atividade 4/ DAL cruz ......................................................................... 59 Figura 23 - Atividade 4/ DAL casa ......................................................................... 60 Figura 24 - y = sen x < 0 ............................................................................................ 60 Figura 25 - Atividade 4/ DAL - sol e mar .................................................................. 61 Figura 26 - Atividade 4/ DAL - carro ......................................................................... 61 Figura 27 - Atividade 5/ DAL .................................................................................... 63 Figura 28 - Atividade 1/ DEB .................................................................................... 65 Figura 29 - Atividade 1/ DEB .................................................................................... 66 Figura 30 - Atividade 3/ DEB .................................................................................... 66 Figura 31 - Atividade 4/ DEB - casa .......................................................................... 67 Figura 32 - Atividade 4/ DEB - sol e mar .................................................................. 68 Figura 33 - Atividade 4/ DEB - carro (imagem 11) ................................................... 71 Figura 34 - Atividade 4/ PAC - sol e mar .................................................................. 74 Figura 35 - Atividade 4/ PAC - carro ........................................................................ 74 Figura 36 - Atividade 5/ PAC ..................................................................................... 75 Figura 37 - Atividade 6/ PAC - relaes .................................................................... 76 Figura 38 - Atividade 6/ PAC - arquivo salvo ........................................................... 77 Figura 39 - Atividade 6/ PAC - vdeo (imagem 1) ..................................................... 77 Figura 40 - Atividade 6/ PAC - vdeo (imagem 2) ..................................................... 78 Figura 41 - Atividade 6/ PAC - vdeo (imagem 3) ..................................................... 78 Figura 42 - Atividade 6/ PAC - vdeo (imagem 4) ..................................................... 79 Figura 43 - Atividade 6/ PAC - vdeo (imagem 5) ..................................................... 79 Figura 44 - Atividade 6/ PAC - vdeo (imagem 6) ..................................................... 80 Figura 45 - Atividade 6/ PAC - vdeo (imagem 7) ..................................................... 80 Figura 46 - Atividade 8/ PAC ..................................................................................... 82 Figura 47 - Atividade 8/ PAC - construo 1 ............................................................. 82
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Figura 48 - Atividade 8/ PAC - construo 2 ............................................................. 83 Figura 49 - Atividade 9/ PAC - relao ...................................................................... 84 Figura 50 - Atividade 9/ PAC - grfico ...................................................................... 84 Figura 51 - Atividade 1/ GIU - construo ................................................................. 86 Figura 52 - Atividade 3/ GIU - vdeo (imagem 1) ...................................................... 87 Figura 53 - Atividade 3/ GIU - vdeo (imagem 4) ...................................................... 88 Figura 54 - Atividade 3/ GIU - vdeo (imagem 5) ...................................................... 88 Figura 55 - Atividade 4/ GIU - casa ........................................................................... 89 Figura 56 - Atividade 7/ GIU ..................................................................................... 90 Figura 57 - Atividade 1/ MAU ................................................................................... 92 Figura 58 - Atividade 2/ MAU - retngulos ............................................................... 92 Figura 59 - Atividade 2/ MAU - tringulo ................................................................. 93 Figura 60 - Atividade 3/ MAU ................................................................................... 93 Figura 61 - Atividade 4/ MAU - cruz ......................................................................... 94 Figura 62 - Atividade 4/ MAU - sol e mar ................................................................. 94 Figura 63 - Atividade 4/ MAU - carro ........................................................................ 95 Figura 64 - Atividade 4/ MAU - casa ......................................................................... 95 Figura 65 - Atividade 4/ MAU - casa/telhado ............................................................ 96 Figura 66 - Atividade 5/ MAU - disco que no invade o 1 quadrante ...................... 97 Figura 67 - Atividade 5/ MAU - disco X retas ........................................................... 98 Figura 68 - Atividade 6/ MAU ................................................................................... 98 Figura 69 - Atividade 1/ AKE .................................................................................... 101 Figura 70 - Atividade 2/ AKE .................................................................................... 102 Figura 71 - Atividade 7/ AKE - manipulaes trigonomtricas ................................. 103 Figura 72 - Atividade 7/ AKE - Emotion (relaes) .................................................. 104 Figura 73 - Atividade 4/ PED - carro ......................................................................... 106 Figura 74 - Atividade 1 e 2/ JEA ................................................................................ 108 Figura 75 - Atividade 3/ JEA - imagem 1 .................................................................. 109 Figura 76 - Atividade 3/ JEA - imagem 2 .................................................................. 109 Figura 77 - Atividade 7/ JEA - figura original ........................................................... 110 Figura 78 - Atividade 7/ JEA - rplica ....................................................................... 110 Figura 79 - Atividade 1/ GAB .................................................................................... 111 Figura 80 - Atividade 2/ GAB .................................................................................... 112 Figura 81 - Atividade 1/ JUL ...................................................................................... 114 Figura 82 - Atividade 4/ JUL - casa ........................................................................... 114 Figura 83 - Atividade 4/ BON - casa ......................................................................... 116 Figura 84 - Guia de Estudos para o GrafEq/ tela inicial ............................................. 134 Figura 85 - Guia de Estudos para o GrafEq/ navegao ............................................ 134 Figura 86 - GeoGebra/ interface ................................................................................. 135
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LISTA DE QUADROS
Nmero Nome Pgina Quadro 01 - Hiptese e tese para a proposio 1 ......................................................... 19 Quadro 02 - Evoluo: Geometria Analtica/ Computao ......................................... 25 Quadro 03 - Mudanas no perfil do professor ............................................................. 37 Quadro 04 - Exemplos de atividades da fase de coleta de dados ................................. 44 Quadro 05 - Estudantes observados (siglas para identificao) ................................... 47 Quadro 06 - Atividade 3/ DAG (imagens 2 e 3 do vdeo) ........................................... 51 Quadro 07 - Atividade 3/ DAG (imagem 5 e 6 do vdeo) ............................................ 52 Quadro 08 - Atividade 4/ DAL - carro (imagens da construo) ................................ 61 Quadro 09 - Atividade 4/ DAL - carro (imagens da construo 2) ............................. 62 Quadro 10 - Atividade 4/ DAL - carro (imagens da construo 3) ............................. 63 Quadro 11 - Atividade 4/ DEB - carro (imagens 1 e 2) ............................................... 68 Quadro 12 - Atividade 4/ DEB - carro (imagens 3 e 4) ............................................... 69 Quadro 13 - Atividade 4/ DEB - carro (imagens 5 e 6) ............................................... 69 Quadro 14 - Atividade 4/ DEB - carro (imagens 7 e 8) ............................................... 70 Quadro 15 - Atividade 4/ DEB - carro (imagens 9 e 10) ............................................. 70 Quadro 16 - Atividade 2/ PAC ..................................................................................... 73 Quadro 17 - Atividade 7/ PAC ..................................................................................... 81 Quadro 18 - Atividade 1/ GIU - relaes ..................................................................... 86 Quadro 19 - Atividade 3/ GIU - vdeo (imagens 2 e 3) ............................................... 87 Quadro 20 - Dilogo: Pesquisador e MAU .................................................................. 96 Quadro 21 - Atividade 7/ MAU - Bandeira da Grcia ................................................. 99 Quadro 22 - Atividade 1/ AKE - mensagem ................................................................ 101 Quadro 23 - Atividade 7/ AKE - Emotion (original e rplica) .................................... 104 Quadro 24 - Atividade livre/ JEA - mensagem ............................................................ 110 Quadro 25 - Contribuies da proposta ....................................................................... 118 Quadro 26 - Respostas frequentes ................................................................................ 120 Quadro 27 - Coleta de dados/ Atividade 1 ................................................................... 130 Quadro 28 - Coleta de dados/ Atividade 2 ................................................................... 130 Quadro 29 - Coleta de dados/ Atividade 3 ................................................................... 131 Quadro 30 - Coleta de dados/ Atividade 4 ................................................................... 131 Quadro 31 - Coleta de dados/ Atividade 8 ................................................................... 133
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SUMRIO
1 INTRODUO.....................................................................................................
1.1. Justificativa da Pesquisa ....................................................................................
1.2. Objetivos Questo da Pesquisa ......................................................................
2 BASES TERICAS .............................................................................................
2.1. Geometria Analtica ..........................................................................................
2.2. Tecnologias Digitais e Educao Matemtica ..................................................
3 MTODO PARA COLETA E INTERPRETAO DOS DADOS ...............
3.1. Estudo de Caso ...................................................................................................
3.2. Caracterizao da Amostra ................................................................................
3.2.1. Delineamento do estudo ..................................................................
3.2.1. Local de realizao do estudo .........................................................
3.2.3. Populao em estudo .......................................................................
3.2.4. Coleta de dados ...............................................................................
3.2.5. Consideraes ticas .......................................................................
3.3. Material Utilizado ..............................................................................................
4 ANLISE DOS DADOS ......................................................................................
4.1. Descrio ...........................................................................................................
4.2. Anlise das produes individuais dos estudantes ............................................
4.3. Anlise geral das produes: principais contribuies ......................................
5 CONCLUSO ......................................................................................................
6 REFERNCIAS....................................................................................................
7 APNDICES..........................................................................................................
7.1. APNDICE A: Atividades utilizadas na coleta de dados .................................
7.2. APNDICE B: Amostra do Tutorial - Guia de Estudos para o GrafEq ............
7.3. APNDICE C: Interface do GeoGebra .............................................................
7.4. APNDICE D: Guia de Estudos para o GrafEq (CD) .......................................
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1 INTRODUO
1.1. Justificativa da Pesquisa
A Geometria parte importante dos currculos de Matemtica da
Educao Bsica, pois pode desenvolver no estudante capacidades como compreenso,
esprito de investigao, representao e resoluo de problemas - habilidades
contempladas nos Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Esta matria se desdobra
em vrios ramos, mas, para efeito deste estudo, trataremos da Geometria Analtica, que
tem como funo tratar algebricamente as propriedades e os elementos geomtricos.
Neste mbito, o estudante pode perceber outros modelos que explicam o espao de
forma mais elaborada com linguagens e raciocnios diferentes dos utilizados na
geometria euclidiana.
Segundo EVES (1969), a base para a geometria analtica moderna foi
concebida no sculo XVII, simultaneamente, por Descartes e Fermat, sendo que a
diferena entre os dois estudos que o primeiro um ramo da geometria e no segundo,
ao menos no incio, temos um mtodo geomtrico. Os estudos de Descartes foram
importantes por mostrar uma outra forma de pensar Matemtica e contribuir para o
desenvolvimento histrico do conhecimento, ou seja, mesmo que alguns historiadores
defendam que outros matemticos j haviam empregado coordenadas para representar
pontos e equaes relacionadas a curvas, a evoluo do simbolismo algbrico fazendo
equivalncias com situaes geomtricas no plano cartesiano e a forma atual da
geometria analtica se deve, ao mesmo tempo, a Descartes e Pierre de Fermat origina-
se o que foi chamado cartesianismo.
Deixando de lado tais diferenas fica a certeza de que a geometria
analtica ocupa lugar de destaque como ramo da matemtica por um motivo simples a
relao lgebra-Geometria. Problemas geomtricos podem ser resolvidos por mtodos
algbricos, muitas vezes simples, ou propriedades algbricas podem ser facilmente
verificadas geometricamente. Em suma, ela estabelece uma equivalncia entre
enunciados geomtricos e proposies relativas a equaes ou desigualdades algbricas.
Tambm preciso registrar que a importncia da geometria analtica
no est apenas em estudos avanados da mesma. J no Ensino Mdio tem se abordado
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conceitos de grande valor como as igualdades e desigualdades lineares, base do estudo
para um ramo das matemticas aplicadas a programao linear com aplicaes na
Economia e para a Teoria dos Jogos.
O que a geometria analtica prope vincular a representao
geomtrica a uma representao algbrica equivalente. Esta propriedade de permutar
entre a geometria e a lgebra j aparece em meio aos conceitos tratados no Ensino
Mdio os PCNs citam representaes no plano cartesiano, interseces e posies
relativas de figuras como retas e circunferncias. Desde a simples localizao de pontos
no plano cartesiano determinando coordenadas at o estudo de retas e circunferncias,
atravs de suas respectivas equaes, o estudante, ao estudar geometria analtica, lida
conjuntamente com as representaes algbrica e geomtrica.
Em termos de aprendizado o estudante aumenta sua capacidade de se
expressar sobre problemas geomtricos (ou problemas que se utilizam da geometria)
atravs de uma linguagem matemtica (lgebra) assim como podem valer-se da
geometria para comprovar resultados algbricos vistos anteriormente ou que possam
surgir na sequncia de seus estudos. Este fato representa, ao estudante, uma percepo
de que um problema matemtico pode ser abordado de diversas maneiras. Tambm
ressaltamos que a Geometria Analtica, s vezes chamada de mtodo, no consiste
apenas em um conjunto de frmulas ou receitas matemticas, mas consiste em um
sistema de raciocnios e dedues geomtricos ligados lgebra, devendo assim, esta
ideia estar clara aos estudantes. Segundo os PCNs+ (2006, p. 124), ... mais importante
do que memorizar diferentes equaes para um mesmo ente geomtrico, necessrio
investir para garantir a compreenso do que a geometria analtica prope.
Alm disso, a Geometria Analtica alcana outros objetivos da
Matemtica no Ensino Mdio para gerao de aprendizado significativo como:
compreenso de conceitos, procedimentos e estratgias matemticas e aplicao de
conhecimentos matemticos a situaes diversas, utilizando-os na interpretao da
cincia, na atividade tecnolgica e nas atividades contemporneas. Este ltimo objetivo
aliado habilidade de interpretar ou aplicar modelos analticos, envolvendo equaes
algbricas, inequaes ou sistemas lineares, favorece a compreenso de fenmenos
naturais ou processos de produo tecnolgica. H tambm o desenvolvimento e
aprimoramento de outras competncias como leitura, interpretao e utilizao de
representaes matemticas e transcrio de mensagens matemticas da linguagem
corrente para a linguagem simblica (Representao e Comunicao). Fazer e validar
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conjecturas, recorrendo a modelos e esboos (Investigao e Compreenso), desenvolve
a capacidade de utilizar a Matemtica na interpretao e interveno do real, isto ,
aplicar conhecimentos e mtodos matemticos em situaes reais, em especial, em
outras reas do conhecimento.
Os PCNs+, em relao a este tema, listam uma srie de contedos e
habilidades a serem desenvolvidos:
- representaes no plano cartesiano e equaes; interseco e posies relativas de figuras; - Interpretar e fazer uso de modelos para a resoluo de problemas geomtricos; - Reconhecer que uma mesma situao pode ser tratada com diferentes instrumentais matemticos, de acordo com suas caractersticas; - Associar situaes e problemas geomtricos a suas correspondentes formas algbricas e representaes grficas e vice-versa; - Construir uma viso sistemtica das diferentes linguagens e campos de estudo da Matemtica, estabelecendo conexes entre eles. (PCNs+, 2006, p. 122)
O estudo de inequaes complementa o de equaes, pois acaba
representando regies no plano limitadas por curvas. Essas regies representam
possibilidades de solues em muitos problemas prticos e tambm justificam
resultados algbricos encontrados no ensino fundamental.
Porm, contrariando a riqueza do mtodo analtico, o que ditam os
PCNs e os atuais padres mundiais de ensino, h uma sria deficincia na rede de
ensino brasileira a respeito da aprendizagem destes contedos, assim como outros
tpicos matemticos no Ensino Mdio. Um estudo, que pode servir de parmetro, de
instncia internacional, o PISA (Programa para Avaliao Internacional de Alunos)
organizado desde 1997 pela OCDE (Organizao para Cooperao e Desenvolvimento
Econmico). Esse Programa representa o compromisso dos pases membros de
examinar atravs de um teste os resultados de seus sistemas educativos, medidos em
funo das avaliaes alcanadas por seus estudantes de 15 anos. O nmero de pases
que estavam no Programa em 2006 era de 56 pases, representando 90% da economia
mundial e reforando a representatividade do Programa em relao a dados
educacionais mundiais. Infelizmente, preciso relatar o (alarmante) dado de que o Brasil
ficou abaixo da 50 posio.
Os especialistas envolvidos no programa defendem que essencial
que os estudantes desenvolvam habilidades de carter mais amplo como comunicao,
adaptabilidade, flexibilidade, capacidade de solucionar problemas e utilizao das
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Tecnologias da Informao. O texto determina, a respeito do conhecimento matemtico
mais amplo para a vida adulta, que:
... ser capaz de racionar quantitativamente e de representar relaes ou dependncias tem maior valor na hora de aplicar as habilidades matemticas na vida cotidiana que a capacidade de responder as perguntas que s figuram nos livros textos. (PISA: Conocimientos y habilidades en Ciencias, Matemticas y Lectura, 2006, p. 10)
O Programa divide o contedo matemtico em quantidade, espao e
forma, relaes e probabilstico. Define como processos matemticos o emprego da
linguagem matemtica, a criao de modelos e soluo de problemas. Estas habilidades
tm aplicao em diversas situaes do cotidiano como pessoais, educativas,
profissionais, pblicas, cientficas e tecnolgicas. A competncia matemtica vista
como a capacidade que tem um indivduo de identificar e compreender o papel que
desempenha as matemticas no mundo, emitir juzos bem fundamentados e utilizar e
implicar-se nas matemticas de uma maneira que satisfaa suas necessidades vitais
como um cidado construtivo, comprometido e reflexivo. O que vemos na Educao
Bsica nacional a omisso de tais situaes didticas no ensino-aprendizagem de
Geometria Analtica, incluindo uma grande deficincia nas relaes entre os aspectos
algbricos e geomtricos em circunstncias propostas.
Reafirmando esta realidade, Elon Lages Lima (LIMA, 2007) faz uma
anlise crtica dos principais livros didticos que esto nas salas de aula brasileiras.
Segundo esse autor, alm de ignorar a existncia de calculadoras e computadores, os
livros que servem como guia para os professores e, por conseguinte, determinam a
qualidade de ensino destes so carentes de situaes-problema que ressaltem a
aplicabilidade e a importncia da Matemtica. Em relao a esta discrepncia com a
realidade, o autor aponta o seguinte:
O livro deve ajudar a preparao do aluno para tarefas relevantes na sociedade de hoje. Para isso, ele deve libertar-se de tpicos e mtodos ultrapassados, substituindo-os por outros que correspondam aos dias de hoje. (LIMA, 2007, p. 4)
Em geral, no tpico de geometria analtica, LIMA v uma srie de
falhas. Primeiramente existe uma demasiada fragmentao do contedo, tornando
complicado o seu entendimento mais global. Existe tambm o excesso de problemas de
carter mais manipulativo e de frmulas (problemas estritamente algbricos),
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contrastando com a falta de demonstraes de resultados importantes. Um bom exemplo
o uso do determinante para justificar o alinhamento entre trs pontos. De acordo com
o autor, o determinante surge sem maiores explicaes e perde-se a oportunidade de
introduzir a ideia de coeficiente angular. H tambm a ausncia de demonstraes de
situaes em geometria plana utilizando o mtodo analtico e uma introduo de
vetores, delegando este ltimo tpico, mais uma vez, para a disciplina de fsica. Para
Lima (2007), importante salientar que estes livros simulam o conhecimento
matemtico difundido nas escolas brasileiras. Percebemos ento o quanto est
prejudicada a Educao Matemtica, resumida nela mesma e ao vestibular, como nas
palavras do autor:
... as escolas ocupam boa parte do tempo adestrando seus alunos para o exame vestibular... ... Como j dissemos antes, isso contribui para fortalecer no aluno (e, por extenso, na sociedade) a crena de que a Matemtica que se estuda na escola serve apenas para passar no exame vestibular. Na verdade, do modo como as coisas esto, essa crena bastante justificada. Mas no deveria ser assim. (LIMA, 2007, p. 370)
Essa realidade tambm foi constatada pelo autor desta dissertao em
anlise dos livros oferecidos pelas editoras nas escolas da rede particular de ensino de
Porto Alegre. Portanto, necessria uma proposta, para o estudo de Geometria
Analtica, que contemple um real aprendizado das relaes entre curvas no plano e suas
representaes algbricas. Desta forma, apresenta-se a seguir uma proposta de pesquisa
nesta rea de ensino.
1.2. Objetivos Questo da Pesquisa
Os problemas identificados acima tambm so notrios na prtica do
autor desse texto como professor de Ensino Mdio e como professor de cursos pr-
vestibular. Estes ltimos propiciam uma troca de experincias com estudantes
provenientes de diversas realidades escolares, ampliando a representatividade das
reflexes. O quadro se resume em uma falta de conexo entre as representaes
algbrica e geomtrica, desqualificando o ensino-aprendizagem de geometria analtica e
resumindo-o a memorizaes de frmulas. Dessa forma, em grande parte dos casos, os
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estudantes que possuem algum conhecimento esto limitados reproduo de frmulas
sem ter ideia de como essas solues algbricas se refletem num plano coordenado.
Talvez uma causa plausvel para a formao desse quadro o fato de que h uma
dificuldade em, por mtodos tradicionais como giz e quadro negro, rgua e compasso
etc., proporcionar um ambiente que torne natural esta via lgebra-geometria e que a
evoluo dos estudantes no domnio da lgebra, da geometria e das equivalncias entre
estas se torne expressivo.
Com base na importncia do estudo de Geometria Analtica e das
dificuldades no ensino ressaltadas acima se prope neste trabalho uma anlise da
aplicao do software grfico GrafEq como recurso didtico no estudo de Geometria
Analtica, analisando, atravs de testagem no contexto de uma sala de aula normal no
Ensino Mdio, a flutuao entre as representaes geomtrica e algbrica. Alm disso,
ser apresentada uma sequncia de atividades na forma de mdulo de ensino
includa em um tutorial para uso do software. A expectativa que esse material poder
ser utilizado por professores no ensino-aprendizagem de Geometria Analtica fazendo
uso do GrafEq.
Para esta investigao, entre os recursos informticos
disponibilizados atualmente escolhemos o software GrafEq pela sua interface apurada e
didtica quanto disponibilidade de equaes e sinais algbricos em contraponto a
softwares como Maple ou o Derive, que funcionam como ferramentas de computao
para matemtica e esto distantes, na sua forma, dos estudantes do Ensino Mdio. Estes
sistemas so ideais para desenvolvimento e aplicao da matemtica. Para engenheiros,
so as ferramentas ideais para um rpido e eficiente acesso a numerosas operaes e
funes matemticas, para visualizao dos problemas e de suas solues em diversas
formas. (KUTZLER e KOKOL-VOLJC, 2001, p.1).
O software coloca os estudantes em situaes que permitam a
explorao de acordo com a sua necessidade (descoberta dos menus,
modificao/sobreposio de cores ou alteraes nas configuraes dos eixos, por
exemplo) e semelhana da escrita das equaes com a escrita no caderno. O dinamismo
encontrado no uso do GrafEq notado quando o estudante altera os parmetros da
relao algbrica e verifica diferenas na representao geomtrica equivalente.
Entretanto, a clareza para digitar equaes e verifica-las no plano cartesiano (tambm h
a opo de se utilizar coordenadas polares), o acrscimo de um menu especial com
expresses e funes conhecidas e outras atribuies, parece garantir, servindo aos
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16
objetivos desta pesquisa, uma navegao rpida e prtica, por parte do usurio, pelas
relaes entre as equaes (lgebra) e suas representaes grficas (geometria).
Por exemplo, quando o estudante comea a fazer inferncias,
alterando e refletindo sobre uma relao algbrica R(x), verificando as transformaes
ocasionadas por estas aes nas representaes grficas, sugere um desenvolvimento
quanto ao seu conhecimento e manuseio de expresses algbricas e suas equivalncias
geomtricas. As variaes em R(x) podem envolver operaes com constantes (R(x) + c
ou c.R(x) - seja c uma constante qualquer), mudanas de coeficientes ou expoentes,
entre outras. As transformaes nas representaes grficas podem sex exemplificadas
por translaes, simetrias, paralelismos, perpendicularidades, (de)crescimentos etc.
Assim, o objetivo desta pesquisa verificar, analisando o alcance
destas, as seguintes questes:
A manipulao de igualdades e desigualdades no GrafEq,
verificando suas representaes no plano cartesiano, ajudar aos estudantes na
apropriao da linguagem algbrica representativa de situaes no plano? Quais
problemas ou atividades sero geradores desta situao de aprendizagem?
Tambm se acrescenta o fato de que este estudo trar benefcios tanto
para as escolas, estendendo o conhecimento para os colegas da rea, como para os
estudantes. Entre os fatores benficos aos estudantes cabe ressaltar a apropriao da
tecnologia para aprender Matemtica, a disseminao da cultura informtica e a
apropriao da escrita em Matemtica.
Figura 01 Interface do GrafEq
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No prximo captulo, abordo as concepes que subsidiam e
fundamentam esta pesquisa, no campo da Geometria Analtica e das Tecnologias
Digitais, mostrando o alcance e/ou os avanos para a Educao Matemtica.
Primeiramente temos um breve resumo da evoluo histrica da geometria analtica,
pontuando suas caractersticas peculiares e suas conexes com o desenvolvimento da
Matemtica como cincia at a chegada da era da informao. Em seguida exponho
teorias que analisam as tecnologias digitais especificamente informtica e sua
introduo no ensino, relacionando os seus aspectos ao Ensino de Matemtica.
No captulo seguinte, explico o mtodo para coleta e interpretao
dos dados. Temos a definio de pesquisas empricas como o Estudo de Caso e a
caracterizao das atividades que foram analisadas bem como os estudantes envolvidos
na pesquisa.
O quarto captulo contm a anlise das produes dos estudantes.
Aqui esto colocadas as reflexes sobre os avanos no contedo de geometria analtica
obtidos, pelos estudantes, nas suas interaes com o GrafEq ao longo das atividades
propostas.
Na concluso, so retomadas, em paralelo, as questes norteadoras
do estudo e a resultante do captulo anterior. Embasado no referencial terico,
apresenta-se tambm as expectativas para a utilizao do tutorial elaborado, inclusive
por outros professores de Matemtica. Tambm contemplada a possibilidade de
futuras complementaes das atividades com a introduo de outro software o
GeoGebra.
Finalmente, temos as referncias utilizadas neste estudo e os
apndices que fornecem, na ntegra, as atividades utilizadas na testagem e extratos
elucidrios do tutorial (Guia de Estudos para o GrafEq), incluindo as atividades
propostas.
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2 BASES TERICAS
2.1. Geometria Analtica
Deve-se oportunizar ao estudante do Ensino Mdio o conhecimento
desse mtodo que transforma problemas geomtricos em algbricos atravs de equaes
ou inequaes, pela sua importncia no processo histrico de construo do
conhecimento matemtico (e em outras reas que fazem uso de resultados matemticos
como: Fsica, Astronomia,...) e como ferramenta para resoluo de problemas
matemticos. Uma abordagem correta tambm serve para desvincular a lgebra da
simples e retroativa ideia de aritmtica simblica.
A essncia da Geometria Analtica, de acordo com EVES (2004),
consiste em estabelecer equivalncia entre pontos do plano e coordenadas reais (pares
ordenados), em um sistema referencial de eixos, viabilizando correspondncia entre
equaes e curvas no plano e suas respectivas propriedades algbricas e geomtricas.
Dessa forma, transfere-se a tarefa de demonstrar um teorema em geometria (que
chamaremos Geometria Sinttica) para a de provar esta mesma proposio em lgebra.
Podemos notar esta facilidade adquirida com o uso de processos
analticos comparando com a Geometria Sinttica. Enquanto que nesta primeira exige-
se em suas demonstraes habilidade, experincia e prtica adquiridas com o tempo na
resoluo de problemas, os procedimentos com o uso da geometria analtica podem se
mostrar mais claros aos estudantes. Tal clareza se deve ao fato de que, com a Geometria
Analtica, se tem um procedimento mais concreto, por meio de resultados e tcnicas
algbricas.
Para comparar estas ideias vamos demonstrar, por meios sintticos e
analticos, duas proposies.
Proposio 1: Se duas retas paralelas distintas interceptam uma
transversal, ento os ngulos alternos (ou os ngulos correspondentes) so
congruentes.
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Hiptese Tese
, //a b a b
Quadro 01 Hiptese e tese para a proposio 1
Se e no fossem congruentes, existiria uma reta x, distinta de b,
passando por P, {P} = b t, tal que:
xt = ` alterno de e '
Pelo teorema da existncia1, ` //x a .
Figura 02 Reta x
Por P teramos duas retas distintas x e b, ambas paralelas reta a, o
que absurdo, pois contraria o postulado das paralelas2. Logo, congruente a , isto
, . Demonstrao encontrada em DOLCE e POMPEO (1998, p. 64).
O estilo da demonstrao acima, apesar de simples e bem
fundamentado dentro do mtodo sinttico, s vezes, encontra resistncia at em alunos
no incio da graduao. No entanto, com conceitos analticos abordados no Ensino
Mdio, podemos chegar prova da seguinte maneira:
Sejam duas retas paralelas de equaes y = ax + b (1) e y = ax + c
(2) e uma transversal de equao y = dx + e (3).
1 Existncia da paralela (Recproca da proposio em questo): Se duas retas distintas e uma reta transversal, todas coplanares, determinam ngulos alternos congruentes, ento essas duas retas so paralelas. 2 Unicidade da paralela: Por um ponto passa uma nica reta paralela a uma reta dada.
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Sabemos que os coeficientes angulares das retas (1), (2) e (3) so,
respectivamente, a, a e d e que a relao 2 1
2 11
m mtg
m m
=
+ nos fornece a tangente do
ngulo agudo entre duas retas a partir dos coeficientes angulares m1 e m2.
Assim, temos que os ngulos agudos (para simplificar, utilizei o
mesmo smbolo) entre as retas (1) e (3) e entre as retas (2) e (3) possuem a mesma
tangente 1
d atg
ad
= +
. Logo, estes ngulos agudos (que so os alternos internos) so
congruentes. Para no perdermos em generalidade, devemos considerar os casos onde as
retas so verticais. Em um primeiro caso, onde as retas paralelas so verticais e formam
um ngulo reto (tangente inexistente) com o eixo das abscissas e a transversal um
ngulo , temos que o ngulo agudo entre as retas paralelas e a transversal 90-
(figura 03 esquerda). Da mesma forma, se a reta transversal vertical e as retas
paralelas formam um ngulo com o eixo das abscissas, ento o ngulo entre elas
tambm ser 90 - (figura 03 direita).
Figura 03 Retas verticais
Proposio 2: As medianas de um tringulo concorrem em um ponto
que trisecta a cada uma delas. Demonstrao encontrada em EVES (1969, p. 3).
Analisemos a figura 1.
Figura 04 Ponto G (Demonstrao Sinttica)
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Seja G o ponto de interseco das medianas BE e CF do tringulo
ABC e sejam M e N os pontos mdios de BG e CG, respectivamente. Traa-se FE, MN,
FM e EM. Ento FE paralelo a BC e igual a sua metade (teorema da base mdia). De
forma anloga, MN paralelo a BC e igual a sua metade. Por conseguinte, FE paralelo
e igual MN, sendo por tanto, FENM um paralelogramo. Deduz-se ento que MG = GE
e NG = GF. As medianas BE e CF se cortam em um ponto G que est a dois teros da
distncia de uma ou outra aos vrtices B e C e a um tero desta distncia do ponto
mdio do lado oposto. Dado que isto vlido para um par qualquer de medianas do
tringulo ABC, deduz-se que as trs medianas concorrem em um ponto que triseca a
cada uma delas.
A demonstrao anterior no difcil, mas exige experincia para
decidir por onde comear, que segmentos traar ou qual enfoque abordar (diagonais do
paralelogramo). Agora abordaremos o problema por mtodos analticos. Colocamos o
tringulo ABC em uma situao geral de um sistema cartesiano (ver figura 2). Ento (a1,
a2), (b1, b2) e (c1, c2) sero as coordenadas dos vrtices A, B e C no sistema.
Figura 05 - Ponto G (Demonstrao Analtica)
Determinemos as coordenadas (g1, g2) do segundo ponto de triseco
G da mediana AD. Usaremos a chamada frmula da razo da geometria analtica, que
diz que as coordenadas (p1, p2) de um ponto P que divide um segmento de reta MN de
modo que MP/PN = r/s so p1= (s.m1 + r.n1) / (s + r) e p2= (s.m2 + r.n2) / (s + r), sendo
(m1, m2) e (n1, n2) as coordenadas de M e N, respectivamente.
Pela frmula vemos que as coordenadas de D so
d1= (b1 + c1) / 2 e d2 = (b2 + c2) / 2.
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22
Utilizando novamente a frmula temos as coordenadas de G:
g1= (a1 + 2d1) / 3 = (a1 + b1+ c1) / 3,
g2= (a2 + 2d2) / 3 = (a2 + b2+ c2) / 3.
De forma anloga, tambm vemos que G o segundo ponto de
triseco de BE e CF.
Esta demonstrao nos mostra uma vantagem do mtodo analtico.
Primeiro situamos a figura em um sistema de coordenadas e depois, simplesmente,
determinamos as coordenadas do ponto G, fazendo uso de um resultado analtico
(frmula da razo), assim como na demonstrao sinttica utilizamos o teorema da base
mdia (resultado da geometria plana).
Os exemplos acima, de forma alguma so para invalidar o mtodo
sinttico, mas sim para apresentar, aos estudantes, a Geometria Analtica como opo
potente na prova de resultados geomtricos. A seguir, retrato alguns fatos que marcam a
evoluo desse campo da Matemtica.
A inveno da Geometria Analtica, mesmo que alguns autores
digam que outros matemticos j haviam se utilizado do mtodo analtico, se deve a
Descartes e Fermat. Segundo EVES,
Os gregos dedicaram-se consideravelmente lgebra geomtrica e a ideia de coordenadas foi usada no mundo antigo pelos egpcios e os romanos, na agrimensura, e pelos gregos na confeco de mapas. Apolnio (grego) deduziu o cerne de sua geometria das seces cnicas de equivalentes geomtricos de certas equaes cartesianas dessas curvas ideia que parece ter-se originado com Menaecmo. Nicole Oresme (sec XIV) representou graficamente certas leis, confrontando a varivel dependente com a independente. (EVES, 2004, p. 382)
De acordo com esse autor, os dois matemticos nunca trabalharam
juntos, mas estavam avanando nestes estudos a mesma poca. A contribuio de
Descartes foi escrita em um tratado filosfico sobre a cincia universal. O Tratado
intitulado Discours de la Mthode pour Bien Conduire sa Raison et Chercher la Vrit
dans les Sciences (Discurso do Mtodo para Bem Conduzir a Razo e Procurar a
Verdade nas Cincias, publicado em 1637) continha trs apndices e coube ao terceiro,
La gomtrie, tratar da Geometria Analtica. Apesar de avanar muito em relao a
matemticos anteriores e este apndice (nica publicao de contedo matemtico de
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Descartes) ter aproximadamente cem pginas, Descartes no desenvolveu
sistematicamente o mtodo analtico at a forma que conhecemos hoje. Palavras como
coordenadas, abscissas e ordenadas foram utilizadas pela primeira vez, no sentido
tcnico atual, por Leibniz em 1692.
A diferena entre estes estudos e os de Pierre de Fermat que, onde
Descartes partia de um lugar geomtrico para encontrar sua equao, Fermat partia de
uma equao e ento buscava o lugar geomtrico correspondente. essa reciprocidade
o princpio fundamental da Geometria Analtica.
A relevncia da Geometria Analtica pode ser justificada por trs
grandes contribuies histricas para o desenvolvimento da Matemtica. A primeira
delas foi servir de apoio ao Clculo (sculo XVII). Com ele e com a Geometria
Analtica se atacou problemas que no poderiam ser solucionados anteriormente.
Outra contribuio, impulsionada pela criao da Geometria
Analtica, foi a adaptao frente a diversos outros problemas matemticos. Como
exemplo, temos a criao de coordenadas polares para se trabalhar com curvas
impraticveis em coordenadas cartesianas os espirais so timos exemplos. Em 1829,
Julius Plcker notou que o elemento fundamental no precisa ser um ponto, podendo ser
qualquer ente geomtrico, e explorou a geometria analtica das coordenadas lineares.
Sem dvida, a Geometria Analtica contribuiu com diversos avanos
na Matemtica Pura. Sem desconsiderar a evoluo da Matemtica e da Tecnologia
como um todo, no podemos deixar de citar a Matemtica Aplicada em especial a
Computacional e a Educao Matemtica.
No campo computacional, diversos matemticos, como Pascal e
Leibniz, concentraram esforos na construo de mquinas para calcular e acumular
instrues iniciando uma busca pelo aperfeioamento que culminou em mquinas de
computar, prottipos das atuais mquinas de calcular. Outro matemtico que contribuiu
para esta revoluo foi o ingls Charles Babbage. A mquina construda por ele e
denominada mquina analtica, gerou descendentes como o ASCC (convnio entre a
IBM, a Universidade de Harvard e o Departamento Naval dos Estados Unidos, em
1944) e o ENIAC (convnio entre a Universidade da Pensilvnia e o Laboratrio de
Pesquisas Balsticas do Exrcito dos Estados Unidos, 1945).
A evoluo dessas mquinas acompanhou a revoluo tecnolgica, as
vlvulas foram substitudas pelos transistores e estes pelos microchips, tornando-as mais
leves, mais rpidas e capazes de realizar diferentes tarefas. Segundo EVES (2004),
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Dana S. Scott, em 1958, programou o MANIAC para procurar todas as solues de um
problema consistindo em juntar um conjunto completo de doze pentamins3 de modo a
formar um quadrado oito por oito com um quadrado vazio dois por dois no meio. Mas
no s na Matemtica Recreativa houve avanos impulsionados pela tecnologia
computacional. Em 1976, Kenneth Appel e Wolfgang Haken comprovaram o problema
das quatro cores da topologia4, utilizando recursos computacionais para verificar o
exame de 1960 configuraes redutveis, cada uma envolvendo o estudo de meio milho
de opes lgicas para verificar a redutibilidade.
Assim, os computadores deixaram de servir exclusivamente a
propsitos militares e comearam a ser projetados para auxiliar nas mais diversas reas,
sejam elas comerciais, empresariais, da administrao pblica ou de setores da
engenharia. Nos dias de hoje, os microcomputadores j so artigos domsticos servindo
a tarefas comuns em lares de todo o globo. A realidade que h geraes de indivduos
que nasceram j na presena destas mquinas e que a interao com estas fez parte do
seu desenvolvimento infantil at a idade pr-escolar e continua durante sua
escolaridade.
Ento esta presena tambm surge na escola, o lugar onde colocamos
o nosso desejo humanitrio da continuao do desenvolvimento. Ser esta incluso o
objeto de anlise do prximo tpico. Aqui cabem apenas algumas indagaes: Se a
computao ajudou em descobertas no campo da Matemtica Pura e Aplicada, por que
no utiliz-la na Educao Matemtica? Ser que as descobertas que a criana faz frente
sua interao com a mquina no causam o mesmo impacto nelas que os impactos
causados na Matemtica e na Sociedade por grandes descobertas como a Geometria
Analtica e a Computao?
3 Um pentamin um arranjo plano de cinco quadrados unitrios unidos ao longo de seus lados. 4 A conjetura afirmava que possvel pintar qualquer mapa plano ou sobre uma superfcie de uma esfera sem que se usem mais do que quatro cores, sem que regies vizinhas possuam a mesma cor.
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Evoluo: Geometria Analtica/ Computao
Ano Matemtico/ Acontecimento
Geometria Analtica/ Computao
1360 Nicole Oresme Coordenadas
1635 Fermat Geometria Analtica
1637 Descartes Geometria Analtica
1640 De Beaune Geometria Cartesiana
1650 Blaise Pascal Mquinas de Calcular
1682 Leibniz Mquinas de Calcular
1731 Alxis Clairaut Geometria Analtica Slida 1748 Agnesi Geometria Analtica 1829 Plcker Geometria Analtica Superior 1830 Babbage Mquinas de Computar 1937 John V. Atanasoff designou o primeiro computador eletrnico
digital 1939 Atanasoff e Clifford Berry demonstraram o prottipo ABC 1941 Konrad Zuse, na Alemanha, desenvolveu em segredo o Z3. 1943 Na Inglaterra, o Colossus foi designado em segredo para
decodificar mensagens alems. 1944 IBM Automatic Sequence Controlled Calculator (ASCC). 1945 Eletronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC). 1948 Instalado no Campo de Provas da Marinha (Dahlgren, Virgnia) um
computador ASCC aprimorado. 1953 IBM introduziu o modelo 604 computer, o primeiro com transistor. 1955 IBM introduziu o 702 business computer. 1959 Texas Instruments patenteou o primeiro circuito integrado. 1971 Micro Computer Co. patenteou o microprocessador. 1971 venda a primeira calculadora porttil. 1973 IBM desenvolveu o primeiro disco rgido (Winchester) 1976 Jobs e Wozniak desenvolveram o computador pessoal Apple. 1984 Apple Computer introduziu o Macintosh. 1985 Entram em uso os supercomputadores. 1991 Desenvolvida a WWW. 1994 Netscape Navigator 1.0. 1996 Microsoft Explorer 3.0.
H. Eves (2004) e David B. Zandvliet (2006) Quadro 02 Evoluo: Geometria Analtica/ Computao
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2.2. Tecnologias Digitais e Educao Matemtica
A pertinncia do uso da tecnologia informtica justificada por
diversos fatores. A disponibilidade de recursos como internet e softwares educacionais
abrem um leque de possibilidades didticas, modificando as relaes entre professor e
aluno. DAMBRSIO e BARROS (1990) acrescentam que estas mudanas causam
grandes impactos na sociedade, gerando reflexos conceituais e curriculares na Educao
Bsica e na Educao Superior. Matemtica cabe o papel de desenvolver nos
estudantes, tambm nesse mbito, habilidades como selecionar e analisar informaes,
tomar decises, resolver problemas e transcrev-los em linguagem correta.
Dessa forma, nos deparamos com a necessidade social gerada pela
evoluo de tais tecnologias. Cada vez mais os indivduos precisam aumentar sua
interao com as mquinas, conhecendo suas vantagens e limites, utilizando-as em
benefcio do aprender e do trabalho. Assim, no podemos ignorar a interseco entre
estas duas reas (Educao Matemtica e Informtica), objetivando o Ensino de
Matemtica para a utilizao dos recursos tecnolgicos, de forma racional e vinculada
ao saber matemtico.
Os PCNs (2006) determinam, para a Educao Matemtica e os
recursos tecnolgicos, uma relao de reciprocidade. A Matemtica deve servir para
entender e se apropriar das tecnologias digitais assim como esta deve ser ferramenta
para entender a Matemtica. Outra habilidade contemplada a utilizao adequada de
calculadoras e computadores, reconhecendo suas limitaes e potencialidades. Mais
especificamente sobre computadores h a sugesto de se utilizar softwares matemticos,
que caracterizem e influenciem o pensar matemtico, e a Internet. Em relao
contextualizao scio-cultural, os PCNs+ (2006, p. 118) ditam que a Matemtica deve
acompanhar criticamente o desenvolvimento tecnolgico contemporneo, tomando
contato com os avanos das novas tecnologias nas diferentes reas do conhecimento
para se posicionar frente s questes de nossa atualidade.
Porm, o uso das tecnologias digitais na sala de aula deve ser
antecedido por reflexes consistentes sobre o alcance destas e o papel da escola. Uma
questo, levantada por Kaput (1992), sobre a utilizao do verdadeiro potencial das
tecnologias computacionais no Ensino de Matemtica. preciso rever os processos de
ensino tradicionais de Matemtica que visam aquisio de tcnicas aritmticas e
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aplicao demasiada de frmulas para chegar a valores numricos sem significado,
desprezando o real fazer matemtico. Deve-se oportunizar ao aluno a chance de
desenvolver e utilizar o raciocnio lgico para testar e validar suas hipteses evoluo
natural do conhecimento matemtico, escondido pela escola tradicional. Assim,
defende-se uma reforma nas prticas tradicionais, revisando o impacto das novas
tecnologias em tais prticas e no currculo matemtico.
De acordo com Kaput (1992), historicamente o uso do computador
na escola vem apenas renergizando velhas prticas, transferindo o livro texto, suas
questes fechadas e os alunos ouvintes e receptores para uma sala de aula com
computadores os laboratrios de informtica. Segundo o autor, houve uma
disseminao dos CAI (Computer Assisted Instruction), que foram as primeiras
tentativas do uso do computador na Educao:
Basicamente, estes programas davam instrues para os alunos e indicava o acerto (ou erro) do estudante nas questes propostas. Os tutoriais matemticos tendem a se basear no ensino guiado de sistemas de notaes, tanto aritmticos, algbricos ou geomtricos. Designers transferiram o sistema tradicional de ensino para um novo meio usando a caracterstica visual do computador, porm estes programas se mostram fracos em termos curriculares e pedaggicos. (KAPUT, 1992, p. 519)
Papert (1988), criador da linguagem de programao LOGO
(linguagem da tartaruga)5, e Kaput (1992) criticam essa tendncia, apontando novas
possibilidades e mudana de paradigmas. Para o primeiro, a criana deve programar o
computador para ir em busca de conhecimentos, ressaltando que na ao haver o real
aprendizado caracterizado por descobertas e reorganizao destas, construindo e se
apropriando de significados. Nessa linha, o segundo aponta que um aspecto dos
computadores que os distinguem de outras mdias utilizadas na educao a capacidade
de servir como ferramenta de produo/ construo. Acerca disto, Basso (2003, p. 49)
assinala que uma utilizao mais significativa da tecnologia, a favor da educao, deva
incluir dimenses do desenvolvimento como: interao, troca, intercmbio,
comunicao bi ou multilateral, negociao, colaborao e cooperao.
Kaput (1992) defende que para refletirmos melhor sobre a
contribuio das tecnologias digitais na Educao Matemtica, precisamos inicialmente
entender como funcionam as interaes humanas com o conhecimento. Dentre essas
interaes, o autor determina qual ou quais so particularmente relacionadas com o
5 Tambm existem outras linguagens de programao como BASIC e Pascal. (PAPERT, 1988)
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aprender matemtico, bem como quais so as possibilidades significativas da utilizao
de tecnologias digitais como interferncia positiva na aprendizagem matemtica.
Segundo ele (KAPUT, 1992, p. 522), nosso aparato mental, embora muito limitado no
processamento e manipulao da capacidade de memria, notavelmente efetivo em
levantar ideias complexas e processos, concretos ou abstratos. Esta fora est baseada
na interao entre duas origens da organizao da experincia:
(i) As estruturas inerentes ao nosso conhecimento construdo, e (ii) Nossa habilidade para explorar meios fsicos da experincia organizada
no caso da experincia matemtica, utilizaremos sistemas de notao (definidos mais a frente) como formas de externalizar uma estrutura conceitual. O autor faz a seguinte analogia: Ns usamos isto na nossa atividade matemtica como um carpinteiro utiliza um esquadro na carpintaria. (KAPUT, 1992, p. 522)
Assim, Kaput argumenta que apoiamos nossa explorao sobre uma
estrutura organizacional fora do pensamento, o que coloca a nossa discusso acerca
da experincia numa relao entre pensamento e linguagem construda para incluir
algum tipo de linguagem matemtica. Com isso, ns produzimos um senso para dar
continuidade pela experincia via interaes entre o meio fsico (objeto da experincia)
e as estruturas mentais. Consequentemente nos colocamos entre dois mundos: (i) o
mundo das operaes mentais, sempre hipottico, e (ii) o mundo das operaes fsicas,
frequentemente observvel. Na figura abaixo, extrada de Kaput (1992, p. 523), vemos
que estes dois mundos interagem em direes opostas, sugerindo um fenmeno cclico.
KAPUT, 1992, p. 523
Figura 06 Operaes fsicas e mentais
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Na seta apontada para cima temos os atos interpretativos na base do
objeto do processo, que chamamos de interpretao ativa (ou deliberada). Na outra seta
concentramos o processo do fenmeno mental evocado pela matria fsica. Kaput
determina que neste caso temos a ao de projetar a estrutura material existente
mentalmente e de produzir novas estruturas, incluindo elaboraes fsicas sobre as pr-
existentes, testando a viabilidade de suposies.
Para produzir percepo das interaes entre processos fsicos e
mentais, Kaput (1992) cria uma linguagem para organizar e ligar registros dessas
interaes. Para avaliar estas linguagens no mbito da Educao Matemtica, ele utiliza
o termo sistema de notao. Na Matemtica h uma grande familiaridade com os
variados sistemas de notaes, incluindo neste conjunto o sistema numrico de base
dez, o sistema de notao algbrico para uma ou mais variveis, os sistemas de
coordenadas grficas de diferentes dimenses, os sistemas de tabelas de dados, entre
outros. Segundo o autor, um sistema de notao definido como um conjunto de regras
para:
(i) Identificar ou criar caracteres, (ii) Oper-los entre eles, e (iii) Determinar relaes com outros sistemas de notaes principalmente relaes equivalentes. (KAPUT, 1992, p.523)
Transformaes dentro e atravs de sistemas de notaes podem ser
exemplificadas com atividades tpicas de manipulao algbrica, operando com
expresses e mudando a sua forma. Analisemos as seguintes aes:
(i) Subtrair 6x de (x + 6x + 9), e (ii) Expandir a binomial (x + 3) para (x + 6x + 9). (KAPUT, 1992, p.524)
No primeiro caso, ns estamos agindo inteiramente com o mesmo
sistema de notao, efetuando transformaes. No segundo caso, ns sucedemos para
uma transformao da expresso para outra forma equivalente (uma identidade),
mudando a visualizao do objeto fixado, enquanto que no item (i) transformamos o
objeto em uma representao diferente. Tais mudanas dentro de um mesmo sistema de
notao podem ser visualizadas na seguinte figura:
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30
KAPUT, 1992, p. 524.
Figura 07 Sistema de Notao X Cognies Associadas
No exemplo, tanto em (i) como em (ii), poderamos acoplar uma
mudana na transformao vista em outro sistema de notao, que poderia ser um
sistema de coordenadas grficas. De acordo com o autor, isso acontece em grande parte
da Matemtica presente na Educao Bsica, onde as atividades envolvem constantes
tradues de um sistema de notao para outro.
Um dos exemplos mais comuns de se usar tradues entre sistemas
de notaes diferentes a representao algbrica de uma funo e o seu respectivo
grfico, facilmente verificveis no GrafEq. Mais genericamente, podemos estender este
arqutipo para as relaes de equivalncia entre entes algbricos (relaes) e suas
representaes geomtricas, base do estudo da Geometria Analtica.
Estas tradues so diretas, dependendo da interao e das operaes
mentais realizadas pelo estudante. Kaput (1992) exemplifica que para transferir a
funo y=x+6x+9 para o sistema de coordenadas grficas podemos utilizar o processo
de computao dos valores da funo e plotar os pares ordenados resultantes. Ou, iniciar
com o grfico de um modelo e, atravs de conhecimento de parbolas e funes
quadrticas, desenvolver inferncias mais sofisticadas que resultam numa translao do
grfico para a funo quadrtica desejada. Podemos identificar situaes como
manipular a expresso algbrica e encontrar valores para plotar o grfico. Ou identificar
no grfico o intercepto-y, por exemplo, e procurar uma equivalncia na notao
algbrica (termo independente).
Estas relaes entre sistemas de notao diferentes (no exemplo,
algbrico e geomtrico) e a integrao de cognies associadas esto descritas,
genericamente, na figura abaixo:
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31
KAPUT, 1992, p. 524.
Figura 08 Sistemas de Notao
Kaput tambm defende que se alguma variao precisa ser projetada
para permitir que o estudante a leia e a interprete, so necessrios meios dinmicos que
facilitem essa projeo difcil de ser desenvolvida em uma mdia esttica. Por
exemplo, se um professor ou estudante, utilizando a lousa ou papel e caneta, quer
descrever a variao de um ente geomtrico qualquer (ponto, reta etc.) atravs de uma
figura geomtrica, ele dever incluir vrias instncias da situao talvez com o auxlio
da indicao da direo do movimento do objeto. Mas esta ilustrao, utilizando um
software como o Cabri Geometry6, pode ser mais interessante e mais representativa em
termos cognitivos na aprendizagem matemtica. Sobre isso, Kaput diz:
Um aspecto muito importante do pensamento matemtico a abstrao da invarincia. Mas claro que reconhecemos invarincia quando estudamos variaes. A mdia dinmica inerente produo de variaes. (KAPUT, 1992, p. 526)
E ainda:
Assim, podemos dizer que a transio contnua do estgio intermedirio uma importante caracterstica cognitiva do sistema dinmico, aqui entendido como um sistema que permite variaes do objeto estudado. J pela mdia interativa, a possibilidade de construir interaes envolvendo contribuies fsicas (aes do sujeito) e os sistemas de notao instantnea. (KAPUT, 1992, p. 526)
6 Software de geometria dinmica. Uma espcie de rgua e compasso eletrnicos que permite movimento nas construes geomtricas. Desenvolvido pelo Institut d'Informatiqe et de Mathematiques Appliquees em Grenoble - IMAG. Site de origem: http://www-cabri.imag.fr/index-e.html
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Dessa forma, as tecnologias digitais podem performar as aes do
usurio vistas na figura abaixo, fazendo uma ligao mais densa entre as cognies
associadas com uma ao e as cognies resultantes do sistema resposta.
KAPUT, 1992, p. 526.
Figura 09 Sistema resposta
Um recurso computacional pode fazer equivalncias entre sistemas
de notao a partir da ao do usurio em um sistema, como por exemplo, faz o GrafEq
- o usurio pode manipular como desejar as informaes algbricas de um objeto
(relao) enquanto que o software retorna as equivalncias geomtricas, potencializando
a situao exposta no esquema da figura 08. Essas transferncias de um sistema para
outro so verificadas na ilustrao a seguir:
KAPUT, 1992, p. 529.
Figura 10 Transferncias entre sistemas de notao
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O usurio realiza uma sequncia de aes no meio digital que podem
ser ligadas a outros recursos (diversos programas), modificadas e includas em outra
sequncia de aes e formando uma rede de aes, em vrios sistemas de notaes.
Segundo Kaput (1992), esta caracterstica do meio digital causa influncias nas
estruturas mentais do estudante e pode ser resumida nos termos construo, recordao
e visualizao. No exemplo do GrafEq, um sistema de forma algbrica em A de duas
variveis (funes, por exemplo) ligadas com os grficos em B fazendo a equivalncia
expresso algbrica em A constitui um grfico em B. Se as aes em A incluem
simplificaes e outras mudanas na forma fixa da funo, gerar outros pares
ordenados e outro grfico em B. Assim estas aes em A so refletidas em B. A
contribuio do software, neste caso, que para o estudante analisar e construir
inferncias a respeito do sistema algbrico (onde suas aes foram empregadas), ele
possa, antes de criar suas associaes cognitivas, visualizar esta situao em outro meio
(geomtrico) ou, ao contrrio, utilizar estas inferncias para modificar o campo
algbrico e obter um resultado geomtrico. Lembramos que, no caso deste estudo, o
mais importante a construo, compreenso e aplicao das equivalncias entre estas
relaes algbricas e geomtricas princpio norteador do estudo da Geometria
Analtica. Estas relaes esto descritas, de forma geral, na figura abaixo.
KAPUT, 1992, p. 530.
Figura 11 Contribuio Computacional
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Acerca desta interferncia do meio digital, Gravina (1998) aponta
que o computador (nome recebido quando a mquina ainda s fazia grandes operaes)
permite ao estudante explorar objetos na tela como se fossem concretos. Estes objetos
podem ser manipulados, junto com relaes mentais, chegando-se abstrao de forma
mais natural, ou seja, expanso do conhecimento atravs das reestruturaes de
pensamento permitidas com a interao entre o estudante e os objetos de estudo na
interface informtica.
Para esta pesquisa, usamos como apoio ou facilitador de
aprendizagem o software GrafEq, que utilizado para a plotagem de grficos de
funes em coordenadas cartesianas e polares. Para as atividades propostas na coleta de
dados, os estudantes no precisavam ser experientes no manejo do software, portanto,
bastava seguir as atividades (apndice A). A diferena entre o GrafEq e outros softwares
existentes no mercado para engenheiros e matemticos (puros e aplicados), como o
Derive e o Maple, que este foi projetado para fins educacionais, com um layout e
ferramentas que se adaptam matemtica estudada no ensino bsico.
De acordo com o site de origem do GrafEq7, o software se caracteriza
como intuitivo, flexvel, preciso e robusto programa de produo de grficos de
equaes implcitas e desigualdades. A pgina tambm determina que o GrafEq foi
projetado para promover um visual para forte compreenso da matemtica,
disponibilizando grficos confiveis e incentivando a explorao. Alm disso, o
software oferece interfaces em Ingls, Alemo, Espanhol, Francs, Coreano e Japons,
sugerindo fcil adaptao em diferentes pases e culturas.
A seguir, temos algumas caractersticas especficas do GrafEq:
(i) O GrafEq pode salvar e abrir arquivos em diferentes formatos. (ii) Suporte para a plotagem de vrios grficos na mesma janela, para que os
efeitos das diversas transformaes possam ser claramente visualizados. (iii) GrafEq prev / suporta outras caractersticas distintivas como: botes fceis,
funes e relaes, equaes e desigualdades, plano cartesiano e polar, fcil utilizao de expresses trigonomtricas, exponenciais e logartmicas, valor absoluto, modulo, zoom-in / zoom-out, pontos, encostas, distncias e ngulos.
(iv) GrafEq um programa fcil de usar para apresentar graficamente as equaes encontradas na currculo matemtico da educao bsica, que inclui: funes lineares, polinmios, cnicas, funes trigonomtricas, funes exponenciais, relaes envolvendo valor absoluto, etc.
(v) Respeita convenes matemticas e fornece pistas para entradas incorretas de equaes. Tambm sugere correes mais diretas como quando parnteses no so corretamente empregados.
7 www.peda.com/grafeq
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(vi) O GrafEq foi concebido com/para a matemtica da Educao Bsica. (www.peda.com/grafeq - acessado em dezembro de 2008)
No GrafEq as intersees das relaes, entre si e com os eixos
ordenados, podem ser descobertas visualmente, sendo uma ferramenta bastante
importante no estudo de desigualdades e regies no plano cartesiano. Alm disso,
coordenadas de pontos do plano podem ser encontradas por zoom. No estudo de
equaes lineares podem se abordar vrios aspectos importantes atravs de ferramentas
como, por exemplo, a determinao do coeficiente angular atravs de dois pontos
quaisquer da reta.
A utilizao do computador nas atividades propostas neste material,
conforme anlise apresentada no captulo 4 serviu para que os estudantes testassem suas
hipteses, refutaes e outros processos que fazem parte do ato de estudar matemtica e
resolver problemas. Por isso, o software nem a dinmica das aulas se deram somente
sobre os erros e acertos dos alunos, privilegiando os procedimentos exploratrios dos
alunos associados s suas aes mentais. A dinmica interativa que permeou o trabalho
dos estudantes durante as atividades foi a manipulao dos objetos algbricos com
instantnea visualizao das representaes geomtricas, dando suporte s suas
estruturas cognitivas e contribuindo para uma aprendizagem significativa em Geometria
Analtica. A principal contribuio do GrafEq a possibilidade de alterao das
equaes j utilizadas dando a chance ao aluno de ir revendo, durante o processo de
construo, o que mais se ajusta resoluo do problema proposto. Assim, o aluno
trabalha simultaneamente com conceitos geomtricos e algbricos indo de encontro ao
que diz Gravina:
Os programas que fazem tradues entre diferentes sistemas de representao apresentam-se como potentes recursos pedaggicos, principalmente porque o aluno pode concentrar-se em interpretar o efeito de suas aes frente as diferentes representaes, at de forma simultnea,... (GRAVINA, 1998, p. 1)
No podemos esquecer de que na escola est arraigado um sistema de
ditar do mestre e escrita manuscrita do aluno8 junto a algum material impresso (apostila,
livro,...). preciso levar em conta estes fatores, pois fazem parte da cultura dos nossos
estudantes de Ensino Mdio e at mesmo neste fato a escola tem um pouco de culpa,
8 Aristteles, que era inclusive professor, dizia que seus discpulos eram alunos, porque essa palavra a juno de a com luno, ou seja, segundo ele, eram pessoas sem luz, mas que a receberiam atravs do conhecimento das coisas. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Aluno, acessado em 10 de Janeiro de 2008.
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pois estes j nasceram na era da informao e ainda esto habituados com a tradicional
forma de avanar nos estudos. Assim, este trabalho visa ajudar, levando os estudantes a
raciocinarem (neste caso, sobre matemtica) com o uso da mquina, situao comum no
mercado de trabalho hoje e que aumenta com a velocidade da era da informao,
reservando-lhes um mercado que j no aceita indivduos desprovidos de tais
habilidades.
Contudo, depois de defendermos a implantao das tecnologias
digitais na educao, preciso refletir sobre as prticas pedaggicas envolvidas neste
processo. Ponte (2000), pesquisador das influncias e desafios trazidos, para as
licenciaturas, pelas tecnologias de informao e comunicao (TIC), determina que
estes avanos geram mudanas tecnolgicas e pedaggicas.
O autor diz que temos aqui um problema de terminologia. Durante
muitos anos falava-se apenas no computador. Depois, com a proeminncia que os
perifricos comearam a ter (impressoras, plotters, scanners, etc.), comeou a falar-se
em novas tecnologias de informao (NTI). Com a associao entre informtica em
telecomunicaes generalizou-se o termo tecnologias de informao e comunicao
(TIC).
Qualquer das designaes redutora, porque o que importante no a mquina, nem o fato de lidar com informao, nem o de possibilitar a sua comunicao distncia em condies francamente vantajosas. Mas no h, por enquanto, melhor termo para designar estas tecnologias. (Ponte, 2000, p.3)
Citando Canavarro, o autor destaca trs perspectivas diferentes dos
professores para a utilizao do computador no ensino da Matemtica:
i. Como elemento de animao, com capacidade para melhorar o ambiente geral da aula;
ii. Como elemento facilitador, permitindo realizar determinadas tarefas tradicionalmente realizadas mo; e
iii. Como elemento de possibilidade, permitindo equacionar a realizao de atividades que seriam difceis de efetuar de outro modo. (Ponte, 2000, p. 3)
Recordando as relaes entre mdia eletrnica e educao
matemtica, realizadas anteriormente, percebemos que apenas a ltima das perspectivas
representam inovaes efetivas na introduo das TIC na escola. Entretanto, precisamos
analisar que para muitos profissionais mais fcil optar pelas opes mais imediatas,
menos trabalhosas e, principalmente, que no interfiram em suas concepes.
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Este ltimo ponto mais delicado, pois representa mudanas nas
prticas dos professores e isso s se resolve com formao continuada e quebra de
paradigmas. No quadro abaixo, Ponte assinala algumas mudanas necessrias no perfil
(papel) dos professores para a implantao, na sala de aula, das TIC.
Velhos papis Novos papis
Fornecer informao Criar situaes de aprendizagem
Controlar Desafiar, apoiar
Uniformizar Diversificar Ponte, 2003, p.5
Quadro 03 Mudanas no perfil do professor
Com aceitao dos papis identificados acima e com o conhecimento
de softwares especficos a sua disciplina e ferramentas de uso geral e familiaridade
com Internet, os professores estaro aptos a lecionar de forma moderna e,
especialmente, significativa. Dessa maneira, favorece-se, segundo Ponte (2003, p.1), o
desenvolvimento nos alunos de importantes competncias, bem como de atitudes mais
positivas em relao matemtica e estimula uma viso mais completa sobre a natureza
desta cincia.
Segundo Kaput (2007), a gradual evoluo do emprego da tecnologia
na Educao Matemtica acontece de forma lenta devido a problemas infraestruturais. O
foco so os gastos ambguos nas formas de TIC nas escolas, seus impactos e a falta de
uma coevoluo nas formas de ensinar e no currculo. Ento, primeiramente deve-se
resolver estes problemas, encontrando solues mais efetivas e prticas, para que
possamos construir relaes simbiticas mais produtivas entre a Matemtica e Educao
Matemtica com as TIC.
Por exemplo, relacionando a geometria dinmica e os CAS
(Computer Algebra System) vemos florescer, no meio computacional, as ideias de
Descartes, uniformizando ainda mais a prtica matemtica. As TIC criam novas formas
de prtica e, consequentemente, novas matemticas surgem com a utilizao de
softwares mais interativos e que servem como ferramentas que potencializam e
incrementam as capacidades humanas. Isto acontece com a redistribuio das operaes
prticas do ser humano para a mquina.
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Entre as matemticas e as TIC, os mais importantes avanos so
representacionais os meios pelos quais as pessoas pensam, computam, se comunicam
etc. Em particular, os procedimentos matemticos so decodificados nos sistemas de
notao e nas aes entre estes. Em outras palavras, os indivduos precisam externalizar
seus pensamentos variados em sistemas escritos na Matemtica, exemplos de sistemas
de notao operatrios, sintaticamente estruturados e que suportam a ao humana, so
as infraestruturas representacionais algbricas e aritmticas. Assim, forma-se uma classe
diferente de relaes entre humanos e ferramentas, diminuindo os limites entre suas
cognies internas e os objetos.
Porm, h a estrutura educacional conservadora, com problemas
rgidos, fixos e descontextualizados. Um exemplo deste retardo a insistncia da
implantao de tecnologias computacionais na escola atravs de laboratrios, sugerindo
a necessidade de um local mais avanado tecnologicamente e evitando que as TIC
cheguem s salas de aula (ZANDVLIET, 2006).
Para isso, precisamos nos concentrar no epicentro da educao
matemtica a sala de aula. Mudanas ocorrem na natureza do ensino pela fundamental
alternncia das estruturas de participao. Alm de habilitar os estudantes para
utilizarem diversos tipos de softwares, o professor deve implantar e desenvolver
atividades, segundo Kaput, como:
(i) A mobilidade de mltiplas representaes como reflexos na habilidade para passar informao bi-direcionada e flexvel entre professor e estudantes e entre estudantes, usando mltiplos esquemas.
(ii) A habilidade de flexionar, agregar, manipular e visualizar representacionalmente as ricas construes dos estudantes na sala de aula.
(iii) Construir estruturas sociais participativas. (Kaput, 2007, p. 181)
Engenhar e inserir estas novas atividades estruturais com as
matemticas para ensinar, ativando uma conectividade na sala de aula e suscitando
novos problemas matemticos, representa uma visualizao da mdia computacional na
Educao Matemtica. Os estudantes, familiarizando-se com os objetos, entendem uma
criao atravs da matemtica, gerando novas atividades de estudo e resolvendo
problemas matematicamente. As combinaes matemticas podem emergir nas
interaes entre mltiplos estudantes e a mdia computacional, criando uma
infraestrutura tecnolgica. Assim, estudantes observando matematicamente suas
experincias no espao social da sala de aula agregam representaes em comum.
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O papel do professor no desaparece, apenas muda. Este
responsvel, por exemplo, por causar inquietaes nos estudantes, estruturar as
atividades e fazer intervenes como utilizar uma descoberta de um estudante para
discutir com a classe. Usando estratgias dessa forma, ocorrer instigao, aprendizado
e atividades investigativas de novas ideias matemticas que serviro como problemas de
motivao na matemtica escolar pela personificao das matemticas nas realidades
sociais dos estudantes. Na educao bsica, para Kaput,
... essas so possibilidades de rpidos avanos, com surgimento de novos tipos de interao social e pensamento e novos caminhos para produzir matemticas menos abstratas e mais acessveis para uma larga populao de estudantes. (KAPUT, 2007, p. 191)
Sem desviar-se do objetivo especfico deste estudo, preciso
algumas consideraes sobre as contribuies das TIC para as relaes entre os meios
algbrico e geomtrico. Como o arrolamento entre estes meios a base do estudo da
Geometria Analtica, se faz necessrio entender como a manipulao de equaes (ou
inequaes), seguida da visualizao destas representaes num plano cartesiano R x R,
interfere no aprendizado de conceitos e tcnicas analticas.
De acordo com TALL (1992)
O crebro humano fortemente equipado para processar informaes visuais. Pelo uso de grficos computacionais possvel desarrolhar esta fora para ajudar estudantes a obter uma grande compreenso de muitos conceitos matemticos. (TALL, 1992, p. 1)
Representaes de processos matemticos no meio digital, e aliado s
exploraes e manipulaes dos estudantes, desencadeiam um real aprendizado que
dificilmente pode ser obtido com textos e figuras estticos. O emprego de softwares
grficos na Educao Matemtica aumenta as capacidades natas de explorao, gerando
introspeco de conceitos matemticos envolvidos nas construes de sala de aula.
A interface entre usurio e computador requer que o usurio tome
decises mentais para escolher uma ao (fsica) que determine dados para que o
computador construa, por exemplo, um grfico (gerando imagem visual). Na figura
abaixo, temos esquemas que representam a interferncia do computador nos processos
mentais do estudante e na evoluo destes. Por fim, temos um esquema semelhante ao
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de Kaput (figura 11), determinando a partir das decises mentais conjeturas e testes
sobre a imagem visual que retornam, por sua vez, feedbacks para o campo mental.
TALL, 1993, p. 11
Figura 12 Processos Mentais/ Tall
Visualizaes de uma curva qualquer permitem exploraes gerais e
mais pontuais, com recursos de zoom, mudando o foco da figura para melhor observ-
la. Neste caminho do ensino podemos desenvolver noes intuitivas acerca do objeto
estudado neste caso, uma equao (com suas caractersticas e propriedades algbricas)
e sua representao geomtrica (igualmente detentora de propriedades), unindo
simbolismo matemtico (lgebra) e representao grfica (TALL, 1998, p. 3). A
pergunta Quais so as ligaes entre o simbolismo e o visual na Educao
Matemtica? respondida por Tall (1999, p. 11) da seguinte forma: uma evidncia
considerar que a exposio de valores nas representaes visuais ajuda na
conceitualizao.
Para retornarmos utilizao do GrafEq, cito aqui duas propostas de
atividades j realizadas. A primeira consiste no uso do GrafEq para reproduzir a obra do
artista abstrato Mir, realizada em 2005 pela professora Marlusa Benedetti da Rosa, no
Colgio Aplicao (CAp) da UFRGS, com a ajuda de Maira Leandra Alves (na poca,
mestranda em Educao em Cincias e Matemtica na PUCRS). As autoras descrevem
o sucesso da atividade dizendo que:
O GrafEq um desses programas que permite contemplar grande parte das caractersticas apontadas anteriormente, na medida em que oportuniza aos alunos
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interagir e reformular suas aes quantas vezes achar necessrio. Outra caracterstica importante desse programa que ele utiliza a linguagem matemtica corrente, o que facilita aos alunos a utilizao e a aplicao de conhecimentos matemticos adquiridos previamente. Dessa forma, o programa no exige dos alunos a compreenso de uma linguagem de programao, ao contrrio apresenta-lhes u