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CONFORTO AMBIENTAL: ERGONOMIA E ANTROPOMETRIA Universidade Ibirapuera – Arquitetura e Urbanismo Profª Mª Claudete Gebara J. Callegaro [email protected] http://claucallegaro.wordpress.com AULA 1 Conforto ambiental: Um conceito em construção 09.02.2015

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Page 1: AULA 1 Conforto ambiental: Um conceito em construção ·  Mas será que é só isso? ... outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida

CONFORTO AMBIENTAL: ERGONOMIA E ANTROPOMETRIA

Universidade Ibirapuera – Arquitetura e Urbanismo

Profª Mª Claudete Gebara J. [email protected]

http://claucallegaro.wordpress.com

AULA 1

Conforto ambiental: Um conceito em construção

09.02.2015

Page 2: AULA 1 Conforto ambiental: Um conceito em construção ·  Mas será que é só isso? ... outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida

CONFORTO é um conceito intuitivo!Para que estudar sobre Conforto Ambiental?

UNIB – Arquitetura e Urbanismo – CAEA - Profª Mª Claudete Gebara J. Callegaro – 09 fev 2015

Conforto: Consolo, alívio, auxílio nas aflições. Conchego, cômodo, tudo o que constitui o bem-estar material, as comodidades da vida. Do latim.

Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete. 3ªed. brasileira em 5 volumes. Rio de Janeiro: Editora Delta, 1980.

O conforto ambiental tem como

objetivo adequar os princípios

físicos envolvidos e as necessidades

de caráter ambiental -

higrotérmicas, visuais, acústicas e

da qualidade do ar interno e

externo - aos projetos construtivos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conforto_ambiental

Mas será que é só isso?

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PARA QUE ESTUDAR CONFORTO AMBIENTAL?

[...] Consideremos também que, dentre os desejos,há os que são naturais e os que são inúteis;

dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais;

dentre os necessários, há alguns que são fundamentais para a felicidade,outros, para o bem-estar corporal,outros, ainda, para a própria vida.

E o conhecimento seguro dos desejosleva a direcionar toda escolha e toda recusapara a saúde do corpo e para a serenidade do espírito,visto que esta é a finalidade da vida feliz:

em razão desse fim praticamos todas as nossas ações,para nos afastarmos da dor e do medo.

EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). São Paulo: UNESP, 2002, p. 35.EPICURO (341 a.C. a 270 a.C), filósofo grego, ensinava que o prazer é o bem máximo, obtido pela cultura do espírito e prática da virtude. Foi erroneamente interpretado e a doutrina epicurista passou a ser sinônimo de libertinagem.

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Biologia: (36 0 C)O útero materno pode ser considerado como o marco zero do conforto,uma vez que praticamente nenhum efeito do ambiente externo interfere na vida do feto.

A partir dessa condição, tudo o mais corresponderia à redução paulatina do conforto.

Antropologia:A casa (lar) pode ser considerada o segundo patamar em conforto.

O teto sobre nossas cabeças e as paredes próximas definem um reduto inviolável e do qual temos pleno domínio, protegendo-nos da dor e do medo.

A casa nos limita, sem nos prender, e nossa liberdade é assegurada com a visão do exterior obtida através das janelas.

Ali transcendemos a vida material, nos guarnecemos para o futuro, repousamos, sonhamos.

O QUE É CONFORTO?

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Saúde:

O conforto é mais que a ausência de dor e pode ser aprimorado,mesmo se a dor não pode ser tratada inteiramente,através da atenção à transcendência.

O incremento do conforto envolve aumento da esperança e confiançae pode diminuir as complicações relacionadas à alta ansiedade dos pacientes.

KOLCABA, Katharine; WILSON, Linda. Confort Care: A Framework for Perianesthesia Nursing. Journal ofPeriAnesthesia Nursing, vol. 17, nº 2, pp 102-114, 2002. In SCHMID, Alísio Leoni. O significado de conforto. A ideia de conforto: Reflexões sobre o ambiente construído. Capítulo 1. Curitiba: Pacto Ambiental, 2005.

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Do ponto de vista antropológico, todas as civilizações seguiram os mesmos princípios para definição de suas culturas:

REFÚGIO: cantos escuros,paredes sólidas próximas do corpo,restrição à aproximação de inimigos

PERSPECTIVA: aberturasvisão do exteriorprevisão dos passos dos inimigos

CONFORTO: (Equilíbrio entre vida interior e vida exterior)condições criadas para ajudar a esquecer por algunsmomentos a dor, o medo, as dificuldades inevitáveis.

eliminação da dor

eliminação da possibilidade de nova dor

compensação do inevitável

HILDEBRAND, Grant. Origins of Architectural Pleasure. Berkeley: The University of California Press, 1999. In SCHMID, Alísio Leoni. O significado de conforto. A ideia de conforto: Reflexões sobre o ambiente construído. Capítulo 1. Curitiba: Pacto Ambiental, 2005, p.25.

O QUE É CONFORTO?

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Há 3 níveis de realização do conforto:

ALÍVIO (relief) da dor: chuva forte e fria, corpo e roupas molhadas, vento V

casa, roupa seca, lareira, chá quente

LIBERDADE: prevenção de novas manifestações de dorV

guarda-chuvaprevisão do tempoabrigo nos pontos de ônibus

TRANSCENDÊNCIA: compensação de uma dor inevitável por algo agradávelV

ganhos ($)reconhecimento (elogio)encontro (compensação, carinho)

KOLCABA, Katharine; WILSON, Linda. Confort Care: A Framework for Perianesthesia Nursing. Journal of PeriAnesthesiaNursing, vol. 17, nº 2, pp 102-114, 2002. In SCHMID, Alísio Leoni. O significado de conforto. A ideia de conforto: Reflexões sobre o ambiente construído. Capítulo 1. Curitiba: Pacto Ambiental, 2005.

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O que é confortável numa situação pode não ser em outra!

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http://escolasmoimenta.pt/agrupamento/jardins-de-infancia/jardim-de-infancia-de-leomil/

CONFORTO PARA QUEM?

https://elefanteverde.com.br/blog/paracatu-mg/academias-de-paracatu-as-

melhores-em-um-so-lugar/

http://www.girassol3.com.br/

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http://agenciapatriciagalvao.org.br/lgbt_/igreja-e-seu-tempo-editorial-jornal-folha-de-s-paulo/

CONFORTO PARA QUE ATIVIDADE?

http://altashorasdanceteria.blogspot.com.br/2011_07_01_archive.html

http://ringuedomedo.blogspot.com.br/2010/05/como-funciona-o-mma-mixed-martial-arts.html

http://oinexpressivel.blogspot.com.br/2010/12/em-fim-de-semana-descanso.html

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http://www.suapesquisa.com/indios/oca.htm -19/02/2013

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Igloo_outside.jpg – 19/02/2013

CONFORTO ONDE?http://www.ampersandtravel.com/destinations/itineraries/cultural-gems-of-

indonesia-lombok,-bali-java/

http://www.quintadosmarques.com.br/?p=lazer

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tavernaespaço escuro, baixo, paredes revestidas (cartazes, recados, fotos), tênis

aconchego ancestral

DESCOMPRESSÃO

desfile de modamóveis de design,espaço aberto,paredes impessoais, salto alto

exposição em campo de batalha

TENSÃO

QUE SENSAÇÕES SE BUSCA EM CADA CASO?

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abrigorepousodevaneiosegurançaprivacidade

preservação da vida e dos valores

expressão dos sentimentos íntimos

luta pela vida e pelos valores

expressão do arrojo social

funcionalidadeprodutividadeexcitaçãoproteção do lucro

LIBERDADE

EFICIÊNCIA

QUE OBJETIVOS MÁXIMOS SE DESEJA?

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inverno, verão

seca, chuva

dias úteis, feriados

aglomeração, isolamento

abrigo, calor brisa, sombra

umidade

agilidade

drenagem

calmaria

distância aconchego

ADAPTAÇÃO – EQUILÍBRIO

QUE OBJETIVOS MÁXIMOS SE DESEJA?

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Afinal, o que é conforto ambiental?É um conjunto de condições tais na ambientação de um espaço,

que auxilia o ser humano a transcender suas dificuldadesinternas e externas, para alcançar os objetivos pretendidos,

com liberdade e eficiência, de modo sistemicamente equilibrado.

Vago demais? Sim, pois é um conceito complexo, ainda em construção

e depende de muitas variáveis humanas e do meio.

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O que já se sabe é que “conforto” é uma percepção.

Sendo assim, embora existam alguns parâmetros que abrangem toda a espécie humana, estes servem de

referência, mas são insuficientes para um bom projeto de arquitetura e urbanismo.

É preciso entender o contexto mais amplo, de modo sistêmico, com visão holística.

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EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DE CONFORTO

O conceito moderno de conforto surge com a introdução dos valores de privacidade e intimidade, inexistentes até a Idade Média.

Nos palácios e seus arredores eram criados refúgios onde se pudesse estar livre da pompa, da etiqueta e da publicidade.

Contudo, essa necessidade era latente em todos os meios, abastados ou populares.

http://www.florenceholidays.com/florence-apartments-rentals-piazza-pitti-florence-apartmens.html

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EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DE CONFORTO

Em torno do século XVII, nos Países Baixos, esses valores levaram à criação de edificações unifamiliares (antes eram ambientes coletivos).

A primeira solução alcançada foi a de casario assobradado, com unidades extremamente estreitas e espaços internos exíguos, nem sempre salubres, mas individuais para cada família.

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Old-Amsterdam_1891-street-1.jpg

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proteção (refúgio - paredes)

saúde coletivavida associativa

núcleo familiar privacidade

valores

individualidadeeconomialucrostatus

atenção(perspectiva - janelas)

imagem social

Interior da Casa:PROTEÇÃO PARA

A LIBERDADE

Exterior da Casa:EFICIÊNCIA PARA SOBREVIVÊNCIA

útero

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EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DE CONFORTO

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Razões históricas:doenças, aglomerações, crescimento das cidades

domínio da economia e do higienismocompreensão dos fenômenos - ciência

Decorrência:especialização, conhecimento fracionado

dissociação entre yin e yangmoda, convenções,

perda da dimensão humana

Efeitos ambientais:uso de recursos naturais sem controle

descontrole enérgico globalperda do sentido do conjunto

EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DE CONFORTO

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proteção (refúgio - paredes)

saúde coletiva

núcleo familiar privacidade

individualidadeeconomia

atenção(perspectiva - janelas)

imagem social

Interior da Casa:PROTEÇÃO PARA

A LIBERDADE

Exterior da Casa:EFICIÊNCIA PARA SOBREVIVÊNCIA

útero

VISÃO FUNCIONALISTA

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Os ambientes em que vivemos – caminhos, trabalho, escola... – cada vez mais adotam como referência as sensações positivas vividas na casa, embora em cada caso predomine a função objeto daquele ambiente.

Isso em geral implica na construção de anti-conforto, uma vez que atividades yang necessitam de condições não-domésticas, não relaxantes, para que a atenção se apure na atividade: indústria, transporte, danceteria...

Mesmo nos trabalhos domésticos esse processo ocorre, sabendo-se que no fim se poderá gozar de um momento de prazer e repouso.

EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DE CONFORTO

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proteção (refúgio - paredes)

saúde coletiva

núcleo familiar privacidade

individualidadeeconomia

atenção(perspectiva - janelas)

imagem social

Interior da Casa:PROTEÇÃO PARA

A LIBERDADE

Exterior da Casa:EFICIÊNCIA PARA SOBREVIVÊNCIA

útero

EQUILÍBRIO

SISTÊMICO

VISÃO HOLÍSTICA

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Visão tradicional (funcionalista):

bem-estar material, comodidade

dimensão humana:aspectos higro-térmicos

visuais, acústicos,

de qualidade do ar

Visão holística (sistêmica):O edifício faz parte do contexto urbano.É influenciado por este e, por sua vez,

interfere no conjunto da cidade e seu entorno.

dimensão humana:eliminação da dor e do medo,conforto físico e psicológico,percepção, emoção, estética

tato, calor, som, odor,luz, forma, prazer

dimensão social:facilitação das relações

redução das tensões

dimensão ambiental:equilíbrio energético

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EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DE CONFORTO

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E na prática?O que, como arquitetos, precisamos fazer?

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VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NA NOÇÃO DE CONFORTO

Características físicas e psíquicas do indivíduo ou do grupo

Objetivo do indivíduo ou do grupo

Atividade prevista no local

Localidade do ambiente

Valores culturais envolvidos

relaxamento – mudança – luta – conciliação - produção

dormir - lavar roupa - estudar - preparar comida - martelar

exterior - interior - frio - calor - úmido - seco – altitude - ventos

gênero – idade – genética – saúde - motivação

vestuário – recursos – relações interpessoais – tecnologia – política

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ABRANGÊNCIA DA ÁREA DE CONFORTO AMBIENTAL

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Dada a variedade de situações reais e de percepções do ambiente,hoje são incluídos como quesitos para constituição do conforto ambiental

não apenas aqueles diretamente ligados à edificação,mas também os relacionados à vida urbana:

Salubridade urbana (associada diretamente a questões de conforto ambiental do edifício habitacional):•insolação e iluminação•ventilação cruzada•lotação

Conforto Térmico externo:•áreas verdes e vegetação ao longo das ruas•sombreamento •disponibilidade de espaços públicos

Conforto Visual:•passeios para pedestres•áreas de convivência dos cidadãos•diversidade de usos, de pessoas, de espaços, de arquitetura (edifícios de diversas idades e tipos)

ABRANGÊNCIA DA ÁREA DE CONFORTO AMBIENTAL

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Conforto Acústico:privacidade da habitação em relação à rua e aos vizinhosruído urbano (níveis máximos de ruído)

Qualidade do Ar :•disponibilidade de vento•configuração física dos edifícios para que facilitem a circulação do ar

Redução do Impacto Ambiental:•redução de energia não-renovável•geração de energias renováveis•descarte de resíduos sólidos orgânicos e recicláveis•reuso da água•captação de águas pluviais•meios de transportes de massa menos poluidores•opções de transporte além do automóvel•cooperativas de reciclagem que também pensem a inserção social do catador de recicláveis•preservação de áreas sensíveis e de mananciais

ABRANGÊNCIA DA ÁREA DE CONFORTO AMBIENTAL

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Mobilidade Urbana:•redução do consumo de energias não-renováveis por meio do aumento da oferta de transporte•público de massa e redução da frota de automóveis•cidade compacta na qual os deslocamentos são menores e qualificados

Acessibilidade Urbana:•veículos motorizados, pedestres e ciclistas•desenho acessível

Ergonomia Urbana :•acesso a variáveis básicas sócio-urbanas (moradia, empregos, comércio e serviços, recreação e lazer, áreas verdes, equipamentos públicos ...

ABRANGÊNCIA DA ÁREA DE CONFORTO AMBIENTAL

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Segurança Urbana: •diversidade urbana >> geradora de confiança e afinidade entre os habitantes de determinada rua ou bairro•diversidade de usos no espaço urbano >> diversidade de pessoas e de horários de uso ao longo do dia >>> vida às ruas (JACOBS, 1965)•controle de velocidade das vias >> fluidez, redução de atropelamentos e acidentes (conforme a situação)

Espaços livres•grandes praças (gregárias), pequenas praças (do cotidiano) e espaços lineares (vielas, galerias e calçadas)•convivência, circulação e lazer•identidade própria do lugar, seja ele uma grande praça ou pequena galeria comercial.•microdrenagem - infiltração e armazenamento das águas pluviais

ABRANGÊNCIA DA ÁREA DE CONFORTO AMBIENTAL

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Adaptação do meio construído à natureza:

Condicionantes:•clima:

MACROCLIMA: insolação, nebulosidade, temperatura, ventos, umidade, precipitaçãoMESOCLIMA: vegetação, topografia, tipo de solo, obstáculos naturais e artificiaisMICROCLIMA: mesmos elementos anteriores, mas em escala tal que o arquiteto possa interferir

•latitude•altitude•posicionamento do lote em relação à orientação solar e aos ventos

Elementos a controlar:•insolação – temperatura e iluminação •ventilação •umidade•ruído

ATUAÇÃO DO ARQUITETO

UNIB – Arquitetura e Urbanismo – CAEA - Profª Mª Claudete Gebara J. Callegaro – 09 fev 2015

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ATUAÇÃO DO ARQUITETO

VIANNA, Nelson Solano; Gonçalves, Joana Carla Soares. Iluminação e arquitetura. São Paulo: Geros Arquitetura, 2007.

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Adaptação do meio construído às atividades humanas:

Condicionantes:•usos e fins específicos•futuro – mudança de uso, de dinâmica, ampliação•tecnologia

Elementos arquitetônicos para o equilíbrio energético:•implantação do edifício no lote•aberturas > iluminação e ventilação natural > ativação de funções fisiológicas•vedações e proteções•cores e materiais•sombras e reflexões•flexibilidade do projeto•umidade e circulação de ar•disposição do lixo e remanescentes•conexão com o entorno e a cidade•promoção da convivência•locomoção inclusiva e alternativa

ATUAÇÃO DO ARQUITETO

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Page 35: AULA 1 Conforto ambiental: Um conceito em construção ·  Mas será que é só isso? ... outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida

A arquitetura não se mede

pelo material de construção,pelos processos utilizados,pela forma, espaço ou luz,

mas pelo comportamento das pessoas.

Não sei quem disse isso, mas achei bem verdadeiro.

Portanto, ao projetar, tenha como ponto de partida o usuário daquele espaço.

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REFERÊNCIAS:

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Parte II – Categoria 2: Projeto e Conforto. Boas práticas para habitação mais sustentável (Manual do Selo Casa Azul). Coordenadores Vanderley Moacyr John, Racine Tadeu Araújo Prado . São Paulo: Páginas & Letras - Editora e Gráfica, 2010. <http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvolvimento_urbano/gestao_ambiental/SELO_CASA_AZUL_CAIXA_versaoweb.pdf>

EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). São Paulo: UNESP, 2002.

HILDEBRAND, Grant. Origins of Architectural Pleasure. Berkeley: The University of California Press, 1999. (Mencionado em Schmid, 2005)

KOLCABA, Katharine; WILSON, Linda. Confort Care: A Framework for Perianesthesia Nursing. Journal ofPeriAnesthesia Nursing, vol. 17, nº 2, pp 102-114, 2002. (Mencionado em Schmid, 2005)

OLIVEIRA, Paula Custódio de. Conforto social e ambiental. Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo, sob orientação de Maria Lúcia Refinetti Martins, apresentado à FAUUSP em 2012.

RHEINGANTZ, Paulo Afonso. Uma pequena digressão sobre conforto ambiental e qualidade de vida nos centros urbanos. Cidade & Ambiente. Universidade Federal de Santa Maria. Vol. 1, n.22, Jan/Jun 2001. <http://www.fau.ufrj.br/prolugar/arq_pdf/diversos/conf_amb_qual_vida_cidades_par.pdf>

SCHMID, Alísio Leoni. O significado de conforto. A ideia de conforto: Reflexões sobre o ambiente construído. Capítulo 1. Curitiba: Pacto Ambiental, 2005.

VIANNA, Nelson Solano; Gonçalves, Joana Carla Soares. Iluminação e arquitetura. São Paulo: GerosArquitetura, 2007.

Sites diversos na internet (fotos ilustrativas) encontrados por intermédio do Google, acessados em várias datas.

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Atividade para o Carnaval:TEXTO 1:

RHEINGANTZ, Paulo Afonso. Uma pequena digressão sobre conforto ambiental e qualidade de vida nos centros urbanos. Cidade & Ambiente. Universidade Federal de Santa Maria. Vol. 1, n.22, Jan/Jun 2001. <http://www.fau.ufrj.br/prolugar/arq_pdf/diversos/conf_amb_qual_vida_cidades_par.pdf>

1 - Leiam as páginas de 1 a 5.

2 - Anotem dúvidas, aspectos interessantes, principais elementos do texto para discussão em classe na aula de 23/02/2014.

Tragam para a próxima aula folders delançamentos imobiliários residenciais.

UNIB – Arquitetura e Urbanismo – CAEA - Profª Mª Claudete Gebara J. Callegaro – 09 fev 2015