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Curso PneumoAtual de Radiologia aula 1 1
Radiografia simples do trax:
incidncias, aspectos tcnicos e sistematizao da anlise
Gustavo de Souza Portes Meirelles1
1 Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina UNIFESP
1 Introduo
A radiografia simples do trax um dos exames radiolgicos mais utilizados na prtica mdica. Seu baixo
custo, aliado facilidade de realizao e grande disponibilidade, fazem com que este mtodo seja muito
freqente em servios ambulatoriais, enfermarias hospitalares e centros de terapia intensiva.
Apesar de ser um exame comum, no raro nos depararmos com radiografias de trax realizadas com
tcnica inadequada ou com incidncias insuficientes. O objetivo desta reviso abordar as incidncias
empregadas, alm dos aspectos tcnicos e da sistematizao da anlise da radiografia simples do trax.
2 Incidncias utilizadas na radiografia do trax
2.1 Pstero-anterior (PA)
Esta a incidncia mais utilizada na radiografia simples do trax. Como os raios X so divergentes, para
que as estruturas no sofram uma magnificao excessiva, necessria uma distncia mnima para a sua
realizao, da ordem de 1,50 m. A distncia ideal de 1,80 m (figura 1).
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Figura 1. Como os raios X so divergentes, sempre necessrio colocar o objeto a ser
estudado (crculo branco) o mais prximo possvel do filme (linha vermelha direita).
A imagem radiogrfica (crculo verde) ser mais fidedigna com o objeto prximo ao filme,
Como demonstrado no esquema superior, e ser magnificada (esquema inferior) caso o
objeto esteja distante do filme e prximo do foco de emisso de raios X (em amarelo).
Os feixes de raios X entram posteriormente, pelas costas do paciente, e a poro anterior do trax encontra-
se em contato com o filme radiolgico. Esta posio, demonstrada na figura 2, realizada por dois motivos:
evita a magnificao do corao, que, por ser anterior, fica perto do filme; possibilita o posicionamento dos
ombros de tal forma que a escpula fique fora do filme.
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A figura 3 demonstra uma radiografia em PA realizada com tcnica adequada.
Figura 3. Radiografia do trax em PA com tcnica adequada.
2.2 ntero-posterior (AP)
Esta incidncia realizada com a poro posterior do trax em contato com o filme; o feixe de raios X entra
anteriormente. Contudo, como o corao encontra-se longe do filme, ele magnificado, dificultando a
anlise do seu tamanho e tambm dos segmentos pulmonares adjacentes (medial do lobo mdio e lngula).
Realiza-se esta incidncia, portanto, apenas em casos especiais, quando o paciente no consegue ficar na
Figura 2. Posicionamento adequado do
paciente para a radiografia de trax em PA. Asescpulas ficam fora do campo, o feixe de raios
X entra posteriormente e a poro anterior do
trax fica em contato com o filme radiolgico.
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posio ortosttica: crianas pequenas e pacientes debilitados ou acamados. A figura 4 demonstra uma
radiografia de trax em AP.
Figura 4. Radiografia do trax em AP.
2.3 Perfil
A incidncia em perfil deve ser sempre solicitada e realizada, juntamente com a PA. Auxilia bastante na
localizao e caracterizao de leses. Rotineiramente realiza-se o perfil esquerdo, ou seja, com o lado
esquerdo em contato com o filme e com entrada do feixe pela direita (figura 5), para no magnificar o
corao. O perfil direito realizado em casos excepcionais, para avaliao de leses direita.
Figura 5. Radiografia do trax em perfil esquerdo.
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2.4 pico-lordtica
O feixe de raios X entra anteriormente e as costas esto em contato com o filme. O paciente assume uma
posio em hiperlordose, retirando as clavculas dos campos. Esta incidncia tem grande valor para a
avaliao dos pices pulmonares, lobo mdio e lngula (figura 6).
Figura 6. A incidncia em PA (A) demonstra tnue opacidade no pice
direito, encoberta pela clavcula. A incidncia em pico-lordtica (B)
demonstra que a opacidade corresponde a um ndulo espiculado,
compatvel com neoplasia pulmonar primria.
A
B
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2.5 Decbito lateral com raios horizontais
Esta incidncia se presta basicamente para diferenciao entre derrame e espessamento pleural. O
paciente colocado em decbito lateral, deitado sobre o hemitrax a ser examinado, e o feixe entra em
sentido horizontal (figura 7).
Figura 7. A radiografia simples em PA (A) demonstra obliterao do seio costofrnico lateral
direito, que poderia ser decorrente de derrame ou espessamento pleural. A incidncia em
decbito lateral (B) mostra claramente o derrame pleural direito, formando nvel.
A B
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2.6 Oblquas
As incidncias oblquas podem ser realizadas para melhor localizao ou caracterizao de leses
parcialmente encobertas por outras estruturas. A figura 8 demonstra a utilizao destas incidncias.
Figura 8. A radiografia simples em PA (A) demonstra ndulo na
base esquerda, parcialmente sobreposto ao corao. As
incidncias oblquas (B) caracterizam melhor a leso.
3 Parmetros tcnicos
Na avaliao da radiografia de trax, devemos sempre levar em considerao se o exame est:
com dose de radiao adequada;
bem inspirado;
adequadamente centrado.
A
B
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Dose de radiao
No raro encontrarmos exames muito ou pouco penetrados (figura 9). Idealmente, devemos ser capazes
de visualizar a sombra da coluna vertebral apenas nas suas pores mais superiores (figura 10). Exames
onde a coluna visualizada na sua totalidade esto muito penetrados, a no ser que tenham sido
realizados em filmes especiais, ditos assimtricos, ou com sistema digital, onde possvel a visualizao de
toda a coluna e das linhas mediastinais (figura 11).
Figura 9. Radiografias pouco (A) e muito (B) penetradas.
Figura 10. Radiografia em PA com dose adequada de radiao.
A B
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Figura 11. Radiografias realizadas em filme assimtrico (A) e digital (B).
Inspirao correta
O ideal que o exame seja realizado em apnia inspiratria mxima. Para sabermos se o exame est bem
inspirado, devemos ter de 9 a 11 costelas posteriores projetando-se sobre os campos pulmonares (figura
12).
Figura 12. Radiografia em PA em inspirao correta.
BA
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Alinhamento
Para que o exame esteja bem centrado, as bordas mediais das clavculas devem estar eqidistantes do
centro da coluna. Alm disto, as escpulas devem estar fora do campo. As figuras 13 e 14 mostram exames
bem e mal alinhados.
Figura 13. Exame bem alinhado.
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8. Pleura: espessamentos, pneumotrax, derrame pleural.
9. Diafragma: altura, morfologia, estudo comparativo.
10. Seios costofrnicos: verificar se esto livres; em casos duvidosos realizar decbito lateral.
Leitura recomendada
Dahnert W. Radiologia: Manual de reviso. Revinter, Rio de Janeiro, 2001, 858p.
Felson B. Chest roentgenology. WB Saunders, Philadelphia, PA, 1973: 574p.
Juhl JH, Crummy AB, Kuhlman JE. Paul and Juhl's Essentials of Radiologic Imaging. Lippincott Williams &
Wilkins, 1998, 1408p.
McLoud TC. Thoracic Radiology: The Requisites. Mosby, 1998, 512p.