autoestima e autoimagem do aposentado profa. dra. cléria bittar bueno unifran- universidade de...
TRANSCRIPT
Autoestima e autoimagem do aposentado
Profa. Dra. Cléria Bittar BuenoUNIFRAN- Universidade de Franca
Programa de Mestrado em Promoção de Saúde Curso de Psicologia
Autoestima
• Autoestima = opinião que formamos sobre nós mesmos. – depende do olhar do outro.– depende de valores e conjunturas. – depende da consolidação de diversos fatores
pessoais e interpessoais.
2Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Autoimagem
• Conceito estudado pela Psicologia– depende de fatores intrínsecos e sociais:
cognitivos, maturacionais, e da linguagem.– começa a se formar com a emergência da
consciência por volta dos 18 meses.– Relaciona-se com a compreensão que a
criança passa a ter de seu corpo, e do corpo que ela vê refletido (imagem escópica).
3Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Autoestima e autoimagem • aspectos que são interdependentes
afetando-se um, afeta-se outro.• conexão valorativa, independentemente
dos fatores cognitivos e maturacionais presentes e exigíveis para o seu desenvolvimento.
• Autoestima: diretamente proporcional ao tipo de incentivo/ referencial externo que se recebe desde a infância.
4Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Autoestima e autoimagem
“Se você trata uma pessoa como ela parece ser, você a torna pior do que é. Mas se você trata uma pessoa como o que ela pode ser, você a transforma naquilo que ela deveria ser.” - Goethe
5Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Ciclo da vida • Erik Erikson (1902-94)• Teoria Psicossocial da Personalidade
• Enfatiza como que a sociedade pode moldar o desenvolvimento do ego (= EU).
• Afirmava que o desenvolvimento do ego continua pela vida toda.
6Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Fases do desenvolvimento psicossocial
• Em cada etapa da vida há uma CRISE de personalidade que deverá ser gestionada.
• Cada “crise” o ego tem uma ‘tarefa’.• Bem resolvida: ego íntegro, capaz de
enfrentar tarefas e de compreender o próprio ciclo da vida e sua finalidade.
• São 8 fases do desenvolvimento psicossocial ao longo da vida.
7Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Fases do desenvolvimento psicossocial
a)confiança básica X desconfiança (0- 18 meses)
b)autonomia X vergonha e dúvida (18m- 3 anos)
c) iniciativa X culpa (3-6 anos)d)produtividade X inferioridade (6 anos-
puberdade) e) identidade X confusão de identidade (início
da adolescência) f) intimidade X isolamento (final da
adolescência, jovem adulto)
8Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Fases do desenvolvimento psicossocial
• g) geratividade X estagnação (adulto): ampliação do eu, criando realidades objetivas em torno de si Há interesse em orientar a geração seguinte.
Virtude: cuidado.
• h) integridade X desespero (3° idade): é a aceitação da própria vida e suas conseqüências. Compreensão da relativização das normas morais.
Virtude: sabedoria.
9Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
O mundo do trabalho e o adulto
• Trabalho identidade do adulto.• Identidade? conjunto de características
próprias, idiossincráticas que nos individualizam em relação aos demais semelhantes.
• Desde crianças: “o que vai ser quando crescer’? remete ao trabalho, a profissão.
10Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
O mundo do trabalho e o adulto
• Construção desta identidade: toda a vida!!
• Casamento, filhos, realizações e o TRABALHO.
• Visto por esta perspectiva, o que representa, em última instância, a aposentadoria???
11Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca 12
Quando mais envelhecemos, mais precisamos de ter que fazer. Mais vale morrer do que arrastarmos na ociosidade uma velhice insípida: trabalhar é viver.
Voltaire (1694-1778).
Aposentadoria : algumas constatações
• Aposentado é necessariamente o ‘velho’?• Constatação população envelhecida no
Brasil cresce vertiginosamente, isso implica que, em pouco tempo teremos igualmente um contingente grande de aposentados.
13Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : algumas constatações
• Fim ou recomeço?• Relação com a visão utilitarista,
individualista e produtivista da pós-modernidade.
• Estreita relação com a capacidade de produzir e consumir X dependência (aspecto econômico).
14Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : algumas constatações
• Momento delicado: aspectos físico e emocional.
• Faz uso mais constante de atendimentos na área de saúde e medicamentos,
• Há um acentuado declínio das potencialidades físicas,
• Mudanças familiares filhos saindo de casa, casal separando-se, outro casamento, viuvez.
15Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : algumas constatações
• Aposentados que continuam no mercado de trabalho: necessidade financeira? Necessidade de realização pessoal?
• Planos adiados durante a estruturação da família e da carreira? Dá para vivê-los pós-aposentadoria?
16Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : alguns desafios
Da sociedade como dar ‘voz’ ao mais velho? - aspecto da arquitetura urbana.- prestação de serviços - educação continuada- outros
Desafios para o Estado o sistema de saúde, previdência social.
17Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : alguns desafios
• Aspecto social programas destinados ao aposentado e à população maior com objetivos claros para este grupo.
• Não um ‘arremedo’ de ‘juventilização’ da terceira idade!
• Visão equivocada de inutilidade (pós-modernos), substituição de nomes e de objetivos nos programas destinados a esta faixa populacional.
18Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : alguns desafios
• Prado e Sayd (2003)apontam que esta ‘juventilização crônica”, NEGA a realidade dos mais velhos, maquiam suas vicissitudes.
• Programas que se voltam a este grupo tentando ‘renová-los’ forçosamente, com valores típicos de outras fases da vida.
• Negação do processo do ciclo vital!
19Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca 20
“Já não se morre de velhice nem de acidente nem de doença, mas, Senhor, só de indiferença”.
(Cecília Meireles “Como se morre de velhice” in 'Poemas (1957)'
Aposentadoria : alguns desafios
• Ressignificar o próprio sentido de existência o ‘trabalho’ e o adulto.
• Aposentadoria marco referencial social (como o casamento, a separação, a entrada na faculdade) ou biológicos como a gravidez, a morte, o luto, a menopausa).
• Rito de passagem importância da ‘celebração’ deste rito.
21Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : alguns desafios
• Temos a vida para nos prepararmos para estes câmbios biológicos, para o declínio fisiológico natural da passagem do tempo.
• Aposentadoria é abrupta – não nos preparamos adequadamente para ela – como evitamos falar da morte.
• Poucas empresas/ organizações têm esta preocupação de preparar para o desligamento.
• Entra na ordem do discurso relações sociais em jogo.
22Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Aposentadoria : alguns desafios
• Aproveitar este ‘recurso humano’ junto às gerações mais jovens tradição com inovação. Como nas sociedades orientais.
• Momento de aprendizagens distintas. De reiterar planos adiados, de reforçar e retomar as pontes existenciais construídas ao longo da vida!
23Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Conclusão
• Aposentadoria deveria ser, em tese, o corolário de uma vida produtiva que não deixou de sê-la porque não se está necessariamente, no mercado de trabalho!
• Ressignificar o sentido de ‘produtivo’.• Aproximação intergeracional: ganho para
ambos.
24Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Conclusão
• Recusar programas ou valores que eternizam os valores da juventude.
• Retomar planos inacabados.• Mudança da valoração que se dá ao
aposentado, e principalmente ao velho. • Desafio da eterna aprendizagem.• Papel da sociedade, empresas,
organizações e da educação (UNATI).
25Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Conclusão
• Auto estima não pode e não deve se associar somente à imagem da passagem do tempo que vemos no espelho!
• Retomando Erickson ego integral. • “olhar para trás” e ver o conquistado, o que
foi construído. • Suporte social e familiar.• Alerta para não fazer do sofá a ‘extensão de
seu corpo’.
26Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Conclusão
• COM O TEMPO....
• Aprendemos a construir todos os caminhos no HOJE, porque o terreno do amanhã é demasiado inseguro para plano, e os futuros têm uma forma de ficarem pela metade”. (Jorge Luis Borges)
27Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
Referências
• ERICKSON, E.H e ERICKSON, J. O ciclo da vida complete.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
• PRADO, Shirley Donizete; SAYD, Jane Dutra. Saúde, trabalho
e envelhecimento no Brasil. Cad. Sáude Pública. Rio de
Janeiro, 19 (3):759-771, mai./jun.2003.
28Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca
29Cléria Bittar Bueno - Universidade de Franca