avaliação biofarmacêutica in vitro e in vivo (bioequivalência) de

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  • HELENA, minha querida esposa,

    cujo apoio e incentivo so, para mim, fundamentais

  • "We must assure the bioavailability of our drug products to the best of our ability."

    G. LEVY

  • AGRADECIMENTOS

    Muitas so as pessoas a quem devo agradecer, pois de uma maneira ou de outrasempre colaboraram comigo. Porm, gostaria de fazer meno especial quelas que maisdiretamente auxiliaram na realizao deste trabalho:

    Profa. Dra. Slvia Storpirtis, pela orientao e incentivo.

    Profa. Dra. Vladi o. Consiglieri, pelo apoio e diviso das tarefas na parte experimental.

    EMS Indstria Farmacutica Ltda. pelo auxlio financeiro concedido, sem o qual teriasido impossvel a execuo deste.

    s estagirias que prestaram grande auxlio: Andria, Cristiane, Letcia e Clarislene.

    Ao amigo Jos de Jesus pelo apoio, incentivo e grande amizade sempre demonstrados.

    Aos funcionrios Sr. Jamil e Dna. Regina pelo apoio prestado quando da realizao do. . .

    ensaio In VIVO.

    Profa. Dra. Maria Valria Robles Velasco-de-Paola, pelo auxlio na parte experimental.

    Aos voluntrios que participaram do ensaio in vivo cuja colaborao foi decisiva para osucesso deste.

    s bibliotecrias Moema, pela reviso das referncias bibliogrficas e Maria Luiza pelaelaborao da ficha catalogrfica.

    estatstica Ting pelo inestimvel apoio no tratamento dos dados.

    s secretrias Bete, Ben e Elaine, pela ateno e incentivo sempre demonstrados.

    todos,

    agradeo sinceramente.

  • 3.5.3. Critrios para aceitao da bioequivalncia entre duas

    formulaes 29

    3.6. Mtodo espectrofotomtrico para anlise quantitativa da ampicilina

    em lquidos biolgicos 32

    3.7. Biodisponibilidade e bioequivalncia de formas farmacuticas

    slidas de ampicilina 34

    4. MATERIAL E MTODOS 39

    4.1. Amostras 39

    4.2. Anlises fsicas e fsico-qumicas .40

    4.2.1. Aspecto 40

    4.2.2. Variao de peso dos comprimidos 41

    4.2.3. Dimetro, espessura e dureza 41

    4.2.4. Friabilidade 42

    4.2.5. Tempo de desagregao 42

    4.2.6. Perfil de dissoluo 42

    4.2.7. Teste de dissoluo segundo a USP XXIII ed .47

    4.2.8. Teor de ampicilina .47

    4.3. Avaliao biofarmacutica in vivo 49

    4.3.1. Seleo dos voluntrios 50

    4.3.1.1. Critrios de incluso 50

    4.3.1.2. Critrios de excluso 51

    4.3.2. Protocolo do ensaio 51

    4.3.3. Coleta das amostras 53

  • 2

    Assim, a Farmacotcnica, que sempre se ocupou com a elaborao

    de sistemas que veiculassem de modo eficiente um dado princpio ativo,

    comeou a atentar para esse fato, sobretudo, a partir dos trabalhos de

    WAGNER (1961) e LEVY (1961). As propriedades fsico-qumicas do

    frmaco, as caractersticas da forma farmacutica e fatores fisiolgicos

    devem ser considerados quando da formulao e da produo de agentes

    teraputicos efetivos e seguros. Estas consideraes constituem,

    exatamente, o objetivo da Biofarmacotcnica.

    Portanto, no mais possvel a concepo de uma nova formulao

    de um comprimido, por exemplo, sem que se verifique se o princpio ativo

    veiculado pelo sistema ser adequadamente absorvido. Deste modo,

    atualmente, observa-se grande preocupao com os parmetros

    relacionados biodisponibilidade e bioequivalncia de medicamentos

    comercializados como similares. De fato, a "Food and Drug Administration"

    (FDA-USA) foi responsvel pelo estabelecimento de critrios, de modo

    que, na ltima reviso da "United States Pharmacopeia" (USP XXIII, 1995),

    encontra-se captulo especial dedicado ao tema.

    No Brasil, essa questo crtica tendo em vista o grande nmero de

    especialidades farmacuticas contendo o mesmo princpio ativo,

    fabricadas por laboratrios farmacuticos diferentes, de origem nacional e

    transnacional (DEF, 1997). Sabe-se que poucos grupos de pesquisadores

    brasileiros dedicam seus trabalhos ao assunto (MUSCAR & DE

    NUCCI,1991; MENDES eta/., 1994) e que o ensaio de bioequivalncia no

    real:zado quando do lanamento de um similef no mercado. A este fato,

    juntam-se dois outros:

  • 3

    a) a tentativa de se implantar no pas uma poltica de medicamentos

    genricos com o Decreto 793/93 (BRASIL, 1993);

    b) o no reconhecimento, at pouco tempo, de patentes na rea

    . farmacutica.

    No primeiro caso, embora extremamente desejvel, qualquer poltica

    de medicamentos genricos necessita, para obter xito, considerar que os

    produtos cujos princpios ativos sejam idnticos, comercializados como

    similares, sejam, quando requerido, bioequivalentes. Caso contrrio, tem-

    se o risco de, ao escolher-se uma especialidade de menor custo, no se

    obter tratamento eficiente, uma vez que esta pode no propiciar a mesma

    eficcia clnica (HORVITZ, 1975; STORPIRTIS & CONSIGLlERI, 1995).

    o no reconhecimento de patentes farmacuticas, fato queaparentemente representa vantagem ao pas, possibilita a cpia de

    determinado produto, cuja patente ainda esteja vigorando, por empresas

    nacionais. Como conseqncia, surge, rapidamente, grande nmero de

    especialidades farmacuticas, mesmo para produtos de lanamento

    recente no mercado.

    Completam esse quadro, um sistema de Vigilncia Sanitria falho e

    sem recursos materiais adequados, alm de uma legislao ultrapassada

    e, conseqentemente, ineficiente. Assim, problemas de formulao

    incorreta e/ou a utilizao de processos impropnos de manufatura,

    totalmente em desacordo com as Boas Normas de Fabricao e Controle

    (SINDUSFARM, 1995), tomam o mercado farmacutico brasileiro

  • 4

    vulnervel ao abastecimento com produtos de qualidade inferior e que,

    portanto, apresentam risco potencial para quem os utiliza (VERNENGO,

    1993).

    A ampicilina, antibitico derivado da penicilina e largamente

    comercializado no Brasil, um exemplo tpico para ilustrar tais fatos.

    Embora seja um frmaco cuja patente j se encontra expirada, o nmero

    de especialidades farmacuticas contendo ampicilina bastante

    exagerado: 12 sob a forma de comprimidos, 33 de cpsulas, 29 de

    suspenso oral e 17 sob a forma injetvel, oriundos de 45 laboratrios

    distintos (KOROLKOVAS, 1996). Neste sentido, um estudo em que se

    verifique a qualidade biofarmacutica de uma amostragem destes produtos

    toma-se bastante interessante e, sobretudo, til para que se possa avaliar

    a situao atual.

  • 5

    2- OBJETIVOS

    o presente trabalho teve como escopo central a avaliao daqualidade biofarmacutica, tanto in vitro como in vivo, de especialidades

    farmacuticas, sob a forma de comprimidos contendo ampicilina, na

    dosagem de 500 mg, comercializados no mercado farmacutico brasileiro.

    Deste modo, os objetivos foram:

    CD Verificar a conformidade das especialidades farmacuticas estudadas

    em relao s especificaes contidas em compndios oficiais;

    a> Comparar o perfil de dissoluo (in vitro) dos produtos, bem como

    parmetros relativos cintica de dissoluo, de modo a caracterizar mais

    adequadamente a liberao do frmaco a partir de cada um destes;

    Q) Avaliar a bioequivalncia entre duas destas especialidades

    Iv farmacuticas.

  • 6

    3- REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1) GENERALIDADES

    A ampicilina um antibitico semi-sinttico, derivado da penicilina,

    que exibe largo espectro de ao. Quimicamente denominada cido 6-

    [(aminotenilacetil)amino]-3,3-dimetil-7-oxo-4-tia-1-azabiciclo[3.2.0] heptano

    -2-carboxlico, D(-)-u-aminobenzilpenicilina ou cido 6-[D(-)-u-

    aminotenilacetamido] penicilnico (Figura 1).

    Exerce sua ao antibacteriana por interferncia na sntese da

    parede celular, inibindo a enzima transpeptidase, o que resulta em uma

    fragilidade da mesma e sua conseqente ruptura (DOLERY, 1991; DRUG

    EVALUATIONS, 1991).

    Pode ser administrada por via oral, ao contrrio de outros derivados

    da penicilina,. uma vez que sua estabilidade em meio cido adequada

    (MUTSCHLER & DERENDORF, 1995). solvel em solues diludas de

    cidos e hidrxidos alcalinos, fracamente solvel em gua e praticamente

    insolvel em lcool, acetona, clorofrmio e ter, podendo apresentar-se

    sob a forma anidra, triidratada ou sdica (AUSTIN et ai., 1965;

    MARTINDALE, 1996; MERCK INDEX, 1996).

  • 7

    ( N CH, 3,COOH

    Figura 1 : Estrutura qumica da ampicilina

    Seu espectro de ao abrange, alm dos microorganismos sensveis

    penicilina, vrias outras bactrias Gram-negativas, tais como E. col e P.

    mirabilis. Porm, microorganismos produtores de penicilinase so

    resistentes ampicilina (MUTSCHLER & DERENDORF, 1995;

    MARTINDALE, 1996).

    Tendo sido introduzida na teraputica em 1962, na antiga Alemanha

    Ocidental, sob a denominao comercial de Binotal (SITTING, 1988), a

    ampicilina difundiu-se rapidamente, sendo possvel encontr-Ia, com

    grande variedade de marcas comerciais, em diversos pases

    (MARTINDALE,1996). No Brasil, como citado anteriormente, tambm

    grande o nmero de especialidades farmacuticas que contm esse

    princpio ativo. Sob a forma farmacutica comprimidos contendo 500 mg

    so citadas 12 especialidades farmacuticas (DEF, 1997; KOROLKOVAS,

    1996).

  • 8

    3.2) ASPECTOS FARMACOLGICOS DA AMPICILlNA

    Quando administrada por via oral, a ampicilina estvel no pH cido

    do estmago, porm, somente cerca de 35 a 50 % da dose so absorvidos

    pelo trato gastrintestinal. Sua absoro prejudicada pela presena de

    alimentos (KOROLKOVAS, 1995), interao estabelecida por WELLlNG et

    ai. (1977), que observaram reduo significativa em indivduos que

    receberam alimentao antes da ingesto do frmaco por via oral. Esta

    observao era vlida, tambm, para a amoxicilina, porm, a interao

    ampicilina-alimentos era clinicamente mais significativa, tendo em vista sua

    absoro mais baixa, que resulta em nveis plasmticos ainda mais

    reduzidos.

    Apesar de pouco absorvido, esse frmaco extensamente

    excretado, em sua forma inalterada, pela urina (cerca de 90% da

    quantidade absorvida). Este fato foi atestado por vrios autores (JUSKO &

    LEWIS, 1973; LOO et ai., 1974; JONES, 1977; EHRNEBO, 1979).

    A baixa absoro da ampicilina, aps administrao oral, pode ser

    atribuda ao seu carter anfotrico e sua limitada solubilidade em gua

    (LOO et ai., 1974). Tentativas foram feitas para melhorar sua absoro

    com a introduo de steres que so hidrolisados no trato gastrintestinal,

    liberando a ampicilina bem prximo aos locais de absoro,

    incrementando-se, desse modo, seus nveis sangneos e urinrios. Assim,

    os citados autores constataram que a pivampicilina administrada oralmente

    -produzia nveis sricos bem mais elevados do que o frmaco original,

    equiparando-se ampicilina sdica, administrada por via intramusculc3r. A

    bacampicilina, segundo ROZENCWEIG (1976), cinco vezes mais

  • 9

    rapidamente absorvida e produz nveis sricos e urinrios at 30% mais

    elevados. Para a talampicilina possvel obter-se uma quantidade

    excretada na urina acima de 90%, enquanto que, para a ampicilina esta

    situa-se na faixa de 40-60% da dose administrada (JONES, 1977).

    3.3) AVALIAO "IN VITRO" E CARACTERIZAO FSICA E FSICO-

    QUMICA DE FORMAS FARMACUTICAS SLIDAS

    As formas farmacuticas slidas so elaboradas de modo a

    possibilitar a administrao de frmacos por via oral, tendo em vista as

    inmeras vantagens da mesma (BANKER & ANDERSON, 1986). Porm,

    como mencionado anteriormente, a liberao do princpio ativo contido

    nestas formas relativamente complexa. Da a fundamental importncia de

    uma correta formulao, quando do desenvolvimento de uma preparao

    desta natureza (BURLlNSON, 1971; DAVIS, 1972).

    De fato, o preenchimento de requisitos mnimos, por parte da

    formulao, indispensvel para que se possa deduzir acerca de sua

    viabilidade como sistema que ir veicular um agente teraputico. Assim,

    vrias farmacopias oficializam mtodos que so utilizados no somente

    no controle de qualidade rotineiro, mas tambm no desenvolvimento de

    formas farmacuticas slidas, fornecendo resultados valiosos para a

    seleo de uma formulao vivel (FERRAZ, 1993; WHO, 1993).

    Alm do exposto, necessrio lembrar a recomendao da "Food

    and Drug Administration" (FDA - USA), expressa no "CODE of federal

    regulations" (1992), captulo 21, parte 320, subparte 320.25 (i), que

    preconiza a realizao de ensaios descritos em compndios oficiais

  • 10

    previamente execuo de estudos de biodisponibilidade e

    bioequivalncia.

    Os ensaios mais comuns em formas farmacuticas slidas, em

    especial os comprimidos, so:

    3.3.1) VARIAO DE PESO

    A verificao da variao de peso das unidades de determinado lote

    de um produto farmacutico um indicativo importante da homogeneidade

    e, consequentemente, da variao do teor do princpio ativo contido no

    mesmo. Esta considerao pode ser levada a cabo se o componente em

    maior quantidade na formulao for exatamente o princpio ativo e quando

    a distribuio deste pelo p ou granulado for suficientemente uniforme

    (SAKR, 1972; GORDON et ai., 1990).

    So vrios os problemas decorrentes do processo de produo de

    comprimidos que podem conduzir a uma variao de peso inaceitvel.

    Estes podem estar relacionados ao granulado (propriedades de fluxo,

    tamanho e uniformidade, variao na densidade, etc.) e a problemas

    mecnicos, que podem surgir durante a compresso (GORDON et ai.,

    1990).

    Na tabela 1, so apresentados os limites de variao permitidos na

    FARMACOPIA BRASILEIRA 4a. edio (FB IV, 1988), sendo admitido

    no mais que duas unidades em desacordo com o estabelecido, porm,

    nenhuma poder estar acima ou abaixo do dobro das por~entagens

    indicadas.

  • 11

    Tabela 1: Variao de peso de comprimidos segundo a FB IV (1988).

    FORMA FARMACEUTICA PESO MEDIO OU VALOR LIMITES DE

    NOMINAL DECLARADO (mg) VARIAO (%)

    comprimidos, ncleos para drgeas, at 80,0 10,0

    comprimidos efervescentes, entre 80,0 e 250,0 7,5

    sublinguais, vaginais e pastilhas acima de 250,0 5,0

    at 25,0 15,0

    drgeas e comprimidos revestidos entre 25,0 e 150,0 10,0

    entre 150,0 e 300,0 7,5

    acima de 300,0 5,O

    A Farmacopia britnica (BP, 1993) determina os mesmos

    parmetros de variao de peso para comprimidos, porm no existe,

    como na FB IV (1988), uma distino entre revestidos e no revestidos.

    Porm, na Farmacopia americana 23a. edio (USP XXIII, 1995)

    os critrios para clculo da variao de peso so baseados no teor do

    frmaco em cada unidade (total de dez) e no desvio padro relativo (DPR).

    Segundo este compndio, o contedo individual deve estar entre 85 e 115

    % do valor rotulado e o DPR menor ou igual a 6 %. Se uma unidade estiver

    fora desta faixa ou se o DPR for superior a 6 % ou se ambas as condies

    existirem, necessrio testar mais 20 unidades. Neste caso, no mais que

    uma, do total de 30, pode estar fora da faixa de 75 a 125 % e o DPR no

    deve exceder 7,8 %.

  • 13

    meno a este teste. Segundo a FB IV (1988) um comprimido deve

    apresentar dureza mnima de 30 N.

    3.3.4) FRIABILlDADE

    A friabilidade de um comprimido est relacionada com a resistncia

    deste abraso, oriunda de processos de embalagem, do transporte e

    manuseio do medicamento (BURLlNSON, 1971). Em geral, este parmetro

    est associado dureza do comprimido. Obtendo-se uma dureza elevada,

    a friabilidade ser reduzida e vice-versa (SAKR, 1972), embora esta,

    relao nem sempre seja vlida, como demonstraram SEITZ &

    FLESSLAND (1965).

    A determinao da friabilidade descrita na FB IV (1988), estabelece

    que a porcentagem de p perdido deve ser inferior 1,5 % do peso dos

    comprimidos. Na USP XXIII (1995) o limite estabelecido de no mais

    que 1,0 %.

    3.3.5) DESAGREGAO

    Este ensaio, correntemente denominado de desintegrao, est

    oficializado em vrias farmacopias (USP XXIII, 1995; BP, 1993; FB IV,

    1988). Sua importncia perdeu espao, na medida em que o ensaio de

    dissoluo foi sendo adotado ao longo dos anos. De fato, nem sempre

    possvel estabelecer uma correlao direta entre a desagregao e a

    dissoluo do frmaco (BURLlNSON, 1971; ABDOU, 1995). LEVY, em

    1961, fez esta observao ao comparar a absoro do cido acetilsaliclico

    com a dissoluo e a desintegrao de comprimidos contendo o frmaco.

  • 15

    De fato, um frmaco somente pode ser absorvido quando se

    encontra dissolvido nos lquidos do trato gastrintestinal. Ento, a extenso

    da absoro depende da velocidade com que o processo de dissoluo

    ocorre, estabelecendo-se, deste modo, uma relao direta entre a

    dissoluo e a eficcia clnica do produto farmacutico, embora, somente

    um estudo de correlao entre dados in vitro e in vivo (biodisponibilidade)

    pode, com segurana, comprovar tal fato (DAVIS, 1972; CARSTENSEN,

    1977; HANSON, 1991; ABDOU, 1995). CABANA (1976) cita que a causa

    mais freqente dos casos de bioinequivalncia, registrados pela FDA,

    deviam-se baixa dissoluo dos produtos.

    COX et aI. (1979) referem-se ao teste de dissoluo como um ensaio

    que, aplicado s formas farmacuticas slidas, capaz de avaliar a

    quantidade dissolvida do frmaco, em um volume conhecido de meio, a um

    tempo pr-determinado, utilizando-se um equipamento (aparato)

    especfico, controlando-se, cuidadosamente, todos os parmetros

    envolvidos.

    o ensaio de dissoluo foi inicialmente introduzido na USP XVIII(1970), onde eram descritas as especificaes para apenas sete produtos,

    todos sob a forma de comprimidos. Com a evoluo implementada ao

    longo destes anos, o ensaio se difundiu bastante, chegando a 532

    monografias na ltima edio da Farmacopia americana (USP XXIII,

    1995). Em geral, nestas monografias se estabelece um mnimo aceitvel

    para a quantidade de frmaco dissolvida aps certo intervalo de tempo, o

    que toma esse ensaio uma ferramenta til na avaliao rotineira de formas

    fannacuticas slidas. O "critrio de aceitao" preconizado pela referida

    Farmacopia encontra-se descrito na tabela 2 .

  • 16

    Tabela 2: Critrio de aceitao para o teste de dissoluo, segundo

    recomendaes da USP XXIII (1995).

    ESTGIO N DE AMOSTRAS CRITERIO

    81 6 Cada unidade: no menos que Q + 5%

    O total de 12 unidades (81 + 82) igualouS2 6 maior que Q e nenhuma unidade menor que Q

    -15%

    O total de 24 unidades (81 + 82 + 83) igual83 12 ou maior que Q, no mais que 2 unidades so

    menores que Q - 15% e nenhuma unidade menor que Q - 25%

    Q= porcentagem de frmaco dissolvido indicada em cada monografia

    Porm, um ensaio em que se determine apenas um ponto, ou seja,

    um valor de porcentagem de frmaco dissolvido, embora til em termos de

    avaliao quantitativa, pode no significar uma avaliao real do processo

    de dissoluo. GORDON et aI. (1990), citam o exemplo da

    hidroclorotiazida. Neste caso, a USP XXIII (1995), especifica que aps 30

    minutos, 60% do frmaco devem dissolver-se. possvel, ento, ocorrer

    que os 40% restantes sejam dissolvidos muito lentamente, o que

    constituiria um risco para a biodisponibilidade do frmaco, como concluem

    estes autores.

    Outro aspecto importante a se considerar a possibilidade de

    calcular-se, com a obteno do perfil de dissoluo do frmaco a partir da

    forma farmacutica, parmetros relativos cintica do processo. O ensaio

    de dissoluo pode, se dessa forma executado, auxiliar na identificao de

  • 17

    formulaes que apresentem risco potencial para a biodisponibilidade do

    frmaco.(WHO, 1993; SHAH et aI., 1995), alm de servir como ferramenta

    til no desenvolvimento de formulaes, na medida em que possvel

    selecionar aquelas de melhor desempenho no que diz respeito liberao

    do frmaco (TINGSTAD, 1978; ABDOU, 1995).

    A determinao da quantidade de frmaco dissolvido em vrios

    intervalos de tempo diferentes, possibilita a obteno de dados

    importantes, tais como a velocidade de dissoluo, a quantidade mxima

    dissolvida e pontos nos quais podem ocorrer mudanas significativas no

    processo (COX et aI., 1979).

    Assim, vrios autores tm empregado esse recurso para realizar

    estudos mais detalhados sobre a dissoluo de frmacos. Em geral,

    nesses trabalhos, so comparados vrios parmetros de cintica de

    dissoluo, tais como eficincia de dissoluo (ED), meia-vida de

    dissoluo (t50%), constante de velocidade de dissoluo (K), aps a

    eleio do modelo cintico mais adequado.

    o tabela 3 apresenta os vrios tipos de tratamentos cinticosaplicveis linearizao de curvas de dissoluo.

  • Tabela 3: Tratamentos cinticos aplicveis Iinearizao de curvas de dissoluo.

    MECANISMO DE L1BERAAO DO REFERENCIA

    MODELO CINTICO EQUAO FRMACO BIBLIOGRFICA

    a velocidade do processo de dissoluo

    zero ordem Q = Qo-Kot independente da quantidade de frmaco JALAL et ai. (1989)

    presente na forma farmacutica

    primeira ordem InQ = InQo-K1t por difuso atravs do ncleo JALAL et ai. (1989)

    Higuchi Q=Kt por difuso atravs da matriz HIGUCHI (1963)

    JALAL et ai. (1989)

    a dissoluo processa-se

    Hixson-Crowel Q = Qo-K2t independentemente do pH. do meio e da JALAL et aI. (1989)

    metodologia empregada

    Q = quantidade dissolvida; Qo = quantidade inicial do frmaco; Ko. K1 K e K2 = constantes de velocidade de

    dissoluo; t = tempo

    .......ex>

  • 19

    GAIZER et aI. (1987) estudaram a cintica de dissoluo de

    comprimidos de aspartato de potssio em matrizes base de cloreto de

    polivinila. Os autores aplicaram os modelos de zero ordem, primeira ordem

    e Higuchi, sendo que, das trs formulaes testadas, duas seguiram o

    modelo proposto por Higuchi e uma o modelo de zero ordem.

    Avaliando produtos comerciais contendo teofilina sob a forma de

    cpsulas ou comprimidos de ao prolongada, JALAL et aI. (1989)

    compararam dados de cintica de dissoluo empregando, para

    linearizao das curvas, os modelos de zero ordem, primeira ordem,

    Higuchi e Hixson-Crowell. Os autores selecionaram os modelos cinticos

    mais adequados mediante comparao dos respectivos valores de

    coeficiente de correlao (r) e concluram que existiam diferenas

    significativas na velocidade de dissoluo dos produtos testados.

    BHANJA & PAL (1989) aplicaram os modelos de zero ordem,

    primeira ordem e de Higuchi para avaliar a cintica de dissoluo de

    microcpsulas de sulfato de salbutamol revestidas com Eudragit RS 100.

    Atravs da comparao dos respectivos coeficientes de correlao obtidos

    para cada modelo, concluram os autores que o modelo de Higuchi era o

    mais adequado para todas as microcpsulas por eles elaboradas.

    Comparando diferentes formulaes de cloridrato de papaverina

    obtidas por "spray-dried" e utilizando ftalatos de celulose, SENJKOVIC et

    aI. (1990) aplicaram o modelo de Higuchi para a linearizao das curvas

    de dissoluo. Assim, foi possvel classificar as preparaes obtidas aps

    o clculo dos parrnetros cinticos correspondentes e apontar as mais

    adequadas para uma liberao controlada do frmaco.

  • 20

    LPEZ et ai. (1991a) avaliaram a cintica de dissoluo de

    formulaes de ampicilina sob as formas de cpsulas e comprimidos,

    calculando parmetros tais como a velocidade e a ordem do processo de

    dissoluo. Os resultados por eles obtidos indicaram que os produtos

    apresentaram processo de liberao do frmaco de primeira ordem e que,

    estatisticamente, as velocidades de dissoluo dos mesmos mostraram

    diferenas significativas. Alm disso, concluram que a ampicilina, sob a

    forma de comprimidos, era liberada mais rapidamente se comparada

    liberao a partir das cpsulas.

    Comprimidos de aspirina, sob trs denominaes comerciais, foram

    avaliados por NIKOLlC et ai. (1992) utilizando trs modelos cinticos

    distintos (primeira ordem, Hixson-Crowell e modelo de Higuchi). Testando

    os produtos sob vrias condies experimentais de pH, velocidade de

    agitao, volume de meio e temperatura, os autores concluram que o pH e

    a velocidade de agitao eram os fatores de maior influncia sobre a

    dissoluo. O modelo cintico mais adequado para a maioria dos casos foi

    o de Hixson-Crowell (modelo da raiz cbica).

    GORACINOVA et ai. (1995) compararam a dissoluo de disperses

    slidas (coprecipitados) de cloridrato de verapamil elaborados com

    polmeros diferentes. Os autores empregaram trs tratamentos cinticos

    distintos: modelo de Higuchi, modelo da raiz cbica e cintica de primeira

    ordem, concluindo que o modelo proposto por Higuchi adequava-se melhor

    para aquelas formulaes.

    AMPERIADOU & GEORGARAKIS {1995), investigaram, dentre

    outros itens, a liberao do sulfato de salbutamol a partir de microcpsulas

  • 21

    por eles obtidas utilizando condies de preparo diferentes. Os melhores

    valores de coeficiente de correlao foram obtidos para o modelo de

    primeira ordem e, em alguns casos para o modelo de Higuchi.

    Mudanas nos perfis de dissoluo de comprimidos de teofilina

    obtidos por compresso direta, aps armazenagem sob diferentes

    condies de umidade, foram relatadas por AOEYEYE et aI. (1995). Logo

    aps a produo e quando armazenados em valores de umidade relativa

    iguais a 52 %, os comprimidos no se adequaram ao modelo de Higuchi.

    Entretanto, armazenados em ambiente com umidade relativa maior que

    52%, as formulaes passaram a liberar o frmaco de modo que os

    coeficientes de correlao obtidos a partir da linearizao das curvas de

    dissoluo pelo modelo de Higuchi apresentaram-se mais adequados.

    GONZLEZ et al.(1995b) compararam a dissoluo de formulaes

    de cloridrato de propanolol existentes na Argentina e por eles elaborados

    utilizando vrios parmetros de cintica de dissoluo. A maioria dos

    produtos farmacuticos testados seguiu um processo de primeira ordem,

    com exceo de duas formulaes que apresentaram uma cintica de zero

    ordem. Os autores compararam, ainda, o parmetro eficincia de

    dissoluo pelo mtodo da mnima diferena significativa (MOS) e

    concluram que vrios dos produtos apresentavam um perfil de dissoluo

    com diferenas estatisticamente significantes. Os mesmos autores

    (GONZLEZ et aI., 1995a) trabalharam de forma idntica com

    formulaes de ampicilina. Neste caso, verificaram, tambm, diferenas

    significativas nos vrios perfis de dissoluo obtidos e que, para os

    comprimidos da, ampicilina por eles obtidos, os mais adequados eram

  • 22

    aqueles elaborados por via seca ou compresso direta, utilizando-se como

    excipiente AVICEL~ e AEROSIL~.

    Para avaliar microcpsulas de cefradina (sob a forma de

    comprimidos e p que no sofreu processo de compresso), TUNCEL et

    aI. (1996) aplicaram os modelos cinticos de zero e primeira ordem e o

    modelo de Higuchi s respectivas curvas de dissoluo, concluindo que o

    modelo de Higuchi era capaz de descrever mais adequadamente o

    processo de liberao do frmaco em ambos os casos.

    AMMAR & KHALlL (1996) realizaram um estudo a partir de trs

    produtos contendo rifampicina, analisando-se a dissoluo de seis lotes

    diferentes de cada. Empregando o parmetro eficincia de dissoluo

    (ED), os autores utilizaram trs mtodos de dissoluo: mtodo da cesta

    (USP), mtodo do bquer e de fluxo, avaliando qual deles era capaz de se

    correlacionar melhor com os valores por eles obtidos in vivo. Os resultados

    indicaram que o mtodo da cesta preconizado pela Farmacopia

    americana era o que melhor descrevia as diferenas entre os produtos e,

    tambm, o que melhor se correlacionava com parmetros obtidos in vivo.

    Em outro trabalho, AMMAR et ai. (1997) tambm basearam-se na

    ED, utilizando os mesmos mtodos de dissoluo para comparar diferentes

    produtos comerciais contendo cido acetilsaliclico. Neste caso, os autores

    analisaram trs lotes de cada fabricante com a finalidade de verificar qual

    mtodo era capaz de melhor identificar as diferenas entre as formulaes

    testadas e qual destes se correlacionava melhor com dados obtidos in vivo.

    O mtodo da cesta, preconizado pela Farmacopia amerIcana, julgaram os

  • 23

    autores, era o que melhor diferenciava as formulaes, porm, a melhor

    correlao foi obtida com o mtodo do bquer.

    3.4) DISSOLUO DE FORMAS FARMACUTICAS SLIDAS:

    SITUAO BRASILEIRA

    No Brasil, diversos trabalhos tm apontado problemas em relao

    dissoluo de formas farmacuticas slidas. Assim, SANTORO et ai.

    (1991), avaliando comprimidos de hidroclorotiazida e de cloridrato de

    propranolol distribudos pela Central de Medicamentos (CEME), concluram

    que, destes, 29 e 50%, respectivamente, no obedeciam s especificaes

    da Farmacopia americana.

    Em estudo in vitro de 5 especialidades farmacuticas contendo 100

    mg de aminofilina, STORPIRTIS et ai. (1995) verificaram que destes, um

    no estava de acordo com o especificado pela Farmacopia americana

    para o teste de dissoluo e que, em relao ao perfil de dissoluo, estes

    medicamentos apresentavam-se bastante diferenciados.

    Perfis de dissoluo distintos foram tambm obtidos por SERRA et

    ai. (1995), ao avaliarem comprimidos de nimodipina comercializados no

    Brasil. Neste caso, os autores encontraram dentre os produtos, um que

    praticamente no liberou o frmaco nas condies empregadas.

    Comparando duas marcas comerciais contendo teofilina para

    liberao prolongada, VELASCO-DE-PAOLA et al.(1995) verificaram que o

    prodJto por eles designado como B, lilJerava o frmaco mais Iapidamente,

    comportamento este, inadequado, em se tratando de uma forma

  • 24

    farmacutica de lenta liberao. Resultados similares foram obtidos por

    YUGUE et aI. (1996) ao compararem a dissoluo do diltiazem a partir de

    formas farmacuticas de ao prolongada e por FERRAZ et aI. (1997)

    comparando lotes diferentes de dois produtos contendo cloreto de

    potssio. Especificamente para este frmaco, a liberao deve ser lenta,

    uma vez que altas concentraes do mesmo, em nvel do estmago, pode

    causar reaes indesejveis. Porm, para um dos produtos, valores

    elevados de porcentagem de frmaco dissolvido foram relatados.

    Estudando a dissoluo de produtos contendo piroxicam e o frmaco

    complexado com p-ciclodextrina, DEL COMUNE et ai. (1996) verificaram

    que destes, 78% foram reprovados no teste de dissoluo e que seus

    perfis de dissoluo eram bastante distintos, com destaque para o produto

    com o complexo, que apresentou os melhores resultados.

    Para comprimidos de cimetidina, FERRAZ et ai. (1997) encontraram,

    dentre oito marcas comerciais, uma na qual a dissoluo, segundo as

    recomendaes da Farmacopia americana, foi praticamente nula.

    Produtos com liberao deficiente do frmaco foram observados por

    FERRAZ et ai. (1997) ao pesquisarem a dissoluo de especialidades

    farmacuticas contendo diclofenaco sob a forma de sal potssico. Para o

    diclofenaco sdico, que apresenta proteo mucosa do estmago, foi

    relatado que dos trs produtos estudados, dois mostraram perfis de

    dissoluo inadequados em meio entrico artificial (FERRAZ et ai., 1997 ).

  • 25

    Em todos esses casos, evidencia-se que problemas de formulao

    e/ou tecnologia empregada no preparo de formas farmacuticas slidas de

    liberao convencional ou controlada so relativamente comuns no pas.

    3.5) BIODISPONIBILlDADE E BIOEQUIVALNCIA DE MEDICAMENTOS

    3.5.1) DEFINiO DE TERMOS

    Vrias publicaes tm apresentado a descrio de conceitos

    fundamentais na rea de biodisponibilidade de medicamentos (WHO,

    1993; CID, 1982; CODE of federal regulations, 1992; STORPIRTIS, 1994).

    A seguir sero definidos os termos mais comumente utilizados:

    BIOFARMCIA OU BIOFARMACOTCNICA

    Estudo dos fatores fsicos e fsico-qumicos relativos ao frmaco, em

    sua forma farmacutica, e sua relao com o efeito farmacolgico

    desencadeado no organismo.

    BIODISPONIBILlDADE

    a velocidade e a extenso pelas quais um frmaco absorvido, a

    partir da forma farmacutica que o veicula, sendo, em geral, determinadas

    atravs de dados de concentrao no sangue ou excreo urinria.

    BIOEQUIVALNCIA

    A bioequivalncia entre duas especialidades farmacuticas obtida

    pela comparao dos dados de biodisponibilidade. Administradas na

    mesma dose molar, sob as mesmas condies experimentais, a diferena

    entre os parmetros relativos absoro no deve ser significativa.

  • 26

    EQUIVALENTES FARMACUTICOS

    So produtos farmacuticos que contm o mesmo frmaco, sob

    idntica forma de sal ou ster e idntica forma farmacutica e dosagem.

    Entretanto, os excipientes utilizados no so, necessariamente, os

    mesmos. Ambos produtos devem satisfazer aos ensaios farmacopicos

    indicados.

    ALTERNATIVAS FARMACUTICAS

    So produtos farmacuticos que contm o mesmo frmaco, mas no

    necessariamente o mesmo sal ou ster, a mesma quantidade e idntica

    forma farmacutica e dosagem. Porm, devem satisfazer os ensaios

    farmacopicos indicados.

    PRODUTOS FARMACUTICOS INTERCAMBIVEIS

    So produtos farmacuticos para os quais a substituio entre si

    vivel, tendo como base a comprovao de sua bioequivalncia.

    3.5.2) EXCREO URINRIA COMO PARMETRO PARA

    DETERMINAO DA BIODISPONIBILlDADE E BIOEQUIVALNCIA DE

    MEDICAMENTOS

    Nos casos em que a via de eliminao principal do frmaco no

    organismo a via renal, na forma inalterada (no metabolizada),

    possvel avaliar sua biodisponibilidade, ou ainda comparar a

    bioequivalncia entre duas formulaes que o contm, utilizando-se dados

    de excreo urinria (SMITH & YAKATAN, 1979; CID, 1982).

  • 27

    Considerando-se, ento, que praticamente todo o frmaco absorvido

    pelo organismo ser recuperado na urina e que a velocidade pela qual este

    surgir como inalterado proporcional sua quantidade no organismo,

    obtm-se dois parmetros importantes: a quantidade total de frmaco

    excretado e a velocidade do processo.

    CID (1982) cita trs requisitos necessrios para que se utilize dados

    de excreo urinria em estudos farmacocinticos:

    ./ o frmaco deve ser excretado pelos rins, pelo menos ao redor de

    10%, sob forma no metabolizada;

    ./ a urina deve ser coletada durante todo o tempo de durao do

    experimento, sem a perda de nenhuma frao;

    ./ a coleta da urina deve realizar-se at que se elimine

    completamente o frmaco no metabolizado ( pelo menos 7 meias-vidas

    do frmaco, tempo em que 99,2% da dose administrada tenha sido

    eliminada).

    Alm destes, RITSCHEL (1992) enumera, tambm, alguns outros

    itens que devem ser obedecidos para tornar vlido um estudo

    farmacocintico, com base em dados de excreo urinria, aps

    administrao de dose nica do frmaco:

    ./ a ingesto de gua durante o ensaio deve ser adequada para

    po~sibilitar uma diurese constante e, assim, tornar possvel a obteno de

    amostras de urina em quantidade suficiente para determinao do frmaco;

  • 28

    ./ imediatamente antes da administrao do medicamento em

    estudo, deve-se coletar urina a fim de garantir completo esvaziamento da

    bexiga do voluntrio participante do ensaio;

    ./ a cada tomada de amostra, nos tempos preestabelecidos, deve-se

    garantir o completo esvaziamento da bexiga. Deste modo, impede-se que

    uma certa quantidade do frmaco presente naquele instante seja

    considerado como parte de outro perodo de tempo;

    ./ para cada amostra de urina coletada deve-se anotar o volume

    exato obtido;

    ././ caso a amostra de urina no fr imediatamente analisada, uma

    alquota deve ser retirada, estabilizada com tolueno e imediatamente

    congelada para posterior anlise;

    Alguns aspectos da utilizao de dados de excreo urinria em

    estudos de bioequivalncia so bastante interessantes, como por exemplo

    a concentrao do frmaco que se atinge na urina, consideravelmente

    maior do que a obtida no sangue, fato que facilita sua quantificao. Outra

    vantagem o fato de que, no sendo necessria a mltipla retirada de

    sangue do voluntrio, o ensaio toma-se menos traumtico para o grupo de

    pessoas que dele participam. Por outro lado, existe uma maior dificuldade

    em estabelecer diferenas com relao velocidade de absoro em um

    estudo de bioequivalncia, em funo da impossibilidade de se obter um

    muior nmero de amostras de urina durante 1 fase de absoro do frmaco

    (SMITH & YAKATAN, 1979).

  • 29

    Em estudos de excreo urinria para a determinao da

    biodisponibilidade e bioequivalncia de medicamentos, os seguintes

    parmetros farmacocinticos podem ser avaliados (RITCHEL, 1992;

    RUBlO, 1993; SHARGEL & YU, 1993; FAGIOLlNO, 1994):

    A quantidade total de frmaco excretado na urina (Duo'');

    A velocidade de excreo de frmaco na urina (dDu/dt).

    No caso especfico da ampicilina, tem-se uma recuperao na urina

    de aproximadamente 90% da dose absorvida, o que permite, ento, a

    utilizao do parmetro quantidade total de frmaco excretado como

    indicativo da absoro do mesmo e seu conseqente emprego na

    avaliao da biodisponibilidade (JUSKO et aI., 1975).

    Dados de excreo urinria foram recentemente utilizados por

    VERGIN et aI. (1995) para avaliao da bioequivalncia de diferentes

    formulaes de aciclovir.

    3.5.3) CRITRIOS PARA ACEITAO DA BIOEQUIVALNCIA ENTRE

    DUAS FORMULAES

    As questes que envolvem a bioequivalncia entre formulaes tm

    despertado maior ateno desde a dcada passada, porm, as

    recomendaes acerca do tema, por parte de diversos rgos (FDA,

    "Nordic Council of Med'icines', entre- outros), esto longe de serem

  • 30

    consensuais (PABST & JAEGER, 1990; STEINIJANS et ai., 1992; BLUME

    & MIDHA, 1995).

    Um passo importante nesta questo foi dado por WESTLAKE

    (1972), que recomendou a introduo do intervalo de confiana (IC) como

    mtodo estatstico para avaliao da bioequivalncia. A partir de ento,

    muito se discutiu sobre este assunto e a proposta do autor foi destacando-

    se, at que HAUCK & ANDERSON (1984) consideraram o teste de

    hipteses insuficiente para uma indicao mais segura acerca da

    bioequivalncia entre duas formulaes.

    Durante as discusses por ocasio da "Bio Intemational'S9"

    (McGILVERAY et aI., 1990), o IC foi recomendado como critrio de

    aceitao e a FDA passou, ento, a adot-lo oficialmente para deciso

    acerca da bioequivalncia, em conjunto com o clculo do nvel estatstico

    de significncia (IN VIVO... , 1993).

    Segundo a agncia norte-americana, a faixa de aceitao situa-se

    entre SO a 120%, para um IC de 90%, calculado com base na razo dos

    valores obtidos para determinado parmetro farmacocintico de cada

    voluntrio do estudo.

    Outro ponto que at pouco tempo ainda gerava dvidas

    (McGILVERAY, 1990) a transformao logartmica dos valores para

    posterior tratamento estatstico. A FDA recomenda esta transformao e,

    neste caso, a faixa de aceitao desloca-se para SO a 125%, isto porque,

    como resultadc seria obtida uma probabilidade mxima de concluso da

    bioequivalncia de aproximadamente 0,9S. Com o deslocamento esse

  • 31

    valor ajusta-se a 1,0, no caso de produtos exatamente iguais (IN VIVO... ,

    1993).

    Nos ltimos anos, outras questes tm preocupado os especialistas

    em bioequivalncia, sobretudo em relao aos frmacos com alta

    variabilidade individual nos parmetros da absoro. A "Bio

    Intemational'89" j havia identificado casos em que ocorria variabilidade

    intra-individual maior que 30%, avaliada a partir do coeficiente de variao

    residual (McGILVERAY et aI., 1990). Na reunio seguinte, a "Bio

    Intemational'92", o assunto voltou pauta e discutiu-se, entre outras

    questes, a possibilidade de alterar o IC nesses casos ou expandi-lo,

    baseando-se em consideraes farmacodinmicas inerentes cada

    frmaco (BLUME & MIOHA, 1993). Durante as discusses da edio de

    1994 do evento, McGILVERAY, exemplificou a influncia da variabilidade

    dos resultados na deciso sobre a bioequivalncia. Segundo o mesmo, a

    probabilidade de existir a bioequivalncia entre duas formulaes de

    100%, quando o coeficiente de variao da anlise de varincia (CVANOVA)

    de 15%. Se o CVANOVA for maior ou igual 30 % essa probabilidade reduz-

    se para 45% ou menos.

    MIDHA et aI. (1995) comprovaram a necessidade de mudana nos

    critrios de aceitao para frmacos com CVANOVA > 30 %, ao avaliarem a

    bioequivalncia entre duas formulaes de nortriptilina. Trabalhando com

    o frmaco e alguns de seus metablitos, foi verificado que nos casos em

    que se obteve um CVANOVA > 30 % (o que ocorreu com um dos

    metablitos, em dois dos trs parmetros farmacocinticos estudados), o

    IC apresentou-se fora da faixa de a~itao em um dos "lados", Porm,

  • 32

    em todas as outras situaes obtiveram-se valores que mostraram,

    nitidamente, que as formulaes testadas eram bioequivalentes.

    3.6) MTODO ESPECTROfOTOMTRICO PARA ANLISE

    QUANTITATIVA DA AMPICILlNA EM LQUIDOS BIOLGICOS

    Para a execuo de um ensaio de bioequivalncia necessrio

    dispor de mtodo de anlise adequado, considerando-se o material

    biolgico utilizado no ensaio (sangue, plasma, urina, etc) e a sua

    viabilidade, dado o grande nmero de amostras a serem quantificadas

    (LESLlE, 1994; SMITH & YAKATAN, 1979). Assim, possvel encontrar

    na literatura vrios mtodos utilizados para anlise de ampicilina em

    lquidos biolgicos, tais como cromatografia lquida - HPLC - (HAGINAKA

    & WAKAI, 1985; HAGINAKA & WAKAI, 1987), fluorimetria (PLAVSIC et

    ai., 1989) e microbiolgico (DUGAL et ai., 1974; HILL et ai., 1974;

    WHYATT et ai., 1976).

    Dentre esses mtodos, o emprego da espectrofotometria no

    ultravioleta (UV), proposto inicialmente por SMITH et ai. (1967) e adaptado

    anlise de lquidos biolgicos por ANGELUCCI e BALDIERI (1971),

    merece destaque.

    A possibilidade de analisar espectrofotometricamente os derivados

    semi-sintticos da penicilina teve incio com HERRIOTT (1946), que

    props um mtodo que permitia, aps reao qumica em pH 4,6,

    transformar a penicilina em um composto cuja absoro no UV (322 nm)

    era adequada. STOCK (1954), verificou que o composto fomlado a partir

    da reao era o cido penicilnico e que resultados mais reprodutveis

  • 33

    eram obtidos com a presena de sais de cobre em soluo tampo de pH

    4,6. HOLBROOK (1958), aplicou o mtodo para determinar sais de

    penicilina em formas farmacuticas (pomadas, injetveis e suspenses

    orais). WEAVER & RESCHKE (1963) aplicaram o mesmo anlise da

    meticilina, um derivado semi-sinttico da penicilina e j apontavam as

    vantagens do mtodo: simplicidade, rapidez, sensibilidade e aplicabilidade

    anlise de grande nmero de amostras.

    Ento, SMITH et aI. (1967), adaptaram esse mtodo para analisar

    ampicilina, realizando estudo bastante aprofundado em relao s

    variveis que podem comprometer os resultados (tabela 4).

    Tabela 4: Condies ideais para anlise espectrofotomtrica da ampicilina

    segundo SMITH et aI. (1967).

    VARIVEL

    tempo de aquecimento

    pH

    concentrao de ons cobre

    temperatura

    CONDiO IDEAL

    30 minutos

    5,2

    15 ~g/mL

    Com base no trabalho de SMITH et aI. (1967), ANGELUCCI &

    BALDIERI (1971) realizaram a determinao de ampicilina em lquidos

    biolgicos (plasma, bile e urina). VILA JATO et aI. (1973) empregaram o

    mtodo para quantificar a ampicilina em um estudo para obteno de

    dados de excreo urinria do frmaco. A anlise espectrofotomtrica foi,

    ento, utilizada por vrios autores em trabalhos que envolviam a

  • 34

    biodisponibilidade e bioequivalncia de formulaes contendo ampicilina

    (ALI, 1981; ALI et aI., 1981; KHALlL et aI., 1984; OGUNBONA & AKANNI,

    1985; LPEZ et aI., 1991).

    o mtodo foi, ainda, correlacionado com o ensaio microbiolgico emum estudo de bioequivalncia entre duas formulaes de ampicilina (ALI et

    aI., 1981).

    3.7) BIODISPONIBILIDADE E BIOEQUIVALNCIA DE fORMAS

    fARMACUTICAS SLIDAS DE AMPICILlNA

    Em 1973, um Comit designado pela "Academy of General Practice

    of Pharmacy" e pela "Academy of Pharmaceutical Sciences" dos EUA

    publicou uma lista de frmacos classificados como de alto risco, moderado

    ou baixo risco em relao problemas de biodisponibilidade, na qual a

    ampicilina figurava como frmaco de risco moderado (REPORT ... , 1973).

    Tal concluso parece ter sido originada aps a publicao, por McLEOO et

    aI. (1972), de trabalho demonstrando que algumas especialidades

    farmacuticas contendo ampicilina comercializadas no Canad eram

    bioinequivalentes. Neste trabalho, os pesquisadores estudaram trs lotes

    de cpsulas de ampicilina triidratada (250 mg), de um mesmo fabricante,

    alm de duas outras especialidades farmacuticas. Concluram que no

    havia diferena significativa quando eram comparados os trs lotes do

    mesmo fabricante. Porm, diferenas significativas foram registradas

    quando os dois outros produtos eram comparados a um desses lotes. A

    partir de ento, vrias pesquisas foram publicadas sobre o assunto e as

    concluses fvram as mais variJdas.

  • 35

    Algumas dessas publicaes, no obstante, foram bastante crticas

    com relao ao trabalho de McLEOD e seus colaboradores. RITSCHEL

    (1972) questionou, sob o ponto de vista da farmacocintica, alguns dos

    aspectos da pesquisa. BARR et aI. (1972) discutiram, entre outros pontos,

    o fato de que aquele estudo havia sido executado em parte e financiado

    por uma indstria farmacutica, interessada nos resultados e que, em

    editorial no mesmo peridico, os autores desaconselhavam a substituio

    de medicamentos em funo dos resultados por eles obtidos. De forma

    veemente, KLASS (1972) tambm questionou a ligao entre os autores do

    trabalho e a indstria farmacutica.

    J no ano seguinte era publicado novo trabalho sobre a

    bioequivalncia de formulaes contendo ampicilina, tambm sob a forma

    de cpsulas. MAYERSOHN et aI. (1973), na verdade, refizeram o estudo

    anterior testando dois dos produtos que foram considerados

    inequivalentes, alm de um terceiro. Baseando-se na rea sob a curva da

    concentrao plasmtica do frmaco, concluram que no existiam

    diferenas significativas entre as amostras, considerando-os, portanto,

    bioequivalentes. Entretanto, os autores revelaram que um dos produtos

    que apresentou melhora considervel em seu desempenho havia recebido

    modificaes em sua formulao original, com a adio de um

    desagregante e discutiram, a partir destes resultados, a importncia da

    formulao na eficcia da forma farmacutica. Os pesquisadores

    verificaram, ainda, a grande variabilidade intra-individual da ampicilina

    quando ministraram para os mesmos voluntrios, o mesmo produto, do

    mesmo lote, em ocasies diferentes e constataram grande desigualdade

    entre os resultados.

  • 37

    o restante apenas distribuidores dos produtos elaborados pelos mesmos

    que recebiam denominaes comerciais distintas. Destes produtos, apenas

    um apresentava ampicilina sob a forma anidra e os demais sob a forma

    triidratada.

    No Chile, ANDRADE et ai. (1978), tambm no encontraram

    diferenas significativas entre trs marcas comerciais de cpsulas de

    ampicilina, sendo que destes dois estavam sob a forma de ampicilina

    triidratada e um sob a forma anidra.

    Outrossim, ALI (1981) estudou a bioequivalncia entre oito diferentes

    marcas comerciais de ampicilina (cpsulas - 500 mg) existentes no Sudo

    e concluiu que estas formulaes, em sua maioria, no eram

    bioequivalentes. interessante notar que estes produtos originaram-se de

    oito pases diferentes (importados) e que todos, exceto um, apresentavam

    a ampicilina sob a forma triidratada.

    Entretanto, ALI & FAROUK (1981) investigaram a biodisponibilidade

    da ampicilina sob as formas anidra e triidratada, a partir de cpsulas

    contendo 250 mg do frmaco, sendo duas preparaes comerciais do

    Sudo (uma sob forma anidra e outra triidratada) e duas outras obtidas de

    enchimento de cpsulas sem excipiente, uma de cada forma de ampicilina.

    A concluso a que chegaram aumentou a dvida em relao

    biodisponibilidade das duas formas: a ampicilina anidra revelou ser melhor

    absorvida que a forma triidratada, e que a formulao exerceu, como

    esperado, marcante influncia.

  • 38

    Produtos bioinequivalentes foram tambm encontrados por

    OGUNBONA & AKANNI (1985) na Nigria, ao compararem a

    biodisponibilidade de trs marcas comerciais de cpsulas contendo 250

    mg de ampicilina.

    PLAVSIC et ai. (1989) ao investigarem a bioequivalncia entre

    formas farmacuticas contendo ampicilina (500 mg), oriundas de dois

    fabricantes distintos, concluram que no havia diferena significativa entre

    as mesmas formas farmacuticas de cada laboratrio.

    Estudando quatro diferentes formas farmacuticas slidas contendo

    ampicilina, LPEZ et ai. (1991) encontraram diferenas na

    biodisponibilidade, verificando que cpsulas de gelatina mole

    apresentavam melhor absoro em relao aos demais produtos.

    ATAY et ai. (1991) avaliaram trs formulaes de cpsulas contendo

    ampicilina (uma sob a forma anidra e duas sob a forma triidratada) e

    concluram que, embora houvesse grande variabilidade entre os

    voluntrios, os produtos poderiam ser considerados bioequivalentes.

  • 39

    4- MATERIAL E MTODOS

    4.1) AMOSTRAS

    Foram estudadas 4 (quatro) especialidades farmacuticas, sob a

    forma de comprimidos, contendo 500 mg de ampicilina, sendo que, para

    um dos laboratrios, foram testados 2 (dois) lotes diferentes, totalizando 5

    (cinco) amostras distintas. Estas correspondiam s amostras comerciais de

    seus respectivos laboratrios fabricantes, colocados venda no comrcio

    varejista farmacutico. A tabela 5 descreve com detalhes o material

    pesquisado.

    Tabela 5: Designao adotada, nmero de lote e forma cristalina contida

    nas especialidades farmacuticas estudadas, sob a forma de comprimidos

    contendo 500 mg de ampicilina.

    DESIGNAO NUMERO DO fORMA CRISTALINA DE

    ADOTADA LOTE AMPICILINA

    A1 052.93 triidratada

    A2 165994A triidratada

    B 025116C triidratada

    C 6665 anidra

    D 10219 anidra

  • 40

    4.2) ANLISES FSICAS E FSICO-QuMICAS (ANLISE

    BIOFARMACUTICA IN VITRO)

    Para a caracterizao fsica e fsico-qumica das formulaes de

    ampicilina 500 mg, sob a forma de comprimidos, foram realizados os

    seguintes ensaios:

    ./ aspecto;

    ./ variao de peso dos comprimidos;

    ./ dimetro, espessura e dureza;

    ./ friabilidade;

    ./ tempo de desagregao;

    ./ perfil de dissoluo;

    ./ teste de dissoluo, segundo a USP XXIII ed.;

    ./ teor de ampicilina.

    4.2.1) ASPECTO

    Os comprimidos, de cada fabricante, foram examinados quanto s

    suas caracterstica3 externas tais como cor, formato, integridade, presena

    ou ausncia de revestimento, gravaes, entre outros.

  • 41

    Para a realizao desse ensaio no foi empregado qualquer

    instrumento, sendo os comprimidos apenas observados a olho nu,

    anotando-se suas caractersticas. Foram tomados, aleatoriamente, 10

    comprimidos.

    4.2.2) VARIAO DE PESO DOS COMPRIMIDOS

    Foram pesados 20 comprimidos de cada fabricante em balana

    analtica METTLER H15, anotando-se os valores individuais. A mdia foi

    calculada, bem como o coeficiente de variao e o desvio-padro. O teste

    de variao do contedo, preconizado pela USP XXIII (1995) tambm foi

    aplicado, considerando-se o peso individual de 10 comprimido e o teor de

    ampicilina encontrado para cada especialidade farmacutica testada. O

    desvio padro relativo (DPR) foi calculado, de acordo com a citada

    Farmacopia.

    4.2.3) DIMETRO, ESPESSURA E DUREZA

    Para este ensaio, utilizou-se equipamento PHARMATEST modelo

    PTB 311. Este equipamento fornece, automaticamente, as dimenses do

    comprimido (dimetro e espessura) e a resistncia do mesmo ruptura

    (dureza). Foram realizadas 10 determinaes para cada especialidade

    farmacutica, calculando-se a mdia, o desvio-padro e o coeficiente de

    variao correspondentes.

  • 42

    4.2.4) FRIABILlDADE

    o ensaio de friabilidade dos comprimidos foi executado emfriabilmetro tipo ROCHE, marca TICA. Para pesagem dos comprimidos

    utilizou-se balana analtica METTLER H15. Foram tomados 10

    comprimidos.

    4.2.5) TEMPO DE DESAGREGAO

    Neste ensaio (tambm denominado tempo de desintegrao), em

    que foi utilizado o equipamento descrito na FB IV (1988), USP XXIII (1995)

    e BP (1993), da marca TICA, verificou-se o tempo necessrio para a

    desagregao do comprimido, sem que houvesse presena de resduos

    entre a tela do aparelho e os discos. Foram tomados, individualmente, 5

    (cinco) comprimidos e anotados os tempos de desagregao.

    4.2.6) PERFIL DE DISSOLUO

    o perfil de dissoluo das diferentes especialidades farmacuticasaqui testadas foi traado a partir da quantificao da ampicilina nas cubas

    de dissoluo, em intervalos de tempo preestabelecidos. O equipamento

    utilizado (HANSON RESEARCH CORP., modelo 72 RL) obedece a todas

    as especificaes descritas na FB IV (1988), USP XXIII (1995) e BP

    (1993). As condies utilizadas encontram-se descritas na tabela 6.

  • 43

    Tabela 6: Condies utilizadas para determinao do perfil de dissoluo

    das especialidades farmacuticas.

    Sistema de agitao mtodo 1 (cesto)

    Velocidade 100 rpm

    Meio de dissoluo gua desgaseificada

    Volume de meio 900mL

    Alquota retirada 10mL

    Deteco (mtodo) Espectrofotometria UV (320 nm)

    Tempo (amostragem) 1,5, 10,20,30 e 45 minutos

    Para essa anlise foram utilizados 3 (trs) comprimidos de cada

    laboratrio. O procedimento adotado foi o seguinte: decorridos 1, 5, 10, 20,

    30 e 45 minutos aps o incio do ensaio, foram retiradas alquotas de 10

    mL do meio de dissoluo, fazendo-se, em seguida, a reposio deste com

    gua desgaseificada mesma temperatura.

    A alquota retirada era, aps filtrao em papel de filtro quantitativo

    faixa azul (FRAMEX), diluda convenientemente com soluo de sulfato

    de cobre tamponado. Desta diluio, tomou-se uma poro de 10 mL, em

    tubo de ensaio que, aps tampado, foi levado banho-maria regulado 75

    cC, por um perodo de 30 minutos. Decorrido esse tempo, a amostra foi

    retirada do aquecimento e colocada em banho de gelo at que atingisse a

    temperatura ambiente, para efetuar-se a leitura da absorvncia em

    espectrofotmetro INCIBRS MF 200, 320 nm.

  • 44

    Para o clculo da concentrao de ampicilina nas amostras, utilizou-

    se padro de ampicilina anidra, de potncia igual a 993,71 ~g/mg,

    gentilmente cedido pela EMS Indstria Farmacutica Ltda. Quando da

    leitura espectrofotomtrica das amostras, uma soluo padro de

    ampicilina anidra, de concentrao aproximada de 20 j..lg/mL foi tratada de

    maneira similar, efetuando-se em seguida, a leitura de sua absorvncia.

    Realizou-se, ainda, varredura no intervalo compreendido de 250 a

    400 nm de uma amostra que sofreu a reao descrita e outra resultante

    apenas da diluio do meio de dissoluo.

    Os valores obtidos foram corrigidos, considerando-se as alquotas

    retiradas (ARONSON, 1993) e expressos na forma de grficos da % de

    frmaco dissolvido versus tempo.

    Alm disso, foram aplicados trs modelos matemticos para

    interpretao da cinticp de dissoluo, visando a determinao da ordem

    do processo:

    ./ Cintica de zero ordem: foram traados, para cada produto,

    grficos de tempo versus quantidade total menos quantidade de frmaco

    dissolvido (T x Qinf - Qt);

    ./ Cintica de primeira ordem: foram traados, para cada

    produto, grficos de tempo versus log neperiano da porcentagem de

    frmaco no dissolvido (T x In %ND);

  • 45

    ./ Modelo de Higuchi: foram traados, para cada produto,

    grficos da raiz quadrada do tempo versus porcentagem de frmaco

    dissolvido ("T x %0);

    o modelo mais adequado para cada especialidade farmacutica foiselecionado aps a anlise de regresso, considerando-se os parmetros r

    e F, das curvas de dissoluo, onde foram tomados apenas os pontos que

    correspondiam fase ascendente das mesmas.

    Foram tambm calculados os seguintes parmetros relativos

    cintica de dissoluo:

    ./ Constante de velocidade de dissoluo (K): aps a seleo

    do modelo mais adequado para cada especialidade farmacutica,

    possvel obter-se o valor de K, uma vez que este corresponde inclinao

    da reta;

    ./ Meia-vida de dissoluo (t5O%): este parmetro foi calculado

    em seguida obteno dos valores de K correspondentes, empregando-se

    as seguintes frmulas, de acordo com a cintica do processo de

    dissoluo:

  • 46

    tso% = Qcx:>

    2 x Ko (zero ordem)

    em que: Qcx:> = quantidade total dissolvida

    Ko = constante de velocidade de dissoluo de

    zero ordem

    tso% =0,693 (1 ordem)Kd

    em que: Kd = constante de velocidade dedissoluo de primeira ordem

    tso% =%O x './ tem que: %0 = porcentagem dissolvida (modelo de Higuchi)

    t = tempo (minutos)

    ./ Eficincia de dissoluo (EO): a eficincia de dissoluo

    (EO) foi calculada a partir das curvas de % frmaco dissolvido versus

    tempo (perfil de dissoluo). Obtendo-se a rea sob a curva (ASC) e a

    rea total do grfico (superfcie), a EO calculada pela razo entre estes

    dois parmetros e expressa em porcentagem.

    Os valores de EO obtidos foram submetidos, ainda, anlise de

    varincia (ANOVA), a fim de se detectar a existncia de diferena

    significativa entre os mesmos. Em seguida, efetuou-se uma comparao

    destes mesmos valores, por intermdio dos testes de Tukey e da mnima

    diferena significativa - MOS (SOLTON, 1990).

  • 47

    4.2.7) TESTE DE DISSOLUO SEGUNDO A USP XXIII ed.

    Alm do perfil de dissoluo, executou-se tambm o teste de

    dissoluo especificado para comprimidos de ampicilina da USP XXIII ed.

    (1995). Neste caso, a amostragem deu-se aps 45 minutos de ensaio,

    sendo as demais condies, idnticas quelas descritas no item anterior,

    inclusive para a quantificao do frmaco dissolvido.

    4.2.8) TEOR DE AMPICILlNA

    A quantidade de frmaco presente em cada especialidade

    farmacutica testada foi avaliada pelo mtodo iodomtrico (USP XXIII,

    1995), procedendo-se da seguinte maneira: foram triturados, com auxlio

    de gral de porcelana e pistilo, e pesados 10 comprimidos. Do p resultante

    tomou-se quantidade equivalente cerca de 62,5 mg de ampicilina e diJuiu-

    se para 50 mL com gua, agitando-se at completa dissoluo. Foram

    tomadas duas alquotas de 2 mL desta soluo, transferindo-as para dois

    erlenmeyers com tampa, identificados como AB e AE. O padro foi

    preparado pesando-se analiticamente 62,5 mg de padro de ampicilina (o

    mesmo utilizado no ensaio de dissoluo) e diluindo-se com gua para 50

    mL. Foram tomadas duas alquotas de 2 mL desta soluo transferindo-as

    para dois erlenmeyer com tampa, identificados como PB e PE.

    Foram, ento, adicionados ao erlenmeyer contendo a amostra e ao

    outro, contendo o padro, 2,0 mL de NaOH 1N . Aps agitao, estes

    foram mantidos em repouso por 15 mino Em seguida, juntaram-se 2 mL de

    Hei 1,2 N a agitou-se novamente. Foram, ento, acrescentados 10 mL de

    iodo 0,01 N , tampando-se os frascos e deixando-os em repouso, ao abrigo

  • 48

    da luz, por 15 mino O excesso de iodo foi titulado com tiossulfato de sdio

    0,01 N. Prximo ao ponto de viragem, adicionou-se uma gota de amido e

    continuou-se a titulao at o desaparecimento da cor azul.

    Para a prova em branco procedeu-se como descrito para o ensaio,

    porm, sem a adio da soluo de NaOH 1N, utilizando-se apenas 2,0

    mL de Hei 1,2 N .

    A quantidade, em mg, de ampicilina anidra presente na amostra, foi

    calculada pela seguinte frmula:

    c= VAB -VAE x mPXP xdi/AXPMVPB - VPE di/P mA

    em que:

    VAS = volume gasto de soluo de tiossulfato de sdio 0,01 N (SV) naprova em branco da amostra (AS)

    VAE =volume gasto de soluo de tiossulfato de sdio 0,01 N (SV) nodoseamento da amostra (AE)

    VPS = volume gasto de soluo de tiossulfato de sdio 0,01 N (SV) naprova em branco do padro (AS)

    VPE =volume gasto de soluo de tiossulfato de sdio 0,01 N (SV) nodoseamento do padro (PE)

    mP =massa de padro de ampicilinaP =potncia do padro de ampicilinadil P =diluio (volume final) da soluo do padrodil A =diluio (volume final) da soluo obtida da amostraPM =peso mdio dos comprimidosmA =massa da amostra utilizada no ensaio

  • 49

    A tabela 7 apresenta resumo dos ensaios executados, nmero de

    comprimidos testados e a(s) respectiva(s) referncia(s) bibliogrfica(s).

    Tabela 7: Ensaios fsicos e fsico-qumicos executados para a avaliao

    das especialidades farmacuticas, nmero de comprimidos testados e

    referncias bibliogrficas

    ENSAIOS N DE REFERENCIAS

    COMPRIMIDOS BIBLIOGRFICAS

    Aspecto 10 ----

    Variao de peso 20 USP XXIII (1995); FB IV (1988)

    Dimetro, 10 FB IV (1988)*

    espessura e dureza

    Friabi Iidade 10 USP XXIII (1995); FB IV (1988)

    Tempo de USPXXIII(1995); FB IV (1988);

    desagregao 5 BP (1993)

    Perfil de dissoluo 3 USP XXIII (1995)

    Teor de ampicilina 10' USP XXIII (1995)

    * Apenas para dureza

    4.3) AVALIAO BIOFARMACUTICA "IN VIVO" (BIOEQUIVALNCIA)

    Para o ensaio de bioequivalncia foram utilizadas duas

    especialidades farmacuticas sob a forma de comprimidos, contendo 500

    mg de ampicilina: A2 (considerado o produto-teste) e B (produto de

    referncia).

  • 50

    4.3.1) SELEO DOS VOLUNTRIOS

    Os voluntrios que participaram do presente estudo foram

    selecionados entre a equipe de "internos" da Clnica Mdica do HU/USP e

    do Corpo de E;nfermagem do Hospital. Os candidatos foram examinados

    pela Diviso de Clnica Mdica, obedecendo-se os seguintes critrios:

    4.3.1.1) CRITRIOS DE INCLUSO

    Apresentar bom estado de sade, idade entre 18 e 35 anos e peso dentro

    do ideal 10%;

    No apresentar patologias cardacas, renais, gastrintestinais, hepticas,

    pulmonares, neurolgicas, psiquitricas, hematolgicas ou metablicas;

    No apresentar antecedentes de hipersensibilidade a medicamentos;

    No ingerir medicamentos uma semana antes do estudo ou durante sua

    realizao;

    No ingerir bebidas alcolicas 48 horas antes do ensaio e durante sua

    realizao;

    No fumar e no ingerir caf, ch ou outras bebidas xnticas durante o

    ensaio;

    A participao de voluntrios do sexo feminino deve estar condicionada

    a que no estejam em estado de gravidez ou em perodo de

    amamentao;

    Estar disponvel para participar de todas as fases do estudo.

  • 51

    4.3.1.2) CRITRIOS DE EXCLUSO

    Ter participado de outro estudo como voluntrio nos ltimos trs meses;

    Fumar 20 ou mais cigarros por dia;

    Antecedentes de abuso de lcool ou drogas;

    Consumo regular de lcool (dois copos de cerveja ou quatro clices de

    vinho por dia).

    Alm disso, os voluntrios devem apresentar valores normais para

    os seguintes exames laboratoriais a que foram submetidos:

    Hematolgico;

    Urina tipo I;

    Dosagens bioqumicas: aspartato transaminase, alamina transaminase,

    fosfatase alcalina, uria e creatinina.

    4.3.2) PROTOCOLO DO ENSAIO

    Participaram do ensaio de bioequivalncia das formulaes 16

    voluntrios sadios (tabela 8), sendo 7 indivduos do sexo masculino e 9 do

    sexo feminino, cujas idades variaram de 21 a 26 anos (mdia de 23 anos)

    e peso entre 48 e 10S kg (mdia de 68,2 kg).

    Aprovado, previamente, pela Comisso de tica do HUIUSP. Processo CEP 001/ 94 .

  • 52

    o ensaio foi executado segundo estudo cruzado aleatrio (BOLTON,1990; DEL PINO, 1993) que possibilitou a administrao das 2

    fonnulaes (A2 e B) a todos os voluntrios, como mostra a tabela 8. Os

    produtos foram administrados em duas fases distintas: 1 e 2, havendo

    entre estas um perodo de "wash-out" de dois dias (48 horas).

    Tabela 8: Planejamento estatstico utilizado no estudo para a

    administrao dos produtos A2 e B e dados de idade e sexo dos

    voluntrios.

    VOLUNTARIO N FASE 1* FASE 2* IDADE SEXO

    1 A B 21 M

    2 A B 24 F

    3 B A 23 F

    4 B A 23 M

    5 B A 23 M

    6 B A 23 F

    7 A B 22 M

    8 A B 23 M

    9 A B 24 M

    10 A B 23 F

    11 B A 22 F

    12 B A 25 M

    13 A B 23 F

    14 B A 22 F

    15 B A 26 F

    16 A B 23 F

    * Fases do ensaio

  • 53

    Os voluntrios receberam, quando da administrao do

    medicamento, 200 mL de gua. Aps cada coleta de urina, nova ingesto

    de gua ou suco de laranja foi efetuada, o que garantiu a diurese.

    Decorridas 4 horas do ensaio, os voluntrios receberam refeio

    padronizada (almoo) e aps 8:30 h foi servido lanche, tambm

    padronizado, a todos os participantes do ensaio. Esta ligeira refeio foi

    constituda de sanduche de po com verduras e queijo ou presunto,

    refrigerante no cafeinado e um doce.

    4.3.3) COLETA DAS AMOSTRAS

    As amostras de urina dos voluntrios foram coletadas nos seguintes

    intervalos de tempo, aps a administrao do produto: O, 1, 2, 4, 6, 8, 10 e

    12 horas.

    Aps cada coleta, verificaram-se o volume e o pH da urina de cada

    voluntrio, retirando-se, ento, alquota, de aproximadamente 20 mL para

    anlise.

    4.3.4) ANLISE DA AMPICILlNA

    As amostras de urina foram analisadas, em duplicata, no mesmo dia

    das coletas. Utilizou-se, para a quantificao da ampicilina, o mtodo

    espectrofotomtrico inicialmente descrito por SMITH et aI. (1967). O

    procedimento adotado foi o seguinte:

  • 54

    Tomar 2 mL da urina e diluir para 100 mL com soluo de sulfato de

    cobre tamponado. Transferir 10 mL desta soluo para um tubo de ensaio,

    fechar e levar um banho-maria regulado 75 oCo Aps 30 minutos,

    remover o tubo do banho e resfriar com auxlio de banho de gelo.

    Determinar a leitura em 320 nm, utilizando como branco uma amostra que

    no sofreu aquecimento.

    4.3.5) CONSTRUO DA RETA DE CALlBRAO

    A partir de solues de ampicilina padro (potncia =993,71 pg/mg)em tampo fosfato (pH 5,2) cujas concentraes variaram de 2,0 25,0

    pg/mL, foi construda reta de calibrao, 320 nm, aps reao descrita no

    item anterior.

    4.3.6) PARMETROS FARMACOCINTICOS

    Para avaliao da biodisponibilidade das formulaes, adotou-se

    como parmetro fundamental a quantidade de ampicilina excretada na

    urina (Dual). Foram ento, traadas curvas de quantidade de ampicilina

    excretada (acumulada) versus tempo. Calculou-se tambm a velocidade

    mxima de excreo urinria da ampicilina - (dDu/dt)mx - construindo-se a

    curva de velocidade de excreo do frmaco (dDu/dt) versus intervalo

    mdio de tempo (tm).

  • 55

    4.3.7) ANLISE ESTATSTICA

    Para avaliao da existncia ou no do efeito de grupo, ou seja, se a

    ordem de administrao dos produtos A2 e S interferia nos resultados

    obtidos, aplicou-se o teste t pareado. Neste, investigado se a mdia das

    diferenas observadas entre A2 e S, para um mesmo voluntrio, igual a

    zero. Para tanto, so formados dois grupos:

    I - grupo de voluntrios que inicialmente tomaram o produto A2 (fase I) e

    posteriormente S (fase 11)

    II - grupo de voluntrios que inicialmente tomaram o produto S (fase I) e

    posteriormente A (fase 11).

    A constatao da existncia ou no de diferena significativa entre

    os produtos A e S para os valores mdios de Duoo e (dDu/dt)mx foi

    realizado aplicando-se os seguintes testes:

    ./ teste t (paramtrico)

    ./ teste de Mann-Whitney (no-paramtrico)

    Calculou-se, tambm, para Duoo e (dDu/dt)mx o intervalo de confiana

    (valores logaritmados), obtido por intermdio da seguinte frmula (DEL

    PINO, 1993):

  • 56

    IC =t. si . ~2n

    Em que:

    t =valor tabelado do teste t de Student para n-2 e 90 %si =resduo da ANOVA

    Aps execuo da ANOVA com a estimativa da variao ocorrida

    para cada voluntrio, obteve-se o coeficiente de variao da ANOVA

    (CVANOVA) para Ou'" e (dDu/dt)mx , por intermdio da seguinte frmula

    (BLAND, 1995):

    CVANOVA =~QMRX

    Em que:

    QMR = quadrado mdio relativo (obtido a partir da tabela da

    ANOVA)

    X =valor mdio do parmetro farmacocintico correspondente

  • 57

    5- RESULTADOS

    5.1) ANLISES FSICAS E FSICO-QuMICAS

    5.1.1) ASPECTO

    o resultado do exame visual dos comprimidos estudados encontra-se descrito na tabela 9.

    Tabela 9: Descrio do aspecto dos comprimidos de ampicilina 500 mg

    utilizados no estudo.

    FABRICANTE

    A1

    A2

    B

    C

    D

    DESCRIAO

    comprimidos de aspecto uniforme, ntegros,

    retangulares, cor cinza, sem gravaes,

    revestidos

    comprimidos de aspecto uniforme, ntegros,

    retangulares, cor branca, sem gravaes e

    sem revestimento

    comprimidos de aspecto uniforme, ntegros,

    retangulares, cor branca, sem gravaes e

    sem revestimento

    comprimidos de aspecto uniforme, ntegros,

    arredondados, cor alaranjada, sem gravaes

    e sem revestimento

    comprimidos de aspecto uniforme, ntegros,

    arredondados, cor branca, sem gravaes e

    sem revestimento

  • 60

    Tabela 11: Resultados da avaliao do contedo individual do frmaco,

    de acordo com a USP XXIII (1995), para os produtos A1, A2, S, C e D,

    calculado a partir do teor dos comprimidos e do peso individual de 10

    unidades; os valores esto expressos em porcentagem.

    A1 A2 B C D

    1 84,80 106,70 108,70 103,05 92,55

    2 83,80 103,23 106,55 105,22 93,78

    3 83,35 102,62 107,07 104,12 91,74

    4 84,55 103,16 107,75 103,89 96,28

    5 82,78 101,43 107,34 104,73 95,78

    6 83,85 103,16 106,90 105,63 92,49

    7 83,69 103,42 107,08 104,01 99,77

    8 83,77 101,97 106,71 101,03 98,79

    9 84,54 104,12 107,98 103,70 95,49

    10 84,40 105,09 106,85 105,22 88,56

    MDIA 83,95 103,49 107,29 104,06 94,52

    DP 0,62 1,52 0,67 1,33 3,38

    DPR 0,74 1,47 0,62 1,28 3,57

    DP =desvio padroDPR =desvio padro relativo

    5.1.3) DIMETRO, ESPESSURA E DUREZA

    Na tabela 12 encontram-se os valores obtidos para as medidas dos

    comprimidos, bem como sua dureza. So expressos, tambm, a mdia e o

    desvio-padro correspondentes.

  • 62

    Tabela 13: Friabilidade, teor de ampicilina e tempo de desagregao

    (cinco valores expressos como mdia desvio-padro) das

    especial idades farmacuticas.

    PRODUTO FRIABILlDADE TEOR DE AMPICILlNA TEMPO DE DESAGREGAAO

    (%) (% DO VR) (MINUTOS)

    A1 - 83,7 32,15 1,68

    A2 0,0 103,1 5,40 1,36

    B 0,21 107,2 1,36 O,16

    C 0,15 104,1 23,33 4,45

    O 0,22 93,6 9,31 2,85

    VR =Valor rotulado de ampicilina

    Na figura 2 so comparados os valores de dureza e tempo de

    desagregao obtidos para as especialidades farmacuticas estudadas.

    Na figura 3 so apresentados os espectros de absoro no

    ultravioleta de uma nica amostra contendo ampicilina, proveniente do

    ensaio de dissoluo, em que se efetuou leitura da absorvncia de

    solues com e sem a reao qumica com sal de cobre de acordo com o

    procedimento descrito por SMITH et aI. (1967).

  • 70

    Tabela 21: Anlise de varincia dos valores de eficincia de dissoluo

    (EO) para as especialidades farmacuticas estudadas.

    FONTE DE GRAUS DE SOMADOS QUADRADOS FO

    VARIAO LIBERDADE QUADRADOS MDIOS OBSERVADO

    entre 4 17094,785 4273,6963 249,62

    tratamentos

    dentro dos 10 171,316 17,1316

    tratamentos

    total 14 17266,102 significativo

    Tabela 22: Comparao dos valores de eficincia de dissoluo (EO) para

    cada especialidade farmacutica estudada, empregando-se o teste de

    Tukeye o mtodo da MOS.

    GRUPOS HOMOGENEOS

    PRODUTOS TUKEY MOS

    A1 - -A2 8 B

    8 A2 A2

    C - -

    D - -

    Nas figuras 5, 6 e 7 so mostrados os pontos utilizados, para cada

    especialidade farmacutica, nos clculos relativos cintica de dissoluo

    para os modelos de zero ordem, primeira ordem e Higuchi.

  • I

    75

    Tabela 23: Porcentagens de ampicilina dissolvida obtidas para os produtos

    A1, A2, B, C e D no teste de dissoluo segundo a USP XXIII.

    CUBAS A1 A2 B C D

    1 26,46 104,19 96,66 27,54 88,83

    2 10,80 98,91 99,90 45,36 92,07

    3 17,55 100,52 85,59 57,24 85,86

    4 25,92 104,94 90,99 73,17 92,61

    5 16,20 98,46 91,26 47,79 90,72

    6 19,44 103,65 91,80 45,63 97,20

    MDP 19,405,48 101,782,59 92,704,54 49,4513,77 91,223,49

    CV(%) 28,25 2,54 4,90 27,85 3,82

    RESULTADO REPROVADO APROVADO APROVADO REPROVADO APROVADO

    M = mdia; DP = desvio-padro; CV = coeficiente de variao

    5.2) AVALIAO BIOFARMACUTICA IN VIVO

    5.2.1) RETA DE CALlBRAO

    Os valores obtidos para a anlise de regresso linear relativa reta

    de calibrao construda a partir da leitura espectrofotomtrica de vrias

    solues contendo padro de ampicilina encontram-se descritos na tabela

    24.

  • 76

    Tabela 24. Resultado da anlise estatstica dos dados obtidos a partir da

    construo da reta de calibrao para ampicilina em tampo fosfato pH

    5,2.

    PARAMETRO

    coeficiente angular (b)

    . intercepto (a)

    coeficiente de correlao (r)

    equao da reta

    Erro padro da estimativa relativo (SER)

    5.2.2. PARMETROS FARMACOCINTICOS

    RESULTADO OBTIDO

    0,0391

    - 0,07264

    0,9999

    y =-0,07264 + 0,0391 x0,483

    Na tabela 25, so apresentados os valores de Duco e respectivas

    mdias para cada um dos voluntrios, para o produto A2 e para o produto

    B..

    Na figura 9 so apresentadas as curvas mdias da excreo urinria

    acumulada da ampicilina para os produtos A2 e B.

    Nas figuras 1e 11 possvel visualizar os valores individuais dequantidade do frmaco excretado na urina em funo do tempo, para A2 e

    B, respectivamente.

  • 77

    Tabela 25: Quantidade de ampicilina (mg) excretada na urina (DuCXl ) de

    cada voluntrio para os produtos A2 e B.

    VOLUNTARIO A2 B

    1 193,27 255,27

    2 337,09 410,06

    3 298,63 191,40

    4 294,12 219,53

    5 370,10 368,84

    6 383,80 373,61

    7 204,74 284,63

    8 265,36 299,17

    9 239,62 257,68

    10 200,78 235,31

    11 273,53 279,60

    12 246,29 230,97

    13 301,66 309,60

    14 308,60 178,78

    15 193,91 202,31

    16 210,89 191,66

    M DP 270,15 61,7 268,03 70,07

    CV(%) 22,84 26,14

    % RECUPERADA* 54,03 53,61

    M =mdia; DP =desvio-padro; CV =coeficiente de variao* corresponde porcentagem total de ampicilina obtida na urina, tomando-

    se como base a dose administrada (500 mg).

  • ao

    Nas tabelas 26 e 27 so apresentados os valores mximos de

    velocidade de excreo urinria da ampicilina - (dDu/dt)max _e intervalo de

    tempo mdio (tm)max correspondente para os produtos A2 e S,

    respectivamente.

    As curvas mdias de velocidade de excreo urinria do frmaco

    para A2 e S encontram-se na figura 12.

  • 81

    Tabela 26: Velocidade mxima de excreo urinria de ampicilina -

    (dDuldt)max. intervalo de tempo mdio (tm)max correspondente e respectivas

    mdias, para o produto A2.

    VOLUNTARIOS (tm)max (horas) (dDu/dt)max (mglh)

    1 1,5 53,82

    2 3,0 70,43

    3 1,5 85,50

    4 3,0 59,49

    5 1,5 130,52

    6 3,0 80,52

    7 1,5 80,45

    8 1,5 98,50

    9 1,5 73,97

    10 3,0 38,34

    11 1,5 95,36

    12 1,5 69,13

    13 1,5 105,04

    14 1,5 152,62

    15 1,5 38,32

    16 1,5 63,47

    M 1,88 80,98

    DP 0,65 29,72

    CV 34,70 36,70

    , . ..M = media; DP = desvio-padro; CV = coeficiente de vanao

  • 82

    Tabela 27: Velocidade mxima de excreo urinria de ampicilina

    (dDuldt)max, intervalo de tempo mdio (tm)max correspondente e respectivas

    mdias, para o produto B.

    VOLUNTARIOS (tm)max (horas) (dOu/dt)max (mglh)

    1 3,0 49,36

    2 3,0 98,14

    3 3,0 40,88 .

    4 3,0 46,82

    5 1,5 139,61

    6 1,5 134,28_

    7 1,5 84,10

    8 3,0 71,29

    9 1,5 70,36

    10 3,0 52,77

    11 1,5 92,78

    12 1,5 63,11

    13 3,0 58,07

    14 1,5 56,43

    15 1,5 59,08

    16 1,5 58,05

    M 2,16 73,44

    OP 0,74 28,55

    CV 34,5 38,9

    M = mdia; DP = desvio-padro; CV = coeficiente de variao

  • 84

    5.2.3) ANLISE ESTATSTICA

    Nas tabelas 28 e 29, so apresentados os resultados da anlise

    estatstica paramtrica e no paramtrica dos dados obtidos para OuCXl e

    para (dOu/dt)max relativos aos produtos A2 e B.

    Na tabela 30 so apresentados a mdia dos valores logaritmados de

    Ouoo e (dOu/dt)max, para os produtos A2 e B, os respectivos desvios

    padro, o coeficiente de variao da ANOVA obtido para cada parmetro,

    alm dos intervalos de confiana.

    Tabela 28: Resultados da anlise estatstica (teste t), da diferena (O)

    entre os valores de quantidade total de ampicilina excretada na urina

    (OUoo ) e da velocidade mxima de excreo ((dOu/dt)max]obtidos para cada

    voluntrio para os produtos A2 e B.

    Dou""

    D(dOuldt)maX

    ---

    GRUPO

    11

    11

    n

    8

    8

    8

    8

    MDIA.... -- ~--.- _.-._- - _ ..-36,25

    -40,49

    5,23

    9,81

    DP

    36,09

    55,09

    23,23

    44,85

    CV

    1,00

    1,36

    4,44

    4,57

    P0,856

    0,805

    DP =desvio-padro; CV =coeficiente de variao.significativo para p ~ 0,05

  • 85

    Tabela 29: Resultados da anlise estatstica paramtrica (teste t) e no-

    paramtrica (Mann-Whitney) aplicada aos parmetros Ou lXl (quantidade

    total de ampicilina excretada na urina) e (dOu/dt)max (velocidade mxima

    de excreo urinria) relativas aos produtos A2 e B.

    PTESTE t MANN-WHITNEY

    ___________. - ..__ .~ .. _..._...._. ._.._. .__ ..__ . _. .0-._ .._.- ,__._

    Ou'" 0,928 0,734

    (dOu/dt)max 0,485 0,291---------

    significativo para p ~ 0,05

    Tabela 30: Valores da mdia, desvio-padro (OP), CVANOVA, t tabelado e

    intervalos de confiana (90%) obtidos a partir dos valores logaritmados (In)

    de Ou'" e (dOu/dt)max para os produtos A2 e B.

    INTERVALO DE CONFIANA

    PARMETRO PRODUTO MDIA DP CVANOVA (%)

    (%) INFERIOR SUPERIOR

    Duoo A2 5,621 0,352 15,12 92 116

    B 5,582 0,236

    (dDu/dt)max A2 4,327 0,382 31,42 91 132

    8 4,232 0,359

  • 86

    6- DISCUSSO

    No presente estudo foram avaliadas, do ponto de vista

    biofarmacutico, 4 especialidades farmacuticas (A, B, C e O), sob a

    forma de comprimidos, contendo 500 mg de ampicilina, disponveis no

    mercado nacional, sendo que, para um dos fabricantes (A), foram

    analisados 2 lotes diferentes (A1 e A2), totalizando 5 amostras distintas.

    Foram realizados diversos ensaios fsico-qumicos com a finalidade de

    detectar falhas que os produtos pudessem, ocasionalmente, apresentar,

    de acordo com a determinao da FOA-USA (COOE of federal regulations,

    1992), que preconiza a verificao prvia da conformidade dos produtos

    em relao s especificaes, para a realizao de ensaios de

    bioequivalncia. A avaliao biofarmacutica in vivo foi executada para

    duas destas amostras: A2 e B, utilizando-se parmetros de excreo

    urinria de 16 voluntrios sadios.

    Anlises biofarmacuticas in vitro podem fornecer valiosas

    informaes sob as caractersticas da forma farmacutica e assim,

    mediante estudo da inter-relao das mesmas, auxiliar na compreenso

    do comportamento dos produtos. Deste modo, possvel comparar

    formulaes diferentes, quando do desenvolvimento, ou confrontar

    distintas especialidades farmacuticas, apontando-se aquelas para as

    quais especificaes de compndios oficiais no foram obedecidas, o que

    pode indicar comprometimento de seu desempenho no organismo

    (TINGSTAO, 1978; GONZLES et aI., 1995b).

    Com relao observao do aspecto dos comprimidos estudados

    (tabela 9), no foram denotadas caractersticas que estivessem em

  • 87

    desacordo com os padres estabelecidos para qualquer uma das

    especialidades farmacuticas. Genericamente, apresentavam-se

    uniformes e ntegros. exceo da especialidade farmacutica do

    Laboratrio C, que se caracteriza pela presena de um corante alaranjado

    em sua formulao e do lote A1 do Laboratrio A, que se apresentava

    revestida, as demais apresentaram colorao branca e sem nenhum

    revestimento, aparentemente. Alis, a ausncia de revestimento digna

    de nota, uma vez que a deposio de pelculas de vernizes ou acar

    pode trazer alteraes importantes no perfil de dissoluo, em geral,

    retardando a velocidade de dissoluo do frmaco (McGINITY, 1989).

    Este fato ajuda a explicar, em parte, o fraco desempenho do lote A1, em

    relao dissoluo (figura 4).

    Analisando-se os resultados de variao de peso dos comprimidos

    (tabela 10) observa-se que os valores de desvio-padro e coeficiente de

    variao foram relativamente baixos. Porm, considerando-se que a FB IV

    (1988) preconiza, para comprimidos de peso superior 250 mg, uma

    tolerncia de 5 % (tabela 1), o produto do Laboratrio D no atendeu

    esta exigncia. Neste caso, o peso mnimo de cada comprimido deveria

    ser de 0,6597 g e o mximo igual a 0,7291 g. Entretanto, os comprimidos

    de nmero 10 e 18 estavam abaixo do valor mnimo e os de nmero 7 e 8

    acima dos valores recomendados, o que totaliza quatro unidades em

    desacordo com o especificado, sendo que so toleradas apenas no mais

    que duas unidades fora destes valores. O mesmo produto foi o que

    apresentou, dentre os estudados, o maior coeficiente de variao (3,1 %).

    Pcrm, tomando-se como base os critrios recomendados pela USP .

    XXIII (1995), todos os produtos encontram-se dentro do permitido (tabela

  • 88

    11), exceto A1 que, em funo do baixo teor do frmaco, apresentou,

    conseqentemente, valores individuais fora da faixa de 85 a 115%. Ento,

    quando se trata deste ensaio, possvel deduzir que os critrios adotados

    pela BP 1993 e pela FB IV (1988) so mais rigorosos que aqueles

    adotados pela USP XXIII (1995), uma vez que esta ltima no considera

    como inadequada a variao registrada para o produto D. Ao contemplar

    o teor de frmaco como critrio e no simplesmente a variao registrada

    no peso das unidades possvel aceitar-se variaes maiores, porm,

    desde que estas no impliquem em uma variao acentuada de teor do

    frmaco.

    Em relao ao dimetro e espessura dos comprimidos (tabela 12),

    no foram registradas grandes variaes. Estes resultados, principalmente

    para o dimetro, so esperados, uma vez que este condicionado pela

    matriz da mquina de comprimir (FERRAZ, 1993). Entretanto, avaliando-

    se os resultados de dureza dos comprimidos, observa-se considervel

    diferena entre as cinco formulaes. Porm, este fato parece no ter

    exercido influncia sobre a desagregao dos comprimidos, o que,

    segundo alguns autores, poderia ocorrer (JACOB & PLEIN, 1968; SAKR,

    1972; GORDON et ai., 1990). interessante observar o ocorrido com os

    comprimidos dos Laboratrios B e C (figura 2): embora os valores de

    dureza estivessem bastante prximos, o tempo de desagregao do

    produto B foi muito inferior ao do produto C. Isto se deve, provavelmente,

    s diferenas de formulao nas duas especialidades, notadamente em

    relao aos desagregantes e aos umectantes utilizados, visto que estes

    dois tipos de excipientes so os que esto mais diretamente relacionados

    desagregao e dureza (FERRAZ, 1994; GORDON et ai., 1990).

  • 89

    Ainda para o peso mdio, dimetro, espessura e a dureza dos

    comprimidos, os desvios-padro e os coeficientes de variao oriundos

    destes parmetros revelam que o produto do Laboratrio O foi o que

    apresentou maior oscilao de valores. Esta observao bastante

    coerente, pois uma maior variao na espessura, por exemplo, indica uma

    maior oscilao no peso mdio dos comprimidos. Isto ocorre porque, com

    a matriz mais preenchida pelo granulado (durante o processo de

    compresso) obtm-se um comprimido com peso mais elevado. Alm

    disso, caso a presso aplicada seja constante, dar origem a um

    comprimido de maior dureza (FERRAZ, 1993).

    Os valores apresentados na tabela 13 indicam conformidade com

    as especificaes da F8 IV (1988) para a friabilidade (mximo 1,5 %). O

    lote A1 do laboratrio A no foi submetido ao ensaio, uma vez que

    corresponde a um comprimido revestido. Para o lote A2 no foi registrado

    desgaste nas unidades testadas, uma vez que as pesagens realizadas

    antes e aps o teste no indicaram qualquer variao.

    Em relao ao teor de ampicilina, de acordo com a USP XXIII

    (1995), que permite uma oscilao de 90 a 120 % do valor rotulado do

    frmaco, A1 apresentou-se com valor fora de especificao. O mtodo

    utilizado para quantificao do frmaco (iodomtrico) bastante adequado

    visto que capaz de determinar apenas a ampicilina no degradada, pois

    a reao baseia-se na ruptura do anel ~-Iactmico por um lcali. O

    resultado um derivado do cido penicilico que, ao contrrio da molcula

    ntegra, consome iodo (KOROLKOVAS, 1984). Ao efetuar-se uma titulao

    nas mesmas condies, pOl'm sem a adio de lcali, possvel

  • 90

    determinar por subtrao, a quantidade exata de ampicilina ntegra

    presente na amostra.

    Analisando-se os resultados de tempo de desagregao (tabela 13)

    possvel observar grande oscilao entre as especialidades

    farmacuticas (variao de 1,36 0,16 a 32,15 1,68). Para os

    Laboratrios A1 e C, os tempos de desagregao foram relativamente

    elevados (32,15 e 23,33 minutos, respectivamente) em se tratando de

    formas farmacuticas de pronta liberao. Muito embora a desagregao

    da forma farmacutica no esteja, necessariamente, relacionada de modo

    direto biodisponibilidade do frmaco (LEVY, 1961), tal fato pode refletir-

    se no aproveitamento do mesmo pelo organismo, uma vez que,

    inevitavelmente, a absoro estar comprometida.

    necessrio lembrar que o ensaio de desagregao aqui executado

    foi conduzido de modo a possibilitar uma comparao entre as diferentes

    especialidades farmacuticas. Enquanto a FB IV (1988) recomenda que

    aps 30 minutos os comprimidos estejam desintegrados, foram aqui

    registrados os tempos de desagregao de cada comprimido. Assim, foi

    possvel obter a mdia e desvio-padro para cada produto e confrontar,

    ento os resultados