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AVALIAÇÃO DO PERCENTUAL DE GORDURA EM PRATICANTES DE
CROSSFIT E TREINAMENTO RESISTIDO: uma pesquisa ex post facto.
Mara Nataly Chaves dos Santos Acadêmica do CEDF/UEPA
Maurílio de Souza Coimbra Júnior
Acadêmico do CEDF/UEPA [email protected]
Carlos Dornele Rocha
Orientador do CEDF/UEPA [email protected]
Resumo O objetivo do presente estudo foi identificar diferenças no percentual de gordura corporal em praticantes de Crossfit e treinamento resistido. A amostra está composta por 18 voluntários fisicamente ativos, com prática regular mínima de 06 meses e máxima de 12 meses, de ambos os sexos, com idade entre 19 e 35 anos. O estudo optou por uma pesquisa ex post facto, submetendo os indivíduos a uma avaliação antropométrica das seguintes variáveis: estatura (cm); massa corporal total, massa magra (kg) e relativa (%); gordura absoluta (kg) e relativa (%); além do índice de massa corporal (kg/m²). Foi encontrada diferença significativa na variável percentual de gordura no grupo de Crossfit. Essa diferença foi acentuada ao comparar apenas os voluntários do sexo masculino, de ambos os grupos, sendo identificada menor média no grupo de Crossfit. Entretanto, no grupo feminino de treinamento resistido foi identificada diferença significativa na variável de percentual de gordura quando comparado ao grupo feminino de Crossfit. Palavras-chave: Avaliação. Gordura Corporal. Crossfit. Treinamento Resistido.
INTRODUÇÃO
É apreciável a crescente popularidade das diversas modalidades de
treinamento físico nos últimos anos. Essa crescente demanda ao treinamento, pode
ser resultante de uma série de fatores, como: a busca pela satisfação estética, ou
necessidade de manutenção da saúde através da redução da gordura subcutânea
(OLIVEIRA et al., 2011); a diminuição do estresse diário; a melhora do
condicionamento físico; evitar o aparecimento de doenças decorrentes do
sedentarismo (GUISELINI, 2013); dentre outros objetivos comumente pretendidos
por praticantes de exercícios físicos.
São comuns discussões nos âmbitos acadêmico-científicos, acerca de
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métodos de treinamento novos e tradicionais. O maior ponto de atrito, é facilmente
perceptível quando determinadas pesquisas apontam que, esta ou aquela
modalidade, merece ser mais difundida, porque pode promover melhores resultados,
melhor segurança, conforto, dentre outros aspectos.
Preocupado com a crescente discussão acerca dos benefícios e riscos do
programa Crossfit, nos campos acadêmico e científico; e pela baixa quantidade de
estudos que comparem esse programa com o treinamento resistido tradicional, no
que tange ao percentual de gordura em seus praticantes, o objetivo do presente
estudo consiste em identificar diferenças no percentual de gordura corporal em
praticantes de Crossfit e treinamento resistido. Traz um levantamento da literatura
especializada sobre a gordura corporal e seus impactos na saúde; a relação entre
exercícios físicos e emagrecimento; abordagem científica sobre Crossfit, treinamento
resistido e uma análise ex post facto1 de 18 praticantes regulares das modalidades
supracitadas, em uma academia e uma box2, na cidade de Belém do Pará.
Apresenta, ainda, o plano de treinamento específico de cada grupo participante da
pesquisa.
MATERIAIS E MÉTODOS
AMOSTRA
A amostra foi composta por 18 voluntários fisicamente ativos, com prática
regular mínima de 06 meses e máxima de 12 meses, de ambos os sexos, com idade
entre 19 e 35 anos. Os voluntários foram divididos em dois grupos: grupo 1) Crossfit;
grupo 2) Treinamento resistido. Esses grupos foram subdivididos em quatro grupos,
sendo: grupo 1) masculino (n=5); grupo 1) feminino (n=4); grupo 2) masculino (n=5);
grupo 2) feminino (n=4).
Os praticantes de Crossfit foram frequentadores da box Gold Wolf CrossFit, e
os praticantes de treinamento resistido foram frequentadores da academia New Life
Fitness Club, ambos localizados na cidade de Belém. Todos os voluntários
assinaram termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com a Resolução
1 Ex post facto, “a partir do fato passado” em tradução literal. Isso significa que neste tipo de pesquisa
o estudo foi realizado após a ocorrência de variações na variável pesquisada. Como já ocorreu, o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente. 2 Box, “caixa” em tradução literal. Nome designado ao espaço onde é praticada a modalidade
Crossfit. Originada nos EUA, sua prática é realizada em espaços semelhantes a uma caixa de cimento com barras, pesos e cordas em seu interior, por isso a expressão.
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do Conselho Nacional de Saúde nº 466/12.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Os voluntários deveriam possuir prática regular mínima de 06 meses e
máxima de 12 meses em uma das modalidades pesquisadas; ser alunos da
academia New Life Fitness Club ou da box Gold Wolf CrossFit; e se tivessem
praticado outra modalidade de treinamento antes de iniciar o Crossfit ou o
treinamento resistido, deveriam estar inativos por no mínimo 06 meses.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram considerados critérios de exclusão a prática simultânea de
modalidades, a frequência irregular, o período de inatividade inferior a 06 meses,
idade inferior a 18 anos e superior a 35 anos.
PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Foram avaliadas as seguintes variáveis antropométricas: estatura (cm);
massa corporal total, massa magra (kg) e relativa (%); gordura absoluta (kg) e
relativa (%); além do índice de massa corporal (kg/m²).
A estatura foi aferida por meio de estadiômetro modificado, utilizando fita
antropométrica da marca RMC. Para determinação do peso corporal, os voluntários
foram posicionados em pé, no centro da plataforma da balança, em posição ereta,
com os pés na largura dos quadris, membros superiores ao longo do corpo, e o olhar
em um ponto fixo à sua frente, utilizando a balança G-TECH modelo GLASS 7 FW,
com capacidade para 150 kg e graduação de 100 gr. O índice de massa corporal
(IMC) foi calculado pela fórmula (kg/m²), recursos sugeridos conforme Guedes e
Guedes (2006).
As dobras cutâneas foram aferidas por adipômetro PRIME MED, modelo
PRIME NEO II, com pressão constante de 9,8g/mm² na superfície de contato e
sensibilidade de 0,5mm. As dobras cutâneas mensuradas foram: triciptal, supra-
ilíaca e abdominal para homens; e subescapular, supra-ilíaca e coxa para mulheres.
Foi utilizada a tabela de Guedes, apoiada por Petrostki (MOLINARI, 2000), para
identificar o percentual de gordura.
PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS
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A análise de dados foi realizada pelo método estatístico descritivo a partir da
apresentação dos dados coletados em tabelas demonstrativas de cada grupo,
separadas por sexo e modalidade, com a média e o desvio padrão de cada variável.
Para a comparação dos resultados, foram utilizados gráficos demonstrativos,
contendo os valores das médias entre os grupos, com o objetivo de identificar qual
grupo obteve melhores resultados nas variáveis investigadas. O valor de
significância adotado foi de 5%.
A GORDURA CORPORAL E O IMPACTO NA SAÚDE
Pinheiro, Freitas e Corso (2004) apontam o acúmulo excessivo de gordura
corporal como uma maneira simplificada de definir a obesidade. Este acúmulo de
gordura provoca diversos prejuízos à saúde dos indivíduos, tais como: dificuldades
respiratórias, problemas dermatológicos, distúrbios do aparelho locomotor, auxílio no
desenvolvimento de enfermidades possivelmente letais (dislipidemias, doenças
cardiovasculares, diabetes tipo II e até mesmo câncer). Devido seu crescimento, se
tornou uma preocupação para os órgãos responsáveis pela saúde pública no Brasil.
Para o Ministério da Saúde (2011), a obesidade é um dos fatores de risco em
comum modificáveis para o desenvolvimento das Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT), estando também relacionada a quatro grupos principais de
DCNT: circulatórias, câncer, respiratórias e diabetes.
Em 2008, aproximadamente 63% dos óbitos no mundo foram decorrentes de
DCNT. A maior parte das mortes causadas por DCNT estão atribuídas às doenças
do aparelho circulatório (DAC), ao câncer, à diabetes e às doenças respiratórias
crônicas. Os principais fatores que levam ao surgimento das DCNT, incluem fatores
de risco modificáveis, como o tabagismo, o consumo nocivo de bebida alcoólica, a
inatividade física e a alimentação inadequada – sendo estes dois últimos fatores,
preponderantes para o desenvolvimento da obesidade. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2011)
No Brasil, apenas cerca de 15% da população adulta realiza atividade física
no período de lazer. Este baixo nível de prática física, contribui para o aumento da
prevalência do excesso de peso e obesidade em adultos, representando 48% e 14%
da população, respectivamente. (BRASIL, 2011 apud. MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2011)
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Observando as informações relatadas, faz-se necessária a compreensão do
papel do exercício físico na redução do acúmulo excessivo de gordura corporal, e
sua relação com a promoção da saúde.
EXERCÍCIO FÍSICO E EMAGRECIMENTO
De acordo com Moreno, Liberali e Navarro (2009), o exercício físico,
concomitante à reeducação alimentar, apresenta efeitos positivos no tratamento e
prevenção da obesidade, e é apontado como importante ferramenta não
medicamentosa nos atuais programas de emagrecimento ao reduzir o percentual de
tecido adiposo em indivíduos praticantes.
Jakicic et al. (2002) indicam alguns dos mecanismos por meio dos quais o
exercício físico pode auxiliar na perda ou manutenção da massa corporal, sendo
eles: aumento da taxa metabólica basal (TMB), aumento da massa muscular,
elevação do consumo de oxigênio e otimização do processo de mobilização de
gordura.
Em profunda análise e revisão de literatura, Gentil (2010) identifica as
estratégias mais adequadas para o emagrecimento, e aponta que a utilização do
treinamento aeróbio não é tão eficiente quanto se acredita em reduzir a massa
corporal, nem em promover alterações na composição corporal. O autor conclui, a
partir da análise dos processos fisiológicos em diversos tipos de treinos e seus
resultados práticos, que os treinamentos intensos e/ou intervalados produzem
alterações mais positivas na redução da gordura corporal em longo prazo.
Concomitantemente, Prata (2015) notabiliza o treinamento intervalado de alta
intensidade (caracterizado por sessões de treino com cerca de 90% do VO2máx
intervaladas com sessões de repouso) como um método eficaz não somente na
melhoria do peso corporal, mas também nas capacidades aeróbia e anaeróbia, na
componente cardiovascular, e na diminuição da resistência à insulina.
Em outro estudo, Cunha, Barbosa e Martins (2016) discorrem sobre outra
estratégia que também pode ser utilizada no emagrecimento, denominada
treinamento concorrente. Segundo os autores, este treinamento tem como
característica a execução de treino aeróbio e treino de força em uma mesma sessão.
Apesar de alguns estudos apontarem interferências do treinamento aeróbio sobre o
treinamento de força, o treinamento concorrente pode trazer benefícios aos seus
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praticantes, como a melhora de desempenho em atividades de longa duração e
controle ponderal (CUNHA; BARBOSA e MARTINS, 2016), contribuindo, desta
forma, para a redução do peso corpóreo.
O QUE É CROSSFIT?
De modo fundamental, antes de compreender o que é o programa Crossfit, e
quais os seus riscos e benefícios, se faz necessário compreender em qual pilar o
seu conceito de treino é moldado. Este pilar, em síntese, é o treinamento funcional.
De acordo com Monteiro e Carneiro (2010), o treinamento funcional foi criado
nos Estados Unidos por diferentes autores desconhecidos, e tem sido amplamente
difundido no Brasil. Para os autores, o princípio do treinamento funcional é preparar
o organismo de maneira íntegra, segura e eficiente, através do fortalecimento do
centro corporal, popularmente conhecido como CORE (em inglês, o termo significa
centro ou núcleo. Logo, “centro do corpo”).
Por se tratar de um método de exercícios que representam a volta à utilização
de padrões fundamentais do movimento – como agachar, empurrar, puxar, saltar,
girar, lançar, etc. –, o treinamento funcional envolve e integra todo o corpo,
buscando produzir gestos motores específicos em diferentes planos de movimento
(MONTEIRO e CARNEIRO, 2010). De forma contrária, os autores apontam o
treinamento de resistência tradicional – popularmente conhecido como Musculação –
como um “trabalho isolado do corpo para gerar um gesto motor específico”.
A partir do contexto apresentado, e com base no GUIA DE TREINAMENTO
CROSSFIT (2016), é possível definir o Crossfit como um treinamento funcional de
alta intensidade constantemente variado. Seu objetivo, desde o início do programa,
tem sido direcionado a forjar um condicionamento físico geral e inclusivo,
preparando seus praticantes para realizar, com sucesso, qualquer tarefa física
exigida. Assim, de acordo com o GUIA DE TREINAMENTO CROSSFIT (2016), seu
programa de treinamento é uma tentativa intencional de otimizar a competência
física em dez domínios conhecidos: resistência cardiorrespiratória, resistência
muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade,
equilíbrio e precisão.
Por não se tratar de um programa de condicionamento físico especializado, o
Crossfit apresenta uma grande variedade de métodos e rotinas de treinos
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diversificadas, denominadas WOD (Work of the Day), em que o praticante encontra
uma nova rotina a cada dia de treino (COSTA, 2014). Para isso, o programa utiliza
exercícios de ginástica e de levantamento de peso olímpico (LPO), além de realizar
o treinamento cruzado com diversas modalidades esportivas, com a finalidade de
expressar e aplicar o condicionamento físico adquirido por seus praticantes. (GUIA
DE TREINAMENTO CROSSFIT, 2016)
Tratando-se de pesquisas científicas acerca do programa, Smith et al. (2013),
selecionaram 43 indivíduos de ambos os sexos (23 homens e 20 mulheres) de todos
os níveis de aptidão aeróbia e composição corporal. O objetivo do estudo foi verificar
os efeitos de 10 semanas de um programa de treino Crossfit, que envolviam
agachamentos, levantamentos terra, arranco, arremesso e levantamento acima da
cabeça, todos executados o mais rápido possível. Após o período de 10 semanas,
foi verificada melhora significativa no VO²máx e diminuição de gordura corporal.
No que se refere à incidência de lesões, Tibana, Almeida e Prestes (2015)
analisaram alguns estudos associados, e concluíram que, apesar de poucos estudos
publicados até o recente momento, a prática do Crossfit parece não aumentar a
incidência de lesões - já que as taxas de lesões reportadas foram semelhantes ao
levantamento de peso olímpico, levantamento básico e ginástica, e menor quando
comparada a esportes de alto contato como o Rugby. Além disso, os autores
apontam para melhorias adaptativas no sistema cardiovascular, neuromuscular e na
composição corporal a partir do treinamento.
TREINAMENTO RESISTIDO
Fleck e Kraemer (2006 apud OLIVEIRA et al., 2011) conceituam o
treinamento resistido como um método que envolve ação voluntária do músculo
esquelético contra alguma forma de resistência externa, que pode ser realizada pelo
corpo através de pesos livres ou máquinas.
A partir de estudos profundos de materiais relacionados e dedicados ao
treinamento físico em geral, Zart e Marcelino (2012) apontam para princípios e
variáveis associadas ao treinamento com pesos, sendo estes, os pontos cruciais que
diferenciam um treino de resultados excelentes daqueles de resultados ínfimos. Elas
são: a escolha dos exercícios, ordem de execução dos mesmos, intensidade e
volume aplicados, velocidade de execução e intervalos de descanso entre os
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exercícios e as sessões de treinamento e sua periodização. Da mesma forma,
Prestes et al. (2010) incluem na lista de variáveis, o tipo de ação muscular realizada
nos exercícios - concêntrica, excêntrica e isométrica - associada ao impacto da
mesma sobre as respostas de adaptação ao treinamento.
Diversamente do programa Crossfit, na literatura são encontrados vários
estudos que apontam para os benefícios decorrentes do treinamento resistido. Em
levantamento realizado por Prestes et al. (2010), são destacados: aumento de força
máxima, potência, resistência muscular, da coordenação, velocidade, agilidade,
equilíbrio e prevenção de lesões. Ademais, outros benefícios evidenciados nos
estudos incluem as melhorias dos sistemas cardiovascular, endócrino, lipídico,
composição corporal, estresse fisiológico, aumento da densidade mineral óssea,
controle da taxa metabólica de repouso e da pressão arterial.
PLANOS DE TREINAMENTO PARA OS GRUPOS EXPERIMENTAIS
GRUPO 1: CROSSFIT
Os praticantes do grupo de Crossfit foram alunos da box Gold Wolf CrossFit.
O objetivo dos treinos foi direcionado à melhora do condicionamento físico e da força
muscular, com frequência semanal de cinco a seis vezes. A duração dos treinos foi
de cerca de 1 hora, sendo dividido em três momentos: 1) aquecimento; 2) explicação
dos exercícios, correção de execução, e exercícios de força e/ou ginástica; e 3)
trabalho do dia (WOD, ou, Work of the Day), cuja duração foi de cerca de 8 a 30
minutos. Os métodos utilizados foram simultâneos, e variados diariamente. Variavam
entre: exercícios de ginástica; de levantamento de peso olímpico (LPO); treinamento
cardiorrespiratório; treino por tempo (for time), sendo executado o mais rápido
possível; maior carga (1RM); maior número de repetições (AMRAP); e contra o
tempo (EMOM), onde o objetivo consiste em executar um número específico de
repetições em um determinado tempo.
GRUPO 2: TREINAMENTO RESISTIDO
Já os praticantes de treinamento resistido, foram alunos da academia New
Life Fitness Club. O objetivo dos treinos foi direcionado à hipertrofia muscular, com
frequência semanal de três a cinco vezes. A duração dos treinos foi de cerca de 1
hora. Os métodos utilizados envolviam séries estáveis (3 x 4-6RM, 3 x 8-12RM, 3 x
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12-15RM), Pausa e Descanso, Bi-set, Tri-set, Drop-set e Circuitos. Os exercícios
utilizados foram: agachamentos, leg press, mesa flexora, levantamentos stiff e terra,
supino reto, supino inclinado, tração frontal, desenvolvimento com barra e
abdominais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
APRESENTAÇÃO DOS DADOS
As tabelas apresentam os resultados das avaliações antropométricas obtidas
pelos diferentes sexos, em cada modalidade.
Tabela 1: Valores referentes ao grupo 1 masculino.
HOMENS
VOLUNTÁRIO
(Nº)
MC
(KG)
ESTATURA
(CM)
IMC
(KG/M²)
G
(%)
PG
(KG)
MM
(%)
PM
(KG)
1 84,6 178 26,7 17,94 15,177 82,06 69,423
2 93,1 189 26,1 21,44 19,96 78,56 73,139
3 69,7 162 26,6 10,17 7,088 89,83 62,612
4 89,4 176 28,9 14,61 13,061 85,39 76,339
5 82,1 178 25,9 14,03 11,519 85,97 70,581
MÉDIA 83,78 176,6 26,84 15,64 13,361 84,36 70,419
DESVIO
PADRÃO 8,95 9,63 1,20 4,26 4,73 4,26 5,11
MC = massa corporal; IMC = índice de massa corpórea; G = gordura; PG = peso gordo;
MM = massa magra; PM = peso magro.
O grupo 1 masculino apresentou média de 15,64% (±4,26) no percentual de
gordura, 84,36% (±4,26) no percentual de massa magra, e 26,84 (±1,20) no índice
de massa corpórea.
Tabela 2: Valores referentes ao grupo 1 feminino.
MULHERES
VOLUNTÁRIO
(Nº)
MC
(KG)
ESTATURA
(CM)
IMC
(KG/M²)
G
(%)
PG
(KG)
MM
(%)
PM
(KG)
1 61,6 159 24,4 27,59 16,995 72,41 44,605
2 69,3 176 22,4 26,45 18,33 73,55 50,97
3 61 158 24,4 28,37 17,306 71,63 43,694
4 70,8 165 26 24,41 17,282 75,59 53,518
MÉDIA 65,675 164,5 24,3 26,71 17,478 73,3 48,684
DESVIO
PADRÃO 5,09 8,27 1,47 1,72 0,55 1,72 5,6
O grupo 1 feminino apresentou média de 26,71% (±1,72) no percentual de
10
gordura, 73,3% (±1,72) no percentual de massa magra, e 24,3 (±1,47) no índice de
massa corpórea.
Tabela 3: Valores referentes ao grupo 2 masculino.
HOMENS
VOLUNTÁRIO
(Nº)
MC
(KG)
ESTATURA
(CM)
IMC
(KG/M²)
G
(%)
PG
(KG)
MM
(%)
PM
(KG)
1 67,300 168 23,1 21,98 14,331 78,02 50,869
2 72,300 169 25,3 21,86 15,805 78,14 56,495
3 69,500 167 24,9 19,97 13,879 80,03 55,621
4 72,100 169 25,2 20,11 14,499 79,89 57,601
5 77,800 176 25,1 21,3 16,571 78,7 61,229
MÉDIA 71,800 169,8 24,7 21,04 15,017 78,98 56,363
DESVIO
PADRÃO 3,93 3,56 0,92 0,95 1,13 0,98 3,74
O grupo 2 masculino apresentou média de 21,04% (±0,95) no percentual de
gordura, 78,98% (±0,98) no percentual de massa magra, e 24,7 (±0,92) no índice de
massa corpórea.
Tabela 4: Valores referentes ao grupo 2 feminino.
MULHERES
VOLUNTÁRIO
(Nº)
MC
(KG)
ESTATURA
(CM)
IMC
(KG/M²)
G
(%)
PG
(KG)
MM
(%)
PM
(KG)
1 54,3 159 21,5 24 13,032 76 41,268
2 59,3 164 22,2 23,09 13,762 76,91 45,838
3 62 159 24,5 25,24 15,649 74,76 46,351
4 64,1 162 24,4 25,75 16,506 74,25 47,594
MÉDIA 59,925 161 23,2 24,75 14,737 75,48 45,263
DESVIO
PADRÃO 4,23 2,45 1,53 0,89 1,61 1,2 2,76
O grupo 2 feminino apresentou média de 24,75% (±0,89) no percentual de
gordura, 75,48% (±1,2) no percentual de massa magra, e 23,2 (±1,53) no índice de
massa corpórea.
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados foram comparados a partir da média obtida em cada grupo. Os
gráficos seguintes apresentam os valores médios dos grupos avaliados. O Gráfico 1
apresenta a comparação entre os grupos de Crossfit (n=9) e treinamento resistido
(n=9).
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Neste gráfico, o grupo 1 apresentou diferença significativa na variável do
percentual de gordura, com a média de 20,56% contra 22,59% do grupo 2, e
variação percentual de 8,99%. Na comparação entre os valores de massa magra,
novamente o grupo 1 apresentou melhor resultado, porém não significativo, com
média de 79,44% contra 77,42% do grupo 2, e variação de 2,54%. Já na variável
IMC, o grupo 2 apresentou diferença significativa, com média de 24,0 contra 25,7 e
variação percentual de 6,65%.
O Gráfico 2 apresenta a comparação entre o grupo feminino de Crossfit (n=4)
e o grupo feminino de treinamento resistido (n=4).
GRUPO 1 - CROSSFIT GRUPO 2 - TREINAMENTO RESISTIDO
% G 20,56 22,59
% MM 79,44 77,42
IMC 25,7 24
20,56 22,59
79,44 77,42
25,7 24
Comparação entre grupos
GRUPO 1 - CROSSFIT GRUPO 2 - TREINAMENTO RESISTIDO
% G 26,71 24,52
% MM 73,3 75,48
IMC 24,3 23,2
26,71 24,52
73,3 75,48
24,3 23,2
Comparação entre o sexo feminino
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Na comparação entre o sexo feminino, foi identificada diferença significativa
apenas na variável percentual de gordura. Nesta, o grupo 2 apresentou média de
24,52% contra 26,71% do grupo 1, com variação percentual de 8,20%. Na
comparação entre valores de massa magra, o grupo 2 apresentou média de 75,48%
contra 73,30% do grupo 2, e variação de 2,88%. E na comparação dos valores de
IMC, o grupo 2 apresentou média de 23,2 contra 24,3 com variação percentual de
4,93%.
A diferença positiva encontrada no grupo feminino de treinamento resistido,
apesar de divergir da comparação entre os grupos, pode ser apoiada em estudos.
Tavares e Gheller (2016), em revisão da literatura, evidenciam que o treinamento
resistido tem importante papel em programas de atividade física, possibilitando,
dentre diversos outros benefícios, a redução da gordura corporal.
O Gráfico 3 apresenta a comparação entre o grupo masculino de Crossfit
(n=5) e o grupo masculino de treinamento resistido (n=5).
Na comparação entre os voluntários do sexo masculino, foi identificada
diferença significativa para o grupo 1 nas variáveis de gordura e massa magra,
enquanto o grupo 2 apresentou diferença significativa no IMC. O grupo 1 apresentou
média de 15,64% no percentual de gordura, contra 21,04% do grupo 2, com
variação percentual de 25,66%. Na comparação entre valores de massa magra, o
grupo 1 apresentou média de 84,36% contra 78,98% do grupo 2, com variação de
GRUPO 1 - CROSSFIT GRUPO 2 - TREINAMENTO RESISTIDO
% G 15,64 21,04
% MM 84,36 78,98
IMC 26,8 24,7
15,64 21,04
84,36 78,98
26,8 24,7
Comparação entre o sexo masculino
13
6,38%. E na comparação dos valores de IMC, o grupo 2 apresentou média de 26,8
contra 24,7, com variação percentual de 7,84%.
Os resultados deste estudo sugerem que as diferenças encontradas no
percentual de gordura dos grupos de Crossfit e Crossfit Masculino podem estar
relacionados com estudos como de Jakicic et al. (2002), que aponta a massa magra
- identificada em maior valor nestes grupos - como um dos mecanismos
responsáveis pela perda ou manutenção da massa corporal. Além disso, outros
autores apontam que o treinamento intervalado de alta intensidade (PRATA, 2015),
ou a concorrência de métodos de treinamento (CUNHA, BARBOSA e MARTINS,
2016) - ambos utilizados na metodologia do Crossfit -, são tão eficientes na redução
da gordura e peso corporal quanto somente a utilização de treinamento contínuo ou
métodos isolados, respectivamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, de uma forma geral, o método de treinamento Crossfit é
capaz de promover redução mais significativa na variável percentual de gordura do
que o treinamento resistido. Entretanto, observa-se que esse resultado não se
confirma quando o tratamento for realizado especificamente para o gênero feminino,
haja vista, que esse grupo apresentou melhor redução no percentual de gordura
com a utilização do treinamento resistido.
Os resultados desta pesquisa demonstram que mais investigações devem ser
realizadas acerca dos métodos Crossfit e Treinamento Resistido, preferencialmente
tendo a participação de um número maior de sujeitos para que seja possível melhor
observar as diferenças entre os grupos, sexos, e realizar maior aprofundamento na
literatura especializada para fundamentar os resultados. Recomenda-se ainda que
sejam realizadas, principalmente, pesquisas experimentais controladas com pré e
pós-testes.
EVALUATION OF THE PERCENTAGE OF FAT IN CROSSFIT PRACTITIONERS
AND RESISTANCE TRAINING: an ex post facto research.
Abstract The objective of the present study was to identify differences in the percentage of
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body fat in crossfit and resistance training. The sample consisted of 18 physically active volunteers, with minimum regular practice of 06 months and maximum of 12 months, of both sexes, aged between 19 and 35 years. The study opted for ex post facto research, subjecting individuals to an anthropometric evaluation of the following variables: height (cm); Total body mass, lean mass (kg) and relative mass (%); Absolute fat (kg) and relative fat (%); Besides the body mass index (kg / m²). There was a significant difference in the percentage of fat in the crossfit group, with a lower mean. This difference was accentuated when comparing only the male volunteers, of both groups, being identified lower average in the crossfit group. However, in the female resistance training group, a significant difference was found in the variable fat percentage when compared to the female crossfit group. Keywords: Evaluation. Body fat. Crossfit. Resistance Training.
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