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CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL VOLUME 10 Cultura, Sociodiversidade e Cidadania. 2013/1 ALUNO(A):

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Page 1: Caderno Pedagogico 10.14 com titulo

CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL VOLUME 10

Cultura, Sociodiversidade e Cidadania.

.

2013/1

ALU

NO

(A):

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

2

CADERNOS PEDAGÓGICOS DE FORMAÇÃO GERAL

VOLUME 10

REITOR

Arody Cordeiro Herdy

PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO ACADÊMICA

Carlos de Oliveira Varella

PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Emilio Antonio Francischetti

PRÓ-REITORA COMUNITÁRIA E DE EXTENSÃO

Sônia Regina Mendes

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

José Luiz Rosa Lordello

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

3

INOVA

NÚCLEO INOVADOR Unigranrio – INOVA

Coordenadora: Maria Rita Resende Martins da Costa Braz

ESCOLA DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS, LETRAS, ARTES E HUMANIDADES

Diretora: Haydéa Maria Marino de Sant´anna Reis

INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS I

Diretora: Lúcia Inês Kronemberger Andrade

INSTITUTO DE ESTUDOS FUNDAMENTAIS II

Diretor: Lindonor Gaspar de Siqueira

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

2

NÚCLEO ALÉM DA SALA DE AULA

Benjamin Salgado Quintans

Frederico Adolfo Schiffer Junior

Haydéa Maria Marino de Sant’anna Reis

Herbert Gomes Martins

Hulda Cordeiro Herdy Carmim

José Luiz Rosa Lordello

Sonia Regina Mendes

NÚCLEO DE APOIO METODOLÓGICO - NAM

Anna Paula Soares Lemos

Carlos de Oliveira Varella

José Luiz Rosa Lordello

Lindonor Gaspar de Siqueira

Lúcia Inês Kronemberger Andrade

Maria Rita Resende Martins da Costa Braz

Page 5: Caderno Pedagogico 10.14 com titulo

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

2

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD

Lúcia Inês Kronemberger Andrade

Vanessa Olmo Pombo

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Anna Paula Soares Lemos

Edeusa de Souza Pereira

Joaquim Humberto Coelho de Oliveira

Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca

Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

NÚCLEO DE MEMÓRIA E DOCUMENTAÇÃO INSTITUCIONAL

Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

Page 6: Caderno Pedagogico 10.14 com titulo

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

2

NÚCLEO DE PRÁTICAS INCLUSIVAS

Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca

ORGANIZAÇÃO / REVISÃO / DIAGRAMAÇÃO DESTE MATERIAL:

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

Professores(as)

Anna Paula Lemos

Edeusa de Souza Pereira

Joaquim Humberto Coelho de Oliveira

Lucimar Levenhagen Alarcon da Fonseca

Tania Maria da Silva Amaro de Almeida

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

1

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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FICHA DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM

Atividade:

TAE 001 / Trabalho Acadêmico Efetivo 1 - Atividades Integradas de Formação Geral I

Unidade Nº:

Dez (10/14)

Título:

Cultura, Sociodiversidade e Cidadania.

Objetivos de aprendizagem:

Entender os conceitos de diversidade cultural e cidadania.

Discutir cultura global e diferenças em comum.

Tópicos abordados:

Diversidade Cultural

Cidadania

Cultura global e diferenças em comum

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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Introdução:

Você começou a ver, desde a Unidade 8, as variadas dimensões do conceito de cultura. Viu ainda

que o Plano Nacional de Cultura, criado em 2005, pelo Ministério da Cultura (In:

www.cultura.gov.br/PNC e In: http://www.cultura.gov.br/site/2011/05/26/plano-nacional-de-

cultura-21 ), levando em consideração este conjunto mais amplo de significados e tendo por

objetivo organizar uma política pública de cultura, relacionou três aspectos que caracterizam a

cultura como tridimensional: Dimensão Simbólica, Econômica e Cidadã.

Vamos relembrar a Unidade 8:

A dimensão simbólica da cultura expressa-se por meio das línguas, crenças, rituais, práticas,

relações de parentesco, trabalho e poder. Toda ação humana é socialmente construída por meio de

símbolos e, que entrelaçados, formam redes de significados que variam conforme os contextos

sociais e históricos.

Do ponto de vista econômico, a cultura pode ser compreendida de três formas:

1. Como sistema de produção, materializado em cadeias produtivas;

2. Como elemento estratégico da nova economia (economia do conhecimento);

3. Como um conjunto de valores e práticas que têm como referência a IDENTIDADE e a

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DIVERSIDADE cultural dos povos, possibilitando compatibilizar modernização e

desenvolvimento humano.

Por fim, no PNC, a dimensão cidadã da cultura entende que os bens culturais são portadores de

ideias, valores e sentidos e destinam-se a ampliar a consciência sobre o ser e o estar no mundo - um

mundo globalizado, de sociodiversidades e de consumo.

No seu ambiente virtual de aprendizagem, você vai encontrar unidades que tratam dos conceitos de

diversidade, cidadania, globalização e consumo de massa.

http://2.bp.blogspot.com/_5fixxoGgzM8/TGRBJGT3zJI/AAAAAAAAAB0/ow-mas0V5I4/s1600/manipulado.jpg

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O conceito de cultura e suas dimensões específicas perpassam todos eles.

Aqui você vai entender os conceitos de sociodiversidade e cidadania relacionados a cultura.

10.1 SOCIODIVERSIDADE E CULTURA

I) Sentido Antropológico de Sociodiversidade

O conceito de sociodiversidade tem variados sentidos, mas sua origem vem da Antropologia e tem

como inspiração as etnias indígenas. Os povos indígenas são considerados sociodiversos, no

SENTIDO ANTROPOLÓGICO, por não seguirem as regras da chamada ―sociedade dominante‖ e,

assim, estruturarem-se em uma comunidade a parte que segue suas próprias regras, suas próprias

crenças, suas leis e seus julgamentos.

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http://2.bp.blogspot.com/_e474nPXsrqU/SYio-20An9I/AAAAAAAAA8M/2tCEPJVuits/s400/ScreenHunter_4266.jpg

a) A sociodiversidade indígena

Em entrevista ao O Globo, indicada no nosso conteúdo, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha,

autora da coletânea de ensaios, “Índios no Brasil: História, direitos e cidadania” (Companhia das

Letras), discorda de quem considera atrasada a cultura dos índios. Muito pelo contrário, acredita

que ela pode ser uma alternativa para o Brasil, que muito pode aprender com seus saberes e com

seu modo de se relacionar com o meio ambiente.

O conhecimento das diversas sociedades indígenas pode continuar a trazer contribuições

da maior relevância para temas como previsão e adaptação a mudanças climáticas,

conservação da biodiversidade, ecologia, substâncias com atividade biológica, substâncias

com possíveis usos industriais e muitos outros.( O GLOBO, 2013)

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http://www.esquadriasprimos.com.br/portasmadeirajanelasvenezianas/biodiversidade.jpg

Por isso, Manuela Carneiro da Cunha defende um novo pacto da sociedade com as populações

indígenas. Pois, o Brasil é megadiverso tanto pela diversidade de espécies, quanto pelas sociedades

distintas que aqui convivem. Segundo o IBGE de 2010, há 305 etnias indígenas no Brasil, que

falam 274 línguas.

b) Direitos dos índios

Há muito se discute, no Brasil, sobre o direito dos índios às suas terras, sendo relevante assinalar

que esse debate se fortaleceu a partir de 1978 (em plena ditadura militar) e avançou até a

Assembleia Constituinte, de 1988.

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http://1.bp.blogspot.com/_o3tdELJ1pk4/SdbWmZQj_TI/AAAAAAAABSc/GPyuRI8DgrU/S240/indios_brasileiros.jpg

Assegurado esses direitos, discute-se sobre o que é permitido fazer em suas terras. Nesse sentido,

as questões mais difundidas nos meios de comunicação são sobre a mineração e as hidrelétricas,

como nos casos de Belo Monte e das hidrelétricas no Tapajós.

Com a Convenção da Biodiversidade de 1992, discutiu-se também os direitos intelectuais dos

povos indígenas sobre seus conhecimentos e, com a Convenção 169 da Organização Internacional

do Trabalho (OIT), o direito de eles serem consultados sobre projetos que lhes são relacionados.

Para a questão indígena também é importante a valorização de suas próprias identidades. Cada vez

mais os índios que moram nas cidades declaram-se como tais, o que contribui para o fortalecimento

do próprio movimento.

Hoje, ao contrário do século XIX, os índios não podem ser oficialmente vistos como primitivos.

Como nos diz a entrevistada,

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essa noção decorre da visão triunfalista de um progresso medido por indicadores como o

PIB é hoje seriamente criticada. Valores como sustentabilidade ambiental, justiça social,

desenvolvimento humano e diversidade são parte agora do modo de avaliar o verdadeiro

progresso de um país. Por outra parte, no século XIX, positivistas e evolucionistas sociais

puseram em voga a ideia de uma marcha inexorável da História: qualquer que fosse a

política, os índios estariam fadados ao desaparecimento, quando não simplesmente físico,

pelo menos social. Essa também é uma falácia que a História ela própria desmistificou: os

índios, felizmente, estão aqui para ficar. A História não se faz por si, são pessoas que

fazem a História, e seus atos têm consequências. Usa esse entulho ideológico quem carece

de argumentos. (O GLOBO, 2013)

II. Sentido Sociológico de Sociodiversidade

No SENTIDO SOCIOLÓGICO, a ideia é mais abrangente e extrapola as análises baseadas em

etnia e raça. O sentido sociológico leva em conta não apenas uma sociedade em que convivem

raças e etnias diferentes, mas estrutura um conceito de multiculturalismo inspirado em um variado

número de comunidades imigrantes dentro do território brasileiro.

A convivência pacífica entre todos os tipos de imigrantes reforça esta ideia entre os

especialistas: o Brasil é uma sociedade multicultural, tolerante quanto aos valores das

comunidades e que promove ou pelo menos tenta promover a inclusão das mesmas.

(SOCIODIVERSIDADE, 2013)

É claro que, em toda estrutura sociodiversa, há conflitos, mas quando se destaca que em algumas

estruturas sociais, como a brasileira, há uma tentativa de inclusão social e cultural, é que os

conflitos, mesmo os gerados por intolerância e preconceito, não derivam de uma política de Estado.

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Uma política de Estado que de fato defenda a inclusão, sabe que quanto mais diversificada for uma

sociedade, mais rica ela será culturalmente.

10.2 CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL

Como já foi visto, a cidadania engloba uma série de direitos e, agora, cabe dizer que ela também

contém o direito à cultura.

http://www.iatec.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/04/cultura-popular-do-brasil-3.jpg

E, o que vem a ser este direito? Segundo o vídeo indicado no conteúdo, “Cultura e Cidadania”, a

cultura é um direito porque o Estado tem o dever de promover o seu acesso a todos os membros de

uma comunidade. O Estado também deve proteger os patrimônios e bens culturais dos grupos que

estão menos bem posicionados no mercado. Com isso, podemos pensar a política de cultura como

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um dos eixos centrais do desenvolvimento, portanto, como um índice da riqueza de cada país.

Além disso, a cultura pode ser utilizada para promover mudanças em nossas vidas, alterando as

nossas disposições para melhor apreciar e conviver com as diversidades das escolhas culturais.

Associa-se, assim, a cultura com a ética da valorização das escolhas livres.

Por isso, será preciso entender a sociodiversidade nem só como uma homogeneização das culturas

liderada pelo imperialismo americano, nem só como a emergência de uma cultura global limpa e

informatizada na qual os povos e indivíduos beneficiam-se das maravilhas da técnica.

http://imagenes.sebuscaimagenes.com/img/graficos/imagenes/n/ninos_del_mundo-6800.jpg

O olhar cidadão entende a interação entre elas, entendendo a força cultural de regiões consideradas

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periféricas e a força cultural que há na diversidade. Vejamos o que diz Marcos Augusto Gonçalves,

em artigo da Folha de São Paulo, que consta na sua ficha de conteúdos:

Realmente, nenhum olhar poderá apreender as transformações por que passa o mundo sem

ver o papel desempenhado pela informática, pela robótica, pelas comunicações por satélite,

pela Internet e pelos modernos meios de transporte.

Por outro lado, não são menos simplificadoras algumas evidências recorrentes de que a

cultura norte-americana impõe-se ao mundo para moldá-lo à sua imagem e semelhança.

Um dos exemplos mais corriqueiros da inexorabilidade dessa americanização em escala

mundial é a rede de lanchonetes McDonald's, embora a difusão da pizza italiana e da

comida chinesa alcancem as mesmas proporções livres, no entanto, da acusação de destruir

hábitos alimentares autóctones e autênticos [...]

Talvez nunca as nações ocidentais tenham-se visto, como hoje, na contingência de

conviver com a diversidade cultural no interior de suas próprias fronteiras. Se a "invasão

americana" é um tema importante na pauta da esquerda das periferias, a "invasão do

Terceiro Mundo" também o é para a direita dos países centrais. (FOLHA DE SÃO

PAULO, 2013)

I) Avenidas Brasis

No link http://www.youtube.com/watch?v=W-IRFjIYxNY&feature=youtu.be , você poderá assistir

à entrevista do antropólogo Roberto da Matta, concedida para o Blog de Formação Geral / INOVA,

da Unigranrio.

Nessa entrevista, ele comenta a novela que foi ao ar, Avenida Brasil. Para o entrevistado, ela nos

remete, desde o seu título, a uma via onde segmentos sociais comunicam-se. Mas, também, temos

corredores em nossas casas, que são verdadeiras avenidas brasis. Isto é, somos misturas sociais que

transitam por essas vias comuns.

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Por esses corredores ainda transitam heranças da escravidão, encarnadas na figura da empregada

doméstica. Na novela, a vingadora traveste-se como emprega para ter acesso aos corredores que a

levarão até a sua patroa e madrasta.

A novela ainda traz outros traços do jeito brasileiro se ser: o espaço da cozinha, como

representação da confraternização familiar em torno das refeições; e a ambiguidade dos

sentimentos de vingança e de redenção, que nos aproxima de quem mais odiamos.

Vamos pensar?

Ao tratar dos direitos humanos, Amartya Sen, no artigo “Direitos humanos e diversidade cultural”

que consta no seu conteúdo, diz que o conceito de direitos humanos é unificador. Leia:

https://encryptedtbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRc6_znwaEGTkXnxJf64uKAS2fl5Avf-d3IILe-

oefLE77V7XdC

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O conceito de direitos humanos universais é uma ideia unificadora, algo que torna cada um de nós

importante (pouco importa onde vivamos e a que país pertençamos), algo que podemos todos

partilhar (apesar da diversidade dos sistemas jurídicos dos nossos respectivos países). E, no entanto, o

tema dos direitos humanos frequentemente degenera em campo de batalha no qual se defrontam

diversas crenças e reivindicações. Nos debates políticos, pode surgir como tema de diferenciação,

mais que como ideia unitária. Tais oposições têm por vezes sido consideradas "choques de

civilizações" ou "batalhas entre culturas". (SEN, 2013)

Em seguida, as perguntas a serem elaboradas e argumentadas no texto são: ―Existirão efetivamente

diferenças irredutíveis entre as tradições culturais e as crenças políticas do mundo? Será esta

divisão incontornável quando se trata de direitos humanos?‖.

Você encontrará material para pensar sobre estes assuntos, nesta unidade.

Complementando, a ideia de direitos humanos, o texto de Edgar Morin, Por uma globalização

plural, nos fala de uma sociedade-mundo.

http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2012/05/329_2531-alt-tirinha%20globaliza%C3%A7%C3%A3o.jpg

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Uma sociedade dispõe de um território coberto por meios de comunicação. Hoje, as novas

tecnologias recobrem o planeta. Também, dispõe de uma economia e, como já vimos, ela se

globaliza cada vez mais. E, sem dúvida, combina-se com a civilização:

Existe uma civilização mundial, saída da civilização ocidental, que desenvolve o jogo

interativo da ciência, da técnica, da indústria e do capitalismo e que comporta um certo

número de valores padronizados. Ao mesmo tempo em que comporta múltiplas culturas em

seu seio, uma sociedade também gera uma cultura própria. (MORIN, 2013)

Por isso, segundo Morin, a globalização cultural não é homogeneizadora. O jazz e o rock, por

exemplo, são artes globalizadas que se misturam e se transformam, sem perderem contato com os

seus estilos anteriores.

Em resumo, se a globalização proporciona encontros culturais que se tornam comuns e

diferenciados, conferindo uma integração planetária, para o autor, os estados nacionais bloqueiam

esse processo, impedindo o aparecimento da governança global (tema debatido na unidade 3).

Como se conclui dessas suas palavras:

Podemos, enfim, dizer que a globalização da nação, que se concluiu ao final do século 20,

confere ao planeta uma característica de civilização e cultura comuns; ao mesmo tempo,

porém, o fragmenta ainda mais, e a soberania absoluta das nações cria obstáculos,

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justamente, ao surgimento da sociedade-mundo. Emancipadora e opressora, a nação torna

extremamente difícil a criação de confederações que responderiam às necessidades vitais

dos continentes e ainda mais difícil o nascimento de uma confederação planetária.

(MORIN, 2013)

Mas, não deixe de, nesse momento, parar e refletir sobre as diversas considerações que se fazem

sobre o Estado nacional em relação à globalização: se por um lado, a sua participação é reclamada

para controlar os excessos do mercado e garantir o direito à cultura, por outro, ele é visto como

obstáculo à governança global. E aí, qual a sua posição?

Conteúdo:

10.1 Conteúdo:

GONÇALVES, Marcos Augusto. Intercâmbio aproxima países e anuncia "cultura global”.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/11/02/caderno_especial/18.html>.

Acesso em: 31 jan 2013.

MORIN, Edgar. Por uma globalização plural. Disponível em:

<http://www.globalizacion.org/biblioteca/MorinGPlural.htm> Acesso em: 31 jan 2013.

SOCIODIVERSIDADE. Disponível em:

<http://www.unieuro.edu.br/sitenovo/enade/sociodiversidademulticulturalismo.pdf>. Acesso

em: 12 mar 2013.

O GLOBO. O futuro dos índios. Entrevista com Manuela Carneiro da Cunha. Disponível em :

<http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/02/16/o-futuro-dos-indios-entrevista-com-

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

17

manuela-carneiro-da-cunha-486492.asp>. Acesso em: 12 mar 2013.

MATTA, Roberto da. Entrevista ao Núcleo de Formação Geral/Inova/Unigranrio. Disponível

em: <http://www.youtube.com/watch?v=W-IRFjIYxNY&feature=youtu.be>. Acesso em: 04 fev

2013.

CULTURA. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/11/02/caderno_especial/19.html> Acesso em: 05 fev

2013.

10.2 Conteúdo:

CULTURA E CIDADANIA. Disponível em :

<http://www.vivaculturaviva.org.br/index.php?p=2&v=3>. Acesso em: 31 jan 2013.

SEN, Amartya. Direitos humanos e diversidade cultural. Disponível

em:<http://www.aartedepensar.com/leit_sen.html>. Acesso em: 03 fev 2013.

Síntese:

A convivência de diversas culturas, em uma mesma sociedade, é tratada como sociodiversidade,

no seu sentido mais restrito ou antropológico, ou no seu sentido mais amplo, o sociológico. A

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globalização promove uma difusão e mistura de influências culturais, o que nos faz desconfiar

da perspectiva do isolamento e pureza cultural para tratar dessa dinâmica.

http://2.bp.blogspot.com/-xlnpBwZT-XA/Tnf7FjseaTI/AAAAAAAAACQ/X_MLPNh3Q_k/s200/Diversidade-

Brasileira.bmp

O Estado nacional, modelo de governança moderno, novamente é posto como força

emancipadora e opressora nesse processo.

Leituras complementares:

NAWAZ, Maajid. Uma cultura global para lutar contra o extremismo. Disponível em:

<http://www.veduca.com.br/play?v=5243&t=0651%20&p=direitos>.Acesso em 04 fev 2013.

ENCONTRO com Milton Santos ou o mundo globalizado visto do lado de cá (Brasil, 2006).

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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Direção de Silvio Tendler.

Bibliografia recomendada:

BRANT, Leonardo. O poder da Cultura. RJ: Editora Petrópolis, 2009.

CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e Cidadãos. RJ: Editora UFRJ, 2008.

CHAUI, Marilena e OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Filosofia e Sociologia. Volume Único. Série

Novo Ensino Médio. SP: Editora Ática, 2012.

COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Editora Iluminuras,

2004.

COELHO, Teixeira. O que é ação cultural? SP: Brasiliense, 2001.

DOS SANTOS, José Luiz. O que é cultura? SP: Brasiliense, 1999.

EAGLETON, Terry. A ideia de cultura. Lisboa: Temas & Debates, 2003.

MORIN, Edgar. Cultura e barbárie européias. RJ: Bertrand Brasil, 2009.

WILLIAMS, Raymond. Cultura. SP: Paz e Terra, 2000.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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Animação: [Animação] Declaração Universal dos Direitos Humanos

http://www.youtube.com/watch?v=UZU47s6eL5Q

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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Músicas com temas de sociodiversidade e cidadania, tema deste volume:

Quer ouvir e analisar as letras? Clique no título da música e assista ao vídeo.

Brasis

Seu Jorge

Unimultiplicidade

Ana Carolina

Comida

Titãs

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POEMA

Erro de português

Quando o português chegou

Debaixo de uma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido

O português.

Oswald de Andrade

Para Refletir:

Porque você acha que o Oswald de Andrade deu esse nome ao poema?

O que significa o ato de "vestir" e de "despir". Lembre-se que a forma como nos vestimos é um reflexo da sociedade a que

pertencemos. As vestes de uma população refletem seus hábitos, sua cultura. E, nesse caso de encontro, de culturas diferentes?

O que ele quis dizer sobre as condições metereológicas da chegada dos portugueses: "debaixo duma bruta chuva". As condições

externas, alheias à nossa vontade, influenciam o que acontece conosco? O que realmente representa a chuva e o sol, neste poema?

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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Filme: OLGA

Olga Benário (Camila Morgado) é uma militante comunista desde jovem, que é perseguida pela polícia e foge para Moscou. Ali,

Olga faz treinamento militar e é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler) ao Brasil para liderar a Intentona

Comunista de 1935, apaixonando-se por ele na viagem. Com o fracasso da revolução, Olga é presa com Prestes. Grávida de 7

meses, é deportada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista e tem sua filha Anita Leocádia na prisão. Afastada da filha, Olga

é então enviada para o campo de concentração de Ravensbrück.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Olga_%28filme%29

Quer assistir ao trailer do filme? Clique na imagem abaixo e saiba um pouco mais sobre o assunto.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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Diversidade Cultural Brasileira

Mestre Vitalino

Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, nasceu em Caruaru, no Distrito de Ribeira dos Campos (10 de julho de 1909 — Caruaru, 20

de janeiro de 1963). Foi um ceramista popular brasileiro, um artesão por retratar, em seus bonecos de barro, a cultura e o folclore do povo

nordestino, especialmente do interior de Pernambuco, e a tradução do modo de vida dos sertanejos. Esta retratação ficou conhecida entre

especialistas como arte figurativa.

Clique e conheça a história:

http://www.casadomestrevitalino.com.br/casa/

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

25

PATATIVA DO ASSARÉ: ANTONIO GONÇALVES DA SILVA

É um dos Maiores Poetas Populares do Brasil. Ninguém soube tão bem cantar, em verso e prosa, os contrastes do sertão nordestino e a

beleza de sua natureza. Descreveu como ninguém as diferenças sociais do Brasil. Para saber mais clique sobre a imagem:

http://lounge.obviousmag.org/pra_nao_dizer_que_nao_falei_das_flores/assets_c/2012/03/Patativa-do-Assare-thumb-600x598-8435.jpg

Page 32: Caderno Pedagogico 10.14 com titulo

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

26

Charge:

http://4.bp.blogspot.com/-fY4p4F8OFpw/TguaMtb8o0I/AAAAAAAAA9I/dQmLo5pBLE0/s1600/TODA+MAFALDA.jpg

Page 33: Caderno Pedagogico 10.14 com titulo

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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GONÇALVES, Marcos Augusto. Intercâmbio aproxima países e anuncia "cultura global”. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/11/02/caderno_especial/18.html>. Acesso em: 31 jan 2013.

INTERCÂMBIO APROXIMA PAÍSES E ANUNCIA "CULTURA GLOBAL"

Marcos Augusto Gonçalves

EDITOR DE DOMINGO

Abrimos livros, jornais e revistas, ligamos a TV, vamos ao cinema, teclamos o computador ou entramos no avião: tudo nos diz que o

mundo está mudando, está menor e mais semelhante. Todos consumimos os mesmos produtos, vemos as mesmas imagens, repetimos os

mesmos comentários sobre os mesmos fatos e suas versões. Somos convocados a testemunhar o alvorecer de uma nova época, a

emergência da era da "cultura global", expressão que, de imediato, nos sugere imagens das mais prosaicas às mais mirabolantes.

Uma delas, bastante difundida, poderia ser descrita, simplificadamente, como a visão de um mundo crescentemente limpo, informatizado,

no qual os povos e os indivíduos beneficiam-se das maravilhas da técnica e cultivam a semente da consciência planetária que triunfará na

aldeia global do terceiro milênio.

TEXTO 1

Page 34: Caderno Pedagogico 10.14 com titulo

NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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Aqui, os vertiginosos desenvolvimentos no campo da informática e das comunicações soam como trombetas de uma revolução. O futuro,

liderado pela tecnologia, reservaria à humanidade possibilidades jamais imaginadas, capazes de transformar profundamente o modo de vida

sobre a face da Terra.

Um dos indícios mais eloquentes a prenunciar tal transformação seria a Internet, da qual deriva a imagem de um mundo organizado

segundo a estrutura de uma rede. No dizer de Nicholas Negroponte, autor do eufórico "A Vida Digital", a comunidade de usuários da

Internet "vai ocupar o centro da vida cotidiana" e a demografia da rede "vai ficar cada vez mais parecida com a do próprio mundo".

Para o autor, a chamada supervia da informação já é bem mais do que um atalho para consultas à biblioteca do Congresso norte-americano:

"Ela está criando um tecido social inteiramente novo e global".

Menos entusiasmada, mais politizada (e também mais decepcionada), uma outra imagem contrapõe-se à do mundo-rede informatizado.

Aqui, a noção de cultura global é vista como resultado da extensão de uma determinada cultura aos limites do globo. Um mesmo sistema

de crenças, hábitos, comportamentos e representações expande-se sobre a Terra, suplanta as fronteiras nacionais, subjuga a heterogeneidade

e impõe-se como totalidade uniformizada.

A globalização cultural é tomada como peça ideológica de uma estratégia de domesticação em escala planetária, que resultaria na

configuração de um mundo integrado e organizado nos moldes de um gigantesco Estado-nação.

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Para que esse processo exista é necessário imaginar um centro irradiador, cuja hegemonia econômica, tecnológica e cultural poderia ser

coroada com a conquista final do planeta. Seu nome é conhecido: imperialismo capitalista.

O imperialismo, liderado no século 19 pela Inglaterra, é representado no século 20 pelos Estados Unidos da América, cuja máquina

ideológica, aliada a interesses econômicos e militares, marcharia sobre a Terra, destruindo as manifestações culturais 'àutênticas", para

impor seu domínio. Nas palavras do ex-terrorista italiano Antonio Negri: "A constituição do Império está se desenvolvendo sob nossos

olhos".

Essas duas visões do futuro mundial parecem ocupar, esquematicamente, extremos da discussão sobre a atual fase da internacionalização e

seus desdobramentos. Ambas, diga-se, fazem referência a processos reais, que não devem ser ignorados.

Realmente, nenhum olhar poderá apreender as transformações por que passa o mundo sem ver o papel desempenhado pela informática,

pela robótica, pelas comunicações por satélite, pela Internet e pelos modernos meios de transporte. Alguns fatos, porém, conspiram tanto

contra o fetiche e a apologia da técnica quanto o determinismo militante.

Como observa Renato Ortiz em seu livro "Mundialização e Cultura", o clima de euforia da literatura sobre meios de comunicação e

informática incorre em simplificações e traz de volta a atitude do homem do século 19, quando afluía às exposições universais,

"extasiando-se com as maravilhas dos inventores: fonógrafo, elevador, esteira rolante, automóvel".

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É humano que a fantasia responda a estímulos -e são muito estimulantes as novidades científicas antes de estarem concretamente

incorporadas à vida social. É também muitas vezes incontível, ante as façanhas tecnológicas, a tentação de investi-las de faculdades como

"formar um novo tipo de indivíduo", "moldar a consciência" ou "revolucionar o planeta".

Por outro lado, não são menos simplificadoras algumas evidências recorrentes de que a cultura norte-americana impõe-se ao mundo para

moldá-lo à sua imagem e semelhança.

Um dos exemplos mais corriqueiros da inexorabilidade dessa americanização em escala mundial é a rede de lanchonetes McDonald's,

embora a difusão da pizza italiana e da comida chinesa alcancem as mesmas proporções -livres, no entanto, da acusação de destruir hábitos

alimentares autóctones e autênticos.

A defesa da autenticidade cultural, subjacente ao ataque antiimperialista, é frequentemente sentimentalista e nostálgica. Traz à tona mitos

de acolhimento, calor humano e proximidade que, como ironiza Mike Featherstone, em "O Desmanche da Cultura", sugerem a segurança

mítica de uma infância deixada para trás.

É natural que nesse mundo transtornado pela internacionalização e pelo caos informativo venha à tona a nostalgia da comunidade

integrada, que ancora o indivíduo num espaço físico, afetivo e simbólico determinado. É esse lugar perdido -onde as relações sociais

baseiam-se no face a face e onde florescem formas culturais "verdadeiras"- que muitas vezes se convoca subliminarmente para demonizar a

expansão ocidental.

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Nessa modalidade de ecologia social o discurso preservacionista oscila de microculturas étnicas a grandes culturas nacionais, passando por

classismos e regionalismos. Curiosamente, entretanto, uma das características importantes do que se entende hoje por cultura global é

justamente a maior visibilidade de manifestações étnicas, regionalistas ou oriundas de sociedades "excluídas" -do cinema iraniano à

literatura africana.

Talvez nunca as nações ocidentais tenham-se visto, como hoje, na contingência de conviver com a diversidade cultural no interior de suas

próprias fronteiras. Se a "invasão americana" é um tema importante na pauta da esquerda das periferias, a "invasão do Terceiro Mundo"

também o é para a direita dos países centrais.

Tome-se o caso exemplar da "world music", modo como passou a ser designado, inicialmente nos EUA, um conjunto relativamente

heterogêneo de formas musicais originárias de diversas regiões do planeta. A rigor, essas músicas têm em comum apenas a vinculação a

situações étnicas ou localistas, ainda que possam adotar procedimentos da modernidade: é o canto árabe, é a toada brasileira, são as

misteriosas vozes búlgaras, as cantoras de Okinawa ou os batuques africanos.

Note-se que o rótulo, amplo para abarcar manifestações de todos os continentes, convive, nas prateleiras dos magazines, com categorias

tradicionais, de gênero ou origem, tais como bossa nova, jazz latino, pop inglês ou reggae jamaicano.

Essa sobreposição é sugestiva e ajuda a compreender o estágio atual da mundialização cultural: um processo em curso, sugerido, mas não

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concluído, no qual formas culturais nacionais ou locais entram crescentemente em contato, desterritorializam-se, geram mediações e criam

"terceiras culturas".

As "terceiras culturas", na definição de Featherstone, são um "conjunto de práticas, conhecimentos, convenções e estilos de vida que se

desenvolvem de modo a se tornar cada vez mais independentes dos Estados-Nação". Dessa forma, retornando ao exemplo da alimentação,

o sushi-bar, o ligue-pizza, o delivery chinês ou o Big Mac já não podem ser vistos a partir de seus antigos vínculos orgânicos com as

culturas de origem ou Estados-Nação. Passam a fazer parte de uma cultura culinária "fast-food", à qual pode-se recorrer com naturalidade,

na China, no Uruguai ou nos EUA. Uma culinária desterritorializada, que transita por um novo (e sobreposto) "território" -que pode ser

designado de global.

"Terceiras culturas" formam-se como mediação em diversas áreas e põem em xeque a idéia de que as vítimas periféricas da ofensiva do

Império têm apenas duas alternativas -deixar-se subjugar ou erguer fortalezas para evitar sua incorporação à modernidade ocidental.

A exposição, por exemplo, dos negros das periferias urbanas brasileiras ao contato com a cultura norte-americana não gera simplesmente a

destruição do samba 'àutêntico" e a difusão de clones domésticos de Pai Tomás. Pode engendrar, como acontece de fato, subculturas de

contestação, nas quais informações do rap ou do funk mesclam-se a referências locais e geram uma terceira forma -eis aí, por sinal, o

princípio da Antropofagia, a estratégia do modernista Oswald de Andrade para a inserção brasileira na cultura mundial.

Não se deve perder de vista que, em muitas oportunidades, a própria cultura dita autêntica torna-se, por processos internos, um simulacro

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inofensivo de autenticidade (como os desfiles das escolas de samba), revelando-se inoperante para expressar novos anseios e realidades.

Aqui, o elemento estrangeiro pode vir a ter, a depender do modo de apreensão, um papel revitalizador.

É, portanto, duvidosa a idéia de que o imperialismo cultural simplesmente suprime as culturas locais para implantar em seu lugar a face do

destruidor. Essas teorias, em comum com outras que apregoam a uniformização sem arestas da indústria cultural, imaginam a vigência de

um sistema monolítico, capaz de manipular platéias em escala planetária. Tendem também a considerar os efeitos negativos dos meios

modernos evidentes por si próprios. Seja qual for a perspectiva que se adote, o fato é que está em curso uma nova etapa da

internacionalização, embora seu futuro permaneça em aberto. Não há dúvida de que o mundo, finito e cognoscível, é cada vez mais

percebido, ele mesmo, como um lugar; não há dúvida de que, paralelamente às culturas nacionais, gera-se uma cultura "global", na qual

indivíduos dos quatro cantos do planeta podem minimamente se reconhecer; não há dúvida de que essa cultura global deriva da

intensificação dos contatos entre povos e civilizações, por sua vez vinculada à expansão econômica e técnica.

Se o mundo, entretanto, como resultado desse processo, será o território de um único grande império, se encontrará mediações para a

convivência multicultural ou se será abalado por novos cismas e cataclismas -isso, só o tempo dirá.

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Atividades para Autoavaliação

Atividade: TAE 001 / TRABALHO ACADÊMICO EFETIVO – ATIVIDADES

INTEGRADAS DE FORMAÇAO GERAL I

Unidade Nº: 10

Título: Cultura, Sociodiversidade e Cidadania.

QUESTÃO 1

Tópico Associado: Cultura global e diferenças em comum

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Leia o texto e assinale a alternativa correta.

―Se extraterrestres chegarem aqui, o resultado será mais ou menos como quando

Cristóvão Colombo chegou à América: nada bom para os índios.‖

(Stephen Hawking, físico, recomendando que ninguém se arrisque a buscar vida

fora da Terra. In: Revista VEJA, ed. 5 de maio de 2010, pág.70)

O físico Stephen Hawking faz referência:

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(A) à perda da cultura, pois os indígenas absorveram de bom grado os valores dos

europeus, e o mesmo poderá acontecer conosco que, em contato com alienígenas,

passaremos a ter outras maneiras de agir e de pensar.

(B) à imposição do protestantismo pelos espanhóis aos índios, que tiveram que

abandonar suas crenças e tradições. Se tivermos contatos com seres de outros

planetas, nossos valores religiosos e morais desaparecerão.

(C) ao extermínio dos indígenas por doenças até então desconhecidas por eles e

que foram trazidas pelos europeus. O contato com seres extraterrestes pode ser

fatal à raça humana, com a chegada de vírus e bactérias por nós desconhecidos.

(D) à miscigenação que ocorreu entre indígenas e brancos, o que descaracterizou a

população americana, originando uma grande mestiçagem. O físico teme, da

mesma maneira, o fim da raça humana e o surgimento de avatares.

FEEDBACK DA QUESTÃO 1

Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

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QUESTÃO 2

Tópico Associado: Cultura de massa

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Observe a charge e, entre as frases a seguir, IDENTIFIQUE aquela que expressa a

principal função das propagandas em uma sociedade de consumo.

(A) Informar os consumidores acerca das virtudes dos produtos.

(B) Divulgar o produto para atingir uma demanda já existente.

(C) Esconder os problemas dos produtos.

(D) Criar a necessidade de consumo do produto, alavancando assim a demanda.

FEEDBACK DA QUESTÃO 2

Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

QUESTÃO 3

Tópico Associado: Homogeneização cultural

Em seu livro, Jihad vs. McWorld, Benjamin Barber foi incrivelmente profético ao

descrever nosso mundo complicado, em que dois cenários aparentemente

contraditórios desenrolam-se simultaneamente: um, onde 'cultura é lançada contra

cultura, pessoas contra pessoas, tribos contra tribos' e outro, onde 'ímpeto de

forças econômicas, tecnológicas e ecológicas (...) exigem integração e

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uniformidade e (...) hipnotizam as pessoas em todo o planeta com o universo fast

de música, computador, comida (...), um McMundo unido pela comunicação,

informação, entretenimento, comércio'. (WORLDWATCH INSTITUTE. Estado

do mundo. 2004. Salvador: Uma, 2004. p. 179.)

O texto e a figura compõem um quadro que aponta para uma das contradições

socioeconômicas mais marcantes da globalização. São elementos constituintes

dessa contradição:

(A) intensa homogeneização do espaço - eliminação de culturas tradicionais.

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO GERAL

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(B) democracia nos países ricos - autoritarismo e desorganização da sociedade

civil nas nações subdesenvolvidas.

(C) incentivo à integração econômica - fragmentação política pelo nacionalismo.

(D) poder das empresas globais - popularização dos sistemas de transportes em

massa.

FEEDBACK DA QUESTÃO 3

Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

QUESTÃO 4

Tópico Associado: Globalização e diferenças sociais

Sobre a economia globalizada, analise as opções:

(A) Homogeneizou as culturas e reduziu as discrepâncias econômicas entre os

países.

(B) Integrou economias e possibilitou a difusão de hábitos dos lugares pelo

mundo.

(C) Deu visibilidade às minorias, a povos e culturas de recantos isolados do

mundo.

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(D) Quase anulou a xenofobia e os conflitos étnicos e religiosos em todo o

planeta.

FEEDBACK DA QUESTÃO 4

Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

QUESTÃO 5

Tópico Associado: Cultura e cidadania

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Sobre as relações inter-raciais na atualidade, é correto afirmar:

(A) No Brasil, os negros sofrem segregação e restrições legais formalizadas na

limitação da escolha de moradias e do acesso a locais públicos.

(B) Nos Estados Unidos, existe uma harmoniosa convivência entre negros e

brancos nos diversos espaços públicos.

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(C) As diferenças entre negros e brancos, que estruturam a sociedade brasileira,

são alimentadas pelas desigualdades de classes e pelos preconceitos raciais.

(D) No Brasil, a tese da "democracia racial" está consolidada, sendo que o

preconceito e a discriminação racial restringem-se ao passado colonial.

FEEDBACK DA QUESTÃO 5

Resposta certa: Vide gabarito no final deste caderno.

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Questão discursiva

Tópico Associado: Cultura e Sociodiversidade

(ENADE 2006 - Adaptação) Tendo em vista a construção da ideia de nação no Brasil, o

argumento da personagem expressa a afirmação da identidade regional. Teça comentários

acerca das necessárias reivindicações de positividade às diferenças culturais.

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GABARITO

FEEDBACK DA QUESTÃO 1:

Resposta certa: Letra A

FEEDBACK DA QUESTÃO 2 :

Resposta certa: Letra D

FEEDBACK DA QUESTÃO 3:

Resposta certa: Letra A

FEEDBACK DA QUESTÃO 4:

Resposta certa: Letra B

FEEDBACK DA QUESTÃO 5:

Resposta certa: Letra C

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FEEDBACK DA QUESTÃO DISCURSIVA:

COMENTÁRIO: Dizer que doce de jerimum é melhor que doce de abóbora e

lembrar que ―a diferença tá na pitada cultural‖ é uma forma cordial de afirmar a

positiva particularidade de uma identidade regional, dentre outras da mesma

ordem. Essa afirmação ocorre através de uma reivindicação de positividade a uma

dada diferença cultural. Percebe-se, portanto, que o que está em foco nesta

questão é a temática da ―diversidade cultural‖. Quando falamos em ―diversidade

cultural‖, termo cada vez mais evocado para dar conta de questões identitárias nas

contemporâneas sociedades multiculturais, como a brasileira, temos que ter em

mente alguns elementos do conceito de ―cultura‖.

Cultura é um termo que vem sendo cada vez mais utilizado em nosso cotidiano

para nomear fenômenos e realidades muito variadas, como por exemplo, as

manifestações e produções consideradas artísticas. Mas, também costumamos usar

o termo cultura para designar aquilo que diferencia os grupos sociais, ou seja, para

fazer referência a diversidade cultural e remete às formas pelas quais as diferentes

nações, etnias, identidades regionais, comunidades ou outros tipos de grupos

sociais organizam e dão sentido à sua existência.

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―Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!‖

Paulo Freire