câmbios fonológicos os sistemas vocálicos 1.o sistema vocálico do latim clássico 2. o sistema...
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Câmbios fonológicosOs sistemas vocálicos
1.O sistema vocálico do latim clássico
2. O sistema vocálico do latim vulgar
3. O sistema vocálico do romance hispano
O sistema vocálico do latim clássico- O latim clássico tem 10 vogais:
ā ē ī ō ūă ĕ ĭ ǒ ŭ
- A quantidade ou duração (longa - breve) da vogal é um traço distintivo:līber (libre) / lĭber (libro)mālum (manzana) / mălum (malo)sōlum (solo) / sǒlum (suelo)
- O 70% das vogais latinas são breves (amostra de 25 mil fonemas). A distribuição longa / breve é a seguinte:
SÍLABA BREVES : LONGASacentuada 3:2átona não final 6:1átona inicial 14:1átona final 5:4
O sistema vocálico do latim clássico
- Assimetria no sistema:A diferença entre as duas vogais fechadas palatais, ī / ĭ , é mais grande do que entre as fechadas velares: ū / ŭ .
Em romeno: ū , ŭ > uī > i ĭ , ē > e
- O latim tinha basicamente 3 ditongos:
AE [aj]OE [oj]AU [aw]
O sistema vocálico do latim clássico- O acento latino:Língua tonal. As sílabas acentuadas têm um tom mais alto (agudo).
- Regras de acentuação:1. Se a palavra tem duas sílabas, o acento vai na primeira.2. Se tem mais de duas sílabas, o acento depende da duração da penúltima
sílaba:a) se a sílaba é longa, o acento vai sobre ela.b) se a sílaba é breve, o acento vai sobre a antepenúltima.
- A duração da sílaba é determinada assim:1. Uma sílaba é longa se:
a) contem uma vogal longa: mu-lī-nu > mo-lí-nob) contem um ditongo.c) contem uma vogal breve seguida por duas consoantes (sílaba trabada): sa-gĭt-ta > sa-é-ta (excepto té-ne-bra, ín-te-gru).
2. Uma sílaba é breve: a) se contem uma vogal breve e a sílaba não é trabada:
vĕ-tŭ-lus > vié-jo ; fī-lĭ-us > hí-jo ; vī-rĭ-dis > vér-de
O sistema vocálico do latim clássicoDo acento latino ao acento romance
- As línguas romances passam dum acento tonal a um acento baseado na força-energia (stress-acent). A sílaba acentuada é articulada com mais intensidade.
- Excepto algumas poucas excepções, o acento romance conserva o acento latino.té-ne-bra > te-néb-ra > ti-nié-blaín-te-gru > in-tég-ru > en-té-ro
mu-lí-ĕ-re > mu-ljé-re > mujer
O sistema vocálico do latim vulgarMonotongação dos ditongos
Os ditontos [aj], [aw] e [oj] monotongarom em épocas diferentes.
1. [aj] > [e] (vogal breve)- Primeiro em monotongar. Temos exemplos nos graffiti de Pompeia:querite por quaerite adventu por advaentu- A maioria das palavras evolucionarom como as que tinham vogal breve (ĕ [e]):caecu > ciegocaelu > cieloquaero > quieroExcepto: caespite > césped, faece > hez, faenu > feno
2. [oj] > [e:] (vogal longa)phoebus > phēbuscoena > cēnapoena > pēna
O sistema vocálico do latim vulgarMonotongação dos ditongos
3. [aw] > [o:] (vogal longa)
- Começou no Osco e no Umbro em zonas rurais.cōlis por cauliscōdex por caudex (tronco de árbore)
- Ante consoante velar + u, o wau desaparece (dissimilação): augusto > agostoauscultare > ascultare > ascucharaugurium > agurio > agüero
Em geral, este ditongo continuou a existir em latim até épocas tardias, e nalgumas línguas (provençal, romeno) ainda existe.
O sistema vocálico do latim vulgar ditongação dos hiatos
- Passo de hiato a ditongo:
fo-li-a > fo-lia [fo-lja]
Com o câmbio de acento tonal ao acento de intensidade, o hiato latino perdeu-se. A vogal mais feble transformou-se em semiconsoante.
No século II, o fenómeno é comum. No Appendix Probi:lancea non lanciavinea non vinia
O sistema vocálico do latim vulgarInestabilidade do sistema da quantidade
- As distinções quantitativas eram só percibidas em sílabas acentuadas e finais. Nos outros contextos, os falantes podiam eliminar as oposições quantitativas sem perder eficácia comunicativa. Hai provas de que os falantes tendiam a abreviar todas as vogais longas não acentuadas.
- A quantidade e o timbre (qualidade) vão sempre juntos: - as vogais longas pronunciam-se com mais tensão e portanto mais fechadas. - as vogais breves pronunciam-se mais frouxas e portanto mais abertas.[i:] – [i] – [e:] – [e] – ... (de menos a mais abertura)
- A diferença de quantidade é pouco perceptível para falantes doutras línguas. A incorporação de latinismos em basco é uma boa prova:liñu < līnu (linho)pike < pĭce (peixe)seme < sēmen (semente)dembora < tĕmpora (tempo)
O sistema vocálico do latim vulgarInestabilidade do sistema da quantidade
As primeiras amostras de vacilação na distinção entre vogais aparecem nos graffiti de Pompeia (destruída no ano 79) :
filix < fēlixvalis < valēs
No latim oral, a diferença de duração-quantidade estava a ser sustituída por uma diferença de abertura-qualidade. Autores como Pulgram afirmam que as distinções de quantidade eram secundárias para a maioria dos falantes de latim, excepto para os falantes cultos.
O sistema vocálico do latim vulgarInestabilidade do sistema da quantidade
Em latim vulgar, a quantidade da vogal acabou por depender da quantidade da consoante seguinte. Esta foi a evolução:
No latim clássico, a quantidade das vogais era independente da das consoantes (consoante longa = geminada ; consoante breve = simple):(a) vogal breve + cons. breve : rŏta (rueda)(b) vogal breve + cons. longa : gŭtta (gota)(c) vogal longa + cons. breve : tēla (tela)(d) vogal longa + cons. longa : stēlla (estrella)
Primeiro, houvo uma tendência a eliminar (d) por redução de:a quantidade vocálica: mītto > mĭtto (enviar)a quantidade consonántica: stēlla > *stēla > étoile (fr.)
Isto levou a uma situação de distribuição complementária:
vogal longa + cons. brevevogal breve + cons. longa
O sistema vocálico do latim vulgarInestabilidade do sistema da quantidade
Em resumo: a perda da quantidade como traço distintivo foi provocada por 3 factores:
Relativa ineficácia e redundância das distinções quantitativas frente às qualitativas.
A redução da oposição distintiva entre longas e breves a duas posições: tónica e átona final.
Tendência a eliminar a combinação “vogal longa – cons. longa”, de jeito que a quantidade passa a depender da natureza da consoante seguinte.
O sistema vocálico do latim vulgarSistema das tónicas do latim vulgar
Latim Latim vulgar
/i:/ > /i//i/ /e:/ [oj] > /e//e/ [aj] > /ę/ (aberto)/a/ /a:/ > /a//o/ > /ǫ/ (aberto)/u/ /o:/ [aw] > /o//u:/ > /u/
O sistema vocálico do latim vulgarOutros sistemas vocálicos mais arcaicos
Latim Sistema arcaico (SARDO)
/i:/ /i/ > /i//e:/ /e/ > /e//a/ /a:/ > /a//o:/ /o/ > /o/ /u:/ /u/ > /u/
Latim Sistema do ROMENO
/i:/ > /i//i/ /e:/ > /e//e/ /ę//a/ /a:/ > /a//o:/ /o/ > /o/ /u:/ /u/ > /u/
O sistema vocálico do latim vulgarSistema das átonas no latim vulgar
Latim latim vulgar
/i:/ > /i//i/ /e:/ /e/ > /e//a/ /a:/ > /a//o:/ /o/ /u/ > /o/ /u:/ > /u/
- Coalescência das vogais médias. O resultado é um sistema de 5 vogais.
- Síncope das pré e pós-tónicas: desde o latim clássico, hai uma tendência à sincope das átonas em palavras com 4 ou mais sílabas:op(i)ficīna > officina > oficinaA síncope apareceu sobretudo quando a vogal átona estava em contacto com uma nasal, líquida ou sibilante, permitindo assim que as consoantes em contacto se pronunciassem com facilidade:cal(i)dus > caldoO “a” é a vogal mais resistente à síncope.
O sistema vocálico do latim vulgar Semiconsoantes em latim vulgar
IODE- /t/ , /k/ + yod = coalesce por assibilição (s. II): vincentza por vencentia ; marsalis por martialis
-/l/ , /n/ + yod = coalesce por palatalização(O iode latinovulgar começa a mudar o sistema consonántico do latim.)
WAU- As vezes desaparece sem coalescer com a consoante que vem antes:consuere [cosere] > coser
- Também tende a desaparecer nos grupos [kw] e [gw]:qui > que [ke]
(o wau não mudou o sistema consonántico.)
As semiconsoantes, iode (yod) e wau, aparecerom sobretudo como consequência da desaparição dos hiatos:valia por valea ; abia por habeat (em Pompeia).
O sistema vocálico do romance hispánico vogais tónicas
Casos de /u/ > /u/, o que indica que a confusão /u/ - /o:/ produziu-se mais tarde do que o seu correlato palatal: dǔbita > dubda > dudacrǔce > cruzpǔnctu > puntoExplicação: coexistência de dous sistemas vocálicos, um conservador (como o do Sardo) e outro inovador. As excepções que associam /u/ breve a /u/ podem ser devidas ao sistema conservador.
Latim Latim vulgar Romance hispánico
/i:/ > /i/ > /i//i/ /e:/ [oj] > /e/ > /e//e/ [aj] > /ę/ > /ie//a/ /a:/ > /a/ > /a//o/ > /ǫ/ > /ue//u/ /o:/ [aw] > /o/ > /o//u:/ > /u/ > /u/
O sistema vocálico do romance hispánico vogais átonas
Latim Latim vulgar Romance hispánico
/i:/ > /i/ > /i//i/ /e:/ /e/ > /e/ > /e//a/ /a:/ > /a/ > /a//u/ /o:/ /o/ > /o/ > /o//u:/ > /u/ > /u/
Inicial Final Medial
/a/ /a/ /a//e/ /i/ /e/ - /o/ /u/ /o/ -
A fusão dos /u/ e /o/ finais apareceu mais tarde do que a fusão das palatais. Essa fusão puido ser provocada por analogia com as formas do plural acusativo em –o(s). Portanto, a forma do singular acusativo em –u(m) foi sustituída pola forma do plural.
Câmbios fonéticos das vogais
1. As semiconsoantes: iode e wau
1. Os câmbios nas vogais tónicas- A ditongação
3. Os câmbios nas vogais átonas
O iodeA formação do iode
O Iode é uma semiconsoante palatal, [j], que não existia em latim clássico, mas que aparece como consequência de diferentes fenómenos no latim vulgar e no romance:
- Passo de hiato a ditongo: fo-li-a > fo-liaNo século II, o fenómeno é comum. No Appendix Probi:lancea non lanciavinea non vinia
- Vocalização duma consoante velar:factu > faito
- Síncope de vogal - mai(o)rinu -, ou de consoante: sarta(g)ine, canta(v)i
-Metátese:caldaria > caldairacaseu > caiso
O iodeInflexão vocálica e Palatalização
- O iode tem uma articulação vocálica fechada, o que soe provocar, por assimilação, o feche da vogal tónica precedente (que M. Pidal chama: “inflexão vocálica”):/a/ > /e//ę/ > /e//e/ > /i//ǫ/ > /o//o/ > /u/
- O iode não só influi sobre a vogal precedente, senão também palataliza a consoante contígua. Quando o iode palatalizou cedo a consoante, não tivo tempo de inflexionar a vogal.Quanto mais tardou em coalescer com a consoante, tanto mais influiu sobre as vogais.
O iodeInflexão vocálica e Palatalização
«La yod, como es articulación semivocálica cerrada (es más cerrada que la i vocal), suele contagiar su cerrazón a la vocal precedente, cerrándola un grado. Esta inflexión vocálica ocurre de un modo análogo en los demás romances, pero en español es más frecuente [...] La yod no sólo influye en cerrar o inflexionar la vocal, sino que palataliza además la consonante inmediata, y su influjo sobre la vocal está subordinado a su acción sobre la consonante. Cuando la yod palatalizó muy pronto la consonante, absorbiéndose en ella, no tuvo tiempo para influir sobre la vocal; y cuanto por más tiempo se conservó la yod sin ser absorbida en la consonante, tanto más influyó sobre las varias clases de vocales».
Menéndez Pidal
O iode Inflexão vocálica e Palatalização
mŭltum > moitu > mucho
m o j t uc^u
O iode Inflexão vocálica e Palatalização
lancea > lancia > lança
l a n açc j
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
- IODE PRIMEIRO:Procede dos grupos latinos tj e kj.Produz uma palatal: /dz/ (“z”) e /ts/ (“ç”). É o iode mais antigo (aparece e desaparece no latim vulgar). Palataliza a consoante e desaparece sem dar tempo a inflexionar a vogal:fŏrtia > fuerçamalĭtia > malezalancea > lançamĭnacia > amenaza
Os verbos em –er e –ir seguem normas diferentes: mētio > mido (inflexão da vogal e falta de palatalização)pētio > pido
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
Mais cousas sobre o IODE PRIMEIRO:
- a primeira fase desta palatalização (séc. I) originou:[tj] > [ts][kj] > [tš]
Na maioria das línguas romances, tj e kj dão resultados diferentes:platea > piazza [ts]laciu > laccio [tš]
- As geminadas tt e kk também palatizam quando vão seguidas de [j]:
mattiana > mançanabracchiu > braço
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
- IODE SEGUNDO:Deu origem a /x/ e /ň/ . Divide-se em dous grupos:
(a) lj, k’l, g’l, t’l > /λ/ > /ž/ > /š/ > /x/fŏlia > hojaapĭcula > abejarĕgula> reja
(b) nj, gn, ng > /ň/ ĭnsĭgnia > enseña ; lĭgna > leñasŏmniu > sueñocŭnea > cuñaĭngĕniu> engeñolŏnge > lueñe
Inflexiona as abertas, excepto o iode de /ň/ que não inflexiona /ǫ/. Não inflexiona as fechadas, excepto o iode de /ň/ que inflexiona /o/Não inflexiona /a/
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
Mais cousas sobre o IODE SEGUNDO:
- Transfonologização:A evolução /λ/ > /ž/ permitiu conservar distinção com o fonema proveniente da geminada /ll/ > /λ/ (gallu, caballu,...)
- Segundo Quilis:
O iode 2a (lj, t’j,g’j) não inflexiona o /ę/ :vĕtulu> viejo
rēgula > rejatēgula > teja
- o iode 2a só inflexiona o /ǫ/- o iode 2b inflexiona o /ę/ e o /o/ fechado (mas hai algumas excepções).
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
- IODE TERCEIRO:Deu origem em geral a /y/. Divide-se em dous grupos:
(a) gj , dj > /y/radia > rayafŭgio > huyopŏdio > poyo
(b) bj, mj > vacilou entre /y/ e permanência do iode fŏvea> hoya (derivado “hoyo”)nĕrvio > nerviorŭbeu > royo (sdo: “rojizo”)
Inflexiona regularmente as abertas (impedindo a ditongação).Vacila com as fechadas (às vezes inflexiona, às vezes não).Não inflexiona /a/.
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
Mais cousas sobre o IODE TERCEIRO:Ralph Penny distingue:
- a,o,u + (dj, gj, j) > /y/radiare > rayarpodiu > poyomaiu > mayomaiore > mayor
- e, i + (dj, gj, j) > Øsedea > seavĭdeo > veocorrĭgea > correapeiore > peorfastidio > hastío
- Cons+dj > ts (ç)hordeŏlu > orçueloverecundia > vergüença
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
Mais cousas sobre o IODE TERCEIRO (segundo tipo):
Ralph Penny considera que:
- bj, mj conserva sempre a consoante:rŭbeu > ruvio (mais tarde rubio) (royo é forma aragonesa)nŏviu > novioplŭvia > lluviapraemiu > premiovĭndēmia > vendimia
excepto em dous casos:habea > hayafovea > hoyaroyo é forma aragonesa
- inflexiona todas as vogais médias (abertas e fechadas)
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
- IODE QUARTO:Temos três grupos:
(a) kt , ŭlt > /c/ ; x [ks] > /x/nŏcte > nochetrŭcta > truchastrĭctu > estrechomŭltu > muchotaxu > tejoaxe > eje
(b) procedente de rj, sj, pj, e do grupo “vogal+gr” > ir, js, jb (metátese, em geral): caldaria > calderamatĕria > maderacapia > quepabasiu > besoĭntĕgru > entero
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
- IODE QUARTO:
(c) produzida por síncope:farra(g)ĭne > herrén (forrage verde que se da ao gando)maī(o)rinu > merino
(Neste grupo encontram-se alguns hiatos latinos que ditongarom:laicu > lego
É o iode que durou mais tempo. Portanto opera sobre todas as vogais:
- Inflexiona regularmente as abertas (impedindo a ditongação).- Inflexiona quase sempre as fechadas, excepto o grupo e + kt:dirēctu > derechotēctu > techo
- Inflexiona o /a/ (nunca antes inflexionada polos outros iodes)
O iode4 tipos de iodes (M. Pidal)
Mais cousas sobre o IODE QUARTO:
kt+cons, ks+cons, ult+cons > não palatalizapect(i)nare > peinarfrax(i)nu > fresnovŭlt(u)re > buitre
- casos de analogia com o ditongo -ue:agŭrio > agoiro > agüiro > agüerodoriu > doiro > duiro > duero
- casos de pj, sj, sem metátese:sēpia > jibiacereu > cirio
- casos de sj onde se produz a modificação posterior da consoante:cervesia > cervesa > cervezaceresia > ceresa > cereza
O wau1. WAU PRIMARIOProcedente dum wau latino (tauru, mauru, auru, causa)
2. WAU SECUNDARIO por vocalização duma consoante:alteru > autro > outro > otrorecapitare > recabdare > recaudar por metátese:sapui > saupi > sopevidua > viuda por ditongação romance:variŏla > veruela > viruela por germanismos ou arabismos:warnjan > guarnir, guarnecer (germanismo)wadi al kabir (rio grande) > guadalquivirwad-al-ha-gara (rio das pedras) > guadalajarawadi lupi (rio do lobo – híbidro arábico e romance) > guadalupeal wazir (o ministro) > alguacilwarism > guarismo
O wau
Inflexão vocálica:A assimilação da wau sobre as vogais tónicas é similar à exercida polo iode, mas não tão sistemática, dado que os casos de wau são menos frequentes:aequale > igualvariŏla > vairola > veiruela > veruela > viruelasegŏntia > sigüenza
Outras inflexões vocálicas
METAFONIA
vēni > vinefēci > hicetĭbi > tebi > ti(v)e > tii > tivīgĭnti > vigénti > viínte > veínte > véinte
Vogais tónicasA ditongação das médias abertas tónicas
A ditongação em romance:-Como aparece em quase todas as línguas romances (agás gal-português, catalão e sardo), pode ter aparecido cedo no latim vulgar.
- O francês e italiano só ditongam as vogais acentuadas em sílabas livres:caelum > ciel / cielosêptem > sept / sette
-Em castelhano e romeno ditongam em sílabas travadas. O romeno só o fai claramente com /E/ (petra > pietra ; ferru > fier), mas não com /O/: costa > coasta ; novu > nou.
-O catalão ditongou ante iode mas reduziu mais tarde o ditongo:octo > ueit > uitpectum > pieit > pit
Vogais tónicasExplicações da ditongação
Explicação tradicional (Bourciez):[ȩ:] > [ee] > [je][ǫ:] > [oo] > [wo]A vogal tónica em sílaba livre é longa. Ao ser longa, desdobra-se. Depois, surge uma dissimilação. Problemas: Não explica porquê hai línguas que ditongam em sílaba travada e porquê outras nunca ditongam.
Superestrato germánico (Wartburg):Coincide com Bourciez no processo de ditongação. A novidade é que atribui ao superestrato germánico o alongamento e desdobramento da vogal.Problemas: Os mencionados antes. Tampouco explica a ditongação em regiões não afectadas pola influência germánica (a Dácia).
Sustrato basco em Hispánia (Alarcos):Influência do sistema de 5 vogais do basco.Problema: A ditongação aparece em muitas zonas sem bilinguismo.
Vogais tónicasExplicações da ditongação
Explicação metafonética (Schürr)[ȩ] > [jȩ] > [je] > [e] [ǫ] > [wǫ] > [wo] / [ue] > [o]
A epéntese duma semivogal é o resultado da antecipação duma vogal fechada final (metafonia). Este fenómeno encontra-se em variedades do sul de Itália:pede (sing.) / piedi (plural)nuovu / nova ; nuovi / nove
Problemas: O castelhano ditonga em todas as posições, mas não ante iode, que deveria ser um factor causante da ditongação por metafonia. Segundo Schürr, o castelhano ditongou nesse contexto e depois monotongou.Fica por explicar porquê o castelhano ditonga onde não aparecem –i e –u finais. Segundo Schürr, houvo propagação a todos os contextos (acusativos, femininos...).
Vogais tónicasExplicações da ditongação
Explicação fisiológica (Straka)[ȩ:] > [ȩȩ] > [je] / [ẹ:] > [ẹẹ] > [ej][ǫ:] > [ǫǫ] > [wo] / [ọ] > [ọọ] > [ow]
A ditongação (ascendente ou descendente) é o resultado da incapacidade dos órgaos articulatórios para se manter na mesma posição durante a emissão duma vogal longa em sílaba tónica e livre. Como consequência, os órgaos abrem-se ou fecham-se.
A acentuação deveu manter-se um certo tempo na primeira parte do ditongo. Isto explica as vacilações da segunda vogal: ue (cast.) / uo (leonês) ie (cast.) / ia (leonês)
Problemas: fica sem explicar a ditongação em sílaba travada.
Vogais tónicasă, ā > a
prātu > pradopăter > padre
- Quando o iode se forma tardiamente, o “a” tónico não inflexiona:aere > aer (ainda em Berceo e Alfonso X) > air > airevagina > vaína (s. XIII) > vaina-Tampouco inflexiona em estrangerismos tardios:fraile < fraire (occitano) (em cast. frater > frade)baile < baile (occitano)
- a + iodeSó a inflexiona o Iode 4:ai > ei > ee > e (desde o séc. X)A monotongação é posterior à palatalização:lacte > laite > leite (port.) > leiche (leonês) > leche factu > faito > feito > feicho > fecho > hechotractu > trechotaxu > tejoagru > erocaballariu > caballero
Vogais tónicasă, ā > a
- Cronologiaa monotongação “au > o” é posterior à sonorização das surdas, porque as surdas que vão tras “au”, em geral, não sonorizam:pauco > poco auca > ocaexcepção: pobre < pop(e)re < paupere
- a + wauau > ou > oo > o (desde o s. X em castelhano)causa > cousa > cosa amav(i)t > amou > amófauce > fouce > foz > hoz (garganta, desfiladeiro)falice > falce > fauce > fouce > hoz (instr. para segar)
- Palavras que não monotongam (cultismos e agrupações consonánticas posteriores ao periodo de monotongação)falso, salto, alto, ...calice > cauce (cult. cáliz)salice > sauce
Vogais tónicasă, ā > a
“en medio de esta vacilación, en el siglo XII, sobreviene una fuerte reacción culta que afirmó definitivamente muchos al+Cons como voces más doctas, dejando pasar muchos otros popularismos con o+Cons, []. Por tanto, el paso de al+Cons a o no se constituyó como una ley fonética regular, fue una ley abortada por una influencia perturbadora en contra, que la llenó de excepciones.”Menéndez Pidal, 1956, 110.
O câmbio al+Cons > o foi moi vacilante.Nos séculos X e XI, encontramos:al + consoanteau + consoanteo + consoante
Vogais tónicasĕ, ae > ę > ie
pĕlagu >piélago ; quaeru > quiero
(2) Ante um “s” agrupado:vĕspera > viéspera > vísperavĕspa > avispa Excepção: fiesta, siesta, hiniestra...
- redução ie > i(1) Sufixo –ĕllu > ęllu > iello > illocŭltĕllu > coitęllo > cuichiello > cuchillomartĕllu > martęllu > martiello > martillo
(3) Casos soltos: remĕllico > remilgosaeculo > sieglo > siglo (*sejo, iode 2)(4) Fonética sintáctica:cĕntum fontes > cienfuentes > cifuentessĕptem cŏmites > sietcuendes > sicuendes
(5) Simplificação ditongo + vogal:dĕus > dieos > díos > diosjudaeu > judieo > judío
Vogais tónicasĕ, ae > ę > ie
Iode 2a: não inflexiona / Iode 2b: inflexionavĕtulu > viejo excepto: spĕculu > espejo (que pode vir de *spĭculu)vĕnio > vengo (comparar com vienes < vĕnis)Excepto:
- evolução ante iodeIode 1: não inflexiona (não impede a ditongação):*pĕttia (celta) > pieza
Iode 3: inflexionasĕdeat > seya > seanĕrvio > nervio
Iode 4: inflexionalĕctu > lechosĕx > seismatĕria > madera
- evolução condicionada polo –ī (metafonia)vĕni > ven (olho: vēni: vine)
Vogais tónicasŏ > ǫ > ue
- Reducção ue > e a) antes ou depois do grupo “labial + alveolar”:flŏccu > flueco (dialectalismo) > fleco frŏnte > fruente (s. XIV) > frentecolŏbra > culuebra > culebra b) Fonética sintática:hŏste antiqua > huesteantigua > estantigua
- Primeira etapa da ditongação: [wo]ǫ > uo (italiano ant.: pruova)ǫ > uo > ue > eu > ë (francês: prueve, s. XI ; preuve, s. XIII)ǫ > uo > ue (castelhano: o ditongo “ue” queda fixado no s. XI)
- ǫ > o (ante nasal implosiva)“funtes por fontes, rustico more” (Prisciano, s. VI).Segundo M. Pidal, os casos em castelhano de feche do O ante nasal são continuadores duma pronúncia rústica (monte, conde, hombre...), mentres que a ditongação segue a pronúncia culta (puente, fuente, cuenta...).
Vogais tónicasŏ > ǫ > ue
- Ante Iode:Iode 1: não inflexionascŏrteu > escuerzo (= flaco) Iode 2a: inflexionaspŏliu > despojo (arag. espuella)Iode 2b: não inflexionasŏmniu > sueñoIode 3: inflexionahŏdie > hoynŏviu > novioIode 4: inflexionacŏxu > coxo > cojo
- Câmbios por analogias com sufixos (ŏrea > arĕa):stŏrea > estarĕa > estaira > estera
Vogais tónicasĭ, ē, oe > e
- Ante Iode:Iode 1: não inflexionacortĭcea > corteza Iode 2: não inflexiona (mas vacila) lĭgna > leña (excepto: tĭnia > tiña)Iode 3a: não inflexiona / 3b: inflexionavĭdeo > veodesĭdiu > deseovĭndēmia > vendimiaIode 4: inflexiona (excepto grupo KT: strĭctu > estrecho)lĭmpi(d)u > limpiofrĭ(g)i(d)u > frío
- Inflexão por metafoniavēni > vine
- Inflexão por wauvĭdua > viuda
Vogais tónicasŭ, ō, au > o
- Ante Iode:Iode 1: não inflexionapŭteu > pozo Iode 2a: não inflexionagurgŭliu > gorgojoIode 2b: vacilaterrōneu > terruño calŭmnia > caloñaIode 3a: vacila / 3b: inflexionarepŭdiu > repoyo (de repoyar = repudiar)fŭgiu > huyorŭbeu > rubioIode 4: inflexionalŭcta > lucharōsci(d)u > rucio (cavalo gris claro)
Vogais tónicasū > u ī > i
- Conservam-se sempre. Não se dão evoluções condicionadas (inflexões) pois não podem fechar mais.
sūcidu > sucioerīceu > erizo
Vogais átonasinício de palavra
Estas vogais, mesmo se articuladas com menor força que as tónicas, pronunciam-se com uma maior energia do que o resto das átonas. Portanto, amosam um menor grau de confusão do que as restantes átonas.
Latim Latim vulgar Romance hispánico
/i:/ > /i/ > /i//i/ /e:/ /e/ > /e/ > /e//a/ /a:/ > /a/ > /a//u/ /o:/ /o/ > /o/ > /o//u:/ > /u/ > /u/
Vogais átonasinício de palavra
- Inflexão ante iode:basiare > baisar > beisar > besarlactuca > laituga > leituga > lechugarēnione > riñónmŭliere > muer > mujercŏgnatu > coinado > cuiñado > cuñado
- Inflexão ante iode romance (produzida por ditongação):caemĕntu > cimientosēmĕnte > simiente
- Inflexão ante wau:altariu > autairo > outeiro > oteroSegŏntia > Sigüenzamĭnuare > minguar (esp. antiguo)
Vogais átonasinício de palavra
- Assimilações:abscondere > asconder > escondernŏvacula > novaja > navajaresecare > resgar > rasgaraeramen > eramen > aramne > alambrebĭlance > belanza > balanza
- Dissimilações:verrere > barrervĕrbactu > berbecho > barbechoascŭltare > ascuchar > escucharcŏlostru > calostrorotondu > redondoformosu > fermoso > hermoso
Vogais átonasfinal de palavra
O câmbio ao acento de intensidade originou uma forte redução da energia com a que se articulavam as sílabas finais, com as conseguintes confusões e perdas. O resultado foi o seguinte:
Latim Latim vulgar Romance hispánico
/i:/ > /i//i/ /e:/ /e/ > /e/ /e//a/ /a:/ > /a/ /a//u/ /o:/ /o/ > /o/ /o//u:/ > /u/
Vogais átonasfinal de palavra
venī > vine
ĭŏvĭs > jueves
patrē > padre
de undĕ > donde
cantăs > cantas
cantānt > cantan
cĭtŏ > cedo
cantō > canto
vinŭ > vino
manū > mano
Vogais átonasfinal de palavra
- metafonia produzida polo ī final:venī > vini > vine
- a > e, em hiato com vogal tónica fechada:mía > míe (esp. medieval) > miduas > dues (esp. medieval)
- e > i, por perda de sonora intervocálica:re(g)e > ree > reyle(g)e > lee > leybo(v)e > buee > buey
- Perda do [o] final em palavras que precediam um nome ou adjectivo: primero > primertercero > tercersanto > sandomino > domno > donmultu > muito > muy
Vogais átonasfinal de palavra
- apócope do [e]:
o [e] final era mui inestável e foi eliminado em dous períodos da história do espanhol medieval.
(1) Séculos X e XI: perda do [e] final quando se atopava depois duma consoante dental ou alveolar intervocálica:pane > panmercēde > mercedmare > marfidēle > fielmēnse > mese > mespace > paz
A sequência Vte (procedente do Vtte latino) não permitia a apócope:septem > sette > siete
Vogais átonasfinal de palavra
- apócope do [e]:
(2) Séculos XI a XIII a variedade culta do espanhol medieval sofreu apócopes esporádicas de [e] noutros contextos fonológicos (trás palatais, labiais e grupos consonânticos):
nuef (nueve)nief (nieve)lech (leche)noch (noche)princep (príncipe)mont (monte)cued (conde)part (parte)estonz (entonces)
Vogais átonasfinal de palavra
- reposição do [e] a partir de finais do XIII:
Por influência da pronûncia coloquial, voltou a colocar-se o [e] final, excepto naqueles casos onde os grupos consonânticos finais tinham confluído com um fonema da língua, já existente em final de palavra (paz, cruz, ...).
calce > coçe [kotse] > coz falce > foçe [fotse] > foz > hozfasce > façe [fatse] > faz > hazpisce > peçe > pez
Vogais átonasintertónicas
- Síncope: Agás o /a/, por ser a mais perceptível de todas as vogais, as intertónicas latinas forom eliminadas completamente.
- Cronologia da síncope:
(1) Síncope precoce: período do latim vulgar
(2) Síncope tardia: período posterior à sonorização e anterior à apócope do [e] final.hom(ĭ)ne > om’ne > omre > hombre
**homĭn(e) > omen
Vogais átonasintertónicas
(1) Síncope precoce: período do latim vulgar
em contacto com [r] ou [l] , em especial quando a síncope forma os grupos C’L, G’L, T’L:
calĭdu > caldospecŭlu > speclustabŭlu > stabluvetŭlus > veclusvirĭdis > virdis
Vogais átonasintertónicas
(1) Síncope precoce: período do latim vulgar
- Bastante vacilação em “l,r + ocl. surda” solitariu > soltero (síncope precoce)polypu > pulpo (síncope precoce)verĭtate > veredade > verdad (síncope tardia)
- Síncope precoce nos particípios fortes descendentes de particípios latinos em -TUS:
posĭtu > *postu > puestosolutu > *soltu > sueltovolutu > *voltu > vueltoconquisitu > conquisto
- Pressão culta:*amicitate > amictate > amistad (e não amizad)repoenitere > repentir > arrepentir
Vogais átonasintertónicas
(2) Síncope tardia: período posterior à sonorização e anterior à apócope do [e] final.
- Eliminam-se todas as intertónicas que ainda se mantinham:
limitare > lim'dar > lindarseptimana > settimana > set'mana > semanamanĭca > manega > mangasanguine > sang'ne > sangrecatenatu > cadenado > cad’nado > candado
Vogais átonasintertónicas
- Exemplos de grupos consonânticos que se formarom com a síncope tardia:
s’n > [sn] asino > asnos’c > [sg] resecare > resgar > rasgarc[e,i]m > [өm] decimo > diezmom’t > [nd] semĭta > sendad’n > [n] Fridenandu > Frednando > Fernandod’c[e,i] > [ө] duodeci > dodze > dozept’m > [m] septimana > set'mana > semanat’n > [nd] rĕtina > redna > riendam’l > [lm] cumulu > comlo > colmom’r > [mbr]humeru > om’ro > hombro m’n > [mbr] femina > hem’ra > hembram’l > [mbl] tremulare > tremlare > temblar
Vogais átonasintertónicas
- Exemplos de grupos consonânticos que se formarom com a síncope tardia, e que derom lugar a vocalizações:
p’t capitale > cabdal > caudalp'd cupiditia > cobdicia > coudicia > codiciab't cubitu > cobdo > coudo > codov't civitate > cibdad > ciudadb'd debita > debda > deudal'c[e,i] salice > salce > sauce
1. A primeira consoante do grupo, (b ou l), vocaliza-se num wau.2. Se a vogal que precede ao wau é velar, o wau assimila-se e
desaparece. Em caso contrário, o wau mantém-se.
Vogais átonasintertónicas
- Síncope tardia que provoca o ensurdecimento da consoante que foi previamente sonorizada:
mp’t > [nt] computare > *comp’dare > contarns't > [st] consutura > *consd'ura > costurasp’c > [sp] episcopu > *obisk’bo > obisposp’t > [st] hospitale > *osp’dale > hostalstc > [sk] masticare > *mast'gare > mascar
Em grupos onde se juntam 3 consoantes, se a segunda é surda, esta ensurdece a terceira por assimilação.
Vogais átonasintertónicas
- As palavras latinas com duas protónicas ou duas postónicas distintas de [a] perdem a que se atopa mais perto da vogal tónica:
ingenerāre > engendrarrecuperāre > recobrar
- Se aparecem uma protónica e uma postónica, podem-se perder as duas:consuetumine > cos(e)tum(i)ne > costumbre
Vogais átonasintertónicas
Excepção à regra da síncope das intertónicas:
- Por pressão culta ou semiculta, algumas protónicas mantiverom-se até a perda do e final por apócope:
calĭce > cálizordĭne > ordenjuvĕne > jovenhospĭte > huéspede > huéspedcespĭte > céspede > céspedarbore > árbol
Problemas:home (gal) / homem (port.)home (cat.) / hòmem (cat. antigo)