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CAMILLA SOARES MATOS DE MELO MARTINS
Anteprojeto de uma pousada para Barra do Cunhaú com base em princípios
de sustentabilidade ambiental.
Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como requisito para
obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.
Orientação: Profa. Dra. Maísa Fernandes Dutra Veloso
Natal – RN Junho de 2016
Martins, Camilla Soares Matos de Melo. Pousada Uruá: anteprojeto de uma pousada para Barra do Cunhaú
com base em princípios de sustentabilidade ambiental / Camilla Soares
Matos de Melo Martins. – Natal, RN, 2016.
100f. : il.
Orientadora: Maísa Fernandes Dutra Veloso.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo.
1. Pousada – Barra de Cunhaú-RN – Monografia. 2. Projeto
arquitetônico – Monografia. 3. Sustentabilidade ambiental – Monografia.
I. Veloso, Maísa Fernandes Dutra. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 728.51
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura e Urbanismo.
CAMILLA SOARES MATOS DE MELO MARTINS
POUSADA URUÁ
Anteprojeto de uma pousada para Barra do Cunhaú com base em princípios de
sustentabilidade ambiental.
Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito para obtenção do título
de Arquiteto e Urbanista.
Orientação: Profa. Dra. Maísa Fernandes Dutra Veloso
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Maísa Fernandes Dutra Veloso
Orientadora
Prof. Elaine Albuquerque
Convidada interna
Arquiteto Fabrício Amorim
Convidado externo
Aprovação em de junho de 2016
AGRADECIMENTOS
A Deus, acima de tudo, pela força, e proteção nessa e em todas as conquistas da minha
vida. Eu não estaria aqui se não fosse por ele, que em sua infinita bondade me ajudou a
construir o meu caminhos.
Ao meu pai, que é o meu ídolo maior, a pessoa que me ajudou a escolher esse rumo para
minha vida e que fez questão de acompanhar de perto toda a minha caminhada.
Obrigada por sempre abrir mão de tudo para realizar meus sonhos, se você não existisse
eu não teria chegado até aqui.
A minha família, que é minha fortaleza. Vocês são minha fonte inesgotável de apoio.
A todos os mestres que participaram da minha jornada acadêmica, em especial a minha
orientadora, Maísa, pelo acompanhamento deste trabalho e por todo conhecimento
compartilhado.
A todos os amigos e futuros colegas de profissão que conquistei ao longo dessa
caminhada, que ajudaram na minha formação e fizeram esse percurso mais leve.
Especialmente a Ilanna e Cecina, com quem iniciei o curso, partilhei momentos
importantes dessa jornada e agora chegamos juntas ao final.
A Olga, Marjorie, Gabriela, Luiz Augusto, Yassmin e Mariana, pela ajuda neste trabalho,
pela confiança e compreensão em momentos de ausência e estresse.
A Leonardo Dias, por me auxiliar na representação gráfica das minhas perspectivas.
Ao tenente do corpo de bombeiros André Goís.
Ao meu tio Nilo, pela ponte com a prefeitura de Canguaretama.
Aos funcionários do IDEMA Rodrigo Castellani e Gotardo Emerenciano.
Por fim, a todos os colegas e familiares que me incentivaram e estiveram presentes ao
longo desses anos de curso.
RESUMO
O turismo é uma das principais atividades econômicas do Rio Grande do Norte e para que
ele se desenvolva cada vez mais e fortaleça nossa economia, é necessário investimento
em infraestrutura receptiva. Devido aos problemas ambientais sofridos pelo planeta nas
últimas décadas, aumentou a necessidade por um maior cuidado com o espaço que
ocupamos. Por essa razão, e também pelo espaço escolhido para implantação do
empreendimento proposto neste trabalho ser uma área ainda muito natural, é que se faz
necessário observar princípios de sustentabilidade no projeto arquitetônico. Diante disso,
o objetivo geral do trabalho é o desenvolvimento do projeto de arquitetura de uma
pousada na praia de Barra do Cunhaú, no município de Canguaretama/RN, tendo como
base princípios de sustentabilidade ambiental. Como objetivos específicos, buscam-se o
estudo do turismo local, a análise do funcionamento de hotéis com propostas
semelhantes e o emprego de estratégias adequadas para tornar as edificações mais
sustentáveis.
Palavras-Chave: Projeto de Arquitetura, Pousada, Sustentabilidade ambiental.
ABSTRACT Tourism is one of the main economic activities in the state of Rio Grande do Norte, and
for its development and the economy growth, it is necessary investment in hospitality
infrastructure. Due to environmental problems suffered by the planet in recent decades,
the need for greater care with the space we occupy has been even more important. For
this reason, and also because the area chosen for implementation, in the proposed
project of this work, is still a very untouched and natural area, it is necessary to observe
sustainability principles in architectural design. Therefore, the general objective of this
work is the development of an architectural project of a lodge on the beach of Barra do
Cunhaú, in the district of Canguaretama/RN , based on principles of environmental
sustainability. The specific objectives, we seek to study the local tourism, analysis of
operating hotels with similar proposals and the use of appropriate strategies to make
buildings more sustainable.
Key words: architectural design, lodge, environmental sustainability.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Intenções de viagem julho 2015 ......................................................................... 17
Figura 2: Municípios participantes do pólo Costa das Dunas............................................ 18
Figura 3: Quantitativo dos meios de hospedagem de Canguaretama.............................. 20
Figura 4: Fasano Las Piedras ............................................................................................... 31
Figura 5: Implantação Fasano Las Piedras .......................................................................... 32
Figura 6: Planta baixa recepção e restaurante – Fasano Las Piedras ............................... 33
Figura 7: Planta baixa bangalôs – Fasano Las Piedras ....................................................... 34
Figura 8: Bangalôs – Fasano Las Piedras ............................................................................ 35
Figura 9: Planta baixa da piscina e apoio – Fasano Las Piedras ........................................ 35
Figura 10: Imagem piscina e apoio – Fasano Las Piedras .................................................. 36
Figura 11: Planta esquemática inicial – Naman Resort......................................................37
Figura 12: Perspectiva 3D inicial – Naman Resort ............................................................. 38
Figura 13: Edifício hotel – Naman Resort .......................................................................... 38
Figura 14: Planta baixa 1º pavimento do edifício hotel – Naman Resort ......................... 39
Figura 15: Imagens Naman Resort ...................................................................................... 39
Figura 16: Imagens do bar – Naman Resort ...................................................................... 40
Figura 17: Bloco principal Makena Resort .......................................................................... 41
Figura 18: Proposta de implantação – Makena Resort...................................................... 42
Figura 19: Chalés – Makena Resort .................................................................................... 43
Figura 20: Areias do Seixo – Portugal ................................................................................. 44
Figura 21: Proposta de implantação – Hotel Areias do Seixo ........................................... 45
Figura 22: Quartos – Areias do Seixo .................................................................................. 47
Figura 23: Fachada Pousada Marajoara ............................................................................. 48
Figura 24: Implantação inicial – Pousada Marajoara ......................................................... 49
Figura 25: Implantação 2 – Pousada Marajoara ................................................................ 50
Figura 26: Imagens das benfeitorias realizadas na reforma .............................................. 50
Figura 27: Implantação atual – Pousada Marajoara .......................................................... 51
Figura 28: Município de Canguaretama ............................................................................. 54
Figura 29: Praias do Rio Grande do Norte .......................................................................... 55
Figura 30: Terreno escolhido ............................................................................................. 57
Figura 31: Terreno em linha de Preamar ........................................................................... 58
Figura 32: Fluxograma ......................................................................................................... 77
Figura 33: Zoneamento ....................................................................................................... 78
Figura 34: Evolução da implantação (proposta 1, 2 e 3) ................................................... 82
Figura 35: Volumétrica dos bangalôs apresentados à pré-banca ..................................... 84
Figura 36: Volumétrica dos apartamentos apresentados à pré-banca ............................ 84
Figura 37: Volumétrica das suítes apresentadas à pré-banca........................................... 85
Figura 38: Laje treliçada com lajotas de EPS ...................................................................... 87
Figura 39: Sistema de filtro para água cinza ...................................................................... 90
Figura 40: Sistema de painéis solares ................................................................................. 92
Figura 41: Esquadria tipo tabicão ....................................................................................... 93
Figura 42: Telha ecológica ................................................................................................... 94
Figura 43: Piso Madeira Vecchia ......................................................................................... 94
Figura 44: Piso Paris Castelatto ........................................................................................... 95
Figura 45: Portobello Colors................................................................................................ 95
Figura 46: Fulget .................................................................................................................. 96
Figura 47: Pedra madeira .................................................................................................... 96
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Prescrições urbanistas ......................................................................................... 61
Tabela 2: Código de segurança contra incêndios .............................................................. 68
Tabela 3: Dimensionamento do estacionamento .............................................................. 70
Tabela 4: Dimensionamento do setor de recepção ........................................................... 71
Tabela 5: Dimensionamento do setor de restaurante....................................................... 72
Tabela 6: Dimensionamento do setor de serviço .............................................................. 73
Tabela 7: Dimensionamento da área da piscina ................................................................ 74
Tabela 8: Dimensionamento das áreas de convivência ..................................................... 74
Tabela 9: Dimensionamento dos apartamentos ............................................................... 75
Tabela 10: Dimensionamento dos bangalôs ...................................................................... 75
Tabela 11: Dimensionamento das suítes............................................................................ 76
Tabela 12: Dimensionamento da área técnica ................................................................... 76
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. .…12
2. TURISMO, SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E A ARQUITETURA HOTELEIRA .......... .16
2.1 A IMPORTÂNCIA DO TURISMO ........................................................................... 16
2.2 ARQUITETURA HOTELEIRA ................................................................................. 21
2.2.1 Breve Histórico. ................................................................................... …21
2.2.2 O projeto de arquitetura hoteleira. ...................................................... ..22
2.3 DIRETRIZES PARA UM PROJETO COM ÊNFASE NA SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL ........................................................................................................ 24
2.3.1 – Uso racional da água ............................................................................ ..25
2.3.2 – Uso racional de energia ........................................................................... ..27
2.3.3 – Uso racional de materiais .................................................................... ..28
2.3.4 – Resíduos durante a obra. ..................................................................... …29
3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA ............................................................................................ …31
3.1 ESTUDOS INDIRETOS ........................................................................................... .31
3.1.1 Fasano Las Piedras hotel – Uruguai. .................................................... …31
3.1.2 Naman resort – Vietnã ......................................................................... …37
3.1.3 Makenna resort – Brasil ....................................................................... …41
3.1.4 Areias do seixo – Portugal ............................................................. .…44
3.2 ESTUDOS DIRETOS ............................................................................................ ..48
3.2.1 Pousada Marajoara – Pipa ........................................................... ………..48
3.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ESTUDOS ................................................ ...51
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS. ............................................................................... ……54
4.1 CONDICIONANTES FISICO-AMBIENTAIS ............................................................. .54
4.2 CONDICIONANTES LEGAIS ................................................................................... .59
4.2.1 Plano Diretor município de Canguaretama ............................................... ..59
4.2.2 Código de Obras do município de Canguaretama. ................................... ...61
4.2.3 Deliberação Normativa n.º 429/02 ........................................................ ……63
4.2.4 NBR 9050 .................................................................................................... .....65
4.2.5 Código de segurança contra incêndio e pânico. ..................................... .66
4.3 CONDICIONANTES FUNCIONAIS ......................................................................... 68
4.3.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento .................................. 70
4.3.2 Fluxograma ................................................................................................... 77
4.3.3 Zoneamento ................................................................................................ 78
5. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ................................................................................80
5.1 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ............................................................... 80
5.2 EVOLUÇÃO DA PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO ...................................................... 81
5.3 ESTUDO VOLUMÉTRICO ..........................................................................................83
5.4 MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO ............................................................. 86
5.4.1 Sistema estrutural ..................................................................................... 86
5.4.2 Sistema hidráulico ..................................................................................... 88
5.4.3 Sistema elétrico ..........................................................................................91
5.4.4 Especificação de materiais ......................................................................... 92
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ ..97
7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. …98
12
1. INTRODUÇÃO O turismo é uma das principais atividades econômicas do Rio Grande do Norte. O Estado
é nacionalmente famoso pelo clima quente, com abundante disponibilidade de sol
durante o ano e, principalmente, pelas suas praias. O chamado turismo de sol e mar é a
linha de interesse que mais atrai turistas estrangeiros para o Estado.
O ponto mais visitado do Rio Grande do Norte é a capital, mas, a partir das últimas
décadas, o turismo estadual vem passando por um processo de expansão, que foi
impulsionado em 2005, quando Governo do Estado instituiu a criação do Conselho de
Turismo do Polo Costa das Dunas, cujo objetivo era incentivar o turismo em outras
regiões.
Para dotar um lugar de infraestrutura turística capaz de movimentar a economia local é
necessário grande investimento em variadas áreas, e uma delas está relacionada com a
disponibilidade de meios de hospedagem bem equipados. O turismo de sol e mar
demanda uma maior necessidade por alojamento do tipo Hotel de Lazer, pousadas e
Resorts, que são tipologias mais voltadas para diversão, descanso, convívio social e
contato com a natureza. Essas tipologias estão fortemente associadas à necessidade de
implantação em locais de grande apelo turístico e cênico-paisagístico, como praias, rios
e serras.
Os hotéis muitas vezes se tornam marcos em certos destinos. Isso se deve tanto a sua
inserção e relação com o meio ambiente em seu entorno quanto ao acolhimento com o
hóspede. Esses estabelecimentos tem o poder de influenciar diretamente na percepção
que o turista tem do local visitado.
Um dos temas que mais se ouve falar na atualidade é o da sustentabilidade. O termo é
bastante abrangente e pode ser empregado em diversos contextos. Aqui trago uma
reflexão sobre a agressão que a natureza vem sofrendo nas últimas décadas e os
impactos que nós já sofremos em decorrência disso. A construção civil é uma das
indústrias que geram maior impacto sobre o meio ambiente, e isso se dá ao longo de toda
sua cadeia produtiva. Acredito que o arquiteto tem um papel fundamental na mudança
de cenário pois ele é capaz de planejar e articular o projeto de forma que o ambiente
13
natural seja minimamente modificado, e é por isso que procuro desenvolver esse projeto
com base em princípios de sustentabilidade ambiental.
Após constatar a carência de meios de hospedagem no universo de estudo escolhido, a
praia de Barra do Cunhaú localizada no município de Canguaretama/RN, agrupei as ideias
e defini como tema deste trabalho a arquitetura hoteleira com base em princípios de
sustentabilidade ambiental, que está contido na área de projeto de arquitetura e conforto
ambiental. Portanto, o objeto de estudo é a relação entre um projeto de empreendimento
hoteleiro e os princípios de sustentabilidade.
Diante dessa temática, além de constatar a importância e a necessidade local, a escolha
do tema também segue razões pessoais, já que tinha anseio em trabalhar com esse tipo
de projeto complexo, com o qual não tive contato durante a graduação, mas que
considero muito rico por abraçar muitos projetos dentro de um só. O fato do universo de
estudo ser uma região de natureza ainda preservada e pouco explorada, fortalece a
necessidade da busca pela sustentabilidade ambiental, a fim de integrar o espaço ao meio
ambiente procurando interferir o mínimo possível nele. Diante do exposto, a intenção é
elaborar uma proposta arquitetônica que promova o turismo local e ao mesmo tempo
respeite a natureza.
Portanto, o objetivo geral desse trabalho final de graduação é desenvolver o projeto
arquitetônico de um hotel com base em princípios de sustentabilidade ambiental em
terreno situado na praia de Barra do Cunhaú – Canguaretama/RN.
O terreno para desenvolvimento da proposta foi escolhido em razão de ser um dos poucos
desse porte que ainda estão livres no local. Além disso, é localizado à beira mar, livre de
impedimentos ambientais, de fácil acesso e próximo a restaurantes, bares e mercados.
Para alcance do objetivo geral desse trabalho, fez-se necessário a busca de autores que
fundamentassem esse processo projetual e auxiliassem na concepção e desenvolvimento
do edifício. Para tanto, os autores selecionados para leitura foram Elvan Silva (1998),
Edson Mahfuz (1995) e Laert Neves (1989).
O trabalho está essencialmente dividido em quatro partes: além desta Introdução, o
capítulo 2 trata da fundamentação teórica; o terceiro capítulo traz os estudos de
14
referência realizados; o quarto capítulo apresenta os condicionantes projetuais; e o quinto
capítulo explica o desenvolvimento da proposta arquitetônica.
O embasamento teórico-conceitual sobre o tema (capítulo 2) apresenta breve resumo
sobre a história da arquitetura hoteleira, princípios de sustentabilidade ambiental que
minimizam os impactos das construções na natureza, estudos sobre o turismo no Estado
e conceitos e tipos de meios de hospedagem.
O capítulo 3 apresenta os estudos de referência diretos e indiretos de projetos
arquitetônicos bem-sucedidos em ambientes litorâneos com a finalidade de extrair as
boas ideias e entender seu funcionamento, além de mostrar exemplos de arquitetura
sustentável bem aplicada e integrada à natureza. Para tanto, foi feito um estudo direto a
pousada Marajoara em Pipa/RN e quatro estudos indiretos a meios de hospedagem
localizados no Brasil, Europa e Ásia.
O quarto capítulo está dividido em três partes e aborda os condicionantes projetuais, isto
é, os principais elementos modeladores da proposta arquitetônica a nível físico, social e
ambiental, além da legislação incidente e o programa de necessidades do projeto.
Por fim, o quinto capítulo traz a evolução da proposta arquitetônica, apresentando o
conceito, partido, evolução formal e também os memoriais descritivos e justificativos. A
este capítulo, seguem-se as considerações finais e as referências utilizadas trabalho.
No outro volume, em anexo, estão as pranchas e imagens relativas ao projeto
desenvolvido.
16
2. TURISMO, SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E A ARQUITETURA HOTELEIRA.
O referencial teórico é o primeiro passo para compreender o projeto que será
desenvolvido. Aqui serão apresentados as definições conceituais, os aspectos históricos e
contextuais que serão norteadores da temática escolhida (arquitetura hoteleira com base
em princípios de sustentabilidade ambiental).
2.1 – A IMPORTÂNCIA DO TURISMO
O estudo da importância do turismo para o Rio Grande do Norte é relevante para
compreender que esse ramo movimenta nossa economia de forma muito intensa e, por
isso, necessita de constantes investimentos que sirvam de estímulo para o mesmo. Além
disso, com esse estudo, espera-se conhecer melhor quem são os turistas que visitam a
Barra do Cunhaú, sua demanda e principais atrativos, para projetar uma pousada coerente
com a necessidade locais e dos potenciais usuários.
Segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,
turismo pode ser definido como:
Turismo. [Do ingl. Tourism, pelo fr. Tourisme] S.m. 1. Viagem ou excursão, feita por prazer, a locais que despertam interesse. 2. O conjunto dos serviços necessários para atrair aqueles que fazem turismo (1) e dispensar-lhes atendimento por meio de provisão de itinerários, guias, acomodações, transporte, etc.
Já de acordo com a Organização Mundial do Turismo/Nações Unidas, turismo são as
atividades que as pessoas realizam em suas viagens e permanência em lugares distintos
do seu entorno habitual, por um período consecutivo de tempo inferior a um ano com
fins de lazer, negócios e outros.
De acordo com o site da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) o termo designa:
“uma atividade econômica representada pelo conjunto de transações, compra e venda de serviços turísticos efetuadas entre os agentes econômicos do turismo. É gerado pelo deslocamento voluntário e temporário de pessoas para fora dos limites da área ou região em que têm residência fixa, por qualquer motivo, excetuando-se o de exercer alguma atividade remunerada no local que visita”.
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A definição desse termo pode ser feita de diversas formas devido à palavra estar
relacionada com diferentes setores de atividades, tais como o social, comercial e
econômico. Mas, de forma geral, está relacionado ao deslocamento, permanência pouco
prolongada e regresso ao local de residência de pessoas entre cidades e países.
Ao longo dos anos a atividade turística vem num processo de desenvolvimento contínuo.
O grande impulso veio depois da Revolução Industrial, e desde então vem se expandido
devido ao fenômeno da globalização, associado ao desenvolvimento dos transportes e
informação. A atividade foi bastante favorecida e, por essa razão, todas as partes do
mundo podem hoje se conectar e se conhecer com mais facilidade.
O turismo movimenta somente no Brasil cerca de 492 bilhões de reais ao ano (9,6% do
PIB), segundo dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) de 2014, tendo
grande importância para economia. Entretanto, em meio ao cenário de crise economia
que o Brasil atravessa, as viagens internacionais sedem maior espaço para os roteiros
internos. De acordo com a pesquisa de intenção de viagens realizada em Julho de 2015,
22,6% dos entrevistados pretendiam viajar nos próximos seis meses, desses, 73,3% iriam
para destinos turísticos nacionais, sendo 43,5% para o Nordeste, como mostra a tabela a
seguir:
Fonte: ministério do Turismo.
Figura 01: Intenções de viagem – Sondagem Julho 2015
18
No entanto, para que a atividade turística em uma área se desenvolva é necessário que
haja investimento em infraestrutura local, o que inclui: hotéis, restaurantes, sistema de
transportes, energia elétrica e tantos outros.
Esses investimentos e incentivos ao turismo começaram a chegar no município de
Canguaretama, localizado no litoral sul do Rio Grande do Norte, principalmente a partir
de 2005, quando foi criado pelo Governo do Estado o Conselho de Turismo Pólo Costa das
Dunas, através do decreto nº 18.186, cujo objetivo principal foi estimular o turismo nos
municípios participantes, dos quais Canguaretama faz parte. Na imagem abaixo estão
todos os municípios participantes do Pólo Costa das Dunas.
Figura 02: Municípios participantes do Pólo Costa das Dunas.
Fonte:http://edi.bnb.gov.br/content/aplicacao/prodetur/polos/gerados/prodetur_polos_riogd
onorte.asp
A praia de Barra do Cunhaú é o local mais procurado de Canguaretama, que é um dos 6
municípios de maior interesse turístico no Rio Grande do Norte segundo o IBGE (2011), e
que, em 2012, recebeu mais de 100 mil visitantes com base nos dados do Inventário de
Oferta Turística do município.
Para receber esse número de turistas é necessário oferta de estabelecimentos de
acomodação temporária. Para tanto, trazemos a definição de Meios de Hospedagem,
segundo o artigo 23 da lei 11.771 de 2008:
19
“Consideram-se meios de hospedagem os
empreendimentos ou estabelecimentos,
independentemente de sua forma de constituição,
destinados a prestar serviços de alojamento temporário,
ofertados em unidades de frequência individual e de uso
exclusivo do hóspede, bem como outros serviços
necessários aos usuários, denominados de serviços de
hospedagem, mediante adoção de instrumento
contratual, tácito ou expresso, e cobrança de diária”.
Devido à diversificação do turismo e também dos meios de hospedagem, foram surgindo
ao longo dos anos diversos tipos, e então houve a necessidade de criar categorias para
enquadra-los e, consequentemente, aumentar a competitividade do setor.
O ministério do turismo divide os meios de hospedagem em sete tipos¹:
HOTEL: Estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou sem
alimentação, ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo do hóspede, mediante
cobrança de diária.
RESORT: Hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que disponha de serviços de
estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio
empreendimento.
HOTEL FAZENDA: Localizado em ambiente rural, dotado de exploração agropecuária, que
ofereça entretenimento e vivência do campo.
CAMA E CAFÉ: Hospedagem em residência com no máximo três unidades habitacionais
para uso turístico, com serviços de café da manhã e limpeza, na qual o possuidor do
estabelecimento resida.
HOTEL HISTÓRICO: Instalado em edificação preservada em sua forma original ou
restaurada, ou ainda que tenha sido palco de fatos histórico-culturais de importância
reconhecida. Entende-se como fatos histórico-culturais aqueles tidos como relevantes
¹A descrição completa de cada meio de hospedagem pode ser encontrada no site:
http://www.classificacao.turismo.gov.br/MTUR-classificacao/mtur-site/Entenda?tipo=7
20
pela memória popular, independentemente de quando ocorreram, podendo o
reconhecimento ser formal por parte do Estado brasileiro, ou informal, com base no
conhecimento popular ou em estudos acadêmicos.
POUSADA: Empreendimento de característica horizontal, composto de no máximo 30
unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção, alimentação e alojamento
temporário, podendo ser em um prédio único com até três pavimentos, ou contar com
chalés ou bangalôs.
FLAT/APART: Constituído por unidades habitacionais que disponham de dormitório,
banheiro, sala e cozinha equipada, em edifício com administração e comercialização
integradas, que possua serviço de recepção, limpeza e arrumação.
De acordo com o Inventário de Oferta Turística do Município de Canguaretama de 2012,
o local possui 14 meios de hospedagem, divididos, segundo o documento, em chalés,
motéis, pousadas e resorts. Nesses estabelecimentos, majoritariamente localizados em
Barra do Cunhaú, as diárias variam de 100 a 250 reais, a depender da época do ano, e
empregam formalmente mais de 79 pessoas.
Fonte: INVTUR – Canguaretama, RN.
Os 14 meios de hospedagem de Barra do cunhaú tornam-se insuficientes quando a praia
está em alta estação ou recebendo um grande evento como campeonatos de kyte surf.
Em razão disso é que se propõe a elaboração do anteprojeto de uma pousada para o local,
que ajude a suprir as necessidades na alta temporada e também seja um estímulo ao
desenvolvimento turístico no local que possui atrativos naturais privilegiados.
Figura 03: Quantitativo dos meios de hospedagem de Canguaretama
21
2.2 ARQUITETURA HOTELEIRA
2.2.1 – BREVE HISTÓRICO
Segundo Nelson Andrade, Paulo Lucio de Brito e Wilson Jorge (2004), o responsável pelo
surgimento da hotelaria foi o comércio. Durante a Antiguidade, os comerciantes cruzavam
a Europa com especiarias para serem comercializadas entre os diferentes lugares. Esses
viajantes precisavam de local para dormir nas cidades onde chegavam. Na época, haviam
alguns poucos centros de hospedagem, mas maior parte das pessoas encontrava abrigo
em mosteiros, abadias e mesmo nas próprias igrejas.
Com a Revolução Industrial e expansão do capitalismo, a hospedagem passou a ser vista
como uma atividade econômica lucrativa, e a partir de então, começaram a surgir os
hotéis, que ainda eram um pouco diferentes do modelo que conhecemos hoje. Esse
modelo atual, com banheiro privado dentro do quarto só foi introduzido em 1870 pelo
suíço César Ritz em Paris, e posteriormente chegou ao Estados Unidos em 1908.
(ANDRADE, BRITO E JORGE, 2004)
Ainda segundo Nelson Andrade, Paulo Lucio de Brito e Wilson Jorge (2004, p. 22), no Brasil
esse processo não foi muito diferente. Os viajantes do período colonial encontravam
abrigo em conventos, ranchos à beira da estrada, casas-grandes dos engenhos e casarões
na cidade. Nos mosteiros e conventos era comum se encontrar edifícios exclusivos para
hospedagem, assim como existia em algumas casas. O grande impulso foi dado com a
chegada da corte portuguesa e abertura dos portos, que permitiu a entrada de muitos
estrangeiros e, consequentemente, cresceu a demanda por alojamento, foi então que
começam a surgir os hotéis. Outro grande impulso foi dado em 1966 quando é criada a
EMBRATUR, a qual
“... atua através de incentivos fiscais na
implantação de hotéis, promovendo
uma nova fase na hotelaria brasileira,
principalmente no seguimento de hotéis
de luxo (...) Nos anos 60 e 70 chegam ao
Brasil as redes hoteleiras
internacionais”.
Desde então o ramo hoteleiro vem crescendo e ganhando cada vez mais força no país.
Hoje já contamos com hotéis das principais redes internacionais espalhados por todo o
22
território. Os estabelecimentos se diversificaram e acompanharam esse crescimento e as
mudanças de mercado, hoje já apresentam um grande leque de tipologias, estilos e
portes.
2.2.2 – O PROJETO DE ARQUITETURA HOTELEIRA
A bibliografia encontrada sobre essa questão específica ainda é muito escassa. No livro
Hotel: Planejamento e Projeto de Nelson Andrade, Paulo Lucio de Brito e Wilson Jorge
(2004), é possível encontrar uma análise econômica e projetual sobre esse tipo de edifício
que pode ser adaptado para pousadas.
Segundo os autores, antes de um projeto em si é necessário fazer uma análise de
mercado, com relação à demanda e a oferta local. Essa análise exige um conhecimento
específico e deve ser realizada por profissionais da área. Supondo que essa pesquisa foi
elaborada, e que se comprovou a necessidade do empreendimento, daremos
continuidade ao desenvolvimento do projeto.
No livro os autores sugerem algumas classificações de tipologias hoteleiras (que é
diferente da classificação oficial atual da Embratur), mas segundo essa classificação, a
proposta que mais se enquadra no que proponho fazer é Hotel de Lazer:
Empreendimentos fora do centro turístico urbano, com grande beleza natural, excelentes
condições climáticas; com partido arquitetônico horizontal; a clientela preferencial é de
turistas em viagens de recreação e lazer.
Ainda falando sobre os hotéis de lazer, os autores dizem que os apartamentos devem ser
organizados de forma que possuam a melhor vista possível e que, preferencialmente,
possuam varandas que acomodem redes, mesas ou espreguiçadeiras. As piscinas são de
grande importância para o projeto paisagístico, que deve receber atenção especial.
Fred Lawson fala um pouco sobre a relação da implantação dos hotéis em zonas naturais
a proteção ao meio ambiente em seu livro Hotéis & Resorts: planejamento, projeto e
reforma:
23
“Para proteger o meio ambiente e outras
vistas, os hotéis podem ser integrados ao fundo
com um paisagismo apropriado; construídos
contra penhascos junto ao mar e entre
emergências de rochas, para reduzir sua
silhueta; construídos em terraços contra uma
colina e abaixo da altura das árvores nativas. ”
A categoria hotéis de lazer abrange os resorts que são empreendimentos muito maiores
e complexos. Não procurarei trabalhar com algo desse porte até pela proposta de
proteção à natureza, mas vou buscar trazer ao projeto elementos característicos dessa
tipologia em menor escala.
A nível de projetação, Andrade, Brito e Jorge (2004), sugerem um zoneamento do espaço
dividido em 7 grupos:
- Área de hospedagem: Quartos.
- Áreas públicas e sociais: Restaurantes, bares e salões de eventos.
- Áreas administrativas: Recepção e gerência.
- Áreas de serviço: Lavanderia, vestiário e depósitos.
- Áreas de alimentos e bebidas: Cozinha, recebimento e almoxarifado.
- Áreas de equipamentos: Central de gás, quadros de medição e casa de bomba.
- Áreas recreativas: Quadras e piscinas.
Esse zoneamento mais detalhado pode auxiliar a uma melhor organização do espaço e
dimensionamento para que nenhum item fique esquecido.
Algumas outras questões que influem no projeto podem ser levantadas como é o caso de
qual seria o meio de transporte que os hóspedes utilizariam para chegar ao hotel.
Estabelecimentos localizados em áreas acessíveis apenas por avião, como ilhas, não
necessitam de um amplo estacionamento, já hotéis que recebem hóspedes por via
terrestre precisam planejar bem esses espaços. No caso do projeto que desenvolverei,
24
acredita-se que maioria dos hospedes chegue ao local em carro próprio, logo, um
estacionamento é fundamental para o conforto e segurança do usuário.
É importante perceber as particularidades que esse tipo de imóvel possui, trata-se de um
tipo de edifício que dificilmente poderá ser convertido para um outro uso caso o
empreendimento não tenha sucesso. Além disso, um hotel precisa ter um número de
quartos suficiente para sustentá-lo e assim tornar o empreendimento viável
economicamente. Outra questão a ser observada é que quem diz qual tipologia ideal que
o hotel deverá seguir não é o livre arbítrio do arquiteto, mas sim o binômio
mercado/localização. Um hotel localizado no centro de uma cidade de forte atividade
comercial e de serviços dificilmente adquiriria um caráter horizontal, como é o caso dos
hotéis de lazer localizados em praias, semelhante ao que irei projetar.
2.3 DIRETRIZES PARA UM PROJETO COM ÊNFASE NA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Ao contrário do que se imaginava o tema da sustentabilidade na arquitetura já vem sendo
debatido há muitos anos. O primeiro registro de livro sobre esse assunto data de 27 a.C.,
quando o arquiteto romano Marcus Vitório escreveu o Tratado de Arquitetura, onde são
apresentados técnicas que podem ser usadas até os dias atuais. (VENÂNCIO, 2011).
Outro marco importante para o crescimento dessa temática foi dado em 1987 quando o
Relatório da Comissão Mundial sobe Ambiente Desenvolvimento trouxe o termo
desenvolvimento sustentável e o apresentou como o desenvolvimento que atende as
necessidades presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
Entretanto, foi de fato nos últimos anos que o tema se tornou foco apresenta-se
atualmente como uma das grandes áreas de crescimento da Arquitetura devido ao
aumento da degradação do meio ambiente e desastres naturais ocasionados por isso.
Atualmente, o termo ‘sustentabilidade’ possui uma definição que varia um pouco de autor
para autor; no entanto, COOK (2001) identifica algumas etapas a serem cumpridas pelos
projetos para que hajam níveis de sustentabilidade em busca de uma arquitetura que gere
um menor impacto ambiental sobre o ambiente. O primeiro nível está relacionado à
escolha de materiais, consumo de água e energia. O segundo a preocupação com o
25
entorno: fauna, flora e qualidade do ar. O terceiro nível é relacionado às mudanças
estruturais e estilo de vida.
Diante do panorama exposto, o arquiteto tem papel fundamental na disseminação de
construções que possuem um maior respeito com o meio ambiente, pois é dele o papel
de convencer o cliente a optar por realizar um projeto mais sustentável e, para isso, é
necessário que o profissional explore o tema, entenda sua importância para a natureza e
seu benefício para o cliente e para a sociedade.
A aplicação dos princípios de sustentabilidade no projeto demanda planejamento
projetual e investimento financeiro, este último é retornado a médio prazo, através da
diluição de gastos com energia, água e manutenção do imóvel.
O investimento para deixar um imóvel mais sustentável custa em média 5 a 8% do valor
da obra, mas o retorno desse investimento se dá em três vias: valorização do imóvel;
redução do custo de manutenção operacional; e qualidade de vida dos moradores em
contato direto com essa tecnologia verde que é também um bem que se faz à natureza.
(VENÂNCIO, 2011).
2.3.1 – USO RACIONAL DA ÁGUA
REUSO:
A água é um dos recursos naturais mais escassos no planeta. No nosso pais existem
milhões de famílias que não tem acesso a esse benefício essencial à vida. Os desastres
naturais, a redução do volume d’água e a poluição dos rios vêm contribuindo para a
escassez desse elemento.
Em razão disso, é importante que se busque em todos os projetos um aproveitamento
mais inteligente desse recurso, gerando benefícios para o planeta e também para
economia dos estabelecimentos.
Um dos métodos mais conhecidos para um uso mais racional da água é o armazenamento
da chuva para usar no jardim e descarga de privadas. Porém, como em nossa região as
26
chuvas são escassas na maior parte do ano, optei por não equipar o meu projeto com esse
tipo de sistema. Em vez disso, decidi aplicar um sistema de reuso de água residual.
Antes de apresentar o sistema escolhido é importante ressaltar que as alternativas devem
estar de acordo com a NBR-13.969/1997 que trata dos “Tanques sépticos - Unidades de
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção
e operação”.
Através do sistema a ser escolhido, as chamadas águas cinzas, que são aquelas
provenientes dos ralos das torneiras e chuveiros, passarão por um processo que varia de
acordo coma necessidade de purificação da água tratada e cuja finalidade é torna-la em
qualidade aceitável para ser reaplicada em uma outra atividade, como descarga de
privadas e rega de plantas.
De acordo com a referida NBR, é importante frisar que esse sistema necessita de pontos
de reserva e distribuição independentes dos ligados à rede de água potável. A tubulação
de água reaproveitada precisa ser de coloração diferente daquela que transporta água
potável e, em sua saída externa, possuir travas e estar sinalizados sobre essa diferenciação
com relação à potabilidade da água.
A água para uso na jardinagem possui um grau de exigência em pureza da classe 2,
enquanto a usada para descarga de privadas precisa de uma classe 1 (menos exigente).
Em casos como esse, de acordo coma NBR-13.969/1997, o sistema utilizado para filtragem
da água deve seguir a do uso de maior exigência quanto à qualidade do efluente a ser
tratado.
Logo, para o caso em questão, é necessário um sistema de tratamento biológico aeróbio
seguido de filtração de areia e desinfecção.
Esse processo obedece três etapas: tratamento da água; unidade de reserva da água de
reuso; e ponto de redistribuição da água tratada.
EQUIPAMENTOS:
O uso racional da água envolve mais do que métodos de reaproveitamento; esta é
também uma questão de consciência do usuário durante as atividades que ele
desempenha. A questão é que esse é um fator que não pode ser facilmente controlado
27
pelo estabelecimento, no entanto, a escolha dos equipamentos corretos pode ajudar e
muito no controle do consumo de água.
O mercado dispõe atualmente de diversos produtos com funções que visão essa
economia. Por exemplo: vasos sanitários de caixa acoplada com duplo acionamento de
botões para resíduos líquidos e sólidos; torneiras com sensor de movimento que
interrompem o fluxo de água imediatamente após a saída do usuário; uso de aeradores
em torneiras para reduzir o fluxo deixando a água mais espumante, o que parece estar
saindo mais água, mas na verdade está economizando até 30% da mesma. (VENÂNCIO,
2011)
2.3.2 – USO RACIONAL DE ENERGIA
ENERGIA SOLAR:
Se existe um recurso que pode e deve ser amplamente explorado no Nordeste é a
radiação solar, pois, diferentemente da chuva, este recurso é abundante na região
durante quase todo ano. Pensando nessa grande oferta, e tendo em vista o alto custos
que as empresas possuem com energia e também o grande impacto que o meio ambiente
sofre para produzir a mesma, é que se torna fundamental investir nesse aspecto.
Segundo o arquiteto Heliomar Venâncio, em seu livro ‘Minha casa sustentável: guia para
uma construção residencial responsável’, na sociedade moderna qualquer atividade só é
possível com o uso de uma ou mais formas de energia. O autor também afirma:
“Estima-se que todas as reservas de petróleo
durem mais 40 anos, as de gás 67 anos e as de
carvão mais 164 anos.
A ecoeficiência energética é um dos pilares da
sustentabilidade de uma residência, pois é a
solução mais econômica, eficaz e rápida para
diminuir os impactos ambientais do uso incorreto
das fontes energéticas, da emissão de carbono
(CO2), e, claro, tornar a manutenção do imóvel mais
barata. ” (VENÂNCIO,2011, p. 17)
28
Diante desse panorama e sabendo também que o chuveiro elétrico é responsável por 40%
do consumo de energia de uma casa, será investido no uso de energia solar para
aquecimento da água para os chuveiros. Esse sistema é composto de:
1- Placas coletoras: absorvem a radiação solar e transferem o calor para a água que
circula em uma tubulação revestida interiormente de cobre. A relação varia de
acordo com o fabricante, mas em média cada m² de placa aquece 100 litros de
água.
2- Reservatório térmico (Boiller): armazena a água aquecida. Pode ser de cobre, inox
ou propileno.
3- Tubulação: a água aquecida na placa fica menos densa e a água fria vinda da caixa
d’água empurra a água quente para o reservatório térmico. O processo é chamado
de termosifão.
4- Caixa d’água: reservatório comum da residência que abastece os pontos de água
fria.
É importante lembrar que em casos raros onde hajam muitos dias sem sol, um sistema
auxiliar de aquecimento elétrico é acionado automaticamente.
LED:
Outro ponto importante para economia de energia é o uso de lâmpadas de LED. Essa
tecnologia emite luz fria, sem calor, através do movimento dos elétrons nos
semicondutores. Esse tipo de luz utiliza 87% menos energia para produzir a mesma
luminosidade de uma lâmpada incandescente de 60 watts. As lâmpadas de Led são ainda
mais duradouras do que as convencionais, o que compensa o custo mais alto.
2.3.3 – USO RACIONAL DE MATERIAIS
Uma das primeiras lições que aprendemos com a arquitetura sustentável é que o
arquiteto deve se preocupar com o impacto que a edificação irá gerar sobre o meio
ambiente. Nem sempre é possível construir de forma 100% limpa, mas é importante
sempre buscar formas mais ecologicamente corretas.
29
Um ponto importante é só utilizar na obra madeira ecológica, que é aquela que participa
do processo de remanejamento florestal e por isso possui o selo de certificação ambiental.
Outra opção com relação à madeira é a de demolição, que é fruto de uma certa reciclagem
e por isso é correta, possuindo um grande atrativo visual de aspecto rústico.
É importante ressaltar ainda que o mercado conta hoje com diversos materiais que imitam
a madeira, as vezes esses materiais podem custar mais barato, serem frutos de processos
de reciclagem e ainda exigem menor atenção com relação à manutenção, como é o caso
de algumas cerâmicas.
2.3.4 – RESÍDUOS DURANTE A OBRA
Segundo VENÂNCIO (2011), entre 40 e 60% dos resíduos sólidos urbanos das grandes
cidades são provenientes da construção civil. Eles são em sua grande maioria: argamassa,
areia, cerâmica, concreto, madeira, metais, plásticos, pedra, tijolos, tintas e papeis.
Sabe-se que esses resíduos, assim como os demais gerados no Brasil são jogados no meio
ambiente de forma desordenada e despreocupada, mas é importante saber que existem
usinas de reciclagem no Nordeste. Tratam-se de empresas que, de uma forma geral e
simplificada, recebem os entulhos, separam, passam por um britador e geram um produto
final que serve à própria indústria civil. Esse novo produto pode ser utilizado como
agregado para concreto, construção de aterros ou servir de base para pavimentação, além
de tantos outros usos.
As vantagens desse tipo de serviço são enormes. Além da geração de empregos,
diminuição da poluição ocasionada pelo entulho antes descartado de forma irresponsável
no meio ambiente gera uma maior preservação das fontes naturais de matéria prima.
31
3. ESTUDOS DE REFERÊNCIA
Nesse capítulo serão apresentados 5 estudos de caso que tiveram relevância no
desenvolvimento do projeto. São 4 estudos indiretos, realizados por meio de revistas, sites
e livros e 1 estudo direto realizado in loco através da aplicação de uma mini APO (Análise
Pós Ocupação).
3.1 ESTUDOS INDIRETOS
3.1.1 FASANO LAS PIEDRAS HOTEL – URUGUAI
Esse projeto foi escolhido em razão da natureza ter sido a grande definidora do partido
arquitetônico. O terreno foi o principal condicionante projetual pois havia o objetivo de
não alterar sua geografia, além disso, o arquiteto buscou investir na sustentabilidade
fazendo uso de pedras da própria região entre outras estratégias.
O hotel localizado em Punta del Este é de autoria do arquiteto Isay Weinfeld e foi
inaugurado em 2010. Trata-se de uma área rural de 480 hectares, árida, rochosa e de
vegetação esparsa e rasteira. A proposta era não interferir no terreno, e minimamente na
paisagem e na natureza, para isso, o hotel foi construído em diversos blocos espaçados e
erguidos sobre as pedras do próprio terreno.
Figura 04: Imagem Fasano Las Piedras
Fonte: Archdaily Brasil Fasano Las Piedras
O programa de necessidades é composto pelos bangalôs, spa, piscina, bar, restaurante,
longe para festas, espaço para prática de esportes e outros. A implantação (figura 05)
32
ficou então dividida em 9 porções divididas em: Restaurante, Bangalôs, spa, espaço para
eventos, recepção, piscina com bar, quadra de tênis, área de serviços e estacionamento.
Figura 05: Implantação do estabelecimento.
Fonte: Achdaily Brasil – Hotel Fasano Las Piedras
33
O prédio em formato de ‘U’, onde fica a recepção e o restaurante, foi fruto de uma
reforma e ampliação da casa do antigo proprietário do local. O edifício já possuía um estilo
semelhante ao aplicado no projeto atual e já estava posicionado acima de uma base feita
com as pedras locais. Próximo à recepção, foram instalados um cofre e uma sala de
administração. No edifício, há ainda diversos espaços para descansar, além de banheiros,
área para funcionários e depósito de malas. O restaurante serve diariamente o café da
manhã e oferece mesas num espaço fechado e outras na varanda ao ar livre com vista
para o pátio e para os bangalôs, por estar posicionado na parte mais alta do terreno.
Fonte: Arqchdaily Brasil – Fasano Las Piedras
Figura 06: Planta baixa da recepção e restaurante – Fasano Las Piedras
34
O empreendimento conta com duas tipologias de quartos: casas de 120m² e bangalôs de
80m². Ambos os tipos só possuem um quarto, com varanda, banheiro, depósito e
garagem, já que todos os blocos do local são afastados e o terreno possui desnível. A
planta baixa das unidades habitacionais estão ilustradas nas imagens abaixo.
Figura 07: Planta baixa Bangalôs – Fasano Las Piedras
Fonte: Arqchdaily Brasil – Fasano Las Piedras
35
Figura 08: Bangalôs – Fasano Las Piedras
Fonte: Arqchdaily Brasil – Fasano Las Piedras
A área do bar e piscina foi posicionada na parte alta do terreno em um espaço que se
aproveitava de uma depressão natural formada pelas pedras. Ao lado desse local, foi
colocado um container revestido com aço cortem (material que muda de coloração e se
molda ao ambiente) para abrigar o bar, sua cozinha, uma copa, os chuveiros e uma sauna.
Figura 09: Planta baixa da piscina e apoio – Fasano Las Piedras
Fonte: Arqchdaily Brasil – Fasano Las Piedras
36
Figura 10: Imagem piscina e apoio – Fasano Las Piedras
Fonte: Arqchdaily Brasil – Fasano Las Piedras
Esse estudo de referência foi muito enriquecedor pois trata-se de um hotel
contemporâneo que buscou respeitar a natureza em seu projeto, se moldando ao terreno
e permitindo que ele fosse o principal condicionante na distribuição dos espaços. Além
disso foi importante também por estar com a planta de todas os edifícios, o que permitiu
uma maior compreensão das necessidades e funcionamento do estabelecimento.
37
3.1.2 NAMAN RESORT – VIETNÃ
Esse estudo de referência foi escolhido em razão da sua diversidade de unidades
habitacionais que permite atender diversos públicos além das soluções de fachada e
matérias utilizados, que foram considerados interessantes e pertinentes ao clima do Rio
Grande do Norte.
O Naman Resort fica localizado no meio de uma estrada que liga duas cidades no Vietnã.
O terreno do empreendimento possui uma área de 3,4 hectares, seu formato é
retangular e um dos lados menores fica voltado para a praia e o outro para a estrada. O
programa de necessidades era grandioso e compreendia 80 bangalôs, um edifício hotel,
20 residências e 6 vilas de luxo, além de toda infraestrutura de bar, restaurante, recepção
e tantos outros. O arquiteto responsável pelo empreendimento é Vo Trong Nghia, do
escritório Vo Trong Nghia Architects. Para cumprir um programa de necessidades tão
extenso foi necessário ocupar o terreno quase totalmente, e por isso o arquiteto fez
bastante uso de vegetação em paredes e telhados. O conceito do resort é proporcionar
tratamento físico e mental para os hóspedes, oferecendo atividades como spa, ioga e
esportes. Para alcançar essa atmosfera desejada, o projeto conta com uso intenso de
vegetação, pedras naturais e bambu.
Fonte: Archdaily Brasil – Naman Resort
Figura 11: Planta esquemática inicial Naman Resort
38
Figura 12: Perspectiva 3D inicial
Fonte: Archdaily Brasil – Naman resort
O edifício hotel é o mais alto. Ele foi construído em forma de L abraçando a piscina, e
possui uma área total de 2.480m², divididos em 3 pavimentos, com um total de 32 células.
A varanda de cada quarto dá vista para a piscina, o que se configura um atrativo para
desfruta-la, porém, o ambiente interno do quarto continua protegido e resguardado para
o relaxamento, pois é cercado por brises de concreto e forrado com vegetação vertical
que criam uma barreira visual. Devido a essa característica, o edifício foi denominado
Babilônia.
Figura 13: edifício hotel Naman Resort
Fonte: Archdaily Brasil – Naman Resort
39
Figura 14: Planta baixa esquemática do primeiro pavimento do edifício hotel
As 6 vilas de luxo foram locadas em frente ao mar. Suas formas são ousadas e lembram
tapetes verdes, já que possuem uma cobertura forrada por grama. Além desse material é
forte a presença do bambu e do concreto.
Figura 15: Imagens Naman Resort
Fonte: Archdaily Brasil – Naman Resort
Fonte: Archdaily Brasil – Naman Resort.
40
O projeto como um todo é muito ousado e surpreende no que diz respeito à arquitetura.
Outro edifício que chama atenção é o bar da piscina, todo elaborado em bambu e coberto
por palha. A estrutura foi toda montada in loco de forma natural e passando por um
processo para melhor a qualidade do bambu que durou 4 meses. O bar fica localizado em
frente a piscina comum de borda infinita e possui vista direta para a praia. Sua estrutura
vazada permite a passagem da brisa para refrescar os usuários.
Figura 16: Imagens do bar – Naman Resort
Fonte: Archdaily Brasil – Naman Resort
O Naman Resort me chamou atenção pela sua diversidade em tipos de acomodação que
podem atender a variados públicos. Além disso, outro ponto forte do projeto são as
soluções de fachada e os materiais construtivos, que conseguiram tornar um ambiente
tão densamente ocupado em algo agradável e que remete a todo o momento a elementos
naturais. Essas soluções utilizadas podem ser perfeitamente aplicadas em projetos para
o litoral do Rio Grande do Norte que possui um clima semelhante ao local e onde há
disponibilidade de matéria prima.
41
3.1.3 MAKENNA RESORT – BRASIL
Esse resort foi escolhido como estudo de referência pois ele se encontra em uma área de
reserva florestal e por isso seu projeto foi pensado para interferir minimamente no espaço
natural. Trata-se de um bom exemplo de como a arquitetura pode se desenvolver sem
agredir o meio ambiente.
O Makenna resort fica localizado entre as praias de Ilhéus e Itacaré, na Bahia. O projeto é
do ano de 2010 e a autoria é do escritório Drucker Arquitetura. O terreno onde ele foi
construído possui 50 hectares e é uma área de mata atlântica, que se constitui uma
reserva florestal protegida pela Unesco e pelo Ibama, ou seja, uma área de grandes
restrições construtivas, e por essa razão, somente a faixa litorânea do terreno foi utilizada.
Figura 17: Bloco principal Makena Resort
Fonte: Ducker Arquitetura. Disponível em: http://www.monicadrucker.com.br/proj_pags/pi_mresort.html
Esses condicionantes fizeram com que a natureza fosse determinante para adoção do
partido arquitetônico, já que o projeto deveria se moldar à mesma, pois nenhuma árvore
poderia ser derrubada para construção do resort. O programa de necessidades foi dividido
em um clube com restaurante e lazer, um spa e os 16 chalés que formam o espaço dos
dormitórios.
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Figura 18: Proposta de implantação – Makena Resort
Fonte: Archdaily Brasil – Makena
Os chalés, assim como o edifício sede principal, ficam todos voltados para o mar. Eles
possuem traços do modernismo e minimalismo, evidenciados pela laje aparente de
concreto e simplicidade das fachadas. A área dos bangalôs varia de 80 a 150 m² para
oferecer mais possibilidades de plantas e assim receber diferentes grupos de pessoas. As
paredes foram revestidas com arenito do Norte, que é uma pedra típica da região. As
aberturas são formadas por venezianas de madeira instaladas na parede frontal e
posterior de cada chalé para favorecer a ventilação e minimizar o uso de ar condicionado.
Com relação à sustentabilidade, o projeto contou com algumas estratégias para contribuir
com a natureza. Todos os chalés ficam elevados do solo em 70cm, o que ajuda para que
permaneçam livres de sua umidade. A cobertura é feita com laje nervurada e EPS
(Poliestireno Expandido), que contribui para uma maior proteção contra o sol, diminuindo
em até 20 graus a temperatura interna. Como já foi dito, houve emprego da ventilação
cruzada para favorecer as trocas de ar, e há um sistema de reuso de água e captação de
energia solar.
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O projeto do Makenna Resort é considerado uma referência interessante por ser
localizado no Brasil, numa área de sensibilidade ambiental e por trazer em sua concepção
os princípios de sustentabilidade fundamentais para o seu funcionamento numa área
naturalmente tão sensível. Outro ponto que me chamou atenção foram os traços
modernistas e minimalistas, pouco comuns nesse tipo de hotel. A implantação é
considerada adequada pois se moldou à natureza e, mesmo assim, ofereceu chalés com
vista privilegiada para praia.
Figura 19: Chalés – Makenna Resort
Fonte: Ducker Arquitetura. Disponível em: http://www.monicadrucker.com.br/proj_pags/pi_mresort.html
44
3.1.4 AREIAS DO SEIXO – PORTUGAL
Esse estudo de referência foi escolhido por aplicar a ideia de sustentabilidade em todos
os seus seguimentos, desde o projeto arquitetônico até o funcionamento diário do
estabelecimento através das atividades de lazer do hotel, o que se configura uma
inovação no mercado e apresenta um novo conceito em turismo e conscientização.
O hotel aqui estudado fica localizado dentro do conjunto turístico Areias do Seixo, em
Santa Cruz na costa oeste de Portugal. O projeto de autoria do arquiteto Vasco Vieira, do
escritório Arqui+, é formado por um hotel e mais 19 lotes de casas unifamiliares.
O programa de necessidades atual do projeto conta com catorze quartos, cinco vilas e
uma townhouse, além do restaurante, mercearia, sala de projeção, SPA, horta orgânica
e estufa para produção de ervas aromáticas e realização de eventos.
Figura 20: Areias do Seixo - Portugal
Fonte: Arqui+. Disponível em: http://www.arquimais.com/
Os quartos são unidos por um deck de madeira, todos com vista frontal para o mar. Para
alcançar esse resultado os arquitetos elaboraram uma implantação num formato que
lembra uma meia esfera, com a circulação cortando-a ao meio e a área de serviços na
parte posterior dos quartos. A baixa densidade do hotel era um dos desejos dos
proprietários, para que assim os hóspedes pudessem ter maior contato com a natureza.
45
Figura 21: Proposta de implantação – hotel areias do seixo
Fonte: Archdaily Brasil – Areias do Seixo
No que diz respeito à sustentabilidade, o hotel tem muito a acrescentar pois já foi
premiado diversas vezes por essa questão. Ele é todo fundamentado nos princípios do
turismo sustentável, com incidência na eficiência energética, energias renováveis e
aproveitamento dos recursos naturais. O hotel conta com um sistema de
reaproveitamento de água da chuva, uma horta própria que abastece o restaurante. O
hotel oferece aos hóspedes a possibilidade de integração com a natureza através de
atividades como colheita de ervas para chás, pesca, visitação a dunas, aulas de
compostagem e sustentabilidade.
Essas atividades visam desenvolver nos hóspedes uma maior sensibilidade para o
despertar de um novo estilo de vida mais amigo da natureza, o que é chamado de turismo
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emocional. Dentro desse programa, estão as seguintes atividades, de acordo com o
Caderno de Sustentabilidade extraído do site do Hotel Areias do Seixo:
Da Terra ao Prato: Passe uma manhã na companhia dos agricultores do hotel e colha os legumes e ervas aromáticas que serão utilizados na confecção do seu almoço, com a ajuda do Chef.
Na Horta Conosco: Poderá utilizar um pedaço de terra fornecido pelo hotel, para o cultivar e lhe dar vida com as suas próprias mãos.
Por outro lado, o Hotel disponibiliza igualmente atividades de cariz mais técnico que permitem conhecer as medidas implementadas para uma gestão sustentável da atividade do Hotel, nomeadamente:
Think-Eco: Deixe-se levar numa visita guiada ao sistema de automação do hotel, aprendendo sobre a eficiente gestão de recursos.
Circuito da Compostagem: Conheça os métodos para reutilizar os resíduos orgânicos produzidos na sua estadia. (Relatório de sustentabilidade 2010/11 – Areias do Seixo).
Os principais materiais observados no edifício são o vidro, a madeira, o seixo e pedra. A
atmosfera intimista do local é surpreendida quando se entra nos quartos, cada um deles
foi projetado com um tema diferente, como por exemplo: Marrocos, Índia e etc. O
programa de necessidades conta ainda com saunas, banhos turcos e uma piscina
aquecida.
Como a empresa tem prazer em frisar, a ideia de sustentabilidade nasceu junto ao hotel.
A construção do projeto já contou com diversas medidas para reduzir o seu impacto. O
terreno não foi modificado para construção do hotel, ela moldou-se ao mesmo, e se
moldou também as ruinas de um aviário que ali existia e foi britado para constituir a base
pavimentada do hotel. Outra estratégia usada pelo arquiteto foi a aplicação de cortiça
(abundante na região e de origem natural) nas paredes duplas para auxiliar no isolamento
térmico.
47
Figura 22: Quartos – Areias do Seixo
Fonte: Arqui+. Disponível em: http://www.arquimais.com/
O hotel Areias do Seixo interessa a esse estudo pois nele a sustentabilidade está em
primeiro plano sem, contudo, abrir mão da elegância e muita criatividade. O hotel tem
um conceito diferenciado, pois não limita a sustentabilidade a si mesmo e ele busca
transmitir isso aos hóspedes. O estabelecimento também traz novidades nessa área, se
diferencia do comum através das propostas de atividades de conscientização e por
oferece boa gastronomia apenas com produtos da região e outros produzidos por ele
mesmo. Os traços são contemporâneos e mostram uma arquitetura de qualidade que
passa sofisticação e consciência com o meio ambiente.
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3.2 ESTUDO DIRETO
3.2.1 POUSADA MARAJOARA
O estudo de caso direto foi realizado na pousada Marajoara, localizada na Praia da Pipa.
A pousada, fundada em 1991, neste ano completa 25 anos de funcionamento e, por isso,
é uma das mais antigas da região.
Figura 23: Fachada Pousada Marajoara
Fonte: Pousada Marajoara. Disponível em: http://www.pousadamarajoara.com.br/index.html
O terreno da propriedade fica na Avenida Baía dos Golfinhos, rua principal de Pipa, a 200
metros do centrinho, próximo aos bares, restaurantes e mercados. Não só por isso, o
terreno é também privilegiado por ser à beira mar, oferecendo acesso direto à praia e se
configurando como um ótimo ponto para observação dos golfinhos e tartarugas.
O estabelecimento conta com um total de 20 apartamentos divididos em: 15 duplos, 3
triplos e 2 quádruplos, totalizando uma capacidade para 47 pessoas. Para atender a esse
número de hóspedes o hotel conta com 8 funcionários, sendo 2 para recepção (um por
turno), 1 guarda noturno, 1 para serviços de manutenção e 4 auxiliares de serviços gerais
que ajudam a preparar o café da manhã e também a arrumar os quartos.
O funcionamento da recepção da pousada é de 24 horas, mas os serviços de restaurante
e lavanderia só funcionam pela manhã.
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O programa de necessidades atual é assim composto: Recepção, escritório, banheiros
sociais, sala de espera e estacionamento; 20 apartamentos; salão para refeições, cozinha,
lavanderia, vestiário dos funcionários, depósito; piscina com deque e jardim.
Como a pousada acompanhou o crescimento da praia da Pipa ela sofreu reformas ao
longo do tempo que foram necessárias para atender à crescente demanda da região. Para
chegar na configuração atual em que se encontra foram 3 etapas. Na primeira construção
foi elaborado apenas um bloco com 10 apartamentos geminados e encostados no muro
que davam vista para o jardim, ao seu lado foi criado um pequeno galpão onde funcionava
a cozinha, lavanderia e recepção.
Na imagem abaixo, a parte listrada corresponde à área total do lote, a parte pintada de
amarelo é o galpão de serviços e a de azul é o bloco inicial com 10 apartamentos.
Figura 24: Implantação inicial – Pousada Marajoara
Fonte: Acervo da autora.
Com o passar dos anos o proprietário realizou uma reforma para melhorar a infraestrutura
da pousada e ampliar a capacidade de hóspedes. Nessa modificação, foi construída a
piscina com um deck de apoio voltado para o mar e mais um bloco com 8 apartamentos
divididos em dois pavimentos com vista para o mar.
50
Na imagem abaixo (figura 25), observa-se a marcação do outro bloco pintado de azul que
corresponde aos 8 novos apartamentos além do deck com vista para o mar em marrom e
da piscina em azul.
Figura 25: Implantação 2 – Pousada Marajoara
Figura 26: imagem das benfeitorias realizadas na reforma
Fonte: Pousada Marajoara. Disponível em: http://www.pousadamarajoara.com.br/index.html
A última modificação sofrida pela pousada criou um outro edifício para abrigar a recepção,
um escritório, banheiros sociais e, na parte superior, um grande salão aberto com vista
para o mar onde é servido o café da manhã além da cozinha que o oferece suporte. O
bloco que antes comportava essa função foi reformado para acomodar mais dois quartos
e ampliar a lavanderia e a área de funcionários.
Fonte: Acervo da autora.
51
A ilustração abaixo (figura 27) mostra a configuração de implantação atual da pousada,
com a construção do novo bloco de serviços e mais um apartamento com vista para o
mar. Dessa forma observa-se que 40% do terreno é construído e os outros 60% é
destinado ao jardim, circulação e estacionamento.
Figura 27: Implantação atual – Pousada Marajoara
Fonte: Acervo da autora.
Segundo os funcionários, do ponto de vista funcional, o local é adequado agora, mas
poderia melhorar caso o setor de serviços da lavanderia e o banheiro de funcionários
estivessem mais próximos da recepção e não no meio da área dos apartamentos.
De acordo com entrevistas feitas com usuários no momento da visita, eles relataram que
escolheram o local para se hospedar em razão da localização e do preço acessível. Quando
questionados ao que poderia melhorar eles citaram aspectos relativos à ambientação do
local, aos acabamentos e mobiliário.
3.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ESTUDOS
Os estudos de referência serviram como balizadores do projeto a ser desenvolvido tanto
do ponto de vista estético quanto funcional. Os principais pontos observados nos estudos
realizados foram:
- Manutenção do perfil natural do terreno
52
- Uso de matéria prima e mão de obra local
- Os estudos apresentam estilo rústico associado a elementos contemporâneos que
transmitem elegância à volumetria.
- Unidades habitacionais voltadas para área de lazer ou para área de maior atração cênica
e paisagística
- Uso de soluções que buscam menor impacto ambiental e primam pela economia de
energia sem perda de conforto.
- Diversidade nas tipologias de unidades habitacionais para atender a um maior público.
54
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS
Nesse capítulo, serão abordados três tipos de diretrizes norteadoras do desenvolvimento
do projeto. Os condicionantes físico-ambientais apresentam o universo de estudo em que
o lote está inserido, com suas medidas e características principais, bem como sua análise
socioambiental. Os condicionantes legais trazem um levantamento da legislação que
incide sobre o terreno e sobre o tipo de uso a ele destinado. Por fim, os condicionantes
funcionais são formados pelo programa de necessidades, fluxograma, zoneamento. Esses
3 grupos constituem os principais elementos que influenciam diretamente na elaboração
da proposta arquitetônica.
4.1 CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS
Como já foi citado anteriormente, a escolha do universo de estudo para implantação da
proposta seguiu aspectos pessoais e sobretudo estruturais, já que há uma real demanda
da região, constatada no inventário do município. Além disso, a região mostrou-se
adequada para instalação da pousada pois dispõe de fortes atrativos turísticos do ponto
de vista natural e histórico.
Figura 28: Município de Canguaretama
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Canguaretama
55
O terreno escolhido para receber o projeto está localizado em Barra do Cunhaú, distrito
do município de Canguaretama, localizado no litoral sul do Rio Grande do Norte. De
acordo com dados contidos no Inventário de Oferta Turística de Canguaretama (INVTUR,
2014), o município possui 30.916 habitantes e uma área total de 245,4 Km², fazendo
fronteira com os municípios potiguares de Vila Flor, Tibau do Sul e Goianinha ao norte; ao
leste com Baía Formosa e o Oceano Atlântico; oeste com Espírito Santo e Pedro Velho; e
ao sul, com os municípios paraibanos de Mamanguape e Mataraca.
Canguaretama está na latitude 06º 22' 48" S, e na longitude 35º 07' 44" W, o município
possui uma altitude média de 5 metros acima do nível do mar, o clima é
predominantemente tropical com uma média de temperatura anual de 25,6 ºC,
apresentando mínima média de 21 °C e máxima de 33 ºC. O período de seca é no mês de
outubro e o período de chuva é de abril a maio (INVTUR, 2014).
Figura 29: Praias do Rio Grande do Norte
Fonte: http://www.natal-brazil.com/maps/
56
A principal vida de acesso a Barra do Cunhaú é a BR 101 e a distância até a capital do
Estado é de cerca de 90 Km. A praia fica localizada no ponto em que o Rio Curimataú
desagua no mar, e esse encontro oferece regiões de águas calmas e piscinas naturais e,
em outras áreas, águas de natureza mais agitada. O local é um destino conhecido
mundialmente para prática de kite surf e windsurf devido a intensidade dos ventos, e, por
essa razão, já foi inclusive palco de competições internacionais. Principalmente nessas
ocasiões os 14 estabelecimentos de hospedagem¹ disponíveis são insuficientes para
atender à demanda, ou seja, a falta de infraestrutura de apoio ao turismo prejudica a
promoção do próprio município.
Atualmente, a economia da região é movimentada principalmente pelo turismo e pela
carcinicultura, que é o cultivo de camarões. Outro grande atrativo e ponto de referência
para a enseada é a proximidade com a famosa praia da Pipa, distante 14 Km.
O TERRENO
A escolha do terreno surgiu de uma visita ao local. Na ocasião, buscava-se um espaço
amplo, de fácil acesso à praia e próximo de outros equipamentos de apoio ao turismo
como restaurantes, agencias de passeio e mercados. A procura resultou no encontro de
uma grande área plana, à beira mar, pouco antes do início do rio Cunhaú.
O terreno onde será proposto a pousada apresenta uma geometria irregular, possui uma
área total de aproximadamente 7.000 m² e perímetro aproximado de 341,48 metros.
Segundo informações obtidas na prefeitura de Canguaretama, a área escolhida
corresponde a dois terrenos particulares de um loteamento, sendo assim, para realização
do projeto, adota-se a premissa de que os dois lotes seriam adquiridos e então seria
realizada a fusão.
¹ De acordo com dados do Inventário da Oferta Turística do Município de 2014.
57
Figura 30: Terreno escolhido
Fonte: Google Earth, 2016, modificado pela autora.
O lado norte do terreno possui 80,27 metros e faz limite com uma residência, ao leste o
terreno possui 67,38 metros lindeiros a praia, ao sul tem 89,35 metros em contato com
uma via de acesso à praia não pavimentada e depois dela mais terrenos desocupados do
mesmo loteamento. Por fim, a oeste, o terreno possui 104,48 metros e faz fronteira com
a via asfaltada RN 269 que é a principal rota que liga todas as áreas da enseada.
Para terrenos localizados na costa brasileira deve-se fazer uma consulta para certifica-se
se ele está ou não em área de marinha. Os terrenos de marinha são todos aqueles
localizados até 33 metros no sentido do continente a partir da linha da maré cheia,
conhecida como linha de preamar. Esse limite foi catalogado no ano de 1831 e por isso é
muito diferente de onde atualmente está a média das marés cheias. Esse
georeferenciamento é de responsabilidade da Superintendência do Patrimônio da União.
Essas questões estão regulamentadas pela Lei 9.636/98 que trata do “Patrimônio da
União”, do qual fazem parte os terrenos e acrescidos de marinha. As áreas de marinha
podem sim ser edificáveis já que seu uso é cedido aos ‘proprietários’, mas a construção
não pode avançar o limite da praia e precisa estar de acordo com o Plano Diretor local.
58
Figura 31: Terreno e linha de preamar
Fonte: IDEMA, 2016. Modificado pela autora.
Como pode ser observado na imagem acima a linha vermelha passa já no continente,
então toda a área entre o mar e a Linha de Preamar Média são considerados terrenos
acrescidos de marinha. Entretanto, por se tratar de uma área com urbanização
consolidada, acredita-se que não haveria impedimento construtivo do ponto de vista da
União.
Com relação a aspectos geoambientais, segundo informações obtidas no Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA) o terreno encontra-se em uma
planície de deflagração, ou seja, não possui impedimento ambiental para a construção.
Diante dessas análises positivas para a realização do projeto observadas até aqui, segue
agora com o estudo dos outros condicionantes projetuais.
59
4.2 CONDICIONANTES LEGAIS
Os condicionantes legais são relativos as leis e normas que incidem sobrea área escolhida
para realização do projeto. Esses pontos trazem as restrições a nível ambiental,
urbanístico e projetual, além desses itens, nesse tópico são tratados também as restrições
pertinentes ao projeto de arquitetura hoteleira, trazendo os requisitos, dimensões
mínimas, medidas de segurança, acessibilidade e tantos outros.
Esses condicionantes, assim como os demais vistos anteriormente são modeladores da
proposta arquitetônico já que eles devem ser obedecidos à risca.
Os objetos utilizados para fundamentar essas diretrizes projetuais são: Plano diretor do
município, Código de obras de Canguaretama, Deliberação Normativa nº 429/02, Norma
Brasileira de Acessibilidade (NBR 9050), Código de segurança contra incêndio e Pânico do
Rio Grande do Norte.
4.2.1 PLANO DIRETOR MUNICÍPIO DE CANGUARETAMA
O plano diretor de Canguaretama/RN está regulamentado pela lei municipal nº 314/2006
de 09 de outubro de 2006 é parte integrante do planejamento municipal e tem como
principal meta garantir o desenvolvimento social, ambiental e econômico do município.
De acordo com o macrozoneamento ambiental do referido plano diretor, o distrito de
Barra do Cunhaú é classificado como uma Zona Urbana. Dentro dessa classificação o
terreno pode ainda ser dividido em Zona Adensável ou Zona de Proteção Ambiental.
Adensável seriam todas os lotes adequados para urbanização, já a de Proteção Ambiental
são as áreas contidas em uma faixa de até 300 metros sobre cada uma das margens do
rio que corta a região. Essa divisão visa proteger o ecossistema ribeirinho e a mata ciliar.
O distrito estudado possui áreas classificadas em ambas as zonas, porém o terreno em
questão não se encontra na margem do rio, mas sim do Oceano Atlântico, e por essa razão
está classificado como uma Zona Adensável.
Sobre o macrozoneamento ambiental sobrepõe-se o Zoneamento Funcional, o qual
informa que todo o território de Barra do Cunhaú é classificado como uma Área Especial
60
de Interesse Turístico, que são os espaços onde há interesse público em desenvolver o
potencial turístico, promovendo a urbanização da faixa de praia, integrando-a as áreas
livres adjacentes e prezando pela preservação da paisagem natural.
O plano diretor em questão também estabelece as seguintes prescrições urbanísticas
referentes ao terreno escolhido:
I – Potencial básico de aproveitamento, para todos os terrenos,
corresponde a uma vez a área do terreno;
II – Potencial máximo de aproveitamento, permitido com
pagamento de concessão onerosa para aproveitamento do solo
criado ou transferência de potencial construtivo, para todos os
terrenos da Zona Adensável, corresponde a três vezes a área do
terreno. (p. 40)
O recuo frontal exigido para lotes lindeiros a vias estruturais ou coletoras é de 3,00 metros
medidos a partir do alinhamento da edificação à divisa frontal do lote. Para os recuos
laterais de fundo segue a seguinte regra:
I – Primeiro pavimento ou até 3,00m (três metros) de altura
– recuo mínimo dispensado;
II – Segundo pavimento ou até 6,00 (seis metros) de altura –
recuo mínimo de 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros);
III – Para cada pavimento elevado acima de 6,00m (seis
metros) de altura acrescenta-se 0,28cm (vinte e oito
centímetros) ao recuo mínimo. (p. 42).
Com relação ao gabarito máximo, o plano diretor define que para áreas localizadas entre
a via estrutural e a linha de preamar a altura máxima é de 7,00 metros medidos a partir
do perfil natural do terreno. A normativa traz também um parágrafo único que informa
que os volumes constituídos de circulação vertical, casas de máquinas e caixa d’água com
projeção de até 50,00 m² poderão ultrapassar os limites do gabarito.
No que diz respeito ao uso e ocupação do solo o documento estudado define que para
lotes localizados em Área Especial de Interesse Turístico, dentro de uma Zona Adensável,
a ocupação máxima permitida é de 60% da área do lote.
61
A tabela apresenta a seguir apresenta um resumo das principais informações obtidas do
estudo do Plano Diretor do Município.
Tabela 01: Prescrições Urbanísticas
PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS
Área Total do Terreno: 6.722m²
Recuo Frontal: 3 metros
Recuo Lateral e de Fundo: 1,50 metros
Coeficiente de Aproveitamento: 3
Gabarito Máximo: 7,00 metros
Taxa de Ocupação: 60%
Fonte: Acervo próprio. Elaborado em 09.03.2016
4.2.2 CÓDIGO DE OBRAS DO MUNICÍPIO DE CANGUARETAMA
O código de Obras do município de Canguaretama esta regulamentado sob a lei
complementar nº 004/07, de 02 de março de 2007 é um documento que estabelece
normas que disciplinam a elaboração de projetos e execução de obras na zona urbana do
município. Nesse tópico serão abordados apenas o capítulo V do documento, que trata
das condições gerais relativas a edificações, ou seja, os aspectos relacionados diretamente
a fase de projeto.
As paredes construídas de alvenaria comum, tanto externas quanto internas deverão ter
no mínimo 15 centímetros de espessura. As paredes externas precisam ser protegidas de
infiltração em sua base. As paredes de áreas molhadas deverão ser revestidas até a altura
de 1,50 metros de material impermeabilizante, lavável e resistente, assim como os pisos
que devem ser impermeáveis e laváveis. As edificações de uso coletivo deverão possuir os
elementos estruturais totalmente construídos de material incombustível, tolerando
materiais combustíveis apenas em madeiramento de telhados, corrimão, forros e
revestimentos.
62
Com relação a iluminação, ventilação e dimensão dos compartimentos, o código de obras
define que todo compartimento deverá dispor de abertura comunicando o ambiente
interno com o externo para fins de ventilação e iluminação. Há uma exceção em casos de
circulação, caixa de escada, depósitos, lavabos e closets. O dimensionamento das
aberturas deve seguir a seguinte regra: “I – 1/6 (um sexto) da área do piso para os
compartimentos de permanência prolongada; II – 1/12 (um doze avos) da área do piso
para os compartimentos de permanência transitória”. Porém, nenhuma abertura poderá
ter área inferior a 0,60 m².
No que diz respeito ao pé direito das edificações o código de obras define mínimo de 2,30
para garagens e pilotis; 2,50 metros para banheiros, guaritas, áreas de serviço,
despensas, corredores e circulação; e 2,70 para os demais compartimentos.
O código de Obras municipal estabelece que para hotéis, albergues e similares deve haver
no mínimo uma vaga de garagem para cada três quartos. A dimensão mínima por vaga é
2,40 por 5,00 metros.
Sobre as fachadas das edificações o documento estudado estabelece que marquises,
beirais, varandas abertas e elementos decorativos em balanço podem avançar os
afastamentos.
O vão de passagem das portas deve ter altura mínima de 2,10 m e largura mínima de 0,60
m para compartimentos sanitários e 0,80 m para todos os demais.
Quanto aos corredores, fica estabelecido que deverão ter largura mínima de 1,20 m para
um comprimento máximo de 10,00 m e 0,50 m para metro subsequente. As escadas de
uso comum devem possuir altura máxima do espelho dos degraus de 0,18 m e largura
mínima de 0,27 m. É obrigatório o uso de corrimão quando elas se elevarem mais de 1,00
m sobre o nível do piso e quando possuírem largura maior que 3,00 m deverão contar
com corrimão intermediário. O patamar no nível de acesso deve estar no mesmo nível
do piso da circulação. Os lances serão preferencialmente retos e deve existir patamar
intermediário na mudança de direção ou quando a escada precisa vencer uma altura
superior a 2,80 m.
Essas foram as principais observações retiradas do Código de Obras municipal, mas esse
documento deve continuar sendo analisado ao longo do desenvolvimento do projeto
para estudo de algumas possíveis particularidades.
63
4.2.3 DELIBERAÇÃO NORMATIVA N.º 429, DE 23 DE ABRIL DE 2002
A referida deliberação normativa trata dos meios de hospedagem, apresentando o
conceito de empresa hoteleira, meio de hospedagem e as expressões usuais no exercício
da atividade. Além disso ela traz os requisitos mínimos para operação e funcionamento
do estabelecimento e as condições para contratação do serviço.
De acordo com a normativa os meios de hospedagem devem oferecer aos hospedes no
mínimo: alojamento para uso temporário em unidades habitacionais. Serviços mínimos
de portaria/recepção, guarda bagagens e de objetos de uso pessoal em lugares
apropriados, conservação, manutenção, arrumação e limpeza das áreas, instalações e
equipamentos.
O Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem no artigo 4º conceitua Unidade
Habitacional (UH), como sendo “o espaço, atingível a partir das áreas principais de
circulação comuns do estabelecimento destinadas à utilização pelo hóspede, para seu
bem-estar, higiene e repouso”. Logo em seguida, no artigo 5º, ele divide os tipos de UH
em 3 grupos:
I – Quarto – UH constituída, no mínimo, de quarto de dormir de uso exclusivo do hóspede, com local apropriado para guarda de roupas e objetos pessoais.
II - Apartamento - UH constituída, no mínimo, de quarto de dormir de uso exclusivo do hóspede, com local apropriado para guarda de roupas e objetos pessoais, servida por banheiro privativo;
III - Suíte - UH especial constituída de apartamento, conforme definido no inciso II, deste artigo, acrescido de sala de estar. (BRASIL, 2002, p. 01-02)
O artigo 7º estabelece os padrões comuns a todos os meios de hospedagem,
subdividindo-os em relação a postura legal, aos aspectos construtivos, aos equipamentos
64
e instalações e aos serviços e gestão. A nível de projeto, considera-se relevantes o
segundo e o terceiro:
II - Quanto a aspectos construtivos:
a) edificações construídas ou expressamente adaptadas para a atividade; b) áreas destinadas aos serviços de alojamento, portaria/recepção, circulação, serviços de alimentação, lazer e uso comum, e outros serviços de conveniência do hóspede ou usuário, separadas entre si e no caso de edificações que atendam a outros fins, independentes das demais; c) proteção sonora, conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - e legislação aplicáveis; d) salas e quartos de dormir das UH dispondo de aberturas para o exterior, para fins de iluminação e ventilação; e) todos os banheiros dispondo de ventilação natural, com abertura direta para o exterior, ou através de duto; f) serviços básicos de abastecimento de água que não prejudiquem a comunidade local, bem como de energia elétrica, rede sanitária, tratamento de efluentes e coleta de resíduos sólidos, com destinação adequada; g) facilidades construtivas, de instalações e de uso, para pessoas com necessidades especiais, de acordo com a NBR 9050 – 1994, em prédio com projeto de arquitetura aprovado pela Prefeitura Municipal, como meio de hospedagem, após 12 de agosto de 1987. Em caso de projetos anteriores, o meio de hospedagem deverá dispor de sistema especial de atendimento.
III - Quanto a equipamentos e instalações:
a) instalações elétricas e hidráulicas de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - e legislação aplicável; b) instalações de emergência, para a iluminação de áreas comuns e para o funcionamento de equipamentos indispensáveis à segurança dos hóspedes; c) elevador para passageiros e cargas, ou serviço, em prédio com quatro ou mais pavimentos, inclusive o térreo, ou conforme posturas municipais; d) instalações e equipamentos de segurança contra incêndio e pessoal treinado a operá-lo, de acordo com as normas estabelecidas e pelo Corpo de Bombeiros local; e) quarto de dormir da UH mobiliado, no mínimo, com cama, equipamentos para a guarda de roupas e objetos pessoais, mesa-de-cabeceira e cadeira.
(BRASIL, 2002, p. 02-03)
65
4.2.4 ACESSIBILIDADE A EDIFICAÇÕES, MOBILIÁRIO, ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS
URBANOS – NBR 9050/2015
Essa norma estabelecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), atualizada
em 2015, estabelece os critérios e parâmetros técnicos a serem atendidos em projetos,
construções, adaptação de edificações, mobiliário e equipamentos urbanos.
Considera-se que o módulo de referência da projeção ocupada por uma pessoa em
cadeira de rodas é de 0,80 m por 1,20 m, que é esse também o espaço necessário para
áreas de transferência. A largura mínima necessária para deslocamento em linha reta de
um cadeirante é de 0,90 m, mas é indicado que possuam entre 1,50 m e 1,80 m para
conferir maior capacidade de fluxo e disponibilidade para mudança de direção. Para
manobra de 360º sem deslocamento é necessário um diâmetro mínimo de 1,50 m.
Desníveis de qualquer natureza devem ser evitados em rotas acessíveis. Eventuais
desníveis no piso de até 5 mm podem ser desconsiderados, já os desníveis superiores a
20mm deverão ser considerados degraus.
O ponto 10.9 da NBR 9050 trata de particularidades pertinentes aos locais de
hospedagem. Segundo a norma os dormitórios acessíveis não podem estar isolados dos
demais e sim distribuídos ao longo da edificação e posicionados em rotas acessíveis. O
percentual de dormitórios adaptados deve ser determinado pela legislação específica.
Os dormitórios devem possuir uma faixa mínima livre de obstáculos destinada a circulação
dentro do quarto de no mínimo 0,90 m, devendo ter áreas de manobra para acesso a
cama, armários e sanitário. O quarto precisa conter pelo menos uma área com diâmetro
livre de 1,50 m para possibilitar o giro de 360º.
Quanto as piscinas, o piso do entorno não pode ser em material escorregadio, as bordas
e degraus de acesso a água precisam ter acabamento arredondado. O acesso a agua deve
ser garantido através de degraus submersos com piso variando de 0,35 m a 0,43 m e
espelho máximo de 0,20 m. Deve haver corrimão em cada degrau ou contínuo.
66
4.2.5 CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO DO RIO GRANDE DO NORTE.
Esse código visa estabelecer os critérios básicos e indispensáveis à segurança contra
incêndio, buscando evitar ou minimizar a propagação do fogo, facilitar as ações do socorro
e assegurar a evacuação segura dos ocupantes.
No capítulo IV do código em questão, que trata da classificação dos edifícios, é definido
que hotéis e similares possuem ocupação tida como residencial, o que implica que devem
atender as exigências de dispositivos de proteção contra incêndio de acordo com a área
construída e altura da edificação contidas no artigo 7º.
Como o gabarito máximo permitido na área de acordo com o plano diretor é de 7,00 m,
mas ainda não possuo a área definida do projeto, os termos do artigo que mais interessam
são o I e II:
I - Edificações com altura inferior a nove metros, com área construída inferior a 750 m²:
a) prevenção móvel (extintores de incêndio);
b) sinalização;
c) escada convencional;
II - Edificações com altura inferior a nove metros, com área construída superior a 750 m²:
a) prevenção fixa (hidrantes);
b) prevenção móvel (extintores de incêndio);
c) sinalização;
d) escada convencional;
É importante frisar que projetos de arquitetura com múltiplos edifícios cuja distância
entre eles seja de 8 metros são considerados isolados, e por essa razão suas áreas não
devem ser somadas. Essa distância pode variar conforme a existência ou não de aberturas.
Com relação ao dimensionamento de escadas, o corpo de bombeiros estadual segue as
diretrizes estabelecidas pela corporação de São Paulo. Na instrução técnica número
11/2015, que trata das saídas de emergência, fica estabelecido:
67
5.7.5.1 Nos mezaninos e áreas privativas de qualquer edificação, podem ser aceitas escadas em leque, em espiral ou de lances retos, desde que: a. a população seja inferior a 20 pessoas e a altura da escada não seja superior a 3,7 m; b. tenha largura mínima de 0,80 m; c. tenha os pisos em condições antiderrapantes, com no mínimo 0,5 de coeficiente de atrito dinâmico, conforme norma brasileira ou internacionalmente reconhecida, que permaneçam antiderrapantes com o uso; d. seja dotada de corrimãos, atendendo ao prescrito no item 5.8, bastando, porém, apenas um corrimão nas escadas com até 1,10 m de largura e dispensando-se corrimãos intermediários;
Para que seja garantido o acesso ao prédio pelo caminhão do corpo de bombeiros é
necessário que haja uma via livre de no mínimo 6 metros de largura, um portão d entrada
com 4 metros de largura e altura livre de 4,50 metros.
No que diz respeito ao sistema de proteção por hidrantes, questão tratada no artigo 24º
fica definido que o abastecimento da rede de hidrantes será feito por reservatório
preferencialmente elevado, podendo ser utilizado o mesmo reservatório para consumo
geral e de combate a incêndio, desde que a tomada de água para o consumo geral, seja
lateral ao reservatório, ficando constantemente assegurada a reserva de água para
combate a incêndio. A capacidade do reservatório para áreas construídas de até 20.000
m², deve ser de suficiente para garantir o suprimento dos pontos simultaneamente por
um período de 30 minutos.
Para estabelecer a capacidade do reservatório deve ser elaborado um cálculo conforme a
equação: R = Q.T.H. onde R é a reserva mínima, Q é a vazão (de acordo com a ocupação
de risco) T é o tempo de utilização do hidrante e H é o número de hidrantes funcionando
simultaneamente.
Como a ocupação residencial é considerada de risco I, risco pequeno, a vazão indicada é
de 120 litros por minutos. Considerando que existiriam dois hidrantes, obtém-se o
seguinte cálculo de reserva:
R = 120 . 30 . 2
R = 7.200 litros.
68
Um resumo das principais informações obtidas pelo estudo do Código de segurança
contra incêndio e pânico do Rio Grande do Norte estão contidas na tabela abaixo:
Tabela 02: Código de segurança contra incêndio
Código de segurança contra incêndio
Classificação: residencial
Classificação do risco: risco I/risco pequeno
Recursos de proteção contra incêndio: hidrantes, extintores, sinalização e escada convencional.
Reserva de incêndio: 7.200L para 2 hidrantes
Fonte: Acervo próprio. Elaborado em 10.03.2016
69
4.3 CONDICIONANTES FUNCIONAIS
Os condicionantes funcionais reúnem aspectos que definem o projeto arquitetônico.
Quanto à caracterização do público alvo, programa de necessidades, pré-
dimensionamento, fluxograma e zoneamento.
Para dar início à elaboração do programa de necessidades, é necessário estabelecer o
perfil do usuário e o nível de adensamento do terreno. O público alvo foi estabelecido
como sendo principalmente constituído de casais e grupos familiares.
Com relação ao adensamento e quantidade de UH’s (Unidades Habitacionais), os estudos
de referência fizeram perceber que para que haja proteção ao espaço natural não podem
haver muitos quartos; no entanto, para que haja retorno financeiro, é necessário que haja
um número mínimo de apartamentos com preço de diária acessível para um determinado
público alvo que viabilize a proposta. Para que o empreendimento seja considerado uma
pousada é necessário, entre outros fatores, que haja no máximo 30 unidades
habitacionais. Desta forma, esse foi o número escolhido para ser trabalhado no projeto
que tem como público alvo a classe média.
Ainda com relação ao número de UH’s, optei por trabalhar com 3 tipologias distintas:
apartamentos, que atenderiam com menor custo a grupos de duas ou três pessoas; suítes,
que oferecem maior conforto e piscina privativa a casais; e bangalôs, que atendem
famílias de até 4 pessoas e dispõem de sala e pequena cozinha.
O número total de unidades habitacionais foi dividido entre as três tipologias da seguinte
forma: 14 apartamentos, 8 suítes e 8 bangalôs. Considerando que dos 14 apartamentos,
8 seriam triplos e 6 duplos, calcula-se que a lotação máxima do local seria composta por
84 hóspedes.
Como foi mencionado nos primeiros estudos, a escolha por fazer uma pousada partiu
sobretudo da necessidade de proteção ao meio ambiente e desejo de baixo adensamento
no terreno, no entanto, essa tipologia de meio de hospedagem não limita o número de
atrativos de lazer que a propriedade pode disponibilizar.
A partir dessas questões estabelecidas, e juntamente com todos os estudos apresentados
até aqui, fica possível elaborar o programa de necessidades e o pré-dimensionamento.
70
4.3.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Para iniciar esse tópico faz-se o uso da bibliografia de Andrade, Brito e Jorge (2005), além
da matriz de classificação da Deliberação Normativa 429/02, estudos empíricos, e normas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
No livro Hotel: Planejamento e projeto (2005) sugere-se utilizar no pré-dimensionamento
uma taxa de ocupação média de 70% da capacidade máxima da pousada, que é de 84
hóspedes, logo, o total para efeito de cálculo corresponderia a aproximadamente 59
usuários.
O programa será dividido de acordo com as atividades realizadas em cada setor, dessa
forma será parcelado em áreas: social, área de serviço, de lazer, de hospedagem e
estacionamento.
ESTACIONAMENTO
Segundo o Código de Obras do município, ficou estabelecido que empreendimentos
hoteleiros precisam oferecer, no mínimo, uma vaga de estacionamento para cada 3
dormitórios. Porém, como o terreno é amplo, será realizado o dimensionamento
considerando 1 vaga por unidade habitacional. Ou seja, se cada carro ocupa uma área de
2,50 m por 5,00 m, o espaço ocupado por cada vaga é de 12,50 m². É necessário que uma
das vagas seja acessível, e por essa razão é necessário uma faixa de transferência lateral
de 1,20 m de largura, ou seja, mais 6,00 m² de área. Chegamos assim ao total de 381,00
m², ao qual será adicionado mais 50% relativo a área de circulação e manobra.
Tabela 03: Dimensionamento do estacionamento
ESTACIONAMENTO
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Estacionamento 381,00 m² 1 381,00 m²
Manobra e circulação 50% 1 190,50 m²
TOTAL - - 571,50 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
71
SETOR DE RECEPÇÃO
É formada pelos espaços de atendimento aos clientes, acessos e convívio, localizados logo
na entrada principal do edifício. É então composto pelo lobby, recepção, banheiros,
guarda volumes e escritório da gerência, o qual contém o cofre.
Segundo a Matriz de Classificação da Deliberação Normativa 429/02 no item 2.4, para um
meio de hospedagem de 4 estrelas a relação da área social por unidade habitacional é de
1,50 m², sendo assim teríamos 45m² para as áreas do lobby, banheiros e recepção.
Para o dimensionamento dos banheiros utilizei a NBR-9050 que trata de acessibilidade e
traz parâmetros para o dimensionamento dessas áreas. Para atender a norma vigente é
necessário que a área para um lavatório e uma peça sanitária acessíveis seja de
aproximadamente 3,20m². Como é exigido divisão dos banheiros por sexo, a área seria
dobrada e chegaria a um total de 6,40 m².
A recepção de um meio de hospedagem com até 50 unidades habitacionais deve ser
composta de um balcão com no mínimo 3,00 metros de comprimento, segundo livro
Hotel: planejamento e projeto. Além do balcão a recepção precisa de espaço para
armazenamento das chaves e um volume anexo para o depósito de bagagens.
Conforme apresentado, o resultado do programa de necessidades e dimensionamento da
área social pode ser resumida na tabela abaixo:
Tabela 04: Dimensionamento do setor de recepção
SETOR DE RECEPÇÃO
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Recepção 6,00 m² 1 6,00 m²
Banheiros 3,20 m² 2 6,40 m²
Guarda volumes 3,00 m² 1 3,00 m²
Lobby 40,00 m² 1 40,00 m²
Gerência 9,00 m² 1 9,00 m²
TOTAL - - 64,40 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
72
RESTAURANTE
Esse bloco deve ser preferencialmente locado próximo a recepção pois ele pode receber
também clientes que não estejam hospedados na pousada. Seu programa de
necessidades conta com: salão de mesas, cozinha equipada com espaço para recepção e
controle, área de higienização, área de preparação e despensa.
Para o dimensionamento do salão de mesas do restaurante considerou-se a lotação
máxima da pousada (84 pessoas), que é um número majorado da real necessidade do
restaurante. De acordo com dados do livro Manual do Arquiteto: Planejamento,
Dimensionamento e Projeto de David Littlefield (2011), uma mesa retangular para 4
pessoas ocupa uma área média de 2,22 m². Multiplicando por 21 que seria o total de
mesas disponíveis, chega-se a uma área de 46,62 m², a qual deve ser adicionada a área de
circulação e 9,00 m² relativos ao espaço do Buffet.
O dimensionamento foi resumido na tabela a seguir:
Tabela 05: Dimensionamento do setor do restaurante
RESTAURANTE
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Salão de mesas 61,18 m² 1 61,18 m²
Cozinha 35,00 m² 1 35,00 m²
TOTAL - - 96,18 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
73
ÁREA DE SERVIÇO
Essa é a parte destinada ao conjunto das atividades que dão suporte ao funcionamento
da pousa, as quais não são de acesso livre para os hospedes, como: lavanderia, rouparia,
depósito de material de limpeza (DML), almoxarifado, casa de manutenção, sala dos
funcionários, vestiário dos funcionários e grupo gerador.
O dimensionamento desses ambientes foi direcionado através dos estudos de referência
e de conhecimentos empíricos baseados nas necessidades de infraestrutura de cada
cômodo.
Abaixo encontra-se a tabela com o dimensionamento:
Tabela 06: Dimensionamento do setor de serviço
ÁREA DE SERVIÇO
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Lavanderia 9,00 m² 1 9,00 m²
Rouparia 4,00 m² 1 4,00 m²
DML 4,00 m² 1 4,00 m²
Casa de manutenção 6,00 m² 1 6,00 m²
Sala dos funcionários 12,00 m² 1 12,00 m²
Vestiário dos funcionários
5,00 m² 2 10,00 m²
TOTAL - - 45,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
ÁREA DA PISCINA
Piscina é um item muito importante para meios de hospedagem dedicados ao lazer em
áreas quentes. É importante que essa área abrace as necessidades de diferentes públicos,
sendo constituída por diferentes profundidades. A piscina deve star locada no terreno na
parte que recebe mais incidência solar ao longo do dia e dos anos, deve-se ficar atento
também para que prédio muito próximos a ela não façam sombra sobre sua área. É
74
indicado também que a piscina conte com uma área na qual o banhista possa nadar em
linha reta sem barreiras.
Essa área conta também com um bar, que por sua vez será composto de um balcão,
freezers, geladeiras e armários para depósito de bebidas quentes e artefatos para
preparação de drinks.
Tabela 07: Dimensionamento da área da piscina
ÁREA DA PISCINA
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Bar da piscina 6,00 m² 1 6,00 m²
Piscina 100,00 m² 100,00 m²
TOTAL - - 106,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
ÁREAS DE CONVIVÊNCIA
Nesse tópico estão contidas mais opções de lazer e descanso como o redário, gazebo
náutico (guarda de equipamentos disponíveis aos hóspedes para prática de esportes
náuticos), gazebo kids (área com areia e brinquedos para crianças), playground e gazebo
zem (composto por mesas de massagem e relaxamento). O dimensionamento desses
espaços foi realizado conforme os estudos de referência e conhecimentos empíricos.
Tabela 08: Dimensionamento das áreas de convivência
ÁREAS DE CONVIVÊNCIA
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Redário 6,25 m² 5 12,50 m²
Gazebo Náutico 9,00 m² 1 9,00 m²
Gazebo Kids 9,00 m² 1 9,00 m²
Gazebo Zem 6,25 m² 2 6,25 m²
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Playground 9,00 m² 1 9,00 m²
TOTAL - - 61,75 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
APARTAMENTOS
O apartamento é a tipologia de unidade habitacional mais simples disponível na pousada.
O programa de necessidades é formado por quarto duplo ou triplo com banheiro, espaço
para guardar objetos pessoais e varanda.
Tabela 09: Dimensionamento dos apartamentos
APARTAMENTOS
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Quarto 16,00 m² 14 224,00 m²
Banheiro/Closet 7,00 m² 14 98,00 m²
Varanda 5,00 m² 14 70,00 m²
TOTAL 28,00 m² 14 392,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
BANGALÔS
Os bangalôs são unidades habitacionais destinadas a grupos de até 4 pessoas. O programa
de necessidades conta com 2 quartos, banheiro, sala, varanda e pequena cozinha.
Tabela 10: Dimensionamento dos bangalôs
BANGALÔS
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Quarto 12,00 m² 16 192,00 m²
Banheiro 4,00 m² 8 32,00 m²
Sala e cozinha 20,00 m² 8 160,00 m²
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Varanda 5,00 m² 8 40,00 m²
TOTAL 53,00 m² 8 424,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
SUÍTES
As suítes são tipologias que acomodam até duas pessoas e dispõe de piscina privativa e
vista privilegiada do mar. Além desses itens esse tipo de unidade habitacional possui
varanda, quarto e banheiro.
Tabela 11: Dimensionamento das suítes
SUÍTES
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Quarto 16,00 m² 8 128,00 m²
Banheiro 4,00 m² 8 32,00 m²
Piscina 10,00 m² 8 80,00 m²
Varanda 10,00 m² 8 80,00 m²
TOTAL 40,00 m² 8 320,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
ÁREA TÉCNICA
Nesse item estão contidos a casa de gás e casa de lixo.
Tabela 12: Dimensionamento da área técnica
ÁREA TÉCNICA
CÔMODO ÁREA UNIDADE QUANTIDADE TOTAL
Casa de gás 6,00 m² 1 6,00 m²
Casa de lixo 6,00 m² 1 6,00 m²
TOTAL 12,00 m² - 12,00 m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
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4.3.2 FLUXOGRAMA
Para compreender as necessidades do fluxo e as relações entre os diversos espaços
dimensionados anteriormente é necessário a realização de um fluxograma que serve para
fundamentar o desenvolvimento do futuro zoneamento e posteriormente a implantação.
Figura 32: Fluxograma
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
78
4.3.3 ZONEAMENTO
O zoneamento exposto a seguir levou em consideração principalmente os aspectos
ambientais. Sabendo que o sol nasce em leste e se põe em oeste, e que os ventos
dominantes vêm de sudeste, busquei dispor as áreas dos hospedes em espaços mais
privilegiados do ponto de vista cênico paisagístico e também climático.
Como a via de acesso principal é a RN 269 (Avenida Gilberto Rodrigues da Silva), que fica
ao lado da porção oeste do terreno, optou-se por implantar nessa área o estacionamento,
seguido da recepção, assim como a área técnica e também a zona de serviços. O bloco do
restaurante foi posicionado logo em seguida da recepção em decorrência da necessidade
de maior controle e também devido a possibilidade de receber clientes não hospedados
na pousada. Na fachada leste do terreno, que é mais privilegiada pois está voltada
totalmente para o mar ficaram as suítes, os bangalôs e uma área de lazer comum. O bloco
dos apartamentos foi locado na porção central do terreno no sentido leste – oeste,
voltado para a área de lazer principal e também para os ventos dominantes. Ao centro
também está a área social de lazer como forma de integrar os espaços e atender a todos
igualmente.
Figura 33: Zoneamento
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
80
5. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Neste capítulo, será apresentada a proposta arquitetônica elaborada, mostrando seu
conceito, partido arquitetônico, evolução forma, estudos de implantação e demais etapas
até o resultado final que está detalhado no memorial justificativo.
5.1. CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
Para Edson Mahfuz (1998), toda obra de arquitetura deve possuir um conceito central ao
qual todos os outros elementos permanecem subordinados. Este conceito, por sua vez,
é expresso através do partido arquitetônico, que define a diretriz a ser empregada em
todo o desenvolvimento projetual.
A definição do partido arquitetônico é fruto dos diversos fatores que influenciam a
elaborações de um projeto, tais como os condicionantes, legais e ambientais. Mas nem
só de aspectos técnicos se forma um partido arquitetônico; ele também segue uma linha
subjetiva e é influenciado por questões empíricas e estudos precedentes.
Desta forma, todos os itens analisados foram agentes definidores da proposta inicial, que
pôde ser aperfeiçoada até que se chegar ao ponto de ser considerada adequada do ponto
de vista estético, funcional e ambiental.
Desta forma, o conceito do projeto foi definido como ‘moinho de vento’, que pretendeu
levar para proposta a ideia de elementos naturais, agrupados de uma forma funcional, e
que promovessem sustentabilidade e uso de fontes de energia renováveis. Do ponto de
vista estrutural, um moinho de vento é formado por uma haste principal que parte do
solo (acesso) e chega ao fim no centro do moinho, de onde partem as hélices.
Nessa perspectiva, o partido arquitetônico adotado foi uma implantação guiada por um
eixo, que parte da entrada do estabelecimento e atinge o ponto principal dele, que é
representado pela piscina, já que a área de lazer é de grande importância para esse tipo
de projeto. Nesse sentido, os demais edifícios devem estar posicionados no entorno
desse centro.
81
Associado a essa proposta de implantação, o conceito também estará refletido no projeto
do ponto de vista teórico, associado à ideia de aplicação de mão de obra local, uso de
materiais regionais, entre outros fatores.
Com relação à escolha do nome da pousada a explicação tem a ver com a história do local
ao qual ela está inserida. Uruá é o nome do antigo povoado indígena que deu origem ao
município de Canguaretama. Segundo o dicionário de português Michaelis, o termo na
língua dos índios faz referência aos caramujos, que eram seres abundantes nos rios da
região.
5.2 EVOLUÇÃO DA PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO
Partindo dos estudos precedentes, do programa de necessidades já dimensionado, do
zoneamento proposto para o terreno, e com posse do conceito e do partido
arquitetônico a ser seguido, foi possível fazer alguns estudos com relação à implantação
desejada.
O ponto de partida para a implantação foi o partido arquitetônico adotado. Como o
terreno só possui uma face voltada para rua, foi a partir dela que se traçou o eixo principal
perpendicular para distribuição dos edifícios. A área de lazer, que é considerada um
espaço de grande relevância para satisfação do hóspede, foi posicionada ao centro e os
demais edifícios procuraram uma implantação que abraçasse essa área central e que
fosse favorável do ponto de vista ambiental (insolação e direção dos ventos).
Na primeira proposta de implantação (Figura 34), os bangalôs funcionavam como
módulos independentes voltados diretamente para o mar e os apartamentos ficaram
dispostos em duas fitas paralelas, o que se configurou um ponto desfavorável à ventilação
de um dos blocos.
Na segunda proposta de implantação, buscou-se solucionar o problema de ventilação do
bloco dos apartamentos dispondo ambos voltados para o mar, assim como os bangalôs,
porém a proposta foi considerada inadequada pois resultou em grandes fachadas
voltadas para oeste.
83
Na terceira proposta de implantação, os bangalôs ficaram acomodados de forma a
favorecer a ocupação do lado diagonal do terreno, sem, contudo, perder a visão
privilegiada do mar e da piscina. O bloco dos apartamentos foi posicionado na orientação
Leste-Oeste (fachadas maiores para Norte-Sul), as suítes voltadas para o mar e o setor de
serviços mais próximo ao restaurante na porção sudoeste do terreno.
5.3 ESTUDO VOLUMÉTRICO
O resultado formal das edificações une elementos mais rústicos representados pela
madeira, telha cerâmica e revestimentos em pedra natural ao traços da arquitetura
contemporânea.
Pérgolas em madeira formam marquises e varandas que estão presentes em quase todos
os setores e serviram para criar uma identidade visual própria da propriedade.
O desenvolvimento da volumetria geral não provocou grandes modificações no projeto,
apenas pequenas alterações em fachadas e coberturas para dar um resultado estético
mais agradável.
Através da implantação em 3D do conjunto e do desenho das fachadas foi feita uma
modificação com relação à cobertura do bloco da recepção e do restaurante, que
possuem pé direito duplo e uma área consideravelmente grande. Por questão de
proporção os beirais desses edifícios foram projetados para alcançar maior imponência,
chegando a uma medida de 1,20m.
O primeiro edifício a tomar forma foi o bangalô, e a partir do seu desenho e resultado
estético almejado foi possível trabalhar melhor os aspectos plásticos dos demais edifícios
e consequentemente criar um estilo próprio, característico do local.
Abaixo estão as imagens das volumetrias elaboradas de cada setor de unidade
habitacional que foram apresentas no momento da pré-banca deste trabalho.
84
Figura 35: Volumetria dos bangalôs apresentada à pré-banca
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
Figura 36: Volumetria dos apartamentos apresentada à pré-banca
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
86
5.4 MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO
5.4.1 SISTEMA ESTRUTURAL
Com relação ao sistema estrutural, é importante frisar que não foi realizado um projeto
de estruturas dos edifícios em questão, mas sim um pré-dimensionamento cujo objetivo
maior era prever a localização dos pilares e vigas para que houvesse compatibilidade no
momento da execução.
De forma geral, o sistema construtivo adotado é misto e emprega diferentes materiais na
elevação, estrutura e cobertura.
O vão médio a ser vencido entre os pilares na maioria dos blocos estudados é de 4 metros,
com exceção do bloco da recepção e do salão de mesas do restaurante, que são
constituídos por uma grande área livre com pé direito duplo, onde os vão entre os pilares
chega a aproximadamente 6 metros de comprimento.
O concreto armado é o sistema construtivo principal da estrutura de cada bloco e foi
escolhido por suportar as cargas e vencer com facilidade os vão existentes, não exigindo
mão de obra especializada e, também por já ser amplamente utilizado na região, ou seja,
de fácil acesso.
O tipo de fundação não está definido pois é necessário realizar uma sondagem no terreno
para posteriormente escolher a técnica mais indicada.
A elevação das paredes deve ser concebida em alvenaria simples de tijolo de 8 furos 20 x
20 x 10 cm, sem função estrutural, apenas de vedação.
Com o objetivo de evitar um desempenho inadequado e garantir uma maior segurança,
a NBR 6118, estabelece que a seção transversal dos pilares, qualquer que seja a sua
forma, não deve apresentar dimensão menor que 19 cm. Porém, admite-se a utilização
de dimensões entre 19 cm e 12 cm, desde que no dimensionamento dos pilares se
multipliquem as ações por um coeficiente relacionado ao tamanho do menor lado do
pilar. Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de área inferior a 360
cm².
87
Desta forma, como não se deseja que a estrutura fique sacando das paredes e
interferindo na arquitetura interna dos ambientes, e sabendo que o sistema estrutural
adotado vence com facilidade os vãos necessários e suporta sem maiores esforços as
cargas resultantes, optou-se por trabalhar com pilares executados em concreto com
armadura de ferro de 13 x 30 cm, cuja área da seção transversal possui 390 cm². Na
circulação do bloco dos apartamentos, por uma questão estética, optou-se por trabalhar
com pilares quadrados e por essa razão a medida adotada foi 20 x 20 cm.
Com relação às vigas, sabe-se que de uma forma geral aquelas executadas em concreto
armado possuem altura igual a 10% do vão que ela cobre, dessa forma conclui-se que
não haverá problemas na sua distribuição já que os ambientes em geral possuem pé
direito de 2,70 m.
Sugere-se o uso de laje unidirecional treliçada com lajotas de EPS (Poliestireno Expandido
– Isopor) aplicadas no sentido do menor vão a ser vencido. A escolha é em razão dessa
ser uma estrutura leve, que contribui para a eficiência no conforto térmico da edificação
devido ao uso do isopor que é um material de baixa condutividade térmica. Para efeito
de desenho as lajes estão representadas com 15 cm de altura, mas sabe-se esse valor
provavelmente está majorado.
Figura 38: Laje treliçada com lajotas de EPS
Com relação ao sistema estrutural utilizado nas varandas e marquises de alguma áreas,
sugere-se uso de madeira tipo ipê tanto para os pilares quanto para as pérgolas das
coberturas. Os pilares possuem um desenho tipo V, e devem ser presos por encaixe e
chumbados no piso.
Fonte: La pré-moldados. Disponível emhttp://www.lapremoldados.com/products/produto-1/
88
5.4.2 SISTEMA HIDRÁULICO
O sistema hidráulico do projeto em questão abraça três estágios distintos: a instalação
predial de água fria, a reserva para incêndio e o reservatório da água de reuso. A partir
disso foram feitos os cálculos para dimensionamento dos reservatórios necessários para
o funcionamento da pousada.
Para realizar esse cálculo, foi realizada uma estimativa do número de usuários
considerando a capacidade máxima da pousada, que é de 84 hóspedes, mais os
funcionários que para efeito de cálculo usou-se 10 pessoas, sendo: 1 recepcionista, 1
administrador, 3 cozinheiros, 2 camareiras, 1 porteiro e 2 auxiliares gerais.
RESERVATÓRIO DE ÁGUA POTAVEL
Para o cálculo desse reservatório, considera-se o consumo de água potável para hotéis
igual a 120 litros por hóspede por um dia, e usou-se a quantia de 100 litros por dia para
os funcionários. Com base nesses dados temos: consumo diário de água potável = (84 x
120) + (10 x 100) = 11.080 litros por dia.
O dimensionamento da capacidade dos reservatório precisa levar em consideração
também uma eventual interrupção no abastecimento, e por isso precisa oferecer reserva
para cobrir essa interrupção. Por essa razão o valor obtido na operação acima será
dobrado, considerando que a pousada fique um dia sem abastecimento de água.
Portanto, o valor obtido é 22.160 litros.
Nesse cálculo não está incluída a água necessária ao funcionamento do restaurante. Para
realizar essa estimativa recomenda-se usar 25 litros de água por refeição oferecida. Se
todos os hóspedes realizarem três refeições ao dia no restaurante o consumo total é de
6.300 litros ao dia.
Além desses valores encontrados é necessário inserir no volume do reservatório a
quantidade de litros requerida pela reserva de incêndio que já foi calculada em 7.200
litros. Dessa forma, a capacidade total do reservatório de água fria potável do
estabelecimento é 35.660 litros.
89
RESERVATÓRIO DE ÁGUA REUTILIZADA
Além desse reservatório de água principal o projeto prevê a instalação de um sistema de
reaproveitamento de água das pias e chuveiros para utilizar na descarga de privadas e
rega de jardim. Entretanto esse reservatório precisa ser separado do anterior pois sua
água não é tão pura quanto o outro e por essa razão deve estar separada.
O dimensionamento desse segundo reservatório levou em consideração que cada
chuveiro possui uma vazão de 3,5 litros por minuto, e cada banho leva aproximadamente
15 minutos. Dessa forma o volume de água produzido por cada banho é de 52,5 litros.
Para efeitos de cálculo considerou-se a capacidade máxima de ocupação (84 hóspedes)
e 2 banhos por dia para cada pessoa. Ou seja, o consumo diário de água para banho de
hóspedes é de 8.820 litros. A esse valor foi acrescido mais 10 banhos para os funcionários,
totalizando uma necessidade de 9.345 litros.
Para os lavatórios, considera-se uma vazão de 0,6 litros por minuto para lavar as mãos e
o rosto e uma frequência de 4 vezes ao dia por pessoa. Desta forma o consumo diário de
água nos lavatórios para lavar o rosto e mãos de 84 hóspedes é de 201,06 litros.
Para escovar os dentes, foi considerado uma vazão de 1,4 litros por minuto e uma
frequência de uso de 3 vezes por dia, durante 5 minutos cada. Desta forma o consumo
diário de água nos lavatórios para escovar os dentes 1.764 litros.
A conclusão obtida é que o reservatório de água cinza efluente dos chuveiros e lavatórios
é de 10.785,06 litros.
Depois de obtivo o volume de água que a pousada tem capacidade de armazenas em um
dia, partiu-se para verificação do volume de água que esse estabelecimento consome de
para descarga de privadas e rega de jardim.
Com relação às bacias sanitárias considera-se um volume de 4 litros de água por descarga
(uso de privadas de caixa acoplada com duplo acionamento) e uma média de uso de 10
vezes por dia de cada equipamento. Sabendo que há um total de 41 aparelhos no projeto
o volume de água é necessário é de 1.640 litros.
90
Para rega de jardim, deve-se considerar o uso diário de 1,5 litros de água por metro
quadrado de área verde, logo: 3193,56 x 1,5 = 4.790,34 litros
Desta forma, o volume de água proveniente de reuso necessária para rega de jardim e
descarga de sanitários em um dia é de 6.430,34 litros.
Diante dos dados obtidos, é possível concluir que o sistema de reuso de água proposto é
adequado e atende às necessidades do projeto.
O SISTEMA DE REUSO
O sistema de tratamento das águas cinzas proposto é simples, sendo constituído de um
filtro com múltiplas camadas por onde passa o efluente a ser tratado. Esse filtro pose ser
confeccionado através de um barril plástico com agregados específicos distribuídos em
camadas que proporcionam a taxa de filtração requerida pela norma técnica para que a
água possa ser reaproveitada nas atividades destinadas.
Fonte: Aulas teóricas da Prof. Dr. Solange Goulart, 2012.
Figura 39: Sistema de filtro para água cinza
91
Após a água passar por esse filtro, ela é direcionada a um reservatório de água tratada
ao lado da caixa de tratamento; a partir desse reservatório, a água é redirecionada
através de bombas para um reservatório elevado, exclusivo para água de reuso, onde
será distribuída para os vasos sanitários e pontos de irrigação no jardim.
É indicado que esse reservatório de água tratada possua uma ligação com o reservatório
de água potável para que ele seja abastecido caso a produção de água cinza seja
insuficiente para atender à demanda de água residual. Por essa razão, é necessário um
sistema com válvula de segurança que jamais permita que a água tratada chegue ao
reservatório de água potável, somente o contrário é admitido.
5.4.3 SISTEMA ELÉTRICO
Com o objetivo de uma maior economia de energia elétrica, o projeto arquitetônico
prevê o uso de painéis fotovoltaicos e lâmpadas econômicas tipo LED.
As lâmpadas LED (Light Emitting Diode, ou Diodo Emissor de Luz) proporcionam até 80%
de economia de energia em comparação com as soluções de iluminação tradicionais,
além de requerer menor manutenção devido à vida útil extremamente longa. Esse tipo
de luz não utiliza mercúrio ou qualquer outro elemento químico pesado que cause dano
à natureza, e por essa razão, pode ser descartado sem exigir descarte especial como
lâmpadas fluorescentes.
Como fabricantes de painéis solares indicam que as placas fiquem voltadas para o norte
e numa área onde não haja sombra provocada por outras edificações, o espaço ideal para
instalar esse sistema na pousada é a cobertura do bloco dos apartamentos.
A empresa Smart Energias Renováveis atua no mercado do Rio Grande do Norte e oferece
a instalação desse tipo de tecnologia, trazendo também o benefício do sistema de
fornecimento de energia para a rede urbana que gera descontos na conta de luz. O
diagrama de funcionamento desse sistema e suas vantagens está ilustrado na imagem
abaixo.
92
Figura 40: Sistema de painéis solares
Fonte: Smart Energias Renováveis. Disponível em: http://smartrenovaveis.com.br/
O sistema funciona mesmo em dias nublados, é uma fonte de energia limpa e inesgotável,
gera uma economia imediata no custo com eletricidade, traz retorno do investimento a
curto e médio prazo, possui 25 anos de garantia na produção energética e ajuda o meio
ambiente.
5.4.4 ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS
ESQUADRIAS
As esquadrias, tanto portas como janelas, de toda edificação devem ser elaboradas em
madeira maciça ipê certificada, envernizada com produto não combustível autorizado
pelo corpo de bombeiros.
O uso de vidro nas esquadrias da pousada foi bastante restrito pois esse material requer
limpeza diária e maiores cuidados em ambiente marítimo devido a maresia. Por essa
razão o vidro foi utilizado apenas nas portas do restaurante e recepção.
93
Todas as demais esquadrias devem ser do tipo Tabicão. Trata-se de portas e janelas feitas
com tabicas (réguas) de madeira de 10 cm, que recebem uma ferragem para permitir que
fique aberta ou fechada favorecendo a ventilação sem perder a segurança.
Figura 41: esquadria tipo tabicão
Fonte: Mapre, disponível em: http://www.maprerep.com.br/categorias.asp?cod=24
FORROS
Os forros dos quartos, recepção e salão de mesas do restaurante devem ser
executados em lambri de madeira freijó, que é macia e fácil de trabalhar, com
aplicação de verniz não combustível autorizado pelo corpo de bombeiros estadual.
Nas demais áreas o forro deve ser executado em gesso.
TELHAS
Para áreas com telhado aparente deve-se utilizar telha cerâmica com inclinação de
25% aplicadas sobre um madeiramento executado em ipê certificado. Esse tipo de
telha é o mais usado na região e foi escolhido em razão disso e também pelo fácil
acesso, baixo custo e desempenho térmico satisfatório.
Nas áreas onde há uso de platibanda com telhado não aparente, sugere-se o uso de
telhas ecológicas feitas de fibra vegetal impermeabilizadas no tamanho 2,00 m X 0,95
94
m com inclinação de 20%. A escolha se deve ao fato do produto ser sustentável, de
fácil acesso no mercado, fácil instalação e bom desempenho térmico.
Figura 42: Telha ecológica
PISOS
Para os pisos das circulações externas indica-se o uso do piso Madeyra Vcchia Canela da
marca Castelatto. A escolha se deve a alta durabilidade do produto que simula madeira,
porém exige menor manutenção e apresenta maior durabilidade.
Figura 43: Piso madeira vecchia
Fonte: Castelatto. Disponível em: http://www.castelatto.com.br/produto
Fonte: Onduline. Disponível em: http://br.onduline.com/produtos/sistemas-de- coberturas/onduliner-classica
95
Para área do estacionamento é indicado usar piso intertravado ecológico e cobogramas,
que são materiais permeáveis, resistentes ao tráfego de veículos e de baixo custo.
Para os ambientes internos a sugestão é o piso da linha Paris na cor cinza da marca
Castelatto de acabamento fosco em peças de 1,00 x 1,00 m.
Figura 44: Piso Paris castelatto
Fonte: Castelatto. Disponível em: http://www.castelatto.com.br/produto
PISCINA
Há uma distinção de cor no revestimento da piscina entre áreas de maior e menor
profundidade. Para áreas mais rasas sugere-se uso do revestimento da marca Portobello,
linha Colors mosaico em telas de 30 x 30 cm, formadas por pedras de 4,5 x 4,5 cm, na cor
Miscelânea Blu Chiaro, e para áreas mais profundas o mesmo porém na cor Miscelânea
Blu Scuro.
Figura 45: Portobello Colors
Fonte: cerâmica Portobello. Disponível em: http://www.portobello.com.br/data/clients/50/pageMedia/2/7.pdf
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PAREDES
Com relação ao revestimento externo dos blocos, buscou-se algo que tivesse relação com
o ambiente inserido, aspecto rustico e por essa razão optou-se pelo Fulget, que é um
material feito de cimento, pedras granuladas, e aditivos que possui uma textura final
semelhante a areia. A aplicação do revestimento é diretamente sobre o emboço
sarrafeado, com uso de desempenadeira e depois é compactado e lavado.
Figura 46: Fulget
Fonte: Fulger acrílico. Disponível em: http://riverquartzo.com.br/produtos/fuget-acrilico/
Nas pares em que se pode perceber o uso de pedra natural através das perspectivas,
indica-se o uso da Pedra Madeira na cor amarelo. Trata-se de uma pedra fria, bastante
resistente, de fácil acesso na região e baixo custo.
Figura 4: Pedra Madeira
Fonte: Pedras Boa vista. Disponível em: http://pedrasboavista.com.br/pedras/pedra-madeira/
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração desse trabalho buscou a criação de um estabelecimento que se tornasse
um incentivador do turismo na praia de Barra do Cunhaú e uma referência de conduta
numa das formas de projetar que visam a proteção ao meio ambiente.
Ao longo do desenvolvimento do trabalho, foram enfrentadas dificuldades com
relação à obtenção de dados sobre o terreno na prefeitura local e também com
relação à interpretação do plano diretor do município, que não disponibiliza mapas
para auxílio na sua compreensão. Esta é uma dificuldade comum a aqueles que optam
por fazer projetos em municípios pequenos, que geralmente não possuem diretrizes
muito aperfeiçoadas.
Apesar dos entraves encontrados, foi possível atingir o resultado final desejado já que
o produto final procurou atender adequadamente a requisitos técnicos, ambientais e
funcionais, além de propor um ambiente agradável e atrativo ao turista.
A necessidade de realizar um projeto que atendesse a todos os parâmetros definidos
por leis, normas e códigos e também às recomendações ambientais, proporcionou
uma experiência de grande importância para a vivência como arquiteto e urbanista.
Foi mais um instrumento acadêmico para aprendizado e interpretação desses
requisitos que são de fundamental importância para concepção de um projeto seguro
e que atenda a todos os públicos.
O trabalho cumpriu, assim, seu objetivo inicial de chegar ao nível de anteprojeto e,
embora sempre haja o desejo por parte do arquiteto de ver suas obras prontas e
servindo à comunidade, é importante frisar que para sua construção de fato são
necessários mais estudos, informações e detalhes técnicos ao projeto.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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