campeões de vendas
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Matéria sobre o crescimento da profissão de corretor de imóveis em SalvadorTRANSCRIPT
44 SALVADOR DOMINGO 17/7/2011 45SALVADOR DOMINGO 17/7/2011
#172 / DOMINGO, 17 DE JULHO DE 2011REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE
EDGARD NAVARRO A MODA DO VINIL VESTIDOS «
Campeões deVENDASO aquecimento do mercado alavanca a carreira decorretores de imóveis como José Alberto Vasconcelos
20 SALVADOR DOMINGO 17/7/2011 21SALVADOR DOMINGO 17/7/2011
A casaé sua Texto PEDRO FERNANDES [email protected]
Com o mercado de imóveisaquecido, os corretoresganham espaço e a demandapor profissionais qualificados ebem-remunerados nãopara de crescer
Nicole Rangel, corretora campeã de
vendas de imóveis de alto luxo
Torres não param de subir nos
horizontes da cidade e, com
elas, sobe a procura pelos
imóveis. Dos feitos sob medi-
da para uma classe C ascen-
dente (na qual se encontra o
maior volume de vendas) até os espaço-
sos duplex de sete dígitos, Salvador vive
um momento bastante aquecido para o
mercado. Só no ano passado, foram lan-
çadas 14.619 novas unidades. Dessas,
12.879 já foram vendidas.
Embora quem fique com grande parte
dos lucros sejam as incorporadoras, na
basedapirâmideestãooscorretoresimo-
biliários, intermediáriosentrequemquer
vender e quem quer comprar. Como eles
defendem, não são meros vendedores,
mas consultores, especialistas numa das
transações financeiras mais importantes
que uma pessoa pode realizar: a compra
de um imóvel. Nada mais justo que a res-
ponsabilidade seja bem-remunerada.
BOOMO boom imobiliário e as comissões –
que variam de 1,05% do valor da transa-
ção (no caso da venda de um imóvel no-
vo)até5%(deumusado)–atraírammui-
ta gente para a atividade. Em 2007, o nú-
mero de profissionais inscritos no Conse-
lho Regional de Corretores Imobiliários
da Bahia (Creci-BA) era de 5.180. Hoje já
chega a 10.380.
A maioria está trabalhando nos estan-
des de vendas de lançamentos. Durante
as solenidades de entregas de carteiras
do Creci, que acontecem a cada dois me-
ses, representantes de incorporadoras e
imobiliárias esperam praticamente na
porta os corretores recém-formados para
contrataçãoimediata.Atéquemjáestava
aposentado quis tomar para si a parte
que lhe cabe. Eduardo Mendes, 66, eco-
FERN
AND
OVI
VAS
/AG
.ATA
RDE
20 SALVADOR DOMINGO 17/7/2011 21SALVADOR DOMINGO 17/7/2011
A casaé sua Texto PEDRO FERNANDES [email protected]
Com o mercado de imóveisaquecido, os corretoresganham espaço e a demandapor profissionais qualificados ebem-remunerados nãopara de crescer
Nicole Rangel, corretora campeã de
vendas de imóveis de alto luxo
Torres não param de subir nos
horizontes da cidade e, com
elas, sobe a procura pelos
imóveis. Dos feitos sob medi-
da para uma classe C ascen-
dente (na qual se encontra o
maior volume de vendas) até os espaço-
sos duplex de sete dígitos, Salvador vive
um momento bastante aquecido para o
mercado. Só no ano passado, foram lan-
çadas 14.619 novas unidades. Dessas,
12.879 já foram vendidas.
Embora quem fique com grande parte
dos lucros sejam as incorporadoras, na
basedapirâmideestãooscorretoresimo-
biliários, intermediáriosentrequemquer
vender e quem quer comprar. Como eles
defendem, não são meros vendedores,
mas consultores, especialistas numa das
transações financeiras mais importantes
que uma pessoa pode realizar: a compra
de um imóvel. Nada mais justo que a res-
ponsabilidade seja bem-remunerada.
BOOMO boom imobiliário e as comissões –
que variam de 1,05% do valor da transa-
ção (no caso da venda de um imóvel no-
vo)até5%(deumusado)–atraírammui-
ta gente para a atividade. Em 2007, o nú-
mero de profissionais inscritos no Conse-
lho Regional de Corretores Imobiliários
da Bahia (Creci-BA) era de 5.180. Hoje já
chega a 10.380.
A maioria está trabalhando nos estan-
des de vendas de lançamentos. Durante
as solenidades de entregas de carteiras
do Creci, que acontecem a cada dois me-
ses, representantes de incorporadoras e
imobiliárias esperam praticamente na
porta os corretores recém-formados para
contrataçãoimediata.Atéquemjáestava
aposentado quis tomar para si a parte
que lhe cabe. Eduardo Mendes, 66, eco-
FERN
AND
OVI
VAS
/AG
.ATA
RDE
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nomista, poderia aproveitar essa fase para
curtirosnetos,masresolveuvoltarquando
a atividade começou a entrar em alta.
Nos anos 1980 ele tinha uma imobiliá-
ria, onde trabalhou por oito anos, até se
afastar do negócio. Em 2007, foi contrata-
do pela Brito & Amoedo, considerada líder
nasregiõesNorteeNordestee,noanopas-
sado, foi o corretor que mais vendeu seus
lançamentos. Geralmente, apartamentos
de classe média, na faixa dos R$ 300 mil.
O segredo para ser um bom corretor,
além de uma boa formação geral e expe-
riência, é conhecer profundamente o pro-
duto que vende. Segundo o raciocínio de
Eduardo,essessãoospilaresparaganhara
confiança do cliente. Diante da importân-
cia do negócio, o comprador dificilmente
vai confiar as economias a alguém que fale
errado ou que não saiba esclarecer de
pronto qualquer dúvida.
Eduardo não cita valores. Números de
vendas lhe fogem misteriosamente à me-
mória. Prefere falar do quanto a atividade
é custosa. Para ele, a comissão já foi me-
lhor. “Os ganhos só são bons por conta do
volume de novos empreendimentos”. No
passado, segundo Eduardo, as empresas
investiam mais em publicidade, o que tor-
nava a venda mais fácil. Hoje, incorpora-
doras e imobiliárias têm no corretor o prin-
cipal instrumento. É ele que tem que correr
atrás. “O corretor tem que estar 24 horas
no ar e ser sempre otimista”.
E é com otimismo que ele segue por cin-
co meses sem vender uma única unidade.
“Não modifiquei em nada a maneira de
trabalhar. No entanto, em 2011, meu de-
sempenho não está sendo nem parecido
com o do ano passado”. Ele atribui a fase à
retração das incorporadoras. “Mas ainda
há muitos empreendimentos no forno”.
Para sobreviver às épocas de vacas ma-
gras, “o importante é ser prudente”.
38,8%dos baianos gastam entreR$ 150 mil e R$ 250 milna hora de comprar um
imóvel
ALTO LUXOTambém corretora campeã de vendas,
Nicole Rangel, 34, concorda com Eduardo.
“O principal é saber administrar o que se
ganha, porque essa é uma atividade in-
constante”. Formada em relações públicas
e pós-graduada em marketing, ela resol-
veu desistir da área de comunicação. “Es-
tava trabalhando, mas não me realizava
profissionalmente. Por conta do boom,
meu pai, que é corretor, me convenceu”.
Háquatroanos,ela trabalhana imobiliária
Ponto 4 & Coelho da Fonseca.
Nicole começou como corretora de lan-
çamentos, trabalhando em estandes de
vendas.Ficounessaposiçãopordoisanose
passou a se destacar, porque, além de ven-
der no estande, possuía uma rede de con-
tatos pessoais da qual lançava mão para
aumentar o volume de negócios.
Depois, foi promovida a coordenadora
de projetos. No cargo, ficava responsável
pelo trabalho de outros corretores em um
produtoespecífico.Logo, foichamadaaas-
sumiragerênciadeumaequipee,maistar-
de,deumaoutra,especializadaapenasem
imóveis de luxo (a partir de R$ 800 mil) e
alto luxo (a partir de R$ 2 milhões).
Este ano, embora a ADEMI-BA preveja
um crescimento de 30% de novos empre-
endimentos, os grandes lançamentos ain-
da não aconteceram. O mercado se retraiu
nos primeiros seis meses por conta da alta
de juros e da inflação e deixou para o se-
gundosemestreos lançamentos.Assim,as
atenções se voltaram para os usados.
“Ainda há muitos imóveis a se-
rem entregues e vai haver um
boom de usados. Vamos au-
mentar a equipe de avulsos.
O usado não entra em crise.
Desde o fim do ano, não há
lançamentos, mas o mercado
avulsonãopara”,dizNicole.Ne-
les,acomissãoéatémelhor.A imo-
biliária fica com 5% do valor da venda e
corretor fica com 30% do montante.
Mas não adianta entrar nessa só pela
grana. A demanda existe e conseguir em-
prego é fácil. Difícil é ser bem-sucedido,
criar uma rede de contatos sólida e forjar
uma cartela de clientes satisfeitos. “O boca
a boca é muito importante. Hoje, não cabe
fazerbico, trataraatividadecomosegundo
emprego. Como consultor, você tem que
oferecer o produto certo para a necessida-
dedocliente.Éprecisopassarcredibilidade
e o cliente propaga isso”.
Nicole nunca exerceu seu trabalho fora
daproteçãodoambientecorporativo.Para
ela, trabalhar numa empresa de grande
porteémelhorporcontadacredibilidadee
estrutura.Masháaquelesqueviramnaati-
vidade a oportunidade de uma vida sem
patrãoenãotrocamaindependênciapelas
facilidades oferecidas por nenhum depar-
tamento jurídico ou de marketing.
INDEPENDÊNCIATodaaestruturacorporativadaqualpre-
cisa Valéria Campos, 49, não passa de um
pequeno home office e da trilha sonora
constante das ondas da Praia do Buracão,
no Rio Vermelho. É lá que ela trabalha,
quandonãoestácorrendodeumladopara
o outro para mostrar apartamentos aos
clientes ou providenciar documentos para
a venda. Sua cota de ambientes corpora-
tivos já se exauriu em trabalhos como o de
secretárianoPoloPetroquímicoenaPetro-
MARCO AURÉLIO MARTINS / AG. A TARDE
Aposentado, Eduardo voltou à corretagem pelo bom momento do mercado
RAUL SPINASSÉ/ AG. A TARDE
Valéria Campos
atua de forma
independente,
com imóveis
usados, e tem
uma clientela fiel
24%dos consumidores
investem de R$ 50 mil aR$ 100 mil. 5% a mais do
que em 2008
22 SALVADOR DOMINGO 17/7/2011 23SALVADOR DOMINGO 17/7/2011
nomista, poderia aproveitar essa fase para
curtirosnetos,masresolveuvoltarquando
a atividade começou a entrar em alta.
Nos anos 1980 ele tinha uma imobiliá-
ria, onde trabalhou por oito anos, até se
afastar do negócio. Em 2007, foi contrata-
do pela Brito & Amoedo, considerada líder
nasregiõesNorteeNordestee,noanopas-
sado, foi o corretor que mais vendeu seus
lançamentos. Geralmente, apartamentos
de classe média, na faixa dos R$ 300 mil.
O segredo para ser um bom corretor,
além de uma boa formação geral e expe-
riência, é conhecer profundamente o pro-
duto que vende. Segundo o raciocínio de
Eduardo,essessãoospilaresparaganhara
confiança do cliente. Diante da importân-
cia do negócio, o comprador dificilmente
vai confiar as economias a alguém que fale
errado ou que não saiba esclarecer de
pronto qualquer dúvida.
Eduardo não cita valores. Números de
vendas lhe fogem misteriosamente à me-
mória. Prefere falar do quanto a atividade
é custosa. Para ele, a comissão já foi me-
lhor. “Os ganhos só são bons por conta do
volume de novos empreendimentos”. No
passado, segundo Eduardo, as empresas
investiam mais em publicidade, o que tor-
nava a venda mais fácil. Hoje, incorpora-
doras e imobiliárias têm no corretor o prin-
cipal instrumento. É ele que tem que correr
atrás. “O corretor tem que estar 24 horas
no ar e ser sempre otimista”.
E é com otimismo que ele segue por cin-
co meses sem vender uma única unidade.
“Não modifiquei em nada a maneira de
trabalhar. No entanto, em 2011, meu de-
sempenho não está sendo nem parecido
com o do ano passado”. Ele atribui a fase à
retração das incorporadoras. “Mas ainda
há muitos empreendimentos no forno”.
Para sobreviver às épocas de vacas ma-
gras, “o importante é ser prudente”.
38,8%dos baianos gastam entreR$ 150 mil e R$ 250 milna hora de comprar um
imóvel
ALTO LUXOTambém corretora campeã de vendas,
Nicole Rangel, 34, concorda com Eduardo.
“O principal é saber administrar o que se
ganha, porque essa é uma atividade in-
constante”. Formada em relações públicas
e pós-graduada em marketing, ela resol-
veu desistir da área de comunicação. “Es-
tava trabalhando, mas não me realizava
profissionalmente. Por conta do boom,
meu pai, que é corretor, me convenceu”.
Háquatroanos,ela trabalhana imobiliária
Ponto 4 & Coelho da Fonseca.
Nicole começou como corretora de lan-
çamentos, trabalhando em estandes de
vendas.Ficounessaposiçãopordoisanose
passou a se destacar, porque, além de ven-
der no estande, possuía uma rede de con-
tatos pessoais da qual lançava mão para
aumentar o volume de negócios.
Depois, foi promovida a coordenadora
de projetos. No cargo, ficava responsável
pelo trabalho de outros corretores em um
produtoespecífico.Logo, foichamadaaas-
sumiragerênciadeumaequipee,maistar-
de,deumaoutra,especializadaapenasem
imóveis de luxo (a partir de R$ 800 mil) e
alto luxo (a partir de R$ 2 milhões).
Este ano, embora a ADEMI-BA preveja
um crescimento de 30% de novos empre-
endimentos, os grandes lançamentos ain-
da não aconteceram. O mercado se retraiu
nos primeiros seis meses por conta da alta
de juros e da inflação e deixou para o se-
gundosemestreos lançamentos.Assim,as
atenções se voltaram para os usados.
“Ainda há muitos imóveis a se-
rem entregues e vai haver um
boom de usados. Vamos au-
mentar a equipe de avulsos.
O usado não entra em crise.
Desde o fim do ano, não há
lançamentos, mas o mercado
avulsonãopara”,dizNicole.Ne-
les,acomissãoéatémelhor.A imo-
biliária fica com 5% do valor da venda e
corretor fica com 30% do montante.
Mas não adianta entrar nessa só pela
grana. A demanda existe e conseguir em-
prego é fácil. Difícil é ser bem-sucedido,
criar uma rede de contatos sólida e forjar
uma cartela de clientes satisfeitos. “O boca
a boca é muito importante. Hoje, não cabe
fazerbico, trataraatividadecomosegundo
emprego. Como consultor, você tem que
oferecer o produto certo para a necessida-
dedocliente.Éprecisopassarcredibilidade
e o cliente propaga isso”.
Nicole nunca exerceu seu trabalho fora
daproteçãodoambientecorporativo.Para
ela, trabalhar numa empresa de grande
porteémelhorporcontadacredibilidadee
estrutura.Masháaquelesqueviramnaati-
vidade a oportunidade de uma vida sem
patrãoenãotrocamaindependênciapelas
facilidades oferecidas por nenhum depar-
tamento jurídico ou de marketing.
INDEPENDÊNCIATodaaestruturacorporativadaqualpre-
cisa Valéria Campos, 49, não passa de um
pequeno home office e da trilha sonora
constante das ondas da Praia do Buracão,
no Rio Vermelho. É lá que ela trabalha,
quandonãoestácorrendodeumladopara
o outro para mostrar apartamentos aos
clientes ou providenciar documentos para
a venda. Sua cota de ambientes corpora-
tivos já se exauriu em trabalhos como o de
secretárianoPoloPetroquímicoenaPetro-
MARCO AURÉLIO MARTINS / AG. A TARDE
Aposentado, Eduardo voltou à corretagem pelo bom momento do mercado
RAUL SPINASSÉ/ AG. A TARDE
Valéria Campos
atua de forma
independente,
com imóveis
usados, e tem
uma clientela fiel
24%dos consumidores
investem de R$ 50 mil aR$ 100 mil. 5% a mais do
que em 2008
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Com a regulamentação da profissão,
em 1978, os corretores reuniram-se
nos conselhos regionais (Creci), enti-
dadesquetêmcomofunçãofiscalizaro
exercício da atividade. Assim, para se
tornar um corretor é preciso fazer um
curso de Técnico em Transações Imo-
biliárias. Na Bahia, hoje, só há três cur-
sos autorizados pelo Conselho Esta-
dual de Educação. É possível ainda op-
tar por um curso de nível superior em
Negócios Imobiliários.
De acordo com Samuel Arthur Pra-
do, presidente do Creci-Ba, o cresci-
mento do número de profissionais,
apesardevertiginoso,aindanãosupre
a carência do mercado brasileiro.
“Com 300 milhões de habitantes, os
Estados Unidos têm hoje cerca de um
milhão de corretores. O Brasil, com
200 milhões, tem apenas 220 mil.
Destes, 100 mil se concentram no Es-
tado de São Paulo”.
Antes do boom, além de um núme-
ro insuficiente, ainda existiam muitos
clandestinos. A luta do conselho regio-
nal hoje é para estimular a especiali-
zação e combater a proliferação de
profissionais irregulares.Apuniçãopa-
raumaempresaquefacilitaoexercício
ilegal varia de simples advertência até
suspensão da licença ou mesmo can-
celamento definitivo.
Por conta do déficit habitacional,
que encontra-se em 5,5 milhões de
moradias, Prado argumenta que deve
demorar para que o mercado se esta-
bilize. “Portanto, ainda haverá de-
manda por mais corretores e a profis-
são ficará em alta bastante tempo”. «
bras, onde ficou por 10 anos.
Com 17 anos de corretagem, ela diz que
nunca deu um plantão sequer em estande
de vendas e nunca entrou numa imobiliá-
ria. “Se eu trabalhasse numa imobiliária,
achoqueperderiatodootrabalhosensível,
deouvir,deentenderoqueaspessoaspre-
cisam. Não se trata apenas de paredes. A
parte humana desse trabalho é mais im-
portante”. Sem contar o fato de que não
precisa dividir seus 5% com ninguém.
Valéria,queatuanomercadodeusados
e tem como clientes artistas, psicólogos,
médicos e estrangeiros, conta que já dei-
xou de realizar vendas porque viu que
aquele não seria o melhor para a cliente.
“Percebi que ela ainda era muito apegada
à casa, que seria vendida por conta de uma
separação”. Valéria sugeriu, então, que fi-
zesse um financiamento e comprasse a
parte do ex-marido. Não ganhou comis-
são, mas recebeu a indicação para outro
trabalho, e para outro e outro.
Talvez por ter entrado no ramo meio por
acaso, por conta dos pedidos de amigos,
sua relação com a clientela tenha um ca-
ráter amistoso. O primeiro imóvel que ven-
deu foi o de um vizinho, que lhe entregou
aschavesepediuqueelasaíssemostrando
o apartamento. Depois, veio o de uma
amiga.Sóaí,elasetocouquepoderiafazer
disso uma profissão.
Desde então, não parou. A corretora
conta que o tempo máximo que já ficou sem fechar um negócio
foram dois meses. Apesar de também não falar em valores, ela
admite que já vendeu sete apartamentos este ano. Em 2010, fo-
ram doze. Apesar disso, Valéria diz que ainda não está rica. “Nem
é o meu objetivo. Quero viver bem, sair tranquila do mercado”.
Para isso, trabalha de domingo a domingo e aproveita o bom mo-
mento do mercado. Como recompensa, há dois anos, tirou dois
meses inteiros de férias na Europa. No próximo ano, quando com-
pleta três anos sem parar de trabalhar, planeja uma temporada de
três meses.
ALUGUELQuem não está preocupado com as idas e vindas do mercado é
José Alberto de Vasconcelos, 57, idade de “quem não pode mais
errar”. Em vez de ficar preocupado com o quanto vai vender este
mês, ele resolveu apostar na corretagem, que embora não seja o
mais lucrativo em curto prazo, é o mais seguro.
Massuahistóriadesucessonomercadoimobiliárionãocomeça
por aí. E sim, em 1977, quando um amigo do Colégio Central apa-
receu perguntado se ele queria trabalhar como corretor. Naquela
época, ele ainda cursava geologia, mas quase quebrava pedra pa-
ra fazer render a mesada, que só dava para
o transporte e para o lanche. O pai, des-
confiado como um bom filho da cidade do
Morro do Chapéu, foi contra. Achava que
corretagem era coisa de quem não “tinha
dado para nada”.
Então começou a trabalhar escondido
da família. Dizia que ia sair, mas dava plan-
tão. Certa vez fez uma boa venda e preci-
sava justificar o dinheiro que receberia. Re-
solveu contar tudo ao pai, que só permitiu
que ele continuasse se não lar-
gasse a faculdade. Com seis
meses de trabalho, com-
prou o carro do dono da
imobiliária.
Quando João Alber-
to se formou, aconte-
ceuoprevisível.Semes-
paço na sua área, ele
passou a se dedicar com
mais afinco ao trabalho como corretor. Lo-
go, estava ganhando bastante dinheiro e
atuando em empresas maiores, até que,
em 1984, decidiu abrir um negócio com
outros dois sócios. Com o singelo nome de
Novo Endereço, a imobiliária vingou até
1998, quando a sociedade se desfez e ele
resolveucolocaroseunomeestampadona
fachada. Hoje, trabalham para ele 8 corre-
tores e 25 funcionários.
Apesar de continuar com as vendas, ge-
ralmente em valores que oscilam entre
R$ 100 mil e R$ 600 mil, o grande negócio
da José Alberto Imóveis é a administração
imobiliária. Pode não ser a atividade mais
lucrativa, mas é muito sólida e constante.
Dessa forma, ele não precisa ficar depe-
dente das oscilações do mercado. “Apesar
de segura, não é uma tarefa fácil ficar entre
o inquilino e o proprietário, porque um
quersempremaiseoutroquersempreme-
nos”.Cercademil imóveisestãoatualmen-
te sob os cuidados da empresa.
OconselhodeJoséAlbertopa-
ra quem quer abraçar essa
carreira é o da especializa-
ção. Já com uma trajetó-
ria consolidada, ele in-
veste agora num curso
de direito. “É uma pro-
fissão rentável, mas se o
corretor não se especiali-
zar, vai se dar mal”.
Sobram vagasno mercado
José Alberto
Vasconcelos
preferiu abrir sua
própria corretora
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
24,45%dos imóveis comercializadosestão na Pituba, Iguatemi
Caminho das Árvores,Pitubaville, Aquarius, Costa
Azul, Stiep, Itaigara,Armação, Alto do Parque,
Jardim de Alah
23,67%estão em Alphaville, Boca do
Rio, Nova Boca do Rio,Imbuí, Jaguaribe, Paralela,
Patamares e Pituaçu
11,65%abrangem bairros comoBrotas, Acupe, Alto de
Brotas, Bonocô, Horto, LuisAnselmo, Matatu,
Pitangueiras, Vasco daGama e Vila Laura.
ONDE ESTUDARTotalDuração: 10 mesesTurmas: matutinasValor: R$ 2.600www.sejatotal.com.br
Instituto Espaço NovoDuração: 32 semanasletivasTurmas: matutinas,vespertinas e noturnasValor: R$ 2.200(matutino evespertino) e R$ 2.400(noturno)www.institutoespaconovo.com.br/ Fonte: Ademi
24 SALVADOR DOMINGO 17/7/2011 25SALVADOR DOMINGO 17/7/2011
Com a regulamentação da profissão,
em 1978, os corretores reuniram-se
nos conselhos regionais (Creci), enti-
dadesquetêmcomofunçãofiscalizaro
exercício da atividade. Assim, para se
tornar um corretor é preciso fazer um
curso de Técnico em Transações Imo-
biliárias. Na Bahia, hoje, só há três cur-
sos autorizados pelo Conselho Esta-
dual de Educação. É possível ainda op-
tar por um curso de nível superior em
Negócios Imobiliários.
De acordo com Samuel Arthur Pra-
do, presidente do Creci-Ba, o cresci-
mento do número de profissionais,
apesardevertiginoso,aindanãosupre
a carência do mercado brasileiro.
“Com 300 milhões de habitantes, os
Estados Unidos têm hoje cerca de um
milhão de corretores. O Brasil, com
200 milhões, tem apenas 220 mil.
Destes, 100 mil se concentram no Es-
tado de São Paulo”.
Antes do boom, além de um núme-
ro insuficiente, ainda existiam muitos
clandestinos. A luta do conselho regio-
nal hoje é para estimular a especiali-
zação e combater a proliferação de
profissionais irregulares.Apuniçãopa-
raumaempresaquefacilitaoexercício
ilegal varia de simples advertência até
suspensão da licença ou mesmo can-
celamento definitivo.
Por conta do déficit habitacional,
que encontra-se em 5,5 milhões de
moradias, Prado argumenta que deve
demorar para que o mercado se esta-
bilize. “Portanto, ainda haverá de-
manda por mais corretores e a profis-
são ficará em alta bastante tempo”. «
bras, onde ficou por 10 anos.
Com 17 anos de corretagem, ela diz que
nunca deu um plantão sequer em estande
de vendas e nunca entrou numa imobiliá-
ria. “Se eu trabalhasse numa imobiliária,
achoqueperderiatodootrabalhosensível,
deouvir,deentenderoqueaspessoaspre-
cisam. Não se trata apenas de paredes. A
parte humana desse trabalho é mais im-
portante”. Sem contar o fato de que não
precisa dividir seus 5% com ninguém.
Valéria,queatuanomercadodeusados
e tem como clientes artistas, psicólogos,
médicos e estrangeiros, conta que já dei-
xou de realizar vendas porque viu que
aquele não seria o melhor para a cliente.
“Percebi que ela ainda era muito apegada
à casa, que seria vendida por conta de uma
separação”. Valéria sugeriu, então, que fi-
zesse um financiamento e comprasse a
parte do ex-marido. Não ganhou comis-
são, mas recebeu a indicação para outro
trabalho, e para outro e outro.
Talvez por ter entrado no ramo meio por
acaso, por conta dos pedidos de amigos,
sua relação com a clientela tenha um ca-
ráter amistoso. O primeiro imóvel que ven-
deu foi o de um vizinho, que lhe entregou
aschavesepediuqueelasaíssemostrando
o apartamento. Depois, veio o de uma
amiga.Sóaí,elasetocouquepoderiafazer
disso uma profissão.
Desde então, não parou. A corretora
conta que o tempo máximo que já ficou sem fechar um negócio
foram dois meses. Apesar de também não falar em valores, ela
admite que já vendeu sete apartamentos este ano. Em 2010, fo-
ram doze. Apesar disso, Valéria diz que ainda não está rica. “Nem
é o meu objetivo. Quero viver bem, sair tranquila do mercado”.
Para isso, trabalha de domingo a domingo e aproveita o bom mo-
mento do mercado. Como recompensa, há dois anos, tirou dois
meses inteiros de férias na Europa. No próximo ano, quando com-
pleta três anos sem parar de trabalhar, planeja uma temporada de
três meses.
ALUGUELQuem não está preocupado com as idas e vindas do mercado é
José Alberto de Vasconcelos, 57, idade de “quem não pode mais
errar”. Em vez de ficar preocupado com o quanto vai vender este
mês, ele resolveu apostar na corretagem, que embora não seja o
mais lucrativo em curto prazo, é o mais seguro.
Massuahistóriadesucessonomercadoimobiliárionãocomeça
por aí. E sim, em 1977, quando um amigo do Colégio Central apa-
receu perguntado se ele queria trabalhar como corretor. Naquela
época, ele ainda cursava geologia, mas quase quebrava pedra pa-
ra fazer render a mesada, que só dava para
o transporte e para o lanche. O pai, des-
confiado como um bom filho da cidade do
Morro do Chapéu, foi contra. Achava que
corretagem era coisa de quem não “tinha
dado para nada”.
Então começou a trabalhar escondido
da família. Dizia que ia sair, mas dava plan-
tão. Certa vez fez uma boa venda e preci-
sava justificar o dinheiro que receberia. Re-
solveu contar tudo ao pai, que só permitiu
que ele continuasse se não lar-
gasse a faculdade. Com seis
meses de trabalho, com-
prou o carro do dono da
imobiliária.
Quando João Alber-
to se formou, aconte-
ceuoprevisível.Semes-
paço na sua área, ele
passou a se dedicar com
mais afinco ao trabalho como corretor. Lo-
go, estava ganhando bastante dinheiro e
atuando em empresas maiores, até que,
em 1984, decidiu abrir um negócio com
outros dois sócios. Com o singelo nome de
Novo Endereço, a imobiliária vingou até
1998, quando a sociedade se desfez e ele
resolveucolocaroseunomeestampadona
fachada. Hoje, trabalham para ele 8 corre-
tores e 25 funcionários.
Apesar de continuar com as vendas, ge-
ralmente em valores que oscilam entre
R$ 100 mil e R$ 600 mil, o grande negócio
da José Alberto Imóveis é a administração
imobiliária. Pode não ser a atividade mais
lucrativa, mas é muito sólida e constante.
Dessa forma, ele não precisa ficar depe-
dente das oscilações do mercado. “Apesar
de segura, não é uma tarefa fácil ficar entre
o inquilino e o proprietário, porque um
quersempremaiseoutroquersempreme-
nos”.Cercademil imóveisestãoatualmen-
te sob os cuidados da empresa.
OconselhodeJoséAlbertopa-
ra quem quer abraçar essa
carreira é o da especializa-
ção. Já com uma trajetó-
ria consolidada, ele in-
veste agora num curso
de direito. “É uma pro-
fissão rentável, mas se o
corretor não se especiali-
zar, vai se dar mal”.
Sobram vagasno mercado
José Alberto
Vasconcelos
preferiu abrir sua
própria corretora
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
24,45%dos imóveis comercializadosestão na Pituba, Iguatemi
Caminho das Árvores,Pitubaville, Aquarius, Costa
Azul, Stiep, Itaigara,Armação, Alto do Parque,
Jardim de Alah
23,67%estão em Alphaville, Boca do
Rio, Nova Boca do Rio,Imbuí, Jaguaribe, Paralela,
Patamares e Pituaçu
11,65%abrangem bairros comoBrotas, Acupe, Alto de
Brotas, Bonocô, Horto, LuisAnselmo, Matatu,
Pitangueiras, Vasco daGama e Vila Laura.
ONDE ESTUDARTotalDuração: 10 mesesTurmas: matutinasValor: R$ 2.600www.sejatotal.com.br
Instituto Espaço NovoDuração: 32 semanasletivasTurmas: matutinas,vespertinas e noturnasValor: R$ 2.200(matutino evespertino) e R$ 2.400(noturno)www.institutoespaconovo.com.br/ Fonte: Ademi