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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    O estgio sinclise, mesoproterozico, comea com ossedimentos da Unidade VII de Souza (1986), que consistemem ritmitos com alternncia de nveis arenosos e lamosos,estratificao wavy e linsen e hummocky, interpretados poraquele autor como turbiditos oscilatrios. Grande parte dasrochas sedimentares componentes deste estgio pertencem

    Formao Mangabeira (Schobbenhaus e Kaul, 1971) . A FormaoMangabeira uma espessa (> 2.000 m) pilha de arenitos degranulao fina a mdia, bem arredondados. Estratificaescruzadas de grande porte, tanto acanaladas como tabulares,ocorrem em toda a formao, que interpretada como elica(Pedreira, 1997). Uma subida relativa do nvel do mar,evidenciada por superfcies limitantes com espaamentoreduzido e plancies salinas costeiras (Pedreira e Bomfim,2000), depositou a Formao Guin, composta por argilitos esiltitos, com corpos arenosos. Estes corpos arenosos preenchemvales incisos, indicando uma queda do nvel relativo do mar,no topo da Formao Guin. A Formao Mangabeira

    interpretada como depsito de um ambiente desrtico costeiroe a Formao Guin como um delta dominado por rios (Pedreira,1995).

    As paleocorrentes medidas tanto na Formao Guin, comonas do Grupo Chapada Diamantina que lhe so superpostas,indicam um basculamento, desde quando as reas de prove-nincia dos sedimentos mudam bruscamente de oeste paraleste. Isto caracteriza um limite de seqncia.

    Este limite de seqncia foi superposto pela FormaoTombador, composta por conglomerados polimt icos e arenit os,depositados por leques aluviais e rios entrelaados. Uma novaelevao do nvel relativo do mar depositou a Formao Caboclo,cuja base consiste em calcrios silicificados com vestgios deest romatl it os. Durante a deposio desta formao, oscilaesdo nvel do mar f oram responsveis pela deposio de arenit osfluviais em vales incisos. Uma ltima queda do nvel relativodo mar provocou uma renovao do influxo terrgenorepresentado pela Formao Morro do Chapu, inicialmentecomo um sistema fluvial entrelaado e ento como planciesde mar si l ic iclsticas, seguidas por sistema deltaicocaracterizado por sigmides.

    A evoluo tectnica da Chapada Diamantina encontra-seilustrada na Fig. V.8.

    Bacias Neoproterozicas

    e Cambro-Ordovicianas

    As reas deprimidas geradas na Provncia So Francisco (Fig.V.2), no intervalo de tempo 1000 a 540 Ma, so stios debacias sedimentares repositrias das rochas que compem osgrupos Santo Onofre, Estncia, Rio Pardo e Rio Preto e oSupergrupo So Francisco, do Neoproterozico, e as formaesPalmares e Salobro, do Cambro-Ordoviciano.

    Essas bacias, que evoluram durante a desagregao e adisperso do Supercontinente Rodnia (1000 a 800 Ma) e aaglut inao/ estabil izao do Gondwana Ocident al (790 a 500Ma), tm sido interpretadas, ultimamente, segundo umaconcepo geodinmica, que leva em conta a sua posioespacial em relao s margens de placas tectnicas e os

    seus mecanismos de subsidncia. Assim, processos de embaci-amento dos ti pos rift e, margem passiva e de antepas (i ncluindomolassa) so sugeridos para elas (Dominguez, 1993;Schobbenhaus, 1996; Pedreira, 1999; Danderfer Filho, 2000;Martins Neto et al. 2001). A identificao de pacotes de rochassedimentares correlacionveis, individualizados por discor-dncias regionais ( seqncias deposicionais), em uso crescentenos trabalhos de mapeamento gelogico mais recentes, bemcomo as idades geocronolgicas e dados isotpicos, vmcontribuindo para melhorar a anlise dessas bacias.

    Durante a desagregao de Rodnia individualizou-se osegmento litosfrico designado de paleocontinente So

    FranciscoCongo (Campos Neto, 2000; Tassinari, 2000). Nesseperodo, formaram-se: (i) entre 1000 e 850 Ma, o aulacgenoSanto Onofre, preenchido pelos depsitos do grupo homnimoe as bacias rifte-margem passiva que abrigam as litofciesdos grupos Estncia e Rio Pardo; e (ii) entre 850 e 770 Ma, adepresso fl exural/ t ermal onde se deposit aram as unidadesque int egram as formaes Bebedouro e Jequit a, pert encent esao Supergrupo So Francisco.

    Aulacgeno Santo Onofre

    Corresponde, segundo Schobbenhaus (1996), ao brao menosativo de uma juno trplice formada na borda sudeste daProvncia So Francisco, que se projeta para norte, pela serrado Espinhao Setentrional, possivelmente por reativao deest rut uras pret rit as associadas ao ri ft e paleo/ mesopro-terozico Espinhao. De forma diversa, Danderfer Filho (2000)considera esse stio deposicional como uma bacia do tipotranstrativa ou do tipo strike-slip, formada ao longo da direoNNW-SSE, na regio da serra do Espinhao.

    Diques mficos com idades variando de 1100 a 900 Macortam as unidades do Supergrupo Espinhao e no atingemas litofcies do Grupo Santo Onofre. Segundo Teixeira (1993)e Trompette (1994), esses corpos so sncronos com a aberturado aulacgeno.

    O Grupo Santo Onofre, dividido nas formaes Santo Onofre,inf erior; e Sti o Novo, superior (Schobbenhaus, 1993) , equivale,parcialmente, seqncia deposicional Espinhao definidapor Dominguez e Rocha (1989) e ao sintema Santo Onofre deDanderfer Filho (2000). O seu limite com a unidade basal,paleo-mesoproterozica (Grupo Oliveira dos Brejinhos), bruscosegundo Schobbenhaus (1996), ou representa uma para-conformidade, na concepo de Bates e Jackson (1987).

    O preenchimento do aulacgeno Santo Onofre comea com

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    Parte II Tectnica260

    Figura V.8 Evoluo tectnica da Chapada Diamantina (segundoPedreira e Bomfim, 2000)

    Figure V.8 Tectonic evolut ion of the Chapada Diamanti na ( aft er Pedreiraand Bomfim, 2000)

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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    brecha epiclst ica e t ectni ca que passa lat eralmente a arcseoe, na direo do topo, a quartzito associado com filitolaminado. O quartzito apresenta estratificao cruzada do tipohummockye marcas de ondulao de granulao grossa. Esteconjunto sucedido por filitos (hemattico, granadfero,grafitoso, piritoso) com intercalaes de quartzito e raras

    lentes de mrmore. No topo do grupo ocorrem filito e xisto,associados a nveis subordinados de quartzito mdio e grosso.Tal ordenamento vertical sugere um ciclo deposicionaltransgressivo, com acumulao de sedimentos inicialmenteem ambiente raso (litorneo), seguido de deposio emambiente relativamente profundo, abaixo da base de onda detempestade (Schobbenhaus, 1996).

    Dominguez (1996) interpreta os nveis de quartzito dotopo da seo como acumulados por correntes de turbidez dealta densidade.

    As unidades do Grupo Santo Onofre foram afetadas pormetamorfismo da fcies xisto verde at o incio da fcies

    anfibolito e apresentam uma deformao simples, com dobrasabertas na sua parte norte, que passa no sentido sul, a umestilo mais complexo, com dobras apertadas a isoclinais deplano axial com mergulho forte para leste (Jardim de S,1978). Avent a-se a possibil idade dessa deformao estar relaci-onada a mais de um episdio orogni co da colagem brasil iana.

    Bacias de Margem Passiva Estncia

    e Rio Pardo

    Os depsitos do Grupo Estncia se acumularam em plataformarasa, mista (siliciclstica e carbontica), pertencente baciaEstncia, desenvolvida na borda nordeste da Provncia SoFrancisco e adjacente faixa de Dobramentos Sergipana,neoproterozica, em funo da implantao de um regimeextensional a flexural-termal.

    O grupo dividido nas formaes Juet, inferior, Acau,intermediria, e Lagarto, superior, equiparadas seqnciadeposicional Estncia. A Formao Palmares, que j foicolocada no t opo do grupo, aqui considerada como represen-tante de uma sedimentao posterior, acumulada em umabacia molssica de ant epas (ver adiante). A seqncia deposi-cional Estncia repousa em discordncia angular e erosivasobre rochas arqueanas/ paleoproterozicas do Cin turo MvelBahia Oriental e est separada da Formao Palmares pordiscordncia erosiva.

    A sedimentao da seqncia Estncia comea comconglomerado poli mt ico e areni to mdio a grosso, com int erca-laes de grauvaca retrabalhada por ondas e peli t o. Prosseguecom dolomito com estrutura estromatoltica e ooltica,calcarenit o e calcil uti t o com nveis de int raclasto e pelit o comintercalaes de calcilutito e grauvaca. Termina com pelitoassociado a arenito com discos de argila e clastos de rochacarbontica. Segundo Conceio Filho e Sales (1988) e Santos

    et al. (1998), essa seqncia se depositou em ambiente raso(litorneo) e em plataforma rasa, lamosa. O arranjo verticaldo conjunto indica que houve uma subida lenta do nvel domar, em um ciclo de deposio, possivelmente, transgressivo.

    As litofcies que preenchem a bacia Estncia apresentamanquimetamorfismo e deformao incipiente, relacionados

    tectnica compressiva que estruturou a faixa de dobramentosSergipana.

    As rochas do Grupo Rio Pardo preenchem a baciahomnima, instalada na zona limtrofe do Crton do SoFrancisco/ Faixa Araua, em poca de di stenso crustal. Diquesde diabsio de idades prximas de 1000 Ma (DAgrella Filho etal. 1989, Ar-Ar; Renn et al. 1990, Ar-Ar), que cortam oembasamento da bacia, atestam o incio do fraturamento deRodnia na regio e so os precursores da abertura do riftecont inental Araua/ Rio Pardo-West Congo Belt (Pedrosa-Soareset al. 2001; Tack et al. 2001; Dalton de Souza et al. 2002).A Bacia Rio Pardo teve a sua evoluo determinada por dois

    estgios tectnicos: o primeiro foi responsvel pela formaode um rifte continental, onde se acumulou a unidade inferiordo Grupo Rio Pardo ( Formao Paneli nha) e o segundo (dri ft e)gerou uma bacia de margem passiva, que recebeu os depsitossuperiores do grupo.

    Pedreira (1999) divide o Grupo Rio Pardo na FormaoPanelinha, Subgrupo Itaimb (que engloba as formaes Serrado Paraso, Santa Maria Eterna, gua Preta e Camac) eFormao Salobro, li mit ados ent re si por discordncias erosivase aqui equiparados a seqncias deposicionais. A FormaoSalobro aqui desmembrada do Grupo Rio Pardo e associadaa uma bacia molssica de antepas, posterior ao orgenoneoproterozico Araua e formada durante o Cambro-Ordoviciano.

    A seqncia Panelinha formada por conglomerado,brecha, arcseo e grauvaca de origem fluvial / leque aluvi al,depositados em um ciclo de sedimentao progradante,durante perodo de mar/ lago baixo.

    A seqncia Itaimb inicia a sua sedimentao comcalcrio dolomt ico e dolomi to que gradam verti calmente paraquartzito, depositados em ambiente raso (plancie de mar epraia). Esse conjunto transiciona mar afora e recoberto porfilito com lentes de rochas carbonticas, arenito e siltito,depositados em ambiente mais profundo, abaixo da base deondas de tempestade, por meio de correntes de turbidez debaixa densidade. A deposio da seqncia se encerra com aacumulao de argilito, folhelho e siltito, com intercalaesde rochas de carbonato, depositados em plancie de marlamosa (Pedreira, 1999). Essa dist ribui o verti cal/ lat eralreflete um ciclo deposicional retrogradante, acontecido emperodos de nvel de mar transgressivo e alto, depositado,provavelmente, em uma plataforma tipo rampa.

    Metamorf ismo de baixo grau e deformao ps-deposicional, gerados por processos colisionais na faixa

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    Parte II Tectnica262

    Araua, afetam as rochas da metade sul da bacia do RioPardo, enquanto a sua poro norte, depositada sobre a bordaestvel do Crton So Francisco, foi preservada em relaoao metamorfismo/ deformao ( Pedreira, 1999).

    Bacias do Supergrupo So Francisco

    O Supergrupo So Francisco constitudo na base pelasformaes Bebedouro, relacionadas seqncia deposicionalBebedouro (Guimares, 1996) e Jequita, depositadas entre850 e 770 Ma, no estgio final de fragmentao e dispersode Rodnia, em depresso fl exural/ t ermal i nt racratni caherdada, possivelmente, do rifteamento Santo Onofre, bemcomo pelas seguintes unidades acumuladas em bacias deantepas/ int racratnicas: (i) Formao Salit re, dividi da nasunidades informais Nova Amrica, Gabriel, Jussara e Irec erelacionada por Guimares (1996) seqncia deposicionalSali t re; ( ii ) Grupo Bambu, di vidi do nas formaes Sete Lagoas,

    Santa Helena e Lagoa do Jacar. A Formao Sete Lagoasconstitui a Seqncia Sete Lagoas e correlacionada Seqncia Salitre, enquanto as formaes Santa Helena eLagoa do Jacar so equiparadas a uma seqnciadeposici onal, bati zada de seqncia Santa Helena/ Lagoa doJacar; e (iii) Grupo Trs Marias, nome utilizado pararepresentar as formaes Serra da Saudade e Trs Marias,at ento integrantes do Grupo Bambu, presentes em MinasGerais, comparado seqncia deposicional Trs Marias.

    O Neoproterozico foi um perodo de glaciaes comregistros em todos os continentes. No paleocontinente SoFranciscoCongo a seqncia deposicional Bebedouro e aFormao Jequita so exemplos expressivos deste evento.

    A seqncia Bebedouro representa uma sedimentaoglcio-marinha de pouca espessura (mximo de 100 m),composta por diamictito, pelito e grauvaca, ressedimentadose transportados de leste para oeste, por correntes de degeloe por icebergs. O seu limite basal, com unidades arqueanas/paleoproterozicas e mesoproterozicas, marcado porsuperf cie de discordncia angular e erosiva, ampla e profunda,e o seu arranjo vert ical most ra ciclos de sediment ao menores(quinta ordem), granocrescentes e granodecrescentes paracima, que refletem a oscilao da frente do lenol de gelo.Lateralmente, as litofcies de diamictito e grauvaca sedistribuem, preferencialmente, na zona litornea de contatode geleira, enquanto os pelitos se acumularam alm da costa,na zona de frente de geleira.

    A Formao Jequita, defi nida na regio homnima (MinasGerais), constituda por diamictito, tilito, varvito e arenito.Para Karfunkel e Hoppe (1988) a unidade foi transportada deoeste para leste e corresponde a uma sedimentao glcio-terrestre.

    A fragmentao de Rodnia sucedida por episdioscolisionais que envolveram o paleocontinente So Francisco/

    Congo e produziram trs sistemas de orgenos, designadossistemas Brasiliano I (900700 Ma), II (650600) e III (590520 Ma). O resultado dessa colagem orognica a formaodo Gondwana Ocidental, ao final do Neoproterozico (BritoNeves, 1999; Alkmim et al. 2001).

    As idades geocronolgicas e dados isotpicos existentes

    nas seqncias deposicionais Salitre, Sete Lagoas e SantaHelena/ Lagoa do Jacar, embora insufi cientes, permit em inclu-las nos perodos de evoluo dos sistemas Brasiliano I e II.Assim, entre 750 e 650 Ma atrs, desenvolveu-se, na margemoriental da atual fai xa Brasli a, a bacia Bambu/ Salit re, produtode regime t ectni co fl exural por sobrecarga de massa. A criaode espao para a acumulao desses sedimentos deve-se auma expanso da subsidncia para o interior do crton, reflexoda sobrecarga tectnica e da subida generalizada do nvel domar, decorrente da deglaciao Bebedouro-Jequita.

    A seqncia Salitre preenche a grande baa que se instalouna parte oriental da atual regio da Chapada Diamantina

    (Bahia), sendo portadora de importantes depsitos de fosfato,chumbo e zinco. Trata-se de um pacote de rochas carbont icascom espessura mxima de 1.000 m, assentado, discordan-temente, sobre a seqncia Bebedouro e unidades de rochas(meta)sedimentares do Supergrupo Espinhao e de gnaissesdo bloco GavioLenis.

    Segundo Guimares (1996), essa sedimentao carbonticacomea, quase sempre, com uma camada pouco espessa dedolomito sobreposto aos depsitos glacio-marinhos daseqncia Bebedouro, os chamados cap dolomites. Essedolomito, semelhana de diversos carbonatos neopro-terozicos do mundo que capeiam seqncias glaciognicas,apresenta variao isotpica importante de 13C, com valoresde desvio negativo de at -5o/

    00PDB (Misi e Veizer, 1996).

    A orgem dos cap dolomites est relacionada a variaesclimticas de natureza global (Hoffman et al. 1998), e a suaassociao com depsitos glaciais sugere, segundo Fairchild(1993), uma variao climtica relativamente sbita e severa.Mudanas climticas dessa grandeza esto associadas,provavelmente, a movimentos litosfricos causados porfenmenos de tectnica global (Meert e Voo, 1994).

    Para Leo e Dominguez (1992), as rochas carbonticas daseqncia Salitre (calcarenito, calcilutito, dolomito e marga)se depositaram em uma plataforma do tipo rampa, caracte-rizada por declives suaves e ausncia de um talude pronunciado.Nesse modelo, os calcareni tos e dolomitos ocorrempredominantemente em zona litornea agitada por ondas,onde cresciam estromatlitos colunares e bioermas, e os calcilu-titos nas lagunas, protegidas do mar aberto por ilhas barreiras.Costa afora, litofcies de calcarenito e marga intercaladas seacumularam em um ambiente plataformal, entre a base deonda de tempo bom e a base de onda de tempestade. ParaDominguez (1996), essas unidades podem corresponder a ciclosshallowing-upward, repetidos verticalmente.

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    As principais deformaes que afetaram as seqnciasdeposicionais Bebedouro e Salitre esto refletidas noscavalgamentos e dobras assimtricas orientadas em torno deEW, com vergncia para sul, mais bem expostas na bacia deIrec. So deformaes epidrmicas, originadas a partir dosesforos compressivos oriundos das faixas de dobramentos

    marginais neoproterozicas-brasilianas, que penetram pordezenas de quilmetros no interior da regio cratnica eredobram, localmente, estruturas pretritas, representadaspor dobras suaves e falhas orientadas NS.

    A seqncia Sete Lagoas ocorre margeando a bordaocidental da regio fisiogrfica do Espinhao. constitudapor rochas carbonticas depositadas em plataforma rasa dotipo rampa, afetada por tempestades e isolada do continentepela calha do Espinhao (Dominguez, 1993; Martins et al.1993). Assim como a seqncia Salitre, esta unidadeapresenta, na regio da serra do Iuiu (sudoeste da Bahia),ciclos de deposio de carbonatos superpostos, agradacionais

    e que raseiam ascendentemente, acumulados em perodo denvel de mar alto. Prximo base da seqncia (em MinasGerais) ocorre um pacote pseftico, designado paracon-glomerado Sambur, i nt erpretado por Cast ro e Dardenne (1996)como depsitos de fandelta, proximais rea de maiorabatimento da bacia Bambu/ Sali t re e associados a episdiosde deformao na faixa Braslia.

    A seqncia Santa HelenaLagoa do Jacar assenta-seem discordncia erosiva (ainda no devidamente reconhecida)na seqncia Sete Lagoas e formada por rochas sili ciclsti cas(folhelho, ardsia, siltito e marga) que gradam para o topo acarbonatos com nveis subordinados de siltito e marga. Esseempilhamento vertical caracteriza um ciclo deposicionalshallowing-upward, que passa de transgressivo a mar alto,acumulado em plataforma agitada por ondas. Lateralmente,essas rochas se distribuem ao longo da plataforma, comregistros de deposio litornea e alm da costa.

    As seqncias Sete Lagoas e Santa HelenaLagoa doJacar, na borda ori ental da bacia Bambu/ Salit re, f orampreservadas das deformaes relacionadas s orogneses doCiclo Brasiliano.

    A progresso da aglut inao do Superconti nente Gondwanagerou, entre 650600 Ma, o sistema Brasiliano II, quandonova margem convergente se estabelece na atual fai xa Brasl ia(Pimentel et al. 1999, 2000) . Os processos colisionais formadosdevido a essa convergncia de placas tectnicas causaramsubsidncia flexural por sobrecarga de massa na regio dabacia Bambu/ Sali t re e formao da bacia de ant epas TrsMarias, de tempo de vida curto e de pequena extenso.

    A bacia Trs Marias se implanta sobre a antiga baciaBambuSalitre e abriga as litofcies marinhas da seqnciahomnima, organizadas em trs ciclos de sedimentaoprogradantes, de quinta ordem, que raseiam no sentido dotopo. O primeiro ciclo const it udo de peli t o e carbonato com

    intercalaes de marga e arenito, que transicionam para siltitoe argilito castanho, associados com siltito verde (verdete). Osdois ciclos superiores comeam com pelito e arcseo e passama arcseo no sentido do topo. Uma plataforma rasa, inclinadapara oeste, com talude pouco pronunciado, sugerida paradeposio desses sedimentos durante perodo de mar baixo.

    Processos tectnicos compressivos ps-deposicionaisrelacionados faixa Braslia, dirigidos, no geral, de oestepara leste, produziram, na metade ocidental da seqnciaTrs Marias, dobras apertadas, geralmente estilo chevron,com eixos suborizontais orientados norte-sul e fraca vergnciapara leste e falhas de cavalgamento com mesma vergncia.A metade oriental dessa seqncia est preservada dadeformao brasiliana, de forma idntica s seqncias SeteLagoas e Santa HelenaLagoa do Jacar da borda orientalda bacia Bambui/ Salit re.

    Bacia Transcorrente Rio Preto

    O Grupo Rio Preto, na opinio dos autores, deve ser redefinidopara abranger as formaes Rio Preto (equivalente do grupohomnimo) e Canabravinha, So Desidrio, Serra da Mamonae Riacho das Neves (que integram o Grupo Bambu; de Silva,1987). Relaciona-se o grupo redefinido seqncia rio Preto.

    A margem convergente que se desenvolvia na faixa Braslia,entre 650600 Ma atrs, era interceptada, na parte noroestedo paleocont inente So Francisco/ Congo pelo Sistema Transcor-rente Transbrasiliano, responsvel pela formao e deformao,nesse int ervalo, da bacia/ faixa dobrada rio Preto, em regimetranscorrente (bacia pull-apart), caracterizada por estiramentoem complexas zonas de falha, associado com componentedirecional importante (strike-slip). Esta interpretao contrastacom a sugerida por Silva (1987), que a considera uma baciaensilica do tipo grben, abortada, relacionada a movimentoslitosfricos do tipo normal (dip-slip).

    Nesta bacia, implantada nas bordas da bacia BambuSalitre, acumularam-se os protlitos de rochas sedimentares(deformados e metamorfisados) da seqncia rio Preto,consti tudos por xisto, fi lit o (hematt ico, grafit oso), quartzit oimpuro e quartzito hemattico, que passam, gradacionalmente,para quartzito impuro com intercalaes de xisto, metamargae metaconglomerado. Sobre essas l i tofcies ocorremmetacalcrio, metamarga, metassilt i to e ardsia, comintercalaes de metarenito. O preenchimento final da bacia representado por metarcseo, metagrauvaca e nveissubordinados de metacalcrio negro. Esse ordenamento verti calparece corresponder a trs ciclos de sedimentao superpostos.Os ciclos inferior e superior so progradantes e ficam maisrasos no sentido do topo do perfil, enquanto o intermedirio retrogradante. Isto significa que esses depsitos foramacumulados, possivelmente, durante um perodo completo devariao do nvel relativo do mar.

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    Parte II Tectnica264

    Deformao ps-deposicional relacionada inverso domovimento dos blocos do Sistema Transcorrente Transbrasilianogera, na bacia rio Preto, dobras isoclinais, inclinadas e suavescom superficie axial orientada NE-SW e falhas compressionaisde mesma orient ao. Uma marcante estrut ura em fl or posit iva,com vergncia centrfuga para NW e SE, caracteriza essa

    inverso e a atual geometria da bacia. Metamorfismo de fciesxisto verde a anfibolito baixo foi descrito na bacia (Silva,1987).

    Bacias Molssicas de AntepasPalmares

    e Salobro

    Novas bacias de antepas, de curta durao e pouca extenso,geradas por sobrecarga tectnica, ainda viriam a se formardo final do Neoproterozico ao incio do Ordoviciano (BritoNeves, 1998), associadas e subseqentes edificao deorgenos colisionais do Sistema Brasiliano III (clmax ca. 590

    ca. 520 Ma). Os produtos dessa ltima manifestao crustalbrasiliana na Provncia So Francisco so as bacias molssicasde antepas Palmares e Salobro, desenvolvidas nas suas bordasnordeste e sudeste e associadas s faixas de dobramentosSergipana e Araua, respectivamente. A bacia Palmares seinstalou sobre a margem passiva Estncia e abriga as rochassedimentares da Formao Palmares. J a bacia Salobro seformou sobre a margem passiva rio Pardo e foi preenchidapelos depsitos da Formao Salobro.

    A Formao Palmares const it uda de grauvaca, grauvacaseixosa e arenito feldsptico, intercalados com conglomeradopolimtico desorganizado (clastos de gnaisse, quartzo,quartzito, rocha carbontica, xisto e rocha metabsica). Esseconjunto de li t ofcies sucedido por arenit o lt ico (f ragmentosde argilito) com intercalaes de pelito. Saes e Vilas Boas(1986) interpretam a formao como produto de leques aluviaisretrabalhados em plancies costeiras, formados em ambientetectonicamente instvel.

    A Formao Salobro, sobrejacente ao Grupo Rio Pardo,com quem est limitada por discordncia erosiva, comea asua sedimentao com uma alternncia de arenito e pelito,depositados por correntes de turbidez de baixa densidade,sucedidos por um espesso pacote de grauvaca com freqentesintercalaes de conglomerado (pol imt ico, s vezesdiamantfero e oligomtico), depositado por leques aluviais esistema fluvial entrelaado (Pedreira, 1999). Esta organizaovertical reflete um ciclo de sedimentao progradante,desenvolvido em perodo de nvel de mar baixo.

    As formaes Palmares e Salobro no apresentammetamorfismo e deformao relevantes.

    Provncia Borborema

    A Fig. V.9 apresenta o arcabouo tectnico da ProvnciaBorborema, com base no conceito de terrenos ou domniostectonoestratigrficos (Santos, 1996) e na integrao de vriosmodelos de compartimentao previamente descritos (Jardim

    de S, 1994; Van Schmus et al. 1995a; Brito Neves et al.2000; Santos et al. 2000). Nessa provncia so individualizadostrs segmentos tectnicos fundamentais, limitados porimportantes zonas de c isalhamento bras i l ianas aquidenominados de Subprovncia Setentrional, Subprovncia daZona Transversal ou Central e Subprovncia Externa ouMeridional, as quais foram subdivididas em domnios, terrenosou faixas, com base no patrimnio litoestratigrfico, feiesestruturais, dados geocronolgicos e assinaturas geofsicas.

    Subprovncia Setentrional

    Compreende a poro da Provncia Borborema situada a nortedo Lineamento Patos, aqui subdividida, de oeste para leste,nos domnios Mdio Corea, Cear Central e Rio Grande doNorte.

    Domnio Mdio Corea

    Corresponde ao segmento da subprovncia situado a NW daZona de Cisalhamento SobralPedro II, componente doLineamento TransbrasilianoKandi, uma megaestrutura dedireo NESW, carter transcorrente dextral e idadeneoproterozica, que o separa do Domnio Cear Central.Compreende o Terreno Granja e a Faixa MartinpoleUbajara,que constituem fatias crustais l imitadas por zonas decisalhamento transcorrente-transpressivas de direo NESWe idade neoproterozica.

    O Terreno Granja corresponde ao Complexo Granja(Nascimento et al. 1981), considerado embasamento da FaixaMartinpoleUbajara, e sendo constitudo porortognaisse TTG,granulitos ortoderivados e paraderivados e migmatitos. Santos(1999), com base em idades U-Pb, Sm-Nd e Pb-Pb, consideraas rochas metaplutnicas como correspondentesa uma crosta juvenil gerada em ambiente de arco magmtico durante oSideriano (2,30 a 2,50 Ga), com retrabalhamento nos eventosTransamaznico e Brasiliano. Determinaes U-Pb em titanitanos migmatitos e iscrona mista Sm-Nd nos granulitosforneceram valores variando ent re 553 e 557 Ma, o que permitesupor que a granulitizao e a migmatizao do ComplexoGranja ocorreram no Neoproterozico.

    A Faixa MartinpoleUbajara compe-se de seqnciassupracrustais de margem conti nental passiva, deposit adas entre775 e 808 Ma (U-Pb em zirco) e metamorfisadas em torno de

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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    650 Ma (U-Pb em titanita) (Santos, 1999). O Grupo Martinpolecorresponde unidade inferior, que se inicia por quartzito emetacalcrio, intercalados com rochas metavulcnicas(Formao So Joaquim), seguidos por uma seqnciametapelitocarbontica (formaes Covo e Santa Terezinha).O Grupo Ubajara constitudo por sedimentos clastopelticos

    (formaes Trapi e Caiaras), com uma importante fciescarbontica (Formao Frecheirinha), a qual superposta poruma recorrncia clastopeltica (Formao Corea), todaseqncia sendo int erpretada como de ambiente f lvio- marinho.

    Pequenos riftes implantados ao longo de algumas zonasde cisalhamento brasilianas superpem essas seqncias eso interpretados como bacias extensionais ou de escapeeocambrianas ou cambro-ordovi cianas (Brit o Neves, 1999) .A mais importante delas, a bacia de Jaibaras, est preenchidapor sedimentos cont inentais psamito-psef t icos comintercalaes de rochas vulcnicas bsicas e flsicas,anquimetamrficos, pertencentes ao Grupo Jaibaras.

    Domnio Cear Central

    Limita-se, ao norte, pela zona de cisalhamento SobralPedroII, que o separa do Domnio Mdio Corea, e pela ProvnciaCosteira; a oeste, pela Provncia Sedimentar do Parnaba; aleste e ao sul faz fronteira com a Faixa OrsJaguaribe pormeio da Zona de Cisalhament o Ors Oeste/ Aiuaba. O DomnioCearCentral compreende o Bloco TriaPedra Branca,tambm denominado Macio TriaTau (Brito Neves, 1975) ea Faixa Cear Central (Fig. V.9) .

    O Bloco TriaPedra Branca representa terrenosarqueanos, granito-greenstonee granito-gnissico, envolvidosna colagem orognica paleoproterozica. Esse bloco constitudo por trs unidades litoestratigrficas componentesdo Complexo Cruzeta. A Unidade Tria compe-se demetabasalto, metagabro, metadacito e metarriolito interaca-madados com quartz i to, graf i ta, x is to, metacalcr io,metacherte e formao ferrfera bandada. H tambmortognaisses intrus ivos de composio tonal t ica agranodiortica e leucograntica (Sute Cedro), com idade U-Pbde 2,77 Ga. Segundo Fetter (1999), trata-se de um terreno juvenil desenvolvido em um domnio ocenico isolado,posteriormente aglutinado aos outros constituintes do bloco.A Unidade Pedra Branca ocorre sempre associada com aUnidade Tria, da qual distinguida, muitas vezes, com basena predominncia de littipos e resultados U-Pb e Sm-Nd.Constitui-se basicamente de ortognaisses TTGs primitivos,caractersticos de crosta juvenil gerada em ambiente de arcomagmtico, com idade U-Pb entre 2,77 e 2,85 Ga e idade-modelo T

    DMentre 2,92 e 3,04 Ga (Fetter, 1999). A Unidade

    Mombaa formada por ortognaisse granodiortico a grantico,gnaisses diversos, migmat it o e restos de rochas paraderivadasem alto grau metamrfico. Distingue-se da Unidade Pedra

    Branca por envolver acreso crustal j uvenil e retrabalhamentode material crustal prvio.

    A poro ESE desse macio ocupada pela UnidadeAlgodes, representada por uma associao de rochasmetassedimentares, metamficas e ortognaisses tonalticosa granodiort icos, de idade U-Pb ent re 2,13 e 2,23 Gae idades-

    modelo TDM entre 2,24 e 2,44 Ga (Martins, 2000).A maior extenso da rea do Domnio Cear Central (Faixa

    Cear Central) ocupada por complexos de rochasmetassedimentares proterozicas e compreendem os complexosCear (unidades Canind, Independncia, Quixeramobim eArneiroz) e Acopiara, Grupo Novo Oriente e Unidade Chor.Excetuando-se a Unidade Canind, as demais so associaesde rochas do tipo QPC, tpicas de ambiente plataformal demargem passiva, constitudas por metaconglomerado,quar tz i to, x is to, paragnaisse aluminoso, mrmore e,subordinadamente, por anfibolito e ortognaisse grantico.Apresentam metamorfismo da fcies anfibolito alto, zona

    da sillimanita, e atingem, localmente, o estgio de fusoparcial e migmatizao, principalmente na Unidade Canind.Os ortognaisses grantico-granodiorticos e migmatitos dessaunidade foram formados e metamorfisados no Paleopro-terozico (idade U-Pb entre 2,152,10 Ga; Fetter, 1999) eparecem corresponder unidade mais inferior do ComplexoCear. A distribuio das idades-modelo T

    DMentre 2,42,3 Ga,

    relativas residncia crustal do material que serviu de fontepara as rochas supracrustais da Unidade Canind, evidenciamque a deposio dos protlitos (grauvacas) desta unidadeocorreu aps 2,3 Ga e pode estar relacionada formao dosprimeiros arcos magmticos do sistema de orgenos doPaleoproterozico.

    Domnio Rio Grande do Norte

    Este domnio compe-se das faixas OrsJaguaribe e Serid,e dos terrenos Rio Piranhas, So Jos do Campestre eGranjeiro. Limita-se a oeste pela zona de cisalhamento OrsOest e/ Aiuaba e ao sul pela Zona de Cisalhament o(lineamento) Patos. A leste e a norte, o domnio estencoberto pelas rochas sedimentares da Provncia Costeira eda Bacia do Apodi, respectivamente (Fig. V.9).

    Faixa JaguaribeanaEsta faixa corresponde ao segmento crustal limitado pelaszonas de cisalhamento transcorrentes dextrais Ors Oeste/Aiuaba e Porta legre. Nesse terreno predomina umembasamento gnissico-migmattico (Complexo Jaguaretama),onde ocorrem ortognaisses de composio tonaltica agranodiortica associados a restos de rochas paraderivadasde alto grau metamrfico e varivel grau de migmatizao.Estudos geocronolgicos realizados por Fetter (1999)determinaram para as rochas metaplutnicas idade de

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    Parte II Tectnica266

    Figura V.9 Domnios tectnicos e principais estruturas da ProvnciaBorborema. Zonas de cizalhamento: SobralPedro II (SO), SenadorPompeu (SP), OrsAiuaba (OR), Porto Alegre (PO), So Vicente(SV), PiauJoo Cmara (JC), Malta (MA), Serra do Caboclo (SC),CongoCruzeiro do Nordeste (CC), Serra da Jabitaca (SJ), JatobItaba (JI), MacururRiacho Seco (MR), Belo MonteJeremoabo (BJ),So Miguel do Aleixo (SA) e Itaporanga (IA); Lineamentos: Patos(PA) e Pernambuco (PE); Nappes da Faixa Riacho do Pontal (RP)

    Figure V.9 Tectonic domains and main structures of the BorboremaProvince. Shear Zones: SobralPedro II (SO), Senador Pompeu (SP),OrsAiuaba (OR), Porto Alegre (PO), So Vicente (SV), PiauJooCmara (JC), Malta (MA), Serra do Caboclo (SC), CongoCruzeiro doNordeste (CC), Serra da Jabitaca (SJ), JatobItaba (JI), MacururRiacho Seco (MR), Belo MonteJeremoabo (BJ), So Miguel do Aleixo(SA) e Itaporanga (IA); Lineamentos: Patos (PA) e Pernambuco (PE);Nappes da Faixa Riacho do Pontal (RP)

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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    cristalizao no intervalo de 2,21 a 1,98 Ga e idades-modeloT

    DMentre 2,77 e 2,50 Ga, interpretadas como indicativas de

    um segmento de crosta retrabalhada. Sobre esseembasamento, durante a tafrognese Estater iana,desenvolveu-se um sistema de bacias r ifte ensilicasconstituintes da Faixa Jaguaribeana. Esse sistema de bacias

    compe-se de seqncias metavulcanossedimentares (GrupoOrsJaguaribe), com registros geocronolgicos entre 1,6 e1,8 Ga (S, 1991; Cavalcante, 1999).

    Neste sistema de riftes, as rochas metassedimentaresclsticas, transformadas em gnaisse, xisto e quartzito, estoassociadas com mrmore contendo depsitos de magnesita.As rochas metavulcnicas da unidade inferior tm carter bi-modal, com predomnio dos termos flsicos sobre os mficos.Essas associaes metavulcanossedimentares recebem nomesinformais de Ors, Jaguaribe, Peixe Gordo, Encanto, OestePotiguar, So Jos (Brito Neves et al. 2000) e so denominadas,neste t rabalho, de Grupo OrsJaguaribe (Jardim de S, 1994;

    Cavalcante, 1999), Grupo Serra do So Jos e Unidade Ipueiri-nha. Lateralmente a essas faixas metavulcanossedimentares,ocorrem corpos alongados de ortognaisse grantico eaugengnaisse alcalino (sutes Lima Campos e Serra do Deserto).

    Faixa SeridA principal rea de ocorrncia da faixa tem direo preferencialNNENNW, com arrasto para EW, na poro sul, produzidopelo Lineamento Patos. Remanescentes alctones da FaixaSerid ocorrem a oeste no Terreno Rio Piranhas at prximoda Zona de Cisalhamento Portalegre, a leste no Terreno SoJos do Campestre e a sul no Terreno Granjeiro.

    Compe-se do Grupo Serid, o qual subdividido nasformaes Jucurutu (base), Equador e Serid (topo) e tambminclui remanescentes indiferenciados denominados de GrupoSerid Indiscriminado. Sotoposto ao Grupo Serid, emposicionamento cronoestratigrfico duvidoso, ocorre oComplexo Serra dos Quintos (Ferreira, 1999).

    A Formao Jucurutu contm paragnaisses predominantes,com intercalaes de mrmore, quartzito, mica xisto, rochacalcissilictica e metavulcnica. admitida idade de ca. 650Ma com base em datao U-Pb SHRIMP em zirces detrticos(Brito Neves et al. 2000). A Formao Equador compe-se dequartzito (predominante), metaconglomerado e paragnaisse.A Formao Serid composta por mica xisto e, subordi-nadamente, metagrauvaca, mrmore e rocha metavulcnica.Determinaes isotpicas U-Pb SHRIMP em zirces detrticosdetectaram idades de at ca. 647 Ma, que representa a idademxima para esta unidade (Brito Neves et al. 2000). O ComplexoSerra dos Quin tos, aqui admit ido como uma unidade pr-GrupoSerid, , entretanto, correlacionado por diversos autores Formao Jucurutu. Esse complexo constitudo porparagnaisse, mica xisto, mrmore, rocha calcissilictica,leucognaisse, formao ferrfera e rocha metamfica. Segundo

    Jardim de S (1994), a evoluo da Faixa Serid iniciou-se apartir da deposio dos sedimentos das formaes Jucurutu eEquador em um contexto extensional, provavelmenterelacionado a um rif t e int racont inent al, e que teria progredidoat a formao de uma margem passiva do protocontinenteCaic (domnio Rio Grande do Norte). Os metaturbiditos da

    Formao Serid teriam sido depositados em ambientetectonicamente ativo, na fase de inverso da bacia, o quecaracterizaria esta formao como uma unidade flyschide.

    Terreno GranjeiroOcorre ao longo de uma faixa contnua relativamente estreita,de direo predominantemente EW, que se inflete para SWNE na sua poro mais a oeste. Limita-se ao sul peloLineamento Patos e ao norte, pela zona de cisalhamento Maltae com a Faixa OrsJaguaribe e o terreno Rio Piranhas (Fig.V.9). Corresponde ao Complexo Granjeiro, composto por duasassociaes litoestratigrficas distintas. A mais antiga

    representada por uma seqncia supracrustal formada pormetamficas anfibolitizadas, tufos mficos, flsicos e rochasmetaul tramficas associadas a gnaisse, x is to, rochacalcissilictica, metacalcrio, quartzito, formao ferrferabandada e metacherte, que caracterizam uma associaovulcanossedimentar com hori zontes qumico-exalativos, comunsem ambiente de crosta ocenica. Esse conjunto acha-seintrudido e localmente assimilado por ortognaisses decomposio essencialmente tonaltica a granodiortica, comraras pores trondhjemticas, de idade 2,54 Ga U-Pb SHRIMP(Silva et al. 1997a).

    Fetter (1999), com base em idades-modelo TDM

    no intervalode 2,55 a 2,65 Ga obtidas nessas metaplutnicas, sugeriutratar-se de um terreno juvenil remanescente de um provvelsistema arco magmticobacia ocenica.

    Terreno Rio Piranhas

    Este terreno representa o embasamento paleoproterozicoda Faixa Serid. Segundo Jardim de S (1994) o contato entreo embasamento Rio Piranhas e as rochas supracrustais doGrupo Serid de no conformidade, demarcado em vrioslocais pela ocorrncia de metaconglomerado polimtico basal,contendo seixos de rochas granito-gnissicas do ComplexoCaic. composto pelos complexos So Vicente e Caic epela Sute Poo da Cruz, correspondente aos granitos G

    2de

    Jardim de S (1978).O Complexo So Vicente formado por ortognaisses TTG e

    migmatitos, com mesossoma diortico-gabrico e cortado porenxames de diques de anfibolito. As litofcies primitivas dessaunidade so indicativas de quimismo calcialcalino de baixo K.Dataes U-Pb apresentam valores em torno de 2,16 Ga,interpretados como idade de cristalizao das rochas docomplexo. As idades-modelo TDM de metagabros em torno de2,65 Ga (Dantas, 1992) so consistent es com uma font e arque-

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    Parte II Tectnica268

    ana para o protlito. O Complexo Caic (unidade litoestratigr-fica predominante desse terreno) formado por ortognaissesbandados flsicos-mfi cos, ort ognaisses macios e migmati tos,com intercalaes de mficas e supracrustais (paragnaisse,migmatito, mrmore, anfibolito e rocha calcissilictica). IdadeU-Pb de 2,24 Ga (Legrand et al. 1991) demonstra certa

    contemporaneidade com as rochas do Complexo So Vicente.A Sute Poo da Cruz constitui-se de augengnaisses granticosa quartzo-monzonticos, que podem incluir leuco-ortognaissesgranticos. So rochas metaluminosas a peraluminosas,similares aos granitos crustais sin a tardicolisionais.

    Terreno So Jos do Campestre /Ncleo Bom Jesus

    Presidente JuscelinoO Terreno So Jos do Campest re const i t udo por um segmentoarqueano, denominado Ncleo Bom JesusPresidente Juscelino,circundado por ortognaisses paleoproterozicos. Os dadosisotpicos U-Pb e Sm-Nd, a seguir apresentados, resultaram

    da tese de doutoramento de Dantas (1997). No ncleoarqueano, o Metatonalito Bom Jesus ocorre como um ncleosemente com 3,41 Ga, cujos dados isotpicos Sm-Nd sosugestivos de derivao a partir de uma fonte crustal ou deum manto enriquecido com >3,5 Ga, ou seja, representa osegmento mais antigo da Plataforma Sul-Americana. Grandeparte desse ncleo, entretanto, dominada por ortognaissesTTGs e migmatitos do Complexo Presidente Juscelino, umterreno com idades entre 3, 25 Ga e 3,08 Ga com caracterst icasisotpicas de uma crosta reciclada. O primeiro testemunho deacreso juvenil nesse ncleo f ormou-se no Complexo Breji nho,h 3,17 Ga, conforme indicam idade-modelo T

    DMde 3,2 Ga e

    valores de Nd(t = 1,5 - 1,0 Ga). O Complexo Senador Eli de Souza,composto por ortognaisse com intercalaes de metamfitos,pode ser tambm uma unidade arqueana, mas os dadosgeocronolgicos so inconclusivos. No final do Arqueano,ocorreu o plutonismo sienograntico So Jos do Campestre,com idades entre 2,68 e 2,65 Ga e valores isotpicos positivosde Nd sugestivos de uma crosta arqueana reciclada. A evoluopaleoproterozica inclui terrenos mais jovens que 2,31 Ga,que foram aglutinados em torno do ncleo arqueano haproximadamente 2,0 Ga, durante a colagem Riaciana. OComplexo Joo Cmara consiste de migmatitos com estruturasflebticas a nebulticas e schlieren, e gnaisses bandadoscompostos por hornblenda-biotita ortognaisses, anfibolitos eleucometagranitos equigranulares. Os dados isotpicossugerem a interdigitao de rochas arqueanas e paleopro-terozicas. O Complexo Santa Cruz compreende uma sriemagmtica de composio dominantemente granodiortica efiliao calcialcalina, relacionada a um arco magmticoimplantado entre 2,23 e 2,06 Ga. Os dados isotpicos de Sm-Nd sugerem que a fonte uma crosta mais antiga, reciclada.Nesta mesma poca, ocorreu um segundo evento acrescionriorepresentado pelo Complexo SerrinhaPedro Velho, que

    compreende ortognaisses TTG de idade entre 2,18 e 2,27 Ga,idade-modelo T

    DMem torno de 2,3 a 2,6 Ga e Nd positivo. Um

    event o extensional ent re 1,97 e 2,18 Ga deu origem aos diquesde anfibolitos e hornblenditos da Sute Inhar, colocadosimediatamente aps o final da colagem Riaciana no terrenoSo Jos do Campestre.

    Subprovncia da Zona Transversal

    Trata-se de um segmento crustal de direo EW, limitado anort e e a oest e pelo Lineament o Pat os, a sul pelo Lineament oPernambuco e a leste pelas bacias costeiras (Fig. V.9) .Compe-se, de NW para SE, pela Faixa Cachoeirinha e pelosterrenos Alto Paje, Alto Moxot e Rio Capibaribe, os quaisforam amalgamados durante os eventos orognicos CaririsVelhos (1,0 a 0,95 Ga) e Brasil iano ( 750 a 520 Ma). A t radicionalFaixa PiancAlto Brgida de Brito Neves (1975), constituda

    pelo Grupo Cachoeirinha e Complexo SalgueiroRiacho Gravat,foi redefinida como Faixa Cachoeirinha, a noroeste da Zonade Cisalhamento Serra do Caboclo (no domnio de exposiodas unidades neoproterozicas do Grupo Cachoeirinha),enquanto as unidades mesoproterozicas do ComplexoSalgueiroRiacho Gravat, a sudeste, foram incorporadas aoTerreno Alto Paje. A Zona Transversal configura-se,estruturalmente, como um sistema anastomosado de zonasde cisalhamento transcorrente dextrais de direo EW epreferencialmente sinistrais de direo NESW.

    Faixa Cachoeirinha

    O domnio do Grupo Cachoeirinha, aqui denominado de FaixaCachoeirinha, limitado a norte, pelo Lineamento Patos e asudeste pela Zona de Cisalhamento Serra do Caboclo, deacordo com Medeiros et al. (2001) e Medeiros (2002). Existemcontrovrsias quanto ao posicionamento cronoestratigrficodas formaes Santana dos Garrotes e Serra do Olho dgua.Para alguns autores (Campos Neto et al. 1994), o grupocompreende um sistema deposicional nico, turbidtico, cujafcies proximal est representada pelo metaconglomeradopolimtico e metarritmitos peltico e psamtico da segundaunidade, enquanto a Formao Santana dos Garrotes(metarritmitos peltico e psamtico, metagrauvaca, formaoferrfera e rocha metavulcnica) seria a fcies distal dosistema. Para outros, a Formao Serra do Olho dgua estariano topo da seqncia (Silva Filho et al. 1985; Bittar, 1998).Segundo Medeiros et al. (2001) esta formao representa umasedimentao sintectnica, em uma bacia pull-apart ou piggy-back, associada ao evento deformacional mais jovem (D2), doCiclo Brasili ano. Kozuch et al. (1997) referem uma idade U-Pbde ca. 730 Ma em rocha metavulcnica da Formao Santanados Garrotes. Contudo, esta idade est em conflito com

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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    determinaes geocronolgicas U-Pb SHRIMP em zircodetrtico, que acusam idade mxima no intervalo 630620 Mapara este grupo (Brito Neves et al. 2000).

    Esta faixa limita-se ainda com os fragmentos paleopro-terozicos Icaiara e Itaizinho, na sua terminao sudoeste.O Fragmento Icaiara consiste de um ncleo antiformal, com

    formato aproximadamente triangular e eixo de direo NESW, circundado discordantemente por rochas metassedi-mentares meso-neoprot erozicos do Complexo SalgueiroRiachoGravat e do Grupo Cachoeirinha a norte, e limitado a sul peloLineamento Pernambuco. Compreende uma unidade inferiorgnissico-migmat t ica (Complexo Parnamirim) e uma seqnciasupracrustal psamito-pelito-carbontica, migmatizada na fciesanfiboli t o mdio-alt o ( Complexo Barro). Esta associao l it ol-gica intrudida por augengnaisses estratides, calcialcalinos,de idade 1,96 Ga (Pb-Pb, em monozirco; Medeiros et al.1993). Abriga um trend de retroeclogitos mineralizados emFe-Ti-Cr, interpretado como um alctone de ofiolitos Cariris

    Velhos ou Brasiliano. O fragmento do Complexo Itaizinho dedireo NESW, com arrasto para EW no limite sul com oLineament o Pernambuco, est delimi tado a noroeste pelo Terre-no Granjeiro e a sudeste pela Faixa Cachoeirinha. Trata-se deortognaisses tonaltico-granodiorticos, parcialmente migma-tizados e milonitizados, com restos de rochas supracrustais.

    Terreno Alto Paje

    O Terreno Alto Paje limitado pela Zona de CisalhamentoSerra do Caboclo, a noroeste, e a sudeste pela Nappe Serrade Jabitac (Fig. V.9). O predomnio de seqncias orognicasCaririsVelhos (complexos SalgueiroRiacho Gravat e SoCaetano) e o volumoso magmatismo grantico sincolisional daSut e Recant o/ Riacho do Forno so t raos disti nt ivos dest ecompartimento.

    O Complexo Riacho Gravat, segundo Bittar (1998),compreende cinco subunidades sem conotao estratigrfica,limitadas por contatos tectnicos e com transporte de massapara SE. Em linhas gerais, est constitudo por xisto, filito,metavulcnicas mfica a flsica, metaultramfica e metapelitocarbontico, metamorfisados na fcies xisto verde a anfibolitobaixo. Para Campos Neto et al. (1994), o vulcanismo mfico-flsico tem afinidade com arcos vulcnicos. Van Schmus et al.(1995b) obtiveram, em metatufos dessa unidade, idade U-Pb,em zirco, de 1,05 Ga, que representa a idade da sedimentaoe do vulcanismo. Entretanto, Brito Neves et al. (2000) fazemreferncias idade de 950 Ma (mtodos Rb-Sr e U-Pb) paraas metavulcnicas do Riacho Gravat, idade esta similar dosgranitos sincolisionais CaririsVelhos.

    O Complexo So Caetano compreende uma seqnciametassedimentar e metavulcanoclstica, com um componentevulcnico dominantemente flsico-intermedirio. Investigaesqumicas realizadas por Santos (1995), em rochas vulcano-

    clsticas da unidade Poo do Salgueiro, sugerem tratar-se deuma mistura de sedimentos clsticos oriundos de arcosmagmticos maduros, embora um vulcanismo tpico de arcoesteja ausente. Esse autor obteve, em metatufos, idade U-Pb, em zirco, de 1,08 Ga.

    A sute peraluminosa Recant o/ Riacho do Forno compreende

    ortognaisses com l i tofc ies augenmonzogrant ica eleucogrant ica/ migmat t ica, com idades U-Pb que variam de1,03 Ga at 925 Ma (Van Schmus et al. 1995b, Santos et al.1995; Santos et al. 2001 e Brito Neves et al. 2001b).

    O Terreno Alto Paje inclui ainda os complexos metavul-canossedimentares Riacho da Barreira e Iraja. O ComplexoRiacho da Barreira, de rea de ocorrncia restrita, compe-sede uma unidade metassedimentar (gnaisse, xisto, mrmore equartzito) e outra metavulcanossedimentar (mica xisto comintercalaes de talco xisto, hornblendito e formaesferrferas). No possui determinao isotpi ca e aqui atri budaidade meso a neoproterozica. O Complexo Iraja constitui

    um provvel terreno alctone do Brasiliano I, colocado sobrerochas do ciclo CaririsVelhos. As rochas metamficas dessecomplexo, com idade de 720 Ma (U-Pb em zirco), sosugestivas de arco vulcnico ou bacia de retroarco (Van Schmuset al. 1995b). Ocorrem tambm raros e minsculos fragmentos( inliersdo embasamento) paleoproterozicos, correlacionadosao Complexo Floresta (a seguir descrito), e um fragmentocomposto por ortognaisses monzogranticos com idade Pb-Pb,evaporao, de 1,96 Ga (Silva et al. 1996), aqui denominadode Complexo Afogados da Ingazeira.

    Terreno Alto Moxot

    Limita-se a sudeste com o Terreno Rio Capibaribe por meio daZona de Cisalhamento CongoCruzeiro do Nordeste. Tem porparticularidade o escasso magmatismo grantico neopro-terozico, a predominncia de littipos paleoproterozicosrelacionados s rochas metassedimentares do ComplexoSertnia e aos complexos metaplutnicos Floresta e Cabaceiras,podendo este incluir algum remanescente arqueano. OComplexo Sertnia uma seqncia eminentementemetapeltica, com fcies migmatticas em diferentes estgiosde fuso parcial desde os tipos estromticos at os nebulticos.Ocorre restrita contribuio vulcnica e vulcanoclstica comidade U-Pb, em zirco, de 2,12 Ga (Nutman et al. 2001). OComplexo Floresta e o Cabaceiras so ortognaisses TTGs. Suasidades esto compreendidas entre 2,11 e 2,23 Ga (U-Pb, emzirco; Santos, 1995 e Brito Neves et al. 2001a). Um eventoanorognico, possivelmente mesoproterozico,correlacionado Sute gabro-anortostica Passira (item seguinte), estrepresentado pelo Anortosito Boqueiro. Somam-se ainda asunidades alctones dos complexos Lagoa das Contendas eSum. Santos (1995), estudando os termos vulcnicos doComplexo Lagoa das Contendas, sugere tratar-se de uma sute

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    Parte II Tectnica270

    predominantemente aluminosa, calcialcalina de mdio a altopotssio, podendo tratar-se de rochas de arco vulcnicomaduro. A datao U-Pb SHRIMP indica idade de ca. 970 Mapara esse vulcanismo (Brito Neves et al. 2000), algo maisjovem que a idade U-Pb de 1,01 Ga (Van Schmus et al. 1995b).Trata-se, na realidade, de um refinamento, em curso, da

    datao de 1,01 Ga. O Complexo Sum est associado nappeSerra de Jabit ac. Compreende ortognai sse t rondhj emt ico queengloba enclaves de rocha metaultramfica e anfibolito comgranada, supostos retroeclogitos interpretados como umalctone de ofiol i tos. Datao recente em ortognaissetrondhjemtico do complexo define a idade de 640 Ma (U-PbSHRIMP; Silva e Amstrong, 2002).

    Terreno Rio Capibaribe

    Este terreno, limitado ao sul pelo Lineamento Pernambuco, composto pelos complexos metaplutnicos Po de Acar, com

    idade U-Pb de 1,97 Ga (S et al. 1997) e Salgadinho, unidadeaqui definida com provvel idade paleoproterozica e pelaseqncia metavulcanossedimentar do Complexo Vertentes(xisto, metaturbidito com intercalaes de metabasalto,metavulcnica int ermediria e metavulcanoclst ica), enti dadesupostamente filiada Orognese CaririsVelhos. Ocorretambm o Complexo Surubim-Caroalina, associao do tipoQPC que pode constituir um alctone neoproterozico. Eventoanorognico no Estateriano-Calimiano est representado pelassutes granodior t i ca/ augengrant ica Serra de Taquari t inga egabro-anortostica de Passira, com idades U-Pb, em zirco,de 1,52 Ga (S et al. 1997) a 1,71 Ga (Accioly, 2000),respectivamente.

    Subprovncia Externa ou Meridional

    Compreende a poro da Provncia Borborema situada ao suldo Lineamento Pernambuco que encerra os terrenosmesoproterozicos PernambucoAlagoas, PaulistanaMonteOrebe e CanindMaranc, e as faixas neoproterozicas Riachodo Pontal e Sergipana.

    Terreno PaulistanaMonte Orebe/Faixa Riacho

    do Pontal

    Estes domnios tectnicos ocupam a poro ocidental daSubprovncia Externa. O primeiro, um segmento do OrgenoCar ir isVelhos, l imi tado ao nor te pelo L ineamentoPernambuco, recoberto discordantemente a oeste pela Baciado Parnaba e envolvido a sul e a leste pela Faixa Riacho doPontal, por meio de umazona de cisalhamento transpressiva.A faixa neoproterozica Riacho do Pontal est empurrada sobreo Crton do So Francisco, a sul , e sobre o Terreno Pernambuco

    Alagoas, a leste, e sobreposta, a oeste, pelos sedimentosda Bacia do Parnaba (Fig. V.9). Ambos os segmentos formamum terreno composto, amalgamado por intermdio da colagembrasiliana envolvendo um microcontinente ao norte, e o Crtondo So Francisco, ao sul. O limite leste parece corresponder auma colagem oblqua, tambm brasiliana, deste domnio com

    o Terreno PernambucoAlagoas.

    Terreno PaulistanaMonte OrebeCongrega os complexos mesoproterozicos Paulistana, SantaFilomena, Brejo Seco e Monte Orebe, que esto separadosentre si mediante zonas de cisalhamento transpressivas.

    Os complexos Paulistana (Caldasso et al. 1973; Gomes eVasconcelos, 1991) e Santa Fil omena (Angeli me Kosin, 2001)compreendem as associaes de rochas metassedimentaresdo tipo QPC, caractersticas de margem passiva. Consistemde mica xisto, quartzito e mrmore e contm adicionalmentecorpos de hornblenda-t remolit a-act inol it a xisto associados em

    nveis de metacherte e lentes de rochas calcissilicticas emetaultramficas (talco-clorita xisto, talco xisto e tremolitito),estas lti mas rest rit as ao Complexo Pauli stana. As metamficasdo Complexo Paul is tana tm quimismo de af in idadecalcialcalina. A idade mnima desses complexos definidapelas intruses sintectnicas de granito calcialcalino (Angelim,1988), com idades U-Pb e Pb-Pb no intervalo de 986968 Ma(Van Schmus et al. 1995b; Jardim de S, 1994).

    Os complexos Brejo Seco (Gava et al. 1983) e Monte Orebe(Caldasso et al. 1973; Angelim, 1988; Gomes e Vasconcelos,1991) apresentam estruturao aproximadamente ENEWSWe ocupam uma posio intermediria entre os domniosmesoproterozico e neoproterozico. Constituem fatiastectnicas alctones, limitadas por zonas de cisalhamentocontracionais, convergncia para o sul dirigidas para o Crtondo So Francisco, embora no terreno Monte Orebe o arranjoseja mais complexo por incluir fatias alctones com mergulhosdivergent es (Angelim e Kosin , 2001). O Complexo Monte Orebecompreende duas unidades principais, uma metavulca-nossedimentar (metabasalto, metaultramfito, metacherte,metavulcanito flsico, quartzito e xisto) e outra metas-sedimentar (quartzo xisto, f il it o, metassil t it o e metagrauvaca),todas metamorfisadas na fcies xisto verde.

    O Complexo Brejo Seco foi subdivid ido por Marimon ( 1990)em trs associaes de rochas supracrustais e uma de rochasplutnicas, mfico-ultramficas, tambm metamorfisadas emcondies de fcies xisto verde, compreendendo: (i) unidademfico-ultramfica plutnica (serpentinito, metaperidotito,metapiroxenit o, metaolivi na gabro, metatroctol it o); ( ii ) unidademetavulcanossedimentar (metabasalto xistificado e subordi-nadamente metavulcnica flsica, com intercalaes deme tac he r te , me ta tu fo e me tape l i t o ) ; ( i i i ) un idademetassedimentar (metagrauvaca com intercalaes dequartzito, fi lit o grafi ta e metacherte); e (iv) muscovita quartzito.

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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    Os metabasaltos dos complexos Brejo Seco e Monte Orebemostram afinidade geoqumica com tholeitos de baixo K.Os do primeiro complexo so interpretados como sutesofiolticas relacionadas a bacias de retroarco (Marimon, 1990)e os do segundo como provveis remanescentes de crostaocenica (Moraes, 1992).

    Dist inguem-se ainda f ragment os de embasament o formadospor ort ognaisse e migmati to com restos de rochas supracrustaisdo Complexo Morro do Estreito. Idades Rb-Sr, U-Pb e Pb-Pb deca. 970 Ma (Jardim de S, 1994; Van Schmus et al. 1995;Jardim de S et al. 1995), em metagranit ides int rusivos (SuteAfeio), comprovam que o domnio PaulistanaMonte Oreberepresenta um segmento t ectono-estrat igrf ico do ciclo Cariri sVelhos. Quanto ao arranjo estrutural, revela-se um domniode grande complexidade com relictos de uma tectnicapretrita de baixo ngulo, com transporte massa para NNW,zonas de transpurro com mergulhos baixos a mdios etransporte para WSW que refletem um choque oblquo contra

    o Crton So Francisco ou talvez um escape lateral de blocosassociado tectnica compressiva para sul, estruturas commergulhos divergentes, alm de deflexes com concavidadesvoltadas para norte.

    Faixa Riacho do PontalConstitui uma bacia de margem passiva, representada peloGrupo Casa Nova, correspondente ao Complexo Casa Nova deDalton de Souza et al. (1979), constitudo pelas formaesMandacaru e Barra Bonita. A Formao Mandacaru compreendeuma seqncia metaturbidtica e metagrauvquica que evoluipara metagrauvacas quartzosa e feldsptica, com fragmentosde rochas flsicas hipoabissais, o que sugere umasedimentao flyschide (essas formaes foram definidascomo unidades do Complexo Casa Nova por Santos e SilvaFilho, 1990). A Formao Barra Bonita consiste de granada-mica xisto, com nveis de mrmore e quartzito na poroinferior, localmente com litofcies de filito cinza-escuro. Asrochas metassedimentares do Grupo Casa Nova forammetamorfisadas na fcies anfibolito, localmente retrome-tamorfisadas na fcies xisto verde. O arranjo estrutural dafaixa configura um sistema de nappescom transporte de massapara sul, sobre o Crton So Francisco (Fig. V.9). O aloctonismodessas nappessobre a margem norte do crton t em por registroos klippen de Barra Bonita, ao norte de Petrolina (PE), e dePiarro ( BA), na margem sul do lago da represa de Sobradinho(Fig. V.2). A Faixa Riacho do Pontal afetada por expressivoplutonismo grantico correspondente s sutes cedo asinorognica peraluminosa do tipo Rajada, de provvel idadeisocrnica Rb-Sr de 668 Ma, sin a tardiorognica peralcalinaSerra da Esperana (555 Ma Rb-Sr) e tardi a ps-orognica,Serra da Aldeia e Caboclo.

    Terreno PernambucoAlagoas

    O Terreno PernambucoAlagoas constitui o maior domniotectnico da Subprovncia Meridional, limitado pelo LineamentoPernambuco, ao norte, e por zonas de cisalhamentocontracionais nos contatos ao sul, com o Terreno Canind

    Maranc, e oeste, com a Faixa Riacho do Pontal (Fig. V.9).O rifte Tucano-Jatob secciona o terreno, dividindo-o em doissegmentos, leste e oeste. formado em grande parte peloscomplexos Cabrob e Belm do So Francisco. O ComplexoCabrob abriga uma seqncia eminentemente metassedi-mentar, formada por xisto, paragnaisse, metagrauvaca,quar tz i to, rocha calc iss i l ict ica e mrmore, e outrametavulcanossedimentar , que inc lu i adic ionalmentemetamfi to. O Complexo Belm do So Francisco consti t udopor or tognaisses leucogrant ico rseo e tonal t ico-granodiortico, variadamente migmatizados, que incluemrelictos de supracrustais. Esses complexos so cortados por

    grandes batl it os granti cos brasili anos, descritos em separado.Idades isocrnicas Rb-Sr do Complexo Belm do So Franciscoapontam idades de 1,07 e 1,09 Ga, compatveis com a idade-modelo TDM de 1,33 Ga (Santos, 1995). Por outro lado, dataoU-Pb SHRIMP (Silva et al. 2002d) em gnaisse tonaltico-granodiortico, na mesma regio, forneceu uma idadepaleoproterozica, indicativa da presena de remanescentespr-CaririsVelhos. A ocorrncia de domnios paleopro-terozicos e meso-neoproterozicos sugerida por idades-modelo T

    DMobtidas em granitos neoproterozicos do segmento

    leste do terreno (Silva Filho et al. 2002).Um fragmento de idade arqueana foi bem individualizado

    no extremo oeste do terreno, na zona transcorrente limtrofedeste com o Crton So Francisco. Trata-se do fragmentoRiacho Seco, que constitudo por ortognaisse tonaltico agrantico e restos de seqncia metavulcanossedimentar dafcies anfi boli t o mdio a alto, mineralizada em cobre (ComplexoRiacho Seco). Iscrona Rb-Sr em rocha gnissico-migmatticarevelou uma idade de 2,9 Ga (Mascarenhas e Garcia, 1989),compatvel com a idade-modelo T

    DMde 3,1 Ga (Angelim e

    Kosin, 2001). Pode tratar-se de um terreno deslocado,originalmente ligado ao embasamento da Provncia SoFrancisco.

    Terreno CanindMaranc

    Os complexos Canind e Maranc formam duas faixas paralelasde rochas metavulcanossedimentares com corpos mfico-ultramficos inclusos. A faixa Marranc compreende doissegmentos, um orientado na direo NWSE, acompanha por200 km a Zona de Cisalhamento MacururRiacho Seco, e ooutro de direo NESW baliza a Zona de Cisalhamento BeloMonteJeremoabo, numa extenso de mais de 100 km. Essasfaixas localizam-se entre o Terreno PernambucoAlagoas, ao

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    Parte II Tectnica272

    norte, e a Faixa Sergipana neoproterozica, ao sul, limitadopelas zonas de cisalhamento MacururRiacho Seco e BeloMonteJeremoabo, respectivamente (Fig. V.9 e Fig. V.11). Oterreno encerra os complexos metavulcanossedimentaresCanind e Maranc, ao norte e ao sul, respectivamente,intercalados pelo Migmatito Poo Redondo.

    O Complexo Maranc (Santos et al. 1988) compreendeuma associao bastante complexa de rochas metavulcnicasmficas e flsicas, com intercalaes de rochas metas-sedimentares, metamorf isadas na fc ies anf ibol i to eextensivamente retrometamorfisadas para a fcies xisto verde.As rochas metavulcnicas flsicas tm afinidade calcialcalinae esto relacionadas a arcos vulcnicos (Teixeira, 1996).Apresentam idades U-Pb no i nt ervalo de 1,001,04 Ga e idade-modelo TDM de 1,44 Ga em metarriolitos (Van Schmus et al.1995), indicativas de formao de arco vulcnico durante aorognese CaririsVelhos.

    O Complexo Canind (Silva Filho et al. 1977) consiste de

    rochas metavulcnicas mficas com intercalaes demetavulcnicas f ls icas, metatufos, metagrauvacasvulcanognicas, metarritmitos, mrmores, metachertes,metapel i tos graf i tosos e corpos restr i tos de rochasultramficas. As rochas metavulcnicas mficas correspondema metabasaltos tholeiticos a transicionais, enquanto as rochasmetavulcnicas flsicas e intermedirias so de filiaocalcialcalina (Bezerra, 1992a); ambas so interpretadas comoseqncias magmticas de arco vulcnico (Bezerra, 1992b;Jardim de S et al. 1992).

    O Migmatito Poo Redondo constitudo por migmatitoscom mesossoma gnissico tonaltico-granodiortico e poderepresentar um domnio tectonoestratigrfico distinto. Nose dispe de dados isotpicos dos migmatitos.

    Estruturalmente, os littipos dessas unidades estointensamente deformados e tectonicamente imbricados. Oint enso retrabalhamento t ectnico durante o evento Brasil ianotorna difcil a reconstruo das deformaes pretritas.

    No Terreno CanindMaranc, Silva Filho et al. (1997)distinguiram as sutes brasilianas de mdio a alto potssio Itaporanga (Stios Novos); ultrapotssica peralcalina Triunfo(Serra do CatuCurituba); e leucocrtica peraluminosa deorigem crustal do tipo Xing. Dentro do magmatismo Brasilianodeste terreno, destaca-se a Sute Intrusiva Canind, quecompreende um conjunto de gabro, norito, olivina gabro,leucogabro, anortosito, troctolito e rochas ultramficas,intrusivos no Complexo Canind. Os dados geoqumicos indicamum ambiente de arco magmtico, mas alguns autoresobservaram analogias com um magmatismo anorognicointracontinental. O plton de Curralinho ou Stios Novos, queapresenta relaes de misturas mecnica e qumica com osgabros e microgabros tardios da Sute Canind, formadopor granodioritos e quartzo-monzodioritos porfirticos, s vezescom feies subvulcnicas. O plutonismo sincoli sional do Terreno

    CanindMaranc est representado pelos pltons granticosestratides, peraluminosos, milonitizados, aqui reunidos naSute GarroteSerra Negra. Os ortognaisses do tipo Garrotetm idade U-Pb (em zirco) de 715 Ma e idade-modelo T

    DMde

    1,16 Ga (Van Schmus et al. 1997)

    Faixa Sergipana

    Est situada entre os terrenos CanindMaranc e PernambucoAlagoas, ao norte, e o Crton So Francisco, ao sul (Fig. V.9).A exemplo do Terreno PernambucoAlagoas, seccionada pelorif t e de Tucano-Jatob em doi s segment os, noroeste e sudeste.Esta faixa constitui uma bacia de margem passiva, gerada edeformada no neoproterozico, dividida em dois subdomnios:Macurur (depsitos peltico-psamtico de natureza turbidtica)e Vaza-Barris (sedimentao carbonti ca-pelt ica). Os sedimentosplataformais do Grupo Estncia, correlatos em parte sunidades da faixa dobrada, j foram descritos como bacias de

    margem passiva da provncia So Francisco.O Subdomnio Macurur, representado pelo grupo

    homnimo, consiste de uma unidade basal quartztica, comintercalaes de xisto, eventualmente com sillimanita, queaflora no setor sudeste (Formao Santa Cruz); de umaseqncia de mica xisto granadfero e metarritmito, com nveisde quartzito, metamorfisada na fcies anfibolito, com amplarepresentatividade em ambos os setores da faixa; e, de umaseqncia de metarritmito fino e clorita xisto aflorantes naporo sudeste.

    O Subdomnio Vaza-Barris composto pelos grupos Miaba,Simo Dias e Vaza-Barris, cujos littipos esto metamorfisadosem condies da fcies xisto verde. Entre as unidades dessesgrupos, apenas as formaes Frei Paulo, do Grupo Simo Dias,e Palestina e Olhos dgua, do Grupo Vaza-Barris, estorepresentadas no segmento noroeste. O Grupo Miabacompreende as formaes I tabaiana (conglomeradospolimticos), Ribeirpolis (metagrauvaca seixosa, rochasmetavulcnicas intermediria a flsicas e filito, seixoso ouno) e Jacoca (mrmore, metadolomito e metapel i tosubordinado). O Grupo Simo Dias composto pelas formaesJacar (metassilt i tos) e Frei Paulo (fi l i to e metarenitointerestratificados e lentes de rochas metavulcnicas). Asformaes Palestina e Olhos dgua, do Grupo Vaza-Barris,so caracterizadas pela presena de diamictitos e filitosseixosos, na primeira, e bancos de mrmore com filitosubordinados, na ltima.

    O Terreno CanindMaranc e os subdomnios Macurur eVaza-Barris da Faixa Sergipana esto limitados entre si pelaszonas de cisalhamento transpressivas sinistrais Belo MonteJeremoabo e So Miguel do Aleixo, esta com importante rejei to.Alguns autores, a exemplo de Santos et al. (1988) e Davisone Santos (1989), descrevem estilos deformacionais distintospara os subdomnios Macurur (deformao polifsica) e Vaza-

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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    Barris (monofsica), enquanto outros reconhecem deformaopolifsica em ambos os subdomnios (cf. Jardim de S et al.1986; Jardim de S, 1994; Del-Rey Silva, 1995). Em resumo,as unidades meso-neoproterozicas foram submetidas acisalhamento simples progressivo tangencial, com cavalga-mento do Terreno CanindMaranc sobre as rochas metas-

    sedimentares da Faixa Sergipana e destes sobre o Crton SoFrancisco, resul tante da col iso obl qua do TerrenoPernambucoAlagoas com o Crton So Francisco (Jardim deS et al. 1986).

    No segmento sudeste da faixa, ocorrem os domos Itabai-ana e Simo Dias, aflorantes no subdomnio Vaza-Barris, e odomo Jirau do Ponciano, aflorante no subdomnio Macurur,li mit e com os t errenos CanindMaranc e PernambucoAlagoas.Os domos de Itabaiana e Simo Dias encerram ortognaissegranodiortico-grantico, bandado, milontico e migmatitosenvolvidos pela tectnica brasiliana. Determinaes isotpicasSm-Nd em gnaisse migmattico do Domo de Simo Dias e em

    migmatito do Domo de Itabaiana forneceram idades-modeloTDM de 2,99 Ga e 2,75 Ga, respectivamente (Van Schmus et al.1997). O Domo Jirau do Ponciano compreende os complexosJirau do Ponciano (ortognaisses TTG) e NicolauCampo Grande(seqncia metavulcanossedimentar, incluindo granulitos ekinzigitos), de provvel idade arqueana a paleoproterozica.

    Domnio Gurupi

    O Domnio Gurupi situa-se na poro norte da Bacia do Parnabae representa a exposio de terrenos proterozicos doembasamento cristalino dessa bacia ao longo do Arco Ferrer Urbano Santos (Fig. V.17). O Domnio Gurupi corresponde areas-tipo do ciclo orognico transamaznico (Hurley et al.1967) onde foram identificadas duas orogneses em 2,20 e2,00 Ga com base em dados Rb-Sr (Hurley et al. 1967).

    Os processos erosivos atuantes na regio favoreceram aexposio das rochas proterozicas, em que a presena demineralizaes aurferas tem despertado o interesse cientficoe econmico, possibil it ando a realizao de estudos e pesquisaspor empresas privadas e universidades, alm de mapeamentogeolgico sistemt ico, escala 1:250.000, pelo Servio Geolgicodo Brasil (CPRM), nas ltimas dcadas. Pastana (1995) sugereque o quadro geolgico da rea permita sua subdiviso emt rs unidades tectni cas: Domnio Cratn ico, Zona/ Faixa Mvele Bacias Sedimentares.

    Domnio Cratnico Gurupi (Crton So Lus)

    O domnio cratnico corresponde poro nordeste da reae, de acordo com Yamaguti (2000), esse domnio recebeudiversas denominaes, sendo mais comument e conhecido comoCrton So Lus (Almeida et al. 1968). Exibe expressivas

    semelhanas tectono-geolgicas e geocronolgicas comdeterminadas regies do Crton Oeste Africano (Costa doMarfim e Gana), a tal ponto que pode ser considerado comoum fragmento desse crton, do qual foi separado, em temposmesozicos, durante a abertura do Oceano Atlntico (Hurleyet al. 1967; Hasui et al. 1984; Lesquer et al. 1984; Abreu,

    1990; Palheta, 2001).O Crton So Lus formado, predominantemente, pelas

    rochas granitides componentes das sutes Troma, Rosrio eTraquateua, que se associam a restos de seqnciasmetavulcanossedimentares (Grupo Aurizona), mantendo comelas relaes de contato de carter intrusivo.

    O Grupo Aurizona constitui uma seqncia metavulcanos-sedimentar formada por xistos, metachertes, metamficas emetaultramficas. Klein e Moura (2001), datando zirces deuma metapiroclstica, pelo mtodo Pb-Pb, atriburam-lhe idadede 2,24 Ga.

    Palheta (2001), com base em recentes dados geocro-

    nolgicos pelo mtodo Pb-Pb em zirco (Gaudette et al. 1996;Sousa, 1995; Klein, 1988; Gorayeb et al. 1999; Klein e Moura,2001), considera que os ortognaisses tonalt icos, granodiort icose trondhjemticos das sutes Troma e Rosrio constituemfragmentos de crosta juvenil gerada em ambiente de arcomagmtico, com idade de cristalizao no intervalo de 2,082,13 Ga. Os granitos a duas micas da Sute Traquateua foramgerados em um estgio mais superior, entre 1,9 e 2,0 Ga.

    No que se relaciona evoluo geolgica, esse segmentocratnico recebeu inmeras interpretaes por autores diversos,sendo que os dados mais recent es permit em consider-lo comoresultado de intenso plutonismo, coliso e amalgamentotectnico de arcos magmticos a terrenos arqueanos, duranteo Paleoproterozico (Costa et al. 1996; Gorayeb et al. 1999).

    Faixa Mvel Gurupi

    Constitui uma faixa intensamente deformada, de direopreferencial NWSE, que bordeja a poro SSW do CrtonSo Lus, com o qual se limita pela Zona de Cisalhamento deTentugal. A Faixa Mvel Gurupi recebeu, ao longo do tempo,interpretaes e denominaes diversas, tais como: Faixa deDobramento Gurupi (Almeida, 1967) , Cin turo de CisalhamentoTentugal (Hasui et al. 1984) e Faixa de Cisalhamento Gurupi(Costa et al. 1996). Essa faixa caracteriza-se, segundo Palheta(2001), pela forma alongada, onde zonas de cisalhamentoseparam fatias e lentes menos deformadas, configurando umtpico sistema anastomosado. Costa et al. (1988) ressaltam,ainda, a presena de dois domnios tectono-estruturaisdistintos: um com predominncia de tectnica tangencialcompressiva, de baixo ngulo; outro com predominncia detectnica transcorrente.

    Nesse contexto esto includas as unidades litoestra-t igrf icas: Complexo Maracaum, Grupo Gurupi , Sut e Alcali na

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    Parte II Tectnica274

    Boca Nova e os corpos granit ides Ney Peixot o, Japiim, Ourme Jonasa.

    O Complexo Maracaum (Abreu e Hasui, 1980) formadopor uma associao plutono-vulcanossedimentar, em queocorrem ortognaisses tonalti cos a granodiort icos, anfiboli t ose quartzitos, migmatizados, exibindo efeitos de milonitizao

    e/ ou ult ramilonit izao. Por algum tempo foi considerado deidade arqueana; porm, dados mais recentes (Gorayeb et al.1999) consideram-no como representante da Sute Troma emestgio mais avanado de deformao e migmatizao,portanto de idade paleoproterozica.

    O Grupo Gurupi (Costa et al. 1977) uma associao derochas vulcanossedimentares, com metamorfismo variando dafcies xisto verde a anfibolito de mdio grau. constitudopor gnaisses, xistos, filitos, metavulcnicas e metagrauvacas,associados a leucograni t ides e veios de quar tzo epegmatides, subconcordantes com a foliao regional. Suaidade, segundo dados de Klein e Moura (2001), est situada

    no intervalo de 2,152,16 Ga (Pb-Pb em zirco).Durante o Mesoproterozico este domnio crustal foi palco

    da deposio dos sedimentos constituintes das formaesIgarap de Areia e Viseu, seguido de intruso da Sute AlcalinaBoca Nova e sedimentao da Formao Piri.

    O papel do Ciclo Brasiliano na regio est limitado instalao de um regime tectnico compressivo, comdeslocamentos de massas de SW para NE, evoluindo paratranscorrncias, responsvel pela colocao lado a lado decorpos geolgicos gerados em diferentes nveis crustais,retrabalhamento de rochas mais antigas e somente espordicagerao de rochas granticasgranitos Ney Peixoto (544 Ma).

    Bacias Sedimentares Pr-Silurianas

    As bacias sedimentares imediatamente sobrepostas aoscomplexos paleoproterozicos, plutono-vulcnicos, do DomnioGurupi incluem as seqncias pr-silurianas (formaes Viseue Igarap de Areia, de idade paleo a mesoproterozico ePiri e Guam, de idade neoproterozico a eopaleozico),seguidas pelas formaes paleo-mesozicas da Bacia doParnaba, mesocenozicas das bacias de So Lus e Bragana-Viseu e cenozicas do Grupo Barreiras e sedimentos recentes.

    As formaes Viseu e Igarap de Areia representam,segundo Abreu (1990), uma cobertura cratnica do final doPaleoproterozico, in cio do Mesoproterozico, correspondendoa pequenas bacias depositadas em estruturas do tipo grben.So formadas por rochas sedimentares anquimetamrficas,representadas por arenitos arcoseanos, horizontes conglome-rticos e pelitos subordinados, depositados em ambientecontinental, de um sistema desrtico, com fcies de lequesaluviais, fluvial e lacustre.

    As formaes Piri e Guam so associaes de rochaspredominantemente psamticas, anquimetamrficas, formadas

    por grauvacas, arcseos, conglomerados e pelitos subordinados,depositadas em pequenos grbens, na transio Neopro-terozicoEopaleozico. Correspondem a depsitos de ambientecontinental de clima seco, evidenciado por fcies de lequesaluviais proximais.

    Plutonismo Grantico CaririsVelhos

    As sutes granticas sincolisionais CaririsVelhos ocorrem emuma extenso de cerca de 800 km, desde o Terreno PaulistanaMonte Orebe (regio sudeste do Piau) at as proximidadesdo litoral da ParabaRio Grande do Norte, no Terreno AltoPaje. Constituem sutes de rochas metaplutnicas comcaractersticas de intruses colisionais, associadas a zonasde cisalhamento e empurro, referidas, muitas vezes, comode idade Grenville.

    O plutonismo grantico CaririsVelhos est representado

    notadamente no Terreno Alto Paje, onde se distinguem ostipos Recanto e Riacho do Forno (Santos, 1995), aqui reunidosem uma nica sute. O t ipo Recanto formado poraugenmonzogranito bimicceo, com granada, sillimanita,apatita, titanita, epidoto e allanita. O tipo Riacho do Fornoabrange espectro composic ional de s ienograni to aalcali feldspato-granito, a muscovit a e/ou biot it a, com estrut uramigmattica do tipo estromtica, schlieren e nebultica. Asidades variam de 1,03 Ga at 925 Ma (U-Pb, em zirco; Santoset al. 1995 e Brito Neves et al. 2001b), enquanto as idades-modelo T

    DMsituam-se entre 1,7 e 1,4 Ga. Os valores de

    Nd

    apresentam nveis quase condrt icos, que sugerem font e hbri damesoproterozica pouco evoluda (Kozuch et al. 1997).

    No Terreno PaulistanaMonte Orebe o plutonismo estrepresentado por granada-biotita augenortognaisse monzo-grantico a granodiortico da Sute calcialcalina peraluminosaAfeio, de idade ca. 980970 Ma (Rb-Sr, U-Pb e Pb-Pb; Jardimde S, 1994; Van Schmus et al. 1995a; Jardim de S et al.1995).

    A parti r de dados isotpicos mais recentes e do refi namentoem curso de dataes preexistentes, Brito Neves et al. (2000)consideram o intervalo de 980 a 950 Ma (Toniano) como omais representativo do plutonismo CaririsVelhos. Para essesautores as idades mais ant igas obt idas provavelment e most ramalguma in fl uncia de zirces herdados na populao anali sada.

    Plutonismo Grantico Brasiliano

    A Provncia Borborema foi alvo de intenso e diversificadoplutonismo brasiliano, cuja classificao remonta aos trabalhospioneiros de Almeida et al. (1967). Com a evoluo dacartografia geolgica e do conhecimento cientfico em basespetrol gicas e isotpi cas, os corpos grant icos foram agrupados

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    V. Geotectnica do Escudo Atlntico 2

    em sutes a partir dos trabalhos de Sial (1984; 1987), seguidospor outros autores tais como Santos e Medeiros (1997) eFerreira et al. (1998). Guimares et al. (1999), Brito Neves etal. (2000), Ferreira e Santos (2000) e Santos et al. (2001)sintetizaram o plutonismo da Provncia Borborema como umasucesso de pulsos magmticos, ou seja, supersutes I (cedo

    a sinbrasil i ano), I I ( t ardibrasil i ano) e I I I (ps-Brasil i ano).A classificao aqui apresentada similar ao modelo citado,com incluso de algumas unidades. A i nexistncia e/ ou carnciade refinamento dos dados isotpicos disponveis dificulta ummelhor ordenamento das associaes granticas brasilianaspropostas. A Fig. V.10 apresenta a distribuio dos pltonsmais represent ati vos das sut es/ supersutes int rusivas, a seguirdescritas.

    Supersute Intrusiva Cedo a Sinorognico

    Inclui as sutes peraluminosas Rajada, da Faixa Riacho do

    Pontal; GarroteSerra Negra, do Terreno CanindMaranc, ea Sute TamborilSanta Quitria, do Domnio Cear Central.Essas sutes esto afetadas por deformao compressiva eapresent am est rutura gnissica e/ ou migmat t ica. A Sut eperaluminosa Rajada constituda por leuco-ortognaisses aduas micas ou a muscovita, de composio sienograntica granodiortica, raramente tonaltica. Ocorre como sheetsdeespessura mtrica a decimtrica at corpos batolticos. intrusiva nos complexos Santa Filomena e Monte Orebe doTerreno PaulistanaMonte Orebe, e em mica xistos do GrupoCasa Nova, ao longo dos empurres neoproterozicos, na parteorient al da Faixa Riacho do Pontal . Sua idade ainda di scut vel,porm dados isocrnicos Rb-Sr convergem para sua intrusono Neoproterozico, em t orno de 668 Ma (Jardim de S, 1994) .Segundo esse autor, os granitos colisionais da Sute Rajadaestariam associados ao choque inicial oblquo da faixa contrao Crton So Francisco. O plutonismo cedo a sinorognico doTerreno CanindMaranc est representado pelos corposgranticos leucocrticos, estratides, peraluminosos, milo-nitizados, aqui reunidos na Sute GarroteSerra Negra. Emtermos composicionais, as duas litofcies so similares, compredominncia de granitos, no primeiro, e granodioritos aquartzo-monzonitos, no segundo; cujo fator diferencial atextura augen gnissica do tipo Serra Negra. Os ortognaissesdo tipo Garrote tm idade U-Pb (em zirco) de ca. 715 Ma eidade-modelo TDM de 1,16 Ga (Van Schmus et al. 1997). Nose descarta a possibilidade de que o tipo Serra Negra possaser correlato ao augengnaisse da Sute Afeio do TerrenoPaulistanaMonte Orebe, de idade ca. 970 Ma. A SuteTamborilSanta Quitria ocorre numa extensa rea na poronoroeste do Domnio Cear Central e constitui um complexograntico formado por uma associao de granitos emigmat it os, com enclaves de rocha calcissili cti ca, paragnaissee anfibolito. Foi alojada em regime compressivo, em um

    provvel ambiente de arco magmtico continental (Cavalcante,1999) h cerca de 622 Ma (idade U-Pb).

    Supersute Intrusiva Sin a Tardiorognica

    Compreende as sutes calcialcalina Conceio, calcialcalina

    de mdio a alto potssio Itaporanga, trondhjemtica Serrita eperalcalina Catingueira, que foi englobada no tipo Triunfo(t ardi a ps-orognico). Somam-se as sut es Chaval, peralcali naSerra da Esperana e Peralumi nosa/ Natal . A Sut e Calci alcali naConceio composta de granodiorit os a tonalit os, com bioti t ae hornblenda e epidoto magmtico, incluindo fases menoresde diorito e gabro. Ela possui tpicos enclaves mficos e clotsr icos em actinolita, estes ltimos considerados comofragmentos da fonte basltica (Sial, 1993). Nela h dezenasde stockse pequenos batlitos que cortam o Grupo Cachoeirinhae o Complexo SalgueiroRiacho Gravat (Gomes, 2001) na ZonaTransversal, alm de alguns outros corpos correlatos, a

    exemplo dos pltons de Coronel Joo de S e Glria, nosubdomnio Macurur da Faixa Sergipana. Os pltons de Tabirae de Timbaba desta sute apresentam idades U-Pb de 621 e644 Ma, respectivamente. Os dados isotpicos de Nd -11 a-9,5 e idade-modelo T

    DMde 1,4 Ga so indicativo de uma

    provvel crosta continental inferior Cariris-Velhos (Guimareset al. 1998). Sua assinatura geoqumica compatvel comambiente de arco magmtico. A Sute Calcialcalina de Mdioa Alto Potssio Itaporanga engloba litofcies de composiomonzograntica a granodiortica, a biotita rica em Fe ehornblenda, com tpica textura porfirtica representada pormegacristais de K-feldspato. Em geral, esto associados biotita dioritos e K-dioritos de afinidade shoshontica, comevidncia local de mistura mecnica (mingling) e misturaqumica (mixing) com os granit os (Ferreira et al. 1998). Formambatlitos que atravessam indistintamente a maioria dossegmentos crustais da provncia.

    As idades U-Pb desta sute, determinadas em diversospltons da Subprovncia Setentrional, so da ordem 580 Ma.A Sute Trondhjemtica Serrita compreende um conjuntodisperso de stocks simples e compostos que ocorrem apenascomo intruses no Complexo SalgueiroRiacho Gravat e nosortognaisses CaririsVelhos da Zona Transversal. Composici-onalmente so anfiblio leucotonalito e anfiblio-biotitaleucotonalito e albita leucogranodiorito. Os padres deelementos incompatveis e terras raras so similares aos degranitos de arco vulcnico, sugerindo que se trata de umasute de margem continental ativa. No existem registros deidades isotpicas U-Pb da Sute Serrita. Idades-modelo T

    DM

    dessas sutes retromencionadas variam de 1,1 a 1,4 Ga, excetopara os granitos Itaporanga da Subprovncia Setentrional e osgranitides Serrita, cujas T

    DMgeralmente ultrapassam 2,0 Ga.

    As sutes crustais Peralumi nosa/ Natal ocorrem associadas aosmetapelitos da Formao Serid. Consistem de leucogranitos,

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    Parte II Tectnica276

    Figura V.10 Plutonismo grantico brasiliano da Provncia BorboremaSupersutes cedo a sin-orognicas: 1 TamborilSanta Quitria, 2

    Rajada, 3 Garrote-Serra Negra. Supersutes sin a t ardiorognicas:4 Calcialcalina Conceio (4a Conceio, 4b Pedra Branca, 4c

    Olhos Dgua, 4d Tabira, 4e Coronel Joo de S); 5 Calcialcalinade mdio a alto grau K Itaporanga (5a Quixeramobim, 5b Pereiro,5c Viosa, 5d Paran, 5e Patu, 5f Catol do Rocha, 5g Pombal, 5h Serra do Joo do Vale, 5i Acari, 5j Barcelona, 5k Monte das Gameleiras, 5l So Loureno, 5m Saboeiro-Aiuaba, 5n

    Padre Marcos-Acar, 5o Simes, 5p Araripina, 5q Bodoc, 5r Serra da Lagoinha, 5s Itaporanga, 5t Princesa Isabel, 5u Tavares,5v Caruaru, 5x Aroeira, 5z St ios Novos), 6 Chaval; 7 Peralcalina Catingueira (7a Catingueira, 7b Modema); 8 Serrita

    (8a Serrita, 8b Salgueiro Oeste, 8c Palmeiras). Supersutestardi a ps-orognicas: 9 Transicional ShonshonticaAlcalinaTeixeira-Solido (9a Teixeira, 9b Solido, 9c Serra Branca); 10

    Calcialcalina de alto K Esperana (10a Esperana, 10b CampinaGrande, 10c Fazenda Nova); 11 Peralcalina ultrapotssica Triunfo(11a Triunfo, 11b Serra do Man); 12 Shonshontica SalgueiroLeste Terra Nova (12a Salgueiro Leste, 12b Terra Nova, 12c Paje, 12d Serra do Arapu, 12e Toritama, 12f Bom Jardim, 12g

    Picui, 12h Serra do Catu); 13 Peraluminosa Xingo (13a Xing,13b Ouro Branco), 14 Alcalina Serra de Aldeia; 15 Peralcalinaultrapotssica Caboclo. Supersutes ps-orognicas: 16 Subalcalina a alcalina Meruoca (16a Meruoca, 16b Mucambo); 17

    Subalcalina a alcalina Umarizal; 18 Subalcalina a alcalina Prata

    Figure V.10 Brasiliano granitic plutonism in Borborema Province.Early to syn-orogenic supersuites: 1 TamborilSanta Quitria, 2 Rajada, 3 GarroteSerra Negra. Syn- to late-orogenic supersuites: 4 Calcialcalina Conceio (4a Conceio, 4b Pedra Branca, 4c Olhos Dgua, 4d Tabira, 4e Coronel Joo de S); 5 Calcialcalinade mdio a alto grau K It aporanga ( 5a Quixeramobim, 5b Pereiro, 5c Viosa, 5d Paran, 5e Patu, 5f Catol do Rocha, 5g Pombal,5h Serra do Joo do Vale, 5i Acari, 5j Barcelona, 5k Monte dasGameleiras, 5l So Loureno, 5m Saboeiro Aiuaba, 5n PadreMarcos Acar, 5o Simes, 5p Araripina, 5q Bodoc, 5r Serra daLagoinha, 5s Itaporanga, 5t Princesa Isabel, 5u Tavares, 5v Caruaru, 5x Aroeira, 5z St ios Novos), 6 Chaval; 7 Peralcali naCati ngueira (7a Cati ngueira, 7b Modema); 8 Serrita ( 8a Serrita,

    8b Salgueiro Oeste, 8c Palmeiras). Late- to post-orogenicsupersuites: 9 Transicional ShonshonticaAlcalina TeixeiraSolido(9a Teixeira, 9b Solido, 9c Serra Branca); 10 Calcialcalina dealto K Esperana (10a Esperana, 10b Campina Grande, 10c Fazenda Nova) ; 11 Peralcalina ult rapotssica Triunfo ( 11a Triunfo,11b Serra do Man); 12 Shonshontica Salgueiro Leste Terra Nova(12a Salgueiro Leste, 12b Terra Nova, 12c Paje, 12d Serra doArapu, 12e Toritama, 12f Bom Jardim, 12g Picui, 12h Serra doCatu); 13 Peraluminosa Xingo (13a Xing, 13b Ouro Branco), 14 Alcalina Serra de Aldeia; 15 Peralcalina ultrapotssica Caboclo.Post-orogenic supersuites: 16 Subalcalina a alcalina Meruoca (16a Meruoca, 16b Mucambo); 17 Subalcalina a alcalina Umarizal; 18 Subalcalina a alcalina Prata

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    cuja composio varia de monzo a sienograntica, a biotita,s vezes com muscovita e granada (Jardim de S, 1994).Possuem fcies migmatticas, com freqentes xenlitos dasencaixantes. Tambm apresentam fcies pegmatides, quesugerem sua afinidade com os pegmatitos mineralizados daFaixa Serid. A Sute Peralcalina Serra da Esperana,

    const it uda por sienit os e quartzo sienit os contendo aegirina-augita e anfiblio, ocorre restritamente na nappeexterna doGrupo Casa Nova da Faixa Riacho do Pontal, como pequenosstocks intrusivos nos metapelitos, em alojamento sin a tardi-tectnico (Jardim de S, 1994). Segundo esse autor, a idadeisocrnica Rb-Sr de 555 Ma deve ser uma idade mnima ouprxima da intruso do plton e da prpria tectnica deempurres. A Sut e Peralcalina Cati ngueira consta de pequenospltons e diques que ocorrem na Zona Transversal nasproximidades do Lineamento Patos e na Zona de CisalhamentoCruzeiro do Nordeste-Congo, onde denominado de tipoModerna. So quartzo-alcalifeldspato granito, quartzo sienito

    e sienito com aegirina-augita. A Sute Chaval aflora em rearestrita do extremo noroeste do Domnio Mdio Corea. Ela const it uda predominantemente de granodiorit o, com li tof ciessubordinadas de quartzo-monzonito e quartzo-sienito, comtextura porfirtica. Apresenta foliao milontica nas bordas,a qual atenuada em direo ao centro do corpo, onde sepercebe apenas discreta orientao de fl uxo magmti co. Possuiidade U-Pb de 591 Ma (Santos, 1999) e valores T

    DMde

    2,69 Ga, com Nd negativo (-18,3), que sugere gerao apartir de crosta retrabalhada.

    Supersute Intrusiva Tardi a Ps-Orognica

    Congrega as sutes peraluminosa Xing, alcalina com altopotssio Esperana; transicional shoshontica-alcalina Teixeira-Solido; shoshontica Salgueiro Leste-Terra Nova;ultrapotssica peralcalina Triunfo e Caboclo; e a alcalina Serra da Aldeia. A Sute Peraluminosa Xing, definida original-mente para o Terreno CanindMaranc, foi correlacionada aoutros corpos granticos da provncia a exemplo do plton deStio dos Nunes (Subprovncia da Zona Transversal) e de OuroBranco (Terreno PernambucoAlagoas-leste). Essa Sute compost a de leucogranit os/ granodiorit os, com granada,podendo predominar muscovit a e/ ou turmali na, com fciesmigmat t icas. Os leucogranit os/ granodiorit os a biot it a e musco-vi ta que ocorrem na Faixa Sergipana/ Subdomnio Macururforam includos na Sute Xing. Entretanto, eles podem comporuma sute independente exclusiva da faixa. No setor noroesteda faixa, ao norte do aude de Cocorob, os leucogranitospossuem estrutura gnissica e ocorrem como sheetsintrusivasnos mica xistos do Grupo Macurur. Trata-se provavelmentede uma sut e sincolisional, t alvez correlacionvel aos ortognais-ses tipo Rajada da Faixa Riacho do Pontal. A Sute Alcalinacom Alto Potssio Esperana foi identificada apenas na

    Subprovncia da Zona Transversal, composta pelos pltons deEsperana, Campina Grande e Fazenda Nova. constituda demonzogranitos a monzonitos com megaprfiros de K-feldspato,englobando f reqent es enclaves de K-diori t os no cogenti cos.As idades U-Pb desta sute variam de 581 Ma (Esperana eCampina Grande) a 588 Ma (Fazenda Nova). Os valores de Ndcompreendidos entre -24 e -19 e TDM de ca. 2,0 Ga sugeremcomo fonte manto metassomatizado ou crosta continentalinferior de idade paleoproterozica (Guimares et al. 1998).A Sut e Transici onal Shoshont ica-Alcali na representada pelospltons de Teixei ra, Soli do