ceará - coleção escola aprendente - ciências humanas e suas tecnologias

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Coleo Escola AprendenteCincias Humanas e suas Tecnologias

Histria Filosofia Geografia Sociologia

Governador do Estado do Cear Cid Ferreira Gomes Vice-Governador Francisco Jos Pinheiro Secretria da Educao Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretrio Adjunto Maurcio Holanda Maia Secretrio Executivo Antnio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da SEDUC Cristiane Carvalho Holanda Assessora de Desenvolvimento Institucional Maria Jeane Peixoto Sampaio Coordenadora de Planejamento da Educao Nohemy Rezende Ibanz Coordenadora de Desenvolvimento da Escola Maria da Conceio vila de Misquita Vias Coordenadora de Cooperao com os Municpios Mrcia Oliveira Cavalcante Campos Coordenadora de Gesto de Pessoas Marta Emlia Silva Vieira Coordenador Administrativo Financeiro Luis Alberto Parente Coordenadora de Avaliao e Acompanhamento da Educao Ana Cristina de Oliveira Rodrigues Assessora Jurdica rika Chaves Fernandes Barbosa

Concepo e Organizao da Coleo Germnia Kelly Furtado Ferreira Coordenao da Coleo Maria da Conceio Sales Mesquita Denilson Albano Portcio Autores Paulo Vencio Braga de Paula (Histria/Sociologia) Maria do Carmo Walbruni Lima (Filosofia) Cludia Maria Barros Avelar (Geografia) Rosendo Freitas de Amorim (Histria/Sociologia/ Filosofia) Projeto Grfico Jozias Rodrigues Feliciano de Magalhes Jr. Mrcio Magalhes Diagramao Eletrnica Jozias Rodrigues Mrcio Magalhes Ilustraes Ben

Capa Jozias Rodrigues Reviso lingstica Claudiene Braga Catalogao Gabriela Alves Gomes

Este projeto conta com o financiamento do Ministrio da Educao/Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao/Projeto Alvorada/Convnio 158/2001

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) C387m Cear. Secretaria da Educao. Metodologias de Apoio: reas de cincias humanas e suas tecnologias. Fortaleza: SEDUC, 2008. (Coleo Escola Aprendente - Volume 4) 94.; il. ISBN 978-85-62362-02-6 1. Secretaria da Educao do Estado do Cear. 2. Livro Didtico. I. Ttulo. CDD 900 ndice para catlogo sistemtico: ISBN Todos os direitos reservados Secretaria da Educao do Estado do Cear Centro Administrativo Governador Virgilio Tvora Av. Gal. Afonso Albuquerque Lima s/n, Cambeba 60.819-900 Fortaleza - Cear - Brasil www.seduc.ce.gov.br

Sumrio

Apresentao......................................................................................... 7 Disciplina: Histria .............................................................................. 8 O ensino de Histria e a formao do educando ................................ 9 1. Introduo ........................................................................................... 9 2. Os PCNEM e as competncias do professor de Histria .............. 12 3. A diversidade de formas e espaos no Ensino da Histria ............ 14 4. Produzindo Exerccios e Avaliaes................................................. 18 5. Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo ...................................... 20 Referncias ............................................................................................ 31 Disciplina: Geografia ......................................................................... 32 Conhecimentos de Geografia e aprendizagem escolar ..................... 33 1. Introduo ......................................................................................... 33 2. Os PCNEM e as competncias do professor de Geografia ........... 35 3. Produzindo Exerccios e Avaliaes................................................. 38 4. Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo ...................................... 43 Referncias ............................................................................................ 48 Disciplina: Filosofia ............................................................................ 50 O ensino de Filosofia: um convite reflexo...................................... 51 1. Introduo ......................................................................................... 51 2. Os PCNEM e as competncias do professor de Filosofia.............. 61 3. A diversidade de formas e espaos no Ensino da Filosofia ........... 63 4. Produzindo Exerccios e Avaliaes................................................. 67 Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo .......................................... 68 Referncias ............................................................................................ 74 Disciplina: Sociologia ........................................................................ 76 O ensino de Sociologia para uma formao crtica ........................... 77 1. Introduo ......................................................................................... 77 2. Os PCNEM e as competncias do professor de Sociologia .......... 81 3. A diversidade de formas e espaos no Ensino da Sociologia ........ 84 4. Produzindo Exerccios e Avaliaes................................................. 86 5. Lendo, Acessando, Ouvindo e Assistindo ...................................... 87 Referncias ............................................................................................ 91 Autores .................................................................................................. 92

ApreSentAo

Prezado (a) Professor (a): O Programa Aprender Pra Valer instituido pela Lei Estadual 14.190/08 tem como objeto principal desenvolver aes estratgicas complementares de fortalecimento do Ensino Mdio. A efetivao desse Programa est vinculada as seguintes aes: Superintendncia Escolar; Primeiro Aprender; Professor Aprendiz; Avaliao Censitria do Ensino Mdio; Pr-Vest e Articulao do Ensino Mdio Educao Profissional. Por sua vez, o Programa, no tocante ao Professor Aprendiz, visa incentivar aos professores da rede a colaborarem na produo de material didtico-pedaggico, na formao e capacitao de outros professores e na publicao de suas experincias. Nessa senda, a Coleo Escola Aprendente, foi pensada e escrita por professores da rede pblica estadual que exercem funes tcnico-pedaggicas na Secretaria da Educao. Saliente-se que esses professores serviram-se de suas vivncias e experincias condensadas em dilogos realizados nas formaes da prpria instituio. Destarte, foram elaborados os textos ora descritos nessa coleo, pretendendo discutir as metodologias de apoio didtico envolvendo as disciplinas que compem as trs grandes reas do conhecimento: Cincias da Natureza, Matemtica e suas Tecnologias, Cincias Humanas e suas Tecnologias, Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias. Compreendendo a necessidade de repensar o ensino, a equipe de autores elaborou orientaes didticas que podero auxiliar o professor, no que diz respeito ao processo da prtica pedaggica, colaborando assim, com vrias sugestes e facilitando, em sua prtica, uma reflexo sobre aprender e ensinar. Dentro deste contexto, apresentamos a voc Professor(a) a Coleo Escola Aprendente como uma produo da linha editorial institucional da ao Professor Aprendiz, inserido no Programa Aprender pra Valer, entendendo que essa incorpora a reflexo do professor quanto ao exerccio das prticas didtico-metodolgicas. A mencionada coleo pretende contribuir com atividades diversas e simples sem, no entanto, interferir na autonomia do professor e no projeto pedaggico definido pela escola. Esperamos, contudo, que a Coleo Escola Aprendente provoque e motive o professor a embarcar nos novos rumos da escola institudos nas aes estratgicas complementares do Programa Aprender Pra Valer, fortalecendo a aprendizagem dos alunos. Deste modo, a Secretaria da Educao do Estado do Cear, ciente das diferentes vertentes que devem ser trabalhadas rumo a uma aprendizagem efetiva do aluno, desenvolve aes que buscam o atendimento global das questes pedaggicas, entendendo que o todo se faz pelo olhar diferenciado das partes. O desafio agora dar suporte para que, esse professor, dotado de contedos especficos e conhecedor do nvel de aprendizagem de seus alunos, possa trabalhar espaos e formas de aprendizagem diferenciadas, contudo, efetivas.

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Escola Aprendente

Disciplina: Histria

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Histriao enSino de HiStriA e AformAo do educAndo Rosendo Freitas de Amorim Paulo Vencio Braga de Paula

IntroduoUma abordagem crtica e analtica sobre o ensino de Histria pressupe a compreenso das relaes entre as teorias e os conceitos que pensam e fundam a cincia histrica. Investigar como o professor desta disciplina, especialmente aqueles que atuam nas escolas pblicas, tem elaborado e desenvolvido sua prtica pedaggica em sala de aula, informa se a abordagem dos fatos histricos est mediada ou no por um arcabouo terico. Esta mediao condio para que a aprendizagem do conhecimento histrico, por parte do aluno, o torne um cidado crtico e atuante, um verdadeiro agente de transformao da sociedade. A explorao das relaes entre as teorias histricas e o ensino da disciplina Histria objetiva contribuir para a prtica pedaggica e metodolgica do professor. A prtica cotidiana da transmisso do conhecimento histrico em sala de aula no Ensino Mdio no tem como inteno discutir as teorias da Histria, mas o professor no pode prescindir delas como elemento orientador do exerccio docente, promovendo um ensino crtico e no a mera reproduo de fatos descontextualizados diante da realidade socioeconmica e cultural dos alunos. Edward Hallet Carr historiador ingls, em seu livro O que Histria apresenta uma preocupao explcita inscrita no prprio ttulo da obra. Ao perguntar sobre o que Histria, ele promove um dilogo filosfico sobre a elaborao desse conhecimento e seu papel para a compreenso da realidade social. Em sua obra afirma que quando pegamos um trabalho de histria, nossa primeira preocupao no deveria ser com os fatos que ele contm, mas com o historiador que o escreveu(Carr, 2002, p. 58). Comparativamente, as atenes devem estar voltadas no somente para os contedos curriculares selecionados para serem trabalhados em sala de aula, mas de que forma, como e por quem os materiais didticos de Histria esto sendo elaborados. O professor de Histria deve estar consciente de seu papel, que no pode se restringir a de mero narrador dos fatos que seguem um encadeamento cronolgico sem relao com outros fenmenos sociais e vazio de anlises. Uma abordagem desta natureza distancia o conhecimento histrico da compreenso do aluno, e no permite que este estabelea conexes entre os fundamentos tericos e a complexidade do contexto social.9

Escola Aprendente imprescindvel que antes de discutir o contedo curricular que est sendo ministrado nas aulas desta disciplina, se questione sobre a formao do professor de Histria e sobre que bases epistemolgicas este ensino tem sido definido e fundado. Na concepo de Carr (2002) afuno do historiador no amar o passado ou emancipar-se do passado, mas domin-lo e entend-lo como a chave para a compreenso do presente (p. 61). Nesta perspectiva, uma das funes do professor, ao ensinar Histria, torn-la um conhecimento no s de compreenso, mas de transformao da realidade humana luz do passado. H que se reconhecer as dificuldades existentes nas escolas pblicas e que afetam o professor no exerccio profissional. No entanto, ao analisar a formao desse professor e o seu domnio sobre o arcabouo terico que sustenta a sua prtica na sala de aula, percebe-se que esta formao tem ocorrido de maneira fragmentada e deficitria, redundando, salvo excees, no empobrecimento do ensino de Histria. A falta de tempo para planejar, estudar e ler, tem tornado o professor um indivduo sem expresso para propor mudanas profundas em sua prxis, repercutindo negativamente no seu ensino e na aprendizagem do aluno. Um processo pedaggico montono tem, de modo geral, assolado a disciplina, contribuindo para que a compreenso do passado, matria-prima da cincia histrica, adquira, utilizando a expresso usual no cotidiano escolar, a conotao de algo mofado, coisa velha, coisa de museu, e passe a ser vista, erroneamente, como um saber sem importncia e intil. O passado como algo que visto no passado, sem relao com o presente, remetendo o campo de compreenso ao que imediato, perdendo a possibilidade de se aprofundar na realidade social. O exerccio docente, de modo geral, tem se efetivado como prticas marcadas por parca fundamentao terica. Este fato funciona como fator impeditivo para um ensino dinmico com uso de metodologias que possibilitem ao aluno superar a viso limitada ou distorcida do conhecimento histrico. Esta situao reflete, por um lado, as difceis condies de trabalho do professor de Histria, e por outro os percalos da sua formao, validando a afirmao de Carr de que se deve conhecer primeiro o historiador, neste caso o nosso professor de Histria, para poder compreender os limites e possibilidades de sua atuao. A conscientizao e interferncia do professor como agente poltico de transformao a partir de sua prpria prtica, pode constituir-se num mecanismo de deflagrao efetiva de uma mudana que pode catalisar a indignao como fora propulsora para uma prtica baseada em uma curiosidade epistemolgica como sugere Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido. As prticas de ensino, por sua vez, encontram-se permeadas por concepes referentes s teorias da Histria, como tambm sofre influncias da sociedade, da cultura e da viso de mundo do professor. Silma do Carmo Nunes (1996) demonstra preocupa10

Histriao sobre essas concepes de mundo no ensino da Histria, ao afirmar que o professor de Histria, mesmo inadvertidamente, faz opo entre vises de mundo... s vezes ele introjeta uma bagagem cultural que a da classe hegemnica e acaba por repass-la a seus alunos (p. 45). A mudana nesta perspectiva de ensino descontextualizada e amorfa ocorrer com a compreenso por parte dos professores para os quaisO incio da elaborao crtica a conscincia daquilo que realmente somos, isto , umconhece-te a ti mesmocomo produto do processo histrico at hoje desenvolvido, que deixou em ti uma infinidade de traos recebidos sem benefcios nos inventrios. Deve-se fazer inicialmente este inventrio (Idem, apud Gramsci, p. 46).

Na interpelao sobre o conhee-te a ti mesmo reside o ponto de partida para um ensino de Histria que possibilite a formao de seres humanos e cidados conscientes de seu papel como sujeitos histricos, pertencentes a um tempo histrico, mas ligados a um passado e capazes de vislumbrar um futuro. Uma proposta de ensino crtica deve levar em considerao os seguintes pressupostos: OdomniodosreferenciaistericosfundamentaisdaHistria,necessrios a uma prtica crtica em relao Histria Oficial retratada, especialmente, nos livros didticos. OensinodeHistriadequalidadedeveserprecedidodaconscincia (concepes) que o docente tem de sua funo (agente polticopedaggico) na escola e na sociedade, o conhea-te a ti mesmo, coloca-se como um constante desafio de auto-anlise, uma busca alimentada pela indignao e mediada pela curiosidade epistemolgica freiriana. Aconseqnciamaisimportantedoautoconhecimentoporparte do professor reside na compreenso de sua postura terica, que no deve ter carter doutrinrio sobre seus educandos, exigindo que estes tenham acesso a uma pluralidade de concepes e possa fazer suas opes. Aaprendizagemmediadaporumprofessorativoereflexivopode contribuir para que o aluno assuma uma postura de embate com a realidade compreendida a partir de sua dialeticidade, tornando-os sujeitos cientes de seu papel no curso da Histria. Na sociedade do conhecimento e da tecnologia, a educao tornase fundamental e o papel desempenhado pelo professor adquire grande relevncia em decorrncia do seu protagonismo como construtor de conhecimentos e agente de desenvolvimento de competncias e habilidades no educando. A nova ordem social ps-moderna elegeu um modelo de sociedade, centrada no conhecimento cientfico, na produo de tecnologia e num perfil de cidadania compatvel com um mundo globalizado e11

Escola Aprendentemulticultural. A escola pblica, enquanto espao de formao, tem sido mobilizada e provocada para atender estas novas exigncias. O papel do professor de Histria torna-se bastante relevante diante desta dinmica social complexa e multifacetada, uma vez que ele tanto pode contribuir para consolidar o discurso do modelo de sociedade hegemnica vigente, de forma acrtica, como para uma formao reflexiva e crtica, capaz de minimizar ou mesmo superar as diferenas e desigualdades geradas pelas relaes scio-econmicas predominantes. Efetivar a segunda postura pedaggica exige do professor um esforo de compreenso da dinmica histrica intrnseca s sociedades humanas. A proposta de um ensino de Histria contextualizado do ponto de vista sincrnico e diacrnico requer ateno quela preocupao de Carr sobre o indivduo que escreve a Histria, bem como sobre aquele que a ensina, o professor. Cabe ao professor de Histria o exerccio permanente de propor questionamentos ao conhecimento histrico organizado no currculo das escolas luz de um referencial terico e de mtodos e tcnicas pedaggicas voltadas para o desenvolvimento intelectual, cognitivo e social do educando.

Os PCNEM e as competncias do professor de HistriaPara que o ensino da Histria ocorra de forma adequada necessrio que o professor possua uma concepo fundamentada desta cincia. A definio mais elementar de Histria emergiu na Grcia antiga associando-a aos acontecimentos do passado. Pode-se afirmar que seu carter de narrativa, comprometida com a cronologia infundiu marcas profundas na sua constituio, bem como na sua dimenso pedaggica. A Histria cientfica do sculo XIX assume a categoria da temporalidade e coloca o surgimento da escrita como marco inicial do tempo histrico, ratificando a hegemonia do documento histrico como base da produo historiogrfica. O grande avano da cincia histrica no sculo XX, alm de ratificar seu compromisso com a temporalidade, reafirma seu carter interdisciplinar. A valorizao da dimenso temporal deve pressupor a dialtica entre passado, presente e futuro. O professor precisa levar o aluno a reconhecer a importncia do passado como condio para compreender o presente e projetar o futuro. Uma tendncia que vem se consolidando no campo da Histria diz respeito valorizao e incluso da experincia das classes populares, do papel dos grupos e indivduos nos estudos histricos. Isso significa incorporar a reflexo sobre a atuao do indivduo nas suas relaes pessoais com o grupo de convvio, sua afetividade, sua participao no

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Histriacoletivo e suas atitudes de compromisso com classes, grupos sociais, culturas, valores e com geraes do passado e do futuro (PCN, 2002, p. 301). A europeizao do mundo coroada com a globalizao das economias trouxe tona o problema das diferenas. Nos sculos iniciais da colonizao a questo foi colocada pelos prprios europeus como uma distino etnocntrica entre civilizados e os meros detentores de cultura, eles avanados e superiores, ns atrasados e inferiores. Entretanto, na atual conjuntura do capitalismo globalizado, onde os avanos tecnolgicos, sociais e polticos exigem uma reinterpretao na perspectiva multicultural e democrtica da alteridade porquantoa percepo da diferena (o outro) e da semelhana (ns) varia conforme a cultura e o tempo e depende de comportamentos, experincias e valores pessoais e coletivos (PCN, 2002, p. 302). Os professores de Histria precisam levar em considerao que as contradies postas pelo estgio atual do capitalismo (flexvel), tm permitido que a Amrica Latina e o Brasil avancem na direo de lutar pela implementao de sociedades efetivamente democrticas. Um dos compromissos dos historiadores aponta no sentido de contribuir para a formao de alunos mais humanos e comprometidos com o exerccio da cidadania. Esse compromisso refora a idia da compreenso de cidadania em uma perspectiva histrica, como resultado de lutas, confrontos e negociaes, e constituda por intermdio de conquistas sociais de direitos, pode servir como referncia para a organizao dos contedos da disciplina de Histria (PCN, 2002, p. 305). Uma concepo de ensino de qualidade requer do professor de Histria um exerccio de estmulo ao estudo e criao, por parte do aluno, do esprito investigativo. Neste sentidoo trabalho permanente com pesquisa orientada a partir da sala de aula constitui importante alternativa para viabilizar essas sugestes alternativas (PCN, 2002 p. 305). Dinamizar o ensino de Histria de forma que atenda s novas exigncias educacionais tem sido o grande desafio das polticas da rea. Neste sentido fundamental que haja a participao do professor para que este possa contribuir com sua vivncia e prtica em sala de aula na elaborao de propostas curriculares. Neste exerccio de elaborao curricular que foram realizados no perodo 2004 - 2006 seminrios com os professores da rede estadual cujo foco era o currculo. Desta ao resultou uma matriz curricular para todas as disciplinas do Ensino Mdio. Para a disciplina de Histria a organizao curricular proposta pelos docentes foi definida por srie, apresentando um conjunto de contedos, competncias e habilidades a serem desenvolvidas no processo de ensino e de aprendizagem, que so os seguintes: 1. Construir a identidade pessoal e social na dimenso histrica, a partir do conhecimento do papel do indivduo como sujeito da histria e produtor do conhecimento.13

Escola Aprendente2. Interpretar, analisar e criticar fontes, documentos de naturezas diversas, reconhecendo o papel das diferentes linguagens e dos diferentes agentes sociais nos contextos envolvidos. 3. Entender e relativizar as diversas concepes de tempo e formas de periodizao, reconhecendo-as como construes culturais e histricas. 4. Compreender o conhecimento histrico enquanto produo do saber. 5. Situar as diversas produes da cultura: as linguagens, as artes, a filosofia, a religio e as manifestaes culturais como representaes sociais que emergem no cotidiano da vida social e se solidificam nas diversas organizaes e instituies da sociedade. 6. Analisar as diversas concepes de Estado no passado, comparando as permanncias e mudanas na contemporaneidade. 7. Desenvolver o conceito de ideologia, enquanto instrumento de dominao e resistncia dos diferentes grupos humanos. 8. Compreender os conceitos de capitalismo, socialismo e democracia, fundamentando-se na historiografia contempornea. Tais orientaes subsidiam a prtica do professor, permitindo que este possa perceber, com maior clareza, o seu fazer pedaggico, possibilitando mudanas em sua prxis e na sua forma de conceber o ensino. O resultado das mudanas pode se consubstanciar numa maior aprendizagem para o aluno, para que este seja capaz de construir o conhecimento histrico, assumindo a condio de cidado, sujeito crtico, consciente de seu papel em sociedade, capaz de romper com os desmandos e injustias sociais, em busca de uma sociedade igualitria, democrtica, de respeito s diversidades.

A diversidade de formas e espaos no Ensino da HistriaNo incio deste texto foi dado nfase no trabalho do professor de Histria, que deve ser precedido de um slido conhecimento terico que fundamente a sua prtica em sala de aula. Foi tambm destacado que a prtica docente est ligada s concepes de mundo do professor, como ele v a si prprio e a sociedade na qual est inserido. Esta conscincia do seu papel social possibilita ao professor mapear, na escola, os potenciais fsicos e humanos que podero ser utilizados em sua prtica metodolgica. As escolas pblicas cearenses esto inseridas em espaos e realidades sociais distintos e especficos, o que deve redobrar a ateno do professor de Histria ao promover o ensino. Ele deve buscar conhecer o contexto para que em sua prtica possa contemplar essas especificidades. Escolas pertencentes zona rural ou urbana, em locais de14

Histriagrandes conflitos sociais, com altos ndices de marginalidade, violncia, cujos problemas sociais vivenciados pela comunidade convergem para o interior da escola e requerem maior ateno. O espao geogrfico no qual a escola est localizada determinante para a prtica de ensino do professor de Histria. Este deve ter a sensibilidade para saber quem essa comunidade, sua Histria, seus problemas e a partir disso propor um ensino que suscite os interesses dos alunos. Esta percepo dar condies a um ensino contextualizado, atravs de metodologias que permitam a leitura e interpretao do passado a partir do presente, ensejando perspectivas para a construo de um futuro promissor, alm de sinalizar na direo dos recursos pedaggicos e didticos que auxiliem na otimizao do ensino. Diversos espaos internos e externos escola podem enriquecer uma proposta de ensino de Histria crtico e reflexivo. Determinados ambiente fora da sala de aula podem proporcionar uma mudana significativa nas estratgias de ensino, especialmente a que tem como princpio fundamental a investigao histrica a partir da pesquisa escolar. A biblioteca o primeiro destes espaos e na organizao da escola pblica cearense, em geral, est inserida no Centro de Multimeios, que rene os demais recursos tecnolgicos disponveis, como o laboratrio de informtica, TV Escola e outras tecnologias que servem como subsdios prtica do professor. O professor de Histria deve investigar se existe uma biblioteca e que referenciais bibliogrficos encontram-se disponveis. Nos ltimos anos, as escolas pblicas tm recebido, em seu acervo, livros e outras mdias relativas s reas afins da Histria que podem ser usados para fomentar e desenvolver a investigao histrica. Tais recursos servem para estimular no aluno a reflexo sobre o conhecimento histrico cristalizado, favorecendo o desenvolvimento da pesquisa escolar. Ao mediar o conhecimento, o professor deve estar formando alunos investigadores, como o prprio conceito semntico de Histria remete. Deve tambm preparar indivduos capazes de problematizar a realidade a partir da apreenso e compreenso do conhecimento formal. Ao criar condies para o entendimento dessa realidade, possvel ir alm e partir dessa compreenso para criar os meios de poder mudar, agir no interior dessa sociedade, transformando-a. O pensamento freiriano indica que o caminho metodolgico no conduz apenas ao conhecimento e sim a um processo de conscincia que se efetiva em mudana da realidade do aluno e de sua comunidade, em uma ao constante e dialtica. Essa curiosidade cognitiva exercitada por professores e alunos dever ser alimentada pela constante indignao frente ao contexto social gerando posicionamentos, crticas, enfim o exerccio pleno do ato poltico, de dialogar e agir em prol das vontades coletivas. O uso da biblioteca e dos materiais bibliogrficos disponveis oferece possibilidades para que o professor contorne possveis limitaes15

Escola Aprendentepedaggicas no que tange ao uso do livro didtico. A compreenso e interpretao da Histria ocorrem com o desenvolvimento de alunos leitores e escritores, uma vez que estas habilidades constituem competncias essenciais no contexto atual do ensino de Histria. O planejamento de aes junto biblioteca deve funcionar como uma estratgia que fortalea o ensino, a pesquisa e a interdisciplinaridade. S assim, proporcionar um ensino em que o conhecimento seja entendido a partir de uma leitura geral, superando o paradigma atual marcado pela fragmentao, favorecendo um ensino de Histria que no seja apenas o relato de fatos, mas uma formao humanizada e poltica, comprometida com transformaes na realidade social. Pensar na otimizao da biblioteca constitui-se numa tarefa conjunta entre professores e alunos, em sinergia com os demais recursos disponveis como o laboratrio de informtica e a internet. Os PCN fazem referncia ao uso das novas tecnologias de comunicao e informao como mediadoras do ensino e da aprendizagem. Isto pode suscitar uma indagao do professor de Histria: como os novos recursos tecnolgicos podem auxiliar no ensino e na aprendizagem? A insero destes recursos tecnolgicos na escola exige uma nova postura do professor e do aluno frente a esta realidade. uma condio importante que o ensino atual seja mediado por essas tecnologias, cabendo ao professor mape-las na escola e buscar compreender de que forma e quando elas sero utilizadas. A formao do professor deve contemplar o emprego destes recursos na promoo do ensino. importante destacar que estas ferramentas no devem ser utilizadas por simples modismo, cabendo ao professor estar atento aos objetivos da disciplina, para no correr o risco de comprometer o j deficitrio processo de ensino-aprendizagem. O laboratrio de informtica deve ser concebido como um espao de criao, pesquisa e construo do conhecimento histrico, que juntamente com a internet, podem possibilitar a elaborao de material didtico a ser utilizado tanto por alunos como professores. O como fazer deve ser investigado por professores e alunos, de acordo com a realidade, tendo em vista que so poderosas ferramentas para a pesquisa e construo de conhecimento. Inexiste um receiturio sobre como devem ser utilizados o laboratrio de informtica e a internet. No entanto, deve-se ficar em alerta para seu uso casual, sem planejamento, sem saber como e o que ser feito, uma curiosidade sem sentido e sem planejamento pedaggico, apenas para cumprir agenda, conduzindo alunos e professores a um esvaziamento do seu uso, perdendo a chance de ter uma ao pedaggica mais efetiva. O ensino da Histria pode ser enriquecido com prticas metodolgicas que utilizem recursos miditicos (udio, vdeo e imagem), acompanhados de viso interdisciplinar e que possibilitando mediao e aquisio efetiva do conhecimento, proporcionando uma16

Histriacrtica realidade social e conduzindo os sujeitos a se sentirem parte ativa desta sociedade. Isto faz pensar sobre o conceito de Histria na abordagem marxista, que segundo Pacheco (1993) um processo dinmico, dialtico, no qual cada realidade social traz dentro de si o princpio de sua contradio, o que gera e transforma constantemente na Histria (p. 37). O Centro de Multimeios integra outros espaos e recursos pedaggicos que podem transcender a prtica de ensino de Histria fundada ainda no discurso do professor. Todos os recursos devem ser dispostos e apropriados pelo corpo docente no sentido de superar a prtica de ensino tradicional. Retorna-se novamente ao ponto inicial deste trabalho: o domnio terico que funda a prtica do professor. Caso no sejam dadas as condies e a formao necessria para que o professor possa superar o casualismo e o achismo em sua prtica, torna-se difcil, principalmente para o professor de Histria, redescobrir novas formas e espaos na escola para prticas de ensino dinmicas e inovadoras. Aula de campo constitui um recurso metodolgico que possibilita a investigao da Histria local e sua insero numa perspectiva histrica totalizante, e vice-versa. A partir de uma Histria geral pode-se perceber o percurso histrico da sociedade local a qual os alunos pertencem e desenvolver o senso crtico e reflexivo do aluno na elaborao e construo da identidade. Para melhor visualizar o que se fala sobre estas formas e espaos, imagine que o professor de Histria, em seu planejamento anual, ao trabalhar com a sociedade brasileira no sculo XIX, especificamente o perodo que corresponde ao Segundo Reinado, faa uma abordagem do cotidiano dessa realidade histrica e social a partir de um enfoque literrio. Na elaborao do plano de aula, ele faz um levantamento na internet de sites que contemplem obras a serem utilizadas e organize um estudo crtico e analtico a partir da literatura e luz de uma abordagem histrica. importante perceber que este plano no apenas do professor de Histria, mas tambm do de Literatura, em um trabalho interdisciplinar, para enriquecer, ainda mais, discusso. Um exemplo pode ser observado a partir da obra de Alusio de Azevedo O Mulato que aborda o estudo da sociedade brasileira desta poca. A anlise histrica da obra pode fomentar o estudo e a pesquisa sobre a diversidade tnica racial na formao da sociedade brasileira, as relaes sociais, o cotidiano, a sexualidade, o papel da mulher, a desigualdade social, a urbanizao e a vida neste novo espao que se funda, e que constitui um novo Brasil. Enfim, uma variedade de abordagens podem ser contempladas em pesquisas escolares, aumentando a busca pelo conhecimento atravs dos Centros de Multimeios, como biblioteca, laboratrio de informtica, internet, dentre outros.17

Escola AprendenteO ensino de Histria mediado pelo profissional da disciplina deve ser fundado em um referencial terico que possibilite ao docente perceber esses lugares, essas formas de ensino e a sua melhor utilizao. Do contrrio, corre o risco de piorar as deficincias ou reproduzir uma prtica ultrapassada travestida de uma roupagem nova, reforando a apatia do aluno frente ao conhecimento histrico.

Produzindo Exerccios e AvaliaesEntende-se que a avaliao deve ser processual e contnua percorrendo todo o caminho que vai desde o planejamento da aula at a execuo. No cabe pensar a avaliao apenas como um instrumento de medio cognitiva do aluno, devendo contemplar tambm o modo operante do professor na relao ensino e aprendizagem, porquanto, a atual organizao do trabalho pedaggico foi alterada com a incluso de novas tecnologias e de novos espaos que surgem com ela. A avaliao no pode constituir-se como um instrumento punitivo ouclassificatrio,quetemcomoprincipalconseqnciaadiminuio da auto-estima dos alunos, reforando a competitividade e o individualismo. A avaliao como um instrumento de desenvolvimento cognitivo deve promover o aluno e no suscitar medo e angstia. Priorizar o aprendizado do aluno deve exigir estratgias positivas de avaliao que colaborem para o desenvolvimento de suas competncias e habilidades. As avaliaes no devem tambm seguir a perspectiva tradicional. No podem eleger aqueles que memorizaram, repetiram, decoraram, mas sim os que buscaram a compreenso dos acontecimentos humanos em sociedade a partir de um tempo histrico e que tem relao com o presente e o futuro. O conceito freiriano de curiosidade epistemolgicapode se constituir na postura a ser desenvolvida pelo professor em sua relao com a docncia e com o aluno. O exerccio da curiosidade como metodologia para o ensino da Histria, pode ser um dos caminhos para que sejam superadas prticas anacrnicas com novas roupagens. Na elaborao de pesquisas ou quaisquer trabalhos onde a sua feitura ultrapasse o ambiente escolar, preciso monitoramento e regras previamente estabelecidas. No devem ser aceitas reproduo ou transcries de livros e revistas especializadas. Alm disso, os recursos da informtica, o copiar/colar de pesquisas na Internet, pode transformar qualquer trabalho em mera cpia, onde a originalidade se resumir na capa com o nome do autor. No interessa procurar culpados, pois muitos so os implicados, fortalecendo uma prtica de ensino e aprendizagem fundada no18

Histriacastigo. Ao contrrio, tendo em vista que a educao se apia em referenciais pedaggicos modernos, o erro deve ser preconizado como um passo para o acerto. A prtica de ensino que se reveste de uma mudana profunda deve utilizar os erros como caminhos percorridos pelos alunos no esforo da compreenso do conhecimento, portanto, a punio inibidora dessa aprendizagem valorativa, enquanto o erro traz consigo novos valores. O erro deve ser parte da prtica de professores e alunos, em uma mudana de paradigma que busque, atravs da problematizao, o desenvolvimento da pesquisa como uma das formas de entendimento da realidade. Esta se coloca como uma prioridade urgente, j que as prticas de ensino tm cristalizado aprendizagens meramente reprodutivas. O uso das novas tecnologias como a internet, por exemplo, tem reproduzido velhas prticas do copiar e colar. Em Histria, mais do nunca, o conhecimento inacabado e a curiosidade epistemolgica deve remeter professores e alunos utilizao do potencial contido em sua escola. Portanto, o uso da obra O Mulato, de Alusio de Azevedo no ocorrer se no houver a predisposio tanto de professores como de alunos. importante se debruar sobre as obras do acervo bibliogrfico e como elas podem servir de fonte de pesquisa que contribuam para desconstruir o discurso histrico oficial, muitas vezes elitista, conservador e herico, reproduzindo um modelo hegemnico da sociedade eurocntrica positivista. A contestao deste modelo hegemnico do ensino de Histria constitui-se num exerccio constante. A partir da pesquisa escolar, pode se ampliar a viso analtica dos alunos, reforando a salutar idia de que a transferncia de conhecimento no deve ser um mero jogo de perguntas e respostas, muitas vezes capciosas, como se o grande mrito do aluno residisse em descobrir a casca de banana colocada pelo professor. O conhecimento deve ser til para os alunos, enquanto sujeitos dessa sociedade que histrica. Interdisciplinaridade, contextualizao, diversidade so posturas de uma prtica que no pode ser pensada de forma isolada, mas sim como processo. O professor no se torna interdisciplinar s porque comentou a Lei de Newton em sua aula de Histria. Entretanto, se ele estimular a investigao, juntamente com seus alunos, sobre as implicaes desse pensamento para a fundao de um novo conhecimento e de uma nova ordem social, com o apoio do professor de Fsica, ento ele vislumbra, de maneira efetiva, a construo do conhecimento histrico interdisciplinar em sua tentativa de explicar a sociedade. Da mesma forma possvel pensar a questo da diversidade tnica e racial. No se pode imaginar que ao falar do negro e do ndio, do europeu, do nordestino, se est propondo um ensino para a diversidade. Os exerccios e as avaliaes devem seguir um caminho que ajude a desconstruir os esteretipos e as vises distorcidas contidas no imaginrio educacional, onde o negro visto pela sua dana e suas19

Escola Aprendentecomidas, o ndio como o nativo das Amricas, o preguioso que no se adaptou ao trabalho agrcola no Brasil Colonial. Agora ambos negro e ndio lutam por terra e direitos sociais, para que? E o nordestino, cabea chata, comedor de farinha que vai para o sul em busca de comida e de sobrevivncia? Desconstruir este discurso se coloca como um exerccio para um ensino de Histria que vise conduzir a formao de indivduos crticos, ativos e investigativos. A curiosidade epistemolgica deve provocar uma revoluo na prtica do professor para que ele pense na pesquisa como uma grande aliada pedaggica, principalmente, se ele articular, de modo eficaz, o uso do computador, da internet, da biblioteca, dos museus, das ruas, dos centros histricos, da memria da escola, da cidade, enfim, um conjunto de elementos que favorea uma nova concepo histrica. O exerccio e avaliao por repetio, para decorar e com isso atender objetivos imediatistas como, por exemplo, o vestibular, no garante a construo de conhecimentos slidos e no prepara alunos crticos, mas meros repetidores do discurso hegemnico, incapazes de pensarem de forma reflexiva e crtica. Adotando o exerccio de criticar os noticirios locais e nacionais que reproduzem notcias parciais sobre os cotidianos sociais, desprovidos de fundamentos, o professor prover seu aluno de um importante elemento em direo a formao de cidados conscientes. Quanto ao vestibular, no se pode negar sua importncia, entretanto, no se deve permitir que a formao fornecida pela educao bsica torne-se sua refm, do contrrio ela se desviar dos seus outros propsitos: formao para o mundo do trabalho e para o exerccio da cidadania.

Lendo, Acessando, Ouvindo e AssistindoLer, acessar, ouvir e assistir so aes resultantes da proposta de ensino planejada pelo professor, ao mapear os lugares e as formas que fomentem o ensino de Histria. No plano de aula, o professor de Histria, em sinergia com os demais, poder estabelecer parcerias em busca da utilizao dos espaos e no desenvolvimento de novas metodologias que fortaleam e promovam o ensino e a aprendizagem. A dimenso sociolgica da escola revela-a como espao em que as novas geraes tm acesso ao conhecimento elaborado pela humanidade, sendo o que garante sustentao mesma, portanto, entende-se que a escola constitui-se num mbito pedaggico de acesso ao conhecimento. Cabe indagar como isto est ocorrendo. Tal indagao torna-se pertinente para compreender o acesso no espao da escola pblica,20

Histriapois a mesma, geralmente, retratada como de baixa qualidade de ensino e precria na formao cognitiva de alunos. Se tem sido este o retrato da escola pblica deve-se acreditar que, apesar dos intensos esforos do poder pblico, o acesso leitura e informao no tm sido garantido, contribuindo para a ineficincia e ineficcia do sistema pblico de ensino. No adianta dispor de novas tcnicas, se no se consegue manusear e utilizar as mais elementares. Voltemos para a obra de Alusio de Azevedo, O Mulato. Outras tantas obras esto disponveis na biblioteca das escolas e podem ser utilizadas de maneira criativa, possibilitando o acesso e a construo do conhecimento, compartilhando saberes que possibilitem uma leitura histrica da sociedade passada e atual, desenvolvendo a competncia em leitura e compreenso. A biblioteca deve ser espao de constante utilizao por professores e alunos, seu acervo deve ser manuseado pelo professor e contemplado no planejamento. O exemplo anterior uma obra literria, mas muitas outras servem para a formao do professor, como Os Sermes do Padre Antnio Vieira, Casa Grande e Senzala Gilberto Freire, Viso do Paraso e Razes do Brasil de Sergio Buarque de Holanda, Formao Histrica e Econmica do Brasil de Caio Prado Jnior, todas disponveis para os professores das escolas pblicas cearenses. Como o professor utilizar este acervo para melhorar a qualidade do ensino de Histria, garantindo no s a leitura, mas a compreenso e interpretao da realidade histrica? Outra situao que se tornou evidente na prtica escolar a disseminao do mito de que o uso do vdeo e agora do DVD na escola tem a funo de embromar aulas, assim como alunos cabulam aulas, os professores tambm cabulam ao sugerir e passar um filme ou documentrio. Este mito cristalizou-se no imaginrio educacional e carece ser discutido criteriosamente nesta anlise, para compreendermos melhor a relao que se desenvolve na escola e que interfere em sala de aula. Em um primeiro momento, pode-se perceber que ainda forte a idia de que professor bom o que d aula expositiva, portanto, o uso de recursos tecnolgicos seria como um alvio devido a carga horria massacrante a qual o professor est submetido. A viso que a comunidade tem da tecnologia enquanto recurso pedaggico est longe de ser a de enriquecer a aprendizagem. Se o assistir assim como o acessar so pontuais no aprendizado do aluno, os recursos tecnolgicos devem se submeter a uma anlise criteriosa de como eles podem promover um ensino que conduza o aluno a no ter apenas a informao, mas que esta se transforme em conhecimento de qualidade para a vida. Passar o filme, a imagem, ou mais ainda acessar a informao via internet, no garante ao aluno conhecimento. Quando muito, o acesso a estes recursos desenvolve a potencialidade deste em poder acessar, entretanto, transformar esta informao em conhecimento outro percurso, mais longo e detalhado que exige do professor a busca pelo21

Escola Aprendentesaber que o leve a refletir sobre o uso pedaggico desses recursos. Isto nos alerta para outra questo importante, a de que no s localizar a informao, mas ter a capacidade de transform-la em saber. Torna-se imediato que se debata no s o acesso, mas como e para que este procedimento est sendo realizado. Uma pergunta que deve estar nas mentes dos professores de Histria deve ser: para que este filme? Para que acessar este ou aquele site da internet, ler este ou aquele livro? Se estas perguntas no estiverem claras, com certeza tais prticas reforaro o mito de que o uso desses recursos no tm sentido, so apenas, como diz a expresso popular paramatar aula. A possibilidade de utilizar os recursos tecnolgicos deve ser seguida de um planejamento detalhado, do porque se est usando e como ser usada e quem so os parceiros que podero ajudar a dinamizar o uso destas tecnologias. A informao a ser localizada deve servir a um propsito e ser seguida de pesquisa, visando formar alunos pesquisadores, para no correr o risco de ter alunos plagiadores. Pesquisa na internet tornouse sinnimo de recortar e copiar informaes de sites, muitas vezes, de contedos duvidosos, outras verdadeiras enciclopdias a servio do conteudismo escolar. Percebe-se que o acesso informao gerou outros problemas muito mais graves e complexos que exigem uma posio do professor, que s ser alcanada com o claro conhecimento do que ele est fazendo em sala de aula e do que ele est propondo para o ensino de Histria. A seguir apresentada uma relao de sites e filmes que podero subsidiar a prtica do professor. Para tanto eles devero ser analisados criteriosamente como recursos metodolgicos no ensino de Histria.

Lendo possvel mapear uma vasta indicao bibliogrfica sobre livros paradidticos e de literatura que podem ser utilizados pelo professor de Histria como recurso pedaggico para aprofundar, esclarecer, refletir, problematizar temas e assuntos relativos a Histria Geral e do Brasil. As editoras de livros didticos, via de regra, possuem colees especficas, organizadas por nvel de ensino e disciplina, contemplando temas transversais e projetos curriculares. A seguir, indica-se alguns ttulos que podem ser usados pelos professores e pelos alunos. A Colnia Brasileira - Economia e Diversidade. 2a edio. Sheila de Castro Faria. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. O livro analisa as atividades agroexportadoras, tendo como pano de fundo as relaes entre Portugal e Brasil. Assim, contempla o sistema colonial e as principais produes: a economia aucareira, o ouro das Minas Gerais, a pecuria, etc., todas, dependendo da poca, baseadas na escravido indgena ou africana, fundamento bsico e estrutural da sociedade brasileira.22

HistriaA Era Vargas. 2a edio. Maria Celina DAraujo. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. O que tornou Getlio Vargas a figura poltica mais popular do pas no sculo XX? O livro apresenta uma interpretao concisa e equilibrada sobre o homem e o mito Getlio Vargas ao qual esto intimamente associadas a idias como as de Estado desenvolvimentista, industrializao, nacionalismo, direitos trabalhistas, proteo social, autoritarismo e liderana pessoal. Analisa sua trajetria poltica, suas iniciativas econmicas e sociais, oferecendo elementos para compreendermos as transformaes pelas quais passou o Brasil desde sua chegada ao poder em 1930. A escravido no Brasil - Relaes Sociais, Acordos e Conflitos. 2a edio. Douglas Cole Libby, Eduardo Frana Paiva. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. Fundamentados nos estudos mais recentes sobre a escravido no Brasil, os autores apresentam um painel abrangente e revelador sobre um dos temas mais importantes da nossa Histria: a escravido do negro e seus profundos efeitos nos valores e comportamentos ainda presentes na sociedade brasileira, como a depreciao do trabalho braal e a inferiorizao social do negro. frica - Terra, Sociedades e Conflitos. Nelson Bacic Olic. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. Vrias sociedades do mundo reconhecem a grande importncia dos africanos em sua formao cultural. Para a sociedade brasileira, em particular, essa importncia continua sendo fundamental para a compreenso de nossa identidade cultural. Mas, de maneira geral, os brasileiros sabem bem pouco sobre a frica. O que se sabe que a frica tem ficado margem do processo de globalizao e tem se mostrado para o mundo apenas por seus enormes problemas socioeconmicos e das tragdias decorrentes de seus conflitos. Neste livro, o leitor encontrar um conjunto de informaes e anlises cuja inteno contribuir para um melhor conhecimento das realidades africanas atuais. As Lutas do Povo Brasileiro - Do Descobrimento a Canudos. 2a edio. Jlio Jos Chiavenato. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. A Histria do nosso povo uma Histria de lutas e tambm de derrotas, fruto de brutal represso. Mas nunca de passividade. O povo sabe que sujeito e no objeto da Histria. Por isso, organiza-se e luta. O poder, defendendo seus privilgios de classe, reage e esmaga os anseios populares de liberdade, tomando depois o cuidado de suprimir da historiografia oficial a presena do povo. Assim, a gente annima, ou seja, os pobres ndios, negros, trabalhadores , esquecida. Convm, pois, ignor-la. Afinal suas lutas so uma ameaa aos poderosos. E as glrias de heris e pacificadores ficam mesmo para os grandes repressores. Essas so as teses bsicas deste livro, em que so apresentadas as lutas do povo brasileiro desde a resistncia indgena at o massacre de Canudos. O Golpe de 64 e a Ditadura Militar. 2a edio. Jlio Jos Chiavenato. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. Tortura, violncia poltica, mortes e perseguies a intelectuais, estudantes, artistas e trabalha23

Escola Aprendentedores so os ingredientes mais visveis da ditadura militar a partir de 1964. Esses fatos foram alimentados por um realismo poltico que em poucos anos mostrou sua verdadeira face. Enquanto exaltavam o nacionalismo, os golpistas abriam a economia s multinacionais, criando a maior dvida externa do Terceiro Mundo. Enquanto proclamavam a democracia ocidental e crist, perseguiam, proibiam, torturavam e assassinavam. Enquanto pregavam o moralismo, patrocinavam os maiores atos de corrupo. Este livro mergulha nos pores da ditadura e faz uma anlise fria do perodo, buscando as razes da luta ideolgica e econmica e das suas relaes internacionais, desde os governos de Getlio Vargas, Jnio Quadros e, naturalmente, Joo Goulart. Unio Europia - Histria e Geopoltica. 2a edio. Demtrio Magnoli. Coleo Polmica. Editora Moderna. 2008. A Europa uma civilizao: uma herana histrica. Os seus alicerces encontram-se no Imprio Romano e no cristianismo, que lhe conferiram unidade e identidade. Mas a herana plural, diversa, conflitiva. O advento do Estado-Nao e do nacionalismo desdobrou-se sob a forma de um equilbrio de poder instvel. As duas grandes guerras do sculo XX assinalaram a exploso do equilbrio e o encerramento da hegemonia europia no mundo. O projeto de integrao econmica e poltica nasceu no ambiente da Guerra Fria, como uma solda entre a Frana e a Alemanha. A nova Europa aninhou-se no Ocidente liderado pelos Estados Unidos. A imploso da Unio Sovitica mudou as regras do jogo. A Unio Europia expande-se para o leste e se identifica com a Europa. O seu ncleo, constitudo pelo eixo franco-alemo, esboa um desafio hegemonia dos Estados Unidos. A Histria no tem fim. A Primeira Guerra Mundial. Jayme Brener. Coleo Retrospectiva do Sculo XX. Editora tica. 2008. Ningum queria essa guerra, mas ningum conseguiu evit-la. Este livro desvenda a trama de interesses e intrigas que fizeram o mundo mergulhar na Grande Guerra de 1914. Indo alm das trincheiras e dos combates, ele resgata a tragdia humana que mudou a face do mundo na inaugurao do sculo XX. E que seria a semente de outra tragdia, a Segunda Guerra Mundial, que a razo tambm no evitou. China - O Drago do Sculo XXI. Wladimir Pomar. Coleo Histria em Movimento. Editora tica. 2008. No desfecho de uma Histria milenar que nas ltimas cinco dcadas tomou um rumo revolucionrio, a China encaminha-se para ser uma das grandes potncias mundiais do sculo XXI. Com 1,3 bilho de habitantes, a China no muda sozinha: como num abalo ssmico, as ondas de choque so sentidas em boa parte do mundo. De Getlio a Juscelino (1945-1961). Claudio Bertolli Filho. Coleo Retrospectiva do Sculo XX. Editora tica. 2008. O livro conta a Histria de uma poca de democracia e esperana. Uma poca em que a economia se desenvolveu, a cultura floresceu, o pas viveu em liberdade. Mas tambm uma poca de inflao, de baixos salrios, de

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Histrialuta pela reforma agrria que no veio. Em 1964, o golpe militar ps fim democracia e atingiu em cheio a esperana. Guerra e Paz no Oriente Mdio. Michel Treignier. Coleo Histria em Movimento. Editora tica. 2007. Um amplo painel da Histria e dasperspectivasdoOrienteMdiodasguerrasqueensangentam a regio h sculos at as recentes negociaes diplomticas, que renovam as esperanas de paz. O Fim da Unio Sovitica. Lauro Machado Coelho. Coleo Histria em Movimento. Editora tica. 2008. Em 1985, Mikhail Gorbatchev assumiu o poder na Unio Sovitica. Comeava ento uma nova era no s para o pas, mas para todo o mundo. Menos de uma dcada depois, a Unio Sovitica no existia mais, o regime socialista tinha sido derrubado em quase todos os pases que o adotavam, a guerra fria terminara. Este livro oferece uma narrativa precisa da dcada que antecedeu a runa do imprio sovitico, com destaque especial para os acontecimentos envolvendo a cultura e as artes.

AcessandoA seguir encontram-se indicados alguns endereos eletrnicos que renem informaes sobre Histria Geral e do Brasil. 1. http://www.valholl.hpg.ig.com.br/. Rene informaes detalhadas sobre mitologia nrdica com imagens sensacionais. 2. http://www.grupodeestudosmedievais.cjb.net/. Grupo de Trabalho (GT) de Estudos Medievais. 3. http://www.anpuh.uepg.br/anpuh/index2.htm. Associao Nacional dos Professores de Histria com links, artigos e revistas eletrnicas, atualizando sobre as principais notcias referentes rea de Histria. 4. http://www.comunismo.com.br/. Links, artigos, vdeos, imagens, alm de obras completas dos principais autores ligados a corrente filosfica e cientfica materialismo histrico dialtico. 5. http://www.portaldaeducacao.com.br/portal/visit.asp. Site sobre Histria Medieval. 6. http://www.revistamirabilia.com/. Revista eletrnica com textos e resenhas sobre Idade Mdia. 7. http://mithos.cys.com.br/. Um dos sites mais completo sobre mitologia greco-romana. 8. http://www.sobresites.com.br/. Portal com links para diversos assuntos, muito rico e com uma rede grande para navegar. 9. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index.htm. Site de Histria Geral e do Brasil, por perodo. 10. http://www.klepsidra.net/novaklepsidra.html. Revista eletrnica de Histria com artigos e resenhas. 11. http://www.historianet.com.br/home/. Site de Histria Geral e do Brasil por perodo.

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Escola Aprendente12. http://www.ufrgs.br/antiga/linksa.htm. Diversos links ligados ao Perodo Antigo. 13. http://warj.med.br/lit/index.asp. Rene um excelente material sobre mitologia greco-romana. 14. http://paje.fe.usp.br/~cemoroc/. Centro de Estudos Medievais Oriente & Ocidente centrada em torno de temas medievais e orientais. 15. http://www.sobenh.org.br/. Site da Sociedade Brasileira do Ensino de Histria. 16. http://mithos.cys.com.br/. Sistema de Pesquisa Mitolgica por Hipertexto.

OuvindoMuitas msicas internacionais e nacionais podem servir de estratgia pedaggica para fomentar a reflexo sobre um acontecimento, situao ou fato histrico. O uso deste recurso na sala de aula deve ser bem planejado, de modo que gere o tipo de problematizao que o professor deseja. Aquarela do Brasil (Martinho da Vila) Que Pas Este (Legio Urbana) Gerao Coca-Cola ((Legio Urbana) Construo (Chico Buarque) Apesar de Voc (Chico Buarque) Pedro Pedreiro (Chico Buarque) Ouro de Tolo (Raul Seixas) Asa Branca (Luiz Gonzaga) Sampa (Caetano Veloso) Cidado (Z Ramalho) Estado Violncia (Tits) Eu Nasci a Dez Mil Anos Atrs (Raul Seixas) Fbrica (Legio Urbana) Gita (Raul Seixas) Ideologia (Cazuza) Independncia (Capital Inicial) Metamorfose Ambulante (Raul Seixas) Podres Poderes (Caetano Veloso) Sociedade Alternativa (Raul Seixas) Vida de Operrio (Falco)

AssistindoA filmografia sobre fatos e acontecimentos histricos muito rica. A relao a seguir indica alguns ttulos, facilmente encontrados em DVD nas videolocadoras. So filmes que abordam aspectos relacionados Histria Geral e do Brasil.

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Histria1492 - A Conquista do Paraso: filme de Ridley Scott que tem Gerard Depardieu no papel principal, focaliza o principal momento da expanso martima espanhola, quando em 1492 Cristvo Colombo tentou atingir o Oriente navegando para o Ocidente. 1900 (Novecento): faz uma retrospectiva histrica da Itlia desde o incio do sculo XX at o trmino da Segunda Guerra Mundial, com base na vida de Olmo, filho bastardo de camponeses, e Alfredo, herdeiro de uma rica famlia. A Famlia: focaliza a Histria da Itlia no sculo XX, atravs da vida da abastada famlia do intelectual Carlo, caracterizando a bipolarizao ideolgica entre fascismo e comunismo que marcou o mundo. A Lista de Schindler: aproveitando a recente deciso do governo e de empresas alems em indenizar as vtimas do Holocausto, o filme mostra o trabalho escravo de judeus durante a Segunda Guerra e a saga de um homem a procura de justia. A Misso: retrata a Guerra Guarantica na regio de Sete Povos das Misses, no final do sculo XVIII, poca dos tratados de fronteiras assinados entre Portugal e Espanha. A Odissia: as aventuras de Odisseu com os mitos e lendas caractersticos da Grcia Homrica, numa megaproduo de Francis Ford Coppola. A Rainha Margot: retrata a Frana em 1572, quando do casamento da catlica Marguerite de Valois e o protestante Henri de Navarre, acaba servindo de estopim para um violento massacre de protestantes conhecido como a noite de So Bartolomeu. Aguirre, a Clera dos Deuses: no sculo XVI, uma expedio de conquistadores espanhis, enfrentando a febre, os ndios e as feras, entra na selva amaznica em busca do Eldorado, o fabuloso reino de ouro. Amistad: o filme de Spielberg retrata o julgamento de 53 negros nos Estados Unidos, que na tentativa de fugir para frica, matam a maior parte da tripulao do navio negreiro La Amistad em 1839. Arquitetura da Destruio: este filme considerado um dos melhores estudos sobre o Nazismo. Lembra que chamar Hitler de artista medocre no elimina os estragos causados por sua estratgia de conquista universal. Casanova e a Revoluo: mais uma obra prima de Etore Scola que, atravs de diferentes personagens, mostra as diversas vises sobre a Revoluo Francesa, em meio a fuga de Lus XVI. Dana com Lobos: depois de ter sido condecorado por bravura na Guerra de Secesso, o tenente da Unio, John Dubar retira-se do Tenessee para um forte no Sioux em 1863. Esgotado com os valores da sociedade, passa a viver harmoniosamente com os indgenas. Danton, o Processo da Revoluo: na fase popular da Revoluo Francesa, instala-se o perodo do terror, quando a radicalizao revolucionria dos jacobinos encabeada por Robespierre inicia um violento processo poltico com expurgos e manipulaes.27

Escola AprendenteElisabeth: o filme analisa a Inglaterra absolutista de Elizabeth I (Isabel, a Rainha Virgem), que subiu ao trono em 1558 para tornar-se a mulher mais poderosa do mundo. Em Nome do Pai: em 1974, um atentado a bomba produzido pelo IRA (Exrcito Republicano Irlands) mata cinco pessoas num pub de Guilford, arredores de Londres. Evita: o filme retrata a vida de Evita Pern, artista casada com o presidente da Argentina e que tornou-se a Me dos Descamisados no contexto do populismo. Gandhi: clssico do cinema pico, o filme uma pequena biografia de Mahatma Gandhi, considerado o principal lder no processo de independncia da ndia, com seu ideal de resistncia pacfica. Indochina: a Indochina, colonizada pela Frana desde o final do sculo XIX, retratada nesse filme atravs do cotidiano de uma rf vietnamita adotada por um casal de franceses. Joana dArc: o filme retrata a figura de Joana dArc, atravs de uma aventura estilizada e uma verso mais humanizada do mito que se tornou a jovem de origem camponesa que conseguiu exaltar o nacionalismo francs, na luta contra os ingleses. Lutero: Doutor em teologia, Lutero no conseguia compreender alguns dogmas da Igreja Catlica para com seus sditos. Como por exemplo, a oferta de indulgncias aos fiis, em troca da salvao de suas almas do purgatrio. Missing - Desaparecido: o Chile ps-golpe de Estado, os primeiros dias da represso e todo horror da ditadura chilena, considerada uma das mais violentas da Amrica Latina, so fielmente retratados pelo filme. O ltimo dos Moicanos: em 1757 franceses e ingleses na Guerra dos 7 anos (1756 - 1763) lutam pela posse de terras na Amrica do Norte, usando como soldados ndios de diferentes tribos. O ltimo Imperador: o filme faz uma retrospectiva da trgica saga de Pu Yi, herdeiro do trono chins, que foi criado em meio realeza, mas com a tomada do poder pelos comunistas, deposto, ainda adolescente, e tem que se adaptar vida no exlio. O Encouraado Potemkin: o filme retrata a Revoluo de 1905 na Rssia, que pode ser considerado um movimento democrtico, contra o autoritarismo do Czar. O Gladiador: o filme retrata aspectos importantes da vida cotidiana do Imprio Romano. O Incrvel Exrcito de Brancaleone: uma das mais clssicas comdias de poca do cinema italiano, retratando a Baixa Idade Mdia, atravs do cavaleiro Brancaleone, que lidera um pequeno e esfarrapado exrcito. O Nome da Rosa: estranhas mortes comeam a ocorrer num mosteiro beneditino localizado na Itlia durante a baixa idade mdia, onde as vtimas aparecem sempre com os dedos e a lngua roxos.28

HistriaO Stimo Selo: o filme do consagrado diretor Ingmar Bergman mostra a crise de um cavaleiro medieval diante da morte, no sculo XIV, assolado pela peste negra. O Tigre e o Drago: mescla um romance pico com artes marciais, para retratar a China no incio do sculo XIX, atravs da disputa de dois casais de guerreiros por uma espada lendria. Os Dez Mandamentos: retrata importantes passagens na vida dos hebreus, que por volta de 1250 a C. conduzidos por Moiss, fogem do Egito, onde viviam na condio de escravos, para Palestina. Os Duelistas: atravs de uma srie de duelos entre dois cavaleiros, o filme retrata o contexto que caracterizou a Frana e a Europa napolenicas no incio do sculo XIX. Pelle, o Conquistador: o filme retrata a vida de Pelle, um menino pobre, que com seu envelhecido e vivo pai, emigra da Sucia para Dinamarca, procura de trabalho, enfrentando os problemas sociais produzidos pela crise do capitalismo. Platoon: filme do diretor Oliver Stone, que combateu no Vietn, uma das primeiras obras crticas do cinema norte-americano sobre o maior fracasso militar da Histria dos Estados Unidos. Reds: a vida do jornalista e militante comunista norte-americano John Reed, autor do clssico Os Dez Dias que Abalaram o Mundo. Rei David: Saul, o primeiro rei dos hebreus, foi sucedido por David em 1006 a. C. que destacou-se por derrotar o gigante filisteu, Golias. Sunshine o Despertar de um Sculo: em um dos mais recentes filmes de Istvn Szab, o ator Ralph Fiennes, interpreta pai, filho e neto em trs geraes de um cl de judeus, que vai perdendo a identidade em meio ao anti-semitismo. Tempo de Glria: durante a Guerra de Secesso, lderes civis e militares do Norte decidem criar o primeiro regimento negro dos EUA. Comandados por um oficial branco, os homens lutam pela liberdade e pela cidadania. Tempos Modernos: trata-se do ltimo filme mudo de Chaplin, que focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, imediatamente aps a crise de 1929, quando a depresso atingiu toda sociedade norte-americana. Terra e Liberdade: o filme retrata a Guerra Civil Espanhola (1936 - 1939), momento em que a esquerda, mundialmente, uniu-se em torno de uma causa. Baile Perfumado: amigo do padre Ccero, o fotgrafo Benjamim Abraho, parte para o serto nordestino, para filmar Lampio e seu bando nos anos 30. Brava Gente Brasileira: a fico passa-se no atual Mato Grosso do Sul, quando no final do sculo XVIII, um grupo de portugueses designados para fazer um levantamento topogrfico na regio do Pantanal se envolve com estupro de ndias. Cabra Marcado para Morrer: o filme um documento singular, um filme dentro do filme, em que personagens, equipe tcnica e elenco29

Escola Aprendentese integram retratando a realidade da ditadura militar no Brasil nos anos 60 e 70. Carlota Joaquina, Princesa do Brasil: a morte do rei de Portugal D. Jos I em 1777 e a declarao de insanidade de D. Maria I em 1972, levam seu filho D. Joo e sua mulher, a espanhola Carlota Joaquina, ao trono portugus. Central do Brasil: atravs de uma professora, que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos, e de um garoto nordestino, que perde sua me em um acidente no Rio de Janeiro, a obra retrata os problemas sociais que afetam a populao. Cidade de Deus: o filme e seu sucesso de bilheteria constituem um fato poltico, pois desnuda o Brasil da dvida social e dos excludos. Eh Pagu, Eh: premiado como melhor documentrio e melhor roteiro no XV Festival de Cinema de Braslia, o filme dirigido por Ivo Branco. Mau, o Imperador e o Rei: o filme mostra a infncia, o enriquecimento e a falncia do Baro de Mau (1813 - 1889), empreendedor gacho, considerado o primeiro grande empresrio brasileiro, responsvel por uma srie de iniciativas. Ns que Aqui Estamos por Vs Esperamos: um filme que resgata o sculo XX atravs de imagens que marcaram as principais transformaes ocorridas na Histria. O Sol Caminhando Contra o Vento: o filme retrata a Histria do jornal O Sol, um dos primeiros veculos da imprensa alternativa brasileira, produzido diariamente durante seis meses, num perodo conturbado, em 1968, momentos antes do governo militar decretar o AI-5. O dirio impresso falava de cultura, poltica e educao por meio de stiras. Olga: o filme dirigido por Jaime Monjardim baseado no best seller de Fernando Moraes. Quilombo: em meados do sculo XVII, escravos fugidos das plantaes canavieiras do Nordeste, organizam uma repblica livre, o Quilombo dos Palmares. O quilombo sobreviveu por mais de 70 anos, at a destruio final. Senta a Pua!: o filme resgata a participao do Brasil na Segunda Guerra Mundial atravs de depoimentos de pessoas envolvidas no Primeiro Grupo de Aviao de Caa do Brasil. Soldado de Deus: faz um retrato do que foi o integralismo e sua importncia na vida poltica brasileira. Xica da Silva: na segunda metade do sculo XVIII, uma escrava negra se torna o centro das atenes no distrito diamantino, onde esto as minas mais ricas do pas.

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HistriaReferncias AMORIM, Rosendo et alii. O desafio da gesto escolar democrtica multicultural in CEAR. Secretaria da Educao Bsica. Gesto escolar e qualidade da educao. Secretaria da Educao Bsica do Estado do Cear. Fortaleza: SEDUC, 2005. BLATTMANN, rsula e FRAGOSO, Graa Maria (Org.). O zapear a informao em bibliotecas e na Internet. Belo Horizonte: Autntica, 2003. BRASIL. Parmetros curriculares nacionais: Ensino Mdio. Braslia. MEC/SEMTEC, 2002. BRASIL. Cincias Humanas e suas tecnologias (PCN+ Ensino Mdio: Orientaes Educacionais complementares aos Parmetros curriculares nacionais). Braslia. MEC/SEMTEC, 2002. BRASIL. Orientaes Curriculares do Ensino Mdio. Secretaria da Educao Bsica/ Departamento de Polticas de Ensino Mdio. Braslia. MEC/SEMTEC, 2004. BRASIL. Ensino mdio: cincia, cultura e trabalho. Secretaria da Educao Bsica - Departamento de Polticas de Ensino Mdio. Braslia. MEC/SEMTEC, 2004. BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educao das relaes tnico-raciais e para o ensino da cultura afro-brasileira e africana. Ministrio da Educao. Secretaria de Polticas de Promoo da Igualdade Racial. Braslia: MEC, 2005. BRASIL. Cincias humanas e suas tecnologias. (Orientaes curriculares para o ensino mdio). Braslia. Ministrio da Educao, Secretaria da Educao Bsica, 2006. 133 p. CARR, Edward Hallet,. Que Histria, 8a edio. So Paulo: Paz e Terra, 2002. CEAR. Referenciais curriculares bsicos. Fortaleza. SEDUC, 2000. MANACORDA, Mario Alighiero. Histria da educao: da antiguidade aos nossos dias. 8a edio. So Paulo: Cortez, 2000. NUNES, Silma do Carmo. Concepes de Mundo no Ensino da Histria. Campinas So Paulo: Papirus, 1996. PACHECO, Vavy, O que Histria. 2a edio. So Paulo: Brasiliense, 1993. PLEKLANOV, G. V., O papel do indivduo na Histria. 3a edio. So Paulo: Editora Expresso Popular, LTDA, 2005. STRAUSS, Claude Levi,. Raa e Histria. 5a edio. Lisboa, Portugal: Editora Presena, 1996. SAVIANI, Dermeval, Jos Claudieni Lombarde, Jos Lios Sanfelice,. Histria e Histria da Educao. Campinas - So Paulo: Autores Associados, 1998. TEIXEIRA, Ins A. de Castro e LOPES, Jos de S. M. (org.) A escola vai ao cinema. Belo Horizonte: Autntica, 2003. www.moderna.com.br31

Escola Aprendente

Disciplina: Geografia

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GeografiaconHecimentoS de GeoGrAfiA eAprendizAGem eScolAr Cludia Maria Barros AvelarO sonho obriga o homem a pensar. (Milton Santos)

IntroduoA Geografia, cincia do presente to antiga quanto prpria histria dos homens, o ramo do saber que estuda as relaes entre a sociedade e a natureza, busca o entendimento do mundo atual, valoriza a compreenso dos espaos, suas organizaes e as transformaes constantes. O conhecimento geogrfico possibilita a compreenso da natureza, sua formao, e os atuais arranjos econmicos e valores socioculturais. A Geografia, nos ltimos sculos, tem passado por intensos debates, estudos e reflexes de gegrafos e outros especialistas sobre a evoluo desta cincia, principalmente no ensino, resultando em mudanas em seus pressupostos tericos e metodolgicos que convergiram para a corrente denominada Geografia Crtica, em respostas aos quadros tradicionais. A partir da dcada de 1980, os gegrafos manifestaram os mais diferentes pontos de vista embora pertinentes aos avanos dos conhecimentos, das novas tecnologias, e das leis descobertas por outras cincias. Colocaram assim, em discusso, aes e efeitos em relao ao globo terrestre, sua superfcie, profundidade, progressos e outros contedos que, dialeticamente articulados ao processo de trabalho, transformam o espao geogrfico. A Geografia, apesar de inserida entre as cincias humanas, dado o seu carter de saber interdisciplinar e de cincia de sntese capaz de explicar o mundo por si, sem perder sua identidade, articula-se com a Economia, a Histria, a Sociologia, a Biotecnologia, e favorece a interao com a Biologia, a Fsica, a Qumica e a Filosofia. A complexidade e a abrangncia alcanadas pelo saber geogrfico suscitam grandes expectativas em relao s contribuies para a compreenso do mundo atual. chegado o tempo em que a nova Geografia pode ser criada, porque o homem comea, um pouco em toda parte, a reconhecer no espao trabalhado por ele uma causa de tantos dos males que o afligem no mundo atual. Por isso... somente restam aos gegrafos duas alternativas: justificar a ordem existente atravs do ocultamento das reais relaes sociais no espao ou analisar essas relaes, as contradies que encobrem, e as possibilidades de destru-las (Santos, 1999 p. 213 e 214).

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Escola AprendenteO conhecimento geogrfico permite o acesso a um campo extenso de saberes, que possibilitam ao aluno uma maior integrao com o seu contexto sociocultural e histrico. Alm disso, fornece uma viso privilegiada do espao, tornando-se um poderoso instrumento de compreenso da relao sociedade/natureza e suas transformaes nestes tempos de neoliberalismo, globalizao e novas tecnologias, criando assim, possibilidades de estudos que transcendem a interdisciplinaridade. Diante do exposto, evidencia-se a ampliao de informaes ao aluno, facilitando-lhe o entendimento na comunicao cotidiana, nas relaes de trabalho, na valorizao do uso das novas tecnologias, transformando verdadeiramente sua concepo de mundo, proporcionando-lhe o desenvolvimento da autonomia intelectual e o pensamento crtico. Na verdade, atravs da Geografia o estudante dever compreender o desenvolvimento da sociedade, as ocupaes dos espaos naturais, as relaes do homem com o ambiente, e interpretar seus desdobramentos fsicos, polticos, sociais, culturais e econmicos. Esta cincia, deve, portanto, contribuir para que o aluno possa compreender melhor o mundo em que vive e sentir-se estimulado a intervir solidariamente na realidade em construo ou em transformao, com a disposio de se constituir num agente de transformao social. Os contedos curriculares vinculados realidade existencial e ajustados s circunstncias e experincias trazidas pelos alunos ampliam seus conhecimentos, aproximando-os da investigao cientfica, bem como a perceber a importncia de possuir uma viso histrica da formao econmica, do progresso humano, das disparidades sociais e das atividades humanas, especialmente as que modificam o espao. O aluno do Ensino Mdio traz consigo determinados conhecimentos que so adquiridos na comunidade em que vive, bem como informaes advindas dos meios de comunicao e das novas tecnologias da informao. Ele expressa e manifesta seus pontos de vista com base nas suas experincias. Cabe ao professor aproveitar este conhecimento de vida do educando, identificando as caractersticas sociais, culturais, tnicas, econmicas, polticas e fazer relaes dos contedos com a realidade estampada no dia-a-dia. responsabilidade do professor facilitar a aprendizagem, produzindocomosalunosexplicaeslgicasarespeitodasambigidades e polarizaes que existem entre povos, ambientes, espaos, lugares, sociais e espaciais, estruturais e pessoais. Ao identificar essa integrao, o aluno percebe as caractersticas sociais, polticas, econmicas, culturais e naturais do mundo e compreende as mltiplas formas de transformaes e as relaes destas com as sociedades e com a natureza. Facilita tambm a compreenso sobre a composio tnica da populao de vrios povos e territrios, passando a estabelecer atitudes de respeito s diferenas socioculturais e sendo capaz de identificar os problemas econmicos e ambientais do nosso planeta.34

GeografiaNessa perspectiva, possvel afirmar que o currculo um instrumento de confronto de saberes: o saber sistematizado, indispensvel compreenso crtica da realidade, e o saber de classe, que o aluno representa e que o resultado das formas de sobrevivncia que as camadas populares criam. Valoriza o saber de classe e o coloca como ponto de partida para o trabalho educativo (Veiga, 1991, p. 82).

Neste contexto o professor de Geografia identifica os conhecimentos prvios do aluno como ponto de partida, em qualquer situao de ensino e aprendizagem, que de certo modo englobem tambm suas experincias anteriores, considerando as competncias e habilidades daquilo que seja significativos, para da formular propostas a serem trabalhadas.

Os PCNEM e as competncias do professor de GeografiaAs transformaes socioeconmicas e polticas do mundo, principalmente na passagem do sculo XX para o XXI tem se refletido de forma intensa sobre a realidade brasileira, causando prejuzos ao espao pedaggico reservado a rea das Cincias Humanas. Essas transformaes foram suscitadas pela revoluo tcnico-cientfica, pela globalizao das economias e pelos problemas ambientais que deram Geografia um novo significado. Esses princpios e valores tambm so representados com bastante clareza nas Diretrizes e Parmetros Curriculares do Ensino Mdio.Dentre os princpios propostos para uma educao para o sculo XXI aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser destaca-se o aprender a conhecer, base que qualifica o fazer, o conviver e o ser e sntese de uma educao que prepara o indivduo para a sociedade, para os desafios futuros, em um mundo em constante e acelerada transformao (PCN, 2002, p. 289).

As Orientaes Curriculares para o Ensino Mdio desenvolvem esses princpios de forma que eles possam ajudar o professor a entender a importncia da transposio didtica do conhecimento cientfico, para que o aluno possa se apropriar da realidade e refletir sobre sua prtica, criando oportunidades e desenvolvendo atividades de interao entre seu conhecimento e o saber cientificamente vlido. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (DCNEM) estabelecem a construo do conhecimento geogrfico a partir de um corpo conceitual e metodolgico capaz de satisfazer os objetivos da disciplina para o desenvolvimento de competncias e habilidades bsicas, de forma a subsidiar o trabalho pedaggico atendendo aos princpios da contextualizao e da interdisciplinaridade.35

Escola AprendenteAs competncias constituem aspectos importantes no aprendizado da disciplina, porquanto integram princpios de carter epistemolgico e do pensar pedaggico. Fundamenta a Geografia na sala de aula, pensando-a como cincia com suas categorias e dimenses pedaggicas, promovendo as devidas articulaes do como aprender a conhecerque vem somar-se aos princpios filosficos, metodolgicos e pedaggicos, capazes de desencadear a aprendizagem significativa e relevantes. No Ensino Fundamental, o aluno deve adquirir noes bsicas de paisagem, espao, natureza, Estado e Sociedade, partindo sempre do mais perto para o mais distante.No Ensino Mdio o aluno deve construir competncias que permitam a anlise do real, revelando causas e efeitos, a intensidade, a heterogeneidade e o contexto espacial dos fenmenos que configuram cada sociedade (PCNEM, 2002, p. 311). esta concepo que a Geografia busca desenvolver no Ensino Mdio. Ela procura estimular o pensamento crtico e a capacidade de analisar a realidade do mundo contemporneo na associao entre o meio ambiente, a sociedade e as estruturas polticas e econmicas atuais. Assim sendo, espera-se que ao concluir esta etapa de ensino, o aluno apresente as competncias de: 1. Relacionar, interpretar e analisar os fatos geogrficos, permitindo uma viso crtica do mundo. 2. Analisar, interpretar e compreender os processos e as formas de produo e organizao do espao mundial e brasileiro. 3. Aprender a aprender, num processo contnuo de ampliao e aperfeioamento do conhecimento. O processo de construo de uma proposta curricular para a disciplina de Geografia no Ensino Mdio das escolas pblicas do Estado do Cear, foi realizado nos anos 2004 - 2006. No Seminrio que contou com representao de professores de Geografia das mais diversas regies do Estado foram agrupadas as competncias/habilidades para os trs anos do Ensino Mdio, da seguinte forma:

1o Ano1. Compreender a evoluo do pensamento geogrfico, quando a Geografia deixa de ser estritamente fsica, para adquirir uma viso analtica, crtica, social, econmica, poltica, humanista e propositiva diante das profundas e cada vez mais rpidas, mudanas no mundo em que vivemos. 2. Identificar e avaliar as singularidades e generalidades do espao, paisagem, lugar, regio, territrio e nao, reconhecendo os fenmenos espaciais a partir da compreenso do Homem - Trabalho - Natureza. 3. Compreender o sistema de orientao, sabendo localizar-se nas diversas partes da Terra. 4. Desenvolver o hbito de trabalhar com mapas, escalas, grficos,36

Geografiatabelas e outros instrumentais de Geografia na escola e nos diversos mbitos da vida, considerando-os como elementos capazes de fornecer uma leitura de mundo. 5. Compreender a dinmica geolgica, geomorfolgica, pedolgica e suas implicaes socioambientais. 6. Identificar as questes ambientais e perceber-se como sujeito responsvel na preservao do meio ambiente.

2o Ano1. Identificar as questes ambientais e perceber-se como sujeito responsvel na preservao do meio ambiente. 2. Compreender os fenmenos locais, regionais e mundiais expressos por suas territorialidades, considerando as dimenses de espao e tempo. 3. Compreender as relaes polticas, econmicas e sociais que definem a Nova Ordem Mundial, considerando os avanos tecnolgicos e suas aes transformadoras. 4. Compreender a dinmica geolgica, geomorfolgica, pedolgica, climtica e suas implicaes socioambientais gerais e do Brasil. 5. Compreender a dinmica populacional brasileira e suas implicaes. 6. Desenvolver no aluno uma postura consciente que lhe permita perceber-se como parte integrante de uma regio, repensando por inteiro sua dimenso espacial, humana e social, visando o resgate e construo de sua cidadania plena.

3o Ano1. Desenvolver o hbito de trabalhar com mapas, escalas, grficos, tabelas e outros instrumentais de Geografia na escola e nos diversos mbitos da vida, considerando-os como elementos capazes de fornecer uma leitura de mundo. 2. Compreender a dinmica geolgica, geomorfolgica, pedolgica e suas implicaes socioambientais. 3. Identificar as questes ambientais e perceber-se como sujeito responsvel na preservao do meio ambiente. 4. Compreender os fenmenos locais, regionais e mundiais expressos por suas territorialidades, considerando as dimenses de espao e tempo. 5. Compreender as relaes polticas, econmicas e sociais que definem a Nova Ordem Mundial, considerando os avanos tecnolgicos e suas aes transformadoras. 6. Compreender a dinmica geolgica, geomorfolgica, pedolgica, climtica e suas implicaes socioambientais gerais e do Brasil. 7. Compreender a dinmica populacional brasileira e suas implicaes.

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Escola Aprendente8. Desenvolver no aluno uma postura consciente que lhe permita perceber-se como parte integrante de uma regio, repensando por inteiro sua dimenso espacial, humana e social, visando o resgate e a construo de sua cidadania plena. Assim, caber ao professor selecionar os contedos conforme as competncias/habilidades e criar estratgias e condies para o desenvolvimento dos temas a serem abordados. importante lembrar que qualquer situao de ensino e aprendizagem deve considerar o saber do aluno, ou seja, os conhecimentos e experincias anteriores. Isto implica em trabalhar com mecanismos que auxiliem na contextualizao e no desenvolvimento da compreenso crtica da realidade. Explorar metodologias que envolvam o aluno por meio de pesquisas, letras de msica, jornal em sala de aula, fotografias, filmes, textos e argumentos diversos, que mobilize todos os sujeitos do processo ensino e aprendizagem reforando a leitura e o conhecimento de mundo.

Produzindo Exerccios e AvaliaesDurante os trs anos do Ensino Mdio, em diferentes momentos e situaes, sero desenvolvidas (individualmente e/ou em equipes de estudo) atividades, as quais configuram a estrutura do processo de ensino-aprendizagem: leitura e interpretao de textos; construo e aplicao de conceitos; anlise e interpretao de quadros, tabelas, grficos e mapas; elaborao de quadros comparativos; desenvolvimento de temas discutidos em sala de aula, envolvendo contedo especfico e posicionamento pessoal; pesquisas bibliogrficas e de campo; elaborao e apresentao de seminrios envolvendo recursos multimdia; leitura de jornais e revistas para elaborao de jornal-mural na sala de aula. A avaliao deve ser contnua, abrangendo os assuntos especficos a cada unidade do contedo; deve ocorrer em todas as etapas do trabalho, feita individualmente e em grupo. Na avaliao individual, faz-se necessrio levar em conta a qualidade da pesquisa, a pontualidade, a responsabilidade perante o grupo, a participao, a dedicao, etc. A avaliao em grupo dever estar centrada na ateno ao processo pedaggico, nas relaes respeitosas entre os participantes do grupo, na apresentao, no compromisso e na sociabilidade. A elaborao de exerccios e avaliaes devem levar em considerao e explorar de forma deliberada as habilidades e competncias previstas para a disciplina. O processo pedaggico exigir que o aluno leia, analise, interprete e produza textos, mapas, tabelas e grficos; anote, sistematize, problematize, informaes e desenvolva argumentos; aplique os conceitos aprendidos; disserte, pesquise, colete,38

Geografiaorganize dados (identificando, descrevendo, comparando, classificando e concluindo); trabalhe em equipe, empreenda iniciativas, empenhese na busca de solues aos desafios propostos, expresse oralmente suas idias com clareza e objetividade; exponha oralmente assuntos em pblico; respeite opinies divergentes; socialize a produo do conhecimento. O conjunto de atividades que se segue so apenas sugestes, cabendo ao professor avali-las e selecion-las na medida em que forem mais convenientes ao trabalho proposto. O aperfeioamento e a utilizao das tcnicas apresentadas assim como os jogos, vdeos, simulaes, debates, dinmicas de grupos e outras contribuem para o desenvolvimento da criatividade e de habilidades importantes no processo de apropriao do conhecimento pelo aluno, atuando na ampliao de capacidades cognitivas diversas, especialmente aquelas de natureza criativa. O uso de mtodos e tcnicas pode contribuir para importantes mudanas de atitudes nos alunos em relao ao processo de apropriao e produo do conhecimento, favorecendo um maior desenvolvimento pessoal (Martinez, 1995, p. 169). A seguir apresenta-se algumas metodologias que podem ser utilizadas pelo professor de Geografia para dinamizar sua prtica docente e favorecer o processo ensino-aprendizagem. Projetos: a metodologia de projetos faz parte do movimento denominado Escola Nova. Nesta metodologia, a escola e as prticas educativas se conectamcom algumas das necessidades sociais. A pedagogia de projetos, numa perspectiva mais atual desenvolvida por Hernndez (1998) afirma que:O pensamento tem sua origem numa situao problemtica que se deve resolver mediante uma srie de atos voluntrios. Essa idia de solucionar um problema pode servir de fio condutor entre as diferentes concepes sobre os projetos. Mtodos de projetos, centro de interesse, trabalho por temas, pesquisa do meio, projetos de trabalho so denominaes que se utilizam de maneira distinta, mas que respondem a vises com importantes variaes de contexto e de contedo (p. 67).

Os projetos vm ocupando a sala de aula desde o sculo passado e so conhecidos por levar adiante o processo de aprendizagem vinculado ao mundo exterior escola. Partem sempre de uma problemtica ou interesse, produzindo o prazer e a curiosidade na apropriao e produo do conhecimento do aluno, superando os limites das disciplinas e destacando a importncia da compreenso da realidade pessoal e cultural dos professores e alunos. H uma srie de caractersticas comuns de projetos que podem ser confundidos com outras modalidades de ensino como Unidade Didtica, Centro de Interesse ou Estudo Ambiental. O que tem em comum os projetos de trabalho com outras estratgias de ensino que eles:39

Escola Aprendente Voalmdoslimitescurriculares(tantodasreascomodoscontedos). Implicamarealizaodeatividadesprticas. Ostemasselecionadossoapropriadosaosinteresseseaoestado de desenvolvimento dos alunos. Sorealizadasexperinciasdeprimeiramocomovisitas,presena de convidados na sala de aula, etc. Deveserfeitoalgumtipodepesquisa. Necessita-setrabalharestratgiasdebusca,ordenaoeestudode diferentes fontes de informao. Implicamatividadesindividuais,grupaisedeclasse,emrelaocom diferentes habilidades e conceitos que so aprendidos (Hernndez, 1998, p. 80). O desenvolvimento de um projeto segue um conjunto de fases, enumeradas a seguir: 1. Parte-se de um tema ou de um problema negociado com a turma. 2. Inicia-se um processo de pesquisa. 3. Buscam-se e selecionam-se fontes de informao. 4. Estabelecem critrios de ordenao e de interpretao das fontes. 5. Recolhe-se novas dvidas e perguntas. 6. Estabelecem-se relaes com outros problemas. 7. Representa-se o processo de elaborao do conhecimento que foi seguido. 8. Recapitula-se (avalia-se) o que se aprendeu. 9. Conecta-se com um novo tema ou problema. Importante estar atento ao que afirma Hernndez de que Nem tudo que parece ser projeto (Idem, p. 82), para que a estratgia metodolgica traada pelo professor obtenha xito, se consubstanciando na aprendizagem do aluno. A pedagogia de projetos promove a reflexo e a globalizao do ensino. Traduz-se num conjunto de atividades que se processam no contexto de uma situao-problema concreta. Enfoca uma situao ou um problema do meio/contexto em que vive o aluno, no simplesmente atravs de questes acadmicas por itens do contedo programtico. So pontos essenciais num autntico projeto: a) O tema proposto pelo aluno. b) Partir sempre de uma situao real. c) Ter como objetivo resolver problemas/explorar uma questo concreta ou confeccionar algo material. Mtodo de problemas: este mtodo aplica-se, sobretudo s disciplinas que pressupem compreenso de idias e julgamentos de valores o que demanda certo grau de maturidade por parte do aluno. O principal objetivo do mtodo desenvolver o pensamento reflexivo, que se resume em fazer o aluno analisar o problema e as hipteses explicativas, alm de aquisio de contedo.

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GeografiaO mtodo de problemas apresenta um conjunto de fases que so: 1. Definio e delimitao do problema. 2. Formulao de hipteses. 3. Seleo de hiptese(s). 4. Coleta, classificao e crtica dos dados. 5. Verificao da(s) hiptese(s). O mtodo comporta a verificao de vrias hipteses, e na fase final, pode-se retornar fase anterior e selecionar outra hiptese. Note que as fases do mtodo tambm representam itens de um projeto de pesquisa cientfica. Centro de interesse: tcnica que, por sua simplicidade em relao s outras, faz parte do mtodo globalizado, possibilitando mobilizar toda a escola em torno de um tema central. Possibilita, tambm, abordar um assunto/tema simultaneamente sob o ngulo de vrias disciplinas, levando a um enfoque multidisciplinar (temas transversais) por meio do qual deve ocorrer a contextualizao dos contedos de cada disciplina. O tema escolhido dever ser transversal, sendo trabalhado por toda a escola. Pode ser escolhido por votao e o planejamento deve ser montado por uma equipe, de acordo com o tema selecionado, estabelecendo objetivos, calendrios, atividades comuns a toda escola e os recursos necessrios para subsidiar o trabalho do professor em sala de aula. Para que o trabalho seja divulgado para toda a escola podero ser organizados em forma de murais, exposio de livros artesanais, painis temticos e ilustraes. A avaliao tambm estar a cargo dessa equipe. Atravs do desenvolvimento das atividades, por meio do contedo da disciplina, do tema em destaque, possvel aplicar, interpretar, medir, resolver, elucidar e levantar novas hipteses. Como em outros projetos, no se trata da avaliao formal, mas da que se refere eficincia e eficcia do trabalho realizado e a participao do aluno. O professor deve aplicar algumas questes em forma de questionrio para reflexo e auto-avaliao. Pesquisa de tema ou assunto: trata-se de um tema ou assunto que se quer investigar, tendo como objetivo motivar o aluno a sistematizar um conhecimento j produzido e habitu-lo a fazer pesquisa. Pode, num nico tema, ocorrer a abordagem por diferentes campos de conhecimento. Alm da sistematizao da pesquisa, esse trabalho proporciona que o aluno se posicione criticamente diante de um determina