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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial DISSERTAÇÃO apresentada ao CEFET-PR para obtenção do título de MESTRE EM CIÊNCIAS por LUIS FELIPE FERREIRA ROSINHA PROPOSTA DE UMA ARQUITETURA DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA E DE MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS Banca Examinadora: Presidente e Orientador: Prof. Dr. Luis Allan Künzle CEFET-PR Examinadores Prof. Dr. Paulo Eigi Miyagi USP-SP Prof. Dr. Paulo Cézar Stadzisz CEFET-PR Prof. Dr. Flávio Neves Júnior CEFET-PR

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial

DISSERTAÇÃO apresentada ao CEFET-PR para obtenção do título de

MESTRE EM CIÊNCIAS

por

LUIS FELIPE FERREIRA ROSINHA

PROPOSTA DE UMA ARQUITETURA DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA E

DE MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS

Banca Examinadora:

Presidente e Orientador: Prof. Dr. Luis Allan Künzle CEFET-PR

Examinadores

Prof. Dr. Paulo Eigi Miyagi USP-SP

Prof. Dr. Paulo Cézar Stadzisz CEFET-PR

Prof. Dr. Flávio Neves Júnior CEFET-PR

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Curitiba, 28 de março de 2000

originais fornecidos pelo autor

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PALAVRAS-CHAVE

Sistemas Flexíveis de Manufatura, Simulação, Modelagem de Equipamentos Industriais

ÁREA/SUB-ÁREA DE CONHECIMENTO

Ciência da Computação / Sistemas de Computação

RESUMO:

Este trabalho descreve o projeto de uma arquitetura de simulação para

sistemas flexíveis de manufatura (FMS) e propõe um modelo para os equipamentos

industriais que constituirão suas primitivas de modelagem. A arquitetura de

simulação é um dos componentes do ambiente computacional para auxílio do projeto

e análise de FMS em desenvolvimento no LSIP/CPGEI.

Descreve-se as principais características da arquitetura e o funcionamento da

simulação, além dos elementos que compõem a interface entre o controle de FMS e

o ambiente de manufatura simulado. Apresenta-se as estruturas de dados, modelo

comportamental e interpretador de comandos que constituem a base do modelo de

equipamento. Por fim, mostra-se o resultado da implementação do software editor,

para definição do modelo comportamental dos equipamentos, e a operação do

software simulador.

2000

No:

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial

DISSERTAÇÃO

apresentada ao CEFET-PR para obtenção do título de

MESTRE EM CIÊNCIAS

por

LUIS FELIPE FERREIRA ROSINHA

PROPOSTA DE UMA ARQUITETURA DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA E

DE MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS

Banca Examinadora : Presidente e Orientador :

Prof. Dr. Luis Allan Künzle CEFET-PR

Examinadores :

Prof. Dr. Paulo Eigi Miyagi USP-SP

Prof. Dr. Paulo Cézar Stadzisz CEFET-PR

Prof. Dr. Flávio Neves Júnior CEFET-PR

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Curitiba, 28 de março de 2000.

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LUIS FELIPE FERREIRA ROSINHA

PROPOSTA DE UMA ARQUITETURA DE SIMULAÇÃO PARA SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA E

DE MODELAGEM DE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de "Mestre em Ciências" - Área de Concentração : Informática Industrial.

Orientador : Prof. Dr. Luis Allan Künzle

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Curitiba 2000

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AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela graça concedida.

Ao orientador deste trabalho Prof. Dr. Luis Allan Künzle pela atenção, pelas críticas e pelo

esforço dedicados durante a realização deste trabalho.

Ao colega André Koscianski pelo auxílio, companheirismo e críticas durante o decorrer

deste trabalho.

Aos colegas de laboratório Antônio da Fonseca Lira, Alexandre Manoel dos Santos, Paulo

Roberto e Jean Marcelo Simão que tornaram as horas de trabalho mais descontraídas.

Ao pessoal do Helllabs pela capacidade de extrapolação do raciocínio lógico. We know who

you are!

A todos os demais colegas e aos meus familiares.

Ao Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (CEFET - PR) pela acolhida

oferecida durante este curso de mestrado.

Aos funcionários do CPGEI, pelos serviços prestados durante este curso.

À CAPES pelo apoio financeiro através da concessão de uma bolsa de estudos.

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3DStudio é marca registrada da Autodesk, Inc. 3D Studio Max é marca registrada da Autodesk, Inc. Arena é marca registrada da Systems Modeling Corporation KUKA é marca registrada da KUKA Schweissanlagen + Roboter GmbH Microsoft é marca registrada da Microsoft Corporation MODSIM e MODSIM III são marcas registradas da CACI Products Company OpenGL é marca registrada da Silicon Graphics, Inc. ProModel é marca registrada da Production Modeling Corporation SIMAN é marca registrada da Systems Modeling Corp. Simul8 é marca comercial da Visual Thinking International Inc Slam System e Slam II são marcas registradas da Pritsker Corporation Taylor II é marca comercial da F&H Simulations Inc. UNIX é marca registrada da UNIX System Laboratories, Inc. Windows é marca registrada da Microsoft Corporation Witness é marca registrada da AT&T Istel Limited

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................... ................................................... ix

LISTA DE TABELAS................................... ................................................... xi

LISTA DE SIGLAS.................................... ..................................................... xii

RESUMO ....................................................................................................... xiii

ABSTRACT........................................... ......................................................... xiv

Capítulo 1 – Introdução............................ ......................................................................... 1

Capítulo 2 – Sistemas Flexíveis de Manufatura...... ......................................................... 5

2.1. Introdução ............................................................................................ 5

2.2. Manufatura........................................................................................... 5

2.3. Automação........................................................................................... 6

2.4. Classificação dos sistemas de manufatura .......................................... 6

2.5. Sistemas flexíveis de manufatura ........................................................ 9

2.5.1. Definição........................................................................................ 9

2.5.2. Decomposição funcional................................................................ 11

2.5.2.1. Subsistema de manufatura ......................................................................... 11

2.5.2.2. Subsistema de manuseio de materiais.................................... 12

2.5.2.3. Subsistema de controle ........................................................... 14

2.5.3. Ciclo de vida...................................................................................................... 16

2.5.3.1. Visão geral do ciclo de vida para um FMS .................................................. 16

2.5.3.2. Projeto de FMS........................................................................................... 17

2.5.3.3. Desenvolvimento das soluções................................................................... 18

2.5.3.4. Projeto das estações de trabalho, células de manufatura e planta .................. 20

2.5.4. Análise........................................................................................... 21

2.6. Conclusão ............................................................................................ 23

Capítulo 3 – Simulação ............................. ........................................................................ 25

3.1. Introdução ............................................................................................ 25

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3.2. Simulação por computador..................... .......................................... 25

3.2.1 Classificação da simulação ................. ........................................ 27

3.2.1.1 Simulação Monte Carlo................................................................................ 27

3.2.1.2 Simulação contínua.................................................................. 28

3.2.1.3 Simulação a eventos discretos .................................................................... 28

3.3. Componentes de um simulador a eventos discretos............................ 31

3.4. Simulação aplicada a sistemas de manufatura .................................... 32

3.4.1. Objetivos ........................................................................................................... 32

3.4.2. Características desejáveis para um simulador de sistemas de manufatura ........ 32

3.4.3. Análise de ferramentas para simulação de sistemas de manufatura 34

3.4.3.1. Arena....................................................................................... 34

3.4.3.2 Simul8 ...................................................................................... 36

3.4.3.3. Taylor II ................................................................................... 38

3.4.3.4. ANALYTICE ............................................................................ 40 3.5. Conclusão ............................................................................................................................................................43

Capítulo 4 – Projeto do Simulador.................. .............................................................................................................45

4.1. Introdução................................................................................................................ 45

4.2. Características de FMS e suas implicações no projeto do simulador .. 45 4.3. Características do simulador...............................................................................................................................47

4.4. Arquitetura de simulação ..................................................................... 50

4.4.1. Primitivas de modelagem................................................................................... 51

4.4.2. Controle do FMS..........................................................................................................................................53

4.4.3. Monitoração ................................................................................... 54

4.4.4. Ambiente físico e animador gráfico................................................ 55 4.4.5. Simulação do FMS ......................................................................................................................................57

4.4.6. Avanço do tempo simulado e animação gráfica ................................................. 57

4.4.7. Comunicação assíncrona com o kernel de simulação ........................................ 59

4.4.8. Funcionamento.................................................................................................. 60

4.5. Conclusão ............................................................................................................................................................61

Capítulo 5 – Modelagem de Equipamentos de Manufatur a .....................................................................................63

5.1. Introdução................................................................................................................ 63

5.2. Definição de modelos para os equipamentos de manufatura............... 63

5.3. Modelo de equipamento....................................................................... 64

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5.3.1. Interface de acesso........................................................................ 65

5.3.1.1. Sinais de comando.................................................................. 66

5.3.1.2. Sinais de resposta................................................................... 66

5.3.1.3. Sinais de interação física......................................................... 67

5.3.1.4. Pontos de interação física ....................................................... 68

5.3.2. Interface de simulação................................................................... 68

5.3.3. Procedimentos de simulação......................................................... 68

5.3.3.1. Variáveis de estado e geométricas e parâmetros operacionais 69

5.3.3.2. Processos................................................................................ 70

5.3.4. Interpretador .................................................................................. 70

5.3.5. Modelo geométrico e cinemático ................................................... 71

5.3.5.1. Geometria................................................................................ 71

5.3.5.2. Árvore cinemática.................................................................... 72

5.4. Projeto do interpretador de comandos ................................................. 74

5.4.1. Definição informal da linguagem.................................................... 74

5.4.2. Especificação sintática .................................................................. 75

5.4.2.1. Palavras reservadas................................................................ 75

5.4.2.2. Regras de produção ................................................................ 75

5.4.2.3. Programa de exemplo ............................................................. 77

5.4.3. Seqüência e paralelismo................................................................ 78

5.4.4. Características da máquina virtual do interpretador....................... 78

5.4.4.1. Avaliação de expressões......................................................... 79

5.4.4.2. Processo de tradução e carga dos programas ........................ 80

5.4.4.3. Funcionamento da máquina virtual.......................................... 82

5.4.5. Resultados..................................................................................... 83

5.5. Modelo comportamental....................................................................... 83

5.5.1. Atualização geométrica.................................................................. 85

5.5.2. Interação física de troca de materiais ............................................ 85

5.5.3. Interface de apresentação do modelo comportamental ................. 87

5.6. Equipamentos de manuseio de materiais ............................................ 87

5.6.1. Malha de transporte ....................................................................... 87

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5.6.2. Esteiras............................................................................................................. 89

5.7. Conclusão................................................................................................................ 89

Capítulo 6 – Editor do Modelo Comportamental e Simu lador......................................... 91

6.1. Introdução ............................................................................................ 91

6.2. Editor do modelo comportamental ....................................................... 91

6.2.1. Assistente de definição do modelo comportamental...................... 92

6.2.2.1. Identificação do equipamento.................................................. 92

6.2.2.2. Definição dos sinais de comando............................................ 93

6.2.2.3. Definição dos sinais de resposta............................................. 94

6.2.2.4. Definição dos processos ......................................................... 94

6.2.2.5. Definição dos pontos de interação física ................................. 95

6.2.2.6. Definição dos parâmetros operacionais, variáveis geométricas e de

estado 95

6.3. Edição do modelo comportamental........................................................................... 96

6.4. Simulador............................................................................................. 97

6.4.1. Diálogo de leitura dos equipamentos............................................. 98

6.4.2. Janela de animação....................................................................... 98

6.4.3. Monitoração do modelo comportamental ........................................................... 100

6.4.4. Apresentação do funcionamento do interpretador ......................... 102

6.5. Conclusão................................................................................................................ 102

Capítulo 7 – Conclusão Geral....................... .................................................................... 105

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Anexo A : Malha de Transporte ...................... .................................................................. 109

Anexo B : Exemplo de Modelagem..................... .............................................................. 117

Referências Bibliográficas ......................... ...................................................................... 135

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ACORDO COM O

VOLUME DE PRODUÇÃO E A VARIEDADE DE PEÇAS ............................. 7

FIGURA 2.2 – SISTEMA FLEXÍVEL DE MANUFATURA............................................... 10

FIGURA 2.3 – DECOMPOSIÇÃO FUNCIONAL DE UM FMS ....................................... 11

FIGURA 2.4 – MODELO DE ATIVIDADE ................................................................. 16

FIGURA 2.5 – CICLO DE VIDA DE UM FMS........................................................... 17

FIGURA 2.6 – PROJETO DE FMS ....................................................................... 17

FIGURA 2.7 – DECOMPOSIÇÃO HIERÁRQUICA DO CONTROLE DE UM FMS .............. 19

FIGURA 2.8 – DESENVOLVIMENTO DE SOLUÇÕES ................................................ 20

FIGURA 2.9 – PROJETO DE ESTAÇÕES DE TRABALHO, CÉLULAS DE MANUFATURA

E PLANTA....................................................................................... 21

FIGURA 3.1 – EVOLUÇÃO CONTÍNUA DO ESTADO DO SISTEMA ............................... 28

FIGURA 3.2 – EVOLUÇÃO DISCRETA DO ESTADO DE UM SISTEMA........................... 29

FIGURA 3.3 – MECANISMO DE AVANÇO DE TEMPO ATRAVÉS DE TIME-SLICING ......... 29

FIGURA 3.4 – MECANISMO DE AVANÇO AO TEMPO DO PRÓXIMO EVENTO................ 29

FIGURA 3.5 – DIFERENTES FORMAS PARA DESCREVER A LÓGICA DE UM MODELO ... 30

FIGURA 3.6 – ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO ................................... 31

FIGURA 3.7 – A NÁLISE DO TEMPO MÉDIO DE UMA PEÇA MOVENDO ATRAVÉS DE

UM SISTEMA DE MANUFATURA.......................................................... 34

FIGURA 3.8 – MODELO DE UM SISTEMA DE MANUFATURA EM SIMUL8..................... 37

FIGURA 3.9 – SIMULAÇÃO DE SISTEMAS DE MANUFATURA EM TAYLOR II ................ 39

FIGURA 4.1 – IMPLEMENTAÇÃO DA SEQÜÊNCIA DE PROJETO................................. 46

FIGURA 4.2 – DIAGRAMA DE CLASSES DA ARQUITETURA DE SIMULAÇÃO ................ 50

FIGURA 4.3 – MODELO GEOMÉTRICO DE EQUIPAMENTO DE MANUFATURA .............. 53

FIGURA 4.4 – DIAGRAMA DE CLASSES DO MÓDULO DE AMBIENTE FÍSICO E

ANIMADOR GRÁFICO ....................................................................... 55

FIGURA 4.5 – IMPLEMENTAÇÃO DE DIFERENTES NÍVEIS HIERÁRQUICOS DE UM

FMS NO SIMULADOR...................................................................... 57

FIGURA 4.6 – ANIMAÇÃO DO MOVIMENTO DE UM PÊNDULO COM E SEM O USO DE EVENTOS TIME-SLICE ...................................................................... 58

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FIGURA 4.7 – (A) SIMULAÇÃO EM MODO ACELERADO; (B) SIMULAÇÃO EM MODO

DE CÂMERA LENTA E (C) SIMULAÇÃO EM MODO DE TEMPO REAL .......... 59

FIGURA 4.8 – MODELO EM RDP PREDICADO/TRANSIÇÃO DA ARQUITETURA DO

SIMULADOR ................................................................................... 60

FIGURA 5.1 – HIERARQUIA DE COMPOSIÇÃO DE EQUIPAMENTOS ........................... 64

FIGURA 5.2 – MODELO DOS EQUIPAMENTOS DE MANUFATURA .............................. 63

FIGURA 5.3 – ESTRUTURA DA INTERFACE DE ACESSO .......................................... 65

FIGURA 5.4 – ESTRUTURA DOS SINAIS DE COMANDO DO EQUIPAMENTO................. 66

FIGURA 5.5 – ESTRUTURA DOS SINAIS DE RESPOSTA........................................... 66

FIGURA 5.6 – ESTRUTURA DE UM SINAL DE INTERAÇÃO FÍSICA.............................. 67

FIGURA 5.7 – ESTRUTURA DOS PONTOS DE INTERAÇÃO FÍSICA ............................. 68

FIGURA 5.8 – ESTRUTURA DOS PROCEDIMENTOS DE SIMULAÇÃO.......................... 69

FIGURA 5.9 – ESTRUTURA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS, VARIÁVEIS DE

ESTADO E VARIÁVEIS GEOMÉTRICAS................................................. 69

FIGURA 5.10 – ESTRUTURA DOS PROCESSOS ..................................................... 70

FIGURA 5.11 – ESTRUTURA DO MODELO GEOMÉTRICO ........................................ 71

FIGURA 5.12 – ESTRUTURA DA ÁRVORE CINEMÁTICA ........................................... 73

FIGURA 5.13 – (A) MODELO GEOMÉTRICO E (B) MODELO CINEMÁTICO DE UM

ROBÔ KUKA KR 6/2. .................................................................... 73

FIGURA 5.14 – EXEMPLO DE PROGRAMA DE EQUIPAMENTO .................................. 77

FIGURA 5.15 – EXEMPLO DE PARALELISMO POSSÍVEL DE SER REPRESENTADO ....... 78

FIGURA 5.16 – EXEMPLO DE PARALELISMO IMPOSSÍVEL DE SER REPRESENTADOQ.. 78

FIGURA 5.17 – CONFIGURAÇÃO DA PILHA DE DADOS DURANTE A EXECUÇÃO DE

UMA ADIÇÃO .................................................................................. 79

FIGURA 5.18 – PROCESSO DE TRADUÇÃO E CARGA DOS PROGRAMAS NA

MEMÓRIA DA MÁQUINA VIRTUAL ....................................................... 81

FIGURA 5.19 – DIAGRAMA DE EXECUÇÃO DA MÁQUINA VIRTUAL ............................ 82

FIGURA 5.20 – SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES DE UMA INTERAÇÃO FÍSICA .................. 86

FIGURA 5.21 – INTERFACE DE COMUNICAÇÃO ..................................................... 87

FIGURA 6.1 – ETAPAS DA MODELAGEM DE UM EQUIPAMENTO................................ 91

FIGURA 6.2. – TELA DE IDENTIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO .................................... 93

FIGURA 6.3 – TELA DE IDENTIFICAÇÃO DOS SINAIS DE COMANDO .......................... 93

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FIGURA 6.4 – DIÁLOGOS DE DEFINIÇÃO DOS SINAIS DE COMANDO E DOS

PARÂMETROS................................................................................. 94

FIGURA 6.5 – DIÁLOGO DE DEFINIÇÃO DOS PROCESSOS ...................................... 94

FIGURA 6.6 – DIÁLOGO DE DEFINIÇÃO DOS PONTOS DE INTERAÇÃO FÍSICA ............ 95

FIGURA 6.7 – TELA DE DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS................................................ 95

FIGURA 6.8. – TELA DE EDIÇÃO DE MODELO COMPORTAMENTAL ........................... 96

FIGURA 6.9 – BARRA DE FERRAMENTAS DO EDITOR............................................. 97

FIGURA 6.10 – TELA INICIAL DO SIMULADOR........................................................ 98

FIGURA 6.11 – DIÁLOGOS DE DEFINIÇÃO DA POSIÇÃO INICIAL DOS EQUIPAMENTOS

DE MANUFATURA ............................................................................ 99

FIGURA 6.12 – TELA DA JANELA DE ANIMAÇÃO .................................................... 100

FIGURA 6.13 – JANELA DE CONFIGURAÇÃO DA MONITORAÇÃO.............................. 101

FIGURA 6.14 – GRÁFICOS DE MONITORAÇÃO ...................................................... 101

FIGURA 6.15 – DEPURAÇÃO DE UM PROGRAMA DO INTERPRETADOR..................... 102

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LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 – ATIVIDADES DIRETAS E INDIRETAS DE MANUFATURA......................... 5

TABELA 2.2 – BENEFÍCIOS DE DESEMPENHO APÓS A IMPLANTAÇÃO DE UM FMS EM UMA INSTALAÇÃO QUE USAVA UM SISTEMA DE MANUFATURA

TRADICIONAL ................................................................................. 10

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LISTA DE SIGLAS

AGV Auto-Guided Vehicle (Veículo auto-guiado)

API Application Programmer Interface (Interface para o programador de aplicações)

AS/RS Automated Storage / Retrieval System (Sistema Automático de Armazenamento / Recuperação)

CAD Computer Aided Design (Projeto Auxiliado por Computador)

CAM Computer Aided Manufacturing (Manufatura Auxiliada por Computador)

CAPP Computer Aided Process Planing (Plano de Processos Auxiliado por Computador)

CIM Computer Integrated Manufacturing (Manufatura Integrada por computador)

CLP Controlador Lógico Programável

CMM Coordinate Measuring Machines (Máquinas de Medição de Coordenadas)

CNC Computadorized Numeric Control (Controle Numérico Computadorizado)

DNC Direct Numeric Control (Controle Numérico Direto)

FIFO First In / First Out (Primeiro a Entrar / Primeiro a Sair)

FMS Flexible Manufacturing System (Sistema Flexível de Manufatura)

I/O Input / Output (Entrada / Saída)

LIFO Last In / First Out (Último a Entrar / Primeiro a Sair)

MCU Machine Control Unit (Unidade de Controle da Máquina)

MTBF Mean Time Between Failures (Tempo Médio Entre Falhas)

MTTR Mean Time To Recovery (Tempo Médio de Reparo)

NC Numeric Control (Controle Numérico)

PIP Physical Interaction Point (Ponto de Interação Física)

RdP Rede de Petri

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TLI Taylor Language Interface (Linguagem de Programação Taylor)

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RESUMO

Este trabalho descreve o projeto de uma arquitetura de simulação para

sistemas flexíveis de manufatura (FMS) e propõe um modelo para os

equipamentos industriais que constituirão suas primitivas de modelagem. A

arquitetura de simulação é um dos componentes do ambiente computacional para

auxílio do projeto e análise de FMS em desenvolvimento no LSIP/CPGEI.

Descreve-se as principais características da arquitetura e o funcionamento

da simulação, além dos elementos que compõem a interface entre o controle de

FMS e o ambiente de manufatura simulado. Apresenta-se as estruturas de dados,

modelo comportamental e interpretador de comandos que constituem a base do

modelo de equipamento. Por fim, mostra-se o resultado da implementação do

software editor, para definição do modelo comportamental dos equipamentos, e a

operação do software simulador.

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ABSTRACT

This work describes the project of a simulation architecture for flexible

manufacturing systems (FMS) and introduces a model for industrial equipment that

will constitute its modeling primitives. The simulation architecture is one of the

components of a FMS analysis and design tool in development at LSIP/CPGEI.

The main features of this architecture and its operation are described,

together with the elements that compose the interface between FMS control and

the simulated manufacturing environment. The data structures, behavioral model

and command interpreter that constitutes the basis of the equipament model are

also presented. Concluding this work are presented the editor software, used for

definition of the behavioral model of an industrial equipment, and the operation of

the simulator software.

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Capítulo 1 – Introdução

A indústria de manufatura se encontra atualmente diante de um grande

desafio. Ela deve responder a exigências cada vez mais restritivas dos mercados

consumidores, oferecendo diversas variantes do mesmo produto e, até mesmo,

produtos personalizados. Do ponto de vista do processo industrial, o problema se

traduz na necessidade de aumentar a capacidade de lidar com produtos

diferenciados e com menor ciclo de vida. Além destas exigências, o aumento da

concorrência impõe produzir melhor, em menos tempo e com menor custo.

A automação, por sua vez, habilita o trabalho autônomo dos equipamentos

no chão-de-fábrica, implicando também em redução de custos, melhor

aproveitamento de matéria-prima, redução do tempo de manufatura e aumento de

precisão nas operações realizadas. Estes benefícios condizem com aqueles

procurados pela indústria de manufatura. A automação, entretanto, só produzirá

os resultados desejados se corretamente aplicada.

Os sistemas flexíveis de manufatura surgiram visando atender esse novo

contexto de produção e para isso empregam a tecnologia de automação,

juntamente com sistemas computadorizados, para executar e controlar a

transformação de matéria prima em produtos acabados. Sistemas flexíveis de

manufatura devem, portanto, apresentar os requisitos de qualidade, flexibilidade e

produtividade que são necessários para ser competitivo no panorama atual da

indústria de manufatura.

A complexidade inerente a um sistema flexível de manufatura, aliada aos

altos custos de sua implementação, tornam necessário o desenvolvimento de

metodologias que garantam que o sistema irá operar de acordo com sua

especificação. Para tanto devem ser empregadas técnicas de análise que

permitam determinar a viabilidade da implantação e os parâmetros de

desempenho de um determinado projeto.

Entre os métodos que podem ser aplicados à análise do projeto de

sistemas flexíveis de manufatura certamente o de maior destaque é a simulação

por computador. A simulação é considerada, por muitos, como a arte e ciência de

experimentar com modelos. Um estudo por simulação utiliza um modelo que

representa o sistema de manufatura e determina o seu comportamento através de

experimentos controlados.

Um estudo por simulação pode ser utilizado para verificar e otimizar um

projeto antes da sua implantação, ajudando a eliminar erros que porventura

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existam. A simulação pode também ser utilizada para avaliação de desempenho,

treinamento de operários, apoio à tomada de decisões, etc.

O grupo de pesquisa em sistemas flexíveis de manufatura do Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Elétrica e Informática Industrial (CPGEI) do CEFET-PR desenvolveu um ambiente

computacional para o auxílio ao projeto e análise destes sistemas: ANALYTICE. Este projeto

permitiu verificar a viabilidade do desenvolvimento de uma ferramenta de análise baseada na

simulação computacional. Para sua implementação foram usadas como plataforma estações HP

com o sistema operacional UNIX.

A obsolescência da plataforma na qual ANALYTICE estava baseada torna necessário

“migrar” o sistema para outras plataformas, com por exemplo, microcomputadores PC. Além deste,

outros problemas relacionados com o projeto e a implementação de ANALYTICE foram

detectados:

• a flexibilidade do modelo comportamental levava a situações em que todo o sistema de

manufatura podia ser representado na forma de um único

equipamento;

• a desestruturação do software, aliada a inobservância das técnicas de engenharia de

software, resultou em uma implementação integrada somente até o projeto e

simulação do nível equipamento;

• diversos módulos foram desenvolvidos (ex.: controle de qualidade [37] e ambiente de

definição de arranjo físico [39]) mas não foram integrados ao ambiente principal do

simulador, devido em parte aos motivos descritos no item anterior.

Em função dos problemas descritos acima, e apoiado na experiência obtida em

ANALYTICE, foi iniciado o desenvolvimento de uma nova ferramenta para análise de sistemas de

manufatura no Laboratório de Sistemas Inteligentes do Produção do CPGEI. Esta ferramenta tem

como base a simulação a eventos discretos, usada para a obtenção de parâmetros que permitam

avaliar o comportamento do sistema de manufatura, tais como: taxas de produção por tipo de

peça, taxa de utilização das estações de trabalho e dos meios de transporte e armazenamento,

número médio de paletes em armazéns, entre outros.

Dentro deste contexto, os objetivos deste trabalho são:

• Especificar a arquitetura de simulação sobre a qual será construído o

simulador de sistemas de manufatura;

• Desenvolver um modelo para a descrição do comportamento e para a

simulação de equipamentos de manufatura, que se constituirão em

primitivas para a composição de estações de trabalho, células de

manufatura e planta do sistema;

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• Implementar um ambiente computacional para a modelagem de

equipamentos de manufatura, de acordo com o modelo desenvolvido;

• Implementar um ambiente computacional para simulação de sistemas

flexíveis de manufatura, que permitira a depuração dos modelos

desenvolvidos.

Estrutura da dissertação

Esta dissertação é composta de cinco capítulos, além desta introdução e da

conclusão, e de dois anexos. No capítulo 2 são apresentadas as tecnologias que

possibilitaram o surgimento de sistemas flexíveis de manufatura. Além disto é

apresentada uma visão geral desses sistemas, sua decomposição funcional e o

seu ciclo de vida.

No capítulo 3 são discutidas as características da simulação por

computador. São expostas as variantes da simulação com relação a

representação do tempo, os componentes de um simulador e sua forma de

aplicação em sistemas de manufatura. Ao final deste capítulo são analisadas

ferramentas comerciais e acadêmicas usadas para a simulação de sistemas

flexíveis de manufatura.

No capítulo 4 são detalhadas as características gerais do simulador. É

descrita a arquitetura de simulação proposta, os componentes do kernel e seu

funcionamento. Neste capítulo também são apresentadas as primitivas de

modelagem adotadas.

O capítulo 5 descreve o modelo proposto para equipamentos de manufatura

e apresenta as estruturas de dados que definem suas características estáticas e o

modelo comportamental que implementa suas características dinâmicas. Ao final

do capítulo são discutidos tópicos referentes a simulação de equipamentos de

manuseio de materiais.

O capítulo 6 apresenta os ambientes computacionais implementados,

usando como exemplo um robô industrial KUKA KR 6/2.

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Capítulo 2 – Sistemas Flexíveis de Manufatura

2.1. Introdução

A demanda dos consumidores por produtos personalizados fabricados de acordo com suas

necessidades e o aumento da competitividade, resultante da globalização da economia, requerem

da indústria de manufatura flexibilidade, para que possam se adaptar a mudanças inesperadas do

mercado, e também elevados níveis de produtividade e qualidade para aumentar sua capacidade

competitiva.

Para se adaptar a estes requisitos a indústria de manufatura necessita

conciliar as vantagens das linhas de produção automatizadas com a flexibilidade

existente nos job shops. Neste contexto surgem os sistemas flexíveis de

manufatura, que constituem uma solução desenvolvida para automação da

manufatura com o compromisso de conciliar flexibilidade e produtividade. Entre

benefícios diretos da utilização de sistemas flexíveis de manufatura estão o

aumento na qualidade dos produtos e a redução de custos.

Este capítulo visa identificar os conceitos e tecnologias relacionados a sistemas flexíveis de manufatura. Uma

atenção especial será dada ao ciclo de vida destes sistemas uma vez que a simulação computacional será apresentada

neste contexto.

2.2. Manufatura

Manufatura pode ser definida como uma série de atividades e operações

inter-relacionadas que têm como objetivo a produção de bens de consumo

discretos. As atividades do processo de manufatura variam conforme sua natureza

e envolvem seleção de materiais, operações de transformação da matéria-prima

em produtos acabados, planejamento e gerência da produção e também a venda

dos bens de consumo produzidos.

De acordo com [23] as atividades do processo de manufatura podem ser classificadas em atividades diretas de

produção, cuja execução implica na adição de valor ao bem fabricado, e em atividades indiretas, que têm como meta

suportar as atividades diretas de produção. A tabela 2.1 apresenta exemplos de atividades diretas e indiretas de produção.

Para a correta execução de suas funções cada atividade necessita receber como dados de entrada informações

provenientes de outras atividades, implicando que a eficiência do sistema de manufatura é dependente da integração que

existe entre as unidades responsáveis pela execução de cada atividade.

Tabela 2.1 – Atividades diretas e indiretas de manufatura

Atividades diretas Atividades indiretas

Fresamento Planejamento

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Torneamento Projeto

Furação Controle de produção

Pintura Controle de qualidade

Vendas

2.3. Automação

O termo automação surgiu na indústria automobilística para descrever o uso de equipamentos e controles

automáticos nas suas linhas de produção [48]. Nos seus primórdios este termo era aplicado a técnicas e métodos capazes

de tornar um processo ou sistema automático.

Uma definição para o termo automação corresponde “ao conjunto de soluções tecnológicas relacionada à

aplicação de sistemas mecânicos, eletrônicos e computadorizados para operar e controlar o processo de manufatura” [11].

Esta tecnologia inclui o uso de máquinas-ferramentas com comando numérico, robôs industriais, sistemas integrados para

transporte e manuseio de materiais, sistemas para inspeção e controle de qualidade, entre outros.

A automação da manufatura pode ser classificada como rígida ou flexível. A automação rígida compreende o uso

de equipamentos especializados capazes de realizar uma única operação com grande desempenho, enquanto que a

automação flexível compreende o uso de equipamentos programáveis e elementos de software aplicados para executar

uma variedade de operações distintas. A automação flexível possui um desempenho inferior quando comparada a

automação rígida.

Alguns dos benefícios que tornam a automação uma alternativa atraente com relação aos métodos manuais de

manufatura são [11]: aumento de produtividade, aumento de qualidade, redução no tempo de manufatura, redução de

custos com a mão-de-obra e com o estoque de peças em processo, aumento na rapidez de soluções e aumento da

qualidade. Entretanto a automação também apresenta desvantagens como [48]: alto investimento inicial, rápida

obsolescência tecnológica, deslocamento da mão-de-obra e nível de manutenção mais elevado.

A tecnologia de automação também pode ser utilizada com o propósito de aumentar a flexibilidade do sistema de

manufatura. A flexibilidade pode ser definida como “adaptabilidade do sistema para uma grande gama de ambientes que

possam vir a ser encontrados” [29] e se traduz na possibilidade de alterar o sistema de manufatura em resposta a

modificações que possam surgir no seu ambiente.

É possível enumerar os tipos de flexibilidade que podem ser alcançados

pelo uso de automação como [3, 29]: flexibilidade de máquina, de manuseio de

materiais, de operação, de processos, de produtos, de roteamento, de volume, de

expansão, de produção e de mercado.

2.4. Classificação dos sistemas de manufatura

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Uma classificação possível para sistemas de produção e amplamente utilizada na bibliografia especializada

classifica estes sistemas de acordo com seu volume de produção e a variedade de peças produzidas [10, 11] conforme

apresentado na figura 2.1. De acordo com esta classificação existe um compromisso entre a flexibilidade do sistema de

manufatura e sua produtividade. Segundo R. F. Masip [21], o aumento da flexibilidade em um sistema implica a perda de

produtividade e o aumento do custo unitário dos produtos. A seguir é realizada uma descrição de cada um destes sistemas

de produção.

Figura 2.1 – Classificação de sistemas de produção de acordo com o volume de produção e a variedade de peças

Linhas de transferência são indicadas quando for necessário obter um alto

volume de produção para um único tipo de peça. Para obter estas elevadas taxas

de produção, estes sistemas são compostos por máquinas especializadas

dispostas no chão-de-fábrica em um arranjo físico orientado aos produtos. Neste

arranjo físico as máquinas são distribuídas seqüencialmente de acordo com a

ordem das operações que realizam sobre as peças, resultando em sistemas de

produção dedicados [31].

Linhas de transferência ainda apresentam como características [1, 11, 17]:

• inexistência ou estoque pequeno de peças em processo;

• longos períodos de produção para um único tipo de peça;

• baixa especialização da mão-de-obra empregada, uma vez que esta

especialização foi transferida do operário para as máquinas;

• o tempo de setup para as linhas de transferência normalmente é grande,

porém como ocorre com pouca freqüência os custos associados são

amortizados sobre o volume de peças produzido;

Linhas de

transferênciaLinhas

Sistemas flexíveis

de manufatura Células

Máquinas isoladas (Job Shops)

Volume

Variedade de peças

Flexibilidade Produtividade

Sistemas

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• sistema simplificado para transporte e manuseio de materiais, já que as

peças normalmente são deslocadas entre equipamentos contíguos;

• sistemas de controle e escalonamento de pouca complexidade, devido a

seqüencialização existente.

Máquinas isoladas (também denominadas job-shops, devido a seu arranjo

físico) são indicadas para a produção de uma grande variedade de peças em

pequenas quantidades. Estes sistemas são compostos por máquinas de uso geral

dispostas no chão-de-fábrica em um arranjo físico orientado aos processos. Neste

arranjo, as máquinas são agrupadas de acordo com a similaridade das operações

que executam, formando ilhas de produção dentro do chão-de-fábrica [31]. Este

tipo de arranjo permite a existência de roteiros alternativos para fabricação de

cada peça.

Outras características dos Job-shops são [1, 17]:

• grande estoque de peças em processo;

• curtos períodos de produção para cada tipo de peça;

• alta especialização da mão-de-obra;

• tempo de setup variável de curto (quando o novo lote de peças a ser

produzido é semelhante ao anterior) a longo (quando não existe

similaridade entre o novo lote de peças e o anterior), devido a grande

variedade de peças produzidas;

• sistema de transporte e manuseio de materiais bastante versátil,

complexo e custoso devido a grande variedade de roteiros alternativos

para cada peça;

• sistemas para controle e escalonamento complexos devido a variedade

de roteiros para cada peça e a concorrência por recursos.

Sistemas flexíveis de manufatura são utilizados para a produção de um

volume pequeno ou médio de peças que apresentam uma similaridade estrutural

e/ou operacional entre si. Sistemas flexíveis de manufatura são compostos por

máquinas de uso geral dispostas em um arranjo celular. Para a definição deste

tipo de arranjo as peças são agrupadas em famílias através da utilização de

técnicas como tecnologia de grupo [13] e as máquinas são agrupadas em células

de acordo com os requisitos de manufatura para as família de peças definidas

[31].

Algumas das características desejáveis de sistemas flexíveis de manufatura

são [1, 10]:

• pequeno estoque de peças em processo;

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• tempos curtos para o setup das máquinas;

• capacidade para processar uma grande variedade de peças

simultaneamente no sistema;

• capacidade de operar sem intervenção humana por longos períodos de

tempo;

• cada célula de manufatura pode ter seu próprio sistema de transporte e

manuseio de materiais e, todas as células são interligadas por um único

sistema de transporte e manuseio de materiais;

• os sistemas de controle e escalonamento possuem complexidade

semelhante a encontrada em job-shops.

Os princípios sobre os quais um sistema flexível de manufatura se baseia,

como a organização dos equipamentos no chão-de-fábrica conforme um arranjo

celular ou a utilização de tecnologia de grupo para definição de famílias de peças,

podem ser aplicados com sucesso em outros sistemas de produção [10]. Quando

aplicados sobre as linhas de transferência cria-se um sistema de produção

denominado linhas flexíveis de transferência enquanto que quando aplicados em

job-shops surgem as células flexíveis de manufatura.

2.5. Sistemas flexíveis de manufatura

2.5.1. Definição

N. R. Greenwood [10] apresenta uma definição para sistemas flexíveis de manufatura que procura abranger todos

seus aspectos sem se limitar ao seu escopo de aplicação e evitando, ao mesmo tempo, ser subjetiva:

“A flexible manufacturing system (FMS), through the careful combination of

computer control, communications, manufacturing process and related equipment

enables a section of the production-oriented aspects of an organisation to respond

rapidly and economically, in an integrated manner, to significant changes in its

operating enviroment. Such systems typically comprise: work stations (for

example, machine-tools, robots, etc.), material handling equipment (for example,

robots, conveyors, automated guided vehicles, etc.), a communication system and

a sophisticated computer control system.”

Esta definição expõe uma das principais razões que motivam a instalação de um FMS: a manufatura econômica

de uma variedade de peças cujo mix e/ou volume de produção estão sujeitos a mudanças devido a influências

mercadológicas. Diversas situações podem afetar o ambiente de um sistema de produção como alterações nas ordens de

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serviço sendo processadas, inclusão de novas ordens de serviço, avanços nos processos de manufatura, mudanças nas

famílias de produtos, pressões causadas pelo aumento da concorrência, entre outras.

Esta definição contém ainda os três elementos principais que compõem um

FMS: estações de trabalho, onde estão incluídas máquinas-ferramentas com

comando numérico (NC, DNC ou CNC); sistema de manuseio de materiais para

mover peças ou ferramentas entre estações de trabalho; e um sistema de controle

que coordena o trabalho das estações de trabalho e do sistema de manuseio de

materiais. A figura 2.2. apresenta um FMS cujas estações de trabalho constituem-

se de centros de usinagem e tornos automatizados, o sistema de manuseio de

materiais é composto por veículos auto-guiados e robôs industriais e o sistema de

controle é implementado por uma unidade de controle central.

Um elemento adicional e que não deve ser negligenciado em um FMS é a mão-de-obra

humana [11]. Embora um FMS seja capaz de operar com menor necessidade de intervenção

humana por maiores períodos de tempo, operários são necessários para executar e gerenciar

algumas das operações realizadas dentro do FMS. Funções típicas realizadas pelos operários são

carga e descarga de matéria-prima e peças no sistema, troca e posicionamento de ferramentas,

reparo e manutenção dos equipamentos, programação do comando numérico dos equipamentos e

operação do sistema de controle. Portanto, na implementação destes sistemas é imprescindível

treinar os operários capacitando-os para a execução das tarefas citadas anteriormente.

Negligência no treinamento é uma das causas que contribuem para o fracasso de um projeto de

FMS.

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Figura 2.2 – Sistema flexível de manufatura

Diversos benefícios podem ser obtidos na implantação de um FMS com relação a sistemas convencionais de

manufatura [1, 10, 23]. Um sumário destes benefícios é apresentado na tabela 2.2 a seguir, que compila os resultados

obtidos após a implantação e uso de FMSs em diversas instalações industriais.

Tabela 2.2 – Benefícios de desempenho após a implantação de um FMS em uma instalação que usava um sistema de manufatura tradicional [33]

Benefícios Quantificados Porcentagem Redução do: Tempo para a manufatura de um lote

de peças 40

Tempo para a manufatura de uma única peça

53-75

Número de máquinas-ferramentas 53-81 Horas necessárias para manufatura 65 Espaço utilizado no chão-de-fábrica 42 Custos com ferramentas 30 Estoque de peças em processo 90 Número de operários 53-92 Custos totais anuais 24

Benefícios Não-Quantificados Melhorias na qualidade:

Aumento na precisão das medidas das peças Redução dos custos de retrabalho e aumento no aproveitamento de matéria prima

Melhores condições de trabalho: Diminuição do risco de acidentes Aumento de moral entre os empregados

Aumento de flexibilidade: Maior independência com relação ao tamanho dos lotes, tipos de peças e nas quantidades produzidas

Entretanto, para a implantação de um FMS existem problemas que devem serem tratados

como [10, 17]:

• mudança da abordagem tradicional de manufatura para a abordagem

flexível de manufatura;

• complexidade para o desenvolvimento do projeto, alto custo e longo

tempo para sua implantação;

• a mão-de-obra empregada necessita ser altamente especializada devido

a alta complexidade do sistema;

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• utilização de sistema de controle hierárquico complexo;

• elevado grau de integração entre os diversos subsistemas;

• necessidade de utilização de um sistema de transporte com capacidade

de atender um elevado número de caminhos distintos.

2.5.2. Decomposição funcional

A decomposição funcional consiste basicamente em generalizar a definição

de FMS apresentada no item anterior no que se refere aos elementos que o

compõem. Desta forma, um sistema flexível de manufatura pode ser decomposto

em três subsistemas [18]: subsistema de manufatura, subsistema de transporte e

manuseio de materiais e subsistema de controle. Cada um destes subsistemas

realiza funções específicas dentro do ambiente de manufatura e é pela sua

interação, física ou através de um sistema de comunicação, que os objetivos de

produção são alcançados. A figura 2.3 mostra o diagrama da decomposição

funcional de um FMS.

Figura 2.3 – Decomposição funcional de um FMS

2.5.2.1. Subsistema de manufatura

O subsistema de manufatura é composto pelos equipamentos do FMS que transformam a matéria prima em

produtos acabados através de operações que têm por objetivo modificar sua forma física e/ou medidas. É neste subsistema

que se encontram os elementos do FMS que incrementam o valor agregado do produto [17]. Os principais equipamentos

que compõem o subsistema de manufatura são [10, 11, 24]:

Máquinas-Ferramentas – corresponde ao conjunto de equipamentos

capazes de processar material. As operações que podem ser realizadas pelas

máquinas-ferramentas dependem do tipo de peças que se deseja fabricar no

sistema de manufatura e podem ser de fresamento, torneamento, furação,

Sistema flexível de

Subsistema de manufatura Subsistema de manuseio de

materiais

Subsistema de controle

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limagem, mandrilamento, etc. No contexto deste trabalho este termo será usado

como sinônimo para centros de usinagem (machining center).

Entre as características desejáveis que estes equipamentos devem

apresentar para seu uso em FMSs estão: comando numérico por computador,

troca automática de ferramentas, capacidade para operar sobre peças paletizadas

e funcionamento sem intervenção humana por longos períodos de tempo. Novos

avanços tecnológicos permitem que estes equipamentos estejam integrados a

elementos que realizam sua monitoração, detecção e correção de falhas,

aumentando sua autonomia.

Máquinas de limpeza – estes equipamentos removem de peças e paletes

os resíduos e farpas provenientes das operações de manufatura. Estes

equipamentos são normalmente instalados em sistemas que integram

equipamentos automatizados para inspeção, de forma que a leitura das

características geométricas das peças não seja afetada pela presença de corpos

estranhos.

Máquinas de inspeção – estes equipamentos determinam se o processo

de manufatura está sendo executado de forma correta através da inspeção das

medidas das peças. Estes equipamentos comparam os valores obtidos na leitura

com os armazenados em um banco de dados para determinar o estado da peça.

O método para inspeção mais utilizado corresponde ao uso de máquinas de

medição de coordenadas (CMM) que utilizam sensores de toque (contato físico)

[24], porém é crescente o uso de outras técnicas como visão por computador ou

ultra-som. Os dados obtidos pela inspeção são fundamentais ao controle de

qualidade.

Robôs industriais – correspondem ao elemento de maior flexibilidade

dentro do ambiente de manufatura. Normalmente no processo de manufatura

robôs estão associados às tarefas de manuseio de materiais, entretanto com o

aperfeiçoamento dos sensores e acionadores estes equipamentos estão sendo

usados em outras tarefas como solda, pintura, corte, lavagem de peças, etc.

2.5.2.2. Subsistema de manuseio de materiais

Os elementos deste subsistema lidam com o transporte e armazenamento

de peças e ferramentas durante o funcionamento do FMS. Entre as atribuições

deste subsistema podem ser citadas [11]:

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1. Movimento independente e aleatório de peças entre as máquinas-

ferramentas

O subsistema de manuseio de materiais deve ser capaz de movimentar

uma peça de uma máquina a outra qualquer do sistema. Esta configuração

permite a implementação de roteiros alternativos para a manufatura das peças

possibilitando a fabricação simultânea de lotes de peças distintos, melhor balanço

na carga das máquinas-ferramentas e aumento na capacidade de tolerância a

falhas do sistema.

2. Operar com uma variedade de tipos distintos de peças simultaneamente

O subsistema de manuseio de materiais deve ser capaz de movimentar

vários tipos de peças simultaneamente permitindo a manufatura de diversos lotes

de peças distintos ao mesmo tempo. Normalmente isto é realizado através do uso

de paletes e fixadores capazes de acomodar diferentes configurações de peças no

sistema.

3. Armazenamento temporário

Embora o estoque de peças em processo em um FMS seja pequeno, é

desejável a criação de filas de espera para cada máquina-ferramenta como forma

de evitar ociosidade.

4. Acesso conveniente para a carga e descarga de peças

O subsistema de manuseio de materiais deve alimentar o sistema de

manufatura com matéria-prima e retirar as peças acabadas. Normalmente

colocam-se estações para carga e descarga em locais estratégicos no chão-de-

fábrica com o objetivo de reduzir o movimento das peças dentro do sistema.

5. Compatibilidade com o sistema de controle

O subsistema de manuseio de materiais deve ser capaz de trocar

informações com o subsistema de controle para direcionar as peças entre as

diversas máquinas-ferramentas, estações de carga e descarga e outros.

Existem diversas alternativas para a automação do sistema de manuseio de

materiais. As vantagens e desvantagens de cada configuração dependem da

quantidade e do tipo de peças que serão transportadas, da localização das

máquinas-ferramentas, da existência ou não de roteiros alternativos para cada

família de peças, etc.

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Alguns exemplos de equipamentos de manuseio de materiais utilizados em

FMS são [10, 11, 24, 33]:

Esteiras – desenvolvidas para movimentar peças entre locais específicos

através de um caminho fixo no chão-de-fábrica. O movimento das peças é

realizado em um único sentido e pode ser contínuo ou discreto. Entre os tipos

existentes de esteiras que podem ser utilizadas encontram-se as com rolantes, de

correia, de correntes, suspensas, etc.

Carros sobre trilho – veículos que se deslocam sobre trilhos, utilizados

principalmente para transporte de materiais volumosos ou que apresentam forma

irregular. Carros sobre trilhos são especialmente apropriados para transportar

materiais em ambientes considerados hostis à saúde humana, como estações de

pintura.

Trocador – equipamentos que retêm as peças em plataformas que estão

conectadas a outros equipamentos. Um trocador possui a capacidade para

executar movimentos de rotação, alternando a posição de suas plataformas e

portanto das peças ali depositadas. Além disto, um trocador pode ter sobre suas

plataformas dispositivos adicionais para carga e descarga.

Robôs industriais – utilizados em um grupo de atividades denominadas

pick-and-place dentro do subsistema de manuseio de materiais. As principais

atividades de pick-and-place são a inserção e retirada de peças das máquinas-

ferramentas e a paletização e despaletização das peças.

Veículos auto-guiados (AGV – automated guided vehicles) – veículos

dotados de autopropulsão que se movimentam através de caminhos definidos

sobre o chão-de-fábrica. Estes caminhos normalmente são definidos pelo uso de

cabos enterrados ou fitas reflexivas. Para se movimentar no chão-de-fábrica os

veículos são equipados com sensores ou antenas capazes de detectar fitas

reflexivas ou cabos enterrados. Para determinar sua posição dentro do sistema

estes equipamentos são geralmente capazes de interagir com sensores instalados

em pontos específicos do caminho. Estes sensores podem ser magnetos para

veículos guiados por cabos ou sensores ópticos para códigos de barra para os

guiados por fitas reflexivas.

Os AGVs possuem grande flexibilidade com relação as rotas que podem

seguir e também aos materiais que podem transportar; porém sua implantação

normalmente requer um sistema de controle envolvendo além do seu próprio

equipamento, o controle de tráfego e gerenciamento do sistema.

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Compõem ainda o subsistema de manuseio de materiais os elementos

responsáveis pelo armazenamento e recuperação de materiais no chão-de-

fábrica. Normalmente utilizam-se armazéns automatizados para

armazenamento/recuperação de peças (AS/RS – Automated Storage and

Retrieval System) integrados ao subsistema de controle com o objetivo de

gerenciar e otimizar estas atividades. Os tipos de armazéns que podem estar

presentes no chão-de-fábrica de um FMS são [2]: armazéns de peças brutas,

armazéns intermediários, armazéns de produtos acabados e armazéns de

ferramentas.

Uma lista de vantagens que podem ser obtidas através da instalação de um

AS/RS em um FMS são [1]: aumento na segurança dos materiais armazenados,

controle de estoque em tempo real, redução das interrupções durante a produção

e maximização do espaço físico usado para armazenamento. Entretanto existem

desvantagens para instalação de um AS/RS, como por exemplo seu alto custo e a

dificuldade para sua expansão conjunta com o sistema de manufatura.

2.5.2.3. Subsistema de controle

O subsistema de controle é responsável pelas tarefas de automação,

planificação e coordenação da produção. Os elementos principais que compõem o

subsistema de controle são [10]: uma unidade de processamento central,

composta de um ou mais computadores, um sistema de comunicação interligando

a unidade de processamento central aos equipamentos e as unidades de controle

responsáveis por monitorar e comandar as atividades de cada equipamento, como

CLPs (controladores lógico programáveis) ou microprocessadores. As funções realizadas pelo controle do FMS podem ser agrupadas em seis categorias, conforme [7, 11]:

1. Escalonamento da produção

O controle deve efetuar o escalonamento de forma eficiente para garantir que todas as ordens de serviço sejam

atendidas antes de esgotar seu prazo de entrega. Para efetuar o escalonamento, o controle necessita de informações sobre

número, tipo e disponibilidade das máquinas-ferramentas, mix e volume de peças a ser fabricado, número de paletes em

operação no sistema e quantidade de matéria-prima disponível. Em geral, o subsistema de controle deve ser capaz de

realizar tanto o escalonamento em batch, quanto durante o funcionamento do sistema.

2. Controle das estações de trabalho

O controle deve ser capaz de comandar cada estação de trabalho para garantir que os processos especificados

no escalonamento sejam corretamente executados. O controle normalmente especifica os programas NC que serão

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executados por cada estação ao invés de enviar individualmente todos os comandos necessários para a execução de um

determinado processo.

3. Controle de roteamento

O controle deve decidir, com base no escalonamento da produção, qual a rota para cada peça e/ou palete dentro

do sistema e interagir com o subsistema de manuseio de materiais para garantir a execução destas rotas. O controle deve

acionar switches em ramificações ou pontos de encontro, parar as peças nos locais de carga e descarga das máquinas-

ferramentas e também movimentar as peças para os equipamentos de AS/RS. Caso a planta utilize AGVs deve se ter um

controle de tráfego para evitar colisões entre estes equipamentos durante sua operação.

4. Controle de ferramentas

O controle de ferramentas pode ser dividido em duas atividades: (i) rastrear a localização de cada ferramenta e (ii)

monitorar seu tempo de vida útil. A primeira atividade permite ao controle determinar se uma máquina-ferramenta será

capaz de efetuar uma determinada operação sobre uma peça, possibilitando a escolha de uma máquina alternativa caso a

operação não possa ser realizada. A segunda atividade permite determinar quando as ferramentas devem ser trocadas

antes que a qualidade das peças produzidas seja comprometida.

5. Monitoração

A monitoração corresponde a atividade de coleta de dados usados para determinar o estado do sistema em um

dado instante, verificando se é possível executar os processos definidos pelo escalonador. A monitoração deve, portanto,

prevenir falhas e indicar ações corretivas durante o funcionamento do sistema.

6. Emissão de relatórios apresentando o desempenho do sistema

O controle deve coletar dados sobre o desempenho do sistema e emitir relatórios sintetizando estas informações.

Os relatórios que podem ser emitidos pelo controle são: utilização do sistema e de cada máquina-ferramenta, peças que

estão em estoques intermediários, estado e posição das ferramentas e estado atual do sistema.

2.5.3. Ciclo de vida

A complexidade para projetar e operar um sistema flexível de manufatura

aliada aos altos custos envolvidos em sua implantação justificam a necessidade

de se formalizar seu ciclo de vida [6]. Esta seção apresenta uma proposta de ciclo

de vida para um FMS, detalhando as atividades relacionadas ao projeto. Esta

proposta de ciclo de vida é baseada em trabalhos anteriores apresentados em [17]

e [31].

O projeto de um FMS pode ser visto como uma seqüência lógica de

atividades, encadeadas de forma que as informações produzidas em uma

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atividade são utilizadas como entrada para atividades posteriores. Durante o

projeto de um FMS, muitas vezes torna-se necessário retornar à atividades

anteriores quando novos dados forem obtidos a respeito do sistema ou para

alterar as decisões efetuadas naquele estágio do projeto.

Para a descrição das etapas do ciclo de vida usa-se a metodologia SADT

(Structured Analysis and Design Technique), em que cada diagrama é composto

por uma série de nodos interconectados por arcos. Os nodos representam as

atividades e os arcos representam o fluxo de dados entre as atividades. Cada

nodo ou atividade pode ser expandido em outro diagrama para detalhar seu

funcionamento. A figura 2.4 apresenta o modelo adotado para representar cada

atividade.

Figura 2.4 – Modelo de atividade

2.5.3.1. Visão geral do ciclo de vida para um FMS

O ciclo de vida proposto cobre as atividades desde a concepção do FMS

até a sua operação conforme mostrado na figura 2.5. As atividades

correspondentes ao ciclo de vida do FMS são:

Especificação do sistema – esta atividade compreende a realização de um

estudo de mercado com o objetivo de verificar a aceitação dos produtos e as

tecnologias disponíveis para sua produção. Com base nestes dados é possível

definir os produtos a serem manufaturados, dimensionar a capacidade do sistema,

escolher a flexibilidade desejada e ainda definir as estratégias gerais de operação.

Nesta atividade deve-se montar um cronograma com o tempo a ser gasto durante

as etapas de projeto e implantação, alocar o pessoal para o desenvolvimento do

FMS e também definir um orçamento preliminar para cada atividade com base no

capital disponível.

Projeto e análise – de posse das especificações do sistema e das

disponibilidades tecnológicas é possível realizar o projeto do FMS definindo os

elementos que compõem sua parte operativa e também suas relações estruturais

e comportamentais. Durante o projeto deve-se ainda desenvolver, implementar e

dados de

ferramentas / recursos

restrições

dados de saída Atividade

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testar os algoritmos de controle. A atividade de projeto será detalhada nas

próximas seções.

Implantação – corresponde a compra, instalação e teste dos equipamentos conforme especificado no projeto.

Durante a implantação será instalado o sistema de comunicaçãoque irá interligar os elementos operativos ao controle

sendo, portanto, necessário especificar a topologia da rede, tipo de cabeamento que será utilizado, etc. Após instalado o

FMS será submetido a um processo de testes para validação do seu funcionamento.

Operação – corresponde a operação do sistema após sua implantação. A operação consiste em transformar

matéria-prima em produtos acabados sob operação automática e com capacidade de responder a alterações tecnológicas e

do mercado consumidor.

A cada etapa, caso não sejam encontradas soluções adequadas para manufaturar os produtos especificados ou

ainda que a implantação seja impossibilitada devido a restrições orçamentárias ou tecnológicas, deve-se retornar a etapa

anterior para alterações.

Figura 2.5 – Ciclo de vida de um FMS

2.5.3.2. Projeto de FMS

O projeto do FMS, conforme mostrado na figura 2.6, pode ser dividido em projeto dos produtos que devem ser

manufaturados e projeto dos diversos ambientes de manufatura capazes de fabricá-los. O projeto final é concluído com a

escolha do ambiente de manufatura mais adequado em função das especificações do sistema e do orçamento disponível.

Uma breve descrição de cada uma das atividades componentes do projeto é realizada a seguir:

Projeto dos produtos e definição das famílias –desenvolve-se um projeto

detalhado da geometria de cada peça que será produzida e relacionam-se as

operações requeridas para sua manufatura. Normalmente são utilizadas

ferramentas de CAD, CAM e CAPP para auxiliar a execução destas tarefas. O

alterações

equipamentos e recursos humanos

alterações de mercados e tecnologias

alterações

insumos e ordens de serviço

infraestrutura existente

produção

FMS instalado

projeto detalhado do FMS

especificações

pesquisa de mercado

tecnologia disponível

Especifica

çãodo

Projeto

Implantação

Operaç

orçamento

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agrupamento das peças em famílias é realizado com base no estudo de

similaridade com o auxílio de técnicas de tecnologia de grupo.

Desenvolvimento das soluções – corresponde ao desenvolvimento de uma

ou mais alternativas de projeto para o ambiente de manufatura. Cada solução

deve ser capaz de manufaturar as famílias de peças geradas na etapa anterior e

deve obedecer as restrições de orçamento impostas. As atividades para

desenvolver uma solução para o projeto de FMS serão descritas na próxima

seção.

Escolha de uma solução adequada – corresponde a escolha da solução de

projeto que for mais adequada às especificações iniciais do sistema. Critérios

técnicos e econômicos devem ser avaliados para cada solução obtida levando-se

em conta parâmetros quantitativos e qualitativos.

Figura 2.6 – Projeto de FMS 2.5.3.3. Desenvolvimento das soluções

Uma solução para o projeto do FMS é composta pelo conjunto formado por: planos de processo para manufatura

das famílias de peças, arranjo físico dos equipamentos que irão compor o ambiente de manufatura e algoritmos de controle.

A construção de uma solução é realizada hierarquicamente e as informações produzidas em uma etapa compõem

o conjunto de primitivas que servirão de entrada para as etapas posteriores. Utiliza-se como base para decomposição a

pirâmide hierárquica utilizada para decompor o controle de FMS [6, 23, 42]. A pirâmide hierárquica de controle o separa em

quatro camadas, cada uma com um conjunto específico de atividades que deve executar. A figura 2.7 mostra a

decomposição hierárquica do controle. Os rótulos dentro da pirâmide servem para denominar o nível de cada camada e o

texto a seu lado a principal tarefa que executa.

alterações

Nível -

Nível - 3

Nível - 2

Nível - 1

Tomada de decisões estratégicas e avaliação de desempenho

Controle da manufatura e do fluxo de Operação em tempo real do FMS e Interface com os equipamentos

Controle local do equipamento

Desenvolvim

alterações

projeto do FMS

conjunto de soluções factíveis

espectro de famílias de peças especificações Projeto dos

produtos e

Escolha de

uma solução

seqüência de operações de manufatura das peças

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Figura 2.7 – Decomposição hierárquica do controle de um FMS

Os equipamentos do subsistema de manufatura e de manuseio de materiais constituem o primeiro nível da

modelagem hierárquica. O agrupamento de equipamentos de manuseio dedicados à uma máquina-ferramenta dá origem ao

próximo nível que

corresponde a estruturas funcionais denominadas estações de trabalho [17]. Cada estação de trabalho é capaz de executar

uma ou mais operações do plano de processos em uma família de peças e é composta por uma máquina-ferramenta,

dispositivos de transporte e um sistema de controle.

O próximo nível corresponde as células de manufatura. Uma célula de manufatura realiza todo ou quase todo

trabalho de manufatura sobre uma determinada família de peças e é composta por estações de trabalho, sistema de

manuseio de materiais que interliga as estações e um sistema de controle da célula. O último nível corresponde à planta do

FMS que é composta pelo conjunto de células de manufatura e pelo sistema de transporte e manuseio que as interliga.

Também constitui este nível o sistema de controle da planta.

A figura 2.8 apresenta a seqüência de atividades para gerar uma solução para o projeto de FMS. Esta seqüência

deve ser executada tantas vezes quanto for necessário gerar soluções alternativas. A seguir é realizada a descrição das

atividades envolvidas:

Seleção dos equipamentos e geração dos planos de processos – com as

informações sobre o projeto das peças obtidas na etapa anterior é possível

selecionar os equipamentos que irão realizar as operações de manufatura,

inspeção, armazenamento e transporte dentro do sistema. A infraestrutura atual

disponível deve ser considerada para que seja possível aproveitá-la no FMS. Após

a seleção dos equipamentos, deve-se gerar planos de processo de manufatura

para cada peça. Um plano de processo apresenta roteiros de produção,

equipamentos envolvidos e ferramentas necessárias para a manufatura. Esta

etapa

envolve ainda a seleção e/ou desenvolvimento de ferramentas, paletes e fixadores

para as peças.

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Definição dos grupos e da quantidade de equipamentos – corresponde a

agrupar os equipamentos de acordo com as famílias de peças que devem ser

manufaturadas. O dimensionamento de cada agrupamento é realizado de acordo

com o volume de produção de cada família de peças e da carga de trabalho

prevista para as máquinas.

Projeto das estações de trabalho – corresponde a desenvolver o projeto das

estações de trabalho que irão compor o sistema.

Projeto das células de manufatura – finalizado o projeto das estações de

trabalho, é possível realizar o projeto das células de manufatura.

Projeto da planta – a etapa final no desenvolvimento de uma solução

corresponde ao projeto da planta do FMS.

Figura 2.8 – Desenvolvimento de soluções

2.5.3.4. Projeto das estações de trabalho, células de manufatura e planta

O projeto das estações de trabalho, células de manufatura e planta são

semelhantes entre si quanto às atividades executadas no seu desenvolvimento. A

figura 2.9 apresenta a síntese dessas atividades. Sua descrição é realizada a

seguir:

alterações

grupos de máquinas

projetos das células

projetos das estações de trabalho

alterações

Definição dos grupos e

número de equipamentos

alterações

alterações

projeto do FMS

planos de processo

especificações, projetos das peças, seqüência de operações

Seleção

dos

equipament

Projeto

das

conjunto de máquinas

Projet

o das

Projeto da

planta

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Seleção das primitivas – No nível estações de trabalho corresponde a

seleção dos equipamentos de manufatura e, caso necessário, equipamentos de

transferência e armazenamento de materiais. No nível célula de manufatura ocorre

a seleção das estações de trabalho e equipamentos de transferência e

armazenamento de materiais e para o nível planta dá-se a seleção das células de

manufatura.

Projeto do arranjo físico – O arranjo físico em todos os níveis deve ser

projetado de forma a manter um fluxo contínuo de materiais e garantir a existência

de um ou mais caminhos para todos os planos de processo das peças que serão

manufaturadas.

Projeto do controle – No nível estação devem ser elaborados os algoritmos

de controle capazes de coordenar as atividades dos equipamentos que a

compõem e ainda interagir com o sistema de transporte da célula de manufatura.

No nível célula o controle definido deve ser capaz de coordenar e distribuir o

trabalho entre as estações de trabalho que a compõem e reagir a situações não

previstas, como falhas ou inclusão de novas ordens de serviço. No nível planta

corresponde a definir os programas e sistemas responsáveis pela supervisão,

escalonamento e controle da produção.

Análise - a última atividade do projeto corresponde à análise de

desempenho e previsão do comportamento do controle. O resultado da análise

determina a validação do projeto ou o retorno à etapas anteriores para ajustes.

Figura 2.9 – Projeto de estações de trabalho, células de manufatura e planta

2.5.4. Análise

primitivas

alterações

alterações

projeto

programas de controle

arranjo físico

Especificações, primitivas

Seleção

Projeto do arranjo físico

Projeto do

Análise

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Uma das principais atividades do ciclo de vida de um sistema flexível de

manufatura é a análise. Ela permite aumentar a compreensão sobre as interações

que ocorrem dentro do sistema e obter valores referentes a parâmetros

quantitativos, tais como [9, 10, 30]:

• taxa de produção do sistema;

• número de equipamentos de cada tipo que devem ser instalados para

obter uma determinada taxa de produção;

• taxa de utilização dos equipamentos;

• capacidade para os armazéns de peças brutas, intermediários e de

peças acabadas;

• número de paletes e fixadores necessários;

• tempo em que as peças ficam em transporte, armazenamento ou

processamento;

• tempo total em que uma peça permanece dentro do sistema

(makespan).

E também parâmetros qualitativos, tais como [9, 10] :

• avaliação dos efeitos de uma mudança no mix ou volume de produção;

• avaliação dos efeitos das quebras nos equipamentos;

• avaliação dos efeitos da adição de novos equipamentos;

• análise de gargalos na produção;

• análise dos algoritmos de escalonamento da produção;

• análise das estratégias e algoritmos de controle definidos.

A análise permite ainda testar e validar os programas de controle antes de sua instalação no sistema real,

evitando que erros nestes programas coloquem em risco a eficiência e a disponibilidade do sistema .

As técnicas de análise também são utilizadas em um FMS após o seu projeto. Em muitos casos é necessário

verificar como o sistema se comporta a mudanças no arranjo físico, a alterações no número de equipamentos instalados ou

a inclusão de uma nova família de peças, sem para isso utilizar o sistema físico instalado devido aos custos e riscos

envolvidos.

As técnicas de análise para FMS podem ser divididas em três categorias

[11] – métodos analíticos, modelos baseados em filas e simulação:

• Métodos analíticos – utilizam formalismos matemáticos para a

construção de modelos que representam o FMS. Estes modelos são

simplificados e restritos em função dos parâmetros de desempenho que

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se deseja quantificar. Após a construção do modelo é possível trabalhar

com suas variáveis e relações para obter soluções exatas ou analíticas

[19] para os parâmetros que estão sendo estudados. Entre os métodos

analíticos utilizados na análise de FMS têm-se a programação linear,

não-linear e inteira.

• Modelos baseados em filas (semi-analíticos) – estes modelos são

baseados na teoria matemática das filas e permitem a inclusão de

algumas características dinâmicas do sistema, como por exemplo os

depósitos intermediários de peças (filas de espera). Com o seu uso é

possível obter valores médios para medidas de desempenho do sistema

durante sua operação em regime. Os modelos baseados em filas podem

empregar para análise técnicas como redes de Petri estocásticas [43] ou

cadeias de Markov.

• Simulação – Utiliza a descrição dos componentes físicos do FMS e da

sua lógica de operação para a definição dos modelos que representam o

sistema. As soluções são obtidas analisando o comportamento do

modelo durante a passagem do tempo. A simulação não obtém soluções

exatas, e sim valores médios para um determinado conjunto de

parâmetros de entrada. Entre as abordagens utilizadas para simulação

de um FMS têm-se a simulação numérica, simulação a eventos

discretos e simulação híbrida. Existe também uma variedade de estudos

usando modelos para simulação com redes de Petri [20, 35], grafos de

eventos [25] e orientação a objetos [8].

Na escolha do método mais apropriado para o estudo que se deseja

realizar sobre FMS, os seguintes tópicos devem ser considerados com relação

aos técnicas descritas acima:

• a construção de modelos analíticos ou semi-analíticos (como modelos

baseados em filas) para sistemas dinâmicos, com alto grau de interação

entre seus componentes e que apresentam comportamento estocástico

é uma atividade complexa e em muitos casos intratável. Para lidar com

estes sistemas normalmente reduz-se o número de parâmetros e o nível

de detalhes espelhados no modelo, o que o especializa em demasiado,

permitindo apenas a obtenção de um número limitado de parâmetros

para o sistema [35]. Modelos para simulação normalmente são

genéricos, representam uma grande gama de propriedades do sistema e

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podem ser utilizados para obter um amplo número de parâmetros de

desempenho.

• um modelo analítico, quando possível de ser realizado, pode reproduzir

com perfeição o sistema para uma variedade de conjuntos de

parâmetros de entrada obtendo valores de saída idênticos aos que

seriam encontrados se o estudo fosse realizado com o sistema real. A

simulação produz apenas estimativas dos valores de saída para um

determinado conjunto de parâmetros de entrada, necessitando de

execuções independentes para cada conjunto de parâmetros de entrada

que se deseja estudar.

• métodos analíticos são pobres com relação a expansão dos modelos já

existentes principalmente para inclusão de novas propriedades do

sistema. Dependendo das características que se pretende incluir, o

modelo atual do sistema deve ser abandonado e um novo construído. A

expansão dos modelos nos métodos semi-analíticos e na simulação é

normalmente mais fácil.

Métodos analíticos normalmente são utilizados para problemas de

otimização [30]. Nestes casos é necessário obter os valores exatos para os

parâmetros que estão sendo otimizados de forma a avaliar se as alterações

introduzidas no sistema realmente produzem melhores resultados. A simulação é

mais adequada para comparar um número arbitrário de configurações alternativas

de um sistema [5] auxiliando o processo de escolha da configuração mais

adequada com relação a um conjunto de especificações definidas.

É possível também utilizar, durante a resolução de um único problema, os

métodos analíticos e a simulação [27]. Modelos analíticos, construídos com um

alto nível de abstração, poderiam ser utilizados para determinar uma variedade de

alternativas promissoras frente aos objetivos que se deseja estudar e, num

segundo passo, um estudo mais aprimorado destas alternativas pode ser

realizado pelo uso da simulação. Inversamente a simulação pode ser utilizada

para verificar e validar hipóteses necessárias para a construção de um modelo

analítico.

2.6. Conclusão

Um sistema flexível de manufatura envolve a integração de sistemas de manuseio de materiais, armazenamento,

inspeção e manufatura em um ambiente destinado a produção de uma espectro finito de peças. Devido à complexidade do

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projeto destes sistemas, nos quais é necessário especificar tanto componentes de hardware quanto de software, a

ocorrência de erros pode facilmente levar a enormes prejuízos monetários.

A complexidade de um projeto de FMS o torna um candidato ideal para a aplicação da simulação para os fins de

análise. Os modelos desenvolvidos para estes sistemas permitem estudar com precisão diversos aspectos do seu

funcionamento como produtividade, utilização dos recursos, tempos de transporte, entre outros. Entretanto para a

simulação ser bem sucedida o modelo deve replicar com exatidão as propriedades que se deseja avaliar no sistema.

O capítulo 3 irá abordar tópicos de simulação por computador e apresentar características que devem ser

avaliadas no momento da seleção de um simulador para a análise de FMS.

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