centro universitÁrio ibmr laureate international

44
CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE NUTRIÇÃO MUDANÇAS NO PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADAS À INDUSTRIALIZAÇÃO MARINA BUENO PARANHOS VILLARDI RIO DE JANEIRO 2017

Upload: others

Post on 21-Oct-2021

9 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE

INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

MUDANÇAS NO PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADAS À

INDUSTRIALIZAÇÃO

MARINA BUENO PARANHOS VILLARDI

RIO DE JANEIRO 2017

Page 2: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

MUDANÇAS NO PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADAS À INDUSTRIALIZAÇÃO

MARINA BUENO PARANHOS VILLARDI

Orientadora: Profa.; Patrícia Souza dos Santos

RIO DE JANEIRO

2017

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao Curso de

Nutrição do Centro

Universitário IBMR/Laureate

International Universities, como

parte dos requisitos para

obtenção do Título de Bacharel

em Nutrição.

Page 3: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

MARINA BUENO PARANHOS VILLARDI

MUDANÇAS NO PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADAS À

INDUSTRIALIZAÇÃO

Banca examinadora composta para defesa de Trabalho de

Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em

Nutrição

Aprovada em: _____ de ______________ de ________ Presidente e Orientador: __________________________________ Membro Avaliador: _______________________________________

RIO DE JANEIRO 2017

Page 4: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por ter me dado saúde para chegar até aqui.

Devo agradecer à minha mãe pelo apoio incondicional e por me ajudar a encontrar o

meu caminho.

Obrigada a todos os Mestres que passaram pela minha trajetória na universidade, me

ajudando a construir o conhecimento, em especial à professora Patrícia Sousa Santos

por me fazer despertar pela minha área de interesse e a professora Fernanda Neves

Pinto por nos fazer amar a Nutrição cada vez mais.

Tenho muita gratidão pela minha avó, Maria Luisa, por estar sempre me dando bons

conselhos e me fazendo seguir em frente.

Page 5: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

EPÍGRAFE

“Na procura de conhecimentos, o primeiro passo é o silêncio, o segundo ouvir, o

terceiro relembrar, o quarto praticar e o quinto ensinar aos outros.

(Ibn Gabirol)

A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”

(Albert Einstein)

Page 6: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

VILLARDI, Marina Bueno Paranhos. Mudanças no padrão alimentar associadas à

industrialização. Rio de Janeiro, 2017. 41p. Trabalho de Conclusão de Curso de

Graduação em Nutrição, Centro Universitário IBMR/Laureate International Universities.

RESUMO

O consumo de alimentos in natura vem sendo substituído por alimentos industrializados, principalmente após à Revolução Industrial. Os hábitos de vida sofreram modificações, que desencadearam na transição nutricional. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo verificar a influência da industrialização no padrão alimentar da população. Este trabalho concebe uma revisão de literatura, embasada nas publicações indexadas nas bases de dados Scielo, Pubmed e LILACs, acerca do tema industrialização e sua influência na mudança no padrão alimentar, com os descritores hábitos alimentares, industrialização e transição nutricional, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os dados utilizados foram de publicações entre 1993 a 2015. A transição nutricional é um processo desencadeado por fatores socioeconômicos, epidemiológicos e demográficos, que provoca a alteração dos hábitos alimentares, e consequentemente afeta a saúde dos indivíduos. O Brasil passou pela transição nutricional, fazendo com que hábitos regionais, religiosos e culturais fossem modificados, e o quadro epidemiológico que era marcado pela desnutrição passasse a ter maior índice de obesidade. Atualmente, percebe-se que o desenvolvimento das industrias é crescente, sendo assim, os alimentos processados não terão sua participação reduzida na alimentação, mas há a possibilidade de controlar o consumo, para que se previna o surgimento da obesidade e suas enfermidades, como o diabetes tipo 2, a hipertensão, as doenças cardiovasculares e o câncer, doenças crônicas não transmissíveis, que são as maiores causas de morte no Brasil. Com isso, o Governo Brasileiro desenvolveu ações para gerar a melhoria na qualidade da alimentação da população, incentivando o aumento do consumo de alimentos in natura e a redução dos alimentos processados, além de destacar a importância da prática de exercícios físicos. Estas práticas tem o objetivo de reduzir a prevalência de obesidade em todas as faixas etárias, incentivar a educação nutricional e assim promover saúde.

Palavras-chave: hábitos alimentares, transição nutricional, obesidade.

Page 7: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Taxas médias de crescimento anual para indústria de produtos alimentícios e

indústria total de transformação – Brasil 1949 a 1972 ..................................................16

Tabela 2. Participação do valor da produção da Indústria de alimentos no PIB e no total

da indústria de transformação no Brasil, em % (1990-1995) ........................................17

Tabela 3. Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos para consumo no

domicílio por meio de despesas monetárias, na ENDEF e na POF, segundo os

produtores selecionados - Brasil -1974/2003 ...............................................................20

Tabela 4. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual por classes de rendimento

total .............................................................................................................................. 26

Page 8: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC ≥ 30kg/m²) no Nordeste

e Sudeste do Brasil (1975, 1988 e 1996) ..................................................................... 22

Figura 2: Símbolo do Programa “5 ao dia” ........................................................................... 34

Page 9: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

LISTA DE SIGLAS

EG - Estratégia Global de Alimentação, Atividade Física e Saúde

ENDEF - Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos

OMS - Organização Mundial de Saúde

PAAS - Promoção da Alimentação Adequada e Saudável

PIB - Produto Interno Bruto

PNAN - Política Nacional de Alimentação e Nutrição

POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares

Page 10: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

SUMÁRIO

1. Introdução ......................................................................................................... 11

2. Objetivos ........................................................................................................... 13

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 13

2.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 13

3. Material e métodos .......................................................................................... 14

4. Revisão de Literatura ...................................................................................... 15

4.1. Uma retrospectiva sobre as formas de produção de alimentos ................. 15

4.2. Transição nutricional e seus principais fatores desencadeadores ............. 18

4.3. A formação dos novos padrões alimentares .............................................. 27

4.4. Medidas para promover a melhoria dos hábitos alimentares .................... 30

5. Considerações Finais ...................................................................................... 36

6. Referências Bibliográficas .............................................................................. 37

Page 11: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 11 -

1. INTRODUÇÃO

Décadas atrás a sociedade vivia em frequente contato com a natureza, ou seja, a

alimentação baseava-se em alimentos plantados e animais criados e abatidos sem o

processamento das indústrias, diferente do modo de vida da população atual

(MEZOMO, 2002). Assim como afirmam Flandrini e Montinari (1996), os alimentos eram

produzidos artesanalmente e passaram a ser fabricados em escala industrial

(FLANDRINI; MONTINARI 1996).

Fatos esses que ocasionaram nas mudanças dos hábitos alimentares em

diversos países, constatando-se que são encontradas diversas formas de consumo,

influenciadas pelos aspectos de vida (PINHEIRO, 2001). Sendo assim, percebe-se que

a alimentação das mais variadas culturas está sendo alterada rapidamente em todo o

mundo. Dentro de um processo mais amplo o desenvolvimento acelerado das indústrias

ocidentais vem influenciando a alimentação e a sociedade de consumo (BLEIL,1998).

Tem-se também uma mudança nos hábitos de atividade física, onde a maior

parte das pessoas passou a ser sedentária, influenciando diretamente na composição

corporal. Concomitantemente, as sociedades modernas estão convergindo para um

modelo de dieta rica em gorduras saturadas, açúcar e alimentos refinados, com pouca

fibra, padrão denominado como “dieta Ocidental” (POPKIN, 2002).

Porém, o consumo alimentar não pode ser definido somente pelas necessidades

nutricionais ou de demanda da população, devido ao fato de que sofre influência

determinante do sistema de produção agrícola, do custo industrial, da mão de obra

utilizada e primordialmente das alterações econômicas impostas pelo Estado, que

englobam desde a produção até o sistema de saúde (OLIVEIRA; THEBAUD-MONY,

1997).

Diversos fatores podem estar influenciando as alterações na composição da

dieta e na saúde humana. Dentre esses, tem-se a mudança na estrutura ocupacional do

homem, onde há uma redução nas atividades de lazer e aumento dos afazeres que

objetivem lucro, que provocam a elevação do estresse e o surgimento de doenças.

Além disso, precisa-se levar em consideração as rápidas mudanças no sistema de

tecnologia e comunicação para antecipar as transformações que irão ocorrer nos

Page 12: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 12 -

padrões alimentares, ou seja, os impactos da globalização no surgimento de doenças

ocasionados pelo aumento do consumo de alimentos industrializados (POPKIN, 2004).

Sendo assim, observa-se que ocorreram transformações no modo de vida

humano, fazendo com que novas necessidades surgissem e dando maior ênfase aos

fatores urbanização e industrialização, que são considerados causadores das

modificações dos hábitos alimentares (GARCIA, 2003). No Brasil, a Pesquisa de

Orçamento Familiar (POF) mostrou que, em 30 anos (de 1974-2004), houve uma

alteração na alimentação, o consumo de gêneros tradicionais como arroz, feijão, batata,

pão e açúcar foi reduzido e houve o aumento da ingestão de refrigerante sabor

guaraná, que apresentava uso de 1,7 quilos por pessoa e passou à ser de 7,7 quilos

per capita (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004).

O trabalho a seguir tem como objetivo caracterizar as mudanças ocorridas no

padrão alimentar da sociedade após a expansão das indústrias alimentícias e de seus

respectivos alimentos processados no mercado, analisando os motivos pelos quais os

hábitos alimentares foram alterados e suas consequências na saúde da população.

Page 13: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 13 -

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Verificar a influência da industrialização no padrão alimentar da população.

2.2. Objetivos Específicos

Caracterizar os hábitos alimentares antes do período de industrialização,

comparando com o padrão alimentar atual.

Identificar quais foram as mudanças ocorridas na alimentação da humanidade,

relacionando com os novos padrões de vida.

Analisar as consequências trazidas para a saúde após a pandemia dos alimentos

industrializados.

Page 14: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 14 -

3. MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho concebe uma revisão de literatura, realizada através da busca de

dados e informações em livros didáticos, artigos científicos de revistas e jornais, assim

como sites de institutos de pesquisa como fonte, referentes ao tema industrialização e

suas respectivas mudanças no padrão alimentar, nos idiomas inglês, português e

espanhol, entre os anos de 1993 a 2012, a fim de se obter um melhor entendimento

sobre a temática.

A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir de publicações indexadas nas

seguintes bases de dados Scielo, Pubmed e LILACs (Literatura Latino-Americana em

Saúde).

Foram utilizados os descritores em ciência e saúde (DeCs): hábitos alimentares,

industrialização e transição nutricional. Nos idiomas português e inglês.

Page 15: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 15 -

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. Uma retrospectiva sobre as formas de produção de alimentos

Pode-se dizer que a passagem da “economia de predação” para a “economia de

produção” significou uma mudança decisiva na relação do homem com o meio

ambiente, isto porque a atividade agrícola significou um momento de ruptura,

separando o homem da natureza (MONTANARI; LIMA 2009).

A agricultura foi inventada entre 10 e 15 mil anos atrás e nos últimos dois ou três

mil anos passou-se a cultivar alimentos variados em uma mesma região, fazendo com

que as sociedades pudessem viver através do que se produzia. Desde o início da

colonização, agricultores americanos desenvolveram eficientes sistemas agrícolas.

Porém após a Segunda Guerra Mundial o sistema sofreu mudanças e atualmente

poucos desses sistemas são remanescentes. O aperfeiçoamento foi direcionado para

as monoculturas, altamente mecanizadas, com uso de fertilizantes comerciais e

venenos sintéticos (LUTZENBERGER, 2001).

Segundo Pinheiro e Abreu et al. (2001) até o século XX, diversas descobertas

levaram ao aperfeiçoamento das técnicas e as modificações dos hábitos alimentares,

dentre elas:

Mudanças dos métodos de produção agrícolas e industriais;

Avanços na genética;

Mecanização agrícola;

Processos técnicos para aumentar a durabilidade dos alimentos;

Analisa-se, de forma histórica, a relação formada entre os agentes da produção

de alimentos, os consumidores e o Estado e a sua influência na construção e alteração

dos hábitos alimentares (SOUZA; HARDT, 2002).

No Brasil, após a Segunda Guerra, o setor de alimentos obteve menor incentivo

por parte do Estado em comparação com os setores das indústrias de bens duráveis,

apresentando assim participação relativa decrescente. Porém, observou-se que a

participação absoluta aumentou, ou seja, o número de estabelecimentos avançou de

14.905 para 46.815, e de empregados de 173.535 para 372.401. No ano de 1949, a

Page 16: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 16 -

indústria alimentar contribuiu com 20,5% em termos de valor adicionado, e respondia

por 18% dos empregos no total das indústrias de bens não duráveis, ou seja,

apresentou boa participação em relação à indústria total, conforme mostra o quadro 1

(VICENCONTI, 1977; SATO, 1997).

Tabela 1. Taxas médias de crescimento anual para indústria de produtos alimentícios e

indústria total de transformação – Brasil 1949 a 1972.

Produtos

Alimentares

Indústria

Total

1949-52 4,4 10,3

1952-57 3,2 4,4

1957-62 7,5 11,9

1962-67 1,8 2,7

1967-72 8,7 12,1

Fonte: VICECONTI, 1977.

Em 1960 os alimentos como: leite pasteurizado, laticínios, conservas de frutas e

pescados, legumes, especiarias e condimentos contribuíam com 20% do valor da

produção, já a partir de 1974 verificou-se que esse grupo de alimentos passou a

participar com 31,9% do lucro da produção (LIMA, 1979).

Nos anos 80, apesar da desordem econômica enfrentada no país, as indústrias de

alimentos tiveram um crescimento de 8%. No período de 1990 a 1995, a produção de

alimentos contribuiu, em média, com 9,83 % do valor do Produto Interno Bruto (PIB) e

17,04 % do valor da indústria total (Quadro 2) (SATO, 1997). Segundo a Associação

Brasileira de Indústria e Alimentação (ABIA), (1994), em 1995, a indústria alimentícia

era representada por 38 mil estabelecimentos, gerando 775 mil empregos e com um

faturamento de US$ 52,9 bilhões ao ano. Neste período, a exportação de alimentos

representava 16,82%, sendo principalmente de carne, soja e sucos (SATO, 1997).

Page 17: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 17 -

Tabela 2. Participação do valor da produção da Indústria de alimentos no PIB e no total

da indústria de transformação no Brasil, em % (1990-1995).

1990 1991 1992 1993 1994 1995 Média

PIB 9,98 10,17 10,45 10,22 8,93 9,23 9,83

Ind. Total 17,2 17,95 17,28 16,69 16,36 16,71 17,04

Fonte: Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, 1994.

Após a implementação do Plano Real, foi constatado que a indústria de

alimentos foi a que mais se beneficiou (GAZETA MERCANTIL, 1996). Segundo Trocolli

(1996), em 1996, dois anos após a implementação do Plano, alterações estruturais

aconteceram, tal como o aumento do consumo por parte das classes de renda mais

baixa. Mostra-se também a diferença nas vendas de determinados alimentos, como por

exemplo o sorvete, que teve aumento de 50%, registrando 112 milhões de litros

vendidos em um ano. (GAZETA MERCANTIL, 1996).

Segundo Cyrillo et al. (1997) e Carmo (1999), há uma tendência ao aumento do

grau de concorrência no setor de produtos alimentícios brasileiro, indicada pelo

estabelecimento de novas indústrias do mesmo campo no território nacional, aumento

no lançamento de produtos e declínio nos preços reais desde 1994. Deste modo, com

os mercados globalizados e mais integrados, as empresas brasileiras estão buscando

ganhos de escala para competir internacionalmente. Logo, houve grande aumento dos

commodities, ou seja, produção de um mesmo produto em larga escala, onde os

ganhos são oriundos do volume comercializado (CARVALHO, 2010).

Verifica-se então que atualmente há ampla oferta de inúmeros produtos

alimentícios (CYRILLO et al., 1997; CARMO, 1999). Porém, o desenvolvimento

econômico promove mudanças no padrão alimentar e no estado nutricional da

população, pois são necessárias as estratégias de concorrência entre as empresas,

fazendo com que haja diminuição dos preços dos alimentos, aumento da diversidade e

qualidade dos produtos oferecidos, maior difusão de informações e disponibilidade de

nutrientes (GONÇALVES; SOUZA, 1997).

Então, para avaliar a evolução da tendência dos padrões dietéticos no Brasil são

usados os dados sobre a disponibilidade de alimentos. Observou-se então que

Page 18: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 18 -

produtos como o arroz, o feijão e o trigo tiveram uma produção estagnada, enquanto a

soja teve aumento expressivo (MONDINI; MONTEIRO, 1994). A Pesquisa de

Orçamento Familiar (POF) avalia as despesas com alimentação no domicílio e fora

dele, formas de obtenção dos produtos e a qualidade e quantidade desses associada a

estrutura orçamentária da população brasileira. Dentre as mudanças apontadas por

este estudo, observa-se o aumento da compra de alimentos processados, que subiram

de 1,7 quilos para 5,4 quilos por pessoa e de água mineral, que de 0,3 quilos passou

para 18,5 quilos per capita (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA,

2004).

Contudo, é preciso lembrar que tanto a formação quanto a transformação do

padrão alimentar são diretamente influenciadas pelas crenças, culturas e religiões

(PINHEIRO; ABREU et al., 2001).

4.2. Transição nutricional e seus principais fatores desencadeadores

4.2.1. Definição

A transição nutricional pode ser considerada como a modificação dos padrões

alimentares, que sofre influência dos agentes sociais, econômicos e demográficos,

resultando na alteração dos fatores nutricionais, de saúde e de hábitos de vida

(OLIVEIRA, 1997; MONTEIRO; MONDINI, 2000; GARCIA, 2003). Podendo também

ocasionar na redução das deficiências nutricionais e na formação de um novo quadro

de prevalência de sobrepeso e obesidade (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).

4.2.2. Retrospectiva histórica

Entre três milhões a dez mil anos atrás, a subsistência humana era baseada na

caça e na coleta. A dieta era variada, baixa em gordura e rica em fibras. O início das

sociedades agrícolas deu-se por volta de dez mil anos atrás, onde o homem passou a

estabelecer-se em um determinado local, tendo uma dieta mais simples, baseada no

Page 19: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 19 -

que se plantava, e de constante transformação, de acordo com a região e a época do

ano (POPKIN, 1998).

Em torno de 12 mil anos após esse período, ocorreu a Revolução Industrial e a

segunda revolução agrícola, fase histórico social que foi marcada pelo aumento do

consumo de gorduras, carboidratos refinados e baixo consumo de fibras, hábitos

postergados até os dias atuais (POPKIN, 1998).

A transição dos costumes alimentares e a redução da atividade física refletiu na

mudança do estilo de vida que gerou principalmente uma alteração na composição

corporal, além da piora na qualidade de vida e de saúde populacional. Essas

transformações marcaram as transições demográficas e socioeconômicas (POPKIN,

1998).

Em contrapartida, as alterações trazidas pelo avanço tecnológico fizeram com que

os indivíduos passassem a ter mais informações, desencadeando em melhoras

significativas das ações sociais, principalmente nos últimos 25 anos. Atualmente, cerca

de 90% das mulheres grávidas são atendidas no período pré-natal, evitando o

surgimento de doenças na mãe e no bebê. Outro aspecto foi a vacinação, que no caso

de doenças de elevada prevalência foi praticamente universalizada. Observa-se que

para que se possa compreender a situação nutricional do país e suas mudanças é

necessário resgatar os aspectos que sofreram transição após o processo de grande

industrialização nacional (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).

A história da alimentação nacional é influenciada pela Revolução Industrial em

diversos pontos, mas tem-se como mais relevante a expansão das indústrias

alimentares (FLANDRIN; MONTANARI, 1996). Com a evolução técnico-científica

iniciou-se uma nova forma de alimentação, que é dotada de aspectos negativos e

positivos (ABREU et al, 2001; GARCIA, 2003).

4.2.3. Pesquisas nacionais

No Brasil, pode-se analisar este processo através das pesquisas realizadas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a POF e o Estudo Nacional de

Despesa Familiar (ENDEF) que sinalizam tais transições, certificam-se de que houve a

diminuição do consumo dos carboidratos complexos, a estagnação ou a redução de

Page 20: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 20 -

consumo de legumes, verduras e frutas, a redução no consumo de açúcar refinado, e o

aumento da ingestão de alimentos processados e refrigerantes. Fatos evidenciados

pincipalmente nas regiões metropolitanas do sudeste e nordeste, destacando um

decréscimo do consumo do feijão e arroz em todo país (Quadro 3) (MONTEIRO;

MONDINI, 2000; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA, 2004).

Verificou-se também a substituição da banha e manteiga por margarina e outros óleos,

e aumento do consumo de gorduras, leite e derivados (BLEIL, 1998).

Tabela 3. Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos para consumo no

domicílio por meio de despesas monetárias, na ENDEF e na POF, segundo os

produtores selecionados - Brasil -1974/2003.

Produtos selecionados

Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos

para consumo em domicílio (kg)

ENDEF 1974-1975

POF 1987-1988

POF 1995-1996

POF 2002-2003

Arroz polido 31,571 29,725 26,483 17,110

Feijão 14,698 12,134 10,189 9,220

Batata inglesa 13,415 13,114 9,218 5,468

Abóbora comum 1,626 1,184 1,205 4,173

Fubá de milho 1,554 2,146 1,740 1,339

Farinha de trigo 1,833 4,085 3,102 2,625

Farinha de mandioca 5,207 4,679 3,765 3,313

Macarrão 5,205 4,274 4,084 4,251

Açúcar refinado 15,790 15,912 13,204 8,269

Açúcar cristal 5,641 6,525 6,865 4,701

Carne bovina 16,161 18,509 20,800 14,574

Frango 24,249 22,837 22,679 14,190

Leite de vaca pasteurizado 40,015 62,435 51,360 38,035

Iogurte 0,363 1,140 0,732 2,910

Page 21: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 21 -

Produtos selecionados

Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos

para consumo em domicílio (kg)

ENDEF 1974-1975

POF 1987-1988

POF 1995-1996

POF 2002-2003

Pão francês

22,295

20,163

18,399

17,816

Refrigerante de guaraná 1,297 2,674 4,280 7,656

Água mineral 0,320 0,959 0,596 18,541

Café moído 4,152 2,559 2,330 2,266

Alimentos preparados

1,706

1,376

2,718

5,398

Óleo de soja 5,187 8,762 6,940 5,854

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004.

4.2.4 Efeitos da transição nutricional na composição corporal na população

brasileira

O perfil nutricional da população brasileira é analisado por pesquisas como o

ENDEF, realizado em 1974-1975, que apresentou uma redução na prevalência de baixo

peso em ambos os sexos, em diferentes fases da vida e em todas as regiões do país.

Constatou-se que 7,2% dos homens e 10,2% das mulheres apresentavam déficits

ponderais (déficit de peso, altura ou ambos). Já na Pesquisa de Orçamentos Familiares

(POF) de 2002-2003 verificou-se uma prevalência de baixo peso de 2,8% e 5,4% entre

homens e mulheres, respectivamente. Segundo a Organização Mundial de Saúde

(OMS), dados de até 5% são considerados aceitáveis para países em desenvolvimento,

sendo assim, o déficit ponderal em adultos não é mais considerado um problema de

saúde pública no Brasil (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004).

Entre adolescentes, destaca-se a redução intensa e contínua do déficit de

estatura nas últimas décadas. Os dados do ENDEF e da última POF apresentam um

declínio da prevalência de déficit de altura de 33,5% para 10,8% entre os meninos, e de

Page 22: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 22 -

26,3% para 7,9% entre as meninas. No caso das crianças menores de cinco anos,

segundo o ENDEF de 1974-1975 o déficit de peso por idade era de 16,6% e foi

reduzido nacionalmente para 4,6%, de acordo com os dados da POF de 2002-2003.Nas

regiões Norte (área urbana) e Nordeste, a prevalência de déficit de peso era de cerca

de 21,7% a 24,9% no ENDEF, e foi reduzida de forma contínua ao longo dos inquéritos,

alcançando 6,7% e 5,4% nos anos decorrentes da pesquisa (INSTITUTO BRASILEIRO

DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004).

Ao mesmo tempo em que declina a ocorrência da desnutrição em crianças e

adultos de forma acelerada, aumenta a prevalência de sobrepeso e obesidade na

população brasileira. Estabelecendo-se, dessa forma, um antagonismo no quadro

epidemiológico do país, passando da desnutrição à obesidade, definindo uma das

características marcantes do processo de transição nutricional. De acordo com estudos

efetuados nas últimas três décadas, a obesidade já pode ser caracterizada como um

comportamento epidêmico (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).

Através de um estudo comparativo entre as regiões Nordeste e Sudeste do

Brasil, observou-se que entre 1975 e 1996 os casos de obesidade triplicaram entre

homens e mulheres ao norte do país e apenas entre os homens na região sudeste,

tendo como dado discrepante o fato da estagnação no crescimento da obesidade entre

as mulheres do Sudeste (Figura 1) (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).

Figura 1. Evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC ≥ 30kg/m²) no Nordeste

e Sudeste do Brasil (1975, 1988 e 1996).

Fonte: BATISTA FILHO; RISSIN, 2003.

Page 23: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 23 -

A diferenciação entre as áreas do Brasil expressa apenas as distinções sociais na

distribuição da obesidade. Em princípio, existiria maior prevalência de sobrepeso/

obesidade nas regiões mais ricas, porém, outra tendência está sendo observada, ou

seja, o aumento da ocorrência da obesidade nos estratos de renda mais baixa no

período de 1989/1996, e a redução deste quadro em mulheres adultas de renda mais

elevada (MONTEIRO, 2001).

4.2.5 Fatores sociais

A alimentação é uma necessidade fisiológica básica, que pode ser influenciada

por diversos aspectos, sendo eles: a cultura, o nível social, as crenças, a religião, a

filosofia de vida e a região geográfica (FRANÇA; MENDES et al., 2012). Comer não

representa apenas o ato de nutrir o organismo, significa inicialmente um hábito que traz

convívio, faz expressar as diferenças e as necessidades. Os padrões alimentares

podem ser divididos por grupos, representando uma identidade coletiva, ou serem

determinantes para caracterizar um ser como individual (FISCHLER, 1988).

A primeira influência do meio no comportamento alimentar do ser humano é

durante a gestação, ou seja, o lactente tende a escolher alimentos que foram

consumidos pela mãe durante a gestação e lactação (GALEF; HANDERSON, 1972;

GALEF, 1982; SULLIVAN; BIRCH, 1994). Com o passar dos anos, o bebê tem o

estímulo da cultura na qual está inserido para experimentar alimentos que lhes são

comuns, iniciando assim a socialização alimentar (FISCHLER, 1988).

Porém, é a partir dos dois anos de idade que cada criança vai desenvolver seu

padrão de aceitação ou rejeição de alimentos, sendo influenciado principalmente pela

publicidade de itens alimentares não saudáveis (BIRCH, 1999).

Na fase jovem, o indivíduo precisa ingerir maior variedade de alimentos,

ofertando assim quantidades suficientes de macro e micronutrientes para o seu

desenvolvimento, do mesmo modo que passa a inserir-se a um grupo social, fazendo

com que adquira os mesmos hábitos e costumes do meio. Deste modo, percebe-se que

esse grupo tem preferência alimentar por massas, doces, gorduras e refrigerantes,

Page 24: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 24 -

tendo um consumo inadequado de frutas e vegetais (NEUMARK-SZTAINER et al.

1996).

Outro fator que pode justificar a transição da qualidade da alimentação é a

inserção da mulher no mercado de trabalho, onde a tradicionalidade foi perdida, visto

que a figura da “dona do lar” que produzia todas as refeições passa a não ter mais

tempo, fazendo com que a família adquira como hábito consumir alimentos

processados e fast-foods (BATISTA; RISSIN, 2003; KAC; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ,

2003; MENDONÇA; ANJOS, 2004).

Observa-se também que, a escolha por determinado alimento está relacionada

às crenças pregadas por uma sociedade, as quais nem sempre estão de acordo com a

ciência ou a razão. Além disso, as lembranças que os alimentos trazem envolvem o que

não é quantificável, ou seja, utiliza-se certos alimentos como forma de alcançar uma

época distante, da qual se tem saudades (BLEIL, 1998).

4.2.6 Fatores demográficos e epidemiológicos

Dois processos históricos são considerados os principais desencadeadores da

transição nutricional. A transição demográfica é considerada o primeiro deles, onde

havia um padrão de alta fertilidade e mortalidade que ao longo dos anos acabou se

modificando, tendência dos países que passaram pelo processo de industrialização. O

segundo fator é a transição epidemiológica, que passou de um padrão de doenças

infecciosas e desnutrição, para um quadro de prevalência de doenças crônicas e

obesidade (DREWNOWSKI; POPKIN, 1997).

A transição nutricional também ocasionou na nova equação demográfica (baixa

fecundidade e aumento da expectativa de vida) devido ao fato de que o homem passou

a perceber que necessitaria modificar os hábitos alimentares ruins que vinham sendo

adquiridos pelo modelo de vida atual. Deste modo, alguns indivíduos dieta passou a

incluir grãos integrais e maior quantidade de frutas e vegetais, influenciando na redução

do surgimento de doenças e logo, no aumento a população idosa, que apresenta

atualmente expectativa de vida de 78,8 anos para mulheres e de 71,6 anos para os

homens. Porém, apesar da boa influência dos novos hábitos, a maior parte da

Page 25: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 25 -

população ainda precisa conscientizar-se da importância de uma alimentação saudável

e da prática regular de atividade física, fatores que são constantes da minoria social

(MARATOYA, et al., 2013; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA, 2015).

Segundo Popkin (2006), a transição nutricional passou por diversos estágios de

acordo com o desenvolvimento histórico. Logo, pode-se caracterizar estas etapas

relacionando-as com as doenças relacionadas aos hábitos alimentares de cada fase.

Sendo assim, tem-se a primeira fase, da sociedade dos caçadores-coletores marcada

pela deficiência nutricional e doenças infecciosas, mesmo com o costume alimentar

saudável e variedade na dieta. Na segunda fase o consumo de alimentos sofreu

influência das monoculturas, fazendo com que houvesse a diminuição da diversificação

alimentar e a manutenção do quadro epidemiológico anterior, porém em maior escala,

ou seja, com epidemias. O terceiro estágio representa uma mudança, uma vez que há o

incremento de carnes magras, frutas e vegetais diversos na dieta, reduzindo o quadro

de doenças. Com o início da urbanização e industrialização, a quarta fase é marcada

pelo aumento do consumo de alimentos processados, gorduras e açúcares, levando ao

problema da obesidade e doenças crônicas. Com a conscientização do grave estado da

etapa anterior, a quinta fase configura um padrão alimentar incluindo grãos integrais,

frutas e vegetais, com aumento da atividade física objetivando a redução do surgimento

de doenças.

A renda também é um fator determinante na escolha de alimentos da sociedade

atual e que no Brasil pode ser relacionado a distribuição demográfica, onde as regiões

Norte e Nordeste são muito mais pobres que as regiões do Centro-Oeste, Sudeste e

Sul do país. Na década de 50, a classe com menos renda era basicamente rural e

alimentava-se do que plantava. Atualmente, além da maior parte da sociedade ser

urbana, o meio rural sofreu grande processo de industrialização (FILHO; RISSIN, 2003;

POPKIN, 2006). Nem sempre o maior poder aquisitivo estará relacionado com melhores

escolhas na dieta, as famílias brasileiras com média salarial de R$ 830,00 escolhem

primordialmente cerais e leguminosas, enquanto os de renda mais elevada gastam com

outros tipos de alimentos e tem maior acesso aos fast-foods, bebidas, chás e doces,

Page 26: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 26 -

mesmo não deixando de consumir alimentos in natura (Quadro 4) (MARATOYA, et al.,

2013).

Tabela 4. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual por classes de rendimento

total.

Produto Até

R$830,00

Mais de R$830,00

até R$1245,00

Mais de R$1245,00

até R$2490,00

Mais de R$2490,0

0 até R$4150,0

0

Mais de R$4150,00 até

R$6225,00

Mais de R$6225,

00

Açúcar/doce e produtos de confeitaria

19,311 20,508 21,084 19,014 21,172 23,4

Alimentos preparados de confeitaria

1,362 1,799 2,905 4,873 6,543 8,359

Aves e ovos 13,957 15,891 16,802 16,852 17,341 18,244

Bebidas e infusões 21,635 34,139 46,512 67,109 76,921 107,73

Carnes 17,903 22,229 25,525 30,325 33,699 31,894

Cereais e leguminosas

40,922 41,669 41,192 36,272 35,585 30,042

Farinhas, féculas e massas

21,12 19,365 18,171 15,701 14,851 15,747

Frutas 14,252 20,408 27,191 35,797 41,134 59,297

Hortaliças 15,413 22,623 27,059 32,644 35,147 44,282

Laticínios 25,133 35,984 43,800 57,770 60,839 66,288

Panificados 15,27 19,218 21,397 24,690 26,021 30,364

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010.

Além disso, destaca-se a desigualdade na disponibilidade de alimentos entre os

países, fator relacionado a condição econômica e não condição climática ou

disponibilidade de mão de obra. Sendo assim, em países subdesenvolvidos há um

Page 27: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 27 -

consumo limitado de alimentos, influenciado também pela precariedade de transporte e

a falta de educação nutricional (PEKKANIVEW, 1975).

Em relação aos aspectos populacionais, tem-se a mudança ocorrida no

desempenho reprodutivo, onde as mulheres tinham um padrão de 6 á 8 filhos, e

passaram a ter, em média, 2,3 filhos. Outro fator observado foi a redução da

mortalidade infantil, que declinou de patamares de 300 óbitos por mil nascidos vivos,

para níveis nacionais médios de 30 mortes por mil nascimentos (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).

4.3 A formação dos novos padrões alimentares

A partir de 1850 as mudanças no padrão da alimentação Ocidental foram

impulsionadas por três fatores que tiveram grande crescimento no período, sendo eles:

urbanização, tecnologia e comércio. Porém, não se pode esquecer que a alimentação

faz parte da cultura, percebe-se assim que a sociedade passou por uma revolução

cultural, principalmente nas últimas décadas do século XX (BLEIL, 1998).

A urbanização foi o fator que contribuiu para que a população passasse a comer

além do necessário, ou seja, a sabedoria alimentar, que era característica das

sociedades tradicionais, não tem conseguido acompanhar o desenvolvimento (BLEIL,

1998). Também se observa um consumo excessivo de produtos artificiais, fato

influenciado pelas indústrias alimentícias, que fazem com que os produtos regionais e

culturalmente tradicionais sejam menos consumidos (MONDINI, 1994; BLEIL, 1998;

SOUZA, 2002). Com a globalização, houve a internacionalização das culturas, ou seja,

as indústrias de alimentos passaram a comercializar alimentos variados para quase

todas as partes do mundo, tal como o café, o chá, as cervejas e as conservas (NÚÑEZ

GONZÁLEZ, 1999).

A tecnologia é multifatorial no processo de formação de novos hábitos

alimentares. Atualmente os produtos industrializados, principalmente os alimentícios,

são produzidos em larga escala, com o objetivo de tornarem-se alvo do consumo em

massa, principalmente através das tecnologias de produção de sentido, ou seja,

métodos e técnicas que visam a criação de mensagens e imagens que circulem nos

Page 28: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 28 -

meios de comunicação. Essas tecnologias são divididas em três meios de atuação,

sendo elas: "tecnologia da imagem", "tecnologia da forma", e "tecnologia de ambiente",

conhecidas popularmente como: publicidade, embalagem e o espaço de venda

(LIFSCHITZ, 1995).

As tecnologias de produção são baseadas no marketing, que objetivam atender a

demanda das indústrias. Atualmente, a construção simbólica dos produtos alimentícios

é de suma importância, devido a dois fatores principais: a consolidação do produto no

mercado e fidelização dos consumidores à empresa ou mercadoria (LIFSCHITZ, 1995).

As necessidades da população podem depender da produção ou surgirem antes dela,

ou seja, através da publicidade ou do marketing. A propaganda e a ideologia de

consumo ganharam importância, influindo na formação de novos hábitos alimentares e

nas escolhas de consumo (ALMEIDA et al, 2002; SANTOS, 2007). Segundo Santos,

Struchi et al. (2012), a maioria dos produtos alimentícios mencionados nas

propagandas são ricos em gorduras e açúcares, não havendo propagandas abordando

frutas e vegetais.

Certifica-se que as tecnologias de imagem são utilizadas para criar conotações

em torno de um produto ou marca, sendo possível obter diversos sentidos em uma

mesma embalagem, porém com o intuito de fazer com que o mesmo seja reconhecido e

identificado pelo consumidor mantendo sua essência, além de neutralizá-lo,

desconsiderando os aspectos culturais. Já as tecnologias de forma são as

características ópticas da embalagem responsáveis pela diferenciação e venda do

produto, que hoje em dia não dependem mais do vendedor, mas sim do seu destaque

entre as demais nos supermercados, sendo assim um fator primordial na

competitividade entre os produtos. E a tecnologia de ambiente classifica os espaços de

compra, ou seja, é o planejamento estratégico dos locais de venda de acordo com a

relação entre as classes dos produtos e suas margens de lucro, dando maior ênfase

aos de maior rendimento (LIFSCHITZ, 1995).

Por outro lado, a tecnologia possui outras aplicações no setor de alimentos,

visando o incremento de substâncias aos produtos in natura. Para regulamentar tais

ações foi criado o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), que destacou as

inovações na área de ingredientes e aditivos como os aromas, corantes, amidos

Page 29: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 29 -

modificados, enzimas e moléculas, que formam os alimentos transgênicos, os pré-

prontos e os mais atuais, chamados de alimentos funcionais. Os aditivos são definidos

como "substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos com o objetivo de

conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudiquem seu

valor nutritivo", sendo assim tornaram-se parte da vida moderna, principalmente pelo

fato de manterem a qualidade e aumentarem o “tempo de prateleira” dos alimentos

vendidos em supermercados. Porém, o uso indiscriminado desses produtos está

associado ao surgimento de doenças como câncer, alergias e outras enfermidades

(GOUVEIA, 2006).

Com a transição dos hábitos de vida, o comércio necessitou criar novas formas

de venda que atendessem a sociedade moderna. Logo, a marca da comida

denominada “rápida”, como os fast-foods e os self-services espalharam-se pelo mundo,

tornando-se elemento primordial da vida atual. Para atender as classes sociais menos

favorecidas, o “comércio de rua” também se adequou ao quadro falta de tempo dos

indivíduos, trazendo os hot-dogs e hambúrgueres, ricos em conservantes e gorduras,

mas que são formas rápidas e práticas de “matar a fome” (ORTIGOZA, 2006).

Outra questão pouco discutida é o rompimento dos costumes que

acompanhavam o ato alimentar. A vida nos grandes centros fez com que os indivíduos

parassem de se importar com que tipo de comida se come, com que utensílio se come

e como se come. Logo, talvez esta seja uma das razões pelas quais procura-se um

contentamento onde não a se pode encontrar, ou seja, na quantidade de comida

ingerida (BLEIL, 1998).

A escolha dos alimentos evolve diversos fatores, por englobar os padrões

culturais, trazer convivência e conter traços específicos como o gosto. Para que seja

possível criar uma alimentação saudável necessita-se respeitar as significações

culturais do alimento, levando em consideração o modo de vida, a regionalidade e o

prazer que o alimento traz (ORTIGOZA, 2006).

Porém, a cultura alimentar também sofre influência de outros canais, onde

atualmente os mais significativos são os supermercados. Nestes há a possibilidade de

adquirir grande variedade de alimentos, fazendo com que o consumidor se deslumbre

principalmente com as novidades das indústrias alimentícias e com os preços atrativos

Page 30: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 30 -

(devido à competição entre as empresas), não dando importância aos aspectos

relacionados ao valor nutricional do alimento e nem aos hábitos tradicionais e culturais

de cada país ou região (OLIVEIRA, 1997; ALMEIDA et al, 2002; GARCIA, 2003).

Deste modo, percebe-se que a transformação dos hábitos alimentares sofre

influência de diversos fatores, como o tempo, a inserção da mulher no mercado de

trabalho, as condições econômicas, demográficas e sociais, fazendo com que haja o

aumento no consumo de gorduras saturadas, açúcares, refrigerantes e produtos

industrializados. Tendo como consequência desses fatos a prevalência de sobrepeso e

obesidade e, consequentemente, de suas comorbidades, principalmente diabetes,

hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e cânceres (ESCODA, 2002; BATISTA

FILHO; RISSIN, 2003; KAC; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, 2003; SARTORELLI; FRANCO,

2003; ORTIGOZA, 2006).

4.4 Medidas para promover a melhoria dos hábitos alimentares

Atualmente, as doenças que prevalecem entre os brasileiros deixaram de ser

agudas e passaram a ser crônicas. Ao mesmo tempo em que houve a redução no

quadro de desnutrição e carência de micronutrientes, os casos de sobrepeso e

obesidade aumentaram expressivamente, acometendo um a cada dois adultos e uma a

cada três crianças, observando-se que as comorbidades associadas a esses casos são

as maiores causas de morte em adultos no Brasil (BRASIL, 2014).

A obesidade é caracterizada como o acúmulo excessivo de gordura corporal,

sendo uma doença multifatorial, que sofre influência dos aspectos genéticos e

ambientais, acarretando, na maioria dos casos, no surgimento de doenças respiratórias,

dermatológicas e locomotoras, além das enfermidades como dislipidemias, doenças

cardiovasculares e diabetes tipo 2 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1998;

PINHEIRO, et al., 2004).

Para promover a melhoria deste quadro, o Sistema Único de Saúde (SUS),

através do compromisso previsto na Política Nacional de Alimentação e Nutrição,

fundamenta-se em ações multidisciplinares que objetivem a criação de um ambiente

favorável para inserção de hábitos saudáveis e alimentação adequada para todos os

indivíduos (BRASIL, 2014).

Page 31: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 31 -

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) (2012), tem como uma de

suas diretrizes a Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) que tem o

objetivo de melhorar a qualidade de vida da população, com ações coletivas, em

diversos âmbitos da sociedade (físico, político, social, cultural e econômico), de forma

que possa contribuir para a redução do sobrepeso e obesidade. Para alcançar essa

meta utiliza-se da educação alimentar e nutricional, com melhoria e fiscalização das

formas de venda dos alimentos, desde a propaganda e rotulagem, até as “comidas de

rua”.

4.4.1 Recomendações alimentares para a população brasileira

Como forma de ratificar as medidas previstas na PNAN, o Guia Alimentar (2014)

indica quais devem ser os alimentos priorizados ou menos consumidos nas refeições

diárias, visando compor uma alimentação balanceada, adequada a cultura e saborosa.

Primeiramente indica-se como base da alimentação os alimentos in natura, ou seja,

aqueles que são obtidos diretamente da natureza sem que tenham sofrido nenhum tipo

de processamento, como as frutas, legumes, verduras, tubérculos e ovos. Os alimentos

minimamente processados também entram nessa classificação, visto que, hoje em dia,

alimentos base da alimentação brasileira, como arroz e feijão sofrem processo de

secagem e embalagem, não sendo mais classificados como in natura.

O grupo das proteínas (carne, peixe e frango) possui a recomendação de ser

consumido todos os dias, variando entre as fontes, porém em menores quantidades do

que os legumes e verduras, devido ao fato de que possuem maiores quantidades de

gorduras saturadas e tem maior valor calórico, além de contribuírem como menos fibras

na dieta, o que desfavorece a melhoria do quadro de sobrepeso e obesidade (GUIA

ALIMENTAR, 2014).

Os óleos, gorduras, sal e açúcar são ingredientes que fazem parte da culinária

brasileira. Sendo assim, esses podem ser utilizados de forma moderada contanto que

estejam associados aos alimentos in natura ou minimamente processados para agregar

qualidade nutricional. Esses alimentos, quando usados de maneira indiscriminada

contribuem para o aumento de peso, obesidade e surgimento de doenças

cardiovasculares (GUIA ALIMENTAR, 2014).

Page 32: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 32 -

Os alimentos processados são aqueles in natura que sofrem adição de um

componente (sal, açúcar, óleos, vinagre) ou que passaram por algum método ou

técnica de conservação (cura, defumação, salga, cozimento, secagem, fermentação)

com objetivo de aumentar a duração e torná-los mais agradáveis ao paladar. Estas

alterações podem promover alterações no valor nutricional e calórico. Logo, esse grupo

deve ser consumido em poucas quantidades, de preferência associados à alimentos in

natura e não substituírem refeições, para que se possa prevenir o surgimento de

doenças do coração, diabetes, hipertensão, sobrepeso e obesidade (GUIA

ALIMENTAR, 2014).

Alimentos ultraprocessados dificilmente contêm alimentos in natura na sua

composição. Esses são fabricados industrialmente, com adição de sal, açúcar, óleos e

gorduras, além de ingredientes que apenas as fabricas possuem, como a gordura

vegetal hidrogenada, xarope de frutose, isolados proteicos, realçadores de sabor, entre

outros. Além disso, o consumo desses alimentos causa impactos por suas formas de

produção, distribuição e consumo, afetando o meio ambiente e a saúde da população.

Com as mudanças nos hábitos de vida, os alimentos ultraprocessados tornaram-se

mais comuns na alimentação brasileira, porém deve-se equilibrar as quantidades, tendo

em vista que o consumo de alimentos in natura, minimente processados e culturalmente

adequados devem ser priorizados, objetivando melhor qualidade nutricional e

prevenindo o surgimento de doenças que podem ser causadas pelo consumo excessivo

destes, como o câncer (GUIA ALIMENTAR, 2014).

4.4.2 Quadro atual e medidas preventivas

O Brasil sofreu diversas alterações relacionadas à urbanização, modernização e

processos de industrialização que repercutiram nos hábitos de vida. Com isso, a

obesidade vem crescendo em todos os grupos étnicos-sociais e em todas as faixas

etárias. Destaca-se o público infanto-juvenil, que sofreu grande influência das

transformações alimentares refletindo no grande crescimento dos quadros de

sobrepeso e obesidade. Como medida de prevenção, ações de reeducação alimentar,

incentivo à prática de atividade física e iniciativas de promoção da saúde podem ser

implementadas nas escolas (SCHMITZ et al., 2008).

Page 33: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 33 -

De acordo com o artigo 1º do decreto número 3.606 (2015), estabelece-se a

prevenção da obesidade infantil através da promoção da alimentação adequada nas

escolas de educação básica das redes públicas e privadas do País. No artigo segundo,

tem-se a inclusão da educação nutricional e alimentar no currículo escolar. O Ministério

da Saúde (2007) criou a Regulamentação da Comercialização de Alimentos em Escolas

do Brasil, que de acordo com cada Estado determina os alimentos proibidos e

permitidos de serem comercializados nas cantinas escolares. Porém, devido à falta de

fiscalização regular, e a dificuldade da implementação de mudanças de hábitos

alimentares, poucas são as cantinas escolares que cumprem as normativas nacionais

(AMORIM et al., 2012).

Segundo a VIGITEL, a obesidade avança anualmente 1% em adultos, o que

pode agravar os casos de diabetes e hipertensão, doenças crônicas, que são as

maiores causas de morte em adultos no Brasil. As justificativas deste quadro são o

consumo alimentar inadequado e o sedentarismo, advindos dos hábitos de vida atual

(BRASIL, 2012).

Observa-se que o excesso de peso e obesidade estão crescendo rapidamente

entre todas as idades e classes econômicas. Deste modo, o governo necessitou

implementar ações para controlar esse avanço, visto que, em cerca de vinte anos, de

acordo com os estudos populacionais, 70% dos brasileiros poriam estar com excesso

de peso (BRASIL, 2012).

Neste contexto, o Governo Federal associou-se em 2004 à inciativa da

Organização Mundial de Saúde (OMS), denominada “Estratégia Global de Alimentação,

Atividade Física e Saúde” (EG) que tem como objetivo promover e proteger a saúde,

reduzindo as taxas de doenças e mortes relacionadas a alimentação e a inatividade

física. Esta enfatiza a importância de não apenas informar, mas também de tornar o

ambiente social favorável para prática de atividade física e alimentação adequada

(BRASIL, 2005).

Deste modo, a EG recomenda prática mínima de 30 minutos de atividade física

moderada na maior parte da semana e como indicação nutricional tem-se: buscar o

balanço energético e o peso saudável, limitar o consumo de gorduras saturadas e tentar

eliminar o de gorduras trans, aumentar o consumo de frutas, legumes, cerais integrais e

Page 34: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 34 -

sementes, limitar a ingestão de açúcar livre e de sal e atentar-se para as propagandas

de alimentos, principalmente as direcionadas ao público infantil (BRASIL, 2005).

Entre essas recomendações, tem-se priorizado o incentivo ao aumento do

consumo de frutas, legumes e verduras em âmbito internacional e nacional. Isto porque

esse grupo de alimentos contribui para redução do consumo de gorduras e açúcares,

fornece vitaminas, minerais e fibras, ajudando no controle do sobrepeso e obesidade e

consequentemente reduzindo o risco do surgimento de doenças crônicas não

transmissíveis. Logo, foi criado o Programa “5 ao dia” (figura 2) para incentivar o

aumento da ingestão deste grupo nas refeições diárias (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA

SAÚDE, 2003; BRASIL, 2005).

Figura 2: Símbolo do Programa “5 ao dia”

Fonte: ADAPTADA; BRASIL, 2005.

Além disso, o Ministério da Saúde lançou no Guia Alimentar para a População

Brasileira (2014), os dez passos para se obter uma alimentação adequada e saudável,

sendo eles:

1. Fazer dos alimentos in natura a base da alimentação;

2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades;

3. Limitar o consumo de produtos alimentícios processados;

4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;

5. Comer com atenção ao alimento, em local apropriado e preferencialmente

com companhia;

Page 35: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 35 -

6. Fazer compras em locais que ofereçam maior quantidade de alimentos in

natura ou minimente processados;

7. Exercitar práticas culinárias saudáveis;

8. Planejar as refeições da semana;

9. Quando comer fora de casa, escolher preferencialmente restaurantes que

façam a comida na hora;

10. Avaliar criticamente as propagandas relacionas aos alimentos.

Percebe-se assim que há maior atenção ao desenvolvimento de guias e políticas

brasileiras que incentivem a alimentação saudável e a prática de atividade física, devido

ao fato de que a população se mostra mais interessada pelo assunto, sendo assim uma

forma facilitadora de prevenir o ganho de peso e o surgimento de doenças que

sequenciam este fato, como o diabetes, a hipertensão, as doenças cardiovasculares e o

câncer. Deste modo precisa-se estabelecer metas realísticas em relação ao consumo

de alimentos saudáveis e atividade física, considerando os hábitos regionais e culturais,

dando menos ênfase as proibições (SICHIERI et al., 2000).

Page 36: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 36 -

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os alimentos industrializados estão presentes na vida atual dos indivíduos,

independente da faixa etária ou da classe social. Sendo assim, o consumo destes

influencia na modificação do padrão alimentar, onde os hábitos culturais, religiosos e

socioeconômicos estão passando pela transição nutricional. As alterações dos hábitos

alimentares dos brasileiros influenciaram na mudança do perfil epidemiológico, marcado

pela diminuição da desnutrição e aumento de sobrepeso e obesidade.

Observou-se que os alimentos minimamente processados, processados ou

ultraprocessados estão sendo consumidos cada vez mais, devido ao aumento da oferta,

redução de preço, facilidade de preparo e consumo, fatores que correspondem a

demanda do padrão de vida atual. Logo, torna-se necessário que a educação

nutricional esteja presente nas escolas, locais públicos e meios de comunicação para

que se possa mostrar aos indivíduos que os alimentos podem ser utilizados de maneira

equilibrada. Visto que, o consumo demasiado de alimentos processados, que contém

grandes quantidades de sal, açúcar, conservantes e gorduras, afetam a saúde, e

contribuem para o aumento de peso, obesidade e o surgimento de doenças como o

diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e até mesmo o câncer.

Diante deste quadro, onde a tecnologia, urbanização e industrialização crescem

cada dia mais, e os alimentos industrializados não deixarão de fazer parte dos hábitos

alimentares, o Governo Brasileiro desenvolveu ações, como o Guia alimentar, para

conscientizar a população sobre a importância de se manter uma alimentação saudável,

destacando quais grupos de alimentos preferir ou evitar, além de enfatizar a

necessidade de programar as refeições, para que não haja necessidade de consumir

alimentos pré-prontos. Outra ação, a Estratégia Global de Alimentação, Atividade Física

e Saúde destaca ainda a importância do aumento do consumo de frutas, verduras e

legumes, que previnem o surgimento das doenças crônicas não transmissíveis citadas

anteriormente e ainda incentivam à prática de atividade física, fator que promove saúde

e bem-estar.

Page 37: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 37 -

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIA. O mercado brasileiro de alimentos industrializados. 1994, 65p.

ABREU, E. S. et al. Alimentação mundial: uma reflexão sobre a história. Saúde e

Sociedade, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 3-14, 2001.

ALMEIDA, S. S.; NASCIMENTO, P. C. B. D.; QUAIOTI, T. C. B. Quantidade e qualidade

de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira. Rev. Saúde Pública, Rio

Grande do Sul, vol.36, n.3, p. 45-62, 2002.

AMORIM, N. F. A. et al. Implantação da cantina escolar saudável em escolas do Distrito

Federal, Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, v. 25, n. 2, p. 203-217, 2012.

BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais

e temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p.181-191, 2003.

BIRCH, L. L. Desenvolvimento das preferências alimentares. Revista de Nutrição,

Nova Iorque, v.19, n. 4, p. 41-62, 1999.

BLEIL, S. I. O Padrão Alimentar Ocidental: considerações sobre a mudança de hábitos

no Brasil. Revista Cadernos de Debate, Campinas, v.6, n.1, p. 1-25, 1998.

BRASIL. Decreto nº. 3.606, de 20 de março de 2015. Disciplina a prevenção da

obesidade infantil e a promoção da alimentação adequada nas escolas de educação

básica das redes públicas e privadas do País.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2º ed., Brasília:

Ministério da Saúde, 2014.

Page 38: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 38 -

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 1ª ed., Brasília:

Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Cartilha de Promoção do Consumo de Frutas, Legumes e

Verduras: O Programa “5 ao dia”. 1ª ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

CARMO, R. B. A. A Questão Agrária e o Perfil da Agricultura Brasileira. Maio, 1999.

Disponível em: <http://www.cria.org.br/gip/gipaf/itens/pub/sober>. Acesso em: 13 de

setembro de 2017.

COUTINHO, J. G. et al. A desnutrição e obesidade no Brasil: o enfrentamento com base

na agenda única da nutrição. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 332-

340, 2008.

CYRILLO, D. C.; SAES, M. S. M.; BRAGA, M. B. Tendências do Consumo de Alimentos

e o Plano Real: Uma Avaliação para a Grande São Paulo. Planejamento e Políticas

Públicas, São Paulo, v. 4, n. 16, p. 22-44, 1997.

DREWNOWSKI, A.; POPKIN, B. M. The nutrition transition: new trends in the global

diet. Nutr. Rev., Florida, v. 55, n. 2, p. 31-43, 1997.

ESCODA, M. S. Q. Para a crítica da transição nutricional. Ciência e Saúde Coletiva,

São Paulo, v. 7, n. 2, p. 219-226, 2002.

FIGUEROA, D. Padrões Alimentares: da teoria à prática – o caso do Brasil. Revista de

Humanidades, Rio Grande do Norte, v. 4, n. 9, p. 1-11, 2004.

FISCHLER, C. Comida, auto e identidade. SAGE, Londres, v. 27, n. 2, p. 92-275, 1988.

Page 39: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 39 -

FLANDRIN, J. L.; MONTANARI, M. A história da alimentação, 1ed, São Paulo:

Estação Liberdade, 1996. 499p.

FRANÇA, F. C. O. et al. Mudanças dos hábitos alimentares provocados pela

industrialização e o impacto sobre a saúde do brasileiro. In: I SEMINÁRIO

ALIMENTAÇÃO E CULTURA NA BAHIA,1, 2012, Bahia. Anais. Bahia: UEFS, 2012. p.

1-5.

GALEF, B. G. Estudos em aprendizagem social em ratos da Noruega: uma breve

revisão. Developmental Psychobiology, California, v.15, n.4, p.279-295, 1982.

GALEF, B. G.; HANDERSON, P. W. (1972). Leite materno: como determinante das

preferências de alimentação dos filhotes de rato no desmame. Comparative and

Physiological Psychology, California, v.78, n. 2, p.213-219, 1972.

GARCIA, R. W. D. Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre

as mudanças na alimentação urbana. Revista de Nutrição, Campinas, v.16, n.4, p.483-

492, 2003.

GAZETA MERCANTIL. Caderno Finanças e Mercados, 1996.

GONÇALVES, J. S.; SOUZA, S. A. M. Agricultura familiar: limites do conceito e

evolução do crédito. Políticas Públicas. São Paulo, v. 3, n. 6, p. 44-32, 1997.

GOUVEIA, F. Indústria de alimentos: no caminho da inovação e de novos

produtos. Inovação Uniemp, Campinas, v. 2, n. 5, p. 32-37, 2006.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Orçamento

Familiar. Maio, 2004. Disponível

em:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/19052004pof2002html.shtm>

Acesso em: 24 de Agosto de 2017.

Page 40: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 40 -

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Expectativa de vida do

Brasileiro. Dez, 2015. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-

justica/2015/11/expectativa-de-vida-do-brasileiro-sobe-para-75-2-anos >. Acesso em:

10 de Setembro de 2017.

KAC, G.; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, G. A transição nutricional e a epidemiologia da

obesidade na América Latina. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 4-15,

2003.

LIFSCHITZ, J. O alimento-signo nos novos padrões alimentares. Revista Brasileira de

Ciências Sociais, São Paulo, v. 10, n. 27, p. 10-27, 1995.

LIMA, B. M. F. O setor de alimentos e a política industrial. Conjuntura Econômica, São

Paulo, v. 33, n. 11, p.48-58, 1979.

LUTZENBERGER, J. A. O absurdo da agricultura. Estudos Avançados. São Paulo, v.

15, n. 43, p. 61-74, 2001.

MARATOYA, E. E. et al. Mudanças no padrão de consumo alimentar no Brasil e no

mundo. Revista de Política Agrícola, Brasília, v. 22, n. 1, p. 72-84, 2013.

MENDONÇA, C. P.; ANJOS, L. A. Aspectos das práticas alimentares e da atividade

física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Cad.

Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 698- 709, 2004.

MEZOMO, I. B. Os serviços de alimentação: planejamento e administração, 5ed,

São Paulo: Manole, 2002. 493p.

MONDINI, L.; MONTEIRO, C. A. Mudanças no padrão de alimentação da população

urbana brasileira (1962-1988). Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 28, n. 6, p.

433-439, 1994.

Page 41: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 41 -

MONTEIRO, C. A.; Epidemiologia da obesidade. Revista de Saúde Pública, v. 34, n.

3, p. 15- 30, 2001.

MONTEIRO, C. A.; MONDINI, L. Da desnutrição para a obesidade: A transição

nutricional no Brasil. In: MONTEIRO, C. A. Velhos e Novos Males da Saúde no

Brasil, 2ed, São Paulo: Hucitec, 2000. Cap. 4, p. 247-255.

MONTINARI, M.; LIMA, M. F. F. Comida como cultura. Ciências Sociais. Fortaleza, v.

40, n. 1, p. 107-111, 2009.

NEUMARK-SZTAINER, D. et al. Correlatos do consumo inadequado de frutas e

vegetais entre adolescentes. Prev. Med., Minessota, v. 25, n. 5, p. 497-505, 1996.

NÚÑEZ GONZÁLEZ, N. Algunas Concepciones Alimentarias de los Cubanos. Rev

Cubana de Alimentação e Nutrição, Cuba, v. 13, n. 1, p. 46-50, 1999.

OLIVEIRA, R. C. A transição nutricional no contexto da transição demográfica e

epidemiológica. Rev. Min. Saúde Pub. Brasília, v. 3, n. 5, p. 16-23, 2004.

OLIVEIRA, S. P.; THEBAUD-MONY, A. Estudo do consumo alimentar: em busca de

uma abordagem multidisciplinar. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 31, n. 2, p.

201-208, 1997.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA. Diet, nutrition and the prevention of

chronic diseases, Geneva, v. 7, n. 1, p. 113-160, 2003.

Organização Mundial de Saúde. Obesity: preventing and managing the global epidemic.

Report of a WHO consultation, Geneva, v. 3, n. 5, 1998.

Page 42: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 42 -

ORTIGOZA, S. A. G. Alimentação e saúde: as novas relações espaço-tempo e suas

implicações nos hábitos de consumo de alimentos. Raega - O Espaço Geográfico em

Análise, Curitiba, v. 15, n. 15, p. 83-93, 2006.

PEKKANIVEW, M. World food consuption patterns. In: RECHAIGL Jr., M. Man, food

and nutrition, 1ed, Ohio: CRC Press, 1975. p.16-33.

PINHEIRO, A. R. O. et al. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Revista de

Nutrição, Campinas, v. 17, n. 4, p. 523-533, 2004.

PINHEIRO, K. A. P. N. História da Alimentação. Universitas: Ciências da saúde,

Brasília, v.3, n.1, p.173-190, 2001.

POPKIN, B. M. An overview on the nutrition transition and its health implications: the

Bellagio meeting. Revista Pública de Nutrição e Saúde, v. 5, n. 1A, p. 93-103, 2002.

POPKIN, B. M. Global nutrition dynamics: the world is shifting rapidly toward a diet

linked with noncommunicable diseases. Revista Americana de Nutrição Clínica,

Rockville, v. 84, n. 2, p. 289-298, 2006.

POPKIN, B. M. Nutritional patterns and transitions. Revista de População e

Desenvolvimento, Nova Iorque, v. 19, n. 1, p. 138-157, 1993.

POPKIN, B. M. The nutrition transition and its health implications in lower-income

countries. Revista Pública de Nutrição e Saúde, Carolina do Norte, v. 1, n. 1, p. 5-21,

1998.

POPKIN, B. M. The nutrition transition: an overview of world patterns of

change. Revisão de Nutrição, Washington, v. 62, n. 7, p. 140-143, 2004.

Page 43: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 43 -

QUAIOTI, T. C. B.; ALMEIDA, S. S. Determinantes psicobiológicos do comportamento

alimentar: uma ênfase em fatores ambientais que contribuem para a

obesidade. Psicologia USP, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 193-211, 2006.

SANTOS, C. C. et al. A influência da televisão nos hábitos, costumes e comportamento

alimentar. Cogitare Enfermagem, Minas Gerais, v. 17, n. 1, p. 65-71, 2012.

SANTOS, S. L. Influência da propaganda nos hábitos alimentares: análise de conteúdo

de comerciais de alimentos da televisão. UFSCar, São Carlos, v. 4, n. 1, p. 150-163,

2007.

SARTORELLI, D. S.; FRANCO, L. J. Tendências do diabetes mellitus no Brasil: o papel

da transição nutricional. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 29-

36, 2003.

SATO, G. S. Perfil da indústria de alimentos no Brasil: 1990-97. Revista de

Administração de Empresas, São Paulo, v. 37, n. 3, p. 56-67, 1997.

SCHIMITZ, B. A. S. et al. A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma

proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de cantina

escolar. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 312-322, 2008.

SICHIERI, R. et al. Recomendações de alimentação e nutrição saudável para a

população brasileira. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São

Paulo, v. 44, n. 3, p. 227-232, 2000.

SILVA, J. M.; DE PAULA, N. M. Alterações no padrão de consumo de alimentos no

Brasil após o Plano Real. In: EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPR, XII,

2003, Paraná. Resumo. Paraná: UFPR, 2003. p. 1-14.

Page 44: CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL

- 44 -

SOCIEDADE CIVIL BEM-ESTAR FAMILIAR NO BRASIL - BEMFAM. Pesquisa

Nacional sobre Demografia e Saúde 1996. Rio de Janeiro,1997.

SOUZA, E. B. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores. Cadernos

UniFOA, Volta Redonda, v. 5, n. 13, p. 49-53, 2010.

SOUZA, M. D. C. A.; HARDT, P. P. Evolução dos hábitos alimentares no Brasil. Brasil

alimentos, São Paulo, v. 1, n.15, p. 32-39, 2002.

SULLIVAN, S. A.; BIRCH, L. L. Experiência dietética infantil e aceitação de alimentos

sólidos. Pediatrics, Londres, v.93, n.2, p.271-277, 1994.

VICECONTI, P. E. V. O Processo de Industrialização Brasileira. Revista de

Administração de Empresas, São Paulo, v. 17, n. 6, p. 1-32, 1977.