chachacha

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Atrevido, alegre e despreocupado, o Chá-Chá-Chá tanto pode ser dançado com a mãe ou a irmã, como com a amada. Não implicando uma intimidade tão grande como o Tango ou a Rumba, é também uma das danças mais fáceis de aprender. O Chá-Chá-Chá é uma dança que ajuda a controlar e a dominar o nervosismo que sentem todos os bailarinos em competição, é uma dança relaxante, por isso é a primeira dança das competições AO SOM DO CHA-CHA-CHA O cha-cha-cha é uma dança tradicional de Cuba que cedo se popularizou no resto do mundo. Os historiadores não hesitam em atribuir ao violinista Enrique Jorrín a paternidade desta derivação do mambo (ou rumba), que vai ele próprio cavar influências nos ritmos da música africana e dos negros haitianos que chegavam a Cuba. O cha-cha-cha não é mais do que a transcrição fonética do som arrastado que os dançarinos produzem, quando batem com os pés no chão ao ritmo de duas batidas rápidas, seguidas de uma mais longa. Nascida na década de 1950, esta forma de dança e de música pode ser descrita – como foi, em tempos, pelo pianista cubano Odilio Urfé – como um estilo vocal feito de uma melodia só e com fortes pinceladas do folclore madrileno. Chegado à Europa, o cha-cha- cha adquire características de baile, sendo mais enérgico e constante do que a versão latina, esta mais sensual e lenta. É consensual que a Orquestra Aragón, fundada em 1939 por Oscar Aragón Cantero e onde militou o violinista Rafael Lay Bravo, e a orquestra do influente flautista José Fajardo foram decisivas para a evolução e perpetuação do cha-cha-cha. Há também quem aponte o aparecimento da televisão e dos discos de 33 rotações como factor importante para a súbita popularidade do género a nível mundial. Ficaram célebres as composições ‘El Bodeguero’ de Richard Egües, ‘Cero Codazos, Cero Cabezazos’ de Rafael Lay e ‘Rico Vacilón’ de Rosendo Ruiz. Mas terá sido a charanga que primeiro apresentou o cha-cha-cha ao grande público. Para quem não sabe, a charanga é

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Atrevido, alegre e despreocupado, o Chá-Chá-Chá tanto pode ser dançado com a mãe ou a irmã, como com a amada. Não implicando uma intimidade tão grande como o Tango ou a Rumba, é também uma das danças mais fáceis de aprender. O Chá-Chá-Chá é uma dança que ajuda a controlar e a dominar o nervosismo que sentem todos os bailarinos em competição, é uma dança relaxante, por isso é a primeira dança das competições

AO SOM DO CHA-CHA-CHA

O cha-cha-cha é uma dança tradicional de Cuba que cedo se popularizou no resto do mundo. Os historiadores não hesitam em atribuir ao violinista Enrique Jorrín a paternidade desta derivação do mambo (ou rumba), que vai ele próprio cavar influências nos ritmos da música africana e dos negros haitianos que chegavam a Cuba.

O cha-cha-cha não é mais do que a transcrição fonética do som arrastado que os dançarinos produzem, quando batem com os pés no chão ao ritmo de duas batidas rápidas, seguidas de uma mais longa.

Nascida na década de 1950, esta forma de dança e de música pode ser descrita – como foi, em tempos, pelo pianista cubano Odilio Urfé – como um estilo vocal feito de uma melodia só e com fortes pinceladas do folclore madrileno. Chegado à Europa, o cha-cha-cha adquire características de baile, sendo mais enérgico e constante do que a versão latina, esta mais sensual e lenta.

É consensual que a Orquestra Aragón, fundada em 1939 por Oscar Aragón Cantero e onde militou o violinista Rafael Lay Bravo, e a orquestra do influente flautista José Fajardo foram decisivas para a evolução e perpetuação do cha-cha-cha. Há também quem aponte o aparecimento da televisão e dos discos de 33 rotações como factor importante para a súbita popularidade do género a nível mundial.

Ficaram célebres as composições ‘El Bodeguero’ de Richard Egües, ‘Cero Codazos, Cero Cabezazos’ de Rafael Lay e ‘Rico Vacilón’ de Rosendo Ruiz. Mas terá sido a charanga que primeiro apresentou o cha-cha-cha ao grande público. Para quem não sabe, a charanga é um formato tradicional de banda cubana, em que alinham uma flauta, um piano, um baixo, cordas e percussão.

Chá-Chá-Chá é uma dança relativamente fácil de aprender devido aos seus passos precisos e muito marcados pelo ritmo da música. Composta por três passos rápidos (o “chassé”) e dois mais lentos, foi o “chassé” o responsável pelo nome desta dança. Ao executarem o “chassé”, o som emitido pelos pés dos dançarinos pareciam gritar “Chá-Chá-Chá” e assim ficou – uma curiosa onomatopeia que acabou por baptizar, oficialmente, uma das danças mais populares de sempre. É também por isso que muitas vezes, em vez de se contar o tempo “1, 2, 3” diz-se simplesmente “Chá-Chá-Chá” ou então para marcar a sequência dos 6 passos se ouve “1, 2, 3, Chá-Chá-Chá”.

Um, dois, três, chá-chá-chá

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Mais descontraída e menos sensual que o Tango ou o Rumba, o Chá-Chá-Chá ganha em movimento, dinamismo e até num pouco de atrevimento. A posição inicial não requer o contacto dos corpos (cerca de 15 cm de distância entre o par) que devem manter-se o mais relaxado possível. Os bailarinos dão as mãos ao nível do queixo; enquanto a mão direita do homem pousa na região abaixo do ombro esquerdo da mulher, esta apoia o seu braço esquerdo sobre o braço direito do homem. Ambos os bailarinos mantêm os pés juntos, colocando a maioria do peso sobre o pé esquerdo (no caso do homem) e o pé direito (no caso da mulher). Estão agora prontos para Chá-Chá-Chá! Embora existam muitas variações das cerca de vinte figuras básicas que resumem esta dança, as primeiras quatro são as mais importantes de dominar numa fase inicial: Passo Básico, Passo Básico com Leque, Passo Básico terminado em Posição de Contra-Promenade Aberta e Posição de Contra-Promenade Aberta terminada por uma volta conjunta completa. O trabalho de pés no Chá-Chá-Chá é fenomenal e deve-se, em grande parte, à constante transferência de peso entre pernas. Quase todas as posições exigem que a planta do pé se mantenha em contacto com o chão, seguindo-se o calcanhar, mas apenas quando se der a transferência de peso de uma perna para a outra. No entanto, alguns passos requerem que o calcanhar se mantenha levantado do chão. Quando o peso de um pé é aliviado deve-se levantar o calcanhar, mas mantendo sempre os dedos em contacto com o chão. Uma dança social por excelência, o Chá-Chá-Chá faz furor em qualquer festa.

Existem três tipos de Chá-Chá-Chá: o cubano e a dança original, é marcada por um ritmo mais lento e sensual, mas por vezes complexo; o Internacional, que integra as competições de danças de salão, sendo mais energético e contínuo; e ainda o Country/Western ou o Latin Street que, adoptando ritmos mais rápidos e soltos, é também mais inovador.

Música maestro

A própria música Chá-Chá-Chá – normalmente latina, latina-rock ou pop-latina – ganhou vida própria ao servir de inspiração para muitas estrelas musicais do passado e presente, ecoando hoje nos tops da música latino-americana onde constam nomes como Ricky Martin, Marc Anthony e Carlos Santana. Extremamente contagiante e bem-disposta, o ritmo de forte percussão que domina o Chá-Chá-Chá é um convite para saltar para a pista, onde se ouvem instrumentos como timbales, bongos, congas e o badalo. Música maestro… toca a Chá-Chá-Chá.

Hoje, o cha-cha-cha é uma das mais populares disciplinas em qualquer escola de dança, ao lado do tango por exemplo, que também foi fortemente influenciado pela rumba. Na sua versão mais latina, ele é associado à transpiração de corpos e a um refinado jogo de sedução. E é comum ouvir-se formas actualizadas destas linguagens de dança, através da incorporação de elementos da electrónica e do chillout, como é o caso do electrotango.