chama
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Título: Chama Autor: Frederico Eymard Ano:2011TRANSCRIPT
Chama por Frederico Eymard
CHAMA
porque a flor se chama chama
o homem vem
e vai
e como ela
nunca nada se esvai
Chama por Frederico Eymard
ARQUELOARTE
cavar palavras
arqueloarte
amor de candura
cândida paz da arte
olor arte
escavoarte
dolçura
Chama por Frederico Eymard
OITO MILHÕES DE CRISÂNTEMOS
Madeleine (para minha pousada na Terra)
Eu te trouxe do trigo
Que vieram com as aves do céu
Madeleine partirei
Mas você lembrará meus passos
Madeleine
Vales mais que oito milhões de cruzeiros
(preço pelo qual meu pai comprou essa casa)
Vales o céu inteiro
O amor dos irmãos é maior que tudo
O céu depende disto
Crisântemos
Chama por Frederico Eymard
RUMO BANDEIRANTES
Minha vida é abrir caminhos carinhos
Quero arte não desastres
Sou um pouco sozinho
Impulsos entradas estradas e bandeiras
Liberdade para a arte
A arte da liberdade
Vamos abrir estradas camaradas
Artistas contentes
Bandeirante multicor
A maior lei é a do amor
Chama por Frederico Eymard
O LOBO DA ESTEPE
O lobo da estepe
Retirou-se para o deserto
Fala pouco olha o sol
Espera a festa acabar
Para salgar o mar
E desintegrar pedras
Chama por Frederico Eymard
NOTURNO 1
Por João Evangelista
Este é o noturno de Frederico Eymard
Em seu alpendre lunar
Sua Vênus eleita
De certa feita um lustre e um gesso na copa
Decerto feito pó de lua cheia
Em suas janelas de madeira
Prestes a seu planeta nave mãe
De gametas poéticos e cometas letárgicos
Este seu zigoto zodiacal banheira 1956
Um rabisco em forma crua
A brutalidade de seus degraus irregulares
Pequenas plantas desavisadas
Na fissura ébria de suas escadas
(continua...)
Chama por Frederico Eymard
NOTURNO 2
Por João Evangelista
(continuação)
A árvore entortada de rua de seu pouso pleno
É bom que seja em uma lombada
E que tenha sua varanda de suposições
A mais adequada para ejacular cachoeiras
Para doutrinar seus próprios rios
Seu observatório de signos
Sua letra de caos lisérgico
Entre pão e analgésico
A prova cabal
O exame balístico
Frederico Eymard
O místico da matéria em processo noite
Chama por Frederico Eymard
ALVORADA 1
O céu é azul puro linho e cetim
Janelas abrem as mãos e voo para o espaço
Devasso Madeleine até o compasso dos
pássaros
O cabelo do morro tem olhinhos
de vaga-lumes dormindo
As relações públicas do sol tornam praia o
outro céu
Sento no sofá da Casablanca
O sol pousa na janela da copa
Nuvens atrasam a cópula astral
Molto vivace passarada anucia dia de
alegria
É domingo linda Vênus está na minha mão
O alvo é alvorada espiritual
Sinfonia púrpura aural
Chama por Frederico Eymard
ALVORADA II
(continuação)
É domingo linda vênus está em minha mão
Buganvílias no mato mineiro matreiro
Meu olho trigueiro
Minha família viaja para longe de Medeleine
Meu porto seguro é o prato com sorrisos e
abraços
As nuvens liláceas fazem as pazes com meus
olhares
O avião começa a ópera no céu
O armário estala no quarto
Pareço estar num zoológico de pássaros
Esta é Minas Gerais na aurora do terceiro
milênio
Chama por Frederico Eymard
ALVORADA III
(continuação)
A autora de fogo em dueto com as aves que
solam desvairadas
De tanta beleza todos ficam entre as
estrelas e as escadas
O ouro do céu promete luz nos novelos
carneirinhos
Esta é a alvorada de Frederico Eymard
É o último domingo de janeiro
Em 2011 é poesia o ano inteiro
Chama por Frederico Eymard
ACHADOS NA NOITE
Poesia lava a cidade
É cedo para amanhecer
O poste deu mangas e cerejas
A mão abraçou a rua
achados na noite
O comboio carrega
Palitos soviéticos
Sorvetes dietéticos
Nos mastros e bananeiras
Chama por Frederico Eymard
CHAMAS AMÉM
A noite é uma avenida de poemas
Hortifrúti lilás
Gás sorrigênico
Ritmo bandeirante
Navegante no mar divino
Na conferência dos signos
Os magos magnetizo
Endereço bilhetes à parreira de uvas
O cacho ornamenta
Os cabelos da amada
Cinge-lhes os rins minha flauta
Encantada
Bocejo atravesso a garganta da noite
Sigo esteiras de estrelas
A nave lança chamas:
“chamas amém!”
Chama por Frederico Eymard
MUTANTE COLIBRI
Amigas, formigas amigas
Como é ser difícil ser fraterno!?
Não levo nada pro túmulo
Não levo nada do túmulo
Destino colibri
Mutante
Salvo os salvos-condutos
Sorriso alfazema
O colibri sorri para qualquer problema
Chama por Frederico Eymard
ESPERANDO OS SONHOS
Salvo sob o alvo
Tenho o salvo-conduto
Sorriso alfazema
Paz
A vida vai em frações de segundos
E minutos
Me assento no ônibus
Frações de passageiros
Desço no asfalto
Esclareço o viaduto
Filtro de estrelas
É meu cobertor
No céu mensageiro
De delícias de apagado servidor da lua
Chama por Frederico Eymard
FOGUEIRA E POENTE NA POENTE
A fogueira nasce e medra na terra oriental
O coro de pássaros inaugura doce ventura
Contentes ao raiar dessa aurora
Esse toque do acordar do sol...
Brisa calor
Divinas cores no céu
Amor
Crianças paz
Doce salutar energia
Renasço a cada manhã
Plácido pulsar do coração
O sol está meio-dia
Meio alegre meio triste
Raiz no espírito feliz
Grão de mostarda
O sol se põe na poente do horizonte
Chama por Frederico Eymard
CURTO-CIRCUITO DA ROSA
Moneytários dignatários coronéis
Corcéis nas praias de cascavéis
Cavo túnel que se abre para a estrela
Dólar partido em facas de chuvas
A lua pisa na montanha deságua a lava
Serpentinas torrentes de pensamentos
A lua saiu do bueiro acendeu os lustres
Dentes de sangue bóiam sobre o fogo nos
dedos
Praia de prata e molho de colibri
O hospital dos cartéis impermeabilizam
lágrimas cinzas
Moro sozinho na metrópole caótica
Morro se cortarem a luz em papeizinhos
Chama por Frederico Eymard
FILTRO DE ESTRELAS
Filtro de estrelas
Filtro de sorrisos
Filtro de espelhos
Cestas embalam poemas luz
Passo no paço estelar
Colibris declamam em chamas
Flotilha de risos
A rosa caiu na alma
Não houve nem arranhão
Amanheço mais cedo
A lua nasce na palma da minha mão
Chama por Frederico Eymard
KI-MUNDO EXTRAÑO!
Sou o pó da estrada
Buscando o descanso
Na pétala adormecida
Sei que devo viver
Mais que a estrada
Meus guias me indicam
A flor nascida na selva
É ali que moro
Só desde que vim ao mundo
Sintonia tão fina
Quais filetes de luz
É defeito tentar ser artista
Num mundo fralda descartável?
Kimundo extraño
Entre o computador
Pág. e canal 19
Não o canal 12
Chama por Frederico Eymard
COBERTOR DE ESTRELAS
À noite dormindo na esplanada
Esplanada dos castelos
A brisa folheia as páginas
Em Madeleine
As palavras não ditas
São as mais bonitas
Cobertos de estrelas
Praia-cama
Epicentro cardial
Faíscas nas chaves do portão
Que adentra Madeleine
Chama por Frederico Eymard
INVISTA!
Diante do monte
Do Pico do Itacolomi
Todos os dias
É belo
Belo Horizonte
Um gigante
Cento e treze anos
Meu anjo
Lirista
Em vista
O coletivo Minas
Metódica
Melodia
Invista!
Chama por Frederico Eymard
Este livro dedico a
Helena, Bárbara e Fred
e a Gustavo Azevedo dos Santos
e Dulce Goular, meus grandes amigos
e também a João Evangelista de
Carvalho, grande pessoa e grande
artista, outro excelente amigo.
Chama por Frederico Eymard
Sobre o autor:
Frederico Eymard Ewald Rezende é natural e residente de
Belo Horizonte, atua na área cultural e é uma pessoa
bastante comunicativa. Apresenta grande pluraridade
artística, realiza desde composições a pinturas. É
dramaturgo e escritor nato. No que diz respeito a produção
audiovisual Frederico já participou de programa na Rede
Jovem de Cidadania, exibido na Rede Minas. Eymard posta
alguns de seus trabalhos no blog:
http://fredericoeymard.blogspot.com/