cine challo news_edição10.pdf

13
2015 | 1 Cine Challo News INFORMAÇÃO MENSAL SOBRE A ÍNDIA E O SEU CINEMA • Nº 10 • FEVEREIRO DE 2015 De Bollywood - pg.2 | Correio do Leitor - pg.3 | Museu do Cinema Indiano inaugurou há um ano - pg.8 | “The Lunch Box” o filme que redescobriu o melodrama indiano - pg.9 | Holi deixa cidades da Índia coloridas - pg.10 | Gastronomia - pg.11 | Lançamentos - pg.12 | EM MARÇO, MÊS DA MULHER Homenagem às corajosas vítimas de ataques com ácido e a emancipação feminina na Índia - pgs.4-7 Nesta Edição:

Upload: challochallo

Post on 19-Nov-2015

118 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 2015 | 1 Cine Challo News

    INFORMAO MENSAL SOBRE A NDIA E O SEU CINEMA N 10 FEVEREIRO DE 2015

    De Bollywood - pg.2 | Correio do Leitor - pg.3 | Museu do Cinema Indiano inaugurou h um ano - pg.8 |The Lunch Box o filme que redescobriu o melodrama indiano - pg.9 | Holi deixa cidades da ndia coloridas - pg.10 | Gastronomia - pg.11 | Lanamentos - pg.12 |

    EM MARO, MS DA MULHER

    Homenagem s corajosas vtimas de ataques com cido e a emancipao feminina na ndia - pgs.4-7

    Nesta Edio:

  • 2 | 2015 Cine Challo News

    DE BOLLYWOOD...FAN O NOVO FILME DE SRK

    Adiado de 14 de Agosto para 23 de Setembro

    Fan, o prximo filme de Bollywood protagonizado por Shah Rukh Khan que anteriormente tinha a sua estreia programada 14 de Agosto, dever agora chegar s telas por altura do Bakri Eid (23 de Setembro). Numa nota de imprensa publicada recentemente afirma-se que o filme foi adiado por causa da pesada ps-produo envolvida. Segundo se pode ler na referida nota O filme tem ainda cerca de 10 dias de filmagem at ficar concludo e antes de Shah Rukh passar para seus outros projetos. O trabalho de ps--produo vai levar mais algum tempo, da a deciso.O filme promete oferecer cenas de efeitos visuais nunca antes vistos na grande tela.Dirigido pelo diretor Banda Baaja Baaraat Maneesh Sharma, Fan est sendo produzido pela Yash Raj Films, de Aditya Chopra. Aditya ofereceu a data inicial de 14 de Agosto para a estreia do filme ao seu bom amigo Karan Johar para estrear o seu filme Brothers estrelado por Akshay Kumar, Sidharth Malhotra e Jacqueline Fernandez.Enquanto isso, SRK, Aditya Chopra e o diretor Maneesh Sharma informaram que pelo Bakri Eid lanam o to esperado Fan. Na nota de imprensa pode ainda ler-se que os outros feriados ou datas de lan-amento j esto agendados por outras estrelas. Nenhum dos outros feriados estavam livres, seja Eid, Diwali, Gandhi Jayanti ou Natal, s no Bakri Eid seria possvel lanar Fan. Se no se aproveitasse esta data a equipe teria que mudar o filme para 2016 e isso era algo que o prprio SRK no queria.O Bakri Eid calha a uma quarta-feira o que implica que provavelmente Fan fique a ganhar com o fim de semana prolongado que vai durar cinco dias. Se o filme no estiver pronto a tempo de ser lanado nesse dia, ele poder no ser lanado este ano.Os feriado tm sido sinnimo de grandes lanamentos de Bollywood. E em 2015 no ser diferente. Entre os filmes de grande oramento previsto para serem lanados nos feriados esto Bajrangi Bhaijaan no Eid-ul-Fitr, Brothers no Dia da Independncia, Singh is Bling e Rocky Handsome no Gandhi Jayanti, Prem Ratan Dhan Payo no Diwali e Bajirao Mastani no Natal.Entretanto um outro filme de Shahrukh Khan, Raees, est pronto para ser filmado. Enquanto um mara-vilhoso cenrio est a ser criado na famosa Mumbai Film City, o astro ir em breve comear a filmar com seus colegas de elenco Mahira Khan e Nawazuddin Siddiqui.As filmagens de Fan tiveram j um episdio caricato cujo protagonista foi o prprio Shah Rukh Khan. O ator foi impedido pelos guardas de segurana de entrar em sua prpria casa.SRK estava filmando fora do seu bungalow em Bandra, Mannat. O astro da vida real desempenha no filme o papel de um f de uma superstar. A cena de abertura de Fan comea com o personagem de SRK enfileirado no porto da casa de seu dolo esperando por ele para lhe desejar feliz aniversrio.Shah Rukh, que estava vestido com uma simlples camisa de xadrez e cala jeans, foi visto a discutir com o pessoal de segurana, quando este no o reconhecendo o impediu de entar em sua prpria casa.O filho mais novo de Shah Rukh, AbRam, que tem pouco mais de um ano de idade, tambm esteve pre-sente nas filmagens sob os cuidados de sua bab.

    Shah Rukh Khan fora das portas de sua casa Mannat, discutindo com o pessoal de seguana, quando este o impediu de entar em sua casa, durante as filmagens de Fan

    EM DIL DHADAKNE DO

    Priyanka Chopra canta para Anushka SharmaAnteriormente Priyanka Chopra aventurou-se no campo da msica com seu single Exotic, agora tam-bm pode ser ouvida a cantar no seu prximo filme, Dil Dhadakne Do. Agora ficamos a saber que a rainha da beleza e atriz que virou cantora vai tambm estar cantando para Anushka Sharma no filme.Aparentemente, para alm da faixa principal do filme, cantada por Priyanka Chopra, a sua voz tambm foi utilizada para o playback da voz Anushka Sharma no filme. Do Dil Dhadakne, que dirigido por Zoya Akhtar tem um elenco de estrelas, que consiste em: Ranveer Singh, Priyanka Chopra, Anil Kapoor, Shefali Shah, Farhan Akhtar e Anushka Sharma. O filme sobre uma famlia disfuncional Punjabi, durante um cruzeiro, tem estreia prevista para o prximo dia 5 de Junho.

    Deepika sofre de depresso e ansiedadeDeepika Padukone, a famosa atriz de Bollywood estrelando em blockbusters como Happy New Year e Chennai Express, confessou que desde o incio de 2014 vem lutando contra a depresso e ansiedade.Num artigo publicado na Hindustan Times, Deepika Padukone, disse que a cada manh foi uma luta interna para sair da cama e filmar Happy New Year. A atriz falou com sua me sobre e problema e entraram em contato com um psiclogo.Eu pensei que era stress, ento eu tentei me distrair e me concentrar no trabalho ou em torno de pes-soas, o que ajudou por pouco tempo. Mas a sensao incmoda no desapareceu. Minha respirao era superficial, eu no conseguia me concentrar e quebrei muitas vezes , disse a atriz.Deepika Padukone tambm disse que, embora a princpio tenha resistido a tomar medicao, finalmente concordou em submeter-se ao tratamento, o que a ajudou a lidar muito melhor com a sua condio.Todo mundo passa por uma experincia que muda suas vidas. Ansiedade, depresso e ataques de pni-co no so sinais de fraqueza, referiu Deepika Padukone.Ser triste e estar deprimido so duas coisas diferentes. Alm disso, quando algum est deprimido no perceptvel, enquanto que algum triste assim mesmo que se apresenta: triste. A reao mais comum perguntar como que pode estar deprimido? Tem tudo na vida. O que mais quer? No sobre o que voc tem ou no. Muitos falam da sade fsica, mas a sade mental igualmente importante, acrescen-tou a atriz.

  • 2015 | 3 Cine Challo News

    EditorialCaminhamos para o ter-ceiro ms do ano, Maro, que dedica um dia mu-lher. Sim, amigas, no es-queamos que no dia 8 de Maro se comemora o Dia Internacional da Mulher.E como mulher, preocupa--me o que representa o sexo feminino em algumas sociedades, em que se tratada abaixo de ce, se agride fisica e psicoligica-mente a mulher, onde atacada com cido, sendo infe-lizmente, a maior parte dos agressores os seus namora-dos, noivos e/ou maridos. Essas mulheres dormem lite-ralmente com o inimigo e no com o homem que um dia lhes prometeu amor, fidelidade, felicidade e bem-estar.Mas, por exemplo, na ndia, onde ainda existem muitos casamentos arranjados, o amor no a base do casa-mento. No entanto isso no deveria ser motivo para a agresso.Nesta edio, resolvi fazer um trabalho sobre o papel da mulher na ndia, considerado um dos pases mais ma-chistas do mundo. Nesse trabalho, abordo as diversas vertentes da mulher, desde a casta a que pertence, a existncia de uma ndia tradicional, e felizmente, uma nova ndia que com as novas geraes avana para o progresso e modernizao. Abordo tambm as diferen-as entre o tradicional e o moderno, e falo dos peque-nos grandes avanos que a mulher indiana tem conse-guido para a sua emancipao. No cinema por exemplo, a mulher tem vindo a con-quistar um lugar que at h poucos anos era, priorita-riamente destinado ao homem: a direo e realizao. Nesta edio, falando um pouquinho sobre a histria do cinema na ndia, damos a conhecer algumas diretoras/realizadoras indianas, destacando alguns dos seus tra-balhos.Ainda relacionado com o cinema, damos-lhe a conhecer o Museu do Cinema Indiano, e fazemos o balano um ano aps a sua inaugurao.Continuando na linha de novidades que inicimos na passada edio, a gastronomia hindi volta a estar pre-sente com um novo prato culinrio.E falomos de Lunch Box (A Lancheira, o filme indiano que redescobriu as virtudes do melodrama e uma sen-sibilidade que remete para clssicos do cinema indiano como O Mundo de Apu.Como vamos entrar em Maro, lembramos que se co-memora tambm neste ms o Festival das Cores: o Holi. O principal dia, Holi, tambm conhecido como Dhulhe-ti, Dhulandi ou Dhulendi, celebrado por pessoas que atiram gua e p colorido uns aos outros. As pessoas cumprimentam-se dizendo Holi Hai.Na vspera, tambm conhecida como Holika Dahan (a morte de Holika) ou Chhoti Holi (pequeno Holi), acen-dem-se fogueiras para celebrar a memria de Prahlad, um fiel devoto do deus Vishnu. O Holika Dahan referi-do como Kama Dahanam em Andhra Pradesh.Os historiadores contam que o Holi antecende em mui-tos sculos o nascimento de Cristo e so muitas as len-das que explicam o seu aparecimento, em geral reme-tendo ao temvel Rei Hiranyakashyap. Muito vaidoso, ele queria que todos no seu reino o venerassem, mas foi justamente o seu filho Prahlad quem resolveu adorar uma entidade diferente, chamada VishnuTudo isto nesta edio sem esquecer as ltimas de Bollywood os passatempos que tanto agradam aos nos-sos leitores.

    Bela Xavier

    O Correiodo Leitor

    Devido boa recetividade que fomos alvo desde lanmos o primeiro nmero da Cine Challo News, consideramos que os nossos leitores so merecedores de terem uma pgi-na dedicada a eles, onde nos podem falar do que acham da nossa publicao, dar ideias de reportagens e todo o tipo de dicas e sugestes que pretendam.Logicamente que tambm aceitamos crticas, desde que as mesmas no tenham teor ofensivo ou destrutivo. Estamos aqui por e para vocs, colocamos todo o nosso carinho e respeito no nosso trabalho, porque sabemos que a si que

    ele se dirige, e por essa razo, saberemos respeitar as vossas opinies. No entanto, avisamos desde j, que sempre que as mesmas no se enquadrem no perfil desta publicao (po-der criticar, dar dicas para melhorar, mas sempre repeitando quem para os leitores trabalha), essa mesma correspondn-cia no publicada.Para dar incio a esta rubrica, editamos as mensagens de duas leitores que nos enviaram as suas primeiras opinies. Siga-lhes o exemplo e deixe-nos as suas sugestes no seguin-te endereo electrnico: [email protected]

    Ol a toda a equipa da Cine Challo News. Sou leitora assdua da vossa revista e como existe essa seco para ns expormos dvidas e questes, e at mesmo darmos a nossa opinio, venho propor duas coisas equipa Challo.

    1 - Gostava de saber se seria possvel a revista Challo ter uma se-o News com as ltimas sobre os astros do momento. Os ltimos Buzz do momento. Por exemplo quem est saindo com quem... qual a fofoca do momento! Acho que poderia ser interessante ter conhecimento dessas novi-dades, para alm de toda a informao que a revista nos d sobre a prpria ndia e o seu cinema.

    2 - Sei que a revista j temn uma pgina que dedica ao lana-mentos, mas tem sido sempre um lanamento por edio. Ser

    Ol Lu, como muita alegria que sentimos a recetividade dos nossos leitores em querer dar sugestes para a nossa (vossa) revista.Gostamos muitos de ambas as suas sugestes e o mais breve possvel elas sero, concerteza, uma realidade nas nossas pginas.Obrigada.

    Cine Challo News

    O LEITOR PERGUNTA...

    A CINE CHALLO NEWS RESPONDE...

    Aamir Khan - 14 de Maro de 1965 (50 anos)Alia Bhatt - 15 de Maro de 1993 (22 anos)

    Emraan Hashmi - 24 de Maro de 1979 (36 anos)Ram Charan Tej - 27 de Maro de 1985 (30 anos)

    que a Challo poderia ter uma relao dos grandes lanamentos do ms?Assim em vez de termos conhecimento de apenas um filme que ser lanado, saberemos toda a lista de filmes que se estrearo em cada ms.

    Lu Lepeck -Paran

    Quem apaga as velas

    em Marco,

  • 4 | 2015 Cine Challo News

    Numa sociedade tradi-cionalmente patriarcal, o machismo pode estar to entranhado na cultura que, muitas vezes, o pior dos horro-res parece naturalizado para al-guns homens. A questo do ma-chismo e da violncia contra a mulher na ndia, um pas muitas vezes procurado por ocidentais em busca de transformaes es-pirituais, virou assunto nos prin-cipais jornais do mundo aps os crimes de violao colectiva.A lei indiana probe a divulgao do nome da vtima de estupro (o nome da estudante Jyoti Sin-gh Pandey s foi divulgado por seu pai dias aps a morte dela) o que revela uma tnue fronteira entre respeitar a dor das mu-lheres e, na verdade, proteger a honra dos homens da famlia dela.Em termos de segurana e igual-dade de gneros, a ndia no o melhor lugar para se nascer mulher. uma sociedade do-minada pelos homens onde a maioria das famlias acredita que melhor ter filhos homens, pois sabem que as mulheres so reprimidas. A ndia, na sua maioria, formada por uma po-pulao rural onde predomina a falta de educao formal e essa a primeira razo para a violn-cia domstica, o infanticdio e o casamento de crianas. Mesmo assim, pode haver uma ideia er-rada do pas. Nos ltimos anos, tm sido feitas reformas e, pelo menos nas cidades, a ndia est mudando para melhor. A grande expectativa que essa mudana alcance tambm a populao do campo com a maior brevidade possvel.

    A ndia ainda antigaExistem dois lados da ndia: um liberal que moderno e outro tradicional. Na ndia tradicional, uma garota comum de classe mdia no costuma completar os estudos e casa-se com um homem escolhido por sua fam-lia. Ela no costuma ser ambi-ciosa e educada para acreditar que seu papel na sociedade o de dona-de-casa, me e es-posa. Nesse tipo de criao, as meninas comeam a ajudar a me com as tarefas domsticas muito cedo e assim assumem responsabilidades antes do que supostamente deveriam assu-mir. Ela se torna me muito jo-vem tambm e passa o resto da vida cuidando da casa. No jantar, por exemplo, ela serve primeiro o marido e os filhos e s come depois que eles terminarem. Certamente, ela vive com os

    sogros. Mesmo assim, existem poucas famlias de classe mdia (a maioria das famlias que vi-vem na ndia rural so pobres).

    mas tambm um pas moderno Essa situao diferente na n-dia moderna. As mulheres de classe mdia esto pedindo em-prstimos bancrios para pagar os estudos, seja na ndia ou em pases estrangeiros. Depois, elas trabalham e vivem independen-tes nas grandes cidades. A sua carreira profissional a prio-ridade. Essas mulheres perce-beram a importncia de serem financeiramente independentes depois de verem a situao das mulheres mais velhas da famlia delas. Em suma, essa nova ge-rao a cara da ndia que est mudando.Mas mesmo na ndia moderna a mulher ainda se sente ameaa-da quando a questo seguran-a. Os homens ainda so muito crticos em relao ao que a mu-lher veste, e ouvir provocaes na rua ainda muito comum. Quando uma mulher assedia-da nas ruas, ningum parte em seu auxlio. Por isso, andam com um amigo homem ou o namo-rado depois do pr-do-sol. No entanto, o que aconteceu em Dlhi com a violao de uma jovem que estava acompanha-da pelo namorado, provou que mesmo tendo um homem junto

    dela no significa que a mulher no corre riscos. Os homens no gostam da maneira como a nova gerao de mulheres indianas est mudando com os novos tempos e culpam a influncia da cultura ocidental por isso. No mundo corporativo, a maioria concorda que no gosta de se reportar a uma mulher. Na cul-tura indiana, a ideia que o ho-mem superior forte. Mas isso tambm est mudando, porque claro um crescimento gradual de mulheres em cargos altos.

    Um bom dote e uma jovem caseira para casar O tpico homem indiano ainda quer se casar com uma ga-rota caseira, aquela que no vai a festas, deixa de trabalhar quando se casa e tem como prioridade cuidar do lar e das crianas. Na maioria das casas, os homens jamais ajudam nas tarefas domsticas. Claro que esse esteretipo est mudando na ndia urbana graas globali-zao. No entanto, como muitos casamentos continuam sendo arranjados, quando a famlia do homem procura uma noiva, es-sas so as qualidades que que-rem ver na nova mulher que vai entrar na famlia. Se uma garota moderna gosta de ir a festas e usar mini-saia, s vezes se sen-te como se estivesse fazendo algo errado. Estamos presos a uma era de transio, em que

    as pessoas lentamente se esto tornando mais abertas.Nos ltimos anos o nmero de mulheres indianas tem aumen-tado, cr-se que so 900 mu-lheres para cada mil homens (uma das graves consequncias do machismo na ndia que muitas famlias rejeitam a ideia de criarem meninas, expondo--as a situaes de riscos como trabalho infantil ou escravido sexual, o que resulta facilmen-te na morte delas). No entanto, a ndia rural representa uma boa parte do pas e, entre essa populao, a crena de que ter uma filha desvantagem ainda forte. E isso acontece porque, quando uma moa vai se casar, a famlia deve pagar um bom dote e deve comprar carro, jias e outras coisas caras. S se con-

    segue um bom casamento para uma jovem se a famlia tiver di-nheiro para tudo isso. Os dotes tambm existem na parte urba-na do pas e costumam ser exor-bitantes, podendo incluir at mesmo o modelo mais novo da Mercedes ou da BMW. Com ra-ras excepes, a famlia da noiva paga sozinha por toda a festa de casamento. Assim, ter uma filha e garantir que ela se case e se estabelea uma responsa-bilidade pesada para a famlia. Outra questo que apenas os homens podem assumir um ne-gcio de famlia, caso no seja possvel, o marido dela quem assume. Ento, sim, numa socie-dade onde os homens so con-siderados superiores, h muitas razes pelas quais as famlias querem filhos e no filhas. H

    tentativas de mudar isso, pois vrias ONGs juntamente com o governo esto promovendo a campanha Salvem as meninas.

    Casamento leva cada vez mais mulheres ao suicdio na ndiaO suicdio se tornou a principal causa de morte entre as mulhe-res abaixo dos 50 anos na ndia, um fenmeno que analistas es-to relacionando opresso que elas sofrem no casamento.Ao contrrio de outros pases, as mulheres casadas se matam mais que as divorciadas e as vivas no gigante asitico, onde o suicdio a principal causa de morte de mulheres entre os 15 e os 49 anos. S em 2010, foram cerca de 78 mil, segundo o rela-trio Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors 2010 (nus Global de Doenas, Le-ses e Fatores de Risco).O estudo, realizado pelo Institu-to de Sade Mtrica e Avaliao na Universidade de Washing-ton e publicado recentemente, define as queimaduras como a segunda causa de bitos. Em terceiro lugar ficam as mortes provocadas pelo parto, que his-toricamente j foi a principal causa mortis de mulheres jo-vens indianas, mas que se redu-ziu nos ltimos anos.Para o psicanalista Sudhir Kakar, os dados refletem que a causa dos suicdios de mulheres jo-vens o casamento. Quando as mulheres se casam, atraves-sam um perodo muito duro, j que se mudam para a casa dos sogros, onde tm muito pouco apoio e passam a ocupar o nicho mais baixo.No pas, a maioria dos casa-mentos arranjada pelos pais e em muitos casos se mantm a estrutura da famlia estendida, com vrias geraes vivendo sob o mesmo teto com uma hierar-quia muito rigorosa.Ranjana Kumari, diretora do Centro de Pesquisa Social de

    O PAPEL DA MULHER NA NDIA PASSA PELO SOFRIMENTO E AT A MORTE

    Pequenos passos para a emancipao feminina num pas apontado como um dos mais machistas

    Mulheres indianas se organizam para combater o machismo

    Ao contrrio de outros pases, na ndia as mulheres casadas se matam mais que as divorciadas e as vivas. As es-timativas de suicdios femininos dos estudos internacionais do dados superiores aos oficiais indianos, que situam em 64.607 o nmero de mulheres que se mataram em 2010

  • 2015 | 5 Cine Challo NewsNova Dli, afirmou que as me-ninas se casam muito novas e no esto preparadas para o casamento nem para a violncia que em muitos acontece.Um estudo recente da ONU aponta que 47% das mulheres na ndia tm casamentos arran-jados por seus pais quando ain-da so menores de idade, o que representa mais de 40% dos ca-sos de casamentos infantis mun-diais. Alm disso, no podem partilhar seus problemas com ningum. Esto sozinhas, disse a ativista, que acredita que h uma total falta de apoio perante os problemas mentais.Kumari tambm considerou o dote uma das causas que levam uma mulher a se suicidar, diante do assdio que sofrem por parte das famlias para que paguem mais e para evitar arruinar seus pais. Na ndia, as mulheres so obrigadas a pagar ao namorado e a sua famlia um dote, uma prtica proibida por lei, mas que se acentuou com a chegada da modernidade e o consumismo e cada vez se exigem quantias maiores, que podem incluir car-ros e apartamentos. Uma investigao da London School of Hygiene and Tropical Medicine (Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres) publicada na revista mdica The Lancet tambm aponta o casa-mento como uma das causas de suicdios de mulheres indianas. O relatrio afirma que as vivas e divorciadas so menos pro-pensas a se suicidar na ndia, ao contrrio dos pases ocidentais, onde as mulheres casadas se suicidam menos.Os contrastes no acabam a, j que o estudo afirma que nos pases desenvolvidos os homens se suicidam trs vezes mais que as mulheres, enquanto na ndia a diferena cai para uma vez e meia a mais. Alm disso, na fai-xa entre 15 e 29 anos, quando acontecem 56% dos suicdios femininos, os nmeros de indi-vduos homens e mulheres so semelhantes, o que no aconte-ce em outros pases.As estimativas de suicdios fe-mininos dos estudos interna-cionais do dados superiores aos oficiais indianos, que situam em 64.607 o nmero de mulhe-res que se mataram em 2010. A diferena se atribui a que as famlias denunciam em muitos casos os suicdios como aciden-tes para evitar a vergonha social e porque na ndia a tentativa de suicdio est criminalizada.A ingesto de pesticidas o m-todo usado em quase metade dos suicdios na ndia, que tem uma das taxas mais altas de suicdio no mundo, por ser alta-mente letal.

    Novas leis combatem ataquescom cido contra mulheresO mundo vem assistindo estar-recido nos ltimos anos a ima-gens de jovens mulheres defor-madas por ataques com cido.

    As histrias chocantes alarma-ram o mundo e impulsionaram alguns pases a tomar medidas contra esse tipo de crime. As no-vas leis que entraram em vigor conseguiram reduzir as agres-ses e mostrar que possvel proteger as mulheres de seus violentadores.Um ataque com cido pode des-figurar uma pessoa em segun-dos, resultando em um trauma devastador tanto fsico, como psicolgico.Segundo estimativas da ASTI (Acid Survivors Trust Interna-tional), organizao que ajuda pessoas que sofrem desse tipo de violncia, so 1.500 vtimas todos os anos, sendo que 80% delas so mulheres, e a maior parte tem menos de 25 anos. Entre os pases mais afetados esto Paquisto, Bangladesh, Colmbia, Afeganisto e ndia, sendo o ltimo responsvel por pelo menos 500 vtimas por ano. As mulheres normalmente so atacadas como forma de puni-o por no terem aceitado pro-postas sexuais, pedidos de casa-mento, ou mesmo por questio-nar a autoridade dos homens no seio da famlia ou da sociedade.A maior parte dos criminosos so homens, que miram o rosto das vtimas, com o objetivo de ceg-las e deform-las. Nos ltimos quatro anos, Ban-gladesh, Camboja e Paquisto adotaram leis mais severas para punir os criminosos e diminuir a disponibilidade do cido. Co-lmbia segue o mesmo cami-nho, com um projeto de lei j em fase final de tramitao no Congresso.Segundo a ASTI, as medidas adotadas trazem resultados efetivos. Em Bangladesh, o pri-meiro pas a adotar, em 2009, leis especficas para criminalizar a violncia com cido e limitar o acesso aos produtos, o nmero de ataques diminuiu considera-velmente. Em 2002, foram 496 ataques. Em 2012, 80 uma

    reduo de quase 75%. No Paquisto e no Camboja, as leis so mais recentes, 2011 e 2012, respectivamente, mas j esto sendo aplicadas com su-cesso. No Paquisto, a pena m-nima de 14 anos.Na ndia, todos os dias, mulhe-res por todo o pas so vtimas de ataques com cido. A facili-dade de acesso aos qumicos e a falta de legislao tm contribu-do para que, de ano para ano, o nmero de casos aumente. As razes que motivam os ataques, que se tm tornado na forma preferencial de violncia contra mulheres, so, muitas vezes, ba-nais. Milhares de vtimas escon-dem-se no anonimato, tapando os seus corpos deformados e vivendo em sofrimento.Desafiando os convencionais padres de beleza, o fotgrafo Rahul Saharan, em parceria com a Stop Acid Attacks (uma orga-nizao que procurar criar uma maior consciencializao para a situao das vtimas destes ataques), fotografou cinco so-breviventes: Rupa, Ritu, Laxmi, Chanchal e Sonal. As fotografias, publicadas inicialmente no Fa-cebook da organizao, come-aram rapidamente a circular pelas redes sociais, ganhando a ateno dos mdia. Quando questionado sobre a resposta positiva que tem recebido, Ra-hul disse que No, no espe-rava esta resposta. Queramos apenas mostrar algumas das roupas desenhadas pela Rupa. (Rupa, uma das sobreviventes, foi a autora das roupas utilizadas na sesso fotogrfica).Mas mais do que isso, Rahul pretendia mudar a perceo de beleza, baseada numa viso tacanha da sociedade. Sinto que cada mulher bonita. Foi assim que as fizemos sentir, ao mesmo tempo que procurou capturar a coragem e determi-nao destas sobreviventes. As vtimas vivem geralmente isoladas, escondendo os rostos

    mutilados da sociedade. Neste sentido, esta sesso fotogrfica foi uma demonstrao de gran-de coragem e a primeira vez que estas cinco mulheres se atreve-ram a mostrar as suas caras em pblicoRahul tornou-se voluntrio na Stop Acid Attacks h dois anos quando, ao ouvir nas notcias o relato destes ataques, se aper-cebeu que tinha de fazer algo para ajudar estas mulheres. Sempre que ouvia estas coisas nas notcias sentia que queria fazer alguma coisa para as fazer sentir felizes e usar a minha pro-fisso para as ajudar, admitiu.Mas a sesso fotogrfica no serviu apenas para desafiar con-venes ou alertar conscincias. CNN, Rupa disse que depois do ataque nunca mais tirei fo-tografias. Quando as fotografias comearam a circular nos meios de comunicao, as pessoas co-mearam a telefonar-me para me questionarem sobre elas. Senti-me to bem. Depois da sesso fotogrfica, quis sair e co-nhecer mais pessoas.Rupa sempre sonhou em ser designer de moda. Mas a sua histria semelhante de mui-tas outras mulheres por todo o continente asitico. Foi ataca-da em 2008 por ordem da sua madrasta que, na sequncia de uma discusso sobre dinheiro, conspirou com dois homens para lhe atirarem cido enquan-to dormia. Foi apenas trs anos depois do ataque que Rupa con-seguiu finalmente olhar-se ao espelho. Nos anos que se segui-ram, cortou laos com a famlia, deixou de usar o seu apelido e mudou-se para Nova Deli. Atual-mente vive na Chhanv (abri-go), um centro de reabilitao para vtimas de ataques com cido. Desde a publicao das fotografias, Rupa tem recebido vrias encomendas. O prximo passo abrir uma loja.Os motivos por detrs de uma prtica to monstruosa so dif-

    ceis de compreender. A razo geralmente trivial, motivada por uma ofensa ao orgulho do crimi-noso. Desde pequenas discus-ses do dia-a-dia a dramas amo-rosos, quase tudo serve. Mas independentemente da causa, o crime sempre uma maneira de restabelecer a honra e o orgulho supostamente manchados pela vtima.Aos olhos do fotgrafo Rahul Saharan impossvel compreen-der as motivaes dos crimino-sos. A razo pode apenas ser compreendida por mentes re-torcidas, disse.Algumas pessoas so to doen-tes que nem conseguem pensar nos outros. No sei como que uma pessoa consegue amar al-gum de forma a no conseguir lidar com a rejeio, que um gesto honesto, e arruinar a cara e a vida dessa pessoa.No existem nmeros oficiais mas a percepo que este tipo de prtica est a aumentar. Qua-se todos os dias surgem novos relatos de ataques realizados em alguma parte do vasto pas. Entre Janeiro e Abril de 2013, uma linha de apoio a mulheres em perigo sediada em Nova Deli recebeu 56 queixas de ataques de cido e a Acid Survivors Trust, uma organizao internacional sem fins lucrativos que estima que, todos os anos, mais de mil mulheres sejam vtimas deste crime. Mas a maioria escolhe so-frer em silncio e grande parte dos casos permanece sem regis-to. Por vezes a histria tem um final ainda mais trgico: algumas vtimas preferem a morte e aca-bam por cometer suicdio, como refere a Stop Acid Attacks.E este no um problema limi-tado s fronteiras indianas. A organizao Acid Survivors Trust trabalha em parceria com ou-tras seis associaes, em pases como o Camboja, o Paquisto, o Nepal e o Bangladesh, onde o nmero de casos levou o gover-no a aplicar a pena de morte

    prtica deste crime. Desde a d-cada de 1990 que o Bangladesh tem sido referido como o pas com o maior nmero de ataques com cido.Shabana Khatun no uma das raparigas fotografadas por Saha-ran, mas a sua histria seme-lhante de muitas. Ao contrrio das modelos de Rahul, Shabana escolhe no mostrar a cara. So-fre escondida por um crime que nunca h-de compreender. Em 2013, Shabana foi vtima de um ataque com cido, com o qual, como bvio, no contava. Tinha 20 anos. Namorava h quatro com um rapaz de Calcu-t, a cidade onde vivia, quando este a pediu em casamento. Pouco tempo depois, foi levada a casa dele para ser formalmen-te apresentada aos seus pais e restante famlia. Mas aquela noite de domingo depressa se tornou num pesadelo que Sha-bana j mais ir esquecer.Pouco depois de ter chegado a casa da famlia, Shabana come-ou a ser insultada. A discusso depressa evoluiu para a violn-cia fsica. Na sequncia destes ataques, foi forada a beber uma garrafa de cido. Depois de ter desmaiado, foi despida e o restante cido foi atirado con-tra o seu corpo nu. Foi depois abandonada nas urgncias de um hospital sob um nome falso. Durante todo o ataque, o namo-rado de Shabana observou em silncio.Os danos internos causados pelo cido impedem Shabana de ingerir comida slida, viven-do base de uma dieta lquida. Enquanto isso, os seus atacantes continuam livres e ela vive com medo. Shabana vive a menos de dois quilmetros de distncia dos criminosos e continua a ser vtima de inmeras ameaas. Para prxima no escapas com tanta facilidade, dizem-lhe.Os atacantes de Shabana, assim como os de muitas mulheres por toda a ndia, continuam em liberdade e impunes prin-cipalmente por no existir uma legislao adequada a este tipo de crimes. Para a Stop Acid At-tacks, o aumento nmero de ca-sos um reflexo claro da falta de seriedade com que o governo indiano tem tratado o assunto. Em 2013, o Tribunal Supremo Indiano aprovou uma lei para controlo da venda de cido. Mas a implementao tem sido fraca e os casos continuam a surgir. O principal problema encontra-se na mentalidade da sociedade indiana, ainda muito conserva-dora.Quando questionado sobre a melhor maneira de parar os ata-ques de cido, Rahul Saharan respondeu que uma lei severa a melhor forma de proteger as mulheres e que os casos tm aumentado porque as leis no levam suficientemente a srio este tipo de crime. O criminoso sabe que vai escapar. Mas a so-ciedade tambm responsvel:

    Na ndia, todos os dias, mulheres por todo o pas so vtimas de ataques com cido. Milhares de vtimas escondem-se no anonimato, tapando os seus corpos deformados e vivendo em sofrimento, mas algumas dessas mulheres ganham coragem, e junto de organizaes, mostram suas caras e corpos, at em campanhas publicitrias, de forma a tentar pr fim a to horrendo crime

  • 6 | 2015 Cine Challo Newsuma sociedade sensvel nunca deixar este tipo de coisas acon-tecer. Existem muitas coisas que precisam de ser mudadas.

    As castas ainda existem, mas O sistema de castas ainda faz parte da ndia rural, diferente da ndia urbana onde as pes-soas se misturam livremente, excepto, claro, quando se trata de casamento. Na parte urbana nunca se ouve falar de nenhum caso em que algum tenha sido

    prejudicado por causa da casta a que pertence. Na ndia urbana existem grupos tnicos e no castas. Cada estado indiano fala sua prpria lngua e tem seus prprios dialectos e tradies. Nos questionrios de censo de-mogrfico do governo, ainda se responde sobre as castas. Mas essa, na verdade, uma tenta-tiva do governo de diminuir a desigualdade entre as castas his-toricamente consideradas infe-riores e superiores, por meio de medidas afirmativas em institu-tos de educao, empregos p-blicos e no mercado de trabalho. No entanto a questo das castas na zona rural algo que no vai mudar to cedo.

    Cinema indiano abre espao para mulheresAtualmente a indstria cinema-togrfica indiana , surpreen-dentemente, a mais expressiva do Planeta no que se refere co-mercializao de ingressos, que esto entre os menos dispen-diosos, e ao volume de pelculas elaboradas. Um grande nmero de pessoas frequenta os cine-mas no subcontinente indiano.Os indianos foram apresentados tcnica cinematogrfica no dia 7 de Julho de 1896, atravs da exibio de algumas pelculas dos irmos Lumire, no Hotel Watson, na cidade de Bombain, hoje conhecida como Mumbai. Neste mesmo ano uma empresa da ndia, a Madras Photographic Store, assumiu a publicidade deste gnero artstico. As apre-sentaes de cinema no terri-trio indiano tiveram incio em

    1897, com mostras de filmes or-ganizadas pelo Clifton and Co.s Meadows Street Photography Studio.O primeiro filme documental realizado na ndia foi produzi-do por Harischandra Sakharam Bhatavdekar, mais conhecido como Save Dada, em 1897 registrou um episdio de luta livre, organizado nos Hanging Gardens, em Bombaim. Ele tam-bm foi pioneiro na realizao de filmes do gnero noticioso.

    Quanto s produes comer-ciais, algumas tentativas j fo-ram promovidas neste perodo, com empreendimentos como os de F. B. Thanewala e J. F. Madan, que fundou a Madan Theatres Limited, maior estdio produtor e negociante de filmes norte--americanos no cenrio ps-Pri-meira Guerra Mundial. Foram institudos locais de exibio das pelculas, enquanto os cinemas itinerantes tambm conquista-vam seu espao.O primeiro filme indiano de longa-metragem foi Pundalik, de N. G. Chitre e Dadasaheb Tor-ne, lanado em 1912. Dadasa-heb Phalke torna-se um grande nome do cinema indiano com a produo Raja Harishchandra, permanecendo clebre at o nascimento do cinema falado, sempre na defesa da abordagem de assuntos especificamente in-dianos nas telas cinematogrfi-cas. Na dcada de 20 o volume de filmes produzidos na ndia j significativo. Nos anos 30 emergem novos estdios e uma safra mais recente de cineastas.O primeiro filme sonoro surgiu j em 1931, Alam Ara, de Ardeshir Irani, alcanando grande suces-so. Outras produes surgem na esteira desta guinada no cinema indiano, apresentando muitas falas, msicas e danas. Nesta dcada o cinema reflete o cli-ma de contestao social ento vigente na ndia, enquanto cres-cem trs importantes estdios cinematogrficos neste pas: em Bombaim, mais voltado para o mercado nacional; em Madras e em Calcut, clebres por suas

    criaes regionais.Do incio dos anos 40 ao fim da dcada de 50 o cinema da ndia viveu seus momentos mais mar-cantes, impressos na memria histrica da cultura indiana. As produes normalmente apre-sentavam cenas eletrizantes de msica e dana, utilizando o re-curso que se tornaria tradicional neste pas, o do playback, atra-vs do qual um cantor original cantava no estdio, enquanto os participantes do filme apenas simulavam executar as canes. Nos anos 50 vrios novos talen-tos emergiram, entre eles o ci-neasta bengali Satyajit Ray, que conquistou, em 1953, o prmio de Melhor Documento Humano no Festival de Cannes, entre ou-tras premiaes, com a pelcula Pather Panchali. Outros direto-res foram tambm amplamente premiados, constituindo nesta poca de ouro um movimento conhecido como o Novo Cinema Indiano.Na dcada de 60 tanto o cinema mais conceitual quanto o popu-lar abordaram principalmente a temtica social, com filmes como Do Bheega Zamenn, e outros do gnero. Os anos 70 se inspiraram mais na cultura oriental, ao mesmo tempo em que o foco nas questes sociais perdeu espao para a produo de massa, mais direcionada para o entretenimento. Geralmente estes filmes enfocavam o tradi-cional conflito entre o bem e o mal, mesclando esse ancestral dilema a boas doses de dramas melosos. Os enredos eram lon-gos e mal cabiam no conven-cional modelo de 3 horas de durao. O filme mais famoso desta po-ca foi Sholay, de Ramesh Sippy, que inaugurou a fase comercial

    do cinema indiano.Na dcada de 80 o cinema de entretenimento conquistou um significado maior, uma tendn-cia para o realismo, com o en-redo mais voltado para os pro-blemas enfrentados pela classe mdia. Uma nova onda de dolos apareceu neste momen-to. Nos anos 90 o cinema se v mais subordinado ao mercado publicitrio. Cresce o nmero de musicais indianos e tambm dos filmes de ao. Novos cineas-tas iniciam uma transformao no seio do cinema indiano. H uma maior preocupao com a maneira como as narrativas so elaboradas.A indstria cinematogrfica de-senvolvida em Mumbai tornou--se clebre por ser naturalmente associada ao explosivo poder de Hollywood, sendo assim conhe-cida como Bollywood, mescla de Hollywood com Bombay. Ela est ligada estritamente ao cine-ma produzido no idioma hindi. Esta tendncia tem sido alvo de vrias crticas e denncias, pois muitos acreditam que ela profa-na a tradicional cultura indiana e aborda temas polmicos, em estilo liberal demais para certas convenes indianas. Algumas de suas ideias, porm, tem sofri-do vrias modificaes, medi-da que o prprio paladar cultu-ral do povo indiano se transfor-ma, tornando-se mais exigente.No entanto, com toda a evolu-o e mudanas que a socieda-de indiana tem sofrido, a mulher comeou a ter tambm um pa-pel primordial na indstria cine-matogrfica, mais concretamen-te na direco, mas nem sempre foi assim. J so vrias as diretoras na n-dia. Nesta edio falamos de al-gumas delas.

    Zoya AkhtarZoya Akhtar ri quando conta a histria do operador de Steadi-cam que trabalhou em seu pri-meiro filme, Luck by Chance. Ele tinha trabalhado anterior-mente com o irmo mais novo dela, Farhan, diretor e ator, que estava fazendo o papel principal no filme de Zoya. Ela e seu irmo se sentavam atrs do monitor quando o operador preparava as tomadas. Depois de cada tomada, ele se voltava para Fa-rhan, ao invs de Zoya, para sa-ber se estava tudo certo. Na terceira vez em que isso aconteceu, Zoya lembra que o chamei de lado e lhe disse edu-cadamente: Eu sou a diretora do filme. Se voc puder aceitar isso, timo. Se no, no vamos poder trabalhar juntos. Ele ficou extremamente sem jeito e falou: no, no, voc como se fosse minha irm. Zoya respondeu na hora, dizendo: No sou sua irm, sou sua diretora. Voc con-segue aceitar isso? Ele disse que sim, e agora trabalhamos juntos sempre. Akhtar tem 38 anos e faz parte de um grupo emergente de dire-toras de cinema que vem trans-formando Bollywood. No passa-do, as cineastas mulheres eram em grande medida relegadas a filmes de arte e oramentos menores. Agora, porm, Akhtar e outras mulheres vm tendo sucesso onde o sucesso mais conta: nas bilheterias. O trabalho mais elogiado de Akhtar foi o filme Zindagi Na Milegi Dobara (Voc S Vive Duas Vezes). O pblico e a crti-ca aderiram ao filme, que trata de trs amigos, homens, que se redescobrem durante uma viagem de carro na Espanha. O

    filme estreou em Julho de 2011 e logo no primeiro lugar das bi-lheterias de Bollywood, na sti-ma posio no Reino Unido e na dcima quinta nos EUA. Arreca-dou vrios milhes de rpias em suas primeiras cinco semanas em cartaz, tornando-se o ter-ceiro maior sucesso do ano em Mumbai. Pelo menos algumas pessoas tomaram nota do fato de que foi uma mulher quem dirigiu o melhor bromance - um filme sobre uma amizade masculina complicada - dos ltimos dez anos em Bollywood. Alm disso, Zindagi Na Milegi Dobara foi escrito por uma mulher: a his-tria e o roteiro so de Akhtar e Reema Kagti, diretora de Ta-laash o policial protagonizado por Aamir Khan. Um fato interessante que, diferentemente de cineastas mulheres anteriores, esta nova gerao no est fazendo filmes centrados em mulheres. Zoya Akhtar disse que no lhe pas-sou pela cabea converter em mulheres os amigos retratados em Zindagi Na Milegi Dobara, porque isso teria sido muito di-ferente. Para Zoya Akhtar, porm, a dis-cusso sobre a discriminao s mulheres perda de tempo. claro que h um fundo de ver-dade, mas somos garotas cres-cidas, disse. Temos que lidar com isso.

    Mira NairMira Nair, uma das primeiras cineastas indianas a ficar mun-dialmente conhecida, disse que as novas diretoras pensam de modo mais amplo. O cinema que fazem um reflexo do mun-do delas. A diretora Mira Nair conhece

    Com toda a evoluo e mudanas que a sociedade indiana tem sofrido, a mulher comeou a ter tambm um papel primordial na indstria cinematogrfica, mais concretamente na direco

  • 2015 | 7 Cine Challo NewsChahta Hai . Tambm trabalhou como segundo assistente da di-retora nomeada, Mira Nair, no sucesso Monsoon Wedding. Em 2011 roteirizou e dirigiu o filme Dhobi Ghat, sob a batu-ta da Aamir Khan Productions, onde se estreou na direco.

    Farah KhanFarah Khan tem experincia como coregrafa em mais de 70 filmes, no entanto tambm o fascnio pela direo a fez ar-riscar e Om Shanti Om, foi o seu segundo trabalho na realiza-o. Sua larga experincia como coregrafa acaba por avaliz-la

    como um nome plenamente apto a fazer com seu filme a quase sntese de um cinema de gneros, que, se obviamente no so exclusivos da produo bollywoodiana, assumem com ela aspectos bastante peculia-res.Om Shanti Om tem seu incio como uma comdia bastante gaiata, onde vemos um aspiran-te a ator, Om (Shahrukh Khan), dominado pela vontade de subir na carreira e pela paixo pela estrela Shanti (Deepika Paduko-ne, lindssima, como no podia deixar de ser uma estrela de

    e as mulheres na ndia e dez anos mais tarde deu um salto significativamente positivo com Salaam Bombay . O grande su-cesso do seu primeiro filme no lhe favoreceu o caminho com a justia indiana quando decidiu embarcar em novas aventuras; por exemplo, por dois anos lu-tou para que o seu filme Kama Sutra no fosse censurado. Muito sexo para um olhar femi-nino. Uma vez que escapou da censura tem um contrato com a sua distribuidora na ndia, onde est acordado organizar trs vezes por semana exibies de Kama Sutra exclusivamente para mulheres. Mira Nair queria que os espectadores pudessem desfrutar livremente do seu fil-me e pensou que, com uma per-centagem de 90% de homens a assistir ao filme isso no seria possvel.

    Kiran RaoKiran Rao comeou sua carrei-ra como assistente de direo no filme pico Lagaan dirigi-do por Ashutosh Gowariker, a quem ela tambm ajudou mais tarde em Swades: Ns, o Povo.

    Lagaan foi nomeado para os scares na categoria de filme em lngua estrangeira. Aamir Khan, actualmente seu marido, produziu e estrelou o mesmo filme. Antes de Lagaan Kiran teve uma pequena apario como atriz coadjuvante em Dil

    bem os festivais de cinema e a satisfao que do os prmios. Em 1989, ela ganhou com o seu filme Salaam Bombay mais de 23 prmios internacionais, in-cluindo o Prmio do Pblico no Festival de Cannes.Mira ganhou o Leo de Ouro no Festival de Cinema de Veneza com o filme Monsoon We-dding. Com este prmio Mira

    Nair torna-se a primeira mulher a receber o prmio mximo des-te famoso Festival de Cinema, num mundo onde as mulheres raramente so recompensadas quando colocadas por trs da cmara.Nair nasceu na ndia, estudou nos EUA e atualmente reside na frica do Sul. Reconhece que a populao hindu no ex-lio especialmente relutante integrao por medo de perder a sua cultura, mas nega que se tenha especializado nessa rea. Olha para o seu pas distncia e, portanto, tem sido acusada de vender a misria da ndia, o que Nair recusa, argumentando que no julga o que v, apenas filma o que observa.Mira Nair realizou documen-trios interessantes indepen-dentes filmados em 1979 sobre a situao das crianas (As crianas do sexo preferido),

    Bollywood). A comdia vai aos poucos absorvendo elementos de romance, que assume tintas melodramticas, que se trans-muta em thriller, com tempero de histrias de fantasma e sal-picado de pitadas de quase to-dos os sub-gneros de cinema popular. Mas seja qual for o momento do filme, esse no deixa de ser pon-tuado por nmeros musicais, encenados pela diretora com maestria e banhos de ironia, to caros ao formato consagrado por Bollywood. At mesmo em sua durao excessiva, ao me-nos para o pblico ocidental, o que gera uma irregularidade na narrativa, que no deixa de ser inerente sua proposta, Farah Khan e seu filme so coeren-tes com aquilo que pretendem abordar.Temos ento um curioso exem-plar de meta-cinema, que con-segue ao mesmo tempo satiri-zar e olhar de forma apaixonada e carinhosa sobre seu objeto. Se o excesso de referncias locais pode no ser de todo percebido por um pblico no familiariza-do com toda a complexidade do universo cinematogrfico bollywoodiano, Om Shanti Om se comunica com facilida-de e se impe acima de tudo como uma celebrao. Celebra-o essa que no parece ter difi-culdades em contagiar a audin-cia e transmitir, como podemos ver nos festivos momentos dos crditos finais, que o cinema arte-indstria que advm de uma cumplicidade, seja entre realizadores e plateia, seja entre os diversos membros de uma numerosa equipe onde o diretor apareceria apenas como a ponta de um iceberg.Se tivesse sido realizado por um homem Om Shanti Om possi-velmente no teria sido o enor-me sucesso que foi.

    Umera Ahmed e Sultana SiddiquiUmera Ahmed uma autora e roteirista paquistanesa. Rece-beu vrios prmios, incluindo Prmio de Melhor Escritor da Lux Style Award para a srie dramtica Meri Zaat Zara-e--Benishan.Comeou sua carreira literria em 1998 com a idade de 22, com suas histrias iniciais pu-blicadas em resumos mensais

    escritos em Urdu. Escreveu 16 livros, que vo desde romances completos a compilaes de contos. Seu livro mais popular Pir-e-Kamil que se inspira na vida de servio pblico e seus muitos escritos giram em torno de funcionrios pblicos.Alguns dos seus romances e suas peas foram adaptados para a televiso. Em 2007 Ah-med participou de uma discus-so organizada pela GEO TV sobre novas maneiras de ser criativo na televiso, segundo perspectivas femininas.Um dos resultados a srie te-levisiva, que fez grande sucesso na ndia, Zindagi Gulzar Hai, cuja histria gira em torno da vida de Kashaf Murtaza (Sanam Saeed) e Zaroon Junaid (Fawad Afzal Khan), que esto em p-los opostos. Kashaf, uma jovem muito sensvel e amadurecida, vem de uma famlia de classe mdia e vive com a me Rafia

    (Samina Peerzada) e suas duas irms, Sidra (Mansha Pasha) e Shehnila (Sana Sarfaraz). Rafia tinha se separado de seu mari-do, Murtaza, (Waseem Abbas) porque ela no cumpriu o seu desejo de ter um filho. Como re-sultado, ele se casou com outra mulher, que acabou por dar luz a seu filho.Em suma, a srie gira muito e re-vela um papel de grande impor-tncia mulher indiana.Quanto a Sultana Siddiqui, co-meou sua carreira na PTV como produtora, em Karachi, em 1974. Mais tarde, ela comeou a trabalhar na Eye Television Ne-twork que tem quatro canais por cabo includo Hum TV. Ela a nica mulher na sia que co-meou um canal de televiso do qual dona.Como diretora, ela permaneceu inativa dez ou onze anos antes da srie Zindagi Gulzar Hai, em 2012. Sua paixo sempre foi dedicada a trazer a conscincia pblica para as questes sociais, como a emancipao feminina e er-radicao dos vcios sociais, tais como a promoo da educao feminina.Algumas destas mulheres no vieram do nada, Kiran Rao casada com Aamir Khan, e Zoya Akhtar filha do escritor Javed Akhtar e irm de Farhan Akhtar. Inegavelmente, receberam aju-da importante de seus familiares e amigos.

    Mira Nair

    Kiran Rao

    Farah Khan

    Umera Ahmed

    Sultana Siddiqui

    8 DE MARO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

  • 8 | 2015 Cine Challo News

    O primeiro museu de ci-nema indiano abriu as portas em Maro de 2014, aps sete anos de muito trabalho inteiramente dedica-dos sua construo, na cidade mais populosa da ndia, Mum-bai. O museu traa a histria do cinema indiano desde a era dos filmes mudos e a preto-e-branco at aos blockbusters musicais dos tempos modernos. Bollywood passou a ter o seu museu a par de outros gne-ros de filmes indianos, sob um investimento de 20 milhes de dlares, financiado pelo Estado. Depois de mais de um sculo de histria, o cinema indiano viu assim a sua arte cinematogrfi-ca ganhar um museu que cele-bra os primeiros passos na tela a preto e branco at aos grandes blockbusters indianos.O museu nacional de cinema in-diano est acomodado no sul de Mumbai numa manso antiga e histrica com 150 anos, com 6.000 metros quadrados e dois andares, cuja histria remon-ta era da pr-independncia, quando seu primeiro propriet-rio Peerbhoy Khalakdina, um co-merciante piedoso, o ocupava.No s quando Cassamally Jai-razbhoy, atravs de vrias suces-ses familiares a herdou, que a manso adquiriu um certo sa-bor artstico. Khurshid Rajabally, a esposa birmanesa de Cassa-mally, comeou a us-la para hospedagem e saraus culturais e religiosos. Durante a partio a manso foi evacuada depois de ser adquiri-da pelo Governo de ento. Aps a independncia, a manso abri-gou temporariamente o escrit-rio de filmes documentrios e mais tarde a Diviso Filmogr-fica, mantendo-se desocupada por muitos anos, aps a Diviso Filmogrfica se ter mudado para

    um novo edifcio.Recentemente o governo india-no considerou que, devido ao seu historial relacionado fil-mografia, a manso seria o local ideal para se construir o Museu do Cinema.O museu no s ostenta grava-es, como tambm objetos e ferramentas de produes an-tigas. Os visitantes podem ver um cartaz original pintado para o pico de 1957 Mother India e ouvir msicas de K. L. Saigal, considerado a primeira estrela mundial da indstria cinemato-grfica hindi.Apesar da grande presena de Bollywood, para alm do cinema em lngua hindi, fazem tambm parte do acervo do museu obras cinematogrficas em diferentes idiomas e de outras partes da

    ndia. A indstria cinematogr-fica indiana afirma-se cada vez mais presente no mercado com uma produo de cerca de 1.500 filmes e uma taxa de exportao mundial cada vez mais alta.Na altura da sua inaugurao, o curador do museu, Amrit Gan-gar, durante a visita da agncia France Presse afirmou que J era altura de a ndia ter o seu museu do cinema. Ns temos arquivos, mas no um museu. E nos dias de hoje um museu pode ganhar vida atravs da tecnolo-gia e da interatividade.Mas os curadores do projeto fo-ram confrontados com grandes lacunas na rica herana cinema-togrfica do pas, uma vez que muitos dos primeiros filmes da ndia, por exemplo, no foram preservados. A ltima impres-

    so remanescente do primeiro filme sonoro da ndia, o filme de 1931 Alam Ara (The Light of the World), foi destruda por um incndio em 2003.Muitas coisas foram perdidas. S nos restou um por cento dos primeiros filmes mudos. Por-tanto, este no um museu de colees, mas sim um museu de informao, interao e educa-o atravs de uma experincia sensorial , disse Gangar.Ns no conseguimos muito, mas temos algumas coisas que nos chegaram atravs de doa-es e compras. Muitas coisas foram previamente acumuladas por coleccionadores particulares , disse Anil Kumar, Chefe de Ma-rketing da Diviso de Filmes do Governo. Este museu ser mais educativo.

    Atravs de um painel com ecran ttil, os visitantes podem assistir a clipes dos poucos filmes mu-dos que se conseguiram preser-var como Prem Sanyas (A Luz da sia, de 1925) e Prapancha Pash (Um lance de dados, de 1929).V.S. Kundu, Diretor Geral da Divi-so Filmes, refere que A estru-tura geral, planejamento e viso por trs do Museu do Cinema foi concebida sob a orientao de um comit consultivo enca-beado por, Shyam Benegal, e apoiada por muitos cineastas eminentes, incluindo Adoor Go-palakrishnan, historiadores, cr-ticos e representantes da inds-tria de cinema de todo o pas.Apesar da primeira fase do pro-jecto ter sido concluda h um ano com a inaugurao do Mu-

    seu do Cinema, outros projectos foram planejados desde o incio. Um deles, que poder ser con-siderado como a segunda fase, e que consiste em vrias salas e instalaes para mixagem de som, gradao de cores e res-taurao de filmes das quais ci-neastas independentes podem vir a fazer uso. Incluir tambm praas de alimentao, galerias de exposies, uma abbada de arquivo e um laboratrio de conservao no poro, est sendo construda e pode demo-rar entre 18 a 24 meses para abrir, desde a data de inaugura-o do Museu.A ideia transformar todo o lo-cal num centro de cinema onde cinfilos e visitantes em geral possam se reunir para estudar a histria, o contedo e a forma do cinema, algo parecido com o Cinematheque em Paris, diz Kundu.Bollywood comea assim a ex-plorar o seu potencial com iti-nerrios que incluem as casas das estrelas de cinema e visitas aos estdios de cinema da in-dstria hindi, em Mumbai.E um ano aps a sua inaugu-rao, o balano no podia ser mais positivo. As visitas ultra-passaram todas as expectati-vas, o interesse e colaborao de diversos cineastas e pessoas ligadas Stima Arte tem ca-tapultado o Museu de Cinema Indiano para patamares que os seus curadores nunca imagina-ram.Os agentes tursticos do estado de Maharashtra, do qual Mum-bai a capital, comearam re-centemente a oferecer tambm aos seus clientes as chamadas Bollywood Tours, que impli-cam visitas guiadas s imedia-es das casas das estrelas de cinema e visitas aos estdios de Bollywood.

    MUSEU DO CINEMA DA NDIA

    Um ano aps a sua inaugurao o balano bastante positivo

  • 2015 | 9 Cine Challo News

    A longa-metragem de es-treia de Ritesh Batra, The Lunch Box, traz de volta ao grande ecr uma sensibilida-de que remete para clssicos do cinema indiano como O Mundo de Apu.Nos ltimos anos, mesmo as tpicas comdias musicais do cinema da ndia - isto , da gi-gantesca mquina de produo conhecida como Bollywood - foram desaparecendo das sa-las de cinema de quase todo o mundo. Da que o lanamento de um filme como The Lunch Box constitua um acontecimen-to cujo carcter excecional im- porta sublinhar - estamos, de facto, perante um singular uni-verso melodramtico, muito atento s convulses familiares e sociais do quotidiano, no qual podemos reconhecer a herana de um mestre indiano como Sa-tyajit Ray (1921-1992), lendrio autor de clssicos como O Mun-do de Apu (1959) ou Charulata (1964).Trata-se da estreia na longa-me-tragem de Ritesh Batra (nascido em Bombaim, em 1979), alis

    assumindo tambm a autoria do delicado argumento de The Lunch Box.Tudo se desenvolve a partir de um inslito equvoco, pleno de consequncias afetivas e simb-licas. Isto porque uma mulher, de nome Ila (Nimrat Kaur), des-cobre que o almoo que envia diariamente para o marido, no seu local de trabalho, no lhe entregue.Devido a um erro do clebre sis-tema de distribuio que existe em Bombaim, a lancheira de Ila vai parar a outro escritrio, sen-do recebida por outro homem chamado Saajan Fernandes (Irr-fan Khan). O certo que ambos mantm a situao, comeando a corresponder-se por bilheti-nhos inseridos na prpria lan-cheira.A breve sinopse poder levar-nos

    a pensar que se trata de uma tpica narrativa de adultrio, centrada num mais ou menos previsvel tringulo amoroso. E se verdade que o ponto de partida pode sugerir tal enqua-dramento, no menos verdade que o desenvolvimento de The Lunch Box envolve nuances dramticas e melodramticas que afastam o filme de qualquer efeito convencional (inclusive no prprio desfecho). Desde logo porque a atitude de Ila envolve um inesperado desafio ao seu estatuto de esposa, alis subtil-mente sancionado pela divertida (e sempre invisvel) personagem da tia que vive no andar de cima. Depois porque, no limite, a crise do casamento de Ila e a viuvez de Saajan vo gerando um espa-o de pudica cumplicidade, por assim dizer unificado pelo senti-

    mento de uma existncia vivida em metdica solido.Embora enraizado num universo familiar e social obviamente dis- tante de usos e costumes oci-dentais, h em The Lunch Box um realismo dos estados de alma que acaba por gerar um forte apelo universal - afinal, Ila e Saajan so duas personagens procura do lugar a que perten-cem, ou melhor, das razes para pertencer a um determinado lugar.Com uma presena importante em vrios festivais internacio-nais, incluindo Cannes (Semana Internacional da Crtica), Dubai e Toronto, The Lunch Box aca-bou por se transformar num dos mais significativos fenmenos internacionais da mais recente produo da ndia. tambm um sintoma da diversificao

    dos respetivos mecanismos de produo, j que o seu financia-mento, alm de vrias empresas indianas, envolveu tambm en-tidades da Alemanha, Frana e EUA.Diz a sabedoria popular que o peixe morre pela boca e para uma esposa conquistar o ma-rido, um bom prato o melhor caminho. The Lunch Box no esconde ter bebido nesta fonte e apresenta um drama delicio-so com pitadas de comdia e romance, tendo como coad-juvante o secular, complexo e praticamente infalvel (segundo a conceituada Harvard) siste-ma de entrega de marmitas de Mumbai. So os Dabbawallahs, que per-mitem que milhes de maridos possam saborear a comida de casa, durante o expediente.

    COM THE LUNCH BOX

    Cinema indiano redescobre as virtudes do melodrama

  • 10 | 2015 Cine Challo News

    O Holi marca o incio do perodo primaveril na ndia. Essa data cele-brada de uma forma colorida no chamado Festival das Cores. Esta festividade hindu tem mais de dois milnios de existncia e tornou-se numa longa tradio que atravessa todo o pas. Os primeiros registros desta cele-brao advogam que se trata de uma metfora da luta do Bem contra o Mal. Em toda a celebrao a alegria contagiante e as pessoas abra-am-se, pintam-se de mltiplas cores e desejam umas s outras um Feliz Holi ao som de m-sica e acompanhado de muita comida e bebida. A preparao da celebrao co-mea algumas semanas antes do dia em que tudo acontece. As pes-

    soas comeam por juntar mui- ta madeira para alimentar as fo-gueiras na noite do festival, at manh do dia seguinte. A alegria inicia-se aqui, com os sons, as danas e as festas a eclodirem por todo o lado. Os registros histricos contam que o Holi muito anterior ao nascimento de Jesus. Alm disso, a profuso de lendas que expli-cam a sua existncia enorme e as histrias que o explicam so infindveis. No entanto, a maior parte desses escritos remetem para o temvel Rei Hiranya- kashyap. Diz a lenda que a vaidade deste rei era de tal exagero que ele pretendia ser venerado por to-dos os seus sbditos. Achava-se superior ao prprio Deus e per-seguia todos os que se manifes-

    tassem espiritualmente. No en-tanto, foi o seu prprio filho, Pra-hlad, quem decidiu desafiar essa soberba e adorar apenas uma entidade chamada de Lord Naa-rayana [Nara (homem) e Ayana (eterno)]. Este ato insolente para com o pai quase lhe custou a vida. A irm do rei, Holika, tinha um poder especial que era o de no se queimar quando em contato com o fogo (esse poder havia sido concedido por Brah-ma, considerado pelos hindus a representao da fora criadora ativa no universo). Ento, seu irmo pediu-lhe que caminhas-se por entre o fogo com Prahlad nos braos, para mat-lo. Porm, ao atravessar o fogo com outra pessoa e no sozinha, o seu po-der foi anulado e, com a inter-veno de Lord Naarayana (ou

    Vixnu - juntamente com Shiva e Brahma formam a trimrti, a trindade hindu, na qual Vixnu o deus responsvel pela manuten-o do universo), que assim re-tribuiu a sua inabalvel devoo, Prahlad foi salvo e Holika quei- mada. Portanto, a lenda invade a reali-dade sob a forma de moralidade e reala a vitria do Bem e da Devoo sobre o Mal. As foguei-ras referidas anteriormente so acesas na vspera, chamada de Holika Dahan (morte de Holika), em homenagem ao salvamen-to miraculoso do filho de Hi-ranyakashyap. A alegria que ressalta dos rostos em celebrao assume a forma de todas as cores. Os partici-pantes pintam-se uns aos outros com p de vrias pigmentaes.

    Esse p diludo em gua antes de ser aplicado na pele. O festival acolhe todos os que nele queiram participar e vai sendo reconhecido mundial-mente por inmeros depoimen-tos escritos ou fotogrficos de turistas que tiveram a felicidade de nele participar ativamente. Incontornavelmente, o Holi in- cita espiritualidade. Os ele-mentos religiosos do festival so usados em adorao a Krishna (segundo a etimologia, a palavra krish significa atrao pela exis-tncia divina, e na significa pra-zer espiritual. Quando o verbo krish adicionado a na, resulta em krishna, que significa Verda-de Absoluta). O Holi atravessa todas as classes sociais e transforma-as numa s. Todos so iguais na essncia do

    Ser. A celebrao da unio per- feita do yin complementado pe- lo seu oposto, o yang. Fica para todos um ano de dificuldades re-legado para o passado para que, no presente, possam receber um novo ano de amor, simpa-tia, cooperao e igualdade para com todos. Por fim, o festival das cores re-presenta simbolicamente o mo-mento da eliminao de todas as impurezas da mente, sendo o fogo o elemento purificador de devoo e de conhecimento. O esprito da verdade, misericr-dia e da generosidade atravessa em cor o povo hindu, que acolhe interiormente o valor divino, o amor, como fora superior do lado do Bem contra o Mal. Este ano o Holi comemora-se a 6 de Maro.

    HOLI

    Festival hindu deixa vrias cidades da ndia coloridas chegada da Primavera

  • 2015 | 11 Cine Challo News

    Konda Powa Ingredientes

    2 xcaras de flocos de arroz2 batatas mdias cortadas em cubos2 cebolas mdias picadas2 ou 3 chillies verdes picados ( optional )1/2 colher de ch de sementes de mostarda1/4 colher de asafetida1 colher de sopa de amendoim1/4 de colher de ch de curcuma em p1/4 de colher de ch de chilli em p1/2 colher de ch de garam masala10 - 12 folhas d curry2 colheres de sopa de leo1 colher de sopa de suco de limo1/2 colher de ch de aucarsal a gostocoentros frescos picadoscoco ralado para decorar ( optional )1/2 xcara de sementes rom fresca para decorar ( optional )

    Ingredientes Alternativos

    Vo pode usar os seguintes ingredientes para alm das batatas:1/2 xcara de milho doce1/2 xcara de ervilhas1/2 xcara de de brotos de moong verde

    Preparao

    Mergulhe, lave flocos de arroz na gua por 2 minutos. Coe para retirar todo o excesso de gua e reserve--os de lado.Descasque, lave e corte as batatas em pedaos pequenos e guarde. Aquea o leo em uma panela. Adi-cione e frite as sementes de mostarda e deixar pipocar, em seguida adicione asafetida, folhas de curry e amendoim. Frite por alguns segundos, depois adicione a cebola picada e frite at obter uma cor dourada clara.Em seguida adicione as batatas, e adicione lentamente o sal, p de curcuma, chilli, adicione um pouco de gua para misturar bem. Cubra com tampa e deixe cozinhar at que as batatas estejam macias. Adicione os flocos de arroz encharcado, garam masala, chilli em p, suco de limo, aucar, coentros frescos e mis-ture bem. Desligue o fogo. Sirva quente.

    Nesta edio divulgamos a receita de Konda Powa, um prato preparado com flocos de arroz.Existem vrias receitas de Powa. Os flocos de arroz so usados para preparar petiscos ou em sobremesas.

    Konda Powa um prato suave, sem glten, ligeiramente crocante, uma ideia rpida de preparar um snack nutritivo,ou como um lanche da tarde ou simplesmente como acompanhamento.

  • 12 | 2015 Cine Challo News

    LanamentosTevar (Atitude) um filme indiano de ao dirigido por Amit Sharma e escrito por Gunasekhar.

    O filme conta com Arjun Kapoor, Sonakshi Sinha, Manoj Bajpayee e Rajesh Sharma nos papis principais. um remake do filme Telugu de 2003 Okkadu e do filme Tamil Ghilli.

    O filme foi lanado a 9 de Janeiro de 2015 e enfrentou comentrios negativos por parte dos crticos, tendo sido declarado um fracasso pelo Box Office.

    Pintoo Shukla (Arjun Kapoor) um rapaz de Agra, campeo de Kabaddi que vai para Mathura. L, numa reviravolta do destino, ele salva Radhika (Sonakshi Sinha) do Gajendar Singh (Manoj Bajpayee), um lder da faco perigoso, que apaixonado por Radhika e quer casar com ela contra sua vontade. Pintoo tenta confort-la porque Gajendar Singh matou seu irmo. Quando ele salva Radhika, ele humilha Gajendar ao levar suas calas. Ganjendar recusa-se a coloc-las novamente at que algum encontre Radhika e a traga de volta. Pintoo ajuda Radhika a escapar e leva-a para sua casa, em Agra, escondendo-a no seu quarto com a ajuda de sua irm, Pinky (Gunjan Malhotra).Logo, seus pais descobrem que ela est escondida em sua casa. Radhika e Pintoo fogem novamente e ela se apaixona por ele. No dia seguinte, depois de cuidar de Gajendar e os seus homens, Pintoo e seus amigos levam Radhika no aeroporto para ela ir para a Amrica . Radhika chora no caminho at l, no

    querendo deixar Pintoo. Eles trazem seus pais para v-la uma ltima vez antes de sair. Aps Radhika pas-sar a segurana do aeroporto, Pintoo percebe que ama Radhika. Ela aparece por trs dele, dizendo que estava esperando que ele a detivesse. Pintoo no diz absolutamente nada e ela se vira para ir embora porque entende o silncio do rapaz como uma recusa, mas Pintoo chama-a de volta, e eles confirmam o seu amor com um abrao.O chefe da polcia, pai de Pintoo (Raj Babbar) e Gajendar aparecem no aeroporto, e o pai de Pintoo o prende enquanto Gajendar leva Radhika para longe. Enquanto est sequestrada por Gajendar, Radhika zomba dele e diz que Pintoo vir definitivamente para a levar dali. Gajendar vai para a cadeia e pede Pin-too para ir com ele. Aqui, o pai de Pintoo expressa que no est preocupado que Pintoo regresse a casa ferido, mas em vez disso, ele est preocupado com Gajendar.Gajendar e seus homens envergonham Pintoo na frente de toda a cidade. O ministro do Interior, que a razo porque Gajendar no tenha ficado em apuros todo esse tempo, diz-lhe para parar de fazer cenas, porque est arruinando seu partido poltico, mas Gajendar esbofeteia o ministro e vai lutar com Pintoo. Fica ainda mais enfurecido quando v o quanto Radhika ama Pintoo, e apunhala-o com uma faca. Pintoo cai no cho. Radhika tenta correr para ele, gritando seu nome, mas Gajendar arrasta-a para longe. Pintoo capaz de levantar-se de novo, pegar o leno que Radhika deixou cair. Ele amarra-o ao redor de sua cintura, onde est o ferimento a faca, e luta acabando por derrotar os homens de Gajender. Ele tambm vence Gajender at que este regressa com uma arma. No entanto, ele derrubado por Kakdi, o seu pr-prio brao-direito, que na verdade trabalhava para o Ministro do Interior. Pintoo e Radhika abraam-se, vo para casa e se casam.

  • 2015 | 13 Cine Challo News

    NO ACIDENTE!

    Se aconteceu a primeira