civil-32 fast constrution

181
i RAFAEL BARRANQUEIRO EGÊA FAST CONSTRUCTION – SISTEMAS CAPAZES DE QUEBRAR RECORDES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. SÃO PAULO 2004

Upload: rodrigocitolino

Post on 01-Oct-2015

9 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

trabalho sobre fast constrution

TRANSCRIPT

  • i

    RAFAEL BARRANQUEIRO EGA

    FAST CONSTRUCTION SISTEMAS CAPAZES DE QUEBRAR RECORDES

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Anhembi Morumbi no mbito do Curso de Engenharia Civil com nfase Ambiental.

    SO PAULO 2004

  • ii

    RAFAEL BARRANQUEIRO EGA

    FAST CONSTRUCTION SISTEMAS CAPAZES DE QUEBRAR RECORDES

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Anhembi Morumbi no mbito do Curso de Engenharia Civil com nfase Ambiental. Orientador: Prof. rico Francisco Innocente

    SO PAULO 2004

  • iii

    Dedico este trabalho minha famlia, aos meus avs, e principalmente, minha

    noiva Ktia que percorreu comigo esta longa jornada de estudos.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer a todos que, de uma forma ou de outro, ajudaram no

    desenvolvimento deste trabalho, sem os quais no seria possvel abranger todo o

    contedo apresentado, em especial:

    Universidade Anhembi Morumbi, por acolher a mim e a toda turma de alunos transferidos;

    s coordenadoras do curso de engenharia civil, professoras Jane Luchtemberg Vieira e Gisleine Coelho de Campos, pela colaborao e

    dedicao aos alunos;

    Ao professor rico Francisco Innocente, por orientar e conduzir o desenvolvimento deste trabalho;

    Ao professor Antonio Carlos da Fonseca Bragana Pinheiro, pelas indicaes de fornecedores na rea de estruturas metlicas;

    Ao engenheiro Carlos Eduardo Valente Pieroni Filho, da Ceemeesse Engenharia, pela disponibilidade de tempo e pelas orientaes, fundamentais

    para a montagem do estudo de caso;

  • v

    Ao arquiteto Fernando, da Munte Construes Industrializadas Ltda., pela disponibilidade de tempo e de materiais e pelas orientaes dadas,

    importantssimas para montagens do trabalho;

    Ao tcnico Valdemir Luiz da Silva, da Ceemeesse Engenharia, pela disponibilidade de tempo e pelas informaes, preciosas para abordagem no

    estudo de caso;

    empresa KPMG Auditores Independentes, por viabilizar a configurao e impresso final deste trabalho.

  • vi

    RESUMO

    Nos ltimos dez anos, nota-se que a construo civil brasileira vem passando por um intenso processo de reciclagem, principalmente em virtude da internacionalizao da economia nacional, com a migrao de vrias empresas e investidores internacionais para o nosso pas. Para se estabelecer no Brasil, estas empresas precisam implantar o seu empreendimento, e acostumadas com a modalidade de construo pr-fabricada, principalmente as originadas do perodo ps-guerra, impe desafios s construtoras nacionais para a aplicao dos sistemas e subsistemas construtivos mais desenvolvidos do mundo, com os materiais, equipamentos, e principalmente, com a mo-de-obra nacional. Para que isso ocorresse, no incio, algumas empresas nacionais, acreditando neste mercado, enviaram equipes tcnicas para a Europa e Estados Unidos com o objetivo de absorver toda a tecnologia internacional e aplicar na construo civil nacional, firmaram parcerias com instituies de pesquisa e empresas, e trouxeram para o Brasil diversas metodologias construtivas, at ento desconhecidas pela maioria dos profissionais da rea. Neste perodo apareceram, com bastante intensidade, as estruturas pr-fabricadas de concreto, as estruturas metlicas laminadas, os sistemas construtivos Tilt-up, e tambm os subsistemas construtivos Dry-wall, Stell deck, Stell frame, alm de algumas inovaes tecnolgicas como as placas cimentcias GFRC, novas tecnologias para pisos de concreto, e tambm tomaram fora os conceitos de Fast Track, Fast Construction, Turnkey, Built to suit, Kanban, Fordismo, entre outros. As principais exigncias destes investidores so: o prazo de entrega e a qualidade final do produto, j o preo passou a ser um fator no determinante neste caso. Para atender a estas exigncias, as construtoras investiram em muita tecnologia de projeto e planejamento, para tentar antecipar qualquer inconveniente durante o perodo de obra, eliminando assim a necessidade de improvisos. Desta forma, nota-se em alguns casos, que o tempo de obra passa a ser menor do que o tempo de detalhamento do projeto, em virtude do planejamento integrado das atividades crticas e da liberao de vrias frentes de trabalho no mesmo perodo de tempo. Um dos principais inconvenientes das construes pr-fabricadas, ainda o alto custo inicial, mas a tendncia que com o desenvolvimento de novas tecnologias, esta modalidade possa atender tambm o mercado imobilirio, e desta forma, o custo de uma obra poder ser reduzido, reduzindo-se assim os processos construtivos convencionais, que alm de improdutivos e desqualificados, geram um grande volume de resduos, altamente prejudiciais ao meio ambiente. Palavras Chave: Fast Construction; Fast Track; Industrializao; Pr-fabricado; Pr-moldado; Tilt-up; Estrutura metlica; Piso industrial de concreto; Placa cimentcia GFRC.

  • vii

    ABSTRACT

    Over the last ten years, it has been noticeable that the Brazilian Civil Construction Industry has been going through an intense recycling process, especially due to the internationalization of the local economy, with the migration of various international companies and investors to our country. In order to establish themselves in Brazil, these Companies must implement their enterprise, and become accustomed to the pre-fabricated construction process, especially those which emerged in the post-war period, representing a challenge to national construction companies who must apply the most developed construction systems and sub-systems in the world, with materials, equipment and principally local labour. In order for this to happen, some national companies, believing in the local market, have sent technical teams to Europe and the USA with the objective of absorbing all of the international technology and applying it in the local construction industry; they also entered into partnerships with research institutes and companies, and brought to Brazil various construction methods until then unknown to the majority of professionals in the area. In this period, there emerged with great intensity various systems of construction such as Tilt-up, pre-fabricated concrete structures, laminated metal structures as well as sub-systems such as Dry-wall, Steel deck, Steel frame, cement based slabs (GFRC), and also certain concepts gained strength such as Fast Track, Fast Construction, Turnkey, Built to suit, Kanban, Fordism and others. The principal requirements of these investors are: delivery time and quality of the final product, since price has become a non-determining factor. In order to fulfill these requirements, construction companies invested heavily in project and planning technology, in an attempt to foresee any problems which may arise during construction, and so avoid the need for any improvisation. As a result, we can note in some cases that the period of construction becomes less than the planning period due to the integrated planning of critical activities and the simultaneous implementation of various work fronts. One of the main inconveniences of pre-fabricated construction is still the high initial cost but the tendency is that with the development of new technologies, this system may also service the real estate business and so, the cost of a construction may be reduced, thus reducing conventional construction methods which in addition to being unproductive and disqualified, generate a high volume of residues which are harmful to the environment. Key words: Fast Construction; Fast Track; Industrialization; Pre-fabricated; Pre-moulded; Tilt-up; Metal structure; Industrial concrete floor; Cement-based slabs (GFRC).

  • viii

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 5.1 Guindaste sobre esteira ........................................................................25

    Figura 5.2 Guindaste sobre pneus .........................................................................26

    Figura 5.3 Transporte rodovirio de peas pr-fabricadas de concreto .................27

    Figura 5.4 Esquema de montagem dos painis sobre piso nivelado laser..........31

    Figura 5.5 Montagem de frma de madeira ...........................................................32

    Figura 5.6 Montagem da armao das paredes.....................................................32

    Figura 5.7 Lanamento de concreto na frma montada sobre o piso ....................33

    Figura 5.8 Iamento dos painis atravs de guindaste ..........................................34

    Figura 5.9 Escoramento dos painis ao longo do permetro ..................................34

    Figura 5.10 Travamento do Tilt-up estrutura da cobertura ..................................35

    Figura 5.11 Esquema de montagem da laje com o Steel Deck..............................49

    Figura 5.12 Seo transversal de uma laje com frma colaborante Steel Deck ....50

    Figura 5.13 Dimenses bsicas da frma metlica Steel Deck..............................51

    Figura 5.14 Montagem de parede utilizando placa de gesso acartonado ..............56

    Figura 5.15 Montagem de parede de gesso acartonado Etapa 1........................58

    Figura 5.16 Montagem de parede de gesso acartonado Etapa 2........................58

    Figura 5.17 - Montagem de parede de gesso acartonado Etapa 3 ........................59

    Figura 5.18 - Montagem de parede de gesso acartonado Etapa 4 ........................60

    Figura 5.19 - Montagem de parede de gesso acartonado Etapa 5 ........................60

    Figura 5.20 Aplicao de isolamento acstico com manta de l de vidro ..............63

    Figura 5.21 Comparao de desempenho acstica ...............................................64

    Figura 5.22 Acessrios para fixao de objeto em placa de gesso acartonado.....66

  • ix

    Figura 5.23 Equipamento laser sceed utilizado em grandes panos de piso...........74

    Figura 5.24 Rgua treliada vibratria utilizada para nivelamento do piso ............74

    Figura 5.25 Piso de concreto armado com tela simples na parte superior .............77

    Figura 5.26 Piso de concreto armado com tela simples na parte inferior ...............77

    Figura 5.27 Piso de concreto armado com tela dupla ............................................78

    Figura 5.28 Piso de concreto armado com cordoalhas engraxadas.......................78

    Figura 5.29 Piso de concreto armado com fibras de ao .......................................79

    Figura 5.30 Piso de concreto aderido overlay lanado sobre piso existente..........80

    Figura 5.31 Grficos dos ndices de planicidade (Ff) e nivelamento (Fl) de piso ...83

    Figura 5.32 Detalhe construtivo Tipos de juntas para pisos de concreto ............86

    Figura 6.1 Planta de localizao do empreendimento............................................92

    Figura 6.2 Procedimento para execuo de fundao com hlice contnua ..........95

    Figura 6.3 Colarinho do bloco de fundao para pilar pr-fabricado de concreto ..97

    Figura 6.4 Esquema de foras atuantes no colarinho ............................................98

    Figura 6.5 Caractersticas geomtricas do colarinho .............................................98

    Figura 6.6 Entrega de pilares pr-fabricados na obra ..........................................100

    Figura 6.7 Entrega de lajes alveolares na obra ....................................................101

    Figura 6.8 Guindaste sobre esteira com lana fixa ..............................................101

    Figura 6.9 Guindaste sobre pneus com lana telescpica ...................................102

    Figura 6.10 Consoles para apoio das pr-vigas de concreto ...............................102

    Figura 6.11 Ranhuras produzidas na base do pilar durante a fabricao ............103

    Figura 6.12 Ligao do pilar com o bloco de fundao ........................................104

    Figura 6.13 Vista externa da obra durante a etapa de montagem da estrutura ...104

    Figura 6.14 Tubos do sistema de guas pluviais instalados externamente .........105

    Figura 6.15 Pr-viga com armadura transversal exposta na face superior ..........106

  • x

    Figura 6.16 Pr-viga colocada sobre os pilares ...................................................107

    Figura 6.17 Pr-viga com parte da armadura exposta para concretagem ...........107

    Figura 6.18 Aberturas previstas em projeto para passagem das instalaes ......108

    Figura 6.19 Pr-viga sem cimbramentos durante a concretagem complementar 108

    Figura 6.20 Seo transversal da laje alveolar de 20 cm modelo LM 20 ..........109

    Figura 6.21 Painis alveolares utilizados para lajes.............................................110

    Figura 6.22 Vista explodida do sistema de cobertura roll-on................................111

    Figura 6.23 Perfil metlico I soldado utilizado no sistema da cobertura roll-on..113

    Figura 6.24 Trelia metlica espacial apoiada sobre perfil I metlico soldado...113

    Figura 6.25 Componentes do sistema de cobertura Roll-on ................................114

    Figura 6.26 Trelia metlica pr-fabricada ...........................................................115

    Figura 6.27 Iamento da trelia espacial com auxlio de guindaste .....................115

    Figura 6.28 Trelia espacial pr-fabricada ...........................................................116

    Figura 6.29 Dimenses bsicas do sistema Roll-on.............................................116

    Figura 6.30 Cobertura sistema roll-on da empresa Marko ...................................117

    Figura 6.31 Canais contnuos formados pelas bobinas........................................117

    Figura 6.32 Manta termo-acstica Isoband na face inferior do Roll-on ................118

    Figura 6.33 Placas de policarbonato utilizadas para iluminao natural ..............119

    Figura 6.34 Vista interna da cobertura metlica Roll-on.......................................119

    Figura 6.35 Armadura pronta para concretagem do piso .....................................120

    Figura 6.36 Concretagem e nivelamento de piso .................................................121

    Figura 6.37 Piso durante a concretagem .............................................................121

    Figura 6.38 Cura mida do piso de concreto da loja ............................................122

    Figura 6.39 Equipamentos para regularizao do piso de concreto.....................122

    Figura 6.40 Pavimento de concreto aps regularizao da superfcie .................123

  • xi

    Figura 6.41 Vista externa lateral da obra .............................................................126

    Figura 6.42 Vista externa da fachada principal ....................................................126

    Figura 6.43 Vista externa lateral da obra .............................................................127

    Figura 6.44 Vista externa da fachada principal ....................................................127

    Figura 6.45 Vista externa da entrada de pedestres..............................................128

    Figura 6.46 Vista externa da fachada principal ....................................................128

    Figura 6.47 Vista externa da entrada de pedestres..............................................129

    Figura 6.48 Vista externa da fachada principal ....................................................129

    Figura 6.49 Vista externa da fachada principal ....................................................130

    Figura 6.50 Vista externa da fachada principal ....................................................130

    Figura 6.51 Vista externa da fachada lateral ........................................................131

    Figura 6.52 Vista da entrada principal de veculos...............................................131

    Figura 6.53 Vista externa da entrada de veculos para abastecimento................132

    Figura 6.54 Planta de localizao do empreendimento........................................135

    Figura 6.55 Planta do andar tipo ..........................................................................140

    Figura 6.56 Proposta de layout - sem grandes interferncias ..............................141

    Figura 6.57 Vista interna do pavimento tipo aps montagem dos painis ...........143

    Figura 6.58 Cimbramentos para as pr-lajes e pr-vigas de concreto .................144

    Figura 6.59 Painis arquitetnicos de fachada.....................................................145

    Figura 6.60 Placas pr-fabricadas para revestimento de pilares e vigas .............146

    Figura 6.61 Vista interna do pilar revestido com painis pr-fabricados ..............146

    Figura 6.62 Ancoragem do painel atravs de cabo de ao ..................................147

    Figura 6.63 Nivelamento para fixao dos painis de fachada ............................148

    Figura 6.64 Inserts metlicos para fixao dos painis.........................................148

    Figura 6.65 Grua torre fixa utilizada durante todas as etapas da estrutura..........150

  • xii

    Figura 6.66 Canteiro de obras no incio da montagem dos painis......................153

    Figura 6.67 Vista externa da fachada durante montagem da estrutura................154

    Figura 6.68 Vista externa da fachada em execuo ............................................154

    Figura 6.69 Vista externa da fachada totalmente concluda.................................155

    Figura 6.70 Perspectiva da fachada principal definida em projeto .......................155

  • xiii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 5.1 Distribuio de custos de uma estrutura metlica ................................41

    Tabela 5.2 Propriedades fsicas do Steel Deck......................................................52

    Tabela 5.3 Sistemas construtivos para pisos e suas aplicaes............................81

    Tabela 5.4 Recomendao dos ndices Ff e Fl para cada tipo de piso ..................84

    Tabela 5.5 Recomendao do ndice Ff para cada destino de piso.......................84

    Tabela 6.1 Distribuio de reas do edifcio Business Space Tower ...................136

  • xiv

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABCI Associao Brasileira da Construo Industrializada

    ABCIC Associao Brasileira da Construo Industrializada de

    Concreto

    ABCP Associao Brasileira de Cimento Portland

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABRAGESSO Associao Brasileira dos Fabricantes de Blocos e Chapas de

    Gesso

    GFRC Glass Fiber Reinforced Cement

  • xv

    SUMRIO

    1 INTRODUO.....................................................................................................1

    2 OBJETIVOS.........................................................................................................2

    2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................2

    2.2 Objetivo Especfico ...................................................................................................2

    3 METODOLOGIA PESQUISA...............................................................................3

    4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................5

    5 FAST CONSTRUCTION INOVAES E TENDNCIAS .................................7

    5.1 Histrico.....................................................................................................................10

    5.1.1 Histrico no Mundo............................................................................................11

    5.1.2 Histrico no Brasil ..............................................................................................15

    5.2 Sistemas Construtivos Fast .................................................................................17

    5.2.1 Construes Pr-fabricadas de Concreto......................................................18

    5.2.2 Construes Pr-moldadas de Concreto Sistema Tilt-up........................28

    5.2.3 Construes Metlicas Pr-fabricadas...........................................................36

    5.3 Subsistemas Construtivos Fast ..........................................................................44

    5.3.1 Painis Arquitetnicos para Fachadas...........................................................44

    5.3.2 Frma colaborante Steel deck .....................................................................49

    5.3.3 Placa de gesso acartonado Drywall ............................................................54

  • xvi

    5.3.4 Placas cimentcias - GFRC ..............................................................................67

    5.3.5 Pisos industriais de concreto ...........................................................................73

    6 ESTUDO DE CASOS.........................................................................................89

    6.1 Hipermercado Sams Club Radial Leste............................................................89

    6.1.1 Ficha Tcnica .....................................................................................................93

    6.1.2 Planejamento......................................................................................................94

    6.1.3 Fundao ............................................................................................................95

    6.1.4 Estruturas ............................................................................................................99

    Pilares pr-fabricados de concreto ...........................................................................102

    Pr-vigas de concreto .................................................................................................105

    Lajes alveolares de concreto .....................................................................................109

    6.1.5 Cobertura ..........................................................................................................110

    6.1.6 Piso de concreto usinado ...............................................................................120

    6.1.7 Informaes adicionais ...................................................................................124

    6.1.8 Relatrio Fotogrfico .......................................................................................126

    6.1.9 Anlise ...............................................................................................................132

    6.2 Edifcio Comercial Business Space Tower.....................................................135

    6.2.1 Ficha Tcnica ...................................................................................................136

    6.2.2 Planejamento....................................................................................................137

    6.2.3 Fundao ..........................................................................................................138

    6.2.4 Estruturas ..........................................................................................................138

    Pr-vigas de concreto .................................................................................................142

    Pr-lajes de concreto ..................................................................................................142

    6.2.5 Painis arquitetnicos para fachada.............................................................145

  • xvii

    6.2.6 Informaes adicionais ...................................................................................151

    6.2.7 Relatrio Fotogrfico .......................................................................................153

    6.2.8 Anlise ...............................................................................................................156

    7 CONCLUSES................................................................................................159

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................162

  • 1

    1 INTRODUO

    Vale tudo para entregar a obra no menor prazo possvel, ao melhor custo e da

    maneira mais customizada para o cliente. Os recordes so de tirar o flego, obras

    com menos de 40 dias, seleo tecnolgica que mescla componentes avanados e

    tradicionais e, principalmente projetos, muitos projetos, so as premissas da Fast

    Construction, considerada desde j uma modalidade de negcios e conceitos

    construtivos (TCHNE, 2003f).

    Para empreendedores hoteleiros, empresas que precisam de centros de distribuio,

    indstrias, hipermercados e edifcios de escritrios, obra fora do prazo sinnimo de

    prejuzo. Nestes casos, mais do que nunca, tempo dinheiro.

    Este trabalho apresenta uma viso geral dos sistemas e subsistemas construtivos

    que apareceram nas ltimas dcadas, para inovar o mercado da construo civil

    brasileira, agilizando diversas etapas improdutivas da obra, na fbrica, e

    transformando o canteiro de obra em verdadeira linha de montagem.

  • 2

    2 OBJETIVOS

    A seguir so apresentados os objetivos, geral e especfico, dos assuntos que so

    tratados no decorrer deste trabalho.

    2.1 Objetivo Geral

    Os sistemas construtivos vm sofrendo diversas mudanas, principalmente nos

    ltimos 10 anos, onde surgiram novos conceitos, como por exemplo: o Fast

    Construction. Nota-se que a construo civil no Brasil caminha a passos largos para

    o processo de industrializao dos seus sistemas, subsistemas e componentes

    construtivos, fazendo do canteiro de obras uma verdadeira linha de montagem. Este

    trabalho apresenta uma descrio dos principais sistemas construtivos, comparando-

    os entre si e com mtodos convencionais, e mostrando as tendncias para os

    prximos anos.

    2.2 Objetivo Especfico

    O foco principal deste trabalho explicar o conceito de Fast Construction, onde so

    aplicados os sistemas, planejamento e logstica necessria para que a obra se

    desenvolva, gradativamente, dentro do prazo determinado pelo cliente.

  • 3

    3 METODOLOGIA PESQUISA

    Este trabalho foi desenvolvido mediante a realizao de uma srie de atividades

    relacionadas ao tema em questo, tais como:

    Leitura de livros tcnicos, dos quais foram extrados os contextos histricos, as caractersticas principais dos sistemas construtivos e a empregabilidade

    dos mesmos;

    Leitura de revistas e publicaes tcnicas, para apresentao das principais inovaes e exemplos de utilizao;

    Leitura de materiais disponibilizados via internet, para obteno de informaes quanto ao contexto histrico e caractersticas de cada sistema;

    Visitas em obras, para verificao do desenvolvimento prtico das atividades;

    Consulta ao orientador, para conduo deste trabalho;

    Consulta aos profissionais atuantes na rea, para obteno de informaes referentes ao planejamento e a logstica de controle das etapas de uma obra

    Fast Construction;

  • 4

    Consulta aos professores das disciplinas envolvidas com o assunto, para aprimoramento do trabalho.

  • 5

    4 JUSTIFICATIVA

    O menor prazo possvel, com alto padro de qualidade e com o custo acessvel,

    seria a condio apropriada para qualquer construo. Em alguns casos isso no

    vivel devido ao alto investimento inicial.

    Para algumas empresas privadas, de setores diversos da economia, sejam

    hoteleiros, transportes, hipermercados ou ainda fast-food, o prazo a condio mais

    importante na questo da implantao de uma filial ou franquia, e no somente o

    custo. Considerando esta presso exercida pelo mercado, as empresas da

    construo civil tiveram que se adequar, e buscar inovaes tecnolgicas no exterior

    para atender as exigncias de seus clientes.

    Algumas destas empresas especializaram-se e desenvolveram tais inovaes,

    aprimorando metodologias construtivas, e com treinamento especializado da mo-

    de-obra, lhes possibilitou o alcano do know-how sobre alguns sistemas.

    Este desenvolvimento tecnolgico possibilitou a criao de alguns conceitos sobre

    as construes rpidas, tais como Fast Track ou Fast Construction, que nada mais

    so que o avano contnuo, integrado e industrializado de todas as etapas do

    processo construtivo.

    Todo este desenvolvimento tecnolgico, ainda no possui um detalhamento terico

    abrangente e integrado, sobre a histria do seu progresso, sendo que muitas vezes

  • 6

    acabam desconhecidos por profissionais do prprio setor. Levando isso em conta,

    este trabalho procura apresentar as inovaes tecnolgicas que estaro presentes,

    nos prximos anos, na vida cotidiana dos engenheiros e profissionais afins.

  • 7

    5 FAST CONSTRUCTION INOVAES E TENDNCIAS

    Os grandes investidores, nacionais e internacionais, dos setores de hipermercados,

    shopping center, redes de lojas que necessitam de centros de distribuio,

    indstrias, edifcios comerciais, vem na Fast Construction1 uma alternativa de

    investimento rentvel em curto prazo, pois quanto menor o prazo da obra mais

    rpido se dar o retorno do investimento.

    Para este tipo de investidor, o tempo da obra contabilizado como prejuzo. Por

    isso, interessa a eles tudo o que represente uma diminuio significativa nos prazos

    de construo, ressalta Paulo Eduardo Fonseca de Campos, diretor tcnico da

    ABCIC (TCHNE, 2003f).

    O conceito de Fast Construction no est limitado apenas s construes de grande

    porte, como os edifcios comerciais, hipermercados e outros citados anteriormente, o

    que representa a sua grande maioria. Mas, no entanto, se estendem tambm s

    construes de edifcios residenciais, casas e ainda postos de gasolina, utilizando o

    mesmo conceito de industrializao dos componentes, da fundao ao acabamento.

    Devido a estas grandes transformaes, em virtude da internacionalizao da

    economia, h cerca de dez anos a construo civil nacional vem deixando de ser

    1 Mtodo de construo rpida e seriada, que prioriza sistemas construtivos e materiais que agilizam

    a obra (TCHNE, 2003f).

  • 8

    tratada como um processo de moldagem, para ser considerada como montagem, ou

    seja, as tcnicas empregadas at ento com o uso de materiais moldados in loco,

    em especial o concreto, foram sendo aprimoradas e passaram a ser produzidas em

    indstrias especializadas (TCHNE, 2003f).

    Numa analogia com indstria automobilstica, a construo pr-fabricada, antes,

    seguia a linha do Fordista2; hoje Kanban3, com uma concepo flexibilizada,

    voltada ao usurio (TCHNE, 2003f).

    No processo de industrializao os projetos devem ser mais detalhados e

    compatibilizados, com isso uma determinada obra pode levar mais tempo para ser

    projetada e detalhada, do que propriamente para ser executada. Com este

    detalhamento em projeto minimiza-se a quantidade de retrabalhos, desperdcios e

    gastos gerados por eventuais falhas (TCHNE, 2003f).

    Para o engenheiro Carlos Tadashi, da empresa Hochtief, Projetistas, fornecedores e

    construtores no tm tempo hbil para corrigir falhas quando falamos de dois, trs

    2 Sistema de produo em srie criado por Henry Ford no incio do sculo 20. Quem se movimenta

    o objeto de produo, em trilhos ao longo da fbrica, e no o operrio. Este tem funo fixa e uma

    base (TCHNE, 2003f).

    3 Mtodo de produo em srie e de controle da produo e de materiais, creditado a Toyota Motor

    Company. Kanban uma palavra japonesa que significa etiqueta. Em Kanban esto as informaes

    como a referncia da pea fabricada e indicaes do posto de trabalho. Serve para controlar o fluxo

    de materiais e aumentar a produtividade (TCHNE, 2003f).

  • 9

    meses, como no caso da obra de um hipermercado de 34.580 m, no bairro do

    Jaguar, em So Paulo, construdo em 150 dias. Para Tadashi, As construtoras

    precisam ter foco nos resultados, muito planejamento, alm da aplicao intensiva

    de engenharia e tecnologia (TCHNE, 2003f).

    Em virtude da interao entre diversos sistemas construtivos, as obras Fast

    Construction so passveis de adaptaes e alteraes durante a execuo,

    exigindo assim, das construtoras, muita flexibilidade para assimilar rapidamente as

    mudanas e propor novas medidas (TCHNE, 2003f).

    Para que as metas sejam cumpridas, necessrio planejar cuidadosamente os

    prazos parciais do empreendimento, identificando os caminhos crticos e permitindo

    o incio simultneo de diversas frentes de servio. Para o engenheiro Odilon Y.

    Mesquita, gerente de Operaes da JP Brasil: Utilizar a metodologia fast track4

    requer que todos os participantes sejam experientes e tenham facilidade de

    entrosamento, alm de comprometimento com o prazo final e a qualidade da obra.

    Um dos riscos que, como se trabalha muito com estimativas, custos e prazos

    podem ser superestimados ou subestimados facilmente, o que, s vezes, pode

    ocasionar perdas (O EMPREITEIRO, 2002).

    4 O mesmo que Fast Construction (TCHNE, 2003f).

  • 10

    5.1 Histrico

    Os caminhos que podem conduzir evoluo da construo, so definidos por

    Paulo Bruna, de maneira brilhante, no seu livro Arquitetura, Industrializao e

    Desenvolvimento, publicado pela editora Perspectiva (BRUNA, P. J. V. apud ABCI,

    1986).

    A industrializao est essencialmente associada aos conceitos de

    organizao e de produo em srie, os quais devero ser entendidos

    analisando de forma mais ampla as relaes de produo envolvidas e a

    mecanizao dos meios de produo. A histria da industrializao identifica-

    se, num primeiro tempo, com a histria da mecanizao, isto , com a

    evoluo das ferramentas e mquinas para a produo de bens.

    A seguir, esto apresentados os principais acontecimentos histricos que

    impulsionaram a utilizao dos sistemas Fast Construction, nos principais pases da

    Europa, nos Estados Unidos da Amrica e, principalmente, no Brasil.

  • 11

    5.1.1 Histrico no Mundo

    Na Europa ocorreram fenmenos diversos que impulsionaram o emprego dos

    sistemas Fast Construction, em especial os pr-fabricados de concreto e ao, em um

    contexto voltado, de incio, para a racionalizao.

    Um deles foi a extrema necessidade de reconstruo, aps a Segunda Guerra

    Mundial. Assim, o perodo de 1945 a 1950 caracterizou-se pela extraordinria

    demanda de construes, notadamente habitaes. Mas os programas de

    recomposio urbana e cicatrizes das feridas deixadas pela guerra priorizavam

    tambm a reconstruo de escolas, hospitais, indstrias e pontes (ABCI, 1986).

    No s a guerra ocasionou a demanda. Em anos anteriores conflagrao, nas

    dcadas de 20 e 30, alguns pases europeus, como a Frana, haviam congelado

    aluguis e desestimulado investimento na construo civil, por fora de legislao

    falsamente paternalista, segundo Paulo Bruna, originada em movimentos socialistas

    de poca. E, alm de desestimular investimentos, alguns governos simplesmente

    deixaram de realizar construes. claro que havia as excees, mas estas apenas

    confirmavam as regras (ABCI, 1986).

    Portanto, quando hoje se diz que a Europa praticou um indito programa de

    reconstruo, deve-se levar em conta que ele tinha em vista no s as construes

    destrudas pelos bombardeiros areos, mas todo um grande patrimnio habitacional

    dilapidado, j que em amplo perodo anterior ao conflito no se tinha investido

  • 12

    maciamente no setor, em novas construes ou na manuteno das existentes

    (ABCI, 1986).

    Quando Eugne Claudius Petit assumiu o Ministrio do Urbanismo e da

    Reconstruo francs, em setembro de 1948, teve pela frente uma demanda

    semelhante que se observava aqui no Brasil na dcada de 1980, considerando-se

    os termos e as implicaes histricas respectivas. O fato que ele dizia ser

    necessrio refazer por volta de dez milhes de habitaes, incluindo nessa projeo

    tanto as destrudas pelas bombas quanto as danificadas pelo tempo ou outros

    fatores (ABCI, 1986).

    Mas a escassez de recursos nos pases esgotados pela guerra orientou e

    determinou prioridades: a reconstruo de indstrias, sistemas de comunicao,

    transportes, pontes, viadutos, etc. A situao era de tal ordem que a Inglaterra

    controlava com rigor o direito de construir, j que os investimentos e os materiais

    necessrios eram fundamentalmente canalizados para fins sociais ou de produo

    (ABCI, 1986).

    Mas essa fase foi muito importante, pois fortaleceu a conscincia da necessidade da

    racionalizao dos componentes, e caracterizou-se por uma impressionante

    objetividade no uso dos materiais haja vista os exemplos de dois programas de

    construo escolares colocados em prtica na Inglaterra, o Scola e o Intergrid,

    bastante significativos em termos de racionalizao. Esta abrangia todas as fases da

    obra: do projeto, passando pela estrutura, aos pormenores mnimos das instalaes,

  • 13

    com a produo de componentes desenhados criteriosamente para esse fim (ABCI,

    1986).

    O desenvolvimento da racionalizao ensejou os estudos que levaram

    coordenao modular. E a coordenao modular experimentou perodo de notvel

    expresso na Holanda, movimento centralizado no Bowcentrum, em Roterd. Ali, os

    estudiosos propunham a construo de grandes edifcios cujos projetos permitissem

    gil versatilidade de divises internas, baseada em vos de porte mdio e no

    intercmbio dos componentes (ABCI, 1986).

    Foi uma etapa rica no progresso da construo que posteriormente evoluiu para a

    substituio de componentes. quando tem incio a produo cada vez mais

    intensiva de componentes mediante sistemas industrializados de pr-fabricao. Um

    processo que comea no canteiro e progride gradativamente para a usina fixa. H

    um perodo nessa travessia do canteiro para a usina. Mas, uma travessia, segundo

    Paulo Bruna, muito coerente, muito contnua. Alguns fatores histricos e econmicos

    esclarecem esse avano da racionalizao para a substituio de componentes e da

    pr-fabricao para a industrializao (ABCI, 1986).

    Na dcada de 1950 a Europa viveu o perodo do boom do crescimento, propiciado

    tambm pelo Plano Marshall. A reconstruo deixara de ser motivo para uma

    simples injeo de recursos e se tornara um canal de desenvolvimento

    extraordinrio. O operrio qualificado comeou a obter reais vantagens salariais. A

    mo-de-obra qualificada emigrou, aos poucos, da construo civil, que no tinha

    meios de oferecer melhores salrios, para as indstrias. Como tocar os enormes

  • 14

    programas de reconstruo sem mo-de-obra? Alguns pases europeus tentaram

    solucionar esse problema escancarando a porta imigrao, estimulando os

    operrios da construo civil a deixarem sua terra de origem, os pases mais pobres

    da bacia do Mediterrneo e de outras regies. Tanto assim que na Frana h

    considerveis contingentes de portugueses, marroquinos e argelinos; na Alemanha,

    sicilianos, turcos e gregos; e, na Inglaterra, hindus, paquistaneses, jamaicanos, etc

    (ABCI, 1986).

    Em geral, essa massa de trabalhadores no era qualificada e, portanto, recebia

    salrios consideravelmente baixos. Ento surge a indagao: como produzir,

    segundo parmetros tcnicos adequados, sem mo-de-obra capacitada? Havia duas

    sadas: promover sua qualificao, o que seria oneroso e demorado - e a rigor no

    convinha qualificar operrios imigrantes, contratados temporariamente -, ou

    introduzir um grau de competncia e qualidade na construo que s a mquina

    poderia dar. Passou-se, ento, a substituir funes de canteiro pela mecanizao,

    elevando o nvel organizacional dos critrios de produtividade (ABCI, 1986).

    Cada vez mais mecanizada, a indstria da construo se tornou complexa e, num

    certo momento, ficou claro que os investimentos nela aplicados s poderiam ser

    satisfatoriamente amortizados se houvesse grandes demandas - e contnuas. As

    polticas de desenvolvimento mudaram e levaram em conta a evoluo das tcnicas,

    o aprimoramento dos equipamentos, resultantes de experincias e da anlise de

    aperfeioamentos tecnolgicos amadurecidos na prtica, com absoluta competncia

    e coerncia. E os exemplos so numerosos, tanto na Frana, Holanda, Inglaterra

    quanto em outros pases (ABCI, 1986).

  • 15

    Na Unio Sovitica optou-se pela construo industrializada tendo em vista a

    necessidade da produo em massa de edificaes. Ali se utilizou em grande escala

    a pr-fabricao pesada de clulas modulares completas. A Escandinvia escolheu

    o sistema alveolar. E nos Estados Unidos deu-se nfase produo de

    componentes industrializados e novos materiais e racionalizao da construo de

    estruturas (ABCI, 1986).

    5.1.2 Histrico no Brasil

    indiscutvel que os sistemas industrializados tm avanado muito no Brasil,

    principalmente na ltima dcada, havendo, porm, muito terreno a percorrer. Os

    avanos j obtidos refletem, de certa forma, seu potencial.

    Muitas vezes, a utilizao de sistemas Fast Construction acaba no sendo adotada

    por mero desconhecimento, pois se os grandes investidores consultassem as

    empresas, detentoras de tcnicas e experincias acumuladas na prtica diria do

    trabalho desenvolvido junto a projetistas, no canteiro ou em usina, sem dvida

    haveria maior integrao entre as partes, e assim sendo a tecnologia experimentaria

    maior processo de aprimoramento e evoluo.

    obvio que ao longo do tempo, e em razo do empenho e do fortalecimento de

    algumas empresas, foram surgindo no pas vrios processos construtivos. O fato,

  • 16

    porm, que em 1966, com a criao do Banco Nacional da Habitao (BNH), o

    governo adotou uma poltica equivocada de desestmulo industrializao, na

    expectativa de incentivar o emprego macio de mo-de-obra no qualificada em

    canteiro. Isso teria atrasado ainda mais o processo de industrializao, caso

    empresrios, vislumbrando as amplas possibilidades do pr-fabricado no futuro, no

    entrassem numa luta, isolada, mas conseqente, para mudar o quadro (ABCI, 1986).

    Do ponto de vista macroeconmico, o que impulsionou o uso mais intensivo dos

    sistemas industrializados no Brasil foi a internacionalizao da economia, que

    ocorreu mais intensamente na dcada de 1990. Nos ltimos anos, com a chegada

    de empreendedores estrangeiros, habituados utilizao dos sistemas pr-

    fabricados e s obras rpidas, a demanda por esses sistemas cresceu muito

    (TCHNE, 2003f).

    Desde a dcada de 1980 o mercado da construo civil brasileira dispe de

    sistemas industrializados, sobretudo pr-fabricados de concreto. Daquela poca at

    hoje, porm, ocorreram diversas mudanas, tanto na qualidade quanto na

    diversidade dos produtos e nas maneiras como so empregados (TCHNE, 2003f).

    Essa interao entre as prticas de construes nacionais e a importao de

    sistemas e subsistemas, resultou em um grande avano tecnolgico. Desta fuso

  • 17

    entre tecnologias, despontaram alguns conceitos como a prpria Fast Construction,

    Fast Track, Tilt-up, Steel deck, Dry-wall, Stell frame5, Built to suit6 entre outros.

    5.2 Sistemas Construtivos Fast

    Os sistemas construtivos envolvem as atividades principais da obra, tais como

    fundao, estrutura, cobertura e fechamento, sendo que estas atividades por serem

    crticas, no ponto de vista do planejamento da obra, no podem gerar atrasos, pois

    isso acarretaria conseqncias em outras atividades menores adiante.

    Sendo assim, a seguir, sero apresentados os principais sistemas construtivos

    empregados atualmente nas construes qualificadas como Fast Construction.

    5 Sistema construtivo baseado no emprego de estruturas metlicas, em forma de perfis, para

    montagem das paredes internas e externas. O fechamento desta estrutura pode ser executado com

    chapas cimentcias, placas de gesso acartonado ou outro material similar.

    6 Construo sob medida. As instalaes so projetadas de adordo com as necessidades especficas

    de ocupao da empresa (TCHNE, 2003f).

  • 18

    5.2.1 Construes Pr-fabricadas de Concreto

    O concreto pr-fabricado sempre se mostrou ao mundo com sinnimo de obras

    incrivelmente rpidas, mas, em contrapartida, de arquitetura padronizada e altos

    custos (TCHNE, 2003g).

    Os pr-fabricados de concreto se tornaram mais flexveis e competitivos, mas ainda

    no atingiu, no Brasil, o prestgio que tm no exterior. A participao do segmento

    de pr-fabricados na produo de concreto nacional ainda no ultrapassou a

    barreira dos 5% (TCHNE, 2003g).

    Segundo dados da ABCIC, as obras construdas com elementos de concreto pr-

    fabricados registraram no ano de 2003 um crescimento de 5% em relao ao ano

    anterior, enquanto o setor de construo civil em geral teve queda de 6,5%

    (TCHNE, 2003g).

    Muito mais do que restries tecnolgicas, o sistema ainda enfrenta obstculos

    culturais para se firmar no mercado da construo civil nacional. Por conta disso, o

    desafio da indstria mostrar que o pr-fabricado no uma alternativa, mas sim

    um conceito construtivo.

    Hoje a pr-fabricao aberta: est presente nos empreendimentos como sistema

    completo ou em partes da obra, como subsistema ou componente isso

  • 19

    flexibilidade, lembra Paulo Eduardo Fonseca de Campos, diretor tcnico da ABCIC

    (TCHNE, 2003f).

    Quando se constri com pr-moldado no h abandono do concreto convencional,

    muda apenas o jeito de construir, que passa a ser menos passvel de falhas, e,

    portanto, mais racional. Quem aprende a lidar com o pr-fabricado de concreto

    geralmente passa a utilizar todos os argumentos para defend-lo (TCHNE, 2003g).

    Segundo Luiz Carlos Rendezzi, chefe do departamento de Edificaes da DM

    Construtora, usar concreto moldado in loco andar para trs, optar por sistema

    praticamente artesanal em detrimento de um esquema industrial preciso (TCHNE,

    2003g).

    As grandes vantagens do sistema pr-fabricado em concreto, por agregarem ganhos

    de produtividade e qualidade ao projeto, segundo a ABCIC (2004), so:

    Modernidade Solues inovadoras e criativas; Versatilidade Solues arquitetnicas personalizadas; Durabilidade Reduo de patologias e dos custos de manuteno; Normalizao O uso de normas tcnicas para o setor garante qualidade

    estrutural e uniformidade;

    Velocidade Os cronogramas so atendidos e o planejamento facilitado; Qualidade Contnuo desenvolvimento tecnolgico;

  • 20

    Confiana As empresas produtoras de pr-fabricados associadas ABCIC tm histrico de mercado, dando ao investidor a segurana de lidar com

    empresas respeitveis;

    Resistncia ao fogo Elevada resistncia ao fogo, atestado em ensaios e casos reais. Os prmios de seguro tornam-se reduzidos em relao a outros

    sistemas industrializados;

    Regularidade dimensional Garantia dimensional, resultando em grandes redues de custos em outras etapas da obra;

    Desenvolvimento sustentvel Os materiais e os componentes podem ser facilmente reutilizados e reciclados;

    Solues / Sistemas Possibilidade de integrao entre diferentes sistemas construtivos.

    Segundo o engenheiro Carlos Eduardo Emrich Melo, organizador do Manual Munte

    de Projetos em Pr-fabricados de concreto, publicado em 2004 pela Editora Pini,

    atualmente, os sistemas pr-fabricados de concreto esto voltados para cinco

    grandes linhas de atuao, a saber:

    Galpes Edificaes Horizontais Edificaes Verticais Edificaes Mistas Estruturas Gerais

  • 21

    Uma indstria de elementos pr-fabricados de concreto se caracteriza e se

    diferencia por linha de produo, cabendo a cada uma delas o desenvolvimento de

    um subsistema, a ser utilizado separadamente ou em conjunto, em qualquer tipo de

    estrutura. Tambm podem ser utilizadas em composies com os outros sistemas

    construtivos, com o devido cuidado de se especificar corretamente as interfaces

    entre todos os elementos (MELO, 2004).

    Em 1986, a ABCI apresentava em seu Manual Tcnico de Pr-fabricados de

    Concreto, apenas cinco subsistemas, sendo eles: Pilares, Vigas, Lajes de piso,

    Painis de Fechamento e Telhas Protendidas (ABCI, 1986).

    No entanto, segundo Melo (2004), os subsistemas do pr-fabricado de concreto j

    podem ser divididos em:

    Cobertura Pilares Fundaes Vigas Fechamento em Painis Alveolares Fechamento de Painis Arquitetnicos Lajes Alveolares Lajes Prontas Macias Pr-lajes Pr-vigas Escadas

  • 22

    Anos atrs, os projetistas estavam certos em apontar o conceito no-convencional

    como limitador de possibilidades arquitetnicas. Quem quisesse utilizar pr-moldado

    tinha de conhecer, por meio do catlogo de empresas, as peas disponveis. A partir

    da, desenvolvia-se projeto, que certamente no daria muitas chances para a

    criatividade, resultando quase sempre em prdios industriais ou galpes (TCHNE,

    2003g).

    Hoje, no entanto, essa caracterstica montona, embora funcional e rentvel, no

    tem mais tantos motivos para ser relacionada com o concreto pr-moldado

    (TCHNE, 2003g).

    Tecnicamente, pode haver qualquer tipo de pea pr-fabricada, garante Larcio

    Souza Gil, lder do projeto de pr-fabricados da ABCP. A idia pegar um projeto

    arquitetnico criado com liberdade e industrializ-lo, atender completamente s

    solues do arquiteto, conclui Gil (TCHNE, 2003g).

    Para tanto, a nica restrio a questo econmica, pois quanto menor a escala, o

    volume e a padronizao, menor tambm a competitividade dos sistemas pr-

    fabricados, pois seria necessrio criar uma rea na fbrica, alm de equipamentos e

    equipes exclusivas para atender esta demanda. Portanto, para tornar um projeto

    economicamente vivel os projetistas devem ter conhecimento do sistema como um

    todo, para tentar substituir, quando possvel, as dimenses das estruturas calculadas

    por dimenses padres, dispostas para pronta entrega nas fbricas.

  • 23

    O alto custo, que ainda no pode ser controlado nesses casos especficos, a

    grande desvantagem dos pr-moldados. Por outro lado, quando o prazo muito

    curto, caracterstica primordial da Fast Construction, o investimento inicial passa a

    valer a pena: a rapidez o grande trunfo do conceito racional.

    Em caso de prdios comerciais, industriais ou institucionais, alm de cada ms

    ganho no prazo se converter em lucro para o cliente, uma obra rpida significa

    menor custo fixo: o custo inicial se transforma em economia final (TCHNE, 2003g).

    De acordo com a necessidade do cliente, pode-se optar entre pr-moldar as peas

    no prprio canteiro, em usina especialmente montada, ou comprar as peas

    fabricadas em uma indstria. Para saber qual o mtodo mais vantajoso para a

    obra, preciso fazer um estudo de viabilidade econmica. Cada situao deve ser

    avaliada em relao circunstncias especficas, cronograma e exigncia esttica

    (TCHNE, 2003g).

    Para tornar vivel criar uma fbrica no canteiro preciso, primeiro, espao

    suficiente. Ali ser preciso ter rigorosamente a mesma estrutura de uma indstria,

    das frmas metlicas ao laboratrio de controle de qualidade. As vantagens de

    produzir em canteiro so os componentes estarem sujeitos tributao e no

    existirem limitaes de gabarito para transporte. J as principais desvantagens so

    as condies desfavorveis em comparao com uma usina, que dificultam a

    otimizao da produtividade e o controle da qualidade (TCHNE, 2003g).

  • 24

    Cumprido esse pr-requisito, de acordo com o engenheiro Mounir Khalil el Debs, da

    Escola de Engenharia da USP de So Carlos e autor do livro Concreto Pr-moldado

    Fundamentos e Aplicaes, as vantagens de produzir em canteiros so os

    componentes no estarem sujeitos tributao e no existirem limitaes de

    gabaritos para transporte. J as principais desvantagens so as condies

    desfavorveis em comparao com uma usina, que dificultam a otimizao da

    produtividade e o controle da qualidade (TCHNE, 2003g).

    Embora a filosofia de produo baseada na idia de pr-moldar as peas de

    concreto seja a mesma nos dois casos, os resultados obtidos apresentam muitas

    variaes, pois no caso das peas pr-fabricadas na indstria as condies so

    sempre as mesmas, o mesmo no pode ser dito sobre uma estrutura montada

    temporariamente no canteiro, lembra Larcio Souza Gil. (TCHNE, 2003g).

    Com relao s questes tcnicas, pr-moldar as peas no difere muito de mold-

    las in loco, pois o que muda apenas o mtodo construtivo, enquanto os materiais

    usados so os mesmos. Assim, a dosagem do concreto, por exemplo, deve ser feita

    da mesma maneira do que no mtodo convencional. A nica diferena que um

    esquema industrial envolve volumes maiores. A cura tambm no teria nenhum

    segredo se no fosse um pequeno detalhe de ordem econmica: no pr-moldado, o

    que garante ganho de custo a rapidez na produo. Se for preciso acelerar o

    saque para liberar a frma, o artifcio exatamente a cura, que pode ser trmica ou

    a vapor (TCHNE, 2003g).

  • 25

    Ainda no canteiro, preciso se preocupar com o armazenamento. O engenheiro Luiz

    Carlos Renzetti explica que precisam ser seguidas regras de estocagem para as

    diferentes peas, como lajes, pilares, vigas, painis de fechamento e estruturais.

    Nunca se devem empilhar muitas peas e recomenda-se sempre colocar pontaletes

    entre elas, para evitar que formem flechas ou contra-flechas. Alm disso, tanto no

    caso de optar pelo pr-fabricado como pela produo no canteiro, so necessrios

    equipamentos de montagem e iamento, como prticos, gruas e guindastes (Figura

    5.1 e Figura 5.2). Segundo Mounir Khalil el Debs, esse um ponto que muitas vezes

    pode inviabilizar o emprego do pr-moldado (TCHNE, 2003g).

    Figura 5.1 Guindaste sobre esteira

    (BELLEI, 2000)

  • 26

    Figura 5.2 Guindaste sobre pneus

    (BELLEI, 2000)

    Pela maior praticidade e qualidade, bem como por causa da menor chance de erros

    ou desperdcios, os pr-fabricados de concreto industriais so os mais utilizados por

    quem quer obras rpidas e produtivas. A mudana no conceito construtivo, no

    entanto, precisa acontecer j no projeto. Um alto nvel de detalhamento

    imprescindvel, j que qualquer tipo de improvisao nas etapas envolvidas com a

    construo significa prejuzo. A cultura de resolver pequenos detalhes na obra

    incompatvel com a industrializao. O clculo estrutural tambm deve ter duas

    caractersticas particulares: verificar as situaes transitrias (desmoldagem,

    armazenamento, transporte, montagem dos componentes) e considerar a presena

    de ligaes entre os componentes (TCHNE, 2003g).

    Para Larcio Souza Gil, essa necessidade de detalhamento pode assustar os

    construtores que esto acostumados com o modo convencional de construo.

    Exigir que se defina, ainda na fase do projeto, por onde vo passar as instalaes

    eltricas e hidrulicas, por exemplo, pode parecer exagero, mas no . Pouco

  • 27

    adianta racionalizar a estrutura se depois ser preciso quebrar blocos, fazer buracos

    para passar tubulaes, rasgar vigas, entre outros retrabalhos. No final, esse

    planejamento acaba trazendo mais benefcios e evitando perdas durante a

    construo (TCHNE, 2003g).

    Na fase do planejamento, tambm necessrio garantir certa quantidade de peas

    produzidas antes do incio da obra, pois no geral, o ritmo de montagem maior do

    que o de produo. Se no existir essa folga, qualquer imprevisto pode parar a

    construo. O fluxo de chegada das peas no canteiro deve obedecer rigorosamente

    o planejamento para garantir o abastecimento constante da obra (TCHNE, 2003g).

    Deve-se prever tambm na etapa de projeto, o tipo de transporte a ser utilizado, e as

    suas caractersticas, em funo das dimenses das peas pr-fabricadas, utilizando

    sempre que possvel transporte padronizado (Figura 5.3), evitando sempre o uso de

    veculos especiais, que alm do custo ser maior, tem restries de horrio para

    circular nas vias urbanas.

    Figura 5.3 Transporte rodovirio de peas pr-fabricadas de concreto

    (TCHNE, 2003g)

  • 28

    Com tudo previamente estudado, o processo de construo se torna simples, a

    montagem flui com muita rapidez e limpeza, j que no existe gerao de entulho.

    Vale lembrar que, assim como no concreto moldado in loco, a maioria das patologias

    ocorre nas interfaces, mas com um eficiente controle da qualidade e um projeto

    bastante detalhado os defeitos podem ser previstos com antecedncia. Se isso no

    for feito, o tratamento deve ser o convencional (TCHNE, 2003g).

    As peas so pr-fabricadas antes de chegar ao local. Depois de montadas, um

    material comum, uma viga de concreto, por exemplo, que deve ser tratada com

    qualquer outra, afirmar Larcio Souza Dias (TCHNE, 2003g).

    5.2.2 Construes Pr-moldadas de Concreto Sistema Tilt-up

    O Sistema construtivo Tilt-up consiste basicamente na execuo de paredes com

    placas pr-moldadas de concreto armado, fundidas no prprio canteiro, sobre um

    piso de concreto, previamente executado, e posteriormente iado por guindastes

    para a sua posio final.

    A execuo de paredes sobre o piso ocorre a aproximadamente 2000 anos, mas

    somente na dcada de 1940, com o surgimento dos guindastes sobre caminhes e

    dos caminhes de concreto, comeou a ter maior evoluo e tornou-se um mtodo

    produtivo, onde surgiu o termo Tilt-up (GALDIERI, 2002).

  • 29

    O Sistema Tilt-up passou a ser comercializado somente na dcada de 1950, na

    Califrnia, Estados Unidos da Amrica, e rapidamente tornou-se uma das melhores

    opes para as construes industriais e comerciais, grande parte reconstruda aps

    a Segunda Guerra Mundial (GALDIERI, 2002).

    No Brasil, o sistema comeou a ser empregado comercialmente em 1993, com a

    associao entre o Grupo Walter Torre Jr. e a americana TCA (Tilt-up Concrete

    Association), em seguida veio a associao da Construtora DallAcqua e a

    americana Com/Steel. A partir da diversas empresas e profissionais procuraram se

    aperfeioar na execuo deste sistema, e atualmente considerado pelas

    construtoras uma alternativa tcnica e economicamente vivel, comparada com os

    sistemas construtivos convencionais e os pr-fabricados em indstrias (TCHNE,

    2002a).

    As principais vantagens do sistema Tilt-up, comparado com os sistemas construtivos

    de qualidade equivalente, segundo a Construtora DallAcqua (2004) e a Revista

    Tchne (2002a) so:

    Rapidez na execuo; Custo relativamente competitivo; Economia com transporte; Economia com custos operacionais; Maior preciso na montagem dos painis; Liberdade de Lay-Out, com possibilidade de projetos arquitetnicos mais

    amplos;

  • 30

    Versatilidade; Menor custo de manuteno e conservao; Alta resistncia ao fogo; Maior segurana; Maior conforto trmico e acstico; Economia trmica; Integridade estrutural e aparncia; Menor custo com seguro; Ambiente "air-tight" com presso positiva, excelncia de vedaes; Reduo de rudos.

    Como desvantagens, a ACI Committee Report (GALDIERI, 2002) apresenta:

    Necessidade de equipes especializadas de projetistas e construtoras; O peso dos painis deve estar compatvel com a resistncia do piso de

    concreto que ser utilizado como frma;

    Ser necessria uma rea de canteiro suficiente para a fabricao das placas e mobilidade do guindaste;

    necessria uma rea de canteiro para o posicionamento das escoras temporrias;

    A avaliao e a disponibilidade do tipo de guindaste necessrio tm uma implicao direta no custo do mtodo.

  • 31

    O sistema construtivo Tilt-up pode ser considerado vivel, pois apresentar poucas

    etapas de montagem, facilitando as atividades no canteiro, tornando a obra mais

    dinmica, e por isso tudo, pode ser considerado um sistema Fast Construction.

    Segundo a Build Central, Inc (2004) a montagem das paredes neste sistema pode

    ser definida atravs de seis etapas, conforme descritas a seguir:

    Etapa 1 Nesta primeira etapa so construdos, simultanemente, o piso de concreto do pavimento trreo, previamente nivelado a laser que servir de

    frma para a concretagem das paredes de fechamento, e a fundao ao

    longo do permetro, previamente definida sob todos os painis de paredes.

    Nesta etapa fundamental a preparao do solo, com uma boa compactao,

    pois esta laje servir de espelho para o acabamento das paredes seguintes

    (Figura 5.4);

    Figura 5.4 Esquema de montagem dos painis sobre piso nivelado laser

    (BUILD CENTRAL, INC, 2004)

    Etapa 2 Montagem das frmas definindo-se a posio das aberturas previstas em projeto, tais como portas, janelas e outras, conforme ilustra a

  • 32

    Figura 5.5, a seguir. Para montagem das frmas, o mais usual a utilizao

    de madeira serrada nas larguras de 5.1/2, 7.1/4 e 9.1/4; varia de acordo

    com a espessura das paredes de fechamento definidas em projeto;

    Figura 5.5 Montagem de frma de madeira

    (BUILD CENTRAL, INC, 2004)

    Etapa 3 Montagem da armadura, conforme ilustra a Figura 5.6, utilizando-se telas soldadas, mais usual devido praticidade, ou ainda barras isoladas

    dispostas nos dois sentidos. Nesta etapa tambm so colocados os ganchos

    de ao, por onde sero iados os painis, e os inserts metlicos, que sero

    utilizados para ligao de painel-painel ou painel-estrutura, atravs de solda.

    Figura 5.6 Montagem da armao das paredes

    (BUILD CENTRAL, INC, 2004)

  • 33

    Etapa 4 Lanamento do concreto na frma (Figura 5.7), e acompanhamento at atingir a resistncia suficiente para iamento, normalmente em torno de 25

    MPa, atingida entre 5 a 10 dias aps a concretagem;

    Figura 5.7 Lanamento de concreto na frma montada sobre o piso

    (BUILD CENTRAL, INC, 2004)

    Etapa 5 Atingida a resistncia, os painis so suspensos por um guindaste e colocados sobre a fundao, na posio definitiva ao longo de todo o

    permetro da construo (Figura 5.8). Aps a liberao de cada painel, estes

    so escorados provisoriamente at a finalizao da estrutura (Figura 5.9).

    Recomenda-se a colocao de dois escoramentos, no mnimo, por painel. Na

    prtica, esta uma etapa muita rpida, pois se chega a elevar 30 painis por

    dia;

  • 34

    Figura 5.8 Iamento dos painis atravs de guindaste

    (BUILD CENTRAL, INC, 2004)

    Figura 5.9 Escoramento dos painis ao longo do permetro

    (BUILD CENTRAL, INC, 2004)

    Etapa 6 Posteriormente, os painis so travados com as lajes ou com a estrutura da cobertura, e neste momento ento, finaliza-se a concretagem da

    laje, a qual dar rigidez ao painel Tilt-up, e retira-se os escoramentos

    provisrios (Figura 5.10).

  • 35

    Figura 5.10 Travamento do Tilt-up estrutura da cobertura

    (BUILD CENTRAL, INC, 2004)

    Na maioria dos casos, os painis funcionam como elementos autoportantes, com

    funo estrutural. Como os painis descarregam o peso diretamente na fundao,

    alguns engenheiros j tentam fazer com que os componentes recebam cargas,

    funcionando assim como um grande pilar perifrico na fachada, com a estrutura

    apoiada sobre ele.

    Embora bastante difundidos nos pases da Europa e Estados Unidos, onde esta

    metodologia aplicada at os dias de hoje com grande intensidade, no Brasil, este

    sistema ainda desconhecido por muito profissionais da rea da engenharia. Um

    dos fatores primordiais que impedem a expanso do uso do Tilt-up a necessidade

    de uma grande rea de canteiro, tanto para confeco dos painis sobre o piso,

    quanto para movimentao de guindaste e armazenamento de materiais. Para as

    regies afastadas dos grandes centros urbanos, este sistema torna-se bastante

    competitivo e vivel, principalmente pela rapidez na execuo e pela economia com

    transporte, j que as peas so moldadas no prprio canteiro.

  • 36

    5.2.3 Construes Metlicas Pr-fabricadas

    As primeiras obras em ao datam de 1750, quando se descobriu a maneira de se

    produzi-lo em escala industrial. A utilizao do ao como elemento estrutural, iniciou

    na Inglaterra (1757) e na Frana (1780), na construo de uma ponte em ferro

    fundido e nas obras do Teatro Palais Royal, respectivamente. Porm, a sua grande

    utilizao nos edifcios deu-se por volta de 1880 nos Estados Unidos, principalmente

    em Chicago (BELLEI, 2000).

    O incio da fabricao dos elementos estruturais em ferro no Brasil deu-se em 1812,

    sendo que a primeira obra a utilizar ferro pudlado, fundido no Brasil, no Estaleiro

    Mau, em Niteri, RJ, foi a Ponte de Paraba do sul, no Estado do Rio de Janeiro,

    com cinco vos de 30 metros, cuja construo data de 1857, estando em uso at

    hoje (BELLEI, 2000).

    O grande avano na fabricao de perfis em larga escala ocorreu com a implantao

    das grandes siderrgicas. Como exemplo temos a Companhia Siderrgica Nacional

    CSN, que comeou a operar em 1946 (PINHEIRO, 2001).

    Para consolidar o mercado, entraram em operao na dcada de 60 a Usiminas e a

    Cosipa, a partir da o Brasil passou por grandes expanses no setor siderrgico,

    produzindo perto de 25 milhes de toneladas de ao. Com isso, a partir da dcada

    de 80, o Brasil passou de importador para exportador de ao (BELLEI, 2000).

  • 37

    Para ajudar a difundir o uso do ao nas construes, a CSN criou em 1953, como

    um de seus Departamentos, a FEM Fbrica de Estruturas Metlicas, hoje com sua

    nova razo social FEM Projetos, Construes e Montagens S.A., que iniciou a

    formao de mo-de-obra qualificada e do ciclo completo do ao, com a fabricao

    de vrias obras importantes, tais como: Edifcio Avenida Central, no Rio de Janeiro;

    Edifcio Santa cruz, em Porto Alegre; Edifcio Garagem Amrica, em So Paulo.

    Desde ento comeou a surgir um grande nmero de fabricantes e de profisionais

    qualificados na rea, como projetistas e desenhistas (BELLEI, 2000).

    Segundo Pinheiro (2001), Bellei (2001) e a Revista Tchne (2002b), dentre as

    principais vantagens da utilizao do ao como elemento estrutural, destacam-se:

    Possibilidade de execuo de obras mais rpidas e limpas, pois os elementos de ao so fabricados em oficinas, de forma seriada, e sua

    montagem bem mecanizada;

    Alta resistncia estrutural nos diversos estados de tenso (trao, compresso, flexo, etc.), apesar da rea relativamente pequena das suas

    sees, possibilitando a execuo de estruturas leves para vencer grandes

    vos;

    Grande margem de segurana dos elementos de ao, o que se deve ao fato do material ser nico e homogneo, com limite de escoamento, ruptura e

    mdulo de elasticidade bem definidos;

  • 38

    Fabricao das estruturas com preciso milimtrica, possibilitando um alto controle de qualidade do produto acabado;

    Garantia das dimenses e propriedades dos materiais;

    Material resistente a vibrao e choques;

    Em caso de necessidade, possibilita a desmontagem das estruturas e sua posterior montagem em outro local;

    Os elementos de ao podem ser substitudos com facilidade, o que permite reforar facilmente diversos elementos da estrutura;

    Possibilidade de reaproveitamento dos materiais em estoque, ou mesmo, sobras de obra;

    Flexibilidade arquitetnica, pois permiti reas com grandes vos livres, facilitando a distribuio do lay-out;

    Podem ser utilizados para reforo de estruturas em concreto armado.

    Para Bellei (2001), vale salientar que os elementos estruturais em ao, apesar da

    sua grande densidade (7.850 Kg/m), so mais leves do que os elementos

    constitudos em concreto armado, devido s peas serem mais esbeltas.

  • 39

    Como desvantagens, Pinheiro (2001) e a Revista Tchne (2002b) apresentam:

    Necessidade de tratamento superficial das peas contra oxidao devido ao contato com o ar atmosfrico;

    Variao do imposto em cascata sobre o ao e perfis industrializados, o que encarece o sistema, pois os materiais industrializados sofrem taxao de IPI

    e ICMS em cada etapa de industrializao, o que no ocorre com o concreto;

    Limitao de execuo em fbrica em funo do transporte at o local de sua montagem final;

    Necessidade de mo-de-obra e equipamentos especializados para a fabricao e montagem;

    Limitao de fornecimento de perfis estruturais.

    De acordo com Bellei (2001), esta pequena desvantagem dos elementos estruturais

    de ao carbono, suscetibilidade corroso, pode ser resolvida com a aplicao de

    uma camada de tinta. Para minorar este pequeno problema, as usinas nacionais

    esto fabricando os aos de alta resistncia corroso atmosfrica, tais como: USI-

    SAC 50, COS-AR-COR 500 e 400, e COR 420, os quais apresentam uma

    resistncia corroso da ordem de duas a quatro vezes a do ao carbono,

    dispensando qualquer proteo, a no ser em casos especiais (regies marinhas e

    industrias agressivas).

  • 40

    Segundo Bellei (2001), no projeto, detalhamento, fabricao e montagem de uma

    estrutura em ao, existem alguns fatores que influenciam diretamente no custo de

    uma estrutura, so eles:

    Seleo do sistema estrutural; Projeto dos elementos estruturais individuais; Projeto e detalhe das conexes; Processo a ser usado na fabricao; Especificao para fabricao e montagem; Sistema de proteo corroso; Sistema a ser usado na montagem; Sistema de proteo contra fogo.

    De forma geral, o custo de uma estrutura metlica pode ser apresentado conforme a

    Tabela 5.1.

  • 41

    Tabela 5.1 Distribuio de custos de uma estrutura metlica

    ETAPA PORCENTAGEM (%)

    Projeto estrutural 1 a 3

    Detalhamento 2 a 6

    Material e insumos 20 a 50

    Fabricao 20 a 40

    Limpeza e pintura 10 a 25

    Transporte 1 a 3

    Montagem 20 a 35

    (BELLEI, 2001)

    Quanto etapas para construo de uma obra em estrutura metlica, Bellei (2001)

    cita como principais, as seguintes:

    Arquitetura Onde desenvolvido todo o estudo da obra, materiais de acabamento, caractersticas de ventilao, iluminao, formato, etc. Uma

    arquitetura desenvolvida para o ao torna este material mais competitivo,

    tirando partido da sua melhor resistncia e menores dimenses das sees;

    Projeto estrutural onde se d corpo ao projeto arquitetnico, calculando-se os elementos de sustentao, ligaes principais, tipo de ao, cargas nas

    fundaes, especificando se estrutura ser soldada ou parafusada, etc.

    uma das etapas mais importantes, pois o projeto ruim pode causar prejuzo

    econmico ao fabricante e ao construtor;

  • 42

    Sondagem do solo de fundamental importncia para o delineamento das estruturas, pois o tipo de solo pode definir o esquema estrutural;

    Detalhamento Onde o projeto estrutural detalhado pea por pea, visando atender ao cronograma de fabricao e montagem, dentro das

    recomendaes do projeto, procurando agrupar ao mximo as peas;

    Fabricao onde as diversas peas que vo compor uma estrutura so fabricadas, usando-se as recomendaes de projeto quanto a solda,

    parafusos, tolerncias, controle de qualidade, etc;

    Limpeza e proteo Aps a fabricao, as peas que vo compor a estrutura so preparadas para receber proteo contra a corroso e, aps

    limpeza, a estrutura deve ser pintada ou galvanizada;

    Transporte preciso, j na fase inicial de projeto e detalhamento, indicar o tamanho das peas, procurando, dentro do possvel, evitar transporte

    especial;

    Montagem onde as peas vo se juntar, uma a uma, para compor uma estrutura, necessitando-se de um planejamento, visando especificar os

    equipamentos a serem usados, o ferramental e a seqncia de montagem.

    o coroamento de toda a obra, quando sabemos se houve ou no um bom

    projeto;

  • 43

    Controle de qualidade Atua em todas as fases, estabelecendo os procedimentos de solda, inspecionando peas, verificando se esto dentro

    das tolerncias de normas, etc;

    Manuteno Aps a concluso da obra necessrio fazer-se um plano de inspeo, o que depende do local e uso das estruturas. Outro requisito de

    servio importante a mdia de vida da estrutura, juntamente com os

    problemas de corroso, devido s condies atmosfricas, umidade e outros.

    Mais antiga que o concreto armado, a estrutura metlica uma soluo largamente

    utilizada e consagrada nos pases industrializados, como Inglaterra, Japo, Frana,

    Canad e Estados Unidos, de onde vm os grandes exemplos de edificaes

    construdas em ao (DIAS, 1999).

    No Brasil, a utilizao de perfis industrializados como elemento estrutural, de modo

    geral, mais comum na construo de edifcios comerciais e industriais. Embora

    existam algumas construes no Brasil, o segmento residencial apresenta maiores

    dificuldades de viabilizar o uso de estruturas metlicas devido necessidade de

    desembolso inicial muito alto e por serem obras baseadas em cronogramas fsicos e

    financeiros relativamente extensos (TCHNE, 2002b).

    Neste sistema, basicamente os componentes da estrutura so levados prontos e o

    trabalho se limita praticamente montagem. A montagem dos elementos estruturais

    pode ser executada por meio de solda estrutural ou ainda por fixao com parafusos

    de alta resistncia, que demonstram ter excelente desempenho trao, aumentado

  • 44

    o atrito entre as partes justapostas e proporcionando uma ligao de boa qualidade

    em um ambiente em que nem sempre as condies sero as melhores.

    5.3 Subsistemas Construtivos Fast

    Em uma obra com metodologia Fast Construction, nada adianta se um sistema

    construtivo com metodologias Fast no vier acompanhado de subsistemas que

    agilizem todas as etapas crticas da obra, conforme estabelecidas no cronograma.

    Sendo assim, seguir, esto apresentados os principais subsistemas construtivos

    empregados atualmente nas construes industrializadas.

    5.3.1 Painis Arquitetnicos para Fachadas

    Os painis arquitetnicos de concreto chegaram ao Brasil no incio dos anos 70, mas

    somente nos ltimos dez anos se popularizaram. Ao longo dos anos, o sistema

    conseguiu aliar os valores estticos previstos em cada projeto arquitetnico

    funcionalidade e tecnologia dos pr-fabricados de concreto. Os elementos so

    produzidos sob medida e possvel conhecer o custo, o prazo e a qualidade final do

    empreendimento, antes mesmo de comear a construo (TCHNE, 2003c).

  • 45

    Uma das principais vantagens obtidas com a tcnica a acelerao no processo de

    produo, o que elimina etapas de execuo e reduz o custo fixo com mo-de-obra

    e o nmero de empreiteiros e interlocutores.

    O sistema evita, ainda, a necessidade de bandejas, balancins e operrios em

    situao de risco, tornando as operaes mais seguras. O excesso de materiais, o

    desperdcio e as horas ociosas tambm so melhor controlados (TCHNE, 2003c).

    Segundo Ercio Thomaz, no livro Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na

    Construo da editora PINI, A pr-fabricao vem ganhando impulso com a

    gradativa utilizao de gruas e guindastes nas obras (TCHNE, 2003c).

    Para trabalhar com o painel, no entanto, preciso que as construtoras tenham um

    fluxo maior de caixa. Os painis so caros porque existem muitos tipos de frmas e

    uma baixa repetio dos modelos, relata o engenheiro Fbio Martins Garcia, diretor

    tcnico da Construtora Conceito (TCHNE, 2003c).

    Embora a diversidade de modelo dos painis seja um dos fatores que torna o

    sistema caro, h outros aspectos em que esta diversidade os torna competitivo e

    inovadores, em relao aos mtodos convencionais. Algumas caractersticas como

    cores, texturas, modulaes e dimenses j podem ser aplicadas aos painis de

    concreto, e podem ainda, receber diversos tipos de acabamentos: concreto

    aparente, liso, texturizado, lavado, ranhurado, vassourado, jateado, pigmentado ou

    com granilha (TCHNE, 2003c).

  • 46

    Para o arquiteto Geraldo Serra, coordenador cientfico do NUTAU (Ncleo de

    Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo da USP), Antes os pr-

    fabricados tinham uma repetio exaustiva de uma tipologia construtiva. A

    fabricao est cada vez menos associada a valores como produo seriada,

    uniformidade e monotonia (TCHNE, 2003c).

    A industrializao do sistema de fachada possvel em qualquer projeto, desde que

    seja feito um estudo prvio de viabilidade, pois quanto mais uniforme e repetitivo

    forem os painis, maior ser a viabilidade do projeto.

    Em relao ao custo, o arquiteto Fernando, da Munte Construes Industrializadas

    Ltda., aponta que para pequenas obras o sistema ainda no consegue competir em

    virtude da necessidade de locomoo de equipamentos para transporte dos painis.

    No entanto, para obras de mdio porte, com dimenses acima de 2.000 m,

    comprovado, em estudos realizados pela Munte, que os sistemas industrializados

    equiparam-se nos custos com os sistemas convencionais, com muitas vantagens,

    principalmente pela reduo significativa no prazo de execuo, pela reduo de

    mo-de-obra e pela ausncia de entulhos, o que no outro sistema torna-se inevitvel

    mesmo quando realizado com materiais e mo-de-obra de boa qualidade.

    As limitaes dimensionais dos painis so apenas afetadas pela capacidade de

    carga dos equipamentos de montagem dentro da obra, e para facilitar o transporte

    rodovirio, limitando as dimenses em 3,15 m de altura e 7 m de largura (TCHNE,

    2003c).

  • 47

    Devido dificuldade de trabalhar com painis de concreto no conceito just in time,

    recomenda-se ter disponvel uma reserva do material no canteiro. Normalmente,

    todo o servio feito pelo prprio fabricante dos painis, desde a produo at a

    instalao, cabendo construtora o fornecimento de equipamentos para iamento.

    O tipo e o tamanho do equipamento para transporte das peas dentro da obra

    definido a partir do peso e do tamanho das peas. A fixao das peas na estrutura

    fica por responsabilidade do fornecedor dos painis (TCHNE, 2003c).

    Os painis macios so os mais utilizados, pois segundo Garcia, esta soluo

    proporciona melhor conforto trmico e acstico aos ambientes. Internamente

    possvel utilizar a face do painel para pintura ou aplicao de dry wall (TCHNE,

    2003c).

    Nos painis alveolares, a combinao do concreto com alvolos promove uma

    significativa reduo do peso prprio. O isolamento trmico propiciado pelos

    alvolos e potencializado com a introduo de espuma rgida, localizada entre as

    cavidades e o concreto exterior. Evita-se desta forma a concentrao de calor e

    reduzido o consumo de energia em ambientes climatizados. Outras caractersticas

    desses painis so: a resistncia de quatro horas ao fogo, e possibilidade de

    utilizao para fechamento e para estrutura (TCHNE, 2003c).

    Para fixao dos painis estrutura so utilizados, na grande maioria dos casos,

    insertes metlicos soldados ou aparafusados, podendo ainda ser ligado entre si por

    meio de encaixe macho-e-fmea e estrutura com ligaes metlicas (TCHNE,

    2003c).

  • 48

    O projeto deve respeitar as movimentaes entre a estrutura e a fachada, os

    esforos horizontais e a dilatao. Para Garcia, a modulao dos painis deve levar

    em conta as deformaes lentas da estrutura para que as juntas absorvam as

    deformaes. A utilizao de painel tambm exige maior controle no

    dimensionamento de piso a piso (TCHNE, 2003c).

    As juntas entre painis devem receber um tratamento, pela face externa evitando-se

    assim problemas futuros com infiltraes, que deve ser previsto no projeto, e podem

    ser por simples rebaixos, ou receber tratamento com poliuretano, silicone, mstiques

    elsticos, isopor, plstico e outros (TCHNE, 2003c).

    Como esta tcnica ainda muito recente no Brasil, as patologias por tempo de uso

    ainda no apareceram, sendo as fissuras e diferena de tonalidade os principais

    problemas verificados (TCHNE, 2003c).

    Ainda estamos aprendendo a utilizar os painis. um conceito que veio para ficar,

    em funo da tendncia de industrializao da construo civil, conclui o

    engenheiro Garcia. Muitos construtores j prevem que quem no partir para uma

    construo mais industrializada perder espao no mercado (TCHNE, 2003c).

  • 49

    5.3.2 Frma colaborante Steel deck

    Este sistema foi desenvolvido, mais intensamente, nos ltimos 25 anos e apresentou

    grandes desenvolvimentos e aplicaes em pases industrializados, principalmente

    na Inglaterra, Alemanha e nos Estados Unidos (TCHNE, 2003b).

    No Brasil, onde culturalmente a tecnologia das estruturas metlicas para edifcios

    comerciais despertou nos ltimos anos de quase um sculo de atraso, o sistema de

    lajes metlicas comeou a ser usado e j demonstra suas qualidades em relao

    aos sistemas de laje tradicionais (TCHNE, 2003b).

    Este sistema consiste na execuo de uma laje composta por ao galvanizado, que

    serve de frma para uma camada de concreto, conforme ilustra a figura Figura 5.11

    a seguir.

    Figura 5.11 Esquema de montagem da laje com o Steel Deck

    (METFORM, 2004)

  • 50

    O Steel Deck possui dupla funo: como frma para concreto durante a construo e

    como armadura positiva de lajes para as cargas de servio. fabricado com o ao

    especial galvanizado, conformado a frio, podendo ser encontrado nas espessuras

    0,80 mm, 0,95 mm e 1,25 mm, com um comprimento de at 12 metros, conforme o

    fabricante e o detalhamento do projeto (METFORM, 2004).

    O Steel Deck tambm pode ser pintado eletrostaticamente em sua face inferior, e

    constitui com a estrutura metlica um sistema construtivo de alta eficincia, com

    grande aplicao na construo de centros de convenes, shoppings, edifcios

    comerciais, e residenciais, hotis, hospitais, escolas, conjuntos habitacionais,

    garagens e mezaninos para armazns, alm de edifcios industriais em geral

    (METFORM, 2004).

    Os elementos que constituem uma laje com frma colaborante, so basicamente:

    Steel Deck, Armadura e Concreto, dispostos conforme ilustra a Figura 5.12.

    Figura 5.12 Seo transversal de uma laje com frma colaborante Steel Deck

    (METFORM, 2004)

  • 51

    Segundo a Metform (2004), os elementos podem ser assim caracterizados:

    Steel Deck Em ao galvanizado, ASTM A-653 Grau 40 (ZAR 280), com revestimento de zinco equivalente a 260 gZn/m e tenso de escoamento (fy)

    igual a 280 MPa.

    Concreto Concreto estrutural convencional, com resistncia compresso (fck) maior ou igual a 20 MPa.

    Armaduras adicionais Armaduras em telas eletrosoldadas, para controle de fissurao, tendo uma rea mnima de 0,1% da rea de concreto acima do

    topo do Steel Deck.

    As dimenses podem variar de acordo com fornecedor, mas existem alguns modelos

    e medidas padronizadas, conforme ilustra a Figura 5.13, a seguir.

    Figura 5.13 Dimenses bsicas da frma metlica Steel Deck

    (METFORM, 2004)

  • 52

    As propriedades fsicas de uma frma metlica Steel Deck apresentam algumas

    caractersticas particulares, em funo do mdulo de elasticidade, inrcia, centro de

    gravidade e outras propriedades fsicas apresentadas da Tabela 5.2, a seguir, para

    as trs espessuras encontradas no mercado.

    Tabela 5.2 Propriedades fsicas do Steel Deck

    Reaes mx. de

    apoio (KN)

    Esp.

    Final

    (mm)

    Esp.

    Projeto

    (mm)

    Altura

    Total

    (mm)

    Peso

    (Kg/m)

    Externo Interno

    Mdulo de

    Resistncia

    (mm)

    Inrcia p/

    Deformao

    (mm4)

    rea de

    Ao

    (mm)

    Centro de

    gravidade

    (mm)

    0,80 0,76 74,98 9,37 6,76 21,01 22.710 1.017.138 1.112 37,49

    0,95 0,91 75,13 11,12 8,90 29,70 28.788 1.254.749 1.332 37,57

    1,25 1,21 75,43 14,63 14,62 49,53 40.599 1.666.741 1.771 37,72

    Propriedades para largura de 1000 mm

    Material: Ao ASTM A-653 Grau 40 (ZAR 280), Tenso de Escoamento: 280 Mpa

    (METFORM, 2004)

    Dentre as inmeras vantagens para a construo, a Metform (2004) destaca as

    seguintes:

    Alta qualidade de acabamento da laje; Dispensa escoramento e reduz os gastos com desperdcio de material; Facilidade de instalao e maior rapidez construtiva; Steel Deck funciona como plataforma de servio e proteo aos operrios que

    trabalham nos andares inferiores, proporcionando maior segurana;

    Apresenta facilidade para a passagem de dutos das diversas instalaes, favorecendo tambm a fixao de forros;

  • 53

    Todas essas vantagens resultam em praticidade, economia e maior retorno financeiro do empreendimento.

    O sistema de lajes metlicas, alm de ser empregado quando as estruturas so de

    ao, pode ser usado tambm em estruturas com colunas e vigas de concreto

    convencional, no entanto, o sistema ainda mais utilizado quando toda a estrutura

    metlica (TCHNE, 2003b).

    Nas frmas para laje, a chapa metlica apenas tem resistncia para receber a

    concretagem da laje, sem entrar no clculo da resistncia. Esse sistema til em

    virtude da rapidez e economia de escoramentos, porm, uma frma perdida

    (TCHNE, 2003b).

    Para a obra, ajuda na dinmica e na reduo de tempo de execuo, permitindo que

    pessoas andem sobre o perfil aplicado sobre os vigamentos, e com pouco ou

    nenhum escoramento intermedirio (TCHNE, 2003b).

    O concreto vertido sobre a frma e as sobrecargas so absorvidas somente pela

    laje de concreto com a armadura convencional devidamente projetada e depois da

    respectiva cura (TCHNE, 2003b).

    De maneira geral mais comum a utilizao das frmas colaborantes Steel Deck em

    obras de estrutura metlica, representando quase que sua totalidade, mas no h,

    teoricamente, nenhuma restrio tecnolgica para o emprego desta frma em

    construes com pr-fabricados de concreto. Portanto isso possibilita uma

  • 54

    abrangncia maior para grande parte dos mtodos construtivos abrangidos pelo

    conceito Fast Construction.

    5.3.3 Placa de gesso acartonado Drywall

    A placa de gesso acartonado utilizada para a construo de parede, conhecida

    internacionalmente como Drywall, foi inventada no