cleonice preilipper da silva · 2018. 4. 30. · 8 o colégio estadual leonardo da vinci...
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CLEONICE PREILIPPER DA SILVA
CADERNO TEMÁTICO
O PAPEL DO PEDAGOGO ESCOLAR NA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
DOIS VIZINHOS 2016
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CADERNO TEMÁTICO
O PAPEL DO PEDAGOGO ESCOLAR NA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Produção Didático-pedagógica para Intervenção no Colégio Estadual Leonardo da Vinci no município de Dois Vizinhos- PR- NRE- Dois Vizinhos, apresentado a Coordenação do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE-PR/2016, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em parceria com a UNIOESTE- campus Francisco Beltrão- sob orientação do Professor Dr. Eduardo Nunes Jacondino.
DOIS VIZINHOS 2016
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1. FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
TÍTULO: O papel do Pedagogo Escolar na Mediação de Conflitos
Autor: Cleonice Preilipper Da Silva
Disciplina/Área
Pedagogia
Escola de Implementação
Colégio Estadual Leonardo da Vinci- Ensino Fundamental Médio Normal e Profissional.
Município
Dois Vizinhos- PR
NRE
Dois Vizinhos
Professor Orientador
Dr. Eduardo Nunes Jacondino
Instituição de Ensino Superior
UNIOESTE- Campus Francisco Beltrão
Resumo
O presente caderno temático tem como tema principal a mediação de conflitos e a prevenção da Violência Escolar no Colégio Estadual Leonardo da Vinci, localizado no Município de Dois Vizinhos-PR. O papel do pedagogo nas Escolas Estaduais do Paraná é algo analisado e questionado, atualmente, por especialistas da educação. Por vezes o pedagogo é tido como o responsável por mediar os conflitos existentes no ambiente educativo. Ações que ocupam a maior parte do tempo deste profissional. Neste sentido, este Caderno visa delimitar quem é o pedagogo escolar e instrumentalizar pedagogos, professores do Colégio, bem como alunos do Curso de Formação de Docentes acerca do tema Conflitos e Violência Escolar. Tema que tanto tem preocupado os educadores modernos. A dinâmica de trabalho se dará em forma de grupos de estudos, para análise de questionários aplicados, anteriormente, aos profissionais do Colégio; bem como serão utilizados estudos teóricos sobre o tema.
Palavras-chave
Pedagogo Escolar- Mediação de Conflitos- Violência Escolar
Formato do
Material Didático
Caderno Temático
Público Alvo
Educandos e Educadores do Curso de Formação de Docentes e Equipe Pedagógica.
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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO..................................................................................05
2. MATERIAL DIDÁTICO...........................................................................07
..
2.1. UNIDADE 01...........................................................................................08
2.1.1. Reconhecendo a realidade.....................................................08
2.2. UNIDADE 02............................................................................................14
2.2.1.Entendendo os conceitos................................................................14
2.3. UNIDADE 03...........................................................................................19
2.3.1. Quem é o jovem de hoje?............................................................19
2.3.2. Drogas..........................................................................................21
2.3.3. Bullyng e Cyberbullyng.................................................................22
2.4. UNIDADE 04...........................................................................................24
2.4.1. Quem quer ser professor?............................................................24
2.4.2. A indisciplina e a autoridade docente...........................................25
2.4.3. Análise dos questionários aplicados aos professores do Colégio
Leonardo da Vinci...................................................................................28
3. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS......................................................30
3.1. GRUPO DE ESTUDOS..................................................................30
3.2. OBJETIVO GERAL.........................................................................31
3.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................31
3.4. METODOLOGIA.............................................................................31
3.5. DESENVOLVIMENTO...................................................................32.
3.6. AVALIAÇÃO...................................................................................42
4. REFERÊNCIAS..........................................................................................44
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1. APRESENTAÇÃO
A Produção Didático-Pedagógica é uma atividade prevista, a ser
desenvolvida pelos professores participantes do Programa de Desenvolvimento
Educacional PDE/PR. É parte integrante de um processo de Estudos teóricos,
que tem como ponto de partida uma problemática referente à prática
pedagógica do professor participante. Desta forma, a Produção didática a ser
desenvolvida deve vir ao encontro das necessidades reais do Estabelecimento
de Ensino em que o professor PDE atua.
A problemática vivenciada, e a qual se refere o presente Caderno
Temático, diz respeito ao Papel do Pedagogo Escolar como mediador de
Conflitos. Importante reconhecer previamente que ainda não há uma definição
clara da função deste profissional, nas Escolas Estaduais do Paraná.
Provavelmente por isso o mesmo é tido, por vezes, por parte da comunidade
escolar, como a pessoa responsável pela mediação dos conflitos que ocorrem
no ambiente educativo.
Cabe ressaltar que existe diferença entre conflito e violência. Conflito
consiste em toda opinião divergente ou maneira diferente de ver ou interpretar
algum acontecimento. Deste modo, todos nós, que vivemos em sociedade,
temos a experiência do conflito. Já a violência é uma forma de resolver os
conflitos, não a única. Forma, esta, embasada na falta total de diálogo, de
respeito em relação ao outro.
O pedagogo e os demais professores, na verdade, não recebem
formação adequada nesta área (violênciaescolar). São formados para
trabalharem com o aluno ideal, em um ambiente harmonioso. Quando se
deparam com outra realidade tem muita dificuldade em trabalhar com os
conflitos, as incivilidades, indisciplinas e violências presentes em seu ambiente
de trabalho.
Percebe-se a necessidade de uma formação, voltada a professores e
pedagogos, neste sentido. Considerando que o Colégio Estadual Leonardo da
Vinci oferta formação inicial de Professores, em Nível Médio, optou-se em
incluir os alunos do curso de Formação de Docentes nos estudos a serem
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realizados, sobre o tema violência escolar. Estes participarão do projeto,
juntamente com docentes e Equipe Pedagógica do Colégio.
Inicialmente, foi realizado um levantamento de dados, no Colégio, com
relação às Violências e Conflitos presentes no ambiente Escolar.
Através de questionários objetivos (estruturados), educandos
responderam questões relacionadas à temática, com o objetivo de
percebermos como estes veem e sentem o ambiente escolar. Educadores
responderam questões acerca das dificuldades que encontram em seu
trabalho, no que se relaciona a questões que envolvem conflitos, indisciplina e
violência.
Foram entrevistados 25% dos alunos do Ensino Fundamental - Séries
Finais - do período da tarde. Optou-se por estes alunos em função de ser o
turno onde mais se apresentam as dificuldades de relacionamento; bem como
reclamações com relação à indisciplina.
Este Caderno será utilizado como base para um grupo de Estudos
sobre o tema, realizado com Educadores e Educandos do Colégio Estadual
Leonardo da Vinci, e poderá ser utilizado por outros professores, visto que esta
problemática está presente na maioria das Instituições de Ensino, nos dias
atuais.
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2. MATERIAL DIDÁTICO
A violência na Escola é um fenômeno complexo e múltiplo. Estudos no
mundo todo relatam que não há soluções determinadas ou padrões a serem
seguidos, mas, que alternativas devem ser criadas com objetivo de
estabelecerem-se ambientes mais humanizados e harmoniosos.
Neste sentido, o presente caderno temático foi organizado da seguinte
forma:
UNIDADE1- Reconhecendo a realidade. Análise das respostas dos
questionários aplicados aos educandos do Colégio Estadual Leonardo
da Vinci. Reconhecer a realidade é o primeiro passo para coletivamente
vislumbrar ações que venham ao encontro das reais necessidades da
escola, no que se refere a este tema.
UNIDADE 2- Conceituar os temas: O Papel do Pedagogo Escolar;
Mediação de Conflitos e Violência Escolar.
UNIDADE 3- Discutir as seguintes temáticas: Quem é o jovem de Hoje?
Quais são os grupos de risco? Drogas, preconceitos, Bullyng,
Cyberbullyng.
UNIDADE 4- Os desafios da profissão para quem escolhe o Magistério.
Dificuldades do trabalho Docente. Análise de questionários aplicados
aos educadores do Colégio Leonardo da Vinci.
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O Colégio Estadual Leonardo da Vinci localiza-se no município de Dois
Vizinhos, no sudoeste do Estado do Paraná. Atende atualmente cerca de 1000
alunos, distribuídos em três turnos. O Colégio oferta Ensino Fundamental-
Séries Finais, Ensino Médio Regular, Ensino Médio Técnico Integrado (Curso
Técnico em Informática) e Ensino Profissionalizante (Curso de Formação de
Docentes).
Possui uma estrutura física bastante adequada, um corpo docente em
sua maioria de profissionais efetivos e comprometidos com o Colégio.
Percebeu-se, por parte da comunidade escolar, um aumento nos casos
de indisciplina, na escola; bem como alunos desmotivados, presença de drogas
no ambiente escolar e dificuldades frequentes, do ponto de vista do
relacionamento entre professores e alunos.
O presente projeto surgiu, então, da necessidade, encontrada pela
professora PDE, enquanto pedagoga do Colégio, de conhecer estas questões
e capacitar-se para poder mediar os conflitos e evitar a Violência que vem
aumentando na escola, nos últimos anos.
Para tal, foi elaborado um questionário com 31 questões objetivas,
relacionadas à temática abordada. Optou-se por realizar a pesquisa com
alunos do Ensino Fundamental - Séries Finais, por ser este, teoricamente, o
público do Colégio que apresenta, em grau mais acentuado, as problemáticas
citadas. Desta forma, 25% dos alunos responderam ao questionário feito para
eles, no Laboratório de Informática existente na Escola. O questionário citado
será analisado abaixo:
QUESTIONÁRIO VIOLÊNCIA ESCOLAR- Link de acesso ao documento
original.
https://docs.google.com/a/escola.pr.gov.br/forms/d/e/1FAIpQLSePT03D2-
QdrAr9BfWyM_ZyV1N0IWQ8TXSeXAFad0g7I4dxww/viewform
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Análise das respostas:
Questões 1-2 e 3 = Referentes à idade; sexo; e reprovações escolares dos
entrevistados:
47,3% dos entrevistados tinham entre 12 e 15 anos (os demais tem 12
incompletos ou mais de 15 anos).
49% são do sexo masculino- 51% do sexo feminino
76,3 % nunca reprovaram de ano - 23,7% já reprovaram.
Questão 4- Referente ao sentimento que possuem pelo Colégio.
53,6% Gostam da Escola
24,7% Gostam muito da Escola
19,6% Não Gostam
2,1% Detestam
Questões 5 e 6- Referentes ao fato de terem ou não presenciado Violências
no ambiente Escolar, e, caso tenham presenciado, quem cometeu a Violência.
84,5% relataram já ter presenciado situações de Violência
15,5 % relatam nunca ter presenciado nenhum tipo de Violência
82,9% relataram que a Violência que presenciaram foi cometida por
alunos
13,4% relataram que a violência que presenciaram foi cometida por
professores
3,7% relataram que a violência presenciada foi cometida por pessoas da
comunidade.
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Questão 7- Referente ao tipo de agressão sofrida.
Questão 8- Quem cometeu a Violência?
61,4 %- Colegas da sala
26,5%- Alunos de outras turmas
9,6%- Professores
2,4% Pessoas da Comunidade
Questão 9_ Analisar os preconceitos que os alunos possuem.
58% dos alunos relatam não ter preconceito.
8% relataram ter preconceito com negros
11% relataram ter preconceito com pobres
12% relataram ter preconceito com homossexualidade
14% relataram ter preconceito com pessoas portadoras de Deficiências.
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Quais destas agressões sofre ou sofreu na Escola?
TIPOS DE AGRESSÃO
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Questões 10 e 11- Questões com objetivo de perceber elementos relacionados
ao Bullyng
47,3%- relataram que nunca foram ignorados, pelos colegas, nas
atividades escolares
43,3% - relataram que são ignorados pelos colegas, em algumas
atividades escolares
9,3%- relataram que sempre são ignorados por colegas nas atividades
escolares
43,8% relataram que os colegas contam mentiras ao seu respeito, em
alguns momentos
Questões 12- 13 e 14- Reconhecer roubos, ameaças e Apelidos pejorativos.
56,3% relataram não terem sido vítimas de roubo
43,8% relataram já ter sido vítima de roubo na escola
74,2% nunca sofreram ameaças na escola
16,5% sofreram ameaças apenas em uma ocasião
9,3% relatam serem vitimas frequentes de ameaças
60% afirmaram terem recebido apelido em função de uma característica
pessoal
40% afirmaram não terem recebido apelido no ambiente escolar
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Questão 15- Quais locais ocorrem as agressões
Questão16- Relatam as agressões que sofrem? Para quem?
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Pátio Sala comProfessores
Sala semProfessores
Saída daEscola
Banheiro Outro local
Onde estava no momento da agressão
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Conta para quem quando é agredido?
Conta para quem quandoé agredido?
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Questão 17- Como são conduzidos, pelos professores os conflitos em sala de aula?
Questão 18- De que forma os alunos percebem a atuação do Pedagogo Escolar, na Mediação de Conflitos.
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Resolvem oproblema
Levam naEquipe
Pedgógica
Ignoram Outro
Conflitos em sala de aula. Como os professores reagem?
Conflitos em sala de aula.Como os professoresreagem?
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Como avaliam a ação dos pedagogos na resolução dos conflitos
Como avaliam a ação daspedagogas na resolução dosconflitos
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Questões 19-20-21-22 e 23- Referentes a Bullyng e Cyberbullyng-
34,4% relataram terem sido vítimas de Bullyng
7,3% relataram terem sido vítimas de Cyberbullyng
5,2% relataram sofrer Bullyng e Cyberbullyng
53,1% afirmaram não sofrer Bullyng nem Cyberbullyng
84,4 % afirmaram nunca ter agredido ninguém na escola
15,6% admitiram ter cometido agressões contra colegas e professores
77,3% afirmaram nunca ter ofendido ninguém pela internet
22,7% reconheceram ter cometido agressões pela internet
Questões 24 e 25- Referentes a Drogas no ambiente escolar
39,6% relataram ter visto alguém portando ou usando drogas na escola
60,4% nunca viram ninguém usar ou portar drogas
82,5% relataram que ninguém ofertou drogas dentro da Escola
17,5% admitem que receberam/recebem ofertas de drogas dentro da
escola.
Questão 26 e 27- Que drogas já utilizaram? A família orienta com relação ao tema?
69,8% afirmaram que a família orienta frequentemente sobre o uso de drogas
11,5% afirmaram que ás vezes a família orienta
5% afirmaram que raramente a família orienta
12,5 % relataram que a família nunca orientou sobre drogas.
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Já fez uso de alguma destas substâncias?
Já fez uso de aluma destassubstâncias
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Questão 28- Referente ao fato do aluno, em algum momento, ter tido medo de ir para a escola.
60,8% afirmaram que nunca tiveram medo
39,2% reconheceram já terem tido medo de ir à escola Questões 29- 30 e 31- Referentes à relação professor aluno.
33% relataram já terem sofrido agressão verbal ou humilhação, provocada por um professor
7% relataram terem sofrido agressões físicas provocadas por professor
65% relataram nunca terem sofrido nenhum tipo de agressão provocada por professor
41,1% afirmam ter presenciado agressões verbais cometidas por professores, contra alunos
48,8% presenciaram agressões de alunos contra seus professores.
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PEDAGOGO ESCOLAR
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
VIOLÊNCIA ESCOLAR
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Quem, então, pode ser chamado de pedagogo? O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista o objetivo de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. (LIBÂNEO, 2001, p.161).
Desde que o Estado do PR, em 2004, lançou edital específico de
Concurso Público para Professor Pedagogo, muito se tem discutido sobre qual
a função deste novo profissional, na Escola. Até então, esta função era
exercida por profissionais das diferentes áreas do conhecimento, indicados
pela Direção Escolar.
Os Cursos de Pedagogia tem como desafio, na atualidade, preparar
este novo profissional, com uma formação voltada para uma análise crítica e
contextualizada da educação, apoiada em conhecimentos teóricos, científicos,
éticos e técnicos.
Entretanto, não há, no meio acadêmico, um consenso sobre qual a
formação adequada a ser dada ao Pedagogo, visto que até pouco tempo a
formação era fragmentada. Durante seu processo de formação o professor
realizava uma opção de formação específica, podendo se especializar em
Educação Infantil, Supervisão Escolar, Orientação Escolar, dentre outras.
Desta forma, o novo pedagogo que deve atender a todas as
especialidades, é um sujeito em construção. O ideal seria que este profissional
mediasse todo o processo educativo. Para Gadotti ( 2004),
fazer pedagogia é fazer prática teórica por excelência. É descobrir e elaborar instrumentos de ação social. Nela se realiza de forma essencial, a unidade entre teoria e prática. (...) O pedagogo é aquele que não fica indiferente, neutro, diante da realidade. Procura intervir e aprender com a realidade em processo. O conflito, por isso, está na base de toda a pedagogia. Percebe-se aqui o pedagogo como articulador do trabalho coletivo da escola, aquele que articula a concepção de educação da escola às relações e determinações políticas, sociais, culturais e históricas. ( GADOTTI, 2004)
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Dentre as várias funções executas pelo Professor Pedagogo, na
atualidade, uma que é recorrente é a que se refere à mediação de conflitos que
ocorrem no ambiente educativo.
A escola tem sido marcada, na contemporaneidade, por momentos de
desarmonia. Os conflitos fazem parte da capacidade natural do ser humano de
pensar, de ser critico. Eles existem e sempre irão existir. Ocorrem pelo choque
de ideias, por divergências politicas, religiosas, profissionais ou convicções
particulares de cada um. O problema é que quando os conflitos não são
dialogados e harmonizados, podem se transformar em violência.
Para ter sucesso nesta tarefa, ou seja, na mediação de conflitos, o
pedagogo precisa construir uma relação de confiança que permita administrar
os diferentes pontos de vista, ter habilidade de negociar e prever ações, ouvir
as partes envolvidas e ser flexível em suas decisões. Caso opte pelo
autoritarismo, os conflitos tendem a aumentar e dificultar ainda mais o processo
de ensino aprendizagem.
Muitos pedagogos e professores, por vezes,
preferem ignorar os conflitos existentes em
sala de aula. Este comportamento é
prejudicial, visto que o conflito não resolvido
pode se transformar em uma Violência. No
entanto, agir de forma impulsiva e sem
embasamento teórico também não é o
indicado. É necessário que o professor/
pedagogo esteja preparado para intervir,
para isso necessita de formação na área e conceber seu trabalho de forma
colaborativa, baseado no diálogo e respeito à opinião divergente.
Figura 1: Disponível em: https://dasfamilias.wordpress.com/2011/06/0
6/mediacao-na-resolucao-dos-conflitos-familiares/
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Falar em violência escolar, nos dias atuais, requer um cuidado; uma
vez que os fenômenos da violência são vários, possuindo mais de uma causa
(temos a violência física, a mais conhecida; mas também a violência
simbólico/psicológica; a violência institucional, etc).
Deste modo, abordar as questões afetas a violência impõe-nos a
capacidade de abordar o tema de modo não simplista. Deve-se, por isso,
considerar uma gama de fatores que contribuem para sua existência.
No que toca as Escolas, o que se pode afirmar é que este ambiente
está cada dia mais ‘estranho’ (distanciado do padrão comportamental
esperado) a educandos e educadores. Do mesmo modo, as relações sociais
estabelecidas nestes ambientes, cada vez mais parecem ser permeadas por
incivilidades, abuso de autoridade, discriminação, medo, agressões verbais,
físicas, simbólicas, indisciplina e Bullyng.
Nos últimos anos muitos autores tem se dedicado a estudar a temática
da violência, em todo o mundo, visto que não é um fenômeno adstrito a
realidade apenas dos países menos desenvolvidos. Priotto (2009) usa a
seguinte definição, ao conceituar o tema:
Denomina-se violência escolar todos os atos ou ações de violência, comportamentos agressivos e antissociais, incluindo conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, marginalizações, discriminações, dentre outros praticados por, e entre, a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários, familiares e estranhos à escola) no ambiente escolar. (PRIOTTO, 2009 p. 160-161)
Charlot (2002) separa a violência escolar em três esferas: violência
“na” escola, “da” escola e “contra a” escola. A violência “na” escola, segundo o
autor, é aquela que ocorre dentro do espaço escolar, mas não está relacionada
às atividades da escola; pois pode acontecer fora dos muros da escola.
Quando, por exemplo, um grupo invade a escola para um ato de briga ou para
vender drogas, estamos diante da violência “na” escola.
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Já a violência “dá” escola se caracteriza pela violência simbólica
praticada pela própria escola. Esta forma de violência “invisível” tanto é
praticada pela própria instituição como por seus professores. Assim, a escola
pratica violência simbólica quando “reproduz” no ato de ensino aprendizagem a
cultura das classes sociais dominantes, discriminando e excluindo, por
exemplo, através dos currículos, linguagens e atos advindos dos alunos, no
cotidiano escolar.
Por fim, a violência “contra” a escola está amplamente relacionada ao
patrimônio escolar ou aos seus agentes. No primeiro caso, trata-se dos atos de
vandalismo e depredação ao patrimônio da escola (pichações, quebra de
carteiras, roubos de aparelhos). Podemos incluir, aqui, os insultos e ameaças
de alunos aos professores e funcionários, porque estes são representantes ou
agentes da escola.
Seja qual forma a forma da Violência ou sua causa, o que devemos
buscar enquanto educadores é a construção de uma escola menos excludente
e mais humana, onde todos sejam respeitados em suas diferenças.
TEXTOS
• Pedagogia e Pedagogos para quê? José Carlos Libâneo.
• A violência na escola: Como os sociólogos franceses abordam essa questão, de Bernard Charlot.
• A violência escolar e a crise da autoridade docente- Júlio Groppa Aquino.
VÍDEOS
• Função da Escola- Libâneo: Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=13065
• Mediação de Conflito na Escola – Reportagem do Fantástico- Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KwOec19EEps
• Escola/Educação/Alienação - Viviane Mosé:
• https://www.youtube.com/watch?v=p3O6yjuG8wg
MÚSICA • Pink Floyd -The Wall- https://www.youtube.com/watch?v=vrC8i7qyZ2w
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Basta algumas horas na Sala dos
professores para perceber que um dos
assuntos mais comentados é o que se
refere ao desafio de ensinar a criança e o
jovem nos dias de hoje. As queixas são
frequentes, no sentido de apontarem para o
fato de que o cotidiano escolar tem se
transformado em um ambiente hostil.
Ambiente carente de respeito aos
profissionais da educação. Ambiente onde
parece crescer o desinteresse, por parte
dos alunos, pelo conhecimento.
Nesta lógica da queixa surge a comparação com outras épocas
históricas, em especial com o tempo de escolarização dos professores. Surge
então o saudosismo da “escola ideal”, onde o professor era respeitado e o
aluno obedecia, onde se reprovava por décimos e onde a família apoiava a
escola em tudo que era proposto.
Por meio de uma análise, mesmo superficial, num primeiro momento,
pode-se concluir que há algo errado com esta nova geração, e que devemos
buscar culpados por esta relação não estar funcionando.
Antes de visualizar culpados pelo fracasso escolar, na atualidade, é
importante ressaltar que educandos e educadores são oriundos de uma
sociedade e trazem consigo os desafios e as dificuldades destas relações.
Então, não há como comparar a escola de antigamente com a escola de hoje,
visto que a sociedade mudou, e isto alterou as relações sociais.
A escola que os educadores sentem falta não deixa de ser a escola da
exclusão, onde uma minoria de pessoas frequentava as salas de aula. Uma
escola onde, em grande medida, imperava o autoritarismo, onde professores
Figura 2: Disponível em: http://pensamentoemdebate.blogspot.com.br
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não trabalhavam criticamente. Uma escola violenta que podia agredir física e
emocionalmente seus alunos (basta lembramos do uso da ‘palmatória’). Será
que realmente ela era tão boa? Ou se analisarmos a época histórica
perceberemos que ela também tinha suas mazelas e dificuldades?
Não se trata de minimizar os desafios enfrentados, hoje, pelos
educadores. Que não são poucos. Mas de buscar um olhar propositivo para a
continuidade da escola atual. Uma escola que seja a da inclusão. Onde todos
tenham acesso, e, acesso com qualidade. Se ficarmos nos queixando, apenas,
deste novo aluno, não avançaremos em nada na melhoria do ambiente
educativo. Precisamos olhar para estas crianças e jovens com o olhar de
esperança, buscando uma aproximação, mostrando interesse por eles. Se não
acreditarmos nos nossos alunos, cairemos num círculo vicioso. Marcado pelo
desinteresse e pela decepção.
Sendo assim, se acreditarmos nestes jovens, se acharmos que eles são capazes, se olharmos de modo positivo, teremos com eles relações mais fecundas, promissoras, saudáveis e felizes, por certo. Aí, eles deixarão de ser os desinteressados, os que não querem nada, os mal educados que nos desrespeitam, os carentes, os indisciplinados, os violentos, os sem limite, os drogados ou preguiçosos, entre tantas outras características que os desqualificam, e passarão a ser jovens alunos, com suas potencialidades e dificuldades a espera de nossa colaboração no ato pedagógico.( TEIXEIRA, 31)
Chegam a nossa escola, hoje, cada vez mais, segmentos da população
brasileira mais pobres/carentes. Em todos os sentidos da palavra. Alunos
carentes financeira e emocionalmente, frutos da sociedade do consumo, da
globalização, da era da tecnologia, mas também a era do descompromisso
familiar.
Motivar este novo aluno a ter interesse, na escola, fazer com que o
mesmo se insira nas regras estabelecidas neste ambiente, é o desafio do
educador moderno. É necessário entender que eles não são o que somos, nem
o que fomos no passado. Eles representam outras subjetividades, tem outras
necessidades.
A primeira necessidade do educador moderno é acreditar no seu aluno,
não generalizar o discurso de que este advém de uma geração sem interesse.
Mas de uma geração que tem outros interesses, outras necessidades. Não
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seria interessante a escola mudar um pouco para tentar se aproximar desta
nova geração?
Ser professor hoje, portanto, é diferente de ter sido professor no
passado. Não podemos ser iguais aos nossos professores e nem exigir que
nossos alunos sejam alunos do passado. Vivemos no presente, e este presente
nos move e modifica diariamente. Para ser docente, hoje, é preciso assumir um
compromisso social e político com a educação. É preciso considerar que a
educação é um processo que visa a humanização, e que, por vezes a escola é
o único local de acesso à cultura científica, por parte de muitas crianças e
jovens.
A prevenção ao uso de drogas é outro processo complexo e
desafiador, a ser enfrentado pela educação, na modernidade. O espaço
educativo é um espaço formativo. Por isso, muito importante, pois é
responsável por grande parte do processo de socialização de crianças e
adolescentes.
Em que pese isso, e de forma contraditória, este ambiente tem sido
usado como um local de acesso e consumo de drogas. Estudos demonstram
VOCÊ SABIA? Em levantamento feito pela Secretaria de Direitos Humanos
do Governo Federal, em 2014, constatou-se que:
– mais de 150 mil crianças e adolescentes foram vítimas de violação de
direitos, segundo registros do Disque 100???– a cada 10 minutos uma
criança ou adolescente foi vítima de violência;
- Que 55,73% dessas vítimas tinham menos de 11 anos e que 47%,
dessas, eram meninas?
– 55,73% dessas vítimas tinham menos de 11 anos;
– 47% eram meninas.
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que muitas crianças e adolescentes relatam que tiveram acesso ao mundo das
drogas no ambiente escolar, e que, por vezes, iniciaram o consumo de
entorpecentes neste ambiente.
A sociedade pós-moderna tem transformado radicalmente a forma de
vermos e vivermos no mundo. Individualismo, competição, valorização do
capital, tudo leva nossas crianças e jovens a conceberem necessidades de
consumo irreais, buscar o prazer imediato e a qualquer custo, dentre outras
situações que podem induzir ao envolvimento no mundo das drogas.
A mídia e os meios de comunicação, de modo geral, enaltecem o
consumo, criando uma representação idealizada do real. Idealizando um estilo,
um perfil ideal de corpo, de roupa, comida, lazer. Como fica a criança e o
jovem, neste contexto?
O jovem drogado é estigmatizado como perigoso e violento. Como se
devesse ser eliminado da sociedade. Poucas vezes se reconhece que estes
também são vitimas desta sociedade.
Cabe ao educador moderno uma postura preventiva e não repressiva
sobre o tema das drogas, visando demonstrar as crianças e jovens os
problemas enfrentados por quem entra neste mundo, perigoso. Cabe ao
educador abrir momentos de diálogo sobre o assunto.
Maltratar, ridicularizar, apelidar, xingar, bater, ignorar, humilhar. São
muitas as formas do Bullyng se apresentar na escola. O que elas têm em
comum? Fazem sofrer, adoecem educadores e educandos e afastam muitos
do ambiente educativo.
A escola se caracteriza por ser um espaço por meio do qual muitos
convivem. E, por consequência, um lugar onde as diferenças se encontram.
Nossa sociedade valoriza alguns perfis e estereótipos, tomando-os como
ideais. Quem foge à regra tende a sofrer preconceito e discriminação.
O caso brasileiro, pós impeachment mostra que estamos vivendo
tempos de intolerância, seja por questões políticas, econômicas, religiosas, de
gênero. Nossas crianças crescem nesta sociedade e, desde pequenas,
24
buscam uma afirmação, uma identidade. Ou seja, cada uma assume um ideal
de ser, de se comportar. E, por vezes, como complemento a isto, aprende a
despreza os outros.
No Brasil, a palavra “Bullying” é utilizada principalmente em relação aos
atos agressivos entre alunos e/ou grupos de alunos, nas escolas. Até pouco
tempo, o que hoje reconhecemos como Bullying, era visto como fato isolado
(“briguinha de criança”). Normalmente a família e a escola não tomavam atitude
nenhuma a respeito destas questões. Atualmente, o Bullying é reconhecido
como problema crônico nas escolas, e com consequências sérias, tanto para
vítimas quanto para agressores.
Com o advento da internet, outras possibilidades de cometer Bullyng
surgem. O CyberBullyng é a versão informatizada do Bullyng e ocorre
frequentemente entre crianças e jovens. Problemas iniciados nas redes sociais
normalmente entram no espaço educativo, causando conflitos e gerando
violência.
25
Se analisarmos o resultado das pesquisas vocacionais, realizadas com
Formandos do Ensino Médio, perceberemos claramente que os Cursos de
Licenciatura não aparecem como alvo de interesse dos educandos.
Estatísticas também mostram que, geralmente, procuram os cursos de
licenciatura os alunos de Ensino Médio que apresentam as menores notas.
TEXTOS
• Fenômeno Bullyng- Cleo Fante
• Drogas: Cartilha para educadores- Secretaria Nacional de Políticas sobre drogas
• Jovens Violência e Escola- Joyce Mary Adam de Paula e Silva, Leila Maria Ferreira Salles ( orgs)
VÍDEOS
• Reportagem Globo Repórter: Bullyng https://www.youtube.com/watch?v=M6EQh7WeVHI
• Jornal da Futura: Entrevista: Drogas na Escola.https://www.youtube.com/watch?v=2_qN3kVult8
• Mario Sérgio Cortella-Novas Gerações tem pouca referencia de autoridade https://www.youtube.com/watch?v=HJOJ4inBqA8
FILMES
• Documentário: Criança a alma do negócio. https://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc
• Filme : Aos treze https://www.youtube.com/watch?v=rlrfybe4NQw
• Filme: Preciosa https://www.youtube.com/watch?v=_RC71lTB6W4
26
Sabe-se que a concorrência, nestes cursos, é menor do que a existente em
cursos onde a profissão é mais valorizada. Pode-se concluir, com isto, que os
alunos das licenciaturas normalmente apresentam dificuldades de linguagem e
compreensão de leitura. Fato que compromete o desempenho profissional, no
futuro; visto que a universidade, de forma geral, não consegue suprir estas
carências.
Uma olhada na história do Brasil nos mostra que não é de hoje que a
figura do professor é desvalorizada. Segundo a pesquisadora Bernardete Gatti,
da Fundação Carlos Chagas, existem textos da província do século XIX que
afirmavam que tornava-se professor aquele que não sabia ser outra coisa. A
mesma autora retrata que entre os anos de 1930 e 1950 o papel de professor
passou a ter maior relevância social. De todo modo, a necessidade de mais
docentes trouxe consigo a ‘formação’ aligeirada e os salários baixos.
Na atualidade, briga-se para igualar o salário dos professores com o
dos demais profissionais, que apresentem o mesmo nível de formação
acadêmica (Curso Universitário). Sabe-se que, historicamente, o salário dos
docentes são mais baixos.
De tal forma, nos últimos anos muitos movimentos de educadores
foram vistos, em todo o país, em defesa da profissionalização docente. No
entanto, a atual conjuntura política se opõe fortemente as conquistas; gerando
insegurança e medo na classe docente.
De todo modo, estudos demonstram que há forte relação entre a
qualidade da educação e a formação dos professores. Quanto mais
especializado for o professor, melhor será o rendimento dos alunos. De que
forma um país que não valoriza o professor vai atrair bons alunos para as
licenciaturas?
A Finlândia, país que se destaca na Educação, conforme apontam as
avaliações internacionais, seleciona seus professores entre os 10% dos
melhores alunos das universidades, e oferta ótimos salários e condições de
trabalho.
27
A valorização da profissão e o investimento na formação dos
profissionais da Educação deveria ser prioridade em um país que deseja
evoluir. Infelizmente, no Brasil estamos longe deste ideal. Por aqui, a educação
pública é deixada de lado. Por aqui, professores são sobrecarregados; o que
compromete a formação de qualidade fornecida a nossas crianças e jovens.
Dentre muitas dificuldades encontradas pelo professor, na atualidade,
uma que tem interferido diretamente na qualidade do trabalho em sala de aula
é o que chamam de indisciplina dos alunos. A falta de limites, a forma
desrespeitosa que tratam seus educadores, o desleixo nas atividades tem
deixado professores desanimados e em muitos casos doentes
emocionalmente.
Pesquisas desenvolvidas por Fernandes, em 2001, já alertavam para o
fato de que a maioria dos professores tinha/tem dificuldade em compreender a
indisciplina escolar; percebendo a mesma como uma ameaça a sua autoridade
docente. O que lhe causa angustia, desânimo e desencanto pela profissão.
São tantas as dificuldades com o sucateamento das escolas, falta de
valorização profissional, cobranças da sociedade, que tendem a colocar a
responsabilidade do fracasso escolar, no professor; a necessidade de greves
desgastantes para garantir direitos.... Enfim, soma-se a tudo isso uma
realidade diária de indisciplina em sala de aula. Exausto, o professor explode,
não aceita, não consegue analisar o fenômeno, apenas o sente. E sofre com
ele.
As questões indisciplinares envolvem fatores externos tais como
conflitos familiares, falta de limites, consumo de drogas, etc. Questões que
fogem ao domínio do educador. Mas envolvem fatores internos. Que estão ao
alcance dos educadores.
28
É importante ressaltar, entretanto, o que se entende por disciplina
escolar. A Escola tradicional era excessivamente controladora e o professor
detinha um poder sobre os corpos dos alunos, com a possibilidade, inclusive,
de se utilizar da agressão física, contra estes. Docilizando e controlando os
corpos, formando alunos passivos e acríticos.
Michel Foucault, em seus estudos sobre a disciplina, considera a
escola uma instituição eminentemente disciplinar, responsável por docilizar e
dar utilidade aos corpos. Definir o lugar de cada indivíduo, regular as ações,
manipular os comportamentos. Se formos analisar a escola perceberemos que
esta tende a seguir esta forma de disciplinar. Por isso, muitos professores
esperam que o aluno seja totalmente passivo, inerte, sem vida própria. Que
este seja apenas um receptor das mensagens do professor.
Mas os indivíduos modernos, cada vez mais resistem ao
assujeitamento, defendem sua heterogeneidade, não aceitam a submissão. No
espaço escolar esta resistência pode ser entendida como uma forma que
contraria a harmonia e a tranquilidade, abala o paradigma da homogeneidade.
Principalmente porque a escola espera um comportamento igualitário, por parte
de todos os alunos.
O professor de hoje parece querer resgatar um “poder”, sobre o aluno,
que lhe permita estabelecer a ordem e a disciplina. No entanto, Foucault, em
seus estudos, reitera que o poder circula; pois não é exclusividade de alguém,
em específico.
O poder deve ser analisado como algo que circula, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas os indivíduos não só circulam, mas estão sempre em posição de exercer este poder e de sofrer com sua ação: nunca são alvo inerte ou consentido do poder, são sempre centros de transmissão. Em outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles. (FOUCAULT, 2002, p.83).
A sala de aula, em razão de sua pluralidade, não admite um poder
totalitário. O professor que espera conseguir impor o seu “poder”, em
detrimento do “poder” dos alunos, tende a fracassar. Quanto maior a imposição
29
e a repressão, maior a indisciplina. Indisciplina que, em grande medida, se
relaciona a uma luta pela subjetividade. O que, nas sociedades democráticas,
se externaliza de forma cada vez mais intensa.
Alguns pensadores pós-modernos como Mafessoli (2004) consideram
o conflito e a indisciplina como uma forma de resistência a imposições
arbitrárias.
Segundo este pensador, o conflito faz parte do convívio humano, pois
está sempre em jogo uma diversidade de desejos, necessidades e interesses
particulares; que entram em choque. Mesmo quando o conflito é ‘apaziguado’,
não deixa de existir de forma absoluta.
Não se trata, em hipótese alguma, de imaginar ou supor que não deva
haver ordem ou disciplina em sala de aula. Muito pelo contrário, pois sem
concentração, comprometimento, não há possibilidade de aprendizagem.
Trata-se de analisar que disciplina a escola deseja e qual objetivo a mesma
pretende alcançar. Docilizar os corpos e subordiná-los à regras impostas não
colabora em nada com a construção do sujeito autônomo e crítico que a escola
vislumbra.
O Colégio Estadual Leonardo da Vinci possui, no ano de 2016, um corpo
docente formado por 104 professores que atuam nos três turnos. Destes, 32
docentes atuam no período da tarde. Responderam os questionários, 15
professores (pertencentes ao turno da tarde).
30
O questionário proposto aos educadores continha 06 questões objetivas
e foi respondido, reafirmamos, por professores do turno da tarde, Equipe
Pedagógica e Professores do Curso de Formação de Docentes. A síntese das
respostas foi elaborada pela professora PDE.
Questão 1. Quanto tempo leciona? A maioria dos professores possui mais de
15 anos de trabalho em sala de aula. A professora com menos tempo de
serviço que respondeu o questionário possui 12 anos e a professora com mais
tempo possui 27 anos de trabalho em sala de aula.
Questão 2. Já sofreu violência em Sala de aula? 100% dos entrevistados
respondeu que sofreu algum tipo de violência, seja verbal ou física.
Questão 3. Até que ponto a indisciplina interfere no processo ensino-
aprendizagem? Quais os motivos do aumento da indisciplina em sala de
aula?
Em todas as respostas apareceu que a indisciplina interfere muito no processo
de ensino aprendizagem. Por meio do tempo gasto para organizar a sala; por
meio do estresse causado, em professores e alunos, causado num ambiente
tumultuado; por meio do comprometimento da autoestima do professor, que se
sente impotente, incapaz, desvalorizado. Estas foram as afirmações mais
encontradas. Os motivos, segundo a maioria das respostas, para a indisciplina
escolar estão na falta de limites e na falta de acompanhamento, por parte das
famílias, em relação à vida estudantil dos seus filhos. Também no acesso às
tecnologias, que tiram o foco das aulas; bem como relacionado ao fato de a
sociedade moderna estar ‘sem valores’.
Questão 4. Quais as intervenções que o professor realiza em sala de aula
para mediar conflitos e prevenir a violência? Alguns professores relataram
que tentam manter a calma e controlar a situação. Caso não consigam,
encaminham o aluno para a Equipe Pedagógica e Direção Escolar. Uma
professora, apenas, relatou que não enfrenta dificuldades com indisciplina, pois
consegue controlar os alunos, respeitando as opiniões destes. Afirmou que em
suas aulas os alunos sempre podem falar e questionar as decisões tomadas.
31
Questão 5- Como você percebe o trabalho do pedagogo escolar com
relação a Mediação de Conflitos e Combate a Violência? A maioria dos
professores relatou que considera importante o apoio recebido pela Equipe
Pedagógica, que geralmente sustenta as ações dos professores. A equipe
pedagógica é vista, neste sentido, como àquela que faz a ponte entre os
professores e a família. Alguns professores relataram que faltam profissionais
nas escolas, para trabalharem com questões de indisciplina e violência. E que
algumas situações exigem outros profissionais, tais como psicólogos e agentes
de saúde, para lidarem com questões de indisciplina e violência escolar. Que o
pedagogo faz o que pode, nestas questões.
Questão 6- Qual a maior dificuldade de trabalho, hoje, em sala de aula?
Algumas respostas: Falta de comprometimento dos alunos; indisciplina; falta de
responsabilidade, por parte dos pais, em relação aos filhos; falta de estímulo
para a aprendizagem; alunos desestimulados; alunos que não querem
aprender o que a escola ensina; alunos que querem tudo pronto (reflexo da
sociedade de hoje).
32
3. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica será feita por
meio de um Grupo de Estudos, com duração de 32 horas, organizado em
encontros semanais de 04 horas, em um total de oito encontros. O Grupo de
Estudos terá como público alvo: Educadores e Equipe Pedagógica do Colégio
Estadual Leonardo da Vinci e alunas do Curso de Formação de Docentes; além
de representantes das Instituições Colegiadas do referido Colégio.
TEXTOS
• Michel Foucault- Vigiar e Punir
• Selma Garrido Pimenta- Saberes Pedagógicos e a atividade docente
• Júlio Groppa Aquino- Confrontos em sala de aula
VÍDEOS
•: Educação na Finlândia: https://www.youtube.com/watch?v=Tf35eRuko_I
• Trecho do Filme: A voz do coração.
• Mario Sérgio Cortella- Relações de poder-https://www.youtube.com/watch?v=8Okbq8W4o7M
MÚSICAS
• Não vou me adaptar- Nando Reis https://www.youtube.com/watch?v=2rGA1olf-ZI
• Estudo Errado- Gabriel Pensador- https://www.youtube.com/watch?v=BD4MMZJWpYU
• Que País é esse- Renato Russo-https://www.youtube.com/watch?v=C1j6hDS5VEg
33
3.1. GRUPO DE ESTUDO: O PAPEL DO PEDAGOGO ESCOLAR NA
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
3.2. OBJETIVO GERAL:
Reconhecer e analisar o fenômeno Da Violência no Colégio Estadual Leonardo
da Vinci, com vistas a melhorar as relações estabelecidas, tornando o ambiente
escolar mais acolhedor e favorecendo o processo de ensino- aprendizagem.
3.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Proporcionar momentos de debate e reflexão acerca de temas relativos
a Conflitos e Violências;
Instrumentalizar educadores e educandos para melhor mediar conflitos
existentes na escola e evitar a violência;
Propor ações coletivas para diminuir os índices de violência no Colégio;
Estudar autores conceituados no assunto, com o intuito de reconhecer
melhor as atitudes assertivas a serem tomadas;
Preparar o futuro professor (Curso de Formação de Docentes) de forma
que tenha mais capacitação ao trabalhar com a diversidade dos alunos.
Motivar os profissionais da escola para que acreditem na importância da
profissão e de acreditar nos alunos.
Conceituar a violência escolar e discutir sobre as possíveis causas
sociais, psicológicas e culturais que contribuem para a formação do
efeito indisciplina e violência na escola.
3.4. METODOLOGIA Serão realizadas atividades de análises de resultado dos questionários
aplicados, com educandos e educadores, para o início do trabalho. Com o
objetivo de perceberem quais são as reais problemáticas a serem enfrentadas.
Após análise inicial, serão discutidas as unidades deste caderno, com
embasamento de textos, vídeos, documentários e leis que tem por objetivo
esclarecer teoricamente a questão dos conflitos e Violência Escolar.
Serão desenvolvidas atividades, em sala de aula, individual e em
grupo. Para finalizar, o Grupo deverá propor ações para desenvolver com os
34
estudantes. Público alvo do questionário. Buscando minimizar as dificuldades e
melhorar o ambiente escolar.
As datas dos encontros serão definidas com o público alvo, no inicio
das atividades letivas de 2017, de modo que todos os interessados consigam
participar. Serão no turno da noite.
3.5. DESENVOLVIMENTO 1° ENCONTRO DURAÇÃO: 04 Horas
OBJETIVO: Analisar como se apresenta o Fenômeno da Violência Escolar no
Colégio Leonardo da Vinci, a partir dos resultados obtidos na aplicação dos
questionários.
MATERIAL DIDÁTICO:
Unidade 01 deste Caderno Temático;
Gráficos do Google docs
DESENVOLVIMENTO:
Neste primeiro encontro o objetivo principal é a aproximação do grupo,
bem como a socialização a ser feita pela professora PDE, de seu Projeto de
Intervenção Pedagógica.
A professora PDE repassará os gráficos obtidos na Pesquisa de
Campo, para estimular o debate coletivo, questão por questão.
35
TAREFA AOS CURSISTAS:
ATIVIDADE 01- Em pequenos grupos, responder as seguintes questões:
Nosso ambiente Escolar pode ser considerado um local harmonioso, onde todos os educadores e Educandos sentem-se
respeitados? O que precisa ser feito?
Na opinião do grupo, qual o maior problema a ser
enfrentado com relação a temática Violência Escolar?
Qual dado coletado chamou mais atenção? Por
que?
36
ATIVIDADE 02- Vamos arrumar o mural da Escola? Nossa primeira tarefa para
socializar a pesquisa será a organização do mural. Cada grupo deverá escolher
um gráfico, um dado dos gráficos e expor em sulfite, de forma que chame a
atenção dos alunos. Exemplo do mural.
2° ENCONTRO DURAÇÃO: 04 Horas OBJETIVO: Conceituar o tema Violência e diferenciar Conflito de Violência MATERIAL DIDÁTICO:
Unidade 02 deste Caderno Temático; Textos:
VIOLÊNCIA ESCOLAR: Na escola, da escola e contra a escola, de Elis Palma Priotto. Dísponível em: www2.pucpr.br/reol/index.php/dialogo?dd99=pdf&dd1=2589
A violência na escola: Como os sociólogos franceses
abordam essa questão- Bernard Charlot- disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/soc/n8/n8a16.pdf
Caderno de Enfrentamento a Violência Escolar- Texto: Indisciplina, violência e o desafio dos direitos Humanos nas
VOCÊ SABIA QUE NO COLÉGIO LEONARDO DA
VINCI...
GRUPO 2
50% dos alunos já foram vítimas de roubo?
GRUPO 4 GRUPO 3
GRUPO 1
80% dos alunos já sofreram algum tipo de
Violência?
37
Escolas. De Flávia Schilling. *Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/tematico_violencia_vol2.pdf
Vídeos:
Mediação de Conflito na Escola – Reportagem do
Fantástico- Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=KwOec19EEps
Pink Floyd -The Wall-
https://www.youtube.com/watch?v=vrC8i7qyZ2w
DESENVOLVIMENTO
Será realizado o estudo do texto: Violência Escolar, de Elis Palma
Priotto, na íntegra, em grupos de leitura. Posteriormente, far-se-á uma
explanação das ideias principais contidas no texto. O texto de Bernard Charlot
será trabalhado na forma de slides pela professora PDE.
Os vídeos serão assistidos e debatidos, coletivamente.
TAREFA AOS CURSISTAS:
ATIVIDADE 01- De acordo com o texto de Elis Palma Priotto, defina:
Qual destas violências está mais presente no Colégio Leonardo da
Vinci? Cite exemplos de cada uma, que alguém do grupo tenha
vivenciado.
DEFINA • Violência na Escola.
DEFINA • Violência da Escola.
DEFINA • Violência contra a
Escola
38
ATIVIDADE 02- De acordo com o texto de Bernard Charlot:
Quais as justificativas utilizadas pelo autor para explicar por que
qualquer delimitação de termos é insuficiente para justificar o fenômeno
da Violência?
3° ENCONTRO
DURAÇÃO: 04 Horas OBJETIVO: Compreender o papel do pedagogo escolar e analisar como o trabalho deste profissional vem sendo desenvolvido no Colégio. MATERIAL DIDÁTICO:
Unidade 02 deste Caderno Temático; Textos:
Pedagogia e Pedagogos para quê? José Carlos
Libâneo.
A violência escolar e a crise da autoridade
docente- Júlio Groppa Aquino.
Vídeos:
Função da Escola- Libâneo: Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/video/sho
wVideo.php?video=13065
Escola/Educação/Alienação - Viviane Mosé:
https://www.youtube.com/watch?v=p3O6yjuG8wg
DESENVOLVIMENTO
Os dois textos propostos serão trabalhados pela professora PDE, em
slides, contendo as ideias centrais de cada um; bem como algumas citações
DEFINA • VIOLÊNCIA
DEFINA • TRANSGRESSÃO.
DEFINA • INCIVILIDADE
39
importantes apresentadas pelos autores. Após estudo dos textos, o grande
grupo deverá realizar as seguintes atividades:
ATIVIDADE 01- Para debater:
ATIVIDADE 02.
Coletivamente, responder as questões:
1) No questionário aplicado aos alunos pode-se perceber que os casos
conflituosos em geral são encaminhados pra a Equipe Pedagógica: 51%
dos entrevistados relataram que os educadores encaminham o caso a
Equipe Pedagógica, e em apenas 20% dos casos os professores tentam
resolver a situação em sala de aula. Dados que demonstram que o
pedagogo recebe uma demanda grande de situações conflituosas para
solucionar. Há outras possibilidades de enfrentamento ao problema, que
podem ser adotadas coletivamente?
2) Em outra questão, sobre o encaminhamento dado pela Equipe
Pedagógica aos casos de violência, 27% dos alunos reclamaram que
não são ouvidos, e que a Equipe Pedagógica age de forma impaciente,
com agressividade. Como estão as relações humanas no Colégio? Qual
a diferença de autoridade e autoritarismo?
3) Pode-se perceber que 12% dos alunos admitem procurar a Equipe
Pedagógica, quando são agredidos na escola, e apenas 2% contam aos
seus professores às agressões que sofrem. O que ocorre no dia a dia
TEX
TO 0
1
Após assistir o documentário e ler o texto do Libâneo, enumere:
a) Quais as funções do pedagogo escolar?
b) O que os pedagogos realizam na prática diária, na escola? TE
XTO
02
Segundo o autor Júlio Groppa Aquino, por que se dá a chamada crise da autoridade docente? Nossas práticas são autoritárias?
40
escolar que promove este afastamento dos alunos com relação aos seus
educadores? Por que 41% dos alunos sofrem calados, não pedem ajuda
na escola? Será que estamos abertos ao diálogo?
4° ENCONTRO
DURAÇÃO: 04 horas
OBJETIVO: Reconhecer os principais problemas enfrentados pelos jovens, na
atualidade, e a problemática das drogas (em termos conceituais). Verificar de
que forma este fenômeno se apresenta, no Colégio, a partir da análise dos
questionários.
MATERIAL DIDÁTICO:
TEXTOS:
Drogas: Cartilha para educadores- Secretaria Nacional de
Políticas sobre drogas; Disponível em:
http://www.campinas.sp.gov.br/governo/cidadania-assistencia-e-
inclusao-social/prevencao-as-drogas/cartilha_educadores.pdf
VIDEOS
Jornal da Futura: Entrevista: Drogas na Escola.
https://www.youtube.com/watch?v=2_qN3kVult8
Violência nas Escolas Relacionada ao Tráfico de Drogas
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.ph
p?video=4733
Recorte do filme: Entre os muros da escola- Disciplina:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.ph
p?video=12244
DESENVOLVIMENTO
Os dois vídeos serão assistidos e debatidos coletivamente. Na sequência, a
cartilha para educadores será trabalhada na íntegra, no multimídia, com a
professora PDE realizando a leitura e propondo o debate que a cartilha
sugere.Por fim, sob o formato de grupos, serão respondidas as seguintes
41
questões: .
5° ENCONTRO
DURAÇÃO: 04 Horas
OBJETIVO: Compreender o fenômeno Bullyng e Cyberbullyng, realizando
uma análise dos preconceitos presentes em nossa sociedade, e, de que forma
isso influencia no processo ensino-aprendizagem.
MATERIAL DIDÁTICO
Textos:
Caderno Temático- Enfrentamento a Violência- Vol 1 – texto: O Bullyng como desafio contemporâneo. Vitimização entre pares nas Escolas: uma breve introdução de: Josafá Moreira da Cunha e Lidia Natalia Dobriansky;
Caderno Temático- Enfrentamento a Violência- Vol 1- Bullyng Escolar: caracterização dos alunos envolvidos, responsabilidade dos educadores e possibilidade de redução do problema de: Fernanda Martins França Pinheiro, Ana Carina Stelko-Pereira e Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams.
Vídeos: Reportagem Globo Repórter: Bullyng
https://www.youtube.com/watch?v=M6EQh7WeVHI
Jornal da Futura: Entrevista: Drogas na
Escola.https://www.youtube.com/watch?v=2_qN3kVult8
Com relação ao uso de drogas nas Dependências do Colégio, 39% dos alunos entrevistados relataram ter visto alguém portando ou usando drogas no ambiente escolar. Destes,
17 %admitiram terem recebido ofertas de drogas. Os índices preocupam. O que cabe a nós, Profissionais da Educação, neste sentido? De que forma nos preparamos para auxiliar nossos alunos? Como o uso e o tráfico de drogas tem interferido em sala de aula?
O consumo das drogas lícitas parece comum entre os adolescentes. 20% dos entrevistados relataram já terem consumido bebidas alcoólicas. Como a Escola trabalha este tema?
42
Mario Sérgio Cortella-Novas Gerações tem pouca referencia
de autoridade https://www.youtube.com/watch?v=HJOJ4inBqA8
12 Homens e uma sentença- disponível em:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.ph
p?video=12228
Escritores da liberdade:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.ph
p?video=12113
DESENVOLVIMENTO
Inicialmente, serão assistidos os recortes de filmes que serão
debatidos coletivamente. Na sequencia, dois grupos farão a leitura dos textos
para posterior explanação aos colegas; de modo que todos tenham
conhecimento dos dois documentos. Por fim, será feita análise da realidade do
Colégio.
ATIVIDADE:
1) O Bullyng, infelizmente, tem se tornado uma prática comum em nossas
escolas, causando dor e sofrimento em educadores e educandos. Segundo
dados da Pesquisa de Campo, 50% dos alunos relataram sofrer com
xingamentos e humilhações, 34% disse sofrer Bullyng. Enfim, sabemos que os
números são grandes, em função do que presenciamos diariamente.
Principalmente no que toca às agressões verbais. No entanto, muitos alunos
tem medo de falar sobre o que sofrem, preferindo o silêncio. Como transformar
nossa escola em um ambiente do diálogo, onde o aluno sinta segurança em
relatar seus problemas e sofrimentos?
2) O que fazer quando quem sofre o Bullyng é o professor?
43
6° ENCONTRO
DURAÇÃO: 04 Horas
OBJETIVO: Compreender a realidade docente, analisando os desafios de
quem opta pela docência. Vislumbrar de que forma os conflitos e violências
presentes no Colégio interferem no processo ensino- aprendizagem.
MATERIAL DIDÁTICO:
Textos:
Unidade 04 deste Caderno temático;
Dados coletados em Questionário aplicado aos Educadores
Selma Garrido Pimenta- Saberes Pedagógicos e a atividade
docente. Disponível em:
https://pedagogiaseberi.files.wordpress.com/2014/06/pimentasabe
res-pedagc3b3gicos-e-atividade-docente-identidaed-e-
saberes.pdf
Júlio Groppa Aquino- Confrontos em sala de aula
Vídeos:
Educação na Finlândia:
https://www.youtube.com/watch?v=Tf35eRuko_I
Trecho do Filme: A voz do coração
Músicas:
Não vou me adaptar- Nando Reis
https://www.youtube.com/watch?v=2rGA1olf-ZI
Estudo Errado- Gabriel Pensador-
https://www.youtube.com/watch?v=BD4MMZJWpYU
Que País é esse- Renato Russo-
https://www.youtube.com/watch?v=C1j6hDS5VEg
DESENVOLVIMENTO
Os vídeos e músicas servirão de base para o debate. Os textos serão
lidos em grupos e cada grupo receberá a tarefa de socializar os conhecimentos
adquiridos.
44
7° ENCONTRO
DURAÇÃO: 04 HORAS
OBJETIVO: Refletir sobre a indisciplina e as relações de poder no ambiente
escolar.
MATERIAL DIDÁTICO:
TEXTOS:
Autoridade e autonomia na escola. Alternativas
teóricas e práticas. Júlio Groppa Aquino.
Limites: Três dimensões educacionais. Yves de La Taille
VÍDEOS:
Trecho do filme: Entre os muros da escola ( Disciplina).
Disponível em:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.p
hp?video=12244
Trecho do filme: Entre os muros da escola ( Conflitos em
sala de aula). Disponível em:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php
?video=12245
Relações de poder: Mario Sérgio Cortella. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=8Okbq8W4o7M
DESENVOLVIMENTO
A dinâmica do encontro consistirá no estudo dirigido de dois capítulos
do livro de Júlio Groppa Aquino, que tratam da autoridade docente; e do
segundo capítulo do livro de Yves de La Taille: Respeitar limites: o permitido e
o proibido.
Os vídeos serão assistidos e debatidos coletivamente.
45
8° ENCONTRO
DURAÇÃO: 04 HORAS
OBJETIVO: Planejar ações para desenvolver, na Escola, durante o ano letivo
de 2017, com vistas a organizar um Fórum Permanente de Debate sobre
Violência Escolar.
DESENVOLVIMENTO:
Como foi relatado, neste caderno não há soluções prontas e acabadas,
quando se trata de analisar o fenômeno da Violência na Escola. Neste último
encontro será elaborado o Plano de Ação do Grupo de Estudo, que por sua vez
será desenvolvido durante todo o ano letivo.
PROBLEMA PÚBLICO-
ALVO
OBJETIVO RESPONSÁVEIS AÇÃO
Indisciplina
Drogas
Bullyng
Valorização
do professor
Falta de
Diálogo
Autoritarismo
3.6. AVALIAÇÃO DO GRUPO DE ESTUDO
Caro cursista,
A sua avaliação em relação ao Curso “O pedagogo escolar como
mediador de conflitos” é fundamental para o enriquecimento do trabalho
realizado, bem como contribuirá para a elaboração do artigo final a ser
efetivado pela professora PDE. A avaliação do curso será em relação ao
conteúdo apresentado e a atuação da professora PDE, como docente.
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1. Quanto aos conteúdos estudados no Grupo de Estudos, os mesmos foram:
( ) essenciais ( ) importantes ( ) desnecessários
2. O tempo dedicado a cada conteúdo no curso foi:
( ) suficiente ( ) insuficiente
3. Quais assuntos poderiam ser aprofundados, incluídos ou excluídos da
programação? Por quê?
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_______________________________________________________________
4. Destaque os pontos positivos na atuação da professora PDE:
______________________________________________________________
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5. Destaque os pontos negativos na atuação da professora PDE:
_______________________________________________________________
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6. Faça comentários e/ou sugestões sobre qualquer aspecto do curso
(conteúdo, atividades, viabilidade da utilização das ações propostas na escola,
etc).
_______________________________________________________________
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47
REFERENCIAS
AQUINO, Júlio Groppa. A violência escolar e a crise da autoridade docente.Cad. CEDES [online]. 1998, v.19, n.47, pp. 07-19. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v19n47/v1947a02.pdf.
DEBARBIEUX, Éric e BLAYA, Catherine (orgs.). Violência nas escolas e políticas públicas. Brasília/DF: UNESCO, 2002.
DEL PRIORE, Mary. História das Crianças no Brasil. Editora Contexto, 1999.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas-SP: Versus Editora, 2ª edição, 2005.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: E ditora Vozes, 1999.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Tradução de Roberto Machado. 8ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989, pp. 179/191.
GADOTTI, M. Pedagogia da práxis. Sâo Paulo: Cortez, 2004
PARANÁ. Lei Estadual nº 17335/2012 - Institui o Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária, nas Escolas Públicas e Privadas do Estado do Paraná. Disponível em: http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?action=exibir&codAto=77838&indice=1&totalRegistros=1> Acesso: 20/09/2016
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação Cadernos Temáticos de Enfrentamento à Violência nas Escolas e de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas. SEED, 2008.
PRIOTTO, Elis Palma. Violência escolar: políticas públicas e práticas educativas no município de Foz do Iguaçu/Elis Palma Priotto. – Cascavel: EDUNIOESTE, 213 p. 2011.
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê?São Paulo: Cortez, 1998. MAFFESOLI, Michel. Dinâmica da violência. São Paulo: Revistas dos
Tribunais, 1987