comedepb 2019 atls 10º edição reposição volêmica no … · 2019-05-10 · sobre o rx, até a...
TRANSCRIPT
COMEDEPB 2019
ATLS 10º Edição – Reposição volêmica no choque
João Ricardo F. Tognini
ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO
Exame Primário – ABCDE
Medidas auxiliares
Reanimação
Exame Secundário
Tratamento Definitivo
A – Vias aéreas e proteção cervical
• Avaliação
• Medidas auxiliares
• Reanimação
Algo mudou?
• Sequência de intubação rápida
Sequência de intubação mediada por drogas
B – Respiração
• Inspeção/Palpação/Percussão/Ausculta
• Lesões com risco de morte (exame primário)
• Lesões com risco iminente (exame secundário)
• Tórax instável passou para exame secundário
• Lesões da árvore tráqueo brônquica passou para primário
Punção no pneumotórax hipertensivo
Uma observação..
• Crianças: continua a punção no 2º espaço intercostal
linha hemiclavicular
C – Circulação (Choque)
• Choque mais frequente = hipovolêmico
• Choque hipovolêmico = repor volemia
parar sangramento
Classe I Classe II Classe III Classe IV
Perda sanguínea (% volume
sanguíneo) <15% 15 – 30% 31 – 40% >40%
Frequência de pulso (bpm) nl nl / /
PA nl nl nl/
Pressão de pulso nl
Frequência respiratória (irpm) nl nl nl/
Diurese (mL/h) nl nl
Escala de coma de glasgow nl nl
Défcit de base 0 – 2 mEq/L -2 a -6 mE/L -6 a -10 mEq/L -10 mEq/L ou menos
Reposição volêmica monitorizar
Possível Sim
Protocolo de reposição
maciça
classificação do choque
Reposição volêmica inicial
• Acessos venosos ( até 22)
• Colher exames e amostra de sangue
• Infusão inicial de 1000 mL de Ringer lactato
• A necessidade de infusão de concentrado de hemácias
• A escolha dos candidatos a hemoderivados
• Ácido Tranexâmico – 1g até 3 horas do trauma
Reposição volêmica VS Controle da hemorragia REPOSIÇÃO VOLÊMICA OU CONTROLE DA HEMORRAGIA?
• Reposição volêmica não substitui o controle do foco hemorrágico
• Quanto maior a perda sanguínea – maior a diminuição da oferta de O² aos tecidos
• Quanto maior perda volêmica – maior o impacto da coagulopatia e mais difícil restauração da hemostasia
• Maior perda – maior letalidade (acidose metabólica, consumo de base e elevação do lactato)
Indicação da reposição volêmica INDICAÇÃO DA REPOSIÇÃO VOLÊMICA
• Nem todos os traumatizados necessitam de reposição volêmica
• Indicação – sinais de hipoperfusão tissular
• Taquicardia
• Má perfusão periférica
• Diminuição da amplitude de pulso
• Diminuição de temperatura de extremidades
• Hipotensão arterial
• Acidose metabólica
• Elevação do lactato arterial
Indicação da reposição volêmica OBJETIVOS DA REPOSIÇÃO VOLÊMICA
•1º - otimizar a oferta de oxigênio com a melhora da pré-carga(volume) , inotropismo (volume) e pós carga, como também pela adequada concentração de hemoglobina
•2º - tratamento da coagulopatia (plasma, crioprecipitado, fibrinogênio e plaquetas) com controle da hipotermia
Indicação da reposição volêmica
OTIMIZANDO A REPOSIÇÃO VOLÊMICA
• Reposição volêmica = volume, hemácias, fatores de coagulação e plaquetas
• Antes: hemocomponentes indicados após falha da infusão de cristalóides. = piora do choque e Coagulopatia
• Desafio: Identificação dos candidatos a reposição volêmica e a melhor forma de realiza-la
Reposição volêmica
Reposição volêmica
• Preferência - Ringer lactato
• Grandes quantidades de SF 0,9% acidose metabólica hiperclorêmica
• Soluções hipertônicas e coloides – perderam espaço
Reposição volêmica CONSIDERAÇÃO SOBRE OS CRISTALÓIDES
• Volume extremo de cristalóides: edema generalizado, lesão aguda pulmonar, hipertensão intra-abdominal e síndrome do compartimento, inflamação persistente
• Quanto maior volume de cristaloide – maior possibilidade de SARA
• Maior reposição de cristaloide - maior possibilidade de transfusão e Coagulopatia
• Metanálise – reanimação liberal = maior letalidade
Reposição volêmica REPOSIÇÃO VOLÊMICA – ATUALIDADE
• Reanimação precoce com hemoderivados (Damage control resuscitation): plasma fresco e plaquetas (1:1:1) – objetivo = redução da coagulopatia e redução de cristalóides
• Aparentemente DCR tem aplicabilidade em casos de hemorragia potencialmente letal
• Ainda questionamentos sobre a fração ideal de hemocomponentes
• Tendência atual de complementação a cada 2 ui de concentrado de hemácias (anterior – 4)
Reposição volêmica UM CUIDADO ESPECIAL
• Líquidos infundidos em temp entre 37ºC e 39ºC
• Hipotermia = impacto sobre Coagulopatia, função plaquetária, vasorregulação e condução cardíaca
• Aquecimento de soluções – menores calafrios pós operatórios
Hipotensão permissiva HIPOTENSÃO PERMISSIVA
• Efeitos deletérios de infusão de cristalóides
• Aceita-se PA sistólica mínima de 80 mmHg
• Postergar a reposição até o foco esteja controlado
• Não deve ser aplicada caso tenha TCE
ENDPOINTS PARA REPOSIÇÃO IDEAL
• Critérios clínicos: frequência cardíaca, presença de pulso radial
• Dados hemodinâmicos sujeitos a críticas (idosos, marcapasso, beta bloqueadores)
• Excesso de Base ≥ -5 mEq/L
• Lactato arterial < 3mmMol/L
Sangue O negativo ou positivo SANGUE O NEGATIVO OU O POSITIVO?
• Concentrado de hemácias O negativo = mulheres em idade fértil
• Concentrado de hemácias O positivo = demais
• Risco iminente de vida – choque grau IV
• Ambiente militar: sangue total fresco – menor letalidade do que uso de hemocomponentes
Coagulopatia COAGULOPATIA
• Hipoperfusão periférica = Coagulopatia precoce
• Alteração dos níveis de fatores II,VII,IX,X e XI
• Depleção acentuada de fator V
• Ativação de plasminogênio que resulta em hiperfibrinólise
• Muitos aspectos a serem compreendidos, porém a Coagulopatia está presente em trauma grave e associada a pior prognóstico
Administração empírica e precoce de plasma fresco ADMINISTRAÇÃO EMPÍRICA E PRECOCE DE PLASMA FRESCO
• Plasma Fresco Congelado = agua, proteínas (albumina, globulinas, fatores de coagulação)
• Congelamento = preservação dos fatores de coagulação
• O problema do tempo de congelamento e a procura de tecnologias de descongelamento rápido
• Damage Control Rescusitation – (1:1:1) para PAS até 90 mmHg (transfusões maciças em ambiente militar -> que 10 UI de concentrado de hemácias em 24h)
• Ambiente civil – estabelecimento de endpoint (procura)
Administração empírica e precoce de plaquetas
ADMINISTRAÇÃO EMPÍRICA E PRECOCE DE PLAQUETAS
• Não há consenso
• Damage control ressuscitation – (1:1:1)
• Estudos canadenses e europeus – não recomendam
• Recomendação abaixo de 50.000 mm³ ou nos casos
de sangramento ativo ou TCE abaixo de 100.000 mm³
ADMINISTRAÇÃO EMÍRICA E PRECOCE DE ÁCIDO TRANEXÂMICO
• Fibrinólise – importante na fisiopatologia da coagulopatia
• Antifibrinolítico: poderia bloquear a Coagulopatia
• Estudo CRASH-2 – dose de ataque 1g em 10 minutos e 1g em 8 horas – menor letalidade
• Estudo MATTERs – em quem recebeu pelo menos 1 unidade de concentrado de hemácias (letalidade inferior)
• Ker et al. (2015) – utilização precoce – até 3 horas do trauma
Um consenso...
UMA “TENDÊNCIA” A CONSENSO
• O protocolo de reanimação “hemostática” inicia-se com uma fase de administração empírica de hemocomponentes/hemoderivados. Neste momento, a infusão é guiada pela fração entre o número de unidades de concentrado de hemácias e o número de unidades de determinado hemocomponente/hemoderivado transfundido, conforme definido em protocolo de cada instituição
Outro consenso... UMA CONSTATAÇÃO...
• Embora haja concordância que hemocomponentes / hemoderivados devam ser infundidos precocemente em vítimas de trauma com sangramento potencialmente letal, não há consenso sobre a “fração ideal” ou mesmo quais os hemocomponentes/hemoderivados que devem ser transfundidos empiricamente.
C- CIRCULAÇÃO
• Medidas auxiliares
Sonda Gástrica
(cuidados)
Sonda vesical
(contra indicação)
( Toque retal não tem importância para a sonda)
resposta rápida resposta transitória sem resposta
sinais vitais retorno ao normal recidiva dos sinais de
choque continuam anormais
perda de sangue 10 a 20% 20 a 40% > 40%
necessidade de + soro baixa alta alta
necessidade de sangue baixa moderada ou alta imediata
necessidade de cirurgia possível provável muito provável
resposta a reposição volêmica
Parar o sangramento!
• Localizando o sangramento
Tórax
Abdome
Pelve
LPD ultrassom F A S T tomografia de abdome
indicações
paciente instável
documentação de
sangramento
paciente Instável
documentação de líquido
livre
paciente Estável
documentação de lesão
visceral
vantagens diagnóstico precoce
sensível
não invasivo
possível repetir
diagnóstico precoce
acurácia 86 a 97%
especificidade para definir
lesão
acurácia de 98%
desvantagens
invasividade
sem diagnóstico de
diafragma e retroperitônio
operador dependente
sem diagnóstico de
diafragma e retroperitônio
alto custo
sem diagnóstico de
diafragma e algumas
lesões de delgado
exames diagnósticos - trauma abdominal
RX no exame sobre o Rx, até a 7º edição do programa ATLS, era
preconizado RX tórax AP, panorâmico de bacia e
cervical em perfil. A edição mais recente aboliu o
cervical, sendo estritamente necessário o pélvico e
tórax. primário
D – Avaliação neurológica
• Escala de coma de Glagow
• Reação pupilar
• GCS 13-15 – TCE leve
• GCS 9-12 – TCE moderado
• GCS 3-8 – TCE grave
TCE – avaliação inicial escala de Coma de Glasgow (nova!)
eyes
spontaneous
to sound
to pressure
none
verbal
orientated
confused
words
sounds
none
motor
obey commands
localising
normal flexion
abnormal flexion
extension
none
avaliação pontuação
espontânea
por estimulo verbal
por estimulo a dor
sem resposta
4 pontos
3 pontos
2 pontos
1 pontos
orientado
confuso (mas ainda responde)
resposta inapropriada
sons incompreensíveis
sem resposta
5 pontos
4 pontos
3 pontos
2 pontos
1 pontos
obedece ordens
localiza dor
reage a dor mas não localiza
flexão anormal – decorticação
extensão anormal – decerebração
sem resposta
6 pontos
5 pontos
4 pontos
3 pontos
2 pontos
1 pontos
E – Exposição
• Controle de hipotermia
• Lesões não percebidas
• Reavaliação
CASO CLÍNICO
Você está de plantão na emergência e recebe um jovem
vítima de acidente automobilístico há aproximadamente 40
minutos.
Paciente masculino, 21 anos, motorista, com cinto de
segurança sofreu impacto frontal de outro carro. Não
apresentou perda de consciência e foi resgatado e
imediatamente levado ao hospital por equipe pré hospitalar
CASO CLÍNICO
Sinais vitais: pulso 120 bpm, Fr 24 irpm, PA 90 x 60
mmHg. Respiração expontânea, consciente, referindo muita dor
na pelve e abdômem e observando rotação lateral de ambos os
pés.
Ausculta pulmonar com MV fisiológico bilateral, ausculta
cardíaca com bulhas normofonéticas em 2T taquicárdicas
Abdome e pelve dolorosos, sendo que a pelve mostrava-
se instável a compressão. Impressão de cinto de segurança na
parede abdominal
Membros inferiores encurtados sem sangramento externo
Glasgow 15, pupilas isocóricas e fotorreagentes
CASO CLÍNICO
Vamos combinar uma coisa?
Vou fazer alguns questionamentos e vocês levantam a
mão conforme a alternativa proposta.
Vamos nessa?
PERGUNTA
Qual o maior problema dessa vítima?
A – Vias aéreas
B – Ventilação
C – Choque
D – Trauma craniano
PERGUNTA
Qual o tipo de choque mais provável?
A– Neurogênico
B– Hipovolêmico
PERGUNTA
Qual a primeira medida a ser tomada?
A– Oxigênio suplementar e oxímetro de pulso
B– Monitorização cardíaca
C– Acesso venoso central
PERGUNTA
Em relação ao choque hipovolêmico, qual a medida
inicial?
A– Sangue tipo O negativo
B – Laparotomia exploradora
C – 1.000 mL de Ringer lactato
PERGUNTA
Precisa de sangue?
A– Sangue tipo O negativo
B– Tipo específico com prova cruzada
C– Não precisa
PERGUNTA
Deve ser usado antifibrinolítico?
A– Não
B– Apenas após coagulograma
C– Sim, Ácido Tranexâmico- 1 G nas primeiras 3 horas
PERGUNTA
Deve ser usado Plasma Fresco Congelado?
A– Não há a mínima indicação
B– Apenas após coagulograma
C– Sim, pode ser usado de forma empírica (2:1 ou 1:1)
PERGUNTA
Deve ser usado Sonda vesical?
A– Sim, caso não tenha contraindicação
B– Não, tem possibilidade de fratura pélvica
PERGUNTA
Quais Rx devem ser solicitados no exame primário?
A– Tórax AP e Pelve
B– Tórax PA e Perfil, Abdome em pé e deitado, pelve
PERGUNTA
Como interpretar os RX?
A– Tórax normal e fratura em livro aberto na pelve
B– Contusão cardíaca no tórax e normal na pelve
PERGUNTA
Qual a conduta agora, lembrando que a PA continua 90 x
60mmHg e o pulso é 130 bpm e com diurese mínima?
A– Compressão externa com lençol e ultrassom fast
B– Enviar ao setor de ortopedia para fixação externa
C – Tomografia computadorizada de abdome e pelve
PERGUNTA
Qual a conduta após observar esse ultrassom?
A– Tomografia computadorizada e tratamento não
operatório de hemoperitônio
B– Laparotomia exploradora e fixação externa da pelve
C- Lavado peritoneal diagnóstico
PERGUNTA
Na laparotomia foi observado trauma esplênico grau 5 e
hematoma na área III do retroperitônio. O que fazer?
A– Esplenorrafia e exploração do hematoma
B– Esplenorrafia e não exploração do hematoma
C- Esplenectomia e não exploração do hematoma
PERGUNTA
Após esplenectomia, não foi explorado hematoma
retroperitonial, foi feito fixação externa da pelve e o paciente
com condutas clínicas apresenta-se estável
hemodinamicamente. Mas caso ainda estivesse instável, qual
seria a conduta?
A– Nova laparotomia e exploração do hematoma
B– Protocolo de reposição maciça
C- Arteriografia
PERGUNTA
Vocês sabiam todos esses conceitos?
A– Sim
B– Não
PERGUNTA
Curtiram esse exercício? Acrescentou alguma coisa?
A– Sim
B– Não
MUITO OBRIGADO!
PARABÉNS PELO COMEMEDPB 2019!